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HIGIENIZAÇÃO DAS MÃOS E PRECAUÇÕES Bianca Fonseca Abril 2013

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HIGIENIZAÇÃO DAS MÃOS E

PRECAUÇÕES

Bianca Fonseca Abril 2013

Primeiro Desafio Global para Segurança do Paciente

2005

Portaria de segurança metas internacionais de segurança

Por que higienizar as mãos? Maio 1847 x Abril 2013

• Figure 1. Ignaz Philipp Semmelweis, 1815–1865. Engravings made before (left) and after (right) Semmelweis insisted that students and doctors clean their

hands with a chlorine solution between each patient.

REQUISITOS PARA TRANSMISSÃO DE PATÓGENOS PELAS MÃOS

- Microbiota presente na pele do paciente ou

em objetos próximos a ele; - Capacidade de sobrevivência do

microrganismo por alguns minutos nas mãos; - Higiene ou antissepsia inadequada ou

omitida; - Solução inapropriada para higiene das mãos.

Por que as pessoas não lavam as mãos?*

Alguns motivos apresentados para não lavarem a mão na frequência desejada: muito ocupados as mãos se ressecam as mãos não parecem sujas as pias não estão proxímas falta papel toalha a prioridade é cuidar do paciente leva muito tempo

PITTET, 2000*

As bactérias continuam invisíveis em nossas mãos...

Podemos adquirir de 100-1000 UFC apenas:

•mudando o paciente de decúbito

•medindo a pressão ou pulso

•tocando a mão do paciente

•tocando as roupas de cama ou vestes

•tocando os equipamentos próximos.

CASEWELL, 1977

Quais os microrganismos existentes no mundo?

Que produto usar?

• Sabão neutro

• Sabão antisséptico – Clorexidina – PVP-I – Triclosan

Álcool

Eficácia dos produtos de higiene de mãos Redução bacteriana após 30 segundos

-4

-3,5

-3

-2,5

-2

-1,5

-1

-0,5

0

Red

ução

méd

ia (

Lo

g U

FC

)

Ayliffe GAJ et al. J Hosp Infection 1988;11:226

Sabão Iodóforo CHX 4% Álcool 70%

Evitar a disseminação!!!

Agente Gram+

Gram-

Micob. Fungo Vírus Ação

Álcool +++ +++ +++ +++ +++ Rápida

CHX +++ ++ + +++ +++ Interm

Iodof. +++ +++ + ++ ++ Interm

Triclosan +++ ++ + - +++ Interm

Pittet & Boyce, Lancet Infect Dis, 2001;April:9-20.

WHO, 2009

Campanha da OMS: 5 de maio de 2009

Espectro de ação dos produtos utilizados para a higienização das mãos

Sabão neutro

• O sabão neutro não contém agentes antimicrobianos ou os contêm em baixas concentrações, funcionando

apenas como conservantes. • Favorecem a remoção de sujeira, substâncias

orgânicas e da microbiota transitória das mãos pela ação mecânica.

• Em geral, a higienização com sabonete líquido remove a microbiota transitória, tornando as mãos limpas. Esse nível de descontaminação é suficiente para os contatos sociais em geral e NÃO para pacientes de risco.

Álcool em base emoliente

• Uma revisão sistemática de TODAS as publicações entre 1992 e 2002 mostrou que soluções à base de álcool removem microrganismos mais eficazmente do que os demais agentes, requerem menos tempo para o uso e causam menos irritação cutânea do que a lavagem com água e sabão neutro ou sabão antisséptico.

Organização Mundial de Saúde, 2009.

Mãos do Dr. B após uma

semana usando apenas lavagem

de mãos (água+sabão)

Mãos do Dr. B após uma

semana usando apenas

preparado alcoólico

Mãos Antes da Lavagem

Franz Novaes,2008

Franz Novaes,2008

Mãos após lavagem com água e sabão

Mãos após antissepsia com álcool 70%

Franz Novaes,2008

Álcool em base emoliente

• Mecanismo de ação: desnaturação de proteínas.

• Concentração: 60 a 95%

• Espectro de ação: atividade considerada excelente contra bactérias Gram+, Gram- inclusive multirresistentes, M. tuberculosis, vírus e fungos.

Álcool em base emoliente

O uso de álcool em volumes baixos como 0,2 a 0,5ml aplicados às mãos não é mais eficaz do que a lavagem com água e sabão. Usar pelo menos 3 a 5ml. ESPERAR

SECAR (15 a 20 segundos).

Álcool em base emoliente

Álcool gel x álcool líquido (glicerinado) Contra-indicado: sujidade, matéria orgânica. Técnica igual à lavagem das mãos

MOBILIÁRIO E EQUIPAMENTOS!

Adesão vs. Tipo de Preparado Alcoólico UTI Neonatal (20 leitos)

Adesão ao álcool glicerinado x álcool gel

0,0%10,0%20,0%30,0%40,0%50,0%60,0%70,0%80,0%90,0%

Álcoolglicerinado

2%

Álcool gel

Álcool glicerinado 2%

Álcool gel

Rangel RM et al. IX Cong. Brasileiro Cont.Inf e Epidem Hosp 2004.

N = 204

TÉCNICA

Friccionar as palmas

Friccionar o dorso

Friccionar entre os dedos

1 2 3

COMO HIGIENIZAR? Friccionar a ponta dos dedos e articulações

Friccionar o polegar

Friccionar a ponta dos dedos na palma

4 5 6

Higienização de mãos e Paramentação

• Degermação das mãos com clorexidina por 2 a 3 minutos ou álcool antes da inserção e do manuseio ICHE Oct 2008, 29-supplement1,WHO, 2009

"A aplicação de clorexidina ou PVP-I resulta em reduções iniciais semelhantes de contagens bacterianas (70-80%), reduções que alcançam 99% após repetição da aplicação. Rápido "recrescimento" ocorre após aplicação de PVP-I, mas não após o uso de clorexidina.”

"Apesar de estudos in vivo e in vitro demonstrarem que o PVP-I é menos eficaz do que a clorexidina, ele continua sendo o produto mais amplamente utilizado para a antissepsia cirúrgica das mãos. O PVP-I induz mais reações alérgicas e não exibe o mesmo efeito residual que a clorexidina. Ao final do ato cirúrgico, mãos submetidas à antissepsia com produtos à base de iodo podem ter até mais microrganismos do que ao início do procedimento.“

-WHO guidelines on hand hygiene in health care. I. World Health Organization. II.World Alliance for Patient Safety. World Health Organization 2009.

ATENÇÃO PARA EQUIPAMENTOS ADJACENTES!!!

Contaminação bacteriana de mãos de profissionais de saúde durante a assistência neonatal

Pessoa-Silva et al, ICHE 2004;25:192-7.

LAVAR AS MÃOS: QUANDO?

• Quando houver sujidade! • Matéria orgânica! • Após contaminação grosseira! • Após usar o banheiro …

Outras questões! • Não usar jalecos de mangas longas!!!

The Lancet Infectious Diseases 2006, Volume 6(10).

Outras questões! • Adornos

– Degermação cirúrgica: sempre retirar tudo

– Relógio: retirar

– Aliança: encontrados microrganismos em vários surtos

– NR32!!!!!!!!!!!!!

Outras questões!

• Unhas – Manter aparadas – Esmalte “descascado” é um problema! – Esmalte escuro? – Unhas postiças podem estar

relacionadas a surtos

Higienização das mãos!!!!

• Não usar adornos!!!! (NR32)

Saúde da pele

• Uso de loções emolientes: – Se bem utilizadas, melhoram a pele!!

– Cuidado com soluções aniônicas

(clorexidina é catiônica)

– Cuidado com contaminação e uso coletivo!

Outras vantagens do álcool...

• Não há necessidade de pias com design adequado

• Tempo • Saúde da pele • Não gera resíduos • Não gasta água, salve o planeta!!!

QUANDO DEVEMOS HIGIENIZAR AS MÃOS ?

SEMPRE!!!! EM TODAS AS OPORTUNIDADES!!!

PRECAUÇÕES

Precauções objetivos

Diminuir o risco de transmissão de micro-organismos / doenças

HOSPEDEIRO SUSCEPTÍVEL

RESERVATÓRIO PACIENTE/PS/FÔMITES MICROBIOTA PRÓPRIA

FORMAS DE TRANSMISSÃO

Contato, aerossóis, gotículas, veículo comum .

Cadeia Epidemiológica

Formas de Transmissão

Contato direto Contato indireto Gotículas

Vetores

Veículo comum

Acidentes pérfuro - cortantes

Aerossóis

(≥ 5mm)

(≤5mm)

CONTATO

• DIRETO: transferência do microrganismo do indivíduo infectado ou colonizado ao indivíduo susceptível.

• INDIRETO: transferência do microrganismo por intermédio de objeto contaminado ao indivíduo susceptível

GOTÍCULA: partículas > 5mm geradas durante a tosse, espirro,

conversação ou procedimento que envolva o trato respiratório (aspiração, broncoscopia). Se depositam em conjuntiva, mucosa nasal e oral do individuo susceptível.

AEROSSÓIS: disseminação de partículas < 5mm que permanecem

suspensas no ar. Podem ser amplamente dispersadas por longas distâncias através das correntes de ar.

VEÍCULO COMUM: transmissão através de água, alimento,

medicamentos, dispositivos e equipamentos

Formas de Transmissão

É utilizada visando reduzir a transmissão de micro-organismos a partir de fontes

desconhecidas e conhecidas de infecção, sendo assim adotada para o cuidado de todos os pacientes, independente do

status infeccioso

Precaução Padrão

Infect Control Hosp Epidemiol 1996;17:53-80

Lavagem das mãos: antes e após cuidado com todos pacientes. O uso de luvas não dispensa a lavagem da mãos

Uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPI): utilizados em procedimentos que possam levar ao contato com sangue; todos os fluidos corpóreos, secreções e excreções (exceto suor) independente da presença de sangue visível, pele não integra e mucosas. – Luvas não estéreis: Retirar logo ao terminar, lavar as mãos em

seguida

– Máscara e óculos de Proteção – Capote não estéreis

Vacinação para hepatite b Descarte correto dos materiais perfuro - cortantes

Precaução Padrão

EPI

Precauções baseadas no mecanismo

de transmissão - Específica São utilizadas para reduzir o risco de transmissão de micro-organismos a partir de pacientes com doenças

infecciosas suspeitas ou confirmadas, altamente transmissíveis ou epidemiologicamente importantes,

nas quais as precauções padrão utilizadas isoladamente não são suficientes para

interromper a transmissão

PRECAUÇÕES PADRÃO + PRECAUÇÃO ESPECÍFICA

– Precauções por aerossóis – Precauções por gotículas – Precauções por contato

Tipos de precauções baseadas no mecanismo de transmissão -

Específica

UTILIZADAS EM COMBINAÇÃO PARA AS DOENÇAS COM MÚLTIPLOS MEIOS DE TRANSMISSÃO

+

PRECAUÇÕES PADRÃO

Precauções contra gotículas

• Doenças -Doença meningocócica -Coqueluche -Rubéola • Distância: 1 metro!!!

• Máscara

• Transporte

Precauções contra disseminações de Gotículas:

Uso pelo profissional no quarto

Uso pelo paciente no transporte Quarto privativo ou

distância de 1 metro.

Precauções contra gotículas

• PROFILAXIA PÓS-EXPOSIÇÃO – Critérios – Antimicrobianos – Tempo

Precauções contra aerossóis

• Doenças • Ambiente (exclusivo, filtro HEPA)

• Máscara (tipo, duração)

• Transporte do paciente

Precauções contra aerossóis

• Aerossóis - Tuberculose

- Varicela

- Herpes zoster disseminado ou em

imunodeprimidos - Sarampo

Precauções contra disseminações de Aerossóis:

Quarto privativo com pressão negativa

Uso pelo paciente no transporte

N - 95 Uso pelo profissional no quarto

Precauções de contato

• Indicações: – Diarréia (sem controle esfincteriano)

– Afecções cutâneas

– Bronquiolite

– Germes multirresistentes

Precauções de contato • Precauções de contato: atenção para o

contato íntimo! • Capotes de mangas longas e luvas: como

pendurar?! • Capotes descartáveis ou capotes trocados

a cada 12 horas • Uso individualizado de artigos • Equipamentos

Microrganismos multirresistentes

Paciente contrai superbactéria em emergência de lata em Bonsucesso

12.06.2012 / O Globo

Alerta no Reino Unido em 2009, aumento de cepas de enterobactérias resistentes aos carbapenêmicos, através de uma metalobetalactamase, denominada New Delhi Metallo-1 (NDM-1). As cepas foram isoladas de pacientes recentemente hospitalizados na India e no Paquistão Soman et al, 2010

Abril,2013

Controle de MDR - Missão impossível?

Contato indireto Gotículas

Veículo comum

CULTURA DE VIGILÂNCIA

X CULTURA CLÍNICA

Rastreamento

• Critérios na admissão: – Pacientes provenientes de UTI; – Pacientes provenientes de outros serviços, onde

permaneceram por tempo igual ou superior a 72h (exceto UTI);

– Pacientes provenientes de outros serviços, onde foram submetidos a procedimentos invasivos;

– Pacientes provenientes de homecare ou em diálise;

– Pacientes com história de internação nos últimos 6 meses;

Rastreamento

• Critérios na admissão: • - Pacientes cujas as mães estiveram

internadas por mais de 3 dias no último trimestre de gestação – Pacientes provenientes de outros serviços, onde

permaneceram por tempo de acordo com perfil epidemiológico da Unidade (4horas);

– Pacientes provenientes de outros serviços, onde foram submetidos a procedimentos invasivos;

– Pacientes provenientes de homecare ou residência;

Rastreamento

• Semanalmente: – Internado há pelo menos 7 dias – Pacientes contactantes de outros pacientes

com multirresistentes – Uso de antimicrobianos – Uso de dispositivos invasivos

MICRORGANISMO

CRITÉRIO DE MULTIRRESISTÊNCIA

Staphylococcus aureus

R a oxacilina R ou I a vancomicina ou teicoplanina

Staphylococcus coagulase negativo

R ou I a vancomicina ou teicoplanina

Enterococcus faecium e faecalis

R ou I a vancomicina ou teicoplanina

Bactérias gram-negativas entéricas:

Teste positivo para ESBL R cefalosporinas de 3ª ou 4ª geração R aztreonam R carbapenêmicos

Pseudomonas aeruginosa

R a imipenem e/ou meropenem ou só sensível a imipenem e/ou meropenem

Burkholderia cepacia

Stenotrophomonas maltophilia

Qualquer TSA

Acinetobacter spp

R a ampicilina /sulbactam, R a imipenem e/ou meropenem ou só sensível a imipenem e/ou meropenem

Rastreamento

– ESBL: secreção retal ou fezes; – MRSA: secreção nasal, perianal, umbilical (até a

queda do coto), feridas, peri-ostomias;Seguir a seguinte ordem de coleta: Primeiro- peri umbilical, nasal ambas narinas e perianal no mesmo swab;

– Pseudomonas ou Acinetobacter: secreção retal,

aspirado traqueal, secreção de orofaringe

ASSUNTO POLÊMICO

ERROS FREQÜENTES

• Isolamento reverso

•Falhas na indicação empírica •Pânico da meningite • Precaução básicas (banalização das precauções)

Infecção hospitalar MATA!!!!