Upload
in-mindpt
View
221
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
7/30/2019 In-Mind_Portugus, 2010, Vol. 1, N. 2-3
1/50
In-Mind _ Portugus
Volume 1, Nmero 2-3, Novembro 2010
ISSN 1877-5322
Editores
Rui S. Costa, Faculdade de Psicologia, Universidade de Lisboa & Universidade de Princeton, EUA
Toms Palma, Instituto Universitrio de Lisboa (ISCTE-IUL) & Universidade de Utrecht, Holanda
In-Mind_Portugus W http://pt.in-mind.org/ E [email protected] E [email protected]
mailto:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]://pt.in-mind.org/http://pt.in-mind.org/7/30/2019 In-Mind_Portugus, 2010, Vol. 1, N. 2-3
2/50
ndice
Do preconceito discriminao justificada
por Ccero Roberto Pereira e Jorge Vala 1
Paradigma DRM: Traies da memria
por Paula Carneiro e Pedro Albuquerque 13
Quem quem noBullying?
por DJamila Garcia e Isabel Correia 21
Consideraes gerais sobre a definio e a avaliao da dor peditrica
por Sara Fernandes e Patrcia Arriaga 29
Agrido, logo existo: Para alm do carcter no-adaptativo da agresso por Pedro Rosa e Diogo Morais 38
In-Mind_Portugus, 2010, Vol.1, N. 2-3
7/30/2019 In-Mind_Portugus, 2010, Vol. 1, N. 2-3
3/50
Do preconceito discriminaojustif icada
Ccero Roberto Pereira1 e Jorge Vala2
Um dos grandes pa-
radoxos nas sociedades que
tm definido o valor da igual-
dade como um dos seus prin-
cpios organizadores a per-manncia de discriminao3
objectiva contra grupos minoritrios mesmo tendo estas
sociedades institudo normas sociais, orientaes consti-
tucionais e procedimentos jurdicos que condenam firme-
mente a expresso de preconceito4 e atitudes racistas.
Como as pessoas (e tambm as instituies democrticas)
discriminam outras pessoas percebidas como pertencen-
tes a grupos diferentes sem serem acusadas de precon-
ceito? Uma possibilidade pode estar no facto do actor daaco discriminatria usar alguma estratgia que lhe per-
mite discriminar sem ser socialmente condenado. Por
exemplo, pouca gente se organizaria ou mesmo participa-
ria numa manifestao pblica contra a imigrao funda-
In-Mind_Portugus, 2010, Vol.1, N. 2-3, 1-13 Pereira e Vala, Discriminao justificada
1
1 Instituto de Cincias Sociais, Universidade de Lisboa.
2 Instituto de Cincias Sociais, Universidade de Lisboa..
3 Ver Glossrio para a definio de discriminao.
4
Ver Glossrio para a definio de preconceito.
7/30/2019 In-Mind_Portugus, 2010, Vol. 1, N. 2-3
4/50
mentando a sua aco na ideia de que os imigrantes so
inferiores ou vem de uma cultura inferior, pois, se assim o
fizesse, certamente estaria sujeita condenao social.
Contudo, qualquer pessoa pode demostrar publicamente
a sua oposio imigrao, ou mesmo organizar e parti-
cipar em manifestaes anti-imigrao, sem correr o risco
de ser acusada de preconceito ou racismo1. Normalmen-
te, as pessoas expressam a sua oposio imigrao
com base no argumento de que os imigrantes represen-
tam uma ameaa ao bem-estar econmico da sociedadede acolhimento, podem contribuir para o aumento da cri-
minalidade e para o enfraquecimento da identidade cultu-
ral desta sociedade.
Neste exemplo, actos discriminatrios como o
apoio a polticas discriminatrias contra imigrantes seriam
interpretados como discriminao justificada2 (i.e., a dis-
criminao sem preconceito). O problema coloca-se
quando o recurso s justificaes visto ou sentido como
sendo motivado pelo preconceito. Neste caso, o uso de
justificaes socialmente percebidas como legtimas pode
ser o mecanismo encontrado pelo pensamento preconcei-
tuoso para legitimar a discriminao em sociedades e con-
textos igualitrios. Seguindo este raciocnio, apresentamos
aqui argumentos tericos e evidncia emprica que mos-
tram a actuao deste mecanismo na expresso de com-
portamentos discriminatrios. Analisamos, com especial
ateno, a forma como o apoio a polticas discriminatrias
contra imigrantes na Europa vem sendo legitimado.
A discriminao justificada
A discriminao em contextos anti-preconceito
tem sido exaustivamente analisada por vrias perspectivas
tericas na Psicologia Social (ver Duckitt, 1992; Fiske,
1998). Por exemplo, a perspectiva conhecida por conser-
vadorismo por princpio prope que actualmente a dis-
criminao mais motivada pela adeso sincera das pes-
soas a princpios e ideais no preconceituosos do que
pelo preconceito. Neste sentido, uma srie de estudos
realizados por Sniderman e colaboradores (ver, por exem-
plo, Coenders, Scheepers, Sniderman, & Verberk, 2001;
Sniderman, Brody, & Kuklinski, 1984; Sniderman, Piazza,
Tetlock, & Kendrick, 1991) mostrou que a oposio denorte-americanos brancos s polticas de aco afirmativa
pr-negros (um indicador de resistncia a polticas anti-
discriminao) estava menos correlacionada com o pre-
conceito anti-negros do que com a percepo de que as
aces afirmativas violam o valor da equidade e, portanto,
so injustas. Neste caso, aces discriminatrias, ou o
apoio manuteno do status quo, so interpretadas
como uma forma de discriminao justificada porque a
sua motivao no estaria assente em crenas preconcei-
tuosas, mas sim no desejo de justia. Este fenmeno foiverificado noutros estudos, especialmente nas pessoas
mais alfabetizadas da populao norte-americana (e.g.,
Reyna, Henry, Korfmacher, & Tucker, 2005), pois estas so
mais sensveis norma do anti-preconceito necessitando
de fazer uso de princpios de justia para justificar o seu
comportamento quando este discriminatrio (ver tam-
bm Son Hing, Bobocel, & Zanna, 2002). Estes resultados
levam-nos a pensar que, de facto, a discriminao que
observamos nas sociedades e contextos igualitrios pode
estar a reflectir algum processo de legitimao que precisa
de ser analisado de forma mais detalhada.
A legitimao da discriminao aqui entendida
como o processo atravs do qual comportamentos dis-
criminatrios so justificados. Um exemplo a investiga-
o conduzida por Dovidio e colaboradores no mbito da
In-Mind_Portugus, 2010, Vol.1, N. 2-3, 1-13 Pereira e Vala, Discriminao justificada
2
1 Ver Glossrio para a definio de racismo.
2
Ver Glossrio para a definio de discriminao justificada.
7/30/2019 In-Mind_Portugus, 2010, Vol. 1, N. 2-3
5/50
teoria do racismo aversivo1 (Gaertner & Dovidio, 1986,
2005), a qual tem mostrado que as pessoas brancas dis-
criminam as pessoas negras apenas quando tm alguma
justificao percebida como no preconceituosa para o
seu comportamento. De facto, Dovidio e Gaertner (2000)
realizaram um estudo sobre o papel de justificaes na
deciso de participantes brancos sobre a contratao de
candidatos negros e brancos para um emprego. Neste
estudo, os participantes foram aleatoriamente colocados
num de trs grupos. Num dos grupos, as informaes quereceberam sobre cada candidato indicavam que estes
tinham boas qualificaes para o emprego (i.e., preen-
chiam todos os requisitos necessrios para a contratao).
Em outro grupo de participantes as informaes mostra-
vam que todos os candidatos tinham ms qualificaes
(i.e., no preenchiam os requisitos exigidos). Finalmente, o
terceiro grupo de participantes recebeu informaes am-
bguas sobre cada candidato (i.e., preenchiam alguns re-
quisitos, mas falhavam noutros). Os resultados mostraram
que os participantes usaram uma estratgia igualitria nasua deciso sobre a contratao (i.e., ausncia de discri-
minao) quando os candidatos foram apresentados
como bem qualificados (decidiram contratar igualmente
brancos e negros) ou quando foram descritos como mal
qualificados (decidiram no contratar nem brancos nem
negros). A discriminao ocorreu apenas no grupo de par-
ticipantes que recebeu informaes ambguas sobre os
candidatos: decidiram contratar mais candidatos brancos
do que negros.
De acordo com Dovidio e Gaertner (2000), osparticipantes dos dois primeiros grupos no discriminaram
porque receberam informaes claras e no ambguas
sobre os candidatos e, portanto, no tinham argumentos
no preconceituosos disponveis para justificar o seu com-
portamento, caso optassempor contratar mais candidatos
brancos. Contudo, o grupo de participantes que recebeu
informaes ambguas tinham uma justificao no pre-
conceituosa disponvel para discriminar. Os participantes
deste grupo interpretaram a ambiguidade das qualifica-
es dos candidatos brancos como indicadora de boas
qualificaes, enquanto julgaram as qualificaes amb-
guas dos candidatos negros como ms qualificaes (re-
sultados idnticos foram obtidos por Hodson, Dovidio &
Gaertner, 2002). Estes resultados levaram Dovidio e
Gaertner (2000) concluso de que a discriminao ocor-
re apenas quando as pessoas podem justificar a sua ac-
o recorrendo a critrios no preconceituosos. O pro-
blema desta interpretao o facto de os autores noterem avaliado se os participantes perceberam a discrimi-
nao dos candidatos negros como justa e legtima, i.e.,
no havia como saber se realmente a ambiguidade funcio-
nou como uma justificao para a discriminao.
Para avaliar de forma mais directa o papel das
justificaes da discriminao contra pessoas negras no
acesso ao emprego, Pereira, Torres e Almeida (2003)
apresentaram a participantes brancos um cenrio sobre
um processo de seleco para um emprego em que o
gestor de uma loja tinha optado pela contratao de um
empregado branco ao invs de um negro com as mesmas
competncias profissionais do branco. Metade dos parti-
cipantes recebeu a informao de que o gestor no era
uma pessoa preconceituosa, mas decidiu contratar um
candidato branco porque a sociedade preconceituosa e
prefere ser atendida por empregados brancos e que a
contratao de empregados negros poderia representar
uma ameaa para os negcios da loja. Assim, agindo
como um gestor de negcios, seguiu as leis de mercado
na sua deciso. A outra metade dos participantes norecebeu qualquer indicao sobre os motivos da discrimi-
nao. Os resultados mostraram que os participantes que
receberam as informaes sobre os motivos da discrimi-
nao avaliaram a deciso do gestor como justa e legtima
e indicaram que, se estivessem na situao deste, tam-
bm teriam contratado o candidato branco. Os participan-
tes para quem a discriminao no foi justificada tenderam
In-Mind_Portugus, 2010, Vol.1, N. 2-3, 1-13 Pereira e Vala, Discriminao justificada
3
1
Ver Glossrio para a definio de racismo aversivo.
7/30/2019 In-Mind_Portugus, 2010, Vol. 1, N. 2-3
6/50
a perceber a deciso do gestor como injusta e ilegtima e,
portanto, discriminatria.
Os resultados desses estudos so particularmen-
te importantes para compreendermos o mecanismo atra-
vs do qual a discriminao legitimada pois mostram
que (1) a discriminao depende de justificaes e (2) que
estas legitimam a discriminao. A questo que coloca-
mos a de saber o que leva as pessoas a elaborar justifi-
caes para discriminar. Isto , as investigaes acimadescritas no nos permitem saber o que leva os partici-
pantes brancos a inter-
pretar as qualificaes
ambguas de candida-
tos brancos como bo-
as qualificaes e a de
negros como ms qua-
lificaes, nem o que
leva as pessoas a acei-
tarem que a contrata-
o de pessoas negras
representa uma ameaa
s leis de mercado.
Discriminao justifi-
cada ou preconceito
dissimulado?
Uma possvel resposta para as questes quecolocamos a de que o preconceito ainda a principal
fonte de discriminao (e.g., Federico & Sidanius, 2002;
Pettigrew & Meertens, 1995). Por exemplo, Sidanius e
Pratto (1999) propuseram que muitos argumentos perce-
bidos como livres de preconceito, frequentemente invo-
cados para justificar a discriminao, podem, mesmo as-
sim, carregar preconceito e serem estrategicamente usa-
dos para legitimar as desigualdades sociais e contribuir
para a manuteno do status quo (ver tambm Jost, Gla-
ser, Kruglanski, & Sulloway, 2003). De acordo com esta
perspectiva, a discriminao envolve um processo mais
elaborado de legitimao no qual o preconceito ocupa um
papel central, mas a sua influncia ocorre de forma indi-
recta e no facilmente identificvel. Mas por que razo as
pessoas necessitam de legitimar o seu comportamento
quando este discriminatrio?
Uma resposta para esta questo pode ser en-
contrada no modelo da justificao-supresso do precon-
ceito proposto por Crandall e Eshleman (2003). Este mo-delo analisa a relao entre o preconceito genuno (i.e.,
espontneo, no con-
trolvel e implcito) e o
preconceito explcito
(i.e., consciente, con-
trolvel e flagrante).
Especificamente, o
modelo prope que: (1)
um grande nmero de
pessoas tm precon-
ceito genuno com
fora motivacional; (2)
simultaneamente, es-
tas pessoas integra-
ram, no seu auto-con-
ceito, valores e crenas
no preconceituosas
que funcionam como
supressores da ex-
presso do preconcei-
to; (3) consequentemente, sentem um conflito entre a ex-presso do preconceito e, ao mesmo tempo, a coerncia
com a sua auto-imagem no preconceituosa; (4) para so-
lucionar o conflito, so altamente motivadas para buscar
justificaes que permitam exprimir o preconceito e no
serem publicamente ou psicologicamente censuradas.
Seguindo estes pressupostos, devido ao facto de as
pessoas necessitarem de suprimir o preconceito para res-
peitar a norma do igualitarismo que a expresso pblica
de atitudes preconceituosas depende fundamentalmente
de justificaes que lhes permitam discriminar sem viola-
In-Mind_Portugus, 2010, Vol.1, N. 2-3, 1-13 Pereira e Vala, Discriminao justificada
4
7/30/2019 In-Mind_Portugus, 2010, Vol. 1, N. 2-3
7/50
rem de forma explcita aquela norma nem pr em causa o
seu auto-conceito igualitrio.
A Teoria da Justificao do Sistema, proposta
por Jost e Banaji (1994), ajuda-nos a compreender este
processo ao prever que as pessoas procuram, ou mesmo
elaboram, justificaes para legitimar as desigualdades
sociais porque existe nelas uma motivao psicolgica
bsica que as impulsiona a percepcionar como legtima a
forma como a sociedade est organizada. Por exemplo, ateoria prope que a motivao para a justificao pode
levar as pessoas a explicar a pobreza e o fracasso de al-
guns grupos e o sucesso de outros ao aceitarem as desi-
gualdades sociais como legtimas e naturais.
A Teoria da Dominncia Social desenvolvida por
Sidanius e Pratto (1999) tambm nos ajuda a compreen-
der o processo ao propor a hiptese de que as pessoas
recorrem a mitos legitimadores1 como justificao para as
desigualdades sociais, i.e., crenas ideolgicas que so
usadas por membros de grupos maioritrios para legitimar
a sua hegemonia e dominao sobre os grupos minoritri-
os. Essa teoria prope, por exemplo, que a sociedade
desenvolve ideologias que promovem a superioridade de
uns grupos sobre outros e podem ser usadas para dar
legitimidade ao comportamento discriminatrio contra
minorias sociais.
Foi no contexto dessas ideias que desenvolve-
mos um conjunto de hipteses que tentam integrar os
processos acima descritos sobre o mecanismo de legiti-mao da discriminao num modelo analtico (ver a Figu-
ra 1), denominado Modelo da Discriminao Justificada
(MDJ), segundo o qual nas sociedades onde, suposta-
mente, um dos pilares da organizao social o valor da
igualdade, a discriminao necessita de ser justificada
com argumentos percebidos como no preconceituosos
(Pereira, Vala & Costa-Lopes, 2010; Pereira, Vala &
Leyens, 2009). O pressuposto no qual o modelo est as-
sente o de que as justificaes ajudam as pessoas a
dissimular os fundamentos preconceituosos do seu com-
portamento discriminatrio, resolvendo possveis conflitos
sociais e psicolgicos derivados da tenso entre a neces-
sidade de serem coerentes com os valores igualitrios que
fazem parte de seu auto-conceito e, simultaneamente,
agirem em congruncia com crenas e atitudes preconcei-
tuosas sobre os grupos-alvo de comportamentos discrimi-
natrios (ver novamente Crandall & Eshleman, 2003 sobre
este pressuposto).
Enquanto os modelos e teorias que acima referi-
mos apenas salientam a importncia de factores justifica-
dores e supressores para a legitimao do preconceito e
das desigualdades sociais, o MDJ estabelece de forma
precisa o papel destes factores na relao entre o precon-
ceito e a discriminao.De facto, o MDJ prev que, em
contextos onde a norma da igualdade est saliente, a dis-
criminao o resultado de um processo no qual o pre-
conceito activa ou facilita o uso (e, em determinadas cir-
cunstncia, a elaborao) de justificaes que fazem com
que a discriminao seja percebida como legtima e justa.
Especificamente, o modelo prev que quanto mais forte
o preconceito, mais motivadas as pessoas esto para usar
mitos legitimadores como justificao para discriminar.
Consequentemente, quanto mais as pessoas recorrem a
esses mitos, mais facilmente esto dispostas a discriminar
membros de grupos minoritrios. Em outras palavras, o
MDJ prev que o uso de justificaes representa um pro-
Figura 1: Modelo da discriminao justificada
In-Mind_Portugus, 2010, Vol.1, N. 2-3, 1-13 Pereira e Vala, Discriminao justificada
5
1
Ver Glossrio para a definio de mitos legitimadores.
7/30/2019 In-Mind_Portugus, 2010, Vol. 1, N. 2-3
8/50
cesso mediador na relao entre o preconceito e a discri-
minao. Prev tambm que o contexto normativo modera
esse processo, de modo que o uso de justificaes ne-
cessrio apenas em contextos anti-preconceito. Nesses
contextos, a discriminao justificada est apenas aparen-
temente livre de preconceito, pois este continua motivando
comportamentos discriminatrios de forma encoberta, ou
mesmo dissimulada, por justificaes percebidas como
legtimas.
Legitimando a discriminao contra imigrantes: O
papel da percepo de amea
Nesta seco descrevemos dois exemplos de
como a discriminao est sendo legitimada. Especifica-
mente, testamos as hipteses que propusemos no MDJ
em dois estudos sobre o apoio dos europeus a polticas
discriminatrias contra imigrantes: a oposio imigrao
e naturalizao de imigrantes. Analisamos em que medi-da a relao entre o preconceito e o apoio a estas polticas
mediada pelo recurso a factores justificadores, como a
percepo de ameaa.
A oposio imigrao pode ser considerada
uma forma de suporte a polticas discriminatrias porque a
recusa entrada de uma pessoa no pas tomada com
base no facto de esta ter nacionalidade diferente da cate-
goria de pertena do cidado nacional. Mais precisamen-
te, o argumento usado na recusa a percepo de que a
pessoa em questo no membro de uma categoria per-
tinente (i.e., no cidad nacional ou no europeia,
por exemplo). Do ponto de vista psicossocial, a oposio
imigrao tem sido justificada mais pela percepo de
ameaa realista1 (Bobo, 1988; Riek, Mania, & Gaertner,
2006; Vala, Brito, & Lopes, 1999) - o mito legitimador de
que os imigrantes representam uma ameaa ao poder
econmico e ao bem-estar fsico e material do endogrupo
(ver LeVine & Campbell, 1972; Stephan, et al., 2002) - do
que pela percepo de ameaa simblica2 - o mito legiti-
mador de que os imigrantes representam uma ameaa
aos valores que definem a matriz cultural do endogrupo
(ver Sears & Henry, 2003), embora esta ameaa tambm
esteja empiricamente correlacionada com o apoio s pol-
ticas anti-imigrao, como tm mostrado vrios estudos
neste domnio (e.g., Esses, Haddock, & Zanna, 1993;
Stephan, Renfro, Esses, Stephan, & Martin, 2005). A rela-o entre a percepo de ameaa e a oposio imigra-
o na Europa foi mostrada por Vala, Pereira e Ramos
(2008). Segundo estes autores, as ameaas realista e sim-
blica so usadas pelas pessoas para justificarem atitudes
discriminatrias contra imigrantes porque no evocam
directamente a ideia de hierarquia que caracteriza o pen-
samento racista.
No primeiro estudo analismos em que medida o
efeito do preconceito na discriminao mediado pelo
recurso s justificaes (para uma descrio detalhada,
ver Pereira et al., 2010). Usmos dados do European So-
cial Survey (ESS-1, ver Atitudes Sociais dos Portugueses,
2003a) que so baseados em amostras representativas
das populaes de 21 pases europeus (Alemanha, us-
tria, Blgica, Dinamarca, Espanha, Finlndia, Frana, Gr-
Bretanha, Grcia, Holanda, Hungria, Irlanda, Itlia, Luxem-
burgo, Noruega, Polnia, Portugal, Repblica Checa, Es-
lovnia, Sucia e Sua). No conjunto, analismos dados
de 36566 participantes representativos das populaes
com 15 ou mais anos de idade em cada um dos pases.Medimos o preconceito com dois itens que descrevem
avaliaes negativas de pessoas percebidas como perten-
centes a raas ou grupo tnico diferentes (i.e., Em que
medida se incomodaria que uma pessoa de uma raa ou
grupo tnico diferente do seu fosse nomeado seu chefe;
Em que medida se incomodaria se essa pessoa se ca-
In-Mind_Portugus, 2010, Vol.1, N. 2-3, 1-13 Pereira e Vala, Discriminao justificada
6
1 Ver Glossrio para a definio de ameaa realista.
2
Ver Glossrio para a definio de ameaa simblica.
7/30/2019 In-Mind_Portugus, 2010, Vol. 1, N. 2-3
9/50
sasse com um familiar prximo). Medimos as justificaes
com indicadores de percepo de ameaa realista ( e.g.,
As pessoas que vm viver e trabalhar para c fazem com
que os salrios baixem; Acha que com a vinda dessas
pessoas a criminalidade aumentou ou diminuiu?) e com
um indicador de ameaa simblica (E acha que essas
pessoas empobrecem ou enriquecem os nossos costu-
mes, tradies e vida cultural?). A discriminao foi medi-
da por dois indicadores de oposio imigrao, que
medem o apoio dos inquiridos s polticas discriminatriascontra imigrantes. Especificamente, solicitava-se aos parti-
cipantes que indicassem em que medida o seu pas deve
deixar que pessoas de raa ou grupo tnico diferente
da maioria dos cidados nacionais venham e fiquem a
viver c; e deve deixar que pessoas dos pases mais
pobres fora da Europa venham e fiquem a viver c.
De acordo com as hipteses que propusemos no
MDJ, se as percepes de ameaa funcionam como mitos
legitimadores, o efeito do preconceito na oposio imi-
grao deve ser mediado por essas percepes. Alm
disso, se as pessoas usam as ameaas de forma estrat-
gica, a relao entre o preconceito e a oposio imigra-
o deve ser mais fortemente mediada pela percepo de
ameaa realista uma vez que, como referimos, a imigrao
tem sido descrita nosmedia e no senso comum como um
problema mais frequentemente associado com a ameaa
realista do que simblica (e.g., Stephan, et al., 2002), i.e.,
a oposio imigrao est a ser legitimada pelo uso es-
tratgico do sentimento de ameaa realista. Para testar
estas hipteses, calculmos uma srie de anlises de me-diao1 usando modelos de equaes estruturais 2. Os
resultados dessas anlises mostram um efeito forte e
significativo do preconceito na oposio imigrao, de
maneira que, quanto maior o preconceito racial, maior
a oposio imigrao. O efeito do preconceito nos dois
tipos de ameaa tambm forte: quanto maior o pre-
conceito, mais os participantes percepcionam os imigran-
tes como uma ameaa realista e simblica. Dando segui-
mento ao processo, quanto mais os imigrantes so perce-
bidos como uma ameaa, maior a oposio imigrao.
Tambm importante para o teste das nossas hipteses o
facto de termos verificado que o efeito do preconceito na
oposio imigrao mais fortemente mediado pela
ameaa realista do que pela ameaa simblica. Como
podemos verificar na Figura 2, o efeito mediado pela ame-
aa realista muito mais forte do que o efeito mediado
pela ameaa simblica. Isto significa que o impacto do
preconceito est a ser estrategicamente transferido para a
oposio imigrao atravs do uso da ideia de que a
imigrao representa uma ameaa econmica e segu-
rana, as quais so as principais componentes da ameaa
realista. Este padro de resultados foi obtido em todos os
pases analisados, sugerindo assim um processo similar
de legitimao do apoio a polticas discriminatrias contra
imigrantes, apesar de esses pases serem culturalmente
diversos e terem desenvolvido diferentes polticas de rela-
cionamento com imigrantes.
In-Mind_Portugus, 2010, Vol.1, N. 2-3, 1-13 Pereira e Vala, Discriminao justificada
7
1 Ver Glossrio para a definio de mediao.
2
Ver Glossrio para a definio de modelos de equaes estruturais.
-0,08
0
0,08
0,15
0,23
0,30
EfeitosMediados
A tra v s d a A me a a S im b li ca A tra v s d a A mea a Rea li st a
Oposio Imigrao
(Estudo 1)
Oposio Imigrao
(Estudo 2)
Oposio Naturalizao
(Estudo 2)
Figura 2: Efeitos mediados estandardizados do preconceito na
oposio imigrao (estudos 1 e 2) e na oposio naturali-
zao atravs das percepes de ameaa realista e simblica
7/30/2019 In-Mind_Portugus, 2010, Vol. 1, N. 2-3
10/50
No segundo estudo, analismos outro posicio-
namento relacionado com a discriminao de imigrantes,
para alm da oposio imigrao: a oposio naturali-
zao (ver Pereira, et al., 2010). Cada pas tem a sua pr-
pria legislao sobre o processo de naturalizao, mas
parece haver pelo menos dois denominadores comuns
subjacentes proposta de leis mais restritivas. Primeiro, a
naturalizao est objectivamente relacionada com a am-
pliao dos direitos cvicos e polticos de quem a adquire,
aproximando-se ou at mesmo igualando-se aos cidadosnativos, i.e., a oposio naturalizao pode envolver
preocupaes com aspectos realistas da ameaa. No
entanto, outra caracterstica da naturalizao envolve di-
menses mais identitrias. Neste sentido, a restrio
naturalizao pode estar ligada proteco da matriz cul-
tural da sociedade de acolhimento, como os valores, os
costumes, o modo de vida, as tradies, bem como com
a defesa de uma identidade nica e distinta das demais.
Isto , a oposio naturalizao pode envolver preocu-
paes com aspectos simblicos da ameaa. Neste sen-tido, levantmos a hiptese de que esta ameaa possa ser
o factor justificador de maior importncia para a legitima-
o da oposio naturalizao de imigrantes.
Seguindo estas ideias, testmos de forma mais
directa a hiptese de que diferentes tipos de ameaa so
estrategicamente usados para legitimar distintas formas de
apoio s polticas discriminatrias contra imigrantes. Us-
mos a base de dados do International Social Survey Pro-
gramme (ISSP-2003, ver Atitudes Sociais dos Portugue-
ses, 2003b) que contm uma amostra representativa depessoas com 15 ou mais anos da populao da Sua (N
= 940), um pas com longa tradio no acolhimento de
imigrantes, e de Portugal (N= 1514), que s recentemente
passou a ser tambm um destino sistemtico de imigran-
tes. Neste estudo medimos o preconceito atravs de um
indicador clssico de avaliao do preconceito (i.e., em
que medida teria dificuldade em aceitar que um dos seus
filhos tenha filhos de uma pessoa de cor diferente, quer
dizer, imagine que tinha um neto de cor diferente da sua).
Medimos as justificaes com indicadores de percepo
de ameaa realista (i.e., Os imigrantes contribuem para o
aumento da criminalidade; Os imigrantes tiram trabalho
aos nacionais) e simblica (e.g., Os imigrantes melhoram
a sociedade de acolhimento ao trazerem novas ideias e
culturas; A nossa sociedade seria mais rica se partilhs-
semos costumes e tradies com os imigrantes). A dis-
criminao foi medida atravs de um indicador de oposi-
o imigrao (i.e., Em que medida acha que actual-
mente o nmero de imigrantes deveria aumentar ou dimi-
nuir muito) e dois indicadores de oposio naturalizaode imigrantes (As crianas de pais estrangeiros devem ter
o direito de adquirir a nacionalidade do pas de acolhimen-
to; As crianas nascidas fora do pas de acolhimento
devem ter o direito de adquirir a nacionalidade das pesso-
as do pas de acolhimento se, pelo menos um dos pais,
for desta nacionalidade). De acordo com o MDJ, o efeito
do preconceito no apoio a polticas discriminatrias deve-
ria ser diferentemente mediado pelas percepes de ame-
aa realista e simblica: a mediao deveria ser mais forte
pela ameaa realista no caso da oposio imigrao,enquanto a mediao pela ameaa simblica deveria ser
mais forte quando estivesse em causa a oposio natu-
ralizao.
Os resultados mostram que o preconceito prediz
tanto a oposio imigrao como a oposio naturali-
zao. O preconceito tambm prediz os dois tipos de per-
cepo de ameaa, de modo que quanto maior o pre-
conceito, mais os inquiridos percepcionam a imigrao
como uma ameaa realista e simblica. Seguindo o pro-
cesso, a maior percepo de ameaa realista implica mai-or oposio imigrao, mas no se relaciona com a
oposio naturalizao. A ameaa simblica, por sua
vez, implica tanto maior oposio imigrao como maior
oposio naturalizao. De maior importncia para o
teste das hipteses que propomos no MDJ, e como po-
demos ver na Figura 2, o efeito do preconceito na oposi-
o imigrao mais fortemente mediado pela percep-
o de ameaa realista do que pela ameaa simblica.
Isto significa que quanto maior o preconceito, maior a
percepo de ameaa realista e, em consequncia, maior
In-Mind_Portugus, 2010, Vol.1, N. 2-3, 1-13 Pereira e Vala, Discriminao justificada
8
7/30/2019 In-Mind_Portugus, 2010, Vol. 1, N. 2-3
11/50
a oposio imigrao. A relao entre o preconceito e
a oposio naturalizao mediada exclusivamente pela
percepo de ameaa simblica (o efeito mediado pela
ameaa realista no significativo), de modo que o maior
preconceito implica a maior percepo de que os imigran-
tes representam uma ameaa matriz cultural do pas de
acolhimento e, quanto maior esta percepo, mais os
inquiridos se opem naturalizao de imigrantes. Este
padro de resultados foi obtido tanto na amostra portu-
guesa como na amostra sua, demostrando que o pro-cesso de legitimao da discriminao contra imigrantes
nestes pases ocorre de forma similar.
Concluses
A anlise da literatura que aqui fizemos mostra
que a discriminao contra grupos minoritrios nas socie-
dades igualitrias est a ser facilitada por justificaes ou
argumentos aparentemente no preconceituosos que sousados para fazer com que os comportamentos discrimi-
natrios sejam percebidos como justos e socialmente ne-
cessrios. A literatura tambm tem mostrado que mesmo
pessoas no preconceituosas tambm discriminam quan-
do conseguem justificar a sua aco (ver especialmente
Dovidio & Gaertner, 2000). A anlise aqui referida tambm
indica que um dos factores mais importantes usados
como mitos legitimadores da discriminao em contexto
migratrio a percepo de que os imigrantes represen-
tam uma ameaa econmica e uma ameaa segurana,como tambm a percepo de que so uma ameaa
matriz cultural das sociedades de acolhimento. Um impor-
tante aspecto a ter em conta o facto de o recurso per-
cepo de ameaa como legitimao para a discriminao
ser uma funo do preconceito, principalmente em con-
textos igualitrios (ver Pereira et al., 2009). Como conse-
quncia, as percepes de ameaa funcionam como fac-
tores mediadores do efeito do preconceito na discrimina-
o.
Os resultados dos estudos que relatamos so
consistentes com as hipteses que propusemos no MDJ e
tambm com a literatura sobre os mecanismos de legiti-
mao das desigualdades sociais (e.g., Crandall & Eshle-
man, 2003; Gaertner & Dovidio, 1986; Jost & Banaji, 1994;
Sidanius & Pratto, 1999). As nossas hipteses sugerem
que as pessoas estrategicamente dissimulam a natureza
preconceituosa do seu apoio discriminao, usando
argumentos aparentemente no preconceituosos. Esses
argumentos so percebidos como razes justas e legti-mas para discriminar (ver especialmente Pereira et al.,
2003).
Neste sentido, e de um ponto de vista psicosso-
cial, no existe paradoxo na persistncia ou mesmo no
aumento da discriminaoem sociedades igualitrias, uma
vez que as aces discriminatrias continuam a ser moti-
vadas pelo preconceito, mesmo que o papel deste na
discriminao ocorra de forma indirecta, i.e., o efeito do
preconceito legitimado pelo uso de justificaes perce-
bidas como no preconceituosas. Assim, a discriminao
justificada est apenas aparentemente livre de preconcei-
to, pois o uso de justificaes so, per se, uma funo do
preconceito, i.e., o preconceito motiva a procura de algum
argumento aparentemente no preconceituoso para fazer
com que a discriminao seja percebida como legtima
(ver Pereira, et al., 2009). De acordo com as propostas
que fizemos no MDJ, as pessoas necessitam de usar justi-
ficaes, tais como a percepo de ameaa, quando se
sentem pressionadas pela norma do anti-preconceito an-
tes de agirem de forma discriminatria para que a suaaco no seja percebida como discriminatria.
Glossrio
Preconceito: avaliao negativa sobre a natureza de uma
pessoa pelo simples facto de esta ser percebida como
In-Mind_Portugus, 2010, Vol.1, N. 2-3, 1-13 Pereira e Vala, Discriminao justificada
9
7/30/2019 In-Mind_Portugus, 2010, Vol. 1, N. 2-3
12/50
membro de um grupo. A avaliao negativa sobre a natu-
reza do grupo como um todo.
Discriminao: comportamento objectivo contra um gru-
po-alvo ou contra as pessoas percebidas como perten-
centes a esse grupo. Pode ser tambm a inteno de se
comportar e o apoio a aces contra o grupo-alvo ou os
membros deste grupo. A discriminao referida na litera-
tura especializada como um dos comportamentos que
consequncia do preconceito.
Discriminao Justificada: discriminao motivada por
factores percebidos como no preconceituosos.
Racismo: representao sobre a natureza da humanidade
baseada na crena de que esta formada por grupos
raciais (racismo biolgico) ou grupos tnicos (racismo cul-
tural), os quais so inferidos a partir da percepo de que
existem diferenas supostamente naturais, fixas, imutveis
e transmissveis hereditariamente ou culturalmente que
fazem com que uns grupos sejam percepcionados comopiores do que outros e que nem todos tm o que se acre-
dita ser a essncia que define a natureza humana.
Teoria do Racismo Aversivo: teoria que prev que a
discriminao necessita de justificao quando se estabe-
lece o conflito entre a adeso sincera das pessoas aos
valores da igualdade e da justia social e a manuteno de
crenas e atitudes negativas sobre os grupos-alvo de dis-
criminao.
Ameaa Realista: mito legitimador de que uma pessoa
percebida como membro de outro grupo representa uma
ameaa ao poder econmico e ao bem-estar fsico e ma-
terial do grupo de pertena do observador.
Ameaa Simblica: mito legitimador de que uma pessoa
percebida como membro de outro grupo representa uma
ameaa aos valores que definem a matriz cultural do gru-
po de pertena do observador.
Mito Legitimador: crena, valor ou argumento ideolgico
usado como justificao para legitimar a forma como as
sociedades esto organizadas e o seu funcionamento.
Mediao: termo tcnico usado para designar o meca-
nismo atravs do qual uma varivel independente (i.e.,
uma causa) influencia uma varivel dependente (i.e., uma
consequncia). O efeito mediado decorrente o quanto a
varivel independente influencia a varivel dependente
atravs de uma terceira varivel, designada de varivelmediadora.
Modelos de Equaes Estruturais: conjunto de tcni-
cas estatsticas usadas para desenvolver, testar e compa-
rar modelos tericos.
Referncias
Atitudes Sociais dos Portugueses (2003a). European So-
cial Survey: Base de Dados. Lisboa: Instituto de
Cincias Sociais.
Atitudes Sociais dos Portugueses (2003b). International
Social Survey Programme: Base de Dados. Lis-
boa: Instituto de Cincias Sociais.
Bobo, L. D. (1988). Group conflict, prejudice, and the
paradox of contempory racial attitudes. In P. A.
Katz & D. A. Taylor (Eds.), Eliminating racism: Pro-
files in controversy(pp. 85-114). New York: Plenum
Press.
Coenders, M., Scheepers, P., Sniderman, P. M., & Verberk,
G. (2001). Blatant and subtle prejudice: Dimen-
sions, determinants, and consequences; some
comments on Pettigrew and Meertens. European
Journal of Social Psychology, 31, 281-297.
In-Mind_Portugus, 2010, Vol.1, N. 2-3, 1-13 Pereira e Vala, Discriminao justificada
10
http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/ejsp.44/abstracthttp://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/ejsp.44/abstracthttp://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/ejsp.44/abstracthttp://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/ejsp.44/abstract7/30/2019 In-Mind_Portugus, 2010, Vol. 1, N. 2-3
13/50
Crandall, C. S., & Eshleman, A. (2003). A justification-
suppression model of the expression and experi-
ence of prejudice. Psychological Bulletin, 129,
414-446.
Duckitt, J. (1992). Psychology and prejudice: A historical
analysis and integrative framework. American Psy-
chologist, 47, 1182-1193.
Esses, V. M., Haddock, G., & Zanna, M. P. (1993). Values,stereotypes, and emotions as determinants of in-
tergroup attitudes. In D. M. Mackie & D. L. Hamil-
ton (Eds.), Affect, cognition, and stereotyping: In-
teractive processes of group perceptions (pp. 137-
166). San Diego, CA: Academic Press.
Federico, C. M., & Sidanius, J. (2002). Racism, ideology,
and affirmative action revisited: The antecedents
and consequences of "principled objections" to
affirmative action.Journal of Personality and Social
Psychology, 82, 488-502.
Fiske, S. T. (1998). Stereotyping, prejudice, and discrimina-
tion. In D. T. Gilbert, S. T. Fiske & G. Lindzey (Eds.),
The handbook of social psychology (4 ed., Vol. 2,
pp. 357-411). Boston: McGraw-Hill.
Gaertner, S. L., & Dovidio, J. F. (1986). The aversive form of
racism. In J. F. Dovidio & S. L. Gaertner (Eds.),
Prejudice, discrimination, and racism (pp. 61-89).
San Diego: Academic Press.
Gaertner, S. L., & Dovidio, J. F. (2005). Understanding and
addressing contemporary racism: From aversive
racism to the common ingroup identity model.
Journal of Social Issues, 61, 615-239.
Hodson, G., Dovidio, J. F., & Gaertner, S. L. (2002). Proc-
esses in racial discrimination: Differential weighting
of conflicting information. Personality and Social
Psychology Bulletin, 28, 460-471.
Jost, J. T., & Banaji, M. R. (1994). The role of stereotyping
in system-justification and the production of false
consciousness. British Journal of Social Psychol-
ogy, 33, 1-27.
Jost, J. T., Glaser, J., Kruglanski, A. W., &Sulloway, F. J.
(2003). Political conservatism as motivated social
cognition. Psychological Bulletin, 129, 339-375.
LeVine, R. A., & Campbell, D. T. (1972). Ethnocentrism:Theories of conflict, ethnic attitudes, and group
behavior. New York: John Wiley & Sons.
Pereira, C., Torres, A. R. R., & Almeida, S. T. (2003). O
preconceito na perspectiva das representaes
sociais: Anlise da influncia de um discurso justi-
ficador da discriminao no preconceito racial.
Psicologia: Reflexo e Crtica, 16, 95-107.
Pereira, C., Vala, J., & Costa-Lopes, R. (2010). From
prejudice to discrimination: The legitimizing role ofthe perceived threat in discrimination against immi-
grants. European Journal of Social Psychology, 40,
1231-1250.
Pereira, C., Vala, J., & Leyens, J.-P. (2009). From infra-
humanization to discrimination: The mediation of
symbolic threat needs egalitarian norms.Journal of
Experimental Social Psychology, 45, 336344.
Pettigrew, T. F., & Meertens, R. W. (1995). Subtle and bla-
tant prejudice in Western Europe. European Jour-
nal of Social Psychology, 25, 57-75.
Reyna, C., Henry, P. J., Korfmacher, W., & Tucker, A.
(2005). Examining the principles in principled con-
servatism: The role of responsibility stereotypes as
cues for deservingness in racial policy decisions.
Journal of Personality and Social Psychology, 90,
109-128.
In-Mind_Portugus, 2010, Vol.1, N. 2-3, 1-13 Pereira e Vala, Discriminao justificada
11
http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/j.1540-4560.2005.00424.x/fullhttp://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/j.1540-4560.2005.00424.x/fullhttp://psycnet.apa.org/?fa=main.doiLanding&fuseaction=showUIDAbstract&uid=1986-98698-003http://psycnet.apa.org/?fa=main.doiLanding&fuseaction=showUIDAbstract&uid=1986-98698-003http://www.wjh.harvard.edu/~sidanius/pubs/FedericoSidanius2002.pdfhttp://www.wjh.harvard.edu/~sidanius/pubs/FedericoSidanius2002.pdfhttp://www.radford.edu/~jaspelme/_private/gradsoc_articles/stereotypes%2520and%2520prejudice/History_of_prejudice.pdfhttp://www.radford.edu/~jaspelme/_private/gradsoc_articles/stereotypes%2520and%2520prejudice/History_of_prejudice.pdfhttp://cat.inist.fr/?aModele=afficheN&cpsidt=14829108http://www3.interscience.wiley.com/journal/112464286/abstracthttp://www3.interscience.wiley.com/journal/112464286/abstracthttp://www3.interscience.wiley.com/journal/112464286/abstracthttp://www.sciencedirect.com/science?_ob=ArticleURL&_udi=B6WJB-4TSD9JN-3&_user=10&_coverDate=02%252F28%252F2009&_rdoc=1&_fmt=high&_orig=search&_origin=search&_sort=d&_docanchor=&view=c&_searchStrId=1557792804&_rerunOrigin=scholar.google&_acct=C000050221&_version=1&_urlVersion=0&_userid=10&md5=209b8edccc158c66026e76e644405588&searchtype=ahttp://www.sciencedirect.com/science?_ob=ArticleURL&_udi=B6WJB-4TSD9JN-3&_user=10&_coverDate=02%252F28%252F2009&_rdoc=1&_fmt=high&_orig=search&_origin=search&_sort=d&_docanchor=&view=c&_searchStrId=1557792804&_rerunOrigin=scholar.google&_acct=C000050221&_version=1&_urlVersion=0&_userid=10&md5=209b8edccc158c66026e76e644405588&searchtype=ahttp://www.sciencedirect.com/science?_ob=ArticleURL&_udi=B6WJB-4TSD9JN-3&_user=10&_coverDate=02%252F28%252F2009&_rdoc=1&_fmt=high&_orig=search&_origin=search&_sort=d&_docanchor=&view=c&_searchStrId=1557792804&_rerunOrigin=scholar.google&_acct=C000050221&_version=1&_urlVersion=0&_userid=10&md5=209b8edccc158c66026e76e644405588&searchtype=ahttp://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/ejsp.718/abstracthttp://www.scielo.br/pdf/%250D/prc/v16n1/16801.pdfhttp://psycnet.apa.org/?fa=main.doiLanding&doi=10.1037/0033-2909.129.3.339http://psycnet.apa.org/?fa=main.doiLanding&doi=10.1037/0033-2909.129.3.339http://psycnet.apa.org/?fa=main.doiLanding&uid=1994-37261-001http://psycnet.apa.org/?fa=main.doiLanding&uid=1994-37261-001http://condor.depaul.edu/~creyna/site/Publications_files/ReynaHenryetal2005.pdfhttp://condor.depaul.edu/~creyna/site/Publications_files/ReynaHenryetal2005.pdfhttp://www3.interscience.wiley.com/journal/112464286/abstracthttp://www3.interscience.wiley.com/journal/112464286/abstracthttp://www3.interscience.wiley.com/journal/112464286/abstracthttp://www3.interscience.wiley.com/journal/112464286/abstracthttp://www.sciencedirect.com/science?_ob=ArticleURL&_udi=B6WJB-4TSD9JN-3&_user=10&_coverDate=02%252F28%252F2009&_rdoc=1&_fmt=high&_orig=search&_origin=search&_sort=d&_docanchor=&view=c&_searchStrId=1557792804&_rerunOrigin=scholar.google&_acct=C000050221&_version=1&_urlVersion=0&_userid=10&md5=209b8edccc158c66026e76e644405588&searchtype=ahttp://www.sciencedirect.com/science?_ob=ArticleURL&_udi=B6WJB-4TSD9JN-3&_user=10&_coverDate=02%252F28%252F2009&_rdoc=1&_fmt=high&_orig=search&_origin=search&_sort=d&_docanchor=&view=c&_searchStrId=1557792804&_rerunOrigin=scholar.google&_acct=C000050221&_version=1&_urlVersion=0&_userid=10&md5=209b8edccc158c66026e76e644405588&searchtype=ahttp://www.sciencedirect.com/science?_ob=ArticleURL&_udi=B6WJB-4TSD9JN-3&_user=10&_coverDate=02%252F28%252F2009&_rdoc=1&_fmt=high&_orig=search&_origin=search&_sort=d&_docanchor=&view=c&_searchStrId=1557792804&_rerunOrigin=scholar.google&_acct=C000050221&_version=1&_urlVersion=0&_userid=10&md5=209b8edccc158c66026e76e644405588&searchtype=ahttp://www.sciencedirect.com/science?_ob=ArticleURL&_udi=B6WJB-4TSD9JN-3&_user=10&_coverDate=02%252F28%252F2009&_rdoc=1&_fmt=high&_orig=search&_origin=search&_sort=d&_docanchor=&view=c&_searchStrId=1557792804&_rerunOrigin=scholar.google&_acct=C000050221&_version=1&_urlVersion=0&_userid=10&md5=209b8edccc158c66026e76e644405588&searchtype=ahttp://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/ejsp.718/abstracthttp://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/ejsp.718/abstracthttp://www.scielo.br/pdf/%250D/prc/v16n1/16801.pdfhttp://www.scielo.br/pdf/%250D/prc/v16n1/16801.pdfhttp://psycnet.apa.org/?fa=main.doiLanding&doi=10.1037/0033-2909.129.3.339http://psycnet.apa.org/?fa=main.doiLanding&doi=10.1037/0033-2909.129.3.339http://psycnet.apa.org/?fa=main.doiLanding&uid=1994-37261-001http://psycnet.apa.org/?fa=main.doiLanding&uid=1994-37261-001http://psycnet.apa.org/?fa=main.doiLanding&uid=1994-37261-001http://psycnet.apa.org/?fa=main.doiLanding&uid=1994-37261-001http://psp.sagepub.com/content/28/4/460.abstracthttp://psp.sagepub.com/content/28/4/460.abstracthttp://psp.sagepub.com/content/28/4/460.abstracthttp://psp.sagepub.com/content/28/4/460.abstracthttp://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/j.1540-4560.2005.00424.x/fullhttp://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/j.1540-4560.2005.00424.x/fullhttp://psycnet.apa.org/?fa=main.doiLanding&fuseaction=showUIDAbstract&uid=1986-98698-003http://psycnet.apa.org/?fa=main.doiLanding&fuseaction=showUIDAbstract&uid=1986-98698-003http://www.wjh.harvard.edu/~sidanius/pubs/FedericoSidanius2002.pdfhttp://www.wjh.harvard.edu/~sidanius/pubs/FedericoSidanius2002.pdfhttp://www.wjh.harvard.edu/~sidanius/pubs/FedericoSidanius2002.pdfhttp://www.wjh.harvard.edu/~sidanius/pubs/FedericoSidanius2002.pdfhttp://www.radford.edu/~jaspelme/_private/gradsoc_articles/stereotypes%2520and%2520prejudice/History_of_prejudice.pdfhttp://www.radford.edu/~jaspelme/_private/gradsoc_articles/stereotypes%2520and%2520prejudice/History_of_prejudice.pdfhttp://www.radford.edu/~jaspelme/_private/gradsoc_articles/stereotypes%2520and%2520prejudice/History_of_prejudice.pdfhttp://www.radford.edu/~jaspelme/_private/gradsoc_articles/stereotypes%2520and%2520prejudice/History_of_prejudice.pdfhttp://cat.inist.fr/?aModele=afficheN&cpsidt=14829108http://cat.inist.fr/?aModele=afficheN&cpsidt=148291087/30/2019 In-Mind_Portugus, 2010, Vol. 1, N. 2-3
14/50
Riek, B. M., Mania, E. W., & Gaertner, S. L. (2006). Inter-
group threat and outgroup attitudes: A meta-
analytic review. Personality and Social Psychology
Review, 10, 336-353.
Sears, D. O., & Henry, P. J. (2003). The origins of symbolic
racism.Journal of Personality and Social Psychol-
ogy, 85, 259-275.
Sidanius, J., & Pratto, F. (1999). Social dominance. NewYork: Cambridge University Press.
Sniderman, P. M., Brody, R. A., & Kuklinski, J. H. (1984).
Policy reasoning and political values: The problem
of racial equality. American Journal of Political Sci-
ence, 28, 75-94.
Sniderman, P. M., Piazza, T., Tetlock, P. E., & Kendrick, A.
(1991). The new racism. American Journal of Po-
litical Science, 35, 423-447.
Son Hing, L. S., Bobocel, D. R., & Zanna, M. P. (2002).
Meritocracy and opposition to affirmative action:
Making concessions in the face of discrimination.
Journal of Personality and Social Psychology, 83,
493-509.
Stephan, W. G., Boniecki, K. A., Ybarra, O., Bettencourt,
A., Ervin, K. S., Jackson, L. A., et al. (2002). The
role of threats in the racial attitudes of blacks and
whites. Personality and Social Psychology Bulletin,
28, 1242-1254.
Stephan, W. G., Renfro, C. L., Esses, V. M., Stephan, C.
W., & Martin, T. (2005). The effects of feeling
threatened on attitudes toward immigrants. Inter-
nationalJournal of Intercultural Relations, 29, 1-19.
Vala, J., Brito, R., & Lopes, D. (1999). Expresses dos
racismos em Portugal. Lisboa: Imprensa de Cin-
cias Sociais.
Vala, J., Pereira, C. R., & Ramos, A. (2006). Preconceito
racial, percepo de ameaa e oposio imi-
grao. In J. Vala & A. Torres (Eds.), Contextos e
atitudes sociais na Europa (pp. 221-250). Lisboa:
Imprensa de Cincias Sociais.
Autores
Ccero Roberto Pereira, psi-
clogo social pela Universidade
Federal da Paraba e doutor em
Psicologia Social pelo Instituto
Superior de Cincias do Traba-
lho e da Empresa. Actualmente
investigador auxiliar no Instituto
de Cincias Sociais da Universi-
dade de Lisboa, onde estuda o
papel da legitimao da discri-
minao no mbito das relaes sociais decorrentes de
processos migratrios em diferentes contextos normati-
vos. Estuda tambm a aplicao de procedimentos esta-
tsticos teoria da medida e ao teste de modelos tericos
em Cincias Sociais. [email protected]
Jorge Vala, doutor em Psicolo-
gia Social pela Universidade de
Lovaina, investigador coordena-
dor no Instituto de Cincias So-
ciais da Universidade de Lisboa.
Os seus interesses de investiga-
o centram-se no estudo dos
processos psicossociais subja-
centes aco individual e co-
lectiva, nomeadamente os que
estruturam as representaes sociais, as crenas colecti-
vas, as identidades sociais, os conflitos entre grupos e as
In-Mind_Portugus, 2010, Vol.1, N. 2-3, 1-13 Pereira e Vala, Discriminao justificada
12
http://www.sciencedirect.com/science?_ob=ArticleURL&_udi=B6V7R-4G94HSF-1&_user=10&_coverDate=01%252F31%252F2005&_rdoc=1&_fmt=high&_orig=search&_origin=search&_sort=d&_docanchor=&view=c&_searchStrId=1557808573&_rerunOrigin=scholar.google&_acct=C000050221&_version=1&_urlVersion=0&_userid=10&md5=2d4c38112a5133e2a6679da9ac51aedb&searchtype=ahttp://psp.sagepub.com/content/28/9/1242.shorthttp://psp.sagepub.com/content/28/9/1242.shorthttp://psp.sagepub.com/content/28/9/1242.shorthttp://cat.inist.fr/?aModele=afficheN&cpsidt=13877257http://www.jstor.org/pss/2111369http://www.jstor.org/pss/2111369http://www.jstor.org/pss/2110788http://www.jstor.org/pss/2110788http://www.google.com/books?hl=pt-PT&lr=&id=Gkiy2jAi-3wC&oi=fnd&pg=PR9&dq=Sidanius,+J.,+%2526+Pratto,+F.+(1999).+Social+dominance.+New+York:+Cambridge+University+Press.+&ots=lcTIb9NTmF&sig=ORmricVqQLgjISYV6zdnigL99WY%23v=onepage&q=Sidanius%252C%2520J.%252C%2520%2526%2520Pratto%252C%2520F.%2520(1999).%2520Social%2520dominance.%2520New%2520York%253A%2520Cambridge%2520University%2520Press.&f=falsehttp://www.isr.ucla.edu/sears/pubs/A149.pdfhttp://www.isr.ucla.edu/sears/pubs/A149.pdfhttp://www.isr.ucla.edu/sears/pubs/A149.pdfhttp://psr.sagepub.com/content/10/4/336.shorthttp://psr.sagepub.com/content/10/4/336.shortmailto:[email protected]:[email protected]://www.sciencedirect.com/science?_ob=ArticleURL&_udi=B6V7R-4G94HSF-1&_user=10&_coverDate=01%252F31%252F2005&_rdoc=1&_fmt=high&_orig=search&_origin=search&_sort=d&_docanchor=&view=c&_searchStrId=1557808573&_rerunOrigin=scholar.google&_acct=C000050221&_version=1&_urlVersion=0&_userid=10&md5=2d4c38112a5133e2a6679da9ac51aedb&searchtype=ahttp://www.sciencedirect.com/science?_ob=ArticleURL&_udi=B6V7R-4G94HSF-1&_user=10&_coverDate=01%252F31%252F2005&_rdoc=1&_fmt=high&_orig=search&_origin=search&_sort=d&_docanchor=&view=c&_searchStrId=1557808573&_rerunOrigin=scholar.google&_acct=C000050221&_version=1&_urlVersion=0&_userid=10&md5=2d4c38112a5133e2a6679da9ac51aedb&searchtype=ahttp://psp.sagepub.com/content/28/9/1242.shorthttp://psp.sagepub.com/content/28/9/1242.shorthttp://psp.sagepub.com/content/28/9/1242.shorthttp://psp.sagepub.com/content/28/9/1242.shorthttp://cat.inist.fr/?aModele=afficheN&cpsidt=13877257http://cat.inist.fr/?aModele=afficheN&cpsidt=13877257http://www.jstor.org/pss/2111369http://www.jstor.org/pss/2111369http://www.jstor.org/pss/2111369http://www.jstor.org/pss/2111369http://www.jstor.org/pss/2110788http://www.jstor.org/pss/2110788http://www.jstor.org/pss/2110788http://www.jstor.org/pss/2110788http://www.google.com/books?hl=pt-PT&lr=&id=Gkiy2jAi-3wC&oi=fnd&pg=PR9&dq=Sidanius,+J.,+%2526+Pratto,+F.+(1999).+Social+dominance.+New+York:+Cambridge+University+Press.+&ots=lcTIb9NTmF&sig=ORmricVqQLgjISYV6zdnigL99WY%23v=onepage&q=Sidanius%252C%2520J.%252C%2520%2526%2520Pratto%252C%2520F.%2520(1999).%2520Social%2520dominance.%2520New%2520York%253A%2520Cambridge%2520University%2520Press.&f=falsehttp://www.google.com/books?hl=pt-PT&lr=&id=Gkiy2jAi-3wC&oi=fnd&pg=PR9&dq=Sidanius,+J.,+%2526+Pratto,+F.+(1999).+Social+dominance.+New+York:+Cambridge+University+Press.+&ots=lcTIb9NTmF&sig=ORmricVqQLgjISYV6zdnigL99WY%23v=onepage&q=Sidanius%252C%2520J.%252C%2520%2526%2520Pratto%252C%2520F.%2520(1999).%2520Social%2520dominance.%2520New%2520York%253A%2520Cambridge%2520University%2520Press.&f=falsehttp://www.isr.ucla.edu/sears/pubs/A149.pdfhttp://www.isr.ucla.edu/sears/pubs/A149.pdfhttp://www.isr.ucla.edu/sears/pubs/A149.pdfhttp://www.isr.ucla.edu/sears/pubs/A149.pdfhttp://psr.sagepub.com/content/10/4/336.shorthttp://psr.sagepub.com/content/10/4/336.shorthttp://psr.sagepub.com/content/10/4/336.shorthttp://psr.sagepub.com/content/10/4/336.short7/30/2019 In-Mind_Portugus, 2010, Vol. 1, N. 2-3
15/50
percepes de justia. Neste momento, estuda a episte-
mologia do senso comum e atitudes colectivas numa
perspectiva comparativa, bem como o preconceito, o ra-
cismo e as atitudes intergrupais no contexto das migra-
In-Mind_Portugus, 2010, Vol.1, N. 2-3, 1-13 Pereira e Vala, Discriminao justificada
13
mailto:[email protected]:[email protected]7/30/2019 In-Mind_Portugus, 2010, Vol. 1, N. 2-3
16/50
Paradigma DRM: Traies damemria
Paula Carneiro1 e Pedro Albuquerque2
Como pode uma memria
ser falsa? As memrias no so re-
cordaes de coisas que nos acon-
teceram, que experiencimos, ouvi-
mos e vimos? Parece que nem sem-
pre O que a investigao nos
mostra que podemos recordar
informaes e acontecimentos que
na realidade no ocorreram. Vejamos o seguinte exemplo.
Imagine que lhe pediam para memorizar as se-
guintes palavras: inverno, quente, calor, neve, gelo, casa-
co, roupa, lareira, desconforto, cachecol, arrepio, tremer,
agasalho, cama e aquecedor. Quando lhe pedirem para
dizer o que ouviu ou viu muito provvel que venha a re-
petir algumas das palavras que ouviu mas tambm a pala-
vra frio. E se lhe disserem que frio no tinha sido apresen-
tado voc no vai acreditar. Vai ficar confuso pois tinha
toda a certeza de que essa palavra tinha sido apresenta-
da. Na realidade trata-se de uma iluso de memria.
Esta iluso ocorre porque as palavras que foram
apresentadas esto fortemente associadas palavra frio,
denominada de palavra crtica dessa lista. Na lista que foi
In-Mind_Portugus, 2010, Vol.1, N. 2-3, 14-21 Carneiro e Albuquerque, Traies da memria
14
1 Centro de Investigao em Psicologia da Universidade de Lisboa.
2
Escola de Psicologia, Universidade do Minho.
7/30/2019 In-Mind_Portugus, 2010, Vol. 1, N. 2-3
17/50
apresentada aproximadamente 80% das pessoas comete
esse erro (Albuquerque, 2005).
Este procedimento to simples denomina-se
paradigma de associados convergentes ou DRM por
abarcar as primeiras letras dos autores que o conceberam
(Deese em 1959 e Roediger e McDermott em 1995), e tem
suscitado a realizao de muitas outras investigaes.
Este efeito tem-se mostrado muito robusto eacontece mesmo em variadssimas situaes nas quais se
esperaria a sua eliminao. Por exemplo, o efeito persiste,
se bem que em menor grau, mesmo quando as pessoas
so previamente avisadas de que este tipo de listas de
palavras pode originar memrias falsas (Gallo, Roberts, &
Seamon, 1997; McDermott & Roediger, 1998). surpre-
endente como as pessoas caem nesta iluso mesmo de-
pois de terem sido avisadas de que o procedimento pode
dar origem a erros de memria.
Da mesma forma, o efeito ocorre mesmo emsituaes em que a ateno dada s palavras escassa,
tais como quando a ateno se encontra dividida entre
esta tarefa e outra actividade (Pimentel, 2008; Prez-Mata,
Read, & Diges, 2002; Peters, Jelicic, Gorski, Sijstermans,
Giesbrecht, & Merckelbach, 2008; Dewhurst et al., 2007)
ou quando as palavras da lista so apresentadas sublimi-
narmente, i.e., com tempos de exposio que tornam as
palavras imperceptveis (Seamon, Luo, & Gallo, 1998;McDermott & Watson, 2001). Nestas situaes, a memria
para as palavras apresentadas fica prejudicada ou quaseinexistente mas mesmo assim ocorrem memrias falsas.
Sabe-se tambm que, quando decorrem grandes
intervalos de tempo entre a apresentao das listas e o
teste de memria, de um ou dois dias a uma semana, as
memrias verdadeiras so as mais facilmente deterioradas
pelo tempo (McDermott, 1996; Thappar & McDermott,
2001). As memrias das palavras crticas so menos sus-
ceptveis passagem do tempo e por isso se diz que o
esquecimento destas palavras crticas menor do que o
esquecimento das palavras que na realidade foram apre-
sentadas.
Mas que erros de memria so estes relativamente
imunes a avisos, interferncia e passagem do tem-
po? E que ocorrem mesmo quando as palavras da
lista no so perceptveis?
So vrias as teorias que tm procurado explicar
este tipo de memrias falsas mas presentemente aquelas
que concebem dois processos oponentes so considera-
das as mais promissoras. Ambas as teorias, do trao difu-
so (Brainerd & Reyna, 1998) e da activao-monitorizao
(Roediger, Balota, & Watson, 2001; Roediger, Watson,
McDermott, & Gallo, 2001) concebem um primeiro pro-
cesso em que existe a estimulao das memrias falsas e
um segundo processo em que poder existir a eliminao
desses erros. Segundo a teoria da activao-monitoriza-
o a estimulao das memrias falsas ocorre atravs daactivao automtica da palavra crtica, originada pela
acumulao de activao proveniente do processamento
das palavras da lista, enquanto de acordo com a teoria do
trao difuso este processo ocorre devido extraco do
gistou significado geral da informao, o qual se encontra
no tema da lista (palavra crtica). Enquanto a activao ou
extraco do gist ocorrem na fase de codificao da in-
formao, a eliminao do erro ocorre sobretudo na fase
de recuperao. O processo de eliminao do erro poder
ser denominado de diferentes formas consoante as teorias(monitorizao segundo a teoria da activao-monitoriza-
o ou verbatim segundo a teoria do trao difuso) e nor-
malmente corresponde a um processo deliberado e cons-
ciente em que so usadas informaes especficas para
rejeitar um item ou acontecimento falso. O conceito de
monitorizao refere-se a qualquer processo de deciso
que contribui para determinar as origens da informao
que foi activada. No caso do paradigma DRM, se atribuir-
mos a origem de uma memria falsa a um processo de
gerao interno (ao facto de termos pensado nessa pala-
In-Mind_Portugus, 2010, Vol.1, N. 2-3, 14-21 Carneiro e Albuquerque, Traies da memria
15
7/30/2019 In-Mind_Portugus, 2010, Vol. 1, N. 2-3
18/50
vra), em vez de a um acontecimento real do mundo exter-
no (ao facto de termos ouvido ou visto essa palavra), ento
ser mais fcil eliminar esse erro de memria; se pelo con-
trrio, existir uma falha na monitorizao, poder ento
surgir uma memria falsa, o que no caso do paradigma
DRM se traduz na recordao ou reconhecimento falsos
das palavras crticas das listas apresentadas. Por outro
lado, o conceito de trao verbatim tem sido usado pela
teoria do trao difuso para definir o trao que armazena as
caractersticas especficas do estmulo, o qual poder con-tribuir para a eliminao do erro proveniente da activao
dogistda lista.
No caso do paradigma DRM sabe-se que a rela-
o associativa que as palavras apresentadas tm com a
palavra crtica (fora associativa retrgrada) um factor
determinante para a formao de uma memria falsa (Ro-
ediger, Watson, et al., 2001). Listas que possuem maior
fora associativa produzem, na generalidade, mais mem-
rias falsas do que listas com fraca fora associativa (Gallo
& Roediger, 2002).
Mas que factores sero determinantes para a elimi-
nao do efeito?
Um dos factores que nos parece fundamental
para que a activao da palavra crtica no origine uma
memria falsa tem a ver com a identificabilidade do tema
da lista (Carneiro, Fernandez & Dias, 2009). Sabe-se que
em algumas listas de palavras o tema ou assunto da lista
facilmente detectado, correspondendo palavra crtica,
enquanto noutras listas dificilmente detectado. Se o
tema da lista for facilmente identificado, de uma forma
consciente na altura em que as palavras vo sendo apre-
sentadas, provvel que as pessoas faam um esforo
para no emitirem essa palavra num teste de memria
posterior. Assim, quando as pessoas percebem que todas
as palavras apresentadas esto relacionadas a uma outra,
a qual no foi apresentada, muito possvel que tentem
ficar com essa palavra em mente para a exclurem do teste
de memria, como um possvel item que no foi apresen-
tado. Esta estratgia utilizada para inibir a formao de
memrias falsas denomina-se identificar-para-rejeitar,
pois para rejeitarem a palavra crtica os participantes tero
de previamente identific-la correctamente como sendo o
tema da lista (Gallo, 2004).
Assim, num estudo em que se compararam listas
em que as palavras crticas so muito facilmente identific-veis pela maior parte das pessoas com outras muito pou-
co identificveis, encontraram-se nveis mais elevados de
memrias falsas para as palavras crticas pouco identific-
veis, tanto em tarefas de recordao como de reconheci-
mento (Carneiro, Fernandez, & Dias, 2009). Este resultado
parece indicar que os participantes utilizam a estratgia
identificar-para-rejeitar quando conseguem identificar
correctamente o tema das listas. Mas s conseguiremos
utilizar a identificabilidade do tema da lista para rejeitar
memrias falsas se conseguirmos identificar correctamen-
te esse tema e tivermos tempo para pensar na resposta
(Carneiro, Diez, & Fernandez, 2009). Como qualquer estra-
tgia de rejeio de memrias falsas, o processo de dis-
criminar as palavras que foram apresentadas das no
apresentadas requer tempo e por isso, se a resposta num
teste de reconhecimento tiver de ser dada dentro de um
tempo definido e curto (por exemplo, menos de um se-
gundo), esse efeito de identificabilidade dissipa-se. Nessas
condies, no se encontram diferenas significativas en-
tre as memrias falsas de listas mais e menos identific-
veis (Carneiro, Diez, & Fernandez, 2009).
In-Mind_Portugus, 2010, Vol.1, N. 2-3, 14-21 Carneiro e Albuquerque, Traies da memria
16
7/30/2019 In-Mind_Portugus, 2010, Vol. 1, N. 2-3
19/50
Mas teremos todos ns a mesma capacidade de
utilizar estratgias de rejeio de memrias falsas?
Em que altura surge esta capacidade? Para respon-
der a esta questo necessitamos entender como as
crianas respondem a este paradigma.
Sabe-se que, ao contrrio do que se observa
noutros paradigmas de estudo das memrias falsas (para-
digma da informao falsa ou da imaginao) as crianas
produzem menos memrias falsas com este paradigma doque os adultos (e.g., Brainerd, Reyna, & Forrest, 2002).
Isto deve-se ao facto de as crianas mais novas terem
mais dificuldade na extraco do significado geral de
qualquer informao ou acontecimento (gist) (Brainerd et
al., 2002). Ainda, outros autores (Howe, Wimmer, Gagnon,
& Plumpton, 2009) atribuem este resultado ao facto de o
vocabulrio, automaticidade e acessibilidade dos concei-
tos aumentar com a idade.
Este aumento das memrias falsas com o des-
envolvimento persiste mesmo quando as listas so espe-
cificamente concebidas para a sua idade (Carneiro, Albu-
querque, Fernandez, & Esteves, 2007). No entanto, note-
se que listas especficas para a faixa etria estudada ge-
ram na generalidade mais memrias falsas, o que refora a
ideia que a extraco do gistnas crianas pode ser facili-
tado se for utilizado material apropriado para elas.
Poderia ento supor-se que, pelo facto de ascrianas produzirem menos memrias falsas do que os
adultos, isso significaria que elas seriam mais capazes de
rejeitar essas memrias. Na realidade algumas investiga-
es assim o indicam (Howe, 2005), mas a nossa pers-
pectiva de que, apesar de as crianas produzirem me-
nos memrias falsas do que os adultos, elas tambm tm
mais dificuldade em rejeit-las. E para elucidar este ponto
de vista apresentamos trs estudos que assim o indicam.
In-Mind_Portugus, 2010, Vol.1, N. 2-3, 14-21 Carneiro e Albuquerque, Traies da memria
17
7/30/2019 In-Mind_Portugus, 2010, Vol. 1, N. 2-3
20/50
Por exemplo, no estudo j citado (Carneiro et al., 2009)
verificou-se que, enquanto a estratgia identificar-para-re-
jeitar utilizada naturalmente por adultos, ela no es-
pontaneamente utilizada por crianas. Pelo contrrio, ob-
servou-se que as crianas produzem mais memrias fal-
sas para listas em que as palavras crticas so mais facil-
mente identificveis. possvel que as palavras mais iden-
tificveis sejam as mais activadas e por isso, em popula-
es com dificuldades de utilizar estratgias de rejeio,
elas acabem por produzir mais memrias falsas.
Noutro estudo mostrou-se que factores que habi-
tualmente facilitam a rejeio de memrias falsas em adul-
tos, no produzem efeito em crianas (Carneiro & Fernan-
dez, 2010). Tanto o facto de se avisar os participantes do
efeito DRM, como o facto de se aumentar o tempo de
apresentao das palavras da lista, diminuram as mem-
rias falsas em pr-adolescentes, mas no em pr-escola-
res.
E ainda noutra investigao mostrou-se que,
quando as listas de palavras so compostas por exempla-
res de categorias (ex., nomes de frutos, tais como banana,
pra, laranja, uvas, melo, etc.), as crianas mais novas,
contrariamente s mais velhas, produzem mais reconhe-
cimentos falsos para o nome da categoria (ex., fruta) (Car-
neiro, Albuquerque, & Fernandez, 2009). As crianas mais
velhas utilizam o seu conhecimento categorial, nomeada-
mente o facto de saberem que os itens apresentados so
de um nvel hierrquico diferente do nome da categoria
(bsico vs sobreordenado) para rejeitar todos os itens quecorrespondem a um nvel hierrquico diferente. Por sua
vez, as crianas mais novas produzem nveis considerveis
de reconhecimento falso para o nome da categoria (ex.,
fruta), idntico ao reconhecimento falso de exemplares
dominantes que no tinham sido apresentados (ex.,
ma), provavelmente porque no possuem um conheci-
mento explcito da organizao hierrquica do conheci-
mento conceptual (Blewitt, 1994).
Tal como as crianas, os idosos tambm possu-
em dificuldades especficas na rejeio de memrias fal-
sas, sendo este o factor responsvel pelas diferenas que
se assistem entre idosos e jovens adultos na produo
dessas memrias. Enquanto a quantidade de memrias
verdadeiras diminui a partir da idade adulta, a quantidade
de memrias falsas normalmente aumenta (Balota, Corte-
se, Duchek, Adams, Roediger, McDermott, & Yerys, 1999;
Norman & Schacter, 1997). Este tipo de resultados parece
indicar que existe activao das palavras crticas nos ido-sos, mas que a correcta monitorizao no bem sucedi-
da.
Resumindo, o paradigma DRM exemplifica uma
das metodologias de estudo das memrias falsas em la-
boratrio, ilustrando a facilidade com que produzido este
tipo de distores de memria. As explicaes mais actu-
ais deste fenmeno DRM reforam a ideia de que ns
dispomos de dois tipos de processos antagnicos, um
que leva ao erro e outro que tenta eliminar o erro e ser o
equilbrio destes dois processos que vai determinar a pro-
duo ou no de uma memria falsa. Nem sempre as
estratgias de memria que tentam prevenir a produo
de erros de memria esto operacionais e por isso se as-
siste a um elevado nmero de memrias falsas em algu-
mas listas. Ns defendemos que a facilidade ou dificulda-
de em detectar o tema da lista (palavra crtica) um factor
determinante na aplicao da estratgia identificar-para-
rejeitar, uma das estratgias de rejeio das memrias
falsas mais utilizadas no paradigma DRM. Defendemos
tambm que, na generalidade, os processos de rejeiovo estando mais operacionais ao longo do desenvolvi-
mento mas, apesar disso, em situaes standard, a pro-
duo de memrias falsas aumenta com a idade. Isto quer
dizer que ambos os processos de estimulao e de elimi-
nao do erro evoluem com a idade e que se o evento
no favorece a monitorizao ou qualquer outro processo
de rejeio ento encontramos um aumento das memrias
falsas. Pelo contrrio, se o evento favorece estes proces-
sos (ex., avisando os participantes ou aumentando o tem-
po de apresentao das palavras), normalmente assiste-se
In-Mind_Portugus, 2010, Vol.1, N. 2-3, 14-21 Carneiro e Albuquerque, Traies da memria
18
7/30/2019 In-Mind_Portugus, 2010, Vol. 1, N. 2-3
21/50
anulao das diferenas etrias, ou at em alguns casos
pode ocorrer uma diminuio das memrias falsas com a
idade.
Glossrio
Item crtico: palavra que no apresentada e qual to-das as palavras da lista esto fortemente associadas.
Fora associativa de uma lista: mdia da percentagem
com que cada palavra da lista est associada ao item crti-
co. normalmente derivada de tarefas de associao livre
em que pedido para os participantes evocarem a primei-
ra palavra que lhes vem mente depois de lhes ser apre-
sentada a palavra alvo.
Fora associativa retrgrada: reflecte a fora associati-
va na direco da palavra apresentada para o item crticoem oposio fora associativa antergrada que significa
a fora associativa do item crtico para com a palavra da
lista.
Gist: termo proposto pela teoria do trao difuso para ca-
racterizar um tipo de trao de memria que capta a es-
sncia do acontecimento, o seu significado geral. O outro
tipo de trao de memria proposto por esta teoria deno-
mina-se verbatim e representa as caractersticas especfi-
cas do estmulo.
Disperso automtica da activao: termo utilizado
pela teoria da activao-monitorizao para caracterizar a
propagao da activao atravs de uma rede semntica.
A activao de um n propaga-se para ns vizinhos rela-
cionados atravs das ligaes associativas. Este efeito
mais forte e mais rpido para ns que esto fortemente
associados e tende a dissipar-se medida que se espa-
lha.
Monitorizao: termo proveniente da teoria da monitori-
zao da fonte (Johnson, Hashtroudi, & Lindsay, 1993), a
qual defende que os sujeitos ao recuperarem a informao
tendem a reportar-se origem das suas memrias. Este
termo foi adaptado pela teoria da activao-monitorizao
para explicar a formao de memrias falsas: se o sujeito
atribui a origem da sua memria a uma fonte incorrecta
pode surgir uma memria falsa.
Identificabilidade: qualidade do item crtico ser identifi-cado como o tema da lista. Normalmente, a identificabili-
dade do item crtico pode ser medida atravs da percen-
tagem de participantes que depois de lhes ser apresenta-
da a lista de palavras refere o item crtico como o tema da
lista.
Referncias
Albuquerque, P.B. (2005). Produo de evocaes e re-
conhecimentos falsos em 100 listas de palavras
associadas portuguesas. Laboratrio de Psicologia,
3, 3-12.
Balota, D.A., Cortese, M.J., Duchek, J.M., Adams, D.,
Roediger, H.L., McDermott, K.B., & Yerys, B.E.
(1999). Veridical and false memories in healthy older
adults and in dementia of the Alzheimers type.
Neuropsychology, 16, 361-384.
Blewitt, P. (1994). Understanding categorical hierarchies:
The earliest levels of skill. Child Development, 65,
1279-1298.
Brainerd, C.J., & Reyna, V.F. (1998). Fuzzy-trace theory
and childrens false memories. Journal of Experi-
mental Child Psychology, 71, 81-129.
In-Mind_Portugus, 2010, Vol.1, N. 2-3, 14-21 Carneiro e Albuquerque, Traies da memria
19
http://cat.inist.fr/?aModele=afficheN&cpsidt=3308135http://www.ingentaconnect.com/content/psych/pcgn/1999/00000016/f0030003/art00009http://www.idml.medicine.arizona.edu/Articles/Fuzzy%2520trace%2520theory%2520and%2520childrens%2520false%2520memories%2520JECP%25201998.pdfhttp://www.idml.medicine.arizona.edu/Articles/Fuzzy%2520trace%2520theory%2520and%2520childrens%2520false%2520memories%2520JECP%25201998.pdfhttp://www.idml.medicine.arizona.edu/Articles/Fuzzy%2520trace%2520theory%2520and%2520childrens%2520false%2520memories%2520JECP%25201998.pdfhttp://www.idml.medicine.arizona.edu/Articles/Fuzzy%2520trace%2520theory%2520and%2520childrens%2520false%2520memories%2520JECP%25201998.pdfhttp://cat.inist.fr/?aModele=afficheN&cpsidt=3308135http://cat.inist.fr/?aModele=afficheN&cpsidt=3308135http://www.ingentaconnect.com/content/psych/pcgn/1999/00000016/f0030003/art00009http://www.ingentaconnect.com/content/psych/pcgn/1999/00000016/f0030003/art000097/30/2019 In-Mind_Portugus, 2010, Vol. 1, N. 2-3
22/50
Brainerd, C. J., Reyna, V. F., & Forrest, T. J. (2002). Are
young children susceptible to the false-memory
illusion? Child Development, 73, 1363-1377.
Carneiro, P., Albuquerque, P., & Fernandez, A. (2009). Op-
posite developmental trends for false recognition of
basic and superordinate names. Memory, 17, 411-
427.
Carneiro, P., Albuquerque, P., Fernandez, A., & Esteves, F.(2007). Analyzing false memories in children with
associative lists specific for their age. Child Devel-
opment, 78, 1171-1185.
Carneiro, P., Diez, E., & Fernandez, A. (2009). Speeded
retrieval eliminates the effect of the identifiability on
false memories. Poster apresentado na 50th An-
nual Meeting of the Psychonomic Society, Boston,
Novembro 2009.
Carneiro, P., & Fernandez, A. (2010). Age differences in therejection of false memories: The effects of giving
warning instructions and slowing the presentation
rate. Journal of Experimental Child Psychology,
105, 81-97.
Carneiro, P., Fernandez, A., & Dias, A.R. (2009). The influ-
ence of theme identifiability on false memories:
Evidence for age-dependent opposite effects.
Memory & Cognition, 37, 115-129.
Deese, J. (1959). On the prediction of occurrence of par-
ticular verbal intrusions in immediate recall. Journal
of Experimental Psychology, 58, 17-22.
Dewhurst, S.A., Barry, C., Swannell, E.R., Holmes, S.J.,
Bathurst, G.L. (2007). The effect of divided atten-
tion on false memory depends on how memory is
tested. Memory & Cognition, 35, 660-667.
Gallo, D. A. (2004). Using recall to reduce false recognition:
Diagnostic and disqualifying monitoring. Journal of
Experimental Psychology: Learning, Memory, and
Cognition, 30, 120-128.
Gallo, D. A., Roberts, M. J., & Seamon, J. G. (1997). Re-
membering words not presented in lists: Can we
avoid creating false memories? Psychonomic Bulle-
tin & Review, 4, 271-276.
Gallo, D. A. & Roediger, H. L. (2002) Variability among
word lists in eliciting memory illusions: Evidence forassociative activation and monitoring. Journal of
Memory and Language, 47, 469-497.
Howe, M.L. (2005). Children (but not adults) can inhibit
false memories. Psychological Science, 16, 927-
931.
Howe, M.L., Wimmer, M.C., Gagnon, N., & Plumpton, S.
(2009). An associative-activation theory of childrens
and adults memory illusions. Journalof Memory &
Language, 60, 229-251.
McDermott, K.B. (1996). The persistence of false memo-
ries in list recall. Journal of Memory & Language,
35, 212-230.
McDermott, K. B. & Roediger, H. L. (1998). Attempting to
avoid illusory memories: Robust false recognition of
associates persists under conditions of explicit
warnings and immediate testing. Journal of Mem-
ory & Language, 39, 508-520.
McDermott, K. B. & Watson, J. M. (2001). The rise and fall
of false recall: The impact of presentation duration.
Journal of Memory & Language, 45, 160-176.
Norman, K.A., & Schacter, D.L. (1997). False recognition in
younger and older adults: Exploring the characteris-
tics of illusory memories. Memory & Cognition, 25,
838-848.
In-Mind_Portugus, 2010, Vol.1, N. 2-3, 14-21 Carneiro e Albuquerque, Traies da memria
20
http://www.sciencedirect.com/science?_ob=ArticleURL&_udi=B8JB9-4NRM2T0-3&_user=10&_coverDate=07%252F31%252F1959&_rdoc=1&_fmt=high&_orig=search&_origin=search&_sort=d&_docanchor=&view=c&_rerunOrigin=scholar.google&_acct=C000050221&_version=1&_urlVersion=0&_userid=10&md5=3f933c670134fdd030e64a7f4d7b8940&searchtype=ahttp://www.sciencedirect.com/science?_ob=ArticleURL&_udi=B8JB9-4NRM2T0-3&_user=10&_coverDate=07%252F31%252F1959&_rdoc=1&_fmt=high&_orig=search&_origin=search&_sort=d&_docanchor=&view=c&_rerunOrigin=scholar.google&_acct=C000050221&_version=1&_urlVersion=0&_userid=10&md5=3f933c670134fdd030e64a7f4d7b8940&searchtype=ahttp://www.sciencedirect.com/science?_ob=ArticleURL&_udi=B8JB9-4NRM2T0-3&_user=10&_coverDate=07%252F31%252F1959&_rdoc=1&_fmt=high&_orig=search&_origin=search&_sort=d&_docanchor=&view=c&_rerunOrigin=scholar.google&_acct=C000050221&_version=1&_urlVersion=0&_userid=10&md5=3f933c670134fdd030e64a7f4d7b8940&searchtype=ahttp://www.sciencedirect.com/science?_ob=ArticleURL&_udi=B8JB9-4NRM2T0-3&_user=10&_coverDate=07%252F31%252F1959&_rdoc=1&_fmt=high&_orig=search&_origin=search&_sort=d&_docanchor=&view=c&_rerunOrigin=scholar.google&_acct=C000050221&_version=1&_urlVersion=0&_userid=10&md5=3f933c670134fdd030e64a7f4d7b8940&searchtype=ahttp://www.sciencedirect.com/science?_ob=ArticleURL&_udi=B8JB9-4NRM2T0-3&_user=10&_coverDate=07%252F31%252F1959&_rdoc=1&_fmt=high&_orig=search&_origin=search&_sort=d&_docanchor=&view=c&_rerunOrigin=scholar.google&_acct=C000050221&_version=1&_urlVersion=0&_userid=10&md5=3f933c670134fdd030e64a7f4d7b8940&searchtype=ahttp://mc.psychonomic-journals.org/content/37/2/115.abstracthttp://mc.psychonomic-journals.org/content/37/2/115.abstracthttp://www.sciencedirect.com/science?_ob=ArticleURL&_udi=B6WJ9-4XJN7FT-1&_user=10&_coverDate=02%252F28%252F2010&_rdoc=1&_fmt=high&_orig=search&_origin=search&_sort=d&_docanchor=&view=c&_rerunOrigin=scholar.google&_acct=C000050221&_version=1&_urlVersion=0&_userid=10&md5=3fa5a02df7892d4f942d07a72a63c8b8&searchtype=ahttp://www.sciencedirect.com/science?_ob=ArticleURL&_udi=B6WJ9-4XJN7FT-1&_user=10&_coverDate=02%252F28%252F2010&_rdoc=1&_fmt=high&_orig=search&_origin=search&_sort=d&_docanchor=&view=c&_rerunOrigin=scholar.google&_acct=C000050221&_version=1&_urlVersion=0&_userid=10&md5=3fa5a02df7892d4f942d07a72a63c8b8&searchtype=ahttp://memoryuminho.xtreemhost.com/Publications_files/carneiro,%2520albuquerque,%2520fernandez%2520%2526%2520esteves.pdfhttp://memoryuminho.xtreemhost.com/Publications_files/carneiro,%2520albuquerque,%2520fernandez%2520%2526%2520esteves.pdfhttp://memoryuminho.xtreemhost.com/Publications_files/carneiro,%2520albuquerque,%2520fernandez%2520%2526%2520esteves.pdfhttp://memoryuminho.xtreemhost.com/Publications_files/carneiro,%2520albuquerque,%2520fernandez%2520%2526%2520esteves.pdfhttp://www.idml.medicine.arizona.edu/Articles/Are%2520young%2520children%2520susceptible%2520to%2520the%2520false%2520memory%2520illusion%2520.pdfhttp://memory.wustl.edu/Pubs/2001_McD.pdfhttp://memory.wustl.edu/Pubs/2001_McD.pdfhttp://www.psych.wustl.edu/memory/Roddy%2520article%2520PDF's/McDermott%2520and%2520Roediger%25201998.pdfhttp://www.psych.wustl.edu/memory/Roddy%2520article%2520PDF's/McDermott%2520and%2520Roediger%25201998.pdfhttp://www.psych.wustl.edu/memory/Roddy%2520article%2520PDF's/McDermott%2520and%2520Roediger%25201998.pdfhttp://memory.wustl.edu/Pubs/1996_McD_JML.pdfhttp://memory.wustl.edu/Pubs/1996_McD_JML.pdfhttp://www.sciencedirect.com/science?_ob=ArticleURL&_udi=B6WK4-4V0VBXY-1&_user=10&_coverDate=02%252F28%252F2009&_rdoc=1&_fmt=high&_orig=search&_origin=search&_sort=d&_docanchor=&view=c&_rerunOrigin=scholar.google&_acct=C000050221&_version=1&_urlVersion=0&_userid=10&md5=2212cbd14d4bdaea93f6e7dce8b9d54f&searchtype=ahttp://www.sciencedirect.com/science?_ob=ArticleURL&_udi=B6WK4-4V0VBXY-1&_user=10&_coverDate=02%252F28%252F2009&_rdoc=1&_fmt=high&_orig=search&_origin=search&_sort=d&_docanchor=&view=c&_rerunOrigin=scholar.google&_acct=C000050221&_version=1&_urlVersion=0&_userid=10&md5=2212cbd14d4bdaea93f6e7dce8b9d54f&searchtype=ahttp://www.psych.lancs.ac.uk/people/uploads/MarkHowe20060109T104444.pdfhttp://memorylab.uchicago.edu/pdf/Gallo_Roediger_02.pdfhttp://memorylab.uchicago.edu/pdf/Gallo_Roediger_02.pdfhttp://memorylab.uchicago.edu/pdf/Gallo_Roediger_02.pdfhttp://www.wjh.harvard.edu/~dgallo/Galloetal97.pdfhttp://www.wjh.harvard.edu/~dgallo/Galloetal97.pdfhttp://www.wjh.harvard.edu/~dgallo/Gallo04.pdfhttp://www.wjh.harvard.edu/~dgallo/Gallo04.pdfhttp://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/9421570http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/9421570http://memory.wustl.edu/Pubs/2001_McD.pdfhttp://memory.wustl.edu/Pubs/2001_McD.pdfhttp://www.psych.wustl.edu/memory/Roddy%2520article%2520PDF's/McDermott%2520and%2520Roediger%25201998.pdfhttp://www.psych.wustl.edu/memory/Roddy%2520article%2520PDF's/McDermott%2520and%2520Roediger%25201998.pdfhttp://www.psych.wustl.edu/memory/Roddy%2520article%2520PDF's/McDermott%2520and%2520Roediger%25201998.pdfhttp://www.psych.wustl.edu/memory/Roddy%2520article%2520PDF's/McDermott%2520and%2520Roediger%25201998.pdfhttp://memory.wustl.edu/Pubs/1996_McD_JML.pdfhttp://memory.wustl.edu/Pubs/1996_McD_JML.pdfhttp://memory.wustl.edu/Pubs/1996_McD_JML.pdfhttp://memory.wustl.edu/Pubs/1996_McD_JML.pdfhttp://www.sciencedirect.com/science?_ob=ArticleURL&_udi=B6WK4-4V0VBXY-1&_user=10&_coverDate=02%252F28%252F2009&_rdoc=1&_fmt=high&_orig=search&_origin=search&_sort=d&_docanchor=&view=c&_rerunOrigin=scholar.google&_acct=C000050221&_version=1&_urlVersion=0&_userid=10&md5=2212cbd14d4bdaea93f6e7dce8b9d54f&searchtype=ahttp://www.sciencedirect.com/science?_ob=ArticleURL&_udi=B6WK4-4V0VBXY-1&_user=10&_coverDate=02%252F28%252F2009&_rdoc=1&_fmt=high&_orig=search&_origin=search&_sort=d&_docanchor=&view=c&_rerunOrigin=scholar.google&_acct=C000050221&_version=1&_urlVersion=0&_userid=10&md5=2212cbd14d4bdaea93f6e7dce8b9d54f&searchtype=ahttp://www.sciencedirect.com/science?_ob=ArticleURL&_udi=B6WK4-4V0VBXY-1&_user=10&_coverDate=02%252F28%252F2009&_rdoc=1&_fmt=high&_orig=search&_origin=search&_sort=d&_docanchor=&view=c&_rerunOrigin=scholar.google&_acct=C000050221&_version=1&_urlVersion=0&_userid=10&md5=2212cbd14d4bdaea93f6e7dce8b9d54f&searchtype=ahttp://www.sciencedirect.com/science?_ob=ArticleURL&_udi=B6WK4-4V0VBXY-1&_user=10&_coverDate=02%252F28%252F2009&_rdoc=1&_fmt=high&