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O diálogo entre a psicanálise e a neurociência: o que diz a filosofia da mente? Elie Cheniaux

Filosofia da Mente - criandoelo.com.br · artificial, modelo neurocomputacional. ... •O vocabulário mentalista da “psicologia popular”, uma teoria primitiva, deve ser substituído

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O diálogo entre a psicanálise e a neurociência: o que diz a

filosofia da mente?

Elie Cheniaux

As relações entre a psicanálise e a neurociência

As relações entre a psicanálise e a neurociência

As relações entre a psicanálise e a neurociência

Freud e as neurociências

A formação neurocientífica de Freud

Ernst Brücke Monografia

sobre a afasia Theodor Meynert

O “Projeto” de Freud (1895): uma psicologia para neurólogos

Freud & Fliess

O manuscrito

Neurônio: uma descoberta recente

Santiago Ramón y Cajal

(trabalhos apresentados em 1888 e 1889)

Wilhelm Waldeyer (1891)

Freud e as “barreiras de contato”

Charles Sherrington descreve a sinapse em 1897

O “projeto” como um precursor da metapsicologia freudiana

Neuro-psicanálise

Contra uma aproximação entre a psicanálise e a neurociência

Quem pode responder?

A filosofia da mente

O problema mente-cérebro

Ou problema mente-corpo

“Human beings are divided into mind and body. The mind embraces all the nobler aspirations, like poetry and philosophy, but the body has all the fun”.

As principais correntes da filosofia da mente

Dualismo de substância Monismo de substância

Interacionismo Behaviorismo analítico

Paralelismo psicofísico Materialismo fisicalista ou redutivo

Epifenomenalismo Funcionalismo

Materialismo eliminativo

Emergentismo

Dualismo vs. Monismo

• Dualismo: a mente com algo imaterial, alma

• Monismo: uma única substância; materialismo

Correntes dualistas

Interacionismo

• René Descartes: res cogitans vs. res extensa; glândula pineal.

Paralelismo psicofísico

• Leibniz: físico e mental independentes, mas correlacionados pela intervenção de Deus.

Epifenomenalismo

• Estados mentais são efeitos colaterais de estados cerebrais, a mente não tem eficácia causal

Reflexo de retirada.

Epifenomenalismo

• Benjamin Libet (EEG durante neurocirurgias)

Críticas ao dualismo

• Oposição de quase todos os filósofos desde o século XX.

• Considerado não científico, mais relacionado às religiões.

• Não há definição precisa do que seja imaterial.

• Não há explicação sobre como o incorpóreo pode afetar o mundo físico

• Epifenomenalismo: mente e consciência não são sinônimos

Correntes monistas

Behaviorismo analítico

• Gilbert Ryle e Carl Gustav Hempel

A mente não existe: é meramente um conceito, e não uma substância física, para designar comportamentos e disposições exibidos pelas pessoas.

Ignora desejos e intenções. Em vez de “ligou o ventilador porque sentiu calor”, diz que “há uma disposição para ligar o ventilador quando a temperatura está acima de 40º”.

Materialismo fisicalista ou redutivo • Filósofos Herbert Feigl, U.T. Place e J.J.C. Smart • Estados mentais são estados cerebrais (são estados

físicos) • Relâmpago = descarga elétrica das nuvens para a terra;

água = H2O

Materialismo fisicalista ou redutivo

• Teorias de identidade Identidade de tipo: um determinado sentimento =

ativação de determinado conjunto de neurônios (a relação é universal)

Identidade de ocorrência (ou espécime-espécime): um mesmo estado mental pode ser produzido por diferentes estados cerebrais; um estado mental corresponde a um estado cerebral (numa determinada pessoa, num determinado momento)

Funcionalismo

• Hilary Putnam e David Lewis

• Origem: inteligência artificial, modelo neurocomputacional.

• Exemplo: relógio – não interessa o material de que é feito

• Cérebro: hardware; mente: software.

Materialismo eliminativo

• P. K. Feyerabend, Katherine Wilkes e o casal Paul e Patrícia Churchland.

• A versão mais radical do materialismo.

• O vocabulário mentalista da “psicologia popular”, uma teoria primitiva, deve ser substituído por uma terminologia e descrição neurofisiológicas.

Crítica ao materialismo

• Ignora os qualia: vivências conscientes, subjetivas e privadas; a real experiência de ver o vermelho ou sentir o gosto do sal.

• Searle e o problema do quarto chinês: “sintaxe sem semântica”

Emergentismo

Dualismo de propriedades

Compatível com o monismo de substância

Propriedades da matéria: massa, volume, cor, etc.

Corpo e mente: propriedades distintas de uma mesma substância

Doutrina da superveniência

Donald Davidson

Níveis de complexidade e disciplinas científicas relacionadas, segundo a doutrina da superveniência

Níveis de complexidade Disciplina relacionada

grupos sociais sociologia

mentes psicologia

seres vivos, células biologia

moléculas química

átomos, partículas elementares física

Fenômenos ou propriedades de níveis mais altos dependem de fenômenos ou propriedades de níveis mais baixos, mas aqueles não são redutíveis a estes.

As propriedades psicológicas são supervenientes às (dependem das) propriedades biológicas (e físicas)

Emergentismo

• Propriedades emergentes: em níveis mais altos de complexidade emergem novas características que não podem ser preditas a partir de níveis mais baixos, e que transcendem as propriedades das partes constituintes. Umidade: uma propriedade emergente da água.

Dois tubos com O2, C e N: em um há só moléculas e em outro há organismos unicelulares (vida)

• Os estados mentais emergem de estados cerebrais

Conclusão

O diálogo psicanálise / neurociência

Correntes dualistas

Em contradição com a ciência

Interacionismo e paralelismo psicofísico: desnecessário conhecer o cérebro (posição de muitos psicanalistas)

Epifenomenalismo: ignora as vivências subjetivas, foco da psicanálise

Correntes monistas

Behaviorismo analítico, materialismo redutivo, funcionalismo e materialismo eliminativo ignoram as vivências subjetivas, foco da psicanálise

Muitos neurocientistas e psiquiatras biológicos: materialismo redutivo

O diálogo psicanálise / neurociência

• Emergentismo

Valoriza tanto o corpo como a mente.

Materialismo não redutivo.

Não considera a mente separada do corpo ou imaterial.