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NARRATIVAS MULTIMÉDIA

Manual de Narrativas Multimédia

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Manual Redação Web, Jornalismo multimídia

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NARRATIVASMULTIMÉDIA

FICHA TÉCNICA

TÍTULO Narrativas Multimédia

AUTORES

Alexandre Gamela

Renato Silva

Sara Freitas

Porto, Março de 2011

FONTES

http://multimedia.journalism.berkeley.edu/

http://www.ojr.org/

http://vis.stanford.edu/papers/narrative

http://www.multimediashooter.com/multimedia.pdf

Cairo, Alberto. Infografia 2.0 - Visualización Interactiva de información en prensa, Alamut, 2008

2011

NARRATIVASMULTIMÉDIA

Alexandre GamelaRenato SilvaSara Freitas

5

ÍNDICE

1 POTENCIALIDADES DA NARRATIVA MULTIMÉDIA Página 7

1.1 Características da hipermédia Página 7

1.2 Necessidades e expectativas dos utilizadores Página 10

1.3 Características da narrativa multimédia Página 13

2 ELEMENTOS INTEGRANTES DAS NARRATIVAS MULTIMÉDIA Página 19

2.1 Vídeo Página 19

2.2 Áudio Página 20

2.3 Texto Página 20

2.4 Imagem Página 31

2.5 Gráficos Página 31

3 PROCESSO DE PRODUÇÃO DE UMA PEÇA MULTIMÉDIA Página 37

3.1 Planeamento Página 37

3.1.1 Recolha de informação e “data mining” Página 37

3.1.2 Hierarquização da informação Página 41

3.1.3 Desenvolvimento de Storyboards Página 42

3.1.4 Princípios de design de interface Página 45

7Potencialidades das Narrativas Multimédia

1

POTENCIALIDADES DAS NARRATIVAS MULTIMÉDIA

“Keep it simple. The fluidity of the Web is not the problem, it’s the solution. If you ac-

cept that your site will never be viewed exactly as you want it, you understand the

spirit of the Web and its standards.”

Peter-Paul Koch

1.1

CARACTERÍSTICAS DA HIPERMÉDIA

A proliferação de publicações online conduziu à emergência de um novo género de jornalismo, o jornalismo digital ou ciberjornalismo, distinguível do jornalismo tradi-cional por características essenciais como a multimedialidade, a hipertextualidade, a interactividade, integração e envolvência. As qualidades distintas desta nova forma de jornalismo incluem uma actualização noticiosa contínua, acesso global à informação, reportagem instantânea, personalização de conteúdos e uma participação activa dos utilizadores que passam a poder ser parte integrante da informação.

A vertente da narrativa hipermédia, pelas características do meio, representa uma das rupturas mais significativas, aos níveis conceptual e prático, entre velhos e novos modelos de comunicação.

Uma das características essenciais da narrativa hipermédia é a interactividade. O hi-pertexto possibilita o uso de uma linguagem cuja estruturação é personalizada, volátil e em constante transformação, assumindo-se no meio como elemento de articulação de um extenso e infindável rol de narrativas e mensagens isoladas ou integradas com outras, permitindo ao utilizador manipular directamente a experiência da narrativa de forma directa e personalizada.

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8 Potencialidades das Narrativas Multimédia

Figura 1 Ny Times — “College Cost Calculator”

http://www.nytimes.com/interactive/2009/04/14/your-money/20090415-college-calculator.html

Por outro lado, a interactividade contribui para a alteração do conceito tradicional de recepção e de consumo. A hipermédia assume-se como um repositório de in-formação que assenta num modelo de comunicação bidireccional e em constante transformação. Esta capacidade de actualização contínua e de armazenamento glo-bal leva a que a necessidade de consumo dos utilizadores resulte na expectativa de colaboração e participação.

9Potencialidades das Narrativas Multimédia

NARRATIVAS MULTIMÉDIA

Esta capacidade que a hipermédia possui de uma comunicação bidireccional, con-tribui também para que a informação adquira um lado mais funcional e personalizado. A narrativa hipermédia começa então a impor-se como aplicação interactiva na qual todos poderão ser emissores e receptores de uma mensagem em constante alteração.

Figura 2 Ny Times — “Tell Us the Best Places to Go in 2010”

http://www.nytimes.com/interactive/travel/2010-places-to-go.html

A capacidade da Web em combinar um conjunto de media diferentes constitui tam-bém um dos elementos-chave que caracterizam a narrativa hipermédia. A narrativa multimédia assume-se então como um conjunto de media (áudio, vídeo, gráficos, fo-tografias, texto) que, combinados, resultam numa mensagem singular.

A estruturação do layout, a integração de meios, a adaptação dos conteúdos e a orientação de leitura assumem-se aqui como elementos fulcrais para a coesão da nar-rativa e para a hierarquização da informação.

A narrativa multimédia impõe-se como uma aplicação interactiva que engloba um conjunto de meios de forma integrada e convergente para transmitir uma mensagem.

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10 Potencialidades das Narrativas Multimédia

Figura 3 American Red Cross

http://www.redcross.org/911recovery/

1.2

NECESSIDADES E EXPECTATIVAS DOS UTILIZADORES

Os hábitos de consumo de informação variam consoante o canal em que qualquer mensagem é transmitida. Desta forma e, para uma comunicação mais eficaz, torna-se fundamental conhecer os perfis dos receptores para que a mensagem se aproxime da melhor forma às suas necessidades e expectativas.

Se esta questão é fundamental no desenvolvimento de narrativas lineares veicula-das num único media, esta torna-se ainda mais crucial na elaboração de uma mensa-gem multimédia interactiva, já que a interacção implica uma participação activa do utilizador no consumo informativo, criando-se uma relação mais íntima entre o recep-tor e a mensagem. Uma vez que a interacção implica participação e a não linearidade suscita a personalização torna-se então essencial compreender os perfis dos utilizado-res e dar resposta às suas necessidades.

11Potencialidades das Narrativas Multimédia

NARRATIVAS MULTIMÉDIA

A Web, pelas suas características, reúne um vasto número de utilizadores com ex-pectativas e necessidades diversas no acesso à informação mas que assentam em dois pressupostos específicos: procura e consumo. Desta forma, os conteúdos produzidos devem dar resposta a ambos permitindo uma leitura rápida e concisa mas oferecendo simultaneamente (explorando elementos como a não linearidade) a possibilidade de o utilizador aceder à informação de forma detalhada.

Estando acessível a um nível global, a Web reúne um conjunto de utilizadores com diversos perfis. A Web tem-nos forçado a focalizar a informação intensamente no uti-lizador inexperiente. “Basicamente, todos os utilizadores da Web são inexperientes o tempo todo: ninguém utiliza um site tempo suficiente para se tornar num utilizador experiente daquele site” (Jakob Nielsen). Até mesmo quando alguns utilizadores retor-nam ao site o suficiente para se tornarem experientes, é necessário que o sistema se dirija aos inexperientes: ninguém vai entrar num site a menos que seja absolutamente óbvio como utilizá-lo, em poucos segundos.

A Web exige o «tempo zero de aprendizagem». O mais importante na Internet é que cada serviço precisa ser baseado na análise da tarefa dos utilizadores específicos, assim como nas suas necessidades. Os melhores sites serão aqueles que darão suporte ao modo como os seus utilizadores desejam abordar os problemas.

É também preciso ter em consideração as razões que levam os utilizadores a visitar determinado tipo de sites. Normalmente, os factores que levam os utilizadores a um site são a procura de informações concretas e específicas, a navegação por conve-niência, a navegação na Web como forma de lazer, ou até mesmo a curiosidade em determinados assuntos.

Os utilizadores esperam sites que respondam às suas perguntas e cujos conteúdos correspondam às expectativas. Desta forma, necessitam de textos legíveis, bem como sistemas de navegação e pesquisa que os ajudem a encontrar mais rápido os conteú-dos que procuram. Conteúdos desactualizados, links quebrados ou bugs, são situações rejeitadas pelos utilizadores.

A forma como os utilizadores interagem com o meio e como lêem a informação torna-se assim essencial. Nielsen desenvolve diversos estudos na área da usabilidade na Web e comprovou que apenas 16 por cento dos utilizadores lê palavra a palavra da informação que é apresentada. Grande parte da leitura na Web (79 por cento) é “scan-nerizada”, ou seja, é feita uma leitura na diagonal.

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Figura 4 Estudo de Usabilidade através de “eyetracking” — Jacob Nielsen

http://www.useit.com/alertbox/reading_pattern.html

Esta forma de leitura na Web surge por diferentes motivos. Por um lado, a leitura feita a partir de um monitor é mais cansativa para a visão tornando-a 25% mais lenta do que a leitura a partir de um meio impresso. Por outro lado, a Web impõe-se como um meio interactivo, pelo que existe a necessidade de uma interacção contínua do utili-zador com o meio. Além disso, o crescimento da oferta torna-se global, existindo uma imensa variedade de opções que o utilizador poderá tomar. Cada uma destas opções corresponde a uma nova experiência de leitura. A cada clique, o utilizador precisa de tempo para compreender o design da página e as suas características de navegação para então procurar a informação que pretende encontrar. O recurso a páginas bem orientadas e com uma hierarquização mais definida facilitam grande parte do proces-so de leitura do utilizador.

13Potencialidades das Narrativas Multimédia

NARRATIVAS MULTIMÉDIA

1.3

CARACTERÍSTICAS DA NARRATIVA MULTIMÉDIA

As narrativas multimédia, pelas características que a Web apresenta, oferecem um rol infin-dável de possibilidades de construção da narrativa. Uma peça multimédia pode ser cons-tituída por áudio e fotografia, por vídeo e gráficos, por elementos estáticos ou dinâmicos.

Figura 5 El País — Reportagem 360º : “Cali, la ciudad que no duerme”

http://www.elpais.com.co/reportaje360/ediciones/cali-ciudad-que-no-duerme/

Que características se assumem então na narrativa multimédia? A interactividade é uma das características essenciais no processo de construção de narrativas multimé-dia. Esta promove a relação do utilizador com o conteúdo informativo, devendo a in-formação ser adequada ao grau de interacção dos utilizadores. Podemos identificar diferentes graus de interactividade: instrução, manipulação e exploração.

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14 Potencialidades das Narrativas Multimédia

A interactividade de instrução pode permitir que os utilizadores possam atribuir características pessoais aos elementos da narrativa para obter informação personaliza-da ou para que utilizador defina a sua própria hierarquização de informação. Figura 6

Figura 6 El Mundo — “Operaciones de reducción de estómago”

http://www.elmundo.es/elmundosalud/documentos/2004/02/estomago.html

15Potencialidades das Narrativas Multimédia

NARRATIVAS MULTIMÉDIA

A interactividade de manipulação corresponde ao tipo de instrução em que os utilizadores podem fazer pequenas alterações na visualização da narrativa para ob-terem informação. Nestes casos, a interpretação da mensagem está dependente da intervenção do receptor. Figura 7

Figura 7 El Mundo — “Qué se puede hacer con 25m2”

http://www.elmundo.es/elmundo/2005/graficos/abr/s2/casa_25.html

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16 Potencialidades das Narrativas Multimédia

A interactividade de exploração corresponde a um tipo de manipulação em que os utilizadores têm a liberdade aparentemente absoluta de se moverem no espaço virtual. Figura 8

Figura 8 NY Times — “The Met’s New Greek and Roman Galleries”

http://www.useit.com/alertbox/reading_pattern.html

O uso de cenas e a não lineariedade é outra das características das narrativas multimé-dia e correspondem às unidades de significação dentro de uma narrativa. Ao contrário da narrativa impressa condicionada ao mesmo espaço, o jornalista online deve utilizar as potencialidades da web (não-linearidade), hierarquizando a informação de forma fragmentada. A narrativa multimédia deverá então ser constituída fundamentalmente por elementos informativos autónomos que poderão ser combinados entre si.

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NARRATIVAS MULTIMÉDIA

Tendo em consideração a forma não linear e fragmentada do meio online, é es-sencial que a narrativa multimédia tenha em consideração os tipos de estrutura que utiliza para a hierarquização da informação. Enquanto que nos media tradicional a es-trutura noticiosa se baseia na pirâmide invertida, no meio online é necessário reforçar a orientação de leitura interna e externa do utilizador para facilitar o processo de pro-cura de informação. As formas de estruturação para a Web, continuam a obedecer às regras da pirâmide invertida, mas precisam ter em consideração os tipos de estrutura entre narrativas relacionadas. Destacam-se as seguintes estruturações: estruturação horizontal (sequências, informação passo a passo), estruturação vertical (diferentes níveis de informação com diferentes graus de importância) e estruturação mista.

A comunicação para a Web tem uma grande capacidade de combinar diferentes media integrados em pacotes informativos: video, som, slideshows, textos, diagramas, entre outros. O grau de multimedialidade assume-se também como um elemento essencial a ter em conta na construção de narrativas multimédia.

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18 Potencialidades das Narrativas Multimédia

19Elementos Integrantes das Narrativas Multimédia

2

ELEMENTOS INTEGRANTES DAS NARRATIVAS MULTIMÉDIA

A necessidade de escrever para diversos media na construção de uma narrativa é es-sencial para o jornalista multimédia tanto quanto as suas preocupações com a inte-ractividade e interacção no desenvolvimento desses projectos. Contrariamente aos jornalistas que escrevem num único suporte e que se especializam em suportes de trabalho específicos, o jornalista multimédia deverá especializar-se em diversas téc-nicas de modo a comunicar a sua mensagem da forma mais eficaz. As suas técnicas de escrita variam consoante a mensagem é escrita para ser lida (texto), escrita para ser ouvida (áudio), escrita para ser vista (vídeo, slideshows ou infografias), assim como deverão conhecer o suporte digital em que todos estes elementos se podem combinar. Esta questão prende-se com o facto do online permitir uma integração de diferentes ti-pos de meio numa única narrativa independentemente de existir ou não uma partilha do mesmo espaço na página entre elementos. Dependendo do projecto em questão, o jornalista multimédia deverá ser capaz de pensar a construção da narrativa em dife-rentes meios e de planear a sua estruturação e integração.

2.1

VÍDEO

O recurso a vídeo como elemento noticioso é essencial porque coloca o utilizador no tempo e no espaço, adequando-o a essa realidade. É ideal para entrevistas e pode ser utilizado como meio autónomo ou complementar. Introduz dinamismo na narra-tiva apresentada. Na Web, os vídeos deverão ter uma duração entre 1/1.30 minutos, podendo prolongar-se até aos 2/3 minutos. No processo de produção há que ter em consideração que a imagem e o áudio deverão complementar-se. Ao contrário da re-

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20 Elementos Integrantes das Narrativas Multimédia

dundância que existe entre som e imagem no vídeo televisivo, o vídeo na Web assume essencialmente um carácter legitimador da informação veiculada no texto, muito mais do que emotivo. Esta situação deve-se às dimensões que o vídeo assume, bem como à relação do utilizador com a mensagem online.

Os materiais jornalísticos mais apropriados para acompanhar uma notícia são as declarações de intervenientes ou de especialistas nas matérias em questão. A utiliza-ção do vídeo impõe-se em situações de difícil descrição ou que exijam muito texto.

2.2

ÁUDIO

O áudio é um meio utilizado essencialmente para permitir ao utilizador vivenciar um determinado acontecimento. Este permite intensificar emoções na narrativa e despo-letar envolvência e contextualização dos factos. A utilização do som consome largura de banda, mas, indubitavelmente, acrescenta credibilidade e objectividade à notícia. O áudio pode ser utilizado de forma autónoma ou complementar. Os tempos ideais a incluir no áudio devem ser de 1 minuto não devendo ultrapassar os dois minutos.

Nem sempre é fácil citar nem descrever o estado emocional do entrevistado. Com o recurso a ficheiros áudio permitimos integrar na webnotícia elementos interpretan-tes dos acontecimentos.

2.3

TEXTO

Apesar de se poderem usar diferentes linguagens para contar as nossas histórias online, o texto continua a ser fundamental na transmissão de informação. Mas tem que ser pensa-do e executado de forma específica para este meio, e não meramente transposto do papel.

O ambiente online tem características próprias que afectam a experiência do uti-lizador, e devemos ter isso em conta na construção do nosso texto. A própria atitude e os hábitos dos utilizadores também terão que ser considerados. A possibilidade de criação de hiperligações, os padrões de leitura online (em F, em E ou em L invertido - não lêem, exploram), as diversas formas de distribuição de conteúdos online (RSS e

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NARRATIVAS MULTIMÉDIA

redes sociais), e as várias plataformas onde é recebido exigem um trabalho específico na organização informativa e visual dos nossos textos.

Ao considerarmos todas estas variáveis e aplicando alguns princípios básicos pode-mos passar de um texto meramente informativo que implicava uma atitude passiva do leitor, para um elemento útil na descoberta dessa informação na experiência do utiliza-dor. E se pensarmos que, ao contrário do papel, online não existem restrições de espaço, então poderemos sempre trabalhar o nosso texto em prol da notícia, e não limitado por outro tipo de constrangimentos, como o número de caracteres ou a hora de fecho.

Tecnicamente, o texto criado para os sites informativos aproxima-se muito dos bons textos de agência: pirâmide invertida, frases curtas, divisão do texto em blocos. Mas cabe a cada jornalista usar estas técnicas dentro da linha editorial da sua publica-ção e defendendo o seu estilo. É a diferença relativamente a todos os outros conteúdos que valorizam o seu.

Como os textos online podem ser actualizados, corrigidos, partilhados, a informa-ção ganha uma vida mais longa e mais rica. O artigo colocado online ficará indexado no arquivo gigantesco que é a internet e podemos reutilizá-lo mais tarde, em apoio a novos conteúdos. A informação online é perene enquanto que nos outros meios é caduca, logo as possibilidades de referência e relação de conteúdos são muito maiores, já que os artigos estarão idealmente sempre disponíveis.

Esta dinâmica própria do online terá que ser respeitada para que se atinjam os objectivos inerentes ao trabalho jornalístico: informar melhor e mais depressa o maior número de pessoas. Só dominando as técnicas apresentadas é que se conseguirá fazê-

-lo de forma eficaz e com maior proveito para o utilizador, ele próprio um elemento cada vez mais fundamental do processo jornalístico na criação de novos conteúdos e na gestão e distribuição da informação disponível.

IDEIAS BASE

• para além da organização de informação deveremos ter em conta a organização visual do texto;• destacar os elementos importantes da informação; • permitir acesso a outros conteúdos a partir do nosso artigo através de links;• indexar o nosso conteúdo correctamente com títulos eficazes para os motores de busca e colocando

as tags correctas;• temporalidades : evitar dizer “hoje” e referir o dia da semana: “Sexta feira passada…”;

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22 Elementos Integrantes das Narrativas Multimédia

ESTRUTURA DO ARTIGO

Estas são as áreas editáveis do artigo online. Em alguns editores há a hipótese de criar um subtítulo. São estes os elementos que deveremos ter em conta na construção do artigo online.

AntetítuloTítulo

Lead

Data

Corpo da Notícia

Tags

Links relacionados

23Elementos Integrantes das Narrativas Multimédia

NARRATIVAS MULTIMÉDIA

TÍTULOS E ANTETÍTULOS

• três a seis palavras é o comprimento ideal e cerca de 10 é o limite máximo;• os maiores motores de busca dão uma grande relevância ao primeiro conjunto de palavras que se

usam no título e mostram entre 8 a 10 palavras na lista de resultados;• tamanho recomendado: 65 caracteres;• não usem ironia, jogos de palavras, trocadilhos;• o título do artigo deve ser pensado como um rótulo para a biblioteca virtual que é a Internet;• deve descrever com precisão o conteúdo publicado;• pensem nos motores de busca: usar locais, nomes das personagens, instituições, eventos;• não pode defraudar as expectativas do leitor;• sumarizem tudo numa só frase;• no papel, o título é mais apelativo e o antetítulo mais informativo, online é ao contrário;

LEADS

• não podem ser redundantes, têm que fornecer mais informação e não repetir o que já está no título;• têm que ser auto-suficientes e fazer sentido quando o resto do conteúdo não está disponível;• têm que ser apelativos para que o utilizador leia o resto do artigo;

ORGANIZAÇÃO DA INFORMAÇÃO

• Utilização da pirâmide invertida: os elementos mais importantes da informação deverão vir no início do texto; aplicar a mesma lógica a cada parágrafo;

• A utilização de links permite ter estruturar a informação em artigos diferentes e relacionados, au-mentando a navegabilidade e actividade do utilizador, potenciando mais visitas;

• Para tal devemos criar conteúdos complementares e referir artigos em arquivo relacionados com a nossa história;

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24 Elementos Integrantes das Narrativas Multimédia

Pirâmides flutuantes localizadas em diferentes páginas da Web. O usuário escolhe a sua própria rota de nave-gação e constrói a sua própria pirâmide invertida a partir da apresentação e exposição do tema.

FORMATAÇÃO DO CORPO DO TEXTO

• parágrafos curtos: uma ideia por frase, três ideias por parágrafo; cada parágrafo é uma unidade de informação;

• negrito nas palavras-chave da história: destacar elementos mais importantes da notícia, que cha-mem a atenção para diferentes áreas do corpo do texto e que permitam uma leitura transversal mais eficaz; evitar abuso dos negritos para não criar ruído visual;

• citações com formatação diferente (identação) e destacadas do corpo da notícia, com lançamento da citação no parágrafo anterior e sem recurso a “muletas” no fim da citação, como “declarou” ou

“disse o dirigente”;• os links como têm um aspecto diferente acabam por se destacar no texto;• as listas por bullet points são eficazes e facilitam a decomposição e uma leitura mais fácil de infor-

mação complexa;

25Elementos Integrantes das Narrativas Multimédia

NARRATIVAS MULTIMÉDIA

TAGS

• as tags servem para criar palavras chave para os motores de busca e indexar conteúdos dentro do arquivo do site;

• devem ser constituídas pelas expressões-chave da notícia: nomes referenciados na notícia, eventos, instituições (siglas e por extenso), tema geral, acontecimento;

• deverá haver uma convenção dentro da redacção para que haja uma uniformidade na utilização das tags e melhor indexação dos conteúdos (escolha entre “transferências” ou “transferência”, por exemplo);

LINKS RELACIONADOS

• podem ser definidos pelo jornalista na maioria dos gestores de conteúdos ou automaticamente com recurso a uma organização automática através das tags;

• devem fornecer conteúdos relacionados com o conteúdo geral da notícia, adicionando novos níveis de informação;

FERRAMENTAS DE EDIÇÃO ONLINE

São poucas as ferramentas necessárias num gestor de conteúdos online para editar a notícia visual-mente. Como vimos antes, para estruturar visualmente o nosso texto usamos a separação por pará-grafos, bolds nas expressões mais importantes, identação no texto e criação de links.Estas ferramentas estão disponíveis e representadas de forma semelhante não só em todos os gesto-res de conteúdos online como em editores de texto como o Word, assim como nos editores de email.

BOLD (NEGRITO)

Seleccionar a expressão desejada e clicar no símbolo de Bold, assinalado na imagem. Em editores cuja linguagem por defeito é o Português, este está representado pela letra N.

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26 Elementos Integrantes das Narrativas Multimédia

IDENTAÇÃO

A ferramenta de identação serve para avançar um bloco de texto em relação à linha original do cor-po da notícia. Isto permite reconhecer imediatamente citações ao longo do texto. O lançamento da citação é feito no parágrafo anterior, com identificação do personagem citado. Não se fazem ligações dentro da citação identada, nem apoios no final da citação:

FORMA CORRECTA“Não estávamos à espera que o jogo tivesse tanto sucesso. É a prova que existem jovens com capacida-

de para fazer jogos com qualidade e com interesse para os utilizadores.”

FORMA ERRADA“Não estávamos à espera que o jogo tivesse tanto sucesso”, declarou o dono da empresa. “É a prova que

existem jovens com capacidade para fazer jogos com qualidade e com interesse para os utilizadores.”, disse o responsável.

27Elementos Integrantes das Narrativas Multimédia

NARRATIVAS MULTIMÉDIA

LINKS

Os links servem para dirigir os utilizadores para outras páginas com conteúdos relacionados com a notícia: relatórios oficiais, outras notícias em arquivo ou relacionadas, outros sites que possam ser úteis na criação de novos níveis de leitura e compreensão da notícia, vídeos, imagens, etc, ou seja, todos os conteúdos que podemos relacionar com o nosso texto mas que não incluímos dentro do corpo da notícia.Para criar um link primeiro é preciso saber a morada da página para onde queremos dirigir o nosso utilizador. Com a página aberta, temos no nosso browser (Firefox, Internet Explorer, Chrome) a sua morada, que começa normalmente por http://:

Copia-se essa morada e no nosso editor seleccionamos a expressão que queremos linkar, e clicamos na ferramenta de criação de links, normalmente representada por dois elos de uma corrente.

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28 Elementos Integrantes das Narrativas Multimédia

Essa acção vai abrir uma pequena caixa de edição onde iremos colocar a morada do link, um título e como vai ser aberto.

No URL colocamos a morada da página de destino. Aqui é o site do iTunes de onde podemos descarre-gar o jogo. Em título podemos fazer uma descrição do link que surgirá quando passarmos com o rato por cima da expressão linkada. Por exemplo, “página do Bubble Ball no iTunes”.Em Alvo (ou Target) definimos como abre o link, de preferência devemos seleccionar a opção que permite abrir uma nova página. Clicar OK.

29Elementos Integrantes das Narrativas Multimédia

NARRATIVAS MULTIMÉDIA

A expressão seleccionada aparecerá então com uma cor diferente e sublinhada. Podemos combinar estas ferramentas, fazendo bolds e/ou links dentro de citações, por exemplo. O objectivo é permitir o acesso a mais informação que possa ser útil ao utilizador.

LISTAS

Podemos criar listas por bullet points ou números (caso haja uma hierarquização dos itens) usando as seguintes ferramentas:

TAGS

Normalmente existem áreas de colocação de tags ao fundo da caixa de edição do texto. As tags nor-malmente são separadas por vírgulas.Para esta notícia de exemplo as tags poderiam ser: “Robert Nay”, “jogos”, “iPhone”, “apps”, “aplicações”.É preciso ter em conta se o nosso gestor de conteúdos faz distinção entre maiúsculas e minúsculas, para não criar etiquetas diferentes com as mesmas palavras apenas porque estão capitalizadas de forma diferente.

ESCRITA PARA NARRATIVAS MULTIMÉDIA

ESCREVER PARA VÍDEO• escrita e a imagem devem andar sempre de braço dado;• o que é contado na imagem, o texto não precisa de o dizer;• construção mais simplificada, directa;

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30 Elementos Integrantes das Narrativas Multimédia

• uma ideia por frase é o ideal. ajuda mais facilmente o espectador a memorizar os conteúdos;• assenta na oralidade;

ESCREVER PARA FOTOGRAFIA/AUDIOSLIDESHOW• as legendas devem ser informativas e concisas;• devem proporcionar informação exacta e contextual;• nos audioslideshows pode existir uma narrativa paralela, não intrusiva e independente da narrativa

principal;• é um complemento e fornece contexto à narrativa áudio;

ESCREVER PARA INFOGRAFIAS• a escrita dos títulos é comum às regras para os artigos;• os textos servem como apoio da informação gráfica;• no lead nunca é dada a notícia nem tirado qualquer resultado dos dados, pretende-se apenas descre-

ver o que a infografia irá apresentar em termos de dados;• o utilizador é que irá construir as suas próprias conclusões;

• LEAD: explicativo; introduz a infografia, não o tema;• INFORMAÇÃO CONTEXTUAL: recolha de referências textuais e visuais que fundamentem e apoiem

as decisões editoriais;• INFORMAÇÃO COMPLEMENTAR: auxiliar à informação visual; frases soltas explicativas; máximo

de 60/70 palavras;

ESCRITA PARA REDES SOCIAIS (FACEBOOK / TWITTER)• manter títulos dentro das dimensões recomendadas (até 80 caracteres);• comentar o artigo na wall do Facebook de forma a promover o interesse e interacção com os utiliza-

dores;• brevidade, eliminação dos artigos, tom mais coloquial;• maior uso da pontuação (pontos de interrogação, exclamação);

31Elementos Integrantes das Narrativas Multimédia

NARRATIVAS MULTIMÉDIA

2.4

IMAGEM

A Internet é um meio visual pelo que a utilização de fotografia é sempre um elemento importante a ter em consideração. A sua utilização deve ter em consideração a foto-grafia como elemento de contextualização e enriquecimento da narrativa, não como mera ilustração do acontecimento. Quando ambos texto e imagem são utilizados es-tes devem ser trabalhados de forma complementar. As fotografias podem ser utilizadas de duas formas distintas: individualmente, para criar ambiente e contextualização do tema, ou sequencialmente, tendo como principal objectivo construir uma narrativa.

2.5

GRÁFICOS

A infografia consiste na apresentação visual de informação e pretende transmitir con-teúdos explorando princípios e ferramentas visuais que permitam ao receptor retirar conhecimento dessa visualização.

Enquanto a Guerra do Golfo Pérsico é assinalada como um marco para o desenvol-vimento da infografia impressa mundial, para a infografia na Web, o 11 de Setembro de 2001 é a data em que se percebeu que existia uma nova forma de exprimir visualmente as notícias (Cairo, 2003; Chimeno, 2003; Fernández-Ladreda, 2004).

O recurso a gráficos interactivos no jornalismo online tem vindo a ser uma aposta crescente, principalmente em notícias que contêm grandes quantidades de informa-ção associadas a questões técnicas ou específicas.

A infografia trabalha essencialmente com três tipos de elementos: mapas, gráficos e diagramas.

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32 Elementos Integrantes das Narrativas Multimédia

Figura 9 Guardian — “The Internet´s Undersea World”

http://image.guardian.co.uk/sys-files/Guardian/documents/2008/02/01/SEA_CABLES_010208.pdf

Figura 10 Ny Times — “A New Fleet of Spacecraft”

http://www.nytimes.com/interactive/2008/12/29/science/space/CONSTELLATION.html

33Elementos Integrantes das Narrativas Multimédia

NARRATIVAS MULTIMÉDIA

Figura 11 Ny Times — “Casualties of War”

http://www.nytimes.com/ref/us/20061228_3000FACES_TAB2.html

Apesar das visualizações de dados muitas das vezes se parecerem com narração de estórias, a relação entre as duas é raramente articulada claramente. Jonathan Harris clarifica esta ideia, considerando-se um contador de estórias primeiro e só depois um criador de visualizações:

“I think people have begun to forget how powerful human stories are, ex- changing

their sense of empathy for a fetishistic fascination with data, networks, patterns,

and total information... Really, the data is just part of the story. The human stuff is

the main stuff, and the data should enrich it.”

“I define ‘story’ quite loosely. To me, a story can be as small as a gesture or as large as

a life. But the basic elements of a story can probably be summed up with the well-

worn Who / What / Where / When / Why / How.”

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34 Elementos Integrantes das Narrativas Multimédia

Desta maneira, é preciso perceber claramente o género da estória que queremos contar de forma a usarmos as técnicas mais adequadas tanto para o tema, para os elementos visuais, como para o público que a vai ver e usar. Mas principalmente o que diferencia a construção de estórias com dados, da narração de estórias visuais, é a complexidade do conteúdo que é comunicado. As visualizações de dados possibili-tam uma rápida e intuitiva exploração desses dados bem como uma análise e relação entre os mesmos.

35Elementos Integrantes das Narrativas Multimédia

NARRATIVAS MULTIMÉDIA

A visualização de dados tem ao seu dispôr vários elementos gráficos que podem ser usados isoladamente ou combinados, dependendo dos dados e da forma como os queremos transmitir. Podemos dividir estes elementos em três grupos: mapas, gráficos e diagramas, podendo cada um deles subdividir-se pelas suas categorias.

Os mapas dão-nos a informação do “onde”. Fornecem contexto geográfico e mos-tram as relações espaciais entre dados, pessoas ou eventos. No geral, temos dois tipos de mapa, os mapas localizadores – fornecem a localização geográfica de um determinado evento – e os mapas temáticos – mais complexos e que nos podem fornecer uma varieda-de enorme de relações, estatísticas usando simbologia especifica para cada um dos dados.

Os diagramas são representações visuais que, pegando em variados items, cria relações entre eles, dando-lhes uma posição especifica e hierárquica. Podem ainda ser usados reforços visuais de ligação, sobreposição e tamanho, que facilitam a leitura dos diagramas.

Um dos elementos mais comuns na visualização de dados, são os gráficos. Cabe ao jornalista multimédia, no caso, escolher a representação que melhor transmitirá a mensagem que se pretende transmitir.

37Processo de Produção de uma Peça Multimédia

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PROCESSO DE PRODUÇÃO DE UMA PEÇA MULTIMÉDIA

3.1

PLANEAMENTO

O autor Ben Fry distingue três fases no processo de produção de uma aplicação mul-timédia: uma primeira fase dedicada ao planeamento e recolha de informação; uma segunda fase relativa ao tratamento dos conteúdos e, uma última fase de desenvolvi-mento e publicação. O processo de produção de uma aplicação multimédia inicia-se sempre que um tema é relevante editorialmente através da utilização de diferentes recursos. Ainda assim, toda a aplicação deverá ter já em consideração nesta primeira abordagem à informação disponível e aos meios em que cada fragmento informativo terão lugar. A informação deverá ser sempre dividida segundo os fragmentos da narra-tiva e o tipo de meios que se pretendem utilizar em cada fragmento.

3.1.1

RECOLHA DE INFORMAÇÃO E “DATA MINING”

A visualização de dados pode ser uma ferramenta essencial na análise de informação jornalística e pode ser útil não só no processo de pesquisa e recolha de informação, como também como complemento informativo que acrescente valor à interpretação da informação transmitida e que nem sempre poderá ser comunicada a partir de texto. Desta forma, é importante que, nos processos de recolha e análise de informação, o jornalista tenha a preocupação em tentar encontrar padrões na informação recolhida que possam servir como suporte de análise ao tema (“data mining”).

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Não existe uma ferramenta única que permita a recolha, organização e represen-tação de informação. A variedade de ferramentas nestas áreas surge pela necessidade de hierarquizar e estruturar uma informação que parte de um processo de organização de dados em bruto.

Após a recolha desse material (que pode ser feita a partir de qualquer fonte: INE, Pordata, World Bank, entre outros) e, antes do processo de visualização da informação, é necessário que exista uma definição concreta da abordagem a seguir. Essa defini-ção pode ser feita de duas formas: uma delas consiste em interrogar os dados para compreender que interpretação e análise poderá ser retirada desse material. Outra metodologia a ter em consideração diz respeito ao mash up, que consiste em cruzar dados (integrantes ou relacionados) para encontrar elementos que contextualizem ou complementem a mensagem que se pretende transmitir.

VISUALIZAR DADOS COM RECURSO A FERRAMENTAS ONLINE

O visualizador de dados “Many Eyes” — http://www-958.ibm.com/software/data/cognos/manyeyes/ — é uma das ferramentas mais completas que temos ao dispôr para a representação de dados em bruto.Permite a análise de texto, comparação de valores, análise e relações entre dados, evolução de dados e ainda a visualização de dados integrados em mapas. É uma ferramenta gratuita que nos permite, após o registo gratuito, a criação de um perfil onde vamos criando um arquivo pessoal de dados e visualizações.

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O processo de criação da visualização pode ser reduzido a três passos muito simples: Upload dos dados, escolha da representação mais adequada e publição.

Para fazermos o upload dos dados, podemos navegar e escolher dados que já tenham sido inseridos por outros utilizadores ou inserirmos os nossos. O passo mais importante tem que ver com a forma como organizamos os dados previamente. Convém que estejam organizados numa tabela (numa folha de “Excel”, por exemplo) para que o programa consiga reconhecer facilmente esses dados e a sua organização. Após a criação dessa folha, que a maior parte das bases de dados (Pordata, World Bank Data) já possibilita o download nesse formato, apenas temos de copiar e colar.

Na caixa de baixo a ferramenta vai organizar automaticamente esses dados numa tabela onde pode-mos verificar se os dados continuam a obedecer à organização prévia.

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Se tudo estiver correcto, damos um nome a esses dados e se necessário, a fonte e tags associadas. Após este passo já temos no nosso perfil o acesso a estes dados. Para a sua representação apenas temos que clicar no botão “Visualize” e escolher a representação mais adequada ao tipo de dados. Neste caso, por exemplo, poderiamos escolher desde um gáfico de barras a um gráfico de linhas que nos daria a evolução.

Depois de termos a representação desejada, temos várias opções para a sua publicação. Desde a cria-ção de uma imagem estática, ao envio de um link por email, ou à possibilidade de integrarmos a representação interactiva no nosso site.

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3.1.2

HIERARQUIZAÇÃO DA INFORMAÇÃO

Após ser definida a abordagem editorial para a construção de uma narrativa, inicia-se a primeira fase do projecto dedicada ao planeamento e recolha da informação. Esta fase inicial é constituída pela recolha / aquisição de dados, que consiste em obter os dados através do acesso a ficheiros de bases de dados. Após a recolha dos dados é feita a análise dos mesmos e o seu processo de filtragem e de organização. Neste momento os dados devem ser organizados através uma estrutura básica com significado, por exemplo através da sua organização por ordem temporal, categórica ou hierárquica.

Enquanto é feita a análise dos dados, é importante aplicar métodos estatísticos ou “data mining” para descobrir padrões nos dados que revelem potencial informativo. Esta fase deve ser desenvolvida por toda a equipa ou por um elemento único destaca-do para a gestão desse projecto.

Após terem sido tomadas todas as decisões acerca do desenvolvimento do projec-to, segue-se a fase de representação do mesmo.

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3.1.3

DESENVOLVIMENTO DE STORYBOARDS

O storyboard consiste num esboço em forma de guião que tem como objectivo orga-nizar uma narrativa descrevendo a listagem de conteúdos. A sua utilização é essencial para definir os parâmetros da narrativa tendo como base a gestão de projecto (tem-po e recursos envolvidos), mas também para se hierarquizar a informação e definir os meios a serem utilizados para cada componente dessa narrativa.

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As narrativas multimédia resultam da combinação de elementos de comunica-ção - vídeo, texto, fotografia, som e gráficos - que deverão ser apresentados de forma interactiva e não linear e na qual cada informação apresentada num meio se assume como complemento e não como elemento redundante na narrativa.

Desta forma, a primeira preocupação na elaboração de um storyboard deverá ser a organização da narrativa tendo em consideração a não-lineariedade. Nesta fase de planeamento a narrativa deverá ser fragmentada pelos diferentes temas que a constituem.

Após essa divisão é necessário definir-se o meio que será utilizado para cada frag-mento da narrativa – vídeo, texto, áudio, fotografia ou gráficos – tendo em conta a potencialidade de cada um desses meios. É essencial que a informação inserida entre meios seja complementar e não repetitiva. Alguma contextualização e redundância

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é importante para criar elementos de transição na narrativa e facilitar a orientação de leitura, de qualquer modo, cada fragmento deverá ser trabalhado como uma peça fragmentada e autónoma. A combinação dessas estórias irá resultar numa narrativa única que adquire um carácter multidimensional.

Após a definição de cada meio para os fragmentos constituintes da narrativa é ne-cessário definir os diferentes graus de interactividade que serão permitidos ao utili-zador de forma a este personalizar e hierarquizar a sua própria narrativa. É também neste momento em que se deverão definir os tipos de colaboração e participação que utilizador poderá ter com a narrativa. As ligações para diferentes pontos da página, o uso de cenas e as opções de sequenciação são também elementos a incluir no story-board neste momento.

Apenas depois de estes elementos serem definidos será possível, tendo como base os princípios de usabilidade e acessibilidade no design de interface, desenvolver o layout da narrativa multimédia.

O storyboard deverá ser o mais desenvolvido possível para facilitar o trabalho em equipa e garantir a execução pretendida para a peça multimédia.

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3.1.4

PRINCÍPIOS DO DESIGN DE INTERFACE

Podemos definir usabilidade como a capacidade que um sistema interactivo tem de oferecer ao seu utilizador, num determinado contexto de operação, a realização de ta-refas de maneira eficaz, eficiente e agradável. A intuitividade, a facilidade e a eficácia da utilização de um dispositivo informatizado contribuem para a sua usabilidade. Usabili-dade traduz-se portanto, na qualidade da interacção entre o homem e qualquer tipo de sistema. A usabilidade compreende um conjunto de heurísticas relacionadas com o design de interacção, fundamentais para garantir o sucesso de qualquer tipo de site.

Jakob Nielsen, um dos maiores especialistas em usabilidade nos Estados Unidos propôs em 1994 um conjunto de dez heurísticas de usabilidade, designadamente: a visibilidade do estado do sistema, o ajuste entre o sistema e o mundo real, o controlo e a liberdade do utilizador, a consistência e standards, a ajuda aos utilizadores para re-conhecerem, diagnosticarem e recuperarem de erros, a prevenção de erros, o reconhe-cimento em vez de lembrança, a flexibilidade e eficiência no uso, a estética e design minimalistas e a ajuda e documentação.

A visibilidade é uma das heurísticas fundamentais a ter em consideração na constru-ção de um site. É muito importante destacar os elementos mais relevantes de uma aplicação multimédia, tornando-os mais facilmente visíveis. Desta forma, o utilizador poupa tempo e paciência a tentar descobrir o que pode ou deve fazer. Um grafismo claro e o destaque de todos os elementos possíveis de interacção são dois aspectos que contribuem para uma boa visibilidade numa aplicação.

O feedback das acções do utilizador é também fundamental para a eficácia de um site. Cada vez que o utilizador despoleta uma acção é necessário que o sistema lhe forneça informações acerca do estado da acção, nomeadamente através do destaque visual ou sonoro, nas suas mais variadas vertentes.

Os constrangimentos são restrições às acções que podem ser realizadas num sis-tema e que, de acordo com a classificação de Norman, podem ser físicos, lógicos ou culturais. As restrições físicas referem-se à maneira como os elementos restringem movimentos e acções físicas, enquanto que as restrições lógicas têm que ver com o senso comum acerca da maneira como os sistemas usuais funcionam. Convém que o design de uma aplicação seja lógica e não ambígua. As restrições culturais têm que

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ver com convenções fixadas por aprendizagem inerentes a uma ou mais sociedades. É conveniente que os vários tipos de restrições apontem no mesmo sentido, ajudando a prevenir a selecção de opções incorrectas por parte dos utilizadores.

Outra heurística a ter em consideração é a consistência de um site. É essencial que um mesmo sistema mantenha uma consistência, quer em termos gráficos, quer em termos de mecanismos de acções. Desta forma, o utilizador não dispensará tanto tempo com a aprendizagem do seu funcionamento. Torna-se menor a probabilidade do utilizador errar e, portanto, mais satisfatória é a utilização do sistema.

As affordances ou as metáforas podem trazer grande eficácia para a usabilidade de um site. Nas interfaces, as affordances não são físicas, mas antes percepcionadas, estando presentes numa scrollbar ou num botão accionável, por exemplo. Quanto me-lhor conseguidas forem essas affordances em termos de design, mais fácil será para o utilizador perceber onde e como deverá exercer a acção em causa.

Garantir um bom mapeamento é fundamental para que o utilizador aprenda a in-teragir com as interfaces o mais rapidamente possível. É fundamental que o utilizador perceba que acção de cada elemento é accionável, o que se garante através de um bom mapeamento. Este tira muitas vezes partido de analogias com o mundo real e de convenções culturais.

A cor é utilizada quer para realçar elementos quer para transmitir sensações, ideias e simbolismo. Pode também ser usada para manter uma coerência ou para hierarqui-zar informação, embora não deva ser o único elemento gráfico com essas funções. O seu uso deve ser prudente. Sabe-se que, num só relance, o olhar humano capta apenas cerca de cinco cores diferentes, dependendo do design. Por esse motivo, o número de cores utilizadas numa mesma interface deve ser limitado. Por outro lado, as com-binações de cores devem ser cuidadas, preferindo as cores quentes para os objectos a destacar, as frias para o fundo e os cinzentos para os elementos neutros. A saturação da cor também deve ser pensada. Cores não saturadas e brilhantes são geralmente percepcionadas como profissionais e amistosas e cores não saturadas e escuras tam-bém como profissionais mas mais sérias. Cores saturadas são percepcionadas como mais dinâmicas e excitantes. Por esse motivo, as cores saturadas devem ser usadas para atrair a atenção e as cores não saturadas quando a performance e eficiência forem prioridade. Também o agrupamento da informação pertence a uma das heurísticas da usabilidade. Para o utilizador, torna-se muito mais fácil ler texto que se encontra disposto por blocos, de acordo com os itens lógicos a que se referem. Os elementos

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devem ser agrupados, por proximidade física, de acordo com os seus significados e com a secção lógica que integram.

O sucesso de um sistema multimédia é indissociável do seu efeito estético e de usabilidade. Uma interface que explore esta dicotomia torna-se simultaneamente mais fácil e mais agradável de usar. Às regras de usabilidade convém estar sempre associado um design agradável e atractivo.

Sistemas de ajuda são também uma heurística a não esquecer. É conveniente que cada sistema apresente um conjunto de funções de ajuda ao utilizador que possa ser activado a seu pedido ou a partir do sistema.

Outra das questões ligadas aos princípios da ergonomia é a norma ISO 9241:10 que propôs, em 1998, sete princípios de diálogo para o projecto e a avaliação de inter-faces humano-computador.

Esta norma propõe uma adequação à tarefa, a capacidade de auto descrição, a pos-sibilidade do sistema ser controlado, a conformidade com as expectativas do utilizador, a tolerância aos erros, a adequação à personalização e a adequação à aprendizagem.

No que diz respeito à adequação à tarefa, a ISO 9241:10 considera que “um diálogo é adequado à tarefa na medida em que suporta o utilizador na sua realização eficaz e eficiente”.

A capacidade de auto-descrição está englobada no princípio de que “um diálogo é auto-descritivo na medida em que cada passo de diálogo é imediatamente compreen-sível através do feedback do sistema ou porque é explicado ao utilizador quando este requer informação relevante”.

De acordo com esta norma, “um diálogo é controlável na medida em que o utiliza-dor é capaz de manter o controlo sobre o inteiro curso da interacção até o objectivo ser atingido”. Esta afirma também que “Um diálogo está em conformidade com as ex-pectativas do utilizador na medida em que corresponde ao conhecimento da tarefa, à formação e experiência do utilizador, e às convenções vulgarmente seguidas”.

Relativamente à tolerância aos erros, a ISO 9241:10 afirma que “um diálogo é to-lerante aos erros na medida em que, a despeito de erros evidentes de input, os resul-tados pretendidos possam ser obtidos sem (ou com as mínimas) acções correctivas”.

O sistema de diálogo deve também “ser construído de modo a adaptar-se às neces-sidades e capacidades individuais do utilizador, para uma dada tarefa” e deve adequar-

-se à aprendizagem “na medida em que fornece meios, auxílio e estímulo ao utilizador durante a sua fase de aprendizagem”.