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1 FUNDAMENTOS BÁSICOS DE ENTOMOLOGIA: ASPECTOS MORFOLÓGICOS DOS INSETOS Luciano Pacelli Medeiros de Macedo Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only.

Insetos - morfologia

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    FUNDAMENTOS BSICOS DE ENTOMOLOGIA:

    ASPECTOS MORFOLGICOS DOS INSETOS

    Luciano Pacelli Medeiros de Macedo

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    INTRODUO AO ESTUDO DOS INSETOS

    1. INTRODUO

    Quando o homem surgiu sobre a face da terra, hirsuto e desprovido de

    discernimento, ainda mal diferenciado dos antropides seus primos mais prximos, os

    insetos j se apresentavam altamente especializados e evoludos, merc de uma enorme

    anterioridade de vida sobre o planeta. Isto explica a razo da prtica invencibilidade dos

    insetos, face aos esforos fabulosos que a humanidade tem empregado, desde as mais

    remotas eras.

    Os insetos constituem-se no grupo dominante de animais na terra, ultrapassando em

    nmero todos os outros animais terrestres, podendo ser encontrados, praticamente, em

    todos os lugares.

    Embora muitas espcies de insetos sejam benficas para o homem, como as abelhas,

    o bicho-da-seda, predadores e parasitides de pragas agrcolas, outras tantas so

    prejudiciais, transmitindo doenas, alm de atacarem e consumirem produtos

    indispensveis sobrevivncia da humanidade.

    Os insetos so criaturas importantes por uma srie de razes:

    a) Eles existem na terra h muito tempo, sendo que o fssil mais antigo registrado at

    agora, de um Collembola, data do perodo Devoniano (cerca de 330 milhes de anos, idade

    dos Amphibia). A maioria das ordens de insetos est registrada nos estratos da Era

    Permiana (200-240 milhes de anos). A barata comum, por exemplo, pouco difere dos seus

    ancestrais fossilizados descobertos em sedimentos que datam do Carbonfero Superior.

    b) Os insetos representam cerca de 80% de todas as espcies de animais descritas em todo

    mundo. J foram descritos prximo de 720 mil insetos e milhares de novas espcies so

    descritas anualmente, estimando-se que 2-5 milhes de espcies ainda so desconhecidas.

    c) Os insetos, como todos os demais seres vivos, acham-se regularmente distribudos sobre

    a superfcie do globo, em todas as terras e guas, mostrando maior densidade populacional,

    atravs da faixa compreendida entre os dois trpicos.

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    - Insetos tm sido encontrados em cavernas subterrneas e um cupim foi capturado a

    uma altitude de 5.800 m, por uma armadilha fixada num avio.

    - Cerca de 40 espcies de insetos vivem na regio Antrtica; tambm no raro

    encontr-los alm do Crculo rtico. So encontrados, tambm, no Himalaia, a 6.000

    metros acima do nvel do mar, sendo abundantes nos desertos, lagos e rios do mundo.

    - Nas correntes rticas, as larvas de certos mosquitos permanecem ativas a

    temperaturas abaixo do ponto de congelamento da gua. Em contraste, nas fontes de gua

    quente do Parque Nacional de Yellowstone, EUA, existem certas larvas de mosquito que

    so ativas e se desenvolvem normalmente a 45-50 0C.

    - Certos insetos so capazes de agentar temperaturas extremas, aps perder toda

    sua gua. Algumas larvas criam-se em poas de gua no Oeste da frica Oriental, as quais

    secam durante grande parte do ano. A larva tambm pode secar com o barro e sobreviver

    num estado de dessecao, com um contedo hdrico abaixo de 8%, por muitos anos. Em

    contato com gua lquida elas se recuperam, caminham e alimentam-se dentro de meia

    hora. Neste estado dessecado, a larva pode suportar temperaturas de 190 0C (ar lquido)

    por trs dias, e 102-104 0C por, pelo menos, um minuto.

    - Certos insetos podem suportar variaes extremas nas concentraes osmticas de

    seus ambientes aquticos. Existem larvas que vivem no Great Salt Lake em Utah, EUA,

    cuja salinidade equivalente a 20% de NaCl, podendo sobreviver tambm em gua

    destilada, o que mostra uma capacidade osmo-regulatria.

    2. O TERMO INSETO E DEFINIES DE ENTOMOLOGIA

    Duas origens so atribudas ao termo inseto: a primeira, latina, provinda de

    insectum, isto , animal cujo corpo sulcado ou separado por anis, em outras palavras,

    segmentado; a segunda, do grego entomon, significando sulcado, anelado, portanto,

    tambm com o corpo segmentado.

    Da palavra grega entomon, originou-se Entomologia (entomon = inseto e logos =

    estudo), empregada para designar o estudo dos insetos, numa definio bastante sumria.

    Todavia, numa definio mais ampla e, portanto, mais precisa, Entomologia o estudo dos

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    insetos nos seus mais variados aspectos e de todas as suas relaes com as plantas, com o

    homem e com os animais domsticos.

    3. DIVISES DA ENTOMOLOGIA

    A Entomologia abrange inmeros campos de estudos, altamente especializados, os

    quais podem ser considerados como verdadeiras modalidades ou tipos de Entomologia.

    Dessa forma, so as seguintes as divises da Entomologia:

    3.1. Entomologia Morfolgica: tratando da forma exterior dos insetos, nos seus

    mnimos detalhes.

    3.2. Entomologia Anatmica: estudando a organizao e a estrutura dos rgos, bem

    como dos apndices do tegumento.

    3.3. Entomologia Fisiolgica: ocupando-se com as funes dos aparelhos e sistemas.

    3.4. Entomologia Biolgica: estudando assuntos relativos vida, tais como

    metamorfose, desenvolvimento, reproduo, ciclo evolutivo, etc.

    3.5. Entomologia Ecolgica: tratando dos hbitos e habitats e das relaes recprocas

    com os demais seres vivos.

    3.6. Entomologia Sistemtica: ocupando-se com a classificao, identificao e

    nomenclatura das espcies.

    3.7. Entomologia Mdica: estudando os insetos transmissores de molstias ao homem,

    sejam elas de carter endmico ou no.

    3.8. Entomologia Veterinria: tratando do estudo dos insetos transmissores de

    doenas aos animais domsticos, quer em surto isolado, ou em enzootias e epizootias.

    3.9. Entomologia Florestal: ocupando-se com o estudo dos insetos nocivos s florestas

    naturais ou artificiais.

    3.10. Entomologia Paleolgica: estudando os ancestrais fsseis dos insetos, como

    contribuio ao conhecimento da sua filogenia e, conseqentemente, da sistemtica.

    3.11. Entomologia Agrcola: cuidando do estudo dos insetos nocivos ou pragas das

    plantas cultivadas, seus produtos e subprodutos.

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    3.12. Entomologia Toxicolgica: ocupando-se com a ao qumica e fsica dos

    inseticidas, e tambm dos resduos txicos nos produtos agrcolas.

    3.13. Entomologia Qumica: tratando da descoberta e da fabricao de produtos

    txicos, usados no controle das pragas.

    3.14. Entomologia Industrial: ocupando-se com a coleta ou a produo, a explorao

    e a comercializao de produtos teis fornecidos pelos insetos, tais como, seda, mel, cera,

    laca, carmim de cochonilha, etc.

    4. SUCESSO BIOLGICO DOS INSETOS

    Das caractersticas que contribuem para o sucesso biolgico dos insetos podem ser

    mencionadas: pequeno tamanho, capacidade de voar, sistemas especializados de

    reproduo, adaptabilidade, exoesqueleto e metamorfoses.

    4.1. Pequeno tamanho

    Embora os extremos de tamanho existentes na Classe Insecta sejam considerveis, a

    maioria deles pequena. Existem insetos desde 1/5 mm at 150 mm, entretanto, a maioria

    deles no chega a este tamanho e, embora no seja possvel dar um valor mdio, pode-se

    dizer que geralmente os insetos so menores que 5 mm. Este pequeno tamanho proporciona

    pequenas vantagens:

    - Devido ao seu pequeno tamanho eles exigem menor quantidade de alimento para

    atingir a maturidade sexual.

    - O pequeno tamanho permite que os insetos explorem microambientes que so

    inacessveis a animais maiores.

    4.2. Capacidade de voar

    A vantagem bvia a de permitir disperso. As distncias que os insetos podem

    voar so quase inacreditveis. Os mosquitos podem chegar at 80-160 km do local onde

    nasceram e j se registrou o vo de liblulas a centenas de quilmetros da costa martima.

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    Os padres de vo podem ser regulares, como nas migraes, permitindo aos insetos

    escapar do inverno para climas mais favorveis.

    4.3. Sistemas especializados de reproduo

    As estratgias que os insetos desenvolveram para assegurar sua propagao so

    muito diversas, indo desde mtodos elaborados para a atrao sexual, reconhecimento,

    crte, a especializaes que promovem a maturao e o desenvolvimento da prole. Certos

    insetos podem se reproduzir sem que os ovos sejam fertilizados (partenognese),

    permitindo que a reproduo ocorra sem o problema de encontrar o macho.

    4.4. Adaptabilidade

    A adaptabilidade a condies de vida to extremas outra vantagem que nenhuma

    outra forma animal conseguiu. O seu regime alimentar um exemplo da sua infinita

    adaptabilidade, pois se nutrem de substncias as mais variadas e extravagantes que se possa

    imaginar.

    4.5. Exoesqueleto

    O exoesqueleto, funcionando como uma armadura protetora contra impactos,

    compresso e esmagamento, tem proporcionado aos insetos uma segura proteo e grande

    resistncia contra a penetrao de microrganismos patognicos, gases deletricos e gua,

    atravs do seu corpo e, ainda, evitando a desidratao.

    4.6. Metamorfoses

    As metamorfoses representam uma forma de garantir a sobrevivncia, pois, durante

    as mltiplas transformaes para se tornarem adultos, so capazes de explorar diversas

    fontes de alimentos, as quais variam do estgio de larva ao de adulto.

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    5. OS INSETOS NO REINO ANIMAL

    A natureza que nos cerca, na qual vivemos e da qual somos partes integrante,

    formada por dois grandes agrupamentos de seres: os inanimados (brutos ou inorgnicos),

    destitudos de vida, representados pelas rochas e minerais, formando o Reino Mineral e os

    animados (vivos ou orgnicos), dotados de vida, compreendendo as plantas (Reino Vegetal

    ou Flora) e os animais (Reino Animal ou Fauna).

    O globo terrestre recoberto por enorme massa de gua (oceanos, mares, rios e

    lagos), ocupando cerca de 70% da superfcie. Os 30% restantes so representados pelas

    terras (continentes e ilhas). Nessa rea relativamente pequena de terras, vivem e se

    distribuem 4/5 ou 80% dos animais e 75% dos vegetais. Os demais seres vivos habitam as

    guas doces e salgadas, formando o grande e maravilhoso biociclo aqutico.

    O Reino Animal constitui-se no maior dos reinos da natureza, totalizando 3/4 ou

    75% dos seres vivos, sendo muito difcil a estimativa correta do nmero de espcies. Sabe-

    se que compreende aproximadamente 1.150.000 espcies de animais conhecidos, com cerca

    se 1.115.000 invertebrados e 35.000 vertebrados, que representam, respectivamente, 96% e

    4% dos animais. Para facilitar o estudo dessa enorme quantidade de animais, encontrados

    em praticamente todas as altitudes, latitudes e longitudes, esse reino foi dividido em vrios

    grupos, de acordo com as caractersticas dos animais, denominados Filos.

    Dentre os Filos, trs so de importncia agrcola:

    5.1. Filo Nemata: inclui, entre outros vermes, os nematides, que atacam

    principalmente as razes das plantas. Os nematides so, em geral, alongados e com as

    extremidades afiladas; geralmente invisveis a olho nu.

    5.2. Filo Mollusca: compreende as lesmas e caracis (terrestres) e os caramujos

    (aquticos). Os dois ltimos possuem uma concha calcria sobre o corpo, enquanto as

    lesmas no possuem essa estrutura. Alimentam-se de folhas, principalmente de hortalias.

    5.3. Filo Arthropoda: corresponde a aproximadamente 80% do Reino Animal. Seus

    representantes apresentam a seguinte combinao de caracteres morfolgico-anatmicos:

    - Pernas articuladas: origem do Filo ou Ramo (grego arthron = articulao e podes =

    pernas).

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    - Exoesqueleto: revestimento duro do corpo e respectivos apndices, sem soluo de

    continuidade, formado principalmente por quitina, que eliminada e renovada medida

    que o animal cresce.

    - Simetria bilateral: apresentam uma grande semelhana em cada metade do corpo,

    quando este cortado longitudinalmente por um plano vertical.

    -Corpo segmentado: formado por um determinado nmero de segmentos (somitos ou

    metmeros).

    - Heteronomia: corpo com divises distintas, formadas pela fuso ou no de grupos de

    segmentos embrionrios. Dessa forma, o corpo apresenta-se dividido em cabea, trax e

    abdome ou em cefalotrax e abdome.

    - Aparelho circulatrio dorsal.

    - Sistema nervoso ventral.

    - Ausncia de epitlio ciliado: em todas as fases de desenvolvimento.

    O Filo Arthropoda est dividido em vrias Classes, das quais merecem destaque,

    face importncia agrcola:

    - Classe Diplopoda: corpo cilndrico com vrios segmentos, cada um com dois pares

    de pernas. So conhecidos vulgarmente por piolhos-de-cobra e podem destruir plantas

    recm-germinadas; algumas espcies so predadoras.

    - Classe Symphyla: atingem no mximo 6 mm de comprimento. Apresentam colorao

    esbranquiada, possuindo de 10 a 12 pares de pernas. So terrestres e vivem em locais

    midos. Danificam sementes e brotos novos de inmeras culturas.

    - Classe Arachnida: destacam-se os caros, que causam danos em vrias culturas, bem

    como vrias espcies de aranhas que, sendo predadoras, destroem muitas pragas agrcolas.

    - Classe Insecta: estima-se que so conhecidas mais de 1.000.000 de espcies de

    insetos. Somente na Ordem Coleoptera (besouros), so conhecidas mais de 300.000

    espcies, podendo-se inferir que de cada quatro espcies de animais conhecidas, uma

    espcie de besouro. Os insetos apresentam seis pernas (hexpodes); antenas presentes em

    nmero de duas (dceros); asas presentes (alados) ou ausentes (pteros); corpo dividido em

    trs regies, mais ou menos distintas: cabea, trax e abdome.

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    6. CHAVE PARA AS CLASSES DE IMPORTNCIA AGRCOLA DO FILO

    ARTHROPODA

    a. Com 3 ou 4 pares de pernas...............................................................................................b

    a. Com 10 ou mais pares de pernas......................................................................................c

    b(a). Com 3 pares de pernas; corpo dividido em 3 regies (cabea, trax e abdome); peas

    bucais do tipo ectgnata....................................................................................Classe Insecta

    b. Com 4 pares de pernas; cabea fundida ao trax (cefalotrax).............Classe Arachnida

    c(a). Mais de 12 pares de pernas, sendo dois pares em cada segmento; colorao

    escura...........................................................................................................Classe Diplopoda

    c. De 10 a 12 pares de pernas, sendo um par por segmento; colorao

    esbranquiada...............................................................................................Classe Symphyla

    7. A CLASSE INSECTA

    A classe Insecta considerada por muitos autores a mais evoluda do Filo

    Arthropoda. Compreende o maior nmero de espcies deste ramo e dos animais

    conhecidos, abrangendo cerca de 80% das espcies de animais, sem considerar a

    quantidade extraordinria de indivduos que cada espcie pode abranger.

    Apresenta o corpo dividido em trs regies tpicas e distintas: cabea, trax e

    abdome (Figura 1).

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    Figura 1. Divises do corpo de um inseto.

    As trs regies do corpo de um inseto sero detalhadas no captulo sobre Morfologia

    Externa. Apenas a ttulo de informao, ser esboado um resumo acerca de cada parte que

    compe um inseto.

    A cabea a regio anterior do corpo e contm os olhos, em nmero de dois; um,

    dois ou trs olhos simples ou ocelos; um par de antenas (por isso so artrpodes dceros) e

    as peas bucais, composta de lbios superior e inferior, mandbulas, maxilas, epifaringe e

    hipofaringe. Essas peas podem estar atrofiadas e modificadas em decorrncia da evoluo

    adaptativa, mas esto sempre expostas (ectognatos). A forma da cabea varia

    consideravelmente nos vrios insetos, mas , geralmente, fortemente esclerotizada, isto ,

    bastante dura.

    O trax a regio mdia do corpo, e composto por trs segmentos, protrax,

    mesotrax e metatrax, cada um deles com um par de pernas, sendo considerados

    hexpodes. As asas, quando presentes, localizam-se no segundo e terceiro segmentos,

    sendo considerados tetrpteros, porm podem ser pteros ou dpteros. A formao das

    Cabeaa

    Trax Abdome

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    asas dos insetos nica no Reino Animal, pois constituem-se em rgos de origem prpria,

    no por transformao das pernas, como aconteceu com os surios voadores, aves e

    morcegos.

    O abdome possui, tipicamente, de sete a onze segmentos verdadeiros, mas o dcimo

    primeiro geralmente muito reduzido e representado por apndices e, assim, o nmero

    mximo raramente parece ser maior do que dez. Esses segmentos terminam ou no por

    apndices sensoriais, locomotores e genitais, apresentando segmentao caracterstica, da

    qual originou o nome desses animais.

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    MORFOLOGIA EXTERNA

    1. MORFOLOGIA EXTERNA

    Compreende o estudo de todas as partes que compem externamente o corpo dos

    insetos. Assim sendo, descreve a cabea com todos os seus apndices, o trax com as

    pernas e as asas, e o abdome e seus apndices.

    A morfologia externa preocupa-se tambm com a estrutura do tegumento dos

    insetos, isto , o exoesqueleto.

    2. TEGUMENTO OU PAREDE DO CORPO

    O tegumento um dos rgos primrios de um animal. De origem ectodrmica, o

    tegumento pode ser descrito como uma cpsula oca e contnua, modificada por complexas

    inflexes e projees, podendo, ainda, se apresentar como uma pelcula mole e flexvel ou

    uma carapaa mais ou menos dura e rgida, reforada por uma cutcula cobrindo toda a sua

    superfcie.

    2.1. Estrutura geral do tegumento

    A estrutura generalizada do tegumento do inseto mostrada na Figura 2,

    conforme adaptao de Richards (1951).

    2.1.1. Membrana basal: camada de polissacardeos secretada por um tipo de

    hemcitos (clulas do sangue) que separa a epiderme do hemocele (cavidade do corpo).

    Nervos e traquias correm entre a membrana basal e as clulas epidrmicas antes de se

    ramificarem mais adiante.

    2.1.2. Epiderme: tipicamente, a epiderme consiste de uma simples camada de

    clulas poligonais, intermeadas com clulas especializadas de vrios tipos e interrompida

    pela insero de msculos e traquias que penetram atravs da membrana basal. A camada

    epidrmica contm os componentes celulares do tegumento que so responsveis pela

    formao das partes mais externas deste. Ela tambm contm glndulas drmicas, oencitos

    e outros tecidos especializados que participam da organizao da estrutura viva. Por

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    ocasio da ecdise, as clulas da epiderme tornam-se grandemente ativas, e produzem as

    enzimas que digerem as partes da velha cutcula e o material que formar a nova.

    Figura 2. Estrutura geral do tegumento de um inseto (Wigglesworth, 1972); a

    endocutcula laminada; b exocutcula; c epicutcula; d seta; e canais de poro; f

    duto da glndula drmica; g membrana basal; h clula epidrmica; i clula tricgena; j

    clula tormgena; l oencito; m hemcito aderente membrana basal; n glndula

    drmica.

    A. Incluses epidrmicas

    a) Glndulas drmicas: todas as clulas epidrmicas so glandulares, no sentido de

    que elas participam na formao da cutcula, mas h ainda certas clulas maiores que se

    desenvolvem de clulas epidrmicas e parecem ser especializadas em produzir a camada de

    cimento, tambm chamada tetocutcula. Consiste, tipicamente, de uma estrutura vacuolada

    e um duto, chamado de duto da glndula drmica.

    b) Oencitos: os oencitos so conhecidos apenas nos insetos. Originam-se de clulas

    epidrmicas aps uma diviso e, comumente, de clulas arranjadas ao redor dos

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    espirculos. So produtores de uma protena conjugada (lipoprotena) que forma a camada

    de cuticulina, a mais interna das camadas da epicutcula.

    c) Tricgenos (sensilos tricides): so incluses epidrmicas responsveis pelo senso

    ttil, e so numerosos ao longo do corpo do inseto. Fundamentalmente, um tricgeno

    consta de uma seta, que o processo cuticular externo, da clula tricgena, responsvel

    pela regenerao da seta e da clula tormgena, que forma a base para o encaixe da seta,

    alm de um neurnio (Figura 3).

    Figura 3. Representao esquemtica de uma seta sensorial e da clula nervosa que se

    associa.

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    2.1.3. Cutcula: a cutcula uma secreo da epiderme e cobre toda a parte

    externa do corpo, revestindo tambm as invaginaes ectodermais (estomdeo, proctdeo e

    traquias). Ela diferenciada em duas regies principais: uma cutcula interna, de 200

    de espessura, que contm quitina e forma o corpo da cutcula, e uma fina epicutcula

    externa, que no contm quitina e cuja espessura de 1-4 . Ao ser secretada a cutcula

    quitinosa denominada procutcula, mas subseqentemente a parte externa sofre

    esclerotizao para formar a exocutcula, enquanto que a parte interna, indiferenciada,

    chamada endocutcula. Entre as duas camadas pode haver uma regio de cutcula

    endurecida, mas no totalmente escura, chamada mesocutcula. A cutcula tem uma

    estrutura lamelar, resultante da distribuio de microfibras. Entre a endocutcula e a

    epiderme existe uma camada amorfa, sem fibras, com estrutura granular, que constitui a

    subcutcula ou camada de Schmidt e provavelmente representa a endocutcula em

    processo de formao.

    a) Epicutcula: a camada mais externa da cutcula, variando em espessura de um

    a vrios micra. constituda por uma camada de cimento, tambm chamada de

    tetocutcula, muito fina, de natureza ainda desconhecida; abaixo dessa camada encontra-se

    uma camada lipidea ou de cera presente na maioria dos insetos, com exceo de poucas

    espcies que vivem em ambiente muito mido. formada por hidrocarbonetos, cidos

    livres, colesterol e polmeros de resinas cidas. A seguir encontram-se a camada de

    polifenol com espessura variando ao redor de 0,25 ; e a camada de cuticulina, que

    formada por lipoprotenas polimerizadas.

    b) Procutcula ou cutcula quitinosa: a camada que vem imediatamente sob a

    epicutcula. formada pela exocutcula e endocutcula, sendo ambas compostas pela

    quitina, que est sempre associada a protenas e outros materiais complexos.

    - Exocutcula: uma camada mais dura e mais densa, impregnada por uma esclerotina de

    cor mbar, algumas vezes juntamente com melanina, donde a sua colorao geralmente

    mais escura. Esta camada falta quase completamente nas lagartas e outros insetos, e neste

    caso, a endocutcula ocupa toda a espessura do tegumento, sendo recoberta imediatamente

    pela epicutcula.

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    - Endocutcula: uma camada mais tenra, muito flexvel e desprovida de esclerotina. a

    camada mais espessa da cutcula, mostrando uma estrutura laminar, formada por lamelas

    superpostas.

    A endo e a exocutcula so percorridas por numerosos canais verticais,

    denominados canais de poro. Presume-se que estes canais, originrios de clulas

    epidrmicas, so formados por prolongamentos citoplasmticos dessas clulas, no interior

    dos quais passam as substncias necessrias formao das camadas de polifenis e de

    ceras da epicutcula.

    A quitina e as protenas esto intimamente ligadas, de modo que a quitina isolada

    no existe no tegumento dos insetos. A quitina um polissacardeo nitrogenado, cuja

    frmula emprica (C8H13O5N)x. Apresenta as caractersticas de ser um slido amorfo, sem

    cor, insolvel em gua, cidos diludos, lcalis, lcool e todos os solventes orgnicos.

    solvel em cidos minerais concentrados.

    A parte protica que ocorre juntamente com a quitina, numa proporo de 25 a 37%

    do peso da cutcula, denominada de artropodina e possui a caracterstica de ser

    altamente solvel em gua quente.

    B. Cores

    Muitos insetos so brilhantes, ou mesmo coloridos, o que muitas vezes os tornam

    com um brilho metlico. As cores tm sua origem, ou em pigmentos incorporados ou

    devido a diversos fatores externos, entre os quais a temperatura, e em outros casos, diversos

    fenmenos fisiolgicos. At o presente momento todos os pigmentos que foram isolados

    so produtos metablicos de substncias ingeridas com o alimento. Os pigmentos podem

    ser separados em diferentes grupos qumicos bem definidos.

    Os principais pigmentos so:

    - Carotenides: so descritos como pigmentos produtores de cores em muitos insetos e so

    sempre derivados do alimento, sendo direta ou indiretamente de origem vegetal. O principal

    componente do caroteno encontrado nas plantas o b-caroteno que possui colorao

    laranja-amarelada e j foi isolado em estado livre ou em complexo protico em um grande

    nmero de insetos. O a-caroteno, por sua vez, tem sido relatado como o responsvel pelas

    manchas avermelhadas da fmea de louva-Deus e pela colorao dos litros de alguns

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  • 17

    coccineldeos, em associao com seu ismero, embora tais suposies no tenham sido

    confirmadas por mtodos cromatogrficos modernos.

    - Xantoquinonas: constitui-se no segundo grupo de pigmentos encontrados nos insetos.

    Sua presena j conhecida h longo tempo entre os coccdeos, mas poucos estudos

    existem a respeito.

    - Antoxantinas: so encontrados em certos lepidpteros e algumas tentativas foram feitas

    para usar este pigmento como um carter taxonmico.

    - Insetoverdinas: so pigmentos de uma ocorrncia particular do b-caroteno. Antigamente

    supunha-se que tal pigmento fosse a clorofila.

    - Melaninas: so pigmentos responsveis pela colorao mais escura do tegumento e dos

    olhos dos insetos, podendo variar de amarelo a preto.

    3. ESTUDO DA CABEA DOS INSETOS

    A cabea, sendo uma regio especializada, apresenta uma srie de estruturas, mais

    ou menos complexas. Em primeiro lugar, observa-se que na cabea esto localizados os

    apndices fixos (olhos compostos e ocelos) e mveis (antenas e peas bucais). Alm desses

    apndices existem, ainda, sulcos e suturas, que por sua posio e forma, tm grande valor

    taxonmico.

    A. Sulcos e suturas

    O termo sutura indica entalhes que marcam a linha de unio de duas regies que

    anteriormente eram distintas, enquanto que entalhes com origem puramente funcional,

    devem ser chamados de sulcos.

    Os principais sulcos e suturas so (Figura 4):

    - Sulco epicranial: situa-se na parte frontal da cabea e apresenta-se na forma de um

    Y invertido, com o tronco colocado medianamente na parte superior da cabea e os

    ramos divergindo para baixo sobre a face. A parte distal (tronco) chamada sulco coronal

    e os ramos so os sulcos frontais.

    - Sulco ps-frontal: situa-se geralmente sobre os ocelos, mas nem sempre

    encontrado.

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  • 18

    - Sulcos subgenais: em nmero de dois, um de cada lado da cabea, na parte inferior da

    regio genal, prximos s articulaes das mandbulas.

    - Sulco epistomal ou clipeal: separa o clpeo da fronte. tambm denominado

    frontoclipeal ou clpeofrontal.

    - Sulco clpeolabral ou labroclipeal: separa o clpeo do lbio superior.

    - Sulcos oculares: tambm so em nmero de dois, circundando os olhos compostos,

    como uma moldura.

    - Sulcos sub-oculares: encontram-se na regio inferior dos olhos, dirigindo-se para a

    base das antenas. Nem sempre so encontrados.

    - Sulcos Antenais: encontram-se circundando a base das antenas.

    - Sulcos sub-antenais: localizam-se na base das antenas, partindo da em direo s

    mandbulas. Podem ser chamados frontogenais. Nem sempre so encontrados.

    - Sulco ptilinal: encontrado apenas nos dpteros, localizando-se na sua regio frontal,

    acima da base das antenas, em forma de um V ou U invertidos.

    - Sulco occipital: situa-se na parte posterior da cabea, limitando, anteriormente o

    occipcio.

    - Sutura ps-occipital: situa-se entre o occipcio e o ps-occipcio.

    B. reas intersuturais

    So delimitadas pelos sulcos e suturas, sendo as seguintes (Figura 4):

    - Frontal: a regio mediana frontal da cabea, situada acima do sulco epistomal.

    - Clipeal: a rea disposta imediatamente abaixo da fronte, podendo estar

    subdividida em alguns insetos, em ps-clpeo (superior) e anteclpeo (inferior).

    - Parietais: encontram-se na parte superior da cabea, e incluem um olho composto,

    uma antena e um ocelo dorsal, e so separadas pelo sulco coronal.

    - Vrtice, vrtex, ou epicrnio: a poro mais elevada da cabea. Quando se

    apresenta prolongada recebe a denominao de fastgio.

    - Genais: so em nmero de duas e situam-se abaixo e atrs dos olhos, estendendo-

    se at o sulco subgenal.

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  • 19

    - Subgenais: so duas reas estreitas localizadas entre as genas e a articulao das

    peas bucais. A poro de cada rea subgenal sobre a mandbula chamada pleurostoma, e

    a poro posterior hipostoma.

    - Occipital: a regio compreendida entre o sulco occipital e a sutura ps-occipital,

    formando uma espcie de colarinho, tendo a forma de uma ferradura ou de um arco.

    - Ps-occipital: a rea entre a sutura ps-occipital e o crvix (pescoo).

    Apresenta um cndilo occipital de cada lado, que se articula com o esclerito cervical

    anterior.

    - Crvix ou crvice: o pescoo dos insetos, constituindo-se em uma regio

    membranosa que se segue a regio ps-occipital e fornece liberdade de movimentos

    cabea.

    - Forame magno: tambm conhecido como forame occipital; atravessado pelos

    aparelhos circulatrio, digestivo e sistema nervoso. a abertura que permite a comunicao

    entre a cavidade interna da cabea com o restante do corpo do inseto.

    Figura 4. reas e suturas da cabea.

    Sutura epicranial

    Suturas frontais

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  • 20

    C. Apndices fixos (Olhos)

    A maior parte dos insetos adultos possui dois olhos compostos (Figura 5),

    geralmente volumosos e situados na parte dorso-lateral da cabea. Esses apndices podem

    ter formato oval, arredondado, reniforme, convexo, etc., e so constitudos de algumas at

    milhares de estruturas circulares ou hexagonais, as lentes de unidades visuais, que so

    denominadas facetas ou omatdeos, que correspondem a um minsculo olho (unidade

    visual) (Figura 6).

    Figura 5. Olhos compostos de um inseto.

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  • 21

    Figura 6. Estruturas de um olho composto.

    O nmero de omatdeos varia de acordo com o habitat e comportamento do inseto.

    Assim, as operrias das formigas Solenopsis, que vivem abaixo da superfcie do solo,

    possuem de seis a nove omatdeos, enquanto que os machos do mesmo gnero, alados, e

    que devem sair ao ar livre durante o vo nupcial, apresentam aproximadamente 400. As

    moscas domsticas apresentam aproximadamente 4.000; os papiliondeos 17.000 e as

    liblulas de 28.000 a 30.000, enquanto algumas espcies no apresentam sequer olho

    composto.

    Os olhos dos insetos so fixos, no apresentando, portanto, a mobilidade que ocorre

    nos olhos dos vertebrados, mas devido a sua constituio e o elevado nmero de omatdeos,

    permitem que o campo visual atinja 180 ou mais. Insetos de vo rpido geralmente

    apresentam um grande nmero de omatdeos. Em insetos subterrneos, como por exemplo

    cupim na fase adulta, os olhos compostos podem estar ausentes.

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  • 22

    Alm dos olhos compostos, os insetos, especialmente suas larvas, apresentam olhos

    simples, os ocelos (Figura 7), semelhantes constituio de um nico omatdeo, porm

    com a crnea circular e convexa, no facetada. Ocorrem comumente em nmero de trs,

    mas tal nmero pode variar de acordo com a espcie. Sua presena, ausncia e nmero so

    utilizados como caracteres taxonmicos na classificao dos insetos.

    Figura 7. Olhos simples (ocelos) de uma cigarra.

    D. Apndices mveis

    D.1. Antenas

    Embriologicamente originrias do segundo segmento da cabea (segmento antenal),

    as antenas articulam-se geralmente na rea frontal da cabea dos insetos, podendo, em

    alguns casos, localizar-se tambm nas partes laterais, dorsal ou inferior da cabea, bem

    como ocultar-se em cavidades especiais, dando a exata impresso de que tais insetos so

    desprovidos de antenas. Todos os insetos adultos possuem um par de antenas, da serem

    denominados dceros.

    As antenas so apndices eminentemente sensoriais, desempenhando diversas

    funes, sendo a ttil a principal, devido aos plos tteis que normalmente recobrem quase

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  • 23

    todos os antenmeros. A funo olfativa proporcionada pelas reas olfativas, distribudas

    sobre a superfcie dos antenmeros, e se apresentam sob a forma de placas crivadas de

    poros microscpicos. A funo auditiva, segundo os autores, reside nos chamados rgos

    de Johnston, localizados no pedicelo, em alguns insetos. As antenas podem, ainda,

    apresentar a funo preensora, mostrada por machos de algumas espcies para a preenso

    da fmea, durante a cpula, apresentando tambm a funo gustativa. Alguns autores

    consideram tambm que as antenas apresentam funo de equilbrio.

    - Estrutura de uma antena tpica

    Uma antena tpica formada por trs partes, sendo as duas primeiras nicas ou

    uniarticuladas, e a terceira compreendendo um nmero varivel de antenmeros, por isso

    multiarticulada, e que so respectivamente: escapo, pedicelo e flagelo (Figura 8).

    a) Escapo: segmento basal da antena, geralmente o mais desenvolvido,

    encontrando-se inserido na cabea numa cavidade denominada escrobo ou trulo.

    b) Pedicelo: segundo antenmero, geralmente curto, porm s vezes pode ser

    dilatado para abrigar o rgo de Johnston, que tem funo auditiva.

    c) Flagelo: formado pelos demais artculos, e varia muito quanto ao nmero e a

    forma desses artculos. a parte mais distinta da antena, sendo que os variados aspectos de

    seus antenmeros podem ser de importncia na identificao dos insetos.

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  • 24

    Figura 8. Estruturas de uma antena tpica.

    - Tipos de antenas

    De acordo com o aspecto dos antenmeros do flagelo, podem ser reconhecidos os

    seguintes tipos de antenas (Figura 9):

    a) Filiforme: o tipo considerado primitivo. Todos os artculos so semelhantes em

    tamanho, ligeiramente alongados, formando uma seqncia que se assemelha a um fio. a

    antena encontrada nas esperanas, baratas, etc.

    b) Moniliforme: apresenta os artculos arredondados, semelhantes s contas de um

    colar. o tipo encontrado na vespa de Uganda e nos colepteros da famlia Tenebrionidae.

    c) Clavada: o flagelo termina em uma dilatao semelhante a uma clava ou massa

    apical, no muito pronunciada, que pode ser constituda de apenas um artculo ou vrios.

    a antena tpica das borboletas.

    d) Capitada: uma antena semelhante clavada, com a diferena de ser a massa

    apical bastante dilatada. a antena tpica da broca-do-caf.

    e) Imbricada: possui os artculos em forma de taas, estando a base de uma

    encaixada no pice da outra. encontrada em besouros do gnero Calosoma (Carabidae).

    f) Fusiforme: os artculos pr-apicais apresentam uma dilatao. So comuns em

    lepidpteros de hbitos crepusculares, pertencentes famlia Hesperiidae.

    g) Serreada: os artculos apresentam dilataes em forma de espinhos ou dentes,

    em um ou ambos os lados, sendo semelhantes aos dentes de uma serra. a antena

    encontrada na famlia Buprestidae, da ordem Coleoptera. No caso destas dilataes se

    apresentarem dos dois lados, a antena denominada bissereada.

    h) Denteada: os artculos tambm apresentam dilataes, com a diferena que estas

    no so pontiagudas e sim arredondadas. Esta antena encontrada na famlia Elateridae

    (Coleoptera). Como no caso anterior, quando estas dilataes se processam em ambos os

    lados, a antena denominada bidenteada.

    i) Estiliforme: apresenta na extremidade do flagelo um pequeno estilete, recurvado

    ou reto. a antena tpica de muitos dpteros da subordem Brachycera e de mariposas da

    famlia Sphingidae.

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  • 25

    j) Plumosa: apresenta o flagelo com inmeros plos que circundam todos os

    artculos, dando a impresso de uma pluma. a antena tpica dos machos de pernilongos.

    l) Flabelada: possui expanses laterais em forma de lminas ou de folhas. Aparece

    em uma espcie de serra-pau e em alguns microhimenpteros.

    m) Setcea: os antenmeros vo diminuindo de dimetro da base para a

    extremidade da antena, podendo ser longa ou curta. O primeiro tipo comumente

    encontrado em gafanhotos e serra-paus e o segundo, em cigarras, cigarrinhas e liblulas.

    n) Furcada: os antenmeros do flagelo esto dispostos em dois ramos, tomando a

    forma de um Y. encontrada nos machos de alguns microhimenpteros e em dpteros da

    famlia Tabanidae.

    o) Pectinada: os artculos apresentam uma dilatao lateral longa e mais ou menos

    fina, assemelhando-se a um pente. Tm-se antenas bipectinadas quando estas expanses se

    encontram nos dois lados do flagelo. So comuns em mariposas, principalmente, nos

    machos.

    p) Lamelada: apresenta uma dilatao tpica nos trs ltimos antenmeros que,

    juntos, formam como que lminas que se sobrepem. So as antenas tpicas dos colepteros

    da superfamlia Scarabaeioidea.

    q) Geniculada: os artculos do flagelo so dobrados em ngulo com o escapo, que

    bastante alongado. Forma-se, portanto, uma espcie de ngulo que lembra um joelho.

    Encontram-se em formigas e abelhas.

    r) Aristada: o flagelo torna-se globoso, achatado, relativamente grande e

    apresentando apenas um plo, denominado arista. Alguns autores consideram a arista

    como parte do flagelo, onde o primeiro artculo deste se dilatou, conforme j referido. a

    antena tpica da mosca domstica e outros dpteros.

    s) Composta: formada pela combinao de diferentes tipos. Assim, podem ocorrer

    antenas genculo-clavadas, tpicas de alguns curculiondeos (Ordem Coleoptera) e

    genculo-moniliformes, encontradas em alguns microhimenpteros.

    - Dimorfismo sexual nas antenas

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  • 26

    Muitas vezes possvel o reconhecimento do sexo dos insetos atravs das antenas,

    visto que elas se apresentam diferentes nos machos e nas fmeas. Para tanto, os seguintes

    aspectos devem ser considerados:

    a) Tamanho: as antenas dos machos, geralmente, so mais desenvolvidas.

    b) Tipo: h casos em que os machos e as fmeas possuem antenas de tipos

    diferentes. Por exemplo, os machos de pernilongos tm antenas plumosas e as fmeas

    filiformes.

    c) Insero: pode variar em funo do sexo. Nos machos do gnero Brentus

    (Coleoptera: Brentidae) as antenas esto inseridas na extremidade do prolongamento

    ceflico, enquanto que nas fmeas localizam-se no meio desse prolongamento.

    d) Nmero de artculos: pode variar, de acordo com o sexo. Por exemplo: nos

    himenpteros aculeados os machos tm 13 antenmeros e as fmeas 12.

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  • 27

    Figura 9. Principais tipos de antenas.

    D.2. Aparelhos bucais

    O aparelho bucal composto de apndices mveis, embriologicamente originrios

    do terceiro, quarto, quinto e sexto segmentos ceflicos.

    Compem-se, primitivamente, de um conjunto de peas, em nmero de oito, sendo

    duas destas, muitas vezes atrofiadas. Esta atrofia pode ocorrer em todas as peas bucais

    havendo, assim, insetos agnatos, isto , que no possuem aparelho bucal funcional, como

    no caso de muitas espcies de efemridas na fase adulta. A morfologia das peas varia de

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  • 28

    espcie para espcie, principalmente, em funo das adaptaes alimentares sofridas,

    embora os requerimentos nutricionais sejam os mesmos para todos os insetos. Tais

    requerimentos constituem-se basicamente de aminocidos, fonte de energia (gorduras,

    carboidratos, aminocidos por desaminao) e nutrientes regulatrios (vitaminas, minerais,

    colesterol e certos cidos graxos). Alm do mais, h insetos que se alimentam de nutrientes

    slidos e outros de lquidos; h aqueles que encontram o seu alimento facilmente na

    superfcie, e outros que precisam introduzir profundamente o aparelho bucal para a retirada

    do alimento, como no caso da suco da seiva ou do sangue dos animais.

    Para o estudo das peas bucais, podem ser tomadas como tipo padro aquelas que

    formam o aparelho bucal mastigador ou triturador dos insetos primitivos, sendo elas

    (Figura 10):

    a) Lbio superior ou labro: um lbulo achatado, suspenso pelo clpeo. A superfcie

    externa esclerotizada, enquanto a interna membranosa. A cutcula interna forma parte da

    superfcie epifaringeal. O labro, ao contrrio do clpeo, ligeiramente mvel, apresentando

    formas variveis (quadrangular, retangular, bilobada ou triangular), podendo ser levantado

    e abaixado, retrado e projetado e se movimentar de um lado para outro. Ele cobre as

    mandbulas anteriormente, formando parte da passagem fechada (cavidade pr-oral) acima

    da hipofaringe, tendo funo de proteo e manuteno dos alimentos.

    b) Mandbulas: em nmero de duas, localizam-se atrs do labro, articulando-se por

    meio de cndilos com a parte lateral da cabea. Tm funo trituradora, cortadora,

    moedora, perfuradora, modeladora e transportadora, alm de defesa, sendo muitas vezes,

    extremamente modificadas na sua morfologia, a fim de corresponderem s exigncias

    alimentares.

    c) Maxilas: tambm em nmero de duas, localizam-se atrs das mandbulas,

    auxiliando-as durante a alimentao. Cada maxila formada por vrias peas menores,

    algumas com funo ttil e gustativa ou funo mastigadora, ou ainda, quando

    extremamente modificadas, perfuradora. Essas peas so denominadas: cardo, estipe,

    glea, lacnia, palpfero e palpo maxilar (Figura 11).

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  • 29

    Figura 10. Peas bucais do aparelho mastigador.

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  • 30

    Figura 11. Estruturas de uma maxila.

    - Cardo: a parte basal da maxila que se articula com a cabea. Tem formato

    geralmente quadrangular ou triangular.

    - Estipe: uma pea mais ou menos quadrangular e que suporta duas peas

    laminares, uma mais externa, a glea, e outra mais interna, a lacnia. Essas duas estruturas

    auxiliam a mastigao iniciada pelas mandbulas. Ainda no estipe encontra-se o palpo

    maxilar, rgo sensorial que se articula atravs de um esclerito denominado palpfero. O

    palpo maxilar geralmente formado por um a cinco segmentos e provido de plos

    sensveis.

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  • 31

    d) Lbio inferior ou lbio: uma pea mpar constituda pela fuso de duas

    maxilas nos artrpodes primitivos, havendo, portanto uma homologia entre as peas

    constituintes do lbio e aquelas das maxilas. Apresenta funo ttil e de reteno de

    alimentos. dividido pelo sulco labial em duas partes, o ps-mento ou ps-lbio, que a

    parte basal, e o pr-mento ou pr-lbio, que a parte distal. O ps-mento compreende

    duas partes alargadas e achatadas, o submento, que a poro basal, articulando-se com a

    cabea, e o mento, que une o submento ao pr-mento. O pr-mento tambm apresenta-se

    como base de diversas estruturas. Nele encontram-se os palpos labiais, em nmero de dois,

    que possuem funo sensorial e articulam-se por meio de um esclerito chamado palpgero.

    Esto ainda inseridos no pr-mento quatro lobos, sendo que os dois menores e mais

    internos so as glossas, e os dois mais externos so as paraglossas. Quando essas quatro

    peas acham-se fundidas em uma s, formam um apndice bilobado chamado de lgula

    (Figura 12).

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  • 32

    Figura 12. Estruturas do lbio de um inseto.

    e) Epifaringe: uma estrutura dilatada que se localiza na parte interna ou ventral

    do labro, constituda por uma dobra membranosa recoberta por plos sensveis, com funo

    gustativa.

    f) Hipofaringe: facilmente visvel, desde que se retire a mandbula e a maxila de

    um dos lados da cabea. Possui a sua insero junto ao lbio inferior. Apresenta-se como

    uma estrutura curta, esponjosa e em forma de lngua, com funo gustativa e ttil, sendo

    mais ou menos esclerotizada, apresentando, tambm, a funo de canal salivar, em muitos

    insetos sugadores. Entre a hipofaringe, a mandbula e o labro, situa-se a cavidade alimentar,

    o cibrio ou cavidade pr-oral.

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  • 33

    - Classificao dos aparelhos bucais

    Embora exista uma classificao proposta por Herms (1961), que apesar de

    completa bastante complexa, veremos a seguir uma classificao mais prtica dos

    aparelhos bucais:

    a) Tipo mastigador ou triturador: considerado o mais primitivo e apresenta

    todas as peas bucais: um par de mandbulas, um par de maxilas, um lbio superior, um

    lbio inferior, uma epifaringe e uma hipofaringe. Algumas peas podem ser modificadas,

    no afetando suas funes, ou seja a mastigao e a triturao dos alimentos. Os insetos

    apresentam as peas bucais livres e salientes na cavidade bucal (ectognatos). Esse tipo de

    aparelho bucal est presente na maioria das ordens (Figura 10).

    b) Tipo picador-sugador ou sugador-labial: apresenta as peas bucais

    modificadas em estiletes ou atrofiadas, com exceo do lbio superior, que normal e

    pouco desenvolvido. O lbio inferior transforma-se numa espcie de canaleta, denominada

    haustelo ou rostro e no tem funo perfuradora, sendo que a suco do alimento funo

    das mandbulas, epifaringe e hipofaringe, que se transformam em estiletes adaptados para

    picar e sugar o alimento. De acordo com o nmero de estiletes envolvidos pelo lbio

    inferior, esse tipo de aparelho bucal pode apresentar os subtipos:

    - Hexaqueta: quando apresenta seis estiletes (duas mandbulas, duas maxilas,

    epifaringe e hipofaringe). Ocorre em Diptera inferiores picadores, incluindo os mosquitos,

    os borrachudos e as mutucas (Figura 13).

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  • 34

    Figura 13. Aparelho bucal picador-sugador hexaqueta.

    - Tetraqueta: apresenta quatro estiletes (duas mandbulas e duas maxilas). A

    epifaringe e hipofaringe, embora presentes, so muito pequenas (Figura 14). Ocorre em

    Hemiptera.

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  • 35

    Figura 14. Aparelho picador-sugador tetraqueta.

    - Triqueta: possui trs estiletes, a mandbula esquerda (a direita rudimentar) e

    dois estiletes maxilares. Tanto os palpos maxilares quanto os labiais esto presentes, mas

    curtos. A hipofaringe um lobo mediano pequeno (Figura 15). Ocorre em Thysanoptera

    (tripes) e Phthiraptera (Anoplura), que so os piolhos hematfagos.

    - Diqueta: apresenta apenas dois estiletes. As mandbulas so ausentes e as maxilas

    so representadas pelos palpos. A probscide consiste no labro, hipofaringe e lbio. Ocorre

    em Diptera superiores, como as moscas-dos-estbulos, moscas ts-ts e moscas-do-berne.

    A principal estrutura perfuradora nestas moscas o lbio. No caso da mosca domstica o

    aparelho bucal denominado esponjador, pois neste tipo as peas bucais consistem em

    uma probscide muscular, no especfica para picar, em funo de apresentarem estiletes

    rudimentares (Figura 16).

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  • 36

    Figura 15. Aparelho picador-sugador triqueta.

    Figura 16. Aparelho picador-sugador diqueta. A- Mosca-domstica e B- Mosca-dos-

    estbulos.

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  • 37

    c) Tipo sugador-maxilar: neste tipo, a modificao ocorre somente nas maxilas,

    sendo as demais peas atrofiadas, exceto os palpos labiais que so relativamente bem

    desenvolvidos e acham-se voltados para frente, dispondo-se lateralmente cabea. As

    gleas das maxilas se transformam em duas peas alongadas e internamente sulcadas, de

    modo que quando justapostas, do origem a um canal por onde o alimento ingerido por

    suco. O conjunto assume o aspecto de um tubo longo e enrolado (quando em repouso)

    denominado espirotromba ou probscida. exclusivo da ordem Lepidoptera (Figura 17).

    Figura 17. Aparelho bucal sugador-maxilar.

    d) Tipo lambedor: neste aparelho, o lbio superior e as mandbulas so normais.

    As mandbulas esto adaptadas para furar, cortar, transportar ou moldar cera. As maxilas e

    o lbio inferior so alongados e unidos, formando o rgo lambedor. As glossas so

    transformadas numa espcie de lngua, pilosa e com movimentos retrteis, com a qual os

    insetos retiram o nctar das flores. A extremidade desse rgo dotada de uma dilatao,

    em forma de colher, denominada flabelo. Este tipo de aparato bucal caracterstico de

    abelhas e mamangavas (Figura 18).

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  • 38

    Figura 18. Aparelho bucal lambedor.

    - Aparelho bucal nos insetos imaturos e adultos

    de conhecimento geral que nem sempre as formas jovens possuem o mesmo tipo

    de aparelho bucal que os adultos. Assim sendo, os insetos podem ser classificados em trs

    grupos:

    a) Insetos menorrincos: so aqueles que possuem aparelho bucal do tipo sugador-

    labial, tanto na forma jovem como no adulto. Enquadram-se nessa categoria insetos das

    ordens Thysanoptera e Hemiptera.

    b) Insetos menognatos: so os que possuem aparelho bucal mastigador, tanto nas

    larvas como nos adultos. Ex.: Coleoptera, Orthoptera, Isoptera, Blattodea, Mantodea, etc.

    c) Insetos metagnatos: apresentam no estdio larval aparelho bucal mastigador e

    no adulto lambedor, sugador-labial ou, ainda, sugador-maxilar. Entre estes destacam-se, por

    exemplo, os insetos pertencentes s ordens Hymenoptera, Diptera e Lepidoptera.

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  • 39

    - Direo das peas bucais

    Conforme a posio do aparelho bucal, em relao ao eixo longitudinal do corpo do

    inseto (Figura 19), as peas bucais podem ser classificadas em:

    a) Hipognata: as peas bucais so dirigidas para baixo, formando um ngulo de 90o

    com o eixo do corpo, e a cabea apresenta-se em posio normal. Ocorre em Orthoptera,

    Blattodea, Mantodea, Hymenoptera, Odonata, etc.

    b) Prognata: as peas bucais so dirigidas para frente, formando a cabea um

    ngulo de 180o em relao ao eixo do corpo. Ex.: Dermaptera, Isoptera, alguns Neuroptera,

    etc.

    c) Opistognata: as peas bucais so dirigidas para baixo e para trs, de tal modo

    que a cabea forma um ngulo menor que 90o em relao ao eixo do corpo. comum em

    insetos das ordens Hemiptera e Siphonaptera.

    Figura 19. Direo das peas bucais.

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  • 40

    4. ESTUDO DO TRAX DOS INSETOS

    O trax a segunda regio do corpo dos insetos, sendo em geral facilmente

    reconhecido nos adultos, porque traz os apndices tipicamente locomotores, as pernas e as

    asas (em alguns insetos adultos e em muitos insetos imaturos no h pernas). derivado

    dos segmentos torcicos do embrio, os quais persistem no inseto adulto, de modo que ele

    formado por trs segmentos, cada um derivado do respectivo segmento embrionrio, sendo

    os seguintes: protrax, mesotrax e metatrax.

    a) Protrax: o primeiro segmento e est unido cabea atravs de uma regio

    membranosa, o crvix (pescoo). Neste segmento encontra-se o primeiro par de pernas.

    b) Mesotrax: o segmento mediano, possuindo um par de pernas e o primeiro par de

    asas.

    c) Metatrax: o terceiro segmento, que se liga com o abdome, possuindo tambm um

    par de pernas e o segundo par de asas (quando presentes).

    H variaes quanto ao nmero de asas. Assim, os tetrpteros possuem os dois

    pares de asas funcionais; os dpteros apresentam apenas o par mesotorcico funcional,

    sendo o par metatorcico transformado em balancins ou halteres, que tm funo de

    equilbrio durante o vo, havendo ainda, os insetos pteros, que so desprovidos de asas.

    Na fase adulta, geralmente apresentam seis pernas e so denominados hexpodes.

    O dorso de um segmento torcico alado inteiramente ocupado por uma placa

    tergal que se articula com a base da asa, havendo, ainda, uma outra placa posterior chamada

    ps-noto. Essas placas aladas formam o alinoto. Em alguns himenpteros, aparentemente,

    o trax tem quatro segmentos, porm, na realidade, o quarto segmento o primeiro

    segmento abdominal que est intimamente associado ao metatrax; esse segmento

    abdominal chamado propdeo ou epinoto.

    - Constituio de um segmento torcico

    O corpo dos insetos, como j mencionado, revestido por uma substncia quitinosa

    que forma o exoesqueleto, porm, essa camada no contnua, tornando-se, assim, fina,

    membranosa e flexvel nas articulaes, e mais espessa nas demais partes devido maior

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  • 41

    concentrao de quitina. Essas placas de quitina, constituintes do corpo dos insetos, so

    chamadas escleritos (grego skleros = duro).

    Um segmento ou metmero torcico tpico, por exemplo o mesotrax (Figura 20)

    constitudo por dois semi-arcos, um superior e outro inferior. O semi-arco superior ou

    dorsal, denomina-se tergo ou noto e os seus escleritos, tergitos. O semi-arco inferior ou

    ventral o esterno, o qual formado pelos esternitos. Esses semi-arcos so ligados

    lateralmente por reas que, no trax, so esclerotizadas e denominadas pleuras, as quais

    so constitudas por escleritos, os pleuritos.

    a) Tergo ou noto: constitudo por quatro tergitos: prescuto, escuto, escutelo e ps-

    escutelo.

    b) Pleuras: cada pleura constituda por dois pleuritos: o epmero, que est em contato

    com o tergo, e o episterno que est relacionado com o esterno.

    c) Esterno: seus esternitos podem apresentar as seguintes subdivises: eusterno e

    espinasterno. O eusterno um conjunto de escleritos formados pelo presterno, que o

    esclerito anterior, basisterno, esternelo e o ps-esternelo, menos comum. O espinasterno

    constitui-se em um pequeno esclerito intersegmentar.

    Dependendo do segmento torcico no qual determinado esclerito se localiza,

    empregam-se os prefixos, pro, meso ou meta em sua nomenclatura, tendo assim, por

    exemplo, pronoto, propleura, proepmero, mesoesterno, metaesterno, etc. Essa

    nomenclatura empregada nos estudos de morfologia externa e taxonomia.

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  • 42

    Figura 20. Escleritos de um segmento torcico.

    - Apndices torcicos

    Os apndices torcicos propriamente ditos compreendem as pernas e as asas, que

    so mveis e possuem funo locomotora. No trax encontram-se tambm, diversos

    apndices tegumentares ou cuticulares, fixos, presentes em muitos insetos, dando aos

    mesmos, um aspecto todo particular, grotesco ou extravagante.

    A. Pernas

    So apndices torcicos destinados locomoo terrestre ou aqutica, presentes nos

    adultos e na maioria das formas jovens. Alm da funo locomotora, as pernas so tambm

    utilizadas para escavar o solo, coletar alimentos, capturar presas, etc. Os insetos adultos

    apresentam seis pernas, articuladas na regio pleuroesternal, entre o epmero e o episterno,

    razo de um par para cada segmento; assim, tem-se as pernas protorcicas ou anteriores,

    as mesotorcicas ou medianas e as metatorcicas ou posteriores.

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  • 43

    - Estruturas de uma perna tpica

    Uma perna tpica composta pelas seguintes partes (Figura 21):

    a) Coxa: o segmento basal da perna, geralmente volumosa, arredondada e curta, que

    se articula com o trax atravs cavidade coxal.

    b) Trocnter: pequeno segmento da perna, localizado entre a coxa e o fmur, porm,

    fixo base do fmur. Nos insetos da ordem Hymenoptera, subordem Symphyta, e alguns da

    subordem Apocrita existe uma subdiviso basal do fmur, simulando um segundo

    trocnter, mas a insero do msculo redutor na sua base, atesta que ele pertence ao fmur,

    e nesse caso os insetos so denominados dtrocos.

    c) Fmur: a parte mais desenvolvida, robusta e forte de uma perna; fixa-se ao

    trocnter, ou s vezes diretamente coxa, deslocando o trocanter lateralmente. Apresenta-

    se, em alguns insetos, dilatado ou modificado no seu aspecto tpico, constituindo, essas

    variaes, um interessante dimorfismo sexual.

    d) Tbia: um segmento delgado, um pouco mais curto que o fmur. Geralmente

    apresenta espinhos e espores que podem Ter valor taxonmico.

    e) Tarso: a penltima poro da perna dos insetos, apresentando-se nos adultos com

    um nmero de artculos variando de um a cinco, os quais so denominados tarsmeros.

    Nas abelhas, o primeiro tarsmero bem desenvolvido e recebe o nome de basitarso.

    Figura 21. Estruturas de uma perna tpica.

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  • 44

    De acordo com o nmero de tarsmeros os insetos podem ser agrupados em

    hommeros e hetermeros, a saber:

    - Hommeros: apresentam o mesmo nmero de tarsmeros nos trs pares de

    pernas. Podem ser monmeros, dmeros, trmeros, tetrmeros e pentmeros,

    criptotetrmeros e criptopentmeros.

    Monmeros: apresentam um tarsmero em todas as pernas. Ex.: ordem

    Phthiraptera (subordem Anoplura).

    Dmeros: possuem dois tarsmeros em todas as pernas. Ex.: Psocoptera e

    Zoraptera.

    Trmeros: quando apresentam trs tarsmeros nos trs pares de pernas. Ex.:

    Embioptera.

    Tetrmeros: apresentam quatro tarsmeros nos trs pares de pernas. Ex.: Isoptera

    e muitos Coleoptera.

    Pentmeros: cinco tarsmeros em todas as pernas. Ex.: Diptera, Lepidoptera,

    alguns Orthoptera e Coleoptera, etc.

    Criptotetrmeros: apresentam quatro tarsmeros nos trs pares de pernas, porm

    o terceiro est oculto entre o segundo e o quarto, aparentando apenas trs. Ex.: famlia

    Coccinellidae (Coleoptera).

    Criptopentmeros: quando apresentam cinco tarsmeros nos trs pares de

    pernas, mas o quarto est oculto entre o terceiro e o quinto, aparentando apenas quatro. Ex.:

    famlia Cerambycidae (Coleoptera).

    - Hetermeros: quando possuem diferentes nmeros de artculos nos tarsos dos trs

    pares de pernas. Surgem, assim, as chamadas frmulas tarsais; tais como: 3-5-5

    (Coleoptera: Staphylinidae), 4-5-5 (Coleoptera: Lampyridae), 5-4-4 (Coleoptera:

    Silphidae), 5-5-4 (Coleoptera: Tenebrionidae), onde cada algarismo indica o nmero de

    tarsmeros existentes no primeiro, segundo e terceiro pares de pernas.

    f) Ps-tarso ou pr-tarso: a parte distal da perna. Contm geralmente, um par de garras

    ou unhas. Na base dessas garras podem ocorrer estruturas em forma de almofadas, os

    pulvilos, e entre elas, o arlio, de forma lobosa, ou o empdio, tambm em forma de lobo

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  • 45

    ou em forma de estilete ou de espinho. O ps-tarso tem funo de auxiliar a fixao, quer

    pelas garras em superfcies speras, quer por meio do arlio, que funciona como ventosa

    em superfcies lisas (Figura 22).

    Figura 22. Estruturas do tarso e ps-tarso (Adaptado de Romoser & Stoffolano, 1998).

    - Tipos de pernas

    Conforme a funo a ser exercida, as pernas podem apresentar modificaes em

    suas partes, que as tornam mais adaptadas para o desempenho daquela funo. Essas

    modificaes ocorrem de acordo com o meio em que vive o inseto, e conforme o seu

    comportamento, podendo citar os seguintes tipos de pernas (Figura 23):

    a) Ambulatrias, corredoras ou marchadeiras: so pernas comuns, sem

    modificaes e, como o prprio nome indica, servem para andar ou correr. Quase todos os

    insetos possuem pelo menos um par de pernas ambulatrias, e a maioria deles possui os trs

    pares, sendo que, neste caso, as protorcicas apresentam-se um pouco menor que as outras,

    e as metatorcicas como as mais desenvolvidas. o tipo prprio das baratas, moscas,

    muitos besouros, borboletas, mariposas, formigas, etc.

    b) Saltadoras ou saltatrias: o fmur bem desenvolvido e a tbia relativamente

    longa. So pernas prprias para saltar, funcionando como uma mola que impulsiona o

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  • 46

    inseto para frente, e constituem, normalmente, o terceiro par. de ocorrncia comum em

    gafanhotos, grilos, esperanas, pulgas e alguns besouros.

    c) Nadadoras ou natatrias: so as pernas encontradas em insetos que vivem em

    ambiente aqutico, com adaptao mais acentuada nos pares medianos e posterriores. Este

    tipo apresenta o fmur, a tbia e o tarso achatados, em forma de remo, com uma ou as duas

    margens providas de plos que auxiliam a locomoo e o direcionamento na gua. So o

    segundo e terceiro pares de pernas das baratas dgua e besouros aquticos.

    d) Preensoras: apresentam a coxa robusta e o fmur provido de um sulco longitudinal,

    no qual se encaixa perfeitamente a tbia, que recurvada. Trabalham como uma tesoura,

    prendendo as suas presas. o primeiro par de pernas das baratas dgua.

    e) Raptadoras ou raptatrias: so as pernas anteriores transformadas para a captura

    de outros insetos. A coxa alongada, o fmur bem desenvolvido e robusto, a tbia e os

    tarsos alongados. Com exceo da coxa e trocnter, os demais artculos apresentam-se

    providos de fortes espinhos ou dentes. So o primeiro par dos louva-a-deus (Mantodea:

    Mantidae) e Mantispidae (Neuroptera).

    f) Escavadoras ou fossoriais: so pernas que servem para escavar o solo, constituindo

    o primeiro par das paquinhas e dos besouros escaravelhos. Essas pernas, so

    morfologicamente diferentes nos dois grupos, formando nas paquinhas, o digitus, pela

    transformao, principalmente do tarso, e tendo nos escaravelhos, apenas a tbia denteada e

    alargada.

    g) Escansoriais: estas pernas possuem um nico tarsmero rgido e recurvado,

    contendo uma garra desenvolvida. So prprias para fixao do inseto em plos ou penas

    do hospedeiro, sendo encontradas nos trs pares dos piolhos hematfagos (Phthiraptera:

    Anoplura).

    h) Coletoras: so caractersticas do terceiro par de pernas de alguns grupos sociais de

    himenpteros, como as abelhas, sendo utilizadas para a coleta e transporte de gros de

    plen. Neste caso o primeiro segmento do tarso, o basitarso, bastante desenvolvido e

    provido de plos na face interna. A superfcie externa da tbia completamente lisa e

    cncava, com plos marginais, formando uma espcie de cesto, a corbcula, onde o

    plen transportado.

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  • 47

    i) Limpadoras: so as pernas anteriores das abelhas, onde, existem estruturas

    especficas para a limpeza das antenas, conhecidas como limpador de antenas.

    j) Adesivas: neste caso, o segundo tarsmero do primeiro par de pernas dilatado e

    dotado de uma ventosa que serve para fixao do inseto durante a cpula. So encontradas

    apenas nos machos de alguns insetos aquticos, como nas famlias Dytiscidae, Gyrinidae e

    Hydrophilidae.

    Figura 23. Alguns tipos de pernas.

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  • 48

    B. Asas

    So apndices torcicos destinados locomoo area e cuja funo est

    diretamente ligada reproduo e disseminao dos insetos, ou seja, com a sua

    sobrevivncia.

    De acordo com o nmero de asas, os insetos podem ser classificados em:

    a) Tetrpteros: constituem-se na maioria das espcies, as quais possuem, na fase

    adulta, dois pares de asas, sendo o primeiro articulado com o mesotrax e o segundo com o

    metatrax.

    b) Dpteros: apresentam apenas um par de asas funcionais, o qual pode estar no

    mesotrax, por exemplo nos Diptera, ou no metatrax, como nos machos de Strepsiptera.

    c) pteros: so assim denominados os insetos desprovidos de asas, como Phthiraptera

    (Anoplura e Mallophaga), Thysanura e Siphonaptera.

    d) Aptsicos: so os insetos que, apesar de possurem asas desenvolvidas, no as

    utilizam para o vo. Ocorre em algumas espcies de Phasmida.

    As asas podem ser divididas em diversas reas ou regies, conforme a Figura 24:

    a) Articular: como o prprio nome diz, a regio da base da asa, que se articula com o

    trax.

    b) Ala ou remgio: a poro distal da asa, onde se encontra a maioria das nervuras.

    c) Cubital: compreende a regio mediana e distal da asa.

    d) Anal ou vanal: localiza-se no bordo interno da asa, entre a rea cubital e a jugal.

    e) Jugal: uma regio pequena, oriunda de uma expanso da margem interna da asa,

    prximo sua base.

    Todos os insetos apresentam as asas de forma mais ou menos triangular, de modo a

    poder-se considerar os seguintes bordos ou margens (Figura 25):

    a) Costal ou anterior: limita o bordo anterior da asa, ou seja, da articulao com o

    trax at o seu pice.

    b) Lateral ou externa: limita lateralmente a asa, do pice ao ngulo anal.

    c) Anal ou interna: limita a asa internamente, ou seja, do ngulo anal sua base.

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  • 49

    Figura 24. Regies de uma asa.

    Figura 25. ngulos e margens de uma asa.

    Essas margens formam os seguintes ngulos (Figura 25):

    a) Umeral ou axilar: formado pelas margens costal e anal, na base da asa.

    b) Apical: entre a margem costal e lateral, na extremidade superior da asa.

    c) Anal: na interseco da margem lateral com a anal.

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  • 50

    As asas articulam-se com o trax atravs de um conjunto de escleritos, denominados

    pterlia. Desses escleritos destaca-se a placa umeral, situada na margem anterior; abaixo

    surgem outros escleritos denominados axilrias, e medianamente, um ou dois outros,

    conhecidos como placas medianas.

    A superfcie da asa totalmente percorrida por cordes salientes, as nervuras, que

    podem ser longitudinais e transversais. A presena, posio, bem como as clulas por

    elas formadas, so caracteres utilizados na classificao de algumas ordens de insetos

    (Figura 26).

    - Nervuras longitudinais

    Dispostas no sentido do comprimento das asas; so as seguintes (Figura 24):

    a) Costal (C): nervura geralmente marginal sem ramificaes.

    b) Sub-costal (Sc): geralmente bifurca-se em dois ramos: Sc1 e Sc2.

    c) Radial (R): bifurca-se em um ramo indiviso R1, e num segundo ramo (setor radial-

    Rs) que se divide, sendo que cada bifurcao se divide novamente, originando quatro

    ramos terminais: R2, R3, R4 e R5.

    d) Mediana (M): inicialmente se ramifica na mediana anterior (MA), que se

    subdivide em MA1 e MA2, e na mediana posterior (MP), da qual se originam os ramos

    distais MP3, MP4, MP5 e MP6.

    e) Cubital (Cu): bifurca-se em Cu1 e Cu2. A Cu1 se bifurca dando origem a Cu1a e Cu1b.

    f) Anais (A): no se bifurcam, e seu nmero varia de um a doze (1A, 2A,...).

    g) Jugais (J): situam-se no lobo jugal e, geralmente, duas nervuras so distintas: 1J e

    2J.

    - Nervuras transversais

    Unem as nervuras longitudinais. As principais so (Figura 24):

    a) Umeral (h): liga a costal sub-costal (C-Sc).

    b) Radial (r): liga R1 e o primeiro ramo do setor radial (R1-Rs1).

    c) Setorial (s): entre o terceiro e quarto ramos da radial (R3-R4).

    d) Rdio-mediana (r-m): une o ramo posterior do setor radial mediana anterior (Rs2-

    MA).

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  • 51

    e) Mediana (m): entre o segundo e terceiro ramos da mediana (MP2-MP3).

    f) Mdio-cubital (m-cu): liga o segundo ramo da mediana posterior primeira cubital

    (MP-Cu1).

    g) Cubital (cu): entre a primeira e segunda cubital (CU1-Cu2).

    h) Cbito-anal (cu-a): liga o ramo proximal da cubital primeira anal (Cu2-1A).

    i) Anais (a): liga as anais entre si (1A-2A-3A ...).

    Essas nervuras longitudinais e transversais provavelmente constituem um padro

    primitivo. Convm salientar que em muitos insetos a nervao pode ser extremamente

    reduzida, devido ao desaparecimento ou fuso de nervuras, e em outros, como o caso de

    Odonata e Neuroptera, o nmero de nervuras transversais muito elevado, dando asa um

    aspecto reticulado.

    Figura 26. Nervao e clulas de uma asa tpica.

    - Clulas

    As clulas so ditas abertas quando se estendem at a margem da asa, e fechadas

    quando circundadas por nervuras. Em Lepidoptera h uma clula central, fechada ou no,

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  • 52

    denominada clula discal. Em Odonata h uma clula chamada tringulo, devido ao seu

    formato caracterstico.

    - Estruturas de acoplamento

    So estruturas especiais que unem as asas, capacitando os insetos a uma maior

    eficincia de vo. Essas estruturas so as seguintes (Figura 27):

    a) Jugo: uma projeo do lobo jugal da asa anterior, que repousa sob a margem costal

    da asa posterior, permanecendo esta presa entre o jugo e a margem anal da asa anterior.

    encontrada na famlia Hepialidae (Lepidoptera).

    b) Frnulo: uma cerda inserida no ngulo umeral da asa posterior, que se prende

    asa anterior atravs de um tufo de cerdas ou escamas modificadas, chamado de retinculo.

    Nos machos o frnulo constitudo por uma nica cerda, e nas fmeas por duas ou trs.

    Ex.: Famlias Noctuidae e Sphingidae (Lepidoptera).

    Nas espcies de Lepidoptera que no apresentam o frnulo, o acoplamento das asas

    dito amplexiforme, no qual a regio do ngulo umeral da asa posterior

    consideravelmente expandida, ficando sob presso da regio anal da asa anterior.

    c) Hmulos: so diminutos ganchos localizados na parte mediana da margem costal da

    asa posterior, que se prendem na margem anal da asa anterior. Ex.: Apidae (Hymenoptera).

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  • 53

    Figura 27. Estruturas de acoplamento.

    - Tipos de asas

    De acordo com a constituio e esclerotizao das asas, elas podem ser classificadas

    nos seguintes tipos (Figura 28):

    a) Membranosas: so asas finas, geralmente transparentes, que apresentam as nervuras

    bem ntidas. Constituem, geralmente, o segundo par de asas de quase todos os insetos. Elas

    podem ainda serem nuas como em Cicadidae (Homoptera), Diptera, Odonata,

    Hymenoptera, etc., ou escamosas como em Lepidoptera, e tambm coloridas ou hialinas.

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  • 54

    b) litros: apresentam-se fortemente esclerotizadas, em forma de um escudo de

    proteo ao corpo. No apresentam nervuras visveis. Constituem-se no primeiro par de

    asas de Coleoptera e Dermaptera, e no so utilizadas para o vo.

    c) Hemilitros: encontram-se em quase todos os hempteros. So formadas por uma

    rea basal espessa e esclerotizada, denominada crio e uma membranosa, disposta

    apicalmente, a membrana. Em alguns hempteros, a parte antero-superior do crio

    destacada, sendo denominada emblio e a distal cneo. A rea anal saliente e recebe o

    nome de clavo. A membrana pode ou no apresentar nervuras e clulas; estas quando

    presentes, geralmente formam a grande e pequena arola.

    Figura 28. Alguns tipos de asas.

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  • 55

    d) Tgminas: so as asas anteriores dos insetos das ordens Blattodea, Mantodea,

    Orthoptera e Phasmatodea. So de aspecto pergaminhoso ou coriceo, e normalmente

    estreitas e alongadas.

    e) Franjadas: so asas alongadas, com nervuras reduzidas e providas de plos em toda

    a extenso de seus bordos. o tipo caracterstico da ordem Thysanoptera.

    f) Balancins ou halteres: so asas metatorcicas atrofiadas, encontradas em Diptera, e

    que possuem funo de equilbrio.

    g) Pseudo-halteres: so estruturas semelhantes aos balancins, porm modificadas a

    partir do primeiro par de asas. Encontram-se nos machos da ordem Strepsiptera, e acredita-

    se que so originrias de litros que perderam a funo protetora sobre as asas posteriores.

    h) Lobadas: so modificaes do tipo membranoso com escamas, sendo encontradas

    em algumas famlias de Lepidoptera, como nos Pterophoridae. A margem externa das asas

    acompanha as nervuras, formando lobos, assemelhando-se assim, a uma asa partida ou

    dividida.

    5. ESTUDO DO ABDOME DOS INSETOS

    a terceira parte do corpo do inseto, que se caracteriza pela segmentao tpica,

    simplicidade de estrutura e ausncia geral de apndices locomotores. Embriologicamente

    nunca ocorrem mais de doze segmentos abdominais ou urmeros. Nas ordens superiores,

    esta segmentao se reduz a nove ou dez urmeros distintos. A reduo do nmero de

    segmentos ocorre, em geral, na parte posterior do abdome, porm em alguns insetos

    superiores, pode haver a eliminao ou atrofia do primeiro urmero. tambm uma regio

    altamente especializada, onde se encontram as vsceras, o aparelho genital e outros

    apndices.

    Cada urmero constitudo por uma placa tergal, mais ou menos arqueada, e outra

    menor e mais plana, a placa esternal. Essas placas so separadas pela membrana pleural,

    que bem desenvolvida. Desse modo, o abdome possui muita mobilidade e flexibilidade

    (Figura 29).

    Em alguns insetos os quatro ou cinco primeiros urmeros so desenvolvidos e de

    aspecto globular, sendo denominados pr-abdome, e os segmentos restantes, de

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    conformao tubular, constituem o ps-abdome, que forma o ovipositor de algumas

    fmeas.

    Figura 29. reas e apndices do abdome.

    A. Segmentos abdominais

    Os segmentos abdominais so agrupados em:

    a) Segmentos pr-genitais ou viscerais: compreendem os urmeros I-VII nas fmeas e

    I-VIII nos machos, os quais so muito semelhantes entre si (Figura 29). O primeiro

    urmero est, em geral, amplamente unido ao metatrax, porm, em alguns Hymenoptera,

    o primeiro urmero (propdeo ou epinoto) est intimamente ligado as metatrax; o

    segundo e terceiro urmeros formam uma constrio (pednculo), e os demais formam o

    gster. Os espirculos esto, normalmente, localizados nas pleuras abdominais, porm sua

    posio muito varivel.

    b) Segmentos genitais: correspondem ao nono segmento nos machos e oitavo e nono

    nas fmeas e esto associados com as estruturas genitais (Figura 29). Das placas pleurais

    (primeiros valvferos) do oitavo urmero origina-se o primeiro par de valvas, que toma

    parte na formao do ovipositor da fmea, sendo que o segundo e o terceiro pares de dessas

    valvas, originam-se dos escleritos pleurais (segundos valvferos) do nono segmento;

    portanto, o ovipositor formado por 6 lminas, dispostas 3 a 3. Geralmente, as aberturas

    genitais femininas e masculinas ocorrem na parte posterior do nono esternito abdominal.

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    c) Segmentos ps-genitais: compreendem, principalmente, o dcimo e dcimo

    primeiro urmeros (Figura 29). Em alguns casos difcil a separao desses segmentos,

    devido a unio que pode haver entre eles. Os apndices presentes no dcimo urmero so

    denominados pigpodos, como por exemplo, os socii de Lepidoptera e Trichoptera, as

    pernas anais das larvas de Lepidoptera, Hymenoptera (Tenthredinidae), etc. Na maioria dos

    Endopterygota o corpo termina no dcimo segmento, pois, normalmente, o dcimo primeiro

    desaparece.

    Quando presente, o dcimo primeiro urmero uma pea cnica com o nus em seu

    pice. Apresenta uma placa dorsal chamada epiprocto, e dois lobos ventro-laterais, os

    paraproctos.

    B. Apndices abdominais

    Os insetos apresentam em seu desenvolvimento embrionrio certos apndices

    abdominais que, em sua maior parte, desaparecem com o nascimento da larva (ou ninfa),

    mas que em muitos casos permanecem aps a ecloso para se transformarem em estruturas

    funcionais.

    Nos adultos de Apterygota existem estilos abdominais, que tomam parte na

    locomoo destes insetos, servindo tambm de apoio ao abdome; alm desses apndices

    podem ocorrer as denominadas vesculas protrteis. Na extremidade posterior destes

    insetos h trs filamentos caudais; os dois laterais so os cercos e o central o filamento

    mediano.

    As larvas de algumas espcies de Coleoptera, apresentam no dorso do nono urmero

    uma projeo cuticular denominada urogonfo. Ainda, como apndices abdominais das

    formas imaturas, devem ser mencionadas as brnquias das larvas e ninfas dos insetos

    aquticos.

    Os adultos de Pterygota podem apresentar os cercos, que so apndices abdominais

    pares, multissegmentados ou no, inseridos nas partes ltero-dorsais do dcimo primeiro

    urmero. Sua principal funo sensorial, podendo auxiliar na cpula, e at exercer funo

    preensora, como no caso das tesourinhas. Podem ocorrer tambm os estilos, em nmero de

    dois, articulados ventralmente nas partes laterais ou posteriores do dcimo primeiro

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    urmero. Os estilos so apndices curtos e unissegmentados, presentes nos machos de

    Mantodea, Blattodea, Ephemeroptera, etc, e possuem funo sensorial. Os pulges

    apresentam um par de apndices dorsais, denominados sifnculos ou cornculos, os quais

    podem liberar feromnio de alarme (Figura 30).

    Figura 30. Apndices abdominais.

    C. Tipos de abdome

    De acordo com as formas de conexo do abdome com o trax, pode-se classific-los

    como:

    a) Sssil ou aderente: quando o abdome liga-se ao trax em toda sua largura (Figura

    31). Ex.: baratas, gafanhotos, besouros, etc.

    b) Livre: quando aparece, na unio do abdome com o trax, uma constrio mais ou

    menos pronunciada (Figura 31). Ex.: moscas, abelhas, borboletas, etc.

    c) Pedunculado: quando a ligao feita atravs de uma constrio pronunciada, que

    forma um pednculo ou pecolo (Figura 31). Ex.: formigas e vespas.

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    Figura 31. Tipos de abdome. A- Sssil, B- Livre e C- Pedunculado.

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    BIBLIOGRAFIA

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