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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS CAMPUS DE SÃO LUÍS DE MONTES BELOS CURSO DE ZOOTECNIA MANEJO DE BOVINOS EM FRIGORÍFICO: DA RECEPÇÃO A SANGRIA Acadêmica: Daiane Jéssica Linhares Silva Orientador: Prof. MSc. Diogo Alves da Costa Ferro São Luís de Montes Belos Novembro de 2014

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS CAMPUS DE SÃO LUÍS DE MONTES BELOS

CURSO DE ZOOTECNIA

MANEJO DE BOVINOS EM FRIGORÍFICO: DA RECEPÇÃO A SANGRIA

Acadêmica: Daiane Jéssica Linhares Silva

Orientador: Prof. MSc. Diogo Alves da Costa Ferro

São Luís de Montes Belos Novembro de 2014

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DAIANE JÉSSICA LINHARES SILVA

MANEJO DE BOVINOS EM FRIGORÍFICOS: DA RECEPÇÃO A SANGRIA

São Luís de Montes Belos Novembro de 2014

Monografia apresentada ao

Curso de Zootecnia do

Campus de São Luís de

Montes Belos, Universidade

Estadual de Goiás, para

obtenção do grau em

Bacharel em Zootecnia.

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DEDICATÓRIA

Á Deus por tudo que me foi concedido. Ao meu pai David Pereira da Silva por todo apoio e amor que a mim foi

dado e a minha mãe Kátima Linhares dos Santos (in memoriam) que mesmo não estando mais aqui comigo em corpo, sei que sempre esteve e sempre estará ao meu lado me apoiando em tudo, e sei que está muito orgulhosa de mim.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus, o Pai criador que me acompanha em todos os momentos de minha vida.

Aos meus pais David Pereira da Silva e minha mãe Kátima Linhares dos

Santos (in memoriam) por todo amor e apoio que a mim foi dado. Aos meus irmãos Tatiele Linhares da Silva e Hugo Alves Carneiro por

sempre estarem do meu lado em todos os momentos da minha vida. A minha madrasta Hely Alves de Rezende, por me apoiar e me aconselhar

nos momentos mais difíceis, estando sempre do meu lado. As minhas amigas Thays Fernandes, Lorena Costa e Cristiene de Freitas

por me suportarem principalmente nos momentos de fúria, sei que sou uma pessoa nada fácil de conviver e vocês sempre estiveram do meu lado.

As minhas amigas irmãs Débora Gabriela, Fernanda Moura e Graziely

Rios, que mesmo distantes umas das outras nunca nos separamos e nem a nossa amizade foi abalada por isso, verdadeiras amigas sim, pra sempre, amo vocês.

Ao meu orientador Diogo Ferro por ser mais que um professor e orientador,

e sim um grande amigo que sempre me apoiou e me ajudou em tudo. Ao meu amigo Rafael Ferro que sempre esteve do meu lado me apoiando,

ajudando e sempre sorrindo das minhas brincadeiras, você é muito importante pra mim, mesmo longe sei que sua amizade é pra sempre.

A empresa Qualifrig/SApor me receberem com muito carinho. Ao meu amigo Anésio Júnior que conheci durante o estágio e que se

tornou uma pessoa muito especial, que posso contar em qualquer momento e situação, que está sempre do meu lado me apoiando em qualquer que seja a decisão tomada.

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Aos meus amigos Jorge Faustino, Jorge Henrique Faustino, Maria Gorete, Lorhana Faustino, Paulo Henrique e meu principezinho Paulo Henrique Filho por sempre estarem comigo em todos os momentos durante essa jornada, me apoiando, aguentando meu estresse, estando sempre do meu lado, a vocês o meu muito obrigado.

Aos meus amigos Sara Machado, André Divino, Elis Christine da Silva,

Juliano Silva, Otávio Augusto, Kaio Caixeta, Ulisses Lobo, Thiago Ferreira, Jorge Almeida e Bruna Lima, por estarem comigo sempre, tivemos momentos únicos que jamais serão esquecidos, vocês são muito importantes pra mim.

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SUMÁRIO

LISTA DE ABREVIATURAS......................................................... viii LISTA DE FIGURAS.....................................................................

RESUMO...................................................................................... ABSTRACT..................................................................................

ix x xi

1 INTRODUÇÃO............................................................................. 1 2 REVISÃO DA LITERATURA........................................................ 3 2.1 Abate Humanitário e Bem-Estar Animal...................................... 3 2.2 Desembarque............................................................................... 4 2.3 Curral de Chegada ou Curral de Seleção.................................... 6 2.4 Curral de Observasção................................................................ 6 2.5 Departamento de Necropsia........................................................ 7 2.6 Curral de Matança....................................................................... 7 2.7 Rampa de Acesso ao Boxe de Atordoamento............................. 8 2.8 Seringa......................................................................................... 9 2.9 Atordoamento ou Insensibilização............................................... 10 2.9.1 Métodos de insensibilização........................................................ 11 2.10 Sangria......................................................................................... 12 3 RELATÓRIO DE ESTÁGIO.......................................................... 14 3.1 Caracterização da Empresa......................................................... 14 3.2 Desembarque............................................................................... 15 3.3 Curral de Chegada ou de Seleção............................................... 17 3.4 Curral de Observação................................................................... 18 3.5 Departamento de Necropsia e Matadouro Sanitário..................... 19 3.6 Curral de Matança......................................................................... 20 3.7 Rampa de Acesso ao Boxe de Atordoamento.............................. 22 3.8 Seringa.......................................................................................... 24 3.9 Atordoamento ou Insensibilização................................................ 25 3.9.1 Métodos de insensibilização......................................................... 28 3.10 Sangria.......................................................................................... 29 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................... 31 5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................. 32

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LISTA DE ABREVIATURAS

% - Porcento °C - Graus Celsius atm - Atmosferas DFD - Dura Seca e Escura GO - Goiás GTA - Guia de Transporte Animal Kg - Quilograma Km - Quilômetro m² - Metros Quadrado OMS - Organização Mundial de Saúde Animal ppm - Partes Por Milhão S/A - Sociedade Anônima SIF - Serviço de Inspeção Federal

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Empresa Qualifrig Alimentos S/A.............................................. 15 Figura 2 Caminhão boiadeiro posicionado rente a rampa de

desembarque............................................................................ 16

Figura 3 Animais no curral de chegada ou de seleção........................... 18 Figura 4 Curral de observação de uso exclusivo do Serviço de

Inspeção Federal......................................................................

19 Figura 5 Equipamentos utilizados na sala de necropsia......................... 20 Figura 6 Forno crematório....................................................................... 20 Figura 7 Animais no período de descaso nos currais de matança........ 21 Figura 8 Rampa de acesso ao boxe de atordoamento........................... 23 Figura 9 Animais durante o banho de aspersão..................................... 24 Figura 10 Afunilamento na porção final da seringa.................................. 25 Figura 11 Posicionamento da pistola antes do disparo. .......................... 26 Figura 12 Animal na área de vômito......................................................... 27 Figura 13 Içamento do animal pela pata direita........................................ 28 Figura 14 Animais na calha de sangria..................................................... 30

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RESUMO Os produtos oriundos do abate humanitário no Brasil vêm ganhando espaço tanto no mercado interno como externo, onde os consumidores vêm se preocupando cada vez mais com os manejos adotados antes e durante o processo de abate livrando os animais de dor e sofrimento desnecessário. Objetivou-se descrever o processo e manejo de bovinos em frigoríficos, adotados da recepção dos animais à sangria. Os abatedouros frigoríficos vem adotando técnicas no manejo que minimizam os danos causados nas carcaças devido métodos inadequados, o que causa sérias contusões nas carcaças dos animais, acarretando em perdas econômicas tanto para o proprietário dos animais como para o abatedouro frigorifico. A forma com a qual os animais são conduzidos tem uma grande influência na qualidade do produto, sendo que dentro do abatedouro frigorífico esses manejos se inicia no desembarque dos animais, passando por uma avaliação para determinar se estão aptos a matança normal, caso não estejam são destinados a sala de necropsia.Os animais aptos são direcionados para o curral de matança passando pelo período de descanso, jejum e dieta hídrica, posterior condução pela rampa de acesso ao boxe de atordoamento passando pelo banho de aspersão até serem conduzidos a sala de matança para serem insensibilizados livrando-os de dor e sofrimento durante a sangria. O manejo pré abate quando realizado respeitando o bem-estar animal e de forma humanitária, proporcionam para as empresas frigoríficas uma melhor qualidade do produto final, o que traz retornos econômicos significantes ao estabelecimento. PALAVRAS-CHAVE: Abate humanitário, bem-estar, insensibilização, pré abate.

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ABSTRACT

Products from the humane slaughter in Brazil are gaining space in both the domestic and export markets, where consumers have been concerned increasingly with management impacted before and during the slaughter process freeing the animals from unnecessary pain and suffering. The objective was to describe the process and management of cattle in slaughterhouses, animals adopted from receipt of the bleeding. Slaughterhouses abattoirs has been adopting the management techniques that minimize damage due to inadequate methods in carcasses, causing severe bruising on carcasses of animals, resulting in economic losses for both the owner of such animals to the slaughterhouse refrigerator. The way in which animals are conducted has a large influence on the quality of the product, and in the meat-packing slaughterhouse these managements starts landing in animals undergoing an evaluation to determine if they are able to kill regulates, if not are designed to fit necropsy. The animals are targeted for killing corral through the rest period, and water fasting diet later driving through access to boxing stunning ramp through the spray bath room to be led to the slaughter room be desensitized freeing them from pain and suffering during slaughter bleeding. The preoperative management when performed respecting the animal humanely and well-being, provide refrigeration for businesses greater better quality, which brings significant economic returns the establishment. KEYWORDS: Humane slaughter, welfare, stunning, pre slaughter.

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1 INTRODUÇÃO

A preocupação com o bem-estar animal e consequentemente a redução

do sofrimento dos mesmos, antes e durante o abate, principalmente nos países

europeus, torna-se cada vez maior, em função de um mercado consumido cada

vez mais exigente perante a qualidade do produto final e da qualidade de vida dos

animais.

A tecnologia de abate dos animais que são destinados ao consumo

humano, somente assumiu importância científica quando foi observado que os

eventos que se sucedem da propriedade rural até o abate tinham uma grande

influência direta na qualidade da carne. O excesso de agressividade no manejo

pré abate desencadeia um alto nível de estresse nos animais, comprometendo

seu bem-estar, acarretando em dor e sofrimento que pode ser percebido por meio

de contusões, fraturas e hematomas na carcaça dos animais. Em consequência

desses manejos inadequados além das perdas na carcaça, há também as perdas

no mercado, uma vez que os países importadores de carne estão dando

preferência por abatedouros que empregam técnicas humanitárias durante o

processo de abate.

No Brasil, apesar das atitudes em defesa do bem-estar animal parecerem

distantes, já é visível produtos ganhando espaço no mercado brasileiro por ter

suas origens relacionadas ao bem-estar animal. Em função da necessidade de

diminuir as perdas no abate ocasionadas principalmente com manejo inadequado

e também pela pressão exercida por grupos sociais, foi desenvolvido um conjunto

de procedimentos e técnicas que tem por objetivo garantir a redução do

sofrimento e melhorar o bem-estar dos animais no processo de abate.

Essas técnicas são denominadas Abate Humanitário, abrangendo não

somente ao abate do animal em si, mais também estão relacionadas as etapas de

pré-abate como o transporte até o abatedouro frigorífico, aspectos relacionados a

condução dos mesmos, embarque, desembarque, as operações de atordoamento

e finalizando com a sangria. O importante é que em todas as etapas os animais

sofram o menos possível e que sejam tratados sob condições humanitárias em

todos os períodos que antecedem sua morte.

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Os abatedouros frigoríficos desenvolveram um conjunto de técnicas que

vem sendo cada vez mais utilizadas e aprimoradas no processo de abate dos

animais, que se inicia no transporte, por meio de veículos próprios e

colaboradores treinados para realizar tal atividade causando o mínimo possível de

estresse e transtornos aos animais, conduzindo-os das propriedades até o

frigorífico. Logo na chegada são desembarcados o mais rápido possível e

destinados aos currais de descanso aguardando o manejo para o abate. Este

manejo consiste na condução dos animais desde o curral de descanso onde são

submetidos a jejum e dieta hídrica, passando pela rampa de acesso ao boxe de

atordoamento até a sala de abate, onde serão insensibilizados, ficando

inconscientes para posteriormente ser realizada a sangria.

Existem basicamente, cinco problemas que acometem o bem-estar dos

animais no abatedouro frigorífico, sendo, falta de treinamento dos colaboradores

que os manejam, estresse provocado por equipamentos e métodos impróprios

que proporcionam excitação e contusões, transtornos que impedem o movimento

natural do animal, como água no piso, brilho de metais e ruídos de alta

frequência, falta de manutenção dos equipamentos como conservação dos

corredores e pisos e as condições precárias pelas quais os animais chegam ao

estabelecimento, principalmente devido ao transporte.

Neste contexto, objetivou-se descrever o processo e manejo adotado no

frigorífico desde a recepção dos animais até a sangria.

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2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 Abate Humanitário e Bem-Estar Animal

O abate humanitário pode ser definido como o conjunto de procedimentos

técnicos e científicos que garantem o bem-estar dos animais desde o embarque

na propriedade rural até a operação de sangria na indústria frigorífica, este

processo engloba não somente a etapa de abate, mas também leva em

consideração todos os aspectos relacionados as etapas de pré abate, como o

embarque, transporte, métodos de acondicionamento, condução e operações de

atordoamento (Silva, 2012).

Já o bem estar-animal pode ser definido como a habilidade de

manutenção da condição corporal saudável dos animais, evitando o sofrimento

desnecessário dos mesmos. Existem alguns pontos a serem seguidos chamados

de cinco liberdades sendo, a liberdade fisiológica – livre de fome e sede, liberdade

ambiental – livre de desconforto, liberdade sanitária – livre de dor, ferimento e

doença, liberdade comportamental – livre para expressar seu comportamento

normal e liberdade psicológica – livre de medo e angústia. No Brasil esses

conceitos vêm sendo cada vez mais consolidados com a criação de leis e

decretos que visam o bem-estar animal e o abate humanitário nos sistemas de

criação, buscando um produto de qualidade atendendo com isso as exigências do

consumidor (Petroni et al., 2008).

As diretrizes brasileiras de bem-estar animal são realizadas e elaboradas,

tendo como base as recomendações da Organização Mundial de Saúde Animal

(OMS). Essas recomendações abordam a necessidade de que durante o período

de pré abate e abate, os animais de produção não sofram, envolvendo alguns

pontos, tais como: os animais devem ser transportados somente se estiverem em

boas condições físicas; os animais que estiverem sem condições de se mover ou

machucados devem ser abatidos de forma humanitária imediatamente; os animais

não devem ser forçados a se movimentar além da sua capacidade natural

evitando com isso, quedas ou escorregões; é proibido o uso de objetos que

possam causar dor aos animais (Ludtke et al., 2012).

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O processo de abate representa um elevado grau de estresse ao animal,

desta forma, torna-se propício o desenvolvimento de diretrizes que proporcionam

ao animal um menor índice de estresse, essas diretrizes buscam por melhorias no

deslocamento, carregamento e descarregamento dos animais e também a

separação em grupos de acordo com a categoria, sexo e idade (Hernades et al.,

2009).

Durante a espera no frigorífico as necessidades básicas dos animais

devem ser supridas, como fornecimento de água, espaço e condições favoráveis

de conforto térmico, o abate deverá ser realizado com equipamentos adequados

para cada espécie e de forma humanitária. Em caso de falha no primeiro método

de insensibilização o equipamento de emergência deve estar disponível. Todo

estabelecimento de abate deve ter um responsável pelo bem-estar dos animais,

esse profissional deve possuir autoridade direta, a fim de identificar as prioridades

na rotina e determinar ações que supram as necessidades do bem-estar animal

(Ludtke et al., 2012).

2.2 Desembarque

Logo na chegada dos animais no abatedouro frigorífico, é realizada uma

verificação na documentação exigida como Guia de Transporte Animal (GTA) que

contém dados da fazenda e do município de origem, do proprietário, distância

percorrida, quantidade de animais, atestado de sanidade para Brucelose,

Tuberculose, Raiva entre outros. Também é realizada a verificação de ocorrência

de animais fraturados durante o transporte ou se há animais mortos, caso haja o

Serviço de Inspeção Federal (SIF) é comunicado imediatamente para que o

médico veterinário faça uma análise minuciosa, para tomar as medidas cabíveis

(Silva, 2011).

Ao chegar no abatedouro frigorífico além de cansados e estressados

devido o transporte e ao manejo submetidos no embarque, os animais chegam a

um ambiente estranho, portanto, o desembarque deve ser realizado de maneira

calma e controlada, de modo que isso seja fácil e possível para eles e para as

pessoas que os manejam. O desembarque dos animais deve ser realizado logo

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após a chegada do caminhão no abatedouro frigorífico, no máximo dez minutos

após sua chegada. O ideal é que os animais desçam a passo e sem pressa,

evitando com isso que os mesmos caiam e também possíveis lesões. Se eles não

saírem naturalmente, deve-se estimular a saída através do uso da fala, batidas de

palma, bandeiras brancas ou com movimentos laterais do caminhão, jamais

utilizando choques ou objetos pontiagudos que possam acarretar em ferimentos

(Silva, 2012).

É importante ressaltar que os animais já chegam no local de

desembarque estressados, pois foram transportados em caminhões, em alguns

casos em números maiores que o ideal, onde os mesmos ficam apertados

podendo cair dentro do caminhão e ser pisoteados pelos outros animais podendo

até mesmo chegar a óbito, o que não é muito difícil de acontecer. Pode ocorrer

também de serem transportados em números menores que o ideal, onde esses

animais podem cair e se machucarem podendo também ser lançados nas laterais

do caminhão, além de permanecer sem comida e água (Branco, 2014).

Geralmente os animais são embarcados e transportados em caminhões

boiadeiros, com uma capacidade média de 20 animais cada um, porém essa

quantidade pode variar de acordo com o peso e tamanho dos animais. Se torna

necessário que os motoristas dos caminhões sejam conhecedores do bem-estar

animal para que possa realizar o transporte de forma correta, pois um manejo

realizado de forma incorreta, pode ocasionar em contusões no embarque, durante

a viajem, no desembarque e também no manejo realizado até a sangria

(Mioranza, 2008).

No frigorífico a rampa de desembarque deve conter um declive de 25

graus para facilitar a descida dos animais, o piso deve ser de material

antiderrapante, sem concavidades ou fendas que possam ferir os animais

(Branco, 2014).

Durante o desembarque dos animais, os procedimentos a serem

realizados deverão ser basicamente os mesmos adotados para o embarque na

fazenda, tendo uma atenção redobrada nas atividades a serem executadas, como

evitar o uso de equipamentos como bastões de choque ou ferrões para forçar os

animais a descer do caminhão. É fundamental que logo após o desembarque no

frigorífico, os animais tenham a sua disposição um local apropriado, sendo este,

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um curral de espera onde permanecerão por um tempo suficiente para que se

acalmem e descansem da viajem, antes de serem encaminhados para a próxima

etapa do abate. É muito importante que ocorra a separação dos lotes no curral de

espera, evitando com isso que os animais se estressem cada vez mais e também

possíveis traumas que poderão resultar no comprometimento da qualidade do

produto final (Pereira & Lopes, 2006).

2.3 Curral de Chegada ou de Seleção

Os currais de chegada ou de seleção são destinados ao recebimento dos

animais, onde serão avaliados e separados em lotes de acordo com sexo, idade e

categoria. Devem ter um pequeno declive, sendo de dois graus para facilitar a

limpeza e desinfecção do ambiente, o piso pode ser construído de concreto

evitando ralos centrais, as cercas devem ter no mínimo dois metros de altura,

construídas com madeira ou outro material resistente, sem a presença de

proeminências como pregos, parafusos que possam machucar, causar contusões

ou danos a pele do animal. Devem ter disponível em cada curral um bebedor

podendo ser este construído do tipo cocho, de alvenaria, concreto armado ou de

aço carbônico, devem ser afastados com no mínimo 80 metros das dependências

onde se elaboram produtos comestíveis. Deve-se ter uma maior atenção voltada

para a quantidade de animais que são colocados em um lote, pois, a superlotação

nos currais aumenta o número de contusões e o estresse influência na qualidade

da carcaça(Macedo, 2007).

2.4 Curral de Observação

O curral de observação é destinado a receber os animais que foram

excluídos da matança por suspeita de doenças infectocontagiosas, onde serão

examinados e observados minuciosamente até que se conclua o diagnóstico.

Este curral deve estar localizado a cerca de três metros dos outros currais,

devendo ser de fácil acesso ao matadouro sanitário e departamento de necropsia,

de fácil higienização, limpeza e desinfecção, sendo facilmente identificados com a

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cor vermelha e com os dizeres: Curral de Observação uso exclusivo da Inspeção

Federal (Macedo,2007).

2.5 Departamento de Necropsia

O departamento de necropsia é uma instalação frigorífica que é

constituída de uma sala de necropsia e um forno crematório, deve estar localizado

nas adjacências do curral de observação, uma vez que os animais que são

destinados para o mesmo, devem passar por período de observação antes de

receber tal fim e próximo também da rampa de desembarque para o caso de

chegada de animais mortos que para lá serão levados (Macedo,2007).

O departamento de necropsia tem por finalidade detectar a causa da

morte de animais que chegam ao estabelecimento mortos ou que morrem nos

currais e também para análise de animais que apresentem sinais de doenças

contagiosas graves. O animal e suas vísceras serão destinados a graxaria, onde

serão aproveitados somente para a fabricação de produtos que não são

destinados ao consumo, no caso de animais que após serem examinados e for

constatado doentes, estes serão queimados no forno crematório. Já o matadouro

sanitário é uma instalação destinada ao abate de emergência dos animais que

estavam com suspeita de doenças contagiosas e também daqueles que não

conseguem chegar a sala de abate por apresentarem fraturas ou com luxações

que os impeçam de se locomover (Morelatto &Ternoski,2010).

2.6 Curral de Matança

Os currais de matança são destinados a receber os animais que estão

aptos para receberem a matança normal. Ficam separados por uma passarela

dos currais de desembarque ou de seleção, devem ser construídos da mesma

forma, com mesmo declive, tamanho, iluminação, bebedouros entre outros. Os

animais que são considerados aptos para receber a matança normal, devem

permanecer nos currais de matança em jejum e dieta hídrica, até completarem as

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horas regulamentares de descanso conforme a distância por eles percorrida

(Morelatto &Ternoski,2010).

O período de descanso, jejum ou dieta hídrica é necessário para que os

animais se recuperem do desgaste sofrido desde o local de origem, transporte,

até o estabelecimento de abate. O período ideal é de 24 horas, porém esse tempo

pode ser reduzido de acordo com a distância percorrida. O descanso e a dieta

hídricatem como função principal reduzir a quantidade do conteúdo gástrico

intestinal, facilitando a evisceração da carcaça e diminuindo os riscos de

contaminação e também restabelecer as reservas de glicogênio muscular, pois

devido o estresse sofrido durante as várias etapas de manejo, essas reservas de

glicogênio são reduzidas antes do abate, sendo necessário o seu

restabelecimento. Durante este período é realizado a inspeção ante mortem com

a finalidade de identificar o estado higiênico e sanitário dos animais, identificar e

isolar os animais que apresentem suspeitas de doenças e também verificar as

condições higiênicas e sanitárias dos currais e anexos (Roça,2014).

2.7 Rampa de Acesso ao Boxede Atordoamento

Após serem submetidos ao descanso, jejum e dieta hídrica, os animais

são encaminhados ao boxe de atordoamento, devendo ser manejados de forma

cuidadosa, para que os riscos de ferimentos e estresse sejam os mínimos

possíveis. Outros fatores importantes que devem ser observados são quanto a

presença de pontos metálicos que possam provocar ruídos ou reflexos de grande

intensidade, locais escuros e pessoas aos redores que podem apresentar

barreiras, afetando com isso o avanço normal dos animais pela linha de abate. É

proibido espancar, empurrar, esticar, esmagar, torcer ou quebrar a cauda dos

animais ou atingi-los nos olhos (Silva,2011).

Na rampa de acesso ao boxe de atordoamento, são realizadas avaliações

visuais do estresse provocado no período ante mortem dos animais que propõe

avaliações de deslizamento, queda e mugidos dos animais. Quando o manejo dos

animais é realizado de forma tranquila, sem correria, gritos, ferrões e bastões

elétricos, torna-se quase que impossível que os mesmos caiam ou escorreguem

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durante o trajeto, por esses motivos é essencial que o piso por onde os animais

caminham durante o trajeto sejam de piso antiderrapante (Trecenti, 2013).

Durante o acesso ao boxe de atordoamento deve ser realizado o banho

de aspersão,a rampa de acesso deve dispor de chuveiros transversais, laterais e

longitudinais, orientando os jatos para o centro, tendo uma pressão não inferior a

três atm (atmosferas), de modo que os jatos sejam em forma de ducha, a água

deve ser hiperclorada, e a largura da rampa deve ser de no mínimo três metros

(Macedo, 2007).

O banho de aspersão tem como função principal a higienização dos

animais, e tem sido apontado com atividade muito importante em favor da

qualidade da carne, pois além de retirar grande parte da sujidade presente na

pele dos animais também tem efeito favorável sobre a vasoconstrição periférica e

vaso dilatação interna sobre o ato da sangria. É recomendável que eles

permaneçam alguns minutos na rampa de acesso do boxe de atordoamento para

secar a pele, pois é impossível realizar uma esfola higiênica se o couro do animal

estiver excessivamente úmido (Morelatto &Ternoski,2010).

2.8 Seringa

A seringa é o local subsequente do banho de aspersão, devendo ser

construída em forma de V, permitindo a passagem de apenas um animal por vez

e impedindo que consigam se virar numa tentativa de retornar ao corredor,

ocorrendo o afunilamento final da rampa de acesso ao boxe de atordoamento.

Deve possuir rampa com piso antiderrapante, dividida por porteiras, se possível,

do tipo guilhotina, facilitando o manejo dos mesmos, paredes impermeabilizadas

com cimento liso, sem apresentar bordas ou extremidades salientes. Para serem

conduzidos ao boxe de insensibilização, os animais devem passar por uma

situação de grupo, estando livres para realizar movimentos no corredor, onde

posteriormente formará uma fila única na seringa de abate (Morelatto

&Ternoski,2010).

2.9 Atordoamento ou Insensibilização

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xxi

Esta etapa do abate é fundamental, pois irá garantir os princípios

humanitários, onde os animais ficaram inconscientes durante o processo estando

livres do sofrimento desnecessário e também irá facilitar a operação de manejo e

sangria, tendo como função primordial a insensibilização imediata e profunda da

consciência do animal, evitando o sofrimento durante o sacrifício. O atordoamento

além de proteger os funcionários de possíveis acidentes e imobilizar o animal, tem

grande importância no bem-estar animal, tendo como propósito que o animal fique

inconsciente de maneira que não sinta dor durante a operação subsequente que é

a sangria, além de facilitar a inserção da faca, ocorrendo com isso uma sangria de

forma precisa, segura e rápida, levando o animal a uma morte rápida (Morelatto

&Ternoski,2010).

A insensibilização ou atordoamento pode ser considerada a primeira

operação do abate propriamente dita, pois se consiste em colocar os animais em

um estado de inconsciência que perdure até o fim da sangria (Silva,2011).

A eficácia deste processo depende de alguns fatores, tais como o

equipamento utilizado, da adequada manutenção dos mesmos e dos cuidados

durante o seu uso, mantendo o seu bom estado de conservação. Os operadores

que realizam a insensibilização, devem ser competentes e passar por um

treinamento para que realize tal função de maneira correta e com eficiência. Após

o atordoamento, pode-se determinar se o animal está bem insensibilizado,

verificando alguns reflexos como, entrar em colapso e não mostrar nenhum sinal

de respiração rítmica,cabeça estendida e a posição do globo ocular fixa, animais

inconscientes apresentam mandíbula inferior relaxada, sem reflexo corneal,

coração batendo normalmente, língua caída para fora da boca com os músculos

relaxados, movimentos das patas poderão ocorrer, deve-se ignorar e observar

somente a cabeça, que deverá estar morta (Morelatto &Ternoski,2010).

O atordoamento dos animais representa apenas uma das diversas etapas

do processo dentro da indústria, e uma demora ou até mesmo uma falha nesta

etapa de abate, pode afetar todo o restante do processamento (Gueirado, 2009).

Após o atordoamento o animal é liberado e cai na praia de vômito, onde

ocorre a lavagem da região perianal com água hiperclorada caso necessário, com

objetivo de eliminar fezes que poderão contaminar a carcaça nas operações

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subsequentes. Posteriormente faz-se a verificação dos reflexos citados

anteriormente para que se tenha a certeza da insensibilização, caso o animal

apresente algum dos reflexos é feito a repetição do processo com um novo

disparo, e finalmente o animal é içado pela pata traseira esquerda por uma

corrente até a nórea (Silva,2011).

O piso da praia de vômito deve ser revestido com uma grade metálica,

localizada à saída do boxe de insensibilização, removível para facilitar a

higienização e construída de tubos galvanizados, facilitando a drenagem dos

resíduos liberados do vômito e demais procedimentos de higienização (Bredt,

2011).

2.9.1 Métodos de insensibilização

Os métodos de insensibilização mais utilizados no Brasil são os

mecânicos, que podem ser do tipo insensibilização por dardo cativo com

penetração e insensibilização por dardo cativo sem penetração (Charro,2014).

As principais falhas desses métodos estão relacionadas com a falta de

manutenção dos equipamentos e cansaço dos funcionários. O local ideal para se

realizar o disparo é no plano frontal da cabeça do animal, na interseção de duas

linhas imaginárias que vão da base do chifre até o olho do lado oposto da cabeça,

quando o disparo não é realizado neste local, corre o risco de uma

insensibilização mal feita ou do animal voltar a consciência mais rápido, sendo

necessário com isso que o posicionamento da pistola permita que o dardo ou a

força do impacto atinja as principais estruturas cerebrais que são as responsáveis

por deixar o animal inconsciente, sendo o córtex cerebral, tronco encefálico e

cerebelo.A angulação e localização do disparo no atordoamento com pistola de

dardo cativo sem penetração se torna mais importante, pois as injúrias causadas

por esse tipo de atordoamento são menores que as causadas no dardo cativo

com penetração. A lesão causada pela insensibilização com dardo cativo sem

penetração é denominada contusão cerebral, esse método pode causar uma

rápida aceleração ou desaceleração da cabeça do animal, sem perfurar ou

fraturar o crânio (Neves,2008).

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2.10 Sangria

A sangria deve ser feita logo após a insensibilização do animal, para

provocar um rápido e mais completo possível escoamento do sangue antes que o

animal recupere a sensibilidade, fazendo a secção da barbela e posteriormente o

rompimento dos grandes vasos (artéria carótida e veia jugular). Quando realizada

com pistola de dardo cativo com penetração, o tempo máximo recomendado entre

o intervalo de uma operação e outra é de um minuto, se for realizado com pistola

de dardo cativo sem penetração, este tempo cai pela metade. O sangue deve ser

recolhido por meio de uma canaleta de sangria, devendo o animal permanecer

içado por no mínimo três minutos para remoção máxima do sangue, não sendo

permitindo qualquer outra operação nesse intervalo de tempo. Existem vários

fatores que podem ser responsáveis pela eficiência do processo de sangria,

podendo citar o método de atordoamento, o intervalo entre o atordoamento e a

sangria e o estado físico do animal antes do abate (Silva,2012).

Durante o processo de sangria, duas facas são utilizadas, uma para

abertura da barbela e outra para o corte dos vasos, ambas de cores diferentes,

após cada operação as facas são higienizadas e esterilizadas porimersão em

esterilizadores com temperatura mínima da água de 83° C por no mínimo 15

segundos para que seja usada novamente em outro animal, este procedimento de

troca de faca é realizado para evitar que contaminações de pele e pelo do animal

seja levado para a musculatura (Silva,2011).

A quantidade de sangue presente no corpo de um bovino é estimado em

6,4 a 8,2 litros/100 kg de peso vivo. Numa boa sangria, necessária para a

obtenção de uma carne com adequada capacidade de conservação é removida,

cerca de 60% do volume total de sangue, sendo que o restante fica retido nas

vísceras (20 a 25%) e nos músculos (10%). Para obtenção de um produto final de

qualidade, é indispensável que seja removido a maior quantidade de sangue

possível durante o processo de sangria, pois, uma carcaça mal sangrada,

apresenta aspecto desagradável, além de se constituir em um excelente meio de

cultura para o crescimento de microrganismos (Trecenti, 2013).

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Todos os procedimentos acima citados, além de diminuir o sofrimento dos

animais que serão abatidos, também são muito importantes economicamente,

pois atualmente os melhores compradores de carne do país, exigem que o bem-

estar animal seja empregado, além é claro de se ter uma carne de melhor

qualidade, reduzindo com isso, a quantidade de animais com carne DFD (dura,

seca e escura) (Branco, 2014).

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3 RELATÓRIO DE ESTÁGIO

3.1 Caracterização da Empresa

O estágio curricular obrigatório foi realizado na empresa Qualifrig

Alimentos S/A, Iporá/Go, localizada na Rodovia Go 221, km 3, Zona Rural, sob

supervisão do Médico Veterinário Cláudio Roberto de Souza Ribeiro, no período

de 21 de julho a 26 de setembro de 2014, totalizando 300 horas.

O abatedouro frigorífico possuía capacidade para abater 228 animais em

um turno de produção, com aproximadamente150 colaboradores distribuídos em

diversos segmentos. A unidade além de matadouro/frigorífico, possuía seções de

bucharia, triparia, miúdos e graxaria.

A indústria fornecia produtos somente para o mercado interno, em função

da falta de estrutura exigida pelo Ministério da Agricultura Pecuária e

Abastecimento (MAPA) para a comercialização no mercado externo, no entanto, o

frigorífico estava passando por reformas para se enquadrar nas normas de

exportação.

A empresa Qualifrig Alimentos S/A(Figura 1), prezava pela excelência em

qualidade dos seus produtos, promovendo treinamentos com seus colaboradores,

desde o desembarque dos animais até a expedição das peças que eram

destinadas a diversos estados, visando sempre atualizar seus funcionários quanto

a exigência do mercado consumidor.

As principais fontes de abastecimento da indústria estavam localizadas

nos municípios de Iporá, Amorinópolis, Rio Verde, Montividiu, Jataí e Caiapônia, e

os principais compradores estavam nos estados doPará, Ceará, Recife, São

Paulo e Rio de Janeiro,além de outros estados, porém, em menor escala.

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Figura 1. Empresa Qualifrig Alimentos S/A. Fonte: Arquivo Pessoal, 2014.

3.2 Desembarque

Logo na chegada dos caminhões no abatedouro/frigorífico se realizava

uma verificação do local de onde os animais estavam vindo pelo guarda que

ficava na portaria, em seguida o portão de entrada da empresa era liberado para

que o caminhão adentrasse a mesma.

Os caminhões boiadeiros antes de entrarem na indústria, eram pesados e

após o descarregamento dos animais, realizando posteriormente o cálculo do

peso líquido da carga. Os caminhões eram adequados ao transporte de bovinos

com piso antiderrapante.

O caminhão logo na entrada se posicionava rente a rampa de desembarque como

pode ser visualizado na figura 2 ,onde um agente do SIF realizava a conferência

de toda a documentação como Guia de Transporte Animal (GTA),onde verificava-

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se os dados da fazenda e do município de origem, dados do proprietário,

distância percorrida, quantidade de animais, atestado de sanidade para

Brucelose, Tuberculose, Raiva e a nota fiscal. Também realizava-se uma

avaliação visual nos animais antes de serem desembarcados como, a ocorrência

de animais fraturados ou mortos, se fraturados eram destinados a um curral de

observação, e o médico veterinário do SIF era comunicado imediatamente sobre

tal ocorrido para realizar uma análise minuciosa da situação e tomar as decisões

cabíveis, se mortos, eram destinados a sala de necropsia e posteriormente

queimados no forno crematório.

Figura 2. Caminhão boiadeiro posicionado rente a rampa de desembarque. Fonte: Arquivo Pessoal, 2014.

Os motoristas dos caminhões boiadeiros responsáveis por transportar os

animais, passaram por um treinamento e foi elaborada uma minuta documental,

constando o endereço da propriedade, o nome do proprietário, a quantidade de

animais, o sexo e um espaço em branco onde era descrito os manejos que foram

adotados na fazenda, e caso fosse adotado métodos agressivos que

machucassem os animais, os mesmos eram descritos detalhadamente na minuta

e era entregue para que o proprietário dos animais assinasse, caso ocorresse do

mesmo se recusar a assinar, a documentação era levada para o

abatedouro/frigorífico sem a assinatura do proprietário e entregue ao gerente

geral.

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Quando os animais passavam pela seção de retirada do couro, era

quando se notava a quantidade de hematomas e ferimentos na carcaça causados

por manejos agressivos. Sendo que essas carcaças eram destinadas a um

compartimento separado dentro da indústria, e passada posteriormente por uma

avaliação minuciosa pelo médico veterinário do SIF, onde geralmente, quando

muito contundas, eram destinadas a graxaria, tendo com isso a perda total da

carcaça. Quando ocorria tal eventualidade, alguém tinha que se responsabilizar

pelo prejuízo, sendo o proprietário ou o motorista responsável pelo transporte, e,

com a minuta feita e assinada pelo proprietário o motorista teria como provar que

não foi erro dele, e sim por manejo inadequado realizado na propriedade,

passando com isso, a responsabilidade para o dono os animais.

3.3 Curral de Chegada ou Seleção

Após desembarcados no frigorífico, os animais eram destinados ao curral

de chegada ou curral de seleção sendo separados em lotes, de acordo com a

idade, sexo e categoria, como pode ser visto na Figura 3 onde permaneciam em

descanso em tempo determinado de acordo com a distância percorrida durante a

viajem.

O estabelecimento possuía 12 currais, sendo seis de chegada e seis de

matança, ambos com 96 m², sendo 2,5 m² por animal, totalizando uma

capacidade de 38 animais por curral. Os bebedouros dos currais eram de

cimento, porém estavam sendo trocados aos poucos por bebedouros de aço

carbônico, todos os bebedouros possuíam bóias para regular o nível da água e

para não deixar faltar. O piso era de concreto armado, as cercas possuíam

mourões de madeira e nove cabos de aço, com altura de dois metros, e não

possuíam ralos centrais, sendo que o escoamento da água era realizado através

de canaletas laterais.

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Figura 3. Animais no curral de chegada ou de seleção. Fonte: Arquivo Pessoal, 2014.

3.4 Curral de Observação

O curral de observação de uso exclusivo do SIF, destinado unicamente a

receber animais que na inspeção ante mortem foram excluídos da matança

normal por suspeita de alguma doença.

O curral de observação da empresa era afastado dos currais de chegada

ou de seleção, sendo, três metros de distância. Era construído de alvenaria e as

laterais dos corredores eram de cilindros de ferro, sendo que o último cilindro era

pintado da cor vermelha para efeito de identificação e os outros da cor branca.

Logo na entrada do curral havia uma placa de identificação com os seguintes

dizeres: curral de observação uso exclusivo o SIF como pode ser visto na Figura

4.

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Figura 4. Curral de observação de uso exclusivo do Serviço de Inspeção Federal. Fonte: Arquivo Pessoal, 2014.

3.5 Departamento de Necropsia e Matadouro Sanitário

O departamento de necropsia da empresa localizava-se próximo a rampa

de desembarque e dos currais de observação, o que tornava o manejo dos

animais mais fácil,caso houvesse a necessidade de levar algum animal para tal

fim. Era construída de alvenaria com paredes azulejadas, janela telada, piso

impermeável e com um leve declive voltado ao ralo de escoamento central. Neste

departamento existiam alguns instrumentos necessários como uma pistola para

insensibilização de dardo cativo com penetração e também uma serra de peito

como pode ser visualizado na Figura 5.

A sala de necropsia dava acesso ao forno crematório como pode ser

visualizado a Figura 6, este forno quando utilizado era alimentado a lenha, onde o

animal era colocado dentro do mesmo sobre barras de ferro, e as lenhas eram

colocadas abaixo do animal.

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Figura 5. Equipamentos utilizados na sala de necropsia. Fonte: Arquivo Pessoal, 2014.

Figura 6. Forno crematório. Fonte: Arquivo Pessoal, 2014.

3.6 Curral de Matança

Após a avaliação visual realizada pelo médico veterinário e constatado

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por ele que os animais estavam aptos a matança normal, os mesmos eram

destinados ao curral de matança, onde permaneciam até o próximo passo como

pode ser visualizado na figura 7.

Os currais de matança possuíam o mesmo dimensionamento e a mesma

capacidade que os currais de chegada ou de seleção, sendo de 38 animais por

curral totalizando 228 animais, sendo a quantidade máxima que podia ser abatida

diariamente, pois as câmaras frias não suportavam números superiores.

Figura 7. Animais no período de descaso nos currais de matança. Fonte: Arquivo Pessoal, 2014.

Os animais após serem destinados ao curral de matança passavam por

um período de descanso, jejum e dieta hídrica, sendo respeitado o período de 12

a 24 horas dependendo da distância, para que os animais se restabelecessem do

estresse sofrido durante a viajem e também devido os vários manejos que eram

submetidos desde a propriedade rural até o frigorífico. Como no frigorífico a

quilometragem máxima que se realizam as compras dos animais era de 200 km,

não excedendo duas horas de viajem esse período era de 12 horas. A empresa

tinha essa quilometragem limitada devido o valor pago pelo frete, uma vez que,

quanto mais distante, maior seria o valor pago.

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Esse período de descanso era essencial para que a evisceração fosse

facilitada devido o esvaziamento do trato gastrintestinal, evitando assim o

rompimento das vísceras e diminuindo o risco de contaminação da carcaça. Este

fator tornava a sangria mais abundante e eficiente, facilitava a esfola, além de que

o período de descanso favorecia a reposição de glicogênio muscular e a queda do

pH na transformação de músculo em carne. Os animais permaneciam durante

esse período sem se alimentar, ficando em jejum recebendo apenas uma dieta

hídrica para que não se desidratassem.

Todos os currais possuíam aspersores, sendo dois em cada lateral,

totalizando quatro, sempre que os animais fossem destinados aos currais, esses

aspersores eram ligados para que os animais se tranquilizassem, ajudando

também a diminuir a temperatura dos mesmos, pois devido ao estresse sofrido, o

aperto dentro do caminhão transportador e o tempo que permaneciam sob essas

condições a temperatura se elevava, além de fazer uma pré limpeza no couro.

3.7 Rampa de Acesso ao Boxe de Atordoamento

A rampa de acesso ao boxe de atordoamento da empresa, possuía

parede lateral direita feita de alvenaria, pois era o local de maior fluxo de

colaboradores, sendo que o corredor que dava acesso aos departamentos da

indústria seguia juntamente com a rampa, sendo divididos pela parede, evitando

com isso que os animais se assustassem e se estressem ao ter contato com

pessoas. Já a lateral esquerda da rampa era composta por cercas de cabo de

aço, sendo dez cabos dispostos um sobre o outro, possuindo dois metros de

altura como pode ser visualizado na figura 8. A cerca de cabo de aço, favorecia

os colaborados responsáveis pelo curral durante o manejo com os animais, uma

vez que nem todos os animais seguiam corretamente o percurso. Quando ocorria

de um ou outro animal não subir na rampa, os colaboradores utilizavam uma

bandeira branca para guiá-los até o boxe.

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Figura 8. Rampa de acesso ao boxe de atordoamento. Fonte: Arquivo Pessoal, 2014.

No final da rampa de acesso ao boxe de atordoamento tinha um

compartimento antes da seringa chamado de banheiro de aspersão, onde possuía

chuveiros transversais, laterais e longitudinais, orientando os jatos para o centro

do banheiro como pode ser visualizado na Figura 9. A pressão da água era de

três atm, e a água era hiperclorada a 15 ppm., este banho tinha como objetivo a

redução da flora contaminante da pele, minimizando os riscos de possíveis

contaminações durante esfola.

Os animais permaneciam no banho de aspersão por cinco minutos, logo

após os chuveiros eram desligados e os mesmos permaneciam por cerca de 15

minutos na rampa de acesso ao boxe de atordoamento para escorrimento de

uma parte da água do couro do animal, diminuindo as contaminações nas

atividades subsequentes.

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Figura 9. Animais durante o banho de aspersão. Fonte: Arquivo Pessoal, 2014.

3.8 Seringa

Após o banho de aspersão, os animais permaneciam na seringa até que

fossem destinados a sala de atordoamento. Essa seringa era construída em

forma de V, onde na sua porção final era totalmente afunilada, para que os

animais permanecessem em fila, sem conseguir se virar e provocar transtornos e

tumultuo ao ambiente, era construída de alvenaria, e sem qualquer tipo de

extremidades salientes que podiam acarretar em ferimento nos animais como

pode ser visto na figura 10.

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Figura 10. Afunilamento na porção final da seringa. Fonte: Arquivo Pessoal, 2014.

3.9 Atordoamento ou Insensibilização

O atordoamento é de fundamental importância para que os animais sejam

abatidos de forma humanitária, livrando-os de dor e sofrimento desnecessário,

este é um período em que o animal fica inconsciente, porém com seus órgãos

vitais ainda estão em funcionamento.

Na empresa, assim que liberada a entrada do animal para a sala de

atordoamento, o mesmo permanecia de pé, sem visão lateral, facilitando o

manejo. Logo em seguida, a pistola era posicionada na fronte do animal como

pode ser visualizado na Figura 11, onde era traçada uma linha imaginária entre os

chifres e olhos dos animais, com posterior disparo entre a junção das linhas. O

atordoamento era realizado por profissional altamente capacitado e treinado para

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realizar tal função, geralmente o atordoamento era realizado com sucesso, com

somente um disparo, porém acontecia do animal se mover muito, ser mais

estressado, estar mais agitado, e o disparo não ser realizado no local adequado,

caso ocorresse, um novo disparo era realizado.

Figura 11. Posicionamento da pistola antes do disparo. Fonte: Arquivo Pessoal, 2014.

Logo após, o alçapão era liberado e o animal caia na área de vômito

como pode ser visualizado na figura 12, local que permanecia para que fosse

realizada a lavagem do reto, caso necessário, com água hiperclorada, evitando

com isso possíveis contaminações do produto nas atividades

subsequentes.Também era realizado neste momento uma avaliação visual,

verificando alguns reflexos para se ter a certeza que o animal estava bem

insensibilizado, como língua para fora, ausência de respiração rítmica, cabeça

estendida, posição do globo ocular fixo, mandíbula inferior relaxada, caso

ocorresse de algum desses sentidos ainda estar em funcionamento, um novo

disparo era realizado.

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Figura 12. Animal na área de vômito. Fonte: Arquivo Pessoal, 2014.

Posteriormente era realizado o içamento do animal pela pata direita, com

o auxílio de uma peia composta por uma corrente de ferro e um feixe também de

ferro como pode ser visto na figura 13, em seguida a nórea era acionada e o

animal após totalmente aéreo, era destinado a calha de sangria para posterior

atividade.

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Figura 13. Içamento do animal pela pata direita. Fonte: Arquivo Pessoal, 2014.

3.9.1 Métodos de insensibilização

O método mais utilizado para insensibilização de bovinos no Brasil é o

mecânico, podendo ser insensibilização por dardo cativo com penetração, e

insensibilização por dardo cativo sem penetração.

O método utilizado na empresa era a insensibilização por dardo cativo

com penetração, onde ocorria após o disparo, a penetração de uma fenda

metálica na fronte do animal, atingindo o cérebro, deixando-o inconsciente para

posterior sangria.

A pistola de insensibilização recebia manutenção semanal, ou sempre

que necessário, caso estragasse durante o processo. A manutenção era realizada

pelo encarregado da manutenção elétrica do estabelecimento, profissional

altamente capacitado para estar realizando não só a manutenção da pistola, mais

também de todos os maquinários elétricos pertencentes a empresa.

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3.10 Sangria

Após a insensibilização os animais passavam pelo processo de sangria,

onde era respeitado o tempo máximo de um minuto da insensibilização até a

ruptura dos grandes vasos.

O corte do couro era realizado com uma faca de cabo amarelo, queera

destinada ao manuseio da parte exterior dos animais, como esfola, retirada dos

chifres, patas, entre outros.

A faca era retirada do esterilizador, com temperatura mínima de 82,5°C,

devidamente esterilizada, posteriormente era realizado o corte do couro da

barbela até o peito do animal sem tirar a faca, realizando um único corte, evitando

com isso qualquer tipo de contaminação. Após o corte, a faca era lavada com

água fria, em seguida o colaborador passava na chaira e colocava dentro do

esterilizador novamente, retirando a faca de cabo branco para realizar a ruptura

dos grandes vasos, essa faca era utilizada somente com as partes que entravam

em contato com o produto comestível, posteriormente também era lavada,

passada na chaira e colocada no esterilizador novamente. Este processo era

realizado a cada troca de animal, para que não ocorresse de levar qualquer tipo

de contaminação de um animal para o outro.

O animal permanecia na calha de sangria durante três minutos como

pode ser visualizado na Figura 14, eliminando o máximo de sangue possível, e

posteriormente era realizado a esfola dos mesmos, seguindo o restante da linha

de abate até a comercialização do produto final.

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Figura 14. Animais na calha de sangria. Fonte: Arquivo Pessoal, 2014.

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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os animais ao serem desembarcados devem passar por uma rigorosa

avaliação, observando se estão ou não aptos a matança normal, sendo

destinados aos currais de observação e posteriormente para os currais de

matança, onde passarão por um período de descanso, jejum e dieta hídrica. No

final deste período os animais devem ser conduzidos pela rampa de acesso ao

boxe de atordoamento, com a realização do banho de aspersão.

Posteriormente devem ser conduzidos ao boxe de atordoamento onde

serão insensibilizados para prosseguirem a próxima etapa do abate a sangria,

evitando com isso que os animais sintam dor desnecessária. Todas as etapas

desde o desembarque até a sangria, devem ser realizadas de maneira calma e

tranquila, visando sempre o bem-estar, evitando que os mesmos se estressassem

desnecessariamente o que pode acarretar em sérias contusões na carcaça.

O estágio curricular obrigatório teve uma grande importância,

principalmente no que diz respeito a conviver e lidar com as pessoas, além de

contribuir para o crescimento profissional, vendo na prática o que foi discutido

durante minha vida acadêmica.

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5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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