Upload
others
View
1
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
Giselle Medeiros da Costa One Helder Neves de Albuquerque
(Organizadores)
Ambiente os desafios da
interdisciplinaridade nos ciclos da vida humana
1
Instituto Bioeducaccedilatildeo Campina Grande - PB
2017
Instituto Bioeducaccedilatildeo - IBEA
Editor Chefe Giselle Medeiros da Costa One
Corpo Editorial
Beatriz Susana Ovruski de Ceballos Ednice Fideles Cavalcante Aniacutezio Giselle Medeiros da Costa One Helder Neves de Albuquerque
Revisatildeo Final
Ednice Fideles Cavalcante Aniacutezio
FICHA CATALOGRAacuteFICA Dados de Acordo com AACR2 CDU e CUTTER
Laureno Marques Sales Bibliotecaacuterio especialista CRB -15121
Direitos desta Ediccedilatildeo reservados ao Instituto Bioeducaccedilatildeo
wwwinstitutobioeducacaoorgbr Impresso no Brasil Printed in Brazil
One Giselle Medeiros da Costa O59s Sauacutede e Meio Ambiente os desafios da interdisciplinaridade
nos ciclos da vida humana 1 Organizadores Giselle Medeiros da Costa One Helder Neves de Albuquerque
608 fls Prefixo editorial 92522 ISBN 978-85-92522-11-7 (on-line) Modelo de acesso Word Wibe Web lthttpwwwcinasamacombrgt Instituto Bioeducaccedilatildeo ndash IBEA - Campina Grande - PB
1 Meio Ambiente 2 Aacutegua 3 Sustentabilidade 4 Alteraccedilotildees ambientais I Giselle Medeiros da Costa One II Helder Neves de Albuquerque III Sauacutede e Meio Ambiente os desafios da interdisciplinaridade nos ciclos da vida humana 1
CDU 911
IBEA INSTITUTO BIOEDUCACcedilAtildeO
Proibida a reproduccedilatildeo total ou parcial por qualquer
meio ou processo seja reprograacutefico fotograacutefico graacutefico microfilmagem entre outros Estas proibiccedilotildees aplicam-se tambeacutem agraves caracteriacutesticas graacuteficas eou
editoriais A violaccedilatildeo dos direitos autorais eacute puniacutevel como Crime
(Coacutedigo Penal art 184 e sectsect Lei 989580) com busca e apreensatildeo e indenizaccedilotildees diversas (Lei
961098 ndash Lei dos Direitos Autorais - arts 122 123 124 e 126)
Todas as opiniotildees e textos presentes neste livro satildeo de inteira responsabilidade
de seus autores ficando o organizador isento dos crimes de plaacutegios e
informaccedilotildees enganosas
IBEA - Instituo Bioeducaccedilatildeo
RuaEng Lourival de Andrade 1405- Bodocongoacute ndash Campina
Grande ndash PB CEP 58430-030 (0xx83) 3321 4575 wwwinstitutobioeducacaoorgbr
Impresso no Brasil
2017
Aos participantes do CINASAMA pela
dedicaccedilatildeo que executam suas
atividades e pelo amor que escrevem os
capiacutetulos que compotildeem esse livro
Enquanto ensino continuo buscando reprocurando Ensino porque busco porque indaguei porque indago e me indago Pesquiso para para constatar contatando intervenho intervindo educo e me educo Pesquiso para conhecer o que ainda natildeo conheccedilo e comunicar ou anunciar a novidade
Paulo Freire
PREFAacuteCIO
Os livros ldquoSAUacuteDE E MEIO AMBIENTE os desafios da
interdisciplinaridade nos ciclos da vida humana 1 2 3 e 4rdquo
tem conteuacutedo interdisciplinar contribuindo para o
aprendizado e compreensatildeo de varias temaacuteticas dentro da
aacuterea em estudo Esta obra eacute uma coletacircnea de pesquisas de
campo e bibliograacutefica fruto dos trabalhos apresentados no
Simpoacutesio Nacional de Sauacutede e Meio Ambiente realizado entre
os dias 2 e 3 de dezembro de 2016 na cidade de Joatildeo Pessoa-
PB
O CINASAMA eacute um evento que tem como objetivo
proporcionar subsiacutedios para que os participantes tenham
acesso agraves novas exigecircncias do mercado e da educaccedilatildeo E ao
mesmo tempo reiterar o intuito Educacional Bioloacutegico
Nutricional e Ambiental de direcionar todos que formam a
Comunidade acadecircmica para uma Sauacutede Humana e
Educaccedilatildeo socioambiental para a Vida
Os eixos temaacuteticos abordados no Simpoacutesio Nacional de
Sauacutede e Meio Ambiente e nos livros garantem uma ampla
discussatildeo incentivando promovendo e apoiando a pesquisa
Os organizadores objetivaram incentivar promover e apoiar
a pesquisa em geral para que os leitores aproveitem cada
capiacutetulo como uma leitura prazerosa e com a competecircncia
eficiecircncia e profissionalismo da equipe de autores que muito
se dedicaram a escrever trabalhos de excelente qualidade
direcionados a um puacuteblico vasto
Esta publicaccedilatildeo pode ser destinada aos diversos
leitores que se interessem pelos temas debatidos
Espera-se que este trabalho desperte novas accedilotildees
estimule novas percepccedilotildees e desenvolva novos humanos
cidadatildeos
Aproveitem a oportunidade e boa leitura
SUMAacuteRIO
SAUacuteDE E MEIO AMBIENTE ____________________________________ 14
CAPIacuteTULO 1 ________________________________________________ 15
QUALIDADE DA AacuteGUA EM POCcedilOS RASOS NOS BAIRROS CHAPEROacute JARDIM
MARACANAtilde E SAtildeO MIGUEL EM SEROPEacuteDICA-RJ ____________________ 15
CAPIacuteTULO 2 ________________________________________________ 30
CARACTERIacuteSTICAS DA AacuteGUA EM POCcedilOS RASOS NOS BAIRROS BOA
ESPERANCcedilA FAZENDA CAXIAS E SANTA SOFIA EM SEROPEacuteDICARJ _____ 30
CAPIacuteTULO 3 ________________________________________________ 46
QUALIDADE DA AacuteGUA DE RESERVATOacuteRIO UTILIZADO PARA ABASTECIMENTO
PUacuteBLICO SEMIAacuteRIDO NORDESTINO _____________________________ 46
CAPIacuteTULO 4 ________________________________________________ 65
ELIMINACcedilAtildeO DE CIANOTOXINA COM MEacuteTODOS RAacutePIDOS E DE BAIXO CUSTO
EM AacuteGUA DE ABASTECIMENTO PUacuteBLICO _________________________ 65
CAPIacuteTULO 5 ________________________________________________ 84
QUALIDADE HIacuteDRICA EM CISTERNAS DE PLACA E POLIETILENO DO
SEMIAacuteRIDO PERNAMBUCANO __________________________________ 84
CAPIacuteTULO 6 ________________________________________________ 99
ANTIMICROBIANOS EM AMBIENTES AQUAacuteTICOS UMA PROPOSTA DE
INCLUSAtildeO DE ANAacuteLISE DE RESISTEcircNCIA BACTERIANA COMO PARTE DA
AVALIACcedilAtildeO DA QUALIDADE DA AacuteGUA PARA CONSUMO HUMANO _____ 99
CAPIacuteTULO 7 _______________________________________________ 118
AVALIACcedilAtildeO DOS PARAcircMETROS FIacuteSICO ndash QUIacuteMICOS DO SEDIMENTO DO RIO
PINDAREacute NOS MUNICIacutePIOS DE PINDAREacute- MIRIM TUFILAcircNDIA E ALTO
ALEGRE (MA) ______________________________________________ 118
CAPIacuteTULO 8 _______________________________________________ 132
CIANOBACTEacuteRIAS EM MANANCIAIS DE ABASTECIMENTO DO SEMIAacuteRIDO E
SUAS CONSEQUEcircNCIAS PARA SAUacuteDE PUacuteBLICA ____________________ 132
CAPIacuteTULO 9 _______________________________________________ 150
BIOMASSA DE MACROINVERTEBRADOS BENTOcircNICOS COMO INDICADOR DE
IMPACTO AMBIENTAL EM RESERVATOacuteRIOS DO SEMIAacuteRIDO__________ 150
CAPIacuteTULO 10 ______________________________________________ 167
DIRECIONAMENTO DOS ESTUDOS E TEacuteCNICAS DE REMOCcedilAtildeO DE
CIANOBACTEacuteRIAS E CIANOTOacuteXINAS ____________________________ 167
CAPIacuteTULO 11 ______________________________________________ 186
UTILIZACcedilAtildeO DE HORTAS HIDROPOcircNICAS COMO ESTRATEacuteGIA DE ENSINO
REFLEXIVO SOBRE MEIO AMBIENTE E SEGURANCcedilA ALIMENTAR_______ 186
CAPIacuteTULO 12 ______________________________________________ 203
HORTA DE PLANTAS MEDICINAIS CULTURA POPULAR E RECURSO DIDAacuteTICO
PARA O ENSINO DE CIEcircNCIAS __________________________________ 203
CAPIacuteTULO 13 ______________________________________________ 223
EXPOSICcedilAtildeO A METAIS PESADOS COMO FATOR DESENCADEANTE DA
ESCLEROSE LATERAL AMIOTROacuteFICA ____________________________ 223
CAPIacuteTULO 14 ______________________________________________ 240
EXPOSICcedilAtildeO AO CHUMBO DURANTE A GRAVIDEZ E SUAS COMPLICACcedilOtildeES NO
DESENVOLVIMENTO EMBRIONAacuteRIO UMA REVISAtildeO DE LITERATURA __ 240
CAPIacuteTULO 15 ______________________________________________ 257
ESTUDO DA DESATIVACcedilAtildeO CATALIacuteTICA AUTOMOTIVA EM CATALISADORES
NANOESTRUTURADOS DE CEO2 ________________________________ 257
CAPIacuteTULO 16 ______________________________________________ 276
AUMENTO DA PRODUCcedilAtildeO DE BIOGAacuteS (METANO) A PARTIR DA
SOLUBILIZACcedilAtildeO DE LODOS DE ESGOTOS _________________________ 276
CAPIacuteTULO 17 ______________________________________________ 295
VARIACcedilAtildeO SAZONAL DA VITAMINA D E SUA CORRELACcedilAtildeO COM OS NIacuteVEIS DE
INSOLACcedilAtildeO NO MUNICIacutePIO DE CAMPINA GRANDE ndash PB _____________ 295
CAPIacuteTULO 18 ______________________________________________ 311
CONDICcedilOtildeES DE TRABALHO E VULNERABILIDADE SOCIAL PERCEPCcedilAtildeO DOS
RESPONSAacuteVEIS TEacuteCNICOS DE SERVICcedilOS DE ALIMENTACcedilAtildeO NO BAIRRO VILA
ESPERANCcedilA SAtildeO LUIacuteS-MA BRASIL _____________________________ 311
CAPIacuteTULO 19 ______________________________________________ 331
UMA REVISAtildeO HISTOacuteRICA E EPIDEMIOLOacuteGICA DOS PRINCIPAIS ARBOVIacuteRUS
DENGUE ZIKA E CHIKUNGUNYA _______________________________ 331
CAPIacuteTULO 20 ______________________________________________ 351
EFEITOS DE AGENTES TERATOGEcircNICOS NO SISTEMA NERVOSO DE EMBRIOtildeES
E FETOS __________________________________________________ 351
CAPIacuteTULO 21 ______________________________________________ 372
ALTERACcedilOtildeES EMBRIOLOacuteGICAS PROVOCADAS PELO ZIKA VIacuteRUS _______ 372
CAPIacuteTULO 22 ______________________________________________ 389
A SAUacuteDE COMO DIREITO SOCIAL AS LEIS ANTI-TABAacuteGICAS NO BRASIL E SEUS
ASPECTOS NORMATIVOS _____________________________________ 389
CAPIacuteTULO 23 ______________________________________________ 404
ASSOCIACcedilAtildeO DE FATORES AMBIENTAIS E GENEacuteTICOS NO
DESENVOLVIMENTO DO AUTISMO _____________________________ 404
CAPIacuteTULO 24 ______________________________________________ 422
PRINCIacutePIOS APLICACcedilOtildeES E VALIDACcedilAtildeO DAS CROMATOGRAFIAS LIacuteQUIDA E
GASOSA PARA APLICACcedilOtildeES EM ANAacuteLISES NAS AacuteREAS DE SAUacuteDE ALIMENTOS
E MEIO AMBIENTE __________________________________________ 422
CAPIacuteTULO 25 ______________________________________________ 442
INFLUEcircNCIA DA ATIVIDADE PREBIOacuteTICA DAS FIBRAS DIETEacuteTICAS DE
SUBPRODUTOS DE FRUTAS TROPICAIS NO TRATAMENTO DA DISLIPIDEMIA
_________________________________________________________ 442
SUSTENTABILIDADE ________________________________________ 458
CAPIacuteTULO 26 ______________________________________________ 459
CONCEPCcedilOtildeES TEOacuteRICAS ACERCA DA CONDUTA PROacute-AMBIENTAL BASES
VALORATIVAS E ATITUDINAIS _________________________________ 459
CAPIacuteTULO 27 ______________________________________________ 479
NEFROLOGIA VERDE SUSTENTABILIDADE NO CUIDADO RENAL _______ 479
CAPIacuteTULO 28 ______________________________________________ 495
SEMEANDO O VERDE UMA PROPOSTA DE EDUCACcedilAtildeO AMBIENTAL PARA AS
ESCOLAS PUacuteBLICAS DE BANANEIRAS PB _________________________ 495
CAPIacuteTULO 29 ______________________________________________ 515
GRUPO DE CONVIVEcircNCIA COMO FERRAMENTA PARA A SUSTENTABILIDADE
SOCIAL ___________________________________________________ 515
CAPIacuteTULO 30 ______________________________________________ 530
VULNERABILIDADE SOCIAL E DESENVOLVIMENTO HUMANO EM
MUNICIacutePIOS DA BAIXADA MARANHENSE ________________________ 530
CAPIacuteTULO 31 ______________________________________________ 549
DIAGNOacuteSTICO E PREDISPOSICcedilAtildeO A FIBROMIALGIA EM ESTUDANTES DE
SAUacuteDE ___________________________________________________ 549
MEIO AMBIENTE ___________________________________________ 564
CAPIacuteTULO 32 ______________________________________________ 565
A TENSAtildeO ldquoNATUREZACULTURArdquo NA VAQUEJADA NORDESTINA _____ 565
EDUCACcedilAtildeO AMBIENTAL _____________________________________ 585
CAPIacuteTULO 33 ______________________________________________ 586
A BOTAcircNICA E A EDUCACcedilAtildeO AMBIENTAL CAMINHANDO JUNTAS NAS
ESCOLAS PUacuteBLICAS DE BANANEIRAS E SOLAcircNEA-PB ________________ 586
14
SAUacuteDE E MEIO AMBIENTE
QUALIDADE DA AacuteGUA EM POCcedilOS RASOS NOS BAIRROS CHAPEROacute JARDIM MARACANAtilde E SAtildeO MIGUEL EM SEROPEacuteDICA-RJ
15
CAPIacuteTULO 1
QUALIDADE DA AacuteGUA EM POCcedilOS RASOS NOS BAIRROS CHAPEROacute JARDIM MARACANAtilde E SAtildeO
MIGUEL EM SEROPEacuteDICA-RJ
Abilio Joseacute de Oliveira FERREIRA 1
Carolina Santos Reis de Andrade da SILVA 1
Clarice de OLIVEIRA 2 Fabiana de Carvalho Dias ARAUacuteJO 3
1 Graduandos do curso de Geologia UFRRJ 2 Professora do DSIAUFRRJ 3OrientadoraProfessora do DECAMPDIEUFRRJ
abiliojosedeoliveiraferreiragmailcom
RESUMO A aacutegua elemento cujo uso supera os das necessidades bioloacutegicas eacute considerada o composto mais abundante do nosso planeta Entretanto nos uacuteltimos anos vem apresentando niacuteveis de escassez em funccedilatildeo de possiacuteveis mudanccedilas climaacuteticas e principalmente da gestatildeo improacutepria dos disponiacuteveis recursos hiacutedricos Em alguns bairros inseridos no municiacutepio de Seropeacutedica que satildeo mais pobres eou pouco industrializados o abastecimento hiacutedrico convencional eacute deficitaacuterio e sua deficiecircncia acentua-se em eacutepocas mais secas Diante deste contexto ainda pode-se registrar o consumo da aacutegua por meio de poccedilos que natildeo superam os 20 metros de profundidade caracterizando-se desta forma como rasos Aparentemente consideradas aacuteguas puras a potabilidade destas aacuteguas pode assumir caraacuteter comprometedor em razatildeo de contaminantes provenientes de accedilotildees antroacutepicas como instauraccedilotildees de centros de tratamentos de resiacuteduos e sistemas de saneamento in situ do tipo fossas Sendo assim esse estudo tem como objetivo avaliar a qualidade da aacutegua de poccedilos rasos em trecircs bairros Chaperoacute Jardim Maracanatilde e Satildeo Miguel
QUALIDADE DA AacuteGUA EM POCcedilOS RASOS NOS BAIRROS CHAPEROacute JARDIM MARACANAtilde E SAtildeO MIGUEL EM SEROPEacuteDICA-RJ
16
localizados no municiacutepio de Seropeacutedica-RJ Para tanto foram realizadas anaacutelises fiacutesico-quiacutemicas e bioloacutegicas de amostras de aacutegua de 8 poccedilos rasos O presente trabalho pretende contribuir para os estudos hiacutedricos da regiatildeo e tornar os moradores locais cientes sobre a qualidade da aacutegua por eles consumidas assim como fomentar futuras pesquisas na mesma aacuterea Palavras-chave Recurso hiacutedrico Potabilidade da aacutegua Contaminaccedilatildeo da aacutegua
1 INTRODUCcedilAtildeO
A instaacutevel pluviosidade bem como manejo inadequado
dos recursos hiacutedricos vigentes veicula a reduccedilatildeo de niacuteveis dos
reservatoacuterios de aacuteguas disponiacuteveis ao consumo Tais aspectos
provocam a busca por outros meios de captaccedilatildeo de aacutegua e
dentre eles estaacute a perfuraccedilatildeo de poccedilos (CAPUCCI et al 2001)
Os mananciais subterracircneos satildeo recursos naturais
utilizados tanto para abastecer grande parte da populaccedilatildeo
brasileira em aacutereas rurais quanto nas cidades que natildeo
oferecem acesso agrave rede puacuteblica de abastecimento ou quando o
abastecimento eacute irregular Entretanto o crescimento do modo
de utilizaccedilatildeo deste recurso foi acompanhado da proliferaccedilatildeo de
poccedilos construiacutedos sem levar em conta criteacuterios teacutecnicos
adequados que permitissem condiccedilotildees qualitativas baacutesicas de
potabilidade Deste modo a perfuraccedilatildeo de poccedilos com locaccedilatildeo
inadequada coloca em risco a qualidade das aacuteguas
subterracircneas uma vez que gera uma conexatildeo entre as aacuteguas
mais rasas e portanto mais suscetiacuteveis agrave contaminaccedilatildeo com
aacuteguas mais profundas menos vulneraacuteveis (ANA 2007)
Ainda segundo a ANA (2007) a Bacia Hidrograacutefica do
Rio Guandu possui um papel vital para a Regiatildeo Metropolitana
do Rio de Janeiro (RMRJ) segunda maior regiatildeo metropolitana
QUALIDADE DA AacuteGUA EM POCcedilOS RASOS NOS BAIRROS CHAPEROacute JARDIM MARACANAtilde E SAtildeO MIGUEL EM SEROPEacuteDICA-RJ
17
do paiacutes A captaccedilatildeo tratamento e distribuiccedilatildeo das aacuteguas do Rio
Guandu para abastecer cerca de 8 milhotildees de habitantes da
RMRJ eacute um dos maiores sistemas de tratamento de aacutegua do
mundo Aleacutem disso nas bacias dos rios Guandu da Guarda e
Guandu Mirim vivem cerca de um milhatildeo de habitantes
A bacia dos rios Guandu da Guarda e Guandu-Mirim faz
parte da bacia hidrograacutefica contribuinte agrave Baiacutea de Sepetiba
situada a oeste da bacia da Baiacutea de Guanabara no Estado do
Rio de Janeiro A bacia ocupa uma aacuterea total de
aproximadamente 1900 kmsup2 e abrange 12 municiacutepios (Itaguaiacute
Seropeacutedica Queimados Japeri Paracambi Nova Iguaccedilu Rio
de Janeiro Engenheiro Paulo de Frontin Miguel Pereira
Vassouras Piraiacute e Rio Claro) onde vivem cerca de 1 milhatildeo de
habitantes A sua maior singularidade deve-se agrave transposiccedilatildeo
de ateacute 180 m3s das aacuteguas da Bacia do rio Paraiacuteba do Sul para
a Bacia do Guandu das quais dependem a populaccedilatildeo e
induacutestrias ali situadas e principalmente a quase totalidade da
Regiatildeo Metropolitana do Rio de Janeiro situada fora dos limites
da bacia (TUBBS FILHO et al 2012)
Apesar de sua importacircncia estrateacutegica a bacia enfrenta
uma seacuterie de problemas decorrentes da forma do uso e
ocupaccedilatildeo do solo e sobretudo das formas de gestatildeo dos seus
recursos hiacutedricos
De acordo com Calheiros e Oliveira (2006) no Brasil
80 dos esgotos satildeo lanccedilados em corpos drsquoaacutegua sem qualquer
tratamento destes 85 satildeo esgotos domeacutesticos e 15 esgotos
industriais Em aacutereas urbanas a elevada densidade
populacional produz alto volume de esgoto e em cidades
desprovidas de sistema de esgoto sanitaacuterio eficiente as aacuteguas
subterracircneas podem ser contaminadas por meio da infiltraccedilatildeo
QUALIDADE DA AacuteGUA EM POCcedilOS RASOS NOS BAIRROS CHAPEROacute JARDIM MARACANAtilde E SAtildeO MIGUEL EM SEROPEacuteDICA-RJ
18
oriunda de fossas negras e pelo escoamento superficial da
aacutegua da chuva em contato com o esgoto lanccedilado a ceacuteu aberto
Segundo dados do Sistema de Informaccedilatildeo da Atenccedilatildeo
Baacutesica (SIAB) do Ministeacuterio da Sauacutede (BRASIL 2014) o
consumo das aacuteguas provenientes de poccedilos por famiacutelias em
Seropeacutedica aumentou em cerca de 4 nos uacuteltimos 15 anos A
perfuraccedilatildeo de poccedilos em locais inapropriados pode
comprometer a qualidade das aacuteguas subterracircneas
Recorrentemente nota-se pela populaccedilatildeo o crescente
uso de poccedilos artesanais como meio de supressatildeo de
necessidades hiacutedricas o que caracteriza assim a importacircncia
de tais cavidades e o aumento de sua incidecircncia no municiacutepio
em estudo
Diante do exposto acima essa pesquisa tem como
objetivo avaliar a qualidade da aacutegua dos poccedilos rasos em trecircs
bairros da cidade de SeropeacutedicaRJ
2 MATERIAIS E MEacuteTODO
Esse trabalho faz parte de um projeto financiado pelo
Comitecirc Guandu atraveacutes do edital para auxiacutelio financeiro da
Associaccedilatildeo Proacute-Gestatildeo das Aacuteguas da Bacia Hidrograacutefica do Rio
Paraiacuteba do Sul (AGEVAP)
O projeto foi realizado em trecircs bairros do municiacutepio de
Seropeacutedcia-RJ onde foram feitas coletas em dois poccedilos (P01
e P02) trecircs poccedilos (P03 P04 e P05) e trecircs poccedilos (P06 P07 e
P08) nos bairros Chaperoacute Jardim Maracanatilde e Satildeo Miguel
respectivamente conforme Fig (1) e Tab (1)
QUALIDADE DA AacuteGUA EM POCcedilOS RASOS NOS BAIRROS CHAPEROacute JARDIM MARACANAtilde E SAtildeO MIGUEL EM SEROPEacuteDICA-RJ
19
Figura 1 Localizaccedilatildeo dos poccedilos avaliados nos bairros Chaperoacute Jardim Maracanatilde e Satildeo Miguel em Seropeacutedica-RJ 2016
Fonte Google Earth 2016
Tabela 1 Coordenadas UTM (metros) dos poccedilos localizados nos bairros Chaperoacute Jardim Maracanatilde e Satildeo Miguel em Seropeacutedica-RJ 2016
Poccedilo Bairro Coordenadas UTM (m)
01 Chaperoacute 627747E 7477196S 02 Chaperoacute 625641E 7476755S 03 Jardim Maracanatilde 635796E 7484623S 04 Jardim Maracanatilde 638148E 7487154S 05 Jardim Maracanatilde 636736E 7486118S 06 Satildeo Miguel 631274E 7487801S 07 Satildeo Miguel 631164E 7487917S 08 Satildeo Miguel 631545E 7487618S
As amostras de aacutegua foram coletadas em outubro de
2016 diretamente dos poccedilos ou de um ponto antes do
reservatoacuterio para melhor caracterizaccedilatildeo da aacutegua
QUALIDADE DA AacuteGUA EM POCcedilOS RASOS NOS BAIRROS CHAPEROacute JARDIM MARACANAtilde E SAtildeO MIGUEL EM SEROPEacuteDICA-RJ
20
Para as anaacutelises fiacutesico-quiacutemicas foram utilizadas duas
garrafas de 15 L para cada amostra Essas garrafas foram
lavadas com a proacutepria aacutegua coletada natildeo havendo assim a
necessidade de serem esterilizadas
Para as anaacutelises microbioloacutegicas foram coletados 300
mL de aacutegua em embalagens esterilizadas
As garrafas com as amostras foram identificadas de
acordo com os bairros e os nuacutemeros dos poccedilos colocadas
dentro de um saco plaacutestico e acondicionadas sob refrigeraccedilatildeo
dentro de uma caixa isoteacutermica com sacos de gelo Em seguida
foram enviadas para o Laboratoacuterio Analiacutetico de Alimentos e
Bebidas (LAAB-Rural) localizado na Universidade Federal
Rural do Rio de Janeiro onde foram analisados paracircmetros
fiacutesico-quiacutemicos e bioloacutegicos sendo eles
- Fiacutesico-Quiacutemicos Sabor Cor Odor Aspecto Cloretos
Mateacuteria Orgacircnica Soacutelidos Totais pH Sulfato Dureza Turbidez
e Ferro
- Bioloacutegicos Coliformes totais Escherichia coli
Contagem de Bacteacuterias Heterotroacuteficas
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
Os valores dos paracircmetros avaliados foram comparados
aos da Portaria nordm 2914 de 2011 do Ministeacuterio da Sauacutede
(BRASIL 2011) que dispotildee sobre os procedimentos de controle
e de vigilacircncia da qualidade da aacutegua para consumo humano e
seu padratildeo de potabilidade
Observa-se na Tabela (2) que os poccedilos 1 e 2 referentes
ao bairro Chaperoacute estatildeo em conformidade com a Portaria
291411 para a maioria dos paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos com
QUALIDADE DA AacuteGUA EM POCcedilOS RASOS NOS BAIRROS CHAPEROacute JARDIM MARACANAtilde E SAtildeO MIGUEL EM SEROPEacuteDICA-RJ
21
exceccedilatildeo das caracteriacutesticas organoleacutepticas sabor e aspecto no
poccedilo 02 que foram reprovadas
Tabela 2 Caracteriacutesticas da aacutegua de poccedilos rasos no bairro Chaperoacute Seropeacutedica-RJ 2016
Paracircmetros P01 P02
Sabor Caracteriacutestico Improacuteprio para consumo
Cor Caracteriacutestico Caracteriacutestico
Odor Caracteriacutestico Caracteriacutestico
Aspecto Caracteriacutestico Presenccedila de partiacuteculas
Cloretos (mgL) 2208 1413
Mateacuteria Orgacircnica (mgL) 109 157
Soacutelidos Totais (mgL) 47 31
pH 416 555
Sulfato (mgL) 5 5 Dureza (mgL de CaCO3) 1412 1313 Turbidez (microT) 23 43
Ferro (mgL) 008 013
Coliformes totais (NMP100mL)1
2 lt2
Escherichia coli (NMP100mL) 2 lt2
Contagem de Bacteacuterias Heterotroacuteficas (UFCmL)2
68 x 102 lt10
1 Nuacutemero mais provaacutevel por 100 mililitros da amostra 2 Unidades formadoras de colocircnia por mililitro de amostra
As substacircncias com propriedades organoleacutepticas de
potabilidade natildeo necessariamente trazem risco agrave sauacutede mas
pelo seu aspecto ou palatabilidade causam repulsa a maioria
da populaccedilatildeo (GODOY 2013)
Os valores de pH encontrados nos dois poccedilos estatildeo
abaixo do permitido (6 - 9) segundo a Portaria 291411 As
QUALIDADE DA AacuteGUA EM POCcedilOS RASOS NOS BAIRROS CHAPEROacute JARDIM MARACANAtilde E SAtildeO MIGUEL EM SEROPEacuteDICA-RJ
22
caracteriacutesticas do solo ou a presenccedila de aacutecidos huacutemicos
podem contribuir para a reduccedilatildeo natural do pH e eacute assim que
aacuteguas subterracircneas podem apresentar pH baixo (BASTOS et
al 2003 apud FINEZA 2008)
O valor do pH influi na solubilidade de diversas
substacircncias nas formas que os compostos quiacutemicos se
apresentam na aacutegua (livre ou ionizada) e em sua toxicidade
(SAWYER et al 2003 apud FINEZA 2008) o que torna esse
paracircmetro importante para ser avaliado
Jaacute os paracircmetros microbioloacutegicos nos dois poccedilos
apresentaram-se acima do permitido pela Portaria 291411 Eacute
importante frisar que o bairro em questatildeo tem coleta de lixo
regular e possui rede de esgoto Poreacutem os poccedilos 1 e 2 ficam a
1km e a 2km do Centro de Tratamento de Resiacuteduos (CTR Santa
Rosa) respectivamente Ocoreram dois vazamentos de
chorume no CTR o que pode favorecer o resultado encontrado
para os paracircmetros microbioloacutegicos nesses poccedilos
Observa-se na Tabela (3) que os poccedilos 03 e 04
localizados no bairro Jardim Maracanatilde assim como os poccedilos
01 e 02 no bairro Chaperoacute (Tab 2) estatildeo em conformidade
com a Portaria 291411 para a maioria dos paracircmetros fiacutesico-
quiacutemicos Jaacute o poccedilo 05 apresentou vaacuterios paracircmetros em
inconformidade com a Portaria 291411 tais como cor
aspecto mateacuteria orgacircnica e pH
O teor maacuteximo de mateacuteria orgacircnica permitido segundo a
Portaria 291411 eacute de 20 mLL Segundo Brasil (2014) a
mateacuteria orgacircnica da aacutegua eacute necessaacuteria aos seres heteroacutetrofos
na sua nutriccedilatildeo e aos autoacutetrofos como fonte de sais nutrientes
e gaacutes carbocircnico Em grandes quantidades no entanto podem
causar alguns problemas como cor odor turbidez e consumo
do oxigecircnio dissolvido pelos organismos decompositores
QUALIDADE DA AacuteGUA EM POCcedilOS RASOS NOS BAIRROS CHAPEROacute JARDIM MARACANAtilde E SAtildeO MIGUEL EM SEROPEacuteDICA-RJ
23
Tabela 3 Caracteriacutesticas da aacutegua de poccedilos rasos no bairro Jardim Maracanatilde Seropeacutedica-RJ 2016
Paracircmetros P03 P04 P05
Sabor Caracteriacutestico Caracteriacutestico Caracteriacutestico
Cor Caracteriacutestico Caracteriacutestico Levemente amarelada
Odor Caracteriacutestico Caracteriacutestico Caracteriacutestico
Aspecto Presenccedila de partiacuteculas
Caracteriacutestico Presenccedila de partiacuteculas
Cloretos (mgL) 1413 3005 106
Mateacuteria Orgacircnica (mgL)
082 095 231
Soacutelidos Totais (mgL)
1963 473 155
pH 609 665 593
Sulfato (mgL) 25 15 15
Dureza (mgL de CaCO3)
425 275 7825
Turbidez (microT) 154 078 08
Ferro (mgL) 016 001 001 Coliformes totais (NMP100mL)1
gt1600 gt1600 gt1600
Escherichia coli (NMP100mL)
170 500 280
Contagem de Bacteacuterias Heterotroacuteficas (UFCmL)2
gt25 x 103 gt25 x 103 gt25 x 103
1 Nuacutemero mais provaacutevel por 100 mililitros da amostra 2 Unidades formadoras de colocircnia por mililitro de amostra
Os paracircmetros microbioloacutegicos nos trecircs poccedilos avaliados
no bairro Jardim Maracanatilde apresentaram-se acima do
QUALIDADE DA AacuteGUA EM POCcedilOS RASOS NOS BAIRROS CHAPEROacute JARDIM MARACANAtilde E SAtildeO MIGUEL EM SEROPEacuteDICA-RJ
24
permitido pela Portaria 291411 As possiacuteveis fontes de
contaminaccedilotildees podem ser causadas pela falta de um sistema
de tratamento de esgoto e pela queima de lixo produzido pela
populaccedilatildeo podendo ter relaccedilatildeo com contaminaccedilatildeo oriunda do
antigo lixatildeo a ceacuteu aberto o qual fica proacuteximo aos poccedilos 03 e
05 conforme Fig (1)
A mediaccedilatildeo da qualidade da aacutegua tanto superficial como
subterracircnea eacute usado o padratildeo de contagem de coliforme
(HIRATA 2003)
Na avaliaccedilatildeo da qualidade de aacuteguas naturais os
coliformes totais tecircm valor sanitaacuterio limitado Sua aplicaccedilatildeo
restringe-se praticamente agrave avaliaccedilatildeo da qualidade da aacutegua
tratada na qual sua presenccedila pode indicar falhas no
tratamento uma possiacutevel contaminaccedilatildeo apoacutes o tratamento ou
ainda a presenccedila de nutrientes em excesso por exemplo nos
reservatoacuterios ou nas redes de distribuiccedilatildeo (BRASIL 2014)
Ainda segundo Brasil (2014) com base no fato de que
entre os cerca de 106-108 Coliformes fecais100 mL
usualmente presentes nos esgotos sanitaacuterios predomina a
Escherichia coli que eacute uma bacteacuteria de origem fecal estes
organismos ainda tecircm sido largamente utilizados como
indicadores de poluiccedilatildeo de aacuteguas naturais A origem fecal da E
coli eacute inquestionaacutevel e sua natureza ubiacutequa pouco provaacutevel o
que valida se o papel mais preciso de organismo indicador de
contaminaccedilatildeo tanto em aacuteguas naturais quanto tratadas
A Escherichia coli eacute a bacteacuteria mais representativa dentro
do grupo dos coliformes termotolerantes Assim sendo sua
presenccedila eacute indicativa de coliformes fecais pois esta bacteacuteria eacute
habitante do trato intestinal de humanos e animais de sangue
quente (SALVATORI 1999) Segundo Amaral et al (2005) ela
representa uma contaminaccedilatildeo fecal recente e indica a possiacutevel
QUALIDADE DA AacuteGUA EM POCcedilOS RASOS NOS BAIRROS CHAPEROacute JARDIM MARACANAtilde E SAtildeO MIGUEL EM SEROPEacuteDICA-RJ
25
presenccedila de bacteacuterias patogecircnicas viacuterus enteacutericos ou parasitas
intestinais
Domingues (2007) afirma que a contagem de
bacteacuterias heterotroacuteficas genericamente definidas como
microrganismos que requerem carbono orgacircnico como fonte de
nutrientes fornece informaccedilotildees sobre a qualidade
bacterioloacutegica da aacutegua de uma forma ampla
A Tabela (4) mostra os poccedilos analisados no bairro Satildeo
Miguel Eacute possiacutevel observar que os poccedilos 06 07 e 08 estatildeo em
conformidade com a Portaria 291411 para a maioria dos
paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos Estando em inconformidade as
caracteriacutesticas cor aspecto e ferro nos poccedilos 06 e 07 e
somente pH no poccedilo 08
O teor maacuteximo de Ferro permitido na aacutegua segundo a
Portaria 291411 eacute de 03 mLL Segundo Schueler (2005) a
disponibilidade do ferro pode estar relacionada agrave influecircncia do
pH da aacutegua e do potencial redox do meio
Segundo Piantaacute (2008) a cor da aacutegua pode indicar
presenccedila de material soacutelido em suspensatildeo podendo ser indiacutecio
de mateacuteria orgacircnica ou outro composto que pode servir de
nutriente para o desenvolvimente de microorganismo Segundo
Casali (2008) a cor e a turbidez podem ser corrigidos por meio
de tratamentos convencionais de aacutegua com filtros de areia ou
pela limpeza e manutenccedilatildeo dos poccedilos
Os paracircmetros microbioloacutegicos nos trecircs poccedilos avaliados
no bairro Jardim Maracanatilde apresentaram-se acima do
permitido pela Portaria 291411 Nesse caso natildeo pode-se
relacionar os altos valores com o saneamento baacutesico e coleta
de lixo pois estes estatildeo regulares
Tabela 4 Caracteriacutesticas da aacutegua de poccedilos rasos no bairro Satildeo Miguel Seropeacutedica-RJ 2016
QUALIDADE DA AacuteGUA EM POCcedilOS RASOS NOS BAIRROS CHAPEROacute JARDIM MARACANAtilde E SAtildeO MIGUEL EM SEROPEacuteDICA-RJ
26
Paracircmetros P06 P07 P08
Sabor Caracteriacutestico Caracteriacutestico Caracteriacutestico Cor Amarelada Amarelada Caracteriacutestico Odor Caracteriacutestico Caracteriacutestico Caracteriacutestico
Aspecto Presenccedila de partiacuteculas
Presenccedila de partiacuteculas
Caracteriacutestico
Cloretos (mgL) 4063 2826 3532 Mateacuteria Orgacircnica (mgL)
08 176 062
Soacutelidos Totais (mgL)
180 285 5625
Ph 608 67 528
Sulfato (mgL) 5 30 20 Dureza (mgL de CaCO3)
635 6825 59
Turbidez (microT) 089 39 01
Ferro (mgL) 032 04 003
Coliformes totais (NMP100mL)
gt1600 gt1600 gt1600
Escherichia coli (NMP100mL)
lt2 130 lt2
Contagem de Bacteacuterias Heterotroacuteficas (UFCmL)
gt25 x 103 gt25 x 103 gt25 x 103
1 Nuacutemero mais provaacutevel por 100 mililitros da amostra 2 Unidades formadoras de colocircnia por mililitro de amostra
A caracterizaccedilatildeo microbioloacutegica e fiacutesico-quimica de aacutegua
proveniente dos poccedilos rasos do municiacutepio de seropeacutedica
demonstrou que a populaccedilatildeo que utiliza aacutegua de poccedilos rasos
para consumo humano apresenta um risco potencial de
QUALIDADE DA AacuteGUA EM POCcedilOS RASOS NOS BAIRROS CHAPEROacute JARDIM MARACANAtilde E SAtildeO MIGUEL EM SEROPEacuteDICA-RJ
27
contrair doenccedilas de veiculaccedilatildeo hiacutedrica pois 100 das
amostras apresentaram-se contaminada por pelo menos um
indicador avaliado
Tatildeo preocupante quanto agrave frequecircncia de E coli eou
coliformes totais nas amostras de aacutegua utilizadas para
consumo humano eacute o fato que a presenccedila desses indicadores
aponta para a provaacutevel existecircncia de patoacutegenos na aacutegua Isso
reafirma a importacircncia do controle microbioloacutegico da aacutegua bem
como a importacircncia da praacutetica de tratamento
de aacutegua de poccedilos rasos como a cloraccedilatildeo
4 CONCLUSOtildeES
Os oito poccedilos avaliados nos bairros Chaperoacute Jardim
Maracanatilde e Satildeo Miguel tiveram a aacutegua aprovada para a maioria
dos paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos mas foram reprovadas em
relaccedilatildeo aos paracircmetros microbioloacutegicos
Eacute importante um monitoramento da aacutegua para informar
a populaccedilatildeo que faz uso da mesma sobre as caracteriacutesticas da
aacutegua
A presenccedila do antigo lixatildeo e do atual Centro de
Tratamento de Resiacuteduos em dois bairros avaliados deve ser
levada em consideraccedilatildeo devido agrave contaminaccedilatildeo do solos e
consequentemente do lenccedilol freaacutetico visto que o solo de
Seropeacutedica em sua maioria eacute arenoso
QUALIDADE DA AacuteGUA EM POCcedilOS RASOS NOS BAIRROS CHAPEROacute JARDIM MARACANAtilde E SAtildeO MIGUEL EM SEROPEacuteDICA-RJ
28
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
AMARAL L A ROSSI JR O D NADER FILHO A SOUZA M C I de ISA H Aacutegua utilizada em suinocultura como fator de risco agrave sauacutede humana e animal Arquivos Veterinaacuteria Jaboticabal SP v 21 n 1 p 41-46 2005 ANA Plano estrateacutegico de recursos hiacutedricos das bacias hidrograacuteficas dos Rios Guandu da Guarda e Guandu Mirim Relatoacuterio gerencialAgecircncia Nacional de Aacuteguas Superintendecircncia de Planejamento de Recursos Hiacutedricos elaboraccedilatildeo Sondoteacutecnica Engenharia de Solos S A Brasiacutelia ANA SPR 2007 63 p Disponiacutevel em lthttparquivosanagovbrinstitucionalsgeCEDOCCatalogo2007PlanoEstrategicoRHGuandupdf gt Acesso em 09 out 2015 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede Manual de controle da qualidade da aacutegua para teacutecnicos que trabalham em ETAS Ministeacuterio da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede ndash Brasiacutelia Funasa 2014 112 p Disponiacutevel em httpwwwfunasagovbrsitewp-contentfiles_mfmanualcont_quali_agua_tecnicos_trab_emetaspdf Acessado em 10 out 2016 BRASIL Portaria nordm 2914 de 12 de dezembro de 2011 do Ministeacuterio da Sauacutede Dispotildee sobre os procedimentos de controle e de vigilacircncia da qualidade da aacutegua para consumo humano e seu padratildeo de potabilidade Disponiacutevel em httpsitesabespcombruploadsfileasabesp_doctoskit_arsesp_portaria2914pdf Acessado em 10 out 2016 CALHEIROS D F OLIVEIRA M D de Contaminaccedilatildeo de corpos drsquoaacutegua nas aacutereas urbanas de Corumbaacute e Ladaacuterio ADM ndash Artigo de Divulgaccedilatildeo na Miacutedia Embrapa Pantanal Corumbaacute-MS n 89 p1-4 nov 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwriosvivosorgbrNoticiaContaminacao+de+corpos+d+agua+na+regiao+de+Corumba9526gt Acessado em 20 out 2016 CAPUCCI E MARTINS A M MANSUR K L MONSORES A L M Poccedilos Tubulares e outras captaccedilotildees de aacuteguas subterracircneas ndash orientaccedilatildeo aos usuaacuterios Projeto PLANAacuteGUA 70 p Rio de Janeiro Brasil SEMADS SEINPE 2001 Disponiacutevel em wwwdrmrjgovbrindexphpdownloadscategory5-livro-guas-subagua6 Acessado em 10 out 2016 CASALI C A Qualidade da aacutegua para consumo humano ofertada em escolas e comunidades rurais da regiatildeo central do Rio Grande do Sul 2008 173f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Ciecircncias do Solo) ndash Universidade Federal de Santa Maria Santa Maria 2008 Disponiacutevel em httpw3ufsmbrppgcsimagesDissertacoesCARLOS-ALBERTO-CASALIpdf Acessado em 25 out 2016
QUALIDADE DA AacuteGUA EM POCcedilOS RASOS NOS BAIRROS CHAPEROacute JARDIM MARACANAtilde E SAtildeO MIGUEL EM SEROPEacuteDICA-RJ
29
DOMINGUES V O TAVARES G D STUKER F Contagem de bacteacuterias heterotroacuteficas na aacutegua para consumo humano comparaccedilatildeo entre duas metodologias Sauacutede 33(1)15-19 2007 FINEZA A G Avaliaccedilatildeo da contaminaccedilatildeo de aacuteguas subterracircneas por cemiteacuterios Estudo de caso de caso de Tabuleiro ndash MG Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia Civil) - Universidade Federal de Viccedilosa Viccedilosa Minas Gerais 2008 Disponiacutevel em httpalexandriacpdufvbr8000tesesengenharia20civil2008238036fpdf Acessado em 05 set 2016 GODOY A P O vigiaacutegua e a potabilidade das aacuteguas de poccedilos em Salvador 2013 173f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Sauacutede Meio Ambiente e Trabalho) - Universidade Federal da Bahia Bania 2013 Disponiacutevel em httpwwwsatufbabrsitedbdissertacoes1892013115714pdf Acessado em 14 nov 2016 HIRATA R Recursos hiacutedricos In Decifrando a terra Wilson Texeira et al (org) 2 Reimpressatildeo Satildeo Paulo Oficinas de textos 2003 PIANTAacute C A V Emprego de coagulantes orgacircnicos naturais como alternativa ao uso de sulfato de alumiacutenio no tratamento de aacutegua 2008 78p Monografia (Engenharia Civil) ndash Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre RS 2008 Disponiacutevel em httpwwwlumeufrgsbrbitstreamhandle1018326026000754989pdf acessado em 13 out 2016 SALVATORI R U Determinaccedilatildeo da presenccedila de Salmonella sp em embutidos de carne suiacutena 1999 97f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Agronomia) ndash Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre 1999 SCHUELER A S Estudo de caso e proposta para classificaccedilatildeo de aacutereas degradadas por disposiccedilatildeo de resiacuteduos soacutelidos urbanos Tese (Doutorado em Ciecircncias em Engenharia Civil) ndash Universidade Federal do Rio de Janeiro COPPE 223f Rio de Janeiro 2005 TUBBS FILHO D ANTUNES J C O VETTORAZZI J S Bacia Hidrograacutefica dos Rios Guandu da Guarda e da Guandu-Mirim Experiecircncias para a gestatildeo dos recursos hiacutedricos Rio de Janeiro INEA 2012 339f Disponiacutevel em httpwwwcomiteguanduorgbrconteudolivroguandu2013pdf Acessado em 10 out 2015
CARACTERIacuteSTICAS DA AacuteGUA EM POCcedilOS RASOS NOS BAIRROS BOA ESPERANCcedilA FAZENDA CAXIAS E SANTA SOFIA EM SEROPEacuteDICARJ
30
CAPIacuteTULO 2
CARACTERIacuteSTICAS DA AacuteGUA EM POCcedilOS RASOS NOS BAIRROS BOA ESPERANCcedilA
FAZENDA CAXIAS E SANTA SOFIA EM SEROPEacuteDICARJ
Carolina Santos Reis de Andrade da SILVA 1
Abilio Joseacute de Oliveira FERREIRA 1
Fabiana de Carvalho Dias ARAUacuteJO2
Clarice de OLIVEIRA3 1 Graduandos do curso de Geologia UFRRJ 2 OrientadoraProfessora do
DECAMPDIEUFRRJ 3 Professora do DSIAUFRRJ carolinasrasgmailcom
RESUMO Considerada recurso natural peculiar a aacutegua nas suas mais diversas potencialidades de uso passou a ser um recurso escasso Nas zonas rurais que geralmente satildeo regiotildees mais pobres eou pouco industrializadas o consumo hiacutedrico intermediado por poccedilos rasos ainda eacute observaacutevel devido principalmente agrave deficiecircncia no abastecimento hiacutedrico convencional Os poccedilos mais antigos provavelmente foram instalados sem um estudo preacutevio da aacuterea para perfuraccedilatildeo O municiacutepio de Seropeacutedica aacuterea metropolitana do Estado do Rio de Janeiro enquadra-se nas questotildees socioeconocircmicas supramencionadas Ademais a totalidade territorial do municiacutepio insere-se na aacuterea do conjunto de bacias do rio Guandu que ocupa cerca de 4 da aacuterea da bacia Guandu e 66 da bacia da Guarda que por sua vez eacute importante para a Regiatildeo Metropolitana do Rio de Janeiro (RMRJ) A contaminaccedilatildeo destas aacuteguas torna-se factiacutevel mediante atividades antropogecircnicas como exemplo o uso de sistemas de saneamento in situ do tipo fossas e valas negras Dessa forma o objetivo deste trabalho foi avaliar a potabilidade da aacutegua de poccedilos em Seropeacutedica RJ Para tanto foram coletadas
CARACTERIacuteSTICAS DA AacuteGUA EM POCcedilOS RASOS NOS BAIRROS BOA ESPERANCcedilA FAZENDA CAXIAS E SANTA SOFIA EM SEROPEacuteDICARJ
31
aacuteguas de poccedilos rasos em trecircs bairros no municiacutepio de Seropeacutedica-RJ e analisados paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos e bioloacutegicos visando contribuir para os estudos hiacutedricos na regiatildeo favorecendo futuras pesquisas na mesma aacuterea e agrave implantaccedilatildeo de um efetivo programa de monitoramento e educaccedilatildeo ambiental Palavras-chave Qualidade da aacutegua Potabilidade da aacutegua Contaminaccedilatildeo da aacutegua
1 INTRODUCcedilAtildeO
Estima-se que nos uacuteltimos 60 anos a populaccedilatildeo
mundial duplicou enquanto o consumo de aacutegua multiplicou-se
por sete em funccedilatildeo tanto do crescimento populacional quanto
por diversos fatores como desperdiacutecio contaminaccedilatildeo e
crescente uso na agricultura O recurso natural aacutegua torna-se
cada vez mais escasso para atender as crescentes demandas
das cidades (BRASIL 2009)
Segundo a Agecircncia Nacional de Aacuteguas (2007) a Bacia
Hidrograacutefica do Rio Guandu possui papel vital agrave Regiatildeo
Metropolitana do Rio de Janeiro (RMRJ) segunda maior regiatildeo
metropolitana do paiacutes A captaccedilatildeo tratamento e distribuiccedilatildeo
das aacuteguas do Rio Guandu para abastecer cerca de 8 milhotildees
de habitantes da RMRJ eacute um dos maiores sistemas de
tratamento de aacutegua do mundo Aleacutem disso nas bacias dos rios
Guandu da Guarda e Guandu Mirim vivem cerca de um milhatildeo
de habitantes
A bacia dos rios Guandu da Guarda e Guandu-Mirim faz
parte da bacia hidrograacutefica contribuinte agrave Baiacutea de Sepetiba
situada a oeste da bacia da Baiacutea de Guanabara no Estado do
Rio de Janeiro A bacia ocupa uma aacuterea total de
aproximadamente 1900 kmsup2 e abrange 12 municiacutepios (Itaguaiacute
CARACTERIacuteSTICAS DA AacuteGUA EM POCcedilOS RASOS NOS BAIRROS BOA ESPERANCcedilA FAZENDA CAXIAS E SANTA SOFIA EM SEROPEacuteDICARJ
32
Seropeacutedica Queimados Japeri Paracambi Nova Iguaccedilu Rio
de Janeiro Engenheiro Paulo de Frontin Miguel Pereira
Vassouras Piraiacute e Rio Claro) onde vivem cerca de 1 milhatildeo de
habitantes A sua maior singularidade deve-se agrave transposiccedilatildeo
de ateacute 180 m3s das aacuteguas da Bacia do rio Paraiacuteba do Sul para
a Bacia do Guandu das quais dependem a populaccedilatildeo e
induacutestrias ali situadas e principalmente a quase totalidade da
Regiatildeo Metropolitana do Rio de Janeiro situada fora dos limites
da bacia
Localizado na zona oeste da regiatildeo metropolitana do Rio
de Janeiro o municiacutepio de Seropeacutedica participa do Plano
Estrateacutegico de Recursos Hiacutedricos (PERH Guandu) devido agrave
total inserccedilatildeo na bacia hidrograacutefica do Rio Guandu
O referido municiacutepio enquadra-se no conjunto de bacias
do rio Guandu que ocupa cerca de 4 da aacuterea da bacia Guandu
e 66 da bacia da Guarda Ademais a totalidade territorial do
municiacutepio insere-se na aacuterea desse conjunto de bacias
Seropeacutedica tambeacutem participa integralmente do Plano
Estrateacutegico de Recursos Hiacutedricos (PERH guandu)
A aacutegua recurso hiacutedrico natural que vai aleacutem das
necessidades bioloacutegicas ultimamente exibe niacuteveis de
escassez Segundo Capucci et al (2011) tal baixa aloja-se
principalmente no manejo inadequado e nos instaacuteveis iacutendices
pluviomeacutetricos da regiatildeo Diante desse contexto eacute bastante
provaacutevel que a busca por fontes alternativas de abastecimento
hiacutedrico - como a perfuraccedilatildeo de poccedilos - seja constante no
municiacutepio
Segundo Heller e Paacutedua (2006) poccedilos satildeo definidos
como aberturas feitas em solo com finalidade de tirar (captar)
aacutegua Para caracterizarem-se ldquorasosrdquo propriamente ditos a
aacutegua captada desses poccedilos deve ser proveniente do lenccedilol
CARACTERIacuteSTICAS DA AacuteGUA EM POCcedilOS RASOS NOS BAIRROS BOA ESPERANCcedilA FAZENDA CAXIAS E SANTA SOFIA EM SEROPEacuteDICARJ
33
freaacutetico ou seja sobrejacente agrave primeira camada impermeaacutevel
Comumente satildeo de formato circular e adotam profundidades
que natildeo superam os 20 metros
Aacutegua subterracircnea por sua vez eacute toda a aacutegua que
percorre o subsolo poros fissuras fraturas e quaisquer outros
espaccedilos vazios de dimensotildees milimeacutetricas das rochas A maior
parte das aacuteguas subterracircneas origina-se da aacutegua da chuva e
esta por sua vez infiltra-se na zona insaturada Durante este
processo a composiccedilatildeo da aacutegua eacute constantemente modificada
pelas interaccedilotildees com os constituintes minerais do solo e das
rochas Os constituintes quiacutemicos das aacuteguas subterracircneas
podem ser influenciados por trecircs fatores deposiccedilatildeo
atmosfeacuterica processos quiacutemicos de dissoluccedilatildeo eou hidroacutelise
no aquiacutefero e mistura com esgoto eou aacuteguas salinas por
intrusatildeo (SILVA FILHO et al 1993)
Accedilotildees antroacutepicas configuram-se como os principais
responsaacuteveis pela presenccedila dos indiacutecios de contaminantes que
comprometem a qualidade da aacutegua e direcionam a importacircncia
da mantenccedila do caraacuteter potaacutevel do recurso hiacutedrico de modo
que oacutergatildeos reguladores instituem valores maacuteximos para aacuteguas
potaacuteveis Uma fonte comum de contaminaccedilatildeo eacute o uso de
sistemas de saneamento in situ do tipo fossas e valas negras
(ANA 2005)
Diante de tais fatos o presente trabalho visou contribuir
para a sauacutede da populaccedilatildeo local e melhoria da Bacia
Hidrograacutefica do Guandu atraveacutes da avaliaccedilatildeo da qualidade da
aacutegua de poccedilos rasos em trecircs bairros de Seropeacutedica
CARACTERIacuteSTICAS DA AacuteGUA EM POCcedilOS RASOS NOS BAIRROS BOA ESPERANCcedilA FAZENDA CAXIAS E SANTA SOFIA EM SEROPEacuteDICARJ
34
2 MATERIAIS E MEacuteTODO
Esse trabalho faz parte de um projeto financiado pelo
Comitecirc Guandu atraveacutes do edital para auxiacutelio financeiro da
Associaccedilatildeo Proacute-Gestatildeo das Aacuteguas da Bacia Hidrograacutefica do Rio
Paraiacuteba do Sul (AGEVAP)
Foi avaliada a aacutegua em trecircs bairros do municiacutepio de
Seropeacutedica-RJ Deste modo as coletas de aacutegua foram feitas
em outubro de 2016 em dois poccedilos (P01 e P02) trecircs poccedilos
(P03 P04 e P05) e trecircs poccedilos (P06 P07 e P08) nos bairros
Boa Esperanccedila Fazenda Caxias e Santa Sofia
respectivamente conforme Fig (1) e Tab (1)
Figura 1 Localizaccedilatildeo dos poccedilos nos bairros Boa Esperanccedila Fazenda Caxias e Santa Sofia no municiacutepio de Seropeacutedica-RJ
CARACTERIacuteSTICAS DA AacuteGUA EM POCcedilOS RASOS NOS BAIRROS BOA ESPERANCcedilA FAZENDA CAXIAS E SANTA SOFIA EM SEROPEacuteDICARJ
35
Fonte Google Earth 2016
Tabela 1 Coordenadas UTM (metros) dos poccedilos localizados nos bairros Boa Esperanccedila Fazenda Caxias e Santa Sofia em Seropeacutedica-RJ 2016
Poccedilos Latitude (m) Longitude (m)
P01 7484874 633451 P02 7484948 633163 P03 7484110 632602 P04 7483138 631909 P05 7483093 632661 P06 7486359 629704 P07 7486594 629728 P08 7486681 629729
Na maioria das coletas a aacutegua foi retirada diretamente
dos poccedilos como mostrado na Fig (2)
Figura 2 Coleta de amostra de aacutegua para anaacutelise fiacutesico-quiacutemica no bairro Fazenda Caxias (P03) Seropeacutedica-RJ 2016
CARACTERIacuteSTICAS DA AacuteGUA EM POCcedilOS RASOS NOS BAIRROS BOA ESPERANCcedilA FAZENDA CAXIAS E SANTA SOFIA EM SEROPEacuteDICARJ
36
Nos poccedilos em que havia bomba drsquoaacutegua motorizada
antes da coleta esperava-se que a aacutegua retida no
encanamento jorrasse por um determinado tempo para em
seguida efetuar a coleta Desta forma procurava-se garantir
que a aacutegua coletada permanecesse por um curto periacuteodo de
tempo dentro do encanamento
Na caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica foram determinados os
seguintes paracircmetros Sabor Cor Odor Aspecto Cloretos
Mateacuteria Orgacircnica Soacutelidos Totais pH Sulfato Dureza Turbidez
e Ferro Para esta caracterizaccedilatildeo foram utilizadas duas garrafas
de 15 L para coleta de aacutegua em cada poccedilo
Na caracterizaccedilatildeo microbioloacutegica foram avaliados os
seguintes paracircmetros Coliformes Totais Escherichia coli e
Bacteacuterias Heterotroacuteficas Para esta caracterizaccedilatildeo foram
coletados 300 mL de aacutegua em embalagens esterilizadas Essas
amostras foram transportadas em caixa teacutermica contendo gelo
Em seguida todas as amostras foram enviadas para
caracterizaccedilatildeo no Laboratoacuterio Analiacutetico de Alimentos e Bebidas
(LAAB-Rural da UFRRJ)
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
Em conformidade com os paracircmetros dispostos na
Portaria nordm 2914 de 12 de dezembro de 2011 do Ministeacuterio da
Sauacutede que dispotildee sobre os procedimentos de controle e de
vigilacircncia da qualidade da aacutegua para consumo humano e seu
padratildeo de potabilidade realizou-se a comparaccedilatildeo com os
resultados obtidos das amostras de aacutegua dos poccedilos conforme
apresentados nas Tabs (2) (3) e (4)
CARACTERIacuteSTICAS DA AacuteGUA EM POCcedilOS RASOS NOS BAIRROS BOA ESPERANCcedilA FAZENDA CAXIAS E SANTA SOFIA EM SEROPEacuteDICARJ
37
Com exceccedilatildeo da avaliaccedilatildeo do aspecto da amostra de
aacutegua do poccedilo 02 os demais dados fiacutesico-quiacutemicos exibidos na
Tab (2) revelam devida adequaccedilatildeo ao valor maacuteximo permitido
para o padratildeo organoleacuteptico de potabilidade de acordo com a
Portaria 29142011
Tabela 2 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica e microbioloacutegica nas amostras de aacutegua de poccedilos rasos no bairro Boa Esperanccedila Seropeacutedica-RJ 2016
Paracircmetros P01 P02
Sabor Caracteriacutestico Caracteriacutestico Cor Caracteriacutestico Caracteriacutestico Odor Caracteriacutestico Caracteriacutestico
Aspecto Caracteriacutestico Presenccedila de Partiacuteculas
Cloretos (mgL) 371 318 Mateacuteria Orgacircnica (mgL) 088 199 Soacutelidos Totais (mgL) 928 230 pH 674 604 Sulfato (mgL) 5 15 Dureza (mgL de CaCO3) 945 7075 Turbidez (microT) lt01 065 Ferro (mgL) 038 024 Coliformes a 35 Graus (NMP100mL)1 gt1600 gt1600
Escherichia coli (NMP100mL)
8 gt1600
Contagem de Bacteacuterias Heterotroacuteficas (UFCmL)2 gt25x103 gt25x103
1Nuacutemero Mais Provaacutevel por 100 mililitros de amostra 2Unidades Formadoras de Colocircnia por mililitro de amostra
Atraveacutes da avaliaccedilatildeo dos paracircmetros microbioloacutegicos
das amostras de aacutegua dos poccedilos exibidos nesta tabela
CARACTERIacuteSTICAS DA AacuteGUA EM POCcedilOS RASOS NOS BAIRROS BOA ESPERANCcedilA FAZENDA CAXIAS E SANTA SOFIA EM SEROPEacuteDICARJ
38
constata-se que as mesmas apresentam qualidade higiecircnico-
sanitaacuterias precaacuterias e caraacuteter contaminante O prejuiacutezo inerente
a esta inferecircncia reside no fato de que a modalidade das
espeacutecies de bacteacuterias avaliadas nos laudos - Escherichia coli e
coliformes a 35 Graus - desempenham papel parametrizador
de contaminaccedilatildeo e higiene e quando presentes acima do
permitido estabelecido pela Portaria 291411 comprometem a
potabilidade da aacutegua inutilizando-a desta forma ao consumo
humano em funccedilatildeo da vulnerabilidade agrave sauacutede humana
promovida com a ingestatildeo de micro-organismos causadores de
doenccedilas geralmente provenientes de contaminadas fezes
humanas e de outros animais de sangue quente Vale ressaltar
que os micro-organismos presentes nas aacuteguas naturais satildeo em
sua maioria inofensivos agrave sauacutede humana Poreacutem na
contaminaccedilatildeo por esgoto sanitaacuterio estatildeo presentes micro-
organismos que poderatildeo ser prejudiciais agrave sauacutede humana e
dentre estes estatildeo as tipologias bacterioloacutegicas avaliadas
neste trabalho (FUNASA 2013)
A determinaccedilatildeo de coliformes totais inclui as bacteacuterias na
forma de bastonetes Gram negativos natildeo esporogecircnicos
anaeroacutebios facultativos capazes de fermentar a lactose com
produccedilatildeo de gaacutes em 24 agrave 48 horas a 35ordmC Jaacute a determinaccedilatildeo
de coliformes fecais eacute a mesma de coliformes totais poreacutem
restringindo-se aos membros capazes de fermentar a lactose
com produccedilatildeo de gaacutes em 24 horas agrave 445 - 455ordmC (BETTEGA
2006)
A presenccedila de bacteacuterias pertencentes ao grupo dos
coliformes indicadores de contaminaccedilatildeo fecal em alimentos
como a Escherichia coli nas amostras de aacutegua de todos os
poccedilos avaliados em Boa Esperanccedila tambeacutem indica propensatildeo
agrave proliferaccedilatildeo de micro-organismos patogecircnicos A ingestatildeo de
CARACTERIacuteSTICAS DA AacuteGUA EM POCcedilOS RASOS NOS BAIRROS BOA ESPERANCcedilA FAZENDA CAXIAS E SANTA SOFIA EM SEROPEacuteDICARJ
39
aacutegua contaminada por esta bacteacuteria eacute capaz de causar
gastrenterites de brandas ateacute severas em crianccedilas e adultos
(BRAGA et al 2005)
A contagem de bacteacuterias heterotroacuteficas nas amostras de
aacutegua de todos os poccedilos avaliados no mesmo bairro excedeu o
valor maacuteximo permitido pela Portaria 291411 A mesma
tambeacutem prevecirc que a determinaccedilatildeo destas bacteacuterias atua como
paracircmetro na caracterizaccedilatildeo da integridade do sistema de
distribuiccedilatildeo (reservatoacuterio e rede)
As bacteacuterias heterotroacuteficas satildeo responsaacuteveis pela
formaccedilatildeo de biofilmes nas redes de distribuiccedilatildeo de aacutegua e por
sua vez fornecem proteccedilatildeo para determinadas tipologias de
microrganismos (TEIXEIRA 2002) que causam doenccedilas
relacionadas a distuacuterbios gastrintestinais como explicado
anteriormente por Pacheco (1986) apud Silva et al (2006)
Analisando a Tab (3) verifica-se a que aacutegua do poccedilo 05
apresentou Sabor Aspecto Coliformes Totais Escherichia coli
e Contagem de Bacteacuterias Heterotroacuteficas em desacordo como o
estabelecido pela Portaria 29142011 Este resultado deve-se
provavelmente agrave falta de manutenccedilatildeo deste poccedilo e agrave livre
transitoriedade de animais domeacutesticos ao redor do mesmo O
poccedilo 03 em contrapartida foi o que apresentou na maioria dos
aspectos avaliados conformidade ao maacuteximo exigido pela
Portaria 29142011
Apesar de ser a uacutenica amostra com NMP100mL de
Escherichia coli aprovado (Escherichia coli lt 2 NMPml) o
caraacuteter contaminante denotado pela amostra de aacutegua do poccedilo
03 natildeo eacute anulaacutevel jaacute que os demais paracircmetros
microbioloacutegicos quais sejam coliformes agrave 35 Graus e
Contagem de Bacteacuterias Heterotroacuteficas satildeo insatisfatoacuterios
CARACTERIacuteSTICAS DA AacuteGUA EM POCcedilOS RASOS NOS BAIRROS BOA ESPERANCcedilA FAZENDA CAXIAS E SANTA SOFIA EM SEROPEacuteDICARJ
40
Tabela 3 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica e microbioloacutegica nas amostras de aacutegua de poccedilos rasos no bairro Fazenda Caxias Seropeacutedica-RJ 2016
Paracircmetros P03 P04 P05
Sabor Caracteriacutestico Caracteriacutestico Improacuteprio para o consumo
Cor Caracteriacutestico Caracteriacutestico Caracteriacutestico Odor Caracteriacutestico Caracteriacutestico Caracteriacutestico
Aspecto Caracteriacutestico Presenccedila de Partiacuteculas
Presenccedila de Partiacuteculas
Cloretos (mgL) 283 10953 1766
Mateacuteria Orgacircnica (mgL)
036 127 198
Soacutelidos Totais (mgL)
303 243 24
pH 664 635 665 Sulfato (mgL) 5 20 25 Dureza (mgL de CaCO3)
395 995 4005
Turbidez (microT) 001 034 31 Ferro (mgL) 011 024 001 Coliformes agrave 35 Graus (NMP100mL)1
gt1600 gt1600 gt1600
Escherichia coli (NMP100mL)
lt2 170 300
Contagem de Bacteacuterias Heterotroacuteficas (UFCmL)2
gt25x103 gt25x103 gt25x103
1Nuacutemero Mais Provaacutevel por 100 mililitros de amostra 2Unidades Formadoras de Colocircnia por mililitro de amostra
CARACTERIacuteSTICAS DA AacuteGUA EM POCcedilOS RASOS NOS BAIRROS BOA ESPERANCcedilA FAZENDA CAXIAS E SANTA SOFIA EM SEROPEacuteDICARJ
41
Avaliando a Tab (4) observa-se que as amostras de
aacutegua dos poccedilos 07 e 08 apresentam niacuteveis de Escherichia coli
acima do estabelecido pela Portaria 29142011 Estes
resultados mostram que semelhante ao observado com os
poccedilos 01 02 04 e 05 os poccedilos 07 e 08 apresentam aacutegua natildeo
potaacutevel Esta espeacutecie de bacteacuteria faz parte do grupo dos
chamados coliformes termotolerantes ou fecais e estes por sua
vez satildeo indicadores comumentes utilizados na avaliaccedilatildeo da
qualidade de aacutegua
Os niacuteveis de Escherichia coli observados nestas
amostras de aacutegua satildeo preocupantes Segundo Isaac-Maacuterquez
et al (1994) a aacutegua para consumo humano eacute um dos mais
importantes veiacuteculos de doenccedilas diarreicas de natureza
infecciosa principalmente por meio de bacteacuterias da
mencionada espeacutecie o que torna primordial o seu tratamento
Dentre todos os poccedilos analisados o poccedilo 08 (Tab 4) foi
o uacutenico que apresentou iacutendice de Mateacuteria Orgacircnica fora dos
padrotildees de potabilidade instituiacutedos pela Portaria 29142011 A
importacircncia da determinaccedilatildeo desse paracircmetro reside no fato
de que a ocorrecircncia de mateacuteria orgacircnica em aacuteguas
subterracircneas pode ser nociva agrave qualidade dessas aacuteguas jaacute
que a presenccedila de um alto teor implica em uma consideraacutevel
quantidade de material nitrogenado (MARTINS et al 1991)
Materiais nitrogenados como o nitrato por exemplo que
apesar de ser um dos iacuteons mais encontrados em aacuteguas
naturais geralmente ocorrem em baixos teores nas superficiais
e podem atingir altas concentraccedilotildees em aacuteguas profundas
(APHA 1992)
CARACTERIacuteSTICAS DA AacuteGUA EM POCcedilOS RASOS NOS BAIRROS BOA ESPERANCcedilA FAZENDA CAXIAS E SANTA SOFIA EM SEROPEacuteDICARJ
42
Tabela 4 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica e microbioloacutegica nas amostras de aacutegua de poccedilos rasos no bairro Santa Sofia em Seropeacutedica-RJ 2016
Paracircmetros P06 P07 P08
Sabor Caracteriacutestico Caracteriacutestico Improacuteprio para o consumo
Cor Caracteriacutestico Caracteriacutestico Caracteriacutestico Odor Caracteriacutestico Caracteriacutestico Caracteriacutestico
Aspecto Presenccedila de Partiacuteculas
Caracteriacutestico Presenccedila de Partiacuteculas
Cloretos (mgL) 4416 4416 16782 Mateacuteria Orgacircnica (mgL)
122 156 34
Soacutelidos Totais (mgL)
380 320 152
pH 645 676 69 Sulfato (mgL) 5 55 80 Dureza (mgL de CaCO3)
835 13475 25905
Turbidez (microT) 031 Natildeo Detectado
01
Ferro (mgL) 027 018 03
Coliformes agrave 35 Graus (NMP100mL)1
130 gt1600 gt1600
Escherichia coli (NMP100mL)
lt2 50 7
Contagem de Bacteacuterias Heterotroacuteficas (UFCmL)2
gt25x103 12x103 gt25x103
1Nuacutemero Mais Provaacutevel por 100 mililitros de amostra 2Unidades Formadoras de Colocircnia por mililitro de amostra
CARACTERIacuteSTICAS DA AacuteGUA EM POCcedilOS RASOS NOS BAIRROS BOA ESPERANCcedilA FAZENDA CAXIAS E SANTA SOFIA EM SEROPEacuteDICARJ
43
O consumo destas aacuteguas atraveacutes de abastecimento estaacute
associado segundo Bouchard et al 1992 a dois efeitos
adversos agrave sauacutede induccedilatildeo agrave metemoglobinemia
especialmente em crianccedilas e a formaccedilatildeo potencial de
nitrosaminas e nitrosamidas carcinogecircnicas
4 CONCLUSOtildeES
No bairro Boa Esperanccedila todos os poccedilos apresentaram
os paracircmetros microbioloacutegicos com valores acima do permitido
pela portaria 2914 de 2011 o que inutiliza o consumo da aacutegua
dos mesmos Com relaccedilatildeo aos paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos
somente o poccedilo 01 esteve de acordo com o estipulado pela
Portaria 2914 de 2011 do Ministeacuterio da Sauacutede
No bairro Fazenda Caxias os trecircs poccedilos avaliados
mostraram resultados insatisfatoacuterios quanto aos paracircmetros
microbioloacutegicos avaliados Os poccedilos 04 e 05 adicionalmente
apresentaram presenccedila de partiacuteculas no paracircmetro aspecto
No bairro Santa Sofia os poccedilos 06 e 08 obtiveram pelo
menos um paracircmetro fiacutesico-quiacutemico reprovado com base no
padratildeo organoleacuteptico de potabilidade disposto na Portaria
29142011 O poccedilo 07 assim como o 08 foram reprovados em
todos os paracircmetros microbioloacutegicos analisados
O poccedilo 08 dentre todos os poccedilos analisados neste
trabalho eacute o uacutenico com teor de mateacuteria orgacircnica acima do limite
(34 mgL) estipulado na Portaria 291411 a qual dispotildee o valor
maacuteximo de 20 miligramas por litro As aacuteguas desses poccedilos
satildeo improacuteprias o consumo humano
CARACTERIacuteSTICAS DA AacuteGUA EM POCcedilOS RASOS NOS BAIRROS BOA ESPERANCcedilA FAZENDA CAXIAS E SANTA SOFIA EM SEROPEacuteDICARJ
44
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
AGEVAP Relatoacuterio da Situaccedilatildeo da Bacia 20112012 Regiatildeo Hidrograacutefica II - Guandu 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwcomiteguanduorgbrdownloadsRelatorio20de20Situacao20-20Guandupdfgt Acesso em 09 de out2016 AMERICAN PUBLIC HEALTH ASSOCIATION (APHA) Standard methods for the examination of water and wastewater 17a ed Washington 1992 p 4-93 AGEcircNCIA NACIONAL DE AacuteGUAS (ANA) Plano estrateacutegico de recursos hiacutedricos das bacias hidrograacuteficas dos Rios Guandu da Guarda e Guandu Mirim Relatoacuterio gerencialAgecircncia Nacional de Aacuteguas Superintendecircncia de Planejamento de Recursos Hiacutedricos elaboraccedilatildeo Sondoteacutecnica Engenharia de Solos S A Brasiacutelia ANA SPR 2007 63 p Disponiacutevel em lthttparquivosanagovbrinstitucionalsgeCEDOCCatalogo2007PlanoEstrategicoRHGuandupdf gt Acesso em 09 de out2016 AGEcircNCIA NACIONAL DE AacuteGUAS (ANA) Disponibilidade e demanda de recursos hiacutedricos no Brasil Brasiacutelia ANA 2005 123 p BOUCHARD DC WILLIANS MK SURAMPALLI RY Nitrate contamination of ground water sources and potencial health effects Journal - American Water Works Association v84 p 85-901992 BRASIL Agecircncia Nacional de Aacuteguas (ANA) Conjuntura dos recursos hiacutedricos no Brasil 2009 Agecircncia Nacional de Aacuteguas Brasiacutelia ANA 204p 2009 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Portaria nordm 2914 de 12 de dezembro de 2011 Dispotildee sobre os procedimentos de controle e de vigilacircncia da qualidade da aacutegua para consumo humano e seu padratildeo de potabilidade BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede Manual praacutetico de anaacutelise de aacutegua Brasiacutelia Funasa 2013 BETTEGA J M P R MACHADO MR PRESIBELLA M BANISKI G BARBOSA C A Meacutetodos analiacuteticos no controle microbioloacutegico de aacutegua para consumo humano Ciecircncia e agrotecnologia v 30 n 5 p 950-954 2006 CAPUCCI E MARTINS A M MANSUR K L MONSORES A L M Poccedilos Tubulares e outras captaccedilotildees de aacuteguas subterracircneas ndash orientaccedilatildeo aos usuaacuterios Projeto PLANAacuteGUA 70 p Rio de Janeiro Brasil SEMADS SEINPE 2001 HELLER L PAacuteDUA VL Abastecimento de Aacutegua Para Consumo Humano Belo Horizonte Editora UFMG 2006 859p
CARACTERIacuteSTICAS DA AacuteGUA EM POCcedilOS RASOS NOS BAIRROS BOA ESPERANCcedilA FAZENDA CAXIAS E SANTA SOFIA EM SEROPEacuteDICARJ
45
ISAAC-MARQUEZ A P et alCalidad sanitaria de los seministros de aacutegua para consumo humano em Campeche Salud Publica Meacutex1994 36 P 655-61 MARTINS M T PELLIZARI VH PACHECO A MYAKI D M ADAMS C BOSSOLAN NR S MENDES JMBHASSUDA S Bacteriological quality of groundwater in cermiteries Revista de Sauacutede puacuteblica Satildeo Paulo v25 n1p 47 ndash 521991 SILVA FILHO E V MARIANI RLC TUBBS D MADDOCK JEL BIDONE Origin of Groundwater Elements in the Coastal Region of Niteroacutei In CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOQUIacuteMICA 4 1993Rio de janeiro International Symposium on Perspectives for Environmentl in Tropical Countries Anais 1993 p 475-82 SILVA V T CRISPIM J Q GOCH P KUERTEN S MORAES A C S OLIVEIRA M A SOUZA I A ROCHA J A Um olhar sobre as necroacutepoles e seus impactos ambientais In III ENCONTRO DA ASSOCIACcedilAtildeO NACIONAL DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO E PESQUISA EM AMBIENTE E SOCIEDADE Brasiacutelia ndash DF p 1-10 2006 TEIXEIRA J C Desafios no controle de doenccedilas de veiculaccedilatildeo hiacutedrica associadas ao tratamento e ao abastecimento de aacutegua para consumo humanoIn AIDISNUMERO 2002 Vitoacuteria VI Simpoacutesio Iacutetalo Brasileiro de Engenharia Sanitaacuteria e AmbientalVitoacuteria ABESp1-5
QUALIDADE DA AacuteGUA DE RESERVATOacuteRIO UTILIZADO PARA ABASTECIMENTO PUacuteBLICO SEMIAacuteRIDO NORDESTINO
46
CAPIacuteTULO 3
QUALIDADE DA AacuteGUA DE RESERVATOacuteRIO UTILIZADO PARA ABASTECIMENTO PUacuteBLICO
SEMIAacuteRIDO NORDESTINO
Paloma Mara de Lima FERREIRA 1
1 Mestranda em Engenharia Civil e Ambiental UFPB paloma_marahotmailcombr
RESUMO O presente estudo objetivou realizar o monitoramento limnoloacutegico da aacutegua do Reservatoacuterio Cochos do municiacutepio de Igaracy-PB localizado na Bacia Hidrograacutefica do Rio Piancoacute Piranhas Accedilu Foram realizadas 6 campanhas de mediccedilatildeo no periacuteodo de Nov2013 a Jul2014 As amostras de aacutegua foram coletadas em 8 pontos georeferenciados com 50 cm de profundidade As analises dos paracircmetros foram realizadas in loco e nos laboratoacuterios da UFCG Os resultados encontrados mostraram forte influecircncia das condiccedilotildees climaacuteticas sob a maioria dos paracircmetros analisados os niacuteveis Oxigecircnio Dissolvido Condutividade Eleacutetrica e Foacutesforo excederam os limites aceitaacuteveis pela legislaccedilatildeo vigente enquanto DBO5 Soacutelidos Dissolvidos Totais Nitrogecircnio cor aparente turbidez e cloretos quando comparados mantiveram-se em acordo com os padrotildees estipulados A presenccedila de coliformes fecais pode evidenciar o lanccedilamento de carga orgacircnica domeacutestica eou animal havendo certas restriccedilotildees quanto aos usos da aacutegua no reservatoacuterio Cochos o grupo Coliformes Totais e Coliformes Termotolerantes apresentaram niacuteveis superiores a 1600 NMP100ml e tambeacutem foi confimada a presenccedila da bacteacuteria EColi em 575 das amostras analisadas Palavras-chave Semiaacuterido Reservatoacuterio de Abastecimento Monitotamento limnoloacutegico
QUALIDADE DA AacuteGUA DE RESERVATOacuteRIO UTILIZADO PARA ABASTECIMENTO PUacuteBLICO SEMIAacuteRIDO NORDESTINO
47
1 INTRODUCcedilAtildeO
Os reservatoacuterios satildeo sistemas aquaacuteticos modificados
extremamente complexos e dinacircmicos que apresentam as
funccedilotildees principais de manutenccedilatildeo da vazatildeo dos cursos de aacutegua
e atendimento agraves variaccedilotildees da demanda dos usuaacuterios (PRADO
2002) Esses sistemas promovem uma contiacutenua e dinacircmica
ligaccedilatildeo entre os ecossistemas terrestres e aquaacuteticos e por isso
satildeo sensiacuteveis agraves alteraccedilotildees humanas na bacia de drenagem
(OLIVEIRA 2012)
O conjunto de reservatoacuterios satildeo vistos como unidades
integrantes de bacias hidrograacuteficas e que possuem uma
importacircncia estrateacutegica especialmente para esta regiatildeo
semiaacuterida Pois garante o abastecimento urbano e rural dos
municiacutepios envolvidos e tambeacutem influencia no desenvolvimento
econocircmico local Estes recebem aacuteguas servidas (domeacutesticas e
agroindustriais) e possibilita o desenvolvimento de atividades
de piscicultura pecuaacuteria e agriacutecola com culturas irrigadas
Segundo AESA (2016) o sistema de reservaccedilatildeo do
estado da Paraiacuteba atualmente proporciona uma capacidade
de armazenamento de 3906773462 m3 distribuiacutedos nas suas
11 Bacias Hidrograacuteficas O conjunto de accediludes abrange
mananciais de pequeno meacutedio grande e macro porte no
tocante a capacidade de armazenamento Por estarem situadas
na zona semiaacuterida tecircm como principais problemas hiacutedricos a
escassez e qualidade da aacutegua prendendo-se aos aspectos de
gestatildeo como um dos instrumentos necessaacuterios para combater
a escassez de aacutegua e garantir o abastecimento humano
O regime hiacutedrico desses reservatoacuterios sofre fortes
influecircncias das condiccedilotildees climaacuteticas do semiaacuterido
Notadamente no curto periacuteodo chuvoso ocorrido anualmente
QUALIDADE DA AacuteGUA DE RESERVATOacuteRIO UTILIZADO PARA ABASTECIMENTO PUacuteBLICO SEMIAacuteRIDO NORDESTINO
48
onde as variaccedilotildees da qualidade da aacutegua satildeo decorrentes dos
volumes de aacutegua superficiais associadas agraves formas de uso do
solo agraves caracteriacutesticas fisiograacuteficas das bacias e ao tipo de
cobertura vegetal predominante da caatinga (CRISPIM et al
2015) O estado de dormecircncia da caatinga no periacuteodo de
estiagem aleacutem de provocar grande perda de aacutegua por
evaporaccedilatildeo juntamente com os diferentes usos dos corpos
hiacutedricos acaba comprometendo a qualidade das aacuteguas
Apesar de na maioria dos reservatoacuterios ser feita a
verificaccedilatildeo da qualidade da aacutegua a mesma eacute obtida de forma
pontual e natildeo atinge os reservatoacuterios de menor porte Para se
fazer um diagnoacutestico mais representativo da qualidade das
aacuteguas dos reservatoacuterios da bacia carece de um monitoramento
sistemaacutetico em todo o volume uacutetil dos mesmos
Desta maneira considerando-se a importacircncia de se
preservar a qualidade da aacutegua armazenada nos reservatoacuterios
na regiatildeo semiarida foi objetivo deste estudo realizar o
monitoramento limnoloacutegico do Reservatoacuterio Cochos no
municiacutepio de Igaracy-PB
2 MATERIAIS E MEacuteTODO
21 Localizaccedilatildeo da aacuterea de estudo
O estudo foi desenvolvido no reservatoacuterio Cochos
pertencente ao municiacutepio de Igaracy-PB estaacute situado na bacia
do Rio Piancoacute sub bacia do Piancoacute Piranhas Accedilu conforme
exposto na Figura 1 O reservatoacuterio possui volume maacuteximo de
reservaccedilatildeo de 4199773 m3 responsaacutevel pelo abastecimento
total da cidade e pelo desenvolvimento de atividade
QUALIDADE DA AacuteGUA DE RESERVATOacuteRIO UTILIZADO PARA ABASTECIMENTO PUacuteBLICO SEMIAacuteRIDO NORDESTINO
49
agropecuaacuterias no entorno do reservatoacuterio e a jusante do
mesmo as margens do riacho Cochos (AESA 2016)
Figura 1 Localizaccedilatildeo da aacuterea de estudo
FONTE Autoria proacutepria
22 Amostragem
As amostragens foram realizadas com frequecircncia
bimestral durante o periacuteodo 1 de novembro de 2013 a marccedilo de
2014 intenso periacuteodo sem ocorrecircncia de precipitaccedilotildees No
periacuteodo 2 de maio de 2014 a julho de 2014 manteve-se com
frequecircncia mensal devido a maior ocorrecircncia de precipitaccedilotildees
na regiatildeo
As amostras de aacutegua foram coletadas agrave 50 cm de
profundidade e armazenadas seguindo recomendaccedilotildees do
Guia Nacional de Coleta e Preservaccedilatildeo de Amostras (ANA
2011) para tanto foi delimitado 8 pontos amostrais
georeferenciados as coordenadas dos pontos amostrais estatildeo
descritas na Tabela 1
QUALIDADE DA AacuteGUA DE RESERVATOacuteRIO UTILIZADO PARA ABASTECIMENTO PUacuteBLICO SEMIAacuteRIDO NORDESTINO
50
Tabela 1 Coordenadas geograacuteficas dos pontos amostrais no reservatoacuterio Cochos
PONTOS DESCRICcedilAtildeO COORDENADAS
Longitude Latitude P1 Ponto de capitaccedilatildeo de aacutegua da CAGEPA -381608 -71782
P2 Tomada de aacutegua para perenizaccedilatildeo do
Riacho Cochos a jusante do reservatoacuterio -381625 -71779
P3 Ponto de coleta de aacutegua em carros pipas
para abastecimento e lazer -381638 -71808
P4 Aacuterea central do reservatoacuterio sob influecircncia
de efluentes de induacutestria -381639 -71829
P5 Concentraccedilatildeo de pequenas moradias rurais
e atividade agropecuaacuterias -381629 -71841
P6 Ponto de ligaccedilatildeo de um reservatoacuterio a
montante -381630 -71854
P7 Concentraccedilatildeo de pequenas moradias rurais
e atividade agropecuaacuterias -381717 -71860
P8 Faixa mais protegida com existecircncia mata
ciliar melhor conservada -381751 -71879
O regime hiacutedrico da regiatildeo tende em apresentar uma
forte variabilidade interanual ocasionando a alternacircncia entre
anos de chuvas regulares e anos de acentuada escassez
hiacutedrica levando agrave ocorrecircncia de secas hiacutedricas (AESA 2016)
As taxas de evapotranspiraccedilatildeo satildeo bastante elevadas podendo
chegar a mais de 2000 mmano o que ocasiona um deacuteficit
hiacutedrico significativo e se constitui em fator chave a ser
considerado na operaccedilatildeo dos reservatoacuterios da regiatildeo
(CBHRPPA 2014)
Normalmente o periacuteodo chuvoso ocorre entre os meses
de janeiro a maio com uma variaccedilatildeo de 110 mm a 230 mm
mensais A chuva anual meacutedia eacute em torno de 860 mm (FELIX e
PAZ 2016) No entanto em periacuteodo de estiagem prolongados
esses regimes hiacutedricos acabam sendo modificados devidos as
alteraccedilotildees climaacuteticas
QUALIDADE DA AacuteGUA DE RESERVATOacuteRIO UTILIZADO PARA ABASTECIMENTO PUacuteBLICO SEMIAacuteRIDO NORDESTINO
51
Alguns paracircmetros foram analisados in loco tais como
temperatura da aacutegua turbidez transparecircncia da aacutegua (disco de
Secchi) oxigecircnio dissolvido (OD) potencial hidrogeniocircnico
(pH) condutividade eleacutetrica (CE) e soacutelidos dissolvidos totais
(SDT)
Ainda foram realizadas analises dos paracircmetros fisicos e
quiacutemicos no laboratoacuterio de hidrologia do centro de ciecircncias e
tecnologia agroalimentar (CCTA) da universidade federal de
campina grande (UFCG) campus de pombal ndash PB
As variaacuteveis analisadas foram cor aparente demanda
bioquiacutemica de oxigecircnio (DBO5) cloretos (Cl-) potaacutessio (K)
soacutedio (Na) dureza total caacutelcio (Ca2+) magneacutesio (Mg2+)
nitrogecircnio (N) e foacutesforo (P) seguindo recomendaccedilotildees
metodologicas preconizadas no Standard Methods publicaccedilatildeo
da American Public Health Association (APHA 1998) Para
determinar as paracircmetros microbioloacutegicos coliformes totais
(CT) coliformes termotolerantes (CTT) e E Coli foram
utilizadas as teacutecnicas descritas no por Silva et al (2010)
Na Tabela 2 estatildeo representadas todas as variaacuteveis de
qualidade das aacuteguas monitoradas e limites da Resoluccedilatildeo de
Nordm3572005 do CONAMA as para aguas de classes 2 e o Valor
Maacuteximo Permitido (VMP) pela Portaria do Ministeacuterio da Sauacutede
Nordm2914 de dezembro de 2011
QUALIDADE DA AacuteGUA DE RESERVATOacuteRIO UTILIZADO PARA ABASTECIMENTO PUacuteBLICO SEMIAacuteRIDO NORDESTINO
52
Tabela 2 Variaacuteveis de qualidade das aacuteguas monitoradas
VARIAacuteVEIS UNIDADES VMP DA PORTARIA
291411
LIMITES CONAMA 3572005
Classe II
Transparecircncia Cm - - Temp da Aacutegua degC - -
Temp do ar degC - - Cor Aparente mg PtL 15 75
Turbidez uT 1 le100
CE Scm 100 -
SDT mgL 1000 500
pH Adimensional 60 a 95 60 a 90
OD mgL O2 - ge5 DBO5 mgL O2 - le5
Cl- mgClL 250 - Dureza total mgL 500 -
Ca2+ mgCaL - - Mg2+ mgL Mg - - Na+ mgL Na 51 -
K mgL K - - N total mgL N - 127 P total mgL P - 0030
CT NMP100mL Ausente 1000 CTT NMP100mL Ausente 1000
E Coli NMP100mL Ausente 1000
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
31 Volume do reservatoacuterio Cochos
Na Figura 2 observa-se que mesmo nos meses de maior
ocorrecircncia de precipitaccedilotildees o volume do reservatoacuterio ainda
permanece muito inferior ao seu volume maacuteximo sendo isso
consequecircncia marcante do longo periacuteodo de estiagem
O volume do reservatoacuterio Cochos demonstrou pequena
variaccedilatildeo no decorrer da pesquisa nos meses de Nov2012 a
Mar2014 houve pouca ocorrecircncia de precipitaccedilatildeo com
variaccedilatildeo miacutenima no volume do reservatoacuterio jaacute os meses de
QUALIDADE DA AacuteGUA DE RESERVATOacuteRIO UTILIZADO PARA ABASTECIMENTO PUacuteBLICO SEMIAacuteRIDO NORDESTINO
53
Mai2014 a Jul2014 os niacuteveis do reservatoacuterio se elevaram
devido ocorrecircncia de precipitaccedilotildees
Figura 2 Variaccedilatildeo do volume do Reservatoacuterio Cochos no periacuteodo de nov2013 a jul2014
Fonte Dados AESA (2016)
Sobretudo neste estudo o regime hidroloacutegico normal
para esta regiatildeo natildeo foi bem representado provavelmente
devido ao periacuteodo de estiagem prolongado que a regiatildeo tecircm
enfrentado que acaba provocando alteraccedilotildees no regime
pluviomeacutetrico Visto que os meses do periacuteodo chuvoso (janeiro
a junho) houve pouca ocorrecircncia de precipitaccedilotildees na regiatildeo
32 Anaacutelise dos paracircmetros fiacutesico e quiacutemicos da aacutegua
A Tabela 3 apresenta os resultados meacutedios das anaacutelises fiacutesico-quiacutemicas considerando as amostras coletadas nos oito pontos do reservatoacuterio Cochos
QUALIDADE DA AacuteGUA DE RESERVATOacuteRIO UTILIZADO PARA ABASTECIMENTO PUacuteBLICO SEMIAacuteRIDO NORDESTINO
54
Tabela 3 Resultado meacutedio das anaacutelises fiacutesicas e quiacutemicas Paracircmetros Unidades Nov-13 Jan-14 Mar-14 May-14 Jun-14 Jul-14
Transparecircncia cm 5588 5925 7375 8500 7625 8588 TempAr degC 2903 3191 3261 3126 2908 3161
Temp Aacutegua degC 2983 3028 3176 2978 2731 2719 Cor mgL 002 005 003 001 003 004
Turbidez uT 1014 997 647 602 1189 544 CE μscm 14414 14729 17466 17331 14668 16731
SDT mgL 8414 8221 8004 8614 7393 8164 pH adm 797 829 761 739 722 771 OD mgL 739 1046 690 820 436 751
DBO5 mgL 183 310 115 168 113 194 Cl- mgL 879 1020 372 298 366 1778
Dureza Total mgL 3429 6891 5721 9635 5366 4575 Ca2+ mgL 1548 2908 2718 2748 2310 2325 Mg2+ mgL 2046 3955 2966 6917 3056 2250 Na+ mgL 058 017 002 002 002 002
K mgL 001 003 002 002 002 002 N Total mgL 007 008 008 010 010 008 P Total mgL 012 012 012 002 001 001
Dentre os paracircmetros fiacutesicos e quiacutemicos analisados a
maioria manteve-se em concordacircncia com os padrotildees
estipulados pela resoluccedilatildeo CONAMA 35705 e pela Portaria
nordm291411 Com exececcedilatildeo apenas da turbidez CE OD P e
Mg2+ que excederam os limites preconizados
Segundo Morotta et al (2008) entre as variaacuteveis
limnoloacutegicas utilizadas na avaliaccedilatildeo da qualidade da aacutegua as
quais satildeo diretamente influenciadas pelo uso do solo na bacia
de drenagem destacam-se as concentraccedilotildees de foacutesforo
nitrogecircnio oxigecircnio dissolvido e clorofila a bem como os
valores de pH turbidez e densidade de coliformes fecais e
totais entre outras
A temperatura da aacutegua manteve-se variando de 267 a
2790degC com pouca oscilaccedilatildeo durante o periacuteodo estudado Vale
salientar que em aacuteguas de reservatoacuterio mudanccedilas bruscas de
temperatura podem causar efeitos draacutesticos agraves comunidades
QUALIDADE DA AacuteGUA DE RESERVATOacuteRIO UTILIZADO PARA ABASTECIMENTO PUacuteBLICO SEMIAacuteRIDO NORDESTINO
55
bioacuteticas e alterar as caracteriacutesticas quiacutemicas da aacutegua A
temperatura desempenha um papel importante no meio
aquaacutetico condicionando o controle de uma seacuterie de paracircmetros
eacute influenciada por alguns fatores tais como altitude latitude
estaccedilotildees do ano horaacuterio do dia taxa de fluxo e profundidade
(CESTEB 2009)
A transparecircncia da aacutegua variou entre 45 e 95 cm No
periacuteodo de maior precipitaccedilatildeo as leituras do Secchi
permaneceram superiores a 60 cm
Para a turbidez embora os valores obtidos tenham sido
inferior ao limite preconizado pelo CONAMA 35705 de 100uT
essa variaacutevel excedeu o limite de referente a portaria de
potabilidade mencionada de 1 uT variou entre 351 e 141 uT
A turbidez demonstra com maior nitidez os impactos da
estaccedilatildeo chuvosa (SILVA et al 2009)
Segundo CESTEB (2009) as accedilotildees antroacutepicas como
desmatamento despejo de esgoto sanitaacuterio efluentes
industriais agropecuaacuterios e mineraccedilatildeo fazem com que o
escoamento superficial aumente a turbidez da aacutegua resultando
em grandes alteraccedilotildees no ecossistema aquaacutetico
Os valores de CE permaneceram na faixa de 1319 a
177μScm dentre o periacuteodo estudado Destaca-se o ponto P8
no mecircs de jul2014 na qual a condutividade divergiu dos
demais apresentou valor maacuteximo 177μScm caracterizando a
presenccedila de quantidade significativa de iacuteons (Figura 3)
QUALIDADE DA AacuteGUA DE RESERVATOacuteRIO UTILIZADO PARA ABASTECIMENTO PUacuteBLICO SEMIAacuteRIDO NORDESTINO
56
Figura 3 Variaccedilatildeo temporal da CE nas aacuteguas do reservatoacuterio Cochos
Em todos os pontos os valores de CE permaneceram
acima do limite admitido pela portaria de potabilidade Segundo
Esteves (1998) agrave medida que satildeo adicionados soacutelidos
dissolvidos na aacutegua maior eacute a CE altos valores podem indicar
caracteriacutesticas corrosivas da aacutegua
As concentraccedilotildees de OD variam entre 16 e 119 mgL
conferindo ao mecircs de jun2014 os menores valores de OD
devido a maior ocorrecircncia de precipitaccedilotildees nesse periacuteodo
enquanto os maiores valores foram encontrados no mecircs de
jan2014 periacuteodo de menor ocorrecircncia de precipitaccedilotildees No
periacuteodo de estiagem as concentraccedilotildees de OD foram mais
elevadas com valores na superfiacutecie da aacutegua proacuteximos ou acima
de 10 mgL (supersaturaccedilatildeo) Essa supersaturaccedilatildeo do OD pode
ser justificada devido a existecircncia de grande proliferaccedilatildeo de
plantas aquaacuteticas (algas etc) as margens do reservatoacuterio
mantendo intensa atividade de fotossiacutenteses
QUALIDADE DA AacuteGUA DE RESERVATOacuteRIO UTILIZADO PARA ABASTECIMENTO PUacuteBLICO SEMIAacuteRIDO NORDESTINO
57
Geralmente o oxigecircnio dissolvido diminui agrave medida que
recebe carga de substacircncias orgacircnicas presentes no esgoto
(GARCIA e BARRETO 2011)
A resoluccedilatildeo 35705 do CONAMA determina que valores
de OD devem ser superiores a 5 mgL entretanto na campanha
de jun2014 apresentou valores inferiores ao limite
estabelecido na maioria dos pontos monitorados
O Foacutesforo Total variou entre 00047 a 01313 mgL
apresentando valores superiores aos limites da resoluccedilatildeo
CONAMA 35705 de 0030 mgL principalmente no periacuteodo de
menor ocorrecircncia de chuvas na regiatildeo (nov2013 a mar2014)
Esse comportamento do P no reservatoacuterio Cochos referente
aos menores volumes possivelmente estaacute associado agrave
frequente descarga de fontes pontuais poluidoras em alguns
locais ao longo do reservatoacuterio Com isso haacute um maior acuacutemulo
nesse periacuteodo visto a falta de tratamento adequado dos
efluentes gerados no municiacutepio de Igaracy-PB
Os teores observados de magneacutesio estiveram entre
1625 e 20285 mgL conferindo as campanhas do mecircs de
Nov2013 e Mai2014 A Portaria Nordm29142011 do MS e a
Resoluccedilatildeo CONAMA 35705 natildeo faz referecircncia a este
paracircmetro Na OMS (1999) o magneacutesio eacute avaliado pelo
maacuteximo desejaacutevel de 30 mgLe o maacuteximo permissiacutevel de 150
mgL assim os valores de Mg2+ nesse estudonmantiveram-se
superiores ao padratildeo desejaacutevel
Segundo Garcia e Alves (2006) o magneacutesio eacute essencial
agrave vida natildeo exerce efeito danoso agrave sauacutede e vida aquaacutetica o seu
controle estaacute baseado na palatablidade pois presente em
grande quantidade imprime gosto amargo a aacutegua
Figueiredo et al (2014) em seu estudo sobre efeito da
seca prolongada na qualidade da aacutegua do reservatoacuterio de
QUALIDADE DA AacuteGUA DE RESERVATOacuteRIO UTILIZADO PARA ABASTECIMENTO PUacuteBLICO SEMIAacuteRIDO NORDESTINO
58
Gargalheiras principal sistema de abastecimento de aacutegua dos
municiacutepios de Acari e Currais Novos do estado do Rio Grande do
Norte no semiaacuterido nordestino brasileiro Com condiccedilotildees
climaacuteticas semelhantes a este estudo verificaram valores de
transparecircncia da aacutegua CE e P total semelhantes ao observado
nas aacuteguas do reservatoacuterio Cochos
Os autores tambeacutem verificaram que o regime hidroloacutegico
dos anos estudados caracterizado por chuvas acima da meacutedia
no ano de 2011 e seca severa prolongada no ano de 2012
influenciou diretamente na mudanccedila das variaacuteveis limnoloacutegicas
do reservatoacuterio inferindo em uma melhor qualidade da aacutegua no
periacuteodo chuvoso e degradaccedilatildeo no periacuteodo seco
O mesmo foi observado no reservatoacuterio cochos para a
maioria dos paracircmetros analisados os teores da turbidez pH
DBO Cl- Na+ e P foram mais elevados no periacuteodo com menor
ocorrecircncia de chuvas enquanto no periacuteodo de chuvas
tenderam a diminuir
De fato eacute perceptiacutevel que alteraccedilotildees climaacuteticas como secas
intensas tecircm papel relevante na quantidade e qualidade da aacutegua
(Tundisi 2008) Pois em periacuteodos de seca prolongada alta
evaporaccedilatildeo e o longo tempo de residecircncia da aacutegua tendem a
concentrar os nutrientes nos reservatoacuterios favorecendo o
estabelecimento de condiccedilotildees eutroacuteficas (COSTA et al 2009
CHELLAPPA 2009)
Meireles et al (2007) ao avaliar sazonalidade da
qualidade das aacuteguas do accedilude Edson Queiroz da bacia
hidrograacutefica do Acarauacute localizado na regiatildeo semiaacuterida
cearense Tambeacutem vericou valores de CE OD e Cl-
semelhantes aos encontrados neste estudo Sendo notaacutevel que
o crescimento das concentraccedilotildees dos sais medida pela CE e
do Cl- corresponde agrave reduccedilatildeo do volume do reservatoacuterio
QUALIDADE DA AacuteGUA DE RESERVATOacuteRIO UTILIZADO PARA ABASTECIMENTO PUacuteBLICO SEMIAacuteRIDO NORDESTINO
59
No estudo tambeacutem foi observado o rebaixamento
draacutestico desses paracircmetros ocorrido entre fevereiro e abril
(inicio do periacuteodo de chuvas) e o aumento raacutepido entre abril e
julho (fim do periacuteodo de chuvas) Comportamento este tambeacutem
observado em vaacuterios paracircmetros analisados no reservatoacuterio
Cochos dentre eles CE turbidez dureza total Mg2+ Cl- OD
pH SDT N e P
Meireles et al (2007) mencionam que esse
comportamento eacute considerado como indicativo de uma forte
estratificaccedilatildeo do reservatoacuterio no periacuteodo estudado
33 Anaacutelise dos paracircmetros microbiologicos da aacutegua
Segundo a APHA (1998) quando se trata de sauacutede
puacuteblica os aspectos sanitaacuterios devem ser enfatizados
estudando-se o comportamento dos indicadores de poluiccedilatildeo de
origem fecal Tendo em vista que o aporte de esgotos aumenta
expressivamente as densidades de bacteacuterias termotolerantes
totais e fecais em corpos hiacutedricos
Na Figura 4 observa-se que as maiores elevaccedilotildees de CT
foram apresentadas nos pontos P4 P5 e P6 sendo estes
pontos marcados pela forte influecircncia das atividades antroacutepicas
do municiacutepio de Igaracy ndash PB O lanccedilamento de esgotos sem
tratamento das residecircncias rurais e urbanas e carga orgacircnica
animal quando em excesso pode caracterizar perda significativa
da qualidade da aacutegua trazendo prejuiacutezos para as populaccedilotildees
locais por se tratar de um reservatoacuterio de abastecimento
O ponto P2 demostrou os menores valores de CT
provavelmente devido a maior fiscalizaccedilatildeo por se tratar do
ponto de captaccedilatildeo de aacutegua para abastecimento do municiacutepio
QUALIDADE DA AacuteGUA DE RESERVATOacuteRIO UTILIZADO PARA ABASTECIMENTO PUacuteBLICO SEMIAacuteRIDO NORDESTINO
60
Jaacute com relaccedilatildeo aos CTT demonstrou comportamento
similar comparado aos valores dos CT apresentando os
maiores valores no inicio do periacuteodo chuvoso nos demais
meses foi observado uma diminuiccedilatildeo significativa desses niacuteveis
(Figura 4)
Figura 4 Variaccedilatildeo temporal de Coliformes Totais e Termotolerantes
A definiccedilatildeo da concentraccedilatildeo dos coliformes assume
importacircncia como paracircmetro indicador da possibilidade da
existecircncia de microorganismos patogecircnicos responsaacuteveis pela
transmissatildeo de doenccedilas de veiculaccedilatildeo hiacutedrica tais como febre
tifoacuteide febre paratifoacuteide desinteria bacilar e coacutelera (CETESB
2009)
Os valores maacuteximos encontrados para CT e CTT foram
ge1600 NMP100ml referente a amostragem realizadas em
Mar2014 Os CTT satildeo o grupo de bacteacuterias mais significativas
na avaliaccedilatildeo de poluiccedilatildeo sanitaacuteria
A Resoluccedilatildeo CONAMA 35705 determina que em aacuteguas
doces de classe 2 natildeo deveraacute ser excedido um limite de 1000
coliformes termotolerantes por 100 ml valor este ultrapassado
nesse estudo
QUALIDADE DA AacuteGUA DE RESERVATOacuteRIO UTILIZADO PARA ABASTECIMENTO PUacuteBLICO SEMIAacuteRIDO NORDESTINO
61
Com relaccedilatildeo a presenccedila e ausecircncia de bacteacuterias EColi
nas aacuteguas do reservatoacuterio foi evidenciado que das 40 amostras
coletadas durante o periacuteodo de estudo cerca 23 amostras foi
confirmada presenccedila ou seja a bacteacuteria Escherichia Coli estaacute
presente em 575 das amostras analisadas sendo este mais
um iacutendice que evidencia o lanccedilamento de carga orgacircnica
domeacutestica eou animal
Em termos de potabilidade os resultados mostram que
as aacuteguas do reservatoacuterio estatildeo fora do padratildeo microbioloacutegico
de potabilidade da aacutegua para consumo humano visto que a
Portaria nordm 921411 estabelece ausecircncia de CT CTT e EColi
nesta condiccedilotildees eacute essencial que as aacuteguas do reservatoacuterio
Cochos antes de ser utilizadas para o consumo humano deve-
se sujeitar haacute tratamentos de desinfecccedilatildeo
4 CONCLUSOtildeES
A partir da anaacutelise dos resultados concluiu-se que
Variaacuteveis como turbidez OD CE P e Mg2+
apresentaram concentraccedilotildees superiores aos limites
aceitaacuteveis
O pH DBO SDT N Na+ K Ca2+ Cl- cor aparente e
dureza total mantiveram-se de acordo com a legislaccedilatildeo
vigente sendo evidente a forte influecircncia sazonal sob o
comportamento na maioria dos paracircmetros
Em termos sanitaacuterios haacute confirmaccedilatildeo de presenccedila de
coliformes CT CTT e EColi nas aacuteguas do reservatoacuterio
Cochos o que evidencia o lanccedilamento de carga orgacircnica
domeacutestica eou animal sendo inadequado para o
consumo humano sem tratamento preacutevio
QUALIDADE DA AacuteGUA DE RESERVATOacuteRIO UTILIZADO PARA ABASTECIMENTO PUacuteBLICO SEMIAacuteRIDO NORDESTINO
62
Sobretudo percebe-se que o regime hidroloacutegico na
regiatildeo sofre fortes influecircncias das condiccedilotildees antroacutepicas
e climaacuteticas do semiaacuterido alterando as condiccedilotildees
naturais da qualidade da aacutegua de corpos hiacutedricos
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS Agecircncia Executiva de Gestatildeo das Aacuteguas do Estado da Paraiacuteba (AESA) Disponiacutevel em lthttpwwwcbhpiancopiranhasacuorgbrsitea-baciagt Acesso em 25 jun 2016 Agecircncia Nacional de aacuteguas (ANA) ANA Guia nacional de coleta e preservaccedilatildeo de amostras Organizadores Carlos Jesus Brandatildeo Satildeo Paulo CETESB Brasiacutelia ANA 2011 326 p APHA AWWA WPCF Standard Methods for the Examination for Water and Wastewater 20th ed Washington American Public Health Association 1998 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede Portaria nordm 2914 de 12 de Dezembro de 2011 Dispotildee sobre os procedimentos de controle e de vigilacircncia da qualidade da aacutegua para consumo humano e seu padratildeo de potabilidade Ministeacuterio da Sauacutede 2011 CHELLAPPA N T CAcircMARA F R A ROCHA O Phytoplankton community indicator of water quality in the Armando Ribeiro Gonccedilalves Reservoir and Pataxoacute Channel Rio Grande do Norte Brazil Brazilian Journal of Biology 69 pp 241-251 2009 COSTA IAS CUNHA SRS PANOSSO R ARAUacuteJO MFF MELO JLS ESKINAZI-SANTrsquoANNA EM Dinacircmica de cianobacteacuterias em reservatoacuterios eutroacuteficos do semiaacuterido do Rio Grande do Norte Oecologia Brasilienses 13(2) pp 382-401 2009 Companhia Ambiental do Estado de Satildeo Paulo (CETESB) Disponiacutevel em httpcetesbspgovbraguas-interioreswp-contentuploadssites322013 11variaveispdf Acessado em 20 de novembro de 2016 Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) Resoluccedilatildeo CONAMA nordm 375 de 17 de marccedilo de 2005 Brasiacutelia - DF Disponiacutevel em httpwwwmmagovbrportconamaresres05res35705pdf gt Acesso em 01 de agosto de 2014 Comitecirc da Bacia Hidrograacutefica do Rio Piancoacute Piranhas Acuacute (CBHRPPA) Disponiacutevel em lt httpwwwcbhpiancopiranhasacuorgbrsitea-baciagt Acesso em 17 de jun 2014 ESTEVES F Fundamentos da liminologia Rio de Janeiro Interciecircncia FINEP1998 574p
QUALIDADE DA AacuteGUA DE RESERVATOacuteRIO UTILIZADO PARA ABASTECIMENTO PUacuteBLICO SEMIAacuteRIDO NORDESTINO
63
FELIX V de S PAZ A R daRepresentaccedilatildeo dos processos hidroloacutegicos em bacia hidrograacutefica do semiaacuterido paraibano com modelagem hidroloacutegica distribuiacuteda RBRH ndash Revista Brasileira de Recursos Hiacutedricos Porto Alegre v 21 n 3 p 556-569 2016 FIGUEIREDO A do V BECKER V MATTOS A O efeito da seca prolongada na qualidade da aacutegua do reservatoacuterio Gargalheiras na regiatildeo tropical semiaacuterida In XII Simpoacutesio de Recursos Hidriacutecos do Nordeste 12 2014 Anais XII SRHNE Natal p 1-10 2014 GARCIA C A B BARRETO P R Condiccedilotildees ambientais e qualidade da aacutegua do accedilude Buri- Frei PauloSE XIX Simpoacutesio Brasileiro de Recursos Hiacutedricos19 2011 Anais XIX SBRH Maceioacute ndash AL 2011 p 20 CRISPIM D L ISMAEL L L SOUSA T M I de GARRIDO J W A QUEIROZ M M F de Transporte e caracterizaccedilatildeo de sedimentos de fundo no rio piranhas em uma seccedilatildeo de controle proacuteximo agrave sede do municiacutepio de Pombal-PB HOLOS Ano 31 Vol 3 p 93-101 2015 MARIANI C F Reservatoacuterio Rio Grande caracterizaccedilatildeo limnoloacutegica da aacutegua e biodisponibilidade de metais-traccedilo no sedimento 2006 Dissertaccedilatildeo de Mestrado - Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006 MAROTTA H SANTOS R O PRAST A E Monitoramento limnoloacutegico um instrumento para a conservaccedilatildeo dos recursos hiacutedricos no planejamento e na gestatildeo urbano-ambientais Ambiente amp Sociedade Campinas v XI n 1 p 67-79 jan-jun 2008 MEIRELES A C M FRISCHKORN H ANDRADE E M de Sazonalidade da qualidade das aacuteguas do accedilude Edson Queiroz bacia do Acarauacute no Semi-Aacuterido cearense Revista Ciecircncia Agronocircmica v38 n1 p25-31 2007 OLIVEIRA JNP A influecircncia da poluiccedilatildeo difusa e do regime hidroloacutegico do semiaacuterido na qualidade da aacutegua de um reservatoacuterio tropical 2012 99p Dissertaccedilatildeo de Mestrado - Universidade Federal do Rio Grande do Norte Natal 2012 99p PRADO R B Manejo integrado de reservatoacuterios destinados a uso muacuteltiplo como perspectiva de recuperaccedilatildeo da qualidade da aacutegua in Recursos hidroenergeacuteticos usos impactos e planejamento integrado Ed RiMa Satildeo Carlos 2002 RENOVATO D C C SENA C P S SILVA M M F Anaacutelise de paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos das aacuteguas da barragem puacuteblica da cidade de Pau dos Ferros (RN) ndash pH cor turbidez acidez Alcalinidade condutividade cloreto e salinidade In IX Congresso de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica ndash IFRN 9 2013 Anais IX CONGIC Natal 2013 p 879-888 SILVA A Pde S DIAS H C T BASTOS R K X SILVA E Qualidade da aacutegua do reservatoacuterio da usina hidreleacutetrica (UHE) de Peti Minas Gerais R Aacutervore Viccedilosa-MG v33 n6 2009 p1063-1069
QUALIDADE DA AacuteGUA DE RESERVATOacuteRIO UTILIZADO PARA ABASTECIMENTO PUacuteBLICO SEMIAacuteRIDO NORDESTINO
64
SILVA N JUNQUEIRA V C A SILVEIRA N F de A Manual de meacutetodos de anaacutelise microbioloacutegica de alimentos e aacutegua 4ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo Livraria Varela 2010 SOUZA S L Qualidade da aacutegua do reservatoacuterio da usina hidreleacutetrica de Passo Fundo Tractebel energia - SUEZ RS 2004 p3 TUNDISI J G Recursos hiacutedricos no futuro problemas e soluccedilotildees Estudos avanccedilados 22(63) pp 1-16 2008
ELIMINACcedilAtildeO DE CIANOTOXINA COM MEacuteTODOS RAacutePIDOS E DE BAIXO CUSTO EM AacuteGUA DE ABASTECIMENTO PUacuteBLICO
65
CAPIacuteTULO 4
ELIMINACcedilAtildeO DE CIANOTOXINA COM MEacuteTODOS RAacutePIDOS E DE BAIXO CUSTO EM AacuteGUA DE
ABASTECIMENTO PUacuteBLICO
Amanda da Silva BARBOSA1 Maria Virgiacutenia da Conceiccedilatildeo ALBUQUERQUE1
Wilton Silva LOPES2
Beatriz Susana Ovruski de CEBALLOS3 1Mestrandas do Programa de Poacutes Graduaccedilatildeo em Ciecircncia e Tecnologia Ambiental UEPB
2Professor Dr UEPB 3Orientadora Professor(a) Dra UEPB amandauepbbiohotmailcom
RESUMO Cianobacteacuterias satildeo microrganismos fotossintetizadores oxigecircnicos (produtores de oxigecircnio molecular) presentes na terra haacute 28 bilhotildees de anos Oxigenaram a atmosfera e manteacutem os 20 desse gaacutes no ar que respiramos Sem elas a vida humana natildeo seria possiacutevel Desde o seacuteculo passado satildeo estudadas pelo seu crescimento exuberante em aacuteguas ricas em nutrientes com impactos antropogecircnicos que limitam seus usos As presenccedilas de cianobacteacuterias nos reservatoacuterios de abastecimento puacuteblico satildeo frequentes e perigosas algumas linhagens produzem cianotoxinas hepatotoacutexicas e neurotoacutexicos que podem provocar morte de homens e animais Natildeo satildeo completamente eliminadas no tratamento convencional de potabilizaccedilao da aacutegua (coagulaccedilatildeosedimentaccedilatildeo filtraccedilatildeocloraccedilatildeo) Microcystis aeruginosa produtora de microcistinas eacute frequente no Nordeste suas toxinas afetam o fiacutegado e rins Altas concentraccedilotildees de cianobacteacuterias dificultam o tratamento (colmatam filtros produzem sabor e odor) e as toxinas natildeo eliminadas podem ser distribuiacutedas pela rede de abastecimento Sua remoccedilatildeo consegue-se com teacutecnicas avanccediladas de tratamento incorporadas no sistema convencional O trabalho
ELIMINACcedilAtildeO DE CIANOTOXINA COM MEacuteTODOS RAacutePIDOS E DE BAIXO CUSTO EM AacuteGUA DE ABASTECIMENTO PUacuteBLICO
66
apresenta um levantamento bibliograacutefico do usoeficiecircncia de duas tecnologias inovadoras de baixo custo na remoccedilatildeo de cianotoxinas de aacuteguas de abastecimento humano Adsorccedilatildeo por Carbono Ativado e Processos Oxidativos Avanccedilados Embora com resultados excelentes seu uso em escala real eacute ocasional ficando a populaccedilatildeo exposta a riscos de intoxicaccedilotildees com a aacutegua distribuiacuteda se natildeo for submetida ao controle sistemaacutetico de cianotoxinas
Palavras-chave Cianotoxinas Carbono Ativado Processos
Oxidativos Avanccedilados (POAacutes)
1 INTRODUCcedilAtildeO
Nenhum processo metaboacutelico ocorre sem a participaccedilatildeo
da aacutegua Solvente universal constitui 70 a 90 dos seres vivos
A aacutegua precisa ser ingerida constantemente para a manutenccedilatildeo
da homeostase celular A aacutegua destinada ao consumo humano
deve apresentar qualidade apropriada para tal fim no Brasil
deve satisfazer as condiccedilotildees de qualidade definidas na Portaria
No 2914 de 12 de dezembro de 2011 do Ministeacuterio da Sauacutede
que estabelece padrotildees de referecircncia (Valores Maacuteximos
Permitidos - VMP) para mais de 84 paracircmetros orgacircnicos e
inorgacircnicas que devem ser quantificados para verificar se a
aacutegua potabilizada natildeo eacute prejudicial ao ser humano A portaria
ainda dispotildee sobre as frequecircncias de amostragens de
cianotoxinas no ponto de captaccedilatildeo de aacutegua nos mananciais de
abastecimento humano em funccedilatildeo de densidade de
cianobacteacuteria nos mesmos
A legislaccedilatildeo sobre cianobacteacuterias e suas toxinas foi
introduzida na Portaria No 1469 de 29 de dezembro de 2000 do
Ministeacuterio da Sauacutede que estabeleceu novos procedimentos e
ELIMINACcedilAtildeO DE CIANOTOXINA COM MEacuteTODOS RAacutePIDOS E DE BAIXO CUSTO EM AacuteGUA DE ABASTECIMENTO PUacuteBLICO
67
responsabilidades para o controle e vigilacircncia da qualidade da
aacutegua para consumo humano e seu padratildeo de potabilidade em
decorrecircncia da morte de 52 pacientes em 1996 em uma cliacutenica
de hemodiaacutelises em CaruaruPE ndash Brasil apoacutes receberem
durante vaacuterios meses por via intravenosa aacutegua com
cianotoxinas em especial microcistina-LR (AZEVEDO et al
2002 FALCONER HUMPAGE 2005) Foi o primeiro evento de
mortes humanas por microcistinas efetivamente comprovadas
e ocasionou raacutepida mudanccedila da legislaccedilatildeo mundial sobre
qualidade e o controle da aacutegua potaacutevel e dos mananciais sob
orientaccedilatildeo da Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (1998)
As cianotoxinas satildeo metaboacutelitos secundaacuterios produzidos
pelas cianobacteacuterias com efeitos hepatotoacutexicos neurotoacutexicos
citotoacutexicos e dermatotoacutexicos cuja funccedilatildeo ecoloacutegica eacute ainda
discutida alguns pesquisadores consideram que agem em
mecanismo de defesa outros argumentam que podem auxiliar
na captaccedilatildeo da luz solar e uma terceira explicaccedilatildeo atribui a
essas moleacuteculas a capacidade de sinalizaccedilatildeo para a
comunicaccedilatildeo entre as cianobacteacuterias (CHORUS BARTRAM
1998)
A Portaria No 29142011- MS fixa a frequecircncia de
monitoramento das cianotoxinas no ponto de captaccedilatildeo de aacutegua
do reservatoacuterio em mensal para uma densidade celular de ateacute
10000 ceacutelulasml-1 e em semanal para 20000 ceacutelulasml-1 ou
superior assim como estabelece a anaacutelises da concentraccedilatildeo
das cianotoxinas no manancial e na aacutegua tratada antes de sua
distribuiccedilatildeo se no manancial houver gecircneros e espeacutecies de
cianobacteacuterias potencialmente produtoras de toxinas
Determina ainda o VMP de 1 μgL-1 na aacutegua de beber para
microcistinas sendo esse valor a somatoacuteria de todas as
variantes dessa toxina que devem representar as contribuiccedilotildees
ELIMINACcedilAtildeO DE CIANOTOXINA COM MEacuteTODOS RAacutePIDOS E DE BAIXO CUSTO EM AacuteGUA DE ABASTECIMENTO PUacuteBLICO
68
das fraccedilotildees intra e extracelulares nas amostras de aacutegua
analisadas
Microcistinas e cylindrospermopsinas assim como
muitas outras cianotoxinas se bioacumulam em moluscos
camarotildees e caramujos e apresentam alguma atividade toacutexica
(KISS et al 2002 SAKER et al1999) Essas observaccedilotildees
alertam para o poder toacutexico dessas toxinas e sua presenccedila
frequente nos mananciais de abastecimento puacuteblico causa
preocupaccedilatildeo aos oacutergatildeos de sauacutede e agraves companhias de
tratamento de aacutegua em relaccedilatildeo agrave eficiecircncia do tratamento da
aacutegua e agrave gravidade dos inconvenientes que podem ser
causados se forem lanccediladas cianotoxinas na aacutegua ldquopotaacutevelrdquo
distribuiacuteda pela rede municipal
Consequecircncia de accedilotildees antroacutepicas ao longo dos anos
na forma de descargas de esgotos industriais e domeacutesticos in
natura (somente satildeo coletados 22 dos esgotos municipais
produzidos no nordeste e cerca de 486 de todo o Brasil) ou
parcialmente tratados e os escoamentos difusos agriacutecolas e
urbanos que atingem os corpos de aacutegua e elevam as
concentraccedilotildees de macronutrientes (compostos de foacutesforo e de
nitrogecircnio) o aumento da produccedilatildeo primaacuteria eacute raacutepido e em
especial o aumento do fitoplacircncton com predomiacutenio de
cianobacteacuterias devido a sua elevada capacidade adaptativa
(TRATA BRASIL 2015)
No nordeste semiaacuterido a frequecircncia de floraccedilotildees com
abundancia de cianobacteacuterias vem aumentando
aceleradamente com a prolongaccedilatildeo da estiagem iniciado em
2012 e que jaacute estaacute no quarto ano de duraccedilatildeo A evaporaccedilatildeo da
aacutegua armazenada concentra os nutrientes na massa de aacutegua
remanescente nos accediludes Esse crescimento raacutepido e as
floraccedilotildees acarretam o aumento da concentraccedilatildeo de toxinas na
ELIMINACcedilAtildeO DE CIANOTOXINA COM MEacuteTODOS RAacutePIDOS E DE BAIXO CUSTO EM AacuteGUA DE ABASTECIMENTO PUacuteBLICO
69
aacutegua com seacuterio risco agraves populaccedilotildees quando o fenocircmeno ocorre
em mananciais destinados ao abastecimento puacuteblico
Cianobacteacuterias em excesso conferem cor odor e sabor
desagradaacuteveis agrave aacutegua do manancial o qual perde seu atrativo
turiacutestico e afeta outros diversos usos da aacutegua
A maioria das cianotoxinas satildeo endotoxinas e liberadas
no meio aquaacutetico com a morte celular Nessas circunstancias
suas concentraccedilotildees aumentam na aacutegua e aceleram os danos
na biota e em animais e humanos que as utilizam (CODD et al
2005 KARDINAAL et al 2005) Essa constataccedilatildeo eacute um alerta
sobre as condiccedilotildees de tratamento a serem aplicadas na
potabilizaccedilatildeo de aacuteguas eutrofizadas jaacute que algumas etapas do
sistema convencional como a coagulaccedilatildeo podem contribuir com
a destruiccedilatildeo celular e consequente liberaccedilatildeo dessas toxinas
aumentando sua concentraccedilatildeo na aacutegua que esta sendo tratada
na ETA em relaccedilatildeo a carga inicial captada do manancial
Trabalhos de vaacuterios autores mostraram que as
tecnologias convencionais de tratamento de aacutegua satildeo
adequadas para remover cianobacteacuterias mas natildeo removem
completamente as microcistinas natildeo conseguindo atingir o
padratildeo de 1microgL-1 para aacutegua potaacutevel (Portaria No 29142011-
MS) (DI BERNARDO et al 2005)
Diante do exposto a pesquisa objetivou efetuar um
levantamento bibliograacutefico sobre o desenvolvimento e aplicaccedilatildeo
de tecnologias avanccediladas de tratamento de aacutegua para consumo
humano destinadas agrave remoccedilatildeo de cianotoxinas presentes em
aacutegua de abastecimento puacuteblico causa de seacuterios riscos agrave sauacutede
publica
ELIMINACcedilAtildeO DE CIANOTOXINA COM MEacuteTODOS RAacutePIDOS E DE BAIXO CUSTO EM AacuteGUA DE ABASTECIMENTO PUacuteBLICO
70
2 MATERIAIS E MEacuteTODO
Trata-se de um estudo de revisatildeo bibliograacutefica sobre a
produccedilatildeo cientiacutefica no tema ldquoTratamento avanccedilado de aacutegua de
abastecimento e remoccedilatildeo de cianotoxinasrdquo Foram
considerados os bancos de dados SciELO (ScientificElectronic
Library Online) e CAPES (Coordenaccedilatildeo de Aperfeiccediloamento de
Pessoal de Niacutevel Superior) acessados no periacuteodo marccedilo a
setembro de 2016 com publicaccedilotildees dos uacuteltimos vinte anos
As tecnologias avanccediladas foram analisadas em relaccedilatildeo
ao tratamento convencional tambeacutem denominado de ciclo
completo Em particular satildeo tratadas em detalhes a adsorccedilatildeo
por carbono ativado seja em poacute (CAP) adicionado em diferentes
pontos do tratamento ou com carbono ativado granular em
coluna assim como diversas variantes dos Processos
Oxidativos Avanccedilados (POArsquos) como fenton uso de luz UV luz
solar adiccedilatildeo de H2O2 e dioacutexido de titacircnio (TiO2) entre outras
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
Ateraccedilatildeo de fatores como a alta concentraccedilotildees de
nutrientes (foacutesforo e nitrogecircnio) radiaccedilatildeo solar temperatura
elevada turbidez pH salinidade e disponibilidade de carbono
propiciam o desenvolvimento de floraccedilotildees de algas macroacutefitas
e cianobacteacuterias que recobrem grande parte da superfiacutecie do
corpo aquaacutetico formando uma densa camada esverdeada que
causa a perda das qualidades cecircnicas limita os usos dessa
aacutegua e gera graves problemas no processo de potabilizaccedilatildeo
para eliminar as toxinas produzidas pela cianobacteacuterias
(CEBALLOS AZEVEDO BENDATE 2006)
ELIMINACcedilAtildeO DE CIANOTOXINA COM MEacuteTODOS RAacutePIDOS E DE BAIXO CUSTO EM AacuteGUA DE ABASTECIMENTO PUacuteBLICO
71
Dados do IBGE para o ano 2008 indicaram que havia
mais 2817 municiacutepios com estaccedilotildees de tratamento
convencional no Brasil dentre os quais 104 se localizam na
Regiatildeo Norte 851 no Nordeste 1087 no Sudeste 545 no Sul
e 230 no Centro-oeste Considerando que diversos municiacutepios
dispotildeem de mais de uma unidade de tratamento estima-se que
mais 3500 estaccedilotildees convencionais estejam em operaccedilatildeo no
paiacutes Embora predominem em quantidade diversas
dificuldades satildeo observadas na remoccedilatildeo de cianobacteacuterias e
cianotoxinas nesses sistemas fenocircmeno relativamente novo
em relaccedilatildeo agrave eacutepoca em que elas foram criadas (PADUA 2006)
E embora fazem mais de 10 anos dessas descobertas ainda se
continua usando na potabilizaccedilatildeo de aacuteguas eutrofizadas com
alta densidade de cianobacteacuterias e toxinas dissolvidas a
tecnologia convencional adequado para aacutegua bruta de
diferentes qualidades mas apresenta restriccedilotildees para a remoccedilatildeo
nanocontaminantes emergentes dentre eles as cianotoxinas
(DRIKAS et al 2009)
Trabalhos referentes agrave coagulaccedilatildeo mostram em escala
de bancada e piloto que a adiccedilatildeo de sulfato de alumiacutenio e
cloreto feacuterrico com mistura raacutepida seguida de floculaccedilatildeo natildeo
provocam danos nas ceacutelulas de Microcystis aeruginosa (CHOW
et al1999) Mais recentemente estudos de vaacuterios processos
que podem ser aplicados para a eliminaccedilatildeo de cianotoxinas no
tratamento de aacutegua para abastecimento humano mostraram
promissores o carbono ativado e os processos oxidativos
avanccedilados que aleacutem de eficientes satildeo de baixo custo
Qualquer material carbonaacuteceo pode ser transformado
em carbono ativado com propriedades adsorventes diferentes e
de acordo com o tipo de mateacuteria-prima utilizada e das condiccedilotildees
a qual eacute submetida para sua ativaccedilatildeo (BANSAL e GOYAL
ELIMINACcedilAtildeO DE CIANOTOXINA COM MEacuteTODOS RAacutePIDOS E DE BAIXO CUSTO EM AacuteGUA DE ABASTECIMENTO PUacuteBLICO
72
2004) O carbono ativado eacute um material carbonaacuteceo altamente
poroso com grande aacuterea superficial com capacidade adsorvente
elevada Hoje eacute uma das substancias adsorventes mais
utilizadas no mundo no tratamento de aacuteguas destinadas ao
consumo humano e para tratar aacuteguas residuais industriais em
particular na induacutestria quiacutemica por ser um excelente
adsorventes de moleacuteculas que causam sabor e odor na aacutegua e
com poderes genotoacutexicos e mutagecircnicos (MULLER 2008)
O carbono ativado eacute apresentado em duas formas
ambas comumente usadas no tratamento de aacutegua a granular ndash
CAG e em poacute - CAP Dentre as vantagens do CAG estatildeo pode
ser recuperado regenerado e reusado e recomenda-se seu
uso quando a presenccedila de microcontaminantes eacute contiacutenua
Todavia o CAP eacute mais econocircmico na fase inicial de uso por que
se pode modificar as dosagens segundo a necessidade e seu
emprego pode ser sazonal mas haacute dificuldades para sua
regeneraccedilatildeo e aumenta a quantidade e lodo produzido na ETA
(SNOEYING SUMMERS 1990)
A aacuterea superficial especiacutefica do carbono eacute outro
paracircmetro importante na sua capacidade adsortiva e em geral
quanto maior maior seraacute a adsorccedilatildeo Os carbonos ativados
mais usados apresentam aacuterea entre 800 a 1500 m2g-1 Ainda o
tamanho dos poros e sua distribuiccedilatildeo satildeo fatores fundamentais
os mais utilizados possuem volume de poros de 020 a 060
cm3g -1 (BANSAL e GOYAL 2004) Os poros de acordo com
seu diacircmetro meacutedio se classificam em microporos primaacuterio
(lt08 nm) Microporos secundaacuterio (08 0 ndash 20 nm) mesoporos
(2 ndash 50 nm) e macroporos (gt 50nm) Para a adsorccedilatildeo de
microcistina -LR se recomenda carbono ativado de madeira
pelo grande volume de mesoporos A conformaccedilatildeo da moleacutecula
de microcistina requer para uma boa adsorccedilatildeo o predomiacutenio de
ELIMINACcedilAtildeO DE CIANOTOXINA COM MEacuteTODOS RAacutePIDOS E DE BAIXO CUSTO EM AacuteGUA DE ABASTECIMENTO PUacuteBLICO
73
microsporos secundaacuterios e mesosporos (KURODA et al
2005)
O carbono ativado em poacute (CAP) eacute mais utilizado no Brasil
para o controle de sabor e odor na aacutegua tratada e sua aplicaccedilatildeo
pode ser continua ou intermitente o qual depende da substancia
a ser adsorvida e das caracteriacutesticas da aacutegua bruta Para seu
uso deve-se escolher o local apropriado de adiccedilatildeo para
favorecer a boa mistura evitar interferecircncia dos produtos
quiacutemicos do tratamento e garantir o tempo de contato suficiente
para que ocorra a adsorccedilatildeo dos contaminantes e assegurar que
seu uso natildeo causara alteraccedilotildees na qualidade final da aacutegua
(SNOEYINK e SUMMERS 1990) Os locais de mais frequecircncia
de aplicaccedilatildeo satildeo na captaccedilatildeo antes ou durante a mistura
raacutepida e antes ou durante a filtraccedilatildeo Vale salientar que ao
longo do tempo de uso do CAP este perde sua capacidade de
accedilatildeo pela saturaccedilatildeo dos poros e deve ser substituiacutedo o qual
requer de sua eliminaccedilatildeo do sistema junto com os lodos
produzidos no tratamento da aacutegua Ou seja o CAP eacute de difiacutecil
recuperaccedilatildeo e reativaccedilatildeo o qual o torna ate mais caro que o
CAG
As vantagens do CAG satildeo sua alta capacidade adsortiva
e que o material adsorvido pode ser removido da coluna
recuperando-se o carbono pode ser novamente ativado
diminuindo os custos Podem tambeacutem ser formados biofilmes
microbianos nos poros onde microrganismos contribuem com a
biodegradaccedilatildeo das moleacuteculas adsorvidas e aumentam o tempo
de vida uacutetil do CAG na coluna e ambos contribuem remoccedilatildeo dos
nanocontaminantes ao longo da filtraccedilatildeo (AKTAS CcedilECcedilEN
2007) Ecircxitos na remoccedilatildeo de cianotoxinas com CAG satildeo
apresentados em diversos estudos O uso de qualquer um dos
ELIMINACcedilAtildeO DE CIANOTOXINA COM MEacuteTODOS RAacutePIDOS E DE BAIXO CUSTO EM AacuteGUA DE ABASTECIMENTO PUacuteBLICO
74
dois tipos de Carbonos Ativados eacute importante para a remoccedilatildeo
dos nanocontaminantes
Wang et al (2007) aplicaram filtraccedilatildeo por carbono
ativado granular com e sem atividade bioloacutegica para remoccedilatildeo
de microcistinas-LR e LA constatando apoacutes seis meses de
operaccedilatildeo da coluna de CAG esteacuteril uma adsorccedilatildeo de 70 de
MC-LR e 40 de MC-LA em aacutegua com concentraccedilatildeo inicial de
5microgL dessas microcistinas Destacaram que CAG com
atividade bioloacutegica pode atingir 100 de remoccedilatildeo e conferiram
que temperatura densidade inicial e tipos de bacteacuterias
participantes da biodegradaccedilatildeo satildeo determinantes da eficiecircncia
do processo confirmando a relevacircncia da combinaccedilatildeo dos
processos de adsorccedilatildeo e biodegradaccedilatildeo (CAB) com eficiecircncia
mais elevada do que quando esses processos ocorrem
isoladamente Poreacutem tambeacutem observaram concorrecircncia da
mateacuteria orgacircnica pelos siacutetios de adsorccedilatildeo do carbono ativado o
que foi causa em alguns testes de menores eficiecircncias Neste
mesmo ano Huang et al (2007) mostraram adsorccedilotildees
melhores de MC-LR no CAG com maiores proporccedilotildees de
mesosporos e macroporos material facilmente encontrado e
cujo uso implicaria em menores custos no tratamento da aacutegua
Veronezi-Viana et al (2009) testaram aacutegua destilada
adicionada com saxitoxinas obtendo remoccedilatildeo satisfatoacuteria com
CAP de madeira mas natildeo os de origem mineral e de osso A
maior eficiecircncia na remoccedilatildeo de saxitoxinas foi de 68 para
dosagem de 50 mgL-1 e tempo de contato de 2 horas O volume
total de poros do CAP na superfiacutecie pareceu indicar a melhor
capacidade de adsorccedilatildeo dessas toxinas
Yang et al (2010) aplicaram filtraccedilatildeo por carbono
granular em escala piloto usando aacutegua com concentraccedilatildeo
meacutedia de 433 ngL-1 de 2-MIB e 74 ngL geosmina produzidas
ELIMINACcedilAtildeO DE CIANOTOXINA COM MEacuteTODOS RAacutePIDOS E DE BAIXO CUSTO EM AacuteGUA DE ABASTECIMENTO PUacuteBLICO
75
por linhagem de bacteacuterias do gecircnero Actinomyces e
responsaacuteveis por odor e sabor desagradaacutevel na aacutegua tratada
obtendo remoccedilatildeo de 92 e 831 respectivamente Quando
combinado CAG com ozonizaccedilatildeo do efluente da coluna para
remoccedilatildeo dos mesmos compostos nas mesmas concentraccedilotildees
houve remoccedilatildeo de porcentuais de 96 (2-MIB) e de 100
(geosmina) GUERRA et al (2015) avaliaram em escala de
bancada a remoccedilatildeo de microcistina-LR em colunas de CAG de
casca de coco de dendecirc de diferentes granulometrias (042 -
140 e 060 - 236 mm) usando aacutegua bruta de manancial
coletada na entrada da ETA e adicionada de cianotoxina obtida
por lise celular de cultura toxigecircnicas A aacutegua de estudo foi
previamente tratada por sistema convencional simulando um
sistema convencional utilizando-se Jar Test o efluente final
decantado foi aduzido aos filtros de areia cujo efluente foi
distribuiacutedo nas duas colunas de carvatildeo ativado granular Todas
as etapas do tratamento convencional foram pouco eficientes
na remoccedilatildeo da microcistina-LR jaacute o CAG removeu entre 80 a
100 com a maior eficiecircncia daquele com menor
granulometria que conseguiu remover a toxina ateacute niacuteveis inferior
ao estabelecido pela Portaria 29142011 ndashMS
Lima (2015) verificou o valor de pHpcz do Carbono
Ativado Granularde casca de coco de dendecirc e determinou os
melhores tempos de contato em que ocorrem as maiores taxas
de adsorccedilatildeo para remoccedilatildeo microcistina-LR Comprovou que a
adsorccedilatildeo foi eficiente para a remoccedilatildeo de MC-LR com
eficiecircncias meacutedias acima de 90O Carbono Ativado
Granularutilizado apresentou valor de pHpcz favoraacutevel agrave
adsorccedilatildeo de MC-LR nas condiccedilotildees dos experimentos Os
resultados obtidos dos testes com diferentes pHs confirmaram
ELIMINACcedilAtildeO DE CIANOTOXINA COM MEacuteTODOS RAacutePIDOS E DE BAIXO CUSTO EM AacuteGUA DE ABASTECIMENTO PUacuteBLICO
76
que a adsorccedilatildeo de MC-LR foi mais eficiente em pH aacutecido e
proacuteximo a 50
Dessa maneira para analisar a adsorccedilatildeo da
microcistina-LR por carbono ativado eacute importante levar em
consideraccedilatildeo que se trata de uma moleacutecula de alta massa
molar agregada de aminoaacutecidos complexos com
caracteriacutesticas hidrofoacutebicas e propriedades em soluccedilatildeo aquosa
consequentemente a correta seleccedilatildeo do carvatildeo ativado para
remoccedilatildeo dessa toxina da aacutegua antes de se adotar qualquer
medida de adsorccedilatildeo se requer de uma avaliaccedilatildeo dessas duas
propriedades combinadas ao conhecimento detalhado das
propriedades fiacutesicas do adsorvente e da sua superfiacutecie quiacutemica
(PENDLETON et al 2001 HUANG et al2007)
Os POAs satildeo alternativas interessantes para o
tratamento de aacutegua e de aacuteguas residuais com significativa
importacircncia na restauraccedilatildeo ambiental ao degradarem
numerosos poluentes orgacircnicos Podem ser combinados com
outras tecnologias de tratamento tais como preacute-tratamento ou
poacutes tratamento sendo amplamente utilizados para melhorar o
desempenho do tratamento convencional (OLLER et al 2011)
Ao longo das uacuteltimas duas deacutecadas uma diversidade de POAs
com base na geraccedilatildeo de radicais hidroxila (OHbull) foram
desenvolvidos
Os POAs dividem-se em sistemas homogecircneos e
heterogecircneos onde o radical hidroxila eacute gerado com ou sem
irradiaccedilatildeo Sistemas homogecircneos natildeo apresentam catalizador
na fase soacutelida Os sistemas heterogecircneos possuem
catalizadores semi-condutores como o TiO2 ZnO Fe2O3 SiO2
e Al2O3 que aceleram a velocidade da reaccedilatildeo ateacute atingir o
equiliacutebrio quiacutemico sem sofrerem alteraccedilatildeo quiacutemica
(NOGUEIRA 2007)
ELIMINACcedilAtildeO DE CIANOTOXINA COM MEacuteTODOS RAacutePIDOS E DE BAIXO CUSTO EM AacuteGUA DE ABASTECIMENTO PUacuteBLICO
77
Atualmente os POAs satildeo utilizados no tratamento de
aacutegua (LINDEN et al 2014) por oxidarem
contaminantesorgacircnicos e inorgacircnicos melhorando a
biodegradabilidade do efluente (ANTONOPOULOU 2014
NOGUEIRA 2007) Nos uacuteltimos anos tem itensificado o uso de
uma variedade de POAs na degradaccedilatildeo de variantes de
cianotoxinas com excelentes resultados de degraccedilatildeo
No trabalho conduzido por Cabral (2010) foi avaliado o
processo de fotocataacutelise heterogecircnea usando TiO2 e radiaccedilatildeo
UV na remoccedilatildeo de Microcystis aeruginosa e microcistina-LR de
aacuteguas eutrofizadas com uso de um reator do tipo ciliacutendrico
paraboacutelico ndash PTR A aacutegua utilizada foi preparada com adiccedilatildeo de
ceacutelulas de Microcystis aeruginosa e o sistema foi operado no
reator focataliacutetico do tipo PTR Foram realizadas anaacutelises
quantitativas de cianobacteacuterias e cianotoxinas (MC-LR) Os
valores da concentraccedilatildeo de microcistina-LR detectados no
afluente no efluente do filtro e no efluente do reator foram
respectivamente de 464 μgL-1 423 μgL-1 e 135 μgL-1 As
meacutedias revelam que no afluente e efluente do filtro natildeo houve
diferenccedilas significativas mas houve eficiecircncia de remoccedilatildeo no
processo fotocataliacutetico Aacutes eficiecircncias de remoccedilatildeo foram de
88 no filtro e 70 no reator demonstrando que o processo
de fotocataacutelise heterogecircnea foi eficiente na remoccedilatildeo de
microcistina
Freitas (2008) utilizou o processo UVH2O2 que se
mostrou muito eficiente na remoccedilatildeo de microcistina- LR (de
100 apoacutes 15 minutos para concentraccedilatildeo inicial de 50 μgL-1
de MC-LR) Os experimentos foram conduzidos em reator de
bancada em brossilicato com 250 ml de capacidade equipado
com sistemas de refrigeraccedilatildeo por aacutegua e agitaccedilatildeo magneacutetica
ELIMINACcedilAtildeO DE CIANOTOXINA COM MEacuteTODOS RAacutePIDOS E DE BAIXO CUSTO EM AacuteGUA DE ABASTECIMENTO PUacuteBLICO
78
He et al 2012 mostraram que sob influecircncia de radiaccedilatildeo
UV de 80 mJ cm2 e uma concentraccedilatildeo de H2O2 inicial de 882
mM a toxina MC-LR em concentraccedilatildeo inicial de 1 mM pode ter
remoccedilatildeo de 939 Os experimentos foram realizados em um
aparelho fotoquiacutemico de escala de bancada com baixa pressatildeo
de mercuacuterio e lacircmpadas germicidas que emitiam ondas de
2537 nm
No trabalho de Silva (2015) o reagente fenton foi um
oacutetimo oxidante e coagulante com elevada eficiecircncia da
oxidaccedilatildeo da microcistina-LR no tratamento de aacutegua com alta
concentraccedilatildeo inicial de MC-LR (1024 μgL-1) A concentraccedilatildeo
remanescente e a microcistina-LR foi inferior a 10 μgL-1 nas
faixas de pH 20 45 e 70 e no tempo de oxidaccedilatildeo 50 125 e
20 minutos Com base nos resultados eacute possiacutevel afirmar que o
uso do reagente fenton para a potabilizaccedilatildeo de aacutegua
eutrofizada com elevada cor e mateacuteria orgacircnica pode ser
apropriada uma vez que este complexo atua como um preacute-
oxidante e coagulante com remoccedilatildeo de ateacute 99 de MC-LR
Atualmente esta intensificado o uso de variedades de
POAs na degradaccedilatildeo de cianotoxinas com excelentes
resultados sendo viaacutevel ampliar a escala de aplicaccedilatildeo para
condiccedilotildees reais nas ETAs o que permitiria aacutegua de beber sem
perigo de intoxicaccedilotildees com cianotoxinas Entretanto ainda natildeo
se verifica seu amplo uso nas ETArsquos brasileiras
4 CONCLUSOtildeES
Cianobacteacuterias em aacuteguas de abastecimento
representam perigo potencial para a sauacutede humana e ambiental
pela sua produccedilatildeo e liberaccedilatildeo de toxinas hepatotoacutexicas e
neurotoacutexicas que afetam ao homem e agrave biota em geral O
ELIMINACcedilAtildeO DE CIANOTOXINA COM MEacuteTODOS RAacutePIDOS E DE BAIXO CUSTO EM AacuteGUA DE ABASTECIMENTO PUacuteBLICO
79
tratamento convencional aplicado nas ETAacutes da maioria do
Brasil natildeo satildeo eficientes na remoccedilatildeo dessas cianotoxinas
dissolvidas na aacutegua Para sua eliminaccedilatildeo da aacutegua de beber
satildeo necessaacuterios tratamentos avanccedilados aliados ao tratamento
convencional para retenccedilatildeo de ceacutelulas e das toxinas (carbonos
ativados) e para sua destruiccedilatildeo (POArsquoS) que eliminam os
riscos para o consumo humano
Os processos oxidativos avanccedilados (POArsquos) e o carbono
ativado se mostram bastante eficientes Pela sua simplicidade
baixo custo facilidade de uso e alta eficiecircncia na destruiccedilatildeo de
cianotoxinas se evidenciam como tecnologias de faacutecil acesso
agraves ETAs de todo o paiacutes e em especial agraves da regiatildeo nordeste
onde se verificam com maior frequecircncia corpos aquaacuteticos
eutrofizados com cianotoxinas em elevadas concentraccedilotildees
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
AKTAS O CcedilECcedilEN F Bioregeneratio no factivatedcarbon A reviewInternationalBiodeteriorationamp Biodegradationv59 p 257ndash272 2007 ANTONOPOULOU M A reviewonadvancedoxidation processes for theremovaloftasteand odor compoundsfromaqueous media Waterresearch v53 p215-234 2014 AZEVEDO SMFO CARMICHAEL WW JOCHIMSEN EM RINEHART KL LAU S Shaw GR EAGLESHAM GK Humanintoxicationbymicrocystinsduring renal dialysistreatment in CaruaruBrazil Toxicology v181-182 p441-446 2002 BANSAL RC GOYAL M ActivatedCarbonAdsorption New York 2005 BITTON G Wastewatermicrobiology Copyright New Jersey 2005 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Normas e padratildeo de potabilidade da aacutegua destinada aoconsumo humano Portaria 1469 Brasiacutelia 2000 BRASIL MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE Portaria nordm 2914 de 12 de dezembro de 2011 Dispotildee sobre os procedimentos de controle e de vigilacircncia da qualidade da aacutegua para o consumo humano e seu padratildeo de potabilidade Brasiacutelia Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 2011
ELIMINACcedilAtildeO DE CIANOTOXINA COM MEacuteTODOS RAacutePIDOS E DE BAIXO CUSTO EM AacuteGUA DE ABASTECIMENTO PUacuteBLICO
80
CABRAL Simone Mendes Avaliaccedilatildeo da remoccedilatildeo de Microcystis aeruginosa e microcistina-LR de aacuteguaseutrofiizadasutiiliizando fotocataacutelise heterogecircneaDissertaccedilatildeo (MestradoemCiecircncias e TecnologiaAmbiental)-UniversidadeEstadual da Paraiacuteba Programa de Poacutes- GraduaccedilatildeoemCiecircncia e TecnologiaAmbiental Paraiacuteba 2008 CEBALLOS BSO AZEVEDOSMFdeOBENDATE MM de Fundamentos Bioloacutegicos e Ecoloacutegicos Relacionados aacutes Cianobacteacuterias In Valter Luacutecio de Paacutedua (coordenador) Contribuiccedilatildeo ao estudo da remoccedilatildeo de cianobacteacuterias e microcontaminantes orgacircnicos por meio de teacutecnicas de tratamento de aacutegua para consumo humanoABESq PROSAB Rio de Janeiro p 23 ndash 81 2006 CHORUS I BARTRAM J (Eds)Toxic Cyanobacteria in Water In A Guide to Their Public Health Consequences Monitoring and Management Published by WHO Spon Press London 1999 CHOW CWK et al The impact of conventional water treatment processes on cells of the Cyanobacterium Microcystis aeruginosa Water Research v 33 n 15 p 3253-3262 1999 CHRISTINE C Toxicity of iron and hydrogen peroxide The Fenton reaction Toxicology Letters v 8283 p969-974 1995 CARMICHAEL WW CORAL LA LAPOLLI FR (2014) Cianobacteacuterias em Mananciais de Abastecimento ndash Problemaacutetica e Meacutetodos de RemoccedilatildeoDAE2014066 Press London 1999 DANIEL L A Processos de desinfecccedilatildeo e desinfetantes alternatives naproduccedilatildeo de aacuteguapotaacutevel In Meacutetodosalternativos de desinfecccedilatildeo da aacuteguaPROSAB Satildeo Paulo 2004 DE SOUZA RCR MC Carvalho and AC Truzzi Cylindrospermopsis raciborskii (Wolosz) SeenayaandSubbaRaju (Cyanophyceae) dominanceand a contributiontotheknowledgeof Rio Pequeno arm Billings Reservoir Brazil Environmental ToxicologyandWaterQuality 1998 DI BERNARDO L DANTAS ADB Meacutetodos e teacutecnicas de tratamento de aacutegua v1 2ed RimaSatildeo Carlos 2005 DRIKAS M DIXON M MORRAM J Removalof MIB andgeosminusing granular activatedcarbonwithandwithout MIEX pre-treatment WaterResearchv 43 p 5151- 5159 2009 EL-SHEIKH SM ZHANG G EL-HOSAINY HM ISMAIL AA OSHEA KE FALARAS P KONTOS AG DIONYSIOU DD High performance sulfur nitrogenandcarbondopedmesoporousanatase-brookiteTiO₂photocatalyst for theremovalofmicrocystin- LR undervisible light irradiation JournalHazardMater v280 p723 733 2014 FALCONER IR and AR Humpage Cyanobacterial (blue-greenalgal) toxins in watersupplies Cylindrospermopsis Environmental Toxicology 21 2006
ELIMINACcedilAtildeO DE CIANOTOXINA COM MEacuteTODOS RAacutePIDOS E DE BAIXO CUSTO EM AacuteGUA DE ABASTECIMENTO PUacuteBLICO
81
FREITAS Adriane Martins Utilizaccedilatildeo de processos oxidativos avanccedilados para remediaccedilatildeo de aacuteguas contaminadas com toxinas produzidas por cianobacteacuterias UFC 2008 GUERRA AB TONUCCI MC CEBALLOS BSO GUIMARAtildeES HRC LOPES WS AQUINOSF Remoccedilatildeo de microcistina-LR de aacuteguas eutrofizadas por clarificaccedilatildeo e filtraccedilatildeo seguidas de adsorccedilatildeo em carvatildeo ativado granular Engenharia Sanitaacuteria e Ambiental (Online) v20 p 603-612 2015 HE X PELAEZ M WESTRICK JA OrsquoSHEA KE HISKIA A TRIANTIS T KALOUDIS T STEFAN MI DE LA CRUZ AA DIONYSIOU DD Efficient removal of microcystin-LR by UV-CH2O2 in synthetic and natural water samples Water research v46 p1501-1510 2012 HUANG WJ CHENG B L CHENG Y L Adsorptionofmicrocystin-LR bythreetypesofactivatedcarbon JournalofHazardousMaterials v 141 p 115-122 2007 IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica 2008 Disponiacutevel emhttpwwwibgegovbr acesso em 01 de setembro de 2016 JURCZAK T TARCZYNSKA M IZYDORCZYK K MANKIEWICZ J ZALEWSKI M MERILUOTO J Eliminationofmicrocystinsbywatertreatment processes ndash examplesfromSulejowReservoir Poland WaterResearch v39 p2394-2406 2005 KARDINAAL WEA VISSER PM Dynamics of cyanobacterial toxinsIn HUISMAN JMATTHIJS HCP VISSER PM (Org) HARMFUL CYANOBACTERIA Aquatic Ecology Series v3 2005 KISS T VEHOVSZKY A HIRIPI L KOVACS A VOROS L Membraneeffectsoftoxinsisolatedfrom a cyanobacteriumCylindrospermopsin raciborskii onidentifiedmolluscanneurons ComparativeBiochemistryandPhysiologyPart CToxicologyandPharmacology 131C(2)167-176 2002 KURODA EK Caracterizaccedilatildeo e escolha do tipo de carvatildeo ativado a ser empregado no tratamento de aacutegua contendo microcistins In CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA SANITAacuteRIA E AMBIENTAL Campo Grande Anais Eletrocircnicos Campo Grande 2005 LIMA NNC Remoccedilatildeo de microcistina-LR atraveacutes de adsorccedilatildeo com de carvatildeo ativado Dissertaccedilatildeo de mestrado Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Ciecircncia e Tecnologia Ambiental Universidade Estadual da Paraiacuteba Campina GrandePB p86 2015 LINDEN KG MOHSENI M AdvancedOxidation Processes Applications in DrinkingWaterTreatment ComprehensiveWaterQualityandPurification v2 p148-172 2014
ELIMINACcedilAtildeO DE CIANOTOXINA COM MEacuteTODOS RAacutePIDOS E DE BAIXO CUSTO EM AacuteGUA DE ABASTECIMENTO PUacuteBLICO
82
MUumlLLER CC Raya-Rodriguez MT Cybis LF Adsorccedilatildeo em carvatildeo ativado em poacute para remoccedilatildeo de microcistina de aacutegua de abastecimento puacuteblico EngSanitAmbient | v14 n1 | janmar 2009 | 29-38 2008 NEYENS E BAEYENS J A reviewofclassicFentonrsquosperoxidation as na advancedoxidationtechnique JournalofHazardousMaterials v98 p33-50 2003 OLLER IMS SAacuteNCHEZ-PEacuteREZ JA CombinationofAdvancedOxidation Processes andBiologicaltreatments for wastewater de contamination - A review Science ofthe TotalEnvironment v409 p4141-4166 2011 PADUAacute V L In HELLER L e PAacuteDUA V L Abastecimento de aacutegua para consumo humano UFMG Belo Horizonte 2006 PAacuteDUA V L (Coord) Remoccedilatildeo de microorgansmos emergentes e microcontaminantes orgacircnicos no tratamento de aacutegua para consumo humano Rio de Janeiro ABES2009 PENDLETON P SCHUMANN R WONG S H Microcystin-LR adsorptionbyActivatedcarbon JournalofColloidand Interface Science v 240 p 1-8 2001 SAKER M NEILAN B amp GRIFFITHS D Twomorphologicalformsof Cylindrospermopsis raciborskii (Cyanobacteria) isolatedfromSolomonDam Palm Island Queensland JournalofPhycology 1999 SILVA A G Avaliaccedilatildeo do pH de oxidaccedilatildeo do processo fenton na remoccedilatildeo de microcistina-LR de aacutegua de abastecimento Dissertaccedilatildeo de mestrado Universidade Estadual da Paraiba (UEPB) Campina Grande 2015 SNOEYINK V SUMMERS R S Adsorptionoforganiccompounds In WaterQualityandTreatment A Hand book ofCommunityWaterSupplies Mc Graw Hill Nova York EUA 1990 SHARMA S RUPARELIA JP PATEL ML A general reviewonAdvancedOxidation Processes for watertreatment NUICONE 2011 TEIXEIRA CP E JARDIM WF Caderno Temaacutetico volume 03 ndash Processos oxidativos avanccedilados ndash Conceitos teoacutericos Universidade Estadual de Campinas Unicamp Instituto de Quiacutemica Laboratoacuterio de Quiacutemica Ambiental 2004 TEIXEIRA MGLC COSTA MC N CARVALHO V L P PEREIRA M S P HAGE E Gastroenteritis epidemic in the area of the Itaparica Bahia 1993 TOLEDO B I et al Bisphenol a removalfromwaterbyactivatedcarbon Effectsof carbono characteristicsandsolutionchemistry Environmental Science Technology v39 p 6245 2005 TRATA BRASIL httpwwwtratabrasilorgbrsaneamento-no-brasil acessoem 15 de setembro de 2016 VASCONCELOS VM VENTURA RARB Effectof TiO2 PhotocatalysisontheDestructionof Microcystis aeruginosa
ELIMINACcedilAtildeO DE CIANOTOXINA COM MEacuteTODOS RAacutePIDOS E DE BAIXO CUSTO EM AacuteGUA DE ABASTECIMENTO PUacuteBLICO
83
CellsandDegradationofCyanotoxinsMicrocystin-LR andCylindrospermopsinChemica EngineeringJournal v268 p144-152 2015 VERONESI-VIANA M GIANI A MELO CS GOMES LL LIBAcircNIO M Avaliaccedilatildeo da remoccedilatildeo de saxitoxinas por meio de teacutecnicas de tratamento das aacuteguas de abastecimento Revista de Engenharia Sanitaacuteria e Ambiental v 14 n 2 p 193-204 2009 WANG W et al Discriminatingandassessing ad sorptionandbiodegradationremovalmechanismsduring granular activatedcarbonfiltrationofmicrocystintoxins WaterResearch n 41 p 4262 ndash 4270 2007
QUALIDADE HIacuteDRICA EM CISTERNAS DE PLACA E POLIETILENO DO SEMIAacuteRIDO PERNAMBUCANO
84
CAPIacuteTULO 5
QUALIDADE HIacuteDRICA EM CISTERNAS DE PLACA E POLIETILENO DO SEMIAacuteRIDO
PERNAMBUCANO
Bruna Manoela Pereira de LIMA1
Carlos Roberto Cavalcante de LIRA2
Ravenna Maria Bezerra BARBOSA3
Leandro Gomes VIANA4
Patriacutecia Silva CRUZ5
1 Poacutes-Graduanda em Sauacutede Puacuteblica ndash Autarquia Educacional do Belo Jardim-AEB-FBJ 23 Graduados em Licenciatura em Ciecircncias Bioloacutegicas ndash Universidade Estadual do Vale do
Acarauacute ndash UVA 4 Poacutes- Graduando em Ciecircncia e Tecnologia Ambiental ndash MCTAUEPB 5Orientadora ndash Universidade Estadual da Paraiacuteba ndash UEPB
E-mail patriciacruz_biologahotmailcom
RESUMO O presente estudo objetivou avaliar a qualidade (fiacutesica quiacutemica e microbioloacutegica) da aacutegua armazenada em 12 cisternas (placas e polietileno) com distintas fontes de captaccedilatildeo instaladas no semiaacuterido pernambucano Para levantamento dos dados foram realizadas visitas teacutecnicas nas comunidades contempladas com as cisternas distribuiacutedas pelo Programa do Governo Federal (Aacutegua para Todos) Para compor o universo amostral foram selecionadas 12 cisternas (sendo 06 de placas e 06 de polietileno) distribuiacutedas de forma aleatoacuteria e com distintas fontes de captaccedilatildeo cujas anaacutelises foram realizadas em parceria com o LEAq ndash Laboratoacuterio de Ecologia Aquaacutetica e com o LACEN (Laboratoacuterio Anaacutelises de Aacutegua) Pode-se observar que para as anaacutelises fiacutesicas e quiacutemicas todas as cisternas atenderam ao padratildeo de potabilidade estabelecido pela legislaccedilatildeo vigente exceto para a turbidez que apresentou-se acima dos padrotildees estabelecidos Para a anaacutelise
QUALIDADE HIacuteDRICA EM CISTERNAS DE PLACA E POLIETILENO DO SEMIAacuteRIDO PERNAMBUCANO
85
microbioloacutegica todas as cisternas (placas e polietileno) apresentaram contaminaccedilatildeo por coliformes totais e Escherichia coli (exceto C1 e C2) provavelmente associadas a fonte de abastecimento (carros-pipa) e ao manejo inadequado Ressalta-se portanto a relevacircncia do desenvolvimento de accedilotildees de educaccedilatildeo sanitaacuteria continuada como ferramenta para a conservaccedilatildeo da qualidade da aacutegua armazenada e a adoccedilatildeo de medidas preventivas que atuem como barreiras sanitaacuterias que possam minimizar os riscos agrave sauacutede da populaccedilatildeo abastecida Palavras- Chave Captaccedilatildeo de aacutegua Cisterna de placa Cisterna de Polietileno
1 INTRODUCcedilAtildeO
O baixo iacutendice pluviomeacutetrico da regiatildeo Nordeste do Brasil
influencia diretamente a qualidade da aacutegua disponibilizada para
a populaccedilatildeo chamando a atenccedilatildeo para dois problemas de
grande relevacircncia social caracterizados pela necessidade de
captaccedilatildeo da aacutegua oriunda das chuvas na tentativa de amenizar
a escassez hiacutedrica (SOUZA et al2011) e suprir a necessidade
de abastecimento nas residecircncias juntamente com a
preocupaccedilatildeo de se estar consumindo uma aacutegua isenta de
microrganismos patogecircnicos
Segundo o Group Raindrops (2002) a qualidade da aacutegua de
chuva eacute determinada pelo local de coleta e sua exposiccedilatildeo aos
agentes contaminantes durante a accedilatildeo de captaccedilatildeo transporte
e armazenamento (XAVIER 2009)
O uso de cisternas como sistema de captaccedilatildeo de aacutegua de
chuva tem se mostrado como uma alternativa para minimizar a
carecircncia hiacutedrica no semiaacuterido brasileiro (RODRIGUES et
QUALIDADE HIacuteDRICA EM CISTERNAS DE PLACA E POLIETILENO DO SEMIAacuteRIDO PERNAMBUCANO
86
al2007) sendo necessaacuterio uma atenccedilatildeo direcionada a
qualidade da aacutegua armazenada haja visto que esta pode ser
afetada por diversos fatores entre eles o manejo inadequado
Para Amorin Porto (2003) a utilizaccedilatildeo das cisternas visatildeo
suprir a carecircncia de aacutegua das pessoas que convivem com a
seca mas embora construiacutedas com a finalidade de captar aacutegua
proveniente das chuvas que geralmente satildeo excelentes para
vaacuterios usos incluindo o consumo humano podem ser
abastecidas com aacutegua de outras fontes a exemplo de carros-
pipa o que contribui para natildeo confiabilidade da potabilidade da
aacutegua armazenada
A qualidade da aacutegua da cisterna estaacute diretamente associada
ao manejo seja o manejo da aacutegua pelo morador seja o manejo
fiacutesico do sistema de captaccedilatildeo e armazenamento Manter a
cisterna iacutentegra fechada livre de animais fazer a lavagem
anual do reservatoacuterio como tambeacutem a manutenccedilatildeo do sistema
de captaccedilatildeo bem como o manejo correto da utilizaccedilatildeo da
bomba manual e sistema de desvio das primeiras aacuteguas no
conjunto reflete boas praacuteticas de manejo fiacutesico do sistema
(XAVIER 2010)
Outras barreiras fiacutesicas tambeacutem podem ser providenciadas
como limpeza frequente e manutenccedilatildeo da cisterna a natildeo
utilizaccedilatildeo de baldes e cordas para o processo de retirada da
aacutegua telamento das entradas e saiacutedas das cisternas aleacutem da
verificaccedilatildeo da existecircncia de rachaduras e problemas com as
tampas das cisternas que podem se tornar portas de entradas
para contaminantes (AMORIM PORTO 2003) Diante do
exposto o presente estudo objetivou avaliar a qualidade (fiacutesica
quiacutemica e microbioloacutegica) da aacutegua armazenada em 12 cisternas
(placas e polietileno) com distintas fontes de captaccedilatildeo
instaladas no semiaacuterido pernambucano
QUALIDADE HIacuteDRICA EM CISTERNAS DE PLACA E POLIETILENO DO SEMIAacuteRIDO PERNAMBUCANO
87
2 MATERIAL E MEacuteTODOS
O estudo foi realizado no municiacutepio de Tuparetama
localizado na Macrorregiatildeo do Sertatildeo Pernambucano e na
Microrregiatildeo do Pajeuacute com posiccedilatildeo geograacutefica determinada
pelo paralelo de -7ordm 36 0725 da latitude -37 18 396 de longitude
e clima eacute semiaacuterido quente com temperaturas variando entre
20ordm C e 36ordmC (IBGE 2010)
Para levantamento dos dados foram realizadas visitas
teacutecnicas nas comunidades contempladas com as cisternas
distribuiacutedas pelo Programa do Governo Federal (Aacutegua para
Todos) Para compor o universo amostral foram selecionadas
12 cisternas (sendo 06 de placas e 06 de polietileno)
distribuiacutedas de forma aleatoacuteria e com distintas fontes de
captaccedilatildeo (Figura 1)
Figura 1 Mapa de Distribuiccedilatildeo e identificaccedilatildeo das Cisternas Tuparetama-PE
Fonte Autores 2014
QUALIDADE HIacuteDRICA EM CISTERNAS DE PLACA E POLIETILENO DO SEMIAacuteRIDO PERNAMBUCANO
88
As coletas foram realizadas nas 12 cisternas no mecircs de
abril de 2014 Os paracircmetros analisados e metodologia estatildeo
dispostos na tabela 1 onde a coleta transporte preservaccedilatildeo e
anaacutelise das amostras seguiram as recomendaccedilotildees do Standard
Methods for the Examination of Water and Wastewater (AWWA
2005)
Tabela 1 Meacutetodos utilizados na anaacutelise das variaacuteveis de qualidade da aacutegua
Variaacutevel Unidade Meacutetodo Anotaccedilotildees
pH -------- Potenciomeacutetrico pHmetro Tecnal
Cor Aparente mgPt- Co∕L Eletromeacutetrico
AWWA (2005)
Turbidez UT Eletromeacutetrico
Turbidimetro
Soacutelidos Dissolvidos Totais mg∕L Caacutepsulas AWWA (2005)
Coliformes Totais e Termotolerantes UFC Membrana Filtrante
AWWA (2005)
As anaacutelises foram realizadas em parceria com o LEAq ndash
Laboratoacuterio de Ecologia Aquaacutetica com sede na Universidade
Estadual da Paraiacuteba (UEPB) e com o LACEN (Laboratoacuterio
Anaacutelises de Aacutegua) Os dados foram analisados atraveacutes de
representaccedilotildees graacuteficas realizadas com o programa
computacional Microsoft Office Excel 2010
QUALIDADE HIacuteDRICA EM CISTERNAS DE PLACA E POLIETILENO DO SEMIAacuteRIDO PERNAMBUCANO
89
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
Os resultados obtidos foram confrontados com a Portaria Nordm
2914 de 12 de Dezembro de 2011 que estabelece padrotildees de
potabilidade para aacuteguas utilizadas no abastecimento humano
Pode-se observar que em todas as cisternas o pH variou
entre 721 - 854 conforme a figura 2 estando dentro do limite
estabelecido pela legislaccedilatildeo vigente Nas cisternas C1 C6 C8
C10 C11 e C12 (cisternas de placa) essa variaacutevel apresentou
valores na faixa de 726 - 854 representando uma
concentraccedilatildeo aceitaacutevel para consumo humano no entanto
esses resultados verificados podem estar associados com a
dissoluccedilatildeo de compostos presentes nos materiais utilizados na
construccedilatildeo das cisternas
Segundo Mantovani et al (2012) a aacutegua da chuva em
contato com superfiacutecies que contenha cimento pode ocasionar
a dissoluccedilatildeo do mesmo removendo assim carbonato de caacutelcio
(CaCO3) e elevando os teores de pH Provavelmente o
aumento do niacutevel dessa variaacutevel esteja associado agrave influecircncia
de iacuteons de carbonatos (CO32) e bicarbonatos (HCO3) liberados
do cimento Vale ressaltar que C1 foi construiacuteda haacute menos de
01 ano fator facilitador para a elevaccedilatildeo do pH
QUALIDADE HIacuteDRICA EM CISTERNAS DE PLACA E POLIETILENO DO SEMIAacuteRIDO PERNAMBUCANO
90
Figura 2 Valores de pH registrados nas cisternas TuparetamandashPE
A cor aparente nas amostras apresentou valor miacutenimo de
23 Pt-CoL (cisternas de polietileno) e maacutexima de 101 Pt-CoL
(cisternas de placas) atendendo dessa forma os padrotildees
exigidos pela portaria (Figura 3)
QUALIDADE HIacuteDRICA EM CISTERNAS DE PLACA E POLIETILENO DO SEMIAacuteRIDO PERNAMBUCANO
91
Figura 3 Valores de Cor registrados nas cisternas Tuparetama ndashPE
No que diz respeito agrave cisterna C7 o manejo aplicado pela
famiacutelia consiste no desvio da aacutegua da primeira chuva aleacutem de
contar com o fato de que a estrutura da cisterna eacute de material
que natildeo sofre diluiccedilatildeo em contato constante com a aacutegua
(cisterna de polietileno) No entanto a elevaccedilatildeo da cor
observada em C11 pode estar relacionada com o material
constituinte (cisterna de placa) aleacutem desta ser abastecida por
carro-pipa cuja origem da aacutegua captada eacute desconhecida e natildeo
passar por limpezas perioacutedicas Essa variaccedilatildeo encontrada entre
as cisternas supracitadas pode ser considerada como um fator
que estaacute correlacionado com accedilotildees que visam criar barreiras
fiacutesicas aos possiacuteveis contaminantes
De acordo com Scorsafava et al (2010) o paracircmetro
fiacutesico relacionado a cor indica a presenccedila de soacutelidos
dissolvidos sejam eles orgacircnicos ou inorgacircnicos relacionando
assim esse fator aos cuidados de limpeza e manutenccedilatildeo do
sistema de coleta
QUALIDADE HIacuteDRICA EM CISTERNAS DE PLACA E POLIETILENO DO SEMIAacuteRIDO PERNAMBUCANO
92
Em detrimento das condiccedilotildees encontradas algumas
medidas podem ser adotadas para evitar a entrada de
contaminantes nas cisternas dentre elas a limpeza e
manutenccedilatildeo perioacutedica do sistema de coleta e da cisterna
desvio da primeira aacutegua retirada da aacutegua evitando a utilizaccedilatildeo
instrumentos em condiccedilotildees higiecircnicas precaacuterias aleacutem do uso
comum destes recipientes para outras atividades Amorim Porto
(2003)
Verificou-se que a turbidez esteve fora dos limites
estabelecidos pela Portaria vigente (50 UT) em todas as
cisternas em estudo (Figura 4) provavelmente associado agrave
presenccedila de material particulado (LEAL LIBAcircNIO 2002)
Figura 4 Valores de Turbidez registrados nas cisternas Tuparetama ndashPE
QUALIDADE HIacuteDRICA EM CISTERNAS DE PLACA E POLIETILENO DO SEMIAacuteRIDO PERNAMBUCANO
93
Os resultados encontrados provavelmente podem estar
associados a dois fatores a turbidez dos corpos drsquoaacutegua da
regiatildeo que satildeo naturalmente turvas em decorrecircncia das
caracteriacutesticas geoloacutegicas das bacias de drenagem dos iacutendices
pluviomeacutetricos e do uso de praacuteticas agriacutecolas muitas vezes
inadequadas para as cisternas abastecidas por carro-pipa cuja
origem da aacutegua captada eacute desconhecida e em decorrecircncia da
precipitaccedilatildeo que pode carrear partiacuteculas de argila silte areia e
fragmentos de rocha que se natildeo desviados na primeira chuva
iratildeo se depositar nas cisternas sejam elas de placa ou de
polietileno (LIBAcircNIO (2010)
Segundo Kato et al (2006) esse registro pode estaacute
associado agrave ressuspensatildeo dos sedimentos acumulados no
fundo na cisterna por accedilatildeo das chuvas Em todas as amostras
os valores de soacutelidos dissolvidos totais (SDT) foram inferiores
ao VMP da Portaria (1000 mgL) Independente do material
constituinte (placas ou polietileno) todas as cisternas
abastecidas por carro-pipa exceto C3 (sem desvio)
apresentaram concentraccedilotildees dessa variaacutevel acima de 230
mgL Para as cisternas cuja aacutegua eacute captada atraveacutes da chuva
as concentraccedilotildees de soacutelidos variaram entre 14-104 mgL
(Figura 5)
QUALIDADE HIacuteDRICA EM CISTERNAS DE PLACA E POLIETILENO DO SEMIAacuteRIDO PERNAMBUCANO
94
Figura 5 Valores de Soacutelidos Totais Dissolvidos (STD) registrados nas cisternas Tuparetama ndashPE
Quanto aos aspectos microbioloacutegicos (coliformes totais e
Escherichia coli) verificou-se que em todas as cisternas (placas
e polietileno) foram encontradas a presenccedila de bacteacuterias do
grupo coliformes e a presenccedila de Escherichia coli exceto em
C1 e C2 (Tabela 2)
Tabela 2 Anaacutelise microbioloacutegica verificada nas cisternas Tuparetama ndashPE
CISTERNAS COLIFORMES TOTAIS COLIFORMES
TERMOTOLERANTES-
ESCHERICHIA COLI
C1 Presenccedila Ausecircncia
C2 Presenccedila Ausecircncia
C3 Presenccedila Presenccedila
C4 Presenccedila Presenccedila
C5 Presenccedila Presenccedila
C6 Presenccedila Presenccedila
QUALIDADE HIacuteDRICA EM CISTERNAS DE PLACA E POLIETILENO DO SEMIAacuteRIDO PERNAMBUCANO
95
C7 Presenccedila Presenccedila
C8 Presenccedila Presenccedila
C9 Presenccedila Presenccedila
C10 Presenccedila Presenccedila
C11 Presenccedila Presenccedila
C12 Presenccedila Presenccedila
A incidecircncia de Coliformes totais e Escherichia coli nas
cisternas podem ser provavelmente justificada por estas
apresentarem estrutura fiacutesica com deterioraccedilatildeo ocasionadas
pelo tempo (fendas tampas de zinco enferrujadas e
quebradas) para as de placas aleacutem da retirada da aacutegua de
forma manual com a utilizaccedilatildeo de baldes e cordas que muitas
vezes entram em contato com animais e atuam como facilitador
para contaminaccedilatildeo da aacutegua existente no reservatoacuterio seja ele
de placa ou de polietileno
A constataccedilatildeo da presenccedila do grupo coliforme nas
amostras coletadas assume um papel fundamental como
paracircmetro indicador da possibilidade da existecircncia de
microrganismos nocivos agrave sauacutede isso por que os mesmos satildeo
responsaacuteveis pela transmissatildeo de doenccedilas de veiculaccedilatildeo
hiacutedrica tais como verminoses coacutelera entre outras (BRITO et al
2005)
Segundo Franco e Landgraf (2001) essa contaminaccedilatildeo
relacionada a coliformes totais eacute decorrente da presenccedila de
animais de sangue quente como aves gatos entre outros
animais que passam nas proximidades Embora os riscos
epidemioloacutegicos associados agraves cisternas sejam pequenos os
estudos mais atuais recomendam que todo empenho seja feito
para diminuir a contaminaccedilatildeo das aacuteguas das cisternas
utilizadas para consumo humano (ANDRADE NETO 2003)
QUALIDADE HIacuteDRICA EM CISTERNAS DE PLACA E POLIETILENO DO SEMIAacuteRIDO PERNAMBUCANO
96
pois mesmo que o aproveitamento de aacutegua de chuva seja uma
soluccedilatildeo atraente do ponto de vista ecoloacutegico potenciais riscos
agrave sauacutede da ingestatildeo de aacutegua de chuva coletada relacionados agrave
contaminaccedilatildeo microbioloacutegica devem ser levados em conta
(SAZAKLI et al (2007) VIALLE 2011)
4 CONCLUSOtildeES
Pode-se constatar que embora as famiacutelias beneficiadas
pelas cisternas estejam ldquosatisfeitasrdquo com a aacutegua armazenada
nestas foi evidenciado em todas as cisternas a presenccedila de
bacteacuterias do grupo coliformes totais e Escherichia coli (exceto
C1 e C2) provavelmente associadas a fonte de abastecimento
(carros-pipa) e ao manejo inadequado Ressalta-se portanto a
relevacircncia do desenvolvimento de accedilotildees de educaccedilatildeo sanitaacuteria
continuada como ferramenta para a conservaccedilatildeo da qualidade
da aacutegua armazenada e a adoccedilatildeo de medidas preventivas que
atuem como barreiras sanitaacuterias que possam minimizar os
riscos agrave sauacutede da populaccedilatildeo abastecida
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
AMERICAM PUBLIC HEALTH ASSOCIATION Standard methods for the examination of water and wastewater 19 ed Washington DC APHA ndash AWWA ndash WPCF 2005 AMORIM MCC PORTO ER (2003) Consideraccedilotildees sobre controle e vigilacircncia da qualidade de aacutegua de cisternas e seus tratamentos In Anais do Simpoacutesio Brasileiro de Captaccedilatildeo e Manejo de Aacutegua de Chuva 2003 Juazeiro CD Rom 2003 ANDRADE NETO C O (2003) Seguranccedila sanitaacuteria das cisternas rurais In Anais do IV Simpoacutesio Brasileiro de Captaccedilatildeo e Manejo de Aacutegua de Chuva Associaccedilatildeo Brasileira de Captaccedilatildeo e Manejo de Aacutegua de Chuva Juazeiro 2003
QUALIDADE HIacuteDRICA EM CISTERNAS DE PLACA E POLIETILENO DO SEMIAacuteRIDO PERNAMBUCANO
97
BRITO L T L PORTO E R SILVA A S SILVA M S L HERMES L C MARTINS S S (2005) Avaliaccedilatildeo das caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas e bacterioloacutegicas das aacuteguas de cisternas da comunidade de Atalho Petrolina-PE In Anais do 5ordm Simpoacutesio Brasileiro de Captaccedilatildeo e Manejo de Aacutegua de Chuva Teresina Jul 2005 FRANCO B D G DE MELO LANDGRAF M (2001) Microbiologia dos Alimentos Satildeo Paulo Atheneu 192 p IBGE INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Produccedilatildeo agriacutecola municipal 2010 Disponiacutevel em WWWcnpmfembrapabrplanilhaslaranja_Brasil_2011pdfACESSADO acesso em 10032014 KATO M T PERAZZO G M FLOREcircNCIO L SANTOS S G (2006) Qualidade de aacutegua de cisternas utilizada para fins de consumo humano no municiacutepio de Poccedilo Redondo SE In Anais do III Seminaacuterio Internacional de Engenharia de Sauacutede Puacuteblica Fortaleza Mar 2006 pp 157-164 LEAL FCT LIBAcircNIO M (2002) Estudo da remoccedilatildeo da cor por coagulaccedilatildeo quiacutemica no tratamento convencional de aacuteguas de abastecimento Revista Engenharia Sanitaacuteria e Ambiental v 7 n 3 pp 117-128 LIBAcircNIO M (2010) Fundamento de qualidade e tratamento de aacutegua 3 ed Satildeo Paulo Aacutetomo 496 p MANTOVANI D CORAZZA ML CARDOZO FILHO L COSTA S C SCHMIDT C A P (2012) Levantamento Pluviomeacutetrico e Qualidade Microbioloacutegica e Fiacutesico-Quiacutemica da Aacutegua da Chuva na Cidade de Maringaacute Paranaacute Revista Tecnoloacutegica v 1 n 21 pp 93-102 RODRIGUES H K SANTOS L A BARCELOS HP PAacuteDUA VL Dispositivo automaacutetico de descarte da primeira aacutegua de chuva In Anais do 6ordm Simpoacutesio Brasileiro de Captaccedilatildeo e Manejo de Aacutegua de Chuva Belo Horizonte Jul 2007 SAZAKLI E ALEXOPOULOS A LOTSINIDIS M (2007) Rainwater harvesting quality assessment and utilization in Kefalonia Island Greece Water Research v 41 n 9 pp 2039-2047 SCORSAFAVA M A SOUZA A STOFER M NUNES C A MILANEZ T V (2010) Avaliaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica da qualidade de aacutegua de poccedilos e minas destinada ao consumo humano Revista do Instituto Adolfo Lutz v 69 n 2 pp 229-232 SOUZA S H B MONTENEGRO S M G L SANTOS S M S PESSOA S G S (2011) Avaliaccedilatildeo da qualidade da aacutegua e da eficaacutecia de Barreiras Sanitaacuterias para aproveitamento de aacuteguas de chuva Revista Brasileira de Recursos Hiacutedricos v 16 n 3 pp 81-93 XAVIER R P NOacuteBREGA R L B MIRANDA P C de GALVAtildeO C O CEBALLOS B S O de (2009) Avaliaccedilatildeo da eficiecircncia de dois tipos de
QUALIDADE HIacuteDRICA EM CISTERNAS DE PLACA E POLIETILENO DO SEMIAacuteRIDO PERNAMBUCANO
98
desvios das primeiras aacuteguas na melhoria da qualidade da aacutegua de cisternas rurais In Anais do 7deg SIMPOacuteSIO BRASILEIRO DE CAPTACcedilAtildeO E MANEJO DE AacuteGUA DE CHUVA Caruaru Set 2009 XAVIER R P Influecircncia de barreiras sanitaacuterias na qualidade da aacutegua de chuva armazenada em cisternas no semiaacuterido paraibano Dissertaccedilatildeo apresentada ao Programa de Poacutes- Graduaccedilatildeo da Universidade Federal de Campina Grande 2010
ANTIMICROBIANOS EM AMBIENTES AQUAacuteTICOS UMA PROPOSTA DE INCLUSAtildeO DE ANAacuteLISE DE RESISTEcircNCIA BACTERIANA
99
CAPIacuteTULO 6
ANTIMICROBIANOS EM AMBIENTES AQUAacuteTICOS UMA PROPOSTA DE INCLUSAtildeO DE ANAacuteLISE DE RESISTEcircNCIA BACTERIANA COMO
PARTE DA AVALIACcedilAtildeO DA QUALIDADE DA AacuteGUA PARA CONSUMO HUMANO
Ermeton Duarte DO NASCIMENTO 1
Roseanne da Cunha UCHOcircA 2
Giselle Medeiros da Costa ONE 3 Magnoacutelia Fernandes Florecircncio DE ARAUacuteJO 4
1 Professor do DMP UFRN 2 Professora do DOD UFPB 3 Professora do Instituto BioLab PB 4 Professora do DMP UFRN
ermeton_duarteyahoocombr
RESUMO A resistecircncia aos antimicrobianos eacute considerada hoje um seacuterio problema de sauacutede puacuteblica em todo o mundo e vaacuterios mananciais se encontram contaminados por bacteacuterias resistentes a essas drogas Nesse contexto a veiculaccedilatildeo desses microrganismos na aacutegua de consumo utilizada pelas comunidades representa um problema mais seacuterio principalmente em aacutereas afastadas dos grandes centros onde ainda se observa uma carecircncia de serviccedilos de sauacutede As unidades de sauacutede especializadas se encontram em cidades polos geralmente distantes de comunidades menores e um processo infeccioso causado por uma bacteacuteria resistente nessas circunstacircncias pode ser extremamente perigoso Sendo assim este artigo traz agrave discussatildeo a proposta da inclusatildeo desses microrganismos no rol dos indicadores de risco para a sauacutede humana na aacuterea de qualidade da aacutegua do nuacutecleo de Vigilacircncia Ambiental em Sauacutede em conjunto com outras medidas para monitoramento controle e prevenccedilatildeo da contaminaccedilatildeo desses recursos bem como a formulaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas e parcerias entre os diferentes niacuteveis de
ANTIMICROBIANOS EM AMBIENTES AQUAacuteTICOS UMA PROPOSTA DE INCLUSAtildeO DE ANAacuteLISE DE RESISTEcircNCIA BACTERIANA
100
gestatildeo de modo a facilitar o acompanhamento e a mitigaccedilatildeo dos efeitos e dos riscos que a contaminaccedilatildeo ambiental por bacteacuterias resistentes aos antibioacuteticos podem trazer para a sauacutede da populaccedilatildeo Palavras-chave Ambiente aquaacutetico Resistecircncia microbiana a medicamentos Vigilacircncia em sauacutede
1 INTRODUCcedilAtildeO
A existecircncia do homem na terra eacute marcada pelo sucesso
da experiecircncia do conviacutevio com os outros seres vivos e pela
adaptaccedilatildeo agraves diferentes nuances e inuacutemeras mudanccedilas do
meio ambiente Entretanto apesar de amparado no
desenvolvimento cientiacutefico e tecnoloacutegico sua sobrevivecircncia agrave
exposiccedilatildeo aos diferentes agentes etioloacutegicos doenccedilas e
agravos parece ser um dos seus maiores desafios
Desde antes da era comum o ser humano luta contra os
organismos responsaacuteveis pelo desenvolvimento de processos
infecciosos e a descoberta do antibioacutetico penicilina em 1928
trouxe uma maior vantagem para essa luta (FRANCO et al
2009) Poreacutem apoacutes a descoberta desse medicamento um novo
evento foi observado vaacuterios microrganismos antes sensiacuteveis a
essa nova droga se tornaram resistentes (LOWY 2003) e deu-
se iniacutecio a uma nova batalha de um lado o homem descobrindo
novos faacutermacos na tentativa de se proteger das infecccedilotildees e do
outro lado os microrganismos tentando sobreviver aos
antibioacuteticos (MARTIacuteNEZ COQUE BAQUERO 2015)
O fenocircmento da resistecircncia antibioacutetica eacute atualmente
considerado um grave problema de sauacutede puacuteblica mundial
ANTIMICROBIANOS EM AMBIENTES AQUAacuteTICOS UMA PROPOSTA DE INCLUSAtildeO DE ANAacuteLISE DE RESISTEcircNCIA BACTERIANA
101
(AMINOV 2009) e se tornou ainda mais seacuterio porque foram
encontradas diferentes espeacutecies bacterianas resistentes aos
antibioacuteticos contaminando outros ambientes aleacutem do
hospitalar inclusive a aacutegua utilizada para consumo humano
(ADZITEY NAFISAH HARUNA 2015)
A resistecircncia antibioacutetica foi inicialmente detectada nos
ambientes hospitalares e diversos estudos mostraram que se
daacute em decorrecircncia de um maior uso dessas drogas nesses
ambientes que acaba por selecionar as cepas mais resistentes
um fenocircmeno conhecido como pressatildeo seletiva (MARTIacuteNEZ
2008 MARTIacuteNEZ COQUE BAQUERO 2015) Acreditava-se
que apenas as bacteacuterias no ambiente hospitalar apresentavam
esse tipo de resistecircncia e que o seu surgimento se dava
somente quando uma bacteacuteria resistente transferia genes de
resistecircncia para uma bacteacuteria sensiacutevel Entretanto a
descoberta de bacteacuterias resistentes a antibioacuteticos isoladas do
material de pergelissolo tipo de solo encontrado na regiatildeo do
Aacutertico datado de aproximadamente 30000 anos trouxe uma
nova perspectiva para a temaacutetica a resistecircncia antibioacutetica jaacute
existia no meio ambiente mesmo antes do iniacutecio do uso dos
antibioacuteticos na praacutetica cliacutenica (NESME SIMONET 2015)
Para compreender esse processo eacute importante assumir
que cepas bacterianas diferentes poreacutem de uma mesma
espeacutecie isoladas de qualquer tipo de amostra podem
apresentar diferentes padrotildees de susceptibilidade a uma
mesma droga Nas amostras ambientais em locais onde nunca
houve antes o contato com o ser humano ou os seus dejetos
as cepas ambientais normalmente apresentam resistecircncia a
ANTIMICROBIANOS EM AMBIENTES AQUAacuteTICOS UMA PROPOSTA DE INCLUSAtildeO DE ANAacuteLISE DE RESISTEcircNCIA BACTERIANA
102
determinados antimicrobianos em concentraccedilotildees mais baixas
do que aquelas usadas no ambiente hospitalar (AMINOV
2009) Entretanto as espeacutecies ambientais em decorrecircncia da
troca de material geneacutetico com bacteacuterias mais resistentes
tambeacutem podem expressar resistecircncia a determinadas drogas
na mesma concentraccedilatildeo usada no ambiente cliacutenico ou
hospitalar (MARTIacuteNEZ COQUE BAQUERO 2015) Vale
salientar que o ambiente aquaacutetico eacute um excelente meio para a
troca de material geneacutetico intra e inter-especiacutefica ou seja entre
indiviacuteduos da mesma espeacutecie ou de espeacutecies diferentes
(NASCIMENTO MAESTRO CAMPOS 2001) e o surgimento
de bacteacuterias resistentes aos antibioacuteticos nos ambientes
aquaacuteticos tem crescido consideravelmente (MIYAKE
KASAHARA MORISAKI 2003)
De uma forma geral a propagaccedilatildeo de bacteacuterias
resistentes e de genes de resistecircncia pode ser influenciada por
vaacuterios fatores tais como falta de saneamento aglomeraccedilotildees
viagens e agrupamento de pessoas suscetiacuteveis como idosos
e crianccedilas por exemplo Aleacutem de que as diferenccedilas de
protocolos de prescriccedilatildeo medicamentosa ausecircncia de poliacuteticas
de controle do uso racional de antibioacuteticos e variaacuteveis
socioeconocircmicas como baixa escolaridade podem influenciar
o consumo indiscriminado dessas drogas e consequentemente
tambeacutem levar ao desenvolvimento da resistecircncia bacteriana
(BRUINSMA et al 2002) Nesse contexto tambeacutem eacute
importante ressaltar que o uso descontrolado dos antibioacuteticos
nas atividades pecuaacuterias e de cultivo tem levado agrave
ANTIMICROBIANOS EM AMBIENTES AQUAacuteTICOS UMA PROPOSTA DE INCLUSAtildeO DE ANAacuteLISE DE RESISTEcircNCIA BACTERIANA
103
contaminaccedilatildeo dos ambientes aquaacuteticos e aacute seleccedilatildeo de
microrganismos resistentes (BILA DEZOTTI 2003)
No Brasil jaacute foram identificadas bacteacuterias resistentes aos
antibioacuteticos em aacutegua de rio (COUTINHO et al 2014) lago e
lagoa (SALLOTO et al 2012 MARTINS et al 2014) e do mar
(SALLOTO et al 2012 COUTINHO et al 2014) Tambeacutem jaacute
foram identificadas bacteacuterias resistentes em estaccedilotildees de
tratamento de esgotos (RIBEIRO 2011) em aacutegua de tanques
usados para aquicultura (CARVALHO et al 2013) e ateacute mesmo
em aacutegua de beber (LASCOWSKI et al 2013) Esse cenaacuterio se
torna mais preocupante porque em algumas regiotildees brasileiras
o uso da aacutegua apresenta certas limitaccedilotildees em decorrecircncia da
sua escassez (BEZERRA MATTOS BECKER 2011
CAMPOS 2014)
A regiatildeo semiaacuterida brasileira eacute um exemplo de como a
escassez hiacutedrica pode aumentar o problema da contaminaccedilatildeo
dos mananciais A aacutegua nessa regiatildeo eacute geralmente
armazenada a partir da construccedilatildeo de adutoras ou mesmo em
reservatoacuterios (BRANCO SINISGALLI 2011) poreacutem por natildeo
possuiacuterem um esgotamento sanitaacuterio apropriado a maioria das
comunidades usuaacuterias desses recursos hiacutedricos nessas
localidades destina seus dejetos para os corpos drsquoaacutegua e
podem levar a contaminaccedilatildeo dos reservatoacuterios (SILVA et al
2007 CIRILO 2008)
Segundo Lazzaro et al (2003) grande parte dos
reservatoacuterios da regiatildeo semiaacuterida do nordeste brasileiro
encontra-se em estado eutroacutefico ou hipertroacutefico contaminados
por bacteacuterias de importacircncia meacutedica (NASCIMENTO ARAUacuteJO
ANTIMICROBIANOS EM AMBIENTES AQUAacuteTICOS UMA PROPOSTA DE INCLUSAtildeO DE ANAacuteLISE DE RESISTEcircNCIA BACTERIANA
104
2013) podendo servir de veiacuteculo para vaacuterias doenccedilas (CIRILO
2008) Entretanto natildeo eacute apenas na regiatildeo nordeste do Brasil
que encontramos ambientes aquaacuteticos contaminados O
relatoacuterio da Agecircncia Nacional de Aacuteguas - ANA (2015) sobre a
situaccedilatildeo dos recursos hiacutedricos brasileiros mostra que em todo
o paiacutes os iacutendices de qualidade da aacutegua ndashIQA apontam para uma
prevalecircncia de 43 desses recursos com qualidade variando
entre regular e ruim nas aacutereas urbanas Essa contaminaccedilatildeo eacute
associada aos baixos iacutendices de coleta e tratamento de esgoto
domeacutestico como apontam vaacuterios trabalhos desenvolvidos na
regiatildeo Norte (CUNHA et al 2004) Centro-oeste
(VASCONCELOS SERAFINI MARQUES 1999) Sul
(FUENTEFRIA FERREIRA CORCcedilAtildeO 2011) e Sudeste do
paiacutes (BARCELLOS et al 2006) e podem aumentar a incidecircncia
de doenccedilas de veiculaccedilatildeo hiacutedrica nessas localidades (ANA
2015)
Ainda segundo o relatoacuterio da ANA (2015) na maioria
desses Estados a aacutegua das comunidades eacute usada
principalmente para irrigaccedilatildeo saneamento abastecimento
urbano e diluiccedilatildeo de efluentes Considerando a baixa qualidade
dessas aacuteguas eacute importante ressaltar que no Brasil poucos
estudos sobre a resistecircncia antimicrobiana foram realizados
sobre bacteacuterias contaminantes da aacutegua de consumo Segundo
Do Nascimento e Araujo (2014) nos uacuteltimos 25 anos a maioria
dos trabalhos realizados no Brasil sobre resistecircncia bacteriana
aos antimicrobianos nos ambientes aquaacuteticos satildeo focados na
aacuterea de aquicultura Consequentemente se faz necessaacuterio um
olhar mais cuidadoso sobre a contaminaccedilatildeo dos ambientes
ANTIMICROBIANOS EM AMBIENTES AQUAacuteTICOS UMA PROPOSTA DE INCLUSAtildeO DE ANAacuteLISE DE RESISTEcircNCIA BACTERIANA
105
aquaacuteticos principalmente pela carecircncia de trabalhos sobre a
resistecircncia bacteriana aos antibioacuteticos nesses ambientes no
Brasil
Nesse contexto a veiculaccedilatildeo de microrganismos
resistentes a um ou a vaacuterios antimicrobianos na aacutegua de
consumo utilizada pelas comunidades representa um problema
mais seacuterio principalmente em aacutereas afastadas dos grandes
centros onde ainda se observa uma carecircncia de serviccedilos de
sauacutede e as unidades especializadas em sauacutede se encontram
em cidades polos geralmente distantes de comunidades
menores e um processo infeccioso causado por uma bacteacuteria
resistente nessas circunstacircncias pode ser extremamente
perigoso
Essa preocupaccedilatildeo se fundamenta porque apesar da
carecircncia de estudos epidemioloacutegicos sobre a resistecircncia
antimicrobiana em bacteacuterias isoladas de ambientes aquaacuteticos
no Brasil trabalhos dessa natureza em outros paiacuteses mostram
o envolvimento dessas bacteacuterias em diversos processos
infecciosos nos indiviacuteduos usuaacuterios desses recursos (CABRAL
2010 CHAGAS et al 2011) e podem servir de base cientiacutefica
para as accedilotildees de sauacutede puacuteblica
Historicamente pode-se afirmar que o desenvolvimento
da microbiologia trouxe para a epidemiologia vaacuterios aspectos
que constituiram a base do modelo biomeacutedico de sauacutede-doenccedila
aceito e usado ateacute meados do seacuteculo passado quando se fez
necessaacuteria a visualizaccedilatildeo do homem como ser social que
interage com o todo natildeo apenas o bioloacutegico e foram
assumidas e incorporadas ao debate sobre sauacutede outras
ANTIMICROBIANOS EM AMBIENTES AQUAacuteTICOS UMA PROPOSTA DE INCLUSAtildeO DE ANAacuteLISE DE RESISTEcircNCIA BACTERIANA
106
discussotildees e consideradas a dimensatildeo psiacutequica social e
comportamental da atual sociedade que inclui o ambiente em
que se vive (ROHLFS et al 2011)
Assim a identificaccedilatildeo de bacteacuterias resistentes aos
antimicrobianos isoladas de ambientes aquaacuteticos pode se
constituir numa ferramenta de grande importacircncia para a
vigilacircncia ambiental em sauacutede uma aacuterea da vigilacircncia
epidemioloacutegica a partir do momento que assume o aumento do
risco agrave sauacutede da populaccedilatildeo usuaacuteria desses recursos hiacutedricos
contaminados pela presenccedila desses microrganismos Quando
se considera que a aacutegua desses mananciais no Brasil tem sido
usada para as mais diversas atividades produtivas (ANA 2015)
o aumento da exposiccedilatildeo da populaccedilatildeo a esse fator de risco
torna o identificaccedilatildeo desses microrganismos ainda mais
importante
Sendo assim este trabalho tem como objetivo propor a
discussatildeo para a inclusatildeo das bacteacuterias isoladas de ambientes
aquaacuteticos e resistentes aos antimicrobianos na lista de
indicadores de risco de sauacutede ou agravo quando da sua
identificaccedilatildeo nesses ambientes E com isso levar a
questionamentos sobre a formulaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas que
visem o controle da liberaccedilatildeo dos efluentes contaminados por
antibioacuteticos eou bacteacuterias resistentes provenientes de
atividades que faccedilam uso desses medicamentos e que possam
contaminar outros corpos dacuteaacutegua
2 MATERIAIS E MEacuteTODO
ANTIMICROBIANOS EM AMBIENTES AQUAacuteTICOS UMA PROPOSTA DE INCLUSAtildeO DE ANAacuteLISE DE RESISTEcircNCIA BACTERIANA
107
Este estudo constitui-se de um ensaio que apresenta
uma anaacutelise sobre a resistecircncia antimicrobiana em ambientes
aquaacuteticos e propotildee a inclusatildeo dessas bacteacuterias no rol dos
fatores de risco para a populaccedilatildeo usuaacuteria desses recursos As
referecircncias bibliograacuteficas consultadas foram publicadas em
documentos oficiais e satildeo pautadas nas normas da Vigilacircncia
Ambiental em Sauacutede Tambeacutem foram usados para consulta
artigos cientiacuteficos publicados nas bases de dados LiLacs
PubMed e SciELO A pesquisa foi limitada por artigos
publicados ateacute fevereiro de 2016 e utilizou os descritores water
antibiotic resistance e survailance da Biblioteca Virtual em
Sauacutede em inglecircs portuguecircs e espanhol
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
31 O nuacutecleo de Vigilacircncia Ambiental em Sauacutede
Na discussatildeo da resistecircncia bacteriana aos
antimicrobianos em bacterias isoladas de ambientes aquaacuteticos
a Vigilacircncia Ambiental em Sauacutede se apodera de um papel
crucial dentro do Sistema Uacutenico de Sauacutede - SUS a prevenccedilatildeo
A Vigilacircncia Ambiental em Sauacutede tambeacutem conhecida por
Vigilacircncia em Sauacutede Ambiental ou em alguns casos apenas
como Vigilacircncia Ambiental eacute uma subcoordenadoria subgrupo
ou subsecretaria da Vigilacircncia Epidemioloacutegica nos Estados e
Municiacutepios Essa subcoordenadoria teve seu iniacutecio ideoloacutegico
na portaria nordm 1399 de 15 de dezembro de 1999 que inspirou
o decreto nordm3450 de 9 de maio de 2000 da Fundaccedilatildeo Nacional
de Sauacutede ndash FUNASA para a sua criaccedilatildeo (FUNASA 2002)
ANTIMICROBIANOS EM AMBIENTES AQUAacuteTICOS UMA PROPOSTA DE INCLUSAtildeO DE ANAacuteLISE DE RESISTEcircNCIA BACTERIANA
108
Esses documentos foram a base que instituiu a Instruccedilatildeo
Normativa nordm1 de 25 de setembro de 2001 para regulamentar
a atuaccedilatildeo da Vigilacircncia Ambiental em Sauacutede
Segundo a FUNASA o nuacutecleo de vigilacircncia ambiental
em sauacutede eacute conceituado como
ldquo um conjunto de accedilotildees que proporciona o conhecimento e a
detecccedilatildeo de qualquer mudanccedila nos fatores determinantes e
condicionantes do meio ambiente que interferem na sauacutede
humana com a finalidade de identificar as medidas de
prevenccedilatildeo e controle dos fatores de risco ambientais
relacionados agraves doenccedilas ou outros agravos agrave sauacutederdquo
(FUNASA 2002 p8)
Ainda segundo o documento da FUNASA (2002) esse
nuacutecleo deve estar articulado com outras instituiccedilotildees publicas ou
privadas que faccedilam parte do SUS bem como com as demais
instituiccedilotildees intergrantes das aacutereas do meio ambiente
saneamento e sauacutede que adotem accedilotildees interrelacionadas com
o propoacutesito de exercer a vigilacircncia dos fatores de risco
ambientais que podem afetar a sauacutede da populaccedilatildeo
Seguindo orientaccedilatildeo da FUNASA e considerando que os
fatores ambientais abrangem componentes fiacutesicos quiacutemicos
bioloacutegicos e antroacutepicos a estrutura organizacional do nuacutecleo de
vigilacircncia em sauacutede ambiental deve se dividir em duas grandes
coordenaccedilotildees de vigilacircncia a de fatores de risco NAtildeO
bioloacutegicos e a de fatores de risco Bioloacutegicos que natildeo implica
em dissociaccedilatildeo entre si (BRASIL - MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE
2003) (Fig 01)
Figura 01 Estrutura organizacional da Vigilacircncia Ambiental
em Sauacutede (Adaptado da FUNASA 2002)
ANTIMICROBIANOS EM AMBIENTES AQUAacuteTICOS UMA PROPOSTA DE INCLUSAtildeO DE ANAacuteLISE DE RESISTEcircNCIA BACTERIANA
109
A coordenaccedilatildeo de Vigilacircncia de fatores de risco
bioloacutegicos se divide em trecircs aacutereas 1) Vetores 2) Hospedeiros e Reservatoacuterios e 3) acidentes com animais peccedilonhentos E a coordenaccedilatildeo de Vigilacircncia de fatores de risco NAtildeO bioloacutegicos se divide em cinco aacutereas 1) Qualidade da aacutegua 2) do ar 3) do solo 4) acidentes e desastres naturais e 5) contaminantes ambientais
O foco da coordenaccedilatildeo de vigilacircncia de fatores de risco bioloacutegicos no meio ambiente eacute o agente bioloacutegico objetivando mapear as aacutereas de risco em determinados territoacuterios e as suas relaccedilotildees com a vigilacircncia epidemioloacutegica quanto agrave incidecircncia e prevalecircncia A coordenaccedilatildeo de vigilacircncia de fatores de risco NAtildeO bioloacutegicos propotildee o mapeamento de aacutereas de risco baseado na presenccedila de substacircncias quiacutemicas fiacutesicas eou radiaccedilotildees ionizantes que contaminem ou alterem a qualidade dos recursos naturais e aumentem os riscos de doenccedilas decorrentes da exposiccedilatildeo Entretanto ambas as coordenaccedilotildees trabalham em conjunto para mapear aacutereas de risco para a sauacutede humana e minimizar a possibilidade de contaminaccedilatildeo do meio ambiente por agentes transmissores e o desenvolvimento de doenccedilas e agravos
ANTIMICROBIANOS EM AMBIENTES AQUAacuteTICOS UMA PROPOSTA DE INCLUSAtildeO DE ANAacuteLISE DE RESISTEcircNCIA BACTERIANA
110
32 Bacteacuterias resistentes aos antimicrobianos Uma
proposta de inclusatildeo na avaliaccedilatildeo da qualidade da aacutegua
para consumo humano
Considerando a discussatildeo sobre a contaminaccedilatildeo dos
recursos hiacutedricos por bacteacuterias resistentes aos antimicrobianos faz-se necessaacuterio entender a atuaccedilatildeo da aacuterea de vigilacircncia da qualidade da aacutegua para consumo humano no funcionamento da vigilacircncia ambiental em sauacutede
A vigilacircncia da qualidade da aacutegua para consumo humano - QUALIAacuteGUA eacute uma aacuterea da coordenaccedilatildeo de vigilacircncia de fatores de risco NAtildeO bioloacutegicos que tem como objetivo o mapeamento de aacutereas de risco em determinados territoacuterios usando a qualidade da aacutegua consumida pela populaccedilatildeo distribuiacuteda por sistema de abastecimento de aacutegua ou provenientes de soluccedilotildees alternativas (coletada diretamente de mananciais superficiais poccedilos ou carros pipa) como paracircmetro Nessa avaliaccedilatildeo satildeo descritos aspectos de potabilidade com a intenccedilatildeo de assegurar a qualidade da aacutegua a fim de evitar que os usuaacuterios possam adoecer apoacutes o consumo (FUNASA 2002)
Apoacutes a avaliaccedilatildeo da QUALIAacuteGUA e em situaccedilotildees consideradas de risco a sauacutede humana decorrente da maacute qualidade da aacutegua consumida eacute de crucial importacircncia o trabalho em parceria com a vigilacircncia epidemioloacutegica no que diz respeito a incidecircncia e prevalecircncia das doenccedilas e do impacto das medidas de monitoramento e controle da qualidade visando a eliminaccedilatildeo dos riscos
A aacuterea de qualidade da aacutegua da coordenaccedilatildeo de vigilacircncia de fatores de risco NAtildeO bioloacutegicos poderia assim atender a problemaacutetica da resistecircncia bacteriana aos antibioacuteticos quando aponta e descreve os agentes contaminantes da aacutegua avaliada Entretanto o isolamento desses microrganismos natildeo faz parte do rol de agentes
ANTIMICROBIANOS EM AMBIENTES AQUAacuteTICOS UMA PROPOSTA DE INCLUSAtildeO DE ANAacuteLISE DE RESISTEcircNCIA BACTERIANA
111
transmissores doenccedilas ou agravos da vigilacircncia ambiental em sauacutede em nenhuma das suas esferas municipal estadual ou federal Nem existem poliacuteticas puacuteblicas que objetivem fomentar a avaliaccedilatildeo da aacutegua de consumo na busca da identificaccedilatildeo desses agentes nem o controle da liberaccedilatildeo das drogas antimicrobianas nos mananciais quando descarregadas pelos setores produtivos que faccedilam uso desses agentes nas suas atividades Consequentemente tambeacutem natildeo haacute o monitoramento desses recursos para o controle da presenccedila desses organismos que poderiam ser considerados como indicadores de risco para a sauacutede da populaccedilatildeo
Nessa discussatildeo eacute importante ressaltar que o estabelecimento do nexo existente entre os fatores ambientais e a sauacutede da populaccedilatildeo se daacute por meio da seleccedilatildeo e do uso dos indicadores que satildeo definidos como ldquoum valor agregado a partir de dados e estatiacutesticas transformados em informaccedilatildeo para uso direto dos gestores Desse modo podem contribuir para aprimorar o gerenciamento e a implementaccedilatildeo de poliacuteticasrdquo (MACIEL FILHO et al 1999 p61) Segundo a European Environment Agency (EEA) o indicador eacute ldquo() uma medida geralmente quantitativa que pode ser usada para ilustrar e comunicar um conjunto de fenocircmenos complexos de uma forma simples incluindo tendecircncias e progressos ao longo do tempordquo (EEA 2005 p 7)
A partir desses conceitos pode-se dizer que os indicadores agregam valores aos dados avaliados e convertem as informaccedilotildees para o uso direto Um exemplo dessa afirmaccedilatildeo estaacute no uso do indicador de contaminaccedilatildeo microbioloacutegica da aacutegua por material fecal humano em um determinado manancial avaliado (BRASIL - MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2011) Quando se usa esse indicador nas amostras satildeo identificadas certas bacteacuterias (no caso Escherichia coli) expressas em Unidades Formadoras de Colocircnia por mililitro de aacutegua Esses valores satildeo agregados e resumidos e entatildeo convertidos por meio de
ANTIMICROBIANOS EM AMBIENTES AQUAacuteTICOS UMA PROPOSTA DE INCLUSAtildeO DE ANAacuteLISE DE RESISTEcircNCIA BACTERIANA
112
caacutelculos estatiacutesticos os quais satildeo analisados e apresentados como indicadores
Para ser considerado um bom indicador a medida selecionada deve 1) ser a mais especiacutefica possiacutevel para a questatildeo tratada 2) ser sensiacutevel agraves mudanccedilas nas condiccedilotildees de interesse 3) ser cientificamente confiaacutevel 4) ser imparcial e representativa das condiccedilotildees avaliadas e 5) deve propiciar o maacuteximo de benefiacutecio e utilidade (BRASIL - MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2011) Nesse contexto as bacteacuterias resistentes aos antimicrobianos isoladas de ambientes aquaacuteticos atendem a todos esses criteacuterios
Sendo assim quando avaliadas dentro das diretrizes que norteiam e controlam as atividades do nuacutecleo de vigilacircncia ambiental em sauacutede de que versa a legislaccedilatildeo da FUNASA percebe-se que a inclusatildeo das bacteacuterias resistentes aos antimicrobianos isoladas de ambientes aquaacuteticos como indicadores de risco para a sauacutede da populaccedilatildeo coaduna com o propoacutesito da Vigilacircncia Ambiental em Sauacutede
Considerando as normas da Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (BRASIL - MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2011) e da FUNASA (2002) que regulam o funcionamento da Vigilacircncia em Sauacutede apresentamos como proposta principal a inclusatildeo das bacteacuterias resistentes aos antimicrobianos isoladas de ambientes aquaacuteticos como parte das anaacutelises na aacuterea de qualidade da aacutegua para consumo humano da coordenaccedilatildeo de fatores de risco NAtildeO bioloacutegicos e propomos as seguintes accedilotildees para o nuacutecleo de vigilacircncia ambiental em sauacutede
1) A indicaccedilatildeo das bacteacuterias resistentes aos antibioacuteticos isoladas de aacutegua pra consumo humano como um dos indicadores de risco para a sauacutede humana
2) A anaacutelise microbioloacutegica perioacutedica da aacutegua dos reservatoacuterios utilizados para consumo humano tendo como foco principal a pesquisa da resistecircncia antimicrobiana nas bacteacuterias isoladas
ANTIMICROBIANOS EM AMBIENTES AQUAacuteTICOS UMA PROPOSTA DE INCLUSAtildeO DE ANAacuteLISE DE RESISTEcircNCIA BACTERIANA
113
3) O monitoramento das condiccedilotildees de funcionamento e liberaccedilatildeo dos resiacuteduos das atividades agriacutecolas e de produccedilatildeo e abate de animais que potencialmente utilizam esses medicamentos em suas atividades e contaminam a aacutegua dos manaciais e
4) A formulaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas e parcerias entre os diferentes niacuteveis de gestatildeo a fim de facilitar o acompanhamento o controle e a mitigaccedilatildeo dos efeitos e dos riscos que a contaminaccedilatildeo ambiental por bacteacuterias resistentes aos antibioacuteticos podem trazer para a sauacutede da populaccedilatildeo
Dentro dessa proposta a realizaccedilatildeo dessas accedilotildees isoladamente ou em parceria com os atores das diversas esferas deve contar com o apoio da FUNASA No acircmbito do SUS estaacute previsto que a FUNASA fomentaraacute e apoiaraacute a estruturaccedilatildeo da aacuterea de vigilacircncia ambiental em sauacutede nas Secretarias Estaduais de Sauacutede e nas Secretarias Municipais de Sauacutede por meio da Programaccedilatildeo Pactuada Integrada de Epidemiologia e Controle de Doenccedilas ndash PPI-ECD e de projetos estruturantes com apoio financeiro do Projeto VIGISUS e outras fontes de financiamento que venham a ser identificadas (BRASIL - MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2003)
Vale salientar que o levantamento destes dados e a sua anaacutelise incluindo a coleta de amostras para exames laboratoriais e o cruzamento dessas informaccedilotildees com outras variaacuteveis epidemioloacutegicas e ambientais forneceratildeo subsiacutedios para o planejamento de programas e accedilotildees de prevenccedilatildeo e de controle do risco de contaminaccedilatildeo
Nessa temaacutetica se faz importante ressaltar que o aumento da populaccedilatildeo humana a contaminaccedilatildeo de mananciais como lagos lagoas e rios e a ingestatildeo de aacutegua contaminada devido agrave falta de saneamento trazem um grande risco agrave sauacutede elevando a concentraccedilatildeo de microrganismos resistentes no meio ambiente e facilitando a transferecircncia de genes de resistecircncia a patoacutegenos humanos Desse modo a investigaccedilatildeo de microrganismos aquaacuteticos (NASCIMENTO
ANTIMICROBIANOS EM AMBIENTES AQUAacuteTICOS UMA PROPOSTA DE INCLUSAtildeO DE ANAacuteLISE DE RESISTEcircNCIA BACTERIANA
114
ARAUacuteJO 2013) bem como a implementaccedilatildeo de medidas de contenccedilatildeo que impeccedilam a contaminaccedilatildeo hiacutedrica aliadas a estudos de mecanismos de resistecircncia a antibioacuteticos se fazem necessaacuterios para o controle da disseminaccedilatildeo da resistecircncia bacteriana nesses ambientes (MARTIacuteNEZ 2008 MARTIacuteNEZ BAQUERO 2014)
4 CONCLUSOtildeES
Considerando a resistecircncia antimicrobiana um grave
problema mundial e que os mananciais tecircm sido contaminados por bacteacuterias resistentes aos antimicrobianos propomos neste artigo 1) a inclusatildeo desses microrganismos como indicadores de risco para a sauacutede humana 2) a anaacutelise microbioloacutegica perioacutedica da aacutegua dos reservatoacuterios utilizados para consumo humano tendo como foco principal a pesquisa da resistecircncia antibioacutetica nas bacteacuterias isoladas 3) o monitoramento das condiccedilotildees de funcionamento e liberaccedilatildeo dos resiacuteduos das atividades agriacutecolas e de produccedilatildeo e abate de animais que potencialmente utilizam esses medicamentos em suas atividades e contaminam a aacutegua dos mananciais e 4) a formulaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas e de parcerias entre os diferentes niacuteveis de gestatildeo a fim de facilitar o acompanhamento o controle e a mitigaccedilatildeo dos efeitos e dos riscos que a contaminaccedilatildeo ambiental por bacteacuterias resistentes aos antibioacuteticos podem trazer para a sauacutede da populaccedilatildeo REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
ADZITEY F NAFISAH S HARUNA A Antibiotic Susceptibility of
Escherichia coli Isolated from some Drinking Water Sources in Tamale
Metropolis of Ghana Current Research in Bacteriology v 8 n 2 p 34ndash
40 2015
AMINOV R I Minireview The role of antibiotics and antibiotic resistance
Environmental microbiology v 11 n 12 p 2970ndash2988 2009
ANTIMICROBIANOS EM AMBIENTES AQUAacuteTICOS UMA PROPOSTA DE INCLUSAtildeO DE ANAacuteLISE DE RESISTEcircNCIA BACTERIANA
115
ANA Agecircncia Nacional de Aacuteguas Conjuntura dos Recursos Hiacutedricos no
Brasil - INFORME 2014 2015 ed Brasiacutelia ANA 2015
BARCELLOS C M et al Avaliaccedilatildeo da qualidade da aacutegua e percepccedilatildeo
higiecircnico-sanitaacuteria na aacuterea rural de Lavras Minas Gerais Brasil 1999-
2000 Cadernos de Sauacutede Puacuteblica v 22 n 9 p 1967ndash1978 2006
BEZERRA A F D M MATTOS A BECKER V Balanccedilo de massa de
foacutesforo e a eutrofizaccedilatildeo em reservatoacuterios do semiaacuterido do Rio Grande
do Norte ndash Brasil XIX Simpoacutesio Brasileiro de Recursos Hiacutedricos
Anais2011
BILA D M DEZOTTI M Faacutermacos no meio ambiente Quimica Nova v
26 n 4 p 523ndash530 2003
BRANCO E A SINISGALLI P A DE A Valoraccedilatildeo ambiental das
alteraccedilotildees em serviccedilos ecossistecircmicos decorrentes da eutrofizaccedilatildeo
no reservatoacuterio gargalheiras RN utilizaccedilatildeo IX Encontro da Sociedade
Brasileira de Economia Ecoloacutegica Anais2011
BRASIL - MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE Sistema nacional de vigilacircncia
ambiental em sauacutede Brasil 2003
BRASIL - MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE Sauacutede Ambiental - Guia baacutesico para
a construccedilatildeo de indicadores [sl sn] 2011
BRUINSMA N et al Antibiotic usage and resistance in different regions of
the Dutch community Microbial drug resistance (Larchmont NY) v 8
n 3 p 209ndash14 jan 2002
CABRAL J P S Water microbiology Bacterial pathogens and water
International journal of environmental research and public health v 7
n 10 p 3657ndash703 out 2010
CAMPOS J N B Secas e poliacuteticas puacuteblicas no semiaacuterido ideias
pensadores e periacuteodos Estudos Avanccedilados v 28 n 82 p 65ndash88 2014
CARVALHO F C T et al Antibiotic Resistance of Salmonella spp
Isolated from Shrimp Farming Freshwater Environment in Northeast Region
of Brazil Journal of pathogens v 1 p 1ndash5 2013
CHAGAS T P G et al Occurrence of KPC-2-producing Klebsiella
pneumoniae strains in hospital wastewater The Journal of hospital
infection v 77 n 3 p 281 mar 2011
CIRILO J A Poliacuteticas puacuteblicas de recursos hiacutedricos para o semi-aacuterido
Estudos Avanccedilados v 22 n 63 p 61ndash82 2008
COUTINHO F H et al Antibiotic resistance is widespread in urban aquatic
environments of Rio de Janeiro Brazil Microbial ecology v 68 n 3 p
ANTIMICROBIANOS EM AMBIENTES AQUAacuteTICOS UMA PROPOSTA DE INCLUSAtildeO DE ANAacuteLISE DE RESISTEcircNCIA BACTERIANA
116
441ndash52 out 2014
CUNHA A C DA et al Qualidade microbioloacutegica da aacutegua em rios de aacutereas
urbanas e periurbanas no baixo Amazonas O caso do Amapaacute Eng Sanit
Ambient v 9 n 4 p 322ndash328 2004
DO NASCIMENTO E D ARAUJO M F F Antimicrobial resistance in
bacteria isolated from aquatic environments in Brazil a systematic review
Ambiente e Aacutegua v 9 n 2 p 239ndash249 2014
EEA EEA core set of indicators [sl sn] v 46 2005
FRANCO B E et al The determinants of the antibiotic resistance process
Infection and drug resistance v 2 p 1ndash11 jan 2009
FUENTEFRIA D B FERREIRA A E CORCcedilAtildeO G Antibiotic-resistant
Pseudomonas aeruginosa from hospital wastewater and superficial water
are they genetically related Journal of environmental management v
92 n 1 p 250ndash5 jan 2011
FUNASA Textos de Epidemiologia para Vigilacircncia ambiental em
sauacutede Primeira ed Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de
Sauacutede 2002
LASCOWSKI K M S et al Shiga toxin-producing Escherichia coli in
drinking water supplies of north Paranaacute State Brazil Journal of applied
microbiology v 114 n 4 p 1230ndash9 2013
LAZZARO X et al Do fish regulate phytoplankton in shallow eutrophic
Northeast Brazilian reservoirs Freshwater Biology v 48 n 4 p 649ndash
668 abr 2003
LOWY F D Antimicrobial resistance the example of Staphylococcus
aureus Science in Medicine v 111 n 9 p 1265ndash1273 2003
MACIEL FILHO A A et al Indicadores de Vigilacircncia Ambiental em Sauacutede
Informe Epidemioloacutegico do SUS v 8 n 61 p 59ndash66 1999
MARTIacuteNEZ J L Antibiotics and antibiotic resistance genes in natural
environments Science (New York NY) v 321 n 5887 p 365ndash7 18 jul
2008
MARTIacuteNEZ J L COQUE T M BAQUERO F What is a resistance
gene Ranking risk in resistomes Nature Reviews Microbiology v 13 n
2 p 116ndash123 2015
MARTINS V V et al Aquatic environments polluted with antibiotics and
heavy metals A human health hazard Environmental Science and
Pollution Research v 21 p 5873ndash5878 2014
MIYAKE D KASAHARA Y MORISAKI H Distribution and
ANTIMICROBIANOS EM AMBIENTES AQUAacuteTICOS UMA PROPOSTA DE INCLUSAtildeO DE ANAacuteLISE DE RESISTEcircNCIA BACTERIANA
117
Characterization of Antibiotic Resistant Bacteria in the Sediment of
Southern Basin of Lake Biwa Microbes and Environments v 18 n 1 p
24ndash31 2003
NASCIMENTO G G F DO MAESTRO V CAMPOS M S P DE
Ocorrecircncia de resiacuteduos de antibioacuteticos no leite comercializado em
Piracicaba SP Revista de Nutriccedilatildeo v 14 n 1 p 119ndash124 2001
NASCIMENTO V S F ARAUacuteJO M F F DE Ocorrecircncia de bacteacuterias
patogecircnicas oportunistas em um reservatoacuterio do semiaacuterido do Rio Grande
do Norte Brasil Revista de Ciecircncias Ambientais v 7 n 1 p 91ndash104
2013
NESME J SIMONET P The soil resistome a critical review on antibiotic
resistance origins ecology and dissemination potential in telluric bacteria
Environmental microbiology v 17 n 4 p 913ndash30 2015
RIBEIRO R V Avaliaccedilatildeo de sistema de cultivo integrado a partir da
reciclagem de aacuteguas residuais submetidas a tratamento primaacuterio
pesquisa de espeacutecies dos gecircneros Salmonella Shigella Vibrio e
Aeromonas [sl] Universidade do Estado do Rio de janeiro 2011
ROHLFS D B et al A construccedilatildeo da Vigilacircncia em Sauacutede Ambiental no
Brasil Cad Sauacutede Col v 19 n 4 p 391ndash398 2011
SALLOTO G R B et al Pollution impacts on bacterioplankton diversity in
a tropical urban coastal lagoon system PloS one v 7 n 11 p 1ndash12 jan
2012
SILVA S M DA et al Levantamento ambiental do rio Piranhas- Accedilu
atividades poluidoras ou potencialmente poluidoras NatalRN e Joatildeo
PessoaPB [sn] 2007
VASCONCELOS S M S DE SERAFINI Aacute B MARQUES R G
Ocorrecircncia de indicadores de poluiccedilatildeo nos mananciais de
abastecimento da cidade de Goiacircnia Goiaacutes-Brasil coliformes totais
e fecais XXVIII Congreso Interamericano de Ingenieria Sanitaria y
Amabiental AnaisCaacutencun Meacutexico 1999
AVALIACcedilAtildeO DOS PARAcircMETROS FIacuteSICO ndash QUIacuteMICOS DO SEDIMENTO DO RIO PINDAREacute NOS MUNICIacutePIOS DE PINDAREacute- MIRIM TUFILAcircNDIA E ALTO
ALEGRE (MA)
118
CAPIacuteTULO 7
AVALIACcedilAtildeO DOS PARAcircMETROS FIacuteSICO ndash QUIacuteMICOS DO SEDIMENTO DO RIO PINDAREacute
NOS MUNICIacutePIOS DE PINDAREacute- MIRIM TUFILAcircNDIA E ALTO ALEGRE (MA)
Maria Raimunda Chagas SILVA1
Eduardo Henrique Costa RODRIGUES 2
Cristiane Dominice MELO 1 Tatiana Cristina Santos de CASTRO1
1Professora Pesquisadoura do Departamento de Engenharia AmbientalUNICEUMA 2Programa de Poacutes Graduaccedilatildeo em Ciecircncias Ambientais Instituto de Ciecircncia e Tecnologia
Unespmarirahgmailcom
RESUMO A dinacircmica da qualidade dos sedimentos foi utilizada como forma de avaliar a qualidade ambiental da Bacia do rio Pindareacute O objetivo principal deste trabalho foi avaliar os paracircmetros fiacutesicos e quiacutemicos do sedimento da regiatildeo do meacutedio curso do rio Pindareacute O sedimento foi amostrado em trecircs pontos distintos entre os anos de 2010 a 2011 durante o periacuteodo de estiagem e chuvas na regiatildeo Foram realizadas coletas de sedimento para determinaccedilatildeo da granulometria carbono mateacuteria orgacircnica e inorgacircnica Os resultados das anaacutelises apontaram uma predominacircncia da fraccedilatildeo areia e silte no material sedimentar com baixos teores de mateacuteria orgacircnica podendo este ser classificado como de natureza mineral Visualmente o rio apresenta desmatamento em suas margens comprometendo assim a sustentabilidade da bacia Concluiu-se que os resultados mostraram que o rio Pindareacute natildeo possui uma boa qualidade ambiental para coluna de sedimentos em funccedilatildeo dos impactos ambientais sofridos pelo rio e refletidos na mateacuteria orgacircnica granulometria e carbono As caracteriacutesticas fiacutesicas e quiacutemicas do sedimento foram de extrema importacircncia
AVALIACcedilAtildeO DOS PARAcircMETROS FIacuteSICO ndash QUIacuteMICOS DO SEDIMENTO DO RIO PINDAREacute NOS MUNICIacutePIOS DE PINDAREacute- MIRIM TUFILAcircNDIA E ALTO
ALEGRE (MA)
119
na dinacircmica do ecossistema aquaacutetico sendo que os valores encontrados estatildeo abaixo do estipulado pela resoluccedilatildeo CONAMA05 isso eacute considerado um bom sinal de conservaccedilatildeo na manutenccedilatildeo da vida aquaacutetica Palavras-chave Granulometria Mateacuteria Orgacircnica Carbono
Orgacircnico
1 INTRODUCcedilAtildeO
O planejamento ambiental sobre o qual as accedilotildees de uso
adequado dos recursos naturais precisam ser expressas sobre
uma dimensatildeo geograacutefica apresenta a bacia hidrograacutefica como
a grande unidade para a concepccedilatildeo do planejamento e a
execuccedilatildeo de projetos na aacuterea de meio ambiente (ATLAS DO
MARANHAtildeO 2002)
O Estado do Maranhatildeo possui um grande potencial
hiacutedrico formado principalmente por bacias hidrograacuteficas bacias
lacustres e aacuteguas subterracircneas ocupando uma aacuterea territorial
de 325650 kmsup2 (MARANHAtildeO 2006) Genuinamente o
Maranhatildeo possui nove bacias hidrograacuteficas (ATLAS DO
MARANHAtildeO 2002 BACIAS DO NORDESTE 2014) Os rios
maranhenses satildeo caracterizados por sua grande extensatildeo e
volume de aacutegua A bacia do Pindareacute eacute a terceira em termos de
aacuterea e possui um dos maiores potenciais hiacutedricos a ser utilizado
para o abastecimento da capital do Estado
O municiacutepio de Pindareacute - Mirim possui aacuterea de 245 kmsup2
e sua populaccedilatildeo eacute de 31145 habitantes Teve o seu topocircnimo
alterado para Pindareacute-Mirim pelo decreto-lei Estadual nordm 820
de 30 de dezembro de 1943 desmembrado de Vitoacuteria do
AVALIACcedilAtildeO DOS PARAcircMETROS FIacuteSICO ndash QUIacuteMICOS DO SEDIMENTO DO RIO PINDAREacute NOS MUNICIacutePIOS DE PINDAREacute- MIRIM TUFILAcircNDIA E ALTO
ALEGRE (MA)
120
Mearim Localiza-se na mesorregiatildeo oeste maranhense e
possui coordenada de 03deg 36rsquo 30 latitude e 45deg 20 36
longitude (IBGE 2010)
A bacia do rio Pindareacute estaacute localizada na porccedilatildeo
Noroeste do Estado do Maranhatildeo ocupando uma aacuterea de
40400 km2 correspondendo 12 do Estado (SEMATUR
1991) O rio Pindareacute principal afluente do rio Mearim nasce nas
elevaccedilotildees que formam o divisor de aacuteguas entre as bacias
hidrograacuteficas dos rios Mearim e Tocantins nas proximidades da
cidade de Amarante em cotas da ordem de 300m tem como
principais afluentes os rios Buriticupu Negro Paragominas
Zutiua Timbira Aacutegua Preta e Santa Rita
A principal atividade econocircmica da regiatildeo eacute a agropecuaacuteria O solo eacute caracterizado como latossolo Amarelo e Podzoacutelico Vermelho Amarelo A cobertura vegetal eacute classificada como Floresta Ombroacutefila Densa (ATLAS 2002) A vegetaccedilatildeo ciliar marginal apresenta baixos iacutendices de conservaccedilatildeo predominantemente nas cidades que se desenvolveram as margens do rio sendo a ocupaccedilatildeo antroacutepica a principal causa da erosatildeo das margens e assoreamento do rio
O sedimento satildeo caracteriacutesticas geoquiacutemicas e
mineraloacutegicas importante para os ecossistemas aquaacuteticos de
grande importacircncia na avaliaccedilatildeo do niacutevel de contaminaccedilatildeo
A sua capacidade acumular elementos-traccedilo os metais mas
tambeacutem por serem reconhecidos como transportadores e
possiacuteveis fontes de contaminaccedilatildeo pode liberar espeacutecies
contaminantes que satildeo geralmente liberadas do leito do
sedimento devido a alteraccedilotildees nas condiccedilotildees ambientais e
fiacutesico-quiacutemicas (SILVA 2014)
De acordo com Atlas de Saneamento e Sauacutede do IBGE
lanccedilado em 2011 considerando os municiacutepios que declararam
AVALIACcedilAtildeO DOS PARAcircMETROS FIacuteSICO ndash QUIacuteMICOS DO SEDIMENTO DO RIO PINDAREacute NOS MUNICIacutePIOS DE PINDAREacute- MIRIM TUFILAcircNDIA E ALTO
ALEGRE (MA)
121
poluiccedilatildeo ou contaminaccedilatildeo juntos o esgoto sanitaacuterio os
resiacuteduos de agrotoacutexicos e a destinaccedilatildeo inadequada do lixo
foram relatados como responsaacuteveis por 72 das incidecircncias de
poluiccedilatildeo na captaccedilatildeo em mananciais superficiais 54 em
poccedilos profundos e 60 em poccedilos rasos (IBGE 2011) Assim
nota-se que industrializaccedilatildeo e agricultura geram quantidades de
resiacuteduos quiacutemicos que se concentram no ambiente podendo se
caracterizar como potencialmente poluentes a investigaccedilatildeo
sobre a qualidade do sistema hiacutedrico pode ser feita tomando
como referecircncia a anaacutelise da aacutegua ou do sedimento (SINGH et
al 1997)
Deve-se ressaltar que o uso natildeo sustentaacutevel dos recursos naturais na bacia de drenagem particularmente dos solos transforma zonas agriacutecolas e urbanas em aacutereas produtoras de sedimentos e poluentes os quais satildeo transferidos ao longo dos anos para os corpos drsquoaacutegua resultando em prejuiacutezos do ponto de vista social econocircmico e ecoloacutegico Os sedimentos revelam a integraccedilatildeo de todos os processos bioloacutegicos fiacutesicos e quiacutemicos que ocorrem em um ecossistema aquaacutetico (PANE apud BRONDI 2008)
O objetivo principal deste trabalho foi avaliar os
paracircmetros fiacutesicos e quiacutemicos do sedimento da regiatildeo do meacutedio
curso da Bacia do rio Pindareacute especificamente para os
municiacutepios de Pindareacute-Mirim Tufilacircndia e Alto Alegre gerando
informaccedilotildees uacuteteis ao delineamento de propostas de
conservaccedilatildeo e gerenciamento para a regiatildeo e para subsidiar o
Projeto Pindareacute (lsquoBacia do Pindareacute Ferramentas para
conservaccedilatildeo e manejo integrado dos recursos naturais
Maranhatildeo Brasilrsquo apoiado pelo programa Capes-
Wageningen) na busca de soluccedilotildees para os problemas
AVALIACcedilAtildeO DOS PARAcircMETROS FIacuteSICO ndash QUIacuteMICOS DO SEDIMENTO DO RIO PINDAREacute NOS MUNICIacutePIOS DE PINDAREacute- MIRIM TUFILAcircNDIA E ALTO
ALEGRE (MA)
122
evidenciados e para um melhor aproveitamento das
potencialidades locais
2 MATERIAIS E MEacuteTODO
Aacuterea de Estudo
O rio Pindareacute na Figura (1) eacute segundo Pompecirco
Moschini- Carlos e Silva-Filho (2002) um rio tropical localizado
na Preacute-Amazocircnia Maranhense estando sua bacia hidrograacutefica
sujeita aos regimes climaacuteticos caracteriacutesticos das regiotildees norte
(elevada pluviosidade) e nordeste (periacuteodos prolongados de
estiagem) (RODRIGUES et al 2015) Este rio representa o
principal afluente do rio Mearim
O rio nasce nas elevaccedilotildees que formam o divisor de aacuteguas
das bacias hidrograacuteficas dos rios Mearim e Tocantins
possuindo um percurso total de aproximadamente 686 km
(BACIAS DO NORDESTE 2000)
A bacia hidrograacutefica do rio Pindareacute tem aproximadamente
44400 kmsup2 de aacuterea estando situada na regiatildeo centro-ocidental
do estado fazendo parte do bioma Preacute-Amazocircnia do Maranhatildeo
AVALIACcedilAtildeO DOS PARAcircMETROS FIacuteSICO ndash QUIacuteMICOS DO SEDIMENTO DO RIO PINDAREacute NOS MUNICIacutePIOS DE PINDAREacute- MIRIM TUFILAcircNDIA E ALTO
ALEGRE (MA)
123
Figura 1 Localizaccedilatildeo da bacia do rio Pindareacute nos municiacutepios de Pindareacute-mirim Tufilacircndia e Alto AlegreMA
Fonte autor
Caracterizaccedilotildees Fiacutesicas e Quiacutemicas do Sedimento
O sedimento foi amostrado em um intervalo de 12
meses em periacuteodos sazonais distintos periacuteodo seco
(agosto2010 e novembro2011) e chuvoso (maio 2010 e maio
2011) em trecircs pontos distribuiacutedos ao longo do rio Pindareacute sob
jurisdiccedilatildeo dos municiacutepios de Pindareacute-Mirim Alto Alegre e
Tufilacircndia sendo que neste uacuteltimo foi coletado quatro pontos
por se tratar da localidade mais problemaacutetica contendo altos
iacutendices de assoreamento e desmatamento
As coletas foram realizadas em aacutereas de remanso onde
ocorre maior acuacutemulo de material fino com o auxiacutelio do tubo de
PVC de 50 cm de comprimento e 5 cm de diacircmetro O material
retirado foi homogeneizado em balde de plaacutestico e
acondicionado em sacos de polietileno etiquetados e mantidos
em caixas de isopor com gelo e transportados ao laboratoacuterio
de Geoquiacutemica Ambiental da UFMA para fins de caracterizaccedilatildeo
AVALIACcedilAtildeO DOS PARAcircMETROS FIacuteSICO ndash QUIacuteMICOS DO SEDIMENTO DO RIO PINDAREacute NOS MUNICIacutePIOS DE PINDAREacute- MIRIM TUFILAcircNDIA E ALTO
ALEGRE (MA)
124
fiacutesica e quiacutemica A granulometria foi determinada por meio de
processamento mecacircnico com auxiacutelio de peneiras em
combinaccedilatildeo com a teacutecnica de pipetagem (lei de Stocks) A
classificaccedilatildeo textural do material teve como referecircncia a escala
granulomeacutetrica de Wentworth (1922) Os dados gerados foram
processados estatisticamente em software Sysgran
A anaacutelise de carbono orgacircnico foi efetuada atraveacutes do
meacutetodo de Walkley ndash Black modificado (GAUDETTE et al
1974) A determinaccedilatildeo do teor de mateacuteria orgacircnica e inorgacircnica
nos sedimentos foi realizada atraveacutes do procedimento padratildeo
de incineraccedilatildeo (APHA 2005)
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
31Caracteriacutesticas dos sedimentos
Observado que os sedimentos de fundo desempenham
um papel importante no esquema de poluiccedilatildeo dos rioseles
refletem a qualidade corrente do sistema aquaacutetico e podem ser
usados para detectar a presenccedila de contaminantes Mais do
que isso os sedimentos agem como carreadores e possiacuteveis
fontes de poluiccedilatildeo que natildeo satildeo permanentemente fixados por
eles e podem ser ressolubilizados para a aacutegua por mudanccedilas
nas condiccedilotildees ambientais
A partir dos graacuteficos de distribuiccedilatildeo granulomeacutetricas dos
sedimentos nos pontos amostrados foi possiacutevel verificar as
porcentagens de argila silte areia e pedregulho como mostra
a Figura (2) Os resultados mostraram uma variaccedilatildeo
granulomeacutetrica na composiccedilatildeo do sedimento onde foi
observada uma maior participaccedilatildeo da fraccedilatildeo areia para todos
os pontos
AVALIACcedilAtildeO DOS PARAcircMETROS FIacuteSICO ndash QUIacuteMICOS DO SEDIMENTO DO RIO PINDAREacute NOS MUNICIacutePIOS DE PINDAREacute- MIRIM TUFILAcircNDIA E ALTO
ALEGRE (MA)
125
Em Alto Alegre as porcentagens para a argila tiveram
uma variaccedilatildeo entre 001 (P3 maio10) e 1856 (P3 nov10)
para o silte foi entre 036 (P3 ago11) e 3459 (P1 maio10)
Quanto agrave areia as porcentagens ficaram entre 6532 (P1
maio10) e 8896 (P1 ago11) Jaacute o pedregulho ficou entre
000 (P1 P2 ago11) e 024 (P3 nov10)
A granulometria apresentou uma porcentagem muito
grande da fraccedilatildeo areia e silte para os sedimentos que compotildeem
os substratos da bacia do rio Pindareacute para os municiacutepios em
questatildeo provavelmente em funccedilatildeo da proximidade do trecho
fluvial com as aacutereas desmatadas tornando os solos mais
vulneraacuteveis agrave erosatildeo
Os resultados mostraram que as maiores porcentagens
de areia e argila foram obtidas no periacuteodo seco jaacute o silte se
apresentou mais elevado no periacuteodo chuvoso para todos os
municiacutepios Variaccedilotildees semelhantes foram observadas por
(SILVA 2002) em trabalho realizado na bacia hidrograacutefica do
rio Moji-Guaccedilu
Para o municiacutepio de Tufilacircndia os valores das
porcentagens de argila apresentaram uma variaccedilatildeo entre
001 (P2 P3 e P4 maio10) e 565 (P2 nov10) As
porcentagens obtidas para o silte ficaram entre 014 (P3 mai
11) e 2984 (P4 maio10) Para a fraccedilatildeo areia a variaccedilatildeo ficou
entre 6105 (P1 ago11) e 9788 (P2 nov10) jaacute para o
pedregulho as porcentagens ficaram entre 000 (P1 P2 e P4
nov10 e P3 ago11) e 178 (P2 ago11)
AVALIACcedilAtildeO DOS PARAcircMETROS FIacuteSICO ndash QUIacuteMICOS DO SEDIMENTO DO RIO PINDAREacute NOS MUNICIacutePIOS DE PINDAREacute- MIRIM TUFILAcircNDIA E ALTO
ALEGRE (MA)
126
Figura 2 Distribuiccedilatildeo das classes texturais em amostras de sedimento nos periacuteodos seco e chuvoso de trecircs municiacutepios (Pindareacute- Mirim Tufilacircndia e Alto AlegreMA) em 2010 e 2011
Fonte autor
Quanto ao municiacutepio de Pindareacute ndash Mirim os valores das
porcentagens de argila apresentaram uma variaccedilatildeo entre
001 (P3 maio10) e 155 (P1 nov11) A fraccedilatildeo silte ficou
entre 700 (P1 nov10) e 3335 (P2 nov10) Em relaccedilatildeo a
areia a variaccedilatildeo ficou entre 634 (P2 nov10) e 9145 (P1
nov10) jaacute pedregulho ficou entre 000 (P1 P2 e P4 nov10 e
P3 ago11)
AVALIACcedilAtildeO DOS PARAcircMETROS FIacuteSICO ndash QUIacuteMICOS DO SEDIMENTO DO RIO PINDAREacute NOS MUNICIacutePIOS DE PINDAREacute- MIRIM TUFILAcircNDIA E ALTO
ALEGRE (MA)
127
Em Tufilacircndia as porcentagens para o periacuteodo seco
ficaram com meacutedia entre 362 (P4) e 1561 (P1) e no
periacuteodo chuvoso foram entre 425 (P4) e 558 (P1) Jaacute para
Alto Alegre as porcentagens meacutedias ficaram entre 189 (P1)
e 511 (P2)
Em relaccedilatildeo agrave variabilidade das porcentagens de mateacuteria
inorgacircnica para o municiacutepio de Pindareacute-Mirim foram registradas
meacutedias entre 9521 (P3) e 9855 (P2) no periacuteodo seco e
entre 9565 (P3) e 9817 (P2) no chuvoso Para Tufilacircndia
as porcentagens meacutedias ficaram entre 8439 (P1) e 9638
(P4) no periacuteodo seco e no chuvoso entre 9441 (P1) e 9624
(P4)
Jaacute em Alto Alegre foram obtidos no periacuteodo seco
porcentagens entre 9488 (P2) e 9815 (P1) e 9495 (P2)
e 9841 (P1) pra o periacuteodo chuvoso como mostra a Figura
(3)
Com relaccedilatildeo agrave anaacutelise dos sedimentos os baixos teores
de mateacuteria orgacircnica encontrados estatildeo provavelmente
relacionados agrave raacutepida reciclagem de detritos orgacircnicos no
ecossistema devido agrave aacuterea ser pobre de material orgacircnico e a
localidade vem sendo desprovida de matas ciliares devido os
desmatamentos nas margens do rio
Portanto permitindo assim o seu acuacutemulo no sedimento
O papel significativo que os sedimentos desempenham nos
ecossistemas aquaacuteticos eacute bem conhecido Aleacutem de fornecerem
habitat para muitos organismos aquaacuteticos atuam tambeacutem como
fonte e depoacutesito e materiais orgacircnicos e inorgacircnicos De acordo
com o tempo de residecircncia na aacutegua do rio pode ocorrer uma
maior ou menor sedimentaccedilatildeo dos materiais orgacircnicos e
AVALIACcedilAtildeO DOS PARAcircMETROS FIacuteSICO ndash QUIacuteMICOS DO SEDIMENTO DO RIO PINDAREacute NOS MUNICIacutePIOS DE PINDAREacute- MIRIM TUFILAcircNDIA E ALTO
ALEGRE (MA)
128
inorgacircnicos trazidos via entradas pontuais ou difusas (SILVA
2002)
Figura 3 Porcentagem de mateacuteria orgacircnica (MO) mateacuteria inorgacircnica (MI) e carbono orgacircnico (CO) em amostras de sedimento no periacuteodo seco ou estiagem e chuvoso no medeio curso do rio Pindareacute
Fonte autor
Somente o municiacutepio de Tufilacircndia apresentou as uma quantidade significativa
de porcentagem de mateacuteria orgacircnica relacionada aos outros pontos dos municiacutepios
(SILVA 2002) em estudos realizados na bacia do rio Balsas ndash
MA no periacuteodo de novembro de 2002 apresentou dados de
porcentagem de mateacuteria orgacircnica que variaram entre 17 e
37 e inorgacircnica entre 959 e 978 esses valores satildeo
comparados com alguns dos pontos amostrados neste estudo
Essa condiccedilatildeo associada ao predomiacutenio de mateacuteria inorgacircnica
AVALIACcedilAtildeO DOS PARAcircMETROS FIacuteSICO ndash QUIacuteMICOS DO SEDIMENTO DO RIO PINDAREacute NOS MUNICIacutePIOS DE PINDAREacute- MIRIM TUFILAcircNDIA E ALTO
ALEGRE (MA)
129
e agrave acidez do sedimento de fundo favorece a liberaccedilatildeo de
minerais para a coluna dacuteaacutegua segundo Esteves (2011) mateacuteria
orgacircnica abaixo de 10 em relaccedilatildeo agrave mateacuteria inorgacircnica
constata-se o risco de contaminaccedilatildeo ambiental
O carbono orgacircnico eacute importante desde a produccedilatildeo
primaacuteria as cadeias alimentares e a sucessatildeo bioloacutegica Esta
variaacutevel apresentou porcentagens meacutedias entre 646 (P3) e
677 (P1) no periacuteodo seco e no chuvoso entre 621 (P1) e
655 (P2) em anaacutelises realizadas em Pindareacute-Mirim
Em Tufilacircndia as porcentagens ficaram entre 632 (P1)
e 743 (P4) no periacuteodo seco e no periacuteodo chuvoso entre
515 (P4) e 599 (P3)
Jaacute para Alto Alegre as porcentagens meacutedias para o
periacuteodo seco ficaram entre 648 (P2) e 665 (P3) e no
periacuteodo chuvoso obteve meacutedias entre 482 (P1) e 597 (P3)
A meacutedia e o desvio padratildeo para o Pindareacute- Mirim MO (315 e
1334) MI (9684 e 1733) e CO (636 e 0376) para
Tufilacircndia MO (440 e 0993) MI (9560 e 0993) e CO
(605 e 0750) e Alto Alegre MO (331 e 1395) MI (9668
e 1395) e CO (602 e 0650)
4 CONCLUSOtildeES
Este estudo confirma a complexidade natural dos
ecossistemas estudados bem como sua elevada fragilidade
ambiental frente agraves accedilotildees antroacutepicas como exposto nos
resultados onde mostraram grande influecircncia Considerando
que a regiatildeo eacute densamente povoada esses resultados
demonstram que aleacutem da entrada de origem natural haacute uma
expressiva entrada de material oriundo da accedilatildeo antroacutepica de
AVALIACcedilAtildeO DOS PARAcircMETROS FIacuteSICO ndash QUIacuteMICOS DO SEDIMENTO DO RIO PINDAREacute NOS MUNICIacutePIOS DE PINDAREacute- MIRIM TUFILAcircNDIA E ALTO
ALEGRE (MA)
130
uso e ocupaccedilatildeo do solo tais como efluentes domeacutesticos e
resiacuteduos em decorrecircncia das praacuteticas de atividades de lazer Em relaccedilatildeo agrave anaacutelise granulomeacutetrica pode-se perceber que haacute um predomiacutenio maior de areia e silte em todos os pontos de amostragens
Isso se deve ao fato da proximidade das mesmas com as aacutereas desmatadas e pela
falta de vegetaccedilatildeo que leva aacuterea a ficar desprotegida onde a erosatildeo ocorre As caracteriacutesticas fiacutesicas e quiacutemicas do sedimento foram de extrema importacircncia na dinacircmica do ecossistema aquaacutetico sendo que os valores encontrados estatildeo abaixo do estipulado pela resoluccedilatildeo CONAMA05 isso eacute considerado um bom sinal de conservaccedilatildeo na manutenccedilatildeo da vida aquaacutetica
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
APHA Standard Methods for the examination of water and wastewaters 25 ed New York McGraw-HILL 2005720p ATLAS DO MARANHAtildeO ldquoGerecircncia de Planejamento e Desenvolvimento econocircmico Laboratoacuterio de Geoprocessamento - UEMArdquo Satildeo Luiacutes GEPLAN 200242p BACIAS DO NORDESTE 2000 Relatoacuterio estatiacutestico hidroviaacuterio 1998 1999 e 2000 Disponiacutevel em httpwwwtransportesgovbrmodalhidroviaacuterioESTATIacuteSTICABaciapinda reacutehtm Acesso em 20052014 CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE - Resoluccedilotildees CONAMA DisponiacutevelemlthttpwwwmmagovbrCONAMAres357mar2005htmlgt Acesso em 11 de marccedilo de 2012 ESTEVES F A (Org) Fundamentos de Limnologia 3ordm ed Rio de Janeiro Interciecircncias 2011 826 p GAUDETTE HE FLIGHT WR TONER L OOLGER DW 1974 - EMBRAPA An inexpensive titration method for the determination of organic carbon in recent sediments Journal of Sedimentary Petrology v 44 p249 ndash 253 GOLTERMAN H L CLYMO RS amp OHSNTAD MAM 1978 Methods for physical and chemical analysis of freshwaters2 ed IBP Handbook 8BlackwellSci Publ Oxford IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Atlas de Saneamento 2011 Rio de Janeiro 2011 IBGE Histoacuterico de cidades Disponiacutevel em httpwwwibgegovbrcidadesattopwindow Acessado em 23062014
AVALIACcedilAtildeO DOS PARAcircMETROS FIacuteSICO ndash QUIacuteMICOS DO SEDIMENTO DO RIO PINDAREacute NOS MUNICIacutePIOS DE PINDAREacute- MIRIM TUFILAcircNDIA E ALTO
ALEGRE (MA)
131
PANE J S BRONDI S H G Anaacutelise quiacutemica de sedimentos de represas da Embrapa Pecuaacuteria Sudeste In CONGRESSO DE INICIACcedilAtildeO CIENTIacuteFICA 162008 Satildeo Carlos Anais de Eventos da UFSCar v4 2008 p1010 Disponiacutevel em lthttpict2008nitufscarbrcicuploadsC28C28-062pdfgt Acesso em 10 jun 2014 POMPEcircO M L M MOSCHINI-CARLOS V SILVA-FILHO G C Transporte de Nitrogecircnio Foacutesforo e Seston em trecircs rios Preacute-amazocircnicos (estado do Maranhatildeo Brasil) Bioikos Vol 16 nordm 12 p 29-39 2002 RODRIGUES et al Variaccedilatildeo temporal do fitoplacircncton em um rio tropical preacute-amazocircnico (Rio Pindareacute Maranhatildeo Brasil) Ciecircncia e Natura Vol 37 nordm 2 p 241 ndash 251 2015 SEMATUR Diagnoacutestico dos Principais Problemas Ambientais do Estado do Maranhatildeo Secretaria do Estado do Meio Ambiente e Turismo Satildeo Luiacutes 199 p19 SILVA C M R Estudo de Sedimento da Bacia Hidrograacutefica do Mogi- Guaccedilu com ecircnfase na Determinaccedilatildeo de Metais Pesados 2002 98f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) Instituto de Quiacutemica de Satildeo Carlos Universidade de Satildeo Paulo SINGH M ANSARI A A MUumlLLER G SINGH I B Heavy metals in freshly deposited sediments of the Gomati River (a tributary of the Ganga River) effects of human activities Environ Geol v 29 n 3-4 p 246-252 1997 SILVA da V L caracterizaccedilatildeo fiacutesico ndash quiacutemica da aacutegua e sedimento do rio pindareacute nos trechos correspondentes aos municiacutepios de pindareacute- mirim tufilacircndia e alto alegre (ma) 2014 29f Monografia (Graduaccedilatildeo) Universidade Federal do Maranhatildeo Satildeo Luiacutes 2014
CIANOBACTEacuteRIAS EM MANANCIAIS DE ABASTECIMENTO DO SEMIAacuteRIDO E SUAS CONSEQUEcircNCIAS PARA SAUacuteDE PUacuteBLICA
132
CAPIacuteTULO 8
CIANOBACTEacuteRIAS EM MANANCIAIS DE ABASTECIMENTO DO SEMIAacuteRIDO E SUAS CONSEQUEcircNCIAS PARA SAUacuteDE PUacuteBLICA
Patriacutecia Silva CRUZ1
Leandro Gomes VIANA2
Beatriz Susana Ovruski de CEBALLOS3 1 Doutoranda Universidade Estadual da Paraiacuteba ndash UEPB
2 Mestrando Universidade Estadual da Paraiacuteba-UEPB
3 Orientadora Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Engenharia Ambiental - UEPB
E-mail patriciacruz_biologahotmailcom
RESUMO O presente estudo traz uma revisatildeo bibliograacutefica sobre a ocorrecircncia das cianobacteacuterias em mananciais de abastecimento puacuteblico da regiatildeo semiaacuterida e suas consequecircncias para a sauacutede puacuteblica uma vez que o registro de floraccedilotildees de algas e cianobacteacuterias vecircm aumentando em intensidade e frequecircncia com dominacircncia de cianobacteacuterias durante grande parte do ano nos sistemas aquaacuteticos da regiatildeo semiaacuterida As floraccedilotildees toacutexicas satildeo consideradas como um dos maiores problemas em ecossistemas de aacutegua doce ocasionando efeitos na ciclagem de nutrientes e na biodiversidade deterioraccedilatildeo da qualidade da aacutegua aleacutem de danos agrave sauacutede humana principalmente em aacutereas com escassez de aacutegua em virtude do seu potencial em produzir e liberar cianotoxinas para o meio Essas cianotoxinas podem afetar a sauacutede humana atraveacutes do contato em atividades de recreaccedilatildeo como tambeacutem atraveacutes da ingestatildeo destas na aacutegua ou ainda acumularem nos tecidos dos organismos aquaacuteticos Outro fator relevante eacute o fato de que as cianotoxinas natildeo satildeo removidas pelo sistema de tratamento convencional aleacutem de
CIANOBACTEacuteRIAS EM MANANCIAIS DE ABASTECIMENTO DO SEMIAacuteRIDO E SUAS CONSEQUEcircNCIAS PARA SAUacuteDE PUacuteBLICA
133
poderem ter sua concentraccedilatildeo aumentada durante o processo em virtude da lise celular onde dessa forma a aacutegua ldquopotaacutevelrdquo funciona como fonte de exposiccedilatildeo agrave populaccedilatildeo sendo assim necessaacuterio o monitoramento da aacutegua de mananciais de abastecimento de forma estabelecida pela legislaccedilatildeo vigente a fim de evitar riscos potenciais adversos agrave sauacutede humana e garantir o controle da qualidade da aacutegua oferecida agrave populaccedilatildeo Palavras- Chave Semiaacuterido Cianobacteacuterias Cianotoxinas
1 INTRODUCcedilAtildeO
No Brasil os reservatoacuterios com usos muacuteltiplos apresentam
o processo de eutrofizaccedilatildeo acelerado degradando a qualidade
das aacuteguas pela elevada entrada de nutrientes e
consequentemente pela formaccedilatildeo de floraccedilotildees de
cianobacteacuterias (BECKER et al 2009 SOARES et al 2009)
Em estados avanccedilados de eutrofizaccedilatildeo pode ocorrer a
proliferaccedilatildeo de cianobacteacuterias em detrimento de outras
espeacutecies aquaacuteticas Muitos gecircneros desses microrganismos
quando submetidos a determinadas condiccedilotildees ambientais
podem produzir toxinas que tecircm efeitos diretos sobre a sauacutede
humana e provocam aumento nos custos para o tratamento da
aacutegua
O registro de floraccedilotildees vem aumentando em intensidade e
frequecircncia com dominacircncia de cianobacteacuterias durante grande
parte do ano sobretudo em reservatoacuterios (SOARES et al
2009 2012) Vaacuterios estudos tem reportado a dominacircncia
desses organismos em mananciais de abastecimento puacuteblico
As floraccedilotildees de cianobacteacuterias potencialmente toacutexicas eacute um
seacuterio problema de sauacutede puacuteblica principalmente em aacutereas com
CIANOBACTEacuteRIAS EM MANANCIAIS DE ABASTECIMENTO DO SEMIAacuteRIDO E SUAS CONSEQUEcircNCIAS PARA SAUacuteDE PUacuteBLICA
134
escassez de aacutegua como eacute o caso da regiatildeo semiaacuterida brasileira
(OLIVEIRA 2012)
As cianotoxinas estatildeo predominantemente no meio
intracelular poreacutem podem ser encontradas dissolvidas no meio
liacutequido apoacutes a lise celular (MEDEIROS 2013) Por isso os
oacutergatildeos de sauacutede puacuteblica apresentam grandes preocupaccedilotildees
em relaccedilatildeo agrave presenccedila desses compostos em aacutegua de
abastecimento humano principalmente apoacutes a trageacutedia de
Caruaru no Brasil episoacutedio onde as floraccedilotildees de
cianobacteacuterias toacutexicas foram reconhecidas como um problema
de sauacutede puacuteblica Diante do exposto o presente estudo
objetivou a elaboraccedilatildeo de uma revisatildeo bibliograacutefica sobre a
ocorrecircncia de floraccedilotildees de cianobacteacuterias nos mananciais da
regiatildeo semiaacuterida utilizados para abastecimento e suas
implicaccedilotildees na sauacutede puacuteblica
2 MATERIAL E MEacuteTODOS
No presente estudo foi realizada uma revisatildeo
bibliograacutefica Para tanto foram utilizados como bancos de
dados o Scielo (lthttpwwwscieloorgphpindexphpgt)
Science Direct (lthttpwwwsciencedirectcomgt) e o Portal de
Perioacutedicos CAPES (lthttpwwwperiodicoscapesgovbrgt) Os
acessos foram realizados no periacuteodo de 02 de Janeiro de 2016
a 05 de Maio de 2016
CIANOBACTEacuteRIAS EM MANANCIAIS DE ABASTECIMENTO DO SEMIAacuteRIDO E SUAS CONSEQUEcircNCIAS PARA SAUacuteDE PUacuteBLICA
135
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
31 Floraccedilotildees de Cianobacteacuterias em Mananciais de
Abastecimento
Nos uacuteltimos anos tem aumentado consideravelmente o
nuacutemero de registros de floraccedilotildees de cianobacteacuterias toacutexicas em
importantes reservatoacuterios brasileiros assim como a criaccedilatildeo de
programas de monitoramento
A ocorrecircncia de cianobacteacuterias tem sido dominante em
periacuteodos de floraccedilotildees do fitoplacircncton quer em ambientes de
reservatoacuterios lagoas costeiras rios lagos de inundaccedilatildeo quer
em outros lagos naturais (FERREIRA 2009)Estudo realizados
por Calijuri et al (2006) confirmam a ocorrecircncia de cepas
toacutexicas de cianobacteacuterias em corpos drsquoaacutegua utilizados para
abastecimento puacuteblico nos estados de Satildeo Paulo Rio de
Janeiro Minas Gerais Paraacute Paranaacute Bahia Pernambuco Rio
Grande do Norte Cearaacute Sergipe e Distrito Federal
Um levantamento dos estudos brasileiros sobre
cianobacteacuterias evidencia que as floraccedilotildees com potencial de
toxicidade tecircm aumentado significativamente em todo paiacutes
(AZEVEDO JARDIM 2006) onde Santanna et al (2008)
observaram um total de 32 espeacutecies de cianobacteacuterias toacutexicas
De acordo com Azevedo (2005) dos 26 estados brasileiros em
11 jaacute foram identificadas espeacutecies toacutexicas entretanto estes
dados natildeo satildeo recentes Bittencourt-Oliveira Santos Moura
(2010) citam as espeacutecies Microcystis aeruginosa M
panniformis M novacekii Planktothrix agardhii e o gecircnero
Anabaena como os mais frequentes em corpos aquaacuteticos no
Brasil
CIANOBACTEacuteRIAS EM MANANCIAIS DE ABASTECIMENTO DO SEMIAacuteRIDO E SUAS CONSEQUEcircNCIAS PARA SAUacuteDE PUacuteBLICA
136
Na regiatildeo do nordeste brasileiro grande parte das
pesquisas evidencia que a Cylindropermopsis raciborskii vem
ocorrendo com muita frequecircncia por vezes dominado a
comunidade fitoplanctocircnica e formando floraccedilotildees mistas com
outras cianobaacutecterias (COSTA et al 2006) Esses autores
verificaram nesta pesquisa que as cianobacteacuterias que se
destacaram formando floraccedilotildees com Cylindropermopsis
raciborskii foram Pseudanabaena sp Pseudanabaena
catenata Merismopedia sp Planktothrix agardhii e Oscillatoria
sp que satildeo espeacutecies potencialmente produtoras de toxinas
A ocorrecircncia de floraccedilotildees de cianobacteacuterias e a presenccedila
de cianotoxinas no nordeste do Brasil foram relatadas por
Teixeira et al (1993) que registraram indiacutecios de 2000 casos
de gastroenterite em Paulo Afonso cidade proacutexima ao
reservatoacuterio de Itaparica no estado da Bahia e associaram a
epidemia da doenccedila a proliferaccedilatildeo de cianobacteacuterias observada
no reservatoacuterio
No estado do Cearaacute Pacheco (2009) estudando a classe
Cianobacteria no accedilude Acarape do Meio verificou que as
espeacutecies Cylindropermopsis raciborskii e a Planktothrix agardhii
estavam presente em todas as 7 estaccedilotildees estudadas e que a
primeira apresentou densidade acima de 50 e dominacircncia em
5 dos 7 pontos amostrados durante aproximadamente oito
meses enquanto a segunda apresentou dominacircncia em dois
pontos durante dois meses
Em anaacutelise da comunidade fitoplanctocircnica de 9
reservatoacuterios localizados em 5 bacias hidrograacuteficas do Estado
do Cearaacute Barros (2013) verificou a dominacircncia de
cianobacteacuterias nestes mananciais frequentemente maior que
90 da biomassa total onde a Cylindrospermopsis raciborskii
foi evidenciada em todos os reservatoacuterios estudados sendo
CIANOBACTEacuteRIAS EM MANANCIAIS DE ABASTECIMENTO DO SEMIAacuteRIDO E SUAS CONSEQUEcircNCIAS PARA SAUacuteDE PUacuteBLICA
137
dominante em trecircs reservatoacuterios Serafim Dias (60) accedilude do
Coronel (73) e Acarape do Meio (64) No reservatoacuterio
Thomaz Osterne de Alencar no municiacutepio de CratondashCE
verificou-se que a espeacutecie Pseudanabaena sp destacou-se
quanto agrave frequecircncia de ocorrecircncia estando presente em 100
das amostras e sendo classificada como uma das espeacutecie
abundantes no citado manancial (RANGEL et al 2013)
No estado do Rio Grande do Norte estudos em
ecossistemas aquaacuteticos eutroacuteficos foram reportados nas
uacuteltimas deacutecadas apontando a dominacircncia de cianobacteacuterias
potencialmente produtoras de toxinas (CHELLAPPA BORBA
ROCHA 2008 COSTA et al 2009 BRASIL 2011)
Estudos de Costa et al (2006) no reservatoacuterio Armando
Ribeiro Gonccedilalves (RN) segundo maior reservatoacuterio da Regiatildeo
(24 x 109 m3) e que fornece aacutegua para 400 mil habitantes
detectaram na aacutegua bruta concentraccedilotildees de saxitoxina de 314
μgL-1 e de 88 μgL-1 de microcistina enquanto na tratada 016
μgL-1
No mesmo estado Panosso et al (2007) ao realizar um
monitoramento de cianobacteacuterias cianotoxinas e medidas de
controle de floraccedilotildees em cinco reservatoacuterios (Gargalheiras
Parelhas Itans Passagem das Traiacuteras e Sabugi) relata a
ocorrecircncia de espeacutecies potencialmente toacutexicas
(Cylindropermopsis raciborskii Microcystis spp
Aphanizomenon sp e Anabaena circinalis) como dominantes
representando 90 da biomassa total formando floraccedilotildees
nestes reservatoacuterios
Costa et al (2009) verificaram que 33 dos taacutexons
analisados eram representados por 41 cianobacteacuterias
pertencentes as Chroococcales Oscillatoriales e Nostocales e
ocorrecircncia de compostos hepatotoacutexicos no reservatoacuterio
CIANOBACTEacuteRIAS EM MANANCIAIS DE ABASTECIMENTO DO SEMIAacuteRIDO E SUAS CONSEQUEcircNCIAS PARA SAUacuteDE PUacuteBLICA
138
Armando Ribeiro atribuindo esta toxicidade agrave populaccedilatildeo de
Planktothrix agardhii uma vez que contribuiacuteram com 90 da
biomassa fitoplanctocircnica
No estado de Pernambuco Carvalho-de-la-Mora (1986)
identificou e ilustrou 20 taacutexons de cianobacteacuterias ocorrentes no
accedilude do Prata registrando que a famiacutelia Chroococcaceae foi
a mais abundante e com relaccedilatildeo aos taacutexons identificados 19
haviam sido documentados pela primeira vez para o Estado
Carvalho-de-la-Mora (1991) estudou as cianobacteacuterias em
diferentes corpos Bouvy et al (1999) verificaram a dinacircmica
de C raciborskii no reservatoacuterio de Ingazeira e verificou que a
espeacutecie formava floraccedilotildees Aleacutem disso os autores afirmaram
que as floraccedilotildees foram causadas pelo fenocircmeno El Nintildeo que
modificou as condiccedilotildees climaacuteticas da regiatildeo transformando o
ambiente propiacutecio para o desenvolvimento da espeacutecie
Molica et al (2002) relataram agrave ocorrecircncia de um
anaacutelogo de saxitoxina em uma linhagem de Cylindropermopsis
raciborskii (ITEP 018) isolada do reservatoacuterio de Tabocas em
Caruaru Brasil Bittencourt-Oliveira (2003) ao estudar cepas de
Microcystis isoladas de quatro reservatoacuterios de Pernambuco
Duas Unas Jucazinho Tabocas e Tapacuraacute verificou a
coexistecircncia de genoacutetipos toacutexicos e natildeo toacutexicos nas floraccedilotildees
formadas por este taacutexon Bittencourt-Oliveira et al (2010)
identificaram um gene (mcyB) envolvido na biossiacutentese de
microcistina em todas as amostras ambientais com
cianobacteacuterias analisadas em sete reservatoacuterios (Botafogo
Duas Unas Tapacuraacute Carpina Mundauacute Arcoverde e Jazigo)
As espeacutecies predominantes neste estudo foram Microcystis
aeruginosa M novacekii M panniformis Anabaena constricta
e Planktothrix agardhii
CIANOBACTEacuteRIAS EM MANANCIAIS DE ABASTECIMENTO DO SEMIAacuteRIDO E SUAS CONSEQUEcircNCIAS PARA SAUacuteDE PUacuteBLICA
139
Na Paraiacuteba primeiro registro de floraccedilotildees de
cianobacteacuterias em reservatoacuterios destinados ao abastecimento
ocorreu no reservatoacuterio Argemiro de Figueiredo (Acauatilde) regiatildeo
do Meacutedio Rio Paraiacuteba que apresentou floraccedilotildees de
cianobacteacuterias desde sua inauguraccedilatildeo em 2002 As espeacutecies
e gecircneros de cianobacteacuterias mais comumente observados
foram Microcystis aeruginosa Anabaena ssp e Oscillatoria spp
sendo Cilindrospermopsis raciborskii a espeacutecie que mais
contribuiu para a densidade O accedilude foi classificado como
eutroacutefico em todas as estaccedilotildees de coleta e em todos os meses
amostrados (BARBOSA MENDES 2005)
Nos anos de 2004 e 2005 a espeacutecie de cianobacteacuteria
dominante nesse accedilude foi Oscillatoria lauterbornii seguida pela
Cilindrospermopsis raciborskii As espeacutecies Planktrothrix sp e
Microcystis aeruginosa foram tambeacutem observadas com grande
frequecircncia e casos de dermatites na populaccedilatildeo ribeirinha foram
associados agrave presenccedila de floraccedilotildees de cianobacteacuterias (LINS
2006 SILVA 2006)
No ano seguinte (2006) os gecircneros e espeacutecies de
cianobacteacuterias predominantes foram Pseudoanabaena sp
Oscillatoria sp Planktrothrix agardhii Cilindrospermopsis
raciborskii e Microcystis aeruginosa (LUNA 2008) Em
praticamente todo periacuteodo de 2007 e 2008 foi observada
predominacircncia de Planktrothrix agardhii Pseudoanabaena
limneacutetica e Cilindrospermopsis raciborskii e o reservatoacuterio de
Acauatilde permaneceu com elevados graus de trofia (LINS 2011)
Lins (2011) ao realizar amostragens em trecircs pontos de
coleta (confluecircncia dos tributaacuterios proacutexima dos tanques-rede
com piscicultura intensiva e na zona de barragem) observaram
dominacircncia de espeacutecies filamentosas na zona eufoacutetica e
afoacutetica com destaque para Plankthothirx agardhii Outras
CIANOBACTEacuteRIAS EM MANANCIAIS DE ABASTECIMENTO DO SEMIAacuteRIDO E SUAS CONSEQUEcircNCIAS PARA SAUacuteDE PUacuteBLICA
140
espeacutecies coexitiram no ambiente nesse periacuteodo alternando-se
em dominacircncia como Pseudoanabaena limneacutetica
Cylindrospermopsis raciborskii Aphanocapsa incerta
Dolichospermum circinalis Oscillatoria lacustre Microcystis
aeruginosa e Microcistys sp
Estudos realizados por Macedo (2009) nos 20 principais
accediludes do Estado demonstraram a ocorrecircncia de
cianobacteacuterias potencialmente toxigecircnicas em 18 deles com
predomiacutenio de Microcystis aeruginosa Cilindrospermopsis
raciborskii e Plankthotrix agardhii em 16 especialmente no
periacuteodo seco Em 13 accediludes foi detectada a presenccedila de
microcistina em concentraccedilotildees inferiores a 05 microgL-1 em 2
deles e em 11 os valores foram superiores a 10 microgL-1
32 Cianobacteacuterias e Cianotoxinas Implicaccedilotildees para Sauacutede
Puacuteblica
O conhecimento de que as toxinas de cianobacteacuterias
causam problemas agrave sauacutede humana satildeo reportadas de longas
datas (CARMICHAEL 1981 FALCONER 1996 PIZZOLOacuteN
1996) A exposiccedilatildeo agraves cianotoxinas pode ocorrer por via oral
diretamente pela ingestatildeo de aacutegua Outra forma de exposiccedilatildeo
pode ocorrer indiretamente atraveacutes do consumo de alimentos
como peixes crustaacuteceos moluscos e plantas (GALVAtildeO et al
2009 PAPADIMITRIOU et al 2012 CHEN XIE 2005 2007)
em que as cianotoxinas podem estarem bioacumuladas
(GUTIEacuteRREZ-PRAENA et al 2013) Aleacutem disso a
contaminaccedilatildeo tambeacutem pode ocorrer por meio de atividades
recreativas exposiccedilatildeo deacutermica e inalaccedilatildeo (CALIJURI ALVES
SANTOS 2006)
CIANOBACTEacuteRIAS EM MANANCIAIS DE ABASTECIMENTO DO SEMIAacuteRIDO E SUAS CONSEQUEcircNCIAS PARA SAUacuteDE PUacuteBLICA
141
Dados da literatura reportam registros de alteraccedilotildees
gastrointestinais do iniacutecio do seacuteculo XX (TISDALE 1933)
quando florescimentos de Microcistis nos rios Ohio e Potomac
nos EUA afetaram entre 5000 a 8000 pessoas que consumiram
aacutegua potaacutevel procedente daquelas aacuteguas onde o tratamento
mediante precipitaccedilatildeo filtraccedilatildeo e cloraccedilatildeo natildeo foi suficiente
para remover as toxinas (TISDALE 1931) Outros episoacutedios de
intoxicaccedilotildees por cianobacteacuterias jaacute foram descritos em paiacuteses
como Austraacutelia Inglaterra China e Aacutefrica do Sul (FALCONER
et al1994)
No Brasil tem sido confirmada a ocorrecircncia de cepas
toacutexicas de cianobacteacuterias em reservatoacuterios de abastecimento
puacuteblico lagoas salobras e rios na maioria dos Estados e os
bioensaios de toxicidade recomendados pela OMS
(Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede) tecircm demonstrado que
aproximadamente 75 das cepas isoladas apresentaram-se
toacutexicas (AZEVEDO 1998)
Em 1988 uma epidemia de gastroenterite no receacutem-
inaugurado reservatoacuterio de Itaparica (Bahia) resultou na morte
de 88 pessoas entre 200 intoxicadas pelo consumo de aacutegua
entre marccedilo e abril do ano supracitado Dados cliacutenicos dos
pacientes e anaacutelises da aacutegua apontaram forte evidecircncia de
correlaccedilatildeo entre a ocorrecircncia de floraccedilotildees de cianobacteacuterias
(TEIXEIRA et al 1993) Outro episoacutedio relevante ocorreu em
1996 com um surto de insuficiecircncia hepaacutetica ocorrido em
pacientes renais crocircnicos submetidos agrave hemodiaacutelise numa
cliacutenica na cidade de Caruaru-PE Esse foi o caso mais marcante
no paiacutes dos 131 pacientes envolvidos neste incidente 76
faleceram As anaacutelises de cianotoxinas comprovaram a
presenccedila de microcistinas e ciindrospermopsina nos filtros de
CIANOBACTEacuteRIAS EM MANANCIAIS DE ABASTECIMENTO DO SEMIAacuteRIDO E SUAS CONSEQUEcircNCIAS PARA SAUacuteDE PUacuteBLICA
142
carvatildeo ativado da cliacutenica no soro sanguiacuteneo e no tecido
hepaacutetico dos pacientes (CARMICHAEL et al 2001)
Alguns autores referem-se ao potencial toxicoloacutegico das
cianotoxinas como causadoras de tumores hepaacuteticos
(AZEVEDO 1998 CARMICHAEL 1992) distuacuterbios
neuroloacutegicos constituindo-se em patologias bastante
complexas aleacutem das complicaccedilotildees aleacutergicas dermatoloacutegicas
ou respiratoacuterias que se manifestam com vertigens
gastroenterites agudas irritaccedilotildees da mucosa
ocularpneumonias atiacutepicas cefaleacuteias coacutelicas abdominais
vocircmitos e diarreacuteia (FLEMING et al 2002 LEAL SOARES
2004 UENO et al 1996) e ainda comprometimento do sistema
imunoloacutegico (GONCcedilALVES 2004 KUJBIDA 2005)
De um modo geral os relatos cliacutenicos dos danos agrave sauacutede
puacuteblica envolvem o consumo oral de toxinas em consequecircncia
de acidentes desconhecimento ou deficiecircncia na operaccedilatildeo dos
sistemas de tratamento de aacutegua (AZEVEDO JARDIM 2006)
sendo cada uma responsaacutevel por um rol de sintomas
caracteriacutesticos ingestatildeo acidental por via oral ou intravenosa
(durante os tratamentos por hemodiaacutelise) de aacuteguas com doses
elevadas de cianotoxinas podem provocar gastroenterite com
diarreacuteias vocircmitos naacuteuseas coacutelicas abdominais e febre ou um
quadro de hepatite com anorexia astenia e tambeacutem vocircmitos
podendo evoluir para oacutebito
Estudos de Portes (2004) evidenciam que as hortaliccedilas
podem tambeacutem servir de via de contaminaccedilatildeo quando irrigadas
com aacuteguas contaminadas natildeo sendo comuns referecircncias sobre
este modo de contaminaccedilatildeo Outra forma eacute por inalaccedilatildeo de
cianobacteacuterias e seus esporos o que pode acontecer
acidentalmente ou durante a praacutetica de desportos aquaacuteticos o
que pode gerar sintomas como rinite conjuntivite dispneacuteia
CIANOBACTEacuteRIAS EM MANANCIAIS DE ABASTECIMENTO DO SEMIAacuteRIDO E SUAS CONSEQUEcircNCIAS PARA SAUacuteDE PUacuteBLICA
143
bronquite aguda asma dermatite ou queimaduras na pele
(REIS 2006)
Outra possibilidade eacute a de bioacumulaccedilatildeo e transferecircncia
de cianotoxinas por meio da ingestatildeo de peixes onde as
toxinas podem acumular no muacutesculo ou viacutesceras (SOARES
MAGALHAtildeES AZEVEDO 2004 ROMO et al2012) e em
moluscos que tenham se alimentado continuamente de
cianobacteacuterias acumulando as toxinas em seus tecidos o que
pode ocasionar seacuterios riscos agrave sauacutede humana
Magalhatildees et al (2001) realizaram um estudo sobre a
bioacumulaccedilatildeo de microcistinas em tilaacutepias (Tilapia rendalli)
que se alimentaram continuamente de cianobacteacuterias toacutexicas
em um lago no sudeste do Brasil e evidenciaram nas amostras
do fitoplacircncton a dominacircncia do gecircnero Microcystis e nas
amostras de fiacutegado e tecido muscular dos peixes confirmou-se
a presenccedila de microcistinas em concentraccedilotildees perto ou acima
do limite recomendado pela OMS para consumo humano (004
microkg-dia)
Segundo Nishiwaki-Matsushima et al (1992) Fujiki
Suganuma (1993) haacute evidecircncias de que populaccedilotildees
abastecidas por reservatoacuterios que apresentam extensas
floraccedilotildees de cianobacteacuterias e que estejam expostas a baixos
niacuteveis de toxinas por longos periacuteodos demonstram
desenvolvimento de carcinoma hepaacutetico em um nuacutemero
significativo de pessoas
4 CONCLUSOtildeES
As cianobacteacuterias tem apresentado dominacircncia em
mananciais de abastecimento e frente aos futuros cenaacuterios de
mudanccedilas climaacuteticas tendem a persistirem nesses ambientes
CIANOBACTEacuteRIAS EM MANANCIAIS DE ABASTECIMENTO DO SEMIAacuteRIDO E SUAS CONSEQUEcircNCIAS PARA SAUacuteDE PUacuteBLICA
144
tornando-se um problema preocupante em virtude de vaacuterios
gecircneros serem capazes de formar floraccedilotildees e produzirem
toxinas que afetam a microbiota os animais e o homem
Outro fator relevante eacute o fato de que as cianotoxinas natildeo
satildeo removidas pelo sistema de tratamento convencional aleacutem
de poderem ter sua concentraccedilatildeo aumentada durante o
processo onde dessa forma a aacutegua ldquopotaacutevelrdquo funciona como
fonte de exposiccedilatildeo agrave populaccedilatildeo fazendo-se necessaacuterio o
monitoramento da aacutegua de forma estabelecida pela portaria nordm
29142011 do Ministeacuterio da Sauacutede (MS) a fim de evitar riscos
potenciais adversos agrave sauacutede humana e garantir o controle da
qualidade da aacutegua oferecida agrave populaccedilatildeo
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
AZEVEDO SMFO (1998) Toxinas de Cianobacteacuterias Causas e Consequecircncias para a Sauacutede Puacuteblica Medicina On line v 1 Ano I n 3
AZEVEDO SMFO (2005) South and Central America Toxic
cyanobacteria In Codd GA et al (ed) Cyanonet a global network for
cyanobacterial bloom and toxin risk management Paris IHPUnesco p
115-126
AZEVEDO SMFO JARDIM F (2006) Cianobacteacuterias em Aacuteguas para Abastecimento Puacuteblico e o Cumprimento da Legislaccedilatildeo Brasileira Boletim da Sociedade Brasileira de Limnologia nordm35 Disponiacutevel em httpwwwsblimnoorgbrBoletim-arquivosbol_sbl_35(1)pdf BARBOSA E J L WATANABE T MOREDJO A ABIacuteLIO F J P (2001) A hipereutrofizaccedilatildeo e suas implicaccedilotildees na biocenose de um ecossistema aquaacutetico urbano de Joatildeo Pessoa Paraiacuteba Revista nordestina de biologia vol 15 2001 BARBOSA JEL MENDES J S (2005) Estrutura da comunidade fitoplacircntonica e aspectos fiacutesicos e quiacutemicos das aacuteguas do reservatoacuterio de Acauatilde ndash semi- aacuterido paraibano X Reuniatildeo da Spciedade Brasileira de Ficologia2005 Salvador Anais da X Reuniatildeo da Sociedade Brasileira de FicologiaP 339-360 BARBOSA J E de L ANDRADE RS LINS RP DINIZ CR (2006) Diagnoacutestico do estado troacutefico e aspectos limnoloacutegicos de sistemas
CIANOBACTEacuteRIAS EM MANANCIAIS DE ABASTECIMENTO DO SEMIAacuteRIDO E SUAS CONSEQUEcircNCIAS PARA SAUacuteDE PUacuteBLICA
145
aquaacuteticos da Bacia Hidrograacutefica do Rio Taperoaacute Troacutepico semi-aacuterido Brasileiro Revista de Biologia e Ciecircncias da Terra p 81-89 BARROS M U G(2013) Prospecccedilatildeo de Cylindropermopsis raciborskii em reservatoacuterios no Cearaacute e efeitos da depleccedilatildeo de nutrientes na sua concentraccedilatildeo celular Dissertaccedilatildeo (Mestrado Em Engenharia Civil - Saneamento Ambiental) ndash Universidade Federal do Cearaacute Fortaleza 2013 BECKER V HUSZAR VLM CROSSETTI LO (2009) Responses of phytoplankton functional groups to the mixing regime in a deep subtropical reservoir Hydrobiologia 628 137-15 BITTENCOURT-OLIVEIRA M C (2003) Detection of potentially microcystin producing cyanobacteria in Brazilian reservoirs with a mcyB molecular marker Harmful Algae v 2 p 51-60 BITTENCOURT-OLIVEIRA MD SANTOS MOURA N (2010) Toxic cyanobacteria in reservoirs in northeastern Brazil detection using a molecular method Brazilian Journal of Biology vol 70 p 1005-1010 BITTENCOURT-OLIVEIRA M C HEREMAN T C CORDEIRO-ARAUacuteJO M K MACEDO-SILVA I DIAS C T SASAKI FF C MOURA A N (2014) Phytotoxicity associated to microcystins a review Braz Brazilian Journal of Biology 74 (4) 753-760 BRASIL J (2011) Ecologia do fitoplacircncton em reservatoacuterios do semi-aacuterido brasileiro da abordagem funcional da comunidade agrave variabilidade intra-especiacutefica Rio de Janeiro RJ 2011 Tese de doutorado (Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Ecologia) ndash Universidade Federal do Rio de Janeiro 140 f BRASIL MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE (BR) Portaria nordm2914 de 12 de dezembro de 2011 Dispotildee sobre os procedimentos de controle e de vigilacircncia da qualidade da aacutegua para consumo humano e seu padratildeo de potabilidade Brasiacutelia (DF) Ministeacuterio da Sauacutede 2011 BOUVY M MOLICA R DE OLIVEIRA S MARINHO M BEKER B (1999) Dynamics of a toxic cyanobacterial bloom Cylindrospermopsis raciborskii) in a shallow reservoir in the semi-arid region of Northeast Brazil Aquat Microb Ecol 20 (3) 285-297 CARMICHAEL WW (1981) The Water Environment Algal Toxins and Health Plenum Press New York CARMICHAEL WW AZEVEDO SMFO NA JS MOLICA RJR JOCHIMSEN EM LAU S RINEHART KI SHAW GR EAGLESHAM GK (2001) human fatalities from cyanobacteria chemical and biological evidence for cyanotoxins Environmental Health Perspectives 109 663-668 CARVALHO-DE-LA-MORA L M (1986) Nostocophyceae (Cyanophyceae) de manaciais de abastecimento I- Accedilude do Prata Recife Pernambuco In Anais do II Encontro Brasileiro de Placircncton Recife Pernambuco 1986
CIANOBACTEacuteRIAS EM MANANCIAIS DE ABASTECIMENTO DO SEMIAacuteRIDO E SUAS CONSEQUEcircNCIAS PARA SAUacuteDE PUacuteBLICA
146
CARVALHO-DE-LA-MORA L M (1991) Chroococcales (Cyanophyceae) do Estado de Pernambuco Brasil ndash II Synechocystes Synechococcus Cyanothece Merismopedia Aphanothece Gloeocapsa Chroococcus Gloeothece Gomphosphaeria e Johannesbaptista In Encontro Brasileiro de Placircncton 4 Anais Recife PE p139-169 1991 CHELLAPPA NT BORBA JM ROCHA O (2008) Phytoplankton community and physical-chemical characteristics of water in the public reservoir of Cruzeta RN Brazil 2008 Braz J Biol 68 477-494 CHEN J XIE P (2005) Tissue distributions and seasonal dynamics of the hepatotoxic microcystins-LR and -RR in two freshwater shrimps Palaemon modestus and Macrobrachium nipponensis from a large shallow eutrophic lake of the subtropical China Toxicon 2005 45(5) 615-625 CHEN J XIE P (2007) Microcystin accumulation in freshwater bivalves from Lake Taihu China and the potential risk to human consumption Environmental Toxicology and Chemistry 2007 26(5) 1066-1073 COSTA IAS CUNHA SRS PANOSSO R ARAUacuteJO MFF MELO JL ESKINAZI-SANTANNA EM (2009) Dinacircmica de cianobacteacuterias em reservatoacuterios eutroacuteficos do semi-aacuterido do Rio Grande do Norte Oecol Bras 13 (2) 382-401 FALCONER IR (1996) Potential impact on human health of toxic cyanobacteria Phycologia 35 (6 Suppl) 6-11 FERREIRA M S (2009) Desenho dos ensaios de nanofiltraccedilatildeo para remoccedilatildeo de cianotoxinas no tratamento de aacutegua para consumo humano agrave escala laboratorial e piloto Trabalho realizado no acircmbito do Projecto em Engenharia do Ambiente do Mestrado Integrado em Engenharia do Ambiente na aacuterea de Tecnologias Ambientais Faculdade de Ciecircncias e Tecnologia FLEMING LE RIVERO C BURNS J WILLIAMS C BEAN JA SHEA KA STINN J (2002) Blue Green Algal (Cyanobacterial) Toxins Surface Drinking Water and Liver Cancer in Florida Harmful Algae 1 157-16 FUJIKI H SUGANUMA M (1993) Tumor Promotion by Inibitors of Protein Fosfatases1 and 2 A The Ocadaic Acid Class of Compounds Adv Cancer Res 611-43 GALVAtildeO JA OETTERER M BITTENCOURT-OLIVEIRA MC GOUVEcircA-BARROS S HILLER S ERLER K LUCKAS B PINTO E KUJBIDA P (2009) Saxitoxins accumulation by freshwater tilapia (Oreochromis niloticus) for human consumption Toxicon 2009 54(6) 891-894 GUTIEacuteRREZ-PRAENA D JOS Aacute PICHARDO S MORENO IM CAMEAacuteN AM (2013) Presence and bioaccumulation of microcystins and cylindrospermopsin in food and the effectiveness of some cooking
CIANOBACTEacuteRIAS EM MANANCIAIS DE ABASTECIMENTO DO SEMIAacuteRIDO E SUAS CONSEQUEcircNCIAS PARA SAUacuteDE PUacuteBLICA
147
techniques at decreasing their concentrations a review Food and Chemical Toxicology 2013 53 139-152 GUVEN B HOWARD A (2011) Sensitivity analysis of a cyanobacterial growth and movement model under two different flow regimes Environmental Modeling and Assessment v 16 n 6 p 577-589 KUJBIDA PS (2005) Microcistinas Produzidas pela Cianobacteacuteria Microcystis panniformis e Alguns Efeitos Sobre Funccedilotildees de Neutroacutefilos Humanos Dissertaccedilatildeo de Mestrado Universidade de Satildeo Paulo- Toxicologia e Anaacutelises Toxicoloacutegicas 1v 82 p LEAL AC SOARES MCP (2004) Hepatotoxicidade da Cianotoxina Microcistina Rev da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical 37 suplemento Hepatologia Tropical LINS RP (2006) Limnologia da barragem de Acauatilde e codeterminantes socioeconocircmicos de seu entorno uma nova interaccedilatildeo do limnoacutelogo com sua unidade de estudo Dissertaccedilatildeo de Mestrado PRODEMAUFPB Joatildeo Pessoa 2006145 p LINS R P (2011) Estrutura dinacircmica da comunidade fitoplanctocircnica em um reservatoacuterio eutroacutefico do troacutepico semiaacuterido brasileiro 113 p Tese (Doutorado em Recursos Naturais) CTRN Universidade Federal de Campina Grande Campina Grande PB 2011 LUNA BJC (2008) Caracteriacutesticas espaccedilo-temporais do sistema do Accedilude Acauatilde e seu atual Igravendice de estado troacutefico 118f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente) - PRODEMA Universidade Federal da Paraiacuteba- Universidade Estadual da Paraiacuteba Campina Grande- PB 2008 MACEDO D RG (2009) Microcistina na aacutegua e biomagnificaccedilatildeo em peixes de reservatoacuterios de abastecimento puacuteblico do Estado da Paraiacuteba 103 f 2009 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente) - PRODEMA Universidade Federal da Paraiacuteba- Universidade Estadual da Paraiacuteba Joatildeo Pessoa- PB MEDEIROS LC (2013) O efeito do regime hidroloacutegico do semiaacuterido na composiccedilatildeo de espeacutecies durante dominacircncia de cianobacteacuterias em um reservatoacuterio tropical Natal 2013 Dissertaccedilatildeo de Mestrado (Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Engenharia Sanitaacuteria) ndash Universidade Federal do Rio Grande do Norte 46p MOLICA R ONODERA H GARCIA C RIVAS M ANDRINOLO D NASCIMENTO S MEGURO H (2002) Toxins in the freshwater cyanobacterium Cylindrospermopsis raciborskii (Cyanophyceae) isolated from Tabocas reservoir in Caruaru Brazil including demonstration of a new saxitoxin analogue Phycologia 41606-611 NISHIWAKI-MATSUSHIMA R OTHA T NISHIWAKI S SUGUNUMA M KOHYAMA K ISHIKAWA T CARMICHAEL WW FUJIKI H (1992) Liver Tumor Promotin by the Cyanobacterial Cyclic Peptid Toxin
CIANOBACTEacuteRIAS EM MANANCIAIS DE ABASTECIMENTO DO SEMIAacuteRIDO E SUAS CONSEQUEcircNCIAS PARA SAUacuteDE PUacuteBLICA
148
Microcystin-LR Journal Cacircncer Research Clinical Oncology 1992 118420-4 PACHECO CH A (2009) Dinacircmica espacial e temporal de variaacuteveis limnoloacutegicas e sua influecircncia sobre as cianobacteacuterias em um reservatoacuterio eutrofizado accedilude Acarape do Meio-CE Mestrado (Engenharia de Recursos Hiacutedricos e Sanitaacuteria) Universidade Federal de Campina Grande Campina Grande ndash PB 2009 PANOSSO R COSTA I A S SOUZA N R CUNHA S R S ATTAYDE J L GOMES F C F (2007) ldquoCianobacteacuterias e cianotoxinas em reservatoacuterios do Estado do Rio Grande do Norte e o potencial controle das floraccedilotildees pela tilaacutepia do Nilo (Oreochromis niloticus)rdquo Oecologia Brasiliensis Rio de Janeiro v 11 n3 p 433-449 PAPADIMITRIOU T KAGALOU I STALIKAS C PILIDIS G LEONARDOS ID (2012) Assessment of microcystin distribution and biomagnification in tissues of aquatic food web compartments from a shallow lake and evaluation of potential risks to public health Ecotoxicology (London England) 2012 21(4) 1155-1166 PIZZOLOacuteN L (1996) Importancia de las Cianobacterias Como Factor de Toxicidad en las Aguas Continentales Interciencia 21(6) 239-245 PORTES E S (2004) Problemas e Manejo de Cianobacteacuterias Um dos piores poluentes da aacutegua potaacutevel Disponiacutevel em httpwww6ufrgsbrplantassiscoresumos2322004-II_resumo_portespdf RANGEL A J NASCIMENTO K J do OLIVEIRA A S de OLIVEIRA E C C de LACERDA S R (2013) Microalgas perifiacuteticas em reservatoacuterio cearense avaliaccedilatildeo da qualidade da aacutegua Revista de Biologia e Ciecircncias da Terra v 13 n 1 p 106-115 2013 ROMO S FERNAacuteNDEZ F OUAHID Y BAROacuteN-SOLA Aacute (2012) Assessment of microcystins in lake water and fish (Mugilidae Liza sp) in the largest Spanish coastal lake Environ Monit Assess 184 939-949 SANTrsquo ANNA CL AZEVEDO SMTD WERNER VR DOGO CR FERNANDA RR CARVALHO LR (2008) Review of toxic species of Cyanobacteria in Brazil Algological Studies 126251-265 SILVA RBS (2006) Identificaccedilatildeo das cianobacteacuterias potencialmente toacutexicas ocorrentes em aacuteguas da barragem de Acauatilde Itatuba ndash PB 52 f 2006 Monografia (Centro de Ciecircncias Bioloacutegicas) Universidade Estadual da Paraiacuteba Campina Grande ndash PB 2006 SOARES RM MAGALHAtildeES VF AZEVEDO SMFO (2004) Accumulation and depuration of microcystins (cyanobacteria hepatotoxins) in Tilapia rendalli (Cichlidae) under laboratory conditions Aquat Toxicol 70 1-10 SOARES MCS ROCHA MIA MARINHO MM AZEVEDO SMFO BRANCO CWC HUSZAR VLM (2009) Changes in species composition during annual cyanobacterial dominance in a tropical reservoir
CIANOBACTEacuteRIAS EM MANANCIAIS DE ABASTECIMENTO DO SEMIAacuteRIDO E SUAS CONSEQUEcircNCIAS PARA SAUacuteDE PUacuteBLICA
149
physical factors nutrients and grazing effects Aquat Microb Ecol 57 137-149 SOARES MCS MARINHO MM AZEVEDO SMFO BRANCO CWC HUSZAR VLM (2012) Eutrophication and retention time affecting spatial heterogeneity in a tropical reservoir Limnologica SPERLING E V JARDIM F A (2009) Influence of climatic conditions on cyanobacteria blooms in a tropical water supply river In 34 WEDC CONFERENCE 2009 ADDIS ABEBA 34 WEDC CONFERENCE LOUGHBOROUGH 2009 Proceedings Loughborough University 2009 v 1 p 832-836 TEIXEIRA MGLC COSTA MC N CARVALHO V L P PEREIRA M S P HAGE E (1993) Gastroenteritis epidemic in the area of the Itaparica Bahia Brazil Bulletin of Paho 27(3) p 244-253 TISDALE ES (1931) Epidemic of Intestinal Disorders in Charleston Ocorring Simultaneously With Unprecedented Water Supply Conditions Public Health 21 198-200 TISDALE E S (1933) The 1930-1931 Drought and Effects Upon Public Water Supply Amer J Public Health 21 1203-1218
BIOMASSA DE MACROINVERTEBRADOS BENTOcircNICOS COMO INDICADOR DE IMPACTO AMBIENTAL EM RESERVATOacuteRIOS DO SEMIAacuteRIDO
150
CAPIacuteTULO 9
BIOMASSA DE MACROINVERTEBRADOS BENTOcircNICOS COMO INDICADOR DE IMPACTO
AMBIENTAL EM RESERVATOacuteRIOS DO SEMIAacuteRIDO
Ciacutentia Kelly de Lima FARIAS1
1Bioacuteloga Mestranda em Ciecircncia e Tecnologia Ambiental PPGCTA - UEPB e-mail cintiaklfariasgmailcom
RESUMOO objetivo desse estudo foi avaliar a biomassa de macroinvertebrados bentocircnicos como indicador bioloacutegico de qualidade ambiental em reservatoacuterios localizados no semiaacuterido O estudo foi realizado nos reservatoacuterios Argemiro de Figueiredo (Acauatilde) Epitaacutecio Pessoa (Boqueiratildeo) e Poccedilotildees pertencentes agrave bacia hidrograacutefica do Rio Paraiacuteba Foram realizadas duas coletas em periacuteodos hidroloacutegicos distintos de maior iacutendice pluviomeacutetrico (2011) e de menor iacutendice pluviomeacutetrico (2012) tendo sido coletadas amostras de macroinvertebrados bentocircnicos na regiatildeo litoracircnea de cada reservatoacuterio totalizando 120 amostras Atraveacutes da biomassa dos gecircneros da famiacutelia Chironomidae foi possiacutevel comprovar a classificaccedilatildeo dos reservatoacuterios em pontos de menor e maior distuacuterbio levando em consideraccedilatildeo os gecircneros de Chironomidae erespectiva biomassa predominantes nos respectivos pontos O resultado da classificaccedilatildeo dos pontos foi corroborado com anaacutelises de significacircncia mostrando que no periacuteodo de maior iacutendice pluviomeacutetrico (2011) a existecircncia de diferenccedila significativa entre os pontos de maior e menor distuacuterbio (PERMANOVA Pseudo- F1 59 = 45312 p=0001) No periacuteodo de Menor iacutendice pluviomeacutetrico (2012) os resultados da anaacutelise tambeacutem mostraram diferenccedila significativa entre os pontos amostrados (PERMANOVA Pseudo- F1 59 = 30349 p=0005) De acordo
BIOMASSA DE MACROINVERTEBRADOS BENTOcircNICOS COMO INDICADOR DE IMPACTO AMBIENTAL EM RESERVATOacuteRIOS DO SEMIAacuteRIDO
151
com os resultados obtidos os valores da biomassa dos gecircneros da famiacutelia Chironomidae contribuiacuteram na classificaccedilatildeo dos locais de maior e menor distuacuterbio antropogecircnico podendo entatildeo ser considerada uma ferramenta para a avaliaccedilatildeo da qualidade ambiental Palavras-chaveMacroinvertebradosbentocircnicos Biomassa
Qualidade Ambiental
1 INTRODUCcedilAtildeO
No territoacuterio brasileiro as regiotildees semiaacuteridas compreendem
uma aacuterea de 925000 kmsup2 correspondendo a cerca de 11 do
territoacuterio nacional (MEDEIROS et al 2011) Em virtude da
estiagem que diminui a disponibilidade de aacutegua associada agrave
elevada evaporaccedilatildeo e temperatura uma soluccedilatildeo encontrada
para amenizar esse problema foi uma expansiva construccedilatildeo
de reservatoacuterios (BARBOSA PONZI JR 2006)
Embora a principal funccedilatildeo dos reservatoacuterios seja a geraccedilatildeo
de energia eleacutetrica no semiaacuterido brasileiro apresentam como
principais funccedilotildees o abastecimento de aacutegua irrigaccedilatildeo lazer e
produccedilatildeo de alimentos (TUNDISI et al 2008 NOGUEIRA et al
2010)
Em meio a escassez hiacutedrica a preocupaccedilatildeo com a
preservaccedilatildeo e conservaccedilatildeo ambiental tornam-se cada vez mais
eminente principalmente devido ao fato destes reservatoacuterios
servirem como fonte de aacutegua para o consumo humano (DINIZ
2010) Deste modo faz-se necessaacuterio desenvolver
metodologias especiacuteficas para avaliaccedilatildeo da qualidade hiacutedrica
com o intuito de obter informaccedilotildees que possam ser utilizadas
na conservaccedilatildeo destes recursos (CIRILO et al 2010)
A forma tradicional de avaliaccedilatildeo dos ecossistemas
aquaacuteticos considera principalmente a utilizaccedilatildeo de fatores
BIOMASSA DE MACROINVERTEBRADOS BENTOcircNICOS COMO INDICADOR DE IMPACTO AMBIENTAL EM RESERVATOacuteRIOS DO SEMIAacuteRIDO
152
fiacutesicos e quiacutemicos fornecendo informaccedilotildees momentacircneas do
ambiente (GOULART ampCALLISTO 2003) Contudo este modo
de avaliaccedilatildeo tem sido acrescido de anaacutelises que englobam as
caracteriacutesticas bioloacutegicas do sistema onde as comunidades
aquaacuteticas podem fornecer informaccedilotildees sobre a sauacutede do
ecossistema (MOLOZZI et al 2012) De acordo com a
legislaccedilatildeo brasileira atraveacutes da Lei 943397 que estabelece a
Poliacutetica Nacional de Recursos Hiacutedricos e a Resoluccedilatildeo do
CONAMA 35705 artigo 8ordm paraacutegrafo 3ordm a qualidade de aacutegua
pode ser avaliada por indicadores bioloacutegicos
Vaacuterios grupos de organismos como peixes algas
protozoaacuterios e macroinvertebrados bentocircnicos tecircm sido
utilizados na avaliaccedilatildeo de impactos ambientais pelo fato de
serem sensiacuteveis a alteraccedilotildees de origem antroacutepica nos mais
diversos tipos de sistemas aquaacuteticos (marinhos de aacutegua doce
e de aacutegua de transiccedilatildeo) (PINNA et al 2013)
Dessa forma os macroinvertebrados bentocircnicos
constituem um grupo de grande relevacircncia ecoloacutegica em
ambientes aquaacuteticos tendo em vista sua participaccedilatildeo nas
cadeias alimentares sendo um dos principais elos das
estruturas troacuteficas dos ecossistemas aquaacuteticos (ABELLAacuteN et
al 2006) Esta comunidade apresenta caracteriacutesticas que
viabilizam sua utilizaccedilatildeo em estudos ecoloacutegicos tais como
diversidade de formas de vida e habitas mobilidade limitada
grande nuacutemero de espeacutecies possibilidade de toda a
comunidade responder a alteraccedilotildees do ambiente e espeacutecies
com ciclo de vida longo (BRANDIMARTE et al 2004)
A utilizaccedilatildeo da biomassa na avaliaccedilatildeo da qualidade
ambiental se faz importante para tentar compreender os
impactos antropogecircnicos que os ecossistemas aquaacuteticos
sofrem Uma vez que esta expressa agrave capacidade de
BIOMASSA DE MACROINVERTEBRADOS BENTOcircNICOS COMO INDICADOR DE IMPACTO AMBIENTAL EM RESERVATOacuteRIOS DO SEMIAacuteRIDO
153
acumulaccedilatildeo de energia e nutrientes pelos seres vivos em
interaccedilatildeo com as variaacuteveis ambientais (MOREIRA-BURGER
DELITTI 199) LIMA 2009) Desta forma aleacutem da diversidade
taxonocircmica a biomassa pode ser tambeacutem uma importante
ferramenta ecoloacutegica podendo descrever a estrutura e a
distribuiccedilatildeo das comunidades (BEGON et al1996)
Tendo em vista que atraveacutes da avaliaccedilatildeo da biomassa se
pode identificar as potencialidades e as fragilidades dos
ecossistemas aquaacuteticos estudados assim como avaliar
impactos sofridos em consequecircncias de accedilotildees antroacutepicas
Sendo este trabalho importante para futuros projetos de manejo
e conservaccedilatildeo de reservatoacuterios no Semiaacuterido
O objetivo desse trabalho foi avaliar a qualidade ambiental
de reservatoacuterios do semiaacuterido e os diferentes niacuteveis de accedilatildeo
antropogecircnica utilizando a biomassa de macroinvertebrados
bentocircnicos como indicador bioloacutegico
2 MATERIAIS E MEacuteTODO
21 Aacuterea de estudo Caracterizaccedilatildeo da Bacia do Rio
Paraiacuteba
A bacia hidrograacutefica do Rio Paraiacuteba (Figura 1) compotildee o
conjunto das 11 bacias presentes no estado da Paraiacuteba sendo
considerada uma das mais importantes do semiaacuterido
nordestino Apresenta uma aacuterea de 2007183 kmsup2 estaacute
compreendida entreas latitudes 6ordm51rsquo31rsquorsquo e 8ordm26rsquo21rsquorsquo Sul e as
longitudes 34ordm48rsquo35rsquorsquo e 37ordm2rsquo15rdquo Oeste de Greenwich Eacute a
segunda maior bacia do estado da Paraiacuteba sendo formada
BIOMASSA DE MACROINVERTEBRADOS BENTOcircNICOS COMO INDICADOR DE IMPACTO AMBIENTAL EM RESERVATOacuteRIOS DO SEMIAacuteRIDO
154
pela sub-bacia do Rio Taperoaacute e Regiotildees do alto meacutedio e baixo
curso do rio Paraiacuteba (AESA 2012)
Figura 1 Localizaccedilatildeo geograacutefica dos reservatoacuterios e dos pontos de amostragem ao longo dos reservatoacuterios Poccedilotildees Epitaacutecio Pessoa e Argemiro de Figueiredo pertencentes agrave Bacia Hidrograacutefica do Rio Paraiacuteba Paraiacuteba Brasil
O Reservatoacuterio Poccedilotildees (Figura 1) eacute o primeiro a compor
a sequecircncia de reservatoacuterios na Bacia do Rio Paraiacuteba estaacute
situado no riacho Mulungu pertencente agrave sub-bacia do alto
Paraiacuteba com uma capacidade de acumulaccedilatildeo maacutexima de
29861562msup3 e drenando uma aacuterea de 656kmsup2 Sendo seu
potencial hiacutedrico eacute utilizado para muacuteltiplos fins pesca irrigaccedilatildeo
BIOMASSA DE MACROINVERTEBRADOS BENTOcircNICOS COMO INDICADOR DE IMPACTO AMBIENTAL EM RESERVATOacuteRIOS DO SEMIAacuteRIDO
155
abastecimento dessedentaccedilatildeo de rebanhos e lazer (AESA
2012) Eacute importante ressaltar que este seraacute o receptor do canal
de transposiccedilatildeo do eixo leste do rio Satildeo Francisco para o
Estado da Paraiacuteba
O reservatoacuterio Epitaacutecio Pessoa situa-se na divisa entre o
alto e meacutedio Paraiacuteba com uma bacia hidraacuteulica de 26784 ha e
capacidade de acumulaccedilatildeo maacutexima de 411686287 msup3
segundo maior do estado Sua principal utilizaccedilatildeo se daacute para
fins de abastecimento (20 municiacutepios no estado) mas ainda
verificam-se outras atividades como irrigaccedilatildeo pesca para
comercializaccedilatildeo e turismo (AESA 2012)
O reservatoacuterio Argemiro de Figueiredo localiza-se entre
as regiotildees do meacutedio e baixo rio Paraiacuteba com uma bacia
hidraacuteulica de 2300 ha de aacuterea e capacidade de acumulaccedilatildeo
maacutexima de 253000000 msup3sua principal finalidade eacute o
abastecimento das populaccedilotildees mas ainda verificam-se outras
atividades como irrigaccedilatildeo e pesca (AESA 2012)
22 Desenho Amostral
Foram distribuiacutedos 20 pontos de amostragem para
caracterizaccedilatildeo da comunidade bentocircnica na regiatildeo litoracircnea em
cada reservatoacuterio (Figura 1) totalizando 60 locais de
amostragem considerando os trecircs reservatoacuterios As coletas
foram realizadas no periacuteodo de maior volume hiacutedrico
(Dezembro 2011) e menor volume hiacutedrico (Julho de 2012)
BIOMASSA DE MACROINVERTEBRADOS BENTOcircNICOS COMO INDICADOR DE IMPACTO AMBIENTAL EM RESERVATOacuteRIOS DO SEMIAacuteRIDO
156
23 Macroinvertebrados Bentocircnicos
As amostras de macroinvertebrados bentocircnicos foram
coletadas com auxiacutelio de draga Van Veen (477cmsup2) foram
acondicionadas em sacos plaacutesticos e conservadas em formol a
4 Em laboratoacuterio as amostras foram lavadas em peneiras de
malha 1 mm e 050 mm e armazenadas em recipientes
plaacutesticos com aacutelcool 70 Em seguida as amostras foram
triadas em bandejas iluminadas contendo aacutegua O
procedimento de identificaccedilatildeo foi realizado com auxiacutelio de
estereoscoacutepico de luz e de bibliografias especializadas
(MUGNAI et al 2010 WARD ampWHIPPLE 1959 HAWKING amp
SMITH 1997) As larvas de Chironomidae (Diacuteptera Insecta)
foram identificadas ao niacutevel de gecircnero (TRIVINHO-
STRIXINO2011TRIVINHO STRIXINO amp STRIXINO 1995)
Para obtenccedilatildeo dos dados da biomassa dos
macroinvertebrados bentocircnicos os espeacutecimes foram
submetidos agrave pesagem em balanccedila analiacutetica de precisatildeo de
00001g e levados a estufa por 72h a 60ordmC para secar e
novamente serem pesados No caso do Filo Mollusca apoacutes
este processo de pesagem estes foram inseridos na mufla e
incinerados a 500 ordmC por 4 horas e novamente pesados
2 Anaacutelises de dados
Para avaliar o agrupamento das meacutetricas de distuacuterbio na
zona inundaacutevel (RDis_IXinun) e zona ripaacuteria (RDis_IXRip) em
relaccedilatildeo aos pontos de amostragem Azevecircdo (2013) realizou
uma anaacutelise de agrupamento utilizando distacircncia euclidiana
(CLUSTER) A anaacutelise dos dados e da comunidade de
BIOMASSA DE MACROINVERTEBRADOS BENTOcircNICOS COMO INDICADOR DE IMPACTO AMBIENTAL EM RESERVATOacuteRIOS DO SEMIAacuteRIDO
157
macroinvertebrados bentocircnicos foram realizadas obedecendo
ao agrupamento inicial formado pelos locais de amostragem
separados pelos valores das meacutetricas de distuacuterbio na zona
ripaacuteria e zona inundaacutevel (RDis_IXRip e RDis_IXinund) de
acordo com (AZEVEcircDO 2013)
Para verificar a existecircncia de diferenccedilas significativas da
biomassa entre os locais de amostragem com menor grau de
distuacuterbio e maior grau de distuacuterbio antropogecircnico foi realizada
uma anaacutelise de significacircncia PERMANOVA utilizado 999
randomizaccedilotildees onde p le 005
(PermutationalMultivariateAnalysisofVariance Anderson et al
2008) Assim foram definidos os seguintes fatores Grupos
(maior e menor distuacuterbio) e o volume hiacutedrico (dois niacuteveis maior
volume hiacutedrico e menor volume hiacutedrico)
Os dados bioloacutegicos foram transformados em raiz quarta
e tratados com distacircncia de Bray-curtessendo consideradas
diferenccedilas significativas (p le 005) seguindo o agrupamento de
acordo com a formaccedilatildeo de grupos para as meacutetricas e realizada
PERMANOVA para verificar a existecircncia de diferenccedila
significativa entre os grupos de pontos de amostragem e os
gecircneros de Chironomidae (Diacuteptera Insecta)
Para visualizaccedilatildeo dos grupos formados pela biomassa
para visualizaccedilatildeo dos grupos de distuacuterbios foi utilizada o box-
plot (Statiacutestica 70) As anaacutelises estatiacutesticas foram realizadas no
programa PRIMER-6 + PERMANOVA (Systat Software Cranes
Software InternationalLtd 2008) e no Statiacutetica 70 (STATSOFT
inc 2004)
BIOMASSA DE MACROINVERTEBRADOS BENTOcircNICOS COMO INDICADOR DE IMPACTO AMBIENTAL EM RESERVATOacuteRIOS DO SEMIAacuteRIDO
158
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
A biomassa da fauna bentocircnica no grupo de maior
distuacuterbio foi representada em grande quantidade pelas espeacutecies
exoacuteticas Melanoides tuberculatus (6439 plusmn 6636) e em menor
proporccedilatildeo por Corbicula largillierti (Philippi 1844) (111 plusmn 521)
seguido pelo Diacuteptera Chironomus(011 plusmn 046) no periacuteodo de
menor volume hiacutedrico (Figura 3) No periacuteodo de maior volume
hiacutedrico (Figura 2) M tuberculatusrepresentou (3112 plusmn 1420)
da comunidade bentocircnica seguido por Planorbidae (743 plusmn
1168) e Chironomus (007 plusmn 028)
No periacuteodo de menor distuacuterbio a biomassa do
gastroacutepode exoacutetico Mtuberculatus(Muumlller 1774) (6673 plusmn
4940)foi dominante em relaccedilatildeo agrave biomassa dos outros taacutexons
seguido por Oligochaeta (002 plusmn 004) e por Fissimentum(001
plusmn 004) no periacuteodo de menor volume No periacuteodo de maior
volume hiacutedrico no grupo de menor distuacuterbio foi verificado a
dominacircncia do molusco Mtuberculatus (2905 plusmn 1269) seguido
por Gomphidae (005 plusmn 014) e por Goeldichironomus (003 plusmn
008)
A biomassa da famiacutelia Chironomidae foi representada
por nove gecircneros de Diacuteptera distribuiacutedos entre os grupos de
menor distuacuterbio e de maior de distuacuterbio nos dois periacuteodos
amostrados sendo eles Goeldichironomus Fissimentum
Parachironomus Aedokritus Coelotanypus Clinotanypus
Cladopelma Chironomus e Asheum(Tabela 1)
Considerando os dois periacuteodos de amostragem no
grupo de menor distuacuterbio foram identificados os seguintes
gecircnerosGoeldichironomus Fissimentum Aedokritus
Cladopelma Chironomus e Asheum No grupo de maior
distuacuterbio os mesmos gecircneros estiveram presentes com
BIOMASSA DE MACROINVERTEBRADOS BENTOcircNICOS COMO INDICADOR DE IMPACTO AMBIENTAL EM RESERVATOacuteRIOS DO SEMIAacuteRIDO
159
exceccedilatildeo de Cladopelma (Tabela 1) No periacuteodo de menor
volume hiacutedrico (2012) natildeo houve diferenccedila significativa da
biomassa entre os grupos de distuacuterbio considerando o molusco
M tubercultus (PERMANOVA Pseudo- F1 59 = 079231
p=0484) Mesmo excluindo o molusco M tubercultus natildeo foi
verificada diferenccedila significativa (PERMANOVA Pseudo- F1 59
= 09865 p=0436) entre os periacuteodos de amostragem
No periacuteodo de maior volume hiacutedrico (2011) houve
diferenccedila significativa da biomassa entre os grupos de distuacuterbio
quando considerado o molusco exoacutetico M tuberculatus
(PERMANOVA Pseudo- F1 59 = 33085 p= 002) Assim como
tambeacutem realizando a anaacutelise excluindo esse molusco o
resultado foi significativo (PERMANOVA Pseudo- F1 59 =
23638 p= 0004)
Figura 2 Box-plot da biomassa de macroinvertebrados bentocircnicos no periacuteodo de maior volume hiacutedrico (2011) considerando os locais com menor e maior distuacuterbio antropogecircnico nos reservatoacuterios da regiatildeo semiaacuterida
BIOMASSA DE MACROINVERTEBRADOS BENTOcircNICOS COMO INDICADOR DE IMPACTO AMBIENTAL EM RESERVATOacuteRIOS DO SEMIAacuteRIDO
160
Figura 3 Box-plot da biomassa de macroinvertebrados bentocircnicos no periacuteodo de menor volume hiacutedrico (2012) considerando os locais com menor e maior distuacuterbio antropogecircnico nos reservatoacuterios da regiatildeo semiaacuterida
Tabela 1 Meacutedia e desvio padratildeo para biomassa (mgsup2) nos dois grupos de maior e menor distuacuterbio nos periacuteodos de menor volume hiacutedrico e maior volume hiacutedrico amostrados no ano de 20112012
COMUNIDADE BENTOcircNICA Menor Distuacuterbio Maior Distuacuterbio
Menor volume Maior
volume Menor volume
Maior volume
MOLLUSCA Melanoidetuberculatus Muumlller 1774 6673 plusmn 4940
2905 plusmn 1269
6439 plusmn 6636
3112 plusmn 1420
Corbiculalargiliert Philippi 1844
111 plusmn 521
Planorbidae 743 plusmn 1168
ANEacuteLIDA
BIOMASSA DE MACROINVERTEBRADOS BENTOcircNICOS COMO INDICADOR DE IMPACTO AMBIENTAL EM RESERVATOacuteRIOS DO SEMIAacuteRIDO
161
Oligochaeta 002 plusmn 004 001 plusmn 005 002 plusmn 005
002 plusmn 006
Hirudiacutenea 0005 plusmn 002 0004 plusmn
003 001 plusmn 003
DIPTERA
Ceratopogonidae 0002 plusmn
001 Chironomidae (Diptera) Goeldichironomus Fittkau 1965 003 plusmn 008
0004 plusmn 001
003 plusmn 006
Fissimentum Cranston Nolte 1996 001 plusmn 004
0004 plusmn 001
0009 plusmn 003
0003 plusmn 002
Parachironomus Lenz 1921
0002 plusmn 001
0005 plusmn 002
Aedokritus Roback 1958 003 plusmn 006
0001 plusmn 001
0001 plusmn 001
Coelotanypus Kieffer 1913
003 plusmn 004
Clinotanypus Kieffer 1913
0007 plusmn 002
0001 plusmn 001
Cladopelma Kieffer 1921
0004 plusmn 001
Chironomus Meigen
1803 0009 plusmn 003 0008 plusmn
003 011 plusmn 046
007 plusmn 028
Asheum SubletteampSublette 1983 001 plusmn 003
0006 plusmn 002
0005 plusmn 002
ODONATA
Libellulidae 001 plusmn 006
Gomphidae 005 plusmn 014 002 plusmn 010
Coenagrionidae 0009 plusmn
002 0007 plusmn
002
HETEROPTERA
Corixidae 0002 plusmn
001 0002 plusmn
001
EPHEMEROPTERA
BIOMASSA DE MACROINVERTEBRADOS BENTOcircNICOS COMO INDICADOR DE IMPACTO AMBIENTAL EM RESERVATOacuteRIOS DO SEMIAacuteRIDO
162
A distribuiccedilatildeo da biomassa entre os indiviacuteduos que
compotildee uma comunidade esta diretamente relacionada ao seu
funcionamento e pode refletir processos bioacuteticos e abioacuteticos
baacutesicos do ecossistema (STRAYER 1986) Fato este
comprovado com os gecircneros de Chironomidae encontrados nos
reservatoacuterios estudados onde a biomassa foi uma importante
ferramenta para compreender o estado que esses
ecossistemas se encontram
Tomando por base a biomassa de macroinvertebrados
como indicador de grau de alteraccedilatildeo em ecossistemas
aquaacuteticos pode-se observar que no periacuteodo de menor volume
hiacutedrico no grupo de menor distuacuterbio foi verificada a ocorrecircncia
de Oligochaeta bem como do gecircnero Fissimentum sendo este
um indicador de melhores condiccedilotildees ambientais devido sua
sensibilidade agrave poluiccedilatildeo orgacircnica em geral vivem em
ambientes pouco impactados (ROQUE 2000 LEAL et al
2004)
Ainda no grupo de menor distuacuterbio no periacuteodo de maior
volume hiacutedrico aleacutem da elevada biomassa de M tuberculatus
a presenccedila do gecircnero Goeldichironomus em menor densidade
comparado a sua ocorrecircncia no grupo de maior distuacuterbio indica
esta uma espeacutecie generalista mas que em maiores densidade
eacute indicador de ambientes impactados (LEITE 2010)
Baetidae 0006 plusmn
002
CRUSTACEA
Decaacutepoda 001 plusmn 004 0004 plusmn
001 0004 plusmn
002
BIOMASSA DE MACROINVERTEBRADOS BENTOcircNICOS COMO INDICADOR DE IMPACTO AMBIENTAL EM RESERVATOacuteRIOS DO SEMIAacuteRIDO
163
A elevada biomassa de M tuberculatusem ambos os
grupos eacute preocupante em virtude da capacidade desse
gastroacutepode causar desequiliacutebrios no ecossistema causando
mudanccedilas na estrutura da comunidade bentocircnica podendo
levar a extinccedilatildeo de espeacutecies nativas (HARKANTRA
RODRIGUES 2004) Pelo fato de afetar diretamente as
comunidades bioloacutegicas em geral colocam em risco a
biodiversidade e o equiliacutebrio ecoloacutegico dos ecossistemas
aquaacuteticos Aleacutem disso pode tambeacutem transmitir doenccedilas ao
homem como por exemplo a paragonimiacutease que afeta os
pulmotildees (SANTOS ESKINAZI-SANTrsquoANNA 2010)
Estudos realizados por Santana et al(2009) mostraram
a associaccedilatildeo de poucas espeacutecies ou de um uacutenico grupo
dominante de macroinvertebrados agrave perturbaccedilatildeo antroacutepica
Como encontrado neste estudo uma elevada predominacircncia
das espeacutecies exoacuteticas M tuberculatus e C largilliert em ambos
os periacuteodos estudados principalmente no grupo de maior
distuacuterbio antropogecircnico
4 CONCLUSOtildeES
A biomassa foi uma boa ferramenta para a avaliaccedilatildeo da
qualidade ambiental contudo para um melhor resultado foi
atrelado a ela a avaliaccedilatildeo da abundacircncia O presente estudo
mostrou que os valores da biomassa dos gecircneros de
Chironomidae contribuem na avaliaccedilatildeo da qualidade ambiental
de reservatoacuterios onde a maior biomassa de gecircnero
Fissimentum foi registrada no grupo de menor distuacuterbio visto
que sua presenccedila se daacute em locais pouco impactados assim
comofoi registrada a ocorrecircncia do Diacuteptera Chironomus no
BIOMASSA DE MACROINVERTEBRADOS BENTOcircNICOS COMO INDICADOR DE IMPACTO AMBIENTAL EM RESERVATOacuteRIOS DO SEMIAacuteRIDO
164
grupo de maior distuacuterbio sendo este um forte indicador de
ambientes impactados
Satildeo necessaacuterios mais estudos avaliando a biomassa para
comprovar a eficaacutecia dessa ferramenta na regiatildeo semiaacuterida
considerando uma maior quantidade de reservatoacuterios
localizados em ecorregiotildees diferenciadas para uma melhor
definiccedilatildeo do niacutevel e dos locais de distuacuterbio e consequentemente
da qualidade ambiental desses ecossistemas
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
ABELLAacuteN P SANCHEacuteZ-FERNAacuteNDEZ D MILLAacuteN A BOTELLA F SAacuteNCHEZ-ZAPATA JA and GIMEacuteNEZ A Irrigation pools as macroinvertebrate habitat in a semi-arid agricultural landscape (SE Spain) Journal of Arid Environments v67 n2 p255-269 2006 AZEVEcircDO EL BARBOSA JEL CALLISTO M and MOLOZZI JMacroinvertebrados bentocircnicos indicadores de qualidade ambiental de reservatoacuterios na regiatildeo semiaacuteridaDissertaccedilatildeo de mestrado p 732013 BARBOSA J M PONZI JR M Arranjos Produtivos no Sertatildeo Nordestino Aquicultura e Pesca Revista Brasileira de Engenharia e Pesca v 1 p31-37 2006 BEGONM HARPERJLTOWNSENDCR Ecology individuals population and communities 3 ed New York Blackwell Science 1068 p 1996 BRANDIMARTE AL SHIMIZU GY ANAYA M KUHLMANN ML 2004Amostragem de invertebrados bentocircnicos In BICUDO CEM BICUDO DC (Ed) Amostragem em limnologia Rio de Janeiro 213-230 2004 CIRILO J A MONTENEGRO SMGL CAMPOS JNB A questatildeo da aacutegua no semiaacuterido brasileiro In Bicudo CE de M Tundisi JG Scheuenstuhl MCB 2010 (Org) Aacuteguas do brasil anaacutelises estrateacutegicas 1edSatildeo Paulo Instituto de Botacircnica 1 81-91 2010 CONAMA- BRASIL Resoluccedilatildeo nordm 357 de 17 de marccedilo de 2005 do Conselho Nacional do Meio Ambiente Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Brasiacutelia DF 18 mar Seccedilatildeo 1 5358-63 2005 HARKANTRA SN and Rodrigues NR Numerical analyses of soft bottom macroinvertebrates to diagnose the pollution in tropical coastal waters
BIOMASSA DE MACROINVERTEBRADOS BENTOcircNICOS COMO INDICADOR DE IMPACTO AMBIENTAL EM RESERVATOacuteRIOS DO SEMIAacuteRIDO
165
Environmental monitoring and assessment vol 93 no3 p251-275 2004 HAWKING JH SMITH FJ Colour guide to invertebrates of Australian inland water Cooperative Research Centre for Freshwater Ecology Albury 1997 LEAL JJ F ESTEVES F A CALLISTO M Distribution of Chironomidae larvae in an Amazonian flood-plain lake impacted by bauxite tailings (Brazil) Amazoniana 18109-123 2004 LEITE R C Distribuiccedilatildeo espacial de Chironomidae (Diptera) em riachos da regiatildeo norte da Serra do Mar Estado de Satildeo Paulo Dissertaccedilatildeo da Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras de Ribeiratildeo Preto da USP p11-59 2010 LIMA T E O Anaacutelise Fitossociologica da Macrofauna edaacutefica e da biomassa em um trecho de floresta riparia no municiacutepio de Guarapuava Paranaacute 98 f Tese(Doutorado em Engenharia Florestal) ndash Universidade Federal do Paranaacute Curitiba2009 Disponiacutevel em lthttpwwwflorestaufprbrposgraduacaodefesaspdf_dr2009t261_0293-Dpdfgt Acesso em 10 julho 2010 MEDEIROS ES NOIA NP ANTUNES LC and MELO TX Zooplankton composition in aquatic systems of semi-arid Brazil spatial variation and implications of water management Pan-American Journal of Aquatic Sciences v 6 p290-302 2011 MOLOZZI J FEIO M J SALAS F MARQUES JC CALLISTO M Development and test of a statistical model for the ecological assessment of tropical reservoirs based on benthic macroinvertebratesEcological Indicators 23 155-165 2012 MOREIRA-BURGER D DELITTI W B C Fitomassaepigeacutea da mata ciliar do rio Mogiguaccedilu Itapira - SP Revista Brasileira de Botacircnica v 22 n 3 p 429-435 1999 MUGNAI R NESSIMIAN JL BAPTISTA DF Manual de identificaccedilatildeo de macroinvertebrados aquaacuteticos do Estado do Rio de Janeiro Technical Books Editora Rio de Janeiro 174p2010 NOGUEIRA MG FERRAREZE M MOREIRA ML and GOUVEcircA RMPhytoplankton assemblages in a reservoir cascade of a large tropical-subtropical river (SE Brazil) Brazilian Journal of Biology v70 p781-793 2010 PARAIacuteBA Agecircncia Executiva de Gestatildeo das Aacuteguas do Estado da Paraiacuteba Comitecirc Rio Paraiacuteba Disponiacutevel emlthttpwwwaesapbgovbrcomitesparaiba2012gt Acesso em jul 2012 PINNA M MARINI G ROSATI I NETO JM PATRIacuteCIO J MARQUES JC and BASSET A The usefulness of large body-size
BIOMASSA DE MACROINVERTEBRADOS BENTOcircNICOS COMO INDICADOR DE IMPACTO AMBIENTAL EM RESERVATOacuteRIOS DO SEMIAacuteRIDO
166
macroinvertebrates in the rapid ecological assessment of Mediterranean lagoons EcologicalIndicators v29 p48-612013 ROQUE FO CORBI JJ TRIVINHO-STRIXINO S Consideraccedilotildees sobre a Utilizaccedilatildeo de Larvas de Chironomidae (Diptera) na Avaliaccedilatildeo da Qualidade da Aacutegua de Coacuterregos do Estado de Satildeo Paulo In Ecotoxicologia ndash Perspectivas para o seacuteculo XXI Satildeo Carlos RiMa Artes e Textos pp115-126 2000 SANTANA ACD SOUZA AHFF RIBEIRO LL ABIacuteLIO FJP Macroinvertebrados associados agrave macroacutefitas aquaacutetica Najas marina L do riacho Aveloacutes na regiatildeo semi-aacuterida do Brasil Revista de biologia e Ciecircncias da Terra 9 32-46 2009 SANTOS CM ESKINAZI-SANTANNA EM The introduced snail MelanoidesTuberculatus (Muller 1774) (MolluscaThiaridae) in aquatic ecosystems of the 57 Brazilian Semiarid Northeast (Piranhas-Assu River basin State of Rio Grande do Norte) Braz J Biol 70 1-7 2010 STATSOFT INC Programa computacional Statistica 70 EAU 2004 STRAYER D Thesizestructure of a lacustrine zoobenthic communityOecologia v69 p 513-516 1986 TRIVINHO-STRIXINO S and STRIXINO G Larvas de Chironomidae (Diptera) do Estado de Satildeo Paulo Guia de Identificaccedilatildeo e Diagnose dos Gecircneros SAtildeO CARLOS-SP PPG-ERNUFSCAR p 229 1995 TRIVINHO-STRIXINO S Larvas de Chironomidae Guia de identificaccedilatildeo Graacutefica UFScar123 p 371 2011 TUNDISI JG MATSUMURA-TUNDISI T and TUNDISI JEM Reservoirs and human well being new challenges for evaluating impacts and benefits in the neotropics Brazilian Journal of Biology v68 p1133-1135 2008 WARD HB E WHIPPLE GC Biologia de Aacutegua Doce2 ordf ed John Wiley and Sons New York 1248p 1959
DIRECIONAMENTO DOS ESTUDOS E TEacuteCNICAS DE REMOCcedilAtildeO DE
CIANOBACTEacuteRIAS E CIANOTOacuteXINAS
167
CAPIacuteTULO 10
DIRECIONAMENTO DOS ESTUDOS E TEacuteCNICAS DE REMOCcedilAtildeO DE CIANOBACTEacuteRIAS E
CIANOTOacuteXINAS
Leandro Gomes VIANA 1
Patriacutecia Silva CRUZ 2 1 Mestre em Ciecircncia e Tecnologia Ambiental UEPB 2 Doutoranda em Engenharia Ambiental
UEPB e-mail leandrogomesbiologogmailcom
RESUMO Descargas de esgotos industriais domeacutesticos sem tratamento e a utilizaccedilatildeo extensa de fertilizantes na agricultura vecircm contaminando rios lagos e mananciais de abastecimento puacuteblico provocando o aumento das concentraccedilotildees de nutrientes fosfatados e nitrogenados causando a eutrofizaccedilatildeo artificial que tem como principal consequecircncia floraccedilotildees de cianobacteacuterias Vaacuterios gecircneros de cianobacteacuterias satildeo produtores toxinas chamadas cianotoxinas que podem causar danos tanto a biota aquaacutetica quanto agrave sauacutede humana As cianotoxinas podem ser divididas em trecircs grupos as neurotoxinas as hepatotoxinas e as dermatotoxinas Objetivou-se neste estudo 1-Realizar uma anaacutelise cienciomeacutetrica sobre a temaacutetica cianobacteacuterias e cianotoxinas 2-Apresentar as principais teacutecnicas utilizadas para remoccedilatildeo decianobacteacuterias e cianotoxinas De forma geral a anaacutelise cienciomeacutetrica indicou uma tendecircncia de aumento quanto ao nuacutemero de publicaccedilotildees envolvendo cianobacteacuterias nos uacuteltimos anos No entanto o deacuteficit de estudos envolvendo cianobacteacuterias e cianotoxinas indicam a necessidade de estudos futuros sobre a ocorrecircncia e toxicologia desses organismos uma vez que suas cianotoxinas pode causar danos ao ser humano Entre as variadas tecnologias mais usadas para a remoccedilatildeo eficiente de
DIRECIONAMENTO DOS ESTUDOS E TEacuteCNICAS DE REMOCcedilAtildeO DE
CIANOBACTEacuteRIAS E CIANOTOacuteXINAS
168
cianobacteacuterias de cianotoxinas estatildeo a preacute-oxidaccedilatildeo usando-se ozocircnio derivados de cloro peroacutexido de oxigecircnio e a adsorccedilatildeo por carvatildeo ativado em poacute ou granular e argilas organofiacutelicas adsortivas Palavras-chave Eutrofizaccedilatildeo Toxina Sauacutede Puacuteblica
1 INTRODUCcedilAtildeO
Atualmente a crescente eutrofizaccedilatildeo artificial nos
ecossistemas aquaacuteticos tem sido produzida por atividades
humanas que vecircm causando o aumento do aporte de nutrientes
nitrogenados e fosfatados nesses sistemas Este
enriquecimento produz mudanccedilas na qualidade da aacutegua tais
como reduccedilatildeo de oxigecircnio dissolvido mortandade de peixes e
o aumento da incidecircncia de proliferaccedilatildeo de cianobacteacuterias
(AZEVEDO et al 1994 ESTEVES 2011)
Uma das grandes preocupaccedilotildees mundiais quanto perda
de qualidade da aacutegua eacute a proliferaccedilatildeo de cianobacteacuterias em
ecossistemas aquaacuteticos (MORENO et al 2011) Estes
microrganismos satildeo potencialmente produtores toxinas A
proliferaccedilatildeo de cianobacteacuterias produtoras de toxinas nos corpos
daacutegua pode afetar a qualidade da aacutegua e aumentar o risco de
toxicidade (MAGALHAtildeES et al 2001) As cianotoxinas podem
causar desde irritaccedilotildees cutacircneas a intoxicaccedilotildees agudas e
crocircnicas na biota aquaacutetica e seres humanos (FALCONER
2005 CALIJURI et al 2006) FROSCIO et al 2008) Em todo
o mundo os problemas associados com cianobacteacuterias estatildeo
aumentando especialmente em aacutereas que apresentam altas
taxas de urbanizaccedilatildeo e crescimento populacional e que natildeo
dispotildeem de tratamento adequado de aacutegua e esgotos
(CAMACHO et al 2012) Diante do exposto objetivou-se neste
DIRECIONAMENTO DOS ESTUDOS E TEacuteCNICAS DE REMOCcedilAtildeO DE
CIANOBACTEacuteRIAS E CIANOTOacuteXINAS
169
estudo 1-Realizar uma anaacutelise sobre o direcionamento dos
estudos sobre cianobacteacuterias e cianotoxinas (anaacutelise
cienciomeacutetrica) no intuito de gerar informaccedilotildees que possam
fomentar novos estudos sobre estes microrganismos 2-
Apresentar as principais teacutecnicas utilizadas para remoccedilatildeo de
cianobacteacuterias e cianotoxinas
2 MATERIAIS E MEacuteTODO
Para a anaacutelise cienciomeacutetrica utilizou-se o banco de
dados ldquoSciVerse Scopusrdquo cujo acesso foi realizado no periacuteodo
de 15 de Abril a 05 de Maio de 2016 Foi realizada uma busca
de todos os itens que possuiacutea no tiacutetulo resumo ou palavras-
chave as palavras cianobacteacuterias e cianotoxinas Os
documentos foram analisados a partir de 1996 primeiro ano de
registro para o termo ateacute 2015 As seguintes informaccedilotildees foram
obtidas para cada documento A) Nuacutemero de publicaccedilotildees por
ano B) Tipo de trabalho C) Nome do perioacutedico em que o
trabalho foi publicado D) Aacuterea de concentraccedilatildeo E) Paiacutes de
publicaccedilatildeo e F) Autores das publicaccedilotildees
Para a exposiccedilatildeo das principais teacutecnicas utilizadas para
remoccedilatildeo de cianobacteacuterias e cianotoxinas foram utilizados
recursos como dissertaccedilotildees de mestrado e artigos cientiacuteficos
aleacutem de livros que abordam o tema em estudo
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
As cianobacteacuterias satildeo microrganismos procariotos
fotossintetizantes e aeroacutebicos (MOLICA AZEVEDO 2009)
Constituem juntamente com os demais organismos
fitoplanctocircnicos a base da cadeia alimentar aquaacutetica e uma
DIRECIONAMENTO DOS ESTUDOS E TEacuteCNICAS DE REMOCcedilAtildeO DE
CIANOBACTEacuteRIAS E CIANOTOacuteXINAS
170
importante fonte de oxigecircnio aleacutem de desempenhar um
importante papel nos processos de ciclagem de nutrientes
(YOO et al 1995) Entretanto havendo condiccedilotildees ambientais
favoraacuteveis podem adquirir taxas de crescimento elevadas
proliferando rapidamente e originando as floraccedilotildees (AZEVEDO
et al 2002) que podem ocasionar seacuterios problemas no
ambiente aquaacutetico com efeitos ao longo de toda a cadeia
alimentar
As cianobacteacuterias possuem uma alta plasticidade a
adaptaccedilotildees bioquiacutemicas fisioloacutegicas geneacuteticas e reprodutivas
o que garantiu a esses microrganismos a sua ocorrecircncia em
diversos ambientes terrestres e aquaacuteticos como rios estuaacuterios
e mares (BRANDAtildeO DOMINGOS 2006) Seu sucesso
adaptativo eacute decorrente do desenvolvimento de determinadas
estruturas como os vacuacuteolos gasosos em algumas espeacutecies
que permitem sua migraccedilatildeo vertical na coluna daacutegua em busca
de intensidades de luz adequada e nutrientes necessaacuterios ao
seu desenvolvimento (MOLICA 1996) Outras cianobacteacuterias
podem apresentar heterocistos ceacutelulas com parede celular
dupla cuja funccedilatildeo eacute fixar o nitrogecircnio molecular (BRANDAtildeO
DOMINGOS 2006) Outros grupos de cianobacteacuterias em
periacuteodo de dessecaccedilatildeo podem se converterem em acinetos
ceacutelulas que conferem agraves cianobacteacuterias resistecircncia ao
ressecamento permitindo a sobrevivecircncia desses organismos
por muitos anos em ambientes com escassez hiacutedrica
(CALIJURI ALVES SANTOS 2006) Por exemplo o sucesso
de cianobacteacuterias em lagos e reservatoacuterios tem sido atribuido
a fatores como a estabilidade fiacutesica da coluna drsquoaacutegua pH e
temperaturas elevadas (SHAPIRO 1990 PAERL HALL
CALANDRINO 2011)
DIRECIONAMENTO DOS ESTUDOS E TEacuteCNICAS DE REMOCcedilAtildeO DE
CIANOBACTEacuteRIAS E CIANOTOacuteXINAS
171
Foram localizados 64 documentos com as palavras
cianobacteacuterias no titulo palavras-chave ou resumo Estes foram
publicados em 30 meios de comunicaccedilatildeo cientifica no entanto
a maior parte dos trabalhos foi publicada na revista Oecologia
Brasiliensis (n=8)
O primeiro estudo utilizando esse termo foi publicado em
1996 (n=1) Fig (1) Foi a partir de 1999 que as publicaccedilotildees
comeccedilaram a serem anuais Nos anos de 1997 1998 2000 e
2003 natildeo foram observadas publicaccedilotildees com relaccedilatildeo ao tema
cianobacteacuterias Fig (1) Os anos em que mais se publicaram
estudos sobre a temaacutetica supracitada foram 2009 (n=8) 2011
(n=10) e 2015 (n=7) Sendo assim eacute notaacutevel o aumento no
numero de publicaccedilotildees entre os anos de 2009 e 2015 Fig (1)
Figura 1 Nuacutemero de publicaccedilotildees com a temaacutetica cianobacteacuterias por ano
A maior parte dos trabalhos (n=59 ou 922) foi
publicada na forma de artigo cientiacutefico A maior parte dos
estudos estaacute dentro da aacuterea de concentraccedilatildeo de Ciecircncias
Agraacuterias e Bioloacutegicas (n=35) seguida de Ciecircncias Ambientais
(n=28)
DIRECIONAMENTO DOS ESTUDOS E TEacuteCNICAS DE REMOCcedilAtildeO DE
CIANOBACTEacuteRIAS E CIANOTOacuteXINAS
172
Com relaccedilatildeo aos autores que mais escreveram sobre a
temaacutetica cianobacteacuterias se destacam Maria Cristina
Benintende (n=3) Silvia Mercedes Benintende (n=3) Maria do
Carmo Bittencourt-Oliveira (n=3) Cecilia Isabel Saacutenchez
(n=3) Aloysio da Silva Ferratildeo-Filho (n=3) Ariadne do
Nascimento Moura (n=3) e Sandra Maria Feliciano de Oliveira
e Azevedo (n=3)
Entre os paiacuteses em que se observaram publicaccedilotildees com
a temaacutetica cianobacteacuterias os que mais se destacaram com
relaccedilatildeo ao nuacutemero de publicaccedilotildees foram o Brasil (n=41)
Argentina (n=10) Espanha (n=4) Costa Rica (n=3) Colocircmbia
(n=2) Meacutexico (n=2) e Estados unidos (n=2) Fig (2)
Figura 2 Nuacutemero de publicaccedilotildees com a temaacutetica cianobacteacuterias por paiacutes
A principal preocupaccedilatildeo com o aumento da ocorrecircncia
de cianobacteacuterias em mananciais de abastecimento eacute a sua
DIRECIONAMENTO DOS ESTUDOS E TEacuteCNICAS DE REMOCcedilAtildeO DE
CIANOBACTEacuteRIAS E CIANOTOacuteXINAS
173
potencial capacidade de produzir e liberar cianotoxinas para o
meio liacutequido (MORENO et al 2011)
A exposiccedilatildeo de seres humanos as cianotoxinas podem
ocorrer por diversas vias Contato dermal inalaccedilatildeo ingestatildeo
oral intravenosa (hemodiaacutelise) e atraveacutes da bioacumulaccedilatildeo na
cadeia alimentar (CALIJURI ALVES SANTOS 2006)
Existem cerca de 40 gecircneros de cianobacteacuterias descritos
como produtores de cianotoxinas nocivas podendo este
nuacutemero estar subestimado mediante dificuldades relacionadas
agrave identificaccedilatildeo taxonocircmica (CARMICHAEL 2008) Os principais
gecircneros toacutexicos descritos satildeo Microcystis Cylindrospermopsis
Dolichospermum Nodularia Oscillatoria Trichodesmium
Schizothrix Lyngbya (DI BERNARDO MINILLO DANTAS
2010)
Conforme suas estruturas quiacutemicas as cianotoxinas
podem ser incluiacutedas em trecircs grandes grupos bioquiacutemicos os
peptiacutedeos ciacuteclicos os alcaloacuteides e os lipopolissacariacutedeos (LPS)
Entretanto por suas accedilotildees toxicoloacutegicas em mamiacuteferos as
cianotoxinas satildeo classificadas como hepatotoxinas
neurotoxinas e dermatotoxinas (CHURRO et al 2012) sendo
as uacuteltimas produzidas por cianobacteacuterias em geral (CALIJURI
ALVES SANTOS 2006)
Dentre as cianotoxinas as hepatotoxinas satildeo as
causadoras mais comuns das intoxicaccedilotildees Satildeo produzidas
pelos gecircneros Microcystis Dolichospermum Plankthotrix e
Nodularia (DI BERNARDO MINILLO DANTAS 2010)
Apresentam accedilatildeo mais lenta podendo provocar a morte em
intervalos de poucas horas a poucos dias resultante de
hemorragia intra-hepaacutetica e choque hipovolecircmico (AZEVEDO et
al 1994) As principais hepatotoxinas satildeo as microcistinas e as
nodularinas Essas cianotoxinas penetram nos hepatoacutecitos por
DIRECIONAMENTO DOS ESTUDOS E TEacuteCNICAS DE REMOCcedilAtildeO DE
CIANOBACTEacuteRIAS E CIANOTOacuteXINAS
174
meio de receptores de aacutecidos biliares e promovem uma
desorganizaccedilatildeo dos filamentos intermediaacuterios e dos
microfilamentos de actina que satildeo poliacutemeros proteicos que
formam o citoesqueleto do hepatoacutecito (FALCONER 1991) o
que leva consequentemente a perda da arquitetura do fiacutegado e
a graves lesotildees hepaacuteticas Essas cianotoxinas satildeo tambeacutem
consideradas potentes promotoras de tumores hepaacuteticos
(FALCONER 1991)
Outra hepatotoxina eacute cilindrospermopsina produzidas
por diversos gecircneros de cianobacteacuterias como Aphazinomenon
Cylindrospermopsis Raphidiopsis Dolichospermum e
Umemzakia (DI BERNARDO MINILLO DANTAS 2010) A
cilindrospermopsina provoca inibiccedilatildeo da siacutentese proteica
(CHORUS BARTRAM 1999)
As neurotoxinas satildeo produzidas por espeacutecies dos
gecircneros Dolichospermum Aphanizomenon Oscillatoria
Cylindrospermopsis Plankthotrix Trichodesmium e Lyngbya
(DI BERNARDO MINILLO DANTAS 2010) Afetam as
transmissotildees dos impulsos nervosos provocando paralisaccedilatildeo
da atividade muscular e consequentemente parada
cardiorrespiratoacuteria (MOLICA AZEVEDO 2009) Apresentam
accedilatildeo raacutepida provocando a morte de animais em intervalos de
poucos minutos ou poucas horas (MOLICA 1996) Satildeo
exemplos de neurotoxinas anatoxina-a homoanotoxina-a e
anatoxina-a(s) A accedilatildeo da anatoxina-a e homoanotoxina-a se
daacute pela ligaccedilatildeo irreversiacutevel aos receptores de acetilcolina natildeo
sendo degradadas pela acetilcolinesterase o que as fazem agir
como um bloqueador neuromuscular (CARMICHAEL 1992
CHORUS BARTRAM 1999) Jaacute a anatoxina-a(s) inibe a accedilatildeo
da acetilcolinesterase impedindo que esta promova a
degradaccedilatildeo da acetilcolina ligada aos receptores (BRANDAtildeO
DIRECIONAMENTO DOS ESTUDOS E TEacuteCNICAS DE REMOCcedilAtildeO DE
CIANOBACTEacuteRIAS E CIANOTOacuteXINAS
175
DOMINGOS 2006) A anatoxina-a(s) homoanotoxina-a e a
anatoxina-a provocam a superestimulaccedilatildeo muscular seguida
de fadiga e paralisia que em muacutesculos respiratoacuterios pode ser
letal
As saxitoxinas e neosaxitoxinas satildeo neurotoxinas da
classe das PSP (Paralytic Shellfish Poison) que atuam pela
interrupccedilatildeo da comunicaccedilatildeo entre os neurocircnios e as ceacutelulas
musculares atraveacutes dos canais de soacutedio impedindo a
propagaccedilatildeo do impulso nervoso e provocando
consequentemente paralisia muscular (CALIJURI et al 2006
DI BERNARDO MINILLO DANTAS 2010)
As dermatotoxinas satildeo produzidas por todos os gecircneros
de cianobacteacuterias Satildeo toxinas irritantes ao contanto com a
pele Satildeo exemplos de dermatotoxinas os lipopolisacariacutedeos
(LPS) debromoaplisiatoxina lingbiatoxina (CHORUS
BARTRAM 1999) Os LPS provocam irritaccedilatildeo ao contato
(CALIJURI et al 2006) As debromoaplisiatoxinas e
lingbiatoxinas provocam inflamaccedilatildeo e satildeo potentes promotores
de tumores (DI BERNARDO MINILLO DANTAS 2010)
Com relaccedilatildeo aos termos cianobacteacuterias e cianotoxinas
no titulo palavras-chave ou resumo foram localizados 12
documentos O primeiro estudo utilizando esses termos foi
publicado no ano 2009 (n=1) Foi a partir de 2009 que as
publicaccedilotildees comeccedilaram a serem anuais Fig (3)
No ano de 2014 natildeo foram observadas publicaccedilotildees
efetivas com relaccedilatildeo agrave temaacutetica cianobacteacuterias e cianotoxinas
O ano em que mais se publicaram estudos com a temaacutetica
supracitada foi 2009 (n=3) Fig (3)
DIRECIONAMENTO DOS ESTUDOS E TEacuteCNICAS DE REMOCcedilAtildeO DE
CIANOBACTEacuteRIAS E CIANOTOacuteXINAS
176
Figura 3 Nuacutemero de publicaccedilotildees com a temaacutetica cianobacteacuterias e cianotoxinas por ano
Todos os estudos (n=12 ou 100) envolvendo agrave
temaacutetica cianobacteacuterias e cianotoxinas foram publicados em
forma de artigo cientiacutefico Estes foram publicados em 8 (oito)
meios de comunicaccedilatildeo cientifica No entanto a maior parte dos
trabalhos foi publicada nas revistas Brazilian Journal of Biology
(n=3) e Oecologia Brasiliensis (n=3) A maior parte dos
trabalhos estaacute dentro da aacuterea de concentraccedilatildeo Ciecircncias
Agraacuterias e Bioloacutegicas (n=7) e Ciecircncias Ambientais (n=7)
Com relaccedilatildeo aos autores que mais escreveram sobre a
temaacutetica cianobacteacuterias e cianotoxinas estatildeo Maria do Carmo
Bittencourt-Oliveira (n=2) e Ariadne do Nascimento Moura
(n=2) Dentre os paiacuteses em que se observaram publicaccedilotildees
com a temaacutetica cianobacteacuterias e cianotoxinas os que mais se
destacaram com relaccedilatildeo ao nuacutemero de publicaccedilotildees foram o
Brasil (n=11) e Argentina (n=2) Fig (4) o que de certa forma
indica a preocupaccedilatildeo com relaccedilatildeo agrave ocorrecircncia desses
organismos em ecossistemas aquaacuteticos do nosso paiacutes
DIRECIONAMENTO DOS ESTUDOS E TEacuteCNICAS DE REMOCcedilAtildeO DE
CIANOBACTEacuteRIAS E CIANOTOacuteXINAS
177
Figura 4 Nuacutemero de publicaccedilotildees com a temaacutetica cianobacteacuterias e cianotoxinas por paiacutes
Embora o nuacutemero de publicaccedilotildees efetivas sobre a
temaacutetica cianobacteacuterias cianotoxinas natildeo seja elevado
sinalizam uma grande lacuna que dever ser preenchida por
estudos posteriores uma vez que as cianobacteacuterias satildeo
organismos potencialmente produtores de toxinas que podem
ser letais para a biota aquaacutetica e seres humanos
A presenccedila de cianobacteacuterias e cianotoxinas em
mananciais destinados ao abastecimento puacuteblico aleacutem de
puder trazer problemas de sauacutede puacuteblica resulta em
dificuldades operacionais do sistema de tratamento
empregado aumentando os custos do tratamento A presenccedila
de cianobacteacuterias em ETAs (Estaccedilatildeo de Tratamento de Aacuteguas)
pode causar problemas operacionais em vaacuterias etapas de
tratamento tais como dificuldade de coagulaccedilatildeo e floculaccedilatildeo
baixa eficiecircncia do processo de sedimentaccedilatildeo colmataccedilatildeo dos
filtros e aumento da necessidade de produtos para a
desinfecccedilatildeo (CAMPINAS et al 2002) No Brasil a maioria das
estaccedilotildees de tratamento de aacutegua realizam apenas tratamento
DIRECIONAMENTO DOS ESTUDOS E TEacuteCNICAS DE REMOCcedilAtildeO DE
CIANOBACTEacuteRIAS E CIANOTOacuteXINAS
178
convencional sendo que este natildeo eacute capaz de remover as
cianotoxinas que podem estar presentes na aacutegua
(RODRIGUES et al 2016)
Estudos com relaccedilatildeo agrave remoccedilatildeo de cianobacteacuterias e
cianotoxinas englobam uma ampla variedade de tecnologias
desde as mais simplificadas como a filtraccedilatildeo lenta e os
processos convencionais ateacute a adoccedilatildeo de etapas de preacute e poacutes-
oxidaccedilatildeo utilizando diversos oxidantes como o ozocircnio e o cloro
(LAPOLLI CORAL RECIO 2011)
Entre as teacutecnicas mais utilizadas para a remoccedilatildeo de
cianobactegraverias e cianotoxinas estatildeo a preacute-oxidaccedilatildeo usando-se
ozocircnio derivados de cloro peroacutexido de hidrogecircnio a radiaccedilatildeo
ultravioleta e a adsorccedilatildeo por carvatildeo ativado e argilas
organofiacutelicas adsortivas Outro meacutetodo altamente eficiente neste
sentido eacute a filtraccedilatildeo em membrana (microfiltraccedilatildeo ultrafiltraccedilatildeo
e nanofiltraccedilatildeo)
Estudos realizados por Ferreira e Motta Marques (2009)
em escala de bancada com a argila modificada Phoslockreg
demonstrou uma remoccedilatildeo altamente significativa de foacutesforo
reativo dissolvido (gt99) e consequente reduccedilatildeo efetiva
(gt94) da densidade da cianobacteacuteria Microcystis aeruginosa
Pesquisa de Qiao et al (2005) utilizando a radiaccedilatildeo UV
combinada com o peroacutexido de hidrogecircnio (H2O2) promoveu a
remoccedilatildeo de 9483 da microcistina presente na aacutegua
Mondardo Sens e Melo Filho (2006) em escala de
bancada com a preacute-ozonizaccedilatildeo obtiveram melhores
resultados quando comparados aos ensaios realizados com a
preacute-cloraccedilatildeo Neste estudo o emprego da preacute-ozonizaccedilatildeo
demonstrou ser uma alternativa eficiente para o preacute-tratamento
de aacutegua com elevada concentraccedilatildeo de microalgas e
DIRECIONAMENTO DOS ESTUDOS E TEacuteCNICAS DE REMOCcedilAtildeO DE
CIANOBACTEacuteRIAS E CIANOTOacuteXINAS
179
cianobacteacuterias que utiliza a teacutecnica da filtraccedilatildeo direta como
processo de potabilizaccedilatildeo
A teacutecnica de preacute-cloraccedilatildeo eacute uma praacutetica realizada em
muitos sistemas de tratamento de aacutegua que visa promover a
remoccedilatildeoinativaccedilatildeo de microalgas e cianobacteacuterias
(MONDARDO SENS MELO FILHO 2006) Alguns problemas
como a formaccedilatildeo de trialometanos (THM) produtos altamente
carcinogecircnicos jaacute foram reportados com a utilizaccedilatildeo desse tipo
de preacute-tratamento em aacuteguas de mananciais com elevadas
densidades de fitoplacircncton (MONDARDO SENS MELO
FILHO 2006)
A preacute-oxidaccedilatildeo com o ozocircnio apresenta alta eficiecircncia
de remoccedilatildeo de cianotoxinas Estudos de Miao e Tao (2009)
com preacute-oxidaccedilatildeo utilizando o ozocircnio demonstrou uma
eficiecircncia de 753 na remoccedilatildeo de Microcystis aureginosa e de
893 de microcistinas-RR e de 957 na remoccedilatildeo de
microcistina-LR
A preacute e poacutes-oxidaccedilatildeo tem demonstrado resultados
satisfatoacuterios quanto agrave remoccedilatildeo de cianobacteacuterias mas eacute
preciso ter cautela ao utilizar esses meacutetodos uma vez que suas
aplicaccedilotildees podem aumentar os niacuteves de cianotoxinas na aacutegua
mediante lise das ceacutelulas das cianobacteacuterias (LAPOLLI
CORAL RECIO 2011)
O carvatildeo ativado apresenta uma boa eficiecircncia na
remoccedilatildeo de cianotoxinas seja ele em poacute (CAP) ou granular
(CAG) Em estudos de Cook e Newcombe (2002) utilizando o
CAP observou-se a eficiecircncia da remoccedilatildeo de microcistinas na
seguinte ordem microcistina-RR (100) microcistina-YR
(80) microcistina-LR (70) e microcistina-LA (30) Jaacute
estudos com o carvatildeo ativado granular demonstrou uma
DIRECIONAMENTO DOS ESTUDOS E TEacuteCNICAS DE REMOCcedilAtildeO DE
CIANOBACTEacuteRIAS E CIANOTOacuteXINAS
180
eficiecircncia maior que 95 na remoccedilatildeo de hepatoxinas e de 95
na remoccedilatildeo de neurotoxinas (FALCONER et al 1989)
Em estudos de Muumlller (2008) foi testada a eficiecircncia do
CAP de diferentes origens como madeira osso antracito e
coco para a remoccedilatildeo de microcistina em aacutegua para
abastecimento O CAP originado da madeira foi o mais eficiente
quanto agrave remoccedilatildeo de microcistina
O uso de CAG incorporado na ETA em colunas de
filtraccedilatildeo no final do tratamento mostra excelente eficiecircncia de
remoccedilatildeo de cianotoxinas facilidades de instalaccedilatildeo operaccedilatildeo e
manutenccedilatildeo aleacutem de dar flexibilidade ao sistema de
tratamento jaacute que este fica retido dentro da coluna e natildeo
aumenta a formaccedilatildeo de lodo como ocorre com a utilizaccedilatildeo do
CAP Diversos estudos demonstraram a eficiecircncia na remoccedilatildeo
de cianobacteacuterias (ceacutelulas inteiras) e elevadas concentraccedilotildees
de cianotoxinas atingino valores de microcistina-LR inferiores
ao limite de 1 microgL1 da Portaria 29142011-Ministeacuterio da Sauacutede
utilizando-se o sulfato de alumiacutenio e condiccedilotildees controladas das
etapas de coagulaccedilatildeo floculaccedilatildeo e sedimentaccedilatildeo seguidas de
filtraccedilatildeo por filtros de areia e colunas de CAG (SANTIAGO
2008 GUERRA 2012)
Embora apresente uma alta eficiecircncia na remoccedilatildeo de
cianobacteacuterias e cianotoxinas o uso de carvatildeo ativado
apresenta problemas relacionados com a adsorccedilatildeo ou seja
com o tempo esse material sofre reduccedilatildeo na capacidade
adsortiva em virtude da mateacuteria orgacircnica presente na aacutegua
(LEE WALKER 2006)
Apersar de apresentar elevados custos as teacutecnicas de
separaccedilatildeo por membranas se apresentam como promissoras
no acircmbito da remoccedilatildeo de cianobacteacuterias e cianotoxinas em
aacuteguas de abastecimento (HITZFELD et al 2000) Em estudos
DIRECIONAMENTO DOS ESTUDOS E TEacuteCNICAS DE REMOCcedilAtildeO DE
CIANOBACTEacuteRIAS E CIANOTOacuteXINAS
181
de Mierzwa (2006) utilizando-se membrana de ultrafiltraccedilatildeo
ocorreu uma remoccedilatildeo de quaser 100 de algas e
cianobacteacuterias Jaacute em estudos de Texeira e Rosa (2005)
utilizando-se a teacutecnica de nanofiltraccedilatildeo foi reportada a reduccedilatildeo
de microcistina e anatoxina-a em quaser sua totalidade
4 CONCLUSOtildeES
De forma geral a produccedilatildeo cientiacutefica sobre a temaacutetica
cianobacteacuterias tem aumentado nos uacuteltimos anos Isso eacute
decorrente da dominacircncia das cianobacteacuterias em ecossistemas
aquaacuteticos ser um problema preocupante visto que vaacuterios
gecircneros destas satildeo capazes de produzirem toxinas que podem
afetar tanto a biota aquaacutetica quanto seres humanos A maior
parte das publicaccedilotildees com relaccedilatildeo ao tema cianobacteacuterias e
cianotoxinas foi realizada no Brasil o que de certa forma
demonstra o interesse de pesquisadores brasileiros nessa aacuterea
No entanto haacute muito para se estudar e elucidar com relaccedilatildeo agrave
ocorrecircncia e toxicologia desses organismos sobretudo em
ecossistemas aquaacuteticos do Semiaacuterido Brasileiro sistemas
extremantes vulneraacuteveis as mudanccedilas climaacuteticas e a escassez
hiacutedrica e em que a ocorrecircncia de cianobacteacuterias eacute frequente
Embora exista uma gama de teacutecnicas destinadas a
remoccedilatildeo de cianobacteacuterias e cianotoxinas e devido a
peculiariadade de cada uma delas faz-se necessaacuterio testar a
eficiecircncia de cada meacutetodo com aacuteguas que possuem diferentes
niacuteveis de cianobacteacuterias e cianotoxinas
DIRECIONAMENTO DOS ESTUDOS E TEacuteCNICAS DE REMOCcedilAtildeO DE
CIANOBACTEacuteRIAS E CIANOTOacuteXINAS
182
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS AZEVEDO S M F O CARMICHAEL W W JOCHIMSEN E M RINEHART K L LAU S SHAW G R EAGLESHAM G K Human intoxication by microcystin during renal dialysis treatment in Caruaru-Brasil Toxicology v 181 p 441-446 2002 AZEVEDO S M F O EVANS W R CARMICHAEL W W NAMIKOSHI M First Report of microcystis from a Brazilian isolate of the cyanobacterium Microcystis aeruginosa Journal of Applied Phycology v 6 n 3 p 261-265 1994 BRANDAtildeO L H DOMINGOS P Fatores Ambientais para a Floraccedilatildeo de Cianobacteacuterias Toacutexicas Revista Sauacutede amp Ambiente v 1 n 2 p 40-50 2006 CALIJURI M C ALVES M S A SANTOS A C A Cianobacteacuterias e cianotoxinas em aacuteguas continentais Satildeo Carlos Rima 2006 118 p CAMACHO F P STROHER A P MORETI L SILVA F A DA WURZLE G T NISHI L BERGAMASCO R Remoccedilatildeo de Cianobacteacuterias e Cianotoxinas em aacuteguas de Abastecimento pela Associaccedilatildeo de Flotaccedilatildeo por Ar Dissolvido e Nanofiltraccedilatildeo e-xacta v 5 n 2 p 127-138 2012 CAMPINAS M TEIXEIRA M R LUCAS H ROSA M J Previsatildeo da capacidade de remoccedilatildeo de cianobacteacuterias e cianotoxinas na ETA de Alcantarilha Ata do 10ordm Encontro Nacional de Saneamento Baacutesico Universidade do Minho p 1-14 2002 CARMICHAEL W A world overview - One-hundred-twenty-seven years of research on toxic cyanobacteria - Where do we go from here in Cyanobacterial harmful algal blooms State of the science and research needs Hudnell H K (Ed) Springer New York p 105-125 2008 CARMICHAEL W W Cyanobacteria secondary metabolites-the cyanotoxins Journal of applied bacteriology v 72 n 6 p 445-459 1992 CHORUS I BARTRAM J Toxic cyanobacteria in water A guide to their public health consequences monitoring and management Spon Press 1999 416 p CHURRO C DIAS E VALEacuteRIO E Risk Assessment of Cyanobacteria and Cyanotoxins the Particularities and Challenges of Planktothrix spp Monitoring in Novel Approaches and Their Applications in Risk Assessment Luo Y (Ed) INTECH Open Access Publisher p 59-85 2012 COOK D NEWCOMBE G Removal of microcystin variants with powdered activated carbon Water Science and Technology Water Supply v 2 n 5-6 p 201-207 2002
DIRECIONAMENTO DOS ESTUDOS E TEacuteCNICAS DE REMOCcedilAtildeO DE
CIANOBACTEacuteRIAS E CIANOTOacuteXINAS
183
DI BERNARDO L MINILLO A DANTAS A D B Floraccedilotildees de algas e de cianobacteacuterias suas influecircncias na qualidade da aacutegua e nas tecnologias de tratamento Volume 1 Satildeo Carlos LDiBe 2010 536 p ESTEVES F A Fundamentos de limnologia 3ed Rio de Janeiro Interciecircncia 2011 826 p FALCONER I R Tumor Promotion and Liver Injury Caused by Oral Consumption of Cyanobacteria Environmental Toxicology and Water Quality v 6 n 2 p 177-184 1991 FALCONER I R RUNNEGAR M T C BUCKLEY T HUYN V L BRADSHAW P Using activated carbon toxicity from drinking water containing cyanobacterial blooms Journal American Water Works Association v 81 n 2 p 102-105 1989 FALCONER I R HAMPAGE A R Health Risk Assessment of Cyanobacterial (Blue-green Algal) Toxins in Drinking Water International Journal of Environmental Research and Public Health v 2 n 1 p 43-50 2005 FERREIRA T F MOTTA MARQUES D M L Aplicaccedilatildeo de Phoslockreg para remoccedilatildeo de foacutesforo e controle de cianobacteacuterias toacutexicas Revista Brasileira de Recursos Hiacutedricos v 14 n 2 p 73-82 2009 FROSCIO S M HUMPAGE A R WICKRAMASINGHE W SHAW G FALCONER I R Interaction of the cyanobacterial toxin cylindrospermopsin with the eukaryotic protein synthesis system Toxicon v 5 n 2 p 191-198 2008 GUERRA A B Avaliaccedilatildeo em escala de bancada do emprego de carvatildeo ativado granular na remoccedilatildeo de microcistina-LR na potabilizaccedilatildeo de aacuteguas eutrofizadas do semiaacuterido nordestino 2012 98 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Ciecircncias e Tecnologia Ambiental) Universidade Estadual da Paraiacuteba Campina Grande 2012 HITZFELD B C HOGER S J DIETRICH D R Cyanobacterial toxin removal during drinking water treatment and human risk assessment Environmental Health Perspectives v 108 p113-122 2000 LAPOLLI F R CORAL L A RECIO M Aacute L Cianobacteacuterias em mananciais de abastecimento - problemaacutetica e meacutetodos de remoccedilatildeo Revista DAE v 185 p 10-17 2011 LEE J WALKER HW Effect of process variables and natural organic matter on removal of microcystin-LR by PAC-UF Environ Sci Technol v 40 n 23 p 7336-7342 2006 MAGALHAtildeES V F SOARES R M AZEVEDO S M F O Microcystin contamination in fish from the Jacarepaguaacute Lagoon (RJ Brazil) Ecological implication and human health risk Toxicon v 39 n 7 p 1077-1085 2001
DIRECIONAMENTO DOS ESTUDOS E TEacuteCNICAS DE REMOCcedilAtildeO DE
CIANOBACTEacuteRIAS E CIANOTOacuteXINAS
184
MIAO H TAO W The mechanisms of ozonation on cyanobacteria and its toxins removal Separation and Purification Technology v 66 n1 p 187-193 2009 MIERZWA J C Processos de separaccedilatildeo por membranas para tratamento de aacutegua In Prosab 4 - Contribuiccedilatildeo ao estudo da remoccedilatildeo de cianobacteacuterias e microcontaminantes orgacircnicos por meio de teacutecnicas de tratamento de aacutegua para consumo humano Belo Horizonte ABES p 335-380 2006 MOLICA R J R Efeitos da intensidade luminosa no crescimento e produccedilatildeo de microcistinas em duas cepas de Microcystis aeruginosa Kuumltz emend Elenkin (Cyanophyceae) 1996 88 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado Biotecnologia Vegetal) - Universidade Federal do Rio de Janeiro Rio de Janeiro 1996 MOLICA R AZEVEDO S M F O Ecofisiologia de cianobacteacuterias produtoras de cianotoxinas Oecologia Brasiliensis v 13 n 2 p 229-246 2009 MONDARDO R I SENS M L MELO FILHO L C de Preacute-tratamento com cloro e ozocircnio para remoccedilatildeo de cianobacteacuterias Revista Engenharia Sanitaacuteria e Ambiental v11 n 4 p 337-342 2006 MORENO I M HERRADOR M A ATENCIO L PUERTO M GONZALEZ A G CAMEAN A M Differentiation between microcystin contaminated and uncontaminated fish by determination of unconjugated MCs using an ELISA anti-adda test based on receiver-operating characteristic curves threshold values Application to Tinca tinca from natural ponds Environmental Toxicology v 26 n 1 p 45-56 2011 MUumlLLER C C Avaliaccedilatildeo da utilizaccedilatildeo de carvatildeo ativado em poacute na remoccedilatildeo de microcistina em aacutegua para abastecimento puacuteblico 2008 121 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Ecologia) ndash Instituto de Biociecircncias Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre 2008 PAERL H W HALL N S CALANDRINO E S Controlling harmful cyanobacterial blooms in a world experiencing anthropogenic and climatic-induced change Science of the Total Environment v 409 n 10 p 1739-1745 2011 QIAO RUI-PING LI N QI XIN-HUA WANG QI-SHAN ZHUANG YUAN-YI Degradation of microcystin-RR by UV radiation in the presence of hydrogen peroxide Toxicon v 45 n 6 p 745-752 2005 RODRIGUES A S OLIVEIRA F P S SILVEIRA L F SILVA T M P Anaacutelise de Teacutecnicas para Remoccedilatildeo de Cianobacteacuterias e Cianotoxinas em Aacuteguas de Abastecimento In Anais do IV Congresso Baiano de Engenharia Sanitaacuteria e Ambiental Cruz das Almas p1-6 2016 SANTIAGO L M Remoccedilatildeo de ceacutelulas de cianobacteacuterias por processos de sedimentaccedilatildeo e flotaccedilatildeo por ar dissolvido avaliaccedilatildeo em escala de
DIRECIONAMENTO DOS ESTUDOS E TEacuteCNICAS DE REMOCcedilAtildeO DE
CIANOBACTEacuteRIAS E CIANOTOacuteXINAS
185
bancada 2008 141f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Saneamento Meio Ambiente e Recursos Hiacutedricos) Universidade Federal de Minas Gerais 2008 SHAPIRO J Current beliefs regarding dominance by blue-greens the case for the importance of CO2 and pH Verhandlungen der Internationalen Vereinigung fuumlr Theoretische und Angewandte Limnologie v 24 p 38-54 1990 TEIXEIRA M R ROSA M J Microcystins removal by nanofiltration membrane Separaration and Purification Technology v 46 n 3 p 192-201 2005 YOO R S CARMICHAEL W W HOEHN N HURDEY R C S E Cyanobacterial (blue-green algal) toxins a resource guide Denver AWWA Foundation and the American Water Works Association 1995 229 p
UTILIZACcedilAtildeO DE HORTAS HIDROPOcircNICAS COMO ESTRATEacuteGIA DE ENSINO REFLEXIVO SOBRE MEIO AMBIENTE E SEGURANCcedilA ALIMENTAR
186
CAPIacuteTULO 11
UTILIZACcedilAtildeO DE HORTAS HIDROPOcircNICAS COMO ESTRATEacuteGIA DE ENSINO REFLEXIVO SOBRE MEIO AMBIENTE E SEGURANCcedilA ALIMENTAR
Claudiana Dantas CALIXTO 1
Clediana Dantas CALIXTO 2
Cristiane Dantas CALIXTO 3 1 Graduanda do curso de Lic Ciecircncias Agraacuterias UFPB 2 Doutoranda em Quiacutemica PPGQ
UFPB 3 Graduanda do Bacharelado em Enfermagem UNINASSAU claudianadantashotmailcom
RESUMO Nos dias atuais se faz necessaacuterio oferecer uma educaccedilatildeo voltada ao exerciacutecio criacutetico da cidadania como funccedilatildeo primordial das poliacuteticas puacuteblicas educacionais Muitas pesquisas tecircm apresentado discussotildees sobre a necessidade de construir estrateacutegias ao qual abordem temas que reflitam interesses necessidades e vivecircncias dos estudantes utilizando recursos didaacuteticos que explorem os aspectos sensoriais psicoloacutegicos e afetivos dos alunos Nesse sentido o uso de hortas vem atuando como uma ferramenta auxiliar ao processo de ensino e aprendizagem dos conteuacutedos ambientais Desta forma a presente pesquisa busca implantar uma horta hidropocircnica como metodologia de ensino para alunos do 3ordm ano do Ensino Meacutedio de uma escola puacuteblica do Municiacutepio de Juarez Taacutevora-PB A constataccedilatildeo dos resultados foi realizada atraveacutes da observaccedilatildeo nas mudanccedilas do comportamento praacuteticas e interaccedilatildeo dos discentes que participaram integralmente eou parcialmente das atividades em grupo juntamente aos educadores Os resultados expressam que a introduccedilatildeo da horta hidropocircnica no ambiente educacional foi bem aceita pelos estudantes contribuindo para facilitar o seu aprendizado onde uma grande maioria afirmou que as situaccedilotildees do cotidiano presentes no recurso didaacutetico ajudaram no entendimento de
UTILIZACcedilAtildeO DE HORTAS HIDROPOcircNICAS COMO ESTRATEacuteGIA DE ENSINO REFLEXIVO SOBRE MEIO AMBIENTE E SEGURANCcedilA ALIMENTAR
187
temas ambientas tornando a aula mais dinacircmica contextualizada e envolvente Logo fica evidente que a utilizaccedilatildeo de materiais didaacuteticos desta natureza se configura como uma ferramenta potencializadora para a promoccedilatildeo da aprendizagem dos conteuacutedos ambientais Palavras-chave Horta hidropocircnica Ensino meacutedio Recursos
didaacuteticos
1 INTRODUCcedilAtildeO
A Educaccedilatildeo Ambiental (EA) surgiu da preocupaccedilatildeo da
sociedade com o futuro da vida e com a qualidade de vida das
futuras geraccedilotildees (CARVALHO 2004 p 51) O termo EA surgiu
em 1965 durante a Conferecircncia em Educaccedilatildeo na Universidade
de Keele na Gratilde-Bretanha como parte essencial da educaccedilatildeo
de todos os cidadatildeos e seria vista daiacute em diante e por muito
tempo como sendo essencialmente voltada a conservaccedilatildeo do
meio natural e a ecologia aplicada (DIAS 2000 p78)
Segundo Guimaratildees (2004) o modelo arcaico de ensino
de transmissatildeo de conteuacutedos ainda eacute muito forte atualmente
Entatildeo para combater essas praacuteticas assim como a
transformaccedilatildeo da teoria e dos discursos em accedilotildees
pedagoacutegicas criacutetico-reflexivas e praacutetica ainda eacute um grande
obstaacuteculo Desta forma eacute cada vez mais necessaacuterio que o
educador enquanto responsaacutevel pela formaccedilatildeo de seus
discentes aja efetivamente no intuito de proporcionar o
conhecimento necessaacuterio para que eles possam entender e
criar suas posiccedilotildees mas sobretudo contribuir para a
disseminaccedilatildeo de praacuteticas voltadas para a melhoria da postura
da sociedade
Remetendo a uma visatildeo mais moderna e a dimensatildeo
poliacutetico-pedagoacutegica a Educaccedilatildeo Ambiental pode definir-se
UTILIZACcedilAtildeO DE HORTAS HIDROPOcircNICAS COMO ESTRATEacuteGIA DE ENSINO REFLEXIVO SOBRE MEIO AMBIENTE E SEGURANCcedilA ALIMENTAR
188
como uma educaccedilatildeo criacutetica voltada para a cidadania Uma
cidadania expansiacutevel inclusiva como objeto de direitos a
integridade dos bens naturais dos quais depende a existecircncia
humana Nesse sentido uma Educaccedilatildeo Ambiental criacutetica
deveria ser base fomentadora dos elementos para a formaccedilatildeo
de um sujeito capacitado a identificar as diversas
idiossincrasias conflituosas das relaccedilotildees sociais (CARVALHO
2004)
Fica notoacuterio tambeacutem que a transformaccedilatildeo das praacuteticas
pedagoacutegicas no ambiente escolar no sentido de serem
reflexivas e participativas eacute ainda um processo que desafia a
grande maioria dos professores
Concomitantemente a outros aspectos a horta
hidropocircnica em ambiente escolar trabalha envolvendo a escola
como um todo planejamento construccedilatildeo e desenvolvimento
aleacutem da realizaccedilatildeo de atividades inerentes e a promoccedilatildeo de
novas possibilidades para o desenvolvimento de accedilotildees
pedagoacutegicas por permitir praacuteticas em equipe explorando a
multiplicidade das formas de aprender eacute uma alternativa como
laboratoacuterio vivo para o ensino de ciecircncias Jaacute que a hidroponia
eacute uma teacutecnica que consiste em cultivar as plantas sem utilizar
solo ou seja utilizando apenas aacutegua e substacircncias nutritivas
nela diluiacutedas para o mantimento e o desenvolvimento do
cultivo
A teacutecnica hidropocircnica apresenta caracteriacutesticas
importantes como exigecircncia de menos espaccedilo para seu
desenvolvimento devido seu sistema radicular ser mais
compacto suprimento mais eficiente de nutrientes devido agrave
pronta disponibilidade para absorccedilatildeo pelas plantas otimizaccedilatildeo
do espaccedilo produtivo que permite uma produccedilatildeo ateacute quatro
vezes maior que em outros modelos alta qualidade e sanidade
UTILIZACcedilAtildeO DE HORTAS HIDROPOcircNICAS COMO ESTRATEacuteGIA DE ENSINO REFLEXIVO SOBRE MEIO AMBIENTE E SEGURANCcedilA ALIMENTAR
189
dos espeacutecimes produzidos pois natildeo precisa de aplicaccedilatildeo de
agrotoacutexicos
Assim quando compararmos a aplicabilidade da
utilizaccedilatildeo de uma horta como ferramenta didaacutetica com as
aptidotildees inerentes agrave modalidade de hortas hidropocircnicas fica
aparente a compatibilidade de ambos os meacutetodos para a
promoccedilatildeo de um ensino de qualidade
Desta forma pretendemos implantar uma pesquisa
educacional envolvendo um tema ambiental que
especificamente tem a capacidade de instigar a comunidade
escolar para repensar sua postura atraveacutes da vivecircncia de uma
nova realidade e daacute meios para que adotem novas posturas
pessoais e coletivas na relaccedilatildeo com o meio natural
Objetivou-se sobretudo implantar uma horta hidropocircnica
como metodologia de ensino na Escola Estadual do Ensino
Fundamental e Meacutedio Dom Adauto no municiacutepio de Juarez
Taacutevora ndash PB Outras accedilotildees positivas oferecidas aos discentes
com esse meacutetodo eacute a confrontaccedilatildeo de situaccedilotildees que instigam
questionamentos interessantes duacutevidas que mobilizem o
processo de indagaccedilotildees acerca de como as hortas
hidropocircnicas podem contribuir para reflexatildeo sobre preservaccedilatildeo
do meio ambiente principalmente no que diz respeito agrave
degradaccedilatildeo do solo poluiccedilatildeo das aacuteguas contaminaccedilatildeo por
agrotoacutexico
Outro fator importante para esta pesquisa eacute a
comprovaccedilatildeo da admissibilidade da teacutecnica hidropocircnica para o
ensino das Ciecircncias Agraacuterias Atuando de suporte agrave utilizaccedilatildeo
de modelos praacuteticos como meio motivador dos discentes
Adotamos como metodologia na indumentaacuteria deste
trabalho a teacutecnica de pesquisas no qual atraveacutes da criaccedilatildeo e
execuccedilatildeo de um aparato de produccedilatildeo hidropocircnica de mudas
UTILIZACcedilAtildeO DE HORTAS HIDROPOcircNICAS COMO ESTRATEacuteGIA DE ENSINO REFLEXIVO SOBRE MEIO AMBIENTE E SEGURANCcedilA ALIMENTAR
190
vegetais da espeacutecie alface (L Sativa) (americana grandes
lagos 659) e da avaliaccedilatildeo da aplicabilidade dessa ferramenta
educacional como proposta vaacutelida agrave induccedilatildeo de diversos
aspectos relacionados com ciecircncias agraacuterias biologia
quiacutemica sustentabilidade meio ambiente e conservaccedilatildeo de
recursos natildeo renovaacuteveis
2 MATERIAIS E MEacuteTODOS
O trabalho foi realizado na Escola Estadual de Ensino
Fundamental e Meacutedio Dom Adauto localizada na Avenida
Adalberto Pereira de Melo nordm18 no municiacutepio de Juarez
Taacutevora-Paraiacuteba uacutenica escola deste municiacutepio ao qual
disponibiliza o ensino meacutedio mesmo possuindo espaccedilo fiacutesico
miacutenimo para acomodar a comunidade acadecircmica e nenhum
acompanhamento psicoloacutegico e pedagoacutegico de profissionais
especiacuteficos destas aacutereas a mesma apresenta excelentes
profissionais que buscam o mesmo princiacutepio o
desenvolvimento soacutecio-politico-educacional do educando
A pesquisa eacute do tipo qualitativo porque empreende a
explicaccedilatildeo de um fenocircmeno que natildeo necessariamente pode
ser completamente mensurado por anaacutelise de dados jaacute que a
realidade e o sujeito satildeo elementos indissociaacuteveis E assim
sendo levam-se em consideraccedilatildeo traccedilos subjetivos e
particularidades cujos pormenores natildeo podem ser traduzidos
apenas em nuacutemeros quantificaacuteveis
Sobre a pesquisa qualitativa Maanem (1979) afirma
que a expressatildeo pesquisa qualitativa reflete um trabalho que
objetiva traduzir eou expressar o sentido dos fenocircmenos do
mundo social trata-se de reduzir a distacircncia entre indicador e
indicado entre a teoria contexto e accedilatildeo Neste trabalho a
UTILIZACcedilAtildeO DE HORTAS HIDROPOcircNICAS COMO ESTRATEacuteGIA DE ENSINO REFLEXIVO SOBRE MEIO AMBIENTE E SEGURANCcedilA ALIMENTAR
191
pesquisadora atuou realizando levantamentos bibliograacuteficos e
sobre o potencial de aplicabilidade do meacutetodo de hortas
escolares na modalidade de hortas hidropocircnicas como
ferramentas didaacuteticas estruturadas para o ensino de ciecircncias
e biologia (aleacutem de outros componentes similares agraves Ciecircncias
Agraacuterias) associando esses conceitos verificando e
caracterizando-os de acordo com o seu potencial de tornar-se
uma teacutecnica de ensino
A coleta de dados mais especiacuteficos foi realizada atraveacutes
de uma pesquisa documental nas modalidades fiacutesica e online
em diversos trabalhos e perioacutedicos de fundo didaacutetico
educacional assim como no rebuscamento de bibliografias
inespeciacuteficas poreacutem relacionaacuteveis ao tema
21 TEacuteCNICA DA HORTA HIDROPOcircNICA COMO
FERRAMENTA EDUCACIONAL AgraveS CIEcircNCIAS AGRAacuteRIAS
Segundo Lipai (2010) eacute atribuiacutedo ao estado o dever de
promover a educaccedilatildeo ambiental a todos os niacuteveis de estudo e
a conscientizaccedilatildeo puacuteblica para a preservaccedilatildeo do meio
ambiente (em consonacircncia com o art 225 inciso VI da
Constituiccedilatildeo brasileira de 1988) A definiccedilatildeo de educaccedilatildeo
ambiental eacute dada no artigo 1deg da lei ndeg 979599 na forma de
processos por meio dos quais o indiviacuteduo e a coletividade
possam construir valores sociais conhecimentos habilidades
atitudes e competecircncias voltadas para a conservaccedilatildeo do meio
ambiente
O trabalho com as hortas no ambiente educacional
possui um enorme potencial inclusivo pois a atuaccedilatildeo em
accedilotildees extraclasse desse tipo tem a capacidade de estimular
aspectos como a curiosidade motivaccedilatildeo aleacutem da sinestesia
UTILIZACcedilAtildeO DE HORTAS HIDROPOcircNICAS COMO ESTRATEacuteGIA DE ENSINO REFLEXIVO SOBRE MEIO AMBIENTE E SEGURANCcedilA ALIMENTAR
192
baacutesica de todos os envolvidos esse fator eacute evidenciado por
Kaufman (1998) quando comenta as cidades estatildeo cada vez
mais longe do meio natural e os ciclos da natureza satildeo longos
lentos e pouco cotidianos para a vida das pessoas Assim a
horta escolar em compensaccedilatildeo eacute um espaccedilo onde todas as
partes compartilham as mesmas emoccedilotildees ao plantar cuidar e
colher ou seja a horta eacute um sistema vivo um conjunto de
elementos que se relacionam
Conforme afirma Ribeiro (2005) a escola que opta por
desenvolver uma horta orgacircnica quase sempre tem como
objetivos melhorar a qualidade da merenda escolar servir de
estudo do meio para as diversas disciplinas e ser um tema
gerador para se tratar questotildees relacionadas agrave conservaccedilatildeo
ambiental como equiliacutebrio dos ecossistemas conservaccedilatildeo de
solos e florestas controle bioloacutegico problemas causados ao
ambiente pelo uso de agrotoacutexicos diversidade bioloacutegica entre
outros
22 REGISTRO DA APLICACcedilAtildeO DA TEacuteCNICA DA HORTA
HIDROPOcircNICA COMO DIFUSORA DA EDUCACcedilAtildeO
AMBIENTAL EM SALA DE AULA
Com o objetivo de definir a real benesse da utilizaccedilatildeo
dos meacutetodos como a criaccedilatildeo de hortas hidropocircnicas em sala
de aula sob a forma de um fator para melhorar os aspectos
deficitaacuterios em interesse por parte dos alunos pela interaccedilatildeo
com o meio ambiente consciecircncia ambiental compreensatildeo da
importacircncia dos recursos naturais e concepccedilatildeo de ambientes
entre outras temaacuteticas de interesse de discentes e docentes
Essa pesquisa tem o papel de atuar como indexador de
conteuacutedos afins de embasamento teacutecnico legal e praacutetico natildeo
UTILIZACcedilAtildeO DE HORTAS HIDROPOcircNICAS COMO ESTRATEacuteGIA DE ENSINO REFLEXIVO SOBRE MEIO AMBIENTE E SEGURANCcedilA ALIMENTAR
193
apenas para um puacuteblico alvo restrito mas para que todo e
qualquer profissional educador que objetive melhorar o aspecto
qualitativo do ensino retenha na anaacutelise deste trabalho a
capacidade de entender a importacircncia da aplicaccedilatildeo desse
meacutetodo educacional no seu ambiente de ensino
A realizaccedilatildeo do procedimento retratado neste trabalho
aconteceu em vaacuterios momentos os quais podemos classificar
em sete etapas
1ordf etapa ndash Pesquisa documental e anaacutelise bibliograacutefica
nesta etapa foi feita a busca por informaccedilotildees pertinentes ao
embasamento pedagoacutegico e histoacuterico-social da utilizaccedilatildeo das
teacutecnicas de hortas hidropocircnicas didaacuteticas ou teacutecnicas similares
empregadas na dimensatildeo do trabalho
2ordf etapa ndash Escolha da situaccedilatildeo e do espaccedilo para o
trabalho escolha do local onde seraacute realizado o trabalho
seguida em primeiros contatos com a gestatildeo da instituiccedilatildeo de
ensino e o agente educador com os quais seraacute firmada a
parceria contatos iniciais com os discentes e realizaccedilatildeo de
uma atividade coletiva explicando o decurso procedimental do
trabalho
3ordm etapa ndash Iniacutecio da execuccedilatildeo praacutetica da proposta
interventiva do trabalho com a divisatildeo da turma em nuacutecleos de
trabalho em equipe facilitando assim a realizaccedilatildeo simultacircnea
de diversas atividades com a coordenaccedilatildeo do professor e da
graduanda
4deg etapa ndash Seleccedilatildeo das atividades para cada equipe
onde seratildeo escolhidos os responsaacuteveis diretos por liderar os
grupos na montagem da estrutura fiacutesica do rack montagem da
estrutura hidraacuteulica manipulaccedilatildeo e germinaccedilatildeo das sementes
formulaccedilatildeo da soluccedilatildeo nutritiva pesquisa didaacutetica e de apoio
UTILIZACcedilAtildeO DE HORTAS HIDROPOcircNICAS COMO ESTRATEacuteGIA DE ENSINO REFLEXIVO SOBRE MEIO AMBIENTE E SEGURANCcedilA ALIMENTAR
194
5deg etapa ndash Seguimento do trabalho conduzido com a
gradual liberaccedilatildeo dos discentes para o cuidado e manutenccedilatildeo
das vaacuterias etapas da produccedilatildeo nesse estaacutegio o profissional
educadorinterventor diminui seu papel de coordenador praacutetico
e deixa a cabo dos alunos gradualmente cada uma das tarefas
com as quais esses se mostrarem preparados para assumir
atuando no final apenas como orientador da produccedilatildeo e
deixando seu rumo e outros aspectos menores como
responsabilidade de decisatildeo aos novos gestores da mesma (os
discentes)
6deg etapa ndash Coleta dos dados referenciais aplicaccedilatildeo de
questionaacuterio avaliativo sobre o perfil do trabalho realizado
segundo os discentes e educador da turma onde foi realizada
a atividade
7ordm etapa ndash Procedimentos poacutes-accedilatildeo realizaccedilatildeo da
anaacutelise e composiccedilatildeo dos referenciais sobre agrave auto avaliaccedilatildeo
da pesquisa composiccedilatildeo do dossiecirc constituiacutedo dos resultados
encontrados na avaliaccedilatildeo
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
O ensino agraacuterio atraveacutes da teacutecnica hidropocircnica para os
alunos do 3ordm ano ldquoArdquo do ensino meacutedio da Escola Estadual do
Ensino Fundamental e Meacutedio Dom Adauto do municiacutepio de
Juarez Taacutevora ndash PB foi realizado atraveacutes da observaccedilatildeo nas
mudanccedilas do comportamento nas praacuteticas e na interaccedilatildeo dos
discentes que participaram integralmente ou parcialmente das
atividades em grupo juntamente aos educadores
A constataccedilatildeo desses fatos foi realizada e registrada
principalmente pelos proacuteprios educadores da escola assim
UTILIZACcedilAtildeO DE HORTAS HIDROPOcircNICAS COMO ESTRATEacuteGIA DE ENSINO REFLEXIVO SOBRE MEIO AMBIENTE E SEGURANCcedilA ALIMENTAR
195
como pela equipe gestora e pela graduanda responsaacutevel pela
pesquisa
A praacutetica em questatildeo mesmo sendo uma iniciativa
direcionada a um puacuteblico limitado de uma seacuterie especiacutefica
trouxe a luz um potencial inesperado por ambas as partes que
constituiacuteram as atividades representadas atraveacutes da
consideraacutevel melhoria para com a interaccedilatildeo discente-discente
e discente-docente
Atraveacutes de nossa observaccedilatildeo pudemos constatar
quase uma totalidade nos avaliadores (docentes graduanda
gestatildeo escolar) e por convenccedilatildeo de toda essa melhoria nas
relaccedilotildees interpessoais foi atribuiacuteda principalmente agrave vivecircncia
extraclasse associado ao conviacutevio e cuidado para com a
natureza refletida nos espeacutecimes vegetais produzidos essa
empatia foi logo observada pelos discentes
Foi notaacutevel a diferenccedila no comportamento dos discentes
enquanto praticavam o experimento passaram a socializar-se
mais e discutirem sobre o que estavam fazendo corretamente
ou natildeo Os referidos alunos ainda tiveram a oportunidade de
experimentar uma forma de responsabilidade seacuteria ao tempo
que lhes foi delegado o dever de cuidar daquelas placircntulas
Outro aspecto recorrente foi a melhoria no
comportamento que natildeo se estendeu unicamente aos
participantes envolvidos na pesquisa da horta mas sobretudo
a toda a comunidade escolarrdquo (Joseacute Raniery Rodrigues de
Oliveira professor de Quiacutemica)
De forma mais sinteacutetica a construccedilatildeo da horta
hidropocircnica no acircmbito escolar estruturou e fomentou atitudes
cotidianas que vieram contribuir para resgatar a importacircncia do
trabalho em equipe
UTILIZACcedilAtildeO DE HORTAS HIDROPOcircNICAS COMO ESTRATEacuteGIA DE ENSINO REFLEXIVO SOBRE MEIO AMBIENTE E SEGURANCcedilA ALIMENTAR
196
Endossando o resultado atraveacutes do nosso trabalho de
pesquisa Morgado (2006) descreve que a horta inserida no
ambiente escolar pode ser um laboratoacuterio vivo que possibilita o
desenvolvimento de diversas atividades pedagoacutegicas em
educaccedilatildeo ambiental e alimentar unindo teoria e praacutetica de
forma contextualizada auxiliando no processo de ensino-
aprendizagem e estreitando relaccedilotildees atraveacutes da promoccedilatildeo do
trabalho coletivo e cooperado entre os agentes sociais
envolvidos
A realizaccedilatildeo desse trabalho eacute grandemente
enriquecedora tanto no aspecto educacional quando o
educador e seus alunos exercem forte comunicaccedilatildeo entre si e
mantem-se em sintonia constante quanto no acircmbito social de
uma atividade extraclasse que exige muito compromisso de
ambas as partes aleacutem de proporcionar ao educador
principalmente aos novatos na educaccedilatildeo a obrigaccedilatildeo quase
moral de buscar sempre mais e oferecer ainda mais aos seus
discentes ao custo que for
Essa espeacutecie de atividade traz junto consigo vaacuterias
situaccedilotildees sejam estas positivas ou natildeo geralmente o educador
se depara nesses momentos com necessidade de expansatildeo
do cronograma preacute-estabelecido necessidade de mais
experiecircncias teoacutericas e desconhecimento do tema pelos
discentes Foram ocorrecircncias comuns tambeacutem alteraccedilatildeo dos
planos de aula por necessidade dos discentes ocorrecircncia de
falhas nos caacutelculos de soluccedilotildees nutritivas mortalidades
inesperadas nos vegetais pesquisados expectativas
divergentes entre os discentes sobre a produccedilatildeo e etc
E conforme Boff (1999 p33) ldquocuidar eacute mais que um ato
eacute uma atitude Portanto abrange mais que um momento de
atenccedilatildeo de zelo e de desvelo Representa uma atitude de
UTILIZACcedilAtildeO DE HORTAS HIDROPOcircNICAS COMO ESTRATEacuteGIA DE ENSINO REFLEXIVO SOBRE MEIO AMBIENTE E SEGURANCcedilA ALIMENTAR
197
ocupaccedilatildeo preocupaccedilatildeo de responsabilizaccedilatildeo e de
envolvimento afetivo com o outrordquo
31 REGISTRO FOTOGRAacuteFICO DO EXPERIMENTO
Figura 1 Elaboraccedilatildeo da estrutura para implante dos perfis de
hidroponia no sistema de calhas paralelas para recirculaccedilatildeo da
soluccedilatildeo nutritiva
Fonte Proacutepria 2016
Segundo Martins (2004) a compreensatildeo de um
conteuacutedo atrelado pelo curriacuteculo e veiculado em sala daacute-se
justamente pela aplicabilidade deste para com o cotidiano de
cada discente de forma a incrementar positivamente sua
ldquoexperientiardquo
Segundo Anastasiou (2004) o ensino-aprendizagem eacute uma
praacutetica social complexa que quando adequadamente realizada
entre professor e aluno otimiza a accedilatildeo de ensinar quanto a de
aprender e proporciona parcerias para o enfrentamento da
construccedilatildeo do conhecimento escolar em accedilotildees vistas na sala
de aula e fora dela
UTILIZACcedilAtildeO DE HORTAS HIDROPOcircNICAS COMO ESTRATEacuteGIA DE ENSINO REFLEXIVO SOBRE MEIO AMBIENTE E SEGURANCcedilA ALIMENTAR
198
Figura 2 Bandeja para eliminaccedilatildeo de dormecircncia e brotamento
das sementes de Latuca Sativa L
Fonte Proacutepria 2016
Ribeiro (2005) afirma que a escola que opta por
desenvolver uma horta orgacircnica quase sempre tem como
objetivos melhorar a qualidade da merenda escolar servir de
estudo do meio para as diversas disciplinas e ser um tema
gerador para se tratar questotildees relacionadas agrave conservaccedilatildeo
ambiental
Morgado (2006) descreve que a horta inserida no
ambiente escolar pode ser um laboratoacuterio vivo que possibilita o
desenvolvimento de diversas atividades pedagoacutegicas em
educaccedilatildeo ambiental e alimentar unindo teoria e praacutetica de
forma contextualizada
UTILIZACcedilAtildeO DE HORTAS HIDROPOcircNICAS COMO ESTRATEacuteGIA DE ENSINO REFLEXIVO SOBRE MEIO AMBIENTE E SEGURANCcedilA ALIMENTAR
199
Figura 3 Monitoramento e controle de qualidade das mudas na
bandeja sementeira e transferecircncia das mudas para os perfis
hidropocircnicos
Fonte Proacutepria 2016
Segundo Karling (1991) os recursos de ensino devem
ser usados para facilitar acelerar e intensificar a aprendizagem
pois ajudam enormemente a comunicaccedilatildeo a compreensatildeo e a
estruturaccedilatildeo da aprendizagem cognitiva ldquoContudo natildeo
podemos esquecer que por melhores que sejam os recursos
se o professor natildeo os utilizar com habilidade e criatividade
pouco valor teratildeo Para saber utilizar eacute preciso muita
imaginaccedilatildeo criatividade e treinordquo (KARLING 1991 p254)
Nas palavras de Schneuwly e Dolz (2004 p 45) essas
estrateacutegias ldquosupotildeem a busca de intervenccedilotildees no meio escolar
que favoreccedilam a mudanccedila e a promoccedilatildeo dos alunos a uma
melhor mestria dos gecircneros e da situaccedilatildeo de comunicaccedilatildeo que
lhes correspondemrdquo
E conforme Boff (1999 p33) ldquocuidar eacute mais que um ato
eacute uma atituderdquo
UTILIZACcedilAtildeO DE HORTAS HIDROPOcircNICAS COMO ESTRATEacuteGIA DE ENSINO REFLEXIVO SOBRE MEIO AMBIENTE E SEGURANCcedilA ALIMENTAR
200
4 CONCLUSOtildeES
Conclui-se com este trabalho que
Pode ser considerado um laboratoacuterio-vivo para aulas
praacuteticas diretas e indiretas de diversas disciplinas como
Biologia Quiacutemica e Fiacutesica
Pode servir como um excelente instrumento para o
desenvolvimento de pesquisas de Educaccedilatildeo Ambiental
Possibilita uma educaccedilatildeo mais efetiva dos alunos e
facilita o processo de ensino- aprendizagem
O uso de hortas hidropocircnicas no ensino foi
comprovadamente efetiva para a aplicaccedilatildeo em sala de aula
Solidifica a experiecircncia do educador e envolvendo o
interesse dos discentes
Ao teacutermino deste trabalho foi possiacutevel observar a
mudanccedila beneacutefica de comportamento ocorrido entre docentes
e discentes Em siacutentese pode-se observar e afirmar que os
objetivos preacute-definidos foram alcanccedilados positivamente e que a
partir deste novas metodologias inovadoras seratildeo adquiridas
para a melhoria da transmissatildeo dos conteuacutedos disciplinares
Outro aspecto protagonista eacute a aplicabilidade do uso de
hortas hidropocircnicas no ensino comprovadamente efetiva para a
aplicaccedilatildeo em sala de aula sendo uma importante ferramenta
quando bem utilizada trazendo tambeacutem muitos frutos sob todos
os acircmbitos solidificando a experiecircncia do educador e
envolvendo o interesse dos discentes
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
ANASTASIOU L G C ALVES L P (Org) Processos de ensinagem na universidade pressupostos para as estrateacutegias de trabalho em aula Joinville SC UNIVILLE 2004
UTILIZACcedilAtildeO DE HORTAS HIDROPOcircNICAS COMO ESTRATEacuteGIA DE ENSINO REFLEXIVO SOBRE MEIO AMBIENTE E SEGURANCcedilA ALIMENTAR
201
ANASTASIOU L G C Didaacutetica e accedilatildeo docente aspectos metodoloacutegicos na formaccedilatildeo dos profissionais da educaccedilatildeo In ROMANOWSKI J P MARTINS PLO JUNQUEIRA S R A Conhecimento local e conhecimento universal pesquisa didaacutetica e accedilatildeo docente Curitiba Champagnat 2004 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e do Desporto Coordenaccedilatildeo de Educaccedilatildeo Ambiental A implantaccedilatildeo da Educaccedilatildeo Ambiental no Brasil Brasiacutelia MEC 1998 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Paracircmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Meacutedio Ciecircncias Matemaacuteticas e da Natureza e suas tecnologias Secretaria de Educaccedilatildeo Meacutedia e Tecnoloacutegica - Brasiacutelia MEC SEMTEC v 3 1999 BRASIL MECSEF Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil introduccedilatildeo vol1 Brasiacutelia 1998 BRASIL Ministeacuterio do Meio Ambiente Diretoria de Educaccedilatildeo Ambiental Programa Nacional de Educaccedilatildeo Ambiental ndash ProNEA Brasiacutelia DF 2003 8p BOFF L Saber cuidar ndash eacutetica do humano ndash compaixatildeo pela terra Petroacutepolis Vozes 1999 33p CARVALHO ICM Educaccedilatildeo Ambiental a formaccedilatildeo do sujeito ecoloacutegico Satildeo Paulo Cortez 2004 51p CHASSOT Attico Alfabetizaccedilatildeo cientiacutefica questotildees e desafios para a educaccedilatildeo Ijuiacute Editora Unijuiacute 2000 DIAS GF Educaccedilatildeo Ambiental Princiacutepios e Praacuteticas Satildeo Paulo Gaia 6a ediccedilatildeo 2000 78p GUIMARAtildeES M A formaccedilatildeo de educadores ambientais Campinas Papirus 2004 KARLING AA A didaacutectica necessaacuteria Satildeo Paulo Ibrasa 1991 MARTINS J Anotaccedilotildees em torno do conceito de Educaccedilatildeo para Convivecircncia com o Semi-Aacuterido In Educaccedilatildeo para a convivecircncia com o Semi-Aacuterido Brasileiro reflexotildees teoacuterico praacuteticas Bahia Juazeiro Selo Editorial RESAB 2004 LEFF Enrique Saber ambiental sustentabilidade racionalidade complexidade poder Trad Luacutecia Mathilde Endlich Orth Petroacutepolis-RJ Vozes 2001 a 258p ____ Epistemologia ambiental Satildeo Paulo Cortez 2001 LIPAI E M Educaccedilatildeo ambiental nas escolas Disponiacutevel em HTTPportalmecgovbrdmdocumentspublicaccedilao3pdf acesso em 20042010 Acessado em 08 de Abril de 2016 MAANEN J V Reclaiming qualitative methods for organizational research a preface In Administrative Science Quarterly vol 24 no 4 December 1979 a p 520-526
UTILIZACcedilAtildeO DE HORTAS HIDROPOcircNICAS COMO ESTRATEacuteGIA DE ENSINO REFLEXIVO SOBRE MEIO AMBIENTE E SEGURANCcedilA ALIMENTAR
202
MORGADO F S A horta escolar na educaccedilatildeo ambiental e alimentar experiecircncia do Pesquisa Horta Viva nas escolas municipais de Florianoacutepolis Centro de Ciecircncias Agraacuterias Universidade Federal de Santa Catarina Florianoacutepolis 2006 PCNs Paracircmetros Curriculares Nacionais Ensino Meacutedio Brasiacutelia MEC Secretaria da Educaccedilatildeo Meacutedia e Tecnoloacutegica 1999 RIBEIRO A L Gestatildeo de Pessoas 7 ed Satildeo Paulo Editora Saraiva 2005 SANTANA S L C Utilizaccedilatildeo e Gestatildeo de Laboratoacuterios Escolares Dissertaccedilatildeo (mestrado) Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo em Ciecircncias Quiacutemica da Vida e Sauacutede Universidade Federal de Santa Maria 2011 SANTOS W L P SCHNETZLER R P Educaccedilatildeo em quiacutemica compromisso com a cidadania Ijuiacute Editora da UNIJUIacute 1997 SCHNEUWLY B DOLZ J Os gecircneros escolares ndash das praacuteticas de linguagem aos objetos de ensino In SCHNEUWLY Bernard DOLZ Joaquim e colaboradores Gecircneros orais e escritos na escola Campinas Mercado de Letras 2004
HORTA DE PLANTAS MEDICINAIS CULTURA POPULAR E RECURSO DIDAacuteTICO PARA O ENSINO DE CIEcircNCIAS
203
CAPIacuteTULO 12
HORTA DE PLANTAS MEDICINAIS CULTURA POPULAR E RECURSO DIDAacuteTICO PARA O
ENSINO DE CIEcircNCIAS
Karina Guedes CORREIA 12
Danielle Helany Rosa de SOUZA 3
Tamirys Cristeine Coelho e SILVA3 1 Bioacuteloga Professora do curso de Medicina UNIPEcirc 2 OrientadoraProfessora do Curso de
Medicina UNIPEcirc 3 Graduandas do curso de Medicina UNIPEcirc karinaguedesunipecom
RESUMO Com o objetivo de colaborar com a melhoria da qualidade do ensino puacuteblico e conscientizaccedilatildeo sobre a importacircncia da relaccedilatildeo entre o homem e o ambiente o trabalho relata a experiecircncia vivenciada em uma escola da rede municipal da Cidade do Cabo de Santo Agostinho ndash PE onde foi implantada uma Horta de Plantas Medicinais A experiecircncia desenvolvida tem como objetivo de refletir sobre a importacircncia das plantas medicinais proporcionar um regate cultural da utilizaccedilatildeo das plantas medicinais bem como sensibilizar a comunidade escolar para a utilizaccedilatildeo da mesma como recurso didaacutetico Este estudo eacute de natureza observacional descritiva com uma abordagem qualitativa Observou-se que horta escolar se constitui num espaccedilo de aprendizado integrador do curriacuteculo escolar promovendo a evoluccedilatildeo deste do modelo fragmentado para o modelo sistecircmico do conhecimento As aulas praacuteticas realizadas na horta representaram uma oportunidade de fazer algo diferenciado com as turmas em que pode ser mostrado algo aleacutem do que estaacute escrito nos livros A horta inserida no ambiente escolar pode contribuir de forma significativa para a formaccedilatildeo integral do aluno tendo em vista que o tema engloba diferentes aacutereas de conhecimento e pode ser desenvolvido durante todo o processo de ensino
HORTA DE PLANTAS MEDICINAIS CULTURA POPULAR E RECURSO DIDAacuteTICO PARA O ENSINO DE CIEcircNCIAS
204
aprendizagem atraveacutes de vastas aplicaccedilotildees pedagoacutegicas com situaccedilotildees reais envolvendo educaccedilatildeo ambiental e cultural Palavras-chave Ensino Educaccedilatildeo Ambiental Aulas Praacuteticas
1 INTRODUCcedilAtildeO
Com o objetivo de colaborar com a melhoria da qualidade
do ensino puacuteblico e conscientizaccedilatildeo sobre a importacircncia da
relaccedilatildeo entre o homem e o ambiente o trabalho relata a
experiecircncia vivenciada em uma escola da rede municipal da
Cidade do Cabo de Santo Agostinho ndash PE onde foi implantada
uma Horta de Plantas Medicinais A experiecircncia desenvolvida
tem como objetivo de refletir sobre a importacircncia das plantas
medicinais proporcionar um regate cultural da utilizaccedilatildeo das
plantas medicinais bem como sensibilizar a comunidade escolar
para a utilizaccedilatildeo da mesma como recurso didaacutetico
O emprego de plantas medicinais na recuperaccedilatildeo da
sauacutede tem evoluiacutedo ao longo dos tempos desde as formas mais
simples de tratamento local provavelmente utilizada pelo
homem das cavernas ateacute as formas tecnologicamente
sofisticadas da fabricaccedilatildeo industrial utilizada pelo homem
moderno (LORENZI 2002) Por essas razotildees eacute que trabalhos
de difusatildeo e resgate do conhecimento de plantas vecircm-se
difundindo cada vez mais principalmente nas aacutereas mais
carentes (MARTINS et al 1994)
As praacuteticas agriacutecolas jaacute estiveram legalmente inseridas
no curriacuteculo do Ensino Fundamental com objetivos voltados
para a preparaccedilatildeo de matildeo-de-obra para atuaccedilatildeo no meio
considerado rural (BRASIL 1971) Os processos de
urbanizaccedilatildeo coincidem com o abandono das accedilotildees em
agricultura nas escolas O investimento numa apreciaccedilatildeo mais
HORTA DE PLANTAS MEDICINAIS CULTURA POPULAR E RECURSO DIDAacuteTICO PARA O ENSINO DE CIEcircNCIAS
205
acurada dos limites e das possibilidades da inserccedilatildeo dessas
atividades nas escolas urbanas indica que natildeo tem sido
valorizada a elaboraccedilatildeo de estrateacutegias eficazes para a
construccedilatildeo e a exploraccedilatildeo do potencial pedagoacutegico das hortas
nessa nova situaccedilatildeo (SILVA 2010)
As hortas escolares embasadas nos princiacutepios da
agricultura urbana e da agroecologia (MACHADO MACHADO
2002) podem ser requalificadas quanto ao espaccedilo e funccedilatildeo
contribuindo para o resgate da relaccedilatildeo ser humano-ambiente
natural-alimento Essa conjunccedilatildeo permite a elaboraccedilatildeo de
arcabouccedilos cientiacutefico pedagoacutegico e didaacutetico consistentes e
com possibilidades de aplicaccedilatildeo em escolas urbanas para o
alcance dos objetivos fundamentais da educaccedilatildeo
De acordo com os Paracircmetros Curriculares Nacionais
(BRASIL 2001) a participaccedilatildeo ativa dos estudantes nos
processos de aprendizagem com atividades praacuteticas representa
importante elemento para a compreensatildeo ativa e conceitual
A horta escolar nesse contexto pode-se consistir num
laboratoacuterio para o aluno corrigir-se aprender com os proacuteprios
erros como relata Kalmikova 1986 apud Arauacutejo e Drago (2011)
Quando existe um elevado niacutevel de conscientizaccedilatildeo das
operaccedilotildees mentais tem lugar um relatoacuterio verbal adequado do
processo de soluccedilatildeo do problema uma consideraccedilatildeo tanto
positiva quanto negativa da informaccedilatildeo que chega de fora
questatildeo que possibilitaraacute aprender sobre a base da experiecircncia
proacutepria e dos proacuteprios erros e de corrigir a atividade avaliando
os erros atividade relacionada com a auto avaliaccedilatildeo dos
resultados
Diante do exposto o presente trabalho tem como objetivo
realizar uma revisatildeo bibliograacutefica e avaliar a utilizaccedilatildeo da horta
medicinal como recurso didaacutetico para o ensino de ciecircncia
HORTA DE PLANTAS MEDICINAIS CULTURA POPULAR E RECURSO DIDAacuteTICO PARA O ENSINO DE CIEcircNCIAS
206
2 MATERIAIS E MEacuteTODO
Este estudo eacute de natureza observacional descritiva com
uma abordagem qualitativa Segundo Silva e Menezes (2000
p20) a pesquisa qualitativa considera que haacute uma relaccedilatildeo
dinacircmica entre o mundo real e o sujeito isto eacute um viacutenculo
indissociaacutevel entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito
que natildeo pode ser traduzido em nuacutemeros Os fenocircmenos satildeo
interpretados e atribuiccedilotildees de significados tornam-se baacutesicos
no processo qualitativo Natildeo requer o uso de teacutecnicas
estatiacutesticas e o pesquisador eacute o instrumento-chave O processo
e seu significado satildeo os focos principais de abordagem
A pesquisa foi realizada na Escola Municipal Joseacute
Clarindo Gomes localizada na no Municiacutepio do Cabo de Santo
Agostinho PE Realizamos uma observaccedilatildeo participante
natural uma vez que tivemos a oportunidade de participar como
membro executor do projeto momento no qual como
observadora assumi o papel de membro do grupo tivemos
conhecimento real do cotidiano da comunidade escolar a partir
do interior dele mesmo
A pesquisa descritiva visa descrever as caracteriacutesticas
de determinada populaccedilatildeo ou fenocircmeno ou o estabelecimento
de relaccedilotildees entre as variaacuteveis Utiliza teacutecnicas padronizadas de
coleta de dados e em geral assume a forma de levantamento
(SILVA MENEZES 2000)
HORTA DE PLANTAS MEDICINAIS CULTURA POPULAR E RECURSO DIDAacuteTICO PARA O ENSINO DE CIEcircNCIAS
207
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
31 As Plantas Medicinais e a Cultura Popular
As primeiras descriccedilotildees sobre plantas medicinais feitas
pelo homem retomam as escrituras e ao Papiro de Eacutebers Este
papiro foi descoberto e publicado por Georg Ebers sendo
traduzido pela primeira vez em 1890 por H Joachin Esse
material foi encontrado nas proximidades da casa mortuaacuteria de
Ramseacutes II poreacutem pertence agrave eacutepoca da XVIII Dinastia no Egito
e relata aproximadamente 100 doenccedilas e um grande nuacutemero
de drogas da natureza animal vegetal ou mineral (VILELA
1977 apud ARGENTA et al 2011)
Durante o periacuteodo anterior agrave Era Cristatilde que ficou
conhecido como civilizaccedilatildeo grega vaacuterios filoacutesofos podem ser
destacados por suas obras de histoacuteria natural Dentre esses
destaca-se Hipoacutecrates considerado o pai da medicina
moderna que se caracterizou por tomar a natureza como guia
na escolha de remeacutedios (Natura medicatrix) e o Teofrasto (372
aC) disciacutepulo de Aristoacuteteles Eacute seu o registro da utilizaccedilatildeo da
espeacutecie botacircnica Papaver somniferum planta cujo princiacutepio
ativo eacute a morfina [Documentos sumerianos de 5000 aC]
referem-se agrave papoula e taacutebuas assiacutericas descrevem suas
propriedades (VALLE 1978 apud ARGENTA et al 2011)
Evidecircncias arqueoloacutegicas mostram que o uso de drogas
vegetais era amplo em civilizaccedilotildees antigas Nozes de beacutetele
uma planta aromaacutetica que conteacutem substacircncias psicoativas
eram mascadas haacute 13 mil anos no Timor artefatos descobertos
no Equador estendem o uso das folhas de coca a 5000 anos
atraacutes a civilizaccedilatildeo aacuterabe no seacuteculo VII descreveu o emprego
dos purgativos e cardiotocircnicos de origem vegetal as culturas
HORTA DE PLANTAS MEDICINAIS CULTURA POPULAR E RECURSO DIDAacuteTICO PARA O ENSINO DE CIEcircNCIAS
208
americana especialmente a Inca Asteca Maya Olmeca e
Tolteca consignaram agrave civilizaccedilatildeo moderna a quina a
ipecacuanha a coca e muitas outras drogas vegetais de valor
terapecircutico ateacute hoje indispensaacutevel a medicina moderna
(MARINI-BETTOgraveLO 1974 apud ARGENTA et al 2011)
O uso de plantas medicinais eacute uma praacutetica que se baseia
no conhecimento popular e na maioria das vezes transmitidos
de geraccedilatildeo em geraccedilatildeo Natildeo se sabe ao certo quando se iniciou
o uso de plantas medicinais e aromaacuteticas com propoacutesitos
curativos Haacute evidecircncias de que jaacute no periacuteodo neoliacutetico as
ervas aromaacuteticas eram usadas em culinaacuteria e medicina e que
ervas e flores eram enterradas com os mortos (BERWICK
1996)
O uso de plantas medicinais no Brasil surgiu como uma
terapia alternativa sendo consideravelmente influenciada pela
Cultura Indiacutegena tradiccedilotildees africanas e a cultura Europeia
(ALMEIDA 2000)
Os iacutendios utilizavam a fitoterapia dentro de uma visatildeo
miacutestica em que o pajeacute ou feiticeiro da tribo fazia uso de plantas
entorpecentes para sonhar com o espiacuterito que revelaria a erva
ou o procedimento a ser seguido para cura do enfermo e
tambeacutem pela observaccedilatildeo de animais que procuram
determinadas plantas quando doentes Os negros procuravam
expulsar a doenccedila por meio de exorcismo e rodutos muitas
vezes de origem animal Os europeus por meio dos padres da
companhia de Jesus chefiados por Noacutebrega em 1579
elaboraram receitas chamadas ldquobotica dos coleacutegiosrdquo a partir de
plantas para o tratamento de doenccedilas Essas influecircncias
constituiacuteram a base da medicina popular que vem sendo
retomada pela medicina natural apresentando caraacuteter cientiacutefico
e integrando-as num conjunto de princiacutepios que visam natildeo
HORTA DE PLANTAS MEDICINAIS CULTURA POPULAR E RECURSO DIDAacuteTICO PARA O ENSINO DE CIEcircNCIAS
209
apenas curar algumas doenccedilas mas restituir o homem agrave vida
natural (MARTINS et al 1995)
A medicina natural ou popular com toda sua tradiccedilatildeo
milenar eacute tambeacutem agora um novo conceito de mercado A
necessidade exige e a ciecircncia busca a unificaccedilatildeo do progresso
com aquilo que a natureza oferece respeitando a cultura do
povo em torno do uso de produtos ou ervas medicinais para
curar os males Nos dias atuais cientistas pesquisam as
plantas com poder de curar agrave luz da fitoterapia que confirma
cientificamente os conhecimentos populares sobre estas
plantas (ACCORSI 2000)
Eacute indiscutiacutevel a necessidade de se resgatar o
conhecimento empiacuterico a respeito da utilizaccedilatildeo das plantas
medicinais para cura de inuacutemeras doenccedilas jaacute que essa praacutetica
representa um dos principais recursos terapecircuticos de muitas
comunidades e grupos eacutetnicos (LEITE EMERY SILVA 2010)
O ser humano faz parte de uma realidade complexa pois
ao longo de sua histoacuteria vive um processo de hominizaccedilatildeo e ao
mesmo tempo em que permanece um ser bioloacutegico inventa a
cultura de modo que faz parte do mundo natural e tambeacutem eacute
diferente dele (MORIN 2007) A cultura eacute dinacircmica e se
perpetua por meio de permanecircncias e mudanccedilas O que eacute
transmitido e ensinado formaraacute a base para o surgimento de
novos elementos que promoveratildeo a evoluccedilatildeo social e cultural
(MORIN 2005) O conhecimento popular passa nesta
perspectiva a subsidiar elementos para a Ciecircncia
32 A Horta como Recurso Didaacutetico
A horta escolar pode se constituir num espaccedilo de
aprendizado integrador do curriacuteculo escolar promovendo a
HORTA DE PLANTAS MEDICINAIS CULTURA POPULAR E RECURSO DIDAacuteTICO PARA O ENSINO DE CIEcircNCIAS
210
evoluccedilatildeo deste do modelo fragmentado para o modelo
sistecircmico do conhecimento Por meio de experiecircncias diretas
com o meio natural trabalha-se com a compreensatildeo sistecircmica
da vida que se baseia em trecircs fenocircmenos a teia da vida os
ciclos da natureza e o fluxo de energia (BARLOW STONE
2006)
Tal perspectiva permite reflexotildees sobre a forma em que
usualmente satildeo tratados os conteuacutedos programaacuteticos no
Ensino de Ciecircncias Os estudos de assuntos interligados como
relaccedilotildees ecoloacutegicas vegetais e alimentaccedilatildeo ocorrem
desvinculados entre si e em seacuteries escolares distintas aleacutem de
serem mais valorizados os seus aspectos conceituais O ensino
que privilegia a anatomia e a fisiologia do vegetal e ignora a
abordagem esteacutetica resultando no decliacutenio do gosto pela
observaccedilatildeo O sentido da observaccedilatildeo [deve ser] educado ao
mesmo tempo que a capacidade de se maravilhar pois as
ciecircncias naturais tambeacutem devem educar para a descoberta da
beleza (PELT 2007)
A experiecircncia concreta das etapas de elaboraccedilatildeo e os
cuidados com uma horta permitem o surgimento de problemas
discussotildees e negociaccedilotildees que aleacutem da abrangecircncia de
muacuteltiplas habilidades demandam a utilizaccedilatildeo de diversas aacutereas
de conhecimento fazendo da interdisciplinaridade algo
espontacircneo Em sendo a atividade em si complexa e
transversal requer ao longo de sua execuccedilatildeo temas
considerados nos PCN como transversais eacutetica pluralidade
cultural sauacutede meio ambiente trabalho e consumo (SILVA
2010)
Os Paracircmetros Curriculares Nacionais- PCNs (BRASIL
1998) e livros didaacuteticos atuais de Ciecircncias buscam inserir a
perspectiva CTS- Ciecircncia Tecnologia e Sociedade orientando
HORTA DE PLANTAS MEDICINAIS CULTURA POPULAR E RECURSO DIDAacuteTICO PARA O ENSINO DE CIEcircNCIAS
211
para o estudo dos impactos do desenvolvimento cientiacutefico e
tecnoloacutegico sobre a sociedade trazendo como objetivo a
preparaccedilatildeo do aluno para o exerciacutecio da cidadania (SANTOS
MORTIMER 2000) Nesse caso deve ser questionada a
ecircnfase da Ciecircncia e Tecnologia como promotora de progresso
a partir da perspectiva histoacuterica epistemoloacutegica da ciecircncia e do
caraacuteter interdisciplinar da alfabetizaccedilatildeo cientiacutefica e tecnoloacutegica
Haacute a necessidade de uma visatildeo mais ampla e criacutetica da
realidade (ANGOTTI AUTH 2001)
Considera-se entatildeo a importacircncia de permanecircncias
que consolidem a condiccedilatildeo humana natural como forma de
alicerccedilar uma visatildeo criacutetica para as inovaccedilotildees Nesse contexto
as Hortas Escolares satildeo instrumentos que dependendo do
encaminhamento dado pelo educador podem abordar
diferentes conteuacutedos curriculares de forma significativa e
contextualizada e promover vivecircncias que resgatam valores
Valores tatildeo bem traduzidos no livro Boniteza de um Sonho
Um pequeno jardim uma horta um pedaccedilo de terra eacute um microcosmos de todo o mundo natural Nele encontramos formas de vida recursos de vida processos de vida A partir dele podemos reconceitualizar nosso curriacuteculo escolar Ao construiacute-lo e cultivaacute-lo podemos aprender muitas coisas As crianccedilas o encaram como fonte de tantos misteacuterios Ele nos ensina os valores da emocionalidade com a Terra a vida a morte a sobrevivecircncia os valores da paciecircncia da perseveranccedila da criatividade da adaptaccedilatildeo da transformaccedilatildeo da renovaccedilatildeo (GADOTTI 2002 p42)
Sabe-se da importacircncia de uma draacutestica mudanccedila nos
paracircmetros da educaccedilatildeo e da formaccedilatildeo de professores pois eacute
desse modo que a educaccedilatildeo como um todo se modificaraacute
HORTA DE PLANTAS MEDICINAIS CULTURA POPULAR E RECURSO DIDAacuteTICO PARA O ENSINO DE CIEcircNCIAS
212
Pode-se verificar em sala de aula que um professor melhor
preparado pode conduzir a aula e obter melhores resultados
relacionados tanto com a aprendizagem do aluno quanto com a
conquista do mesmo
Ao se inserir na praacutetica do educador atividades de natureza praacutetica ele se torna um instrumento importante para executar sua tarefa de ensino e aprendizagem de forma que desenvolve nos educandos o interesse de criar situaccedilotildees investigativas para formulaccedilatildeo de conceitos (PARANAacute 2007 p76)
Portanto seria necessaacuterio tambeacutem que dentro dos
cursos de formaccedilatildeo de professores fossem implantadas
disciplinas que ensinassem e motivassem os profissionais a
utilizarem aulas praacuteticas pois essas satildeo de suma importacircncia
para a qualidade do ensino Vendo a realidade do que se
aprende na teoria a assimilaccedilatildeo dos conteuacutedos eacute muito mais
garantida E sabemos que nas escolas hoje satildeo raras as
realizaccedilotildees desse tipo de atividade
Em uma pesquisa realizada por Carrijo (1999) na qual
questionava qual seria o professor ideal de Ciecircncias e qual seria
o real foi perguntado a professoras da disciplina como elas
aprendiam a serem professoras algumas responderam que
seria na praacutetica do dia-a-dia enquanto outras diziam que foi
pelos professores que tiveram enquanto suas vidas como
alunas Ou seja os professores contribuem ativamente natildeo
apenas no aprendizado mas tambeacutem em futuras atitudes e
podem influenciar nas escolhas de seus alunos e por esse
motivo o professor deve ser preparado para alcanccedilar as
expectativas e melhor contribuir na educaccedilatildeo desses
ldquoEntretanto eacute certo que formaccedilatildeo geral de qualidade dos alunos
HORTA DE PLANTAS MEDICINAIS CULTURA POPULAR E RECURSO DIDAacuteTICO PARA O ENSINO DE CIEcircNCIAS
213
depende de formaccedilatildeo de qualidade dos professoresrdquo
(LIBAcircNEO 2003)
33 A Horta Medicinal como recurso didaacutetico para as aulas
de ciecircncias
A Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional (LDB)
(Lei 939496) dispotildee o ensino fundamental como a segunda
etapa da educaccedilatildeo baacutesica e uma etapa extremamente
importante para o desenvolvimento integral do ser humano A
LDB prevecirc que o curriacuteculo da educaccedilatildeo fundamental possua
uma base nacional comum a ser continuamente
complementada e revista em cada sistema de ensino e
estabelecimento escolar por uma parte diversificada exigida
por caracteriacutesticas regionais e locais O objetivo das bases
curriculares eacute difundir os princiacutepios da reforma curricular e
orientar os professores na busca de novas abordagens e
metodologias
Essa nova proposta apresentada pelo Ministeacuterio da
Educaccedilatildeo em 1997 aos educadores brasileiros eacute composta
pelos Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCNs) Os PCNs
surgiram com o objetivo de propiciar aos sistemas de ensino
particularmente aos professores subsiacutedios agrave elaboraccedilatildeo eou
re-elaboraccedilatildeo do curriacuteculo visando agrave construccedilatildeo do projeto
pedagoacutegico em funccedilatildeo da cidadania do aluno (BRASIL 1997)
Nos PCNs satildeo incluiacutedos aleacutem das aacutereas curriculares claacutessicas
(Liacutengua Portuguesa Matemaacutetica Ciecircncias Naturais Histoacuteria
Geografia Arte Educaccedilatildeo Fiacutesica e Liacutenguas Estrangeiras) o
tratamento de questotildees da sociedade brasileira como aquelas
ligadas a Eacutetica Meio Ambiente Orientaccedilatildeo Sexual Pluralidade
HORTA DE PLANTAS MEDICINAIS CULTURA POPULAR E RECURSO DIDAacuteTICO PARA O ENSINO DE CIEcircNCIAS
214
Cultural Sauacutede Trabalho e Consumo ou outros temas que se
mostrem relevantes
Baseando-se nessa premissa e com base nas inovaccedilotildees
trazidas pelos PCNs que propotildee ecircnfase em competecircncias e
habilidades metodologia de projetos de aprendizagem
contextualizaccedilatildeo temas transversais o Projeto Ciclo Verde foi
implantado da Escola Joseacute Clarindo Filho sob a Idealizaccedilatildeo e
coordenaccedilatildeo da Professora Rejane Silva Bioacuteloga Licenciada e
professora haacute 20 anos da rede municipal do Cabo de Santo
Agostinho ndash PE
A temaacutetica Geral adotada no ano de 2012 foi a
Valorizaccedilatildeo as Relaccedilotildees Eacutetnicorraciais na formaccedilatildeo da
Sociedade O Homem o Meio e a Cultura
O Projeto da horta medicinal surgiu com o propoacutesito de
resgatar o uso das plantas medicinais e de proporcionar um
recurso didaacutetico para o ensino de Ciecircncias bem como utilizar
uma aacuterea que se encontrava sem uso na escola Fig(1)
Segundo Macleod e Maurer (2010) o crescimento do uso das
ervas medicinais pode ter como objetivo no trabalho elaborado
a uniatildeo do uso das plantas medicinais agraves aulas de ciecircncia de
maneira que a aplicaccedilatildeo do conhecimento sobre a utilizaccedilatildeo
das plantas contribuiacutesse para a dinacircmica das aulas
Os educandos nesse contexto se mostraram muito
satisfeitos com a criaccedilatildeo da horta os mesmos participaram da
implantaccedilatildeo da horta e tambeacutem fazem a manutenccedilatildeo dos
canteiros
Como forma de explorar os conhecimentos dos alunos
acerca dos temas trabalhados na praacutetica na horta foram
explanadas questotildees sobre o resgate cultural da utilizaccedilatildeo de
plantas medicinais educaccedilatildeo ambiental uso de agrotoacutexicos
bem como foram explicados os objetivos da construccedilatildeo da
HORTA DE PLANTAS MEDICINAIS CULTURA POPULAR E RECURSO DIDAacuteTICO PARA O ENSINO DE CIEcircNCIAS
215
horta no ambiente escolar Em conjunto com os professores da
escola foi realizado um mutiratildeo para recolhimento de garrafas
PET para serem reutilizadas para produccedilatildeo de mudas
fortalecendo a ideia de sustentabilidade e sobre a importacircncia
da reciclagem
Figura 1 Vista do antes e depois da construccedilatildeo da Horta de
Plantas Medicinais Escola Joseacute Clarindo Gomes Cabo de
Santo Agostinho ndash PE 2012
Atribuem ao contato com a terra e com as plantas o que
mais gostam e outros responderam que estatildeo satisfeitos pois
tecircm livre acesso e podem utilizar as plantas ali disponiacuteveis
Utilizada como recurso pedagoacutegico a horta escolar auxilia
na construccedilatildeo do conhecimento dando vida as aulas de
ciecircncias e das mais diversas disciplinas incentivando a
interdisciplinaridade e atuando no resgate da cultura popular da
HORTA DE PLANTAS MEDICINAIS CULTURA POPULAR E RECURSO DIDAacuteTICO PARA O ENSINO DE CIEcircNCIAS
216
regiatildeo Sendo assim um dos veiacuteculos mais eficientes para a
difusatildeo do conhecimento sobre plantas medicinais e aromaacuteticas
estaacute na escola Alguns trabalhos (MOTOMIYA et al 2004) jaacute
demonstraram o sucesso da divulgaccedilatildeo desses
conhecimentos bem como o sucesso das hortas na
comunidade escolar
A horta na escola permite um aprendizado interdisciplinar
para o aluno segundo Pires Lima e Braga (2013) a horta
escolar integra as diversas fontes e explora os recursos de
aprendizagem ao proporcionar ldquopossibilidades para o
desenvolvimento de accedilotildees pedagoacutegicas por permitir praacuteticas
em equipe explorando a multiplicidade das formas de
aprenderrdquo Nesse sentido os educandos se sentem mais
interessados no processo de aprendizagem jaacute que os limites
do espaccedilo fiacutesico que lhe confere a sala de aula satildeo substituiacutedos
por um ambiente natural (PIRES LIMA BRAGA 2013)
Quando emitiram suas opiniotildees sobre as aulas que foram
dadas na horta de plantas medicinais os educandos
responderam que facilitam o aprendizado pois eles
aprenderam coisas novas Natildeo foram os assuntos dados na
aula que satildeo novos e sim a forma de ensinar que sai do
tradicional Fig (2) Assim pode-se considerar que uma aula
aliada a recursos didaacutetico-pedagoacutegicos se torna mais
motivadora e menos cansativa permitindo o entendimento dos
conteuacutedos com base na realidade do que quando comparada
com a aula expositiva tradicional
A horta de plantas medicinais aleacutem de se mostrar como
um excelente recurso didaacutetico para o ensino de ciecircncias
tambeacutem desempenha um papel importantiacutessimo dentro da
comunidade escolar pois aleacutem de permitir a articulaccedilatildeo entre
conhecimentos teoacutericos e praacuteticos disponibiliza plantas
HORTA DE PLANTAS MEDICINAIS CULTURA POPULAR E RECURSO DIDAacuteTICO PARA O ENSINO DE CIEcircNCIAS
217
medicinais para uso pessoal sendo que nesse sentido pode
ser apresentada como uma proposta rica para se entender
melhor a respeito das plantas medicinais na sua utilizaccedilatildeo pois
segundo Macleod Maurer (2010) ldquoo conhecimento da maneira
correta de utilizar as plantas medicinais eacute essencial ao homemrdquo
Figura 2 Aulas praacuteticas utilizando a Horta Medicinal como
recurso didaacutetico Escola Joseacute Clarindo Gomes Cabo de Santo
Agostinho ndash PE 2012
As aulas aliadas a recursos didaacutetico-pedagoacutegicos no
processo de ensino-aprendizagem satildeo importantes para que o
aluno assimile o conteuacutedo trabalhado desenvolvendo
criatividades e habilidades
Na horta foram trabalhados temas sobre educaccedilatildeo
ambiental e reciclagem partir do exemplo das garrafas pet
utilizadas para confecccedilatildeo de mudas os canteiros como uma
forma de aproveitar alguns materiais reciclaacuteveis
Os educandos tecircm consciecircncia de que o conhecimento
HORTA DE PLANTAS MEDICINAIS CULTURA POPULAR E RECURSO DIDAacuteTICO PARA O ENSINO DE CIEcircNCIAS
218
natildeo estaacute soacute nos livros mas tambeacutem no contato com a natureza
Nesta conjuntura o professor deve ter formaccedilatildeo e competecircncia
para utilizar os recursos didaacuteticos que estatildeo ao seu alcance e
muita criatividade ou ateacute mesmo construir juntamente com
seus alunos pois ao manipular esses objetos a crianccedila tem a
possibilidade de assimilar melhor o conteuacutedo
Serrano (2003) coloca que o grande desafio do
descompasso entre teoria e praacutetica que os temas transversais
tecircm enfrentado poderaacute ser rompido a partir do momento em que
os projetos forem simples objetivos ajustados agrave vivecircncia do
cotidiano casa-escola-comunidade do aluno desenvolvidos
interdisciplinarmente com uma fundamentaccedilatildeo teoacuterica por
parte dos docentes e o rompimento com o modelo educacional
cartesiano dando espaccedilo para o questionamento e a reflexatildeo
que satildeo proacuteprios desses temas
A abordagem interdisciplinar atende a esta demanda
sem anular a importacircncia da disciplinaridade do conhecimento
De toda forma conveacutem natildeo esquecer que para que haja
interdisciplinaridade eacute preciso que haja disciplinas As
propostas interdisciplinares surgem e desenvolvem-se
apoiando-se nas disciplinas a proacutepria riqueza da
interdisciplinaridade depende do grau de desenvolvimento
atingido pelas disciplinas e estas por sua vez seratildeo afetadas
positivamente pelos seus contatos e colaboraccedilotildees
interdisciplinares (SANTOMEacute 1998)
Diante dessa problemaacutetica a horta escolar torna-se um
elemento capaz de desenvolver temas envolvendo educaccedilatildeo
ambiental e cultural pois aleacutem de conectar conceitos teoacutericos e
praacuteticos auxiliando o processo de ensino e aprendizagem se
constitui como uma estrateacutegia capaz de auxiliar no
desenvolvimento dos conteuacutedos de forma interdisciplinar
HORTA DE PLANTAS MEDICINAIS CULTURA POPULAR E RECURSO DIDAacuteTICO PARA O ENSINO DE CIEcircNCIAS
219
distribuiacutedos em assuntos trabalhados por temas transversais
4 CONCLUSOtildeES
A horta inserida no ambiente escolar pode contribuir de
forma significativa para a formaccedilatildeo integral do aluno tendo em
vista que o tema engloba diferentes aacutereas de conhecimento e
pode ser desenvolvido durante todo o processo de ensino
aprendizagem atraveacutes de vastas aplicaccedilotildees pedagoacutegicas com
situaccedilotildees reais envolvendo educaccedilatildeo ambiental e cultural
Alguns obstaacuteculos no entanto precisam ser
ultrapassados para que iniciativas interdisciplinares sejam
consolidadas como eacute a Horta de Plantas Medicinais como um
curriacuteculo elaborado de forma a contemplar as realidades locais
e regionais enfrentar em sala de aula os problemas locais
sempre considerando que estes envolvem aspectos
indissociaacuteveis (histoacutericas sociais ambientais econocircmicas e
eacuteticas) buscar desenvolver uma postura criacutetica e reflexiva nos
alunos incentivo por parte dos supervisores escolares de
discussotildees e planos de trabalhos em grupo (professores de
todas as disciplinas) uma vez que natildeo haacute continuidade em
accedilotildees isoladas falta de haacutebito dos professores de exercitarem
a praacutetica de aulas ministradas no exterior das salas de aula
Nesse sentido pode-se concluir que as aulas praacuteticas
aliadas a um bom ensino por parte dos professores satildeo de
fundamental importacircncia para que novas habilidades e atitudes
possam ser desenvolvidos pelos alunos somado a isso tem-se
que a horta escolar assume um papel importante no resgate da
cultura da regiatildeo sendo assim eacute imprescindiacutevel incentivar a
utilizaccedilatildeo de materiais com caracteriacutesticas locais As plantas
medicinais foram de suma importacircncia para o resgate e
HORTA DE PLANTAS MEDICINAIS CULTURA POPULAR E RECURSO DIDAacuteTICO PARA O ENSINO DE CIEcircNCIAS
220
valorizaccedilatildeo da cultura popular da comunidade na qual a escola
estaacute inserida tornando-se um instrumento importante para se
ter como recurso didaacutetico para o ensino de ciecircncias
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
ACCORSI W R Medicina natural Um novo conceito n4 Vol 2 p5 2000 ALMEIDA M Z Plantas medicinais Editora da Universidade Federal da Bahia (EDUFBA) 1 ed Salvador v1 192p 2000 ANGOTTI J A P AUTH M A Ciecircncia e Tecnologia implicaccedilotildees sociais e o papel da educaccedilatildeo Ciecircncia amp Educaccedilatildeo v7 n1 p15-27 2001 ARAUacuteJO M P M DRAGO R Projeto horta a mediaccedilatildeo escolar promovendo haacutebitos alimentares saudaacuteveis Revista FACEVV Nuacutemero 6 | JanJun 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwfacevvedubrRevista06michell20pedruzzipdfgt Acesso em 18122012 ARGENTA S C ARGENTA L C GIACOMELLI S R CEZAROTTO V S Plantas medicinais cultura popular versus ciecircncia edicinal plants popular culture versus science Vivecircncias Vol7 N12 p51-60 Maio2011 Disponiacutevel em lthttpwwwreitoriauribr~vivenciasNumero_012artigosartigos_vivencias_12n12_05pdfgt Acesso em 18122012 BARLOW Z STONE M K Alfabetizaccedilatildeo Ecoloacutegica a educaccedilatildeo das crianccedilas para um mundo sustentaacutevel Satildeo Paulo Cultrix 2006 BERWICK A A Aromaterapia holiacutestica Rio de Janeiro Record 1996 270p BRASIL Lei de Diretrizes e Bases para a Educaccedilatildeo Nacional ndash LDBEN Lei nordm 5692 de 11 de agosto de 1971 BRASIL MEC Secretaria de Educaccedilatildeo Fundamental Paracircmetros Curriculares Nacionais (Temas Transversais) Brasiacutelia MECSEF DF 1998 436p BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Paracircmetros Curriculares Nacionais Apresentaccedilatildeo dos Temas Transversais e EacuteticaSecretaria de Educaccedilatildeo Fundamental Brasiacutelia MECSEF 8 v 1997 BRASIL Ministeacuterio de Educaccedilatildeo e Cultura Paracircmetros Curriculares Nacionais Brasiacutelia MEC 2001 CARRIJO I Do professor ldquoIdealrdquo ao professor possiacutevel Araraquara JM Editora 1999 p 122 CDD ndash 371144
HORTA DE PLANTAS MEDICINAIS CULTURA POPULAR E RECURSO DIDAacuteTICO PARA O ENSINO DE CIEcircNCIAS
221
GADOTTI M A Boniteza de um sonho ensina-e-aprender com sentido Satildeo Paulo Editora Cortez 2002 52p LEITE I V EMERY C F SILVA S I CARDOSO R M Plantando sauacutede Implantaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo da horta de plantas medicinais no presiacutedio professor Aniacutebal Bruno como instrumento de trabalho e terapia 2010 Disponiacutevel em httpwwwpracufpbbranaisIcbeu_anaisanaissaudeplantandosaudepdf Acesso em 14 de dezembro de 2012 LIBAcircNEO J Adeus professor adeus professora novas exigecircncias educacionais e profissatildeo docente 7 ed Satildeo Paulo Cortez 2003 104 p LORENZI H ABREU M F J Plantas Medicinais No Brasil - Nativas e exoacuteticas Satildeo Paulo Instituto Plantarum 2002 p512 MACHADO A T e MACHADO C T de T Agricultura Urbana DocumentosPlanaltina DF Embrapa Cerrados 2002 25p MACLEOD S G MAURER J B B A aplicabilidade das plantas medicinais como recurso didaacutetico-pedagoacutegico comunidade escolar O PROFESSOR PDR E OS DESAFIOS DA ESCOLA PUacuteBLICA PARANAENSE v 1 2010 MARTINS E R CASTRO D M CASTELLANI D C DIAS J E Plantas Medicinais Viccedilosa Ed Imprensa Universitaacuteria 1994 p 220 MARTINS ER Plantas medicinais Viccedilosa UniversitaacutePria 1995 220p MORIN E A cabeccedila bem-feita repensar a reforma reformar o pensamento 7 ed Rio de Janeiro Bertrand Brasil 2002 MORIN E A Religaccedilatildeo dos Saberes O desafio do seacuteculo XXI Rio de Janeiro Bertrand Brasil 6 ed 2007 588p MORIN EEl Paradigma perdido ensayo de bioantropologia Barcelona Kairoacutes 7ed 1974-2005 MOTOMIYA A V A POLEZZI R C S WILSON C F GOMES LS MENEZES FILHO S B Levantamento e Cultivo das Espeacutecies de Plantas Medicinais Utilizadas em Cassilacircndia MS In Congresso Brasileiro de Extensatildeo Universitaacuteria Belo Horizonte 2 Anais 2004 Paranaacute Governo do Estado Secretaria Estadual de Educaccedilatildeo Diretrizes Curriculares de Ciecircncias para o Ensino Fundamental Curitiba Secretaria de Estado da Educaccedilatildeo 2007 PELT JM Emergecircncia da vida vegetal In MORIN E A Religaccedilatildeo dos Saberes O desafio do seacuteculo XXI Rio de Janeiro Bertrand Brasil 6 ed p113-117 2007 PIRES S S LIMA R A BRAGA A G S Horta medicinal escolar um recurso didaacutetico para o ensino-aprendizagem de botacircnica In CONGRESSO NACIONAL DE BOTAcircNICA 64 2013 Belo-Horizonte Faculdade Satildeo Lucas 10-15 nov 2013 PRIGOL S GIANOTTI S M A importacircncia da utilizaccedilatildeo de praacuteticas no processo de ensino-aprendizagem de ciecircncias naturais enfocando a
HORTA DE PLANTAS MEDICINAIS CULTURA POPULAR E RECURSO DIDAacuteTICO PARA O ENSINO DE CIEcircNCIAS
222
morfologia da flor In SIMPOSIO NACIONAL DE EDUCACcedilAtildeO 1 2008 Cascavel Anais Cascavel Unioeste p2 2008 SANTOMEacute J T Globalizaccedilatildeo e interdisciplinaridade o curriacuteculo integrado Porto Alegre Artmed 1998 SANTOS W L P dos S MORTIMER E F Uma Anaacutelise de pressupostos da abordagem CTS (Ciecircncia-Tecnologia _Sociedade) no contexto da Educaccedilatildeo Brasileira Ensaio ndash Pesquisa Educaccedilatildeo Ciecircncia v2 n 2 pp133-162 2000 SERRANO C M L Educaccedilatildeo ambiental e consumerismo em unidades de ensino fundamental de Viccedilosa-MG Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Ciecircncia Florestal) - Universidade Federal de Viccedilosa UFV 2003 91p Disponiacutevel em lthttpwwwipefbrservicostesesarquivosserranocmlpdfgt Acesso em 18 de dezembro de 2012 SILVA E C R S Agricultura urbana como instrumento para a educaccedilatildeo ambiental e para a educaccedilatildeo em sauacutede decodificando o protagonismo da escola Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - NUTESUFRJ Rio de Janeiro 2010 SILVA E L MENEZES E M Metodologia da Pesquisa e Elaboraccedilatildeo de Dissertaccedilatildeo Florianoacutepolis SC 2000 SOUSA F C F MELO C T V CITOacute M C O FEacuteLIX F H C VASCONCELOS S M M FONTELES M M F BARBOSA Filho J M GLAUCE S B Viana Plantas medicinais e seus constituintes bioativos uma revisatildeo da bioatividade e potenciais benefiacutecios nos distuacuterbios da ansiedade em modelos animais Revista Brasileira Farmacognosia v18 n4 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102695X2008000400023amplng=enampnrm=isoamptlng=PTgt Acesso em 02 de dezembro de 2012
EXPOSICcedilAtildeO A METAIS PESADOS COMO FATOR DESENCADEANTE DA ESCLEROSE LATERAL AMIOTROacuteFICA
223
CAPIacuteTULO 13
EXPOSICcedilAtildeO A METAIS PESADOS COMO FATOR DESENCADEANTE DA ESCLEROSE LATERAL
AMIOTROacuteFICA
Jeacutessyka Samara de Oliveira MACEDO 1
Giovanna Gabrielly Custoacutedio MACEcircDO 1 Priscilla Anne Catro de ASSIS 2
1Graduanda do curso de Enfermagem UFCG-CES 2 OrientadoraProfessora da UASUFCG-CES
samarajessykahotmailcom
RESUMO A Esclerose Lateral Amiotroacutefica (ELA) conhecida tambeacutem como doenccedila do neurocircnio motor acomete segmentos neurais corticoespinhais Apresenta duas versotildees baacutesicas similares quanto ao decorrer da patologia tendo contudo suposiccedilotildees etioloacutegicas diferentes ELA familiar correspondendo de 5 a 10 dos portadores da patologia e ELA esporaacutedica presente em 90 a 95 dos casos Os fatores de desenvolvimento das degeneraccedilotildees ocasiadas no decorrer da doenccedila natildeo satildeo claros sabe-se entretanto que a origem da patologia estaacute relacionada a exposiccedilatildeo de indiviacuteduos suceptiacuteveis geneticamente a fatores de desencadeamento como por exemplo aos metais pesados Assim etiologicamente as distintas versotildees da doenccedila indicam que a ELA familiar tem origem na maioria dos casos a partir de uma heranccedila autossocircmica dominante estabelecida pela mutaccedilatildeo de genes envolvendo por exemplo a enzima antioxidante superoacutexido dismutase 1 (SOD1) enquanto que a ELA esporaacutedica estaria associada a fatores de risco que determinem o seu desenvolvimento como os metais pesados No Brasil estima-se que cerca de 12 mil indiviacuteduos possuam a patologia e que semanalmente de 8 a 10 brasileiros sejam diagnoacutesticos como portadores dela O diagnoacutestico da ELA eacute determinante para sua fatalidade por ocorrer tardiamente impossibilita as
EXPOSICcedilAtildeO A METAIS PESADOS COMO FATOR DESENCADEANTE DA ESCLEROSE LATERAL AMIOTROacuteFICA
224
chances de sobrevida dos indiviacuteduos acometidos fazendo com que na maioria dos casos os cuidados sejam apenas paliativos Palavras-chave Doenccedilas Neurodegenerativas Esclerose Lateral Amiotroacutefica Metais Pesados
1 INTRODUCcedilAtildeO
A divisatildeo do sistema nervoso acontece apenas de
maneira didaacutetica uma vez que todas as suas partes estatildeo
intimamente relacionadas De maneira geral o sistema nervoso
apresenta trecircs divisotildees embrionaacuteria anatocircmica e funcional Na
divisatildeo embrionaacuteria as vesiacuteculas primordiais datildeo nome as suas
partes originadas no sistema nervoso central a divisatildeo
anatocircmica eacute marcada pela presenccedila de dois segmentos de
utilizaccedilatildeo apenas esquemaacutetica sistema nervoso central e
sistema nervoso perifeacuterico (AIRES 2012 MACHADO 1998)
Nos criteacuterios de divisatildeo funcional pode-se dividir o
sistema nervoso em visceral e somaacutetico Para controle de
ambos um iacutentimo relacionamento entre componentes aferentes
ndash conduzem aos centros nervosos impulsos originados em
receptores perifeacutericos ndash e eferentes ndash responsaacuteveis por conduzir
as respostas formuladas pelos centros nervosos a partir de
estiacutemulos ndash eacute fundamental (MACHADO 1998 SILVERTHORN
2010)
A comunicaccedilatildeo entre as vias aferentes e eferentes satildeo
realizadas atraveacutes de sinapses podendo ser diferenciadas em
quiacutemicas (atraveacutes de neurotransmissor) e eleacutetricas (por meio de
junccedilotildees comunicantes) Mediante estas comunicaccedilotildees
informaccedilotildees satildeo repassadas entre neurocircnioneurocircnio
neurocircnioceacutelulas natildeo neuronais (efetuadoras) e
EXPOSICcedilAtildeO A METAIS PESADOS COMO FATOR DESENCADEANTE DA ESCLEROSE LATERAL AMIOTROacuteFICA
225
neurocircnioceacutelulas secretoras (glacircndulas) (AIRES 2012
MACHADO 1998)
O movimento voluntaacuterio dos muacutesculos esqueleacuteticos por
exemplo acontece graccedilas agrave comunicaccedilatildeo entre um neurocircnio
motor somaacutetico localizado na medula espinhal e as fibras
musculares Para que o movimento mais simples ocorra eacute
necessaacuterio que um potencial de accedilatildeo chegue ao terminal
sinaacuteptico e libere acetilcolina (Ach) na fenda sinaacuteptica a partir
deste neurotransmissor seraacute gerada uma cascata de
mecanismos que culminaratildeo na contraccedilatildeo muscular Estas
comunicaccedilotildees celulares ocorrem devido a propagaccedilatildeo do
potencial de accedilatildeo estabelecido com sublimidade em razatildeo da
bainha de mielina uma camada de substacircncias lipoproteicas
que funcionam como um isolante eleacutetrico ao longo do axocircnio
neuronal (BALDO 2010)
Assim como este simples exemplo do movimento
voluntaacuterio as demais funccedilotildees fisioloacutegicas possuem algo em
comum a percepccedilatildeo de estiacutemulos o processamento desta
informaccedilatildeo e a elaboraccedilatildeo de uma eventual resposta agrave ela
realizados por intermeacutedio do sistema nervoso central Sem
estas etapas seria impossiacutevel ao ser humano estabelecer
algum contato com o ambiente que o cerca e ateacute mesmo com
si proacuteprio ou seja manter a homeostasia corporal Para a
percepccedilatildeo dos estiacutemulos o neurocircnio sensitivo eacute a peccedila
fundamental jaacute que conduz a informaccedilatildeo da periferia ateacute o
sistema nervoso central (SNC) onde a informaccedilatildeo eacute
interpretada Uma resposta agrave informaccedilatildeo eacute entatildeo enviada
atraveacutes dos neurocircnios motores ateacute o oacutergatildeo-alvo atraveacutes de
neurotransmissores (AIRES 2012 MACHADO 1998)
Qualquer alteraccedilatildeo miacutenima neste processo seja atraveacutes
de algum comprometimento neuronal ou por exacerbaccedilatildeo na
EXPOSICcedilAtildeO A METAIS PESADOS COMO FATOR DESENCADEANTE DA ESCLEROSE LATERAL AMIOTROacuteFICA
226
liberaccedilatildeo de neurotransmissores poderaacute acarretar o processo
que denominamos de doenccedilas neurodegenerativas estas tecircm
como sintomas principais ataxias (deficiecircncia no movimento) e
demecircncias As doenccedilas neurodegenerativas mais comuns satildeo
Alzheimer resultado da degeneraccedilatildeo de neurocircnios
encontrados no coacutertex cerebral Parkinson causada pela morte
de neurocircnios localizados na substacircncia negra cerebral
Esclerose Muacuteltipla derivada da degeneraccedilatildeo da bainha de
mielina de neurocircnios sensitivos e motores e a ELA (Esclerose
Lateral Amiotroacutefica) resultante da morte dos neurocircnios
motores predominantemente de segmentos corticoespinhais
(enceacutefalo tronco cerebral e medula espinhal) (CIEcircNCIA EM
CENA 2016)
A Esclerose Lateral Amiotroacutefica eacute uma doenccedila letal cuja
causa eacute a degeneraccedilatildeo neuronal no segmento corticoespinhal
Tambeacutem eacute conhecida como doenccedila do neurocircnio motor por
causar alteraccedilotildees principalmente no sistema motor entretanto
seus efeitos natildeo se resumem a apenas alteraccedilotildees motoras
mas possuem abrangecircncia sistecircmica (CIEcircNCIA EM CENA
2016)
A Esclerose Lateral Amiotroacutefica afeta dois tipos de
neurocircnios motores os superiores e os inferiores Os neurocircnios
motores superiores satildeo responsaacuteveis por regular atraveacutes de
comunicaccedilotildees celulares (sinapses) a atividade dos neurocircnios
motores inferiores que quando ativados permitem a contraccedilatildeo
muscular voluntaacuteria Os neurocircnios motores inferiores do
segmento do tronco cerebral controlam os movimentos da face
boca garganta e liacutengua enquanto que os neurocircnios inferiores
da medula controlam os movimentos voluntaacuterios das demais
partes do corpo O sinais e sintomas da ELA estatildeo relacionados
ao segmento neuronal acometido O acometimento dos
EXPOSICcedilAtildeO A METAIS PESADOS COMO FATOR DESENCADEANTE DA ESCLEROSE LATERAL AMIOTROacuteFICA
227
neurocircnios motores superiores tem como resultado ataxia e
presenccedila de reflexos anormais como o reflexo de Babinski
contudo os reflexos tendiacuteneos vivos permanecem preservados
ao atingir os neurocircnios motores inferiores agrave niacutevel medular os
sinais encontrados satildeo ataxia fasciculaccedilotildees atrofia atonia e
arreflexia enquanto que o acometimento dos neurocircnios
motores inferiores do segmento do tronco cerebral resultam em
disfagia e disartria Desde o surgimento dos primeiros sintomas
a patologia oferece ao portador uma expectativa de vida de trecircs
a quatro anos contudo uma vez que a doenccedila tenha iniacutecio no
segmento bulbar a expectativa de vida diminui (ABRELA
2016)
Diversos fatores tem sido alvo de estudos cientiacuteficos afim
de relacionaacute-los ao desenvolvimento da Esclerose Lateral
Amiotroacutefica contudo ainda natildeo existe definiccedilatildeo exata da sua
etiologia Atualmente a teoria etioloacutegica mais aceita eacute a da
multifatoriedade esta associa a teoria geneacutetica agrave ambiental A
teoria geneacutetica diz que o desenvolvimento da ELA estaacute ligado a
uma alteraccedilatildeo no gene SOD ndash responsaacutevel pela expressatildeo da
enzima cobrezinco superoacutexido dismutase ndash levando a lesatildeo
neuronal devido ao acuacutemulo de superoacutexidos Por outro lado a
teoria ambiental se baseia no fato de que a exposiccedilatildeo de
indiviacuteduos susceptiacuteveis a determinados agentes seria a causa
da doenccedila Os metais pesados relacionam-se intimimamente agrave
segunda teoria sendo assim tem recebido grande atenccedilatildeo
como fator de desenvolvimento estes satildeo caracterizados pela
alta bioacumulaccedilatildeo natildeo sendo possiacutevel sua eliminaccedilatildeo raacutepida
e eficaz apoacutes a intoxicaccedilatildeo Seus principais efeitos toacutexicos no
organismo do homem relacionam-se em sua maioria ao
sistema nervoso central (NORDON ESPOacuteSITO 2009
ROCHA 2009)
EXPOSICcedilAtildeO A METAIS PESADOS COMO FATOR DESENCADEANTE DA ESCLEROSE LATERAL AMIOTROacuteFICA
228
Tendo em vista a influecircncia dos agentes ambientais
como um dos principais causadores do desenvolvimento da
ELA o presente artigo de revisatildeo bibliograacutefica tem o objetivo de
relacionar o surgimento da Esclerose Lateral Amiotroacutefica aos
fatores ambientais sobretudo a exposiccedilatildeo a metais pesados
2 MATERIAIS E MEacuteTODO
Foi realizada uma busca nas bases de dados Google
Acadecircmico SciELO LILACS e MEDLINE por artigos no periacuteodo
de 1989 a 2016 aleacutem do embasamento teoacuterico em acervo
bibliograacutefico Os descritores utilizados foram Esclerose Lateral
Amiotroacutefica Metais Pesados e Doenccedilas Neurodegenerativas
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
Estudos experimentais permitem relacionar o
desenvolvimento da Esclerose Lateral Amiotroacutefica a associaccedilatildeo
entre fatores geneacuteticos e a exposiccedilatildeo deste indiviacuteduo jaacute
marcado geneticamente a agentes de desencadeamento das
degeneraccedilotildees determinadas pela patologia (ABRELA 2016)
Segundo a Associaccedilatildeo Brasileira de Esclerose Lateral
Amiotroacutefica (2016) a teoria geneacutetica encontra-se baseada no
fato de que mutaccedilotildees na enzima antioxidante superoacutexido
dismutase 1 (CuZnSOD1) no cromossomo 21 levariam ao
acuacutemulo do iacuteon superoacutexido este iacuteon entatildeo acumulado
possibilitaria a formaccedilatildeo de radicais livres (peroxidonitrila e
hidroxila) que em excesso levariam a morte do neurocircnio motor
A teoria etioloacutegica relacionada a enzima CuZnSOD1 eacute a mais
estudada entretanto atualmente aleacutem do SOD1 outros genes
estatildeo sendo objetos de estudo em relaccedilatildeo aos fatores
EXPOSICcedilAtildeO A METAIS PESADOS COMO FATOR DESENCADEANTE DA ESCLEROSE LATERAL AMIOTROacuteFICA
229
desencadeantes para o desenvolvimento da ELA como o
Apoliproteiacutena E (ApoE)
Em condiccedilotildees normais a CuZnSOD eacute formada por 153
aminoaacutecidos dispostos em duas subunidades com um aacutetomo
de cobre e um de zinco em cada uma delas Eacute encontrada
predominantemente no citoplasma de ceacutelulas eucarioacuteticas
aleacutem de estar presente tambeacutem nos peroxissomos nuacutecleo e
espaccedilo intermembranas mitocondrial (BERTINI 1998
HALLIWELL GUTTERIDGE 1989 VALENTINE DOUCETTE
POTTER 2005)
A CuZnSOD estaacute relacionada a conversatildeo de superoacutexido
(O2-) um dos radicais livres mais reativos (NETO 2009) em
peroacutexido de hidrogecircnio (H2O2) para consequentemente a
accedilatildeo da peroxidase glutationa e da catalase originar aacutegua
(H2O) Inicialmente acreditava-se que a perda da funccedilatildeo desta
enzima seria o fator desencadeante para a ocasionar a
patologia contudo no momento sabe-se que um ganho toacutexico
na sua accedilatildeo seria o fator primordial para o desenvolvimento da
doenccedila (OSKARSSON HORTON MITSUMOTO 2015)
Quando mutada a CuZnSOD parece desencadear
fatores que acarretam as seguintes desordens neuronais o
transporte anteroacutegrado axonal eacute prejudicado dificultando a
ampla distribuiccedilatildeo dos componentes celulares sintetizados haacute
formaccedilatildeo de inclusotildees proteicas dificultando o devido
funcionamento de organelas podendo ainda agregar-se na
matriz mitocondrial dos neurocircnios e inibir a cadeia respiratoacuteria
comprometendo a produccedilatildeo de ATP em virtude do deacuteficit
energeacutetico mesmo havendo liberaccedilatildeo de neurotransmissores
em quantidades normais fatores como a excitotoxicidade
poderatildeo ser desencadeados por falhas no bloqueio de
receptores necessariamente quando relacionados ao
EXPOSICcedilAtildeO A METAIS PESADOS COMO FATOR DESENCADEANTE DA ESCLEROSE LATERAL AMIOTROacuteFICA
230
neurotransmissor glutamato caracterizando uma das principais
possibilidades para o mecanismo de desenvolvimento da ELA
(SHAW 2005 VALENTINE DOUCETTE POTTER 2005)
Cerca de 5 a 10 dos casos da ELA envolvem o tipo
familiar da patologia repassada na grande parte dos casos por
uma heranccedila autossocircmica dominante envolvendo mutaccedilotildees no
gene 21q22 do cromossomo 21 responsaacutevel por codificar a
enzima antioxidante superoacutexido dismutase A mutaccedilatildeo da
enzima geralmente se daacute pela substituiccedilatildeo do aminoaacutecido
valina presente na quarta posiccedilatildeo da proteiacutena pelo aminoaacutecido
alanina (ABRELA 2016 SHAW 2005)
Aleacutem da ELA familiar 1 relacionada a mutaccedilotildees no gene
responsaacutevel pela SOD1 outros genes alterados foram
associados a distintas versotildees da ELA familiar (SHAW 2005
BOILLEacuteE 2006) A tabela abaixo caracteriza as versotildees da ELA
familiar tiacutepica quanto as suas alteraccedilotildees geneacuteticas e outras
propriedades
Tabela 1 Caracteriacutesticas da forma tiacutepica da ELA familiar Subtipo Locus Proteiacutena
alterada Hereditariedade Iniacutecio do
desenvolvimento
ELA1 21q221 SOD1 Dominante adulta
ELA3 18q21 desconhecida Dominante adulta
ELA6 16q12 desconhecida Dominante adulta
ELA7 20p13 desconhecida Dominante adulta
Fonte Modificado de Shaw (2005) e Boilleacutee (2006)
Existe ainda outro tipo de ELA a ELA esporaacutedica As
razotildees para o seu desenvolvimento entretanto encontram-se
ainda menos fundamentadas Diversos fatores de risco estatildeo
associados a esta versatildeo da patologia contemplando de 90 a
95 dos casos existentes A multifatoriedade quanto ao
desenvolvimento da Esclerose Lateral Amiotroacutefica encontra-se
EXPOSICcedilAtildeO A METAIS PESADOS COMO FATOR DESENCADEANTE DA ESCLEROSE LATERAL AMIOTROacuteFICA
231
baseada na interaccedilatildeo gene-ambiente Esta relaccedilatildeo ainda natildeo
foi totalmente esclarecida contudo teoricamente exposiccedilotildees
ambientais associadas agrave suscetibilidade seria o gatilho para a
ocorrecircncia da doenccedila evidecircncias indicam que a suscetibilidade
poderaacute aumentar a partir de variaccedilotildees nos genes SLCOIB1 e
TPMP responsaacuteveis por codificar respectivamente a proteiacutena
transportadora OATP1B1 e a enzima tiopurina metiltransferase
aleacutem do gene PMP22 relacionado com a produccedilatildeo da proteiacutena
mielina perifeacuterica 22 Estudos quanto a influecircncia dos metais
pesados como fator ambiental satildeo controversos sabe-se
entretanto que os niacuteveis de metais pesados como o chumbo
(Pb) estatildeo aumentados em indiviacuteduos com a doenccedila (ABRELA
2016 GENETICS HOME REFERENCE 2016 NETO 2008
OSKARSSON HORTON MITSUMOTO 2015)
Quimicamente os metais pesados compotildeem na tabela
perioacutedica elementos de elevadas massa e nuacutemero atocircmico
Estes metais natildeo satildeo encontrados em sua forma pura na
natureza mas associados a outros elementos quiacutemicos sob a
forma de minerais e rochas Satildeo amplamente reconhecidos por
obterem um alto poder de reatividade e toxicidade por serem
facilmente absorvidos pelos organismos e principalmente por
sua elevada bioacumulaccedilatildeo No ambiente satildeo encontrados
com certa frequecircncia sob a forma antroacutepica e natural por esta
razatildeo podem entrar em contanto com diversas espeacutecies
inclusive os humanos (PAVANELLO MUCINHATO 2016
ROCHA 2009 RUPPENTHAL 2013)
Apoacutes estabelecido o contato com os seres humanos
atraveacutes da exposiccedilatildeo a solos inalaccedilatildeo de ar e consumo de
alimentos e aacutegua contaminados pelos metais estes podem ser
excretados sem nem mesmo serem percebidos desde que em
quantidades pequenas ou causar danos graviacutessimos agrave sauacutede
EXPOSICcedilAtildeO A METAIS PESADOS COMO FATOR DESENCADEANTE DA ESCLEROSE LATERAL AMIOTROacuteFICA
232
dos indiviacuteduos atingidos podendo levar a morte Os metais
pesados de maior interesse para as aacutereas das ciecircncias da
sauacutede satildeo o chumbo mercuacuterio e caacutedmio sobretudo por
apresentarem elevados nuacutemeros de intoxicaccedilotildees (LEITE
SILVA CUNHA 2015 ROCHA 2009)
Os danos agrave sauacutede satildeo causados especialmente pelo
fato dos metais pesados natildeo permitirem que o organismo os
metabolize gerando a acumulaccedilatildeo destas substacircncias Por natildeo
fazerem parte das substacircncias naturais do corpo o acuacutemulo
destes metais acarreta inuacutemeras disfunccedilotildees de tecidos e
oacutergatildeos do indiviacuteduo afetado Consequentemente diversos
processos bioquiacutemicos os datildeo afinidade por oacutergatildeos especiacuteficos
como eacute o caso do caacutedmio mercuacuterio e chumbo O caacutedmio eacute
comum em casos de contaminaccedilatildeo solar e eacute ingerido pelos
humanos principalmente sob as formas inalatoacuteria e digestoacuteria
seu acuacutemulo eacute geralmente nos rins provocando toxicidade
renal O mercuacuterio por sua vez eacute altamente lipossoluacutevel e sua
ingestatildeo se daacute atraveacutes da inalaccedilatildeo podendo ser absorvido
ainda atraveacutes da pele Devido a sua lipossolubilidade este
metal possui a capacidade de atravessar a barreira
hematoencefaacutelica e causar lesotildees no sistema nervoso central
fazendo com que os indiviacuteduos intoxicados apresentem
alteraccedilotildees como anormalidades nos reflexos alucinaccedilotildees
irritabilidade perda de memoacuteria confusatildeo mental coma e
morte O chumbo eacute absorvido atraveacutes das vias inalatoacuterias e
digestoacuteria e eacute caracterizado por afetar principalmente as
formaccedilotildees oacutesseas podendo apresentar tambeacutem efeitos sobre
diversos sistemas orgacircnicos como o sistema nervoso aleacutem de
acarretar como consequecircncias distuacuterbios hematoloacutegicos renais
e ateacute hipertensatildeo arterial Na intoxicaccedilatildeo por chumbo haacute a
inibiccedilatildeo da desidratase do aacutecido delta-aminolevuliacutenico (ALA-D)
EXPOSICcedilAtildeO A METAIS PESADOS COMO FATOR DESENCADEANTE DA ESCLEROSE LATERAL AMIOTROacuteFICA
233
deixando os substratos aacutecido delta-aminolevuliacutenico (ALA)
coproporfirinogecircniocoproporfirina III (CPIII) e PPIX acumulados
nos tecidos do organismo humano assim tratando-se do
sistema nervoso as accedilotildees caracteriacutesticas deste metal tendem
agrave degeneraccedilatildeo segmentar das lacircminas de mielina e
degeneraccedilatildeo axonal aleacutem destes efeitos neurotoacutexicos do
metal inclui-se tambeacutem a proliferaccedilatildeo de ceacutelulas gliais nas
massas cinzenta e branca Seus efeitos sobre o sistema nevoso
incluem encefalopatia aguda vascular ou crocircnica
arteriosclerose cerebral epilepsia neuropatia perifeacuterica
alteraccedilatildeo da habilidade psicomotora alteraccedilatildeo do soacutecio-
emotivo e alteraccedilatildeo da funcionalidade sensorial (ASMUS 2016
BJOumlRN 1992 MOREIRA MOREIRA 2004 ROCHA 2009
RUPPENTHAL 2013 SADAO 2002)
Assim como o chumbo metais como o selecircnio (Se)
caacutedmio (Cd) e o cromo (Cr) estatildeo em estudos de correlaccedilatildeo agrave
doenccedila juntamente ao chumbo o caacutedmio o cromo e o cobalto
estatildeo inclusos como possiacuteveis intoxicantes respiratoacuterios
canceriacutegenos e mutagecircnicos Os metais citados anteriormente
com exceccedilatildeo do selecircnio estatildeo presentes na composiccedilatildeo do
cigarro e desta maneira associados agrave nicotina satildeo
responsaacuteveis por causar stress oxidativo incluindo o fumo
como fator em estudo para o desenvolvimento da ELA A partir
disto formulou-se a Teoria do stress oxidativo tida como via
central para o surgimento de doenccedilas do neurocircnio motor e
bastante associada a aspectos comuns entre os diversos riscos
ambientais em estudo Aleacutem dos metais pesados fatores como
o aminoaacutecido beta-metil-amino-L-alanina (BMAA) vem
recebendo grande atenccedilatildeo assim como o neurotransmissor
glutamato este aminoaacutecido relaciona-se ao processo de
neuroexcitotoxicidade e seria o responsaacutevel por lesionar o
EXPOSICcedilAtildeO A METAIS PESADOS COMO FATOR DESENCADEANTE DA ESCLEROSE LATERAL AMIOTROacuteFICA
234
coacutertex motor do ceacuterebro de macacos e Chamorros o BMAA eacute
produzido por cianobacteacuterias Estaria relacionado natildeo apenas
ao desenvolvimento da ELA mas encontrou-se aumentado no
ceacuterebro de seis pacientes com o complexo ELAParkinson
doenccedila de Alzheimer e outras doenccedilas neurodegenerativas
(ABRELA 2016 FDA 2012 OSKARSSON HORTON
MITSUMOTO 2015)
Os diagnoacutesticos da ELA estatildeo preacute-estabelecidos a partir do
El Escorial World Federation of Neurology Possui diferentes
subclassificaccedilotildees a depender da quantidade de segmentos
comprometidos por exemplo nas extremidades desta
reparticcedilatildeo temos a forma definida ou tiacutepica ocorrendo quando
haacute disfunccedilatildeo de neurocircnios motores superiores neurocircnios
motores inferiores da regiatildeo bulbar e de outras duas regiotildees
espinhais e a forma suspeita da doenccedila marcada por
comprometimento de neurocircnios motores inferiores em duas ou
trecircs regiotildees De maneira geral o diagnoacutestico inclui a
demonstraccedilatildeo de envolvimento dos NMS junto a sinais de
comprometimento dos NMI Atualmente natildeo haacute indicaccedilatildeo de
um exame especiacutefico para diagnoacutestico da ELA contudo o
eletroneuromiograma possui utilizaccedilatildeo fundamental podendo
associar-se a exames laboratoriais e de neuroimagem aleacutem do
uso de ressonacircncia magneacutetica para distinguir o
comprometimento predominante nos neurocircnios motores
superiores eou inferiores Como natildeo haacute um meacutetodo padratildeo
para a detecccedilatildeo a demora para o diagnoacutestico da doenccedila eacute
comum fazendo com que exista uma meacutedia de 12 meses desde
o aparecimento de sintomas ateacute o diagnoacutestico Para que o
tempo entre estes eventos seja menor torna-se necessaacuterio a
implantaccedilatildeo de formas diferenciais de diagnoacutestico estando
relacionadas a solicitaccedilatildeo de exames de acordo com a
EXPOSICcedilAtildeO A METAIS PESADOS COMO FATOR DESENCADEANTE DA ESCLEROSE LATERAL AMIOTROacuteFICA
235
disfunccedilatildeo presente dentre estes destaca-se o diagnoacutestico
diferencial relacionado a neuropatia motora pura com auto-
anticorpos (ABRELA 2016)
Infelizmente a ELA natildeo tem cura Seu tratamento consiste
apenas em medidas paliativas que prolonguem a expectativa
de vida e retardem o desenvolvimento da doenccedila Atualmente
drogas inibidoras da excitotoxicidade ndash relacionada
principalmente ao neurotransmissor glutamato ndash como o
Riluzole vecircm apresentando efeito beneacutefico quanto ao
prolongamento da vida ainda que por poucos meses Aleacutem do
Riluzole que constitui o tratamento especiacutefico da ELA eacute
necessaacuteria uma abordagem multidisciplinar associada aos
sintomas concomitantes da doenccedila O sistema de sauacutede
puacuteblico brasileiro o SUS disponibiliza este medicamento de
forma gratuita desde 2015 investindo R$ 76 milhotildees para sua
aquisiccedilatildeo atendendo um consumo meacutedio mensal de cerca de
1427 mil comprimidos aleacutem de investir em outras formas
terapecircuticas para o tratamento dos sintomas acarretados pela
doenccedila como a fisioterapia (ABRELA 2016 BRASIL 2015)
A prevalecircncia da doenccedila no mundo eacute de 3 a 8 casos
para cada 100000 habitantes tendo uma incidecircncia anual de
2100000 indiviacuteduos No Brasil de 8 a 10 indiviacuteduos satildeo
diagnosticados com a patologia semanalmente estimando-se
segundo o Instituto Paulo Gontijo (2016) que cerca de 12 mil
brasileiros possuam a doenccedila (PEREIRA 2006 ABNEURO
2014)
Um estudo realizado no ano de 1998 ndash cuja publicaccedilatildeo
ocorreu soacute em 2000 ndash demonstrou as caracteriacutesticas
epidemioloacutegicas da ELA no Brasil A anaacutelise dos dados contidos
neste estudo permitiu confimar a predominacircncia dos casos da
ELA esporaacutedica quando comparados a ELA familiar
EXPOSICcedilAtildeO A METAIS PESADOS COMO FATOR DESENCADEANTE DA ESCLEROSE LATERAL AMIOTROacuteFICA
236
(DIETRICH-NETO et al 2000) A tabela a seguir reuacutene os dados
epidemioloacutegicos no que se refere agraves principais formas cliacutenicas
da doenccedila
Tabela 2 Dados epidemioloacutegicos da ELA no Brasil
Sexo Formas cliacutenicas
Feminino Masculino ELA esporaacutedica
ELA familiar
Ndeg 184 259 403 26
415 585 91 59
TOTAL 443 Fonte DIETRICH-NETO et al 2000 no estudo 14 casos foram
desconsiderados
4 CONCLUSOtildeES
O crescimento populacional e o avanccedilo industrial e
tecnoloacutegico tem gerado impasses preocupantes como o
armazenamento inadequado dos resiacuteduos Esta atitude eacute a
principal causa da contaminaccedilatildeo do solo e principalmente dos
mananciais e da fauna aquaacutetica existente por metais pesados
O estudo da relaccedilatildeo existente entre o desenvolvimento da
Esclerose Lateral Amiotroacutefica e os fatores ambientais
sobretudo os metais pesados deixa um alerta importante sobre
os agravos que a contaminaccedilatildeo ambiental por metais pesados
pode acarretar Eacute evidente que a preocupaccedilatildeo sobre esta
contaminaccedilatildeo aumenta consideravelmente quando relacionada
a um paciente portador de ELA e a indiviacuteduos geneticamente
predispostos ao seu desenvolvimento contudo a exposiccedilatildeo de
indiviacuteduos saudaacuteveis aos metais pesados traz consequecircncias
similarmente graves agrave sauacutede
EXPOSICcedilAtildeO A METAIS PESADOS COMO FATOR DESENCADEANTE DA ESCLEROSE LATERAL AMIOTROacuteFICA
237
Ademais passos importantes como o mapeamento
geneacutetico de indiviacuteduos supostamente predispostos a doenccedila
deve ser levado em consideraccedilatildeo na tentativa de lidarmos
melhor com o desenvolvimento da patologia aleacutem disso
medidas de armazenamento adequado e fiscalizaccedilatildeo deste
processo eacute imprescindiacutevel tanto para aumentar a sobrevida de
pacientes portadores de ELA como tambeacutem para oferecer
melhores condiccedilotildees de vida agrave populaccedilatildeo saudaacutevel
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
ABRELA ELA 2016 Disponiacutevel em lthttpwwwabrelaorgbrdefaultphpp=textophpampc=elagt Acesso em 25 de outubro de 2016 ABNEURO 2014 Semanalmente de 8 a 10 brasileiros satildeo diagnosticados com esclerose lateral amiotroacutefica Disponiacutevel em lthttpabneuroorgbrclippingsdetalhes169semanalmente-de-8-a-10-brasileiros-sao-diagnosticados-com-esclerose-lateral-amiotroficagt Acesso em 31 de outubro de 2016 AIRES Margarida M Fisiologia 4ordf ed Rio de Janeiro Guanabara Koogan p1335 2012 ASMUS C I R F Metais Seminaacuterio apresentado ndash Universidade Federal do Rio de Janeiro ndash Instituto de Estudos de Sauacutede Coletiva 41 fl Rio de Janeiro ndash RJ 2016 BALDO M V C Fisiologia do movimento humano 2deg ed Satildeo Paulo Neurociecircncias p68 2010 BERTINI I MANGANL S VIEZZOLI M S Structure and properties of copper-zinc superoxide dismutases Advances in inorganic chemistry v45 p127-250 1998 BJOumlRN A M D Inorganic mercury is transported from muscular nerve terminals to spinal and brainstem motoneurons Muscle amp Nerve v15 n10 p1089-1094 1992 BOILLEacuteE S VELDE C V CLEVELAND D W ALS A Disease of Motor Neurons and Their Nonneural Neighbors Neuron (Cambridge) v52 n1 p39-59 2006 BRASIL Ministeacuterio compraraacute medicamento para distribuiccedilatildeo direta aos estados 2015 Disponiacutevel em lthttpportalsaudesaudegovbrindexphpcidadaoprincipalagencia-
EXPOSICcedilAtildeO A METAIS PESADOS COMO FATOR DESENCADEANTE DA ESCLEROSE LATERAL AMIOTROacuteFICA
238
saude19628-ministerio-comprara-medicamento-para-distribuicao-direta-aos-estadosgt Acesso em 31 out 2016 CIEcircNCIA EM CENA O ceacuterebro e as doenccedilas neurodegenerativas Instituto Descobrir e Maratona da Sauacutede v1 n1 p1-30 2016 DIETRICH-NETO F et al Amyotrophic lateral sclerosis in Brazil 1998 national survey Arquivos de Neuro-psiquiatria v58 n3 p607-615 FOOD AND DRUG ADMINISTRATION - FDA - U S Harmful and potentially harmful constituents in tobacco products and tobacco smoke Federal Register Department of Health and Human Services v77 n64 p1-4 2012 Genetics Home Reference Gene PMP22 Disponiacutevel em lthttpsghrnlmnihgovgenePMP22gt Acesso em 31 de outubro de 2016 HALLIWELL B GUTTERIDGE J M C Free radicals in Biology and Medicine Oxford Clarendon Press p543 1989 INSTITUTO PAULO GONTIJO Sobre ELA 2016 Disponiacutevel em lthttpwwwipgorgbripgsobre-elalanbrgt Acesso em 02 novembro 2016 LEITE A SILVA R CUNHA E Aplicaccedilatildeo de um caso praacutetico de doenccedilas profissionais relevacircncia meacutedico-legal metais pesados e carcinogecircnese Arquivos de Medicina v29 n4 p93-97 2015 MACHADO A Neuroanatomia funcional 2deg ed Rio de Janeiro Satildeo Paulo Atheneu p363 1998 MOREIRA F R MOREIRA J C Os efeitos do chumbo sobre o organismo humano e seu significado para a sauacutede Rev Panam Salud Publica v15 n2 p119-129 2004 NETO M M Geneacutetica e Esclerose Lateral Amiotroacutefica In VIII Simpoacutesio Brasileiro De DNMELA 2009 Satildeo Paulo Revista Neurociecircncia 2009 v1 n1 p 19-23 NETO M P et al Monitorizaccedilatildeo terapecircutica da azatioprina uma revisatildeo Jornal Brasileiro de Patologia e Medicina Laboratorial v44 n3 p161-167 2008 NORDON D V ESPOacuteSITO S B Atualizaccedilatildeo em Esclerose Lateral Amiotroacutefica Rev Fac Ciecircnc Meacuted Sorocaba v 11 n2 p1-3 2009 OSKARSSON B HORTON D K MITSUMOTO H Potential Environmental Factors in Amyotrophic Lateral Sclerosis Neurologic Clinics v33 n4 p878-888 2015 PAVANELLO A C L MUCINHATO R M D Avaliaccedilatildeo da bioacumulaccedilatildeo de metais em Tilaacutepia do Nilo (Oreochromis niloticus) cultivadas na regiatildeo de Londrina Trabalho de Conclusatildeo de Curso - Universidade Tecnoloacutegica Federal do Paranaacute 59 fl Londrina ndash PR 2016 PEREIRA R D B Epidemiologia ELA no Mundo Revista Neurociecircncia v14 n2 p9-13 2006
EXPOSICcedilAtildeO A METAIS PESADOS COMO FATOR DESENCADEANTE DA ESCLEROSE LATERAL AMIOTROacuteFICA
239
ROCHA A F Caacutedmio chumbo mercuacuterio ndash a problemaacutetica destes metais pesados na Sauacutede Puacuteblica Trabalho de Conclusatildeo de Curso - Faculdade de Ciecircncias da Nutriccedilatildeo e Alimentaccedilatildeo da Universidade do Porto 63 fl Cidade do Porto ndash PT 2009 RUPPENTHAL J E Toxicologia Caderno para consulta ndash Universidade Federal de Santa Maria Coleacutegio Teacutecnico Industrial de Santa Maria Rede e-Tec Brasil 128f Santa Maria ndash RS 2013 SADAO M Intoxicaccedilatildeo por chumbo Revista de Oxidologia v1 n1 p37-42 2002 SHAW P J Molecular And Cellular Pathways of Neurodegeneration in Motor Neurone Disease Jounal of Neurology Neurosurgery amp Psychiatry v 76 n8 p1046-1057 2005 SILVERTHORN D U Fisiologia humana ndash uma abordagem integrada 5ordf ed Porto Alegre Artmed p992 2010 VALENTINE J S DOUCETTE P A POTTER S Z Copper-zinc superoxide dismutase and amyotrophic lateral sclerosis Annu Rev Biochem v74 n1 p563-593 2005
COMPLICACcedilOtildeES Agrave SAUacuteDE DE MULHERES NO PERIacuteODO GESTACIONAL EM DECORREcircNCIA DA CONTAMINACcedilAtildeO PELO CHUMBO UMA REVISAtildeO DA
LITERATURA
240
CAPIacuteTULO 14
EXPOSICcedilAtildeO AO CHUMBO DURANTE A GRAVIDEZ E SUAS COMPLICACcedilOtildeES NO
DESENVOLVIMENTO EMBRIONAacuteRIO UMA REVISAtildeO DE LITERATURA
Arthur ALEXANDRINO 1
Ana Elisa Barboza de SOUZA 1
Priscilla Anne Castro de ASSIS 2
Graduandos do curso de Bacharelado em Enfermagem do Centro de Educaccedilatildeo e Sauacutede - CESUFCG 2 OrientadoraDocente do Curso de Bacharelado em Enfermagem do
CESUFCG arthurlima12345hotmailcom
RESUMO A produccedilatildeo de resiacuteduos soacutelidos eacute bastante antiga e no Brasil essa produccedilatildeo chega a nuacutemeros alarmantes O aumento desses materiais tornou-se um problema agrave sauacutede puacuteblica aleacutem de gerar impactos ambientais e soacutecio- econocircmicos a populaccedilatildeo Dentre esses resiacuteduos os metais pesados apresentam propriedades bioacumulativas e tem efeito teratogecircnico podendo comprometer vaacuterios sistemas do corpo Dentre eles destaca-se o chumbo que pode causar seacuterios danos Acerca da problemaacutetica este trabalho tem como objetivo revisar a literatura cientiacutefica sobre os acometimentos causados pela exposiccedilatildeo aos metais pesados a falta de informaccedilatildeo da populaccedilatildeo sobre os teratoacutegenos aleacutem de mostrar como o chumbo age no organismo informar os paracircmetros de controle esquematizar suas trocas nos organismos mecanismos de toxidade e discutir meios preventivos Consta de revisatildeo da literatura dos uacuteltimos dez anos utilizando as bases de dados CAPES SciELO PubMed e BVS Os resultados apontam que os teratoacutegenos causam complicaccedilotildees embrionaacuteriasfetais como a maacute formaccedilatildeo
COMPLICACcedilOtildeES Agrave SAUacuteDE DE MULHERES NO PERIacuteODO GESTACIONAL EM DECORREcircNCIA DA CONTAMINACcedilAtildeO PELO CHUMBO UMA REVISAtildeO DA
LITERATURA
241
congecircnita anomalias retardo mental e aborto A falta de informaccedilatildeo sobre o assunto pode influenciar para o aparecimento desses acomentimentos Os resultados tambeacutem mostram como ocorre a absorccedilatildeo distribuiccedilatildeo e excreccedilatildeo do chumbo no organismo os paracircmetros para o controle bioloacutegico da exposiccedilatildeo e a troca desse metal no metabolismo aleacutem de mostrar um dos mecanismos de toxidade e trazer medidas de prevenccedilatildeo agrave sua exposiccedilatildeo Palavras-chave Resiacuteduos soacutelidos Metais pesados Chumbo
1 INTRODUCcedilAtildeO
Os primeiros relatos de produccedilatildeo de resiacuteduos soacutelidos
estaacute relacionado aos nocircmades da eacutepoca que deixavam para
traacutes seus rastros de lixo (DEUS BATTISTELLE SILVA 2015)
Com o teacutermino da Revoluccedilatildeo Industrial as industrias
aumentaram seus iacutendices de produtividade e
consequentemente a geraccedilatildeo de resiacuteduos soacutelidos oriundos dos
seus processos produtivos A partir da deacutecada de 70 que esse
assunto comeccedilou a ser abordado de forma aprofundada em
encontros mundiais como a ECO 92 no Rio de Janeiro virando
palco de discursatildeo em todo o mundo visto que se tratava de
um impacto ambiental em niacutevel global (DEUS BATTISTELLE
SILVA 2015)
Com o passar dos anos foi feita a correlaccedilatildeo da geraccedilatildeo
desses materiais com seacuterios danos agrave sauacutede puacuteblica mas
apesar dos nuacutemeros de produccedilatildeo crescentes ateacute os dias atuais
grande parte desses resiacuteduos continuam tendo uma disposiccedilatildeo
final inadequada constituindo um grande desafio para a
administraccedilatildeo puacuteblica (URBAN 2016 FERRI CHAVES
RIBEIRO 2015)
COMPLICACcedilOtildeES Agrave SAUacuteDE DE MULHERES NO PERIacuteODO GESTACIONAL EM DECORREcircNCIA DA CONTAMINACcedilAtildeO PELO CHUMBO UMA REVISAtildeO DA
LITERATURA
242
O Brasil tem em meacutedia uma produccedilatildeo diaacuteria de 189 mil
toneladas de resiacuteduos soacutelidos em que esses satildeo descartados
em lixotildees aterros controlados e aterros sanitaacuterios
(MANNARINO FERREIRA GANDOLLA 2016) Para Pereira e
Lange (2011) a alternativa mais sensata para esses resiacuteduos
soacutelidos seria a implantaccedilatildeo de aterros sanitaacuterios unidades de
compostagem e na remediaccedilatildeo de lixotildees em todo o Brasil bem
como na busca de soluccedilotildees financeiras para municiacutepios de
pequeno porte
Os resiacuteduos soacutelidos satildeo aqueles em estados soacutelidos e
semi-soacutelidos provenientes de atividades de origem hospitalar
industrial agriacutecola domeacutestica de varriccedilatildeo de serviccedilos e
aqueles oriundos de equipamentos e instalaccedilotildees de controle de
poluiccedilatildeo e os de sistemas de tratamento de aacutegua (JULIATTO
CALVO CARDOSO 2011)
A lei ndeg 12305 de dois de agosto de 2010 que instituiu
a Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos estabelece as
diretrizes relativas agrave gerenciaccedilatildeo dos resiacuteduos soacutelidos e a
gestatildeo integrada a responsabilidade do poder puacuteblico dos
geradores e dos instrumentos econocircmicos aplicaacuteveis tendo
como norteamento os conceitos que estatildeo em atuaccedilatildeo nos
paiacuteses desenvolvidos principalmente os da Europa
(MANNARINO FERREIRA GANDOLLA 2016)
A presente lei eacute tambeacutem responsaacutevel pela classificaccedilatildeo
desse resiacuteduos sendo um dos subtipos os resiacuteduos perigosos
que apresentam risco significativo agrave sauacutede puacuteblica e agrave
qualidade ambiental visto que esses resiacuteduos apresentam
algumas caracteriacutesticas como teratogenicidade
carcinogenidade mutagenicidade reatividade inflamabilidade
toxidade patogenicidade e corrosividade (BRASIL 2010)
COMPLICACcedilOtildeES Agrave SAUacuteDE DE MULHERES NO PERIacuteODO GESTACIONAL EM DECORREcircNCIA DA CONTAMINACcedilAtildeO PELO CHUMBO UMA REVISAtildeO DA
LITERATURA
243
Um exemplo bastante claro desses resiacuteduos perigosos
satildeo os metais pesados que satildeo bioacumulativos isto eacute uma
vez ingeridos inalados ou tido contato deacutermico natildeo satildeo mais
eliminados e acabam depositando-se em locais especiacuteficos do
organismo gerando um comprometimento das suas funccedilotildees
podendo vir a causar danos agrave sauacutede desse indiviacuteduo (DUTRA
BERVIAN 2016)
Os tipos de metais pesados com maior poder de toxidade
satildeo o Mercuacuterio (Hg) Arsecircnio (As) Cromo (Cr) Chumbo (Pb)
Caacutedmio (Cd) e o Niacutequel (Ni) poreacutem o Chumbo (Pb) tem um
maior efeito teratogecircnico atravessando a barreira placentaacuteria
podendo vir a causar maacute formaccedilotildees congecircnitas prematuridade
eou retardo mental (OLIVEIRA et al 2016)
Os metais pesados podem ser encontrados em todos os
tipos de objetos aos quais temos um constante contato como
tintas enlatados pilhas aparelhos eletrocircnicos lacircmpadas
plaacutesticos cosmeacuteticos tintura de cabelo esmaltes entre outros
(OLIVEIRA et al 2016)
Neste contexto comprendendo os problemas que esses
metais pesados podem ocasionar agrave sauacutede das pessoas eacute
oportuno trazer informaccedilotildees atuais sobre esses elementos Por
isso o presente trabalho tem por objetivo revisar a literatura
cientiacutefica apresentar informaccedilotildees recentes sobre o tema os
mecanismos bioloacutegicos dos seus efeitos teratogecircnicos
causados pela exposiccedilatildeo aos metais pesados com ecircnfase nas
alteraccedilotildees no desenvolvimento embrionaacuterio causadas pelo
chumbo
COMPLICACcedilOtildeES Agrave SAUacuteDE DE MULHERES NO PERIacuteODO GESTACIONAL EM DECORREcircNCIA DA CONTAMINACcedilAtildeO PELO CHUMBO UMA REVISAtildeO DA
LITERATURA
244
2 MATERIAIS E MEacuteTODO
Foi realizada uma busca nas seguintes bases de dados
Portal de Perioacutedicos CAPES SciELO (Scientific Electronic
Library Online) PubMed (MEDLINE) e Biblioteca Virtual em
Sauacutede (BVS) empregando para a consulta dessas bases os
seguintes descritores Resiacuteduos Soacutelidos (Solid Waste) Metais
Pesados (Metals Heavy) Chumbo (Lead) e Gestantes
(Pregnant Women) Essa pesquisa utilizou artigos cientiacuteficos
publicados nos uacuteltimos dez anos e que abordassem os idiomas
portuguecircs e inglecircs Os resultados estatildeo apresentados
textualmente e com a utilizaccedilatildeo de figuras para uma melhor
sistematizaccedilatildeo ao alcance do objetivo proposto
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
Os teratoacutegenos satildeo elementos capazes de causar
alguma alteraccedilatildeo na funcionalidade ou estrutura corpoacuterea no
embriatildeo ou feto podendo ser classificados em agentes
quiacutemicos fiacutesicos bioloacutegicos ou ambientais (ALEXANDRINO et
al 2016)
As sequelas a esses agentes dependem de alguns
fatores como tempo de exposiccedilatildeo ao agente poder de
absorccedilatildeo do tecido metabolismo materno e fetal transferecircncia
placentaacuteria do metal pesado e o periacuteodo gestacional em que
houve a exposiccedilatildeo ao teratoacutegeno (RODRIGUES et al 2011
TORALLES et al 2009)
No Brasil 3 a 5 das gestaccedilotildees apresentam fetos com
maacutes formaccedilotildees congecircnitas anomalias retardo mental doenccedilas
geneacuteticas deformidades aborto e esses acometimentos satildeo
COMPLICACcedilOtildeES Agrave SAUacuteDE DE MULHERES NO PERIacuteODO GESTACIONAL EM DECORREcircNCIA DA CONTAMINACcedilAtildeO PELO CHUMBO UMA REVISAtildeO DA
LITERATURA
245
relacionados a interaccedilotildees complexas da matildee com fatores
ambientais em que acaba expondo o feto ao perigo (HESS
TREVISAN 2008 SILVA FELISMINO DANTAS 2008) As
maacutes formaccedilotildees geralmente satildeo diagnosticadas antes do
nascimento sendo a segunda maior causa de morte infantil no
Brasil (SILVA FELISMINO DANTAS 2008)
O retardo mental (RM) estaacute relacionado a funcionalidade
adaptativa que o indiviacuteduo tem para realizar com eficiecircncia as
atividades do dia a dia podendo ser de origem extriacutenseca
como as causadas por metais pesados como terem a sua
origem geneacutetica Aleacutem disso esses indiviacuteduos acabam
apresentando alteraccedilotildees comportamentais desenvolvimento
lento e dificuldade para realizar certas tarefas (PAICHECO et
al 2010)
Um aspecto relevante dessas alteraccedilotildees no
desenvolvimento gestacional consiste na falta de informaccedilotildees
sobre os agentes teratogecircnicos principalmente nas
comunidades que apresentam um baixo niacutevel educacional e
socioeconocircmico em que as mulheres graacutevidas acabam se
expondo a esses agentes de maneira inconsciente (BRITO et
al 2010)
Salles et al (2008) apresentaram dados que
correlacionam o grau de escolaridade renda famiacuteliar ao
aparecimento de alteraccedilotildees morfoloacutegicas em embriotildees
causados pela exposiccedilatildeo agrave teratoacutegenos
A figura 1 mostra que o grupo de gestantes com ensino
meacutedio completo satildeo as mais acometidas com alteraccedilotildees
morfoloacutegicas nos seus embriotildees Enquanto as gestantes que
tem um grau de escolaridade inferior satildeo as menos afetadas
Uma das possiacuteveis justificativas seria o contato com agentes
COMPLICACcedilOtildeES Agrave SAUacuteDE DE MULHERES NO PERIacuteODO GESTACIONAL EM DECORREcircNCIA DA CONTAMINACcedilAtildeO PELO CHUMBO UMA REVISAtildeO DA
LITERATURA
246
teratogecircnicos que as matildees com escolaridade menor natildeo teriam
acesso (GUERRA et al 2008)
Figura 1 Grau de escolaridade de gestantes que apresentaram fetos com maacute formaccedilotildees
Fonte (SALLES et al 2008)
Adicionalmente Salles et al(2008) demonstraram que o
grupo de gestantes mais acometidas por problemas de
alteraccedilotildees morfoloacutegicas em seus fetos foram as que tem mais
de um salaacuterio como renda pessoal como pode ser observado
na Figura 2
0
5
10
15
20
Nuacute
me
ro d
e g
est
ante
s
COMPLICACcedilOtildeES Agrave SAUacuteDE DE MULHERES NO PERIacuteODO GESTACIONAL EM DECORREcircNCIA DA CONTAMINACcedilAtildeO PELO CHUMBO UMA REVISAtildeO DA
LITERATURA
247
Figura 2 Renda familiar das gestantes que apresentaram fetos com maacute formaccedilotildees
Fonte (SALLES et al 2008)
Uma das fontes mais importantes de agentes
teratogecircnicos consiste nos elementos descartados nos lixotildees
aterros controlados ou sanitaacuterios (RIGUETTI et al 2015)
Como exemplo do estudo de Celere et al (2007) que encontrou
niacuteveis elevados de metais pesados em um aterro sanitaacuterio
O contato dos metais pesados com o organismo pode
danificar qualquer tipo de atividade bioloacutegica justificando as
diversas sequelas que os mesmos podem gerar em um
indiviacuteduo Apesar dos sistemas enzimaacuteticos serem susceptiacuteveis
a esses elementos o acesso e a sensibilidade entre os
diferentes oacutergatildeos e tecidos estaacute relacionado com a limitaccedilatildeo
das estruturas anatocircmicas e com a competiccedilatildeo dos metais
pelos siacutetios de ligaccedilatildeo nesses locais (LEITE SILVA CUNHA
2015 CASERTA 2013)
Um dos metais pesados comumente encontrado na
natureza eacute o chumbo sendo este um dos elementos mais
reativos jaacute descrito O seu efeito toxicoloacutegico eacute relatado a mais
36
47
17
Um salaacuterio
Mais de umsalaacuterio
Menos de umsalaacuterio
COMPLICACcedilOtildeES Agrave SAUacuteDE DE MULHERES NO PERIacuteODO GESTACIONAL EM DECORREcircNCIA DA CONTAMINACcedilAtildeO PELO CHUMBO UMA REVISAtildeO DA
LITERATURA
248
de trecircs mil anos e sua interaccedilatildeo com problemas em crianccedilas eacute
conhecida a mais de 100 anos (JURUENA 2009)
O chumbo compartilha algumas propriedades
observadas em outros metais pesados mas tambeacutem apresenta
caracteriacutesticas proacuteprias A sua capacidade de inibir ou imitar a
accedilatildeo do caacutelcio a formaccedilatildeo de complexos estaacuteveis com ligantes
contedo enxofre foacutesforo nitrogecircnio ou oxigecircnio
nas membranas celulares satildeo alguns dos mecanismos de accedilatildeo
deste metal pesado (LEITE SILVA CUNHA 2015 CASERTA
2013)
As principais fontes de exposiccedilatildeo ao Pb satildeo as industrias
que fazem uso ou descartam esse metal alguns alimentos e
bebidas medicamentos brinquedos aparelhos eletrocircnicos
plaacutestico etc (CAPITANI PAOLIELLO ALMEIDA 2009)
Adicionalmente produtos de beleza possuem uma
concentraccedilatildeo significativa desse metal que podem ser
encontrados em esmaltes tinturas de cabelo fixadores de
perfume e maquiagem de maneira geral sendo as mulheres o
puacuteblico de maior exposiccedilatildeo (COUTINHO et al 2012)
A Norma Regulamentadora NR778 que foi alterada pela
portaria SSST 2494 disponibiliza a taxa para se fazer o
controle bioloacutegico da exposiccedilatildeo ao chumbo (CLARK
OLIVEIRA CLARK 2010) A Tabela 1 apresenta os paracircmetros
de referecircncia para a exposiccedilatildeo ao chumbo na qual o maacuteximo
permitido de 60 microg100 ml de sangue e de 100 microgg creatinina
na urina Acima desses valores os efeitos do chumbo podem
gerar diferentes resultados dentre estes alterar o
desenvolvimento gestacional de um embriatildeo ou feto
COMPLICACcedilOtildeES Agrave SAUacuteDE DE MULHERES NO PERIacuteODO GESTACIONAL EM DECORREcircNCIA DA CONTAMINACcedilAtildeO PELO CHUMBO UMA REVISAtildeO DA
LITERATURA
249
Tabela 1 Paracircmetros para o controle bioloacutegico da exposiccedilatildeo ao chumbo
Material da
amostra
Valores de
Referecircncia
Iacutendice bioloacutegico
maacuteximo permitido
Sangue Ateacute 40 microg100 ml 60 microg100 ml
Urina Ateacute 50 microgg
creatinina
100 microgg creatinina
Fonte (CLARK OLIVEIRA CLARK 2010)
Para Rezende Amaral e Tanus-Santos (2009)o chumbo
apresenta um alto poder de absorccedilatildeo principalmente pelas vias
respiratoacuterias e gastrointestinal onde eacute distribuiacutedo por todo o
corpo e pode causar paralisia intestinal dor abdominal anemia
e afetar o sistema nervoso central sendo acumulado nos
tecidos mineralizados aleacutem de apresentar um baixo niacutevel de
excreccedilatildeo A quantidade de Pb encontrada livre no sangue pode
alertar para alteraccedilotildees orgacircnicas causadas pela exposiccedilatildeo ao
chumbo de forma direta ou indireta
Quando absorvido pelo organismo 99 do chumbo se
liga aos eritroacutecitos por ateacute 5 semanas e logo apoacutes seratildeo
dispersos nos tecidos moles como rins fiacutegado pulmotildees e
sistema nervoso O 1 restante do metal absorvido continua
livre no plasma (REZENDE AMARAL TANUS-SANTOS
2009) A Figura 3 abaixo mostra o esquema da absorccedilatildeo
distribuiccedilatildeo e excreccedilatildeo desse metal no organismo
A Figura 4 mostra o esquema simplificado da troca do
chumbo nos organismos Nesta imagem a espessura das setas
representa diferentes taxas de transferecircncia do chumbo no
organismo (CAPITANI 2009)