In-Mind_Português, 2010, Vol. 1, Nº. 2-3

Embed Size (px)

Citation preview

  • 7/30/2019 In-Mind_Portugus, 2010, Vol. 1, N. 2-3

    1/50

    In-Mind _ Portugus

    Volume 1, Nmero 2-3, Novembro 2010

    ISSN 1877-5322

    Editores

    Rui S. Costa, Faculdade de Psicologia, Universidade de Lisboa & Universidade de Princeton, EUA

    Toms Palma, Instituto Universitrio de Lisboa (ISCTE-IUL) & Universidade de Utrecht, Holanda

    In-Mind_Portugus W http://pt.in-mind.org/ E [email protected] E [email protected]

    mailto:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]://pt.in-mind.org/http://pt.in-mind.org/
  • 7/30/2019 In-Mind_Portugus, 2010, Vol. 1, N. 2-3

    2/50

    ndice

    Do preconceito discriminao justificada

    por Ccero Roberto Pereira e Jorge Vala 1

    Paradigma DRM: Traies da memria

    por Paula Carneiro e Pedro Albuquerque 13

    Quem quem noBullying?

    por DJamila Garcia e Isabel Correia 21

    Consideraes gerais sobre a definio e a avaliao da dor peditrica

    por Sara Fernandes e Patrcia Arriaga 29

    Agrido, logo existo: Para alm do carcter no-adaptativo da agresso por Pedro Rosa e Diogo Morais 38

    In-Mind_Portugus, 2010, Vol.1, N. 2-3

  • 7/30/2019 In-Mind_Portugus, 2010, Vol. 1, N. 2-3

    3/50

    Do preconceito discriminaojustif icada

    Ccero Roberto Pereira1 e Jorge Vala2

    Um dos grandes pa-

    radoxos nas sociedades que

    tm definido o valor da igual-

    dade como um dos seus prin-

    cpios organizadores a per-manncia de discriminao3

    objectiva contra grupos minoritrios mesmo tendo estas

    sociedades institudo normas sociais, orientaes consti-

    tucionais e procedimentos jurdicos que condenam firme-

    mente a expresso de preconceito4 e atitudes racistas.

    Como as pessoas (e tambm as instituies democrticas)

    discriminam outras pessoas percebidas como pertencen-

    tes a grupos diferentes sem serem acusadas de precon-

    ceito? Uma possibilidade pode estar no facto do actor daaco discriminatria usar alguma estratgia que lhe per-

    mite discriminar sem ser socialmente condenado. Por

    exemplo, pouca gente se organizaria ou mesmo participa-

    ria numa manifestao pblica contra a imigrao funda-

    In-Mind_Portugus, 2010, Vol.1, N. 2-3, 1-13 Pereira e Vala, Discriminao justificada

    1

    1 Instituto de Cincias Sociais, Universidade de Lisboa.

    2 Instituto de Cincias Sociais, Universidade de Lisboa..

    3 Ver Glossrio para a definio de discriminao.

    4

    Ver Glossrio para a definio de preconceito.

  • 7/30/2019 In-Mind_Portugus, 2010, Vol. 1, N. 2-3

    4/50

    mentando a sua aco na ideia de que os imigrantes so

    inferiores ou vem de uma cultura inferior, pois, se assim o

    fizesse, certamente estaria sujeita condenao social.

    Contudo, qualquer pessoa pode demostrar publicamente

    a sua oposio imigrao, ou mesmo organizar e parti-

    cipar em manifestaes anti-imigrao, sem correr o risco

    de ser acusada de preconceito ou racismo1. Normalmen-

    te, as pessoas expressam a sua oposio imigrao

    com base no argumento de que os imigrantes represen-

    tam uma ameaa ao bem-estar econmico da sociedadede acolhimento, podem contribuir para o aumento da cri-

    minalidade e para o enfraquecimento da identidade cultu-

    ral desta sociedade.

    Neste exemplo, actos discriminatrios como o

    apoio a polticas discriminatrias contra imigrantes seriam

    interpretados como discriminao justificada2 (i.e., a dis-

    criminao sem preconceito). O problema coloca-se

    quando o recurso s justificaes visto ou sentido como

    sendo motivado pelo preconceito. Neste caso, o uso de

    justificaes socialmente percebidas como legtimas pode

    ser o mecanismo encontrado pelo pensamento preconcei-

    tuoso para legitimar a discriminao em sociedades e con-

    textos igualitrios. Seguindo este raciocnio, apresentamos

    aqui argumentos tericos e evidncia emprica que mos-

    tram a actuao deste mecanismo na expresso de com-

    portamentos discriminatrios. Analisamos, com especial

    ateno, a forma como o apoio a polticas discriminatrias

    contra imigrantes na Europa vem sendo legitimado.

    A discriminao justificada

    A discriminao em contextos anti-preconceito

    tem sido exaustivamente analisada por vrias perspectivas

    tericas na Psicologia Social (ver Duckitt, 1992; Fiske,

    1998). Por exemplo, a perspectiva conhecida por conser-

    vadorismo por princpio prope que actualmente a dis-

    criminao mais motivada pela adeso sincera das pes-

    soas a princpios e ideais no preconceituosos do que

    pelo preconceito. Neste sentido, uma srie de estudos

    realizados por Sniderman e colaboradores (ver, por exem-

    plo, Coenders, Scheepers, Sniderman, & Verberk, 2001;

    Sniderman, Brody, & Kuklinski, 1984; Sniderman, Piazza,

    Tetlock, & Kendrick, 1991) mostrou que a oposio denorte-americanos brancos s polticas de aco afirmativa

    pr-negros (um indicador de resistncia a polticas anti-

    discriminao) estava menos correlacionada com o pre-

    conceito anti-negros do que com a percepo de que as

    aces afirmativas violam o valor da equidade e, portanto,

    so injustas. Neste caso, aces discriminatrias, ou o

    apoio manuteno do status quo, so interpretadas

    como uma forma de discriminao justificada porque a

    sua motivao no estaria assente em crenas preconcei-

    tuosas, mas sim no desejo de justia. Este fenmeno foiverificado noutros estudos, especialmente nas pessoas

    mais alfabetizadas da populao norte-americana (e.g.,

    Reyna, Henry, Korfmacher, & Tucker, 2005), pois estas so

    mais sensveis norma do anti-preconceito necessitando

    de fazer uso de princpios de justia para justificar o seu

    comportamento quando este discriminatrio (ver tam-

    bm Son Hing, Bobocel, & Zanna, 2002). Estes resultados

    levam-nos a pensar que, de facto, a discriminao que

    observamos nas sociedades e contextos igualitrios pode

    estar a reflectir algum processo de legitimao que precisa

    de ser analisado de forma mais detalhada.

    A legitimao da discriminao aqui entendida

    como o processo atravs do qual comportamentos dis-

    criminatrios so justificados. Um exemplo a investiga-

    o conduzida por Dovidio e colaboradores no mbito da

    In-Mind_Portugus, 2010, Vol.1, N. 2-3, 1-13 Pereira e Vala, Discriminao justificada

    2

    1 Ver Glossrio para a definio de racismo.

    2

    Ver Glossrio para a definio de discriminao justificada.

  • 7/30/2019 In-Mind_Portugus, 2010, Vol. 1, N. 2-3

    5/50

    teoria do racismo aversivo1 (Gaertner & Dovidio, 1986,

    2005), a qual tem mostrado que as pessoas brancas dis-

    criminam as pessoas negras apenas quando tm alguma

    justificao percebida como no preconceituosa para o

    seu comportamento. De facto, Dovidio e Gaertner (2000)

    realizaram um estudo sobre o papel de justificaes na

    deciso de participantes brancos sobre a contratao de

    candidatos negros e brancos para um emprego. Neste

    estudo, os participantes foram aleatoriamente colocados

    num de trs grupos. Num dos grupos, as informaes quereceberam sobre cada candidato indicavam que estes

    tinham boas qualificaes para o emprego (i.e., preen-

    chiam todos os requisitos necessrios para a contratao).

    Em outro grupo de participantes as informaes mostra-

    vam que todos os candidatos tinham ms qualificaes

    (i.e., no preenchiam os requisitos exigidos). Finalmente, o

    terceiro grupo de participantes recebeu informaes am-

    bguas sobre cada candidato (i.e., preenchiam alguns re-

    quisitos, mas falhavam noutros). Os resultados mostraram

    que os participantes usaram uma estratgia igualitria nasua deciso sobre a contratao (i.e., ausncia de discri-

    minao) quando os candidatos foram apresentados

    como bem qualificados (decidiram contratar igualmente

    brancos e negros) ou quando foram descritos como mal

    qualificados (decidiram no contratar nem brancos nem

    negros). A discriminao ocorreu apenas no grupo de par-

    ticipantes que recebeu informaes ambguas sobre os

    candidatos: decidiram contratar mais candidatos brancos

    do que negros.

    De acordo com Dovidio e Gaertner (2000), osparticipantes dos dois primeiros grupos no discriminaram

    porque receberam informaes claras e no ambguas

    sobre os candidatos e, portanto, no tinham argumentos

    no preconceituosos disponveis para justificar o seu com-

    portamento, caso optassempor contratar mais candidatos

    brancos. Contudo, o grupo de participantes que recebeu

    informaes ambguas tinham uma justificao no pre-

    conceituosa disponvel para discriminar. Os participantes

    deste grupo interpretaram a ambiguidade das qualifica-

    es dos candidatos brancos como indicadora de boas

    qualificaes, enquanto julgaram as qualificaes amb-

    guas dos candidatos negros como ms qualificaes (re-

    sultados idnticos foram obtidos por Hodson, Dovidio &

    Gaertner, 2002). Estes resultados levaram Dovidio e

    Gaertner (2000) concluso de que a discriminao ocor-

    re apenas quando as pessoas podem justificar a sua ac-

    o recorrendo a critrios no preconceituosos. O pro-

    blema desta interpretao o facto de os autores noterem avaliado se os participantes perceberam a discrimi-

    nao dos candidatos negros como justa e legtima, i.e.,

    no havia como saber se realmente a ambiguidade funcio-

    nou como uma justificao para a discriminao.

    Para avaliar de forma mais directa o papel das

    justificaes da discriminao contra pessoas negras no

    acesso ao emprego, Pereira, Torres e Almeida (2003)

    apresentaram a participantes brancos um cenrio sobre

    um processo de seleco para um emprego em que o

    gestor de uma loja tinha optado pela contratao de um

    empregado branco ao invs de um negro com as mesmas

    competncias profissionais do branco. Metade dos parti-

    cipantes recebeu a informao de que o gestor no era

    uma pessoa preconceituosa, mas decidiu contratar um

    candidato branco porque a sociedade preconceituosa e

    prefere ser atendida por empregados brancos e que a

    contratao de empregados negros poderia representar

    uma ameaa para os negcios da loja. Assim, agindo

    como um gestor de negcios, seguiu as leis de mercado

    na sua deciso. A outra metade dos participantes norecebeu qualquer indicao sobre os motivos da discrimi-

    nao. Os resultados mostraram que os participantes que

    receberam as informaes sobre os motivos da discrimi-

    nao avaliaram a deciso do gestor como justa e legtima

    e indicaram que, se estivessem na situao deste, tam-

    bm teriam contratado o candidato branco. Os participan-

    tes para quem a discriminao no foi justificada tenderam

    In-Mind_Portugus, 2010, Vol.1, N. 2-3, 1-13 Pereira e Vala, Discriminao justificada

    3

    1

    Ver Glossrio para a definio de racismo aversivo.

  • 7/30/2019 In-Mind_Portugus, 2010, Vol. 1, N. 2-3

    6/50

    a perceber a deciso do gestor como injusta e ilegtima e,

    portanto, discriminatria.

    Os resultados desses estudos so particularmen-

    te importantes para compreendermos o mecanismo atra-

    vs do qual a discriminao legitimada pois mostram

    que (1) a discriminao depende de justificaes e (2) que

    estas legitimam a discriminao. A questo que coloca-

    mos a de saber o que leva as pessoas a elaborar justifi-

    caes para discriminar. Isto , as investigaes acimadescritas no nos permitem saber o que leva os partici-

    pantes brancos a inter-

    pretar as qualificaes

    ambguas de candida-

    tos brancos como bo-

    as qualificaes e a de

    negros como ms qua-

    lificaes, nem o que

    leva as pessoas a acei-

    tarem que a contrata-

    o de pessoas negras

    representa uma ameaa

    s leis de mercado.

    Discriminao justifi-

    cada ou preconceito

    dissimulado?

    Uma possvel resposta para as questes quecolocamos a de que o preconceito ainda a principal

    fonte de discriminao (e.g., Federico & Sidanius, 2002;

    Pettigrew & Meertens, 1995). Por exemplo, Sidanius e

    Pratto (1999) propuseram que muitos argumentos perce-

    bidos como livres de preconceito, frequentemente invo-

    cados para justificar a discriminao, podem, mesmo as-

    sim, carregar preconceito e serem estrategicamente usa-

    dos para legitimar as desigualdades sociais e contribuir

    para a manuteno do status quo (ver tambm Jost, Gla-

    ser, Kruglanski, & Sulloway, 2003). De acordo com esta

    perspectiva, a discriminao envolve um processo mais

    elaborado de legitimao no qual o preconceito ocupa um

    papel central, mas a sua influncia ocorre de forma indi-

    recta e no facilmente identificvel. Mas por que razo as

    pessoas necessitam de legitimar o seu comportamento

    quando este discriminatrio?

    Uma resposta para esta questo pode ser en-

    contrada no modelo da justificao-supresso do precon-

    ceito proposto por Crandall e Eshleman (2003). Este mo-delo analisa a relao entre o preconceito genuno (i.e.,

    espontneo, no con-

    trolvel e implcito) e o

    preconceito explcito

    (i.e., consciente, con-

    trolvel e flagrante).

    Especificamente, o

    modelo prope que: (1)

    um grande nmero de

    pessoas tm precon-

    ceito genuno com

    fora motivacional; (2)

    simultaneamente, es-

    tas pessoas integra-

    ram, no seu auto-con-

    ceito, valores e crenas

    no preconceituosas

    que funcionam como

    supressores da ex-

    presso do preconcei-

    to; (3) consequentemente, sentem um conflito entre a ex-presso do preconceito e, ao mesmo tempo, a coerncia

    com a sua auto-imagem no preconceituosa; (4) para so-

    lucionar o conflito, so altamente motivadas para buscar

    justificaes que permitam exprimir o preconceito e no

    serem publicamente ou psicologicamente censuradas.

    Seguindo estes pressupostos, devido ao facto de as

    pessoas necessitarem de suprimir o preconceito para res-

    peitar a norma do igualitarismo que a expresso pblica

    de atitudes preconceituosas depende fundamentalmente

    de justificaes que lhes permitam discriminar sem viola-

    In-Mind_Portugus, 2010, Vol.1, N. 2-3, 1-13 Pereira e Vala, Discriminao justificada

    4

  • 7/30/2019 In-Mind_Portugus, 2010, Vol. 1, N. 2-3

    7/50

    rem de forma explcita aquela norma nem pr em causa o

    seu auto-conceito igualitrio.

    A Teoria da Justificao do Sistema, proposta

    por Jost e Banaji (1994), ajuda-nos a compreender este

    processo ao prever que as pessoas procuram, ou mesmo

    elaboram, justificaes para legitimar as desigualdades

    sociais porque existe nelas uma motivao psicolgica

    bsica que as impulsiona a percepcionar como legtima a

    forma como a sociedade est organizada. Por exemplo, ateoria prope que a motivao para a justificao pode

    levar as pessoas a explicar a pobreza e o fracasso de al-

    guns grupos e o sucesso de outros ao aceitarem as desi-

    gualdades sociais como legtimas e naturais.

    A Teoria da Dominncia Social desenvolvida por

    Sidanius e Pratto (1999) tambm nos ajuda a compreen-

    der o processo ao propor a hiptese de que as pessoas

    recorrem a mitos legitimadores1 como justificao para as

    desigualdades sociais, i.e., crenas ideolgicas que so

    usadas por membros de grupos maioritrios para legitimar

    a sua hegemonia e dominao sobre os grupos minoritri-

    os. Essa teoria prope, por exemplo, que a sociedade

    desenvolve ideologias que promovem a superioridade de

    uns grupos sobre outros e podem ser usadas para dar

    legitimidade ao comportamento discriminatrio contra

    minorias sociais.

    Foi no contexto dessas ideias que desenvolve-

    mos um conjunto de hipteses que tentam integrar os

    processos acima descritos sobre o mecanismo de legiti-mao da discriminao num modelo analtico (ver a Figu-

    ra 1), denominado Modelo da Discriminao Justificada

    (MDJ), segundo o qual nas sociedades onde, suposta-

    mente, um dos pilares da organizao social o valor da

    igualdade, a discriminao necessita de ser justificada

    com argumentos percebidos como no preconceituosos

    (Pereira, Vala & Costa-Lopes, 2010; Pereira, Vala &

    Leyens, 2009). O pressuposto no qual o modelo est as-

    sente o de que as justificaes ajudam as pessoas a

    dissimular os fundamentos preconceituosos do seu com-

    portamento discriminatrio, resolvendo possveis conflitos

    sociais e psicolgicos derivados da tenso entre a neces-

    sidade de serem coerentes com os valores igualitrios que

    fazem parte de seu auto-conceito e, simultaneamente,

    agirem em congruncia com crenas e atitudes preconcei-

    tuosas sobre os grupos-alvo de comportamentos discrimi-

    natrios (ver novamente Crandall & Eshleman, 2003 sobre

    este pressuposto).

    Enquanto os modelos e teorias que acima referi-

    mos apenas salientam a importncia de factores justifica-

    dores e supressores para a legitimao do preconceito e

    das desigualdades sociais, o MDJ estabelece de forma

    precisa o papel destes factores na relao entre o precon-

    ceito e a discriminao.De facto, o MDJ prev que, em

    contextos onde a norma da igualdade est saliente, a dis-

    criminao o resultado de um processo no qual o pre-

    conceito activa ou facilita o uso (e, em determinadas cir-

    cunstncia, a elaborao) de justificaes que fazem com

    que a discriminao seja percebida como legtima e justa.

    Especificamente, o modelo prev que quanto mais forte

    o preconceito, mais motivadas as pessoas esto para usar

    mitos legitimadores como justificao para discriminar.

    Consequentemente, quanto mais as pessoas recorrem a

    esses mitos, mais facilmente esto dispostas a discriminar

    membros de grupos minoritrios. Em outras palavras, o

    MDJ prev que o uso de justificaes representa um pro-

    Figura 1: Modelo da discriminao justificada

    In-Mind_Portugus, 2010, Vol.1, N. 2-3, 1-13 Pereira e Vala, Discriminao justificada

    5

    1

    Ver Glossrio para a definio de mitos legitimadores.

  • 7/30/2019 In-Mind_Portugus, 2010, Vol. 1, N. 2-3

    8/50

    cesso mediador na relao entre o preconceito e a discri-

    minao. Prev tambm que o contexto normativo modera

    esse processo, de modo que o uso de justificaes ne-

    cessrio apenas em contextos anti-preconceito. Nesses

    contextos, a discriminao justificada est apenas aparen-

    temente livre de preconceito, pois este continua motivando

    comportamentos discriminatrios de forma encoberta, ou

    mesmo dissimulada, por justificaes percebidas como

    legtimas.

    Legitimando a discriminao contra imigrantes: O

    papel da percepo de amea

    Nesta seco descrevemos dois exemplos de

    como a discriminao est sendo legitimada. Especifica-

    mente, testamos as hipteses que propusemos no MDJ

    em dois estudos sobre o apoio dos europeus a polticas

    discriminatrias contra imigrantes: a oposio imigrao

    e naturalizao de imigrantes. Analisamos em que medi-da a relao entre o preconceito e o apoio a estas polticas

    mediada pelo recurso a factores justificadores, como a

    percepo de ameaa.

    A oposio imigrao pode ser considerada

    uma forma de suporte a polticas discriminatrias porque a

    recusa entrada de uma pessoa no pas tomada com

    base no facto de esta ter nacionalidade diferente da cate-

    goria de pertena do cidado nacional. Mais precisamen-

    te, o argumento usado na recusa a percepo de que a

    pessoa em questo no membro de uma categoria per-

    tinente (i.e., no cidad nacional ou no europeia,

    por exemplo). Do ponto de vista psicossocial, a oposio

    imigrao tem sido justificada mais pela percepo de

    ameaa realista1 (Bobo, 1988; Riek, Mania, & Gaertner,

    2006; Vala, Brito, & Lopes, 1999) - o mito legitimador de

    que os imigrantes representam uma ameaa ao poder

    econmico e ao bem-estar fsico e material do endogrupo

    (ver LeVine & Campbell, 1972; Stephan, et al., 2002) - do

    que pela percepo de ameaa simblica2 - o mito legiti-

    mador de que os imigrantes representam uma ameaa

    aos valores que definem a matriz cultural do endogrupo

    (ver Sears & Henry, 2003), embora esta ameaa tambm

    esteja empiricamente correlacionada com o apoio s pol-

    ticas anti-imigrao, como tm mostrado vrios estudos

    neste domnio (e.g., Esses, Haddock, & Zanna, 1993;

    Stephan, Renfro, Esses, Stephan, & Martin, 2005). A rela-o entre a percepo de ameaa e a oposio imigra-

    o na Europa foi mostrada por Vala, Pereira e Ramos

    (2008). Segundo estes autores, as ameaas realista e sim-

    blica so usadas pelas pessoas para justificarem atitudes

    discriminatrias contra imigrantes porque no evocam

    directamente a ideia de hierarquia que caracteriza o pen-

    samento racista.

    No primeiro estudo analismos em que medida o

    efeito do preconceito na discriminao mediado pelo

    recurso s justificaes (para uma descrio detalhada,

    ver Pereira et al., 2010). Usmos dados do European So-

    cial Survey (ESS-1, ver Atitudes Sociais dos Portugueses,

    2003a) que so baseados em amostras representativas

    das populaes de 21 pases europeus (Alemanha, us-

    tria, Blgica, Dinamarca, Espanha, Finlndia, Frana, Gr-

    Bretanha, Grcia, Holanda, Hungria, Irlanda, Itlia, Luxem-

    burgo, Noruega, Polnia, Portugal, Repblica Checa, Es-

    lovnia, Sucia e Sua). No conjunto, analismos dados

    de 36566 participantes representativos das populaes

    com 15 ou mais anos de idade em cada um dos pases.Medimos o preconceito com dois itens que descrevem

    avaliaes negativas de pessoas percebidas como perten-

    centes a raas ou grupo tnico diferentes (i.e., Em que

    medida se incomodaria que uma pessoa de uma raa ou

    grupo tnico diferente do seu fosse nomeado seu chefe;

    Em que medida se incomodaria se essa pessoa se ca-

    In-Mind_Portugus, 2010, Vol.1, N. 2-3, 1-13 Pereira e Vala, Discriminao justificada

    6

    1 Ver Glossrio para a definio de ameaa realista.

    2

    Ver Glossrio para a definio de ameaa simblica.

  • 7/30/2019 In-Mind_Portugus, 2010, Vol. 1, N. 2-3

    9/50

    sasse com um familiar prximo). Medimos as justificaes

    com indicadores de percepo de ameaa realista ( e.g.,

    As pessoas que vm viver e trabalhar para c fazem com

    que os salrios baixem; Acha que com a vinda dessas

    pessoas a criminalidade aumentou ou diminuiu?) e com

    um indicador de ameaa simblica (E acha que essas

    pessoas empobrecem ou enriquecem os nossos costu-

    mes, tradies e vida cultural?). A discriminao foi medi-

    da por dois indicadores de oposio imigrao, que

    medem o apoio dos inquiridos s polticas discriminatriascontra imigrantes. Especificamente, solicitava-se aos parti-

    cipantes que indicassem em que medida o seu pas deve

    deixar que pessoas de raa ou grupo tnico diferente

    da maioria dos cidados nacionais venham e fiquem a

    viver c; e deve deixar que pessoas dos pases mais

    pobres fora da Europa venham e fiquem a viver c.

    De acordo com as hipteses que propusemos no

    MDJ, se as percepes de ameaa funcionam como mitos

    legitimadores, o efeito do preconceito na oposio imi-

    grao deve ser mediado por essas percepes. Alm

    disso, se as pessoas usam as ameaas de forma estrat-

    gica, a relao entre o preconceito e a oposio imigra-

    o deve ser mais fortemente mediada pela percepo de

    ameaa realista uma vez que, como referimos, a imigrao

    tem sido descrita nosmedia e no senso comum como um

    problema mais frequentemente associado com a ameaa

    realista do que simblica (e.g., Stephan, et al., 2002), i.e.,

    a oposio imigrao est a ser legitimada pelo uso es-

    tratgico do sentimento de ameaa realista. Para testar

    estas hipteses, calculmos uma srie de anlises de me-diao1 usando modelos de equaes estruturais 2. Os

    resultados dessas anlises mostram um efeito forte e

    significativo do preconceito na oposio imigrao, de

    maneira que, quanto maior o preconceito racial, maior

    a oposio imigrao. O efeito do preconceito nos dois

    tipos de ameaa tambm forte: quanto maior o pre-

    conceito, mais os participantes percepcionam os imigran-

    tes como uma ameaa realista e simblica. Dando segui-

    mento ao processo, quanto mais os imigrantes so perce-

    bidos como uma ameaa, maior a oposio imigrao.

    Tambm importante para o teste das nossas hipteses o

    facto de termos verificado que o efeito do preconceito na

    oposio imigrao mais fortemente mediado pela

    ameaa realista do que pela ameaa simblica. Como

    podemos verificar na Figura 2, o efeito mediado pela ame-

    aa realista muito mais forte do que o efeito mediado

    pela ameaa simblica. Isto significa que o impacto do

    preconceito est a ser estrategicamente transferido para a

    oposio imigrao atravs do uso da ideia de que a

    imigrao representa uma ameaa econmica e segu-

    rana, as quais so as principais componentes da ameaa

    realista. Este padro de resultados foi obtido em todos os

    pases analisados, sugerindo assim um processo similar

    de legitimao do apoio a polticas discriminatrias contra

    imigrantes, apesar de esses pases serem culturalmente

    diversos e terem desenvolvido diferentes polticas de rela-

    cionamento com imigrantes.

    In-Mind_Portugus, 2010, Vol.1, N. 2-3, 1-13 Pereira e Vala, Discriminao justificada

    7

    1 Ver Glossrio para a definio de mediao.

    2

    Ver Glossrio para a definio de modelos de equaes estruturais.

    -0,08

    0

    0,08

    0,15

    0,23

    0,30

    EfeitosMediados

    A tra v s d a A me a a S im b li ca A tra v s d a A mea a Rea li st a

    Oposio Imigrao

    (Estudo 1)

    Oposio Imigrao

    (Estudo 2)

    Oposio Naturalizao

    (Estudo 2)

    Figura 2: Efeitos mediados estandardizados do preconceito na

    oposio imigrao (estudos 1 e 2) e na oposio naturali-

    zao atravs das percepes de ameaa realista e simblica

  • 7/30/2019 In-Mind_Portugus, 2010, Vol. 1, N. 2-3

    10/50

    No segundo estudo, analismos outro posicio-

    namento relacionado com a discriminao de imigrantes,

    para alm da oposio imigrao: a oposio naturali-

    zao (ver Pereira, et al., 2010). Cada pas tem a sua pr-

    pria legislao sobre o processo de naturalizao, mas

    parece haver pelo menos dois denominadores comuns

    subjacentes proposta de leis mais restritivas. Primeiro, a

    naturalizao est objectivamente relacionada com a am-

    pliao dos direitos cvicos e polticos de quem a adquire,

    aproximando-se ou at mesmo igualando-se aos cidadosnativos, i.e., a oposio naturalizao pode envolver

    preocupaes com aspectos realistas da ameaa. No

    entanto, outra caracterstica da naturalizao envolve di-

    menses mais identitrias. Neste sentido, a restrio

    naturalizao pode estar ligada proteco da matriz cul-

    tural da sociedade de acolhimento, como os valores, os

    costumes, o modo de vida, as tradies, bem como com

    a defesa de uma identidade nica e distinta das demais.

    Isto , a oposio naturalizao pode envolver preocu-

    paes com aspectos simblicos da ameaa. Neste sen-tido, levantmos a hiptese de que esta ameaa possa ser

    o factor justificador de maior importncia para a legitima-

    o da oposio naturalizao de imigrantes.

    Seguindo estas ideias, testmos de forma mais

    directa a hiptese de que diferentes tipos de ameaa so

    estrategicamente usados para legitimar distintas formas de

    apoio s polticas discriminatrias contra imigrantes. Us-

    mos a base de dados do International Social Survey Pro-

    gramme (ISSP-2003, ver Atitudes Sociais dos Portugue-

    ses, 2003b) que contm uma amostra representativa depessoas com 15 ou mais anos da populao da Sua (N

    = 940), um pas com longa tradio no acolhimento de

    imigrantes, e de Portugal (N= 1514), que s recentemente

    passou a ser tambm um destino sistemtico de imigran-

    tes. Neste estudo medimos o preconceito atravs de um

    indicador clssico de avaliao do preconceito (i.e., em

    que medida teria dificuldade em aceitar que um dos seus

    filhos tenha filhos de uma pessoa de cor diferente, quer

    dizer, imagine que tinha um neto de cor diferente da sua).

    Medimos as justificaes com indicadores de percepo

    de ameaa realista (i.e., Os imigrantes contribuem para o

    aumento da criminalidade; Os imigrantes tiram trabalho

    aos nacionais) e simblica (e.g., Os imigrantes melhoram

    a sociedade de acolhimento ao trazerem novas ideias e

    culturas; A nossa sociedade seria mais rica se partilhs-

    semos costumes e tradies com os imigrantes). A dis-

    criminao foi medida atravs de um indicador de oposi-

    o imigrao (i.e., Em que medida acha que actual-

    mente o nmero de imigrantes deveria aumentar ou dimi-

    nuir muito) e dois indicadores de oposio naturalizaode imigrantes (As crianas de pais estrangeiros devem ter

    o direito de adquirir a nacionalidade do pas de acolhimen-

    to; As crianas nascidas fora do pas de acolhimento

    devem ter o direito de adquirir a nacionalidade das pesso-

    as do pas de acolhimento se, pelo menos um dos pais,

    for desta nacionalidade). De acordo com o MDJ, o efeito

    do preconceito no apoio a polticas discriminatrias deve-

    ria ser diferentemente mediado pelas percepes de ame-

    aa realista e simblica: a mediao deveria ser mais forte

    pela ameaa realista no caso da oposio imigrao,enquanto a mediao pela ameaa simblica deveria ser

    mais forte quando estivesse em causa a oposio natu-

    ralizao.

    Os resultados mostram que o preconceito prediz

    tanto a oposio imigrao como a oposio naturali-

    zao. O preconceito tambm prediz os dois tipos de per-

    cepo de ameaa, de modo que quanto maior o pre-

    conceito, mais os inquiridos percepcionam a imigrao

    como uma ameaa realista e simblica. Seguindo o pro-

    cesso, a maior percepo de ameaa realista implica mai-or oposio imigrao, mas no se relaciona com a

    oposio naturalizao. A ameaa simblica, por sua

    vez, implica tanto maior oposio imigrao como maior

    oposio naturalizao. De maior importncia para o

    teste das hipteses que propomos no MDJ, e como po-

    demos ver na Figura 2, o efeito do preconceito na oposi-

    o imigrao mais fortemente mediado pela percep-

    o de ameaa realista do que pela ameaa simblica.

    Isto significa que quanto maior o preconceito, maior a

    percepo de ameaa realista e, em consequncia, maior

    In-Mind_Portugus, 2010, Vol.1, N. 2-3, 1-13 Pereira e Vala, Discriminao justificada

    8

  • 7/30/2019 In-Mind_Portugus, 2010, Vol. 1, N. 2-3

    11/50

    a oposio imigrao. A relao entre o preconceito e

    a oposio naturalizao mediada exclusivamente pela

    percepo de ameaa simblica (o efeito mediado pela

    ameaa realista no significativo), de modo que o maior

    preconceito implica a maior percepo de que os imigran-

    tes representam uma ameaa matriz cultural do pas de

    acolhimento e, quanto maior esta percepo, mais os

    inquiridos se opem naturalizao de imigrantes. Este

    padro de resultados foi obtido tanto na amostra portu-

    guesa como na amostra sua, demostrando que o pro-cesso de legitimao da discriminao contra imigrantes

    nestes pases ocorre de forma similar.

    Concluses

    A anlise da literatura que aqui fizemos mostra

    que a discriminao contra grupos minoritrios nas socie-

    dades igualitrias est a ser facilitada por justificaes ou

    argumentos aparentemente no preconceituosos que sousados para fazer com que os comportamentos discrimi-

    natrios sejam percebidos como justos e socialmente ne-

    cessrios. A literatura tambm tem mostrado que mesmo

    pessoas no preconceituosas tambm discriminam quan-

    do conseguem justificar a sua aco (ver especialmente

    Dovidio & Gaertner, 2000). A anlise aqui referida tambm

    indica que um dos factores mais importantes usados

    como mitos legitimadores da discriminao em contexto

    migratrio a percepo de que os imigrantes represen-

    tam uma ameaa econmica e uma ameaa segurana,como tambm a percepo de que so uma ameaa

    matriz cultural das sociedades de acolhimento. Um impor-

    tante aspecto a ter em conta o facto de o recurso per-

    cepo de ameaa como legitimao para a discriminao

    ser uma funo do preconceito, principalmente em con-

    textos igualitrios (ver Pereira et al., 2009). Como conse-

    quncia, as percepes de ameaa funcionam como fac-

    tores mediadores do efeito do preconceito na discrimina-

    o.

    Os resultados dos estudos que relatamos so

    consistentes com as hipteses que propusemos no MDJ e

    tambm com a literatura sobre os mecanismos de legiti-

    mao das desigualdades sociais (e.g., Crandall & Eshle-

    man, 2003; Gaertner & Dovidio, 1986; Jost & Banaji, 1994;

    Sidanius & Pratto, 1999). As nossas hipteses sugerem

    que as pessoas estrategicamente dissimulam a natureza

    preconceituosa do seu apoio discriminao, usando

    argumentos aparentemente no preconceituosos. Esses

    argumentos so percebidos como razes justas e legti-mas para discriminar (ver especialmente Pereira et al.,

    2003).

    Neste sentido, e de um ponto de vista psicosso-

    cial, no existe paradoxo na persistncia ou mesmo no

    aumento da discriminaoem sociedades igualitrias, uma

    vez que as aces discriminatrias continuam a ser moti-

    vadas pelo preconceito, mesmo que o papel deste na

    discriminao ocorra de forma indirecta, i.e., o efeito do

    preconceito legitimado pelo uso de justificaes perce-

    bidas como no preconceituosas. Assim, a discriminao

    justificada est apenas aparentemente livre de preconcei-

    to, pois o uso de justificaes so, per se, uma funo do

    preconceito, i.e., o preconceito motiva a procura de algum

    argumento aparentemente no preconceituoso para fazer

    com que a discriminao seja percebida como legtima

    (ver Pereira, et al., 2009). De acordo com as propostas

    que fizemos no MDJ, as pessoas necessitam de usar justi-

    ficaes, tais como a percepo de ameaa, quando se

    sentem pressionadas pela norma do anti-preconceito an-

    tes de agirem de forma discriminatria para que a suaaco no seja percebida como discriminatria.

    Glossrio

    Preconceito: avaliao negativa sobre a natureza de uma

    pessoa pelo simples facto de esta ser percebida como

    In-Mind_Portugus, 2010, Vol.1, N. 2-3, 1-13 Pereira e Vala, Discriminao justificada

    9

  • 7/30/2019 In-Mind_Portugus, 2010, Vol. 1, N. 2-3

    12/50

    membro de um grupo. A avaliao negativa sobre a natu-

    reza do grupo como um todo.

    Discriminao: comportamento objectivo contra um gru-

    po-alvo ou contra as pessoas percebidas como perten-

    centes a esse grupo. Pode ser tambm a inteno de se

    comportar e o apoio a aces contra o grupo-alvo ou os

    membros deste grupo. A discriminao referida na litera-

    tura especializada como um dos comportamentos que

    consequncia do preconceito.

    Discriminao Justificada: discriminao motivada por

    factores percebidos como no preconceituosos.

    Racismo: representao sobre a natureza da humanidade

    baseada na crena de que esta formada por grupos

    raciais (racismo biolgico) ou grupos tnicos (racismo cul-

    tural), os quais so inferidos a partir da percepo de que

    existem diferenas supostamente naturais, fixas, imutveis

    e transmissveis hereditariamente ou culturalmente que

    fazem com que uns grupos sejam percepcionados comopiores do que outros e que nem todos tm o que se acre-

    dita ser a essncia que define a natureza humana.

    Teoria do Racismo Aversivo: teoria que prev que a

    discriminao necessita de justificao quando se estabe-

    lece o conflito entre a adeso sincera das pessoas aos

    valores da igualdade e da justia social e a manuteno de

    crenas e atitudes negativas sobre os grupos-alvo de dis-

    criminao.

    Ameaa Realista: mito legitimador de que uma pessoa

    percebida como membro de outro grupo representa uma

    ameaa ao poder econmico e ao bem-estar fsico e ma-

    terial do grupo de pertena do observador.

    Ameaa Simblica: mito legitimador de que uma pessoa

    percebida como membro de outro grupo representa uma

    ameaa aos valores que definem a matriz cultural do gru-

    po de pertena do observador.

    Mito Legitimador: crena, valor ou argumento ideolgico

    usado como justificao para legitimar a forma como as

    sociedades esto organizadas e o seu funcionamento.

    Mediao: termo tcnico usado para designar o meca-

    nismo atravs do qual uma varivel independente (i.e.,

    uma causa) influencia uma varivel dependente (i.e., uma

    consequncia). O efeito mediado decorrente o quanto a

    varivel independente influencia a varivel dependente

    atravs de uma terceira varivel, designada de varivelmediadora.

    Modelos de Equaes Estruturais: conjunto de tcni-

    cas estatsticas usadas para desenvolver, testar e compa-

    rar modelos tericos.

    Referncias

    Atitudes Sociais dos Portugueses (2003a). European So-

    cial Survey: Base de Dados. Lisboa: Instituto de

    Cincias Sociais.

    Atitudes Sociais dos Portugueses (2003b). International

    Social Survey Programme: Base de Dados. Lis-

    boa: Instituto de Cincias Sociais.

    Bobo, L. D. (1988). Group conflict, prejudice, and the

    paradox of contempory racial attitudes. In P. A.

    Katz & D. A. Taylor (Eds.), Eliminating racism: Pro-

    files in controversy(pp. 85-114). New York: Plenum

    Press.

    Coenders, M., Scheepers, P., Sniderman, P. M., & Verberk,

    G. (2001). Blatant and subtle prejudice: Dimen-

    sions, determinants, and consequences; some

    comments on Pettigrew and Meertens. European

    Journal of Social Psychology, 31, 281-297.

    In-Mind_Portugus, 2010, Vol.1, N. 2-3, 1-13 Pereira e Vala, Discriminao justificada

    10

    http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/ejsp.44/abstracthttp://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/ejsp.44/abstracthttp://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/ejsp.44/abstracthttp://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/ejsp.44/abstract
  • 7/30/2019 In-Mind_Portugus, 2010, Vol. 1, N. 2-3

    13/50

    Crandall, C. S., & Eshleman, A. (2003). A justification-

    suppression model of the expression and experi-

    ence of prejudice. Psychological Bulletin, 129,

    414-446.

    Duckitt, J. (1992). Psychology and prejudice: A historical

    analysis and integrative framework. American Psy-

    chologist, 47, 1182-1193.

    Esses, V. M., Haddock, G., & Zanna, M. P. (1993). Values,stereotypes, and emotions as determinants of in-

    tergroup attitudes. In D. M. Mackie & D. L. Hamil-

    ton (Eds.), Affect, cognition, and stereotyping: In-

    teractive processes of group perceptions (pp. 137-

    166). San Diego, CA: Academic Press.

    Federico, C. M., & Sidanius, J. (2002). Racism, ideology,

    and affirmative action revisited: The antecedents

    and consequences of "principled objections" to

    affirmative action.Journal of Personality and Social

    Psychology, 82, 488-502.

    Fiske, S. T. (1998). Stereotyping, prejudice, and discrimina-

    tion. In D. T. Gilbert, S. T. Fiske & G. Lindzey (Eds.),

    The handbook of social psychology (4 ed., Vol. 2,

    pp. 357-411). Boston: McGraw-Hill.

    Gaertner, S. L., & Dovidio, J. F. (1986). The aversive form of

    racism. In J. F. Dovidio & S. L. Gaertner (Eds.),

    Prejudice, discrimination, and racism (pp. 61-89).

    San Diego: Academic Press.

    Gaertner, S. L., & Dovidio, J. F. (2005). Understanding and

    addressing contemporary racism: From aversive

    racism to the common ingroup identity model.

    Journal of Social Issues, 61, 615-239.

    Hodson, G., Dovidio, J. F., & Gaertner, S. L. (2002). Proc-

    esses in racial discrimination: Differential weighting

    of conflicting information. Personality and Social

    Psychology Bulletin, 28, 460-471.

    Jost, J. T., & Banaji, M. R. (1994). The role of stereotyping

    in system-justification and the production of false

    consciousness. British Journal of Social Psychol-

    ogy, 33, 1-27.

    Jost, J. T., Glaser, J., Kruglanski, A. W., &Sulloway, F. J.

    (2003). Political conservatism as motivated social

    cognition. Psychological Bulletin, 129, 339-375.

    LeVine, R. A., & Campbell, D. T. (1972). Ethnocentrism:Theories of conflict, ethnic attitudes, and group

    behavior. New York: John Wiley & Sons.

    Pereira, C., Torres, A. R. R., & Almeida, S. T. (2003). O

    preconceito na perspectiva das representaes

    sociais: Anlise da influncia de um discurso justi-

    ficador da discriminao no preconceito racial.

    Psicologia: Reflexo e Crtica, 16, 95-107.

    Pereira, C., Vala, J., & Costa-Lopes, R. (2010). From

    prejudice to discrimination: The legitimizing role ofthe perceived threat in discrimination against immi-

    grants. European Journal of Social Psychology, 40,

    1231-1250.

    Pereira, C., Vala, J., & Leyens, J.-P. (2009). From infra-

    humanization to discrimination: The mediation of

    symbolic threat needs egalitarian norms.Journal of

    Experimental Social Psychology, 45, 336344.

    Pettigrew, T. F., & Meertens, R. W. (1995). Subtle and bla-

    tant prejudice in Western Europe. European Jour-

    nal of Social Psychology, 25, 57-75.

    Reyna, C., Henry, P. J., Korfmacher, W., & Tucker, A.

    (2005). Examining the principles in principled con-

    servatism: The role of responsibility stereotypes as

    cues for deservingness in racial policy decisions.

    Journal of Personality and Social Psychology, 90,

    109-128.

    In-Mind_Portugus, 2010, Vol.1, N. 2-3, 1-13 Pereira e Vala, Discriminao justificada

    11

    http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/j.1540-4560.2005.00424.x/fullhttp://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/j.1540-4560.2005.00424.x/fullhttp://psycnet.apa.org/?fa=main.doiLanding&fuseaction=showUIDAbstract&uid=1986-98698-003http://psycnet.apa.org/?fa=main.doiLanding&fuseaction=showUIDAbstract&uid=1986-98698-003http://www.wjh.harvard.edu/~sidanius/pubs/FedericoSidanius2002.pdfhttp://www.wjh.harvard.edu/~sidanius/pubs/FedericoSidanius2002.pdfhttp://www.radford.edu/~jaspelme/_private/gradsoc_articles/stereotypes%2520and%2520prejudice/History_of_prejudice.pdfhttp://www.radford.edu/~jaspelme/_private/gradsoc_articles/stereotypes%2520and%2520prejudice/History_of_prejudice.pdfhttp://cat.inist.fr/?aModele=afficheN&cpsidt=14829108http://www3.interscience.wiley.com/journal/112464286/abstracthttp://www3.interscience.wiley.com/journal/112464286/abstracthttp://www3.interscience.wiley.com/journal/112464286/abstracthttp://www.sciencedirect.com/science?_ob=ArticleURL&_udi=B6WJB-4TSD9JN-3&_user=10&_coverDate=02%252F28%252F2009&_rdoc=1&_fmt=high&_orig=search&_origin=search&_sort=d&_docanchor=&view=c&_searchStrId=1557792804&_rerunOrigin=scholar.google&_acct=C000050221&_version=1&_urlVersion=0&_userid=10&md5=209b8edccc158c66026e76e644405588&searchtype=ahttp://www.sciencedirect.com/science?_ob=ArticleURL&_udi=B6WJB-4TSD9JN-3&_user=10&_coverDate=02%252F28%252F2009&_rdoc=1&_fmt=high&_orig=search&_origin=search&_sort=d&_docanchor=&view=c&_searchStrId=1557792804&_rerunOrigin=scholar.google&_acct=C000050221&_version=1&_urlVersion=0&_userid=10&md5=209b8edccc158c66026e76e644405588&searchtype=ahttp://www.sciencedirect.com/science?_ob=ArticleURL&_udi=B6WJB-4TSD9JN-3&_user=10&_coverDate=02%252F28%252F2009&_rdoc=1&_fmt=high&_orig=search&_origin=search&_sort=d&_docanchor=&view=c&_searchStrId=1557792804&_rerunOrigin=scholar.google&_acct=C000050221&_version=1&_urlVersion=0&_userid=10&md5=209b8edccc158c66026e76e644405588&searchtype=ahttp://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/ejsp.718/abstracthttp://www.scielo.br/pdf/%250D/prc/v16n1/16801.pdfhttp://psycnet.apa.org/?fa=main.doiLanding&doi=10.1037/0033-2909.129.3.339http://psycnet.apa.org/?fa=main.doiLanding&doi=10.1037/0033-2909.129.3.339http://psycnet.apa.org/?fa=main.doiLanding&uid=1994-37261-001http://psycnet.apa.org/?fa=main.doiLanding&uid=1994-37261-001http://condor.depaul.edu/~creyna/site/Publications_files/ReynaHenryetal2005.pdfhttp://condor.depaul.edu/~creyna/site/Publications_files/ReynaHenryetal2005.pdfhttp://www3.interscience.wiley.com/journal/112464286/abstracthttp://www3.interscience.wiley.com/journal/112464286/abstracthttp://www3.interscience.wiley.com/journal/112464286/abstracthttp://www3.interscience.wiley.com/journal/112464286/abstracthttp://www.sciencedirect.com/science?_ob=ArticleURL&_udi=B6WJB-4TSD9JN-3&_user=10&_coverDate=02%252F28%252F2009&_rdoc=1&_fmt=high&_orig=search&_origin=search&_sort=d&_docanchor=&view=c&_searchStrId=1557792804&_rerunOrigin=scholar.google&_acct=C000050221&_version=1&_urlVersion=0&_userid=10&md5=209b8edccc158c66026e76e644405588&searchtype=ahttp://www.sciencedirect.com/science?_ob=ArticleURL&_udi=B6WJB-4TSD9JN-3&_user=10&_coverDate=02%252F28%252F2009&_rdoc=1&_fmt=high&_orig=search&_origin=search&_sort=d&_docanchor=&view=c&_searchStrId=1557792804&_rerunOrigin=scholar.google&_acct=C000050221&_version=1&_urlVersion=0&_userid=10&md5=209b8edccc158c66026e76e644405588&searchtype=ahttp://www.sciencedirect.com/science?_ob=ArticleURL&_udi=B6WJB-4TSD9JN-3&_user=10&_coverDate=02%252F28%252F2009&_rdoc=1&_fmt=high&_orig=search&_origin=search&_sort=d&_docanchor=&view=c&_searchStrId=1557792804&_rerunOrigin=scholar.google&_acct=C000050221&_version=1&_urlVersion=0&_userid=10&md5=209b8edccc158c66026e76e644405588&searchtype=ahttp://www.sciencedirect.com/science?_ob=ArticleURL&_udi=B6WJB-4TSD9JN-3&_user=10&_coverDate=02%252F28%252F2009&_rdoc=1&_fmt=high&_orig=search&_origin=search&_sort=d&_docanchor=&view=c&_searchStrId=1557792804&_rerunOrigin=scholar.google&_acct=C000050221&_version=1&_urlVersion=0&_userid=10&md5=209b8edccc158c66026e76e644405588&searchtype=ahttp://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/ejsp.718/abstracthttp://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/ejsp.718/abstracthttp://www.scielo.br/pdf/%250D/prc/v16n1/16801.pdfhttp://www.scielo.br/pdf/%250D/prc/v16n1/16801.pdfhttp://psycnet.apa.org/?fa=main.doiLanding&doi=10.1037/0033-2909.129.3.339http://psycnet.apa.org/?fa=main.doiLanding&doi=10.1037/0033-2909.129.3.339http://psycnet.apa.org/?fa=main.doiLanding&uid=1994-37261-001http://psycnet.apa.org/?fa=main.doiLanding&uid=1994-37261-001http://psycnet.apa.org/?fa=main.doiLanding&uid=1994-37261-001http://psycnet.apa.org/?fa=main.doiLanding&uid=1994-37261-001http://psp.sagepub.com/content/28/4/460.abstracthttp://psp.sagepub.com/content/28/4/460.abstracthttp://psp.sagepub.com/content/28/4/460.abstracthttp://psp.sagepub.com/content/28/4/460.abstracthttp://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/j.1540-4560.2005.00424.x/fullhttp://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/j.1540-4560.2005.00424.x/fullhttp://psycnet.apa.org/?fa=main.doiLanding&fuseaction=showUIDAbstract&uid=1986-98698-003http://psycnet.apa.org/?fa=main.doiLanding&fuseaction=showUIDAbstract&uid=1986-98698-003http://www.wjh.harvard.edu/~sidanius/pubs/FedericoSidanius2002.pdfhttp://www.wjh.harvard.edu/~sidanius/pubs/FedericoSidanius2002.pdfhttp://www.wjh.harvard.edu/~sidanius/pubs/FedericoSidanius2002.pdfhttp://www.wjh.harvard.edu/~sidanius/pubs/FedericoSidanius2002.pdfhttp://www.radford.edu/~jaspelme/_private/gradsoc_articles/stereotypes%2520and%2520prejudice/History_of_prejudice.pdfhttp://www.radford.edu/~jaspelme/_private/gradsoc_articles/stereotypes%2520and%2520prejudice/History_of_prejudice.pdfhttp://www.radford.edu/~jaspelme/_private/gradsoc_articles/stereotypes%2520and%2520prejudice/History_of_prejudice.pdfhttp://www.radford.edu/~jaspelme/_private/gradsoc_articles/stereotypes%2520and%2520prejudice/History_of_prejudice.pdfhttp://cat.inist.fr/?aModele=afficheN&cpsidt=14829108http://cat.inist.fr/?aModele=afficheN&cpsidt=14829108
  • 7/30/2019 In-Mind_Portugus, 2010, Vol. 1, N. 2-3

    14/50

    Riek, B. M., Mania, E. W., & Gaertner, S. L. (2006). Inter-

    group threat and outgroup attitudes: A meta-

    analytic review. Personality and Social Psychology

    Review, 10, 336-353.

    Sears, D. O., & Henry, P. J. (2003). The origins of symbolic

    racism.Journal of Personality and Social Psychol-

    ogy, 85, 259-275.

    Sidanius, J., & Pratto, F. (1999). Social dominance. NewYork: Cambridge University Press.

    Sniderman, P. M., Brody, R. A., & Kuklinski, J. H. (1984).

    Policy reasoning and political values: The problem

    of racial equality. American Journal of Political Sci-

    ence, 28, 75-94.

    Sniderman, P. M., Piazza, T., Tetlock, P. E., & Kendrick, A.

    (1991). The new racism. American Journal of Po-

    litical Science, 35, 423-447.

    Son Hing, L. S., Bobocel, D. R., & Zanna, M. P. (2002).

    Meritocracy and opposition to affirmative action:

    Making concessions in the face of discrimination.

    Journal of Personality and Social Psychology, 83,

    493-509.

    Stephan, W. G., Boniecki, K. A., Ybarra, O., Bettencourt,

    A., Ervin, K. S., Jackson, L. A., et al. (2002). The

    role of threats in the racial attitudes of blacks and

    whites. Personality and Social Psychology Bulletin,

    28, 1242-1254.

    Stephan, W. G., Renfro, C. L., Esses, V. M., Stephan, C.

    W., & Martin, T. (2005). The effects of feeling

    threatened on attitudes toward immigrants. Inter-

    nationalJournal of Intercultural Relations, 29, 1-19.

    Vala, J., Brito, R., & Lopes, D. (1999). Expresses dos

    racismos em Portugal. Lisboa: Imprensa de Cin-

    cias Sociais.

    Vala, J., Pereira, C. R., & Ramos, A. (2006). Preconceito

    racial, percepo de ameaa e oposio imi-

    grao. In J. Vala & A. Torres (Eds.), Contextos e

    atitudes sociais na Europa (pp. 221-250). Lisboa:

    Imprensa de Cincias Sociais.

    Autores

    Ccero Roberto Pereira, psi-

    clogo social pela Universidade

    Federal da Paraba e doutor em

    Psicologia Social pelo Instituto

    Superior de Cincias do Traba-

    lho e da Empresa. Actualmente

    investigador auxiliar no Instituto

    de Cincias Sociais da Universi-

    dade de Lisboa, onde estuda o

    papel da legitimao da discri-

    minao no mbito das relaes sociais decorrentes de

    processos migratrios em diferentes contextos normati-

    vos. Estuda tambm a aplicao de procedimentos esta-

    tsticos teoria da medida e ao teste de modelos tericos

    em Cincias Sociais. [email protected]

    Jorge Vala, doutor em Psicolo-

    gia Social pela Universidade de

    Lovaina, investigador coordena-

    dor no Instituto de Cincias So-

    ciais da Universidade de Lisboa.

    Os seus interesses de investiga-

    o centram-se no estudo dos

    processos psicossociais subja-

    centes aco individual e co-

    lectiva, nomeadamente os que

    estruturam as representaes sociais, as crenas colecti-

    vas, as identidades sociais, os conflitos entre grupos e as

    In-Mind_Portugus, 2010, Vol.1, N. 2-3, 1-13 Pereira e Vala, Discriminao justificada

    12

    http://www.sciencedirect.com/science?_ob=ArticleURL&_udi=B6V7R-4G94HSF-1&_user=10&_coverDate=01%252F31%252F2005&_rdoc=1&_fmt=high&_orig=search&_origin=search&_sort=d&_docanchor=&view=c&_searchStrId=1557808573&_rerunOrigin=scholar.google&_acct=C000050221&_version=1&_urlVersion=0&_userid=10&md5=2d4c38112a5133e2a6679da9ac51aedb&searchtype=ahttp://psp.sagepub.com/content/28/9/1242.shorthttp://psp.sagepub.com/content/28/9/1242.shorthttp://psp.sagepub.com/content/28/9/1242.shorthttp://cat.inist.fr/?aModele=afficheN&cpsidt=13877257http://www.jstor.org/pss/2111369http://www.jstor.org/pss/2111369http://www.jstor.org/pss/2110788http://www.jstor.org/pss/2110788http://www.google.com/books?hl=pt-PT&lr=&id=Gkiy2jAi-3wC&oi=fnd&pg=PR9&dq=Sidanius,+J.,+%2526+Pratto,+F.+(1999).+Social+dominance.+New+York:+Cambridge+University+Press.+&ots=lcTIb9NTmF&sig=ORmricVqQLgjISYV6zdnigL99WY%23v=onepage&q=Sidanius%252C%2520J.%252C%2520%2526%2520Pratto%252C%2520F.%2520(1999).%2520Social%2520dominance.%2520New%2520York%253A%2520Cambridge%2520University%2520Press.&f=falsehttp://www.isr.ucla.edu/sears/pubs/A149.pdfhttp://www.isr.ucla.edu/sears/pubs/A149.pdfhttp://www.isr.ucla.edu/sears/pubs/A149.pdfhttp://psr.sagepub.com/content/10/4/336.shorthttp://psr.sagepub.com/content/10/4/336.shortmailto:[email protected]:[email protected]://www.sciencedirect.com/science?_ob=ArticleURL&_udi=B6V7R-4G94HSF-1&_user=10&_coverDate=01%252F31%252F2005&_rdoc=1&_fmt=high&_orig=search&_origin=search&_sort=d&_docanchor=&view=c&_searchStrId=1557808573&_rerunOrigin=scholar.google&_acct=C000050221&_version=1&_urlVersion=0&_userid=10&md5=2d4c38112a5133e2a6679da9ac51aedb&searchtype=ahttp://www.sciencedirect.com/science?_ob=ArticleURL&_udi=B6V7R-4G94HSF-1&_user=10&_coverDate=01%252F31%252F2005&_rdoc=1&_fmt=high&_orig=search&_origin=search&_sort=d&_docanchor=&view=c&_searchStrId=1557808573&_rerunOrigin=scholar.google&_acct=C000050221&_version=1&_urlVersion=0&_userid=10&md5=2d4c38112a5133e2a6679da9ac51aedb&searchtype=ahttp://psp.sagepub.com/content/28/9/1242.shorthttp://psp.sagepub.com/content/28/9/1242.shorthttp://psp.sagepub.com/content/28/9/1242.shorthttp://psp.sagepub.com/content/28/9/1242.shorthttp://cat.inist.fr/?aModele=afficheN&cpsidt=13877257http://cat.inist.fr/?aModele=afficheN&cpsidt=13877257http://www.jstor.org/pss/2111369http://www.jstor.org/pss/2111369http://www.jstor.org/pss/2111369http://www.jstor.org/pss/2111369http://www.jstor.org/pss/2110788http://www.jstor.org/pss/2110788http://www.jstor.org/pss/2110788http://www.jstor.org/pss/2110788http://www.google.com/books?hl=pt-PT&lr=&id=Gkiy2jAi-3wC&oi=fnd&pg=PR9&dq=Sidanius,+J.,+%2526+Pratto,+F.+(1999).+Social+dominance.+New+York:+Cambridge+University+Press.+&ots=lcTIb9NTmF&sig=ORmricVqQLgjISYV6zdnigL99WY%23v=onepage&q=Sidanius%252C%2520J.%252C%2520%2526%2520Pratto%252C%2520F.%2520(1999).%2520Social%2520dominance.%2520New%2520York%253A%2520Cambridge%2520University%2520Press.&f=falsehttp://www.google.com/books?hl=pt-PT&lr=&id=Gkiy2jAi-3wC&oi=fnd&pg=PR9&dq=Sidanius,+J.,+%2526+Pratto,+F.+(1999).+Social+dominance.+New+York:+Cambridge+University+Press.+&ots=lcTIb9NTmF&sig=ORmricVqQLgjISYV6zdnigL99WY%23v=onepage&q=Sidanius%252C%2520J.%252C%2520%2526%2520Pratto%252C%2520F.%2520(1999).%2520Social%2520dominance.%2520New%2520York%253A%2520Cambridge%2520University%2520Press.&f=falsehttp://www.isr.ucla.edu/sears/pubs/A149.pdfhttp://www.isr.ucla.edu/sears/pubs/A149.pdfhttp://www.isr.ucla.edu/sears/pubs/A149.pdfhttp://www.isr.ucla.edu/sears/pubs/A149.pdfhttp://psr.sagepub.com/content/10/4/336.shorthttp://psr.sagepub.com/content/10/4/336.shorthttp://psr.sagepub.com/content/10/4/336.shorthttp://psr.sagepub.com/content/10/4/336.short
  • 7/30/2019 In-Mind_Portugus, 2010, Vol. 1, N. 2-3

    15/50

    percepes de justia. Neste momento, estuda a episte-

    mologia do senso comum e atitudes colectivas numa

    perspectiva comparativa, bem como o preconceito, o ra-

    cismo e as atitudes intergrupais no contexto das migra-

    es. [email protected]

    In-Mind_Portugus, 2010, Vol.1, N. 2-3, 1-13 Pereira e Vala, Discriminao justificada

    13

    mailto:[email protected]:[email protected]
  • 7/30/2019 In-Mind_Portugus, 2010, Vol. 1, N. 2-3

    16/50

    Paradigma DRM: Traies damemria

    Paula Carneiro1 e Pedro Albuquerque2

    Como pode uma memria

    ser falsa? As memrias no so re-

    cordaes de coisas que nos acon-

    teceram, que experiencimos, ouvi-

    mos e vimos? Parece que nem sem-

    pre O que a investigao nos

    mostra que podemos recordar

    informaes e acontecimentos que

    na realidade no ocorreram. Vejamos o seguinte exemplo.

    Imagine que lhe pediam para memorizar as se-

    guintes palavras: inverno, quente, calor, neve, gelo, casa-

    co, roupa, lareira, desconforto, cachecol, arrepio, tremer,

    agasalho, cama e aquecedor. Quando lhe pedirem para

    dizer o que ouviu ou viu muito provvel que venha a re-

    petir algumas das palavras que ouviu mas tambm a pala-

    vra frio. E se lhe disserem que frio no tinha sido apresen-

    tado voc no vai acreditar. Vai ficar confuso pois tinha

    toda a certeza de que essa palavra tinha sido apresenta-

    da. Na realidade trata-se de uma iluso de memria.

    Esta iluso ocorre porque as palavras que foram

    apresentadas esto fortemente associadas palavra frio,

    denominada de palavra crtica dessa lista. Na lista que foi

    In-Mind_Portugus, 2010, Vol.1, N. 2-3, 14-21 Carneiro e Albuquerque, Traies da memria

    14

    1 Centro de Investigao em Psicologia da Universidade de Lisboa.

    2

    Escola de Psicologia, Universidade do Minho.

  • 7/30/2019 In-Mind_Portugus, 2010, Vol. 1, N. 2-3

    17/50

    apresentada aproximadamente 80% das pessoas comete

    esse erro (Albuquerque, 2005).

    Este procedimento to simples denomina-se

    paradigma de associados convergentes ou DRM por

    abarcar as primeiras letras dos autores que o conceberam

    (Deese em 1959 e Roediger e McDermott em 1995), e tem

    suscitado a realizao de muitas outras investigaes.

    Este efeito tem-se mostrado muito robusto eacontece mesmo em variadssimas situaes nas quais se

    esperaria a sua eliminao. Por exemplo, o efeito persiste,

    se bem que em menor grau, mesmo quando as pessoas

    so previamente avisadas de que este tipo de listas de

    palavras pode originar memrias falsas (Gallo, Roberts, &

    Seamon, 1997; McDermott & Roediger, 1998). surpre-

    endente como as pessoas caem nesta iluso mesmo de-

    pois de terem sido avisadas de que o procedimento pode

    dar origem a erros de memria.

    Da mesma forma, o efeito ocorre mesmo emsituaes em que a ateno dada s palavras escassa,

    tais como quando a ateno se encontra dividida entre

    esta tarefa e outra actividade (Pimentel, 2008; Prez-Mata,

    Read, & Diges, 2002; Peters, Jelicic, Gorski, Sijstermans,

    Giesbrecht, & Merckelbach, 2008; Dewhurst et al., 2007)

    ou quando as palavras da lista so apresentadas sublimi-

    narmente, i.e., com tempos de exposio que tornam as

    palavras imperceptveis (Seamon, Luo, & Gallo, 1998;McDermott & Watson, 2001). Nestas situaes, a memria

    para as palavras apresentadas fica prejudicada ou quaseinexistente mas mesmo assim ocorrem memrias falsas.

    Sabe-se tambm que, quando decorrem grandes

    intervalos de tempo entre a apresentao das listas e o

    teste de memria, de um ou dois dias a uma semana, as

    memrias verdadeiras so as mais facilmente deterioradas

    pelo tempo (McDermott, 1996; Thappar & McDermott,

    2001). As memrias das palavras crticas so menos sus-

    ceptveis passagem do tempo e por isso se diz que o

    esquecimento destas palavras crticas menor do que o

    esquecimento das palavras que na realidade foram apre-

    sentadas.

    Mas que erros de memria so estes relativamente

    imunes a avisos, interferncia e passagem do tem-

    po? E que ocorrem mesmo quando as palavras da

    lista no so perceptveis?

    So vrias as teorias que tm procurado explicar

    este tipo de memrias falsas mas presentemente aquelas

    que concebem dois processos oponentes so considera-

    das as mais promissoras. Ambas as teorias, do trao difu-

    so (Brainerd & Reyna, 1998) e da activao-monitorizao

    (Roediger, Balota, & Watson, 2001; Roediger, Watson,

    McDermott, & Gallo, 2001) concebem um primeiro pro-

    cesso em que existe a estimulao das memrias falsas e

    um segundo processo em que poder existir a eliminao

    desses erros. Segundo a teoria da activao-monitoriza-

    o a estimulao das memrias falsas ocorre atravs daactivao automtica da palavra crtica, originada pela

    acumulao de activao proveniente do processamento

    das palavras da lista, enquanto de acordo com a teoria do

    trao difuso este processo ocorre devido extraco do

    gistou significado geral da informao, o qual se encontra

    no tema da lista (palavra crtica). Enquanto a activao ou

    extraco do gist ocorrem na fase de codificao da in-

    formao, a eliminao do erro ocorre sobretudo na fase

    de recuperao. O processo de eliminao do erro poder

    ser denominado de diferentes formas consoante as teorias(monitorizao segundo a teoria da activao-monitoriza-

    o ou verbatim segundo a teoria do trao difuso) e nor-

    malmente corresponde a um processo deliberado e cons-

    ciente em que so usadas informaes especficas para

    rejeitar um item ou acontecimento falso. O conceito de

    monitorizao refere-se a qualquer processo de deciso

    que contribui para determinar as origens da informao

    que foi activada. No caso do paradigma DRM, se atribuir-

    mos a origem de uma memria falsa a um processo de

    gerao interno (ao facto de termos pensado nessa pala-

    In-Mind_Portugus, 2010, Vol.1, N. 2-3, 14-21 Carneiro e Albuquerque, Traies da memria

    15

  • 7/30/2019 In-Mind_Portugus, 2010, Vol. 1, N. 2-3

    18/50

    vra), em vez de a um acontecimento real do mundo exter-

    no (ao facto de termos ouvido ou visto essa palavra), ento

    ser mais fcil eliminar esse erro de memria; se pelo con-

    trrio, existir uma falha na monitorizao, poder ento

    surgir uma memria falsa, o que no caso do paradigma

    DRM se traduz na recordao ou reconhecimento falsos

    das palavras crticas das listas apresentadas. Por outro

    lado, o conceito de trao verbatim tem sido usado pela

    teoria do trao difuso para definir o trao que armazena as

    caractersticas especficas do estmulo, o qual poder con-tribuir para a eliminao do erro proveniente da activao

    dogistda lista.

    No caso do paradigma DRM sabe-se que a rela-

    o associativa que as palavras apresentadas tm com a

    palavra crtica (fora associativa retrgrada) um factor

    determinante para a formao de uma memria falsa (Ro-

    ediger, Watson, et al., 2001). Listas que possuem maior

    fora associativa produzem, na generalidade, mais mem-

    rias falsas do que listas com fraca fora associativa (Gallo

    & Roediger, 2002).

    Mas que factores sero determinantes para a elimi-

    nao do efeito?

    Um dos factores que nos parece fundamental

    para que a activao da palavra crtica no origine uma

    memria falsa tem a ver com a identificabilidade do tema

    da lista (Carneiro, Fernandez & Dias, 2009). Sabe-se que

    em algumas listas de palavras o tema ou assunto da lista

    facilmente detectado, correspondendo palavra crtica,

    enquanto noutras listas dificilmente detectado. Se o

    tema da lista for facilmente identificado, de uma forma

    consciente na altura em que as palavras vo sendo apre-

    sentadas, provvel que as pessoas faam um esforo

    para no emitirem essa palavra num teste de memria

    posterior. Assim, quando as pessoas percebem que todas

    as palavras apresentadas esto relacionadas a uma outra,

    a qual no foi apresentada, muito possvel que tentem

    ficar com essa palavra em mente para a exclurem do teste

    de memria, como um possvel item que no foi apresen-

    tado. Esta estratgia utilizada para inibir a formao de

    memrias falsas denomina-se identificar-para-rejeitar,

    pois para rejeitarem a palavra crtica os participantes tero

    de previamente identific-la correctamente como sendo o

    tema da lista (Gallo, 2004).

    Assim, num estudo em que se compararam listas

    em que as palavras crticas so muito facilmente identific-veis pela maior parte das pessoas com outras muito pou-

    co identificveis, encontraram-se nveis mais elevados de

    memrias falsas para as palavras crticas pouco identific-

    veis, tanto em tarefas de recordao como de reconheci-

    mento (Carneiro, Fernandez, & Dias, 2009). Este resultado

    parece indicar que os participantes utilizam a estratgia

    identificar-para-rejeitar quando conseguem identificar

    correctamente o tema das listas. Mas s conseguiremos

    utilizar a identificabilidade do tema da lista para rejeitar

    memrias falsas se conseguirmos identificar correctamen-

    te esse tema e tivermos tempo para pensar na resposta

    (Carneiro, Diez, & Fernandez, 2009). Como qualquer estra-

    tgia de rejeio de memrias falsas, o processo de dis-

    criminar as palavras que foram apresentadas das no

    apresentadas requer tempo e por isso, se a resposta num

    teste de reconhecimento tiver de ser dada dentro de um

    tempo definido e curto (por exemplo, menos de um se-

    gundo), esse efeito de identificabilidade dissipa-se. Nessas

    condies, no se encontram diferenas significativas en-

    tre as memrias falsas de listas mais e menos identific-

    veis (Carneiro, Diez, & Fernandez, 2009).

    In-Mind_Portugus, 2010, Vol.1, N. 2-3, 14-21 Carneiro e Albuquerque, Traies da memria

    16

  • 7/30/2019 In-Mind_Portugus, 2010, Vol. 1, N. 2-3

    19/50

    Mas teremos todos ns a mesma capacidade de

    utilizar estratgias de rejeio de memrias falsas?

    Em que altura surge esta capacidade? Para respon-

    der a esta questo necessitamos entender como as

    crianas respondem a este paradigma.

    Sabe-se que, ao contrrio do que se observa

    noutros paradigmas de estudo das memrias falsas (para-

    digma da informao falsa ou da imaginao) as crianas

    produzem menos memrias falsas com este paradigma doque os adultos (e.g., Brainerd, Reyna, & Forrest, 2002).

    Isto deve-se ao facto de as crianas mais novas terem

    mais dificuldade na extraco do significado geral de

    qualquer informao ou acontecimento (gist) (Brainerd et

    al., 2002). Ainda, outros autores (Howe, Wimmer, Gagnon,

    & Plumpton, 2009) atribuem este resultado ao facto de o

    vocabulrio, automaticidade e acessibilidade dos concei-

    tos aumentar com a idade.

    Este aumento das memrias falsas com o des-

    envolvimento persiste mesmo quando as listas so espe-

    cificamente concebidas para a sua idade (Carneiro, Albu-

    querque, Fernandez, & Esteves, 2007). No entanto, note-

    se que listas especficas para a faixa etria estudada ge-

    ram na generalidade mais memrias falsas, o que refora a

    ideia que a extraco do gistnas crianas pode ser facili-

    tado se for utilizado material apropriado para elas.

    Poderia ento supor-se que, pelo facto de ascrianas produzirem menos memrias falsas do que os

    adultos, isso significaria que elas seriam mais capazes de

    rejeitar essas memrias. Na realidade algumas investiga-

    es assim o indicam (Howe, 2005), mas a nossa pers-

    pectiva de que, apesar de as crianas produzirem me-

    nos memrias falsas do que os adultos, elas tambm tm

    mais dificuldade em rejeit-las. E para elucidar este ponto

    de vista apresentamos trs estudos que assim o indicam.

    In-Mind_Portugus, 2010, Vol.1, N. 2-3, 14-21 Carneiro e Albuquerque, Traies da memria

    17

  • 7/30/2019 In-Mind_Portugus, 2010, Vol. 1, N. 2-3

    20/50

    Por exemplo, no estudo j citado (Carneiro et al., 2009)

    verificou-se que, enquanto a estratgia identificar-para-re-

    jeitar utilizada naturalmente por adultos, ela no es-

    pontaneamente utilizada por crianas. Pelo contrrio, ob-

    servou-se que as crianas produzem mais memrias fal-

    sas para listas em que as palavras crticas so mais facil-

    mente identificveis. possvel que as palavras mais iden-

    tificveis sejam as mais activadas e por isso, em popula-

    es com dificuldades de utilizar estratgias de rejeio,

    elas acabem por produzir mais memrias falsas.

    Noutro estudo mostrou-se que factores que habi-

    tualmente facilitam a rejeio de memrias falsas em adul-

    tos, no produzem efeito em crianas (Carneiro & Fernan-

    dez, 2010). Tanto o facto de se avisar os participantes do

    efeito DRM, como o facto de se aumentar o tempo de

    apresentao das palavras da lista, diminuram as mem-

    rias falsas em pr-adolescentes, mas no em pr-escola-

    res.

    E ainda noutra investigao mostrou-se que,

    quando as listas de palavras so compostas por exempla-

    res de categorias (ex., nomes de frutos, tais como banana,

    pra, laranja, uvas, melo, etc.), as crianas mais novas,

    contrariamente s mais velhas, produzem mais reconhe-

    cimentos falsos para o nome da categoria (ex., fruta) (Car-

    neiro, Albuquerque, & Fernandez, 2009). As crianas mais

    velhas utilizam o seu conhecimento categorial, nomeada-

    mente o facto de saberem que os itens apresentados so

    de um nvel hierrquico diferente do nome da categoria

    (bsico vs sobreordenado) para rejeitar todos os itens quecorrespondem a um nvel hierrquico diferente. Por sua

    vez, as crianas mais novas produzem nveis considerveis

    de reconhecimento falso para o nome da categoria (ex.,

    fruta), idntico ao reconhecimento falso de exemplares

    dominantes que no tinham sido apresentados (ex.,

    ma), provavelmente porque no possuem um conheci-

    mento explcito da organizao hierrquica do conheci-

    mento conceptual (Blewitt, 1994).

    Tal como as crianas, os idosos tambm possu-

    em dificuldades especficas na rejeio de memrias fal-

    sas, sendo este o factor responsvel pelas diferenas que

    se assistem entre idosos e jovens adultos na produo

    dessas memrias. Enquanto a quantidade de memrias

    verdadeiras diminui a partir da idade adulta, a quantidade

    de memrias falsas normalmente aumenta (Balota, Corte-

    se, Duchek, Adams, Roediger, McDermott, & Yerys, 1999;

    Norman & Schacter, 1997). Este tipo de resultados parece

    indicar que existe activao das palavras crticas nos ido-sos, mas que a correcta monitorizao no bem sucedi-

    da.

    Resumindo, o paradigma DRM exemplifica uma

    das metodologias de estudo das memrias falsas em la-

    boratrio, ilustrando a facilidade com que produzido este

    tipo de distores de memria. As explicaes mais actu-

    ais deste fenmeno DRM reforam a ideia de que ns

    dispomos de dois tipos de processos antagnicos, um

    que leva ao erro e outro que tenta eliminar o erro e ser o

    equilbrio destes dois processos que vai determinar a pro-

    duo ou no de uma memria falsa. Nem sempre as

    estratgias de memria que tentam prevenir a produo

    de erros de memria esto operacionais e por isso se as-

    siste a um elevado nmero de memrias falsas em algu-

    mas listas. Ns defendemos que a facilidade ou dificulda-

    de em detectar o tema da lista (palavra crtica) um factor

    determinante na aplicao da estratgia identificar-para-

    rejeitar, uma das estratgias de rejeio das memrias

    falsas mais utilizadas no paradigma DRM. Defendemos

    tambm que, na generalidade, os processos de rejeiovo estando mais operacionais ao longo do desenvolvi-

    mento mas, apesar disso, em situaes standard, a pro-

    duo de memrias falsas aumenta com a idade. Isto quer

    dizer que ambos os processos de estimulao e de elimi-

    nao do erro evoluem com a idade e que se o evento

    no favorece a monitorizao ou qualquer outro processo

    de rejeio ento encontramos um aumento das memrias

    falsas. Pelo contrrio, se o evento favorece estes proces-

    sos (ex., avisando os participantes ou aumentando o tem-

    po de apresentao das palavras), normalmente assiste-se

    In-Mind_Portugus, 2010, Vol.1, N. 2-3, 14-21 Carneiro e Albuquerque, Traies da memria

    18

  • 7/30/2019 In-Mind_Portugus, 2010, Vol. 1, N. 2-3

    21/50

    anulao das diferenas etrias, ou at em alguns casos

    pode ocorrer uma diminuio das memrias falsas com a

    idade.

    Glossrio

    Item crtico: palavra que no apresentada e qual to-das as palavras da lista esto fortemente associadas.

    Fora associativa de uma lista: mdia da percentagem

    com que cada palavra da lista est associada ao item crti-

    co. normalmente derivada de tarefas de associao livre

    em que pedido para os participantes evocarem a primei-

    ra palavra que lhes vem mente depois de lhes ser apre-

    sentada a palavra alvo.

    Fora associativa retrgrada: reflecte a fora associati-

    va na direco da palavra apresentada para o item crticoem oposio fora associativa antergrada que significa

    a fora associativa do item crtico para com a palavra da

    lista.

    Gist: termo proposto pela teoria do trao difuso para ca-

    racterizar um tipo de trao de memria que capta a es-

    sncia do acontecimento, o seu significado geral. O outro

    tipo de trao de memria proposto por esta teoria deno-

    mina-se verbatim e representa as caractersticas especfi-

    cas do estmulo.

    Disperso automtica da activao: termo utilizado

    pela teoria da activao-monitorizao para caracterizar a

    propagao da activao atravs de uma rede semntica.

    A activao de um n propaga-se para ns vizinhos rela-

    cionados atravs das ligaes associativas. Este efeito

    mais forte e mais rpido para ns que esto fortemente

    associados e tende a dissipar-se medida que se espa-

    lha.

    Monitorizao: termo proveniente da teoria da monitori-

    zao da fonte (Johnson, Hashtroudi, & Lindsay, 1993), a

    qual defende que os sujeitos ao recuperarem a informao

    tendem a reportar-se origem das suas memrias. Este

    termo foi adaptado pela teoria da activao-monitorizao

    para explicar a formao de memrias falsas: se o sujeito

    atribui a origem da sua memria a uma fonte incorrecta

    pode surgir uma memria falsa.

    Identificabilidade: qualidade do item crtico ser identifi-cado como o tema da lista. Normalmente, a identificabili-

    dade do item crtico pode ser medida atravs da percen-

    tagem de participantes que depois de lhes ser apresenta-

    da a lista de palavras refere o item crtico como o tema da

    lista.

    Referncias

    Albuquerque, P.B. (2005). Produo de evocaes e re-

    conhecimentos falsos em 100 listas de palavras

    associadas portuguesas. Laboratrio de Psicologia,

    3, 3-12.

    Balota, D.A., Cortese, M.J., Duchek, J.M., Adams, D.,

    Roediger, H.L., McDermott, K.B., & Yerys, B.E.

    (1999). Veridical and false memories in healthy older

    adults and in dementia of the Alzheimers type.

    Neuropsychology, 16, 361-384.

    Blewitt, P. (1994). Understanding categorical hierarchies:

    The earliest levels of skill. Child Development, 65,

    1279-1298.

    Brainerd, C.J., & Reyna, V.F. (1998). Fuzzy-trace theory

    and childrens false memories. Journal of Experi-

    mental Child Psychology, 71, 81-129.

    In-Mind_Portugus, 2010, Vol.1, N. 2-3, 14-21 Carneiro e Albuquerque, Traies da memria

    19

    http://cat.inist.fr/?aModele=afficheN&cpsidt=3308135http://www.ingentaconnect.com/content/psych/pcgn/1999/00000016/f0030003/art00009http://www.idml.medicine.arizona.edu/Articles/Fuzzy%2520trace%2520theory%2520and%2520childrens%2520false%2520memories%2520JECP%25201998.pdfhttp://www.idml.medicine.arizona.edu/Articles/Fuzzy%2520trace%2520theory%2520and%2520childrens%2520false%2520memories%2520JECP%25201998.pdfhttp://www.idml.medicine.arizona.edu/Articles/Fuzzy%2520trace%2520theory%2520and%2520childrens%2520false%2520memories%2520JECP%25201998.pdfhttp://www.idml.medicine.arizona.edu/Articles/Fuzzy%2520trace%2520theory%2520and%2520childrens%2520false%2520memories%2520JECP%25201998.pdfhttp://cat.inist.fr/?aModele=afficheN&cpsidt=3308135http://cat.inist.fr/?aModele=afficheN&cpsidt=3308135http://www.ingentaconnect.com/content/psych/pcgn/1999/00000016/f0030003/art00009http://www.ingentaconnect.com/content/psych/pcgn/1999/00000016/f0030003/art00009
  • 7/30/2019 In-Mind_Portugus, 2010, Vol. 1, N. 2-3

    22/50

    Brainerd, C. J., Reyna, V. F., & Forrest, T. J. (2002). Are

    young children susceptible to the false-memory

    illusion? Child Development, 73, 1363-1377.

    Carneiro, P., Albuquerque, P., & Fernandez, A. (2009). Op-

    posite developmental trends for false recognition of

    basic and superordinate names. Memory, 17, 411-

    427.

    Carneiro, P., Albuquerque, P., Fernandez, A., & Esteves, F.(2007). Analyzing false memories in children with

    associative lists specific for their age. Child Devel-

    opment, 78, 1171-1185.

    Carneiro, P., Diez, E., & Fernandez, A. (2009). Speeded

    retrieval eliminates the effect of the identifiability on

    false memories. Poster apresentado na 50th An-

    nual Meeting of the Psychonomic Society, Boston,

    Novembro 2009.

    Carneiro, P., & Fernandez, A. (2010). Age differences in therejection of false memories: The effects of giving

    warning instructions and slowing the presentation

    rate. Journal of Experimental Child Psychology,

    105, 81-97.

    Carneiro, P., Fernandez, A., & Dias, A.R. (2009). The influ-

    ence of theme identifiability on false memories:

    Evidence for age-dependent opposite effects.

    Memory & Cognition, 37, 115-129.

    Deese, J. (1959). On the prediction of occurrence of par-

    ticular verbal intrusions in immediate recall. Journal

    of Experimental Psychology, 58, 17-22.

    Dewhurst, S.A., Barry, C., Swannell, E.R., Holmes, S.J.,

    Bathurst, G.L. (2007). The effect of divided atten-

    tion on false memory depends on how memory is

    tested. Memory & Cognition, 35, 660-667.

    Gallo, D. A. (2004). Using recall to reduce false recognition:

    Diagnostic and disqualifying monitoring. Journal of

    Experimental Psychology: Learning, Memory, and

    Cognition, 30, 120-128.

    Gallo, D. A., Roberts, M. J., & Seamon, J. G. (1997). Re-

    membering words not presented in lists: Can we

    avoid creating false memories? Psychonomic Bulle-

    tin & Review, 4, 271-276.

    Gallo, D. A. & Roediger, H. L. (2002) Variability among

    word lists in eliciting memory illusions: Evidence forassociative activation and monitoring. Journal of

    Memory and Language, 47, 469-497.

    Howe, M.L. (2005). Children (but not adults) can inhibit

    false memories. Psychological Science, 16, 927-

    931.

    Howe, M.L., Wimmer, M.C., Gagnon, N., & Plumpton, S.

    (2009). An associative-activation theory of childrens

    and adults memory illusions. Journalof Memory &

    Language, 60, 229-251.

    McDermott, K.B. (1996). The persistence of false memo-

    ries in list recall. Journal of Memory & Language,

    35, 212-230.

    McDermott, K. B. & Roediger, H. L. (1998). Attempting to

    avoid illusory memories: Robust false recognition of

    associates persists under conditions of explicit

    warnings and immediate testing. Journal of Mem-

    ory & Language, 39, 508-520.

    McDermott, K. B. & Watson, J. M. (2001). The rise and fall

    of false recall: The impact of presentation duration.

    Journal of Memory & Language, 45, 160-176.

    Norman, K.A., & Schacter, D.L. (1997). False recognition in

    younger and older adults: Exploring the characteris-

    tics of illusory memories. Memory & Cognition, 25,

    838-848.

    In-Mind_Portugus, 2010, Vol.1, N. 2-3, 14-21 Carneiro e Albuquerque, Traies da memria

    20

    http://www.sciencedirect.com/science?_ob=ArticleURL&_udi=B8JB9-4NRM2T0-3&_user=10&_coverDate=07%252F31%252F1959&_rdoc=1&_fmt=high&_orig=search&_origin=search&_sort=d&_docanchor=&view=c&_rerunOrigin=scholar.google&_acct=C000050221&_version=1&_urlVersion=0&_userid=10&md5=3f933c670134fdd030e64a7f4d7b8940&searchtype=ahttp://www.sciencedirect.com/science?_ob=ArticleURL&_udi=B8JB9-4NRM2T0-3&_user=10&_coverDate=07%252F31%252F1959&_rdoc=1&_fmt=high&_orig=search&_origin=search&_sort=d&_docanchor=&view=c&_rerunOrigin=scholar.google&_acct=C000050221&_version=1&_urlVersion=0&_userid=10&md5=3f933c670134fdd030e64a7f4d7b8940&searchtype=ahttp://www.sciencedirect.com/science?_ob=ArticleURL&_udi=B8JB9-4NRM2T0-3&_user=10&_coverDate=07%252F31%252F1959&_rdoc=1&_fmt=high&_orig=search&_origin=search&_sort=d&_docanchor=&view=c&_rerunOrigin=scholar.google&_acct=C000050221&_version=1&_urlVersion=0&_userid=10&md5=3f933c670134fdd030e64a7f4d7b8940&searchtype=ahttp://www.sciencedirect.com/science?_ob=ArticleURL&_udi=B8JB9-4NRM2T0-3&_user=10&_coverDate=07%252F31%252F1959&_rdoc=1&_fmt=high&_orig=search&_origin=search&_sort=d&_docanchor=&view=c&_rerunOrigin=scholar.google&_acct=C000050221&_version=1&_urlVersion=0&_userid=10&md5=3f933c670134fdd030e64a7f4d7b8940&searchtype=ahttp://www.sciencedirect.com/science?_ob=ArticleURL&_udi=B8JB9-4NRM2T0-3&_user=10&_coverDate=07%252F31%252F1959&_rdoc=1&_fmt=high&_orig=search&_origin=search&_sort=d&_docanchor=&view=c&_rerunOrigin=scholar.google&_acct=C000050221&_version=1&_urlVersion=0&_userid=10&md5=3f933c670134fdd030e64a7f4d7b8940&searchtype=ahttp://mc.psychonomic-journals.org/content/37/2/115.abstracthttp://mc.psychonomic-journals.org/content/37/2/115.abstracthttp://www.sciencedirect.com/science?_ob=ArticleURL&_udi=B6WJ9-4XJN7FT-1&_user=10&_coverDate=02%252F28%252F2010&_rdoc=1&_fmt=high&_orig=search&_origin=search&_sort=d&_docanchor=&view=c&_rerunOrigin=scholar.google&_acct=C000050221&_version=1&_urlVersion=0&_userid=10&md5=3fa5a02df7892d4f942d07a72a63c8b8&searchtype=ahttp://www.sciencedirect.com/science?_ob=ArticleURL&_udi=B6WJ9-4XJN7FT-1&_user=10&_coverDate=02%252F28%252F2010&_rdoc=1&_fmt=high&_orig=search&_origin=search&_sort=d&_docanchor=&view=c&_rerunOrigin=scholar.google&_acct=C000050221&_version=1&_urlVersion=0&_userid=10&md5=3fa5a02df7892d4f942d07a72a63c8b8&searchtype=ahttp://memoryuminho.xtreemhost.com/Publications_files/carneiro,%2520albuquerque,%2520fernandez%2520%2526%2520esteves.pdfhttp://memoryuminho.xtreemhost.com/Publications_files/carneiro,%2520albuquerque,%2520fernandez%2520%2526%2520esteves.pdfhttp://memoryuminho.xtreemhost.com/Publications_files/carneiro,%2520albuquerque,%2520fernandez%2520%2526%2520esteves.pdfhttp://memoryuminho.xtreemhost.com/Publications_files/carneiro,%2520albuquerque,%2520fernandez%2520%2526%2520esteves.pdfhttp://www.idml.medicine.arizona.edu/Articles/Are%2520young%2520children%2520susceptible%2520to%2520the%2520false%2520memory%2520illusion%2520.pdfhttp://memory.wustl.edu/Pubs/2001_McD.pdfhttp://memory.wustl.edu/Pubs/2001_McD.pdfhttp://www.psych.wustl.edu/memory/Roddy%2520article%2520PDF's/McDermott%2520and%2520Roediger%25201998.pdfhttp://www.psych.wustl.edu/memory/Roddy%2520article%2520PDF's/McDermott%2520and%2520Roediger%25201998.pdfhttp://www.psych.wustl.edu/memory/Roddy%2520article%2520PDF's/McDermott%2520and%2520Roediger%25201998.pdfhttp://memory.wustl.edu/Pubs/1996_McD_JML.pdfhttp://memory.wustl.edu/Pubs/1996_McD_JML.pdfhttp://www.sciencedirect.com/science?_ob=ArticleURL&_udi=B6WK4-4V0VBXY-1&_user=10&_coverDate=02%252F28%252F2009&_rdoc=1&_fmt=high&_orig=search&_origin=search&_sort=d&_docanchor=&view=c&_rerunOrigin=scholar.google&_acct=C000050221&_version=1&_urlVersion=0&_userid=10&md5=2212cbd14d4bdaea93f6e7dce8b9d54f&searchtype=ahttp://www.sciencedirect.com/science?_ob=ArticleURL&_udi=B6WK4-4V0VBXY-1&_user=10&_coverDate=02%252F28%252F2009&_rdoc=1&_fmt=high&_orig=search&_origin=search&_sort=d&_docanchor=&view=c&_rerunOrigin=scholar.google&_acct=C000050221&_version=1&_urlVersion=0&_userid=10&md5=2212cbd14d4bdaea93f6e7dce8b9d54f&searchtype=ahttp://www.psych.lancs.ac.uk/people/uploads/MarkHowe20060109T104444.pdfhttp://memorylab.uchicago.edu/pdf/Gallo_Roediger_02.pdfhttp://memorylab.uchicago.edu/pdf/Gallo_Roediger_02.pdfhttp://memorylab.uchicago.edu/pdf/Gallo_Roediger_02.pdfhttp://www.wjh.harvard.edu/~dgallo/Galloetal97.pdfhttp://www.wjh.harvard.edu/~dgallo/Galloetal97.pdfhttp://www.wjh.harvard.edu/~dgallo/Gallo04.pdfhttp://www.wjh.harvard.edu/~dgallo/Gallo04.pdfhttp://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/9421570http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/9421570http://memory.wustl.edu/Pubs/2001_McD.pdfhttp://memory.wustl.edu/Pubs/2001_McD.pdfhttp://www.psych.wustl.edu/memory/Roddy%2520article%2520PDF's/McDermott%2520and%2520Roediger%25201998.pdfhttp://www.psych.wustl.edu/memory/Roddy%2520article%2520PDF's/McDermott%2520and%2520Roediger%25201998.pdfhttp://www.psych.wustl.edu/memory/Roddy%2520article%2520PDF's/McDermott%2520and%2520Roediger%25201998.pdfhttp://www.psych.wustl.edu/memory/Roddy%2520article%2520PDF's/McDermott%2520and%2520Roediger%25201998.pdfhttp://memory.wustl.edu/Pubs/1996_McD_JML.pdfhttp://memory.wustl.edu/Pubs/1996_McD_JML.pdfhttp://memory.wustl.edu/Pubs/1996_McD_JML.pdfhttp://memory.wustl.edu/Pubs/1996_McD_JML.pdfhttp://www.sciencedirect.com/science?_ob=ArticleURL&_udi=B6WK4-4V0VBXY-1&_user=10&_coverDate=02%252F28%252F2009&_rdoc=1&_fmt=high&_orig=search&_origin=search&_sort=d&_docanchor=&view=c&_rerunOrigin=scholar.google&_acct=C000050221&_version=1&_urlVersion=0&_userid=10&md5=2212cbd14d4bdaea93f6e7dce8b9d54f&searchtype=ahttp://www.sciencedirect.com/science?_ob=ArticleURL&_udi=B6WK4-4V0VBXY-1&_user=10&_coverDate=02%252F28%252F2009&_rdoc=1&_fmt=high&_orig=search&_origin=search&_sort=d&_docanchor=&view=c&_rerunOrigin=scholar.google&_acct=C000050221&_version=1&_urlVersion=0&_userid=10&md5=2212cbd14d4bdaea93f6e7dce8b9d54f&searchtype=ahttp://www.sciencedirect.com/science?_ob=ArticleURL&_udi=B6WK4-4V0VBXY-1&_user=10&_coverDate=02%252F28%252F2009&_rdoc=1&_fmt=high&_orig=search&_origin=search&_sort=d&_docanchor=&view=c&_rerunOrigin=scholar.google&_acct=C000050221&_version=1&_urlVersion=0&_userid=10&md5=2212cbd14d4bdaea93f6e7dce8b9d54f&searchtype=ahttp://www.sciencedirect.com/science?_ob=ArticleURL&_udi=B6WK4-4V0VBXY-1&_user=10&_coverDate=02%252F28%252F2009&_rdoc=1&_fmt=high&