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    Semana 4 – Febrero, 12:  la formación del gallego-portugués;principales marcas fonéticas del gallego-portugués. (7 págs.) 

    2ª Parte – Do século VIII ao galego-português

    É no período que medeia entre o século VIII e o século XII, posterior à invasão muçulmana de 711,que Paul Teyssier situa outras evoluções neste espaço Nordeste da Península onde se irá formar ogalego-português entre os séculos IX e XII.São várias as evoluções que Teyssier localiza neste período:

    a) Evolução dos grupos iniciais PL, CL e FL : 

    Estes grupos sofreram, num primeiro momento, uma palatalização do L, fenómeno que se produziunuma vasta zona que compreendia o galego-português, o leonês e o castelhano, e ainda um pesquenoterritório situado entre a Catalunha e Aragão:

    Em castelhano  a consoante inicial caiu, tendo restado o L palatal, transcrito LL. O mesmoaconteceu na parte oriental do leonês. Todavia, em galego-português e em leonês ocidental, a evolução foi mais profunda: a consoanteincial seguida de L palatal deu origem à africada [t *  ], que foi transcrita em galego-português por CH.Esta evolução não se produziu na zona moçárabe, pelo que o galego-português e o  leonêsocidental isolam-se não apenas dos vizinhos do Leste, mas também dos vizinhos do Sul.

    Latim plenu planu plicare clamare flagrarePortuguês cheo > cheio chão chegar chamar cheirarCastelhano lleno llano llegar llamar (não atestada)Catalão ple pla arribar

    b) Evolução dos grupos PL, CL e FL iniciais para PR. CR, FR : 

    Noutra série de palavras de uso menos comum foi esta a evolução:

    Latim placere clavu flaccuPortuguês prazer cravo fracoCastelhano placer clavel flacoCatalão plaer clavell feble

     Manutenção dos grupos PL, CL, FL e BL :

    Um outro conjunto de palavras eruditas conservou os grupos iniciais:

    Português pleno clima flauta bloco

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    c) Queda do L intervocálico:

    Este fenómeno, possível resultado de uma pronúncia velar do L intervocálico, ocorreu possivelmenteem fins do século X, incidiu sobre um grande número de palavras e contribuiu para criar em galego-português vários grupos de vogais em hiato. A queda do L intervocálico produziu-se apenas em galego-português, não aparece nem a leste nem asul – nem no leonês, nem no castelhano, nem nos falares moçárabes.É a queda do L intervocálico que explica a forma que possuem no plural as palavras terminadas em Lno singular: sol > so(l)es > soes > sóis.

    Latim salire palatiu calente 

    Dolore Colore colubra Voluntade filu candela populu periculu

    Gal.-Port

    sair paaço caente 

    Door Coor coobra voontade fio candea poboo perigoo

    Portg. sair paço quente dor Cor cobra vontade fio candeia povo perigoCast. salir caliente dolor Color culebra voluntad hilo candela pueblo peligroCatal. Surtir calent dolor Color culebra voluntat fil candela poble Perill

    d) Queda do N intervocálico:

    Este fenómeno produziu-se depois da queda do L intervocálico, no século XI, e provavelmenteainda estava em curso no século XII. É mais complexo do que o anterior porque envolve umanasalização da vogal que o procede. Em todas estas palavras a vogal nasal e a que veio a segui-ladirectamente depois da queda do N pertenciam a duas sílabas diferentes.É um fenómeno que, tal como a da queda do N intervocálico, se dá unicamente em galego-português, não se verificando nem em castelhano, nem em leonês, nem nos falares moçárabes.Nas regiões centrais e meridionais de Portugal, a toponímia oferece muitos exemplos de Nintervocálicos que se mantiveram até aos nossos dias.

    Latim vinu manu panatariu minutu genesta seminare arenaGal-port. vio mã-o paadeiro meudo g %-eesta seme-ar ar%-aPort. mão padeiro semear areiaCastelhano mano panadero menudo sembrar arena

     _____________________________________________________________________________

    Latim luna vicinu lana homines bonuGal.-port. l'-a vez & -o lãa homees bõoPort. lua lã homem bomCastelhano luna lana hombre bueno

    e) Evolução da morfologia e da sintaxe

     A evolução que se processa do latim ao galego-português é semelhante à que leva às outras línguasromânicas, em particular ao castelhano:

    -   A declinação nominal simplifica-se e acaba por desaparecer; sobrevivem apenas duas formasoriundas do acusativo latino, uma para o singular, outra para o plural.

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    -   As relações que o latim exprimia pelas desinências de caso são agora expressas porpreposições ou pela colocação da palavra na frase: o sujeito à esquerda do verbo, oscomplementos verbais à direita do verbo.

    -  Os géneros reduzem-se a dois (é suprimido o género neutro).-  O futuro simples é substituído por uma perífrase construída com o verbo habere .

    O artigo definido forma-se a partir do demonstrativo ille : illum > lo > o; illam > la > a; illos> las > as; illas > las > as. Como estes artigos vinham frequentemente precedidos depalavras terminadas por vogal ( vejo lo cavalo; vende la casa  ) o L desapareceu à semelhança detodos os L da língua que se achavam em posição intervocálica, razão pela qual se chegou àsformas o, a , os , as .

    Periodização da língua portuguesa :

    Época Leite Vasconcelos

    SerafimSilva Neto Pilar Vquez Cuesta Lindley Cintra

     Até 882 (sec. IX) Pré-histórico Pré-histórico Pré-

    -literário

    Pré-

    -literário Até 1214-16 Proto-histórico Proto-histórico Até 1385-1420 Português-

    -arcaico Trovadoresco Gal.-português Português antigo

     Até 1536-1550 Português comum Port.pré-clássico Português médio Até séc. XVIII Português

    modernoPortuguês clássico Português clássico

     Até séc. XIX-XX Port. moderno Port. moderno

     português   pré-literário  (até 1200-14-16);  português   antigo  (até 1385-1420);  português   médio  (até 1536-50); português  clássico (até ao século XVIII); português  moderno (até século XIX-XX).

    2. Área inicial do galego-português – Origens do Português no Quadro Românico 

     A área inicial do galego-português é a Galécia Magna, no noroeste da Península Ibérica. A componente principal do português é o latim.Outras componentes são as línguas de substrato, já faladas no noroeste da Península antes da chegadados romanos, e as línguas de superstrato faladas pelos povos que, entre a queda do Império Romano(século V) e o aparecimento dos estados cristãos (século X), passaram por esta região da Península.

    Para J. M. Piel, o território em que nasceu e se desenvolveu o romance galego-português é aGallaecia Magna, ou Maior, cujos dialectos, no plano fonético e no lexical, apresentam de modopraticamente exclusivo as características que ainda hoje individualizam o português e o galego noconjunto das línguas românicas. Constituem-na as actuais províncias portuguesas do Douro Litoral,Minho e ocidente de Trás-os-Montes, quase toda a Galiza (com excepção do oriente da província deOrense) e a parte ocidental da província de Oviedo. De fora fica parte de Trás-os-Montes, a orientede Vila Real, onde, segundo Pidal, houve povoamento moçárabe até Miranda do Douro.

    Se as cinco unidades originárias da Reconquista (galego-portuguesa, leonesa, castelhana, aragonesa ecatalã) se tivessem limitado a ocupar os territórios árabes que lhes ficavam directamente a sul o mapapolítico peninsular teria hoje um aspecto zebrado, com cinco estados longos e estreitos, dispostosparalelamente de norte a sul (à semelhança de Portugal).

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    Se é verdade que a sorte das armas e da política condicionou o desenho do espaço que albergaria alíngua portuguesa, só com os movimentos de populações deslocadas para os territóriosreconquistados dão vida e língua à ocupação. Três tipos de repovoamento se reconhece em todo oocidente da Península no período da Reconquista:

    1)  povoamento particular e monacal – segue-se à reconquista asturiana e leonesa que vem co oimperador Fernando Magno, até ao Mondego e a Salamanca, em meados do século XI. Trata-se do povoamento da Galécia Magna, que fora percorrida e repetidamente devastadapelos invasores muçulmanos, mas nunca por eles ocupada.

    2)  povoamento municipal – corresponde ao reinado de Afonso VI de Leão e à época deinstalação do condado portucalense.

    3)  povoamento das ordens militares – na fase final da Reconquista (século XII-XIII) os reisportugueses repousaram no apoio das ordens militares (Templo, Santiago...), que assumirama guerra entre o vale do Tejo e o Guadiana.

    2. Português Antigo:

    -  Em 882 foi escrito, em latim, o mais antigo documento original do futuro território português, aEscritura da Igreja de Lardosa.

    - A Notícia de Fiadores, descoberta no fim da década de noventa, na Torre do Tombo, por AnaMaria Martins, data de 1175, do reinado de D. Afonso Henriques, é o documento mais antigoconhecido escrito em português.

    -  Durante décadas pensava-se que a Notícia do Torto – que Lindley Cintra pensava ter sidoescrito em 1211 – e o Testamento de D. Afonso II – datado de 1214, e estudado por Avelino Jesus da Costa – eram os textos mais antigos escritos em português.

    -   As datas seguintes (1385-1420) denotam as grandes transformações que se deram em Portugalentre o final da primeira dinastia e a consolidação da dinastia de Avis: as guerras, as passagens dapeste negra, a alteração do quadro político, a deslocação para sul dos centros de influência e aentrada em contacto com a cultura do renascimento, factores que não actuaram apenas na esfera

    social, mas marcaram claramente a língua.

    3. Século XIV e transformações da língua portuguesa

    Em meados do século XIV: duas passagens gravíssimas da peste negra que dizimara parte dapopulação. Logo a seguir, uma época de guerras com Castela: as de D. Fernando e as de D. João I,em consequência das quais se dá uma inversão nos equilíbrios políticos no nosso país. A nobreza daprimeira dinastia toma o partido da rainha de Castela. Contudo, com a perda da guerra por estanobreza e Castela, surge uma nova nobreza constituída por burgueses nobilitados ou por filhossegundos das casas nobres, que recebem terras e poder económico situado no centro e no sul dopaís. Enquanto o centro-sul se torna cada vez mais influente, o norte de Portugal perde o estatuto de

    berço do reino e passa a ser visto como uma província distante. E a Galiza, com a qual tem asmaiores afinidades, torna-se ainda mais distante.O português sofre então transformações que o afastam da matriz medieval galego-portuguesa: arelatinização do léxico ou a adopção do castelhano como segunda língua literária.

    -  1536 é a data em que foi publicada a primeira gramática portuguesa de Fernão de Oliveira.

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    Grafia :

    É na segunda metade do século XIII que se estabelecem certas tradições gráficas. O testamento de Afonso II (1214) já utiliza CH para a africada [t *  ], consoante diferente do [  *  ], ao qual se aplica a grafiaX.

    Para N palatal e L palatal é somente após 1250 que começam a ser usadas as grafias de origemprovençal NH e LH. O til (~), sinal de abreviação, serve frequentemente para indicar a nasalidadedas vogais, que pode vir também representada por uma consoante nasal. Apesar de suas imprecisões e incoerências, a grafia do galego-português medieval aparece como maisregular e ‘fonética’ do que aquela que prevalecerá em português alguns séculos mais tarde.

    Fonética e Fonologia

    Vogais :

    Em galego-português, o acento tónico podia recair na última sílaba, na penúltima e, muito raramente,na antepenúltima.

    a) Os fonemas vocálicos eram mais numerosos quando tónicos:i ue o#  $ 

    a

    Exemplos: /i/ aqui, amigo; /e/ verde, vez; /#/ perde, dez; /a/ mar, levado; /$/ pós, porta; /o/ pôs,boca; /u/ tu, alhur. Pode-se perguntar se, desde essa época, o fonema /a/ não se realizaria como /"/diante de consonantes nasais ( ama, ano, banho ).

    b) Em posição átona final o sistema reduzia-se a:

    (i)e o

    a

     A existência, nos textos mais antigos, de um fonema /i/ átono final pode ser verificada nosimperativos do tipo vendi ,  parti , nas primeiras pessoas do singular do perfeito de verbos como estivi , pudi , nas segundas pessoas do singular do perfeito, cantasti ,  partisti , e em certas palavras como longi,viinti, eiri (ontem). Mas, no início do século XIV, todas essas formas apresentam um E final: vende, parte, estive, pude, cantaste, partiste . O sistema reduz-se, então, aos três fonemas representados pelas

    letras E, A, O.

    Encontram-se grafias em – u (em vez de – o ) nos textos mais antigos o que tem sido interpretado deduas formas: (1) como prova de desde essa época o galego-português pronunciaria o O átono finalcomo [u] em palavras como havemos ou campo; (2) como latinismos ou como formas de traduzirum timbre muito fechado de – O final. Na opinião de Teyssier, as três átonas finais do galego-português medieval deviam ter uma pronúncia breve, e /e/ e /o/ seriam muito fechados.

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    c) Em posição átona não final (em posição pretónica) as oposições entre /e/ e /#/, de um lado, eentre /o/ e /$/, de outro, desapareciam. O sistema reduzia-se então aos cinco fonemas:

    i ue o

    aDitongos :

     Timbre final – i Timbre final – u

    ui iuei oi eu ou

    ai au

    Exemplos: primeiro, mais, coita, fruito, partiu, vendeu, cautivo, cousa. O timbre inicial era, para ei  eeu um [e] fechado, e para oi e ou um [o] fechado.

    Sistema de consoantes

    Labiais Dentais Alveolares Palatais Velares UvularOclusivasSurdas /p/ /t/ /k/Sonoras /b/ /d/ /g /  AfricadasSurdas /ts/ /t * /Sonoras /dz/ /t+/

    FricativasSurdas /f/ /3/ / * /Sonoras /v/ /4 / /+/Nasais /m/ /n/ / (/Laterais /l/ /,/ Vibrantes /r-R/Semivogais /w/ /j/

    É com relação às fricativas dentais-alveolares (as ‘sibilantes’) e as palatais (as ‘chiantes’) que o sistemaconsonântico do galego-português medieval certamente mais se afastava do de hoje. Havia um par deafricadas (surda e sonora) /ts/ e /dz/, bem diferentes de /s/ e /z/.

    O sistema fonológico do galego-português medieval constituído por seis fonemas novos:/ts/ > /s/: cidade, cem  /dz/> /z/: prezar  /d+ />/+/: gente, vejo / ! / roxo  /"/ filho  / #/ senhor, tenho 

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    Vogais nasais :

     As vogais /i/, /e/, /a/, /o/ e /u/ são nasalizadas por uma consoante nasal implosiva, isto é, seguidade outra consoante –  pin to, sen te , cam po, lon  o, mun   o – , ou final de palavra – exemplo, fin , quen , pan ,acaron , comun . Em posição átona final pode-se ter -en , -an   e – on   (senten, venderan, venderon).Quando a consoante nasal termina a palavra, a grafia mais comum foi por muito tempo – n . Porém,desde o período do galego-português medieval, começam a aparecer nesta posição grafias em  –m :quen  passa a quem , cantan  a cantam , grafia que se vai generalizar posteriormente.

    4.  Ciclo de Formação e Ciclo de Expansão da Língua

    4.1. Ciclo da Formação – transplantação inicial da língua, que parte da sua área inicial na Galécia Magnapara se derramar pelo resto do território europeu, onde se sobrepõe ao árabe que as populaçõesreconquistadas falavam. A partir da introdução de algumas mudanças muito extensas na língua falada no território inicial daGalécia Magna, língua que, entre os séculos V e VII, era ainda uma variedade de latim oral, o ciclo deformação da língua decorre entre os séculos IX e XV, na esteira da reconquista do território dos

    árabes.- É neste período que L e N intervocálicos começam um processo de apagamento. Estes doisfenómenos produziram-se apenas na Galécia Magna e afectaram o latim aí falado, que passou adistinguir-se do latim falado ao centro da ilha (que daria origem ao castelhano e leonês) e do latimfalado a sul, na Lusitânia.- Outra mudança de natureza fonética contemporânea das anteriores, afecta as palavras latinascomeçadas pelo par de consoantes PL, CL, FL. Estes três grupos consonânticos iniciais evoluempara o som africado palatal /t * /.O galego-português primitivo, entre os séculos VI e XI, era uma língua que de facto ninguémescrevia.Os trovadores – galegos, portugueses e castelhanos – escreviam todos na mesma língua, mas era uma

    língua artificial e nao necessariamente a língua em que cada um falava.

    4.2. Ciclo da Expansão – o segundo período, do século XV a inícios do XVI, dá-se igualmente para sule consiste em um salto para fora da Europa (para a África, Ásia e América). É o período em que alíngua mais radicalmente se transfigura.

    O léxico enriquece-se por vários motivos: contacto com línguas exóticas, importação de cultismoslatinos e gregos, adopção do castelhano como segunda língua literária. Afirma-se um padrão nacional, descrito pelos gramáticos do século XVI e seguintes.Os dialectos distribuem-se segundo um mapa muito semelhante ao moderno, com um norteconservador e um centro-sul. Correspondente às terras conquistadas, mais nivelado e modernizado.

    4.3. Português extra-europeu :

    1)  transportou dialectos de Portugal para territórios como o Brasil, a África e a Ásia e aí tevedesenvolvimentos próprios.

    2)  ao longo do litoral dos três continentes que visitou, o português associou-se a línguas locaispara produzir pidgins e crioulos, talvez segundo uma matriz única (proto-crioulo português),o que explicaria semelhanças entre línguas que nunca estiveram em contacto. Esse processo

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    deu, como resultados modernos, a situação linguística de Cabo Verde, Guiné-Bissau, São Tomé e certas áreas do Índico e Oceania, onde predominam crioulos de base portuguesa.

    4.4. Fontes escritas :

    O estudo dos estados passados de uma língua conta com dois métodos clássicos conjeturais:a)

     

    a reconstrução dos estados passados baseada na comparação entre variedades modernas,deles geneticamente derivadas.

    b)   A exploração de fontes escritas produzidas na época que é objecto de atenção (textos escritospor uma variedade de motivos, pragmáticos, espirituais ou artísticos). A partir do século XVI,com a publicação de gramáticas e outros escritos metalinguísticos em português, a essasfontes adicionam-se outras que não só descrevem um estado da língua, como são deleexemplo: funcionam, ao mesmo tempo, como fontes primárias e secundárias.

    Desde a formação do galego-português e até ao século XVI apenas fontes escritas primáriaspodem documentar o percurso seguido pela língua.

     A documentação produzida no território galego-português após a formação do romance, quepode ser usada como fonte para estudo dos sucessivos períodos da língua medieval, pode serdividida em dois grupos:a)  textos não-literários , que são geralmente explícitos quanto ao local e data em que foram escritos

    e quanto aos participantes nos diversos locais da sua produção.b) textos  literários .

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    Semana 5 – Febrero, 19: Estudio de textos medievales:“Testamento de D. Afonso II” in Ivo Castro, Introdução àHistória do Português (116-128)y ejercicios de Transcripción Fonética

     Testamento de D. Afonso II - Versão em português moderno dos seis parágrafos iniciais:

    Em nome de Deus. Eu rei Dom Afonso, pela graça de Deus rei de Portugal, sendo são e salvo,temendo dia da minha morte, a saúde da minha alma e a prol (= em proveito) de minha mulherrainha Dona Urraca e de meus filhos e de meus vassalos e de todo o meu diz minha manda (=mandado, testamento) para que depois da minha morte minha mulher e meus filhos e todas aquelascoisas que Deus me deu estejam em paz e em folgança (= descanso, tranquilidade). Primeiramentemando que meu filho infante Dom Sancho que (hei = verbo haver) tenho da rainha Dona Urraca

    tenha (agia, haja = verbo haver) meu reino inteiramente e em paz. E se for morto sem semmel (=sémen, descendência) o maior (= mais velho) filho que houver da rainha Dona Urraca haja o reinointeiramente e em paz. E se filho varão não houvermos (= tivermos), a maior (= mais velha) filhaque tivermos haja-o. E se no tempo (= momento) da minha morte meu filho ou minha fiha quedever reinar não houver révora (= não tiver alcançado a puberdade), seja em poder da rainha suamãe, e meu reino seja em poder da rainha e de meus vassalos até quando haja révora. E se eu formorto, rogo ao apostólico (= papa) como padre e senhor e beijo a terra ante seus pés que ele recebaen sua comenda e defendimento (= confiança, proteção, defesa) e seu ... a rainha e meus filhos e oreino. E se eu e a rainha formos mortos, rogo-lhe e prego-lhe que os meus filhos e o reino sejam emsua comenda. E mando a dízima dos moravidis (= moeda antiga) e dos dinheiros que me restaram departe do meu pai que são (= estão) em Alcobaça ... que seja partido (= repartido) pelas mãos do

    arcebispo de Braga e do arcebispo de Santiago e do bispo do Porto e de Lisboa e de Coimbra e de Viseu e de Lamego e de Idanha e de Évora e de Tui e do tesoureiro de Braga.

    (consultado: Danielle da Silva Araújo, “Uma leitura lexico-semântica do Testamento de D. AfonsoII”)

    EN’LO - En’o: contracção da preposição latina IN com o artigo O. /no/ < eno < eno < enno >en’lo < en (e)lo < in illo < in illu: Vejo lo cavalo. (Vogal + L + Vogal). 

    DEUS: E era aberto por derivar de E breve tónico latino, e as duas sílabas converteram-se numaatravés da ditongação do hiato. E + U > E + W.

    O vocabulário românico descende normalmente do Acusativo, mas há casos em que estes vocábulos vêm do Nominativo, do Ablativo e do Genitivo.

    EU: /ego/ > /ey $/ > /#o/ > /#-u/ > /# w/. O O /$/ aberto final fechou para /o/ e depois para/u/, e o hiato evoluiu para um ditongo.

    DON: Surge de Dominus, I (senhor). Dominum > domnu > donno > dõno > dõ(no) > dõ.