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    Semana 7 – Marzo, 4: Estudio de texto de portugués medio: Ivo Castro,IHP (172-184)El portugués clásico y moderno

    Português Clássico (século XVI)

    A inauguração do português clássico pode ser assinalada pela publicação da primeira gramálíngua, escrita em português. A representação do último auto de Gil Vicente ( Floresta de Enganos ) e a morte de Garcia de Resende,tudo em 1536, são acontecimentos que marcam a retirada de duas das mais importantes person vinculadas à língua literária de época pré-clássica.O funcionamento do último ano lectivo da universidade em Lisboa (1536-37) e a sua instadefinitiva em Coimbra (1537) significam ter sido encerrado um ‘baluarte de escolasticismpreconceito medieval’. A universidade de Coimbra será, até ao final da monarquia, em 1910, a única univers

    funcionando em Portugal e formando as elites não só da metrópole, como também das colóniacontrário, Espanha criou niversidades em Lima e no México logo em 1551.

    1. Eliminação de D intervocálico

    Para efeitos de periodização, podemos assumir que o português clássico começou quando comquando morreram os últimos falantes que diziamolhade , queredes ou cobride . E estes morreram com Gil Vicente. (Ivo Castro)

    2. Verbo ser

    Um outro traço que caracteriza o estado da língua em Portugal no início do século XVI é a vaentre formas antigas e modernas para a 1ª pessoa singular do presente do indicativo do verboser :- a forma latinasum , o qual foi afectado pela concentração das terminações nasais emão e passou aser grafado comosão e comosam , ambas as grafias correspondendo ao ditongo nasal. Todas estformas enfermavam de um problema, que não existira na flexão latina: colidiam homonimicacom a 3ª pessoa plural, derivada desunt . Daí a necessidade de encontrar alternativas, através dformas analógicas:sou (por influência deestou ) esejo (deseja ). Finalmente, temos uma forma grafadaso ou soo, resultante da desnasalação desom ou, mais provavelmente, representando a pronúnciameridional, monotongada, desou . Assiste-se, de uma forma generalizada, ao declínio da forma ant( som ) e ao predomínio da forma média ( são ), em disputa com a forma moderna ( sou ). Ainda sobre o verbo ser, a meados do século XVI – diz Rosa Virgínia Mattos e Silva – o verdeixa de ter o traço semântico de transitoriedade. A variação ser / estar, expressandtransitoriedade, pode ser vista já documentada noTestamento de Afonso II onde surgem: “Eu rei don Afonso (...)sendo sano e saluo” e “e todas aquelas cousas que Deus mi deu em podersten em paz”.

    3. Verbo ter e haver

    A exclusão deser , na expressão da transitoriedade, e o dehaver , na de posse, podem ser indicadoreslinguísticos que marcam 1540 como um forte candidato para, juntamente com outros indicaintralinguísticos e extralinguísticos, delimitar os finais do período arcaico da língua portuguesa

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    Dividindo as possibilidades de objeto possuído em propriedades inerentes (PI),ceguidade , cinquenta anos , em propriedades adquiríveis imateriais (PAI), graça , poderio, fé , ira , e em propriedades adquiríveismateriais (PAM),remédio, mezinhas , carneiros , ovelhas , Virgínia Mattos e Silva chega às seguintespercentagem de utilização dos verboster e haver . Enquanto no caso das PAM a utilizaçãomaioritária do verbo ter dá-se no século XIV, no caso das PAI em 1500 o verboter ainda só temuma percentagem de 55% e só em 1540 sobe para 95%.

    Para a mesma autora, Virgínia Mattos e Silva, há uma evolução ao nível dos verbos existenciperíodo arcaico (ou antigo) do português mostra que concorriam nesse contexto os verbosser ehaver . Ser, existencial, continua o uso latino do verboesse . Contudo, já no chamado latim vulgar

    habere , verbo de posse no latim padrão, está documentado nos séculos IV e V como existencial.No século XIII esta autora encontrou a predominância deser como existencial (ser, 56%, haver,44%),ser em textos legais, haver em textos literários ( Cantigas de Santa Maria ). Ao findar o século XV, naCarta de Caminha encontrou apenashaver como existencial e umaocorrência em que já o verboter pode ser interpretado como existencial e que a autora encontrmais abundantemente em João de Barros. Na análise do conjunto da obra pedagógica e daPrimeiraDécadade João de Barros, Mattos e Silva verifica que nas 89 ocorrências de contextos ‘existepredomina, tal como no período arcaico, o verbohaver , verbos existencial preferencial; oetimológico, provindo do latim padrão,ser , ainda ocorre com baixa frequência de uso, 6 vezes. Oinovadorter aponta em quatro ocorrências que a autora interpreta como existencial.

    5. Fonética do português do século XVI

    5.1. Simplificação das sibilantes

    A principal mudança de natureza fonológica que marca o português do século XVI é a simplifdo sistema de sibilantes. A este respeito Teyssier afirma que o português clássico ainda enconsistema de quatro sibilantes (ts, dz,3 , 4 ).Só por volta de 1550, os textos começam a revelar com frequência hesitação na representação do ponto de articulação: a apical e a predorsal sonora permutam entre si as grafias e enquanto as suas correspondentes surdas compartilham as grafias e ou .

    5.2.Distinção entre /b/ e /v/

    A confusão entreb e v tem um território limitado aos dialectos do norte e centro de Portugal e ucronologia que, na escrita, apenas se começa a manifestar no final da Idade Média, o que sugefenómeno de desenvolvimento tardio. Enquanto nos dialectos portugueses do sul, e talveromance moçárabe que lhes serviu de substracto, havia desde o latim vulgar uma clara distinçãdois fonemas, a oclusiva bilabial sonora e a fricativa labiodental igualmente sonora ,distinção consagrada na escrita, onde e nunca se confundem, no norte de Portugal, e noresto de Espanha setentrional, a posição de era ocupada por uma bilabial fricatizada , que

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    facilmente se confundia com a oclusiva , especialmente em posição intervocálica, e que está norigem da confusão fonética e gráfica.

    5.3.Vogais no português quinhentista

    O sistema de vocalismo tónico do português quinhentista incluía ainda as sete unidades distique conhecem dos períodos anteriores: . A vogal central ainda não adquirirapertinência distintiva.O vocalismo átono não final apresentava um conjunto de fonemas superior ao do português a A par das vogais antigas, havia novas vogais resultantes das crases anti-hiáticas, bem codesdobramento em duas da vogal . E ainda não tinha ocorrido a elevação deee deo.Merecem particular atenção os casos de pregar e morar , cujas vogais pré-tónicas sofreram umaelevação para /e’/ e /u/ respectivamente, elevação que se deu na totalidade do território portugu- a conservação das átonas não elevadas no português do Brasil e nos crioulos de base portuparece sugerir que, pelo contrário, as duas vogais não sofreram alteração até muito tpossivelmente até das maciças deslocações de colonos portugueses para o Brasil, ordenadamarquês de Pombal. É convicção de Teyssier que a elevação das vogais pré-tónicas medigeneralizou no português europeu durante a segunda metade do século XVIII, mas diversos mostram de a elevação dee e o já na primeira metade do século XVII.

    7. As conjunções no século XVI- Therezinha Mello Barreto

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    8. Clíticos :

    - no português antigo: naoração principal o clítico é adjacente ao verbo e tanto pode estar em prócliscomo em ênclise, mas aênclise é mais frequente; naoração subordinada o clítico está sempre em próclise .- no português médio: naoração principal a próclise torna-se mais frequente; naoração subordinada verifica-se

    sempre a próclise .- no português clássico: na oração principala próclise é a posição quase única; na oração subordinada ,mantém-se a situação dos períodos anteriores ( próclise ).- no português moderno: naoração principalnão havendo proclisadores torna-se obrigatória aênclise ; naoração subordinada , mantém-se a situação do período anterior ( próclise ). A inversão da tendência dominante a favor da próclise ocorre durante a primeira metade do século XVe coincide com todas as importantes mudanças linguísticas que levaram Esperança Cardeira a f‘crise’.