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    Semana 3 – Febrero, 5:  la formación de las lenguas románicas.Romanización de Europa y de la Península Ibérica. Latin clásico ylatin vulgar; la formación de las lenguas iberorrománicas (antes do

    século VIII (7 págs.)

     

    1. A romanização da Península Ibérica

     A ocupação da Hispânia foi uma empresa difícil, que durou 200 anos. Pimeiro foi ocupada a costacatalã: Ampúrias (218 a.c.) e Tarragona. Seguiu-se a ocupação de Sagunto (215) e de Cartagena (208),mais para sul. Em 206 a.c. foi fundada Itálica (perto de Sevilha), o que culminou a ocupação da partemeridional da Península, concluída em apenas doze anos. Nas terras do centro, a conquista demoroumuito mais: foram precisos dois séculos para pacificar o NW (campanha de Júlio César em 61 a.c.,campanha de Augusto em 27 d.c.).Um facto surpreendente é o intervalo muito longo que medeia entre a pacificação do NW (noroeste),

    sob o imperador Augusto, e a sua ascensão ao estatuto de província autónoma, que só ocorreu notempo do imperador Caracalla (216 d.c.). Então, a região recebeu o nome de Gallaecia et Asturica,por ser povoada antes da romanização por galécios e ástures. Até à sua declaração como província, oNW dependia administrativamente da província Tarraconense, mas é de supor que o seu isolamentotenha sido responsável pela tardia chegada das instituições civilizacionais. A sobrevivência, na Gallaecia, e em todo o norte peninsular, das línguas pré-romanas até pouco antesde ter início a desagregação do império criou condições para que o latim local fosse submetido afortes pressões inovadoras de substrato, sem ter tido tempo de sedimentar.

    2. Evolução do Latim clássico ao Latim vulgar  

    Informações sistemáticas e relativamente numerosas sobre o latim vulgar só começam no século I danossa era. É de admitir que com a quebra do sistema educativo romano acelarada a partir do século V e coincidindo com as invasões bárbaras, se tenha aberto uma brecha difícil de colmatar entre alíngua falada e o latim escrito.Com o concílio de Tours (813), o latim fica relegado quase definitivamente para a posição de línguaescrita, deixando o plano da oralidade à ‘rustica romana lingua’.Não existe propriamente uma literatura em latim vulgar, mas sim textos muito influenciados por ele. A esses textos dá-se o nome de fontes do latim vulgar .O latim vulgar não só evoluiu no tempo, como possuía importantes variações regionais, assim comodiferentes estilos e níveis de linguagem.

     A romanização da Península Ibérica definiu duas grandes regiões :

    - a Hispânia Ulterior (Bética e Lusitânia) – centro e sul da Península- a Hispânia Citerior (Tarraconense) – norte e sudeste da Península

    Na Bética, isolada e culta, falava-se um latim mais conservador, mais purista. Pelo contrário, a Tarraconense oriental era obrigatória de legionários, colonos e mercadores: é natural que a línguafosse menos cuidada, com maior número de neologismos e estrangeirismos. Com o avanço daromanização, os centros urbanos do ocidente da Península – Mérida, Évora, Braga e Astorga –receberam com muita probabilidade o latim culto da Bética, enquanto na Tarraconense se difundiam

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    (topónimos), e nomes comuns pertencentes a alguns campos semânticos (guerra, administração,etc.).Germânico Latim PortuguêsSAIPO SAPONE SABÃOBURGS BURGUS BURGO WERRA GUERRA GUERRA

    (por BELLUM)

     Vamos encontrar grande quantidade de germanismos na antroponímia peninsular:  Álvaro, Fernando, Afonso, Rodrigo (> Rui  ), Elvira , Gonçalo, Raul . A maior concentração de toponímia germânica encontra-se no norte da Península. Pode assim dizer-se que a camada toponímica germânica do norte de Portugal, Galiza e Espanha foi aí instalada noséculo IX. Guimarães   (

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    2ª Parte – Do século VIII ao galego-português

    a) Evolução dos grupos iniciais PL, CL e FLb) Evolução dos grupos PL, CL e FL iniciais para PR. CR, FRc) Queda do L intervocálicod) Queda do N intervocálico e) Evolução da morfologia e da sintaxe

    1ª Parte – Do Latim Clássico ao século VIII

    a) Evolução do sistema vocálico: do latim clássico ao latim vulgar e línguas ibero-românicas

    a.1) Desaparecimento da diferença entre vogais longas e vogais breves:

     Tinha dez unidades, estrutura em três graus de abertura e divididas num subsistema de vogais longase breves e por três ditongos (ae, oe, au).

    O latim vulgar ocidental, incluindo o peninsular ibérico, simplificou esse sistema, dando lugar a um

    sistema de sete unidades, com quatro graus de abertura e total desaparecimento do traço longo /breve:

    i u

    e o

    #  $ 

    a

    a.2) Generalização do acento de intensidade (vogais tónicas e átonas)

    No latim imperial a sílaba que leva o acento é definida pelas seguintes regras:a)  palavras de duas sílabas: o acento recai na primeira. Exemplo: séptem > sete; dátum > dadob)  palavras de três sílabas ou mais: (1) o acento recai na penúltima sílaba se esta for longa

    ( a m cum > amigo; ca p llum > cabelo; (2) o acento recai na antepenúltima se a penúltima forbreve ( árborem > árvore; óminem > omem; quíndecim > qu nze  )

    Esta alteração parece ter-se dado por volta do século I d.c.

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    b) Vocalismo tónico do latim clássico ao latim imperial

    i longoi breve

    [i][i]

    ficum > figositim > sede

    e longoe breve

    [e][ #] aberto

    rete > redeterra > terra

    a brevea longo

    [a][a]

    latus > ladoamatum > amado

    o breveo longo

    [ $ ] aberto[o] fechado

    porta > portaamorem > amor

    u breveu longo

    [u][u]

    bucca > bocapurum > puro

    au [o] semi-fechadooe [e] semi-fechado foedum > feo > feioae [ # ] semi-aberto

    ou [e] semi-fechadocaecum  > cego

    c) Palatização dos grupos de consoantes CI, CE e GI e GE.

    Em latim clássico estes grupos de consoantes pronunciavam-se como /ki/, /ke/, /gi/ e /ge/.

    Do latim clássico ao latim vulgar

    gal.port.medieval

    Contexto de palavra latim português actual

    Ci /ki/ > /kyi/ > t!i >  /tsi/ civitatem cidade /s/Ce /ke/>/kye/> t!e > /tse/ centum cem /s/Ge /ge/> /ye/ Ø entre vogais o /y/ desaparece regina rainhaGi /ge/ >/ye/ frigidum FrioGe /ge/ > /d6/i /y/ > /d6/

    /d6//d6/

    em posição inicial o /y/ evolui gentemiulium

    gente /+/julho /+/

    I ou  E pronuncia-se em latim como /y/Gi + Vogal /ky/ > /d6y/

    Ki + Vogal /gy/ > /t!y/

    seguido de uma vogal: iu/ie/ia pretium,pretiare,hodiemediumspongia

    facio

    preço, prezar, hojemeioesponja

    façoL + Y > /,/ N + Y > / (/

    /,// (/ 

    filiumseniorem

    Filho /,/Senhor / (/ 

    d) Evolução do grupo consonantal CL intervocálico:

    É provavelmente nos três séculos entre a chegada dos povos germânicos à Península e a chegada dosmuçulmanos em 711, que se desencadeia a evolução do grupo consonantal CL. Nesta posição C,pronunciado como /k/, passa a yod [y]: oculum > oc’lu > oylo. Esta evolução é comum a todos osfalares hispânicos, mas as consequências não serão as mesmas segundo as regiões:

    -  em galego-português CL > [yl] > [ ,] l palatal- 

    em castelhano: CL > [d+ ]

    Latim clássico oculum auricula vetulumLatim vulgar oc’lu orc’la vec’luPortuguês olho orelha velhoGalego ollo orella velloCastelhano ojo oreja viejoCatalão ull orella vell

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    e) Evolução do grupo consonantal CT:

    O grupo CT passa a YT. Debilita-se e vocaliza-se o /k/ em [y].Divide-se a evolução nas línguas ibéricas numa bifurcação. Em galego-português, catalão mantém-seo T sem palatalizar. Em castelhano há primeira uma palatalização em [ts] e finalmente em [t *  ]. A

    língua portuguesa mantém ainda a pronúncia noite , enquanto o castelhano, continuando a evolução,apresenta hoje a africada [t *  ], escrita CH.

    Latim clássico nocte lectu lacte factu octoPortuguês noite leito leite feito oitoGalego noite leito leite feito oitoCastelhano noche lecho leche hecho ochoCatalão nit llit llet fet vuit

     f) Evolução das vogais abertas E e O nas línguas ibero-românicas :

    Latim cl pedem decem lectum novem fortem noctemLatim imp pede dece lectu nove forte noctePortug pé dez leito nove forte noiteGalego pé dez leito nove forte noiteCastelhano pie diez lecho nueve fuerte nocheCatalão peu deu llit nou fort nit

     A palavra latina nocte  ou lecho não evolui (em castelhano) para *nueche  como seria de esperar, de acordocom os restantes exemplos, devido a um caso de metafonia.

    Conclusão

     Ao começar o século VIII a Península estava dividida em dois romances – um sententrional e ummeridional – mesmo que no plano político o estado visigodo fosse um único.No norte , caminhando de ocidente para oriente, já se podia reconhecer um romance  que viria a ser o galego-português , separado de um outro romance  na futura região asturo-leonesa , que não se confundiria comaquele que nascia dos contactos entre o latim e o basco nos Cantábricos e nos Pirinéus ocidentais (ouseja, o futuro castelhano ). Mais a norte, o aragonês e o catalão despontavam como entidadeslinguisticamente autónomas.

    No centro e sul à faixa de pequenas nacionalidades setentrionais contrapõe-se um vasto territóriounificado pelo domínio muçulmano, o Andaluz. Aí convivem diversos grupos sociais muitodiferenciados entre si:

    Baladiyym  – árabes provenientes da Arábia e instalados na Península e no norte de África. Mouros ou bereberes – habitantes antigos da Mauritânia, parcialmente islamizados. Muwalladim – hispano-godos convertidos ao islamismo. Moçárabes   – hispano-godos ou hispano-romanos submetidos ao domínio muçulmano, mas nãoassimilados. Judeus  – dispunham de direitos iguais aos moçárabes.

    Os romances centrais e meridionais, que vislumbramos através de pequenos textos poéticostardiamente escritos (as hardjas), pouco futuro tiveram e nenhum deles chegou até nós.

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    1.7. Romance   Moçárabe :

    O moçárabe, ao contrário do castelhano, não perdeu o F inicial latino (  filyo ), nem o G inicial latinoantes de vogal palatal (  germanella  ). Ao contrário do galego-português, não perdeu N e L intervocálicos( alyenu , contenir , doler  ).O moçárabe é mais conservador que qualquer dos romances do norte.

    a) 

    preservação do PL inicial em catalão (  plantage  ) e aragonês (  plataina  ), mas não como osromances ocidentais e centrais, português ( chantagem  ), castelhano ( llantén  ).

    b)  preservação do T final latino (sonorizado em D) nas formas verbais da terceira pessoa.c)  preservação de E final depois de consoante líquida (MALE, AMORE, DORMIRE,

     VELARE).d)  a não sonorização de surdas intervocálicas ( lupayra , boyata  ).

     Também no plano lexical o moçárabe se revela descendente directo do latim arcaizante da Bética,conservando palavras como madrana (madrugada) ou garrir (dizer).Pode concluir-se que o romance moçárabe era a língua peninsular menos evoluída em relação aolatim, por aí se aproximando mais do português que do castelhano. Isto explica-se em parte pelo tipo

    de latim que lhe serviu de base e em parte pelas condições em que sobreviveu sob o domíniomuçulmano, estancado na sua evolução, coibido pelo árabe, relegado à intimidade doméstica.

     A fonte escrita mais importante para o conhecimento do moçárabe é constituída pelas hardjas ,fragmentos poéticos de dois a quatro versos, pertencentes a uma lírica oral tradicional decerto muitoantiga na Península (e de que uma outra manifestação se encontra nas cantigas de amigo galego-portuguesas). Esses fragmentos românicos foram utilizados por poetas árabes e judeus dos séculosXI a XIII para remate do muwashshah , longo poema narrativo de origem peninsular.

    Palavras de origem árabe :

    O número de palavras portuguesas de origem árabe andaria por volta de mil (954 segundo JoséPedro Machado, em Influência Arábica no Vocabulário Português  ). Porém, nem todas estas palavras foramtomadas aos ‘mouros’ da Península Ibérica, tendo sido introduzidas em diferentes momentos.Substantivos:- arroz, azeite, azeitona, bolota, açucena, alface, alfarroba, javali.- alfinete, alicate, albarda, alicerce, azulejo, almofada.- alfaiate, almocreve, arrais.- alcaide, almoxarife, alfândega.- acepipe, açúcar.- alferes, refém.- arrabalde, aldeia.

    - Alcântara (‘a ponte’), Almada (‘a mina’), Algarve (‘o ocidente’).Nestes casos, o artigo árabe  AL aglutinou-se com frequência aos substantivos, quer na sua formapura (al-godão), quer na forma que toma em árabe antes de palavras iniciadas por uma consoantedental, caso em que o L final do artigo se assimila a esta consoante. Este fenómeno produziu-sediante de R- ( arroz  ), diante de Ç- ( açúcar  ), diante de Z- ( azeite  ), diante de D- ( adufe  ). A preposição até , em português antigo atá , vem de hatta . A fórmula oxalá  provém da locução wa sa ‘ llah  (e queira Deus).

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