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Filipe Moura
Intermodalidade e interfaces: requisitos da
intermodalidade em áreas urbanas e
implicações no planeamento dos interfaces
Intermodalidade e interfaces Planeamento e Gestão da
Mobilidade Urbana 1
Política Europeia de Transportes
“Turning to passengers, intermodality needs a new appraisal if
alternatives are to be developed which, by approximating the
door-to-door convenience and flexibility of the private car, can
compete with it. In this regard there is a strong argument (.., an
effort should also be made to create an integrated network for
collective transport, having at its core complementary air, bus
and rail systems(...)”.
(Fonte: Citizens Network, European Commission, 1992)
Planeamento e Gestão da
Mobilidade Urbana 2 Intermodalidade e interfaces
Redes de infraestruturas e de
serviços de transportes
• O sistema de transportes em meio urbano assenta em duas tipologias
essenciais de redes
1. Redes de infraestruturas de transportes
• Rede rodoviária
– Diferentes hierarquias de vias
– Infraestruturas auxiliares:
» Estacionamento, bombas de gasolina, portagens, etc.
• Rede ferroviária: vias, estações, etc.
2. Redes de serviços de transportes
• Transportes públicos: vários modos e operadores; interfaces
Planeamento e Gestão da
Mobilidade Urbana Intermodalidade e interfaces 3
Objectivos básicos de serviços de
transportes urbanos (I)
Comum a todas as partes: Serviços estáveis e com alto nível de segurança
Do lado do Estado / Sociedade: – Nos casos de oferta em regime de mercado:
• segurança
• estabilidade da oferta (quando o mercado deixa lacunas por atender)
• verificação da boa conduta na concorrência
– Nos casos com intervenção regulamentar, o Estado vela por:
• Cobertura de território no espaço e no tempo (desenho da rede e horário)
• Garantias de Regularidade, Capacidade, Tarifas acessíveis (Obrigações de Serviço Público)
• Contribuição para o alívio do congestionamento urbano (oferta atraente para cidadãos motorizados)
• Níveis moderados de subsidiação dos operadores
Planeamento e Gestão da
Mobilidade Urbana Intermodalidade e interfaces 4
Objectivos básicos de serviços de
transportes urbanos(II)
Diagrama de Carga
duma carreira de transporte colectivo
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1
0,00 0,20 0,40 0,60 0,80 1,00
% do percurso
Ta
xa
de
Oc
up
aç
ão
Taxa média de ocupação global = 57,7%
Do lado do utilizador Ligações aos destinos mais relevantes,
directas ou no máximo com um transbordo
(Frequência e Regularidade) / (Horários e pontualidade) na oferta
Capacidade de acolhimento a bordo, com bom nível de conforto (lugar sentado)
Facilidade de acesso às estações / paragens
Boas condições de integração física e tarifária quando haja necessidade de transbordo
Condições de conforto nas paragens
Tarifas justas, adequadas ao serviço recebido
Facilidade de aquisição dos títulos tarifários
Planeamento e Gestão da
Mobilidade Urbana Intermodalidade e interfaces 5
Objectivos básicos de serviços de
transportes urbanos(II)
Do lado do operador – Bons níveis de ocupação na maior parte dos serviços (bons diagramas de carga)
– Tarifas suscetíveis de atrair clientes e gerar níveis de cobertura pretendidos
– Boa velocidade comercial das carreiras (eficiência produtiva)
– Pequena incidência de tempos mortos e serviços em vazio (utilização do veículo e tripulação)
Alguns destes objectivos são antagónicos Não só entre Sociedade, Operador e Utilizador, mas até entre operadores na mesma
infraestrutura e entre utilizadores
Planeamento e Gestão da
Mobilidade Urbana Intermodalidade e interfaces 6
Caracterização de um serviço
regular
• Na perspetiva do Operador: – Tipos de veículo utilizados (capacidade, velocidades, autonomia,
custos de operação)
– Número e qualificações de pessoal embarcado e de apoio
– Lei de paragens e horários
– Níveis de procura e receitas
– Níveis de utilização do veículo no seu ciclo produtivo
• Na perspetiva dos clientes – Horários de serviço e tempos de viagem
– Níveis tarifários
Planeamento e Gestão da
Mobilidade Urbana Intermodalidade e interfaces 7
Estruturação da oferta
de serviços
Em todos os sistemas de transportes, o crescimento das solicitações recomenda
uma mais forte especialização das ofertas, com uma segmentação de mercado
Pode assim conseguir-se servir melhor os clientes e obter melhor rendimento no
uso dos meios de produção
Mas a dispersão territorial dos locais de origem e destino das pessoas implica
que na grande maioria das viagens (de porta-a-porta) haja necessidade de
recorrer a ofertas nos vários níveis hierárquicos
Há por isso que assegurar que para além da especialização existe uma
estruturação, ou seja que as várias componentes se liguem de forma harmoniosa
(entre veículos do mesmo modo ou modos diferentes – intermodalidade)
do que decorre a importância crítica das soluções de transição de nível
hierárquico/modos
Planeamento e Gestão da
Mobilidade Urbana Intermodalidade e interfaces 8
Estruturas de redes (I)
Fonte: Adapto de U. Blum and L. Dudley (2001) Report of the 109 round table on transport economics, Transport and Economic Development, European Conference of
Transport Ministers.
• Centralizada Um nó principal (“hub”) centraliza grande parte das cadeias de viagens e, portanto, representa
o elemento dominante.
• Descentralizada Embora o nó central ainda seja o ponto com maior acessibilidade, a rede é formada de uma
maneira que existem sub-centros também com níveis elevados de acessibilidade.
• Distribuída Nenhum nó tem um grau de acessibilidade significativamente diferente dos outros.
Tipologia e conectividade de
redes S
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2009),
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tml)
Curva de Indiferença entre maior
cobertura do território e
comprimento médio dos percursos
Planeamento e Gestão da
Mobilidade Urbana Intermodalidade e interfaces 10
Acessibilidade vs. Mobilidade (I)
Fonte: CCDR-Norte (2008) PRINCÍPIOS BÁSICOS DE ORGANIZAÇÃO DE REDES VIÁRIAS, Seco, A., Pires da Costa, A, Pais Antunes, J., Bastos Silva, A..
Principais tipos de estrutura
de redes de transportes (I)
Nas redes com serviços diretos – tipo distribuído
para ir de um nó secundário para outro nó secundário ou há uma
ligação direta ou no máximo com um transbordo, mas sempre com
baixas frequências e (grandes) esperas no transbordo
Nas redes de tipo centralizado
para ir de um nó secundário para outro nó secundário há ligações
frequentes, mas isso pode envolver a passagem e transbordo em dois
nós principais, num percurso mais longo, mas sempre com esperas
curtas, e com tarifas mais baixas porque se conseguem melhores
eficiências produtivas
Planeamento e Gestão da
Mobilidade Urbana Intermodalidade e interfaces 12
Principais tipos de estrutura
de redes de transportes (II)
A estrutura ótima de rede será a que melhor concilie a eficiência na produção do transporte (boa velocidade comercial, boa
ocupação dos veículos em todas as etapas, ciclo de viagem adequado aos ciclos de procura) permitindo preços mais baixos
a eficiência no consumo do transporte (bom tempo de transporte de origem a destino, baixos tempos de espera, operações simples e cómodas do ponto de vista do cliente)
A escolha do tipo de rede depende muito de volume global de procura face à capacidade das infraestruturas e veículos
sua repartição pelos diferentes pares O/D
disponibilidade dos clientes para pagar por serviços mais directos e cómodos (mas de menor eficiência produtiva)
nível de competição no mercado
Planeamento e Gestão da
Mobilidade Urbana Intermodalidade e interfaces 13
Cadeia de operacoes
entre origem e destino
Planeamento e Gestão da
Mobilidade Urbana 14 Intermodalidade e interfaces
Fonte: “Guiao Orientador – Acessibilidades, Mobilidade e Transportes nos Planos Municipais de Ordenamento do
Territorio (PDM, PU e PP) ”, “Pacote da Mobilidade”, IMTT/Bruno Soares Arquitectos, 2011.
Funcao “transporte” e funcao
“urbana”
Planeamento e Gestão da
Mobilidade Urbana 15 Intermodalidade e interfaces
Fonte: “Interfaces de transportes de passageiros ”, “Pacote da Mobilidade”, IMTT/ Transitec, 2011.
Intermodalidade
As transições entre modos na cadeia de viagens são feitas geralmente em
estações principais (interfaces), nas quais concorrem também ligações a nós
secundários
É frequente (mas não obrigatório) adotar modos diferentes para os vários
níveis hierárquicos, em resposta aos diferentes requisitos de velocidade e
capacidade, i.e. intermodalidade
Há que ter especial atenção às questões relacionadas com
integração física (ligações curtas, fáceis e confortáveis, horários combinados)
integração tarifária (desejável abranger com um título único a totalidade da
viagem)
integração lógica (informação sobre as várias etapas da viagem deve estar
disponível de forma concentrada antes do início da viagem)
Planeamento e Gestão da
Mobilidade Urbana Intermodalidade e interfaces 16
Missoes basicas das interfaces
urbanas multimodais
• Face à impossibilidade de satisfazer todas as ligacoes directas em
Transporte Público Coletivo para todos os pares OD, pretende fazer a
ligação entre modos (para além de origem / destino)
• No caso de existirem cadeias de viagens mono ou multimodais é
necessário minimizar os seus custos para os passageiros
Os custos refletem-se em transbordos, mais embarques, maiores tempos de viagem
e de espera,maior incerteza
• As interfaces devem reduzir estes custos
“Seamless travel”
Planeamento e Gestão da
Mobilidade Urbana 17 Intermodalidade e interfaces
A função dos interfaces
18
INTERFACES
Agregação e redistribuição de fluxos de peões
Melhoria da eficiência operacional do sistema de transporte
Fonte: Ramos, A. (2015). “Análise de desempenho de uma interface na perspetiva da circulação pedonal com recurso à micro-simulação: o caso de
estudo do Colégio Militar”, MSc Dissertation, Instituto Superior Técnico, Lisboa
Planeamento dos interfaces na
perspetiva dos passageiros
• Conceção dos interfaces deve obedecer às exigências dos utentes – Perceber e antecipar a forma como os peões se deslocam
– Compreender as regras que determinam estes comportamentos
– Representar de forma eficiente estes comportamentos através de modelos
• Conceitos – Peão
• Qualquer pessoa que pretenda deslocar-se a pé, em cadeira de rodas ou pequenos veículos elétricos, nos espaços públicos
– Walkability • Medida da possibilidade das pessoas puderem deslocar-se pelos seus próprios
meios (tal como definido no ponto anterior), de forma segura, conectada, acessível e agradável
19 Planeamento e Gestão da
Mobilidade Urbana Intermodalidade e interfaces
Requisitos primários de um
cliente de um interface
Planeamento e Gestão da Mobilidade Urbana 20 Intermodalidade e interfaces
Fonte: Auckland Transport (2013). “Public Transport Interchange Design Guidelines”, Auckland, Australia
Planeamento dos interfaces na
perspetiva dos passageiros
21
Planeamento
de interfaces
(Passageiro)
Modelação Configuração
Espacial
Comportamento dos
peões
Ambiente
pedonal
Modelação de
movimentos e
tráfego pedonal
Fonte: Kalakou, S., & Moura, F. (2014). Bridging the gap in planning indoor pedestrian facilities. Transport reviews, 34(4), 474-500.
Comportamento dos peões (I)
• Processo de tomada de decisão: 3 níveis de decisão
– Estratégico
• Planeamento das atividades no curto prazo (dentro de cada deslocação)
– Tático
• Procura e determinação de uma rota preferencial para chegar a cada
área de atividade
– Operacional
• Comportamento (mais instantâneo) do peão que se caracteriza por
decisões rápidas, sequenciais, sempre condicionadas pelas
circunstâncias da envolvente e da capacidade cognitiva e de memória
(que determinam a capacidade de reação e decisão imediatas)
22 Planeamento e Gestão da
Mobilidade Urbana Intermodalidade e interfaces
Comportamento dos peões (II)
• Perceção do espaço envolvente – Envolve a capacidade cognitiva de apreensão do espaço envolvente
(multidimensional), organização da informação, apropriação do espaço (tb em função da memória) e, por fim, utilização dessa informação para definir o comportamento pedonal
– O passo inicial que corresponde ao mapeamento cognitivo do espaço que pode ser definido como a representação mental do espaço para a definição das rotas a percorrer
– Este processo é eminentemente intuitivo e agregado
• As pessoas acumulam estes mapas cognitivos na memória e utilizam-nos quando necessários
– A idade é um fator determinante na capacidade de acumular e recorrer a estes mapas cognitivos
• Não afeta a capacidade de reconhecimento dos espaços (até um certo ponto)
• Afeta de forma significativa a capacidade de acumulação de mais informação e respetiva utilização e definição de caminhos nesses espaços
23 Planeamento e Gestão da
Mobilidade Urbana Intermodalidade e interfaces
Comportamento dos peões (III)
• Wayfinding – Pode ser definido como o processo de identificação do local na origem (onde
estou?) assim como a definição do caminho para alcançar/aceder o local de destino (como chego?)
– O sistema de wayfinding (sinalização de orientação) influência de forma determinante o nível de serviço dos edifícios, nomeadamente interfaces ou centros comerciais
• Determinam o tempo de viagem necessário para aceder aos destinos, diminuindo incerteza e por aumentando a satisfação dos utentes
– Apesar do advento dos sistemas de navegação (TIC), o desenho e configuração do espaço (interior ou exterior) é determinante
• 5 atributos determinantes para orientação dos peões no espaço urbano: caminhos, pontos de referência, nós, esquinas e bairros
24 Planeamento e Gestão da
Mobilidade Urbana Intermodalidade e interfaces
Avaliação do espaço envolvente
(I)
• Avaliação da caminhabilidade (walkability)
• Sintaxe espacial
• Acesso inclusivo / universal
Não incluir obstáculos no acesso a todos os espaços e
equipamento do interface (escadas, balcões e placares
interativos sobrelevados, etc)
Usar tonalidades diferenciadas entre paredes e solo
(amblíopes)
Quando um acesso inclusivo é inevitável, indicar claramente o
desvio necessário (evitando distâncias grandes)
25
Identificar todos os elementos infraestruturais perigosos (plataformas, alterações de nível
(escadas), rampas, etc => usar pisos táteis no acesso às plataformas!
Otimizar a localização de elevadores e escadas rolantes
Devem estar localizados na “linhas de desejo” entre os principais locais de entrada (interface) e
acesso aos locais de embarque/restauração”lojas/etc.
Planeamento e Gestão da
Mobilidade Urbana Intermodalidade e interfaces
Avaliação do espaço envolvente
(II)
26
Otimizar a localização de elevadores e escadas
rolantes
Evitar zonas de espera ou concentração (p.e. placares
informativos ou quiosque de apoio) na entrada de
elevadores e escadas rolantes
Prever alternativas em caso de avaria ou manutenção
destes equipamentos
Dimensionar corretamente os elevadores por forma a
poderem entrar cadeiras de rodas, em função do
volume esperado de utilizadores
Prever assistência a passageiros com
mobilidade reduzida (buggies/caddies)
Identificar claramente o local onde se
encontram e podem ser solicitados
Prever pontos de pedido de assistência nos
interfaces (“push button” de alerta/pedido de
ajuda)
Planeamento e Gestão da
Mobilidade Urbana Intermodalidade e interfaces
Avaliação do espaço envolvente (III)
2
7
• Avaliação do wayfinding em edifícios
Gráfico de visibilidade: tempo de
concretização de tarefas; paragens, #
desvios face ao “indicado”; distância/distância
“indicada”; velocidade média
Cores: influência o desempenho na
interpretação dos sinais
Separação de sinais: “EXIT” separado dos sinais de orientação; ambos separados dos sinais
de orientação para outros usos (lojas, etc.); separados de outros sinais (anúncios, lojas, etc.)
Altura e iluminação: os sinais deve ser colocados a uma altura standard para orientação de
caminhos em espaços “confinados”, ou sobrelevados em espaços mais “abertos” e com
maior densidade de ocupação (evitar obstrução e reflexos que perturbam a visibilidade)
Avaliação do espaço envolvente (IV)
28
• Avaliação do wayfinding em edifícios
Coerência da sinalização (seguir normas nacionais): cores, dimensão do lettering para as várias alturas, iconografia, ...
Cobertura da sinalização: não haver interrupção na sequência e continuidade das indicações
Evitar complexidade/quantidade de informação
Localização de placares informativos fora de caminhos ou interseções; prever
zonas de concentração/estadia para leitura/interpretação com informação
adicional (pessoal de apoio)
r Tipo de informação
Segurança
Informação sobre as viagens: partidas, chegadas, etc
Identificação dos locais de ligação (p.e., entre modos)
Identificação dos caminhos com acessibilidade universal
Proibição (acessos, sentidos, etc.)
BIBLIOGRAFIA
• NetworkRail (2011). “Guide to Station Planning and Design”
(http://www.networkrail.co.uk/aspx/6368.aspx)
• Saelens, B. E., & Handy, S. L. (2008). Built environment correlates of walking: a review.
Medicine and science in sports and exercise, 40(7 Suppl), S550.
• Kalakou, S., & Moura, F. (2014). Bridging the gap in planning indoor pedestrian facilities.
Transport reviews, 34(4), 474-500.
• Ramos, A. (2015). “Análise de desempenho de uma interface na perspetiva da circulação
pedonal com recurso à micro-simulação: o caso de estudo do Colégio Militar”, MSc
Dissertation, Instituto Superior Técnico, Lisboa
• Kalakou, S., Moura, F., & Medeiros, V. (2015).“Analysis of airport configuration and
passenger behaviour.”, Proceedings of the 10th Space Syntax Symposium (SSS10) will
be held in London from 13-17 July 2015 at UCL, London, pp-21-1:21-13
• Projeto IAAPE (www.iappe.org)
Intermodalidade e interfaces Planeamento e Gestão da
Mobilidade Urbana 29