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Lisboa Setembro 2001 GUIA TÉCNICO SECTOR DA PEDRA NATURAL

Guia Sectorial - Pedra Natural

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Guia Técnico - Pedra Natural

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Page 1: Guia Sectorial - Pedra Natural

Lisboa

Setembro

2001

GUIA TÉCNICO

SECTOR DA PEDRA NATURAL

Page 2: Guia Sectorial - Pedra Natural

FICHA TÉCNICA

Coordenação Eng.º José Miguel Figueiredo

Tel: 21 7165141 (Ext. 2356)

Fax: 21 7166568

E-mail: [email protected]

Equipa técnica Eng.º Francisco Rodrigues

Tel: 21 7165141 (Ext. 2380)

Fax: 21 7166568

E-mail: [email protected]

Engª Anabela Correia

Tel: 21 7165141 (Ext. 2327)

Fax: 21 7166568

E-mail: [email protected]

Doutora Maria Teresa Chambino

Tel: 21 7165141 (Ext. 2327)

Fax: 21 7166568

E-mail: [email protected]

INETI – Instituto Nacional de Engenharia e Tecnologia Industrial

DMTP – Departamento de Materiais e Tecnologias de Produção

Azinhaga dos Lameiros

1649-038 Lisboa

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I

ÍNDICE

1. INTRODUÇÃO........................................................................................................................................1 2. OBJECTIVOS ..........................................................................................................................................2 3. CARACTERIZAÇÃO DO SECTOR .......................................................................................................3

3.1. INDICADORES DA INDÚSTRIA.............................................................................................................. 3 3.1.1. Material processado .................................................................................................................. 4

3.1.1.1. Subsector das rochas ornamentais ........................................................................................................5 3.1.1.2. Subsector das rochas industriais ...........................................................................................................8

3.1.2. Empresas do sector e sua distribuição geográfica .................................................................. 12 3.1.3. Pessoal ao Serviço ................................................................................................................... 15 3.1.4. Indicadores económicos........................................................................................................... 17

3.1.4.1. Subsector das rochas ornamentais ......................................................................................................18 3.1.4.2. Subsector das rochas industriais .........................................................................................................21

3.2. CARACTERIZAÇÃO DOS PROCESSOS PRODUTIVOS ............................................................................ 23 3.2.1. Subsector das rochas ornamentais .......................................................................................... 23

3.2.1.1. Extracção............................................................................................................................................23 3.2.1.2. Transformação....................................................................................................................................26

3.2.2. Subsector das rochas industriais ............................................................................................. 28 3.2.2.1. Extracção............................................................................................................................................28 3.2.2.2. Transformação....................................................................................................................................29

3.2.3. Diagramas esquemáticos de Processo..................................................................................... 30 3.3. RESÍDUOS INDUSTRIAIS ................................................................................................................... 33

3.3.1. Introdução................................................................................................................................ 33 3.3.2. Caracterização dos resíduos.................................................................................................... 33

3.3.2.1. Extracção............................................................................................................................................34 3.3.2.2. Transformação....................................................................................................................................36 3.3.2.3. Outros resíduos...................................................................................................................................38

3.3.3. Análise global das quantidades anuais de resíduos produzidos por subsector ....................... 39 3.3.4. Correlação dos resíduos com as operações produtivas por subsector.................................... 41

4. ANÁLISE DO POTENCIAL DE PREVENÇÃO DO SECTOR POR OPERAÇÃO ............................42 4.1. TECNOLOGIAS E MEDIDAS DE PREVENÇÃO APLICÁVEIS AO SECTOR DA PEDRA NATURAL ................. 43

4.1.1. Medidas de prevenção aplicáveis à extracção......................................................................... 43 4.1.2. Medidas de prevenção aplicáveis à transformação................................................................. 46 4.1.3. Medidas de prevenção de carácter geral................................................................................. 48

4.2. TECNOLOGIAS DE PREVENÇÃO......................................................................................................... 50 4.2.1. Extracção................................................................................................................................. 50 4.2.2. Transformação......................................................................................................................... 51

5. TECNOLOGIAS / MEDIDAS DE PREVENÇÃO DE POTENCIAL APLICAÇÃO E ESTUDO DE CASOS REAIS ....................................................................................................................52 BIBLIOGRAFIA ........................................................................................................................................58 ANEXO 1 - Estimativas de resíduos gerados no sector da pedra natural, em função da matéria prima processada. .......................................................................................................................................60 ANEXO 2 – Entidades e empresas que contribuíram para a elaboração deste guia ...................................62 LISTA GERAL DE ENTIDADES, INSTITUIÇÕES E ASSOCIAÇÕES NACIONAIS E SECTORIAIS .............................................................................................................................................65 NOTA SOBRE LEGISLAÇÃO .................................................................................................................66

Page 4: Guia Sectorial - Pedra Natural

II

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 - Distribuição das CAE por subsector _____________________________________________4 Figura 2 - Distribuição dos materiais extraídos por subsector__________________________________5 Figura 3 - Principais centros de produção e quantidades (t) produzidas de "mármores e outras

rochas carbonatadas", "granito e outras rochas similares" e "ardósias e xistos ardosíferos" ________________________________________________________________6

Figura 4 - Distribuição percentual da produção de rochas do tipo "mármore e outras rochas carbonatadas"_______________________________________________________________7

Figura 5 - Distribuição percentual da produção de rochas do tipo "granito e outras rochas similares" __________________________________________________________________8

Figura 6 - Distribuição percentual da produção de rochas do tipo "ardósias e xistos ardosíferos" _____8 Figura 7 - Principais centros de produção de "calcário, gesso e cré" e "caulino e outras argilas"______9 Figura 8 - Principais centros de produção de "saibro, areia e pedra britada" ____________________10 Figura 9 - Distribuição percentual da produção de rochas do tipo "Calcário, gesso e cré "__________11 Figura 10 - Distribuição percentual da produção de rochas do tipo "Saibro, areia e pedra

britada"___________________________________________________________________11 Figura 11 - Distribuição percentual da produção de rochas do tipo "Caulino e outras argilas"_______11 Figura 12 - Empresas da CAE 14 (grupos 141, 142 e 145) e CAE 26 (grupo 267) em percentagem ____13 Figura 13 - Distribuição por distrito das empresas existentes em Portugal continental _____________13 Figura 14 - Empresas existentes na região autónoma da Madeira ______________________________13 Figura 15 - Empresas existentes na região autónoma dos Açores ______________________________14 Figura 16 - Trabalhadores da CAE 14 (grupos 141, 142 e 145) e CAE 26 (grupo 267) em

percentagem _______________________________________________________________15 Figura 17 - Volume de produção, importação e exportação de pedra natural em 1998______________17 Figura 18 - Produção de pedra natural (a) valores em toneladas, (b) valores em contos ____________17 Figura 19 - Importação de pedra natural (a) valores em toneladas, (b) valores em contos ___________18 Figura 20 - Exportação de pedra natural (a) valores em toneladas, (b) valores em contos ___________18 Figura 21 - Evolução da produção, importação e exportação de rochas ornamentais de 1988 a

1998 _____________________________________________________________________19 Figura 22 - Produção de rocha ornamental (a) valores em toneladas, (b) valores em contos _________19 Figura 23 - Importação de rocha ornamental (a) valores em toneladas, (b) valores em contos _______19 Figura 24 - Exportação de rocha ornamental (a) valores em toneladas, (b) valores em contos _______20 Figura 25 - Volume de importação / exportação por tipo de rocha ornamental e por produto ________21 Figura 26 - Evolução da produção, importação e exportação de rochas industriais de 1996 a

1998 _____________________________________________________________________21 Figura 27 - Produção de rocha industrial (a) valores em toneladas, (b) valores em contos __________22 Figura 28 - Importação de rocha industrial (a) valores em toneladas, (b) valores em contos _________22 Figura 29 - Exportação de rocha industrial (a) valores em toneladas, (b) valores em contos _________22 Figura 30 - Técnicas de desmonte_______________________________________________________24 Figura 31 - Fases de exploração das pedreiras ____________________________________________25 Figura 32 - Diagrama de processo do subsector das rochas ornamentais ________________________31 Figura 33 - Diagrama de processo do subsector das rochas industriais _________________________32 Figura 34 - Distribuição percentual dos resíduos sólidos por subsector _________________________39 Figura 35 - Distribuição percentual dos resíduos pastosos (lamas) por subsector _________________39 Figura 36 - Volume médio de subprodutos por tipo e uso da pedra extraída ______________________44 Figura 37 - Sistemas de tratamento de lamas e aproveitamento de água _________________________51

Page 5: Guia Sectorial - Pedra Natural

III

ÍNDICE DE QUADROS

Quadro 1: Quantidades de material processado no sector _____________________________________5 Quadro 2: Tipos de rocha ornamental ____________________________________________________5 Quadro 3: Quantidades de rocha ornamental processada no sector (1998)________________________7 Quadro 4: Tipos de rocha industrial ______________________________________________________8 Quadro 5: Quantidades de rocha industrial processada no sector (1998) ________________________11 Quadro 6: Número de empresas por distrito _______________________________________________14 Quadro 7: Número de empresas e trabalhadores por distrito__________________________________15 Quadro 8: Número de empresas por intervalos de volume de vendas____________________________18 Quadro 9: Estimativas de resíduos sólidos e pastosos gerados anualmente no sector da pedra

natural. ___________________________________________________________________39 Quadro 10: Resíduos gerados no sector da Pedra Natural____________________________________41

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1. INTRODUÇÃO

O presente GUIA para o SECTOR DA PEDRA NATURAL é um guia tecnológico, com incidência

ambiental, e que faz parte integrante do PNAPRI (Plano Nacional de Prevenção de Resíduos

Industriais), da responsabilidade do Ministério do Ambiente. Por sua vez, o PNAPRI insere-se na

Linha Mestra - Gestão Sustentável do PESGRI (Plano Estratégico dos Resíduos Industriais), da

responsabilidade dos Ministérios da Economia e do Ambiente. Assim, o Guia insere-se nos

objectivos prioritários para a política do ambiente, constantes do Plano Nacional do

Desenvolvimento Económico e Social 2000-2006. O Guia está, portanto, em consonância com a

Directiva Comunitária IPPC-96/61, cujo objectivo fundamental é a prevenção e o controlo

integrados da poluição.

Visa informar os industriais, assim como os restantes intervenientes económicos

correlacionados, acerca das possibilidades oferecidas por medidas e/ou pela tecnologia na

redução da quantidade e perigosidade de resíduos sólidos/efluentes líquidos resultantes da

actividade do sector sem afectar a rentabilidade das empresa.

Com efeito, menos resíduo representa quase sempre menor consumo de matérias primas,

menor consumo energético, mais espaço disponível, menores custos de mão de obra em

manipulações e movimentações e menores custos com soluções de fim de linha (Aterro).

Refira-se que, de acordo com o enquadramento do presente Guia, os efluentes líquidos estão

contemplados, pois as lamas decorrentes do seu tratamento irão constituir um resíduo que

poderá ser objecto de prevenção a montante, no processo produtivo.

Este Guia foi concebido com as seguintes características:

- como elemento de divulgação das tecnologias e/ou medidas de prevenção de resíduos, já

comprovadas, nacional ou internacionalmente, quer do ponto de vista técnico quer do ponto

de vista económico;

- ser totalmente isento e independente em relação a marcas ou fornecedores por forma a não

condicionar ou enviezar a escolha, ficando esta à exclusiva responsabilidade do industrial;

- por forma a contribuir de forma efectiva para a criação de uma nova cultura junto dos

industriais do sector relativamente às questões de ecoeficiência, motivando-os para a

indispensável e urgente mudança de atitude, exigida a curto/médio prazo pela legislação

ambiental;

- ser de leitura e consulta simples.

O presente Guia não visa a redução de resíduos a qualquer custo, mas sim, contribuir para que

as empresas, atempadamente, se equipem e restruturem por forma a cumprirem as futuras

especificações ambientais que, tudo indica, serão cada vez mais exigentes, no sentido de

permitir o almejado desenvolvimento sustentável.

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2. OBJECTIVOS

O principal objectivo do presente Guia do sector da Pedra Natural é o de constituir uma base de

dados de natureza tecnológica incorporando as medidas e tecnologias actualmente conhecidas

e testadas que, comprovadamente, geram menos resíduos que as tecnologias clássicas em

condições equivalentes de capacidade de produção.

O sector da Pedra natural (extracção e transformação de pedra) não dá origem a resíduos

perigosos, no entanto o tipo de processamento conduz à produção de quantidades bastante

elevadas de resíduos, em particular sólidos na extracção e lamas na transformação, que vão

promover a ocorrência de impactes paisagísticos consideráveis e constituem um grande

incómodo e encargo para as empresas.

Este sector, com elevada importância a nível nacional, materializada na sua componente

exportadora, tem impactes sociais positivos e importantes sobre as populações locais e

actividades económicas a montante e jusante. Tratando-se de um sector tradicional, até à

pouco tempo, os processos de extracção e transformação eram feitos com critérios meramente

económicos, sem se terem em linha de conta possíveis custos ambientais. Estes procedimentos,

tiveram como consequência situações actualmente irreversíveis, mesmo em termos de gestão

racional de recursos. Avaliam-se em 12 615 977 t/ano os resíduos de pedra e em

1 042 284 t/ano de lamas. Acrescem 9 095 t/ano de outros resíduos (papel, cartão, plástico,

madeira, sucatas, acumuladores, pneus, panos e calços de polimento) e ainda, 683 m3/ano de

óleos de motores (transmissão e lubrificação) e solventes.

A extracção de pedra natural, tem uma legislação ambiental própria, no que diz respeito a

escombreiras, impacte visual da exploração e cumprimento dos planos de recuperação

paisagística. A legislação de licenciamento industrial para esta actividade, possui regras

definidas e exigentes de acordo com a preservação dos valores humanos e económicos. Em

1999 surgiu outro diploma, este extensivo à transformação, que estabelece regras relativas à

construção, exploração e encerramento de aterros para resíduos resultantes das actividades

deste sector.

O presente Guia identifica as operações unitárias e os resíduos respectivos e sugere as

tecnologias ou medidas de prevenção, sempre que existam ou sejam conhecidas. Quando

disponíveis, são apresentados os dados económicos relativos a casos de sucesso de aplicação

real.

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3. CARACTERIZAÇÃO DO SECTOR

O Sector da Pedra Natural compreende a extracção e transformação da pedra para fins

ornamentais ou industriais, dividindo-se por dois subsectores, o subsector das rochas

ornamentais e o subsector das rochas industriais.

O subsector das rochas ornamentais inclui as empresas que se dedicam à extracção e/ou

transformação de rochas calcárias, granitos e outras rochas siliciosas, e xistos, para fins

decorativos. Neste subsector as empresas transformadoras convertem os blocos extraídos das

pedreiras, em artigos destinados a pavimentos, revestimentos, aplicações domésticas, à arte

funerária, escultura, cubos, paralelepípedos e guias de passeios.

O subsector das rochas industriais engloba também empresas extractivas e transformadoras,

principalmente de calcários e granitos, cuja produção se destina essencialmente ao sector da

construção (inertes ou granulados e britas), e também aos sectores químico, sidero-metalúrgico

e agro-alimentar.

3.1. INDICADORES DA INDÚSTRIA

As empresas do sector da Pedra Natural, segundo a Classificação de Actividades Económicas

(CAE - Rev.2), estão inseridas fundamentalmente na CAE 14 (grupos 141, 142 e 145) – Outras

Industrias Extractivas e na CAE 26 (grupo 267) – Fabricação de outros produtos minerais não

metálicos.

Este sector é composto por três tipos de empresas. Empresas que se dedicam unicamente à

extracção de pedra e neste caso encontramos especialmente empresas do subsector das rochas

ornamentais. Empresas que se dedicam exclusivamente à transformação da pedra e também

neste caso a maioria das empresas pertencem ao subsector das rochas ornamentais. Empresas

que se dedicam à extracção e transformação de pedra, que são principalmente as empresas do

sector das rochas industriais havendo ainda algumas empresas de rochas ornamentais com esta

tipologia.

Nesse sentido o universo das empresas deste sector abrangido por este estudo pode

esquematizar-se de acordo com a Figura 1.

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CAE 14111 - Extracção de mármore e rochassimilares

CAE 14112 - Extracção de granito e rochasafins

CAE 14121 - Extracção de cálcário e cré

CAE 14130 - Extracção de ardósia

CAE 1450 (1, 2, 3 e 4) - Outras industriasextractivas, n. e.

CAE 26701 - Fabricação de artigos demármore e rochas similares

CAE 26702 - Fabricação de artigos de ardósia

CAE 26703 - Fabricação de artigos de granitoe de rochas n. e.

CAE 14210 - Extracção de saibro, areia epedra britada

SECTOR DA PEDRA NATURAL

Subsector das RochasIndustriais

Subsector das RochasOrnamentais

Figura 1 - Distribuição das CAE por subsector

3.1.1. Material processado Neste sector e de acordo com dados do Instituto Geológico e Mineiro (IGM) e do Instituto

Nacional de Estatística (INE), foram processadas no ano de 1998 cerca de 94 milhões de

toneladas de pedra, relativos a extracção e importação. Do total de rocha extraída

(92 543 549 t), apenas 2% dizem respeito ao subsector das rochas ornamentais sendo o

subsector das rochas industriais responsável por 98% do material extraído no sector (Figura 2).

A importação e exportação tem neste sector um peso muito reduzido representando cerca de

2% e 1%, respectivamente, do total de material processado no sector. No que respeita a cada

subsector, a expressão da importação e da exportação tem valores bastante diferentes.

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Atendendo ao tipo de mercado de rocha industrial, a rocha extraída e transformada destina-se

quase exclusivamente ao mercado nacional, representando as exportações apenas 0,2% do

material extraído nas pedreiras e as importações apenas 1% do material processado no

subsector. Já no subsector das rochas ornamentais a exportação tem um peso considerável,

sendo exportado 58% do material extraído, as importações representam apenas 6% do total de

rocha processada neste subsector. As quantidades de material processado no sector estão

referidas no Quadro 1.

Quadro 1: Quantidades de material processado no sector

QUANTIDADE (t/ano)

Produção/ Extracção Importação Exportação

Subsector das rochas ornamentais 1 923 677 112 824 1 122 230

Subsector das rochas industriais 90 619 872 1 259 149 188 422

Total 92 543 549 1 371 973 1 266 652

2%

98%

Subsector das rochasornamentais

Subsector das rochasindustriais

Figura 2 - Distribuição dos materiais extraídos por subsector

A grande diversidade de substâncias exploradas no nosso País, reflecte a variedade de

formações geológicas existentes, apesar do valor de produção destas rochas se encontrar

fortemente concentrado num pequeno número de substâncias (granito, calcário e mármore).

3.1.1.1. Subsector das rochas ornamentais O subsector das rochas ornamentais compreende extracção e transformação de três grandes

grupos de pedra natural, "mármore e outras rochas carbonatadas", "granito e rochas similares"

e ainda "ardósias e xistos ardosíferos". (ver Quadro 2).

Quadro 2: Tipos de rocha ornamental Calcário cristalino (mármore)

Calcário microcristalino

Calcário sedimentar Mármore e outras rochas carbonatadas

"Brecha calcária"

Granito

Sienito Nefelinico

Pórfiro ácido Granito e outras rochas similares

Serpentinito

Ardósia Ardósias e xistos ardosíferos

Xisto

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O calcário cristalino, mármore, é a pedra natural mais explorada e também a mais solicitada,

estando a sua extracção localizada, principalmente, no triângulo Borba - Estremoz – Vila Viçosa.

Viana do Alentejo, Trigaches e Ficalho, são também locais onde, apesar de em pequenas

quantidades, se extrai mármore.

O calcário subdivide-se em dois grandes tipos, calcário sedimentar e calcário microcristalino,

havendo ainda a considerar a brecha calcária. O calcário sedimentar é extraído principalmente

nos distritos de Santarém e Leiria (Maciço Calcário Estremenho) aparecendo também no

Algarve alguns tipos de calcário sedimentar. O calcário microcristalino existe na região de

Lisboa, Sintra, mas as reservas de pedra já são reduzidas. As Brechas encontram-se sobretudo

nos distritos de Faro e Setúbal.

A extracção de granito ornamental situa-se principalmente no norte e centro do país mas

aparece também no distrito de Portalegre. A extracção de rochas similares tais como

Serpentinito, pórfiro ácido e outros é reduzida, e as suas reservas também são pequenas.

A extracção de ardósia faz-se essencialmente no distrito do Porto e Aveiro havendo ainda a

considerar a extracção de xistos ardosíferos em especial no distrito da Guarda.

Os centros de produção, quantidades produzidas em 1998 e principais designações dos

produtos para os três grandes grupos de rochas ornamentais estão representados na Figura 3.

V. do Castelo

Braga V. RealBragança

Porto

AveiroViseu

Coimbra

Santarém253 388

Guarda

CasteloBranco

Leiria379 853

PortalegreLisboa

24 333

Setúbal

Évora

Faro

Beja7 512

640 378

17 184

2 037

Calcário cristalino (mármore)

Calcário sedimentar

Calcário microcristalino e sedimentar

Calcário sedimentar e brecha calcária

V. do Castelo77 486

Braga8 500

V. RealBragança

Porto

Aveiro8 765 Viseu

161 142

Coimbra

Santarém

Guarda

CasteloBranco

Leiria

Portalegre81 084Lisboa

Setúbal616

Évora

Faro

Beja

2 012

25 310

21 365

76 816

89 743

GranitoPórfiro ÁcidoGranito, Gabro e DioritoSienito Nefelinico

Serpentinito e granito

V. do Castelo

Braga V. RealBragança

Porto16 238

Aveiro3 970 Viseu

Coimbra

Santarém

Guarda

CasteloBranco

Leiria

Portalegre

Lisboa

Setúbal

Évora

Faro

Beja425

520

25 000

Xisto

Ardósia

Figura 3 - Principais centros de produção e quantidades (t) produzidas de "mármores e outras

rochas carbonatadas", "granito e outras rochas similares" e "ardósias e xistos ardosíferos"

Page 12: Guia Sectorial - Pedra Natural

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Do total de 1 923 677 toneladas de rocha extraída no subsector, 69% dizem respeito a rocha

tipo "mármore e outras rochas carbonatadas", 29% a rocha tipo "granito e outras rochas

similares" e apenas 2% a rochas tipo "ardósias e xistos ardosíferos". A importação é bastante

reduzida tendo maior significado na rocha do tipo granito. Neste subsector exporta-se

principalmente pedra para calcetamento (567 671t), obra acabada de mármore e de outras

rochas carbonatadas (181 936t) e blocos de granito e outras rochas similares (137 120t). De

referir, que não sendo a produção de pedra para calcetamento uma utilização preferencial para

as rochas ornamentais, é responsável por uma industria tradicional bastante desenvolvida.

A quantidade de pedra natural extraída, importada e exportada, em 1998, neste subsector

segundo dados do IGM e do INE, está esquematizada no Quadro 3.

Quadro 3: Quantidades de rocha ornamental processada no sector (1998)

QUANTIDADE (t/ano) TIPO DE ROCHA FORMA DE APRESENTAÇÃO

Produção/Extracção Importação Exportação

em bloco 1 191 521 872 47 817

Serrados - 2 339 57 911 Mármore e outras

rochas carbonatadas

em obra 133 1641 7 199 181 936

em bloco 452 348 49 567 137 120

Serrados - 27 489 84 439 Granito e outras rochas

similares

em obra 100 4911 24 964 34 913

em bloco 21 153

Serrados - 35 8 154 Ardósias e xistos

ardosíferos

em obra 25 0001 54 2 269

Pedra para calcetamento calçada - 305 567 671

Total 1 923 677 112 824 1 122 230

Relativamente aos tipos de rochas mais exploradas, surge o mármore e o calcário sedimentar,

no grupo das rochas do tipo "mármore e outras rochas carbonatadas", o granito no grupo das

rochas do tipo "granito e outras rochas similares" e a ardósia no grupo das rochas do tipo

"ardósias e xistos ardosíferos". O mármore, o calcário sedimentar e o granito são as rochas com

maior representatividade neste subsector. Ver Figuras 4 a 6.

43%

55%

1%1%Brecha calcáriaCalcário microcristalinoCalcário sedimentarMármore

Figura 4 - Distribuição percentual da produção de rochas do tipo "mármore e outras rochas

carbonatadas"

1 produção de rocha para calcetamento e esteios no caso do xisto

Page 13: Guia Sectorial - Pedra Natural

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PNAPRI – GUIA TÉCNICO DO SECTOR DA PEDRA NATURAL Página 8

95,1%

0,1%0,1%

4,7%

GranitoPórfiro ácidoSerpentinitoSienito nefelinico

Figura 5 - Distribuição percentual da produção de rochas do tipo "granito e outras rochas

similares"

96%

4%

ArdósiaXisto

Figura 6 - Distribuição percentual da produção de rochas do tipo "ardósias e xistos ardosíferos"

3.1.1.2. Subsector das rochas industriais

Em Portugal exploram-se diversos tipos de rocha industrial que se podem agrupar em três

grandes grupos, "calcário, gesso e cré", "saibro, areia e pedra britada" e "caulino e outras

argilas".(Quadro 4) No subsector das rochas industriais estão ainda incluídas todas as rochas

ornamentais que não sendo adequadas à utilização ornamental, podem ter usos alternativos,

sendo a utilização mais comum como britas para a construção de estradas ou na industria de

construção civil.

Quadro 4: Tipos de rocha industrial

Calcário margoso Marga para cimento Calcário para britas Dolomito e calcário dolomitico

Calcário, gesso e cré

Gesso Saibro e Seixo Areia comum Areia especial Granito Pórfiro Sienito Nifelinico Basalto Calcite Gabro, Gabro-Diorito e Diorito Ofito Quartzito

Saibro, areia e pedra britada

Xisto e Grauvaque Caulino Argila comum Caulino e outras argilas

Argila especial

A produção de brita calcária é a actividade mais importante deste subsector, estando localizada

principalmente nos distritos de Coimbra, Leiria, Santarém, Setúbal e Faro.

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O calcário para cimento e a marga são também extraídos em grandes quantidades sendo

fornecidos por grandes pedreiras localizadas nos distritos de Coimbra, Leiria, Santarém, Lisboa,

Setúbal e Faro.

A extracção de calcário para outros fins, como para as industrias siderúrgica, cerâmica, vidro e

papel, realiza-se em mais pequenas quantidades. O calcário dolomitico é extraído

principalmente no distrito de Setúbal e no maciço calcário estremenho. O calcário para a

industria do papel, onde tem vindo a substituir o lugar do caulino devido à sua brancura, baixa

abrasividade, baixo custo e abundantes reservas, extrai-se principalmente no Maciço Calcário

Estremenho.

Relativamente ao gesso, Portugal é auto suficiente em gesso preto utilizado na industria do

cimento, sendo os distritos de maior produção Leiria, Setúbal e Faro.

A argila e o caulino são recursos que existem em grande abundância em Portugal, sendo

especialmente indicados para utilizações na industria cerâmica. A produção de caulino está

localizada nos distritos de Viana do Castelo, Braga, Porto, Aveiro, Coimbra e Santarém e a de

argila nos distritos de Vila Real, Bragança, Aveiro, Coimbra, Leiria, Santarém, Lisboa e Faro. A

argila especial, assim chamada devido ás suas propriedades mineralógicas, químicas e

tecnológicas, é também utilizada na industria cerâmica mas a sua exploração está localizada

numa área restrita, a zona costeira central de Portugal, em especial em Águeda, Anadia,

Redinha, Pombal e Barracão.

Os centros de produção e principais designações de rocha extraída para os grupos "calcário,

gesso e cré" e "caulino e outras argilas" estão representados na Figura 7.

V. do Castelo

Braga V. RealBragança

Porto

AveiroViseu

Coimbra

Santarém

Guarda

CasteloBranco

Leiria

Portalegre

Lisboa

SetúbalÉvora

Faro

Beja

Calcário

Calcário e calcário para cimento

Calcário, calcário p/ cimento e gesso

Calcário, calcário p/ cimento e outros

Calcário, calcário p/ cimento, gesso e outros

V. do Castelo

Braga V. RealBragança

Porto

AveiroViseu

Coimbra

Santarém

Guarda

CasteloBranco

Leiria

Portalegre

Lisboa

SetúbalÉvora

Faro

Beja

Argilas

Caulino

Argilas e Caulino

Figura 7 - Principais centros de produção de "calcário, gesso e cré" e "caulino e outras argilas"

Page 15: Guia Sectorial - Pedra Natural

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PNAPRI – GUIA TÉCNICO DO SECTOR DA PEDRA NATURAL Página 10

A produção de brita de granito, actividade de grande importância neste subsector, está

principalmente localizada na região norte de Portugal em especial nos distritos de Viana do

Castelo, Vila Real, Braga, Porto, Viseu e Guarda. Havendo também centros de produção em,

Aveiro, Castelo Branco e Évora.

As areias têm diversas utilizações sendo consumidas nas industrias cerâmica, vidro, cristal e

fundições. As suas reservas são grandes, estando as mais importantes localizadas nos distritos

de Coimbra, Leiria, Santarém e Setúbal.

Os centros de produção e principais designações de rocha extraída para o grupo de "saibro,

areia e pedra britada" estão representados na Figura 8.

V. do Castelo

Braga V. RealBragança

Porto

AveiroViseu

Coimbra

Santarém

Guarda

CasteloBranco

Leiria

Portalegre

Lisboa

SetúbalÉvora

Faro

Beja

Saibro

Areia

Saibro e areia

Saibro, areia e seix

V. do Castelo

Braga V. RealBragança

Porto

AveiroViseu

Coimbra

Santarém

Guarda

CasteloBranco

Leiria

Portalegre

Lisboa

SetúbalÉvora

Faro

Beja

Granito

Outras rochas industriais

Granito e outras rochas industriais

Figura 8 - Principais centros de produção de "saibro, areia e pedra britada"

Das 90 619 872 toneladas de rocha industrial extraída em 1998, 56% foram de rocha tipo

"calcário, gesso e cré", 40% de rocha tipo "saibro, areia e pedra britada" e 4% de rocha tipo

"caulino e outras argilas". A importação e exportação é pouco significativa neste subsector.

(ver Quadro 5)

Relativamente aos tipos de rochas mais exploradas, surge o calcário para britas e o calcário

margoso e marga para cimento, no grupo das rochas do tipo "calcário, gesso e cré", o granito

no grupo das rochas tipo "saibro, areia e pedra britada" e as argilas no grupo das rochas do

tipo "caulino e outras argilas". O calcário e o granito para britas são as rochas com maior

representatividade neste subsector. Ver Figuras 9 a 11.

Page 16: Guia Sectorial - Pedra Natural

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PNAPRI – GUIA TÉCNICO DO SECTOR DA PEDRA NATURAL Página 11

Quadro 5: Quantidades de rocha industrial processada no sector (1998)

QUANTIDADE (t/ano) TIPO DE ROCHA

Produção/Extracção Importação Exportação

Calcário, gesso e cré 50 692 313 306 780 12 984

Saibro, areia e pedra britada 36 348 756 797 956 165 336

Caulino e outras argilas 3 578 803 154 413 10 102

Total 90 619 872 1 259 149 188 422

21%

78%

1%Calcário margoso e marga para cimento

Calcário para britas

Gesso

Figura 9 - Distribuição percentual da produção de rochas do tipo "Calcário, gesso e cré "

3%

18%12%

67%

GranitoSaibro e SeixoAreiasOutras rochas industriais

Figura 10 - Distribuição percentual da produção de rochas do tipo "Saibro, areia e pedra

britada"

98%

2%

Argila

Caulino( d i )

Figura 11 - Distribuição percentual da produção de rochas do tipo "Caulino e outras argilas"

Page 17: Guia Sectorial - Pedra Natural

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PNAPRI – GUIA TÉCNICO DO SECTOR DA PEDRA NATURAL Página 12

3.1.2. Empresas do sector e sua distribuição geográfica A distribuição geográfica das empresas deste sector está fortemente condicionada aos locais de

extracção de pedra natural. Se bem que a existência de uma jazida de mineral num

determinado local, pressupusesse a existência da sua exploração isso nem sempre acontece

pois a viabilidade das explorações não depende apenas de factores geológicos. O facto de as

jazidas se encontrarem cobertas por uma camada demasiado espessa de minerais de valor

económico baixo ou nulo, ou de os potenciais clientes estarem demasiado longe, pode constituir

impedimento à exploração num determinado local. Na prática, a convergência de todos os

parâmetros raramente ocorre, dando origem, de facto, a um número limitado de locais

possíveis de extracção.

No subsector das rochas ornamentais a extracção e a transformação ocorrem normalmente em

empresas distintas pelo que: as empresas extractivas estão localizadas em zonas de jazidas e

as empresas transformadoras logicamente na envolvente das jazidas, mas principalmente no

distrito de Lisboa em especial na zona de Pêro Pinheiro. Pêro Pinheiro é uma localidade onde se

explorou calcário em grandes quantidades até algum tempo, mas cujos recursos se encontram

actualmente quase esgotados, e onde se desenvolveu toda uma industria transformadora

direccionada agora, não para a pedra natural extraída na zona, mas para todo o tipo de pedra

extraída em Portugal ou importada, calcários, mármores e granitos. A região de Borba,

Estremoz e Vila Viçosa, hoje principal pólo da industria extractiva já apresenta também uma

forte componente transformadora, assim como a região de Porto de Mós, de formação mais

recente, devido à forte exploração comercial de calcários sedimentares.

No subsector das rochas industriais as empresas extractivas procedem também à

transformação da pedra, pelo que a sua localização corresponde a locais onde a exploração de

pedreiras é economicamente viável.

De acordo com dados fornecidos pelo MTS a CAE 14 (grupos 141, 142 e 145) e a CAE 27

(grupo 267) compreendiam em 1998 um total de 2 164 empresas. Já de acordo com dados do

INE , existiam em Portugal um total de 4 475 empresas para as mesmas CAE e grupos, das

quais 1 997 são sociedades e 2 478 são empresários em nome individual.

Considerando que de acordo com a legislação, todas as empresas em funcionamento têm que

entregar, nos centros de emprego os mapas de pagamentos de salários, resolveu-se considerar

o universo de 2 164 empresas fornecido pelo MTS como o universo de empresas do sector, pois

que estará garantida a laboração efectiva das empresas contabilizadas.

Destas 2 164 empresas, 888 inserem-se na CAE 14 - Outras Industrias Extractivas (583 no

grupo 141, 273 no grupo 142 e 29 no grupo 145) e 1 276 na CAE 26 (grupo 267) - Fabricação

de outros produtos minerais não metálicos, conforme se ilustra na Figura 12.

Page 18: Guia Sectorial - Pedra Natural

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PNAPRI – GUIA TÉCNICO DO SECTOR DA PEDRA NATURAL Página 13

CAE-26759%

CAE-1451%

CAE-14213%

CAE-14127%

Figura 12 - Empresas da CAE 14 (grupos 141, 142 e 145) e CAE 26 (grupo 267) em

percentagem

O distrito de Lisboa detém o maior número de empresas (463, 21% do total de empresas do

sector) seguido do distrito do Porto (281, 13% do total de empresas do sector). De salientar

que 69% das empresas do sector estão localizadas nos distritos de Lisboa, Porto, Leiria,

Santarém, Braga, Évora e Aveiro .(Figura 13 e Quadro 6)

Quanto às regiões Autónomas, é na Madeira que se concentra o maior número de empresas

(24), enquanto que na região dos Açores existem registos de apenas 12 empresas. (Figuras 14

e 15).

V. do Castelo96

Braga142

V. RealBragança

Porto281

Aveiro116 Viseu

93

Coimbra81

Santarém150

Guarda

CasteloBranco

Leiria213

Portalegre13Lisboa

463

Setúbal69

Évora

Faro

Beja18

27

44

128

54

73

67

Nº de empresas

- 0 a 10

- 11 a 100

- 101 a 200

- 201 a 400

- > 400

Figura 13 - Distribuição por distrito das empresas existentes em Portugal continental

Madeira24

Porto Santo

Nº de empresas

- 0 a 10

- 11 a 100

- 101 a 200

- 201 a 400

- > 400

Figura 14 - Empresas existentes na região autónoma da Madeira

Page 19: Guia Sectorial - Pedra Natural

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PNAPRI – GUIA TÉCNICO DO SECTOR DA PEDRA NATURAL Página 14

CorvoFlores

Graciosa

Pico

Faial TerceiraS, Jorge

S, Miguel

3

S, Maria

1 3

5

Nº de empresas

- 0 a 10

- 11 a 100

- 101 a 200

- 201 a 400

- > 400

Figura 15 - Empresas existentes na região autónoma dos Açores

As empresas da CAE 14 (888) encontram-se distribuídas um pouco por todo o país sendo os

distritos do Porto e Leiria os que possuem maior numero de empresas (26% do total da CAE

14), com 128 e 100 empresas respectivamente. As empresas da CAE 26 (grupo 267) estão

também bastante distribuídas por todo o país, sendo o distrito de Lisboa o que detém maior

numero de empresas (382), cerca de 30% do total de empresas desta CAE. (Ver Quadro 6)

Quadro 6: Número de empresas por distrito (Fonte: Ministério do Trabalho e da Solidariedade; 1998)

N.º empresas por CAE DISTRITOS N.º de empresas CAE 141 CAE 142 CAE 145 CAE 267

Aveiro 116 21 31 1 63 Beja 18 3 0 0 15 Braga 142 54 11 4 73 Bragança 27 4 9 1 13 Castelo Branco 44 5 7 0 32 Coimbra 81 10 18 1 52 Évora 128 49 7 2 70 Faro 54 9 11 0 34 Guarda 73 26 12 0 35 Leiria 213 65 34 1 113 Lisboa 463 57 21 3 382 Portalegre 13 5 1 1 6 Porto 281 110 14 4 153 Santarém 150 47 21 5 77 Setúbal 69 14 10 0 45 V. do Castelo 96 47 17 1 31 V. Real 67 29 13 1 24 Viseu 93 26 11 4 52 I. Madeira 24 1 19 0 4 I. S. Miguel 5 0 5 0 0 I. Terceira 3 0 1 0 2 I. S. Jorge 1 1 0 0 0 I. Pico 3 0 3 0 0 TOTAL 2164 583 276 29 1276

PERCENTAGEM 27% 13% 1% 59%

Page 20: Guia Sectorial - Pedra Natural

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PNAPRI – GUIA TÉCNICO DO SECTOR DA PEDRA NATURAL Página 15

3.1.3. Pessoal ao Serviço

De acordo com os dados do MTS as 2 164 empresas deste sector empregam 22 967

trabalhadores, distribuídos percentualmente por CAE da forma ilustrada na Figura 16. A CAE 14

emprega 11 889 trabalhadores e a CAE 26 (grupo 267) 11 038 trabalhadores. (Quadro 7)

Segundo dados do INE, as 1997 sociedades do sector empregam 22 937 trabalhadores um

valor não muito diferente do apontado pelo MTS. Ainda de acordo com esta fonte, mais de

metade das empresas (76,2%) empregam menos de 20 trabalhadores e apenas 1% empregam

entre 100 e 499 trabalhadores. Verifica-se ainda que as empresas, na sua grande maioria, são

micro empresas (com até 9 trabalhadores), representando cerca de 56,4% do total do sector.

CAE-14135%

CAE-14215%

CAE-1452%

CAE-26748%

Figura 16 - Trabalhadores da CAE 14 (grupos 141, 142 e 145) e CAE 26 (grupo 267) em

percentagem

Quadro 7: Número de empresas e trabalhadores por distrito (Fonte: Ministério do Trabalho e da Solidariedade; 1998)

N.º trabalhadores por CAE DISTRITOS N.º de empresas

N.º de trabalhadores CAE 141 CAE 142 CAE 145 CAE 267

Aveiro 116 1063 196 304 32 531 Beja 18 166 109 0 0 57 Braga 142 1634 637 176 45 776 Bragança 27 321 95 100 12 114 Castelo Branco 44 317 22 62 0 233 Coimbra 81 937 199 203 14 521 Évora 128 2791 1677 30 11 1073 Faro 54 562 190 80 0 292 Guarda 73 426 140 43 0 243 Leiria 213 2360 700 588 11 1061 Lisboa 463 3588 519 365 6 2698 Portalegre 13 355 236 5 19 95 Porto 281 2988 1519 363 98 1008 Santarém 150 1402 479 233 27 663 Setúbal 69 706 273 151 0 282 V. do Castelo 96 891 326 108 3 454 V. Real 67 784 365 115 28 276 Viseu 93 1114 392 81 44 597 I. Madeira 24 213 20 159 0 34 I. S. Miguel 5 263 0 263 0 0 I. Terceira 3 43 0 13 0 30 I. S. Jorge 1 3 3 0 0 0 I. Pico 3 10 0 10 0 0

TOTAL 2164 22937 8097 3452 350 11038 PERCENTAGEM 35% 15% 2% 48%

Page 21: Guia Sectorial - Pedra Natural

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PNAPRI – GUIA TÉCNICO DO SECTOR DA PEDRA NATURAL Página 16

Os distritos de Lisboa, Porto, Évora e Leiria possuem 51% dos trabalhadores do sector. Dos

11 289 trabalhadores afectos à CAE 14 cerca de 44% (4 997), trabalham nos distritos do Porto,

Évora e Leiria. Quanto à CAE 26 (grupo 267), com 11 038 trabalhadores, é no distrito de Lisboa

que se encontra o maior numero de trabalhadores, 2698, cerca de 24% do total. (Quadro 7)

Page 22: Guia Sectorial - Pedra Natural

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3.1.4. Indicadores económicos A produção de rochas ornamentais e industriais, à semelhança de outros recursos geológicos, é

fortemente condicionada pelas tendências do mercado, verificando-se uma certa inconstância

na procura e consequentemente na sua extracção.

Em 1998, o sector da pedra natural produziu /extraiu cerca de 93 milhões de toneladas de

pedra (dados fornecidos pelo IGM) o equivalente a aproximadamente 100 milhões de contos.

Realizou cerca 14 milhões de contos de importações e exportações da ordem dos 38 milhões de

contos (dados fornecidos pelo INE). A rocha ornamental dado o seu maior valor acrescentado,

contribui de uma forma muito considerável para o volume de negócios realizado. Se em termos

de quantidade explorada a rocha industrial surge com maior evidencia em termos de valor do

material é a rocha ornamental que surge em maior destaque. (Figura 17)

400005000060000700008000090000

100000

neg

ócio

s (1

03 ton)

Subsector das rochasornamentaisSubsector das rochasindustriais

30000

40000

50000

60000

70000de

neg

ócio

s (1

03

cont

os)

Subsector das rochasornamentaisSubsector das rochasindustriais

PNAPRI – GUIA TÉCNICO DO SECTOR DA PEDRA NATURAL Página 17

0100002000030000

Volu

me

de

Produção/Extracção

Importação Exportação0

10000

20000

Volu

me

Produção/Extracção

Importação Exportação

Figura 17 - Volume de produção, importação e exportação de pedra natural em 1998

Relativamente a comércio externo, a balança pende claramente para as exportações onde

surge em maior relevo a rocha ornamental. Na importação, são as rochas industriais que têm

um maior peso, sendo o caulino e outras argilas quem mais contribui para este valor.

O subsector da rocha industrial foi responsável por 98% do material extraído, 92% do material

importado e por 14% do material exportado, mas por apenas 68% do valor da produção, 57%

do valor das importações e 2% do valor das exportações. (Figuras 18 a 20)

No subsector da rocha ornamental extraiu-se em 1998 pedra natural no valor de 39 milhões de

contos, importaram-se cerca de 6 milhões de contos de pedra natural e exportaram-se 37

milhões de contos.

2%

98%

Subsector das rochasornamentais

Subsector das rochasindustriais

39%

61%

Figura 18 - Produção de pedra natural (a) valores em toneladas, (b) valores em contos

(a) (b)

Page 23: Guia Sectorial - Pedra Natural

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8%

92%

Subsector das rochasornamentais

Subsector das rochasindustriais

43%

57%

Figura 19 - Importação de pedra natural (a) valores em toneladas, (b) valores em contos

86%

14% Subsector das rochasornamentais

Subsector das rochasindustriais 98%

2%

Figura 20 - Exportação de pedra natural (a) valores em toneladas, (b) valores em contos

No Quadro 8 apresenta-se a distribuição percentual das empresas por escalão de volume de

vendas. Verifica-se que a maioria das empresas deste sector 49,4%, gera um volume de

vendas bastante baixo, inferior a 30 000 contos o que indicia a predominância de micro

(a) (b)

(a) (b)

PNAPRI – GUIA TÉCNICO DO SECTOR DA PEDRA NATURAL Página 18

empresas no sector.

Quadro 8: Número de empresas por intervalos de volume de vendas (Fonte: Ministério do Trabalho e da Solidariedade; 1998)

EMPRESAS POR INTERVALO INTERVALOS DE VOLUME DE VENDAS (MILHARES DE CONTOS) NÚMERO %

< 10 378 19,2 10 a 29 593 30,2 30 a 49 285 14,5 50 a 99 291 14,8

100 a 199 189 9,6 200 a 499 155 7,9 500 a 999 45 2,3

1000 a 4999 27 1,4 5000 a 9999 1 0,1

10000 a 24999 0 0,0 25000 a 49999 0 0,0 50000 a 99999 0 0,0

> 100000 0 0,0 TOTAL 1964 IGNORADOS 2001

3.1.4.1. Subsector das rochas ornamentais A análise dos valores de produção e de comércio externo de rochas ornamentais deverá ter em

consideração que os dados de produção correspondem unicamente a blocos, enquanto que, na

importação e exportação, estes valores dizem respeito a blocos, produtos serrados e em obra.

1 As empresas ignoradas correspondem àquelas que não conseguiram fornecer, em tempo útil, a informação relativa ao seu volume de

vendas

Page 24: Guia Sectorial - Pedra Natural

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PNAPRI – GUIA TÉCNICO DO SECTOR DA PEDRA NATURAL Página 19

A rocha ornamental tem vindo a apresentar um desenvolvimento crescente que se tem

acentuado nos últimos anos. A produção tem crescido em resposta a uma maior procura do

mercado assim como se tem intensificado o comércio externo em especial as exportações.

(Figura 21)

Em 1998, os mármores e outras rochas carbonatadas, foram o tipo de rocha mais explorada

representando cerca de 71% do valor da produção. (Figura 22)

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

1800

2000

Vol

um

e de

Neg

ócio

s (1

0 3

ton

)

1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998

Produção

Exportação

Importação

0

5

10

15

20

25

30

35

40

Vol

um

e de

Neg

ócio

s (1

06 c

onto

s)

1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998

Produção

Exportação

Importação

Figura 21 - Evolução da produção, importação e exportação de rochas ornamentais de

1988 a 1998 (Fonte - IGM e INE)

(a)69%

29%2%

(b)71%

26%3% Mármore e Outras Rochas

CarbonatadasGranito e Outras RochasSimilaresArdósias e XistosArdosíferos

Figura 22 - Produção de rocha ornamental (a) valores em toneladas, (b) valores em contos (Fonte IGM - 1998)

No que diz respeito à importação de rochas ornamentais, verifica-se que os granitos e outras

rochas similares se destacam das restantes, uma vez que a importação de mármores e outras

rochas carbonatadas tem pouca expressão, conforme se ilustra na figura 23. Em 1998

importaram-se cerca de 102 mil toneladas de granitos e outras rochas similares (o equivalente

a 4,9 milhões de contos), das quais 49% em bloco, 27% serrados e 24% em obra. De referir

que o valor do material em obra importado, representa 63% do valor total de importações.

A importação de granitos ornamentais e rochas similares, encontra-se concentrada num

pequeno número de países, sendo a Espanha, a África do Sul e o Brasil, os principais países de

origem, as importações de mármores e outras rochas carbonatadas, têm como principais países

de origem a Espanha e a Itália.

(a)90,4%

9,2%0,1% 0,3%

(b)

20%

78%

1%1%

Mármore e Outras RochasCarbonatadas

Granito e Outras RochasSimilares

Ardósias e Xistos Ardosíferos

Pedra para calcetamento

Figura 23 - Importação de rocha ornamental (a) valores em toneladas, (b) valores em contos

(Fonte INE - 1998)

Page 25: Guia Sectorial - Pedra Natural

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PNAPRI – GUIA TÉCNICO DO SECTOR DA PEDRA NATURAL Página 20

Os valores de exportação apresentados para as rochas ornamentais correspondem, na sua

maioria, a produtos em obra (principalmente produtos de mármores e outras rochas

carbonatadas), facto que lhes confere um maior valor acrescentado, e a pedra talhada para

calcetamento. Na realidade, desde 1988 tem predominado a exportação de produtos em obra,

em detrimento dos serrados e dos blocos. De referir que o material em obra exportado,

representa 56% do valor económico das exportações realizadas em 1998.

Neste mesmo ano, exportaram-se cerca de 22 milhões de contos de mármore e outras rochas

carbonatadas, dos quais 8% em bloco, 11% em serrados e 81% em obra.

Apesar de a pedra natural talhada para calcetamento ter representado 50% das cerca de

1,1 milhões de toneladas exportadas isso correspondeu a apenas 22% do valor transaccionado

(Figura 24).

Os principais países para onde Portugal exporta mármores e outras rochas carbonatadas têm

sido, desde 1988, a Arábia Saudita, os Estados Unidos da América, o Reino Unido, a Espanha, a

Itália e a Alemanha, tendo a Itália importado fundamentalmente blocos e os restantes países

importado preferencialmente produtos em obra. Em termos de granitos ornamentais e rochas

similares, a Alemanha, a Espanha e o Japão, são os principais países importadores destes tipos

litológicos.

A ardósia em bloco e serrada é exportada fundamentalmente para a Alemanha e Japão,

enquanto que a ardósia em obra se destina especialmente para a França, seguida da Suíça e da

Dinamarca. Quanto à pedra natural talhada para calcetamento os seus destinos de exportação

são a Alemanha, o Reino Unido e a Noruega.

(a)

26%

23%1%

50%

(b)

59%16%

3%22%

Mármore e Outras RochasCarbonatadas

Granito e Outras RochasSimilares

Ardósias e XistosArdosíferos

Pedra para calcetamento

Figura 24 - Exportação de rocha ornamental (a) valores em toneladas, (b) valores em contos

(Fonte INE - 1998)

Como se ilustra na Figura 25, o valor das exportações de pedra natural foi em 1998 superior ao

valor das importações exceptuando os produtos em obra de granito e outras rochas similares e

de ardósias e xistos ardosíferos. No caso do mármore e outras rochas carbonatadas, a

exportação de produto em obra foi a mais relevante de todo o subsector.

Page 26: Guia Sectorial - Pedra Natural

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PNAPRI – GUIA TÉCNICO DO SECTOR DA PEDRA NATURAL Página 21

0

5000

10000

15000

20000

(103

cont

os )

em bloco serrados em obra

Mármore e Outras Rochas Carbonatadas

0500

10001500200025003000

(103

cont

os)

em bloco serrados em obra

Granito e Outras Rochas Similares

0

100

200

300

400

500

600

(103 c

onto

s)

em bloco e serrada em obra

Ardósias e Xistos Ardosíferos

02000400060008000

10000

(103 c

onto

s)

Pedra para calcetamento

Pedra natural para calcetamento

Figura 25 - Volume de importação / exportação por tipo de rocha ornamental e por produto

(Fonte - INE)

3.1.4.2. Subsector das rochas industriais

No subsector das rochas industriais o tipo de mercado, muito competitivo, e o tipo de produto

produzido, em predominância brita de baixo valor económico, condiciona a produção nacional

na sua maioria, a ser direccionada para o mercado interno, tendo as importações e exportações

pouco significado. (Figura 26)

De referir que a diminuição das exportações verificada no ano de 1998, está relacionada com o

facto de a pedra talhada para calcetamento que anteriormente era parte integrante da

estatística da rocha industrial no grupo de saibro, areia e pedra britada, estar agora incluída na

estatística de rochas ornamentais.

Na produção nacional destacam-se em especial o calcário e o granito para britas, dos quais em

1998 foram produzidas cerca de 64 milhões de toneladas, o equivalente a 71% da produção

deste subsector. O caulino e outras argilas tem pouco significado na produção nacional como se

ilustra na Figura 27.

0100002000030000400005000060000700008000090000

100000

Volu

me

de n

egóc

ios

(103 to

n)

1996 1997 1998

ProduçãoExportaçãoImportação

0

10000

20000

30000

40000

50000

60000

70000

Volu

me

de n

egóc

ios

(103 c

onto

s)

1996 1997 1998

ProduçãoExportaçãoImportação

Figura 26 - Evolução da produção, importação e exportação de rochas industriais

de 1996 a 1998

(Fonte - IGM e INE)

exportação importação

Page 27: Guia Sectorial - Pedra Natural

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56%

40%

4%

(a)

40%

57%

3% Calcário, gesso e cré

Saibro, Areia e PedrabritadaCaulino e OutrasArgilas

Figura 27 - Produção de rocha industrial (a) valores em toneladas, (b) valores em contos

(Fonte IGM - 1998)

No que respeita aos valores de importação, destaca-se a importância do gesso e do caulino

(Figura 28). O elevado valor de importação destas substâncias, é justificado pela sua escassez

com um nível de pureza que satisfaça a necessidade das indústrias nacionais.

O principal país de importação é a Espanha donde provêem areias, cascalho e pedra britada, e

principalmente gesso. O caulino provém maioritariamente do Reino Unido.

24%

64%

12%

(a)

42%

17%

41%Calcário, gesso e cré

Saibro, Areia e PedrabritadaCaulino e OutrasArgilas(b)

Figura 28 - Importação de rocha industrial (a) valores em toneladas, (b) valores em contos

(Fonte INE – 1998)

Relativamente às exportações apesar de em pouca quantidade, destaca-se o saibro, areia e

pedra britada, sendo exportado principalmente areias.(Figura 29)

Os principais países importadores de areia são a Itália e a Espanha.

88%

7%5%

(a)

58%

16%26%

Calcário, gesso e cré

Saibro, Areia e PedrabritadaCaulino e OutrasArgilas

(b)

Figura 29 - Exportação de rocha industrial (a) valores em toneladas, (b) valores em contos

(Fonte INE - 1998)

Page 28: Guia Sectorial - Pedra Natural

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3.2. CARACTERIZAÇÃO DOS PROCESSOS PRODUTIVOS

As pedras naturais distribuem-se por dois subsectores que se caracterizam por processos

produtivos e produtos finais bastante diferentes.

3.2.1. Subsector das rochas ornamentais

3.2.1.1. Extracção

A maior parte das explorações corresponde a pedreiras de pequena dimensão, o que é revelado

pelas baixas quantidades de rocha desmontadas anualmente em cada exploração.

As operações principais para extracção de blocos primários nas explorações de rochas

ornamentais são, furação, corte, derrube, esquartejamento, extracção e acabamento.

O processo inicia-se com a destapação que consiste na remoção da vegetação e solo que cobre

o maciço rochoso, cuja espessura é por vezes considerável. Esta operação é efectuada com pás

carregadoras, escavadoras e manualmente. A legislação (DL 89/90) obriga ao armazenamento

do solo de cobertura para posterior reconstituição paisagística. Segue-se a remoção dos

cabeços. Esta operação pode ser realizada por deflagração com explosivos no caso do material

estar fracturado ou a qualidade da rocha não justificar uma extracção mais cuidada. Quando a

rocha é de melhor qualidade destacam-se os cabeços através de operações de perfuração e

serragem com fio diamantado.

Inicia-se seguidamente o abaixamento de pisos, usado para o desmonte em profundidade, que

pode ser efectuado com o fio diamantado. A abertura de canais consiste na execução de um

rasgo na frente de desmonte com a forma trapezoidal, seguindo-se a individualização das

talhadas. Nesta fase empregam-se máquinas perfuradoras, máquinas de fio diamantado, pás

carregadoras e gruas. Após o abaixamento de piso e a abertura de canais, tem-se o fundo da

pedreira com várias frentes de desmonte em bancada. Procede-se à separação dessas

bancadas do resto do maciço. As máquinas perfuradoras executam os furos por onde passa o

fio diamantado que efectua o corte.

Após cada talhada estar individualizada procede-se ao derrube com o equipamento adequado

para uma 'cama' previamente construída com o objectivo de amortecer a queda e minimizar a

quantidade de fracturas. A 'cama' é constituída por terra, fragmentos de rochas e pneus velhos.

Quando, no decorrer dessa operação, as talhadas se fragmentam em vários blocos ou quando

têm peso ou dimensão excessivos é necessário proceder ao esquartejamento dos blocos na

pedreira, com martelos pneumáticos, engenho monolâmina diamantada ou máquinas de fio

diamantado, para que tomem uma forma mais regular.

Page 29: Guia Sectorial - Pedra Natural

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PNAPRI – GUIA TÉCNICO DO SECTOR DA PEDRA NATURAL Página 24

Nas rochas siliciosas a tecnologia mais comum é um dispositivo semelhante à monolâmina com

"quarry-bar" ou barra de perfuração em pedreiras. O esquartejamento vai depender das

características de fracturação dos blocos e das operações anteriores e posteriores. O desmonte

termina com a limpeza da frente removendo-se os blocos para o parque de blocos e o estéril

para a escombreira. Dado que os blocos apresentam dimensões e formas muito variadas,

realiza-se ainda uma operação de acabamento com monolâmina para correcção final antes da

comercialização ou serragem.

Técnicas de desmonte

Existem diferentes técnicas de desmonte cuja selecção se faz de acordo com as características

de cada rocha (resistência à compressão, dureza, tenacidade, porosidade e abrasividade), os

processos de optimização da produção e o grau de mecanização que se pretende. Geralmente

não se recorre apenas a uma técnica, coexistindo pelo menos duas. (Figura 30)

Directo16%

Com explosivo28%

Lança térmica1%

Fio diamantado52%

Outro tipo de desmonte

3%

Figura 30 - Técnicas de desmonte

(Fonte – Assimagra)

A utilização de fio diamantado é a técnica mais utilizada, tendo substituído o fio helicoidal.

Possibilita o corte de rochas duras e abrasivas e também um aumento considerável das

velocidades de corte e consequentemente da produção.

A máquina de fio diamantado funciona sobre carris nos quais se desloca executando cortes

horizontais, verticais e oblíquos. O fio diamantado, que constitui a ferramenta de corte, consiste

num cabo de fios de aço no qual estão inseridos vários anéis diamantados ou "pérolas"

constituídas por uma liga metálica com pó de diamante. Neste processo a velocidade de corte é

cuidadosamente controlada e é utilizada água para refrigeração. Esta técnica exige o recurso a

máquinas de perfuração de bancadas para a introdução inicial do fio.

O fio diamantado é também usado para regularização das formas dos blocos extraídos de modo

a facilitar o seu manuseamento e transporte.

A utilização de explosivos é cada vez menos frequente dado que origina microfracturação da

rocha e fracturação de grande volume de material. Os explosivos usados são mais fracos e o

doseamento é realizado com mais cuidado. É principalmente usado para remover materiais de

baixo valor económico.

Page 30: Guia Sectorial - Pedra Natural

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O desmonte directo é executado, principalmente, com serra de braço, serra com disco e jacto

de água. As duas primeiras técnicas são mais clássicas mas têm alguns limites de utilização por

escassez de profundidade de corte. O jacto de água é mais recente e consiste na desintegração

da rocha por acção dum jacto de água de alta velocidade. No caso de rochas menos duras são

também usadas pás carregadoras e escavadoras.

No corte de superfícies verticais para separar os grandes blocos primários de rocha, utiliza-se

por vezes a lança térmica. Esta técnica emprega-se apenas em rochas com elevado teor de

sílica tais como granitos e dioritos. A desintegração da rocha dá-se por dilatação térmica

diferencial dos seus diferentes constituintes.

Fases de exploração das pedreiras

Podem considerar-se as seguintes fases de vida de uma exploração : pesquisa, operacional,

suspensão de lavra, abandono e recuperação paisagística, indicadas na Figura 31.

Operacional76%

Pesquisa3%

Não responde

4%

Abandono1%

Suspensão de lavra

16%

Figura 31 - Fases de exploração das pedreiras

(Fonte - Assimagra)

A fase de prospecção e pesquisa pode ser efectuada por verificação directa ou através de

sondagens por amostragem e perfuração. No primeiro caso é necessário proceder à retirada de

vegetação, solo de cobertura e desmonte de alguma rocha causando impactes ambientais na

topografia, flora e fauna. Quando se recorre a sondagens há uma minimização dos impactes

porque se efectua apenas uma remoção localizada de solo e se facilita a recuperação no caso

de não se dar continuidade à exploração. Neste caso é também possível uma melhor

planificação da exploração e gestão das reservas.

A maior parte das pedreiras encontra-se na fase operacional, correspondendo a uma situação

de plena laboração. Na fase de suspensão encontram-se as pedreiras onde houve interrupção

da exploração mas existe ainda a hipótese de retoma da actividade. A fase de abandono

corresponde à desactivação da actividade finda a qual o explorador deverá proceder às medidas

de segurança e recuperação paisagística contempladas na legislação (DL 89/90).

Page 31: Guia Sectorial - Pedra Natural

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3.2.1.2. Transformação Na indústria transformadora os blocos são trabalhados seguindo uma série de etapas e

processos de acordo com o produto final pretendido. Na maior parte das unidades não existem

todas as fase do processo produtivo observando-se uma especialização em determinadas fases.

As principais fases de produção, e que aqui se detalham, são a serragem, transformação do

bloco em chapa, corte e polimento, transformação da chapa ou bloco em ladrilho ou mosaico, e

selecção e acabamento.

Serragem Compreende uma fase inicial de esquadrejamento dos blocos com monolâminas de modo a

conferir-lhes a forma de paralelepípedos e retirando-lhes defeitos estruturais.

Segue-se a transformação do bloco em chapa serrada com espessura variável de acordo com o

fim pretendido. No caso das rochas calcárias a tecnologia usada sofreu uma grande

transformação nos anos 50/60 com a substituição da areia siliciosa por segmentos preparados

com diamante industrial. A serragem passou a ser efectuada por engenhos de corte

diamantado constituídos por multilâminas, o que permite cortar o bloco em várias chapas de

diferentes espessuras predefinidas e ao mesmo tempo. Este equipamento possui um sistema de

refrigeração por injecção de água. No caso de calcários com algumas inclusões siliciosas podem

ainda encontrar-se em operação engenhos de serragem com areia siliciosa (12).

Na serragem de blocos de granito a evolução deu-se com a introdução da granalha de aço e

das lâminas estriadas em substituição da areia siliciosa e das lâminas lisas o que conduziu a

uma redução do tempo de serragem, melhorando a qualidade. O controle da mistura abrasiva ,

constituída por granalha de aço, cal, água e os estéreis produzidos durante o processo de

serragem, é um factor importante para a capacidade de serragem dos engenhos permitindo um

aumento da velocidade de corte e melhoria da qualidade do produto serrado. Várias soluções

mecânicas foram sendo desenvolvidas, desde máquinas de movimento pendular a movimento

semi-linear, com o objectivo de prolongar o tempo de contacto entre a lâmina e o bloco. O

inconveniente deste processo reside no desgaste da mistura abrasiva. A aplicação de lâminas

diamantadas na serragem dos granitos tem deparado com algumas dificuldades técnicas e

também com o problema do elevado custo unitário.

Algumas empresas dedicam-se exclusivamente à produção de chapa serrada, enquanto que

outras empresas iniciam o seu processo produtivo a partir dessa fase.

Corte e polimento

Nestas fases os processos podem ser manuais, mecânicos ou automatizados e incluem a

utilização de água em circuito fechado.

Page 32: Guia Sectorial - Pedra Natural

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A tecnologia de corte mais divulgada baseia-se na utilização de discos com cortantes de

concreção diamantada, existindo máquinas monodisco (cortadora de braços, cortadora de

ponte e máquinas de rodear) e multidisco. As máquinas multidisco têm elevada capacidade

produtiva e, por vezes, inserem-se em linhas de produção contínua. Este tipo de equipamento

tem sofrido um grande desenvolvimento com recurso à electrónica , principalmente em relação

ao posicionamento do disco e memorização do corte.

Na fase de corte as chapas são cortadas em pequenas peças tais como ladrilhos, mosaicos ou

cantarias. Recentemente foram desenvolvidas máquinas de corte em que o corte é orientado

por raios laser.

Os processos de tratamento de superfícies sofreram grande desenvolvimento permitindo um

aumento da produção e da qualidade na uniformidade do produto. Na fase de polimento

recorre-se às polidoras de tapete, quer para chapa quer para mosaico, que são constituídas por

uma bancada ao longo da qual se desloca um tapete de dimensões variáveis onde se coloca o

produto a ser trabalhado. Uma ponte suporta as cabeças rectificadoras e polidoras de número

variável. No processo de polimento usam-se diferentes abrasivos de grão progressivamente

decrescente. A dimensão do grão com que se inicia o processo de polimento depende do tipo

de material e características da sua superfície. Os abrasivos são constituídos por uma resina de

poliéster insaturada, partículas de carbonato de silicone de várias dimensões, carbonato de

cálcio, cloreto de sódio e óxidos corantes. Nas linhas de polimento de granito o número de

cabeças é maior. A polidora manual tem vindo a ser abandonada e usa - se apenas em

trabalhos especiais. Nas linhas de polimento foram introduzidos sistemas automáticos de carga

e descarga eliminando, deste modo, o manuseamento de peças frágeis e pesadas.

De acordo com o produto final existem linhas de polimento de chapa e linhas integradas de

produção de ladrilhos desde o bloco ao polimento. A linha de polimento de chapa está equipada

com um sistema de polimento contínuo e um sistema de descarga da chapa. Após o polimento

as chapas podem ser expedidas tal qual, ou enviadas para o corte longitudinal e transversal

com as medidas pretendidas. Após o corte de precisão segue-se a biselagem e polimento dos

topos.

A linha de ladrilhos ou mosaicos, de acordo com a dimensão, inicia-se com a produção de tiras

que é realizada com equipamentos de corte de discos diamantados. As extremidades irregulares

das tiras são cortadas de modo a dar-lhes um formato rectangular e comprimentos fixos. Nos

blocos de menor qualidade procede-se à produção de comprimentos livres que são peças onde

o comprimento e largura são variáveis e a espessura fixa. As tiras podem ir directamente para a

linha de polimento ou para uma rufiadora que divide uma tira em duas de espessura igual.

Seguidamente vão para o polimento e finalmente já transformadas em ladrilhos seguem para

um equipamento com mós diamantadas para rectificar as arestas da peça.

Page 33: Guia Sectorial - Pedra Natural

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Outro tratamento de superfície bastante comum é o flamejamento muito utilizado em

pavimentos exteriores, piso anti-escorregadio e revestimento de grandes trabalhos

arquitectónicos devido ao seu efeito decorativo. Têm-se realizado recentemente trabalhos com

revestimentos associando pedra polida e flamejada. O equipamento consiste numa bancada

com rolos onde se desloca a chapa. Este movimento está ligado à deslocação da chama que

percorre a superfície da peça. Este método cria um choque térmico na superfície conferindo-lhe

uma certa textura. Este tratamento aplica-se ao granito e rochas similares.

O bujardamento é um tratamento usado para dar à superfície um aspecto "esculpido". É

realizado com martelos pneumáticos equipados com cabeças de carboneto de tungsténio, com

bicos tetraédricos para proceder a incisões ou cinzelar a superfície (12).

Selecção e acabamento

Com a fase de selecção pretende-se obter um produto final uniformizado, por exemplo na

tonalidade. É um processo essencialmente manual sendo efectuado por operários

especializados.

A fase final do processo produtivo é o acabamento que vai depender do tipo de rocha e do

produto final pretendido. Esta fase consiste na chanfragem das arestas e obturação de poros

sendo realizada por canteiros e operários especializados. Muitas empresas efectuam também

trabalhos especiais por medida, utilizando nesses casos equipamento essencialmente manual.

3.2.2. Subsector das rochas industriais

Os tipos de rochas mais utilizados para fins industriais são o calcário e o granito. A maior

percentagem de material provém do local de extracção seguindo-se o material proveniente de

escombreiras e de outros subprodutos.

3.2.2.1. Extracção

As operações numa exploração de rochas industriais são bastante diferentes das operações

efectuadas no caso das rochas ornamentais. As principais operações são desmonte, carga e

transporte de material rochoso. No caso das rochas industriais o desmonte é realizado com

explosivos quando se trata de massa mineral consistente ou por desmonte directo em massas

incoerentes.

O desmonte directo pode ser manual, mecânico ou hidráulico com jacto de água sendo utilizado

no caso de massas minerais facilmente desagregadas como por exemplo a exploração de argila,

areia e cascalho e outros materiais de construção.

Page 34: Guia Sectorial - Pedra Natural

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PNAPRI – GUIA TÉCNICO DO SECTOR DA PEDRA NATURAL Página 29

O desmonte manual ou mecânico dirige-se directamente à frente de desmonte de modo a

individualizar a massa mineral. O desmonte hidráulico aplica-se onde os materiais são

desagregados por acção da água e permite combinar o desmonte do material, transporte e

recuperação na estação de tratamento assim como o escoamento dos resíduos pelo fluxo de

água.

3.2.2.2. Transformação

Existem dois tipos de unidades de transformação de rochas industriais : fixas e móveis. As

unidades fixas estão associadas a explorações de maior duração, geralmente cerca de trinta

anos para rochas duras. A duração de depósitos de areias e seixos é mais curta. As unidades

móveis estão ligadas a projectos de construção importantes, dependendo da sua duração.

Podem, também, ser utilizadas, temporariamente, em anexo a unidades fixas para satisfazer

uma necessidade pontual do mercado.

A maior percentagem de instalações (95%) é de unidades fixas dado estarem associadas à

exploração de calcários, granitos e brechas (1).

O processamento do material pode ser efectuado por via seca ou via húmida. Na via seca o

processamento é realizado sem intervenção de água ou qualquer tipo de lavagem tratando-se

de material seco, com pouca argila. Na via húmida o processamento realiza-se total ou

parcialmente com intervenção de água. A maior percentagem da transformação de rochas

industriais realiza-se por via seca (1).

O tipo de processamento do material vai depender do tipo de material e exploração, produto e

aplicação pretendida. De modo geral ao longo do processo de transformação as fases principais

são : trituração (primária, secundária e terciária), classificação (primária, secundária e terciária)

e operações auxiliares (alimentação, transporte, armazenamento, etc.).

A rocha desmontada na pedreira é transportada para a instalação de britagem constituída por

máquinas de trituração, selecção e transporte.

A redução de calibre, até ao produto final, é realizada, geralmente, passando pela trituração

primária realizada com britador de maxilas e pelas triturações secundária e terciária em

moinhos cónicos. Segue-se a selecção e classificação dos produtos realizada em crivos com

redes de aço de dimensões normalizadas de acordo com o produto que se pretende.

A produção de areia é, geralmente, realizada utilizando os materiais mais finos através de

selecção e ciclonagem. As unidades de lavagem e classificação são mais simples, sendo

constituídas por um sistema de alimentação, lavagem e classificação onde os inertes são

separados por granulometrias e se verifica a desagregação do material argiloso aderente.

Page 35: Guia Sectorial - Pedra Natural

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PNAPRI – GUIA TÉCNICO DO SECTOR DA PEDRA NATURAL Página 30

No campo das rochas industriais os produtos finais das centrais de britagem, por ordem

decrescente de granulometria, são : balastros, britas, gravilha, bago de arroz, areia, pó de

pedra e granulometrias relativas à produção de material de dimensão diversa. A produção mais

relevante diz respeito a britas, pó de pedra e gravilha (1).

A maior parte do material é aplicado na preparação de betão e argamassa, enchimento, bases

rodoviárias, aglomerados asfálticos e balastros para ferrovias (1).

3.2.3. Diagramas esquemáticos de Processo

Os processos produtivos para os dois subsectores, matérias primas utilizadas, bem como os

resíduos gerados, são genericamente caracterizados pelos diagramas apresentados nas Figuras

32 e 33.

Page 36: Guia Sectorial - Pedra Natural

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Perfuração

Corte

Desmonte

Acabamento

Serragem

Polimento

Corte

Selecção

Embalamento

água com natas

desperdicio de rocha

água com natas

terras e estéril de pedreira

água com natas

desperdicio de rocha

água com natas

desperdicio de rocha

água

água

água

água

bloco

chapa ou obrasdimensionadas

obra

blocouniforme

chapa

obra

água

água

água

água com natas

água com natas

água com natas

desperdicio de rocha

desperdicio de rocha

desperdicio de rocha

desperdicio de rocha

Pavimentos, Revestimentos, Cantaria,Construção civil

Remoção

fragmentos

Britagem eCrivagem Talhe de pedra

Compactação Cubos e guiaspara

calcetamentobloco

Britas

obrasdimensionadas

obrasespeciais

Obras especiais (mobiliário urbano, artefunerária, escultura, objectos decorativos,

instalações sanitárias e móveis de cozinha)

Extração

Transformação

Figura 32 - Diagrama de processo do subsector das rochas ornamentais

Page 37: Guia Sectorial - Pedra Natural

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Perfuração

Desmonte

Remoção

Britagemprimária

Britagemsecundária

Britagemterciária

Classificação

poeiras

poeirasexplosivo

fragmentos

fragmentos

água

Hidro-classificador

CrivosEscorredores

material finocom água

Ciclonagempolpa

polpa

polpa

Areias

Britas

Gravilha

poeiras

poeiras

poeiras

poeiras

terras e estéril depedreira

água

Extração

Transformação

Figura 33 - Diagrama de processo do subsector das rochas industriais

Page 38: Guia Sectorial - Pedra Natural

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3.3. RESÍDUOS INDUSTRIAIS

3.3.1. Introdução

O sector da Pedra Natural caracteriza-se pela existência de quantidades elevadas de resíduos

correspondendo, principalmente, a massa mineral rejeitada durante a extracção e lamas ou

lodos provenientes, sobretudo, da transformação. A ocorrência de grande volume de resíduos é

característico deste tipo de actividade mas é agravado por vários factores tais como a falta de

planificação e controle das explorações, tecnologia inadequada e baixa qualificação dos

operários.

O modo mais corrente de deposição desses resíduos é sob a forma de aterros de superfície,

vulgarmente designados por escombreiras quando constituídos por partículas de espectro

granulumétrico largo e depositadas a seco, ou por barragens e bacias de lamas quando

constituídos por partículas finas em meio aquoso, geralmente depositadas por sedimentação.

Estes resíduos não são considerados perigosos, mas a deposição não controlada ou

incorrectamente planeada destes resíduos pode estar na origem de acidentes e ocasionar

impactes ambientais graves.

O Decreto Lei n.º 544/99, de 13 de Dezembro estabelece as regras relativas à construção,

exploração e encerramento de aterros para resíduos resultantes da exploração de depósitos

minerais e de massas minerais ou de actividades destinadas à transformação dos produtos

resultantes desta exploração, tendo em vista evitar ou reduzir os potenciais efeitos negativos

sobre o ambiente e os riscos para a saúde publica.

3.3.2. Caracterização dos resíduos

A quantidade de matéria prima processada em cada um dos subsectores, conjuntamente com

os rendimentos médios para cada uma das operações produtivas envolvidas, permitiu obter

uma estimativa dos resíduos sólidos e pastosos gerados.

Os rendimentos médios para cada uma das operações produtivas, bem como as quantidades de

resíduos pastosos gerados por operação, foram estimados com base em informações fornecidas

por várias empresas do sector e por consulta de informação bibliográfica. Foram contempladas

as diferentes quantidades de matéria prima que se estimou serem processadas no País em cada

uma das operações produtivas de cada subsector.

As estimativas de rendimento médio por operação produtiva (em %), assim como as

quantidades estimadas de resíduos pastosos gerados nas diferentes operações (em m3/t), são

apresentadas em anexo (Anexo 1). Os quantitativos obtidos por aplicação destes valores estão

descriminados, por subsector e por operação, no Quadro 10.

Page 39: Guia Sectorial - Pedra Natural

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PNAPRI – GUIA TÉCNICO DO SECTOR DA PEDRA NATURAL Página 34

3.3.2.1. Extracção

Os resíduos resultantes da extracção de pedra natural, ornamental e industrial, são

essencialmente terras de cobertura, massa mineral rejeitada, poeiras e lamas.

A massa mineral estéril e as lamas provenientes das explorações possuem um volume elevado

e depositam-se, geralmente em montes que constituem as escombreiras e em parques de

blocos. Em grande número de pedreiras de rocha ornamental, a percentagem de resíduos é

superior a 80% do volume desmontado (3), constituindo um custo acrescido para a exploração

através dos custos inerentes ao seu transporte e armazenamento.

A escolha do local para implantação duma escombreira depende do volume total de estéril a

transportar, custos de remoção, necessidade de minimizar a área afectada e os impactes na

zona circundante e possibilidade de integração e restauração da estrutura no final da

exploração. A dimensão da escombreira vai depender, em especial, do volume de massa estéril

que é necessário retirar para extracção da rocha, que, por sua vez, é função da estrutura

geológica da pedreira, da topografia da zona, das características tecnológicas da exploração, do

valor económico da rocha e dos custos de extracção do estéril.

As escombreiras podem ser de tipo interior, quando se encontram dentro do vazio criado pela

exploração ou mais frequentemente, nas condições normais de laboração, de tipo exterior.

Estes depósitos são implantados muitas vezes sem critérios de escolha adequados em jazidas

ainda mal exploradas e em solos com aptidão agrícola e florestal, produzindo um forte impacto

visual na paisagem, além de levantarem problemas de instabilidade e de derrocada de blocos.

Terras de cobertura

A destapação, processo que consiste na remoção de vegetação e solo que cobre o maciço

rochoso a ser explorado, dá origem a um resíduo. Nas pedreiras as terras de cobertura são

retiradas para uma distância de segurança deixando livre uma faixa com a largura mínima de

dois metros em torno do bordo. A espessura dos solos de cobertura, sendo bastante irregular,

pode alcançar valores da ordem da dezena de metros. Estas terras devem ser armazenadas

tanto quanto possível próximo do seu estado original de modo a permitir a reconstituição do

terreno e da flora de acordo com as medidas de recuperação paisagística. A sua armazenagem

é no entanto muitas vezes negligenciada, sendo as terras de cobertura enviadas para a

escombreira constituindo a sua base.

De acordo com os Mapas de Registo de Resíduos Industriais de 1998, o sector da pedra natural

gerou 70 000 toneladas de terras e calhaus (CER 170501) para um universo de apenas 465

estabelecimentos.

Este resíduo atendendo às suas características e sendo necessário para a recuperação

paisagística da pedreira em fim de vida, não pode ser alvo de prevenção, sendo de toda a

conveniência a sua conservação pela empresa que o gere.

Page 40: Guia Sectorial - Pedra Natural

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PNAPRI – GUIA TÉCNICO DO SECTOR DA PEDRA NATURAL Página 35

Massa mineral rejeitada

A massa mineral rejeitada, estéril, diz respeito a rocha de natureza diferente daquela que se

pretende explorar ou a rocha que não apresente valor comercial. A percentagem e tipologia de

estéril gerado numa extracção de pedra natural está directamente ligada a dois factores:

condicionalismos inerentes à geologia da jazida e fase de exploração e processos tecnológicos

utilizados.

No que se refere a condicionalismos geológicos são de salientar o elevado grau de fracturação

do maciço rochoso, para as rochas ornamentais, e a ocorrência de intercalações, encraves e

intrusões de rochas sem interesse para a exploração.

Em particular no subsector das rochas ornamentais, o desenvolvimento das tecnologias de

extracção e a diminuição da utilização de explosivos tem conduzido a uma redução da

quantidade de resíduos. No entanto o aperfeiçoamento dos meios de extracção tornou possível

a exploração de áreas que anteriormente não eram rentáveis, originando um aumento dos

materiais rejeitados.

A extracção de rocha ornamental dá por isso origem a massa mineral rejeitada em grandes

quantidades, uma vez que de acordo com constrangimentos diversos, em especial geológicos, o

rendimento da extracção é baixo e depende claramente do tipo de rocha explorado.

De acordo com a literatura e com dados fornecidos por diversas empresas, através de

inquéritos, chegou-se a valores médios de rendimento para as principais pedras exploradas

para fins ornamentais. A extracção de calcário é a que apresenta maior rendimento cerca de

70%, seguida do mármore, 28%, granito, 17%, e por ultimo ardósias e xistos com apenas 10%

de rendimento na extracção.

Com estes rendimentos e com a quantidade de rocha ornamental produzida verifica-se que em

1998 foram geradas cerca de 5 226 458 toneladas de massa mineral rejeitada a depositar em

escombreiras.

Relativamente a rochas industriais, estimou-se o rendimento da extracção de pedra natural

para esse fim em 93%, pelo que atendendo à quantidade de rocha produzida, este subsector

gerou em 1998 cerca de 6 820 851 toneladas de massa mineral sem valor comercial.

Poeiras

As poeiras ocorrem durante as várias fases de extracção. No subsector das rochas ornamentais

as poeiras resultam das operações de perfuração, desmonte, carga, transporte e descarga de

material. No subsector das rochas industriais são as operações de rebentamento e de

transporte as responsáveis pela emissão de poeiras. A movimentação de máquinas também é

uma fonte de geração de poeiras para os dois subsectores em especial para o industrial.

Page 41: Guia Sectorial - Pedra Natural

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PNAPRI – GUIA TÉCNICO DO SECTOR DA PEDRA NATURAL Página 36

Lamas

A produção de lamas na fase de extracção não é muito significativa e ocorre apenas na

extracção de pedra ornamental nas operações de desmonte com fio diamantado e de

beneficiação do bloco devido à utilização de serras de corte, empregando água. Constituem

uma mistura de água e partículas finas de rocha e alguns aditivos como cal e granalha no caso

de ser granito o material extraído. Quando estas "águas" são sujeitas a decantação, as

partículas finas de rocha sedimentam formando uma lama, que é também encaminhada para a

escombreira.

Estimou-se que a produção de lama a transportar para a escombreira corresponderia a cerca de

0,05 m3 por tonelada de pedra extraída. Considerando que um metro cúbico de lama equivale a

aproximadamente 2,7 toneladas, de acordo com a produção (1998), foram geradas nas

pedreiras 259 696 toneladas de lama.

3.3.2.2. Transformação Os resíduos resultantes da transformação de pedra natural são essencialmente massa mineral

rejeitada no subsector das rochas ornamentais e poeiras e pós no subsector das rochas

industriais. As lamas são um tipo de resíduo comum aos dois subsectores.

Estes resíduos, desde lamas a pedaços de pedra, vão sendo acumulados junto às explorações

ou são enviados para escombreiras individuais ou, em menor escala, colectivas e em antigas

pedreiras. Noutros casos os industriais pagam a empresas que recolhem os resíduos e os

depositam em qualquer local. Esta acumulação de resíduos tem grande incidência na paisagem

e nalgumas zonas de grande densidade de unidades de transformação, como a zona de Pêro

Pinheiro, está prestes a atingir situações limite.

Massa mineral rejeitada

A transformação de rocha ornamental dá origem a resíduos de pedra nas operações de

serragem, corte e acabamento. A transformação de blocos em chapa requer que o bloco a

serrar apresente determinadas características em termos de forma que nem sempre se

verificam. Apesar de já existirem muitas pedreiras com talha-blocos à boca das pedreiras há

ainda muitas outras que não os têm, pelo que este resíduo surge com grande incidência na

transformação e em especial no caso dos granitos. O ajuste do tamanho do bloco ao tamanho

da maquina de serragem ou o retirar bocados de rocha que vão interferir na operação, mesmo

impossibilitando-a, vai resultar no aparecimento de um resíduo de massa mineral de grandes

dimensões, sem valor comercial, cujo destino final é a escombreira.

Page 42: Guia Sectorial - Pedra Natural

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PNAPRI – GUIA TÉCNICO DO SECTOR DA PEDRA NATURAL Página 37

A operação de serragem dá também origem a outros resíduos de pedra, nomeadamente,

chapas com defeito, se o bloco apresentar internamente alguma fracturação ou outra

imperfeição que não fosse visível por mera observação do bloco, mas que retira a possibilidade

de utilização ornamental, por vezes de todo o bloco, ou ainda chapas serradas que se partem

por motivos diversos. Se a empresa transformadora for apenas de serrados estes resíduos são

encaminhados para a escombreira ou são vendidos a empresas que lhes possam dar qualquer

tipo de utilização. Se as empresas forem do tipo vertical iniciando a sua produção no bloco e

terminando no ladrilho, as chapas partidas são encaminhadas para o corte, e as chapas com

defeito mas passíveis de ser recuperadas, são armazenadas para posterior tratamento. O que

não pode ser aproveitado é encaminhado para a escombreira.

Estimou-se que na operação de serragem se perde 15% do bloco se este for rocha

carbonatada, 25% se for granito e 20% no caso de ardósias e xistos. O que considerando o

valor da produção, importação e exportação de blocos, para 1998, resulta na geração de cerca

de 281 462 toneladas de resíduos de pedra nesta operação.

A operação de corte e polimento também dá origem a resíduos de pedra, material com defeito

e às extremidades da chapa serrada, este ultimo material sem qualquer aproveitamento e tendo

como destino a escombreira. O material com defeito ou é aproveitado para a realização de

produto com outras medidas, sempre que possível, ou é recuperado ou então, caso não seja

possível outra utilização é encaminhado para a escombreira.

Nestas operações estimou-se em 15% a percentagem de material perdido na forma de resíduo,

para todas as rochas, o que equivale a cerca de 186 044 toneladas no ano de 1998.

As operações de acabamento e selecção dão também origem a um resíduo, material não

conforme com as exigências da empresa, que estimamos represente cerca de 1% do material

processado, cerca de 10 542 toneladas no ano de 1998. Este resíduo é constituído por material

partido ou com defeito e tem um destino semelhante aos resíduos das operações de corte e

polimento.

Poeiras

No subsector das rochas ornamentais a formação de poeiras ocorre, principalmente, no

tratamento superficial da fase de polimento, nos acabamentos e trabalhos especiais. Nas fases

de serragem e corte em que o processo se desenvolve por via húmida, evita-se a formação de

poeiras.

No subsector das rochas industriais a formação de poeiras é bastante maior do que no caso das

rochas ornamentais e ocorre em todas as fases do processo. Apresenta também uma

disseminação maior por ser realizada em locais abertos, enquanto que várias fases de

transformação das rochas ornamentais se efectuam em recintos fechados.

Page 43: Guia Sectorial - Pedra Natural

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PNAPRI – GUIA TÉCNICO DO SECTOR DA PEDRA NATURAL Página 38

Estimou-se em 0,001 toneladas, o volume de poeiras gerado por tonelada de rocha industrial

transformada. Considerando que a produção das pedreiras é transformada na totalidade a nível

local, em 1998, cerca de 90 620 toneladas de rocha industrial perdeu-se na forma de poeiras.

Lamas

Uma característica do sector de transformação de pedra natural é a elevada produção de lamas.

No caso das rochas ornamentais as lamas são provenientes da serragem, corte e polimento,

nas rochas industriais é o processamento de material por via húmida e a unidade de lavagem

de areias que originam lamas.

Estimou-se que a serragem, corte e polimento produziriam aproximadamente 0,1 m3 de lama

por tonelada de rocha transformada. Respectivamente 0,08 m3 na operação de serragem e

0,02 m3 nas operações de polimento e corte. Considerando a produção de serrados e de obra,

foram gerados em 1998 cerca de 347 382 toneladas deste resíduo (um metro cúbico de lama

equivale a 2,7 toneladas).

Para o subsector das rochas industriais, estimou-se em 0,005 toneladas a quantidade de

material perdido na forma de lama por transformação de uma tonelada de pedra, o que

equivale a um total de 435 205 toneladas para a produção do ano de 1998.

As lamas dos processos de transformação são depositadas nas escombreiras, nas imediações

das unidades de transformação ou, devido ao seu volume crescente, em terrenos alugados com

custos económicos acrescidos.

3.3.2.3. Outros resíduos

Existem, também, resíduos diversos que por vezes são comuns a várias operações. São calços

de polimento, sucatas de metal, pneus, acumuladores, óleos usados, solventes, panos e

embalagens de naturezas várias (papel e cartão, plástico e madeira).

A transformação de rocha ornamental, estimou-se ter gerado em 1998 cerca de 6 toneladas de

resíduo de calços de polimento.

As operações de manutenção de equipamentos deram origem em 1998, de acordo com

estimativas, a 613 m3 de óleos usados, 70 m3 de solventes de limpeza, 252 toneladas de

acumuladores, 2 611 toneladas de pneus e 1 132 toneladas de panos de limpeza.

A renovação do parque de máquinas resultou na geração de 4 580 toneladas de sucata de

metal e a operação de embalamento e o acondicionamento de matérias primas deram origem a

322 toneladas de resíduos de papel, cartão e plástico e a 192 toneladas de resíduos de

madeira.

Page 44: Guia Sectorial - Pedra Natural

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3.3.3. Análise global das quantidades anuais de resíduos produzidos por subsector

Na globalidade, estima-se que em 1998 terão sido gerados neste sector aproximadamente

12 615 977 t/ano de resíduos de massa mineral e cerca de 1 042 284 t/ano de lamas.

Aos resíduos resultantes das operações de extracção e transformação de pedra natural,

acrescem 9 095 t/ano de outros resíduos (papel, cartão, plástico, madeira, sucatas,

acumuladores, pneus, panos e calços de polimento) e 683 m3/ano de óleos de motores,

transmissão e lubrificação, e solventes de limpeza.

No Quadro 9 apresentam-se as estimativas de resíduos sólidos e pastosos gerados anualmente

em cada um dos subsectores.

Quadro 9: Estimativas de resíduos sólidos e pastosos gerados anualmente no sector da pedra natural

SUBSECTOR MATÉRIA PRIMA

PROCESSADA (t/ano)

RESÍDUOS SÓLIDOS (t/ano)

RESÍDUOS PASTOSOS (t/ano)

RENDIMENTO DE UTILIZAÇÃO DA

MATÉRIA PRIMA1 (%)

OUTROS RESÍDUOS2 (t/ano)

ÓLEOS3 (m3/ano)

Ext. 1324685 5 226 458 259 696 254 Rochas Ornamentais Transf. 1626158 478 048 347 383 71

Ext. 90619872 6 820 851 - 934 Rochas Industriais

Transf. 90619872 90 620 435 205 99,9

9 095 683

TOTAL 12 615 977 1 042 284 9 095 683

Nas Figuras 34 e 35 são ilustradas, respectivamente, as distribuições percentuais dos resíduos

sólidos e resíduos pastosos (lamas) gerados por subsector.

41%

4%

54%

1%Extracção (R.O.)Transformação (R.O)Extracção (R.I.)Transformação (R.I)

Figura 34 - Distribuição percentual dos resíduos sólidos por subsector

25%

33%

42%Extracção (R.O.)

Transformação (R.O)

Transformação (R.I)

Figura 35 - Distribuição percentual dos resíduos pastosos (lamas) por subsector

1 Valores médios 2 Os quantitativos de outros resíduos apresentados englobam: papel, cartão, plástico, madeira, sucatas, acumuladores, pneus, panos e

calços de polimento. Os quantitativos específicos para cada um deles encontram-se discriminados no Quadro 9 3 Os quantitativos de óleos apresentados englobam: óleos de motores, óleos de transmissão, óleos de lubrificação e solventes de

limpeza. 4 Rendimento médio das pedreiras

Page 45: Guia Sectorial - Pedra Natural

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PNAPRI – GUIA TÉCNICO DO SECTOR DA PEDRA NATURAL Página 40

Dos resíduos sólidos gerados, 44% são originados no subsector da rocha ornamental. Apesar

deste subsector ter rendimentos de exploração inferiores ao subsector da rocha industrial, a

quantidade de material explorado e transformado nas rochas industriais é muito superior, pelo

que numa ultima análise é este subsector o responsável pela maior percentagem de resíduos

sólidos gerados.

No caso dos resíduos pastosos ou lamas, sobressai o subsector das rochas ornamentais que

gera 58% da totalidade das lamas geradas pelo sector.

Page 46: Guia Sectorial - Pedra Natural

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PNAPRI – GUIA TÉCNICO DO SECTOR DA PEDRA NATURAL Página 41

3.3.4. Correlação dos resíduos com as operações produtivas por subsector

Apresenta-se no Quadro 10, relativo aos resíduos do sector, uma estimativa da quantidade

gerada anualmente, sua proveniência por operação produtiva e classificação CER.

Quadro 10: Resíduos gerados no sector da Pedra Natural

QUANTIDADE OPERAÇÃO RESÍDUOS GERADOS CÓDIGO CER (t/ano)

SUBSECTOR DE ROCHAS ORNAMENTAIS (Extracção)

Destapação terras 1 70501 n . q . Perfuração

resíduos de pedra poeiras e pós

0 10102 0 10403

Corte

resíduos de pedra poeiras e pós

0 10102 0 10403

Derrube

resíduos de pedra poeiras e pós

0 10102 0 10403

Esquartejamento

resíduos de pedra poeiras e pós

0 10102 0 10403

Extracção poeiras e pós 0 10102 Acabamento

resíduos de pedra poeiras e pós

0 10102 0 10403

5 226 458

SUBSECTOR DE ROCHAS ORNAMENTAIS (Transformação)

Serragem

resíduos de pedra poeiras e pós

0 10406 0 10403 2 81 4 62

1 86 0 44 Corte e polimento

resíduos de pedra resíduos do tratamento de pedra poeiras e pós calços de polimento

0 10406 0 10202 0 10403 0 10499 6

Selecção e acabamento

resíduos de pedra poeiras e pós

0 10202 0 10403 1 0 542

SUBSECTOR DE ROCHAS INDUSTRIAIS (Extracção)

Perfuração

resíduos de pedra poeiras e pós

0 10102 0 10403

Rebentamento resíduos de pedra poeiras e pós terras

0 10102 0 10403 0 10402

Transporte poeiras e pós 0 10403

6 820 851

SUBSECTOR DE ROCHAS INDUSTRIAIS (Transformação)

Trituração poeiras e pós 0 10403 Classificação poeiras e pós 0 10403

9 0 620

RESÍDUOS COMUNS A TODOS OS SUBSECTORES

Renovação do parque de máquinas

ferro e aço 1 70405 4 580

6 13 m 3 7 0 m 3 2 52

2 611

Manutenção de equipamentos

óleos de motores, transmissão e lubrificação solventes de limpeza acumuladores pneus panos

1 30200 1 1 40103 1 2 00120 1 60103 1 50201 1 132

3 22 Embalamento

papel e cartão plástico madeira

1 50101 2 00101 1 50102 2 00103 1 50103 2 00107 1 92

ETARI lamas do tratamento de águas residuais industriais

1 90804 1 042 284 2

n.q. - não quantificável

1 resíduo perigoso 2 42% dizem respeito ao subsector das rochas industriais e 58% ao subsector das rochas ornamentais.

Page 47: Guia Sectorial - Pedra Natural

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PNAPRI – GUIA TÉCNICO DO SECTOR DA PEDRA NATURAL Página 42

4. ANÁLISE DO POTENCIAL DE PREVENÇÃO DO SECTOR POR OPERAÇÃO

A Prevenção da Poluição é um conceito que surge em alternativa aos tratamentos de fim de

linha, que apresenta características específicas para cada sector em estudo, debruçando-se

sobre cada área do processo por forma a determinar que mudanças podem ser feitas

conducentes a uma redução da quantidade e/ou perigosidade dos resíduos gerados, das quais

resultem benefícios económicos e ambientais para as empresas.

A empresa que decida optar por reduzir a quantidade ou perigosidade dos resíduos que gera,

deve começar por equacionar a possibilidade da redução na fonte e sempre que tal não for

possível procurar equacionar possibilidades de reutilização e reciclagem. Para resíduos que não

podem ser reduzidos ou reciclados, deve estudar-se o tratamento e/ou deposição

ambientalmente mais aceitável.

Redução na fonte - A redução da geração de resíduos na fonte é o método mais eficiente de

prevenção de poluição. Deve efectuar-se uma auditoria ao processo por forma a identificar as

operações menos eficientes, procurando posteriormente as opções mais vantajosas para

eliminar estas ineficiências. Todas as opções devem por isso ser avaliadas em termos de

impacte, custos e benefícios, e o seu potencial de redução de poluição avaliado face a um

esforço de reutilização.

Reutilização - Se a redução da geração de resíduos não for possível, a reutilização é a opção

preferencial seguinte dentro das opções de gestão de resíduos. Relativamente aos resíduos

sólidos, a uniformidade dos materiais assim como a separação dos resíduos auxilia, nas opções

de reutilização. Por exemplo, os tambores são mais facilmente manuseados, empilhados e

devolvidos se forem de um só tipo e tamanho.

Reciclagem - A reciclagem pode ser considerada a terceira via mais eficiente em termos de

prevenção de poluição. A utilização de materiais recicláveis deve ser uma alternativa em todo o

processo produtivo aos materiais não recicláveis.

Tratamento e/ou deposição - Esta opção pode ser uma simples deposição em aterro ou uma

incineração para valorização térmica. A forma menos eficiente de tratar os resíduos sólidos

consiste na sua deposição em aterro, a qual, no entanto, é a solução a que a maioria das

empresas recorre.

A estratégia de prevenção prevê a utilização de várias técnicas: controlo de qualidade da

matéria prima, conservação e optimização da utilização de produtos químicos, substituição de

produtos químicos, alterações de processo, modificações de equipamento, procedimentos de

manutenção e reutilização de resíduos.

Page 48: Guia Sectorial - Pedra Natural

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A utilização de uma dada combinação das técnicas mencionadas, conduz a uma redução da

quantidade e/ou perigosidade de resíduos produzidos associada a benefícios económicos que

surgem sob vários aspectos: diminuição do consumo de matérias primas, produtos auxiliares e

energia, diminuição nos custos de tratamento e ainda, a potencial reciclagem e reutilização de

resíduos.

Neste sector são várias as possibilidades de intervenção no que respeita à prevenção de

poluição, sejam elas relativas a águas residuais ou a resíduos.

4.1. TECNOLOGIAS E MEDIDAS DE PREVENÇÃO APLICÁVEIS AO SECTOR DA PEDRA NATURAL

A prevenção de poluição realiza-se recorrendo à implementação de medidas ou de tecnologias

que permitam reduzir o quantitativo e/ou a perigosidade dos resíduos e das águas residuais

gerados na empresa.

4.1.1. Medidas de prevenção aplicáveis à extracção Poeiras

Nas pedreiras têm vindo a aplicar-se processos de trabalho e infra-estruturas que reduzem

significativamente a emissão de poeiras embora não tenham sido implementadas quaisquer

medidas em mais de 50% das pedreiras (3). As principais medidas para prevenir e controlar a

formação de poeiras são:

- asfaltagem e limpeza de estradas;

- aspersão de água nas zonas circundantes e vias de transporte;

- barreiras de terra com cobertura de vegetação;

- diminuição das pilhas de armazenamento;

- limpeza periódica da zona de extracção;

- sistemas supressores por via húmida e seca;

- sistemas colectores de poeiras;

- limpeza de camiões de transporte antes de entrar na via pública;

- redução do trabalho à volta da área de armazenamento.

Existem outras medidas que não são utilizadas com tanta frequência por exigirem maior

investimento tais como :

- minimização da acção do vento;

- emprego de estabilizadores nos taludes e escombreiras;

- sistema aspirador de poeiras;

- cobertura total do parque de blocos;

- colocação da zona de trabalho a sotavento;

- sistema de diluição de poeiras através da incorporação de ar fresco;

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PNAPRI – GUIA TÉCNICO DO SECTOR DA PEDRA NATURAL Página 44

- emprego de agentes químicos que criam crostas superficiais;

- instalação de corta ventos nos taludes e escombreiras.

Massa mineral rejeitada

Estes materiais apresentam potencialidades de reutilização em função da tecnologia existente,

sendo submetidos, eventualmente, a uma valorização. O conhecimento das características

físicas ( granulometria, densidade, porosidade e permeabilidade) e químicas destes resíduos é

importante no estudo das possibilidades do seu aproveitamento. Uma gestão correcta dos

resíduos produzidos e a sua aplicação em novas gamas de produtos permitiriam rentabilizar a

exploração e evitariam os custos de remoção dos materiais das escombreiras. Na Figura 36 está

representado o volume médio de subprodutos (massa mineral rejeitada) por tipo e uso de

pedra extraída.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Res

íduo

s (%

)

mar

mor

e or

n.

mar

mor

e m

isto

mar

mor

e to

tal

calc

ário

orn

.

calc

ário

ind.

calc

ário

mis

to

calc

ário

tota

l

gran

ito o

rn.

gran

ito m

isto

gran

ito to

tal

brec

has

orn.

brec

has

tota

l

Tipo de pedra natural

Figura 36 - Volume médio de subprodutos por tipo e uso da pedra extraída

(Fonte - Assimagra)

Verifica-se que os calcários, para uso ornamental ou sobretudo no caso de uso industrial,

apresentam maior taxa de aproveitamento com menor percentagem de produção de resíduos.

Grande parte do material é vendido como "tout venant" de segunda para estradas florestais ou

fundos de caixas. No caso dos granitos a taxa de aproveitamento é muito inferior.

A utilização de explosivos no desmonte e a falta de optimização do diagrama de fogo origina

grande quantidade de resíduos. O recurso a técnicas de desmonte mais desenvolvidas conduz a

uma redução da quantidade de resíduos. No entanto esta quantidade mantém-se elevada

devido ao aumento da área de exploração.

A utilização de "talha blocos" nas pedreiras, principalmente nos granitos, com o fim de cortar os

topos irregulares ou imperfeições dos blocos permite recuperar blocos que, de outro modo,

iriam para as escombreiras.

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PNAPRI – GUIA TÉCNICO DO SECTOR DA PEDRA NATURAL Página 45

A criação de uma bolsa de resíduos será também uma medida importante para evitar a

acumulação de materiais nas escombreiras e aterros. Com efeito tem sido referida por vários

autores uma vasta gama de aplicações e valorização destes resíduos, que se referem

seguidamente.

A principal utilização dos resíduos da extracção de rochas ornamentais, principalmente de

granito, é na construção civil e em obras públicas tais como estradas e barragens. Podem

também ser usados em pavimentação de caminhos municipais, alvenarias, fundações de

edifícios e aterros rodoviários. No caso dos resíduos das explorações de mármore não há ainda

muita experiência da sua utilização na construção mas podem ser empregues em aterros (1). O

aproveitamento destes materiais em aterros não exige uma separação por dimensões mas a

aplicação em camadas de pavimentos já exige uma separação por gamas de granulometrias.

Dado que as escombreiras englobam granulometrias variáveis pode ser conveniente uma

selecção de escombreiras para as várias aplicações. Após serem submetidos a um processo de

britagem podem ser usados em camadas granulares de sub-base ou base, misturas

betuminosas para camadas de base ou de regularização e misturas em cimento para camadas

de sub-base ou base.

Nalgumas actividades industriais tais como a indústria de tintas e vernizes, papel, cerâmica,

adubos e rações as actuais matérias primas podem ser substituídas pelos resíduos de extracção

de calcário, dado possuírem a mesma composição química e mineralógica. Alguns factores têm

limitado estas aplicações como a necessidade das matérias primas possuírem granulometria

muito fina ou elevado grau de pureza, o que implicaria um processamento dos resíduos com

alguns custos, despesa de transporte e alteração de mentalidades, dado que muitas indústrias

utilizadoras vêem os resíduos como materiais de segunda categoria.

A indústria de cimento pode também ser uma importante aplicação para estes resíduos. Os

resíduos da exploração de calcários podem ser usados na fabricação de cimento,

especificamente para o caso do cimento branco, devido a serem, basicamente, constituídos por

carbonato de cálcio.

Os resíduos de extracção de mármore e de calcário, tendo em atenção as suas características

de cores claras e grão fino, podem ser usados no fabrico de cal nos casos em que a intensa

fracturação ou a dimensão e espessura da bancada não permite o seu aproveitamento para

blocos.

A agricultura pode também constituir uma aplicação para os resíduos do sector da Pedra

Natural para regularizar a acidez dos solos dado que em Portugal 80% dos solos são ácidos.

Os resíduos das escombreiras podem ser usados na recuperação paisagística quando cessa a

exploração. Procede-se assim à redução das escombreiras e ao enchimento da zona de

extracção. Há, também propostas de utilização de pedreiras para aterros de resíduos

inertes (6). Poderá ser também uma alternativa interessante a exploração turística desta

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PNAPRI – GUIA TÉCNICO DO SECTOR DA PEDRA NATURAL Página 46

actividade estabelecendo circuitos sobre as pedras naturais ou arqueologia industrial nas zonas

de maior concentração das pedreiras (7).

Lamas

As lamas podem ser utilizadas nos aterros de resíduos sólidos urbanos.

4.1.2. Medidas de prevenção aplicáveis à transformação

Poeiras

No subsector das rochas ornamentais, as poeiras produzidas nas fases de tratamento mecânico

podem ser recolhidas através de sistemas de aspiração constituídos por campânula de

extracção de poeiras, condutores, colectores de poeiras, ventilador e motor. O sistema de

tratamento por via húmida representa outro sistema de controle de poeiras bastante frequente

e pode ser constituído por um sistema com "borrifos de água", sistema de "borrifo" com adição

de tensioactivos ou sistema com espuma.

Outras medidas importantes podem ser a adopção de equipamentos com dispositivos de

captação de poeiras, aspiradores de pó ligados a maquinaria diversa, bancada de

despoeiramento, cabine de despoeiramento e ventiladores de sucção de pó.

A limpeza frequente do equipamento constitui também uma medida importante de prevenção

da emissão de poeiras.

O correcto planeamento da construção das oficinas permitirá estabelecer o melhor sistema de

ventilação a instalar tendo em conta o processo de produção e a orientação dos ventos

dominantes, evitando-se alterações posteriores com custos acrescidos.

As poeiras recolhidas nos filtros, caso das rochas industriais, podem regressar ao processo ou

ser vendidas como produto específico. No caso das rochas industriais tem-se avançado na

implementação de medidas como a cobertura de fragmentadores e silos fechados.

Lamas

No caso dos mármores as "natas" têm vindo a ser, recentemente, usadas no fabrico de cimento

branco em Pataias, atingindo o consumo de 6 000 t/ano. Realizaram–se também estudos para

utilização das "natas" na indústria de mármores compactos, com resultados prometedores (5).

Esta indústria utiliza carbonato de cálcio de rochas calcárias, pó de mármore, pedra de

diferentes granulometrias e resina para a fabricação de blocos de resíduos de rocha que são

enviados para serração e polimento de chapas e ladrilhos.

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PNAPRI – GUIA TÉCNICO DO SECTOR DA PEDRA NATURAL Página 47

A "nata" foi utilizada em substituição integral do carbonato de cálcio moído, proveniente de

calcários do centro do país. Verificou-se que na serragem dos blocos e polimento das

superfícies as peças com incorporação das "natas" apresentavam uma estrutura semelhante à

das peças tradicionais com perfeita ligação pedra-massa, sem rugosidade nas superfícies

polidas e com brilho apreciável. O único problema reside no teor de humidade das "natas".

Admite-se, portanto, que a viabilidade deste processo esteja dependente da possibilidade de

colocação no mercado destas lamas secas a um custo inferior ao do calcário moído

comercializado (13). Outras indústrias como plásticos, tintas, vernizes e borrachas, cosméticos,

lentes de precisão, rações para animais e calagem de solos poderão, também, absorver este

material.

As lamas da indústria de mármores compactos, recolhidas à saída do filtro prensa, apresentam

características adequadas na constituição e teor de humidade que possibilitam a sua utilização

no fabrico de cimento. A reintrodução destas lamas no processo de fabrico torna-se mais difícil

devido ao problema da tonalidade, por resultarem de vários blocos, e devido à necessidade de

secagem do material.

Foram efectuados estudos para utilização das "natas" na indústria cerâmica em pastas e peças

de faiança. Efectuou-se a substituição integral do carbonato de cálcio pela "nata" que funcionou

como fundente numa pasta de faiança e também como desengordurante, facilitando a

secagem. Não se verificou alteração na pasta e nas peças que utilizaram a "nata" em relação à

pasta padrão tendo-se mesmo detectado uma redução do consumo de areia siliciosa, não tendo

havido necessidade de moagem prévia. Na indústria do papel realizaram-se ensaios para fabrico

de papel de impressão e escrita em que as matérias-primas minerais caulino/carbonato de

cálcio usadas como "filler" foram substituídas pela "nata". Verificou-se que as propriedades

mecânicas do papel produzido estavam de acordo com os parâmetros exigidos pela

indústria (13).

São, também, referidas (1) para as lamas aplicações como "filler" em várias indústrias como a

indústria química, adubos e pesticidas, em obras rodoviárias, "filler" de misturas betuminosas,

aterros sanitários, selagem de lixeiras e fertilizante agrícola. Estão em estudo aplicações no

tratamento de águas para consumo humano. No caso dos granitos há possibilidade de

utilização das lamas para impermeabilização de lagoas e aterros.

A aplicação das natas torna-se mais complicada em indústrias com especificações mais

exigentes quando as unidades transformadoras trabalham com rochas ornamentais de natureza

diversa originando uma mistura da qual é difícil garantir as características. Nesse caso são

indicadas aplicações menos exigentes do ponto de vista químico.

Na produção de areias as lamas podem ser utilizadas no enchimento e recuperação paisagística

das pedreiras.

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Massa mineral rejeitada

No caso das rochas ornamentais a aquisição de equipamento de britagem móvel comum a

várias empresas pode ser uma solução para redução de escombreiras. O problema do

escoamento desse produto poderá ser solucionado através da utilização na construção civil e

em obras públicas.

Resíduos de mosaicos podem ser usados numa linha de pedra "envelhecida" para efeitos

especiais. No caso dos xistos os resíduos têm sido usados para calçada regional

(tipo Monsaraz).

4.1.3. Medidas de prevenção de carácter geral

Existem ainda outros pontos de intervenção neste sector, que não abrangendo directamente o

processo produtivo, contribuem de uma forma mais ou menos quantificável para a geração de

resíduos sólidos e de efluentes líquidos. São eles: o controlo de qualidade da água utilizada na

fábrica; as recepções de matéria prima e produtos químicos e as Estações de Tratamento de

Águas Residuais. Também nestes casos as estratégias de prevenção da poluição conduzem à

minimização da quantidade e/ou perigosidade gerados e também a benefícios económicos.

Controlo de qualidade da água utilizada na fábrica

O controlo de qualidade da água utilizada, especialmente para as empresas transformadoras

que procedem a serragem e polimento, é um factor fundamental para a obtenção de produtos

de qualidade evitando-se consumos acrescidos de produtos químicos (abrasivos) e de água.

A maioria das empresas utiliza principalmente água proveniente de captações próprias em

lençóis friáticos, em ribeiras ou em rios e uma menor percentagem utiliza água proveniente de

rede camarária.

Quem utiliza água captada em rios e ribeiras encontra-se normalmente alertado para a possível

má qualidade da água que capta. A água proveniente de captações subterrâneas apresenta

uma composição mais ou menos constante, podendo, no entanto, nas estações mais secas,

apresentar variações consideráveis no que respeita a contaminações e teor em metais, facto

para o qual muitas vezes as empresas não estão avisadas, e que pode influenciar a qualidade

dos trabalhos a efectuar. A água proveniente de rede camarária, sendo controlada à saída da

Estação de Tratamento apresenta-se menos problemática. Não se deve no entanto esquecer

que por vezes o estado de conservação da rede de distribuição não é a melhor (existência de

possíveis roturas, infiltrações, etc.) o que poderá condicionar a qualidade da água.

Page 54: Guia Sectorial - Pedra Natural

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PNAPRI – GUIA TÉCNICO DO SECTOR DA PEDRA NATURAL Página 49

Outro factor, não menos importante a considerar, é o estado de conservação da rede de

distribuição dentro da empresa que pode também contribuir negativamente para a qualidade da

água introduzida no processo fabril. Atendendo ao apresentado, verifica-se que a qualidade da

água utilizada na empresa deve ser controlada com regularidade, devendo esta dispor de

tratamento adequado. Caminha-se, deste modo, para a optimização do processo produtivo

(fazer bem à primeira vez), não se tornando necessária a execução de repetições para a

obtenção de produtos com a qualidade desejada.

Recepção de matéria prima e produtos químicos

Na recepção de matéria prima e produtos químicos, surgem os resíduos de embalagem e

acondicionamento que podem constituir uma percentagem considerável do total de resíduos

sólidos gerados pela empresa.

Estes resíduos sólidos incluem caixas de cartão, paletes de madeira, sacos de papel e plástico,

tambores de cartão, plástico ou metal, etc. Reduzir este tipo de resíduo é uma questão de

estabelecer e aplicar melhores especificações de compra.

Os produtos químicos devem ser adquiridos em grandes quantidades ou em contentores

retornáveis. Esta opção da empresa conduz naturalmente à redução dos resíduos de

embalamento e a outros benefícios, tais como: redução da exposição dos trabalhadores a

produtos químicos; simplificação dos processos de inventário; redução do custo de químicos

(porque se compra maior quantidade) e optimização do espaço de armazenagem.

Quando se compram produtos químicos em tambores, deve especificar-se que se pretendem

contentores retornáveis e deve requerer-se ao vendedor que os receba sem serem lavados.

Elimina-se desta forma a necessidade de lavagem de cada tambor antes da sua recolha, o que

pode reduzir substancialmente a quantidade de água residual gerada na empresa.

Os produtos químicos podem ser adquiridos em sacos. Os sacos rompem facilmente e o seu

manuseamento e armazenamento é complicado, devendo ser armazenados longe de áreas de

grande actividade e em locais secos. Sempre que possível, as empresas devem preferir

embalagens do tipo contentores retornáveis em alternativa aos sacos, tanto mais que o

manuseamento destes requer um tempo considerável de trabalho.

Estações de Tratamento de Águas Residuais

As Estações de Tratamento de Águas Residuais constituem uma grande fonte de resíduos na

forma de lamas. O grande volume gerado de lamas pode representar um encargo substancial

para as empresas.

A transformação de rocha ornamental gera quantidades substanciais de lamas nas Estações de

Tratamento, devido ao tipo de processamento.

Page 55: Guia Sectorial - Pedra Natural

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PNAPRI – GUIA TÉCNICO DO SECTOR DA PEDRA NATURAL Página 50

O elevado consumo de água condiciona as empresas a recircular as suas águas residuais após

tratamento. Algumas empresas possuem um sistema de tratamento único, para águas de

serragem, corte e polimento. Verifica-se no entanto que, por vezes, o tipo de produtos químicos

adicionados à água para facilitar a operação de serragem vai manter-se, se bem que em

pequenas quantidades, na água tratada e vai conduzir a polimentos de má qualidade. Assim a

separação das águas de serragem das águas de corte e polimento pode resultar numa melhor

qualidade da operação de polimento, e consequentemente numa diminuição de consumos de

água e de energia.

4.2. TECNOLOGIAS DE PREVENÇÃO

Existem algumas tecnologias que contribuem para a redução da quantidade de resíduos

gerados nas unidades de extracção e transformação.

4.2.1. Extracção

A roçadora de cadeias é utilizada no desmonte em cortes horizontais e verticais, em

substituição dos explosivos, permitindo uma redução em 60 % dos resíduos no desmonte

(informação da empresa).

A operação de corte com fio diamantado reduz a produção de estéril devido à não utilização de

explosivos.

O martelo demolidor é utilizado para partir blocos de estéril em dimensões manuseáveis que

são vendidos, posteriormente, para fundações.

A tecnologia de fabrico de aglomerados é também um processo de redução de resíduos das

pedreiras. Em Portugal utilizam-se resíduos das pedreiras de mármore e calcário. O granito não

é, por enquanto, aproveitado devido à sua dureza embora já exista em Espanha tecnologia

semelhante adequada ao granito. Neste processo de fabrico, os resíduos passam por um

processo de britagem e selecção de granulometrias, sendo depois misturados com pó de

mármore, carbonato de cálcio e resina poliéster numa formulação adequada. Um corante

confere as tonalidades que se pretendem de acordo com o tipo de fragmento rochoso. Segue-

se um processo de vibrocompressão sob vácuo em que o material fica muito compacto. Os

processos seguintes de serragem e polimento em chapa e/ou mosaico e trabalhos por medida

são semelhantes ao que se passa com as pedras naturais. É também fabricado um produto com

menor granulometria e mais homogéneo. Neste caso o grau de trituração é maior, tornando-se

mais fácil obter um produto com as mesmas características nas dimensões desejadas. Nesta

tecnologia algumas medidas podem ser implementadas com o objectivo de diminuir a produção

de resíduos tais como a afinação dos equipamentos de britagem e selecção de granulometrias e

a afinação de fórmulas de composição dos aglomerados.

Page 56: Guia Sectorial - Pedra Natural

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PNAPRI – GUIA TÉCNICO DO SECTOR DA PEDRA NATURAL Página 51

Também a exploração subterrânea de mármores começa a revelar grandes potencialidades

relativamente a ganhos produtivos, apresentando algumas vantagens ambientais

nomeadamente quanto ao impacto paisagístico da exploração.

4.2.2. Transformação

- Instalação de despoeiramento com filtro contracorrente (rochas industriais) : o produto

recolhido nos filtros é incorporado nos produtos comercializados dado que a sua constituição é

carbonato de cálcio não contaminado.

- Multilâminas de fio diamantado para o granito.

- Um melhor equipamento de corte e serragem, como por exemplo, o corte por laser minimiza

a ocorrência de lamas (3).

- Tecnologias de corte mais aperfeiçoadas em que haja menos desperdício.

- Diminuição da espessura das lâminas de serragem.

- Tecnologia de corte por jacto de água abrasivo.

O sistema de decantação e prensagem de lamas possibilita a minimização do volume de

resíduos. As lamas de vários processos de transformação tais como corte, serragem, lavagem e

classificação são enviados para um decantador onde, com utilização de floculante, se efectua a

remoção de sólidos por sedimentação. A água clarificada é reintroduzida no processo e as

lamas são enviadas para um filtro prensa onde são concentradas e o seu volume é reduzido.

Após este processo final de concentração, em que o teor de humidade se reduz a valores

inferiores a 25%, as lamas são enviadas para a escombreira ou para aterro. Este processo de

decantação e filtração reduz o volume final de lamas. Existem vários sistemas com diferentes

graus de eficiência. Na figura 37 está indicada a disseminação dos equipamentos de tratamento

de lamas e reutilização de água. Os sistemas mais simples de decantação são os mais

vulgarizados (80%) ao passo que o sistema de prensagem de lamas, que possibilita uma maior

redução do volume de lamas, permitindo a minimização dos custos de transporte e deposição,

aparece apenas em 24% dos casos de acordo com inquérito apresentado em (3).

Figura 37 - Sistemas de tratamento de lamas e aproveitamento de água

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PNAPRI – GUIA TÉCNICO DO SECTOR DA PEDRA NATURAL Página 52

5. TECNOLOGIAS / MEDIDAS DE PREVENÇÃO DE POTENCIAL APLICAÇÃO E ESTUDO DE CASOS REAIS Falar em tecnologias/medidas de prevenção e não falar em aspectos técnicos e económicos,

transforma a prevenção em mera retórica. Nas empresas, o factor económico sobrepõe-se

quase sempre às preocupações ambientais. No entanto, por vezes, pequenas medidas ou

alterações pouco dispendiosas para as empresas, podem revelar-se significativas para o

ambiente, como por exemplo a reciclagem de papel e cartão, plástico, metal, etc.

Neste trabalho são apresentadas algumas propostas conducentes a prevenção de poluição que

requerem na sua maioria investimentos avultados. Como referido anteriormente, a prevenção

de poluição deve ser encarado pelas empresas como uma opção estratégica, que melhora o seu

desempenho ambiental e as torna economicamente mais competitivas.

Nesse sentido, foram elaboradas fichas descritivas contendo a análise técnica e económica de

algumas das várias tecnologias/medidas identificadas ao longo deste trabalho, por forma a

tornar mais visível a sua viabilidade. Sempre que existam empresas que instalaram uma

determinada tecnologia ou medida e que exista informação técnica e económica devidamente

documentada, foi elaborada uma ficha de caso real.

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PNAPRI PLANO NACIONAL DE PREVENÇÃO DOS RESÍDUOS INDUSTRIAIS

JACTO DE ÁGUA ABRASIVO

pág. 1 de 1

Melhoria da qualidade de corte, diminuição de desperdício

A tecnologia de jacto de água abrasivo é utilizada para corte de diferentes tipos de materiais com uma

mistura de partículas de abrasivo na água. A água a alta pressão é conduzida através de tubagens até uma

cabeça de corte atravessando um componente com um pequeno orifício ao centro onde se gera um jacto de

água focalizado com diâmetros a partir de 0,08 mm. Segue-se uma câmara onde se processa a mistura entre

a água e as partículas de abrasivo. Esta mistura atravessa um tubo de focalização à saída do qual entra em

contacto com o material a cortar. O corte não é térmico, apresentando elevada precisão de corte e qualidade

da superfície de corte na execução de embutidos. Possibilita cortes numa elevada gama de espessuras, de 0,3

cm a 15 cm.

BENEFÍCIOS AMBIENTAIS

Redução da largura de corte (apresentando larguras entre 0,8 a 1,3 mm) o

que implica uma diminuição da quantidade de material desperdiçado IMPACTES NEGATIVOS

Desconhecido

Bibliográfica (8)

AVALIAÇÃO AMBIENTAL

FONTES DE INFORMAÇÃO

OBJECTIVOS

CARACTERIZAÇÃO DA TECNOLOGIA

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PNAPRI PLANO NACIONAL DE PREVENÇÃO DOS RESÍDUOS INDUSTRIAIS

ROÇADORA DE CADEIAS Caso real – Farpedra

pág. 1 de 2

Empresa de extracção de rochas calcárias localizada no Maciço Calcário Estremenho com 38 trabalhadores e

produção anual de 56 000 t de rocha ornamental.

Melhorar a eficiência no processo de extracção da operação de desmonte de bancada

Esta tecnologia baseia-se na utilização da roçadora de cadeias. Esta máquina tem um braço capaz de

executar cortes verticais e horizontais até à profundidade de 3,4 m e com rotação de braço de 360º o que

possibilita manobrar em locais onde as zonas de quebra são menores. Na corrente que corre ao longo do

braço os dentes de corte podem ser diamantados, especialmente indicados para o caso de rochas duras e

abrasivas.

BENEFÍCIOS AMBIENTAIS

Redução de desperdício no desmonte IMPACTES NEGATIVOS

Desconhecido

AVALIAÇÃO AMBIENTAL

CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA

OBJECTIVOS

CARACTERIZAÇÃO DA TECNOLOGIA

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PNAPRI – GUIA TÉCNICO DO SECTOR DA PEDRA NATURAL Página 55

PNAPRI PLANO NACIONAL DE PREVENÇÃO DOS RESÍDUOS INDUSTRIAIS

ROÇADORA DE CADEIAS Caso real – Farpedra

pág. 2 de 2

Investimento

O investimento consistiu na aquisição de uma roçadora de cadeias. O valor do investimento foi de 18 000

contos (1999).

Impacte nos custos do processo e análise da atractividade do investimento

O impacte desta tecnologia reflecte-se na redução da quantidade de resíduos em 2 700 m3/ano.

Tempo de recuperação do investimento

2 anos

Empresa

Fornecedor - F fantini

FONTES DE INFORMAÇÃO

VIABILIDADE ECONÓMICA

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PNAPRI – GUIA TÉCNICO DO SECTOR DA PEDRA NATURAL Página 56

PNAPRI PLANO NACIONAL DE PREVENÇÃO DOS RESÍDUOS INDUSTRIAIS

SISTEMA DE DECANTAÇÃO E FILTRO PRENSA Caso real – Figaljor

pág. 1 de 2

Empresa de extracção e transformação de granito com 57 trabalhadores localizada na zona de Pêro Pinheiro.

O processo produtivo inclui as operações de serragem, corte, polimento e embalagem. Produzem chapa e

ladrilhos em granito polido.

Concentração de lamas e reutilização de água

Os processos de sedimentação gravítica e filtração são usados em muitos sectores industriais na clarificação

de líquidos ou espessamento de lamas. As lamas provenientes das operações de serragem, corte e

polimento são recolhidas num reservatório a partir do qual são bombeadas para o decantador. Num

reservatório é preparada a solução de floculante que é adicionada às lamas através duma bomba

doseadora. O processo de floculação baseia-se na agregação das partículas em suspensão, com formação

de flocos. Tem por objectivo melhorar a eficiência dos processos de separação sólido-líquido. As lamas

acumulam-se na zona inferior do decantador, de onde são periodicamente removidas, e a água clarificada é

conduzida para um depósito de reserva a partir do qual é reintroduzida no processo.

As lamas, após concentração primária no decantador, são enviadas para o filtro prensa. A lama

concentrada, sob pressão, fica retida nas telas, formando o "bolo" de filtração. No fim do ciclo de filtração

as placas ou caixilhos abrem-se descarregando os painéis de lama desidratada. As placas fecham-se de

seguida permitindo o início de novo ciclo.

A água clarificada é reintroduzida no processo. Este sistema de decantação e filtração reduz

consideravelmente o volume de lamas.

BENEFÍCIOS AMBIENTAIS

Diminuição do volume de lamas

Reutilização de água IMPACTES NEGATIVOS

Desconhecido

AVALIAÇÃO AMBIENTAL

CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA

OBJECTIVOS

CARACTERIZAÇÃO DA TECNOLOGIA

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PNAPRI – GUIA TÉCNICO DO SECTOR DA PEDRA NATURAL Página 57

PNAPRI PLANO NACIONAL DE PREVENÇÃO DOS RESÍDUOS INDUSTRIAIS

SISTEMA DE DECANTAÇÃO E FILTRO PRENSA Caso real – Figaljor

pág. 2 de 2

Investimento

O investimento consistiu na aquisição de um decantador e um filtro prensa. O valor do investimento foi de

32 000 contos (1999).

Impacte nos custos do processo e análise da atractividade do investimento

O impacte desta tecnologia reflecte-se na redução da quantidade de lamas e efluentes em 95%.

Empresa

FONTES DE INFORMAÇÃO

VIABILIDADE ECONÓMICA

Page 63: Guia Sectorial - Pedra Natural

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PNAPRI – GUIA TÉCNICO DO SECTOR DA PEDRA NATURAL Página 58

BIBLIOGRAFIA

1. Acordo Voluntário de Adaptação à Legislação Ambiental para os Sectores dos Industriais de

Mármore, Granitos e Ramos Afins e de Pedras do Norte, Gabinete de Apoio Ambiental ao

Empresário, Set. 1996.

2. Regras de boa prática no desmonte a céu aberto, Divisão de Minas e Pedreiras, IGM, 1999

3. Diagnóstico Ambiental. Plano de Adaptação à Legislação, ed. Assimagra, 1997.

4. As boas práticas ambientais na indústria extractiva : um guia de referência, F. Brodkom,

IGM, 2000.

5. A Nata como Sub-Produto da Indústria do Mármore, Ruben Martins et al., Indústria e

Ambiente, nº2, Março 1994.

6. Pedreira da Madalena. Uma Exploração Recuperada com Aterro de Resíduos Inertes, J. C.

Guedes, Ingenium, Junho 2000.

7. Pedras Naturais, Ordenamento do Território e Ambiente, C.A. Cupeto et al., V Conferência

Nacional sobre a Qualidade do Ambiente, ed. C. Borrego et al., 1996.

8. Jacto de Água, Inovação para o Aumento de Competitividade, C. Queiroga e P. Peças, A

Pedra, nº58, Out/Dez 1995.

9. A Tecnologia na Actividade Extractiva, M. Ragone, A Pedra, nº64, Abr/Jun 1997.

10. Técnicas e Meios utilizados na Extracção de Granitos, A. Crespo e G. Charifo, A Pedra,

nº64, Abr/Jun 1997.

11. Calcários Ornamentais e Industriais da Área de Pé da Pedreira. Maciço Calcário Estremenho,

J. Carvalho, nº71/72, Jan/Mai 1999.

12. Técnicas e Tecnologia da Transformação de Rochas Ornamentais, O.R. Martins, A Pedra,

nº71/72, Jan/Mai 1999.

13. Aproveitamento Industrial de Lamas resultantes das Serrações de Mármores, R. Martins, A

Pedra, nº69, Jul/Set 1998.

14. Natas de Corte e Serragem e Polimento de Mármores : Estudos de Caracterização e

Aplicabilidade, R. Martins et al., A Pedra, nº57, Jul/Set 1995.

15. Actividade Extractiva e Transformadora de Rochas, M. J. Figueira et al., A Pedra, nº57,

Jul/Set 1995.

Page 64: Guia Sectorial - Pedra Natural

INETI

PNAPRI – GUIA TÉCNICO DO SECTOR DA PEDRA NATURAL Página 59

16. Plano Estratégico dos Resíduos Industriais, Ministérios da Economia e do Ambiente, 1999.

17. Comunicações do 1º Seminário de Auditorias Ambientais Internas, Divisão de Minas e

Pedreiras do IGM, 1997.

18. Rochas Ornamentais e Industriais Portuguesas (Elementos Estatísticos de 1997),Teresa

Vieira e Maria José Sobreiro, Boletim de Minas - Vol. 36, Nº 4, 1999.

19. Mineral Potential of Portugal, Luís Martins e Victor Borralho, Instituto Geológico e Mineiro,

1998.

20. Caracterização das Escombreiras das Explorações de Mármores da Região de Extremoz-

Borba-Vila Viçosa, Estudo realizado pelo LNEC, Documento Técnico do CEVALOR, Abril de

1992.

21. A Transformação de Rochas Ornamentais em Portugal, António Travassos et al., MTS,

INOFOR, Fevereiro de 1998.

22. Estudo Para a Validação das "Natas" como Material de Confinação de Resíduos Sólidos

Urbanos no Distrito de Évora, CEVALOR, Fevereiro 1998

23. Relatório síntese do projecto de Execução para a Exploração Subterrânea de Mármores na

Região de Pardais- IST, IGM, 2001

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PNAPRI – GUIA TÉCNICO DO SECTOR DA PEDRA NATURAL Página 60

ANEXO 1 - Estimativas de resíduos gerados no sector da pedra natural, em função

da matéria prima processada.

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OPERAÇÃO RESÍDUOS GERADOS CÓDIGO CER

QUANTIDADE

SUBSECTOR DE ROCHAS ORNAMENTAIS (Extracção)

Destapação terras 1 70501 n . q . Perfuração

resíduos de pedra poeiras e pós

0 10102 0 10403

Corte

resíduos de pedra poeiras e pós

0 10102 0 10403

Derrube

resíduos de pedra poeiras e pós

0 10102 0 10403

Esquartejamento

resíduos de pedra poeiras e pós

0 10102 0 10403

Extracção poeiras e pós 0 10102 Acabamento

resíduos de pedra poeiras e pós

0 10102 0 10403

30%(ca l c á r i o s ) 7 2%(má rmore ) 8 3%(g ran i t o ) 9 0%(a rdós i a s )

SUBSECTOR DE ROCHAS ORNAMENTAIS (Transformação)

Serragem

resíduos de pedra poeiras e pós

0 10406 0 10403

1 5%( ro cha s c a r bona t ada s ) 2 5%(g ran i t o ) 2 0%(a rdós i a s )

1 5% Corte e polimento

resíduos de pedra resíduos do tratamento de pedra poeiras e pós calços de polimento

0 10406 0 10202 0 10403 0 10499 0 , 0004%

Selecção e acabamento

resíduos de pedra poeiras e pós

0 10202 0 10403 1%

SUBSECTOR DE ROCHAS INDUSTRIAIS (Extracção)

Perfuração

resíduos de pedra poeiras e pós

0 10102 0 10403

Rebentamento resíduos de pedra poeiras e pós terras

0 10102 0 10403 0 10402

Transporte poeiras e pós 0 10403

7%

SUBSECTOR DE ROCHAS INDUSTRIAIS (Transformação)

Trituração poeiras e pós 0 10403 Classificação poeiras e pós 0 10403

1%

RESÍDUOS COMUNS A TODOS OS SUBSECTORES

ETARI lamas do tratamento de águas residuais industriais(natas)

1 90804 0 , 05m 3 / t p r oduz i d a ( ex t . R .O . ) 1 0 , 1m 3 / t p r oduz i da ( t r an s f . R .O . ) 1

0 , 005 t / t p r oduz i d a ( t r an s f . R . I . ) n.q. não quantificável

1 Considerou-se que cada m3 de lama equivalia a 2,7 toneladas.

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ANEXO 2 – Entidades e empresas que contribuíram para a elaboração deste guia

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ENTIDADES QUE COLABORARAM NA ELABORAÇÃO DESTE GUIA

(ordem alfabética)

• AIPGN

• ASSIMAGRA

• CEVALOR

• IGM

• INE

• IR

• MTS

EMPRESAS QUE CONTRIBUÍRAM PARA A ELABORAÇÃO DESTE GUIA (ordem alfabética)

• Alexandra Alves

• Américo de Oliveira

• António dos Santos Cavaco, Filhos

• António Firmino Batista & Irmão

• António Gomes dos Santos

• Ardósias Valério e Figueiredo

• Barbosa , Antunes & Cruz

• Barbosa Antunes

• Barreiro santos & Nogueira

• Belgrani

• Benjor – Sociedade de Empreitadas de

Benjamim Jorge

• Bezerras Irmaõs

• Brigalde – Britas Mangualde

• BUA Mármores

• Central de Britagem Adifer

• Claudemiro Amaro

• Construções Amoreira de Abílio Manuel

Barbosa Moreira

• Costa & Costa

• Curvomármores

• ECOB

• Eurico da Glória António

• Farpedra

• Fernino

• Figaljor

• Filipe Vieira Arouca

• Granialvaro

• Granisintra

• Granisul

• Granitos Aguiar da Pena

• Granitos do castro

• Graper

• Irmãos cavaco, S.A.

• Jocamar

• José Alves Granitos

• José Clemente Gonçalves

• LC Granitos

• Leandro & Tavares

• Licínio Manuel Silveira das Neves

• LRP – Britas do Centro

• Luís Gonzaga de Lemos

• Luximar

• Manuel & Cardoso

• Manuel António & Bento

• Manuel Baleia Leitão

• Manuel Jorge & Filhos

• Marbrito

• Marcelo & Nogueira – Lareiras

• Mardão – Mármores do Dão

• Marmocaima

• Mármores Centrais do Minho

• Mármores do Oeste

• Mármores Nunes

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PNAPRI – GUIA TÉCNICO DO SECTOR DA PEDRA NATURAL Página 64

• Mármores Sintra – Filhos

• Marmorista de Alvalade

• Marmoz

• Mocapor

• Molianos Vidraço

• MOP

• Mota & Companhia, S.A.

• Oficina de Canteiro "A Raminha"

• Oliveira Rodrigues

• PedraMoca

• Pedro Manuel Martins Ribeiro

• Plácido José Simões, S.A.

• Raul Feiteira Domingos

• Real Granito

• Resende & Louro

• Rochas Ibéricas

• Salgado & Costa

• Santos Costa & Costa

• Secil - Britas

• Sicré

• Sociedade de Mármores Central da

Boa-Hora à Ajuda

• Sociedade de Mármores e Cantarias

Progresso de Pinhal Novo

• Sociedade de Mármores Luís Timóteo

• Sociedade Lusitana de Obras e

Empreitadas

• Sotragram

• Soxisto

• Timoz

• Tornomoita

• Tudipedra

• Vitomarte

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INETI

PNAPRI – GUIA TÉCNICO DO SECTOR DA PEDRA NATURAL Página 65

LISTA GERAL DE ENTIDADES, INSTITUIÇÕES E ASSOCIAÇÕES NACIONAIS E

SECTORIAIS

MINISTÉRIO DO AMBIENTE E ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO http://ambiente.gov.pt

DIRECÇÃO GERAL DO AMBIENTE http://www.dga.min-amb.pt

INSTITUTO DOS RESÍDUOS

http://www.inresiduos.pt

DIRECÇÃO-GERAL DA INDUSTRIA http://www.dgi.min-economia.pt

POE – PROGRAMA OPERACIONAL DE ECONOMIA http://www.poe.min-economia.pt

INETI – INSTITUTO NACIONAL DE ENGENHARIA E TECNOLOGIA INDUSTRIAL http://www.ineti.pt

ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESA http://www.aip.pt

ASSOCIAÇÃO DE EMPRESÁRIOS DE PORTUGAL http://www.aep.pt

CONFEDERAÇÃO DA INDÚSTRIA PORTUGUESA Avenida 5 de Outubro, 96, 1º, 1069-193 Lisboa

CEVALOR – CENTRO TECNOLÓGICO PARA O APROVEITAMENTO E VALORIZAÇÃO DAS ROCHAS ORNAMENTAIS E INDUSTRIAIS Estrada Nacional N.º 4, Km 158, 7150-999 Borba

ASSIMAGRA – ASSOCIAÇÃO DOS INDUSTRIAIS DE MÁRMORES, GRANITOS E RAMOS AFINS http://www.assimagra.com

AIPGN – ASSOCIAÇÃO DOS INDUSTRIAIS DE PEDRAS E GRANITOS DO NORTE Rua Júlio Dinis, 931 – 1º esq, 4050-327 Porto

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PNAPRI – GUIA TÉCNICO DO SECTOR DA PEDRA NATURAL Página 66

NOTA SOBRE LEGISLAÇÃO

A classificação CER usada neste trabalho, e actualmente em vigor, é a constante na Portaria

818/97 de 5 de Setembro, por transposição pela Legislação Portuguesa da Decisão 94/3/CE de

20 de Dezembro de 1993 da Comissão da Comunidade Europeia.

Convém notar que, a nível da Comunidade Europeia, esta Decisão está a ser alvo de revisão,

prevendo-se a entrada em vigor da nova Decisão em final de 2001.

É ainda de notar que existem vários diplomas que prevêem a concessão de benefícios fiscais,

de que se destacam, para as empresas que realizem despesas em I&D (DL 292/97 de 22 de

Outubro), e para as que invistam em equipamentos destinados a reduzir as suas emissões

poluentes, tanto gasosas como líquidas ou sólidas (DL 477/99 de 9 de Novembro, rectificado

através da Declaração de Rectificação 4-B/200 de 31 de Janeiro e regulamentado através do

despacho 2531/200 de 1 de Fevereiro e pela Portaria 271-A/2000 de 18 de Maio).