LIMINA ARITIUM

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    Manuel de Castro Nunes

    Limina Aritium

    O trfego fluvial e terrestre na rea ribeirinha do Tejo.Ensaio de associao sistemtica entre as linhas din!micas do

    trfego virio e fluvial e as do "ovoamento e da relaohumana com o territ#rio.

    $undao "ara o Estudo e %reservao do %atrim#nio &ist#rico'Ar(ueol#gicoAbrantes )**+

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    ,ntroduo

    Limina Aritivm, ou seja a morada ou o territrio demarcado, porventura pelo fioda espada, dos arites, que no sabemos bem quem hajam sido, ou se foram sequer. Ahistria um jogo, em que a potica e a razo se degladiam, o sonho e a vigliamutuamente se dissipam e se confundem. (!

    Este programa de trabalho percorreu ele prprio um sinuoso itiner"rio e pejadode precal#os, para se associar, at no destino, ao n$cleo do seu tema, que era % partida,mau grado os prete&tos, os caminhos e as veredas com o seu e&pectro intermin"vel dehipteses de sentidos e de origens. 'aminhos para nenhures, em demanda de coisa

    nenhuma, para o ol )ascente e para o *caso, ou acaso, sepultados na poeira doabandono e da memria, por onde, no vai+vem da vida e dos milnios, calcorrearam omundo pastores e marinheiros perdidos, bufarinheiros alucinados e deuses despojados,cujos espectros ainda nos surpreendem por um instante breve, desolados no poial deuma fonte seca, saltitando de pedra em pedra sobre as passadeiras do vau de uma ribeirafresca, ou perscrutando lonjuras num cruzamento sem horizontes. A histria faz+se na

    peugada dos espectros que se nos insinuam.Estruturou+se em torno de uma ideia, em torno de tpicos to vagos que at

    parecia que no partira, para lado nenhum, do horizonte remoto da mirambolncia.-epois, a ideia foi ganhando referncias a registos objectivos. /as continuou o seutrilho incerto e foi encontrando, em cada objecto concreto com que foi povoando o seuhorizonte longnquo, novos prete&tos e raz0es para prosseguir, orientado aos quatroquadrantes. Acreditamos que os sonhos so premonitrios e os objectos reais j" foramimaginados.

    Em 1222, a 3unda#o para o 4studo e 5reserva#o do 5atrimnio 6istrico+Arqueolgico prop7s+me que me debru#asse sobre um elenco de tpicos quesintetizavam sculos de invoca#0es com que se foi esbo#ando a memria colectiva e aidentidade do cidado de Abrantes, morador do 8ejo, do aqum e alm 8ejo, nasfronteiras dos mticos reinos de 8artessos e da Atlntida, vizinho de Moron, deAritivm,de Tvbvcci, dos cinetes, dos cnios e dos sefes, que no sabia j" bem de onde haviaespreitado de longe o reboli#o fumegante do acampamento legion"rio de Decimvs

    Ivnivs Brvtvs espraiado pela lezria. Alcantilado nas escarpas sobranceiras, com ocomboio a sulcar pachorrento as falsias, o seu olhar perdia+se perscrutando nasuperfcie met"lica do rio e&plorando cada curva, cada reaparecer serpenteante nohorizonte, % procura de uma vela enfonada de qualquer barca romana ou cartaginesa, deum grupo de homens vergados ao jugo da sirga, em cuja ponta qualquer batel emergiriada bruma.

    -urante alguns meses, no soubemos, nem nos interessou o que fazer.implesmente perdemo+nos pelas ravinas ou pelas planuras intermin"veis, subindo edescendo os cursos pedegrosos de ribeiras e de rios, trepando aos cerros, atol"mo+nos nalama e nas areias dos sapais, atr"s de mitos, de divindades ocultas, que residiam nas

    pedras, nas "rvores, no prprio cantar dos rou&inis. A arqueologia tambm uma

    buclica, a atribui#o de uma histria % natureza. Aqui registava+se um caminho, ali

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    uma ponte, acol" os escombros de uma presen#a milenar, uma anta, ou uma pedrasimples e vadia a desafiar a imagina#o locubrativa.

    Nos fins de -ezembro, tnhamos um objecto para estruturar e dar consistncia aesta itinerncia renitente. * 8ejo... e os caminhos, de novo. 9asta andar por a e ser+sevadio, para compreender que os caminhos fizeram a 6istria.

    (!5arte+se aqui de um pressuposto, ou hiptese, talvez polmica, mas coerente nos meiosrequeridos para a formula#o. Aritivmafigura+se em tudo como sendo o genitivo plural de um nomelatino de tema consonntico ou semi+consonntico, i, referindo ento uma condi#o de posse sobre umterritrio ou um estabelecimento urbano.

    Aritivm, como tpico da geografia humana antiga, aparece referido em dois conte&tos. )umalmina de bronze citada at % e&austo, publicada por :orge 'ardoso , Agiolgio Lusitano, ;;;, 2, nas bordas de uma ribeira geralmente identificada com a?ibeira da

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    ,A definio "reliminar de um territ#rio e de uma temtica de trabalho

    O8ejo, os caminhos, as cidades lend"rias,Aritivm,Moron, Tvbbvcie Brvtvs. Alenta agonia da Lvsitania, a capitula#o, a sobrevivncia na romanidade. 4ste era o

    ponto de partida.

    No caos da enuncia#o dos tpicos abatiam+se com toda a carga alucinatriasculos de tradi#o mitogr"fica, e&pressa em m$ltiplos gneros de abordagem, desde a

    erudi#o dos fillogos e antiqu"rios renascentistas, ilusionistas da trasmuta#o daspalavras, ou das coisas, ao cepticismo balbuciante da arqueologia contempornea,dispondo sobre cartografia distorcida as rguas e os compassos, no af de calcular os

    passos e milhas dos itiner"rios, mas esbarrando sempre com recuos e retornosparado&ais, com desvios sem mbil, porque incapaz de compreender que se podecaminhar em direc#o a um destino cumprindo uns quantos outros nos entremezes daviagem. *u em demanda dos objectos materiais ou concretos que sustentem novosmitos e novas lendas, recalcitrantes na omisso de que os comple&os mticosenvolventes determinam tambm a interpreta#o de dados aparentemente objectivos.

    eencontrar um mundo perdido.etomar esta tem"tica no era contudo um absurdo. 9astava um olhar breve para

    intuir e sentir que ali se passara algo de to profundo que despertara as brevesinvoca#0es dos cosmgrafos longquos. 9astava olhar para o esteiro talhado pormilnios de eroso humana, contemplar as ravinas polvilhadas de oliveiras torcidas eretorcidas, milhares de vezes abatidas pela canseira e de novo renascidas com umaten"cia bravia que lhes advm do fogo dos zambujos, as rochas rasgadas por veredas ecaminhos perdidos, os barcos carcomidos nos silvados e nos lodos, os cais, o cabe#osobranceiro, coroado das muralhas de Abrantes, de Almourol, de 9elver, de Amieira, de?odo.

    O?io 8ejo, sem d$vida alguma o curso fluvial mais e&tenso e o mais not"velacidente hidrogr"fico de toda a 5ennsula 6ispnica, desembocando numimpressionante estu"rio, verdadeiro mar interior de inesgot"veis recursos, percorrendo

    os seus $ltimos cento e trinta quilmetros numa e&tensa plancie aluvial, foi o pontomais e&tremo a *cidente do mundo possvel e do sonho de evaso,$inisterrae, desde asremotas eras da primitiva sociabilidade mediterrnica at ao culo @;. -aqui partia+se para as brumas da *estrmnia, das 'assitrides.

    %elas campinas dos esteiros corriam as brisas lavadas e frescas do *ceano a umror de povos, etnias e comunidades que se disseminavam, alcantilados nos serros,atravs do seu curso, penetrando at aos territrios rec7nditos da 'eltibria. 5elocaminho trazia os segredos dos lusitanos, dos vet0es, dos carpetanos, para os quais oouro era, porventura, apenas cintila#0es irrequietas nos areais.

    /abemos que (1!, desde eras inatingveis pela imagina#o, um velho caminhoterrestre, nomeado pelas antigas cosmografias quando se referem ao lend"rio reino de8artessos, subia da foz do Cuadalquivir a procurar o estu"rio do 8ejo, transpondo oCuadiana e procurando tambm, porventura, o ado, de que todavia pouca notcia h".

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    %ouco mais sabemos hoje sobre os caminhos que, antes da chegada dosromanos, cruzariam o territrio do *cidente peninsular, apenas adivinhados e

    presumidos quando lemos, nos autores antigos, as narrativas breves sobre as incurs0es er"pidos movimentos de povos, grupos e etnias, em correrias sucessivas da Calcia ao'intico. /as sabemos que pelo menos desde antes do culo A.'. se podia viajar,

    por caminhos mais do que calcorreados, das costas do /editerrneo ao estu"rio do 8ejo,termo de uma navega#o fluvial de cerca de quinhentos quilmetros, desde o centroradial da 5ennsula, por onde poderiam fluir o ouro dos aluvi0es taganos, o estanho do

    )orte e at os produtos de uma intensa pastorcia montanhesa que estruturava a vida e otr"fego dos homens at %s bordas da meseta. D que, % partida, podemos presumir que o8ejo foi, primeiro que tudo, um mar fechado, um mare nostrvmcom uma vida prpria eautnoma, um tr"fego intenso que dispensava gente de fora. 4ra assim ainda no culo@;@ e nos incios do culo @@.

    /e a navega#o no Atlntico, mesmo costeira, foi possvel com alguma, mesmorara, frequncia, em pocas remotas, difcil de afirm"+lo ainda com certezas. 6" ummundo nebuloso de navega#0es atlnticas, entre o /ar do )orte e as costas ocidentais

    da 5ennsula, que se presume mais do que se certifica (E!.Apassagem, contudo, do /editerneo para o mar aberto era sem d$vida uma

    ocorrncia rara, uma aventura celebrada e digna de registo, tanto quanto se pode deduzirpelas narrativas antigas. A transposi#o das 'olunas de 6rcules fizeram+na os3encios, os Cregos e os 'artagineses. /as a dobragem do 'intico e o reconhecimentoda costa *cidental era j" empresa de aventura, a que se arrojavam os tartessos e depoisos gaditanos. A navega#o de fencios e gregos, ou mesmo dos romanos at % era deAugusto, ficava+se por 8artessos e Cadir. )ada nos permite presumir que, antes que as

    poderosas esquadras romanas singrassem o Atlntico, a entrada no estu"rio do 8ejo oudo ado fosse pr"tica corrente, ou mesmo eventual, dos barcos que provinham do/editerrneo.

    Os estu"rios do *cidente deveriam ser porto de abrigo de pequenas embarca#0espesqueiras, ou de cascas de noz que empreendiam a navega#o de cabotagem, deestu"rio a estu"rioF mas sobretudo de uma intensa navega#o fluvial, que corria pelosesteiros e pelas gargantas mais profundas, trazendo aos agregados urbanos do litoral osestratgicos produtos do interior, o minrio, as ls, os produtos enfim de umaagricultura, porventura, quase em estado de recolec#o (G!.

    -o /editerrneo ao estu"rio do 8ejo, como ao ado, ao /ondego e ao -ouro,chegar+se+ia mais correntemente pelos itiner"rios terrestres, penosos talvez, mas maisseguros. 8ratava+se de dois lend"rios mundos, a abarrotar de prosperidade, ligados porum mar ainda envolto em brumas.

    -urante meio sculo fez escola a tese de chulten, segundo a qual oscartagineses, aps o encerramento do estreito, omitiram e lan#aram no esquecimento eno terror, para gregos e romanos, o mundo que se abria aos navegadores quetranspunham as 'olunas de 6rcules, nomeadamente as mticas riquezas de 8artessos,da *estrmnia e das 'assitrides(H!. A moderna historiografia substituu esta tese pelada decadncia de 8artessos que, desgastado por contradi#0es internas e surpreendido

    pela runa dos seus parceiros trios, perdera a sua posi#o de lder no comrcio mineirodo *cidente, como justifica#o para as brumas que se abateram sobre a costa ocidentalda 5ennsula, entre o culo e a conquista romana. * que certo que, a partir deento, os cosmgrafos raramente desenvolvem o tema de navega#0es entre oCuadalquivir e o 8ejo, sobretudo a partir do Cuadiana, a no ser invocando empresas

    antigas envoltas em brumas, ou raros episdios como o do massaliota"%theas.

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    Estrabo, que disp0e j" de um elenco not"vel de informa#0es e conhecimentossobre a vida no interior continental da 5ennsula, nomeadamente na 8urdetnia, na

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    Mas fica definido claramente um tro#o do 8ejo, que a chave da unidadeterritorial entre duas metades do ?eino, de 8ancos ao ever. 4 que, para mais,arregimenta e vigia, de longe,

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    (*umantia! aos campos do udoeste, sem d$vida a malha de itiner"rios e a via decomunica#o e de trocas mais viva do interior continental, ainda at % ;dade /dia (1E!.

    %ara udeste, um vasto n$mero de tpicos urbanos e mans0es polvilham aslinhas de tr"fego em direc#o % 4stremadura e % distante Andaluzia, Abalterium,

    Matusarum, Montobrica, Dipo, bora, "a+ Augusta. 5ara udoeste, na linha do 8ejo,

    &erabrica,"erbrica, )calabis.Oestudo aturado dos circuitos de tr"fego e a an"lise minuciosa dos itiner"riosromanos, confrontados com a sua identifica#o no terreno, seriam % partida acomponente a&ial deste trabalho. 5residia a esta orienta#o a presun#o de que o tr"fegoe as suas linhas de orienta#o constituem o universo mais rico de percep#o das rela#0eshumanas com o territrio. A natureza, a forma e as orienta#0es do tr"fego caracterizams por si as rela#0es das comunidades com o seu envolvimento territorial, a sua vidasocial e econmica, cultural. D na senda e na pesquisa dos vestgios do tr"fego, doscaminhos, das veredas, das estradas, dos vestgios e indcios da navega#o fluvial, queestamos habituados a compreender um dado territrio, a sermos conduzidos,naturalmente, aos outros indcios e vestgios da presen#a humana, que esbarram

    comnosco irreversivelmente % beira dos caminhos, conferindo+lhes sentido e razo.&avia que partir dos itiner"rios para o terreno e regressar de novo aos itiner"rios

    para os confrontar. 6avia que confrontar os itiner"rios medievais, emaranhados noarrasoado das demarca#0es, com os itiner"rios antigos, para os sobrepor e fazercoincidir, para compreender a perenidade com que o territrio e as suas sucessivashumaniza#0es se imp0em, sucessivamente e em cadeia, aos vindoiros. 'onfrontar ositiner"rios com a observa#o no terreno no pressupunha apenas a demanda dos seustpicos, empresa quimrica que alucinou a muitos e que precipitou num atoleiro osestudos das redes vi"rias antigas. 5ressepunha sobretudo que encontraramos no terrenomuitos mais indcios da circula#o vi"ria e do tr"fego do que aqueles que os itiner"riosnos propunham, obrigando+nos a compreender, com fundamento, o verdadeiro e escassovalor dos itiner"rios face % comple&idade das rela#0es vi"rias num dado territrio,qualquer que seja a sua dimenso.

    ,mpunha+se, acima de tudo, propor uma histria da circula#o vi"ria, terrestre efluvial, na "rea ribeirinha do rio, numa observa#o diacrnica, tentando perceber+lhefundamentalmente a lgica e a orienta#o e a forma como o rio, como acidentetopogr"fico, se impunha % forma como o homem se implantou e estruturou a sua

    presen#a no territrio. As compartimenta#0es cronolgicas e culturais ir+se+iamestruturando na medida em que a rede se completava e as associa#0es se fossemconstituindo.

    Era necess"rio, naturalmente, tambm, proceder a opera#0es elementares de

    compreenso de perodos determinantes na ordena#o e povoamento do territrio. *perodo dos primeiros povoamentos e reparti#0es territoriais que remontavam aoperodo da conquista crist, porque se operavam presumidamente sobre um territrioermado ou desestruturado por rasias, correrias e abandonos, parecia+nos crucial. Atestava+se a solidez dos equipamentos de povoamento, desde as vias %s edifica#0es,estruturas urbanas e da coloniza#o agr"ria, cujos vestgios marcavam o territrio comtal perenidade que se impunham % lgica de novas rela#0es com o territrio. )oe&cluamos desta opera#o as institui#0es territoriais, a for#a dos cadastros antigos, querde propriedade e posse, quer de jurisdi#o, e dos seus limites, as sacraliza#0es e ostpicos da religiosidade.

    Esta vertente do estudo impunha+se de tal forma na concep#o do nosso plano de

    abordagem, que poderemos dizer que uma das opera#0es dominantes na determina#odos limites do territrio sobre que nos iramos debru#ar foi a da observa#o no terreno

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    das confronta#0es dos grandes domnios doados pelos primeiros reis %s ordens miltaresna zona estratgica da ribeira do 8ejo, aIdanha, a A'a$a e a Cardosatempl"rias e a&uidintestahospital"ria. -evemos mesmo confessar que, talvez com in$til dispndio deenergia, nos dei&"mos alucinar por uma certa fantasia qui&otesca em demanda de umtpico ubquo dos domnios templ"rios, to ubquo que parecia despontar nas primeiras

    doa#0es da Idanha, a )orte do 8ejo, e na doa#o da A'a$a, no ul. 8ratava+se docastellumou dosparadenariide Terronou Terrone, que invocavam as runas de casteloou fortaleza antiga.

    No podemos dei&ar de estar convencidos depois da realiza#o desta primeirafase deste programa, como estivemos logo antes de o iniciar, que a forma como seoperou a reapropria#o do territrio durante os culos @;;; e @;, nomeadamente nombito da constitui#o dos primeiros grandes domnios, que so o templ"rio, ohospital"rio e o do concelho, castelo e senhorio de Abrantes, transportava para umahistria recente, mais f"cil de prosseguir porque pejada de indcios, destinos assinalados% ordem das rela#0es humanas com o territrio desde tempos muito remotos.

    Tendo em conta a natureza dos problemas previamente recenseados e os limites

    de tempo e de recursos de uma campanha que se entendia preliminar e de rastreio, oterritrio de trabalho ficava ento assim delineado. * concelhos de 'onstncia,Abrantes, Cavio, )isa, 'astelo de ide e /arvo, correspondendo %s folhas da 'arta/ilitar de 5ortugal nNs G1H, GEG, GEH, GE>, GGK, GG1, GGE, GGG, GGH, GG>, GG=, GH= eGHL, numa linha transversal acompanhando a margem esquerda do ?io 8ejo de 8ancos %entrada do ever, e a recep#o de uma intensa malha hidrogr"fica em que se destacam a?ibeira de Alcolobra, o ?io 8orto, as ?ibeiras de

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    Notas

    1. As mais antigas referncias aos caminhos terrestres que ligavam a costa meridional da 5ennsula %

    costa ocidental atlntica so+nos transmitidas por Avieno, -ra Maritima, que assinala uma via que ligariaa lend"ria cidade de /naca %s bocas do 8ejo, passando por 8artessos. (in 3B4)84 6;5A);A4A)8;QBA4, ;, edi#o de A. chulten e 5. 9osch Cuimpera,

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    -enomina o percurso de 'sar como Via Augusta, notando que fazia um pequeno desvio nas imedia#0esde 'artagena, para evitar os campos de esparto, divergindo por isso da Via Antiga. 4sta aluso faz

    pressupor que a via romana se sobreporia a uma outra muito antiga.'urioso ainda de registar o facto de no nos aparecerem nomeadas, entre os escritores antigos

    que versaram as guerras romanas na 5ennsula, quaisquer cidades ou tpicos urbanos no litoral ocidental,e&cluindo uma breve referncia de 4strabo a (lissipo, relacionada com a campanha de -cimo :$nio

    9ruto.E. D da -ra Maritimade Avieno e da &eogra$iade 4strabo, ainda, que podemos deduzir o processoatravs do qual se processava a liga#o comercial de 8artessos com a costa ocidental atlntica. 5arececlaro que nem os massaliotas nem os fencios navegavam para *cidente, por sua iniciativa, alm de8artessos. 4ram os tartessos que asseguravam, talvez atravs da realiza#o de pequenos tro#os decabotagam, de estu"rio a estu"rio, o priplo da 5ennsula at % *estrmnia, coordenando todo o comrciocom o *cidente e )oroeste da 5ennsula, quer por mar, quer por terra.

    )o se sabe como que os cartagineses geriram esta situa#o depois do encerramento do estreitoaos massaliotas. 8inham no antiqussimo entreposto trio de &adir ('"diz! um ptimo meio parasubstituir o papel de 8artessos, que entretanto jazia, destrudo ou em runas, no se sabe em que conte&to.-e acordo com os defensores de uma intensa coloniza#o grega durante os sculos ;; e ;, destrudo

    pelos cartaginesesF de acordo com os defensores da predominncia fencia no 4streito, ininterruptamentedesde a funda#o de &adirat % sua conquista pelos romanos, vtima das suas prprias contradi#0es e da

    decadncia das navega#0es trias no fim do culo ;;.4strabo prdigo em referncias laudatrias %s qualidades n"uticas dos gaditanos, que o

    5riplo j" atribuira aos tartessos. &adir+nos apresentada como uma cidade a fervilhar de actividademartima, com uma popula#o vivendo no mar e do mar, arrojada em penetra#0es profundas no /ar4&terior, sobretudo nas costas africanas, e uma aristocracia autctone capaz de e&ercer o controle sobreeste tr"fego, como o caso da famlia dos Calbos, aliados de 5ompeio. 4stas constata#0es assentavam emobserva#0es prprias e fundamentalmente nas de 5ossidnio e de 5olbio, que visitaram a 1ispania e acosta de&adirnos primrdios da presen#a romana, este no no squito de 'ipio, entre 1HK e 1GK a. '., eaquele nos incios do culo ;. A partir dos incios do culo , parecem ser os gaditanos quem assegurao comrcio e a liga#o do mediterrneo com as costas ocidentais atlnticas.

    /as tartessos e gaditanos limitavam+se a, por terra e por mar, visitar os entrepostos on+denegociavam, que deveriam ser n$cleos urbanos autctones, que asseguravam as rotas comerciais comvizinhos e vigiavam as linhas de tr"fego. A navega#o fluvial estava+lhes em princpio reservada, pelo

    que dispunham, na foz, ou no fundo dos esteiros, povoa#0es fortificadas, como Bevipo, (lissipo,Couimbriga.

    (lissipodeveria ser, ento, na boca de um dos dois maiores rios peninsulares, que permitiaprofundas penetra#0es no interior, a chave da liga#o do )orte Atlntico ao /editerrneo, ponto deencontro de v"rias correntes de navega#o.G.'omo tem sido notado, o priplo massaliota utilizado como inspira#o por Avieno na -ra Maritima

    particularmente e&guo em informa#o a partir do 'abo de -phioussa, a bem dizer logo desde o 'abo'intico. D bem possvel que os prprios tartessos, bem como os gaditanos e cartagineses depois, aochegarem % embocadura do 8ejo, ou logo desde o 'intico, se entregassem nas mos dos navegadoresatlnticos da costa ocidental, que os transportavam, mantendo todavia os procedimentos de navega#o emsegredo e sob seu controle e vigilncia, controlando tambm o comrcio nas paragens aondetransportavam os visitantes meridionais.H. * segredo sobre as navega#0es nas costas ocidentais e no Atlntico )orte alimenta ainda uminteressante episdio de 4strabo, que narra que s cerca do ano 2= 5$blio 'rasso conseguiu, atravs daconquista do litoral setenterional, conhecer o mundo das navega#0es no )orte Atlntico e desvendar osegredo das 'assitrides, que no se sabia contudo o que seriam. 4 que anteriormente os romanos teriamtentado perseguir secretamente um navegador gaditano, tentando estabelecer a rota das paragens docomrcio do estanho no *cidente /eridional. -escobrindo+os, o gaditano varou propositadamente num

    bai&io, suspendendo assim a viagem. alvando+se contudo, foi indeminizado pelo 4stado dasconsequncias do seu acto patritico.>. 4sta aparente confuso de 4strabo tem sustentado mesmo a opinio de alguns que tentam localizarMoronno estu"rio do ado. ;mporta aqui reflectir um pouco sobre o problema da localiza#o deMoron,tendo como referncia o te&to de 4strabo.

    * que parece querer dizer 4strabo que, partindo doBarbaricum('abo 4spichel!, pr&imo dasbocas do 8ejo, penetra um longo esteiro de cerca de HKK est"dios (cerca de LK quilmetros!, que permite a

    chegada de navios a )ala0eia(Alc"cer do al!. 4strabo no associa este esteiro a qualquer acidentefluvial, podendo parecer que o associa ao 8ejo, de que falara no perodo precedente, sendo certo que ote&to parece um pouco atabalhoado. /as uma leitura atenta permite compreender que 4strabo come#a de

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    facto a discorrer sobre o 8ejo no perodo seguinte, atribuindo+lhe todavia dois esteiros, que no sepercebe o que sejam, seno que um superior e outro inferior e tem, cada, a e&tenso de cento ecinquenta est"dios.

    *ra, o problema reside efectivamente no que 4strabo entende por superior e inferior. Bmaleitura for#ada, permitiria talvez fazer coincidir os dois esteiros com os estu"rios dos dois rios, 8ejo eado, sendo ento bvio que 4strabo consideraria como inferior o real estu"rio do 8ejo, isto , o mais

    afastado no sentido da orienta#o que leva na descri#o, de ul para )orte. endo assim Moronencontrar+se.ia no estu"rio do ado, o que tornaria pleon"stica a referncia a )ala0eiano esteiro quepenetra desde oBarbaricum. Quanto a ns, 4strabo considerava o estu"rio do ado um mero acidente derecorte da costa, passando em seguida a descrever os esteiros do 8ejo. * ado no consta como rio emqualquer referncia antiga.

    *ra, o que 4strabo diz do 8ejo e de Moron que o rio tem na sua desembocadura cerca de EKest"dios, grande profundidade e que parte do seu curso pode ser subido por naves de grande porte. Ainunda#o das margens, durante a praiamar, forma dois esteiros de 1>K est"dios, que permitem penetrarmais a subida dos grandes barcos. )o esteiro superior, que ento se entende mais a montante, situa+seuma ilha, cultivada com oliveiras e vinha, que tem de longitude tanto como de latitude, seja GK est"dios.4sta ilha est" pr&imo de Moron, que dista do mar cerca de >KK est"dios e j" no se situa no tro#onaveg"vel pelos grandes navios, seno pelos pequenos batis fluviais. e os dois esteiros so contguos,deduz+se queMorondista da ilha mencionada, pelo menos, EKK est"dios, seja cerca de HK quilmetros. A

    montante de Moron o rio ainda naveg"vel em distncia superior % que separa Moron do *ceano,naturalmente j" s atravs de pequenas embarca#0es fluviais. 9ruto, o Calaico, estabeleceu em Moronasua base de opera#0es, durante a sua campanha contra os lusitanos. 3ortificou (lissipo, para ter livre o

    passo do rio e aprovisionar as suas tropas. (lissipoeMoronso as duas cidades mais fortes das que selevantam junto ao 8ejo, o que faz presumir que haveria mais.

    6" alguns pormenores que se torna importante notar, tendo todavia em conta que 4strabo, comorecalcaremos adiante, que transmite dados recolhidos de v"rias fontes, orais e escritas, muitas muito maisantigas, nos apresenta uma s$mula de dados muitas vezes contraditrios e inconsequentes.

    4 o primeiro que, tendo em conta rigorosamente o te&to de 4strabo, cai por terra qualquertentativa de relacionar Almourol comMoron. Almourol uma pequena ilha constituda por um "ridoesporo rochoso, longe das dimens0es atribudas por 4strabo e que dificilmente concebemos povoada devinhedos e olivais. e Almourol fosse a ilha de que nos falou 4strabo, teramos que encontrarMoroncerca de quarenta quilmetros para montante do rio. e nos dedicarmos ao l$dico esfor#o de reunir um

    bom acervo de cartografia do territrio portugus, desde 3ernando Plvares eco, de cerca de 1>=K, e5edro 8ei&eira, 1==E, at % actualidade, constataremos que as ilhas no esteiro do 8ejo aparecem edesaparecem, reaparecem e voltam a aparecer, em toda a e&tenso do seu curso, de Abrantes at % barra.As linhas de costa e as terras inundadas pelos cursos transbordantes dos rios so das "reas slidas do

    planeta que sofrem mais varia#0es e mais r"pidas na sua configura#o, ao longo dos tempos. )o que aoscursos fluviais transbordantes diz respeito, a prpria interven#o do homem e a eroso que as suasactividades provocam, constituem um factor decisivo na ocorrncia deste fenmeno. A natureza edimenso dos trabalhos que seriam necess"rios para proceder ao estudo, mesmo superficial, da histria daevolu#o do curso transbordante do 8ejo, em "reas como as das lezrias de 'arregado, antarm, Coleg,8ramagal e Alvega, afasta do nosso horizonte a possibilidade de vir a resolver, com fundamentos seguros,v"rias quest0es relacionadas com a histria da rela#o humana com o territtrio ribeirinho e do seu

    povoamento.'orteso, Armando, "ortugaliae Monumenta Cartographica, ;mprensa )acional + 'asa da

    /oeda,

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    da boca do rio. -e seguida, 4strabo assinalaMorona uma distncia do mar de cerca de >KK est"dios, nose podendo saber se a distncia calculada em tra#ado recto de latitude, acompanhando o curso do rio e anavega#o fluvial, ou o itiner"rio da via#o terrestre. * facto que o gegrafo poderia ter calculado adistncia sobre um paralelo imagin"rio, definindo duas linhas meridianas, como faz para calcular outrasdistncias que nunca poderia calcular atravs da via#o. 9em, devemos dizer que, calculada sobrequalquer das formas, entre Morone a ilha ficariam por cobrir EKK est"dios, pouco menos de metade da

    distncia total deMoronao mar. 8endo ainda em conta que 4strabo no concebia o ?io 8ejo com abrusca mudan#a de orienta#o de 4ste+*este para )ordeste+udoeste, que se regista nas imedia#0es de8ancos, mas com uma orienta#o quase constante at % sua foz, de 4ste para *este, ligeiramentedescendente, que ainda a concep#o transmitida pela cartografia portuguesa do culo @;, 3ernoPlvares eco, a distncia na linha recta da latitude e a que acompanha o curso da navega#o fluvial nodivergiria para ele muito, indo+nos colocar, por mero c"lculo estraboniano, Moronnas imedia#0es deAbrantes e a ilha na zona de Alpiar#a, de que a ala de Alpiar#a pode ainda ser um vestgio. 5ara

    podermos compreender a evolu#o da hidrografia do 8ejo nesta zona, incluindo as transforma#0essofridas pela vala, ver 6. Cabriel /endes, citado, '. A. 1>2, 1JK, 1J1, H12, GEJ, Mappa do 3io Tejoentre Tancos e Vila 4ranca5 incluindo a Valla 3eal.

    3inalmente, devemos dar uma aten#o especial % referncia de 4strabo ao facto de o &alaicoterfortificado (lissipo, com intiuto de ter o passo livre e poder aprovisionar as tropas, presume+se queestacionadas emMoron. 5or passo entende+se rigorosamente a transposi#o do rio. *ra, de facto

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    Eue a situa';o de Abrantes se presta a $a@er5 com poucos recursos5 uma e+celente pra'a5susceptvel de ser de$endida por muito pouca gente5 tendo todavia condi', detivemo+nos sobre o problema da localiza#o deMoron, do ponto de vista das refernciasde 4strabo. -evemos faz+lo agora de outros pontos de vista.

    * primeiro , naturalmente, o do registo do seu bizarro e s$bito desaparecimento. 4straboescreveu a sua &eogra$ianos finais do eculo ; a. '., entre E2 e L a. '.. U partida, poder+se+ia pensar que4strabo recolhia informa#0es de outros escritores muito mais antigos, sem nomear fontes, e que Moronnem e&istiria j" no seu tempo. /as a verdade que o gegrafo assinala, relacionado com Moron, umepisdio relativamente recente, a campanha de 9ruto que decorreu no ano de 1GL a. '.. -iz mais que(lissipoe Moronso as cidades mais fortes do rio 8ejo e a maneira como o diz parece referir+se a umstatus ainda vigente. abemos hoje onde se localizavam (lissipo, )ala0eia, "a+augousta, -ssonoba,outras cidades nomeadas por 4strabo na fai&a udoeste da 5ennsula, ou pelo menos continuaram a serreferenciadas por outras fontes, nomeadamente pelos itiner"rios. De Moron perde+se completamente orasto, como se perdera deMena0ae de Tartessos, que no tempo de 4strabo j" no se sabia ao certo ondehouveram e&istido. )o nos parece sensato admitir que, entre 1GL a. '. e a poca de 4strabo ou mesmoum pouco posterior, uma das cidades mais fortes do rio 8ejo, refor#ada ainda pelo estabelecimento do

    pretrio de -cimo :$nio 9ruto, tenha simplesmente desaparecido sem dei&ar rasto. )o podia dei&ar deconstituir ainda, no tempo de Antonino 5io, uma importante estncia vi"ria, no cruzamento dos itiner"riosmilitares que asseguravam o passo do rio e a via#o entre o ul e o )orte da

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    /as pode ter mudado de nome, andar emboscada por detr"s de algum daqueles tpicos doitiner"rio que, por mais que contemos milhas e invertamos orienta#0es, jamais conseguimos encontrar.

    -o ponto de vista etimolgico, Moronsoa a voz grega e constitui uma raridade no universotoponmico do *cidente da 5ennsula, onde predominam os topnimos terminados em oba e ipo, noconte&to meridional e num universo mais antigo, em briga, num universo de conota#0es celtas, e nomesde povos ou etnias com sufi&os latinos, comoIgaeditania.Moroninvoca um radical e um universo le&ical

    grego associado % ideia de territrio ou morada imposta a algum pelo destino, destino funesto ouvagabundo. 5ode mesmo presumir+se que 4strabo tenha vertido para grego o sentido de qualquer vozlatina com que os romanos tenham designado um velho oppidum e o territrio para onde tenhamtresladado alguma comunidade aguerrida que quiseram acantonar em terras mais pacific"veis, impondo+lhes um territrio. abe+se por 4strabo e outras fontes que a primeira grande treslada#o de comunidadeslusitanas ocorreu com Calba, num epiisdio de cariz recambolesco, cerca de 1>K a. '. 4strabo, ao iniciaras suas referncias % mesopot2miaque se estende entre o Cuadiana e o 8ejo, diz que fora outrorahabitada, entre outros, por algumas tribos de lusitanos, que os romanos tresladaram para a outra margemdo 8ejo, entenda+se a direita.

    * tpico Moron de 4strabo pode referir+se a um velho oppidum tagano repovoado pelosromanos nos meados do culo ;; a. '., para onde tresladaram algumas das tribos e comunidades que lhesofereceram resistncia no udoeste, constituindo um territrio relativamente pacificado, onde -cimo:$nio 9ruto veio acantonar as suas legi0es quando se tratou de evoluir com seguran#a para )oroeste.

    Moron seria ento o territrio que coube, numa partilha efectuada por romanos, a uma comunidadedesalojada, tribu porventura lusitana degredada de territrios meridionais. eria rigorosamente,traduzindo o sentido do termo de 4strabo e as suas conota#0es helnicas, a cidade ou oterrit#rio dodegredo. D bem possvel ainda que 9ruto contasse com os acantonados para realizar com &ito a suacampanha, procedendo % sua incorpora#o como au&iliares, dando origem, eventualmente % cria#o deuma cohorte legion"ria, depois acantonada com permanncia.

    D curioso verificar que, na regio do 8ejo, parece confirmar+se, j" no culo ; d. '., a e&istnciade um vasto territrio consignado a uma entidade tnica, como propomos na introdu#o a este trabalho.8rata+se deAritium, vasto territrio com disseminados vestgios toponmicos, Areis, Arez, Arcio, 4iras,etc., que d" origem a dois topnimos regionais consignados nos itiner"rios, Aritium Vetus e Aritium"raetorium, e a que respeita ainda um importante monumento epigr"fico. A natureza do dito juramentode fidelidade dos aricienses ao ;mperador 'algula, faz pressupor um perodo ainda inst"vel deconvivncia e de romaniza#o, assegurando ao estado romano importantes bases regionais de apoio

    poltico e militar na consolida#o do territrio.D curiosa, para alm do mais, a referncia precisa de 4strabo, que transmite a ideia de que

    9ruto refor#ou as fortifica#0es de (lissipoe se foi acantonar emMoron, o que presume obras de vulto norefor#o das defesas da cidade. *ra, aquilo que sabemos de 9ruto e dos generais romanos que o

    precederam no assdio %

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    entre 'sar e 5ompeio, est" muito longe de poder vir a ser a mtica Moron. )o vale a pena, em nossoentender, perder muito tempo para esgotar radicalmente as virtualidades da hiptese.

    5rimeiro que tudo, 'h0es de Alpomp situa+se em pleno esteiro e fora do alcance que 4straboatribui a Moron, que distaria cerca de duzentos est"dios dos limites dos esteiros. -epois, noconseguimos conceber na tipografia do lugar a configura#o que devemos considerar prpria %implanta#o de um tpico urbano pr+romamo como oMoronde 4strabo.

    6" ainda que analisar mais um problema. -a leitura de 4strabo parece concluir+se que -cimo:$nio 9ruto e as suas legi0es efectuaram o passo do rio em (lissipo. -iz tambm que era a partir da queaprovisionava as suas tropas. A primeira informa#o parece incongruente, pois o largo estu"rio de

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    nos permitem localiza#0es seguras, pois so listas cumulativas, com muito poucas indica#0estopogr"ficas.1K.*s itiner"rios vi"rios, que sero objecto de descri#o detalhada no Ane&o 9. 'onsideramos aqui asT!buas de "tolomeu, que no so todavia um itiner"rio vi"rio, mas uma lista de tpicos com indica#0esde coordenadas, como pertencendo a este universo, porque apresenta com eles a vantagem de atribuir aostpicos uma posi#o topogr"fica, absoluta ou relativa, mesmo quando, na maioria dos casos, pouco fi"vel

    ou de interpreta#o comple&a.11. Bma das ideias que no partilhamos com alguns estudiosos a de considerar tpicos comoConimbrica, ou a polmica Talabrica, ou mesmo)callabis, como respeitando a fenmenos urbanos devoca#o litoral e martima. 8rata+se de povoamentos urbanos bem internados no curso dos rios,aparentemente bem relacionados com a navega#o fluvial, que a sua voca#o e o que parecem controlare vigiar. endo assim, no veramos razo para no considerar Abrantes uma cidade martima. 'omo natural, todavia, as comunidades que povoavam estes agregados urbanos deveriam estar em profundocontacto com os que navegavam no Atlntico operando a liga#o entre os estu"rios.1E.A confluncia destas rotas na regio de Dvora, era ainda um fenmeno activo durante a ;dade /dia eo culo @; e sabe+se que a ?ainha -ona

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    ,.a. A avaliao "r2via do estado dos "roblemas e da investigao. %lano de recolhadocumental.

    Oque sabemos de facto sobre o 8ejo e o seu territrio, nomeadamente sobre o

    tro#o em estudo do seu curso, at que as sistem"ticas doa#0es dos primeiros dos nossosreis come#am a balbuciar num murm$rio longnquo os nomes dos lugares, dos rios, dasmontanhas, dos acidentes que referenciam remotas presen#as humanas, dos caminhosIQuase nada.

    0com espanto que o investigador, ao ler os "ridos e atabalhoados te&tos dasdoa#0es e confirma#0es, das inquiri#0es e demandas, esbarra de s$bito com rios,montes, estradas, vinhedos, hortas e ferragiais, lagares, como se tudo tivera brotadomilagrosamente da terra libertada e santi$icada pelo sangue dos cru@ados, uma veze&pulso osarraceno. 4 maior o espanto, ainda, quando reconhece no arrevesado dosnomes antigos a ressonncia remota, mas tenaz, dos actuais. )em necess"rio serfillogo, nem percorrer os meandros da etimologia. As coisas e os lugares j" e&istiam e

    estavam providas com os seus nomes.&avia ali uma presen#a imemorial e contnua, que s se revelava agora quando

    os registos escritos come#avam a ordenar e consagrar o repovoamento. Aquelasprofundas marcas de uma intensa humaniza#o do territrio estavam ali e semprehouveram estado, vivas, estruturando os vnculos dos homens ao territrio. Apenasdesabrochavam para a 6istria.

    Apartir de ento a malha vai+se tecendo, estruturada por mirades de refernciasnos interstcios dos documentos, anunciando uma ordem que no se pode ter criado donada. U parte as escassas referncias de raros monumentos epigr"ficos, dos itiner"riosromanos e das breves incurs0es dos cosmgrafos e historigrafos latinos, sempredifceis de reportar e associar com os tpicos concretos do territrio actual, a 6istria doterritrio tagano, sobretudo da "rea em estudo, inicia+se nos alvores do culo @;;;, comos registos escritos das doa#0es dos territrios templ"rio e hospital"rio e do territrioconcelhio e senhorio de Abrantes. 5ara l", quase e&clusivamente arqueologia, mesmoquando arqueologia documental. D preciso adivinhar nos indcios perscrutados nosdocumentos e nas marcas impressas no territrio.

    Tratava+se de um procedimento que ensai"ramos j" ao estudar o territrioeborense, desde 12J>. ?econstituir o processo de repovoamento e reimplanta#o noterritrio, a partir do final do culo @;; e sobretudo durante os sculos @;;; e @;.8entar perceber, acolhendo todos os indcios, que os domnios rurais em que acomunidade reestruturada se reinstala correspondem a investimentos milenares de

    arroteamento e edifica#o de equipamentos de que agora no tinha mais do que sereapropriar. Que as mais imponentes e disputadas herdades do territrio eborense, ondese instalavam os senhorios que caudilhavam o territrio e a )a#o, correspondiam %s"reas arroteadas e humanizadas desde, pelo menos, o estabelecimento romano (1!.

    No caso presente, havia, primeiro que tudo, que perscrutar o que ficava omissonas primeiras reparti#0es do territrio tagano, que os primeiros reis tiveram queempreender com os seus mais pr&imos parceiros, os cavaleiros das ordens religiosasmilitares, testa de frente estratatgica na conquista e consolida#o do territrio, e os

    povos envolvidos na coloniza#o. 8rata+se de uma agitada sequncia de doa#0es,demarca#0es e correc#0es, que envolvem a *rdem dos 'avaleiros do 6ospital de:erusalm, a *rdem dos 5obres 'avaleiros do 8emplo de :erusalm, a -iocese e 9ispo

    de 4gitania, o 'oncelho e povos de ;danha e o 'oncelho, povos e senhorio de Abrantes.

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    Aprimeira das doa#0es de que consta notcia e demarca#o o vasto territriode ;danha doado aos hospital"rios em 11E=, por -ona 8eresa, que se iniciava na zona de8omar, descia ao 8ejo, subia depois pelo 4rges at % latitude da Cuarda e voltava porArouce a 8omar. A demarca#o deste territrio, que poderia ento considerar+se

    praticamente ermado, denomina+o com o ttulo de civitas gitaniae, tornando claro que

    se tratava da invoca#o do territrio do antigo municpio ou diocese romano+visigtico,pelo menos abstractamente concebido. 4m 11=>, uma vasta por#o nas duas margens do8ejo, a maior parte ermada ou na posse dos mu#ulmanos, mas integrando a anteriordoa#o aos hospital"rios, foi doada por -om Afonso 6enriques, que no confirmou adoa#o de sua me, aos templ"rios, prevendo um papel determinante dos mongescavaleiros do 8emplo na transposi#o do rio pela conquista e na defesa estratgica dosseus passos.

    Na sequncia porventura do incumprimento das condi#0es de doa#o por partedos templ"rios, ou porque foram incapazes de a se implantarem, o domnio foi+lhesretirado e em grande parte doado aos hospital"rios em 112L, j" por -om ancho, com ottulo de &uidintesta.

    A 6erdade de &uidintesta constitua um domnio de dimens0es quaseinconcebveis, de importncia estratgica regional incomensur"vel, que se estendia de9elver % confluncia do ever, integrando )isa e 'astelo de ide, mas e&clua um

    pequeno alfoz de ;danha, agora remetida quase % sua dimenso como futuro concelho./as dois anos depois a vasta doa#o de &uidintesta drasticamente reduzida com novadoa#o aos templ"rios da 6erdade ou territrio daA@a$a, ouA'a$a, que reproduz, come&cluso de um breve territrio adjacente a 9elver, a doa#o de &uidintesta aoshospital"rios, estendendo+se todavia para

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    sobretudo, que com eles confinavam e se envolviam em pleitas de e&tremas epossess0es e para os quais, % parte as breves demarca#0es constantes dos forais, poucadocumenta#o se conservou, mesmo nos arquivos municipais (G!.

    Este era, do ponto de vista documental, o primeiro empreendimento quedeveramos tomar em mos, o do invent"rio da documenta#o medieval respeitante %

    instala#o dos domnios das ordens militares no territrio tagano. 5orque a suainstala#o assumia uma dominante estratgica e militar, associada a estruturadas formase inten#0es de povoamento, e&plora#o de recursos e ordena#o do territrio, notrabalho com esta documenta#o perscrutaramos muito do que ainda estava vivo noterritrio como vestgios da ordem antiga, que devia remontar, pelo menos, a perodovisigtico e da romaniza#o plena. 4 isto respeitava % estrutura vi"ria, aos equipamentosrurais, % vegeta#o domstica e ao estado da floresta#o, % distribui#o do arroteamentoe at % reposi#o dos limites das novas doa#0es em coincidncia com os das velhasinstitui#0es territorias. Bm dos fenmenos que havia que compreender, na medida do

    possvel, era a reserva imposta pelos primeiros reis sobre o castelo de Abrantes, sempree&cludo de qualquer doa#o (H!.

    Anavegabilidade do 8ejo e a rela#o do territrio com o tr"fego fluvial assumia,no que respeita % abordagem documental, aspectos muito particulares. )o que tocavaaos primeiros sculos da monarquia, a informa#o parecia muito confinada a esparsasinforma#0es nos itiner"rios reais, nas crnicas, no e&erccio de alguns direitos de

    portagem e de ta&a#o de pescado consignados nos forais e doa#0es. * problemacoloca+se com dimenso quando 3ilipe ;; encomenda um importante invent"rio dascondi#0es e estruturas de navega#o do rio e o projecto do seu melhoramento num tro#o

    previsvel at 8oledo. A ideia parece surgir com a prepara#o do assdio naval % Cr9retanha, Armada ;nvencvel, coordenada com a hiptese de abastecimento da frotaestacionada e preparada na barra do 8ejo a partir de /adrid (>!. A partir de ento,sobretudo durante os sculos @;;; e @;@, a navega#o e a navegabilidade do 8ejocome#a a ser o tpico de m$ltiplas abordagens coreogr"ficas e econmicas, mas aindano domnio da engenharia, da silvicultura, da hidr"ulica (=!.

    1m 8ejo naveg"vel em continuidade em grandes e&tens0es, de

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    de apoio % navegabilidade que detectaramos no decurso da prospec#o de campo, comoo sirgadouro que se estende, sobranceiro ao rio e magnificamente empedrado, desde ocais da barca da Amieira at, pelo menos, % 9arragem de 3ratel, ou o canal que corrigiao tra#ado do curso do rio, eliminando+lhe a curva, em frente da *rtiga(J!.

    ,dentificadas as linhas fundamentais da abordagem documental, havia que

    estruturar um plano de procedimentos, quer no domnio da recolha e pesquisa, nosentido de inventariar e estruturar itiner"rios documentais e bibliogr"ficos tem"ticos,quer no domnio da abordagem e&austiva e recolha de dados da investiga#o.;ntern"vamo+nos aqui num territrio vazio, em que quase tudo tinha que ser erguido deraiz. 4m 5ortugal, salvas raras e&cep#0es, rareiam os empreendimentos de organiza#oda informa#o bibliogr"fia, itiner"rios tem"ticos que permitam uma visita eficaz ao caosdo trabalho monogr"fico. Quando se inicia um estudo, o trabalho de constitui#o dositiner"rios documentais inicia+se quase sempre do zero absoluto.

    Adocumenta#o medieval que poderia ser utilizada no domnio do estudo dahistria da ordena#o territorial, nunca foi entre ns e&plorada, com critrio, nessesentido.

    Estudos de fundo, consistentes, sobre o elenco de problemas que prop$nhamosno e&istiam.

    A este estado de coisas, no que respeitava % documenta#o bibliogr"fica ehistoriogr"fica, sobrepunha+se o panorama confrangedor da informa#o arqueolgica.

    A actividade arqueolgica pouco tem adiantado, em termos de abordagemsistem"tica, aos problemas que podem atribuir, mesmo para conte&tos cronolgicos eculturais restrictos, um significado coerente % rela#o humana com o territrio.;nterven#0es muito polarizadas em fun#o da caracteriza#o dos lugares de interven#o,sem tentativas de associa#0es que permitam a identifica#o de universos decaracteriza#o cultural ou territorial, com uma grande apetncia para a escava#o deestabelecimentos romanos, sobretudo nos estratos mais acessveis que so os daimplanta#o das villaede perodos j" adiantados, que se esgotam no registo de materiaise estruturas, num cultivo estril da sua monumentalidade ou raridade, ou investindo nacaracteriza#o, muitas vezes meramente especulativa, de aspectos da vida social eeconmica da comunidade estabelecida no local de interven#o, sem associa#0esconsistentes ao envolvimento territorial e cultural (2!.

    No curso do rio, nomeadamente nas "reas mais transbordantes, a acumula#o delodos e detritos fluviais, a eroso, natural e humana, e a sucessiva desconfigura#o dosacidentes topogr"ficos, impedem a detec#o de eventuais estruturas de navegabilidade etornam difcil o acesso %s ocupa#0es mais remotas, subterradas porventura em

    profundidade (1K!. )as serranias e terra#os levantados sobranceiros, as recentes

    campanhas de floresta#o, que afectam j" uma percentagem alarmante do territrio,impedem a detec#o e acesso %s ocupa#0es de altitude, reduzindo muitas a destro#os.As implanta#0es de altitude ainda detect"veis e que e&ibem uma presen#a

    insinuante, invocando o real aspecto e papel estratgico do territrio, so as que seescondem e presumem nos lugares que foram escolhidos para erigir povoa#0esfortificadas durante a ;dade /dia, como Abrantes, 9elver, Amieira, ?odo, )isa (aelha!. e a sua implanta#o no oferece d$vidas, pouco se tem feito no sentido de criaras condi#0es para interven#0es arqueolgicas coerentes e sistem"ticas, que chocamsempre com os critrios e interesses da urbaniza#o e desenvolvimento urbano.

    Adescoberta para a arqueologia, no fim da dcada de =K, do comple&o universodas gravuras do 8ejo e o interesse que pelos seus terra#os sempre denunciaram as

    equipas dos ervi#os Ceolgicos de 5ortugal, umbilicalmente inclinados para diversaspocas da 5r+6istria, detrminou uma especial aten#o sobre as pocas recuadas da

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    ocupa#o do territrio tagano. -e

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    Notas

    1. /anuel de 'astro )unes, vora, Territrio,, 4di#o da 3unda#o para o 4studo e 5reserva#o do5atrimnio 6istrico+Arqueolgico, Abrantes, no prelo.

    /anuel de 'astro )unes,As Covas de Montemuro, *oticia "rinceps,, Dvora, 122G.E. A an"lise detalhada do repertrio documental respeitante a esta sucesso de doa#0es objecto docaptulo VI,a, Abordagens monogr!$icas espec$icas, -s limites dos territrios medievais de A'a$a5&uidintesta e concelhio de Abrantes. A consta a bibliografia elementar.

    A compreenso das condi#0es histricas em que esta sucesso se insere, bem como dascondi#0es em que sucessivamente anteriores doa#0es a hospital"rios so logo objecto de novas doa#0esaos templ"rio e vice+versa, constituem uma questo ainda sem resolu#o na historiografia portuguesa,fazendo todavia prever comple&as situa#0es de litgio que as prprias ordens, atravs de sucessivasdepura#0es nas suas chancelarias e cartrios, foram apagando da memria. Alguns dos processos atravsdos quais os cartrios das ordens religiosas e militares procediam % reconstru#o da sua memriahistrica, concluem+se dos aparatos crticos relativos %s crticas de legitimidade operados pelosespecialistas sobre documentos ou corporadocumentais. Bma boa li#o nesta matria, constituem osresultados do inqurito diplom"tico de 1G1J sobre o cartrio templ"rio, apreendido aps a e&tin#o daordem em 1G1E.?ui de Azevedo, Documentos Medievais "ortugueses, olumes ;, ;; e ;;;, (-ocumentos ?gios!,Academia 5ortuguesa de 6istria, 12HKS12=E. olume ;;;, rubricas @ e G1L.G. Bm caso que nos interessa, porque envolve a determina#o da evolu#o dos limites do territrioabrantino, envolvendo poderosas institui#0es como a 'asa de 9ragan#a e a *rdem do 6ospital, ointermin"vel contencioso acerca da posse e limites dos territrios do :ulgado de /argem e

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    impedindo o assoreamento. Aparentemente, os empreendimentos e projectos que cita so ainda os deAntonelli.

    A partir de ento, h" que situar o projecto de 3rancisco @avier 'abanes, desde 1JE1, incluindo aviagem de reconhecimento de Aranjuez a >,e&emplar raro, guardado na 9iblioteca )acional sob a cota '.'. 2LHSS1+J ?, com o interesse de sobre as

    prprias folhas impressas se ter procedido % marca#o de v"rios projectos de interven#o, nomeadamentede canais e sirgadoiros. Us oito folhas acresce ainda outra, com o levantamento pormenorizado de dois

    pequenos lan#os e os respectivos perfis de nvel, para projec#o dos canais de 9ra#os no ?odo e de to

    Antnio em Alvega. As folhas correspondentes a cidades como Abrantes e antarm inserem belasgravuras com perspectivas dos aglomerados urbanos, tomadas do rio. Ao territrio em estudo interessamas folhas 1, de ila elha a Amieira, E, de Amieira a *rtiga, G, de *rtiga a Abrantes e H, do 5orto de'erejeira a ila )ova da 9arquinha.

    -e destacar aindaT3ranciosi, '.,Apontamentos sobre a navega';o do Tejo de Villa Velha a Vallada, Gstudos choreographicos5 phisicos e hidrographicos da bacia do rio Tejo, de /. :. Cuerra,

    , faz+se referncia a uma demanda

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    intentada pelo 5rior 3rei Plvaro Con#alves 'amelo contra -om :oo ;,por lhe ter m;dado derribar hunscann;es 7ue a hordem tra@ia no Tejo5 na $o@ da 3ibeira diras . e a localiza#o deste canal fosserigorosamente e&acta no documento, hoje estaria infelizmente submerso nas "guas da 9arragem de9elver. e pensarmos contudo que a primeira demarca#o da 6erdade de Cuidintesta determina

    parado&almente que, iniciando+se os termos pela cumeada do ?osmaninhal, entre as ribeiras de 9oas4iras e 4iras, entestando a com o 'astelo de Abrantes, volta por dentro do 8ejo, depois do seu priplo

    pelos territrios da margem )orte, at Alvega, podemos concluir que este canal aquele que cortava acurva do 8ejo defronte de *rtiga. er ;;;.E.2. Bm bom panorama de sntese sobre as sistematiza#0es que a arqueologia pode operar sobre oamontoado de dados desorganizados de que disp0e para a abordagem ao territrio em an"lise, resulta daavalia#o deA Ar7ueologia no Vale do Tejo, publica#o do -epartamento de Arqueologia do ;nstituto5ortugus do 5atrimnio 'ultural, coordenada por Antnio 'arlos ilva,

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    )o mbito das actividades para a elabora#o da Carta Ar7ueolgica do Concelho de Abrantes,no prelo, :oaquim 'andeias da ilva, 3ilomena Caspar e Plvaro 9aptista tm no apenas detectadomuitos novos locais de implanta#o em perodo romano, como intervido em alguns. *s resultados no soainda conhecidos, mas agrade#o a Plvaro 9aptista toda a informa#o que me prestou, bem como o ter+mefacultado a leitura do seu livro Carta Ar7ueolgica do Concelho de Const2ncia, edi#o da 3unda#o parao 4studo e 5reseva#o do 5atrimnio 6istrico+Arqueolgico no prelo, com equivalentes dados para o

    respectivo 'oncelho.* panorama epigr"fico romano tem sido abordado de forma sistem"tica e criteriosa por :osdY4ncarna#o, com a colabora#o de investigadores locais. 4ncarna#o, :os dY e ilva, :oaquim 'andeiasda, Cat!logo da pigra$ia 3omana de Abrantes, separata deAbrantes 8 Cadernos para a 1istria doMunicpio, Abrantes, 12JEF 4ncarna#o, :os dY e 'arvalho, ?ogrio, Belver ao tempo dos romanos,Associa#o -istrital de 5ortalegre, 5ortalegre, 12JHF 4ncarna#o, :os dY, pigra$ia romana do Concelhode *isa, 'mara /unicipal de )isa, )isa, 12JL. Ainda de ilva, :oaquim 'andeias da, pigra$ia romanade Abrantes5 7uatro te+tos em 7uest;o, in Trebvna, 'astelo 9ranco, 12J>.11. 5erspectivas de sntese sobre a arte rupestre do 8ejo e sobre as industrias lticas do 5aleoltico, parano citar o vasto panorama bibliogr"fio sobre os assuntos, em ?aposo,

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    5erspectiva sobre a denominada cultura de Alpiar#a, /arques, A. e Andrade, C. /., Aspectos da"roto81istria do territrio portugu?s, , De$ini';o e distribui';o da cultura de Alpiar'a =Idade do4erro>, Actas do ;;; 'ongresso )acional de Arqueologia, ol. ;, 5orto, 12LHF /oura, /. 3., "aisagemc!rsica e povoamento 8 Contribui';o para o estudo da distribui';o espacial das esta'

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    ,. b. 1m e"is#dio "aradigmtico.

    Corria j" o ms de /ar#o do perodo de e&ecu#o deste programa, quando,tentando compreender a rede de caminhos que se pareciam estruturar em torno de

    Amieira do 8ejo, em v"rias direc#0es e com v"rios destinos, e, sobretudo, detectar ocurso de um caminho que parecia conectar o passo do rio em ila elha com o deAbrantes, correndo pela margem do esquerda do 8ejo e transpondo a ?ibeira de3igueir entre Albarrol e Amieira, sobre uma bela ponte r$stica cuja f"brica nos levar" aconstituir uma tipologia especfica de edifica#0es romanas, nos interess"mos pela?ibeira de Alferreireira.

    A ?ibeira de Alferreireira constitui um dos mais agrestes vales da baciahidrogr"fica da margem esquerda do 8ejo, correndo por um sinuoso vale rasgado entreravinas profundamente escarpadas, sobretudo no tro#o dos seus $ltimos trsquilmetros, at verter as suas "guas no rio, a cerca de trs quilmetros a *este+udoeste de Amieira e outro tanto a )oroeste de Cavio, nas coordenadas B8/ 2=.G @

    LE.>. 8oda a regio foi alvo de densas floresta#0es de eucaliptos e o tr"fego torna+se porvezes praticamente invi"vel, sobretudo porque os velhos caminhos assinalados nacartografia militar desapareceram tragados pela floresta e os acidentes nela registados,quer os naturais, quer os resultantes da humaniza#o, so na sua maioria invisveis.

    Tnhamos a certeza, porm, que a ?ibeira de Alferreireira haveria de sertransposta por qualquer estrutura perene entre Amieira do 8ejo e Atalaia, para darcontinuidade ao caminho que se desenvolvia seguramente desde Albarrol a Amieira edepois, nitidamente visvel ao partir de Amieira, em direc#o a Atalaia e %s imedia#0esde Cavio. A, haveria de se repartir em direc#o ao passo do rio em 9elver, para )orte,e em direc#o a Abrantes, para *este.

    Aimportncia de Amieira do 8ejo nas via#0es pela "rea ribeirinha da margemesquerda do rio ainda h" de ser tratada com detalhe ao longo deste trabalho. /as o que certo que partimos ento para o territrio inspito das barrocas da ?ibeira deAlferreireira em demanda de uma ponte. /uito pen"mos. 5assados alguns dias dedeambula#0es sempre interrompidas por qualquer acidente inesperado, j" sabamos, porinforma#o da gente local, que a ponte e&istia e aonde e j" a tnhamos cartografado na

    jun#o da ?ibeira do ale de Azenhas com a de Alferreireira, nas coordenadas B8/2J.G @ =2.J. )o constava da cartografia militar nem de qualquer outra, o que constituaum pequeno mistrio intrigante.

    Munimo+nos sucessivamente de guias, mas nenhum, mesmo os que conheciammelhor a regio e nela haviam passado a infncia e juventude, nos conseguia levar %

    ponte, pois toda a regio envolvente se encontrava embebida num matagalimpenetr"vel. )o havia qualquer caminho que nos conduzisse ao buclico valeverdejante, polvilhado de dezenas de azenhas, que apresentava profundas marcas dehumaniza#o, com os socalcos ainda bem marcados. *s nossos guias garantiam+nosque, cerca de quarenta anos atr"s, aquele vale era um corrupio de gentes, a moer, alavrar as terras, com as bestas a calcorrearem caminhos e veredas carregadas de sacosde farinha e os rebanhos a pastarem pelas encostas.

    Cerca de trs semanas depois, l" encontr"mos em Amieira o guia que finalmentenos conseguiu colocar sobre a ponte. 8udo parecia irreal. A ponte jazia intacta sobre aribeira, uma slida ponte de alvenaria de pedra mi$da de &isto bem argamassada,semelhante % da ?ibeira de 3igueir que j" referi e a umas boas dezenas de outras que se

    espalham pela regio. /as ligava duas margens escarpadas em talude, em que nem erapossvel, j", identificar qualquer tra#o de caminho. 5ara a alcan#ar foi necess"rio descer,

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    quase a rastejar, uma ravina. Bma pequena depresso indicava, em cada margem, que ocaminho talvez pudesse correr, quase ao lume de "gua, por entre os fraguedos,acompanhando o curso da ribeira, na margem direita para jusante e na esquerda paramontante.

    Onosso objectivo no , obviamente, relatar apenas um episdio rocambolesco,

    que compense o tdio do leitor que tiver que diglutir a prosa "rida deste relatrio.Aponte e os equipamentos rurais, moinhos e hortas, canos e levadas, que jazemem runas junto da confluncia da ?ibeira do ale de Azenhas com a ?ibeira deAlferreireira, hoje quase inacessveis, so apenas um paradigma, como o poderiam seras pequenas povoa#0es abandonadas de o 5edro, junto da actual de 'ho da elha a

    )oroeste de )isa, e de /onte 'imeiro, junto das de o imo e 5 da erra.Oabandono da ponte de Alferreirera tem cerca de quarenta anos. /as tudo nos

    leva a crer que, tanto ela como as azenhas que povoam as margens, at porquedefendidas da eroso humana porque inacessveis, se erguero como espectrosinclumes durante cerca de duzentos ou trezentos anos, ou mais, se no ocorrerqualquer catastrfica revolu#o natural no planeta, no sistema ou na gal"&ia. /as

    porque a fractura civilizacional iniciada com a revolu#o industrial tornara j" estesequipamentos anacrnicos antes porventura de serem edificados, ningum pensar"

    jamais em resgat"+los.Eimaginemos ento o povoador medieval, no culo@;;; e @;, reconhecendo

    o territrio ermado, entregue j" %s feras e tragado por silvedos, fazendo o recenseamentodos bens materiais e dos recursos que lhe haviam de facilitar o estabelecimento e queremontavam, muitos, ao perodo romano. Bma ponte, um caminho, um moinho, umaazenha, uma ermida, uma manso, uma morada humilde perdida sobre um cabe#o,

    porventura j" sem cobertura, mas de paredes slidas, que com pouco esfor#o poderiaremendar. 5or vezes, apenas uma pedra bem talhada. Aos poucos recuperaria umterritrio humanizado pejado de invoca#0es de gera#0es passadas, %s quais porventuranem tinha qualquer vnculo tnico ou cultural.

    Eo que no se perderia, com certeza, seriam os nomes que so, estranhamente,as marcas mais inclumes de um territrio humanizado.

    /ubitamente, o novo domnio reconhecer+se+ia numa teia minuciosa detopnimos que respeitavam a vestgios materiais significantes de gera#0es passadas, nainvoca#o dos quais os novos povoadores fundariam os seus novos vnculos aoterritrio.

    Ora, foi no acto desta reapropria#o e do seu registo que estes vestgios puderampassar % 6istria e que, agora e atravs dela, os podemos resgatar para a arqueologia.

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    ,,%lano de abordagem

    -isp$nhamos agora de um elenco de temas e de um territrio previamentedelineado. 3izramos tambm op#0es fundamentais no que respeitava % identifica#odos procedimentos e da sua sequncia. 6avia que converter este prvio trabalho desntese num programa preliminar de trabalhos que preparasse, recolhendoe&austivamente dados seguros, formular um projecto de abordagem m$ltipla com longadura#o.

    Esta fase preliminar deveria ter a dura#o de seis meses e como resultado aformula#o de um relatrio que apresentasse linhas de trabalho seguras e bemfundamentadas. -everia ainda apresentar percursos de solu#o, mais ou menos

    definitiva, para um elenco de problemas fundamentais.,ria distribuir+se, predominantemente, por dois tipos de procedimentos. A visitasistem"tica do territrio, orientada pela tentativa de identifica#o dos vestgios detr"fego vi"rio, fluvial e terrestre. A constitui#o de um itiner"rio documental e

    bibliogr"fico de abordagem aos problemas recenseados.%ara levar a cabo este programa estabelecemo+nos em )isa. * estabelecimento

    em )isa tinha como mbil a pro&imidade em rela#o ao ponto onde /"rio aa quiseralocalizar um dos tpicos mais arrevesados da demarca#o do domnio templ"rio deA#afa, que desde logo, como jurisdi#o territorial, nos captivou a aten#o, o mosteiro de

    Alpalantri. * estudo do envolvimento do lugar, centrado na identifica#o do significadoterritorial da implanta#o do estabelecimento, mas, sobretudo, de um velho caminho que

    lhe corria adjacente e que nos parecia desde logo estrategicamente conectado com umaimportante rede vi"ria regional, que integrava a estrada da 'umeada, a dita via deAmaia, a vereda da )ardinheira e v"rios circuitos ainda activos recentemente queconectavam os n$cleos de povoamento regionais, )isa, /ontalvo, 5voa e /eadas,Alpalho, 'astelo de ide, e que uma primeira an"lise de estruturas nos fazia remontarao perodo romano, logo nos convenceu a elaborar um programa que irradiava de )isa.

    Ofacto de termos iniciado a nossa campanha em )isa, devemos confess"+lo,trou&e+nos porm algumas dificuldades, de natureza operacional, mas tambmemocional e afectiva. 5or um lado, aquilo que, % partida, identific"vamos no territriode )isa e posteriormente nos de 'astelo de ide, Cavio e Amieira, em termos de,digamos, pureza ambiental, tocou+nos profundamente. 4st"vamos perante um territrio

    ecologicamente muito equilibrado, e&cluindo as bolsas de floresta#o industrial, que senos apresentava com a for#a de invoca#0es imediatas % sua configura#o desde pocasmuito remotas, em que os vestgios saltavam % vista, mesmo na forma como ainda hojese relacionavam com a comunidade e a sua implanta#o no territrio. Preas como a docurso da ?ibeira de ale de obrados, os altos da 'ruz dO*uro e o 5orto dos 'avaleiros,no 'oncelho de 'astelo de ide, como o /onte elho e a 8orre do Azinhal, no de/arvo, a

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    Adisperso para o territrio e&tenso, que atingia 'onstncia nos seus limites,talvez nos tenha impedido de e&plorar at %s $ltimas consequncias as potencialidadesde um territrio com condi#0es de leitura muito lineares e imediatas, a que conferimos,de resto, importncia estratgica na e&perimenta#o de metodologias de observa#o./as imp7s+nos a concep#o de um territrio e&tenso, para que havia que procurar

    solu#0es de continuidade, ou de ruptura.$oi assim que a nossa campanha partiu de *riente para *cidente. -o territriode )isa para os de 'astelo de ide e /arvo primeiro, no estabelecimento dos tpicosdas demarca#0es dos domnios templ"rios e das linhas de tr"fego que lhes andavamassociadas, em demanda tambm dos limites vagos do territrio ariciense. -epois, emevolu#o consequente para Alpalho, /onte 'laro, Amieira, Cavio, at Abrantes.

    Confessemos ento que, na passagem de Cavio para Abrantes, nos atol"mosverdadeiramente. ;ntua+se mais do que se confirmava a importncia do territrio nahistria dos homens. /as no esperemos encontrar a os vestgios imediatos e quaseinclumes que se nos deparavam a *riente. A eroso natural dos aluvi0es taganos e ahumana de uma pr"tica intensiva da agricultura e, sobretudo da massiva floresta#o

    industrial, impedir+nos+o o acesso, a leitura, a identifica#o e a destrin#a dos vestgiosarqueolgicos. ;mpedem+nos sobretudo o acesso aos estratos mais profundos, mesmodos que devem ser observados na paisagem. *s recursos que seriam necess"rios pararemover os estratos mais superficiais, nomeadamente aqueles que respeitam %configura#o da paisagem fsica e humana, so impossveis de reunir. 5oderamosalguma vez pensar em transportar para os aluvi0es do 8ejo de Abrantes os recursosmobilizados pela interven#o que o ;nstituto Arqueolgico de 9erlim tem levado a cabonos aluvi0es do estu"rio do CuadalquivirI

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    ,,.a. A visita sistemtica ao territ#rio3 as suas linhas de orientao e a sua"rogramao.

    Abarcar no espa#o breve de seis meses, atravs de uma visita orientada para

    diversos quadros de observa#o, um territrio com a vastido do que se nos haviaimposto, e&igia um programa detalhado de que constassem op#0es que o dotassem deefic"cia e e&equibilidade. A primeira dessas op#0es foi a de orientar a visita ao territrio

    pela tentativa de identifica#o do curso dos caminhos a que se atribua previamentemaior antiguidade e mais profundo significado territorial.

    4 partida, estabelecemos uma nomenclatura e&perimental que ordenasse oscaminhos, ou mais propriamente os percursos, que poderiam mesmo originar mais doque um caminho contguo ou derivante, mas com a mesma orienta#o e destino, deacordo com a sua implanta#o territorial. 'onstitumos a seguinte nomenclaturaT1.'aminhos transfluviais, considerando todos aqueles que transp0em o ?io 8ejo, noslocais tradicionalmente prprios % sua transposi#o. 4ste tpico respeita no s aos

    caminhos que transp0em o rio numa lgica imediata de circula#o linear na orienta#o)orte+ul, cumprindo destinos longnquos e transterritoriais, como aos que operam asociabilidade entre as duas ribeiras do rio, conectando as duas margens do territriotagano, cumprindo destinos curtos. 4ste tpico envolvia a an"lise detalhada dos indciosde estruturas de transposi#o. /as tambm a constitui#o de uma hierarquia que

    pudesse constituir, no quadro de uma "rvore estrutural, os troncos de onde a seivadivergia pelas ramadas at %s folhas.E. 'aminhos ribeirinhos, considerando aqueles que se desenvolvem noacompanhamento, mais ou menos longnquo, das margens do rio, estabelecendosociabilidades profundas dentro do territrio ribeirinho e conectando v"rios percursos detransposi#o. 8ambm neste caso sabamos que inseramos num mesmo tpico danomenclatura caminhos e percursos com um cunho marcadamente micro+territorial, queserviam e&clusivamente a sociabilidade curta entre "reas estratgicas da sociabilidaderibeirinha e a conec#o entre os pontos de transposi#o fluvial, e os caminhos de longocurso que serviam a sociabilidade e&tensa e transterritorial, como o caso dos percursosromanos de Vlissipoamerita, a 4strada ?eal de Abrantes ou a denominada Vereda da)ardinheira. 4ste tpico envolvia a an"lise detalhada dos indcios das estruturas detransposi#o fluvial de uma complicada rede hidrogr"fica adjacente ao ?io 8ejo, umacomplicada teia de ribeiros e ribeiras.G.4struturas e vestgios de estruturas de navegabilidade, que permitissem ilustrar ascondi#0es e a lgica do tr"fego fluvial. )este caso tratava+se de identificar no apenas

    as estruturas especficas de navegabilidade e os equipamentos associados ao tr"fegofluvial, mas tambm os vestgios de povoamento, nomeadamente romano, cujaimplanta#o parece associada ao tr"fego fluvial, embora se possa associar a outros

    percursos. 4sto neste caso os vestgios de ocupa#o romana em Alcolobra (anta/argarida da 'outada!, 'idade da 4scora (/ontalvo! e da regio imediatamenteribeirinha de *rtiga e Alvega.

    Tratava+se ento de constituir um elenco prvio e provisrio de caminhos delongo curso e de ir estabelecendo, em seu redor, a rede dos caminhos complementares,de acesso restrito, de desvios e alternativas. A metodologia, no essencial, consistia em

    percorrer tanto quanto possvel todos os tro#os visveis de um elenco de caminhosidentificados atravs de indicadores v"riosT recolha documental e bibliogr"fica, recolha

    de informa#o oral, an"lise de cartografia e documentos de observa#o remota(fotografia area!, detec#o no terreno. 'oncomitantemente, proceder+se+ia % visita do

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    territrio adjacente aos itiner"rios percorridos, tentando caracterizar todos os indcios depovoamento associ"veis a um percurso, coordenada tambm por m$ltiplos indicadores,desde a informa#o documental e bibliogr"fica, % an"lise cartogr"fica e % observa#odirecta do territrio.

    Ovasto territrio em an"lise apresentava, no que respeita %s condi#0es de visita

    e % previsibilidade dos seus resultados, caractersticas diferenciadas. )o fundamental,patenteavam+se trs grandes "reas. Bma primeira "rea constitua+se nas terrasplan"lticas de vegeta#o e agricultura tradicional e&tensiva, que se estende daconfluncia do ever no 8ejo at %s imedia#0es de Alvega, de f"cil visita e observa#o,em que os vestgios, quer de circula#o vi"ria, quer de coloniza#o, se apresentam maisvisveis, com a vantagem de se apresentarem conformes com o registo emdocumenta#o eficaz na observa#o macroscpica e planifica#o da visita, cartografia elevantamentos fotogr"ficos areos, pois pouco se alterou, desde ento, a suaconfigura#o. )esta regio encai&am+se n$cleos de floresta#o industrial recente,

    pinheiros e eucaliptos, por vezes em "reas bastante e&tensas, nomeadamente nasbarrocas do 8ejo e nas confluncia das ribeiras e ribeiros que nele vertem. o zonas de

    difcil visita, profundamente desconfiguradas pelos surripos, em que os vestgios,mesmo os mais marcantes, raramente sobreviveram. 3inalmente, toda a "rea ribeirinhade desborde do leito do rio e de acumula#o de aluvi0es, muito sensvel tambm %eroso humana provocada por sculos de pr"ticas de agricultura intensiva, desde 8ancosa Alvega, com e&cluso das altitudes de 'onstncia, 8ramagal e ?io 8orto e *rtiga e/ouriscas, todavia afectadas por uma intensa eroso humana.

    Aperiferia de )isa, sobretudo na orienta#o 4ste e udeste, apresentava aindaalgumas dificuldades relacionadas com o emparcelamento e a natureza das estruturas deveda#o e demarca#o, de difcil transposi#o, obrigando+nos consecutivamente ainterromper percursos de trnsito, contornando obst"culos por vezes impossveis detranspor.

    Avisita iniciou+se ento coordenada pela identifica#o, na zona de )isa, doscircuitos e&tensos que estruturavam o tr"fego regional. *s percursos de cursolongitudinal que, de Abrantes, na margem ul do rio, haveriam de constituir os

    percursos alternativos e complementares dos dois itiner"rios imperiais dirigidos a/rida, o deAbalterivme o de Aritivm, com as suas deriva#0es. *s percursos comorienta#o do ei&o da latitude, de transposi#o do curso do rio, que nesta "rea haveriamde ter como orienta#o a&ial o tr"fego em direc#o ao territrioIgaeditaniensis.

    -esde logo, a observa#o cartogr"fica, a visita do territrio em pontosestratgicos e a informa#o oral recolhida junto de bons guias para a regio, levava+nosa identificar, fundamentalmente, duas grandes linhas de tr"fego no sentido longitudinal,

    em rela#o %s quais era bvia uma comple&a rede alternativa e complementar. 4stespercursos estavam activos ainda em poca bastante recente, em v"rios tro#os, servindouma comple&a rede de sociabilidades locais e regionais, entre Alpalho, Arez, /onte'laro, )isa, 5voa e /eadas, 'astelo de ide e derivando, no aproveitamento decruzamentos com os percursos de orienta#o a&ial no sentido da latitude, para Amieira e/ontalvo. Bma destas linhas andava correntemente denominada, por imiscui#o deeruditos regionais que a visitam frequentemente, como Via de Amaia, transportando

    para o objecto real uma nomenclatura repescada em /"rio aa, que nas imedia#0esfazia passar uma estrada que procederia de Abrantes, alternativa% 4strada ?eal, e cairiana Ammaia, contornando pela vertente ocidental das eleva#0es da Brra (1!. A Via de

    Amaiano respeita a qualquer objecto concreto e resultado da vontade racionalizante

    /"rio aa, "vido na empresa de fazer coincidir os objectos concretos, que conhecia emprofundidade, com os tpicos dos itiner"rios e das cosmografias. * que certo que

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    e&iste um velho caminho que, procedendo de Abrantes, ou de *cidente pela margemul do 8ejo, irrompe a )ordeste de )isa, procedente de /onte 'laro, vence a ?ibeirade )isa num interessante topnimo,

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    povoamento e do tr"fego, para lhes tra#armos o retrato funcional ou cronolgico, seminvestimentos que ultrapassavam os alcances temporais e os recursos desta campanha.

    A cartografia consequente e e&austiva dos dados, edificando tro#os entovisveis em continuidade, definindo os fenmenos de povoamento adjuntos e a suaconfronta#o metdica com os dados recolhidos na pesquisa documental,

    complementariam esta opera#o.As formas especficas da e&ecu#o podem ser acompanhadas pela descri#oe&austiva da campannha, que se segue. /esmo nos acidentes de percurso, nas d$vidas,nas correc#0es, nos obst"culos que obrigaram % suspenso ou abandono de alguns

    procedimentos. *s resultados vo sintetizados nos captulos seguintes e na cartografiaane&a.

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    ,,.b. A constituio dos itinerrios documentais e bibliogrficos.

    * trabalho de levantamento documental e bibliogr"fico era, % partida, a mais

    gigantesca das tarefas que nos prop$nhamos para esta fase preliminar. 8nhamos aconscincia, para mais, de que a disperso das "reas em que necessitaramos de intervir,desde a reconstitui#o cadastral, a historiografia geral e monogr"fica, a arqueologia, acartografia, a geografia natural e humana, aos invent"rios meramente cumulativos de

    patrimnio artstico e arqueolgico, nos obrigaria a uma disciplina rigorosa e %elabora#o de um plano organizado que estruturasse a recolha. -epois, a recolha no seesgotava na mera seria#o cumulativa e na sua organiza#o em itiner"rios tem"ticos,mas havia desde logo que proceder ao tratamento final e an"lise de muita documenta#o

    bibliogr"fica, no sentido de recolher dados substanciais que orientassem a formula#o,mesmo preliminar, dos problemas. 4nfim, sabamos tambm que esta tarefa teria que

    prosseguir bem para alm do alcance temporal deste programa, pois so tarefas em que

    muitos esgotam uma vida inteira e ainda transmitem, inacabadas, aos seuscontinuadores durante gera#0es sucessivas.

    5reliminarmente, constitumos a seguinte nomenclatura operacional, queserviria, de resto, na apresenta#o dos resultados da pesquisa.

    Categoria A'artografia e meios documentais de detec#o e observa#o remota.

    A.,.'artografia actual e documentos fotogr"ficos de reconhecimento areo.A.;.1. 'arta /ilitar de 5ortugal, cartas vi"rias, cartas de cadastro, cartas fluviais, etc.A.;.E. 'artografia de registo de resultados de estudos histricos e arqueolgicos. 'artaCeolgica de 5ortugal. 'arta Arqueolgica de 5ortugal. 'artografia monogr"fica.'artografia de reconstitui#o itiner"ria.A.;.G. -ocumentos fotogr"ficos de reconhecimento areo. 3iadas do levantamentofotogr"fico areo na escala de 1 @ E>.KKK. . -ocumenta#o fotogr"fica antiga.

    Categoria 69ibliografia. 6istoriografia geral do territrio.

    6.,.6istoriografia geral do territrio nacional e das institui#0es de estratgico valor

    territorial.9.;.1. 6istoriografia geral do territrio nacional. 6istrias gerais de 5ortugal.

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    9.;.E. 6istria das institui#0es transterritoriais de estratgico valor territorial. 6istriasgerais das ordens religiosas militares. 6istrias das institui#0es eclesi"sticas emon"sticas. 6istrias gerais das institui#0es da administra#o judicial e de jurisdi#oterritorial. 6istrias gerais de administra#o fiscal e aduaneira.9.;.G. 6istrias gerais da evolu#o fsica do territrio e da humaniza#o do territrio, da

    floresta#o, da agricultura, da e&plora#o dos recursos mineiros.

    6.,,.6istoriografia geral do territrio regional.9.;;.1. 6istoriografia geral das institui#0es administrativas regionais. 'oncelhos,

    julgados, comarcas.9.;;.E. 6istoriografia geral das institui#0es fiscais e aduaneiras regionais.9.;;.G. 6istoriografia geral da evolu#o fsica do territrio e da humaniza#o doterritrio regional, da floresta#o, da agricultura e pecu"ria, da e&plora#o dos recursosmineiros e fluviais, da navega#o e do comrcio fluvial.9.;;.H. 6istoriografia geral das institui#0es militares regionais, das pra#as e castelos, dasmovimenta#0es e episdios militares.

    Categoria C9ibliografia. /onografias regionais e tem"ticas de natureza historiogr"fica earqueolgica.

    C.,.4studos arqueolgicos.'.;.1 4studos arqueolgicos de sntese ou tratamento sinttico de dados.'.;.E. ?elatrios de interven#0es arqueolgicas, de escava#o e prospec#o.'.;.G. ;nvent"rios e levantamentos cumulativos.'.;.H. 4studos sintticos ou analticos sobre as estruturas e vestgios de tr"fego vi"rio.;tiner"rios vi"rios.

    C.,,./onografias sobre assuntos da historiografia local.'.;;.1. /onografias gerais de mbito local.'.;;.E. /onografias sobre institui#0es locais da administra#o territorial, judicial, iscal eaduaneira.'.;;.G. /onografias de mbito local sobre a evolu#o dos limites das jurisdi#0esterritoriais. 8erritrios concelhios, freguesias, comarcas, julgados.'.;;.H. /onografias de mbito local sobre a e&plora#o de recursos naturais. Actividademineira, florestal, agrcola e pecu"ria, de transforma#o industrial de recursos regionaise locais.

    '.;;.>. /onografias de mbito local sobre evolu#o das condi#0es de navegabilidadefluvial, equipamentos de navegabilidade e comrcio fluvial.

    -. -ocumentao ar(uiv7stica.

    -.,.;tiner"rios arquivsticos.-.;.1. ;tiner"rio esquem"tico da documenta#o respeitante a assuntos regionais, noArquivo )acional da 8orre do 8ombo e nos distritais de 'oimbra, Dvora.-.;.E. ;tiner"rios dos arquivos concelhios regionais.-.1.G. ;tiner"rios tem"ticos de documenta#o sobre tpicos estruturantes do programa.-emarca#0es cadastrais, doa#0es, invent"rios de propriedade fundi"ria das ordens

    religiosas e dos cabidos e bispos das dioceses de Cuarda, Dvora e 'oimbra.

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    -emarca#0es, doa#0es e invent"rios do patrimnio das ordens militares. -emarca#0esdos limites jurisdicionais das ordens militares, dos concelhos, julgados, comarcas, etc.

    -.,,.?astreio de informa#0es respeitando restritamente ao tr"fego e estruturas vi"rias.

    E. $ontes bibliogrficas.

    E.,.Antiguidade.4.;.1 'osmografia.4.;.E. 6istoriografia.4.;.G. Corpusepigr"fico.

    E.,,.;dade medieval e moderna.4.;;.1. 'osmografia e itiner"rios vi"rios.4.;;.E. 'ronografia.4.;;.G. 6istoriografia militar.

    $. ,tinerrios temticos estruturados de acordo com a nomenclatura temtica do"rograma. Estruturao cronol#gica da informao.

    ,ndependentemente do uso que ao longo deste relatrio faremos de toda adocumenta#o que tivemos que carrear no mbito da formula#o preliminar dos

    problemas envolvidos, os resultados desta pesquisa sero apresentados, de acordo com anomenclatura atr"s apresentada, no Ane8o 6deste trabalho. A pesquisa no poder",obviamente, considerar+se definitiva, mas ser", pensamos, um guia j" operacionalquando quisermos, ns ou algum, prosseguir no desenvolvimento deste programa.

    Como seria de esperar, concentr"mos o nosso esfor#o na pesquisa dedocumenta#o que nos encaminhasse para a solu#o dos problemas especficos a que

    prest"mos mais aten#o, no quadro do alcance temporal deste programa. 4sto nessecaso a evolu#o dos jurisdi#o territorial das ordens militares e dos territriosconcelhios, as informa#0es relativas ao tr"fego vi"rio, a constitui#o de um itiner"riominucioso de fontes para a histria antiga, at ao fim da presen#a romana. ;nteressou+nos tambm uma an"lise detalhada de todos os materiais cartogr"ficos a que pudemoster acesso e a constitui#o de um minucioso itiner"rio cartogr"fico.

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    ,,,-escrio da cam"anha

    ,,,.+. 9aneiro3 $evereiro e Maro de ).***. O Tejo de Amieira ao /ever.

    ,niciou+se a campanha de trabalhos de campo no incio de :aneiro de E.KKK, como levantamento minucioso das estruturas detect"veis, no estabelecimento romano da6erdade de 5ai Anes, no sentido de caracterizar arqueologicamente o local que, na pistade /"rio aa, despertara a nossa aten#o e tom"ramos como ponto de partida.

    -urante cerca de duas semanas, procedemos ao levantamento topogr"fico e aoregisto cartogr"fico das estruturas j" detectadas, % prospec#o da "rea de envolvimento,quer no terreno quer atravs da observa#o remota, cartogr"fica e aero+fotogr"fica,identificando importantes estruturas de ocupa#o numa vasta "rea.

    Os resultados detalhados do levantamento das estruturas e da pesquisa aefectuada, no constaro, por motivos bvios, deste relatrio. Aps o aprofundamentoda interpreta#o das fontes documentais, logo abandon"mos a doutrina de aa, pormotivos que e&poremos adiante. A 6erdade de 5ai Anes, importante estabelecimentoromano, aparentemente de natureza vi"ria, no era o tpico da demarca#o deA'a$a.

    /imultaneamente, procedemos, durante as trs primeiras semanas, % detalhadaan"lise cartogr"fica de um vasto territrio envolvente, incidindo sobre as folhas da '/5nNs G1H, G1>, GEH e GE>, correspondentes a ila elha de ?odo, /ontalvo, )isa e5voa e /eadas, procedendo % realiza#o das primeiras visitas ao territrio, tentandoconferir no terreno os tra#ados hipotticos de v"rias linhas de tr"fego aparentementeestruturantes do povoamento, associadas aos lugares em estudo.

    Oprimeiro percurso visitado com detalhe, porque se associava imediatamenteaos locais especficos onde se projectava intervir, que depois estruturou a visita de umvasto territrio envolvente que se estende de )isa ao ?io ever, foi um caminho antigoque sai de )isa para )ascente acompanhando a actual estrada asfaltada nN G>2, para/ontalvo, divergindo nas imedia#0es da 9roceira e nas coordenadas 1J.J @ L>.> paraa estrada nN GE>+1, para 'astelo de ide pela 9arragem do 5oio. obrep0e+se ao seutra#ado por cerca de setecentos metros, passando na 3onte do 'ego e abandonando+o

    junto % 4sta#o 4levatria do 8arabau, nas coordenadas 12.= @ L>.L, para inflectir a)ordeste, seguindo caminho vicinal ainda activo, passando na 6orta da ?ibeira Crandee transpondo a ?ibeira de )isa nas coordenadas EK.J @ L=.=, num importantecruzamento.

    0neste ponto que este caminho cruza um outro de estratgico impacto territoriale transterritorial, que se desenvolve de )oroeste para udeste, das portas do ?odo para'astelo de ide e /arvo, onde visita a presumida civitas romana de Amaia. 5orinfluncia porventura erudita, sobretudo de /"rio aa, este caminho era conhecido

    pelos nossos guias por Via da Amaia, sem que soubessem e&plicar rigorosamente porque razo. * que certo que desenvolveu importante papel nas via#0es regionais etransregionais, como adiante, quando sintetizarmos estes dados, haveremos de ver.

    Este novo caminho surgia na folha da '/5 nN GEH a udoeste da povoa#o deinagra, sobreposta % 4strada nN >E=+1, nas coordenadas 1=.L @ JE, correndo pela basedo *uteiro de o /iguel, saindo dela nas imedia#0es da inagra, para se ir sobrepor %actual 4strada nN >E=. 8ranspunha a ?ibeira de )isa sobre ponte romana hojedesactivada, que jaz a )ascente da actual, nas coordenadas 1J.1 @ L2.1, subia ao

    povoado proto+histrico de )ossa enhora da Cra#a, ou torneava+o pela base, afastava+

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    se para udeste da 4strada nN >E=, para se dirigir %s imedia#0es da ermida de antoAndr, junto % qual passa a sobrepor+se hoje % 4strada nN G>2, de /ontalvo para )isa,nas coordenadas 12.H @ L=.L. )as imedia#0es de 9roceira, junto % 3onte do 'ego,dirigia+se para )ascente, num tro#o em que acompanhava o velho caminho de/osteiros, para transpor de novo a ?ibeira de )isa no local atr"s referenciado, de onde

    se metia ao ul atravs de um tro#o e&emplar, com o topnimo de Ladeira de 3omaoudo 3oma.-esta passagem sobre a ?ibeira de )isa, destaca+se ento o caminho orientado a

    5oente, que se dirige a 5voa e /eadas pelo /onte de 5ai Anes ou /osteiros, depoisde abandonar a 4strada nN >E>+1 nas coordenadas EE.= @ L>.H, junto do /onte das'hs. 4ntra em 5voa e /eadas, juntamente com o caminho de 'astelo de ide a/ontalvo, nas coordenadas EL.H @ L>.E. -enomin"+lo+emos como Caminho de

    Mosteirose era o caminho antigo de )isa para 5voa e /eadas. Quer dizer que dapovoa#o hoje denominada 5voa e /eadas, mas antigamente s 5voa e sede deconcelho, dirigia+se ainda a

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    e anto Antnio das Areias, no limite meridional. 4ste territrio prolongava+se ainda,como objecto do nosso interesse, num talho que remontava a )orte limitado pelo ?ioever e pela ?ibeira de ide, at % sua conjun#o, pelos altos do 'abe#o do ei&o,5i#arra Alta e 3idalgo. 8ratava+se de por em equa#o v"rios problemas, de diversanatureza, uns tericos e outros resultantes da observa#o do territrio. 'omo se sabe, foi

    no cora#o desta zona, bravia e inspita, plena de apelos tel$ricos, que /"rio aa quislocalizar um dos mais fantasmagricos tpicos das demarca#0es das herdadestempl"rias, o 'astelo de Terronou4erron. /ais precisamente na herdade da 8orre doAzinhal, nas coordenadas GL.J @ L1.L ('/5, folha nN GG>!.

    1.a. A 8orre do Azinhal.O tpico em si, como entidade das demarca#0es medievais das grandes

    jurisdi#0es regionais afigura+se ubquo e ambguo, pois aparece+nos nomeado quer nademarca#o do termo da ;danha em 1E1J, comoparedenarios templariorum de Terron,a )orte do 8ejo, nas margens do ?io 5onsul, e na demarca#o dos limites da herdadetempl"ria da A#afa, em 1122, como castellum de Terron, a ul do 8ejo, a .> @ LG.>, onde jazem ainda duas sepulturasantropomrficas escavadas na rocha lousinhaF ainda a 8apada dos Quinais, o monte doCarriancho, o monte de ale de ancho.

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    Acerca de G.KKK metros a )ordeste, junto ao ever, na foz da ?ibeira de aledo 'ano, o 5orto dos 'avaleiros, antigo local da travessia do rio, como veremosadiante, onde jazem os restos de uma pequena ponte, sobre a foz da ribeira.

    Acerca de E.KKK metros a ul, nas coordenadas GL.> @ =2.J, o povoado do Altodo 'orregedor, tal como cartograficamente designado. 4m verdade, localmente o

    topnimo tem a forma de Alto da 'uz dO*uro, de que derivou a forma eruditamentecorrupta de 'orregedor, registada pelos topgrafos militares. * Alto da 'ruz dO*uro um cabe#o dominante na perspectiva tomada de )orte sobre o curso da ?ibeira de aledo 'ano, a que fica sobranceiro, com magnficas condi#0es de instala#o e vigilncia,

    pejado de cermica da ;dade do 3erro e romana, com vestgios de muralhas econstru#0es. 5elo seu sop corre um velho caminho, que passaremos a designar comoCaminho da Torre, que ainda recentemente servia os itiner"rios de tr"fego clandestino

    para 4spanha, alimentando um verdadeiro ciclo de sagas locais, razo por que no seucurso se instalou o posto da Cuarda 3iscal de /orena. 5rocedia de 'astelo de ide etranspunha o ever no 5orto da ?etorta,