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    Semana 13 – Abril, 22:  Expansión de la lengua portuguesa en África y criollos de base portuguesa (4 págs.) 

    1. Português em Angola, Moçambique e Crioulos de base portuguesa

    1.2. Português em Angola :

    Uma das consequências da guerra civil foi o esvaziamento de grande parte do território, tendo aspopulações fugido para a zona circundante de Luanda, onde estariam concentrados quase um quartodos angolanos. Adoptado como veicular pelos adultos, é aprendido como primeira língua pelas crianças, o que amédio prazo poderá alterar bastante a distribuição das línguas no país e conferir ao português umpapel mais central.

    1.3. Português em Moçambique :

     Também em Moçambique se observa uma enorme concentração populacional em torno da capital,com as mesmas consequências sobre o recurso ao português como língua veicular para os adultos e,logo depois, como primeira língua para os nascidos nessa situação de deslocação. Apenas no norte, no distrito de Cabo Delgado, uma língua importada, o kiswahili , serve de veicularpara cerca de um milhão de moçambicanos.

    1.4. Crioulos de base portuguesa :

    Nas colónias africanas foi factor primordial, para a formação de crioulos de base portuguesa, achegada do português europeu e o desenraizamento étnico, provocado pela escravização de gruposmistos de africanos, deslocados para plantações coloniais. Estas condições favoreceram odesenvolvimento do tipo clássico do crioulo de plantação e o quase desaparecimento das línguasmaternas dos escravos.Em contraste, nas colónias portuguesas da Ásia, as colónias portuguesas constituíam ambientesmultilíngues, nos quais as línguas nacionais continuaram a ser faladas, influenciando por isso aformação dos crioulos. Durante o século XVI, foi seguida no Oriente uma política oficial decasamentos entre portugueses e mulheres locais, convertidas ao cristianismo. Estes casamentostiveram por efeito desenvolver rapidamente uma população mestiça, que constituía o suporte idealpara o crioulo.

    1.4.1. Crioulo:

     A formação e desenvolvimento do pidgin e crioulo é determinado principalmente por três forças:universais de desenvolvimento, influências do substrato, e influências do superstrato.Pidgins e crioulos combinam o léxico de uma língua – o superstrato que é a língua socialmentedominante – com a gramática de outra – o substrato ou língua socialmente inferior.O crioulo, enquanto língua materna de uma comunidade, obtida através de processos desimplificação, é uma língua autónoma e separada do português. Ao mesmo tempo, o portuguêsdesempenhou o papel de superstrato, não só no período da génese, mas também durante séculos decontacto com o crioulo.

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    Em 1981, Celso Cunha dá como substistindo no Oriente seis crioulos:-  na Malásia (o de Malaca)-  o de Macau-  o de Sri-Lanka- 

    na Índia (os de Chaúl e Korlai)-  na Índia (os de Tellicherry, Cananor e Fort Cochim)-  na Indonésia, na ilha de Java (o de Tugu)

    1.4.2. Crioulos em África :

    Em Cabo Verde há dois grupos de crioulos:-  o crioulo de Barlavento (nas ilhas de S. Vicente e Santo Antão)-  o crioulo de Sotavento (nas ilhas de Santiago, Fogo e Brava)

    1.4.3. Em São Tomé e Príncipe há diversos crioulos, além do português :- 

    forro-  moncó-  angolar

    1.4.4. Na Guiné-Bissau :-  o português não é língua veicular, como também não o é em Cabo Verde.

    não é segunda língua (como em Cabo Verde). 1. Crioulo e pidgin :

    O crioulo é uma língua que teve por base o português europeu, em dado momento da sua evolução,mas depois se afastou dele profundamente.

    Falam-se crioulos de base portuguesa em Cabo Verde, na Guiné-Bissau, numa pequena zona doSenegal (Casamance), e nas ilhas de São Tomé e Príncipe e Ano Bom (antiga Guiné Equatorial).Na Ásia, nas costas da Índia e no Sri-Lanka, em Malaca, e entre alguns habitantes de Macau.Na Oceania, existe o crioulo de Tugu, na ilha de Java.Na América Central, além do crioulos de base portuguesa como o ‘papiamento’ de Curaçau, Aruba eBonaire, e o dialecto de Surinam, na Guiana holandesa, existem os crioulos brasileiros, que aindasobrevivem em alguns pontos isolados do território do Brasil.

    Descrioulização: o processo de descrioulização em Macau, Timor-Leste, Goa, Damão e Diu ocorreu apartir do início do século XX quando a melhoria dos meios de comunicação rompeu o isolamentoem que estas áreas se encontravam em relação a Portugal, submergindo os crioulos locais sob umacamada de português europeu moderno. Idêntico processo terá acontecido em Angola eMoçambique.

    Pidgin : língua mista formada no contacto pouco demorado de adultos em locais de trânsito. Quandoo contacto dura o suficiente para surgir uma segunda geração de falantes, é natural que estes tenhamcomo língua materna (logo, crioulo) o que era um código de recurso para os pais.O proto-crioulo que deu origem as diferentes crioulos portugueses espalhados pela costa de África e Ásia e que, segundo alguns autores, também deu seu contributo à formação de crioulos de outrospaíses (nas Caraíbas, Filipinas ou do afrikaans , crioulo holandês da África do Sul) foi um pidgin.

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    2. Crioulo

    Os crioulos distinguem-se das outras línguas pela rapidez da sua formação, em condições históricasfora do comum: por necessidade social, falantes de diferentes línguas maternas procuram a todocusto comunicar entre si usando uma língua que, sendo mais funcional, no entanto não dominam,nem lhes é de fácil acesso.Os crioulos de base portuguesa nasceram num contexto de relações comerciais e de escravatura emque o português era a língua dominante. Uma vez formados, mantiveram-se, durante séculos, àsombra de línguas de maior prestígio. Uns mais falados do que outros, mas sempre marcados pelasorigens, foram remetidos para um estatuto subalterno de que ainda hoje alguns se estão a libertar,procurando criar condições para a sua oficialização (através, nomeadamente, da definição de formasnormalizadas de escrita).Crioulo é uma palavra derivada de cria (significando ‘pequena cria’, ‘pequeno animal de mama’) e foi,segundo alguns autores, usada originalmente para designar os animais domésticos nascidos na casados seus donos. Só posteriormente o termo passou a aplicar-se também aos indivíduos que, de algummodo, estavam ligados às terras descobertas ou colonizadas pelos europeus, embora o seu

    significado fosse muito variável, referindo-se tanto à mistura de sangue como à naturalidade.O termo crioulo era assim usado para designar os escravos que, desde os finais do século XV, secriavam nas terras descobertas e ocupadas pelos portugueses (Cabo Verde foi o primeiro arquipélagoafricano a ser descoberto, em 1460), tendo-se estendido a todos os naturais dessas terras, nelasnascidos.Durante muito tempo a língua crioula não era reconhecida nem designada como tal, mas antes comolíngua portuguesa ou ainda como ‘rudimentos da língua portuguesa’. A primeira atestação que seconhece do uso do termo crioulo para referir uma língua data apenas de 1684, numa descrição daGuiné feita pelo viajante Francisco Lemos Coelho.

    Por razões históricas, as comunidades crioulas são quase sempre multilingues. Ora, em comunidades

    de múltiplas línguas, quando a necessidade de comunicar é premente, a língua socialmente dominanteacaba por ser a mais funcional. Sobretudo se os falantes das outras línguas se encontram dispersos etêm poucas oportunidades de comunicar entre si.

    Era o que acontecia com os escravos domésticos, em particular nas zonas urbanas, que, no contactocom os senhores, naturalmente iam adquirindo uma variedade básica da língua portuguesa, atéatingirem um domínio razoável da língua.

    Nas fazendas do interior, a situação era outra, em finais do século XV, início do século XVI. Haviaalguma preocupação em separar os escravos provenientes da mesma origem social e linguística, paraevitar que estes constituíssem um grupo de força, capaz de se revoltar. Afastados das suas terras,

    misturados com os outros escravos e isolados do resto da população, de pouco lhes serviam as suaslínguas maternas.Estamos aqui perante uma situação típia de formação de um crioulo. Uma situação extrema, de criselinguística, em que as línguas maternas, embora acessíveis, não são acessíveis, não são funcionais e alíngua que é mais funcional, pelo contrário, porque pouco acessível, não pode ser plenamenteadquirida.

    Neste tipo de circunstâncias, em geral os falantes têm um vocabulário muito reduzido, aprendendoas palavras que servem para designar indivíduos, objectos e situações importantes para o seu

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    quotidiano e para emitirem alguns juízso de valor sobre eles. Para como eu (ou mim), senhor, pão,água, casa, trabalhar, estar, dar, bom, mau, não, sim, etc.Pelo contrário, as palavras com função meramente gramatical, com pouco peso semântico e tambémcom pouco peso fonético (pouco audíveis), como os artigos e grande parte das preposições, sãodifícil e raramente adquiridas nesta fase.Faltam-lhes meios linguísticos para estruturar a expressão, de modo a transmitirem o seupensamento com exactidão e de forma diversificada e fluente, coisa que fariam espontaneamente seestivessem a falar a sua língua materna.Este tipo de linguagem, característico das primeiras fases de aquisição de uma língua segunda emcontextos informais, e que, quando usado por um grupo, também se designa como pidgin instável,só é sustentável em situações de comunicação pontuais e para fins muito restritos, como as relaçõesde trabalho ou de escravatura acima referidas, quando os adultos que o falam têm à sua disposiçãooutras línguas maternas. Se, pelo contrário, as situações de comunicação se intensificarem ediversificarem e não houver outra língua funcional acessível, esta linguagem insuficiente teránecessariamente de se transformar de modo a cumprir todas as funções de uma língua naturalexigidas pela mente humana.Então, sob pressão do uso, para além de criarem as suas próprias inovações lexicais e gramaticais, os

    falantes recorrem frequentemente às línguas maternas para colmatarem algumas falhas da língua veicular e tornarem o seu discurso mais fluente. É essa nova língua, ainda muito variável mas maisestruturada e dotada de mais léxico, que cabe em herança às gerações seguintes. Para a suacomplexificação e, ao mesmo tempo, para um certo nivelamento, isto é, para a adopção sistemáticade algumas das variantes em detrimento de outras, têm um papel crucial as crianças que nascemnessas comunidades mistas.Em Cabo Verde, foram as crianças que, adoptando como língua materna as variedades básicas dalíngua segunda falada pelos adultos, no seu processo de aquisição, acelararam as mudanças,contribuindo para a criação de uma nova língua – um crioulo. Este não resultou de uma evoluçãonem do português, nem das línguas africanas: foi antes resultado da reestruturação (de uma nova‘leitura’ e reelaboração) de um material linguístico novo e diferenciado: aquele que os primeiros

    escravos africanos puderam adquirir e que produziam mais frequentemente, no seu contacto limitadocom a língua portuguesa e os seus falantes.Esse material, de base portuguesa, continha também formas de expressão e de conteúdo das línguasafricanas faladas na comunidade. No entanto, isso não nos permite dizer que os crioulos são línguasmistas (com o léxico de uma língua e a sintaxe de outra, por exemplo). São, antes, línguas novas queemergiram, com uma estrutura própria, em condições tais que determinaram que as mudançaslinguísticas, que normalmente levariam muitas décadas, se tivessem processado em muito poucotempo.

    Os crioulos caracterizam-se pela qual ausência de flexões e a preferência pela codificação analítica(através de unidades isoladas) das informações gramaticais.

    3. Triplo paradoxo crioulo:

    a)  todas as línguas crioulas, seja qual for a sua base lexical, aparentam ser mais parecidas entre sique cada uma delas com a língua de que herdou o léxico. Dito doutro modo, um crioulofrancês e um crioulo português assemelham-se mais entre si que o primeiro à língua francesae o segundo à língua portuguesa;

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    b)  as línguas crioulas são mais parecidas entre si que as línguas de que provêm os seus léxicos,isto é, um crioulo francês e um crioulo português estão mais próximos um do outro, que ofrancês do português;

    c)  os crioulos da mesma origem lexical não são, por esse facto, especialmente mais parecidosentre si que os crioulos de origens lexicais diferentes: por exemplo, podem existirrelativamente mais diferenças entre dois crioulos portugueses que entre eles e um crioulofrancês.

    4. Processo de Formação dos Crioulos

     Teoria dos substratos – No processo de formação dos crioulos, a língua socialmente dominante(de superstrato) é a língua que dá o léxico. Diz-se, então, que um crioulo é ‘de base portuguesa’quando as unidades lexicais são, na sua maioria, reconhecidamente de origem portuguesa, embora, nasua estrutura, se rejam por regras fonológicas e morfológicas próprias, possam ter significadosdiferentes e impliquem construções sintácticas também diferentes.

     A teoria dos substratos é uma das teorias existentes quanto ao processo de formação dos crioulos.

    Outras teorias existentes são as seguintes:

     Teoria dos universais linguísticos  – segundo esta teoria os princípios universais que subjazem atodas as línguas explicariam por que pidgins e crioulos geograficamente muito afastados, formadosem épocas e em situações muito diferenciadas, partilham características linguísticas que aproximamespantosamente as sua gramáticas.

     Teoria da monogénese (proto-pidgin)  – para esta perspectiva existiu um proto-pidgin de origemportuguesa (no século XV) herdeiro do sabir ou língua franca da época das Cruzadas que se teriaexpandido pelas costas de África, pela Índia e pelo Extremo Oriente e posteriormente sofrerarelexificações de forma a dar origem aos diferentes pidgins de base francesa, inglesa ou portuguesa.

     Teoria da Poligénese (desenvolvimentos paralelos) – esta teoria baseia-se no pressuposto de quecondições idênticas conduzem a resultados idênticos: embora surgindo independentemente, todos ospidgins e crioulos acabariam por partilhar características semelhantes visto terem na sua origemlínguas em grande parte europeias e da África Ocidental, ou seja, um material linguísticos comum,para além de circunstâncias históricas e sociais muito semelhantes entre si.

    5. Algumas tendências estruturais das línguas pidgin

    a) Há uma propensão para o estabelecimento do padrão SVO como ordem básica dos constituintesda oração.

    b) Amesma 

     ordem 

     básica de constituintes paradeclaração

    , pergunta 

     eordem 

    .c) A expressão temporal   e aspectual   pode ser indicada pelo contexto  ou por advérbios   que geralmenteaparece em posição externa à oração ou antes do sintagma verbal.d) É comum a ausência de morfologia flexional  e de regras  de  concordância .e) Sintaxe mínima e ausência de estruturas complexas (pouco frequentes orações subordinadas),geralmente optando-se pela simples justaposição de orações.f) Um léxico relativamente reduzido e lexemas com um domínio semântico mais amplo, que podemcorresponder a vários significados relacionados. Multifuncionalidade gramatical dos lexemas quepodem desempenhar funções de adjectivo, verbo de estado, substantivo.

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    6. Algumas tendências estruturais dos crioulos

    a) Sistema de artigos compreende artigos definidos derivados de demonstrativos ou de outrospronomes e artigos indefinidos derivados do numeral ‘um’.b) O tempo, o modo e o aspecto são traduzidos por um sistema de partículas pré-verbais bemdefinidas.c) Existência de orações relativas sem relativizador.d) A partícula de negação ocupa a posição pré-verbal.e) Ausência de verbo copulativo (ser, estar).f) A ‘existência’ e a ‘posse’ são expressas por um mesmo lexema verbal.g) As orações interrogativas e declarativas têm a mesma estrutura.h) Inexistência da passiva.

    Classificação dos Crioulos de Base Portuguesa

    Os crioulos de base portuguesa são habitualmente classificados de acordo com um critério de ordem

    predominantemente geográfica embora, em muitos casos, exista também uma correlação geográfica eo tipo de línguas de substrato em presença no momento de formação.Em África formaram-se os Crioulos da Alta Guiné (em Cabo Verde, Guiné-Bissau e Casamansa) eos do Golfo da Guiné (em São Tomé, Príncipe e Ano Bom).Classificam-se como Crioulos Indo-portugueses os da Índia (de Diu, Damão, Bombaim, Korlai,Quilom, Cananor, Tellicherry, Cochim e Vaipin e da Costa de Coromandel e de Bengala) e oscrioulos de Sri-Lanka, antigo Ceilão (Trincomalee e Batticaloa, Mannar e zonda de Puttalam).Na Ásia surgiram ainda os Crioulos Malaio-Portugueses  na Malásia (Malaca, Kuala Lumpur eSingapura) e em algumas ilhas da Indonésia (Java, Flores, Ternate, Ambon, Macassar e Timor).Os Crioulos Sino-Portugueses são os de Macau e Hong-Kong.Na América encontramos ainda um crioulo que se poderá considerar de base ibérica, já que o

    português partilha com o castelhano a origem de uma grande parte do léxico (o Papiamento deCuraçau, Aruba e Bonaire, nas Antilhas) e um outro crioulo no Suriname, o Saramacano, que,sendo de base inglesa, manifesta no seu léxico uma forte influência portuguesa.

    Crioulo Caboverdiano na variedade falada na ilha de Santiago

    Do seguinte diálogo, retirado do livro de Nicolas Quint, Vamos Falar Caboverdiano, o seu autor faz oseguinte comentário:O caboverdiano não possui artigo (definido ou indefinido). Tchoma significa chamar-se. Muitos verbos do caboverdiano com origem em verbos reflexivos doportuguês não têm marca morfológica de reflexividade.

    Em caboverdiano a interrogativa não obriga à inversão de posições entre o sujeito e o verbo.Contrariamente ao que acontece em português, o pronome pessoal de sujeito (quando não existe umsujeito expresso) é obrigatório, salvo quando o sujeito é neutro (isro, isso) e/ou subentendido: támbista dretu, [ também (eles) estão bem  ]. Na linha 5, a Ana pergunta ao João pela sua família. O João, aoresponder-lhe de imediato, não precisa de usar um pronome pessoal antes do verbo sta, pois nessecontexto é claro para ambos os locutores que se está a falar dos familiares do João.Em caboverdiano os verbos não mudam de forma em função do sujeito: m-tchoma, bu tchoma, euchamo-me, tu chamas-te.

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    Qualquer forma verbal do caboverdiano é portadora de três noções: o aspecto (A), a voz (V) e otempo (T). Do ponto de vista morfológico, as marcas de aspecto precedem o verbo, as marcas de voz e o tempo seguem-no, ou seja A + verbo + V + T. As formas verbais mora, sta, tchoma não são portadoras de nenhuma marca, nem antes nem depoisdo verbo. A esta ausência de marca, chama-se marca zero, ou seja, não dizer nada é já dizer algumacoisa: Aspecto = zero: o verbo encontra-se no aspecto  perfectivo (designação do aspecto), que expressa anoção de acção terminada, cumprida. Voz = zero: o verbo está na voz activa. Tempo = zero: o verbo está no presente. Assim, em módi bu tchoma? O  verbo encontra-se conjugado no aspecto perfectivo, na voz activa eno tempo presente.

    Crioulo Caboverdiano Tradução LiteralDjom é berdiánu di Santiágu. Ana é minina diPortugal.Djom: Es korpu?

     Ana: Alê-m li, es bida?

    Djom: Alê-m li dretu, gentis módi ki sta? Ana: Tudu sta dretu? Di bo?

    Djom: Támbi sta dretu, grásas-a Diós! Ana: Módi bu tchoma?

    Djom: M-tchoma Djom. Di bo, é módi? Ana: M-tchoma Ana.

    Djom: Undi bu mora? Ana: M-mora na Práia. A-bo undi bu mora?

    Djom: A-mi m-mora na Somáda.

     João ser caboverdiano. Ana ser rapariga de Portugal.

     João: Esse corpo?

     Ana: Aqui eu aqui (= eu estou bem), esse vida?

     João: Aqui eu aqui bem, família como que estar? Ana: Tudo estar direito. De ti (= a tua)?

     João: Também estar direito, graças a Deus. Ana: Como tu chamar-se?

     João: Eu chamar-se João. De ti (= o teu [nome]) sercomo? Ana: Eu chamar-se Ana.

     João: Onde tu morar? Ana: Eu morar em Praia. [Tu-reforço] onde tumorar?

    Djom: [Eu-reforço] eu morar em Assomada.

     João é caboverdiano, natural da ilha de Santiago. A Ana é uma jovem portuguesa. João: Olá, como estás? Ana: Estou bem, e tu? João: Estou bem, e a tua família?

     Ana: Estão todos bem, obrigada. E a tua? João: Também estão bem, graças a Deus. Ana: Como te chamas? João: Chamo-me João. E tu, como te chamas? Ana: Eu chamo-me Ana. João: Onde moras? Ana: Moro na Praia. E tu? João: Eu moro na Assomada.