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Jaguaruana: memórias 1 Histórias e Memórias de seu povo Francisco Evanildo Pereira (Organização) Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only.

Jaguaruana memorias

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Este livro é o resultado de um intenso trabalho de pesquisas e de produção literária desenvolvido pelos alunos da Escola de Ensino Médio Francisco Jaguaribe, do município de Jaguaruana-Ce.

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Jaguaruana: memórias

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Histórias e Memórias de seu povo

Francisco Evanildo Pereira

(Organização)

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Lembrar não é reviver, mas

refazer, reconstruir, repensar, com

imagens e idéias de hoje, as

experiências do passado.

Ecléa Bosi

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Primeiras Palavras Este livro é o resultado de um intenso trabalho de pesquisas e de

produção literária desenvolvido pelos alunos da Escola de Ensino Médio Francisco

Jaguaribe, do município de Jaguaruana-Ce. Ele surge da idealização do projeto Minha

Terra do Portal Educarede da fundação Telefônica, o qual tinha como proposta

desenvolver pesquisas com alunos na perspectivas de registrar e publicar notícias,

acontecimentos e fatos ocorridos no município e que fossem compreendidos como

objetos de memórias.

Nasce desse contexto o Projeto Jaguaruana: memórias, desenvolvido e

coordenado pelo professor Evanildo Pereira, em parceria com alunos da instituição. A

idéia inicial foi a de realizar pesquisas sobre os lugares e acontecimentos que os alunos

elegessem como lugares das memórias do povo de Jaguaruana.

Foram apresentadas aos alunos, diversas propostas de temáticas em

áreas como sociedade, política, cultura, meio ambiente, literatura local entre outros,

para leituras, estudos e aprofundamentos, instrumentalizando os discentes com

fundamentação teórica. O passo seguinte foi coordenar a pesquisa de campo para

registro de ambientes, realização de entrevistas, pesquisas em acervos, registros

fotográficos, disponibilizando aos novos pesquisadores recursos técnicos e

metodologias de história oral.

Posteriormente, os alunos passaram a registrar suas atividades,

orientados por professores das áreas de Humanas e de Linguagens, dissertando suas

impressões, produzindo seus textos.

O resultado desse trabalho você pode conferir nos textos apresentados

a seguir, compreendendo sempre que, eles são frutos do pensamento e da capacidade

produtiva dos alunos de ensino médio desta instituição de ensino.

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Agradecimentos

Temos de agradecer a algumas que contribuíram de forma significativa

para a concretização desse projeto. Primeiramente, aos professores coordenadores do

Núcleo Tecnológico da 10ª Coordenadoria Regional de Ensino – 10ª CREDE, Fátima

Gonçalves, Eliane Batista e Monalisa Chaves, que investiram com seus conhecimentos

e suas competências, acreditando na capacidade de articulação dos professores dos

Laboratórios Educacionais de Informática.

Reconhecemos também a confiança.do Núcleo Gestor da Escola que

empreendeu o apoio necessário, nos permitindo desenvolver todas as atividades dessa

experiência exitosa, bem como aos professores do Centro de Multimeio que

orientaram com sugestões de leituras de obras da Biblioteca Escolar.

Aos professores dessa Casa, que contribuíram de forma significativa no

acompanhamento e na orientação de seus discentes, motivando-os e conduzindo-os

para a concretização de seus textos.

Sobretudo, agradecemos aos alunos autores deste livro, que

acreditaram em seus potenciais, investiram tempo, estudo e o desejo de ver seus

trabalhos realizados. Sem eles não seria possível a publicação deste livro.

Somos gratos, também, a todos que contribuíram para a idealização e

concretização desta obra.

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Sumário

1. A rede: do artesanato ao processo industrial no município de Jaguaruana .................. 8

Clara Emanuelle da Silva

2. Artesanato de Palha de Carnaúba: Arte e Sobrevivência Ameaçadas ...................... 11 Ana Paula da Silva Lopes, Francisca Maria da Silva, Maria de Fátima da Silva

3. Bloco do Povo, Folia e Tradição no Carnaval de Jaguaruana ...................................... 14

Tamires Lima Maia

4. Cristo Rei: um lugar de fé e de peregrinação ............................................................... 17

Nara Thaís de Oliveira

5. Açude Orós: medo e aflição no ano de 1960............................................................... 20 Tamires Lima Maia Adriele Adrade Sousa Mardônio Praxedes da Costa

6. Curralinho da Barra: um lugar na memória de seus moradores ................................ 23

Ana Isabella da Silva

7 . Lagoa Lagamar: berço de um povo ............................................................................. 27

José Felipe Barreto do Amaral

Ronald Felipe Barreto de Sousa

8. Um time inesquecível .................................................................................................. 31

José Erick Borges Ferreira

Luan Felipe Borges Ferreira

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1. A rede: do artesanato ao processo industrial no município de

Jaguaruana (Clara Emanuelle da Silva)

“Nada mais aconchegante que balançar no embalo de

uma rede num alpendre ao som dos pássaros arejado

pela brisa do Aracati”

A frase do artista plástico e artesão Juarez Delfino revela a importância do

artesanato de redes de dormir no município de Jaguaruana. Esse produto feito há décadas

nesse pequeno paraíso do Ceará, banhado pelo rio Jaguaribe e abençoado por Sant’Ana, é

fonte de sobrevivência de muitas famílias que sobrevivem da produção e venda desse artigo.

A produção de redes de dormir no município de Jaguaruana, trabalho

desenvolvido inicialmente por mestres e totalmente artesanal foi a grande locomotiva

econômica até o final da década de 80. Esse trabalho que envolvia toda a estrutura familiar

abrangia praticamente todas as famílias desse recanto do sertão. Através da experiência de

vida de artesãos, industriais e mestres que fizeram deste segmento fonte de sobrevivência e,

ao longo do tempo, estabeleceram uma relação essencial, inseparável e interativa com as

técnicas e o domínio da arte de fiar, trançar, entrelaçar e, magicamente, fazer surgir o tecido

que é culturalmente parte do cotidiano das pessoas no Nordeste e em muitas regiões do

Brasil, bem como do exterior, com a exportação do produto.

Inicialmente, o processo de tecelagem desenvolveu-se comunitariamente: a

fabricação era feita por pequenos teares manuais e manuseados por mulheres. Esses teares

eram conhecidos como teares três quartos ou três panos. Eles eram emendados por um

perfilamento até obter o tamanho de uma rede. Eram teares de difícil manuseio e sua

produção começou por volta de 1917, com o surgimento das primeiras fábricas artesanais.

Biró e o filho Francisco Gilberto. Sua

família é uma das poucas que continua

produzindo redes de dormir em teares

manuais no município de Jaguaruana -

Foto retirada do site:

http://diariodonordeste.globo.com.

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Nesse processo participavam todas as pessoas da família: as mulheres que eram

as tecelãs, produziam as redes onde ao fim do dia levavam as redes produzidas para casa que,

juntamente com os filhos davam continuidade ao processo com a confecção do acabamento

da rede: fiar, amarrar os cadilhos, trançar, empunhar, puxar as cordas, fazer e pregar as

varandas, entregando ao patrão o produto pronto.

Batelão – tear de madeiras utilizado na fabricação de redes Artesã fazendo acabamento de rede – foto

Foto retirada do site www.sfiec.org.br retirada do site www.artesol.org.br

Apesar da complexa atividade desenvolvida coletivamente por toda família, o

retorno econômico era mínimo, apenas uma complementação da renda que custeia a

alimentação e algum artigo de primeira necessidade, pois como o processo de produção era

manual, a produção é mínica e o produto pouco valorizado.

No tear manual, popularmente conhecido com o tear de três panos – Foto retirada

do site http://diariodonordeste.globo.com

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Os pioneiros no processo de produção de redes para dormir no município de

Jaguaruana foram os Jaguaribes, os Cláudios, os Coelhos, os Bragas, os Delfinos, os Rochas, os

Almeidas entre outros que vieram depois. No começo, as pequenas fábricas eram

improvisadas nos fundos dos quintais, vindo a se desenvolver com o progresso das vendas das

redes para outros estados surgindo assim as primeiras fábricas.

Com o início das

exportações da rede para a capital

do Estado, e posteriormente para

Belém do Pará e Manaus na

Amazônia, os empresários do

ramo deram início ao processo de

industrialização da rede, quando,

em 1935 trouxeram os primeiros

batelões, sendo esses manuseados

por homens, aumentando assim a

produção, que passou a ser

realizada em escala industrial.

Na habilidade da artesã, fios se transformam em varandas e enfeitam a rede. Foto retirada do site: http://diariodonordeste.globo.com

No início da década de 1980, o processo avançou com a implantação dos teares

elétricos, que aumentou a produção em larga escala, mecanizando praticamente 80% do

processo e ampliando a confecção da rede em caráter industrial. Esse processo desencadeou

uma fabricação elevada do produto, que sem controle de produção, provocou um excedente

no mercado, provocando a queda do preço na venda do produto, desequilibrando a

estabilidade da produção/venda.

Sem apoio das instituições e do governo, os pequenos artesãos perderam seu

espaço, sumindo praticamente do cenário produtivo da rede de dormir.

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2. Artesanato de Palha de Carnaúba: Arte e Sobrevivência Ameaçadas Ana Paula da Silva Lopes, Francisca Maria da Silva,

Maria de Fátima da Silva

Capela de Santa Luzia – Comunidade de Santa Luzia, Jaguaruana-Ce – Foto: Evanildo Pereira em

26/08/2010

Um dia, na comunidade de Santa Luzia, vendo uma mulher e um homem fazendo

vassoura com a palha de carnaúba, resolvi perguntar:

_ Como vocês fazem estas vassouras?

E a mulher me respondeu:

_ É preciso muita habilidade.

Voltei a perguntar:

_ A senhora poderia me mostrar como é que se faz?

E, com a simplicidade própria dos sábios ela passou a explicar como acontece o

processo de transformação da palha da carnaúba, palmeira nativa da do nordeste brasileiro,

num produto de extrema necessidade para a manutenção da limpeza de casa ou de qualquer

outro espaço. E, nesse processo acontecem muitas etapas, até chegar ao produto final.

Primeiro, tem que cortar as palhas da carnaúba, que é uma árvore muito

conhecida na região. Depois tem que colocar estas palhas no sol, até que elas fiquem

amarelas.

Assim, que ficarem amarelas é preciso bater para tirar o pó branco que existe na

palha. Depois disso, vem a amarração, pegando dois ou mais olhos (nome dado a palha de

carnaúba pelos artesãos, cada palha é um olho) no qual é amarrado ao meio, dobrado e

amarrado novamente bem apertado.

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Em seguida, dividem-se as palhas com

cuidado para os lados, amarrando um

pouquinho folgado, esse processo é chamado

por eles de cocó. Depois com uma corda

própria que eles denominam de embira,

atualmente são usados barbantes, acontece

a amarração final: amarra-se primeiro a parte

superior e em seguida um novo laço

aproximadamente no meio da vassoura.

O arremate final é feito a aparação das

palhas para que todas as palas fiquem iguais

e prontas para serem utilizadas na limpeza

das casas e outros lugares.

Artesã D. Nicinha confeccionando a vassoura –

Comunidade de Santa Luzia, Jaguaruana-Ce – Foto: Graça

Silva em 05/2010

Com tudo isso, eu fiquei sem palavras. Como uma coisa dessa pode ser tão

trabalhosa, e perguntei novamente:

_ Há quanto tempo você faz esse trabalho?

Novamente, com simplicidade ela me respondeu:

_ Há quarenta e cinco anos.

Complementou a senhora:

_ Eu, desde que eu tinha seis anos de idade, já

tenho cinqüenta e quatro anos.

Na comunidade de Santa Luzia há

muitos artesãos a fazerem esse tipo de atividade, e

nesse processo são utilizados a mão de obra de

muitas pessoas. Alem dos adultos, não é difícil

encontrar crianças e jovens que se dedicam a arte

de confeccionar vassouras. Artesão Sr. “Capote” desfiando a palha da

carnaúba para confeccionando a vassoura – Foto:

Graça Silva em 05/2010

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Muitas famílias tiram seu sustento

quase exclusivamente do desenvolvimento dessa

atividade, que pode significar a diferença entre a

fome ou um pouco de comida na garantia de suas

sobrevivências.

Contudo, o emprego da mão de obra

infantil, como opção de suplementação da renda

familiar, tem levado estes a um baixo rendimento

na aprendizagem e em muitos casos o abandona

ou a exclusão do espaço escolar.

Artesã D. Cristina aparando a vassoura –

Comunidade de Santa Luzia, Jaguaruana-Ce – Foto:

Graça Silva em 05/2010

A desvalorização desse produto, visto que depois de confeccionado, o valor

unitário da vassoura chega ao máximo trinta e cinco centavos de real, produz um ambiente

degradante de miséria, desvalorização do trabalho e subordinação aos atravessadores que

levam a maior parte do lucro de tão complexo processo.

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3. Bloco do Povo, Folia e Tradição no Carnaval de Jaguaruana Tamires Lima Maia

Bloco do Povo desfilando pelas ruas de Jaguaruana – Carnaval de 1983 – Foto

Leonardo Araújo 02/1983

No município de Jaguaruana o carnaval sempre foi uma festa que despertava o

desejo de participação de muita gente, pois devido a alegria proporcionada pelas marchinhas,

as irreverências proporcionadas pelos foliões levavam crianças, jovens, adultos e idosos ao

universo divertido e alegre desta brincadeira.

Porém, há uma enorme diferença entre o carnaval do passado para o do

presente. Antigamente, o carnaval era bom, tranquilo e animado, as pessoas brincavam nos

bailes carnavalescos ao som das tradicionais marchinhas e do frevo numa alegria coletiva e

num clima de amizade.

Antigamente era de extrema importância que a festa saísse perfeita para agradar

a população, por isso os clubes e os salões eram enfeitados e preparados para receber os

foliões que brincavam a noite toda num respeito e numa tranquilidade total, diferente do

carnaval de rua onde vemos pessoas drogadas, provocando confusão e perigo para quem está

na brincadeira.

O grande destaque do carnaval de Jaguaruana sempre foi um bloco que por

muitos anos fez parte dessa festa e que foi o espaço de folia daqueles que não tinham acesso

aos clubes sociais deste município, o Bloco do Povo.

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Fundado na década de 1930 por Francisco Cândido da Silva, popularmente

conhecido pelo nome de Chico Zé de Joana, o grande baluarte do carnaval de Jaguaruana,

inicialmente saiu pelas ruas do município com o nome de Bloco União. Porém, vendo o

entusiasmo do povo em querer participar do Bloco, ele resolveu mudar o nome para Bloco do

Povo.

Contudo, botar o bloco na rua custava caro, os

foliões, vindo em sua maioria de pessoas menos abastadas

economicamente, geralmente não tinham dinheiro para

comprar as fantasias, o que muitas vezes tornava difícil já que

não tinham muitos patrocinadores.

Mas, pelo esforço, dedicação e amor de Seu Chico

Zé de Joana pelo Bloco, sempre conseguia sair os quatro dias de

carnaval, o que o tornou o Bloco de Tradição do município de

Jaguaruana.

Sr. Francisco Cândido da

Silva, conhecido por Chico

Zé de Joana

Segundo a senhora Aurinha, filha de Seu Chico Zé de Joana, a preparação do Bloco

levava um mês, onde eram realizados ensaios, produção das fantasias e contratação da banda,

isso encarecia ainda mais os custos e dificultava sua continuidade no evento, porém todo

trabalho era recompensado quando o Mestre Chico Zé de Joana fazia soar o apito,

orquestrando os foliões, conduzidos pela sua foliona mais ilustre a Sra Anunciata, pelos

estandartes e o som da marchinha e frevos tocados pela banda.

Ao centro Sra. Anunciata e Sr. Chico Zé de Joana, juntos escreveram o maior e o melhor capítulo da história do carnaval de Jaguaruana

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Nesse momento, a população aplaudia e acompanhava o bloco pelas ruas e

praças da cidade, dando ao nosso carnaval brilho e irreverência única. Assim, o Bloco do Povo

demarcou espaço na memória e na história de Jaguaruana por muitos anos, mas na década de

1990, pela realização do carnaval de rua no município, e principalmente pela omissão do poder

público em ajudar o Bloco a permanecer com suas atividades carnavalescas e culturais.

Em 1995, o Bloco do Povo não conseguiu mais sair, em virtude da idade avançada

de seu criador. Porém restava a fé e a esperança dele ressurgir para engrandecer o carnaval de

Jaguaruana e de todos os foliões apaixonados pelo Bloco.

Carnaval de 2010 o Bloco do povo renasce e desfila nas ruas de

Jaguaruana com o apoio e para a alegria dos foliões

E aconteceu. Em 2009, o esperado retorno do Bloco do Povo, num esforço da Sra

Aurinha, de seus familiares e amigos do Bloco Jaguaruana reviveu momentos de irreverência e

alegria própria deste importante instrumento de cultura. A população aplaudiu e pulou

novamente acompanhando pelas ruas de Jaguaruana o Bloco do Povo.

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4. Cristo Rei: um lugar de fé e de peregrinação Nara Thaís de Oliveira

:

Imagem de Cristo Rei na comunidade de Serra Dantas – Jaguaruana-Ce. Foto: Leonora Araújo em 17/09/2009

Cristo Rei está localizado na comunidade de Serra Dantas, antigamente chamada

de Serra das Antas, pelo fato de existir muitas antas na região. É uma comunidade de difícil

acesso, distante 25 quilômetros da sede do município de Jaguaruana, e tem aproximadamente

170 metros de altitude.

Este espaço foi por um longo período um lugar sagrado para os moradores de

Jaguaruana e de comunidades vizinhas. Tudo começou quando Padre Marcondes, vigário da

paróquia de nosso município entre as décadas de 1940 e 1950 decidiu colocar uma cruz com a

imagem de Jesus Cristo crucificado ou Cristo Rei, estabelecendo para os fieis ser aquele um

lugar de peregrinação para aqueles que não pudessem se deslocar a lugares de peregrinação

mais distantes como “Olho D’água da Bica no município de Tabuleiro do Norte, Canidé, entre

outros”.

Outros contam que, como havia se difundido pelo Nordeste na profecia do beato

Antônio Conselheiro que “o sertão vai virar mar, Padre Marcondes havia escolhido a Serra

Dantas, pela sua altitude, como um lugar de refúgio para a população de fé.

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Fieis fazem romarias para o Cristo Rei. Foto: Leonora Araújo em 17/09/2009

A partir de então, todos os anos pessoas subiam a Serra em romaria. Algumas

faziam promessas ao Cristo Rei e quando eram atendidas levavam ex-votos (peças talhadas em

madeiras representando parte do corpo humano supostamente curado pela fé em Cristo),

onde eram depositados aos pés do altar da imagem de Cristo Rei.

Próximo ao Cristo também existe um cemitério onde estão enterrados 36

anjinhos - recém nascidos que morriam de doenças ou nasciam mortos, eram levados até o

topo da Serra e enterrados no túmulo dos anjos e cobertos com pedras para que animais não

mexessem.

Cemitério de anjinhos no Cristo Rei. Foto: Leonora Araújo em 17/09/2009

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Por muito tem as pessoas visitaram o Cristo Rei, mas com o passar dos anos, as

pessoas mais velhas, que conheciam e que realizavam as peregrinações foram morrendo e as

romarias foram diminuindo, até que, com a morte do Padre Marcondes, foram praticamente

abandonadas e esquecidas pelas pessoas.

Só depois de muitas décadas um grupo

de pessoas redescobriu esse espaço, inicialmente

pela curiosidade e com o objetivo de compreender

o que ali existia. Recentemente, o local começou a

ser visitado com mais frequência, principalmente

por jovens que têm utilizado o espaço e as

condições geográficas locais para fazerem trilhas.

Outros buscam o Cristo Rei para apreciar a vista,

principalmente o por do sol, e bem recente,

aconteceu uma grande romaria, com a realização

de uma missa pelo novo vigário local, Padre

Raimundo Barbosa, onde centenas de pessoa

reavivaram o tempo e a história do Cristo Rei,

estabelecendo no campo da fé, novos caminhos

para esse lugar sagrado.

Padre Raimundo Correia celebrando uma Missa em Ação de Graças . Foto: Leonora Araújo em

17/09/2009

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5. Açude Orós: medo e aflição no ano de 1960 Tamires Lima Maia

Adriele Adrade Sousa Mardônio Praxedes da Costa

Barragem do Açude Presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira, ou Açude Orós como é mais

conhecido. Foto extraída do site http://www.assecas.org.br/acervo.htm

A barragem do Açude Presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira, ou Açude Orós

está localizada no município de Orós, estado do Ceará, a cerca de 450 km de Fortaleza. Foi

construído com a finalidade de perenizar o rio Jaguaribe, promover a irrigação do Médio e

Baixo Jaguaribe e o abastecimento de água das cidades do Vale do Jaguaribe.

Sua parede foi projetada e construída pelo Departamento Nacional de Obras

Contra as Secas - DNOCS, a partir do ano de 1958, sendo inaugurada em 11 de janeiro de 1961

pelo então Presidente da República Juscelino Kubitschek de Oliveira.

Porém, logo no início de sua construção aconteceu algo inesperado. As fortes

chuvas daquele ano elevaram rapidamente o nível do rio Jaguaribe, enchendo o açude. Isso

provocou o arrombamento da parede do açude do Orós, inundando todo o Vale do Jaguaribe.

Uma ironia, pois o açude foi feito justamente para amenizar o problema das secas que assolam

a região.

Esse foi um momento de grande aflição para todos os moradores que moravam

na ribeira do rio Jaguaribe. Um momento de pânico se espalhou por todos os municípios. A

população angustiada ficava ao pé rádio, ouvidos atentos pra novas informações. E, o

inevitável aconteceu.

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Foto da barragem do açude de

Orós rompida.

Fotos registradas nos meses de

março e abril de 1960, pelo 1º

tenente fotógrafo José Rastelli

e extraída do site:

http://oroscidadeencatora.blog

spot.com/

Na virada do dia 25 de março para o dia 26 de 1960 a manchete no rádio veio com

a mesma intensidade do peso das águas que desciam rumo ao mar: “rompe a parede do açude

de Orós”.

Essa notícia rapidamente se espalhou. E as cidades de Icó, Jaguaribe, Limoeiro do

Norte, o distrito de Alto Santos e Castanhão, Russas, Jaguaruana, Itaiçaba, Aracatí, tiveram

praticamente toda sua população retirada para abrigos em locais mais altos, com a ajuda do

exército. A grande novidade na época foi o uso de helicópteros, que sobrevoavam as áreas

inundadas em busca de desabrigados.

Foto da cidade de Jaguaruana

toda inundada pelas águas.

Fotos registradas nos meses

de março e abril de 1960, pelo

1º tenente fotógrafo José

Rastelli e extraída do site:

http://oroscidadeencatora.blo

gspot.com/

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Apesar da situação calamitosa, de risco eminente, o povo insistia em não

abandonar suas casas. Não queriam perder o pouco que tinha construído ao longo da vida.

Abandonar o lar naquele momento era a certeza de não encontrar mais nada quando voltasse.

Os animais, os mantimentos, a pouca mobília e até a própria casa.

O exercito fazia campanhas informativas através de panfletos jogados sobre a

região e dos programas de rádios das emissoras locais, alertando a população da catástrofe

que poderia vir acontecer.

No Vale do Jaguaribe tinha mais de 70 mil famílias desabrigadas sem chance de

fuga, diante das águas que desciam enfurecidas do Rio Jaguaribe, que transbordava do seu

leito natural e invadia córregos, pequenos açudes, campos, cercados, vargens e tudo que ele

conseguia atingir, colocando toda população num perigo constante. Diante da situação

calamitosa, os flagelados se amontoavam nos locais mais altos, em casas de parentes, em

prédios públicos e em qualquer lugar que pudessem lhe servir de abrigo.

Nos alojamentos e abrigos a vida era outro sofrimento. A falta de privacidade, a

aglomeração de pessoas, a falta de alimento somada a ansiedade e a incerteza fazia daqueles

dias verdadeiros terrores.

As águas, pouco a pouco baixaram deixando um rastro de destruição e

desolamento. O retorno aconteceu, mas deixou muito sofrimento. Naquela época, muitas

famílias abandonaram suas terras, perderam tudo o que tinham, vivera momentos de muita

tristeza.

Enfim, agora a situação é outra. Ainda acontecem cheias que acabam com parte

das coisas, mas comparada àquela, não é nada.

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6. Curralinho da Barra: um lugar na memória de seus

moradores (Ana Isabella da Silva)

Vista parcial da Comunidade de Curralinho da Barra – Jaguaruana-Ce – Foto: Evanildo Pereira

Maio/2010

A comunidade de Curralinho da Barra tem sua origem das atividades de velhos

pescadores que buscavam nas pescarias, o sustento de suas famílias. Por está localizada as

margens do Rio Jaguaribe, no espaço denominado “Barra”, que significa “área próxima das

barragens”, foi denominado de Curralinho mediante a técnica usada pelos pescadores, no qual

faziam ao longo do leito do rio currais para encurralar e apresar os peixes, com o passar do

tempo, essa prática demarcou o lugar e a denominação transitou para Curralinho.

O antigo Curralinho, como é chamado hoje pelos moradores da comunidade era

um lugar localizado um pouco distante da estrada principal, a mesma que leva ao rio, que dar

acesso a cidade. As casas eram pequenas e feitas de taipa, geralmente distante uma das

outras. A comunidade possuía um grupo escolar no qual também havia atendimento médico e

um chafariz que abastecia água para as casas. E a energia chegou, a partir de 1998.

Hoje, a comunidade está localizada em uma pequena vila de 34 casas na margem

da estrada principal com água encanada, não tem mais o chafariz, a escola foi fechada e as

crianças estudam na cidade.

As pessoas que ali viviam eram pessoas de vida simples, que sobreviviam de

trabalho na agricultura familiar, em plantações de vazantes, na pesca ou empregados nas

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firmas agroindustriais como a JS Tropical (antiga Baquit) que cultiva frutas para exportação e a

agroindústria Ypioca.

Hoje, a forma de vida continua simples, com apenas algumas mudanças na

economia das famílias. Não há mais pessoas que trabalhem na agricultura familiar porque não

há mais aonde plantar, então a única forma que os pais de família têm para sustentar seus

filhos é trabalhando como peões na firma JS Tropical.

A comunidade mudou, com ela mudaram as pessoas, contudo as lembranças do

antigo Curralinho continuam vivas no imaginário de todos, principalmente dos mais velhos,

que construíram suas histórias, suas memórias e suas vidas. Lembranças dos forrós na casa do

Sr. Raimundo da Zezé, dos campeonatos de futebol do bar do Eduardo, as apresentações de

quadrilhas na Escola João Capistrano e as apresentações de bonecos do Dé (Sr. Alderno),

comediante da comunidade.

Ruína da antiga Escola João Capistrano de Azevedo. Foto: Evanildo Pereira, 05/2010

Ruína do bar do Eduardo. Foto: Evanildo Pereira, 05/2010

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Essa comunidade tem e sempre teve uma ligação muito forte com o rio, pois é o

rio quem fornece muito mais que o peixe e a água que sacia a sede de todos que ali vivem, ele

proporciona a vida a essa gente, que nele tem seu lazer, nos banhos que refresca o corpo e a

alma, proporciona o acesso a cidade, nas idas e vindas das canoas propulsionada a remo,

conduz de uma margem a outra, a todos que por ali passam.

Rio da Barra – Foto Evanildo Pereira, 05/2010

Todo processo de mudanças deixam marcas profundas no ser humano, mas

nenhuma é mais traumática que a perda de seu espaço natal. Apesar de no antigo Curralinho

morarem várias famílias, as terras da região não pertenciam a essas famílias, em sua grande

maioria elas eram propriedades ao Sr. José Capistrano de Azevedo que, com sua morte, seus

herdeiros venderam a propriedade para o Sr. Estelo de Azevedo, o qual revendeu para um

grupo de empresários portugueses que tinha como atividade a carcinicultura.

Uma das cláusulas do contrato de venda da terra era a doação de um terreno e a

construção de uma vila de casas para os moradores como forma de indenização aos posseiros

do antigo Curralinho.

Canal para abastecimento dos viveiro daEmpresa

Parque Luso Brasileiro de Carcinicultura – Foto Evanildo

Pereira em 05/2010

Sede da Empresa Parque Luso Brasileiro de

Carcinicultura – Foto Evanildo Pereira em 05/2010

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Jaguaruana: memórias

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Essa cláusula foi cumprida, todos os moradores mudaram para o novo espaço

que, aparentemente é bem melhor. Casas de alvenarias, água encanada, luz elétrica, estrada,

todos são vizinhos. Contudo, para os mais velhos, que sempre viveram em seu “chão”, a perda

de seu “canto” deixou marcas profundas. Já não tem o quintal para plantar, para criar seu

gado, sua criação. Agora não tem sua casa, lugar onde nasceu, viveu, foi feliz, sonhou,

escreveu sua história. Restaram as memórias do Sr. Joaquim do Zeca, Sr. Manuel, D. Maria do

Louro, Sr. André e tantos outros que ali ainda residem.

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7 . Lagoa Lagamar: berço de um povo José Felipe Barreto do Amaral

Ronald Felipe Barreto de Sousa

Imagem da Lagoa Lagamar, situada entre as comunidades de São José, Damião e Antonópolis – Foto

Evanildo Pereira Agosto/2010

Situada a doze quilômetros de distância da sede do município de Jaguaruana-Ce a

Lagoa do Lagamar é a principal fonte de sobrevivência da população ribeirinha. Com uma

extensão aproximada de cinco quilômetros de comprimento e dois quilômetros de largura, a

Lagoa do Lagamar tem suas águas salobras, imprópria para o consumo humano, contudo, é

capaz de alimentar a todos que ali buscam sua sobrevivência.

Apesar de sua grandiosa extensão, sua bacia é rasa, aproximando-se em sua

maior área a um metro e meio de profundidade, mas conhecida pela quantidade de peixes que

ali povoa, desde a tilápia, até ao tambaqui, bem como os crustáceos, principalmente o

camarão.

Descoberta pelos primeiros habitantes que vieram habitar o pequeno vilarejo de

São José, e que, segundo contam os mais velhos que o Sr. José Monteiro Maia, por volta de

1888 ao procurar um lugar seguro para construir sua casa localizou essa imensa lagoa,

estabelecendo-se ali, logo outros chegaram e constituíram a comunidade de São José do

Lagamar.

Apesar de ser um espaço de extrema importância na perspectiva de fonte

alimentar da população local e, até de outros municípios, visto que o espaço aberto e utilizado

por qualquer pessoa que a ela busca, a lagoa do Lagamar sofre sistematicamente os efeitos da

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Jaguaruana: memórias

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degradação ambiental, muitas vezes chegando à eminência de secar completamente. Isso

acontece por falta de uma política ambiental de sustentabilidade dos espaços hídricos locais.

Assim, devido ao processo de desmatamento das matas ciliares e a erosão

decorrente das chuvas, a bacia da

lagoa está completamente

soterrada, deixando-a rasa, com

pouca capacidade de

armazenamento de água. Como é

alimentada especificamente pelas

águas das chuvas do inverno, sua

perenização fica comprometida,

ou sujeita a sorte de uma quadra

chuvosa abundante para garantir

reservas suficientes para todo o

ano.

Esse ano, a situação ficou dramática, pois praticamente não choveu e a lagoa está

secando drasticamente. Já não é possível pescar e o peixe que ainda resta é disputado pelas

garças, gaviões, severinos-pescador entre outras aves que buscam alimentos.

A lagoa morre lentamente. Ao longo de seu leito já é possível caminhar. O

pescador olha triste o horizonte

sem ver um norte. Restam as

lembranças das boas pescarias,

onde levava a “bóia” para sua

família.

Aos jovens que

tinham o Lagamar como espaço

de lazer, dos banhos, das

brincadeiras nos finais das tardes,

do jogo de futebol no campinho

aos domingos entre outras

atividades, já não é mais possível.

A fonte de atração reside na

lembrança daqueles que fizeram da Lagoa do Lagamar um espaço de memórias e de muitas

histórias.

.

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8. Um time inesquecível José Erick Borges Ferreira

Luan Felipe Ferreira Lima

O esporte é a maior paixão dos brasileiros. Podemos ver isso quando assistimos a

jogos de futebol pela TV e vemos as manifestações das torcidas nos estádios. Também nos

momentos de lazer nas escolas, e nas comunidades, todos adoram o futebol.

Essa verdade se comprova nos espaços que os jovens utilizam para suas diversões,

o campo de futebol. Eles estão presentes em todas as comunidades, às vezes até mais de um.

E estão sempre cheios de jovens, crianças, adolescentes e adultos que passam horas se

divertindo.

E, foi num desses campinhos, na comunidade de São José que surgiu um time que

todo mundo ainda fala dele, um time muito bom, que ganhou muitos campeonatos que

participou. Ele se chamava o Time do Zeca Pedro.

Ele tinha esse nome devido ao seu organizador, o Sr Zeca Pedro, uma pessoa que

gostava muito de esporte na comunidade e que se dedicava para ver o seu time jogando. E,

em 1976 ele conseguiu formar um grande time.

Raimundo Preto, Raimundo (Bicudo), Lázaro, Marcondes, Xavier, Kito, José Maria,

Nicácio, Aluisio e José Bruno, foi considerado o melhor time do São José. Chegou a várias

conquistas, uma delas custou sua própria bandeira. Foi numa partida contra o time de Aracati,

onde o time do Zeca Pedro perdeu pelo placar de 1 x 0, lá na casa do adversário.

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Jaguaruana: memórias

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Para o jogo de volta, dentro de casa, criou-se na comunidade um clima de

revanche. Todos esperavam ver o jogo e comentavam pelas calçadas, nos bares, nos

campinhos sobre a partida. O time tinha que vencer.

E o time honrou a sua camisa

e não decepcionou a torcida que assistiu

a uma grande partida de futebol. O jogo

foi duro, mas com a força da torcida que

empurrava os jogadores o time do Zeca

Pedro abriu o placar. Na sequencia fez

mais dois gols, e no final o time de Aracati

diminuiu, marcando um gol, fechando o

placar de 3 x 1.

A alegria estava de volta, foi uma grande festa, a bandeira do time voltou a brilhar

e os torcedores voltaram a acreditar na força da equipe. Quando ia acontecer um jogo, todos

da comunidade se mobilizavam para assistir e ajudar o time do Zeca Pedro. Era muita

animação, era uma festa muita bonita.

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Os Autores

Clara Emanuelle da Silva, cursa o 3º ano do Ensino Médio, autora do

texto “ A rede: do artesanato ao processo industrial no município de

Jaguaruana”.

Ana Paula da Silva Lopes;

Francisca Maria da Silva;

Maria de Fátima da Silva;

Cursam o 1º ano do Ensino Médio, autoras do texto “Artesanato de Palha de Carnaúba: Arte e Sobrevivência Ameaçadas”.

Tamires Lima Maia, cursa o 1º ano do Ensino Médio, autora do texto

“Bloco do Povo, Folia e Tradição no Carnaval de Jaguaruana".

Nara Thaís de Oliveira, cursa o 3º ano do Ensino Médio, autora do

texto “Cristo Rei: um lugar de fé e de peregrinação”.

Adrielle Andrade Sousa

Mardônio Praxedes da Costa

Tamires Lima Maia

Cursam o 1º ano do Ensino Médio, autores do texto “Açude Orós: medo e aflição no ano de 1960”

Ana Isabella da Silva, cursa o 3º ano do Ensino Médio, autoras do

texto “Curralinho da Barra: um lugar na memória de seus moradores”.

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José Felipe Barreto do Amaral

Ronald Felipe Barreto de Sousa

Cursam o 3º ano do Ensino Médio, autores do texto “Lagoa Lagamar:

berço de um povo”.

José Erick Borges Ferreira

Luan Felipe Ferreira Lima

Cursam o 1º ano do Ensino Médio, autores do texto “Um time

inesquecível”

Francisco Evanildo Pereira, professor e Organizador do

livro “Jaguaruana: memórias”

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