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Influência da Nutrição no Envelhecimento: A Caminho da Longevidade Influence of Nutrition on Aging: Towards Longevity Catarina Isabel Figueira Fernandes Luís Orientada por: Maria Amélia Fernandes Teixeira Tipo de documento: Monografia Porto, 2010

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Influência da Nutrição no Envelhecimento: A

Caminho da Longevidade

Influence of Nutrition on Aging: Towards

Longevity

Catarina Isabel Figueira Fernandes Luís

Orientada por: Maria Amélia Fernandes Teixeira

Tipo de documento: Monografia

Porto, 2010

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i

Agradecimentos

Aos meus pais e ao meu irmão por todo o apoio que me deram, e por estarem

sempre presentes.

Ao meu namorado por toda a força, carinho e ajuda demonstrada nos momentos

mais difíceis.

À Dra. Amélia pela paciência e disponibilidade que sempre demonstrou e pela sua

orientação.

A todos aqueles que directa, ou indirectamente, acreditam em mim e me

incentivam a alcançar os meus ideais. A todos um sincero obrigado.

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ii

Índice

Agradecimentos ................................................................................................... i

Lista de Abreviaturas .......................................................................................... iii

Resumo ............................................................................................................. iv

Abstract .............................................................................................................. v

1. Introdução .................................................................................................. 1

2. Teorias do envelhecimento ........................................................................ 2

3. Papel do Stress Oxidativo nas Células ...................................................... 3

4. Papel da obesidade no envelhecimento .................................................... 4

5. A Nutrição no Processo do Envelhecimento .............................................. 6

5.1. Hidratos de carbono no aumento da esperança de vida ............................ 7

5.2. Lípidos no retardamento do envelhecimento ............................................. 8

5.3. Restrição Calórica .................................................................................... 10

5.4. Papel dos Antioxidantes como anti-envelhecimento ................................ 13

5.4.1. Vitamina C ........................................................................................ 16

5.4.2. Vitamina E ........................................................................................ 18

5.4.3. Carotenóides .................................................................................... 19

5.4.4. Selénio ............................................................................................. 20

5.4.5. Resveratrol ....................................................................................... 21

6. Fruta e Vegetais na Longevidade ............................................................ 23

7. Análise crítica e Conclusões .................................................................... 23

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iii

Lista de Abreviaturas

ADN – Ácido Desoxirribonucleico

DHA – Docosahexaenomic Acid

DPOC – Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica

HC – Hidratos de Carbono

IOM – Institute of Medicine

Ku70 - Ku autoantigen, 70kDa

LCP – Long-Chain Polyunsaturated fatty acids

mg – Miligramas

NOS - Nitrous Oxide Systems

RNA – Ácido Ribonucleico

SIR2 - Silent Information Regulator 2

SIRT1 – Sirtuina tipo 1 (Silent mating type Information Regulation 2 homolog)

µg – Microgramas

WHO – World Health Organization

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iv

Resumo

Com o avançar da idade o organismo humano vai sofrendo um conjunto de

alterações que se vão acumulando, a este processo chama-se envelhecimento e

o seu retardamento constitui uma constante preocupação nos dias de hoje.

Existem várias teorias que explicam o processo de envelhecimento, das quais se

evidencia a teoria dos radicais livres, a teoria da mutação somática, a teoria das

proteínas com anomalias e a teoria auto-imune. Neste processo encontramos a

obesidade como factor implicativo, responsável por diversos distúrbios,

aumentando o stress oxidativo e a inflamação. O encurtamento dos telómeros é

também relevante para este estudo uma vez que está associado à obesidade,

relacionando-se a sua redução com o aumento do IMC, do perímetro da cintura e

da anca na mulher.

Só recentemente a nutrição foi associada ao envelhecimento, assumindo um

papel crucial no seu retardamento, proporcionando qualidade de vida e

diminuindo, assim, a incidência das doenças relacionadas com a idade.

O consumo de frutas e vegetais é de extrema importância por conterem

fitoquímicos, polifenóis, flavonóides, e vitaminas essenciais ao nosso organismo.

Os antioxidantes presentes na fruta e nos vegetais vão ajudar no retardamento do

envelhecimento, através da eliminação de radicais livres entre outros.

Conclui-se que, para cada indivíduo delinear o seu caminho para a longevidade,

tem que começar por adoptar um estilo de vida saudável, incluindo uma dieta

salutar e a prática de exercício físico regular. Se respeitarem as quantidades e

privilegiarem a qualidade de todos os alimentos que ingerem, poderemos então

dizer que estão num bom caminho para a longevidade.

Palavras-chave: envelhecimento, obesidade, restrição calórica, antioxidantes

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v

Abstract

As a human being gets older his organism suffers a series of cumulative changes,

this process is called aging and its hindering is, nowadays, a constant concern.

There are several theories explaining the aging process, namely the theory of

oxidative stress, somatic mutation theory, abnormal proteins theory and

autoimmune theory. Within this process we find obesity as a cause, responsible

for several disturbances, increasing oxidative stress and inflammation. The

telomere shortening is also of importance as it is associated with obesity, with their

length being inversely correlated with the BMI, waist length and hip length in

females.

Nutrition was only recently related with aging, assuming a crucial role in its

hindering, enhancing the quality of life and diminishing the incidence of age related

diseases.

Fruit and vegetables consumption is also of great importance, as they contain

fitochemicals, polyphenols, flavonols and essential vitamins for our body.

Fruit and vegetables antioxidants will help on hindering the aging process by

eliminating the free radicals, amongst others.

We conclude that, for each individual to plan his path towards longevity, he must

begin to follow a healthy lifestyle, including a salutary diet and regular exercise. If

they obey the prescribed quantities and choose quality food, we can say they are

in a good path towards longevity.

Keywords: aging, obesity, caloric restriction, antioxidants

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1. Introdução

O envelhecimento é uma alteração inevitável do organismo de todos os seres

vivos(1). A tendência no mundo desenvolvido é de um aumento da esperança

média de vida, exacerbando-se a preocupação em retardar o processo de

envelhecimento.

O envelhecimento caracteriza-se por modificações profundas no organismo, de

ordem morfológica, psicológica, funcional e bioquímica. Estas mudanças têm

como origem o acumular dos anos de vida, com consequente limitação do

organismo na sua capacidade de adaptação ao seu próprio ambiente. A

velocidade de evolução do envelhecimento varia consoante dois tipos de factores:

os não alteráveis e os alteráveis. Os factores que não se conseguem modificar

são os genéticos e os biológicos, e os factores que se conseguem alterar são os

de ordem ambientais, psicológicos, sociais e hábitos de vida.

Quando o organismo atinge a sua maturação fisiológica a taxa de modificações

metabólicas, ou degenerativas, é maior que a taxa de regeneração celular

anabólica. Sobretudo durante o envelhecimento há certas funções fisiológicas que

se alteram, como é o caso dos níveis glicémicos, volume sanguíneo, pH dos

líquidos corporais, pressão osmótica e por fim do sistema hematopoiético. As

principais alterações fisiológicas que acontecem no indivíduo, ao longo do seu

envelhecimento, são de variadas ordens, tais como a composição corporal,

aparelho digestivo, sistema nervoso, função renal, apetite, metabólicas,

psicossociais. Também há uma diminuição da sensibilidade do centro da sede e

dos seus osmorreceptores e variações de peso e estatura. Assim, por exemplo, a

estatura de um indivíduo diminui 1cm por cada década a partir da idade adulta. Já

o aumento ponderal acontece entre os 40 e os 50 anos, estabilizando até aos 70

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2

anos diminuindo progressivamente a partir daí(2). Outra alteração é a diminuição

da massa magra devido à redução do exercício físico e ao decréscimo da

sensibilidade do organismo à insulina. A massa gorda, por outro lado, aumenta

com a idade, tendo o tecido adiposo tendência a acumular-se na zona abdominal,

reduzindo assim a gordura subcutânea. Assim, como principais alterações

metabólicas do processo do envelhecimento, temos a diminuição do metabolismo

basal, a alteração do metabolismo dos hidratos de carbono (HC), a modificação

da concentração plasmática do colesterol e, por fim, a tendência para uma

deficiência em vitamina D(2).

Surge então a questão; como pode a nutrição ajudar a retardar o

envelhecimento?

2. Teorias do envelhecimento

Existem várias teorias para explicar o processo do envelhecimento, destas

evidenciam-se a teoria dos radicais livres, a teoria da mutação somática, as

teorias das proteínas com anomalias e a teoria auto-imune.

Na teoria dos radicais livres(3) explica-se a falha (danos) que existe no organismo,

sendo que este não apresenta defesas suficientes para combater os radicais

livres de oxigénio que nele são produzidos. A teoria da mutação somática(4)

reporta a uma falha nos mecanismos de reparação do ADN. As várias teorias

sobre as proteínas com anomalias falam de erros e defeitos nas suas

moléculas(5), não havendo uma remoção destas moléculas ditas “anormais”, e

tendo como consequência a sua acumulação. A teoria auto-imune(6) postula

falhas no sistema imunitário como causas do envelhecimento. Com o passar dos

anos, este não consegue distinguir os seus antigénios dos antigénios externos e

como tal aumentam as manifestações auto imunes. Alguns autores alegam que o

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processo de envelhecimento ocorre devido a uma perda dos controlos

epigenéticos ou, em alternativa, devido à toxicidade, efeitos deletérios das

substâncias tóxicas, entre outras teorias do envelhecimento(7).

3. Papel do Stress Oxidativo nas Células

Quando a teoria dos radicais livres foi sujeita a uma revisão por Harman, em

1972, a mitocôndria foi identificada como sendo a grande responsável pela origem

da maioria das reacções dos radicais livres na célula. Também ficou explícito que

a duração de vida de um ser vivo é determinada pela taxa de danificação na

mitocôndria provocada pelos radicais livres(8). Esta taxa reflecte a importante

relação entre o stress oxidativo e o envelhecimento, uma vez que há uma

acumulação de pontos de mutação do ADN mitocondrial com a idade. Estas

levam a um declínio da produção de energia nas células, o que vai reduzir a

capacidade de eliminar as proteínas dependentes da energia. Isto interfere,

também, com as vias de sinalização para a morte programada das células

(apoptose) permitindo, assim, que as células com o genoma danificado

sobrevivam.

Nos humanos há um declínio na capacidade da célula dividir-se nos tecidos

somáticos, sendo que os telómeros que protegem a parte final dos cromossomas

tornam-se cada vez mais curtos ao longo do processo do envelhecimento.

Neste processo a investigação tem-se centrado muito em torno dos danos no

ADN. As proteínas, em particular, são danificadas de forma considerável,

havendo uma acumulação de proteínas defeituosas que vão contribuir para

doenças muito graves relacionadas com a idade, como é o caso das doenças de

Alzheimer e de Parkinson(1).

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4

4. Papel da obesidade no envelhecimento

A obesidade é uma doença crónica em que a massa gorda do indivíduo atinge um

patamar em que passa a estar associada a várias doenças como é o exemplo da

Diabetes Mellitus tipo 2 e doenças cardiovasculares. Esta é classificada

consoante o Índice de Massa Corporal (IMC) que se calcula através do quociente

entre peso e a altura ao quadrado. Esta classificação, segundo a WHO(9), é

atribuída da seguinte forma: para pessoas com baixo peso o IMC é < 18,5 kg/m2;

peso normal 18,5-24,9 kg/m2; excesso de peso 25,0-29,9 kg/m2; obesidade classe

I 30,0-34,9 kg/m2; obesidade classe II 35,0-39,9 kg/m2; obesidade classe III ≥40,0

kg/m2.

Segundo Kim et al(10), com a idade diminui a capacidade de divisão da célula em

muitos dos tecidos somáticos. Isto acontece pelo facto de os telómeros, à medida

que as células se dividem, se tornarem cada vez mais curtos. Estes são as

extremidades dos cromossomas lineares dos eucariontes, normalmente são

constituídos por sequências não codificadas repetidas. A sequência nos humanos

é TTAGGG, e esta estende-se da direcção 5’ para 3’ ao longo da cadeia dupla de

ADN até uma região com uma só cadeia(11). Os telómeros ficam mais curtos com

as divisões celulares, uma vez que nestas há uma replicação incompleta da

cadeia lagging(12). Este processo pode ser acelerado pelo stress oxidativo e pela

inflamação(13, 14). Enquanto o stress oxidativo faz com que os telómeros fiquem

mais curtos, os antioxidantes retardam este encurtamento(15, 16). A redução do

tamanho destes está relacionada com o aumento da resistência à insulina,

doença cardiovascular, e cancros severos(17, 18).

A obesidade entra neste processo por estar implicada em vários tipos de

distúrbios e é reconhecida por aumentar o stress oxidativo e a inflamação(9, 19). O

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5

encurtamento dos telómeros está associado ao aumento do IMC, e mais

recentemente foi relacionado com o aumento do perímetro da cintura e da anca

na mulher(13, 14). A diminuição do tamanho dos telómeros é perigosa para as

células saudáveis, uma vez que este mecanismo é de senescência celular

prematura e de perda de longevidade. Assim sendo, os indivíduos obesos são

mais susceptíveis ao stress oxidativo apresentando telómeros mais curtos que as

pessoas não obesas(20). Numa pesquisa foi realizada uma comparação entre

indivíduos obesos e a redução do comprimento dos telómeros, em que se fez dois

pontos de corte entre os indivíduos com IMC ≤ 25 kg/m2 e IMC ≥ 30 kg/m2.

Observou-se que houve uma diferença significativa no comprimento dos

telómeros entre estes dois pontos de corte, o que vem de encontro ao referido

anteriormente, concluindo-se que para pessoas com IMC ≥ 30 kg/m2 o

comprimento dos telómeros diminui significativamente, em relação às pessoas

que apresentam IMC ≤ 25 kg/m2.

Estudos transversais recentes mostraram que o comprimento dos telómeros tem

uma redução de 27 pares de bases (bp) por ano de idade, em mulheres. Contudo,

nas mulheres obesas, estes são 240 bp mais curtos que nas mulheres magras.

Passando este valor de diminuição do tamanho dos telómeros nas mulheres

obesas para anos de idade, as mulheres obesas são nove anos mais velhas do

que as magras(21). Segundo Valdes et al(14), este cenário de redução dos

telómeros acontece também com a quantidade e a duração do consumo de

cigarros. Neste caso, a diferença entre ser magra e obesa reflecte-se na

diminuição dos telómeros correspondente a mais 8,8 anos de envelhecimento. Ao

facto de ser fumadora corresponde 4,6 anos de envelhecimento, em relação a

uma não fumadora.

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6

Um estudo recente sobre esta questão da obesidade no envelhecimento, refere

que obesos adultos têm uma redução do comprimento dos telómeros e,

consequentemente, apresentam um aumento da senescência nas células, com o

consequente impacto profundo na saúde destas. No estudo referido prevê-se um

cenário pior para as crianças com obesidade, uma vez que estas, além de terem

uma redução do telómeros, vão provavelmente apresentar uma senescência

prematura das células numa idade muito precoce(22).

Um artigo publicado este ano(23) sobre um estudo transversal efectuado em

crianças árabes, permite entender a relação que existe entre a obesidade e a

redução dos telómeros. Neste, chegou-se à conclusão que o atrito que existe no

comprimento dos telómeros é associado só às crianças do sexo masculino, o que

vem de encontro com o que se previa no estudo anteriormente referido, mas com

a ressalva de que só acontece nas crianças do sexo masculino. Este estudo em

termos clínicos, vem reforçar o que se afirmava em relação há existência de um

envelhecimento precoce logo na infância(23).

5. A Nutrição no Processo do Envelhecimento

Apenas de há duas décadas a esta parte se começou a atribuir importância às

interacções entre o envelhecimento e a nutrição. Os médicos, cientistas e

investigadores têm a esperança de conseguir um dia retardar, parar, ou mesmo

reverter o processo do envelhecimento físico humano através de intervenções

médicas e científicas(24). Neste processo a nutrição tem um papel importante

influenciando o envelhecimento natural, aumentando a qualidade de vida e

reduzindo a incidência de doenças relacionadas com a idade(1), conforme as já

referidas anteriormente.

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7

5.1. Hidratos de carbono no aumento da esperança de vida

Uma das principais fontes de energia do nosso organismo são os hidratos de

carbono, estes são os chamados açúcares e constituem uma das principais fontes

de energia do nosso organismo.

Em estudos realizados sobre o metabolismo dos açúcares e da reacção de

Maillard observou-se que as ligações das proteínas tinham como resultado uma

rigidez e perda de elasticidade nos tecidos, contribuindo em grande escala para

doenças cardiovasculares, afectando vários órgãos como o coração, rins e

cérebro. Estas doenças, e a diabetes mellitus em especial, vão fazer com que

haja uma diminuição da saúde ao longo do envelhecimento nas pessoas(25). Na

reacção de Maillard há uma glicosilação das proteínas, na qual os açúcares

reduzidos produzem os AGEs (Advanced Glycation End Products) induzindo a

interacção entre proteínas. Esta ocorre frequentemente durante a cozedura dos

alimentos, ou in vivo, quando os níveis de glicose no sangue se encontram

elevados(26).

A reacção in vivo resulta na produção de radicais livres e em interacções

excessivas entre proteínas em vários tecidos, provocando firmeza, perda de

elasticidade, senescência entre outros. Estas interacções tendem a acumular-se

com a idade(27). Os radicais livres que resultam da reacção de Maillard vão

contribuir para alterações no stress oxidativo e também para os mecanismos de

mutação somática do envelhecimento(25).

Num estudo feito por Krajcovicova-Kudlackova et al(28), investigou-se os níveis de

AGE em dois grupos nutricionais diferentes, tendo-se sugerido que os

vegetarianos apresentam valores plasmáticos de AGE significativamente

elevados, quando comparados com indivíduos omnívoros. No entanto, os

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vegetarianos consomem menos proteínas e sacarose, e ingerem vegetais e fruta,

predominando assim o consumo de frutose, que se apresenta neste padrões de

ingestão alimentar. Devido à sua grande reactividade, a frutose induz uma boa

formação dos AGE no plasma destes indivíduos.

Já Anisimov et al(29) administraram em ratos antidiabéticos orais, as biguanidas,

que demonstraram aumentar a esperança de vida nestes. Assim considera-se a

glicose a principal causa das alterações no envelhecimento e das doenças

associadas à idade. Sendo que os componentes da dieta aceleram a formação

dos AGE, como é o exemplo dos vegetarianos que consomem grandes

quantidades de frutose(30). Isto sugere que fazendo uma ingestão adequada de

todos os nutrientes essenciais ao nosso organismo, e respeitar as quantidades

dos alimentos ingeridos, neste caso em particular dos hidratos de carbono, irá

prolongar a esperança de vida.

5.2. Lípidos no retardamento do envelhecimento

Os lípidos ou lipídeos são biomoléculas cuja família de compostos é muito vasta,

mas que apresentam na sua estrutura carbono, hidrogénio e oxigénio. No

processo do envelhecimento os lípidos ganham uma importância no que toca ao

seu papel na função cognitiva, em especial os ácidos gordos essenciais (EFAs).

Desde o início da primeira metade do século XX que os investigadores tentam

perceber o papel dos lípidos no nosso organismo, desde a sua importância para o

crescimento como para o desenvolvimento dos animais e dos humanos(31). Sabe-

se que o ácido gordo n-3 pode ser a chave para um desenvolvimento e para um

funcionamento adequado do sistema nervoso, esta afirmação é sustentada pelas

altas concentrações de n-3 polinsaturados de cadeia longa (n-3 LCPs), como é o

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caso do ácido docosahexaenóico (DHA), que se encontra no córtex cerebral e na

retina(32).

O ácido docosahexaenóico é o maior componente existente nas membranas do

ponto onde se dá a sinapse, este influência o microambiente da membrana e

ainda modula os neurotransmissores desde a sua absorção à sua libertação(33). O

ácido araquidónico e o DHA activam a transcrição dos genes responsáveis pelas

proteínas de ligação aos lípidos, afectando o processo de interacção entre as

células nervosas durante o desenvolvimento. Há proteínas específicas ligadas a

ácidos gordos que actuam de forma importante na via de sinalização das

respostas das células gliais aos neurónios. Assim, o DHA ligado regula esta

actividade(34). Uma deficiência de DHA apresenta como consequência um

aumento do stress oxidativo e uma redução do nível da subunidade alfa p85 da

cínase do fosfatidilinositol no córtex dos ratos e na transcrição do RNA

mensageiro(35).

Estudos efectuados em animais e em humanos mostraram que uma dieta com

défice de ácidos gordos n-3 ou em ácido linoleico mostraram que há um declínio

do ácido araquidónico no cérebro e do DHA. Em simultâneo há um aumento dos

ácidos gordos polinsaturados (PUFAs)(36, 37). Esta deficiência em n-3 faz com que

haja uma alteração na função das proteínas de membrana desde a sua ligação a

ligandos (moléculas que rodeiam um metal na formação de um complexo

metálico) à activação de enzimas(38).

Uma vez que no envelhecimento as concentrações de LCP diminuem nos tecidos

cerebrais, estudos observacionais sugeriram que um aumento da ingestão de

peixe e de n-3 LCP está associado com a diminuição do risco de debilitação da

função cognitiva. Estudos prospectivos vieram reforçar esta perspectiva,

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mostrando que o aumento do consumo de peixe está associado com um declínio

do risco de demência e de doença de Alzheimer. Whaley et al(39) associam os

níveis de n-3 LCPs, e em especial de DHA em eritrócitos, a uma agilidade

cognitiva em pessoas idosas.

Sabe-se então que se a população optar por fazer uma ingestão adequada de

lípidos, dando preferência à qualidade destes, como é o caso do n-3 do peixe,

esta opção vai ter resultados muito importantes no desenvolvimento e na função

cognitiva.

5.3. Restrição Calórica

A restrição calórica é uma das teorias para retardar o envelhecimento, tendo sido

descrita pela primeira vez por McCay et al(40). É a intervenção mais consistente,

que não inclui fármacos, e que aumenta a esperança de vida e protege contra a

deterioração das funções biológicas. A restrição calórica é definida como uma

redução calórica moderada de 20% a 40%, que não compromete uma ingestão

adequada de todos os nutrientes essenciais(41). Muitos estudos confirmam este

resultado, dizendo que a restrição calórica a longo prazo, em roedores pequenos,

férteis e magros, mas que eram saudáveis e activos viviam, em média, mais 40%

que os roedores do grupo de controlo que foram alimentados sem qualquer tipo

de restrição. Os roedores do grupo submetido a esta restrição, apresentavam

menos massa gorda e os órgãos mais importantes muito pequenos(21). Outras

pesquisas efectuadas em leveduras, aranhas, peixes, ratos e em animais

aquáticos do filo Rotifera, mostraram que o estender da esperança de vida podia

ir até um máximo de 50%(42). Numa pesquisa efectuada em humanos por Willcox

et al(43), neste caso nos Okinawas, que são a única população humana a seguir

um regime de restrição calórica sem que lhes falte nutrientes essenciais, o

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aumento da esperança de vida é de 6% (1,3 anos) além dos 65 anos quando

comparada com outros japoneses. Quando esta população é comparada com a

Americana a sua esperança média de vida apresenta-se 20% superior (3,6 anos).

Nos estudos realizados em macacos Reshus os resultados demonstraram que a

restrição calórica protege os macacos de muitas alterações fisiopatológicas, como

é o caso do desenvolvimento de resistência à insulina e consequente Diabetes

Mellitus tipo 2, aterosclerose e redução do metabolismo basal, e danos

provocados pelo stress oxidativo e envelhecimento do sistema imunológico(44, 45).

Uma das causas apresentadas para o envelhecimento das leveduras é a

acumulação progressiva e excessiva de círculos de ADN ribossomal no

cromossoma, devido a repetições de recombinações homólogas dentro deste.

Esta recombinação é reprimida pelo gene SIR2 (Silent Information Regulator 2)

que, quando está em quantidades aumentadas, vai prevenir a recombinação do

ADN ribossomal, aumentando assim a esperança de vida(46). A SIR2 é uma

desacetilase dependente do NAD+ fazendo a ligação entre o metabolismo e a

longevidade nas leveduras. A restrição calórica nas leveduras provoca a

activação da desacetilase SIR2, podendo aumentar a esperança de vida em 40%

e induz a produção do gene SirT1(47).

A SirT1 pode desacetilar o factor de reparação do ADN, o Ku70, inibindo a morte

programada da célula, chamada de apoptose(48). Nos últimos anos apareceram

dados contraditórios sobre a SirT1 e a SIR2 e quanto à sua relação com o

aumento da esperança de vida, devido a diversas lacunas que surgiram na

compreensão da biologia SIR2/SirT1.

Easlon et al(49) sugeriram que nos mecanismos pelos quais a restrição calórica

regula o aumento da esperança de vida o transporte do NADH pode participar

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12

nestes, destacando a importância da compartimentalização do equilíbrio redox e

no modo como esta afecta a longevidade(49).

Com base na hipótese do NAD+/NADH Anderson et al(50) avançaram com outra

alternativa. Nesta, a restrição calórica aumenta a actividade de Sir2 pela

diminuição das concentrações de NAM (produto da reacção de desacetilação

catalisada pela Sir2) que vai inibir a actividade da desacetilase Sir2. Assim sendo,

os efeitos da restrição calórica no aumento da esperança de vida são lentos nas

leveduras desprovidas de PNC1 (Pirazinamidase e Nicotinamidase 1) mas, se

houver um aumento destes níveis, ocorre um aumento da longevidade nestas(51).

Resultados provenientes de pesquisas mais recentes apoiam esta teoria e

sugerem que o aumento da esperança de vida, ao invés de ser causado por um

aumento da respiração, será derivado da restrição calórica uma vez que esta

activa o Sir2/SIRT1 em resposta ao aumento da remoção de NAM(52).

A resposta à restrição calórica por parte dos mamíferos não só implica o aumento

dos níveis da SIRT1 em todos os tecidos como também já foi demonstrado que,

para estes apresentarem uma adaptação adequada no fígado, não é necessária a

acção da SIRT1(53).

Estudos observacionais efectuados em humanos, concretamente num lar de

enfermagem espanhol, mostraram que a restrição calórica tem efeitos benéficos

na longevidade nomeadamente reduzindo a morbilidade e a mortalidade(54). Na

Biosphere 2 realizou-se um pequeno estudo em 4 homens e 4 mulheres, em

ambiente fechado e pouco controlado. Estes indivíduos foram submetidos a uma

restrição calórica de 30%, e os resultados obtidos nos vários parâmetros

fisiológicos associados a efeitos anti-envelhecimento, foram semelhantes aos

estudos efectuados nos roedores e nos macacos(55). No Toxicology and Nutrition

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Institute Study fez-se um estudo mais controlado do que o realizado na Biosphere

2, com 8 indivíduos ad libitum pertencentes ao grupo controlo, e 16 indivíduos

com restrição de 20%. Os resultados foram positivos havendo uma diminuição da

massa gorda e da pressão arterial(56).

5.4. Papel dos Antioxidantes como anti-envelhecimen to

Os danos celulares e uma má nutrição levam a um envelhecimento mais rápido.

Conforme foi referido anteriormente, a obesidade e o tabaco estão associados

com a redução dos telómeros, sendo estes potenciais biomarcadores do processo

do envelhecimento.

Como tal, a nutrição aparece neste processo como um importante factor da

esperança de vida(21), pois a adopção de uma dieta saudável retarda o processo

do envelhecimento proporcionando um aumento de anos de vida. Uma dieta

saudável envolve um consumo apropriado de todos os nutrientes e de água, ou

seja, segundo a WHO(57) compreende uma ingestão limitada de gorduras

saturadas e insaturadas, a eliminação dos ácidos gordos trans, (tipo especial de

ácido gordo formados a partir de ácidos gordos insaturados) um aumento do

consumo de fruta, vegetais, leguminosas, grãos integrais e nozes, e uma ingestão

limitada de açúcar simples e de sal.

Acredita-se que os nutrientes antioxidantes têm um papel importante na

prevenção e tratamento de doenças crónicas. Os antioxidantes protegem as

células do stress oxidativo fazendo uma limpeza dos radicais livres que podem

causar danos no ADN, e sustêm as reacções de peroxidação lipídica em cadeia.

As moléculas altamente reactivas podem oxidar moléculas estáveis fazendo com

que estas se tornem instáveis, como é o caso dos radicais livres. Um radical livre

é um químico que apresenta um electrão desemparelhado podendo ser neutro, ou

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ter carga positiva/ negativa. O antioxidante elimina o radical livre. As células

originalmente já contêm vários antioxidantes que as protegem dos danos

provocados pelas reacções dos radicais livres porém, na ausência do antioxidante

um só radical livre é capaz de danificar várias moléculas.

Os metabolitos antioxidantes hidrossolúveis, presentes em maior quantidade nas

células, são a glutationa e a vitamina C, normalmente situados no plasma e na

mitocôndria.

A vitamina E e os carotenóides fazem parte do grupo dos principais antioxidantes

lipossolúveis. A vitamina E encontra-se em maior quantidade nas membranas das

células e tem a capacidade de quebrar os canais onde se dá a peroxidação

lipídica prevenindo, teoricamente, a oxidação destes ácidos gordos. Apesar da

acção dos antioxidantes, continua a existir alguma oxidação e consequentes

danos, que quando acumulados ao longo dos anos contribuem como factor de

doença e de envelhecimento.

Uma dieta saudável tem como benefícios fornecer alimentos, água e oxigénio às

células conforme as suas necessidades contribuindo para a sua reprodução,

transmissão de uma melhor informação e reparação de danos. Uma outra

vantagem de uma boa dieta é assegurar um fornecimento contínuo de energia

aproveitável para o nosso organismo, de modo a que haja uma maior estabilidade

dos níveis de energia. Esta energia tem como fonte, as gorduras (saturadas e

insaturadas) e os hidratos de carbono. Outro dos benefícios associado a esta

dieta saudável, é que ajuda na correcção dos danos provocados pelos radicais

livres que causam um aumento do risco de cancro e de outros tipos de doenças

degenerativas. Tudo isto culmina no retardamento do envelhecimento,

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acrescentado anos de vida a quem obedecer a uma ingestão adequada de

alimentos.

Estudos efectuados mostraram que menos de um terço dos americanos

correspondiam à meta do U.S. Government’s Healthy People 2000, para comer

cinco, ou mais, doses de fruta e vegetais por dia, sendo que só comem uma

média de 1,2 doses de fruta por dia e 3,1 doses de vegetais, segundo o American

Journal of Public Health.

Em muitas pesquisas até agora realizadas, a suplementação em ratos com uma

dieta rica em fruta e vegetais com cor forte, como por exemplo morangos, mirtilos

e espinafres, diminuiu, e até reverteu em alguns casos, os défices na função

cerebral, na performance motora, na aprendizagem e também na memória dos

animais mais velhos(58, 59). Alguns estudos realizados sugerem que um aumento

da ingestão diária de fruta e vegetais, ricos em antioxidantes, pode ser uma

componente importante para uma estratégia de vida saudável cujo objectivo é

maximizar a função cognitiva e neuronal até à velhice(60).

Os antioxidantes, como a vitamina C, vitamina E e o selénio, já apresentam

ingestões dietéticas recomendadas, enquanto os carotenóides não possuem

nenhum tipo de recomendação por ainda não estar bem claro quais as suas

necessidades em termos nutricionais.

Um antioxidante proveniente da dieta é definido como “uma substância que se

encontra nos alimentos, que diminui significativamente os efeitos adversos das

espécies reactivas, tais como as espécies de oxigénio e de nitrogénio reactivas,

sobre a função fisiológica normal em Humanos”, segundo o IOM(61).

British Nutrition Foundation(21) sugere que os factores da dieta têm um papel

importante na influência da taxa em que o genoma, e provavelmente outras

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macromoléculas, suportam os danos, sendo portanto fundamental para o

processo do envelhecimento.

Em relação à danificação do ADN, um dos aspectos mais amplamente estudados

no envelhecimento, e que pode ser alterado por factores da dieta, é a danificação

oxidativa pelas espécies reactivas de oxigénio. Os radicais livres são eliminados

por vitaminas (vitamina A, C e E), metais (zinco e selénio) e por não nutrientes

(licopeno e polifenóis) que, além de os eliminarem, previnem a danificação do

ADN, assim como a dos lípidos e das proteínas celulares. Além dos que foram

referidos anteriormente, as pesquisas de Brash and Havre(62), mostraram que

alguns antioxidantes da dieta podem apresentar mais um papel, além dos que

foram referidos anteriormente, podendo estes ser um reforço na reparação do

ADN.

Nas pessoas mais velhas, Segundo Ho(63), se o zinco for ingerido em maiores

quantidades pode ajudar na reparação por excisão de base e na reparação por

excisão dos nucleótidos isto porque as proteínas envolvidas nesta reparação são

proteínas associadas ao zinco.

5.4.1. Vitamina C

A vitamina C é uma vitamina hidrossolúvel que elimina os radicais livres e previne

a sua entrada nas partículas de lipoproteínas de baixa densidade (LDL). Esta

regenera a vitamina E à sua forma natural reduzida, aumenta a excreção de

colesterol e reduz a adesão dos monócitos. Na pele, a vitamina C produz

colagénio, que serve como base de ligação nos ossos, dentes e cartilagem e

ajuda o organismo protegendo-o contra o cancro, doenças cardiovasculares e

certos efeitos do envelhecimento(24), como é o caso do retardamento da doença

de Alzheimer, por exemplo.

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Os fumadores precisam de uma ingestão mais elevada de vitamina C devido à

pouca absorção que o seu organismo tem desta vitamina. A sua ingestão vai

ajudar no tratamento e prevenção de certas doenças como a DPOC e o cancro. A

vitamina C, ou ácido ascórbico, tem sido cada vez mais estudada, observando-se

uma diminuição da sua quantidade no nosso organismo à medida que

envelhecemos. É de salientar que a população envelhecida ingere em baixas

quantidades esta vitamina. Ela é um antioxidante natural que, como o próprio

nome, indica previne o envelhecimento e as consequências que dele advêm,

como as doenças cardiovasculares(2).

Na pele, o ácido ascórbico serve como cofactor necessário à actividade

enzimática da prolil hidroxilase, que hidroxila os resíduos de prolil em

procolagénio e em elastina(64). Boyce et al(65) mostraram que, de entre as funções

da vitamina C, esta contribui para a formação de uma barreira na pele,

contribuindo para o reforço da diferenciação da epiderme e estimulação da

circulação de sangue. Esta é realizada através da produção de NO pelo aumento

da estabilidade da tetrahidrobiopterina, que é um cofactor dos NOS

constitutivos(65). Os kiwis são ricos em vitamina C e outros fitoquímicos com

actividade antioxidante. Uma experiência realizada por Collins et al(66) em que

suplementaram os voluntários com kiwis, um ou mais durante três semanas,

concluíram que, a ingestão de fruta extra reduziu a oxidação das purinas e

pirimidinas no ADN dos linfócitos e reforçaram a reparação por excisão de base

do ADN destes mesmos linfócitos(21).

A ingestão dietética recomendada(67) para a vitamina C, nas mulheres, é de 75 mg

por dia, e de 90 mg por dia para os homens, com idades iguais ou superiores a 19

anos. Não foram demonstradas diferenças na absorção de vitamina C com a

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idade, o Dietary Reference Intakes (67) dá conta que uma baixa concentração de

vitamina C no sangue dos idosos pode dever-se ao desenvolvimento de doenças

crónicas, debilidade, ou outros factores, e não apenas um efeito do

envelhecimento.

As principais fontes de vitamina C (90%) provêm da fruta e vegetais, como os

citrinos e os seus sumos, tomate e respectivo sumo e as batatas(67). Outras fontes

são os morangos, kiwi, papaia e, no que concerne aos vegetais, temos o pimento

vermelho, brócolos e as couves de Bruxelas(24).

5.4.2. Vitamina E

A vitamina E é um grupo de oito compostos lipossolúveis, em que o mais

abundante é o α-tocoferol, o único activo nos humanos. Acerca deste composto, o

Dietary Reference Intakes (67) explica que a mistura dos vários compostos

existentes nos alimentos é muito mais benéfica do que o α-tocoferol administrado

isoladamente em suplementos. Esta vitamina é o antioxidante que se pode

encontrar em maior quantidade no LDL, inibindo também a activação plaquetária

e a adesão dos monócitos. A vitamina E é uma vitamina muito importante para o

nosso organismo, uma vez que está incorporada na porção lipídica das

membranas celulares e de outras moléculas, protegendo-as dos danos oxidativos

e prevenindo a peroxidação lipídica. Assim sendo, protege os ácidos gordos

polinsaturados que se encontram dentro da membrana fosfolipídica e as

lipoproteínas do plasma(67). Esta tem efeitos protectores contra o cancro, doenças

cardiovasculares e complicações da diabetes(24).

Após ser oxidada, e antes de ser decomposta, a vitamina E pode ser de novo

reduzida pela vitamina C e pela glutationa, estando esta reacção dependente

apenas das concentrações destas substâncias(68). Acredita-se que os danos

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celulares provocados pelas espécies reactivas de oxigénio, e neste caso pela

peroxidação lipídica, estejam envolvidos no processo do envelhecimento como

geradoras de alterações patológicas com a idade(69). Wartanowicz et al(70) fizeram

estudos na Polónia, onde idosos foram submetidos a uma suplementação diária

de vitamina E e C, houve uma diminuição da concentração de peroxidação

lipídica no sangue. Já Tolonen et al(71) observaram os efeitos no bem-estar mental

da suplementação com vitamina E, e selénio, num lar de enfermagem na

Finlândia. Estes concluíram que houve uma melhoria do estado geral das

pessoas após 2 meses.

A ingestão dietética recomendada (RDA) (67) desta vitamina é de 15 mg por dia,

em ambos os sexos, para pessoas com idade igual ou superior a 14 anos, sendo

que muitas pessoas não fazem esta ingestão diariamente. Quando as suas

ingestões são supridas, protege contra doenças cardiovasculares, atrasa a

evolução de doenças degenerativas e melhora a função imunitária(2).

Tem como fontes alimentares certos óleos vegetais, como o óleo de gérmen de

trigo, óleo de avelã e óleo de amêndoa, gérmen de trigo, cereais integrais e

ovos(24).

5.4.3. Carotenóides

Os carotenóides também se podem chamar de carotenos, e são um grupo de

mais de 600 compostos de plantas coloridas, em que somente 14 foram

identificados até agora no sangue e nos tecidos humanos. O α-caroteno, β-

caroteno e a β-cryptoxantina são considerados os carotenóides pró-vitamina A e

são também convertidos em vitamina A. Nos humanos funcionam como fontes da

dieta de vitamina A, e têm acções importantes como antioxidantes. Estes

eliminam o oxigénio e fazem uma cilada aos radicais peroxil de modo a prevenir a

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peroxidação lipídica. Protegem também contra o desenvolvimento de cancro,

doenças cardiovasculares e doenças oculares e afectam a regulação do

crescimento celular e a expressão genética. Para eliminar o oxigénio e os radicais

livres o licopeno é o antioxidante mais potente dos carotenóides (24). Na pele

apresentam uma correlação com as rugas, diminuindo-as significativamente

quando em grande concentração e se as rugas se encontram num estágio inicial

de formação(72).

Não existem RDA’s para os carotenóides por não se saber ao certo que

percentagem de vitamina A proveniente da dieta deve provir da pró-vitamina A

dos carotenóides(67).

As fontes alimentares de caroteno são as cenouras, batata-doce, abóbora, melão,

toranja cor-de-rosa, espinafres, damascos, brócolos e os vegetais folhosos verde

escuros. O caroteno não é destruído como a vitamina C pela cozedura. Por fim o

licopeno encontra-se no tomate, melancia, goiaba entre outros(24).

5.4.4. Selénio

O selénio é o antioxidante mineral mais importante, sendo essencial para a

função da enzima peroxídase da glutationa e para os sistemas imune e

cardiovascular. Tem propriedades anti-inflamatórias, inibindo as citocinas

inflamatórias induzidas pelas radiações ultravioletas que causam danos

prejudiciais na pele.

O selénio é um potente antioxidante natural, quando se encontra junto com outras

vitaminas antioxidantes, como as vitaminas A, C e E(24), protegendo o organismo

da sua própria oxidação produzida pelos radicais livres.

De acordo com Seo et al(73), o selénio foi o primeiro antioxidante a apresentar

evidências de que era um reforço na reparação do ADN, sendo que a

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administração de selénio extra, na forma de seleniometionina, induzia uma

reparação por excisão de base via activação do factor P53 nos fibroblastos

normais de humanos in vitro.

A ingestão dietética recomendada(67) para o selénio, em ambos os sexos, é de

55µg por dia para pessoas com idade igual ou superior a 14 anos. As fontes de

selénio incluem vísceras de animais e mariscos(24).

5.4.5. Resveratrol

O resveratrol (3,5,4’-trihidroxiestilbeno) é um membro da família dos polifenóis

chamado de viniferinas. Este possui várias propriedades fisiológicas e

bioquímicas, tem acções estrogénicas, anti-plaquetárias e anti-inflamatórias(74-76).

Estudos recentes revelaram a importância da SIRT1 e do seu activador, o

resveratrol, considerado o antioxidante mais importante para a longevidade(77).

Este aumenta a vida da célula, reduz os radicais livres nos queratinócitos HaCaT

(Human keratinocyte cell line) expostos a radiações ultravioletas e inibe a

activação das caspases-3 e -8 nas células HaCaT(78). Também previne, através

da activação da SIRT1, o envelhecimento da pele causado pela exposição a

radiação ultravioleta(79).

Uma das mais importantes particularidades do resveratrol é que este, em

determinada concentração, inibe a morte celular programada (apoptose) e

protege de várias doenças, como a aterosclerose e as arritmias ventriculares(80).

Este é biosintetizado por uma molécula do p-coumaril CoA e por três moléculas

de malonil CoA que pertencem à síntase do estilbeno (STS). Está presente em

certas plantas superiores como é o caso do eucalipto, lírios, amoras, uvas,

morangos e amendoins. O resveratrol ocorre naturalmente como uma fitoalexina,

agindo portanto como uma defesa das plantas que é produzida em resposta a um

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trauma, quer por exposição a uma luz ultravioleta, trauma mecânico ou por uma

infecção causada por microrganismos patogénicos(81, 82). O gene mais importante

da longevidade é a sirtuina 1 (SirT1) homóloga do SIR2. Este gene foi descoberto

em conjunto com uma baixa ingestão calórica. O resveratrol foi usado na levedura

como simulador de uma restrição calórica, estimulando o SIR2 e aumentando,

desta forma, a estabilidade do ADN e prolongando o tempo de vida da levedura

em 70%. Estudos recentes mostraram que o resveratrol induz os genes da

longevidade, a SirT1 e, tal como no vinho, este também activa a SirT3 e SirT4

assim como regula muitos outros genes que estão ligados ao aumento da

esperança de vida(77, 83, 84). Noutras pesquisas realizadas por Mukherjee et al(83)

em ratos, não só o vinho branco activou as proteínas da longevidade SirT1, SirT3,

SirT4 e causou a fosforilação da FoxO1 e FoxO3A no coração, também a

quantidade produzida foi maior do que a quantidade induzida pelo vinho tinto ou

pelo resveratrol. A Foxo é uma família de proteínas que é desacetilada pela SirT1,

esta baixa regulação vai fazer com que haja uma baixa resposta apoptótica,

aumentando a resistência sob condições de stress. Os resultados deste estudo

foram intrigantes uma vez que os componentes do vinho tinto e do vinho branco,

o resveratrol, tirosol e o hidroxitirosol, não só activaram os genes da longevidade

como promoveram a sobrevivência da célula. Assim o resveratrol não é o único

nutriente que aumenta a esperança de vida, os vinhos e as uvas também activam

genes da longevidade(83).

O resveratrol recentemente foi identificado como sendo um imitador parcial da

restrição calórica(77, 84, 85). Este apresenta dois mecanismos de acção em comum

com a restrição calórica, na promoção do aumento da esperança de vida. Ambos

melhoram a sensibilidade à insulina, fazendo com que circule menos insulina e

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menos glicose no nosso corpo(48, 86, 87). Pela sua acção, os receptores da insulina

localizados no tecido adiposo, são bloqueados, o que poderá aumentar em cerca

de 18% a esperança de vida nos ratos(86). O outro mecanismo que têm em

comum é o facto de ambos activarem a SirT1, o gene da longevidade que

aumenta a esperança de vida(85). As recomendações da ingestão pela dieta dos

polifenóis são mencionadas como sendo 1g por dia(88). No entanto, dados mais

recentes mostram que as recomendações são > 500mg por dia(89).

6. Fruta e Vegetais na Longevidade

O grupo das frutas e o dos hortícolas são, de entre os constituintes da roda dos

alimentos, os que representam a maior ingestão diária, representando em

conjunto cerca de 43% da dieta. O grupo dos cereais e derivados sozinho

constitui a ingestão diária mais representativa de cerca de 28% da dieta.

As frutas e vegetais contêm fitoquímicos, polifenóis, flavonóides, e vitaminas

essenciais ao nosso organismo. A ingestão destas é uma das estratégias para

aumentar a esperança de vida e retardar ou reverter os danos associados ao

processo normal do envelhecimento. Pesquisas demonstraram que uma dieta rica

em fruta e vegetais reduz efectivamente alguns tipos de cancro e doença

cardiovascular(90). Pensa-se que têm um papel importante no stress oxidativo,

pois os antioxidantes presentes na fruta e vegetais são importantes na eliminação

dos radicais livres não havendo acumulação tão acentuada dos radicais e assim

retardando o processo do envelhecimento.

7. Análise crítica e Conclusões

Nos mecanismos subjacentes do envelhecimento há um contínuo (continuum)

entre uma longa vida e uma curta vida, sendo que estes são jogados fora através

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da acumulação de defeitos tanto a nível celular como molecular e que podem ser

influenciados pela nutrição e também por outro tipo de factores vindos de estilos

de vida adoptados(24).

A medicina anti-envelhecimento vê este processo como um inimigo. Como tal, há

que o combater recorrendo a todas as armas existentes, ou seja, neste caso,

recorrendo aos diferentes tipos de metodologias apresentados. Devemos ter a

consciência que os nossos piores inimigos somos nós mesmos, ao escolhermos

estilos de vida que impactam gravemente o nosso bem-estar futuro.

É importante perceber que para conseguir alcançar a longevidade há que

percorrer uma caminhada passando por três pontes sequenciais.

A primeira ponte é baseada nas terapias que existem nos dias de hoje, com tudo

o que de melhor a medicina actual nos pode oferecer. Prosseguindo o caminho, a

primeira ponte leva-nos à segunda, que consiste no desenvolvimento da

revolução biotecnológica. Por fim, a terceira ponte é a da revolução da

nanotecnologia/inteligência artificial, onde reside a esperança de substancial

aumento da esperança de vida pela descoberta do processo, até hoje

incompreensível, de alcançar as centenas de anos de vida.

Na primeira ponte enquadra-se a questão fundamental deste trabalho: obtenção

de um estilo de vida saudável. Nesta insere-se uma dieta adequada, restrição

calórica, exercício físico regular, uma boa gestão do stress, desintoxicação e um

cuidado adequado do nosso cérebro. No que concerne à dieta podemos fazer

boas ou más escolhas, consoante o cuidado que lhe dedicamos. As escolhas

relacionadas com a dieta foram transversalmente abordadas ao longo de todo

este trabalho. Quanto à restrição calórica, esta é a única já comprovada em

animais de laboratório que aumenta a esperança de vida. No caso das moscas da

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fruta por exemplo, estas vêem a sua vida aumentada em dias ou semanas, e os

roedores de laboratório aumentam a sua esperança de vida em dois ou três

anos(91). As experiências em animais, envolvendo a restrição calórica, cada vez

mais têm como objectivo aumentar drasticamente a esperança de vida de forma

saudável, desde os animais de laboratório aos insectos.

Sabe-se que se consumirmos calorias em excesso a nossa esperança de vida é

reduzida, enquanto que ao efectuarmos uma restrição calórica esta irá prolongar

de forma acentuada a nossa longevidade(92).

Segundo as experiências de Howitz et al(93), mostrou-se que a restrição calórica

em leveduras activa o gene SirT1 que expressa a diacetilase SirT1, sendo esta a

estabilizadora do ADN e responsável pelo aumento da esperança de vida em

cerca 70%. De acordo com Richard Weindrich(94) este aumento em roedores,

peixes, aranhas e outros animais é de cerca de 30%-50%.

Dentro do grupo dos antioxidantes, os polifenóis actuam no gene SirT1 e podem

aumentar a longevidade em cerca de 70% nas leveduras. O polifenol mais

potente é o resveratrol e encontra-se no vinho tinto, nas uvas, morangos e

amoras. O resveratrol é um antioxidante que tem mecanismos que imitam os da

restrição calórica, ambos induzem a activação de vários genes da longevidade.

As sirtuinas e os FoxOS actuam de forma coordenada de modo a regular a

sobrevivência da célula e a sua longevidade(95).

O stress oxidativo é um importante factor modelador das alterações da pele, em

especial as causadas pela exposição a radiações ultravioletas e pelo

envelhecimento. O tratamento com antioxidantes, como é o caso da Vitamina C,

E, carotenóides e polifenóis (resveratrol) pode ser um reforço para a resistência

ao stress oxidativo prevenindo, ou melhorando, o envelhecimento da pele(96).

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Há uma série de resultados que sugerem que SIR2/SirT1 regulam a longevidade

e que os mecanismos da restrição calórica aumentam a esperança de vida(52).

Alguns genes na juventude estão activos e outros inactivos, no envelhecimento há

outro tipo de oferta, a restrição calórica aqui actua de forma a deslocar estes

genes nos animais mais velhos fazendo-se parecer com a expressão do gene de

um animal jovem(94). Um exemplo de aumento da esperança de vida acontece nos

Okinawa. Este povo tem uma ingestão de cerca de 1800 kcal(91) devido ao seu

estilo de vida e por isso vivem muito mais tempo do que, por exemplo, o povo

Americano, que faz uma ingestão de cerca de 3790 kcal por dia (FAO, 2000-

2002). Está provado que esta é uma questão que não é genética, mas sim de

uma adopção de estilos de vida saudáveis. Os Okinawa vivem mais tempo por

causa do seu estilo de vida, principalmente pela restrição calórica que

apresentam(94, 97).

Outro padrão de estilo de vida saudável a ser adoptado por quem deseja alcançar

uma invejável longevidade é o exercício físico regular. Um exercício físico para

ser bem executado deve fazer o coração trabalhar a um ritmo de cerca de 60-80%

do máximo previsto, mantendo esse ritmo durante um período de tempo. Há tipos

de exercício físico que têm que ser efectuados durante 30 minutos, sem parar, e

todos os dias.

Muitas pessoas hoje em dia não se preocupam com o estilo de vida que levam;

fazem uma dieta inadequada, com consumo excessivo de fast food e pouca

ingestão de fruta e vegetais, e para além disto também não praticam exercício

físico. Assim, nos dias de hoje, poucas são as pessoas que fazem uma ingestão

adequada de fruta e de vegetais recorrendo, por vezes, a suplementos para

suprirem o aporte de nutrientes apropriado. Porém, este suplementos não cobrem

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por completo as suas necessidades, já que a ingestão de fruta e vegetais permite

um aporte vitamínico e de minerais que são necessários como cofactores de

várias enzimas, permitindo que as reacções químicas se realizem

adequadamente.

Na restrição calórica pode-se realizar alguns objectivos como os de desviar os

genes da juventude e passá-los a on e os genes da velhice a off, ainda que

durante pouco tempo(98). Os cientistas estão a tentar reprogramar a bioquímica

dos Humanos através de muita suplementação e de outro tipo de estilos de vida

saudáveis.

Um estilo de vida saudável também permite evitar a obesidade o que, por si,

acelera o envelhecimento através da redução do comprimento dos telómeros,

além de todas as doenças que dela advêm. Um estilo de vida saudável tem que

ser adoptado desde criança para que estas não tenham, como se prevê, uma

senescência prematura das células em consequência da sua obesidade.

O papel dos lípidos no envelhecimento apresentam uma componente importante,

uma vez que os seus ácidos gordos n-3 provenientes do peixe, são importantes

na diminuição das doenças degenerativas, como é o caso da Doença de

Alzheimer. Estes estão associados a uma agilidade da função cognitiva e são

responsáveis pelo desenvolvimento da mesma.

Esta monografia realça aspectos importantes para os indivíduos traçarem o seu

caminho para a longevidade. Em primeiro lugar a adopção de um estilo de vida

saudável, que inclui a prática de exercício físico regular e uma alimentação

equilibrada de modo a respeitar as quantidades e a privilegiar a qualidade dos

alimentos, desde as frutas aos hortícolas (que são os que não apresentam um

consumo tão limitado), até às gorduras e aos cereais e derivados. Em segundo

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lugar, temos que ter consciência daquilo que ingerimos, começando pela fast food

que não adiciona nenhum efeito benéfico contribuindo, pelo contrário, para a

obesidade e para o aparecimento de doenças. É preciso começar a privilegiar a

fruta e os hortícolas pois estes apresentam uma vasta gama de antioxidantes

importantes para a saúde. Por último, fica bem claro que uma nutrição e adopção

de um estilo de vida saudáveis são um excelente percurso para uma longevidade

com saúde e qualidade de vida.

No futuro seria interessante pesquisar como podem as proteínas ajudar a retardar

o envelhecimento, pois não existem evidências do papel das proteínas na

longevidade dos seres vivos.

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