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Semana 5 – Febrero, 19: Estudio de textos medievales:“Testamento de D. Afonso II” in Ivo Castro, Introdução à
História do Português (116-128)y ejercicios de Transcripción Fonética
Testamento de D. Afonso II - Versão em português moderno dos seis parágrafos iniciais:
Em nome de Deus. Eu rei Dom Afonso, pela graça de Deus rei de Portugal, sendo são e salvo,temendo dia da minha morte, a saúde da minha alma e a prol (= em proveito) de minha mulherrainha Dona Urraca e de meus filhos e de meus vassalos e de todo o meu diz minha manda (=mandado, testamento) para que depois da minha morte minha mulher e meus filhos e todas aquelascoisas que Deus me deu estejam em paz e em folgança (= descanso, tranquilidade). Primeiramentemando que meu filho infante Dom Sancho que (hei = verbo haver) tenho da rainha Dona Urraca
tenha (agia, haja = verbo haver) meu reino inteiramente e em paz. E se for morto sem semmel (=sémen, descendência) o maior (= mais velho) filho que houver da rainha Dona Urraca haja o reinointeiramente e em paz. E se filho varão não houvermos (= tivermos), a maior (= mais velha) filhaque tivermos haja-o. E se no tempo (= momento) da minha morte meu filho ou minha fiha quedever reinar não houver révora (= não tiver alcançado a puberdade), seja em poder da rainha suamãe, e meu reino seja em poder da rainha e de meus vassalos até quando haja révora. E se eu formorto, rogo ao apostólico (= papa) como padre e senhor e beijo a terra ante seus pés que ele recebaen sua comenda e defendimento (= confiança, proteção, defesa) e seu ... a rainha e meus filhos e oreino. E se eu e a rainha formos mortos, rogo-lhe e prego-lhe que os meus filhos e o reino sejam emsua comenda. E mando a dízima dos moravidis (= moeda antiga) e dos dinheiros que me restaram departe do meu pai que são (= estão) em Alcobaça ... que seja partido (= repartido) pelas mãos do
arcebispo de Braga e do arcebispo de Santiago e do bispo do Porto e de Lisboa e de Coimbra e de Viseu e de Lamego e de Idanha e de Évora e de Tui e do tesoureiro de Braga.
(consultado: Danielle da Silva Araújo, “Uma leitura lexico-semântica do Testamento de D. AfonsoII”)
EN’LO - En’o: contracção da preposição latina IN com o artigo O. /no/ < eno < eno < enno >en’lo < en (e)lo < in illo < in illu: Vejo lo cavalo. (Vogal + L + Vogal).
DEUS: E era aberto por derivar de E breve tónico latino, e as duas sílabas converteram-se numaatravés da ditongação do hiato. E + U > E + W.
O vocabulário românico descende normalmente do Acusativo, mas há casos em que estes vocábulos vêm do Nominativo, do Ablativo e do Genitivo.
EU: /ego/ > /ey $/ > /#o/ > /#-u/ > /# w/. O O /$/ aberto final fechou para /o/ e depois para/u/, e o hiato evoluiu para um ditongo.
DON: Surge de Dominus, I (senhor). Dominum > domnu > donno > dõno > dõ(no) > dõ.
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De Dominum surgiu Dom e Dono / Dona. Ao lado da forma pleno dono (proprietário)desenvolveu-se com o valor de título de nobreza ou cortesia, sempre antecedendo um nome próprioa forma /dõ/, obtida por apócope da sílaba final –no.
GRACIA : /gratia/ > /grat * a/ > gratsa/ > /grasa/. A grafia pode ser considerada uma
hipercorrecção, porquanto representa uma consoante cujo étimo é TI, que se confundia com CI. SEENDO: O verbo SER, em português antigo SEER provem do verbo latino sedere – ser, estarsentado, estar assente, encontrar-se.
SANO: A grafia não representa uma consoante, mas a nasalidade da vogal anterior,correspondendo a sua posição a um hiato [sã-u, re & -a, d & -eiros, mã-us, lisbõ-a, comemoratsõ-es, '-a ].Os hiatos nasais entre os séculos XIII e XV foram sendo eliminados assim:- transformando o hiato em ditongo (uma das vogais transforma-se em semivogal): mã-us > mãos.- Desenvolvimento epentético de uma consoante entre as vogais em hiato: / (/ após / & /: ra & -a >
rai- (-a, d & -eiros > di- (-eiros, /m/ após [ ' ], como '-a > u-ma. -
A epêntese de [ ( ] pode ter começado no século XIII. A epêntese de [m] será mais tardia porque agrafia uma só se generaliza a partir do século XVI e a pronúncia [ 'a] continua a ter vida dialectalhoje em dia.
- A epêntese também pode ser de uma semivogal [j], em casos como CENA > c%-a > ce-a > ce-j-a(CEIA), ou ARENA > ar%-a > are-a > are-j-a (AREIA).
- Outra modalidade de eliminação do hiato é a crase de duas vogais iguais (DOLORE > door >
dor).
DIA : Diem > diam > dia. No latim vulgar algumas palavras mudaram da 5ª declinação para a 1ªdeclinação. Em francês e italiano vingou um outro étimo mais recente: DIURNUM > jour / giorno.
MIA :/mia/ > m#a > mea > mja > ma. A forma moderna minha supõe /m
& a/, derivada de /mia/por nasalação progressiva.
meum > m# meam > m & a > minha tuum > t#u > [t# w] tuam > > tuasuum > s#u > [s# w] suam > > suanostrum > > nosso vestrum > > vosso
suum > s#u > [sew]
FILIO: A grafia para a palatal [ , ], como antes em molier (mulher).
EI: HABEO > abjo > ajo > aj > ej. O verbo haver funcionava ainda como forma plena e com osignificado etimológico de ‘possuir’.
HABEO > ajo > aj > ejHABES > *has > as
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HABET > *hat > aHABEMUS > avemos (mas também HEMUS > emos)HABETIS > avedes > aveis (século XVI), mas também HETIS > edes > eisHABENT > * HANT – ã > ão (século XVI)
AGIA / AIA : HABEAT > abja > aja > ad+a [haja – presente conjuntivo do verbo haver]
INTEG(RA)M(EN)TE / ENTEIRAM(EN)TE: INTEGRUM > entegro > enteiro. /gr/ >/jr/. FRAGRARE > flagrar > t * ajrar > t * ejrar [cheirar].
SEGIA / SEIA : SEDEAT > s#dja > s#d+a > sed+a [seja]
ATA : < árabe HATTA (até que, a fim de que) / > *AD TENUS > *AD TENES > at%es > atem >até
BEIGIO / BEIO: BASIUM > bazio > bazjo > bajzo > beijzo > bej+o [beijo]
IDANIA / TENIO: - IGAEDITANIA > Igetanja > Idanha; - TENEO > tenjo > tenho. Ambosos escribas representam com a grafia a palatal nasal [ ( ]. Tal como vimos com a grafia (filio) ainda não ocorrem no Testamento as modernas grafias para as consoantes palatais.
REGNO / REINO: Embora em castelhano a evolução normal deste grupo fosse igual àportuguesa (LIGNA > leña e lenha), no caso particular de reino a sílaba inicial manteve-se intacta,com a semivogal, por causa da associação com rey .
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