Lucia Carla Santos de Castro

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    Universidade Cândido Mendes

    A Importância das Histórias Infantis no Aprendizado das Criançasda Educação Infantil e Séries Iniciais

    Lucia Carla Santos de Castro

    Rio de Janeiro

    junho / 2004

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    “Ouvir histórias é também desenvolver todo o potencial crítico da criança. É poder pensar,duvidar, se perguntar, questionar...É se sentir inquieto, cutucado, querendo saber mais emelhor ou percebendo que se pode mudar de idéia...É ter vontade de reler ou deixar de ladode uma vez...” (FANNY ABRAMOVICH, 1989)

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    AGRADECIMENTOS

    A Deus em primeiro lugar, por ter me dado força e determinação para o meu sucesso em

    conseguir a conclusão do curso de especialização em Educação Infantil e

    Desenvolvimento.

    Principalmente às crianças que, em cinco anos de magistério na Educação Infantil, me

    deram oportunidades e respostas para entender a importância das histórias infantis em

    suas vidas.

    À professora e orientadora Mary Sue pelo incentivo, dedicação e companheirismo nas

    horas difíceis quanto ao término da monografia.

    A meu esposo Marcelo Souza Gonçalves que tanto me ajudou a concluir esta jornada da

    nossa vida sendo compreensivo e sempre cuidando de nossa filha Julia que ainda tão

    pequena tentava entender os motivos que me faziam estar ausente.

    Aos meus pais amilton e Ivonete por me incentivarem e acreditarem na filha que sempre

    viu nos estudos a melhor forma de conseguir uma vida melhor.

    A minha madrinha Clara que em todos os momentos sempre esteve ao meu lado, investiu

    e acreditou que eu iria conseguir concluir não só este curso mas tudo aquilo que eu me

    propus a fazer na minha vida até hoje.

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    RESUMO

    Esta pesquisa, pretende investigar e desvendar, para a criança, o professor e o

    supervisor o mundo da literatura como algo essencial e prazeroso, algo de mistério e surpresa

    que vá ao encontro do universo infantil,da brincadeira, do pensamento mágico. Estudar este

    assunto é muito importante, pois não é possível ensinar a escrever sem antes ensinar a refletir,

    questionar, falar e ler. A reflexão e o questionamento são básicos para que se exercite a

    primeira das formas de leitura: a leitura do mundo. O objetivo desse estudo é mostrar para

    criança e o professor, o mundo da literatura como algo essencial e prazeroso, algo de mistério

    e surpresa que vá ao encontro do universo infantil, da brincadeira, do pensamento como

    portas que se vão abrindo uma após a outra, mostrando sempre novos horizontes, novas

    perspectivas com uma sensação de prazer. Esta pesquisa, é de natureza bibliográfica, numa

    tentativa de nutrir professores com indicadores sobre a importância das histórias infantis para

    o aprendizado dos alunos, a fim de ajudá-los no processo de construção do seu conhecimento.

    Esta pesquisa vai demarcar que as histórias infantis podem auxiliar no aprendizado de

    crianças da Educação Infantil às séries iniciais do Ensino Fundamental.

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    SUMÁRIO

    INTRODUÇÃO......................................................................................................7

    CAPÍTULO I : A IMPORTÂNCIA DAS HISTÓRIAS INFANTIS NO

    APRENDIZADO

    1-1 leitura do mundo..............................................................................................10

    1-2 A literatura infantil..........................................................................................12

    1-3 Formulação das Questões de Estudo..............................................................13

    1.4 Organização das partes do Estudo..................................................................15

    CAPÍTULO II: REVISÃO DE LITERATURA

    2.1- A importância da arte de contar histórias..........................................................16

    2.2– As histórias inesquecíveis.................................................................................18

    2.3– Fatores que levam a criança ao hábito da leitura..............................................22

    2.4– Livro um amigo inseparável. ...........................................................................23

    CAPÍTULO III : O PAPEL DO SUPERVISOR E DO PROFESSOR

    LEITOR

    3.1- A importância do supervisor e do professor leitor ..........................................25

    3.2– Pais contando histórias....................................................................................29

    CONCLUSÃO.......................................................................................................31

    REFERÊNCIAS BIBLIOGRÀFICAS............................................................... 33

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    INTRODUÇÃO

    Este estudo pretende investigar e desvendar, para a criança e o professor, o mundo da

    literatura como algo essencial e prazeroso, algo de mistério e surpresa que vá ao encontro do

    universo infantil,da brincadeira, do pensamento mágico como portas que se vão abrindo uma

    após a outra, mostrando sempre novos horizontes, novas perspectivas com uma sensação de

    prazer. Com o seguinte tema: “A Importância das Histórias Infantis no aprendizado das

    crianças da Educação Infantil e das séries iniciais.”

    Este trabalho se enquadra na primeira linha de pesquisa que se reporta A Formação de

    Profissionais da Educação: Ética, representação social e cidadania.

    Sabemos que ler não é uma prática habitual de nossas crianças. Portanto, coloca-se a

    seguinte problemática na importância da formação de leitores, neste segmento educacional:

    Como o professor pode despertar o interesse e a curiosidade, incentivando o aluno a prática da

    leitura?

    É difícil, quase impossível, encontrar uma criança que não goste dehora da história. Nomomento que o narrador inicia a história, abre-se um novo mundo para os ouvintes. Um

    mundo onde tudo pode ocorrer, onde o mais fraco de repente vence o mais forte, valendo-se

    unicamente de sua inteligência, onde o feio se transforma no mais lindo príncipe num passe

    de mágica, aonde uma gama imensa de emoções vem à tona. Daí a importância e necessidade

    deste momento mágico.

    Esta pesquisa tem como objetivos, favorecer aos professores, indicadores da importância

    das histórias infantis, na Educação Infantil às series iniciais como um auxílio no processo de

    construção do conhecimento do aluno.

    Neste sentido, o trabalho delimita-se a estudar como as histórias infantis podem auxiliar

    no aprendizado de crianças da Educação Infantil às series iniciais do Ensino Fundamental,

    conceituando o que é leitura: identificar a importância da arte de contar histórias com recursos

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    O capítulo I, cujo tema é “A importância das histórias infantis no aprendizado”

    abordará: A importância de estudar esse assunto, pois não é possível ensinar a escrever sem

    antes ensinar a refletir, questionar, falar e ler. A reflexão e o questionamento são básicos para

    que se exercite a primeira das formas de leitura: a leitura do mundo.

    O capítulo II abordará: a conceituação de leitura; a identificação da importância da

    arte de contar histórias com recursos didáticos e de incentivo à leitura, despertar na criança o

    gosto pela leitura pela literatura infantil, mesmo antes da alfabetização; descrevendo questões

    norteadoras e valores formativos das histórias infantis e com isto formar futuros leitores,

    despertando assim o prazer pela leitura; apresentar inovações necessárias para realizar

    explorações de textos, tendo o professor como mediador; analisar a influência da participação

    dos pais no despertar dos futuros leitores, que tenham a capacidade de expressão oral ou

    escrita é, sem dúvida, o que confere ao indivíduo a garantia do pleno exercício de sua

    cidadania.

    O capítulo III abordará: A importância do papel do supervisor e do professor para a

    formação de futuros leitores e também vai falar um pouco da importância de pais contadores

    de histórias.

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    CAPÍTULO I

    A IMPORTÂNCIA DAS HISTÓRIAS INFANTIS NO APRENDIZADO

    1.1- A LEITURA DO MUNDO

    Segundo Paulo Freire,(2001) a leitura do mundo precede sempre a leitura da palavra. O

    ato de ler se veio dando na sua experiência existencial. Primeiro, a “leitura” do mundo do

    pequeno mundo em que se movia; depois, a leitura da palavra que nem sempre, ao longo da

    sua escolarização, foi a leitura da “palavra mundo”. Na verdade, aquele mundo especial se

    dava a ele como o mundo de sua atividade perspectiva, por isso, mesmo como o mundo de

    suas primeiras leituras. Os “textos”, as “palavras”, as “letras” daquele contexto em cuja

    percepção experimentava e, quando mais o fazia, mais aumentava a capacidade de perceber se

    encarnavam numa série de coisas, de objetos, de sinais, cuja compreensão ia aprendendo no

    seu trato com eles, na sua relação com seus irmãos mais velhos e com seus pais.

    A leitura do seu mundo foi sempre fundamental para a compreensão da importância doato de ler, de escrever ou de reescrevê-lo, e transformá-lo através de uma prática consciente.

    Esse movimento dinâmico é um dos aspectos centrais do processo de alfabetização que

    deveriam vir do universo vocabular dos grupos populares, expressando a sua real linguagem,

    carregadas da significação de sua experiência existencial e não da experiência do educador.

    Para o autor, a alfabetização é a criação ou a montagem da expressão escrita da

    expressão oral. Assim as palavras do povo, vinham através da leitura do mundo. Depois

    voltavam a eles, inseridas no que se chamou de codificações, que são representações da

    realidade. No fundo esse conjunto de representações de situações concretas possibilitava aos

    grupos populares uma “leitura da leitura” anterior do mundo, antes da leitura da palavra. O ato

    de ler implica na percepção crítica, interpretação e “re-escrita” do lido.

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    Do ponto de vista crítico é tão impossível negar a natureza política do processo

    educativo quanto negar o caráter educativo do ato político. Quanto mais ganhamos esta

    clareza através da prática, mais percebemos a impossibilidade de separar a educação da

    política e do poder.

    Uma visão da educação é na intimidade das consciências, movida pela bondade dos

    corações, que o mundo se refaz. É, já que a educação modela as almas e recria corações ela é

    a alavanca das mudanças sociais.

    Se antes a transformação social era entendida de forma simplista, fazendo-se com a

    mudança, primeiro das consciências, como se fosse a consciência de fato, a transformadora do

    real, agora a transformação social é percebida como um processo histórico.

    Agora a alfabetização é como ato de conhecimento, como um ato criador e como ato

    político é um esforço de leitura do mundo e da palavra. Agora já não é possível textos sem

    contexto.

    A alfabetização de adultos e pós-alfabetização implicam esforços no sentido de umacorreta compreensão do que é a palavra escrita, a linguagem, as relações com o contexto de

    quem fala, de quem lê e escreve, compressão, portanto da relação entre “leitura” do mundo e

    leitura da palavra. Daí a necessidade que tem uma de biblioteca popular, buscando o

    adentramento crítico no texto, procurando aprender a sua significação mais profunda,

    propondo aos leitores uma experiência estética, de que a linguagem popular é inteiramente

    rica.

    Paulo Freire, leva-nos a compreensão da prática democrática e crítica da leitura do

    mundo e da palavra, onde a leitura não deve ser memorizada mecanicamente, mas ser

    desafiadora que nos ajude a pensar e analisar a realidade em que vivemos.

    “É preciso que quem sabe, saiba sobre tudo que ninguém sabe tudo e que ninguém tudoignora” FREIRE (2001, p.32).

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    É essencial que saibamos valorizar a cultura popular em que nosso aluno está inserido,

    partindo desta cultura, e procurando aprofundar seus conhecimentos, para que participe do

    processo permanente da sua libertação.

    “A biblioteca popular como centro cultural e não como um depósito silencioso de livros,

    é vista como um fator fundamental para o aperfeiçoamento e a intensificação de uma forma

    correta de ler o texto em relação com o contexto” FREIRE (2001, p.38).

    A forma com que atua uma biblioteca popular, a constituição do seu acervo, as

    atividades que podem ser desenvolvidas no seu interior, tudo isso tem que ser como uma certa

    política cultural.

    Se antes raramente os grupos populares eram estimulados a escrever seus textos, agora é

    fundamental fazê-lo, desde o começo da alfabetização para que, na pós-alfabetização, se vá

    tentando a formação do que poderá vir a ser uma pequena biblioteca popular com a inclusão

    de páginas escritas pelos próprios educandos.

    “O processo de aprendizagem na alfabetização de adultos está envolvida na prática de

    ler, de interpretar o que lêem, de escrever, de contar, de aumentar os conhecimentos que já

    têm e de conhecer o que ainda não conhecem, para melhor interpretar o que acontece na nossa

    realidade” FREIRE (2001, p. 48).

    Isso só conseguimos através de uma educação que estimule a colaboração, que dê valor

    à ajuda mútua, que desenvolva o espírito crítico e a criatividade: uma educação que incentive

    o educando unindo a prática e a teoria, com uma política educacional condizente com os

    interesses do nosso Povo.

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    1.2- A LITERATURA INFANTIL

    A literatura Infantil é um elemento desencadeador de atividades criativas. É

    extraordinário o resultado que combinações de letras, de sílabas e de palavras podem nos

    trazer, em significado e mensagem, apresentando-se em forma de livro. A leitura de um livro

    põe em movimento a fantasia, a capacidade de ver coisas e seres que não se podem enxergar

    com os olhos, atiça a imaginação, solicita a criatividade, povoa o universo interior,

    desenvolve a percepção, enriquece o vocabulário, favorece o crescimento de hábitos,

    habilidades e atitudes.

    A fantasia e a capacidade de imaginação, enriquecimento levam o indivíduo a novas

    descobertas, criações, inventos. Outro aspecto muito importante que a literatura infantil

    proporciona é que não só as crianças, como também os adultos ao ouvir estórias conseguem

    descobrir a solução de alguns problemas. A literatura infantil transporta verdades eternas, faz

    refletir a esperança, a força irresistível da confiança que se aflora.

    Segundo Maria Alexandre Oliveira (1998), o mais importante ao contar história é o

    envolvimento da criança (do aluno) na história. Como já exemplificamos, se a história fala de

    animais e de outros, é importante deixar a criança falar de seus animais, até mesmo fazendo

    algumas atividades operatórias: Uma relação dos Animais que tem em casa, os que viram

    quando foi ao Zoológico, o animal de que mais gosta e o porquê, e por aí vai...

    Podemos lembrar, aqui as palavras de Doris Lessing (1996) sobre literatura infantil “nas

    escolas, as crianças que talvez comecem a se interessar pelos livros, são levadas a

    pensar que a leitura é questão de analisar e desmembrar coisas, comparar um autor

    com outro. Na verdade, essas crianças devem ser ensinadas a gostar de literatura e ler para

    seu próprio divertimento”. (LESSING, p.22)

    Esse é um dos motivos pelos quais alguns adultos não gostam de ler. A leitura de

    um texto de história não deve ser cobrada como se cobra um conteúdo de EstudosSociais ou Ciências. Há mais maneiras criativas de se avaliar um conteúdo de literatura. O

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    professor deve, sim, acompanhar a leitura no sentido de esclarecer dúvidas ou a compreensão

    no texto, ou ainda, selecionar o livro mais adequado à biblioteca de classe, de acordo com a

    idade dos alunos.

    Sendo o autor dependendo da classe, o professor poderá ensinar a utilização e / ou

    formação da biblioteca, planejando até mesmo com as crianças a formação de arquivar os

    livros, as fichas para retirá-los, o prazo para devolução e visitas à biblioteca da escola e da

    comunidade.

    Se o educador for um profissional comprometido não só com o conteúdo a ser trabalhado,

    mas também com a qualidade desse conteúdo, seguramente estará contribuindo para que o

    adulto de amanhã seja mais consciente na luta pela transformação da educação da sociedade

    como um todo, a fim de que haja mais justiça e igualdade de direito para todos.

    Quando a criança se identifica com alguma parte da história, ela deve ter espaço para

    falar de suas experiências relacionado com a história. Quando há essa identificação, a história

    é ouvida com mais interesse e atenção.

    Para o autor, sempre que possível, o professor deve relacionar a história com outra

    disciplina. Assim, se a história tratou de vegetais, poderá ser ligada a ciências, alimentação e

    tudo que puder ser útil e produtivo.

    Especificamente, compõe-se da definição de literatura; como e quando despertar na

    criança o hábito da literatura; maneiras de garantir a formação do futuro leitor aliada do prazer

    de ler; as contribuições que o professor dá nas leituras em sala de aula e a participação dos

    pais, influenciando no processo de formação dos leitores.

    Finalmente Lessing (1996) tendo a criança como centro absoluto de sua preocupação

    pedagógica maior, cabe então a nós futuros supervisores e professores pensar e refletir nas

    possibilidades, que temos dentro de sala, de explorar uma história, levando aluno a uma

    interação participativa com obra literária, intensificando a relação aluno/ literatura em sala de

    aula, apresentando inovações necessárias para

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    realizar explorações de textos, tendo o professor como mediador; analisar a influência da

    participação dos pais no despertar dos futuros leitores, que tenham a capacidade de expressão

    oral ou escrita é, sem dúvida, o que confere ao indivíduo a garantia do pleno exercício de sua

    cidadania.

    1.3 – FORMULAÇÃO DAS QUESTÕES DE ESTUDO

    Para que o estudo desenvolva seus objetivos, será direcionado para responder as

    seguintes questões:

    O que significa leitura?

    Qual a importância da arte de contar histórias?

    Como e quando despertar na criança o hábito da leitura?

    De que maneira um supervisor e um professor podem garantir a formação de um

    futuro leitor, aliada ao prazer da leitura?

    Quais contribuições o professor pode dar nas leituras e nas explorações de textos em

    sala de aula?

    A participação dos pais influencia no processo de formação de leitores?

    1.4- ORGANIZAÇÃO DAS PARTES DO ESTUDO

    As seis questões levantadas, serão abordadas no capítulo II, em forma deargumentações, citações de idéias, comparações, indagações e reflexões de várias teorias

    e óticas de pensadores e estudiosos do assuntos, principalmente, no contexto escolar.

    O objetivo é mostrar para criança e o professor, o mundo da literatura como algo

    essencial e prazeroso, algo de mistério e surpresa que vá ao encontro do universo infantil, da

    brincadeira, do pensamento mágico como portas que se vão abrindo uma após a outra,

    mostrando sempre novos horizontes, novas perspectivas com uma sensação de prazer.

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    CAPÍTULO II

    REVISÃO DE LITERATURA

    2.1- LER NÃO É “PASSAR OS OLHOS”

    Os primeiros passos para aprender a ler acontecem desde os nossos primeiros contatos

    com o mundo. “As sensações provocadas pelos carinhos ao recém- nascido, a intensidade da

    luz, o som que provém do meio e do próprio corpo, o cheiro do aleitamento, temperatura da

    água do banho e da atmosfera fazem da compreensão, dando sentido as coisas que cercam.”

    (MARTINS, 1983, p.11).

    A autora observa também, que ainda hoje professores adotam pedagogia que privilegia

    “o aprender por aprender, sem se colocar o porquê, como e para quê, impossibilitando

    compreender verdadeiramente a função da leitura, o seu papel de vida do indivíduo e da

    sociedade” (MARTINS, 1983, p.23). A partir disso, é importante destacar que nenhuma

    metodologia de alfabetização leva por si só à formação de leitores, acrescenta a autora.

    Pode-se entender melhor o que é leitura a partir da concepção de FREIRE ( 2001, p.11-

    12) quando diz:

    (...) uma compreensão crítica do ato de ler, que não se esgota na decodificação pura da

    palavra escrita, mas que se antecipa e se alonga na inteligência do mundo. A leitura do mundo

    precede a leitura da palavra (...) A compreensão do texto a ser alcançada por sua leitura crítica

    implica a percepção das relações entre o texto e o contexto.

    A leitura se dá em percepção que é experimentada e quanto mais ela acontece, mais

    aumenta à capacidade de perceber. Desta forma, se apropria de coisas, objetos, sinais,

    permitindo a compreensão de todas as coisas interligadas aos contextos mais amplos.

    A leitura da palavra, da frase, da sentença, jamais pode significar a ruptura da “leiturado mundo”. (FREIRE, 2001)

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    Continuando a falar da importância do ato de ler, FREIRE (2001, p.18) salienta a

    necessidade de despertar no aluno à curiosidade, de forma dinâmica e viva. Para ele, leitura

    não significa memorizar mecanicamente a descrição de objetos, mas, aprender a sua

    significação profunda. Nesse sentido FREIRE (2001, p.18) diz:

    “Só apreendendo-a seriam capazes de saber, por isso, de memorizá-la, de fixá-la. A

    memorização mecânica da descrição do objeto não se constitui em conhecimento do objeto.

    Por isso é que a leitura de um texto, tornando pura descrição de um objeto e feita no sentido

    de memorizá-la, nem é real leitura(...).

    MARTINS (1983), ao justificar a frase “passar os olhos”, afirma que muita vezes por

    preguiça ao ato de ler, não se acrescenta algo mais além do gesto mecânico de decifrar sinais.

    Ela fala que, sobretudo, os sinais devem fazer ligação de imediato a uma experiência do leitor

    para que haja a compreensão, dando-lhe sentido.

    “A leitura do mundo precede sempre a leitura da palavra e a leitura desta implica a

    continuidade da leitura daquele”. E complementa que aprendemos a ler a partir do nosso

    contexto social. FREIRE (2001, p.10).

    A fim de refletir sobre o assunto, entende-se que a leitura significa uma conquista de

    autonomia, permitindo a ampliação dos horizontes. São as perspectivas de modificações ao

    alcance pessoal ou de um grupo social. No universo da leitura, o leitor deve alimentar-se da

    curiosidade e interesse.

    Nesse sentido, as leituras procedem à organização dos conhecimentos adquiridos das

    situações aliadas à realidade e acontecem quando estabelecem relações entre as experiências e

    ao tentar solucionar os problemas. Entende-se que assim acontece a leitura. O leitor

    compreende o mundo, convive nele, e até modifica a partir das leituras anteriores. Citando

    novamente MARTINS ( 1983, p.19).

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    “ A psicanálise enfatiza que tudo quando de fato impressionou a nossa mente jamais é

    esquecido, mesmo que permaneça muito tempo na obscuridade do inconsciente. Essa

    constatação evidencia a importância da memória tanto para a vida quanto para a leitura.”

    Discernindo mais sobre a leitura, considerando-a um processo de compreensão de

    expressões, formas, simbolismo, não importando por meio de que linguagem. O ato de ler

    pode refletir tanto a algo escrito quanto a outros tipos de expressões do fazer humano,

    estabelecendo uma relação histórica entre o leitor e o que é lido.

    Na presente monografia o enfoque é a idade infantil, portanto, trata-se em ressaltar que a

    leitura infantil acontece através dos sentidos da criança, revelando prazer relacionado com a

    sua disponibilidade e curiosidade, pois ela expressa espontaneamente, o que em geral, o

    adulto possui em grau menor. A criança se agrada da releitura, que traz a ela muitos

    benefícios, oferecendo subsídios a nível racional.

    Para PIAGET é na relação com o meio que a criança se desenvolve, construindo e

    reconstruindo suas hipóteses sobre o mundo que a cerca “ Dentro da escola, isso significa

    democratizar as relações para formar sujeitos autônomos”.

    Com a releitura, diz MARTINS (1983, p.85) pode-se surgir novas direções de modo a

    esclarecer duvidas, ressaltar aspectos antes despercebidos, trazer a consciência crítica sobre o

    texto, proporcionar novos questionamentos, elaborações e comparações.

    2.2–AS HISTÓRIAS INESQUECÍVEIS

    Quem não se lembra de alguma história ouvida na infância? COELHO (1989, p. 48),

    demonstra a importância da arte de contar histórias, não importa o tamanho, classe social ou

    raça a história consegue contagiar qualquer pessoa, “gente grande volta a ser criança”, ela

    alimenta a imaginação. A literatura infantil é fascinante, com resultados imediatos, as aulas

    melhoram e a maneira em que os alunos se interessaram pelos autores, expressando-se cadavez melhor e com prazer de ler. Foi magnífico relata Betty.

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    Ela demonstra vários indicadores que possibilitam uma boa escolha para esta leitura.

    Fala das fases, faixa etária e interesse, fase pré-mágica, fase mágica e a escolar.

    Através de relatos a autora nos faz relembrar das histórias inesquecíveis da nossa

    infância.

    Ela faz um paralelo voltando no tempo para falar sobre esta arte, enfatizando o homem

    primitivo que deixou inúmeros registros da sua história. Cada vez mais tenho certeza que

    contar história requer técnicas e segredos. É preciso gostar de criança e reconhecer a

    importância da história nas vidas daquelas crianças é preciso conseguir despertar um brilho no

    olhar, a ponto de falar “conte de novo” ou “conte outra vez”.

    Um fato muito importante na identificação da arte de contar histórias é como usar os

    recursos didáticos para o incentivo a leitura, sabendo despertar no leitor o gosto pela a mesma,

    até mesmo antes da alfabetização, para que o prazer pela leitura ajude a esta criança a ser um

    futuro leitor.

    COELHO (1989, p.11), menciona o segredo que o narrador deve ter. “É preciso saber

    tirar a essência da história, ter consciência de que o que é mais importante é a história, o

    narrador só empresta sua vivacidade à narrativa sem ficar presa a limitação imposta pela

    leitura. É fundamental encontrar a história adequada à faixa etária, e que ela possa atender aos

    interesses dos ouvintes e o objetivo específico da escolha.”

    “A história é o mesmo que um quadro artístico ou uma bonita peça musical: não

    podemos descrevê-los ou executá-los bem se não os apreciamos”. COELHO ( 1989, p.14).

    Desta forma, o sucesso ao contar história, vem do contador que deve despertar no ouvinte a

    sensibilidade, a emoção e, sobretudo saber agradar.

    O mais importante em contar uma história é o envolvimento da criança com a história.

    “Ela provavelmente se identificará com algumas das partes, e quando ocorre esta

    identificação, com certeza a história é ouvida com mais interesse.” OLIVIERA (1998,p.41).

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    Nesse sentido, ainda segundo COELHO (1989), ela também fala em saber as

    peculiaridades e o estágio emocional do ouvinte que também são outros segredos do contador

    de histórias. A autora citada recorre a uma história para afirmar aspectos consideráveis para a

    criança que está como (ouvinte), fazendo a seguinte comparação: a história como alimento da

    imaginação da criança e do leite como alimento indispensável ao crescimento sadio. O leite

    deteriorado ou em quantidade provoca vômito ou prejuízo na saúde. A criança compreende a

    história mediante a sua estrutura cerebral. A assimilação é de acordo com seu

    desenvolvimento.

    A autora me fez perceber que a história é um dos suportes básicos para o

    desenvolvimento do processo criativo porque ela oferece a criança uma bagagem de

    conhecimentos e informações, capaz de provocar o despertar da fantasia e da criatividade. A

    história tem o poder de transmitir às crianças conhecimentos elementares para o seu próprio

    desenvolvimento, mas que, por várias vezes são ignorados por professores que se limitam a

    contar histórias de maneira mecânica, a fim de apenas preencher um tempinho que sobrou.

    A história é um rico recurso didático e deve ser utilizado sempre pelo professor. Vale

    lembrar e citar COELHO (1989, p.20) diz:

    “A escolha da história funciona como uma chave mágica e tem importância decisiva no

    processo narrativo. Falei chave, não falei “varinha”. Chave requer habilidade para ser

    manejada- habilidade que se conquista com empenho e estudo”.

    Assim sendo, a história é um recurso e tem vantagens específicas. O professor se

    apropria da técnica de contar histórias e a criança, o ouvinte, acondiciona a história como

    lembranças memoráveis a sua infância.

    Não importa o recurso a serem usados todos são significativos, quando apenas narrada,

    contribui para estimular a criatividade a imaginação vai longe. Quando contada usando livros,

    a história incentiva o gosto pela leitura, pelo manuseio, mesmo no caso das crianças não

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    alfabetizadas, ajuda nos aspectos básicos para o desenvolvimento a seqüência lógica do

    pensamento infantil.(COELHO e OLIVIERA, 1998).

    Para a didática o uso do livro de história são benefícios. É possível reabri-lo e realizar

    uma nova leitura com abordagens que explore uma outra lição de valores. Betty afirma que:

    “A leitura infantil é um elemento desencadeador de atividades criativas”. COELHO (1989,

    p.33).

    Observa-se, no posicionamento de BETTELHEIM (1990, p.90). “que quando o contador

    de histórias dá tempo ás crianças de pensarem sobre ela para assim mergulharem na atmosfera

    que a audição cria, a história tem muito a oferecer emocional e intelectualmente, pelo menos

    para algumas crianças”.

    Sobre o conto de fada, o autor conclui que a criança intuitivamente compreende, apesar

    das histórias serem irreais. Isso trata da experiência interna e de desenvolvimento pessoal. Ele

    ainda menciona que os contos de fadas retratam de forma imaginária e simbólica os passos

    essenciais do crescimento e da aquisição de uma existência independente.

    Para entender mais sobre a importância da história infantil, transcrevo este parágrafo de

    BETTELHEIM (1990, p.152):

    O inconsciente é a fonte de matéria- prima e a base sobre a qual o ego erigeo edifício de nossa personalidade. Prosseguindo na comparação, nossa fantasia sãoos recursos naturais que fornecem e moldam esta matéria-prima, tornando-a útil para as tarefas de construção da personalidade que cabem ao ego. Se somos privados desta fonte natural, a vida fica limitada: sem fantasia para nos daresperança, não temos força para enfrentar as adversidades da vida. A infância é aépoca em que estas fantasias precisam ser nutridas.

    Outro aspecto muito importante da arte de contar história, diz COELHO (1989, p.52-

    56).” É que não só as crianças como também os adultos ao ouvir histórias conseguem

    descobrir a solução de algum problema.” A literatura infantil transforma verdades eternas, faz

    refletir a esperança, a força irresistível da confiança que se aflora.

    “Nada melhor que uma história para desenvolver a capacidade de atenção. Crianças que

    tem indícios de indisciplina são as que mais necessitam ouvir histórias” (Id,ibid., p 56)

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    Assim sendo, o reflexo de uma história faz despertar na criança o seu posicionamento

    diante das suas condutas. Essa é uma das diferenças entre o professor e o educador que se

    caracteriza num verdadeiro contador de história.

    COELHO e OLIVIERA(1998) salientam que a história como recurso didático deve ser

    diversificado quando á maneira de contá-la. As mais utilizadas são: a simples narrativa, a

    narrativa com auxilio de livros, o uso de gravuras, de flanelógrafo, de desenhos e a narrativa

    com interferência do narrador e dos ouvintes. Para eles, cada apresentação tem vantagens

    especiais correspondendo ás circunstancias e os objetivos propostos.

    Pode-se entender que as histórias lidas ou contadas continuam em generoso processo

    educativo porque ensinam recreando, dando á criança os estímulos e motivações apropriadas

    para satisfazer os seus interesses, suas necessidades, seus desejos, sua sensibilidade.

    As informações citadas aqui permitem admitir que as histórias têm perfectivas

    indispensáveis ao professor e ao supervisor , no que diz respeito ao recurso como incentivo á

    leitura.

    As idéias de COELHO (1989, p.62-63). sintetizam que, “após ouvir histórias a criança

    estará motivada ao gosto pela leitura, e em outras histórias, criando texto orais ou escritos.”

    2.3– FATORES QUE LEVAM A CRIANÇA AO HÁBITO DA LEITURA

    Contar histórias...E, ouvi-las! Essa é uma arte milenar que vem sendo transmitida de

    geração para geração. Os grandes mestres de espiritualidade já se valiam de histórias para

    transmitir, de forma clara e simples, sem nunca lhe faltarem ouvintes para suas mensagens.

    Através dos contos, contados informalmente, eram explicados e justificados, fatos e

    acontecimentos do cotidiano, muito antes da própria ciências e sabedoria poder esclarecê-los.

    De acordo com MACHADO (2001, p.21), escritora brasileira com mais de noventa

    títulos publicados para o público infantil, afirma:

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    Ler é gostoso demais. Por isso é natural que as pessoas gostem. Basta daruma chance para que isso aconteça. Ninguém é obrigado a gostar de cara. Tem deler dois, três, títulos, até encontrar um que nos desperte. No caso da criança, doisfatores contribuem para esse interesse: curiosidade e exemplo. Assim, éfundamental o adulto mostrar interesse(...).

    Na escola, esta tarefa, é responsabilidade do professor que deve sempre mostrar paixão

    pela leitura, fazendo-o em voz alta, em silêncio, em grupo, integrando alunos ao prazer da

    leitura. Quanto menores forem as crianças maiores devem ser as doses de carinho também.

    A escolha dos títulos a serem lidos pelos alunos deve passar por uma minuciosa seleção.

    É preciso conhecer os interesses das crianças e isso pode ser feito com leitura de trechos de

    autores diversos e observado suas reações de satisfação, espanto, curiosidade ou

    cumplicidade. Trabalhando com temas de seu interesse as chances de sucesso são sempre

    maiores e as discussões mais profundas, contribuindo para a formação de um leitor crítico,

    consciente de seu papel no mundo. OLIVEIRA (1996).

    Para um bom educador qualquer livro pode ser transformado em material pedagógico

    possibilitando a criação de muitas aulas com base em seu conteúdo, considerando que osgrandes temas na humanidade estão presentes nas grandes obras.

    MACHADO (2001, p.22). define também como um bom texto, “aquele que surpreende,

    que deixa o leitor sem saber o que sucedera por meio de uma imagem, de uma situação

    diferente, de uma peripécia do enredo.” Por outro lado, uma história que não surpreenda

    provavelmente tem uma qualidade muito baixa.

    2.4– LIVRO UM AMIGO INSEPARÁVEL.

    A leitura é mais rica das experiências engendradas pelo espírito humano. A descoberta

    de seu valor é pessoal e intransferível.

    JARDIM (1994, p.7), afirma que “quanto mais a criança ver e ouvir, tanto mais

    desejará ver e ouvir. Quanto maior for o enriquecimento perceptivo, afetivo, social e

    comunicativo, tanto maior será, também, o desenvolvimento da sua inteligência”.

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    Originariamente, a parte legítima do ofício de ensinar pertencia à família. Se voltarmos

    ao passado mais longínquo, não encontraremos mestres profissionais, mas a família

    exercendo o seu ministério, como os pássaros orientam os filhotes em seus primeiros vôos.

    A vida moderna, porem com todas as suas exigências, terminou por diminuir o âmbito

    de atuação dos pais ao mesmo tempo em que outorgaram a escola, através de profissionais

    que se supõe devidamente capacitados, às responsabilidades que antes eram da família.

    Para o autor a noção de que o gosto pela leitura começa a ser formada ainda no berço, e

    que a família é a sua primeira incentivadora, e um consenso entre os estudiosos do assunto.

    È verdade que, ainda no berço, a criança entra em contato com as primeiras formas

    literárias, que lhe chegam através das canções de ninar. Em seguida, numa seqüência que

    intuitivamente parece acompanhar seu desenvolvimento psíquico e lingüístico, o bebe é

    estimulado a participar de brincadeiras, envolvendo parlendas, trava-língua, advinhas e

    canções

    De roda. Paralelamente, escutam as primeiras narrativas de ficção, historinhas sobre animais,

    brincadeiras e conto de fadas.

    “Quando a iniciação a literatura se realiza efetivamente, a criança, ao chegar à escola,

    traz consigo uma bagagem de conhecimentos literários nada desprezível.” JARDIM (1994,

    p.8).

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    CAPÍTULO III

    O PAPEL DO SUPERVISOR E DO PROFESSOR LEITOR

    3.1- A IMPORTÂNCIA DO SUPERVISOR E DO PROFESSOR LEITOR

    O professor tem a responsabilidade de oferecer a criança acesso a leitura, a fim de

    adquirir o gosto por ela. Para MALAMUT (1989, p.18) “alguns requisitos são básicos nessa

    responsabilidade. A escolha da história adequada alimenta a criança na sua sensibilidade e na

    sua inteligência”.

    Seu conteúdo, leva a criança a pensar, a sentir, a selecionar valores e a ajudar na

    construção da personalidade. Cabe, também, ao professor a responsabilidade da seleção dos

    livros. Por conseguinte, precisará despertar, desenvolver e aguçar o hábito de ler, salientando,

    mantendo e reforçando o prazer e alegria do leitor, para que venha desejar a ler cada vez

    mais. Quando isto se sucede, valerá pelo resto da vida, cada vez com maior intensidade, é o

    que reafirma o autor.

    É bom lembrar aqui as palavras de CINEL (2000, p.19), “que diz valer a ponderação,

    que só seremos capazes de nos expressar sobre aquilo que sabemos ou conhecemos.”

    Estabelecer primeiro o gosto pela leitura no professor, também favorecera aos alunos os

    estímulos indispensáveis aos futuros leitores. Quando ele é leitor, consegue corresponder aos

    interesses da criança ao nivelo de desenvolvimento, e as necessidades, não ocasionando um

    distanciamento tão grande entre leitura e criança.

    Entende-se melhor a responsabilidade de um professor leitor, a partir do autor que

    argumenta que um professor consciente da sua tarefa de otimizar o uso da linguagem oral e

    escrita propõe uma leitura que visa oferecer ao aluno oportunidades de :

    • incentivo da curiosidade intelectual e da capacidade reflexivo–crítica;

    • ampliação de sua sensibilidade participação efetiva no grupo em que vive ou convive;• devolver hábitos eficazes para fazer trabalhos criativos;

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    • construção do seu próprio conhecimento, possibilitando–o alcançar um

    desenvolvimento pessoal com êxito.

    Já MALAMUT (1989), menciona as contribuições que o professor leitor dá aos

    pequenos leitores a partir das atividades desenvolvidas no decorrer dos conteúdos

    programáticos. Ele dá os exemplos:

    • Confeccionar marcadores de livros;

    • Visitas a livrarias e bibliotecas;

    • Organização do cantinho dos livros em sala de aula;

    • Entrevista com escritores, jornalistas, bibliotecárias;

    • Dramatizações das histórias lidas;

    • Desenhos, pinturas, abordando os temas das histórias; elaboração de um livro coletivo;

    • Intercambio de livros;

    • Organização de uma lista com as palavras novas encontradas e o seu significado;

    • Estudo da vida e obra de escritores nacionais, em particularmente de Monteiro Lobato

    e Machado de Assis ( o criador do conto literário no Brasil ).

    VIÉGAS (1997, p.13), “a tomada de consciência do que se esta fazendo , de um

    modo geral, resulta numa metodologia onde o prazer, a sedução, o encantamento, a paixão

    pela literatura acontecem. Embora, há uma espécie de senso comum entre educadores de que

    o ler é apenas para a aquisição, e o hábito de leitura é algo menor.”

    Com relação à literatura infantil, pode-se afirmar:

    O educador precisa centrar-se num ponto importante que é conhecer sobre literatura

    infantil tanto em sua variedade de opções (títulos) quanto em sua estrutura (o que é necessário

    para que um texto de literatura infantil seja considerado de qualidade). O conhecimento do

    objeto com a qual trabalhamos é imprescindível para o sucesso.

    CINEL (2000), enfatiza que qualquer professor pode estar empenhado na consecução da

    proposta de leitura e desencadear uma série de ações para atingir os objetivos de formar

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    leitores. Sua cooperação é imprescindível para buscar um nível de excelência na

    comunicação, seja oral, seja escrita.

    Além dos aspectos já mencionados, CINEL (2000, p.21) distingue as potencialidades do

    homem quando diz:

    “ (... ) o homem é o único ser livre para fabricar e manipular símbolos, atribuindo-lhes os

    valores que desejar. As palavras são símbolos e o desencadeamento da fala e da escrita

    significa capacidade de manipulação desses símbolos (linguagem oral ou escrita), com vistas

    ao valor maior: comunicar-se.”

    É necessário analisar que, todo professor pode sim dar sentido completo na sua tarefa de

    ser também um leitor e ser referencia para os alunos. Designar às crianças a total

    responsabilidade de tornarem-se leitores pode ser a mais grave postura de um professor. Cabe

    a ele desencadear reflexões sobre o seu papel e dirimir novos rumos que pondere a sua

    formação em leitor e de transformar seus alunos em leitores também.

    É compreensível que facilite ao professor, já sendo lê um leitor, fazer relatos de sua

    experiências, opinando sobre diferentes assuntos, compondo uma aprendizagem que possa

    estabelecer significados enriquecedores para os alunos.

    Em sala de aula, o ideal é que o aluno leitor e o professor leitor tenham atitudes

    similares e que nenhum deles seja maior ou menor que o outro no papel de leitor.

    Nesse sentido, para VIËGAS (1997, p.13), o professor precisa assumir o seu papel de

    formador, de construtor de leitores, “não para explorar suas disciplinas através da leitura (...),

    mas para abrir as portas do mundo através dela”. Ao estabelecer esses apontamentos, o

    resultado conseguido tende a ser ótimo, porque crianças motivadas à leitura desenvolvem

    competências e habilidades no seu processo educativo e na vida em geral.

    Espera-se que, nesse trabalho, o professor seja desafiado a assumir esse tema para a sua

    própria prática educativa, de forma a perceber a diferença entre um professor leitor, praticando a excelência ao contar histórias.

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    Para SAVIANI (1980), o supervisor escolar foi instituído pela lei 5692/71 como um

    serviço específico para as escolas e sua função era, então, predominantemente técnica e

    controladora.

    A função dos pedagogos tinha uma conotação”generalista” preparando especialistas em

    educação, mas preparando muito pouco para uma pratica educativa.

    Era uma função muito mais fiscalizadora do que propriamente uma ação de descoberta,

    do experimentar alternativas que possibilitassem uma práxis educativa rica de encantamento.

    A especialidade no campo educacional só faz sentido na medida em que a área básica

    não seja perdida de vista. O supervisor escolar é antes de tudo educador e a finalidade de toda

    e qualquer ação supervisora é educativa.

    O supervisor escolar tem por função fundamental mobilizar os diferentes saberes dos

    profissionais que atuam na escola e fora dela, para que a mesma cumpra sua função, ou seja,

    que os alunos aprendam.

    Hoje em dia o supervisor não só um especialista em metodologias, a função dele é mais

    ampla, ele é o articulador do processo político pedagógico junto com toda a comunidade

    escolar, não podendo perder de vista uma investigação (diagnostico), de valores de relações,

    de funções nos diferentes seguimentos da escola e fora dela não esquecendo jamais que antes

    de tudo ele é educador.

    Segundo o autor criar um espaço onde se discute, se analisa, se troca, se busca

    alternativa, criar um ambiente onde as pessoas se relacionam bem, onde os professores

    estejam com a auto-estima em alta é papel importante e fundamental do supervisor escolar;

    estar atento para:

    • Modificações no mundo, notícias, prevenir situações, buscar soluções, apontar

    caminhos, oferecer ajuda, dividir tarefas, ser solidário, somar esforços, multiplicar

    saber, saber reconhecer erros, pedir desculpa.

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    Para o autor diante dessas dificuldades e de outras que possam surgir, a solução ou o

    auxílio devem vir do supervisor escolar. A busca de novas técnicas ou métodos que auxiliem

    a aprendizagem do aluno é algo constante na ação do supervisor. Professor e supervisor

    devem caminhar juntos procurando conhecer todas as possibilidades oferecidas pela literatura

    infantil que os auxiliem a desenvolver um ensino e uma aprendizagem em que a criatividade e

    a interação sejam as principais características

    3.2– PAIS CONTANDO HISTÓRIAS

    O contato com o texto pode-se dar através da chamada leitura sensorial, podendo

    começar bem cedo acompanhar os indivíduos por toda a vida. Através deste tipo de leitura,

    XAVIER (1992, p.6). acrescenta:

    é possível perceber o espaço em sua totalidade: ruídos, formas, objetos, sons,imagens, bem como fazer uma leitura mais ampla de gestos, cenas, olhares,situações. E sabe-se que a pessoa desenvolve este tipo de percepção antes deaprender a falar. Portanto, os estímulos dessa natureza irão facilitar a posteriorobservação de letras e palavras. Por isso mesmo, os pais e familiares, aoconversarem com o bebê estarão ajudando-o a identificar significados. Asonoridade das palavras, o ritmo e a melodia das frases servem de base a suaexpressão lingüística, a qual constitui uma forma de aprendizagem peculiar muitoimportante para a construção do conhecimento do mundo infantil.”

    Ouvir e falar com a família, em situações prazerosas levam a criança a gostar da

    linguagem, despertando nela o desejo de ouvir histórias, rimas, quadrinhas, poemas,

    canções,brincadeiras e, mais facilmente, a relacionar-se com o texto escrito.

    Segundo o autor o contato com o livro deve ser incentivado pelos os pais, antes mesmo

    da alfabetização, porque a descoberta da linguagem precede o domínio de todas as suas

    formas. “É raro encontrarmos alguma criança que não goste de ouvir histórias lidas ou

    contadas, para rir ou emocionar-se com situações vivenciadas pelas personagens, cenas

    engraçadas e todo um mundo de situações das mais diversas.” (p.6)

    Já para SAYÃO( 2001, p. 11):

    Nada mais aconchegante e propiciador ao dialogo do que a criança sentar no colode alguém pela primeira vez para compartilhar da leitura. Provavelmente, ela só irá perceber as cores, padrões e movimentos das páginas ao serem viradas e o calor do

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    colo que a recebeu. Ouvir e reconhecer a voz de uma pessoa muito próxima e ver asfiguras coloridas enseja um espaço de convívio agradável e acalentador.

    E esta sensação agradável irá estimular sua vontade de ouvir, ver e tocar no objeto de

    leitura. Abrir o livro, folheá-lo, senti-lo, parar de virar as páginas diante de certas ilustrações,

    olhando-as detidamente, tudo isso pode determinar o rito de iniciação infantil, ou seja, a

    futura atitude do leitor frente ao livro.

    “As histórias infantis falam de fadas boazinhas, bruxas malvadas, mágicas e

    transformações, encantos e encantamentos e, principalmente, falam de um final feliz.”

    XAVIER (1992, p.8) mesmo não representando a vida como ela é, e com jeito de ser domundo, elas dizem respeito ao mundo infantil, às fantasias da infância. E como seria se tornar

    um adulto na hora certa sem passar por essa fase, sem acreditar em bruxarias, sem ter medos

    irracionais, sem soltar a imaginação.

    Contar histórias é, principalmente, um ato de carinho por parte do adulto, que reconhece

    que a criança pode aprender muito, de modo lúdico e prazeroso, a respeito do mundo que a

    espera.

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    e professor, para avalizar a maturidade de leitor. Para garantir esta maturidade, toda criança

    precisa de construção, que é realizada ao longo da intimidade dela com muitas histórias e

    textos. Logo, o educador que aprofundar o estudo de formação de leitor, estará alcançando

    entendimento para privilegiar a história infantil no seu cotidiano.

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