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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL PUBLICIDADE E PROPAGANDA AMORA ANDRADE RODRIGUES PATROCÍNIOS DE EVENTOS Estudo de caso de ações de marketing de patrocinadores do evento Campus Party Brasil Natal - RN 2019

Estudo de caso de ações de marketing de patrocinadores do

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Page 1: Estudo de caso de ações de marketing de patrocinadores do

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES

DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL

PUBLICIDADE E PROPAGANDA

AMORA ANDRADE RODRIGUES

PATROCÍNIOS DE EVENTOS

Estudo de caso de ações de marketing de patrocinadores do evento

Campus Party Brasil

Natal - RN

2019

Page 2: Estudo de caso de ações de marketing de patrocinadores do

AMORA ANDRADE RODRIGUES

PATROCÍNIOS DE EVENTOS

Estudo de caso de ações de marketing de patrocinadores do evento

Campus Party Brasil

Trabalho de Conclusão de Curso - Monografia, apresentado em cumprimento às exigências da disciplina Projeto Experimental em Publicidade e Propaganda (PUB0001) do curso de Comunicação Social, com habilitação em Publicidade e Propaganda, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

Orientador: Prof. Dr. Luis Roberto Rossi Del Carratore

Natal - RN

2019

Page 3: Estudo de caso de ações de marketing de patrocinadores do

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro de Ciências Humanas, Letras e

Artes – CCHLA

Rodrigues, Amora Andrade.

Patrocínios de eventos: estudo de caso de ações de marketing de patrocinadores do evento Campus Party Brasil / Amora Andrade

Rodrigues. - Natal, 2019.

78f.: il. color.

Monografia (graduação) - Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2019.

Orientador: Prof. Dr. Luis Roberto Rossi Del Carratore.

1. Patrocínios - Monografia. 2. Eventos - Monografia. 3. Campus Party - Monografia. I. Carratore, Luis Roberto Rossi Del.

II. Título.

RN/UF/BS-CCHLA CDU 659.113.3

Elaborado por Heverton Thiago Luiz da Silva - CRB-15/710

Page 4: Estudo de caso de ações de marketing de patrocinadores do

AMORA ANDRADE RODRIGUES

PATROCÍNIOS DE EVENTOS

Estudo de caso de ações de marketing de patrocinadores do evento Campus Party Brasil

Trabalho de Conclusão de Curso - Monografia, apresentado

em cumprimento às exigências da disciplina Projeto

Experimental em Publicidade e Propaganda (PUB0001) do

curso de Comunicação Social, com habilitação em

Publicidade e Propaganda, da Universidade Federal do Rio

Grande do Norte.

Orientador: Prof. Dr. Luis Roberto Rossi Del Carratore

Data de aprovação: Natal, 22 de novembro de 2019.

BANCA EXAMINADORA

_____________________________________________________

Prof. Dr. Luis Roberto Rossi Del Carratore (Orientador)

Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN

_____________________________________________________

Prof.ª Dr.ª Marcela Costa da Cunha Chacel (Membro interno)

Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN

_____________________________________________________

Ana Gabriela Duarte (Membro externo)

Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN

Page 5: Estudo de caso de ações de marketing de patrocinadores do

AGRADECIMENTOS

Antes de tudo, gostaria de agradecer a mim mesma. Quatro anos e meio atrás

não imaginei que seria capaz de entregar esse documento, que representa o fim de

um ciclo e o começo de outro tão importante na minha vida, escrito por mim e mais

ninguém. Escrever um projeto de conclusão de curso exige força de vontade,

conhecimentos empíricos e científicos, criatividade e estabilidade emocional. São

pequenas lutas diárias para permanecer e conseguir ter êxito no sonho que me

colocou aqui, e ter conseguido passar por todas as adversidades que esse desafio

exigiu faz de mim uma vencedora nos meus próprios méritos.

Além disso, queria agradecer também à Universidade Federal do Rio Grande

do Norte e meus exímios professores do curso de Comunicação Social, pois foi nessa

instituição que aprendi a gostar de estudar e a enxergar o mundo com outros olhos.

Em tempos tão difíceis para a educação no país, me sinto privilegiada ao máximo por

ter uma qualificação de excelência com docentes de níveis extraordinários e projetos

integradores admiráveis.

Aos meus pais e minhas irmãs pela compreensão e apoio, aos tutores das

atividades externas que pude experienciar durante meu período na universidade; aos

meus amigos, colegas de TCC, Lucas e Flávia, e aos demais colegas de sala que

considero.

Agradeço também ao grupo MCI e Campus Party Brasil por terem me acolhido,

ensinado e dado inspiração para esse projeto e talvez uma carreira. Por meio deles

também tive a oportunidade de conhecer pessoas extraordinárias, viver experiências

incríveis, conhecer lugares singulares e me sentir parte de um propósito maior. À

Fernando Lima por ter acreditado no meu potencial, à Pedro Ferreira e Luana Batista

por terem me ensinado na prática sobre a profissão. E por fim, mas não menos

importante, agradeço ao meu orientador Luis Roberto Del Carratore pelos

ensinamentos e por ter acolhido meu projeto.

Page 6: Estudo de caso de ações de marketing de patrocinadores do

“Mas mesmo depois de tudo o que vimos,

nós mal tivemos um vislumbre do que

significa. Na conjuntura arquitetônica da

alma, o universo começou com nossos olhos

fechados.”

(Sleeping at Last - Overture)

Page 7: Estudo de caso de ações de marketing de patrocinadores do

RESUMO

É possível observar, no cenário atual, o uso frequente do patrocínio em eventos,

congressos e feiras como forma de alavancar o mesmo e aproximar-se do cliente.

Este trabalho possui como objetivo analisar dissertativamente o caso Campus Party

Brasil e seus patrocinadores na perspectiva de que estes são considerados uma

ferramenta estratégica de comunicação e vendas. Partindo da revisão bibliográfica do

tema, são trabalhadas as definições de eventos e patrocínios, também de conteúdo

e sua criação. Foi elaborada uma pesquisa de campo visando aferir como algumas

empresas locais se comportam ao patrocinar um acontecimento, e qual a opinião

delas sobre eles. Através de um questionário e análise de dados comentados,

constatando-se a importância dos patrocínios para empresas locais e suas

particularidades.

Palavras-chave: Patrocínios; eventos; Campus Party Brasil; conteúdo.

Page 8: Estudo de caso de ações de marketing de patrocinadores do

ABSTRACT

It’s possible to observe, in the current scenario, the frequent use of sponsorships in

events, congress and fairs as a tool for enhance the event and get closer to the client.

This work aims to analyze the Campus Party Brazil case and It’s sponsors, at the

outlook of a communication and sales strategy. Based on the literature review of the

subject, the definition of events, sponsorships, and content creation are work out. It

was elaborate an field study aimed to assess how some of the local companies behave

on the sponsorships and what Its their opinion about It. Through questionnaires and

data analysis, noting the value of sponsorships to local companies and Its conditions.

Keywords: Sponsorships; events; Campus Party Brazil; content.

Page 9: Estudo de caso de ações de marketing de patrocinadores do

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Quadro ilustrativo da troca de serviço entre Patrocinador e

Patrocinado ............................................................................................................ 25

Figura 2 - Chamada publicitária para Campus Party Maricá .............................. 42

Figura 3 - Chamada publicitária de patrocinador UseTelecom .......................... 43

Figura 4 - Interação de perfil oficial de patrocinadora Nestlé com perfil oficial do

evento ...................................................................................................................... 43

Figura 5 - Interação de perfil oficial de patrocinadora Café 3 Corações com perfil

oficial do evento ..................................................................................................... 44

Figura 6 - Chamada para promoção de desconto do evento ............................. 44

Figura 7 - Re-postagem de seguidor no perfil oficial do evento ........................ 45

Figura 8 - Postagem de patrocinadora Café 3 Corações com participação no

evento ...................................................................................................................... 47

Figura 9 - Postagem de patrocinadora Café 3 Corações com ação no evento . 48

Figura 10 - Destaques das edições Campus Party no perfil oficial do Instagram

................................................................................................................................. 51

Figura 11 - Registro de stories do momento Patrocinador na #CPNATAL2 ..... 52

Figura 12 - Registro de Storie da programação de palestras patrocinada pela

Petrobras ................................................................................................................ 53

Figura 13 - Talk show com participação de representantes da Prefeitura do Natal

................................................................................................................................. 54

Figura 14 - Registro de Storie de massagem oferecida como cortesia pela

Petrobras ................................................................................................................ 55

Figura 15 - Jovens jogando em consoles eletrônicos no Campus Party Natal 2

................................................................................................................................. 56

Figura 16 - Registro de Storie do patrocinador Café Santa Clara ...................... 57

Figura 17 - Registro de Storie do momento em que o coelho Sansão rouba o

controle das mídias sociais do evento ................................................................. 58

Page 10: Estudo de caso de ações de marketing de patrocinadores do

Figura 18 - Registro de Storie em que o coelho Sansão planeja postar conteúdos

para os stories do evento ...................................................................................... 59

Figura 19 - Registro de Storie do aviso ao acontecimento apelidado de “Invasão”

................................................................................................................................. 60

Figura 20 - Registro de Storie do coelho Sansão chamando para interação e

visualização das postagens. ................................................................................. 61

Figura 21 - Registro de Storie do coelho Sansão assistindo ao palestrante mirim,

JP Barrera. .............................................................................................................. 62

Figura 22 - Registro de Storie de impressora 3D como parte do atrativo do

evento ...................................................................................................................... 63

Figura 23 - Custo médio de cada patrocínio realizados nos últimos dois anos66

Figura 24 - Classifique os aspectos relativos a esse evento conforme o seu nível

de satisfação .......................................................................................................... 67

Page 11: Estudo de caso de ações de marketing de patrocinadores do

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Tradução do quadro de respostas da pergunta: “How important are

these objectives when evaluating properties?” da pesquisa da IEG Sponsorship

Decision-Makers Survey ........................................................................................ 21

Tabela 2 - Objetivos, Motivos e Benefícios versus tipos de patrocínios .......... 26

Tabela 3 - Número e classificação das patrocinadoras da Campus Party Brasil

12 ............................................................................................................................. 39

Page 12: Estudo de caso de ações de marketing de patrocinadores do

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 13

2 PROMOÇÃO DE EVENTOS ................................................................................. 15

2.1 CONCEITOS E DEFINIÇÕES ........................................................................ 15

2.2 EVENTOS: ASPECTOS ECONÔMICOS, SOCIAIS E MERCADOLÓGICOS 17

2.3 PROMOÇÃO DE EVENTOS COMO ESTRATÉGIA DE COMUNICAÇÃO .... 18

3 PATROCÍNIOS ..................................................................................................... 20

3.1 CONCEITOS E DEFINIÇÕES ........................................................................ 20

3.2 TIPOS DE PATROCÍNIOS ............................................................................. 22

3.3 PATROCÍNIOS COMO ESTRATÉGIA DE COMUNICAÇÃO ......................... 25

4 PRODUÇÃO DE CONTEÚDO .............................................................................. 28

4.1 CONCEITOS E DEFINIÇÕES ........................................................................ 28

4.2 CARACTERÍSTICAS DA PRODUÇÃO DE CONTEÚDO ............................... 29

4.3 PRODUÇÃO DE CONTEÚDO DA INFORMAÇÃO COMO ESTRATÉGIA DE

COMUNICAÇÃO .................................................................................................. 32

5 O EVENTO CAMPUS PARTY: ESTUDO DE CASO DE PATROCINADORES ... 34

5.1 CAMPUS PARTY BRASIL .............................................................................. 34

5.1.1 Público .................................................................................................... 36

5.1.2 Conteúdos .............................................................................................. 37

5.2 ESTRATÉGIAS DE PATROCÍNIOS APLICADAS AO EVENTO .................... 39

5.2.1 Tipos de Patrocínios .............................................................................. 39

5.2.2 Mídias Sociais e Interação Online ........................................................ 41

5.2.3 Hackathons ............................................................................................. 45

5.2.4 Momento Patrocinador .......................................................................... 47

5.3 CAMPUS PARTY NATAL ............................................................................... 48

5.3.1 Público Campus Party Natal ................................................................. 49

Page 13: Estudo de caso de ações de marketing de patrocinadores do

5.3.2 Mídias Sociais e Interação com Patrocinadores ................................. 50

5.3.3 Hackathons ............................................................................................. 64

5.3.4 Pesquisa com Patrocinadores .............................................................. 65

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 70

REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 72

APÊNDICE ............................................................................................................... 75

Page 14: Estudo de caso de ações de marketing de patrocinadores do

13

1 INTRODUÇÃO

No contexto moderno, podemos citar que eventos são como “qualquer

acontecimento que foge à rotina, sempre programado para reunir um grupo de

pessoas” (SENAC, 2000, p.11). E ao analisar essa definição percebemos que os

eventos estão presentes desde a passagem do homem bípede de nômades para

indivíduos que se aglomeram em povoados e praticam rituais conjuntos de cultos,

festejos ou fúnebres. Entretanto, o primeiro evento de larga escala registrado como

tal no mundo ocidental foi a primeira olimpíada em honra a Zeus, em 776 a.C.1, na

Grécia antiga.

Os acontecimentos apenas evoluíram a partir daí: maiores, mais organizados,

maior adesão de público, maior segmentação de interesses e produtos. Logo,

tornaram-se uma importante ferramenta social e comercial, tanto para o indivíduo que

deseja a fuga da rotina, quanto para a empresa que tem como facilidade ir até o

cliente. Sobre os eventos na visão comercial, Cogo (2009, p. 48) apud Oliveira & Bond

(2011, p. 52), cita:

Evento é o acontecimento em que se aproveita para atrair a atenção

do público e da imprensa sobre a instituição. Pode ser criado

artificialmente, pode ser provocado por vias indiretas ou pode ocorrer

espontaneamente.

Ou seja, os eventos são, além de oportunidades para o contato e socialização

entre pessoas, também uma chance de empresas e instituições falarem diretamente

com seus consumidores. E com isso nascem os patrocínios, uma via de mão dupla

que viabiliza a visualização e o espaço da marca na contrapartida de serviços ou

pagamentos ao evento.

A Campus Party é um evento anual internacional de grande porte, que se

instalou no Brasil em 2008, e hoje é considerado um dos maiores acontecimentos

1 Fonte: Colunista Portal Educação, 2015. Disponível em <

https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/idiomas/a-historia-dos-eventos/61220 > Acessado em 08 de novembro de 2019.

Page 15: Estudo de caso de ações de marketing de patrocinadores do

14

tecnológicos do mundo e o principal realizado no Brasil. Sua cota de patrocinadores

hoje vai de universidades, a empresas de café e de doces, passando por

influenciadores do meio “geek”2, bancos, e principalmente, empresas interessadas na

fomentação tecnológica.

O caso Campus Party intriga, pois, pelo tamanho de seu acontecimento, as

marcas patrocinadoras a qual o evento está ligado, chamam atenção por, por mais

que sua intenção principal seja a visibilidade e a geração de contatos, elas

demonstram um interesse genuíno na disseminação do conteúdo científico como

forma de melhorar seus processos e atualizar o mercado. Transformando-as em uma

verdadeira “criadora de conteúdo” dentro de um espaço propício para tal.

Neste estudo, veremos como os patrocinadores agem referentes a esses

processos de se adequar e integrar com o evento. Com a justificativa de que o último

seja um mercado em emergência, e as marcas são cobradas cada vez mais a utilizar

da criatividade para ajustar seu posicionamento com o público a qual se refere. Para

isso, a proposta está discorrida em uma pesquisa bibliográfica descritiva e qualitativa,

e uma pesquisa quantitativa realizada com empresas locais do mercado da cidade de

Natal, capital do Rio Grande do Norte.

O presente trabalho situa-se primeiro com os conceitos e definições sobre

eventos e a promoção destes, para que dialogue como podem ser utilizados como

estratégia de comunicação de marcas. Assim como os patrocínios e a produção de

conteúdo em si, suas aplicações, conceitos e utilidades. Depois o evento Campus

Party, objeto de estudo, é destrinchado e identificado, para ser analisado

posteriormente com as estratégias utilizadas por seus patrocinadores. Pontos que

são relacionados com a pesquisa feita com empresas locais a fim de comparação e

conhecimentos sobre a real aplicação do objeto.

Por fim, nas considerações finais, é feito um breve fechamento do material

desenvolvido. Em paralelo, é listada as referências consultadas e em seguida, nos

apêndices, apresentado o roteiro utilizado para a realização da pesquisa.

2 Pessoa interessada em tecnologia, ciência e informática.

Page 16: Estudo de caso de ações de marketing de patrocinadores do

15

2 PROMOÇÃO DE EVENTOS

2.1 CONCEITOS E DEFINIÇÕES

Na área de estudos sobre eventos, existem várias definições no enfoque da

comunicação social, mas partindo-se do ponto de vista dos dicionários, a palavra

“evento” vem de “eventual”, ou seja, algo que acontece com uma periodicidade, que

possui um intervalo de tempo de realização, uma ocasionalidade, um acaso ou uma

eventualidade. Podemos assimilar, então, que os eventos são caracterizados como

“qualquer acontecimento que foge à rotina, sempre programado para reunir um grupo

de pessoas” (SENAC, 2000, pág.11), ou seja, um episódio esporádico que possui

como característica principal propiciar uma ocasião extraordinária de pessoas, com

“tema” principal, finalidade específica e justificativa de sua realização, e que está

ligado com o aspecto temporal do acontecimento ou eventualidade (GIACAGLIA,

2003).

Segundo a autora Marlene Matias (2001, p.62), os eventos são uma atividade

dinâmica, que está em constante modificação conforme vai evoluindo, mas, apesar

de cada autor possui uma definição diferente, é chegado a uma conclusão mútua do

reconhecimento da importância desses acontecimentos para as organizações e para

as pessoas que participam.

Realizados de forma adequada, os eventos podem ser uma grande

emoção; ao contrário, se malfeitos, podem representar uma

experiência desagradável para todos os envolvidos. (...) Cada evento

é único, e uma das principais questões é identificar as diferenças e

saber como tratá-las de forma eficaz” (WATT, 2004, p.17)

Certificando-se que os eventos são ocasiões de extrema relevância e

influência para as pessoas em questão de experiência e sociabilidade, é fundamental

classificar os tipos e seus públicos junto a suas peculiaridades. Matias (2001, p. 62-

63) classifica-os em fechados: onde é determinada a situação específica e definido o

público-alvo, o qual é convocado e/ou convidado a participar; e abertos: oferecidos a

um público, podendo ainda ser dividido em eventos abertos por adesão e eventos

abertos em geral. Havendo também a possibilidade de a ocasião ser mesclada, aberta

e fechada ao mesmo tempo, como é o caso do evento abordado neste estudo.

Page 17: Estudo de caso de ações de marketing de patrocinadores do

16

● Conferência: Uma exposição de palestrantes de excelente nível intelectual

sobre um tema em comum. Pode caracterizar-se também pela constituição de

uma mesa central composta por convidados e um presidente que coordena os

trabalhos. Possui caráter formal.

● Congresso: Busca realizar debates com temas específicos e atuais, mas os

temas podem ser diferenciados. Costumam possuir duração prolongada de

mais de três a cinco dias, com grandes proporções e um número expressivo

de patrocinadores.

● Convenção: Um encontro, reunião ou assembleia. Possui pouca periodicidade

(no máximo uma ou duas vezes ao ano), e os participantes buscam interagir

entre si. Também consta como convenção, atividades de lazer e distribuição

de prêmios e brindes.

● Feira e Exposição: Geralmente de grande porte, são eventos que buscam

reunir empreendedores e comerciantes com um grande número de pessoas,

que por sua vez, podem encontrar vários comércios de um específico tema em

um só lugar. Também pode ser usado os termos “mostra” ou “salão”.

● Fórum: Busca expor, apresentar e discutir um tema específico da atualidade,

conduzido por um orador especialista no assunto.

● Mesa Redonda: Busca discutir um tema específico (da atualidade ou não) com

um público pequeno, a fim de estabelecer opiniões como base para um

relatório.

● Palestra: Semelhante a conferência, mas com um caráter mais simples,

direcionado a um público de tamanho moderado.

● Roda de negócios/encontro empresarial: Com um apelo menos formal,

busca reunir empresários e empreendedores para trocar informações e

contatos em suas áreas correlatas.

● Seminário: Uma apresentação sobre um tema específico.

● Simpósio: Semelhante a mesa-redonda, porém com um número maior de

participantes.

Page 18: Estudo de caso de ações de marketing de patrocinadores do

17

● Workshop: Nome de origem inglesa para denominar oficina ou laboratório,

onde busca propiciar aos participantes a prática aliada à teoria, conduzido por

um profissional especializado.

2.2 EVENTOS: ASPECTOS ECONÔMICOS, SOCIAIS E

MERCADOLÓGICOS

A ABEOC Brasil (Associação Brasileira de Empresas de Eventos) e o Serviço

Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) realizaram uma

pesquisa com 60 mil empresas, no ano de 2013, publicada no II Dimensionamento

Econômico da Indústria de Eventos do Brasil, que apontou um faturamento de R$

209,2 bilhões e um crescimento de 14% ao ano no setor. Além disso, 7,5 milhões de

empregos foram gerados naquele ano direta e indiretamente, com cerca de 590.000

(quinhentos e noventa mil) eventos espalhados por 7.590 (sete mil quinhentos e

noventa) espaços em todo o país. Segundo a Associação, esses números

representam 4,3% de participação no PIB nacional.

Apesar desses impressionantes números de 2013, o crescimento continuou

progrediu após os grandes eventos mundiais, como a Copa do Mundo FIFA de 2014

e as Olimpíadas de 2016, e eles foram os marcos para que o mercado de eventos no

Brasil quebrasse as barreiras da crise econômica e continuasse em expansão no

país.

Segundo pesquisa do Instituto Data Popular e a Associação Brasileira de

Eventos Sociais (ABRAFESTA), o segmento de casamentos, por exemplo, obteve um

crescimento de 25% em 2016, e no ano seguinte (2017) cresceu mais 6,7% em

relação ao mesmo período de 2016 (dados do Boletim do Ministério do Turismo). Em

2019, ano presente, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), afirmou

em dados que o segmento de eventos cresceu cerca de 14%, apesar da retração

econômica apontada pelo comércio, consumidores e governo.

O estado líder em eventos no Brasil é São Paulo, com mais de 800 feiras,

congressos, exposições, eventos esportivos, GP de Fórmula 1 e mega shows anuais.

Essa informação pode ser interpretada pelo estado paulista ser o mais populoso do

país, cerca de 12,18 milhões de pessoas (segundo IBGE), também por causa do

Page 19: Estudo de caso de ações de marketing de patrocinadores do

18

maior volume de movimentação financeira na região, principalmente nos setores de

hotelaria, serviços e infraestrutura. Não é por menos que a Campus Party Brasil

possui sua sede e seu evento principal ocorrendo em São Paulo, apesar de sempre

levar versões menores do acontecimento para outros estados.

Em relação a divulgação e promoção desses eventos, a pesquisa da ABEOC

Brasil também conseguiu identificar que a internet definitivamente substitui os canais

tradicionais para a promoção dos acontecimentos, principalmente os sites e

hospedeiros de vendas de ingressos e credenciamento. Segundo o relatório da

pesquisa, os sites representam 84,4% das ferramentas utilizadas para aproximar o

público das informações do evento, seguido pelas redes sociais (66,6%) e o e-mail

marketing (46,6%).

Com esses expressivos números, podemos apontar que o mercado de eventos

costuma movimentar consideravelmente a economia e os ciclos sociais onde estão

inseridos. E não é por menos que as marcas começaram a ficar de olho nessa

preciosa ferramenta de aglomeração de pessoas em um único local, e partem a

investir e apoiar os acontecimentos para atingir diretamente o público desejado.

2.3 PROMOÇÃO DE EVENTOS COMO ESTRATÉGIA DE COMUNICAÇÃO

Segundo Kotler e Keller (2008), desenvolver estratégias de planejamento para

encorajar o marketing e os negócios é uma tarefa que exige disciplina e flexibilidade.

Os autores afirmam que as empresas precisam encontrar novas maneiras de

aprimorar as ideias, sem sair do foco pré-estabelecido, procurando sempre saciar as

necessidades e desejos de seus clientes e lhes fornecer algum tipo de valor, seja ele

material ou intelectual.

O marketing está por toda parte. Formal ou Informalmente, pessoas e

organizações envolvem-se em um grande número de atividades que

podem ser chamadas de marketing. O bom Marketing tem se tornado

um ingrediente cada vez mais indispensável para o sucesso nos

negócios. E o marketing agfeta profundamente nossa vida cotidiana.

Ele está em tudo o que fazemos - das roupas que vestimos aos sites

em que clicamos, passando pelos anúncios que vemos. (...) O bom

marketing não é acidental. Ele resulta de planejamento e execução

cuidadosos. Em quase todos os setores, as práticas de marketing

Page 20: Estudo de caso de ações de marketing de patrocinadores do

19

estão sendo continuamente refinadas e reformuladas para aumentar

as chances de sucesso. (KOTLER; KELLER, 2008, p.2)

Dessa forma, podemos concluir que o marketing está para garantir às

empresas melhores soluções de visibilidade e venda de forma cada vez mais

inovadora e diferenciada. E a American Marketing Association (KOTLER; KELLER,

2008, p.4 apud AMERICAN MARKETING ASSOCIATION, 2004) acredita que os

processos do Marketing devem entregar um valor ao cliente, de modo que isso

beneficie a organização e sua imagem.

Ter parceiros que proporcionem esse tipo de interatividade no decorrer de sua

realização, agrega valor tanto ao evento em si, quanto à empresa que se sai de seu

ponto de venda original para ir até o cliente com uma proposta diferenciada. Os

eventos detêm de patrocínios e apoiadores para publicitar seus acontecimentos, em

lógica, estes buscam obter resultados de retorno para suas empresas. E para isso, a

avaliação é uma parte indispensável do processo de promoção de um evento e de

patrocínio, a fim de buscar medir o nível de satisfação do participante e de quanto de

retorno a empresa pode esperar para suas vendas.

Não é à toa que os eventos tenham crescido no mercado, como podemos ver

no tópico anterior, que apontou um crescimento de 14% no setor apesar da crise

econômica que o país enfrenta, e que as empresas tenham visto esses investimentos

como uma poderosa ferramenta de marketing, e após comprovarem resultados,

tendem a se tornar fiéis neste segmento.

Page 21: Estudo de caso de ações de marketing de patrocinadores do

20

3 PATROCÍNIOS

3.1 CONCEITOS E DEFINIÇÕES

Hoje em dia é muito mais difícil conseguir fidelizar clientes apenas baseando-

se no preço e na qualidade, devido a enxurrada de publicidades de concorrentes,

“esgotando” o consumidor com muita informação e muita opção para um mesmo

serviço/produto. Por isso as marcas precisam de uma comunicação mais institucional

e mais próxima do consumidor final, interligando o serviço que pode ser oferecido

com a informação mais clara e interessante para o indivíduo. As empresas

necessitam se renovar e ir buscar o cliente onde ele se encontra, em ambientes de

acordo com as preferências dele.

Mara Regina Thomazi (2012, p. 02) vem para definir o patrocínio como uma

forma de “captar a atenção do consumidor em um local diferente do convencional.”,

onde a marca sai do seu ponto de venda e vai até o indivíduo em seu momento de

lazer. E por esse motivo, o patrocínio se encaixa como uma ferramenta da publicidade

não convencional, pois é realizada em um local não natural da empresa.

O patrocínio é, portanto, uma forma do agente patrocinado e a instituição

patrocinadora estabelecerem uma relação mútua de benefícios, seja ele monetário

ou não. E com isso pode-se afirmar que o patrocínio é considerado um investimento

em marketing e publicidade, por não se obter um retorno financeiro imediato e por

buscar estabelecer uma posição, uma imagem entre a marca e o produto e serviço

oferecido pelo patrocinado através de diversas estratégias que encontre os interesses

de ambos os públicos envolvidos. Neto (2013) ainda diz que o valor entregue pelo

patrocinador pode ser mais marcante do que a publicidade convencional:

“Ao contrário da propaganda convencional, o patrocínio [...] seu

impacto na mente do consumidor é mais forte, pois ele é parte do

entretenimento do consumidor”. (NETO, 2003, p. 99).

Apesar de que, o retorno obtido por meio de patrocínios pode ser imensurável,

se feito de forma eficiente. Uma pesquisa3 divulgada em 2018 por uma consultora

global de estratégias de patrocínios, a IEG Sponsorship Reports, informou que o

3 Pesquisa divulgada através do portal da IEG Sponsorship Reports disponível no link:

<http://www.sponsorship.com/IEG/files/f3/f3cfac41-2983-49be-8df6-3546345e27de.pdf>

Page 22: Estudo de caso de ações de marketing de patrocinadores do

21

índice de relevância e o que as empresas esperam ao contratar qualquer tipo de

parceria publicitária é a responsabilidade social, a visibilidade, o reforço de imagem e

a estimulação das vendas conforme vemos na tabela 1.

Tabela 1 - Tradução do quadro de respostas da pergunta: “How important are these objectives when evaluating properties?” da pesquisa da IEG Sponsorship Decision-Makers Survey

QUÃO IMPORTANTE É O OBJETIVO DO PATROCÍNIO? PERCENTUAL

Criar consciência e visibilidade 50%

Aumentar a lealdade da marca 46%

Mudar/reforçar a imagem/marca 46%

Entreter os clientes/prospectar 33%

Estimular vendas/testes/uso 30%

Obter/desenvolver conteúdo para usar nas mídias digitais ou outras mídias

29%

Vitrine comunitária/responsabilidade social 29%

Capturar dados e gerar contatos 28%

Vender produtos/serviços 26%

Acessar plataforma para marca experimental 22%

(Fonte: IEG 2017 Sponsorship Decision-Makers Survey. Traduzido pela autora)

Como podemos observar na tabela 1, o retorno esperado pelas empresas que

contempla o patrocínio como uma forma de investimento que visa criar consciência e

dar visibilidade à marca.

Page 23: Estudo de caso de ações de marketing de patrocinadores do

22

3.2 TIPOS DE PATROCÍNIOS

Mas para entendermos melhor como o evento Campus Party se encaixa,

precisamos primeiro elencar os tipos de patrocínios existentes, onde é possível

investir separadamente ou ao mesmo tempo. Apesar de Neto (2003) afirmar que o

“patrocínio de eventos” não pode ser classificado separadamente, por possuir um

significado muito amplo, ele divide os patrocínios em quatro categorias e afirma que

os eventos podem se encaixar em qualquer uma delas. Por outro lado, Shimp (2002)

divide a estratégia em apenas dois grupos: patrocínios de eventos e os relacionados

a causas. Mas para esse trabalho, iremos usar as terminologias utilizadas por

Thomazi (2012) para elencar cinco tipos de patrocínios:

Patrocínio cultural: tendo como foco a cultura, essa modalidade possui o

objetivo de se fazer presente em um momento de lazer do consumidor, e para isso é

necessário atentar-se a um bom planejamento de estratégias, para que o processo

não se dê por inválido, pois os momentos de lazer são os quais o público menos

deseja ser atingido por publicidades. Alguns autores afirmam que o patrocínio cultural

é uma forma da empresa se comunicar por associação, a fim de agregar valores como

qualidade, inovação, tradição, compromisso, etc.

O patrocínio cultural oferece entretenimento e lazer para as pessoas,

e além de transmitir valores e conceitos de beleza, também desperta

sensibilidade e diversas emoções. E se “a cultura é o bem mais

precioso de um povo” e o público neste momento está feliz e

despreocupado, pode-se aproveitar para lhe oferecer uma marca

nova, um produto bom ou um serviço de qualidade. (THOMAZI, 2012,

p.4)

Um bom evento cultural pode trazer resultados muito proveitosos para a

empresa por se aproveitar de um momento de descontração e de bom humor, como

fortalecimento da marca, posicionamento, promoção, ampliação do público e

simpatia.

Patrocínio social: Semelhante ao patrocínio cultural que conquista o público

pelo gosto às artes, o patrocínio social parte como uma alternativa às empresas que

desejam engajar ainda mais com um nicho específico de público, agregando valores

sociais à sua marca. Patrocinar causas sociais é uma ação que indica práticas do

bem pela empresa, que são muito bem vistas pela sociedade, principalmente na era

Page 24: Estudo de caso de ações de marketing de patrocinadores do

23

em que as minorias estão conseguindo se posicionar ainda mais com suas exigências

econômicas.

Nesse caso, é necessário que haja uma aliança entre as instituições que se

envolvem, uma parceria entre a empresa e uma entidade para o benefício não apenas

de ambas, mas de uma comunidade envolvida. Neto (2003) afirma que o maior

benefício para a empresa no patrocínio social é o reconhecimento e a credibilidade,

mas é importante que a patrocinadora aja de acordo com a ideologia que deseja

passar, para não causar a quebra de expectativa do público e nem mesmo a

decepção ocasionada pelo fingimento de preceitos.

Patrocínio esportivo: não é de hoje que o esporte é visto não mais apenas

como uma prática de exercícios, e sim um grande negócio multimilionário que envolve

milhões de pessoas entre atletas, técnicos esportivos, torcedores, telespectadores e

patrocinadores. Além de mexer com a emoção e a diversão dos envolvidos, os

esportes podem ser fonte de muito lucro para empresas, o governo e a mídia.

Aproveitando-se de um momento de lazer, alegria e descontração do consumidor no

momento de desporte, o marketing esportivo é uma forma de investir com finalidade

de incrementar as vendas, promoção, melhorar a imagem e a simpatia do público,

como diz POIT (2006, p.54):

Marketing esportivo é um dos segmentos do marketing tradicional que

se utiliza do desporto como meio de agregar, fortalecer, construir,

ampliar e preservar a imagem de uma instituição, personalidade,

marca ou produto [...] trata o esporte como um produto e este produto

[...] tem demonstrado uma indiscutível vocação comercial.

Nike, Adidas, Puma, Coca-Cola, Gillette, emissoras de TV, bandeiras de cartão

de crédito, bancos, linhas aéreas, linhas de supermercados e de automóveis são

apenas algumas das grandes empresas adeptas ao patrocínio esportivo. Os locais

onde podemos encontrar a marca são inúmeros, desde a logomarca no uniforme do

atleta, a comerciais de TV estrelando famosos esportistas, painéis, acessórios,

equipamentos, e nos próprios estádios e locais de esporte. “Quando o atleta, o clube

ou equipe são vitoriosos, a marca também é vitoriosa” (THOMAZI, 2012, p.9), e isso

é gerado pela associação do esforço esportivo à felicidade gerada ao torcedor que

associa a marca como incentivadora da vitória.

Page 25: Estudo de caso de ações de marketing de patrocinadores do

24

Patrocínio relacionado a causas: alguns autores podem discordar sobre os

termos patrocínio social e patrocínio relacionado a causas, mas enquanto o primeiro

“envolve uma empresa patrocinando a ação social em si, o segundo acontece quando

uma empresa reserva parte da verba arrecadada com a venda de algum produto ou

serviço, para uma entidade assistencial” (THOMAZI, 2012, p.6). As associações que

se fazem são as mesmas, mas neste caso, o consumidor se vê como parte da ação,

pois apenas se ele consumir o produto essa verba será direcionada a alguma causa

social. Essa estratégia pode ser muito bem vista entre os compradores de uma

empresa, pois quando uma marca se envolve e se compromete em ajudar uma causa,

ao invés de lucrar, tende a ganhar mais a simpatia dos consumidores.

[...] é provável que a associação entre uma marca e uma boa causa

influencie os consumidores, levando-os a preferir aquele determinado

produto ou serviço, e não o de seus concorrentes, considerando-se

que todos os outros fatores sejam semelhantes. (PRINGLE, 2000, p.

112).

Patrocínio relacionado ao meio ambiente: a onda do politicamente correto

partiu com as causas relacionadas ao meio ambiente, pois o mundo inteiro vive um

momento onde esse assunto seja não apenas falado, mas também demonstrado, já

nos anos 1970 esse assunto já era comentado, WEBSTER (1978, p. 82 e 83), fala

que “os produtos devem, primeiramente, ser aceitáveis em termos das consequências

ambientais, para depois ter como prioridade a questão social”. Portanto, as empresas

estão em busca de direcionar a comunicação para que que sua contribuição ao

planeta seja bem vista e publicizada, com produtos ecologicamente corretos, redução

de lixo e minimizando os efeitos que podem contribuir para a decadência do meio

ambiente. O patrocínio neste sentido se relaciona de maneira que as empresas se

relacionam nesses projetos e, ao mesmo tempo, as traga retorno de marca. Um bom

exemplo a ser verificado neste tópico é o caso do Instituto Neoenergia - Cosern,

patrocinadora recorrente do evento cultural EcoPraça Sustentabilidade, projeto que

visa à reativação dos espaços públicos por meio de ações de cidadania,

sustentabilidade e valorização da cultura e do meio ambiente nas principais cidades

do estado do Rio Grande do Norte.

Page 26: Estudo de caso de ações de marketing de patrocinadores do

25

Novamente, esse tópico não deixa de ser uma causa social, apesar de ser

direcionada a preservação do meio ambiente, e não de inclusão de pessoas em

estado de vulnerabilidade. Os próprios consumidores estão mais engajados com a

procedência dos produtos que consomem, desejando serviços que não degradam a

natureza, ainda como uma forma de fazerem sua parte com o planeta, não restando

brechas para as marcas se alinharem com esse pensamento.

E é desse ponto que podemos observar como as marcas necessitam atrelar

seus nomes a eventos que possuam significados no subconsciente do indivíduo. Por

meio da associação direta com uma determinada ação comunitária, esportiva, social

ou cultural. Essas pequenas ligações agregam à comunicação uma forma espontânea

de personalidade vinculada a um valor.

3.3 PATROCÍNIOS COMO ESTRATÉGIA DE COMUNICAÇÃO

O foco principal do patrocínio é que os empreendimentos consigam arrecadar

fundos em troca de algum serviço, seja ele de cunho publicitário ou permuta. A Figura

1 exemplifica como essa troca pode ocorrer entre o patrocinador e o projeto

incentivado:

Figura 1 - Quadro ilustrativo da troca de serviço entre Patrocinador e Patrocinado

(Fonte: Guia Brasileiro de Produção Cultural 2010-2011 - Cristiane Olivieri; Edson Natale, p 211)

Neto (2003), ainda elencou os principais objetivos, motivos, benefícios e

retorno para uma empresa de acordo com os tipos de patrocínios vistos no tópico

anterior:

Page 27: Estudo de caso de ações de marketing de patrocinadores do

26

Tabela 2 - Objetivos, Motivos e Benefícios versus tipos de patrocínios

(Fonte: Francisco Paulo de Melo Neto (2003) apud Zan 2011 p.133)

Dessa forma, podemos perceber que essas ações possuem um fim

determinado. Já que envolve capital, as empresas buscam, na maioria das vezes,

promover um retorno de mídia, institucional ou de vendas. Uma das maiores

vantagens do patrocínio é a possibilidade de segmentação do público-alvo com maior

precisão, pois a marca estará buscando possibilidades de parcerias com os

eventos/projetos que o perfil melhor se adeque ao seu consumidor, evitando um maior

desperdício de fundos publicitários a quem não se enquadra no perfil de comprador.

Também como vantagem, a maior proximidade com o cliente, pelo fato da marca ir

até ele, e portanto, fala e ouve diretamente o que deseja, podendo atingir de forma

mais precisa às expectativas de seus públicos, ou até mesmo ter o feedback para que

possa melhorar seus processos de venda/produção.

Algumas grandes companhias possuem departamentos próprios para lidar

apenas com eventos, de cunho institucional ou para ações de vendas específicas. A

empresa de telefonia Oi, por exemplo, afirma utilizar vários sistemas que cruzam os

Page 28: Estudo de caso de ações de marketing de patrocinadores do

27

investimentos e o retorno obtido em cada local4. O Banco do Nordeste também é outra

grande empresa que patrocina ações que estejam relacionadas ao desenvolvimento

econômico do país5, como forma de reforçar seus serviços nas atividades de espaços

comuns, como feiras agropecuárias, encontros de negócios, etc.

A empresa Oi e o Banco do Nordeste podem ter seus públicos-alvo e

abrangências diferentes, mas ambas assemelham-se no que diz respeito às ações

de comunicação nos eventos, com a utilização de folders, promotores, sites

específicos e institucionais, e acreditam na “experiência da marca junto ao

consumidor como definitiva para efetivação da compra do produto ou serviço”

(BEZERRA, 2001, p.19)

Sabemos que os anunciantes procuram estar onde seu público está, e ainda

procurar falar a mesma língua que eles. Por isso é importante enfatizar que o

patrocinador, ao se inserir no ambiente do eventual acontecimento, precisa estar

situado no que diz respeito ao ecossistema do espaço, de forma ideológica e

evidente. Sua linguagem precisa revelar, “além da mensagem, as intenções, as

imagens construídas e os estereótipos que se perpetuam, nesse caso, na relação

ideológica entre ciência e contexto comercial.” (GONÇALVES, 2007, p. 3)

4 Informação prestada pelo Sr. Rafael Lopes, Analista de Marketing, disponível na bibliografia de

BEZERRA, 2001, p.13.

5 Informação prestada pela Sra. Lindalva Silva, Assistente de Comunicação. Disponível na bibliografia

de BEZERRA, 2011, p.13.

Page 29: Estudo de caso de ações de marketing de patrocinadores do

28

4 PRODUÇÃO DE CONTEÚDO

4.1 CONCEITOS E DEFINIÇÕES

O vínculo digital criado pelas companhias com as pessoas, no final da primeira

década do século XXI, abriu um leque de possibilidades para uma nova forma de

consumo da sociedade. A busca pelo prazer, pela realização, entretenimento e outros

atributos pessoais, vai além do preço e da qualidade do produto, e é nesse sentido

que a produção de conteúdos se torna imprescindível enquanto ferramenta de

trabalho para o mercado da comunicação, conforme afirmam Lindon, Lendrevie, Lévy,

Dlonísio & Rodrigues (2004):

O conteúdo de comunicação apresentado aos utilizadores pode e

deve ter características inovadoras face aos outros media, tornando-

a direta, individualizada e bidirecional. As funcionalidades da internet

possibilitam o desenvolvimento de conteúdo específicos e interativos

que constituem a chave para aumentar a satisfação dos clientes e,

consequentemente, a sua fidelização.

Entretanto, a tarefa de produzir conteúdo não é simples, com um público cada

vez mais exigente no que diz respeito à informação e a entretenimento, o conteúdo

precisa também “provocar engajamento com os utilizadores para que se crie

notoriedade e a marca seja bem-sucedida, alcançando resultados de vendas.”

(Oliveira, 2017, p.24).

Pelo lado do produtor, a depender do negócio, segundo Oliveira (2017) pode

ser um pouco mais desafiador no que diz respeito a criação de conteúdo, mas não é

impossível que as marcas saiam de sua produção convencional para pensar em

coisas novas para os seus clientes, entretanto, uma empresa que possui mais

liberdade criativa, sobretudo, que seja dedicada a cultura, possui a tendência de

produzir materiais mais diferenciados do que àquela um pouco mais tradicional e

institucional que não possua a liberdade para ir tão além do que já corriqueiramente

faz.

Órgãos governamentais são exemplos nítidos de instituições que possuem

dificuldades de sair de suas caixas para gerar uma maior proximidade com seu

público. O cliente, por outro lado, principalmente os mais jovens e mais saturados

Page 30: Estudo de caso de ações de marketing de patrocinadores do

29

com a quantidade de informações que recebem, querem novidades e diferenciais no

que pode agregá-los valor a suas vidas pessoais.

É notável, porém, que dificilmente vemos empresas voltadas a disseminar o

conteúdo científico como modo de se aproximar da audiência. Entretanto, o que pôde

ser observado neste estudo foi um esforço para a criação e dissolução de problemas

científicos como forma de abranger um público seleto que está disposto a produzir e

compartilhar desta informação, para, além de contribuir com a ciência, também

consumir, de forma consciente, um mercado disposto a passar a mensagem

publicitária de forma científica.

4.2 CARACTERÍSTICAS DA PRODUÇÃO DE CONTEÚDO

Oliveira (2017, p.24) irá afirmar que “quanto mais apelativo o conteúdo for,

mais atenção irá captar e gerar na comunidade, o que só traz vantagens para uma

marca ou empresa”, porém, esse conteúdo não é feito de um modo aleatório, são

necessários estudos e planejamento para que a produção contenha o mínimo de

erros possível.

A relação de confiança e a fidelização com o cliente é um dos principais

objetivos de qualquer marca. A internet, sendo o universo plural e democrático que é,

possibilita essa relação por meio das plataformas digitais. Oliveira (2017) elenca as

principais características para conquistar e engajar o público de forma efetiva no meio

digital, mas os itens expostos aqui foram modificados para que se encaixem no tema

abordado de patrocínios e eventos:

● Conhecer o público: O meio digital abriu bastante a discussão sobre a

segmentação de públicos entre classes, faixa etária, localidade, etc. A

facilidade que os patrocinadores podem desfrutar é da oportunidade de

se fazer presente onde o seu público específico vai frequentar.

Raramente vê-se eventos com públicos de nichos muito diferentes, as

pessoas costumam frequentar lugares em que se sentem reconhecidas

e integradas, com semelhantes, e isso facilita a vida do marketing que

pensará em estratégias específicas para aquela determinada situação,

espaço e sociedade. Cabe aos organizadores do evento, por

Page 31: Estudo de caso de ações de marketing de patrocinadores do

30

consequência, segmentar, registrar e documentar o público que

frequentará suas instalações a fim de orientar os patrocinadores e obter

maior precisão de informações.

● Se fazer presente: Aqui podemos concordar com o ditado popular “quem

não é visto, não é lembrado”, pois se fazer presente é um dos

investimentos que mais se obtém retorno de forma efetiva, pois a

repetição na mente do usuário é maior e por conseguinte, mais

lembrado.

● Utilizar o Storytelling6: Trata-se de adaptar o conteúdo que a marca tem

a oferecer para contar uma história que possa entreter ou inserir o

cliente nela. A narrativa, porém, precisa ser interessante e criativa o

suficiente para que prenda atenção pelo máximo de tempo possível e

que possua distinção de outras instituições, assim como um

aproximamento com o usuário.

● Manter a coerência: O pior que uma marca pode fazer para que as

pessoas se distanciem dela, é perder a coerência e quebrar a

expectativa do cliente. “É imprescindível criar uma fórmula e uma

estrutura coerente. Assim, permite criar um padrão que será facilmente

identificável por parte da comunidade, o que cria proximidade e

confiança com a marca.” (Oliveira 2017, p. 26).

● Ter qualidade: Além do diferencial, o conteúdo apresentado pela marca

precisa ser verídico e de credibilidade, se for falso, as pessoas

descobrem rapidamente e gera uma falta de confiança.

● Aplicar temas relacionáveis: O conteúdo apresentado precisa estar

coerente com o ambiente e a situação. Se a marca se insere em um

evento voltado a assuntos de tecnologia, internet e inovação, não

6 Termo inglês. “Story” significa história e “telling”, contar. Mais que uma mera narrativa, Storytelling é

a arte de contar histórias usando técnicas inspiradas em roteiristas e escritores para transmitir uma mensagem de forma inesquecível. (VIEIRA, Dimitri. Rock Content. 2019. Disponível em: < https://comunidade.rockcontent.com/storytelling/> Acessado em 04 de novembro de 2019.

Page 32: Estudo de caso de ações de marketing de patrocinadores do

31

podem fugir desse tema, ou pelo menos devem associá-los de alguma

forma.

● O fator novidade: Nem sempre é possível levar algo novo e

impressionante, mas se feito ou visto com um olhar diferente, já se torna

uma atração muito mais interessante do que os que costumam sempre

levar a mesma coisa. Não apenas aos jovens, mas todas as idades

buscam sempre fugir da mesmice enquanto espectadores, e o primeiro

a fazer é sempre o que será mais lembrado.

● Produzir relevância: Como citado no tópico anterior, as pessoas

procuram assuntos que agreguem valor e sentido a suas vidas. O

conteúdo, além de criativo, precisa agregar algum sentimento

importante para as pessoas, algo significativo e que associe-se com

relevância.

● Oferecer exclusividade: Pode parecer contraditório buscar sempre

atingir o maior número de pessoas possível e ao mesmo tempo restringir

esse acesso, mas funciona. Assim pode-se fornecer um conteúdo de

maior qualidade em troca de informações primordiais para a empresa,

como um contato, fazendo o indivíduo se sentir importante e bem

tratado, afinando ainda mais a relação consumidor-marca.

● Elementos visuais: A semiótica prova que os símbolos e as imagens são

imprescindíveis para se obter sentidos que venham a denotar

positividade de acordo com a marca. O conteúdo pode ser bom, mas

ele precisa encantar aos olhos também.

No caso dos eventos, essas estratégias precisam ser voltadas para um público

específico: o que está comparecendo o evento. Então seja em forma de anúncio antes

da palestra, estande, banners, panfletos, marca em material gráfico, influenciadores,

momento patrocinador, etc., as marcas necessitam se atentar aos diversos fatores

que irão engajar os indivíduos e chamar atenção dos que compareceram ao evento,

sem roubar o foco do acontecimento principal.

Page 33: Estudo de caso de ações de marketing de patrocinadores do

32

4.3 PRODUÇÃO DE CONTEÚDO DA INFORMAÇÃO COMO ESTRATÉGIA

DE COMUNICAÇÃO

É possível crer que estamos vivenciando uma época inovadora no sentido da

novidade, do nunca feito antes. Impulsionados por uma dinâmica diferente do tempo

que aparenta mover mais rápido do que o usual. E essa era da tecnologia móvel e

veloz passou a integrar as vidas dos grandes centros urbanos. Os obstáculos

geográficos, temporais e materiais que bloqueavam as trocas de informações

praticamente se extinguiram com as alterações trazidas pela internet e seus meios, e

com ela, os modos de viver e de se relacionar (SANTAELLA, 2007). Com isso,

também passamos a ter um papel mais participativo do que interativo nas relações

de trocas e recebimentos da informação.

O homem, a linguagem e a comunicação foram transformadas. Passando a

ficar mais atentos à sua volta e ao que influencia o mundo em que vive. Guareschi e

Galante (2009, p. 2-3) descrevem bem essa mudança:

Em qualquer civilização, as formas simbólicas assumem um papel

fundamental à medida que a linguagem se desenvolve. A

comunicação torna-se então a relação básica para essas trocas

simbólicas. Atualmente, com o advento tecnológico, seu papel passa

a ser cada vez mais central e importante. Houve um tempo em que a

produtividade estava ligada à terra, depois à indústria. Hoje, o

desenvolvimento está diretamente ligado à informação.

Logo, essa informação passa a ser um pilar indispensável para o

desenvolvimento humano. A informação ajuda a “construir” o conhecimento científico

e, portanto, auxilia no crescimento intelectual do homem, a tornando uma vantagem

competitiva. E é por meio da utilização da informação que o indivíduo consegue

selecionar a melhor e mais adequada informação para a solução de um problema

anteriormente formulado, auxiliando também na racionalização da tomada de

decisões de determinadas situações.

Ferreira (2014), afirma que a ciência e a sociedade são beneficiadas

mutuamente, a primeira por estar sempre em avanço e evolução, em busca de

melhorias, e a segunda por necessitar dessas tecnologias para agilizar e melhorar

aspectos da vivência humana. Dessa forma, a informação adquire uma nova

Page 34: Estudo de caso de ações de marketing de patrocinadores do

33

relevância no novo contexto social em que a sociedade se insere, com trocas de

informações mais complexas e sistemas sociais, culturais e políticas mais abstratos.

Esse desenvolvimento não se limita apenas à vida pessoal do indivíduo, mas

na sua estrutura social, política, cultural e, principalmente, na cadeira produtiva do

cenário capitalista. Os usuários estão ávidos por informação, conteúdo relevante, não

apenas a tradicional publicidade das formas imperativas verbais, e eles utilizam dos

meios online como ferramenta de busca para alcançar dados e conteúdos que

necessitam ou que façam diferença em seu dia a dia. Isso pode ser comprovado com

o site mais acessado no mundo ser um buscador de informações: o Google, que

também é um dos maiores anunciantes e hospedeiro de publicidade online

atualmente (MONTEIRO, 2006).

Com isso dito, podemos observar que a informação e o conhecimento científico

não são apenas instituições corriqueiras de nossas vidas, elas são fundamentais para

gerir a escolha de decisões que regem os seres humanos. As empresas, por sua vez,

ao perceber esse fato, estimulam a produção de conteúdo por meio de engajamentos

que façam o público interagir, absorver, criar e, ao mesmo tempo, adquirir consciência

e visibilidade da marca.

Exemplos podem ser percebidos na empresa de cosméticos Sallve, que aposta

em uma comunicação de informação e de conteúdo para engajar seus seguidores

nas mídias sociais a obterem o melhor conhecimento sobre o produto que possam vir

a consumir. A Sallve vende cosméticos para a pele e chama pessoas reais para

compartilhar suas opiniões sobre os benefícios, malefícios, rotinas, ingredientes e

processos do artigo.

Assim como Witold Świeczak (2012, p. 133) afirma: “conteúdo é o que os

usuários querem ler, aprender, assistir ou experienciar.”, pois a maioria dos clientes,

hoje, vivem nessa era da informação, onde são inundados por mensagens

publicitárias - mais de 2.900 por dia. Portanto o Marketing de Conteúdo apresenta ao

mercado uma maneira de criar valor, econômico e intelectual, mas com um grau de

relevância, a fim de atrair, adquirir e engajar a audiência.

Page 35: Estudo de caso de ações de marketing de patrocinadores do

34

5 O EVENTO CAMPUS PARTY: ESTUDO DE CASO DE PATROCINADORES

5.1 CAMPUS PARTY BRASIL

A Campus Party Brasil se reconhece como “A maior experiência tecnológica

do mundo que une jovens geeks em torno de um festival de Inovação, Criatividade,

Ciências, Empreendedorismo e Universo Digital”7. E realmente podemos afirmar que

o evento trata de um dos principais acontecimentos de tecnologia realizado

atualmente no país, onde temas de inovação tecnológica são tratados em uma

imersão de conteúdos de palestras, workshops e oficinas, em 5 dias corridos.

Sua origem surgiu na Espanha, fundada pelo visionário Paco Ragageles, que

produziu o primeiro evento em 1997. Após seu primeiro sucesso, estendeu-se por

países como Brasil, Colômbia, México, Venezuela, Equador, Chile, Itália e Estados

Unidos. No Brasil, sua primeira edição ocorreu em 2008, em São Paulo, ocorrendo

anualmente até a data presente, mas também já realizou edições em Recife, Brasília,

Belo Horizonte, Goiás, Pato Branco, Natal, Salvador e Porto Velho. Hoje, a Campus

Party é considerada um dos maiores eventos de inovação, ciência, criatividade e

entretenimento digital do mundo.

O evento é promovido pelo Instituto Campus Party, uma associação civil sem

fins lucrativos fundada em 2009, que possui como objetivo incentivar e promover

atividades e projetos nas áreas culturais, educacionais, de inclusão digital e do

desenvolvimento tecnológico e econômico. Ao longo de seu acontecimento, são

ministrados palestras, debates, oficinas, workshops e competições sobre tecnologia

em 5 dias de duração (sendo de 3 a 4 dias nas edições que ocorrem fora de São

Paulo), com mais de 900h de conteúdo, onde se transforma em um ponto de encontro

das mais importantes comunidades digitais do país. Um verdadeiro ecossistema onde

seus frequentadores conseguem interagir, compartilhar, produzir e acompanhar a

fomentação das novas tecnologias.

Em sua última edição, fevereiro de 2019, contou com 12 mil campuseiros8,

sendo 8 mil acampados e mais 130 mil visitantes, com 900 palestrantes, 40

7 Disponível em < https://brasil.campus-party.org/cpbr/sobre-nos/ > Acessado em 09/10/2019.

8 Apelido para os participantes do evento.

Page 36: Estudo de caso de ações de marketing de patrocinadores do

35

universidades e mais de mil horas de palestras e atividades em seus palcos.

Praticamente um mar seleto e bem segmentado para as 114 empresas

patrocinadoras diretas do evento. Patrocinadoras essas que não podiam se contentar

em apenas ter seu nome associado ao acontecimento, mas que precisavam interagir,

criar conteúdo e disseminar a inovação entre os participantes.

No âmbito comunicacional, a Campus Party traz não apenas boas

oportunidades para visualização das marcas, mas também novas maneiras de se

patrocinar eventos e aproveitar da segmentação concentrada no local. Com isso dito,

a Campus Party, mais do que apresentar atrativos para amantes da tecnologia, busca

incentivar e fomentar o conhecimento inovador e a produção de novas formas de se

fazer ciência.

Algumas curiosidades sobre a Campus Party que a torna tão interessante é o

fato que ela ocorre por 24 horas sem parar, não há momento, entre a abertura e o

encerramento, que ela fecha as portas. Os participantes podem acampar, tomar

banho, se alimentar e socializar tudo dentro do espaço do evento. Para isso, eles

requerem de uma política de segurança rigorosa e minuciosa para manter a ordem.

As palestras também ocorrem em horários não muito comuns, como madrugada e ao

amanhecer, isso tudo para dar conta de preencher todo o conteúdo que tem para

compartilhar com os campuseiros.

A Campus Party é um evento que não sobrevive apenas de patrocinadores,

mas requerem que os participantes paguem uma taxa, por edição, para participar e

ter direito a todos os conteúdos e benefícios exclusivos oferecidos. Entretanto, eles

também trazem uma área aberta ao público, curiosos e pessoas que ainda não

conhecem o evento podem participar de forma gratuita em uma área que mostra um

pouco do que acontece no ambiente interno da Campus Party. Dessa forma, eles

procuram democratizar a informação que circula por dentro do evento, captar novos

participantes, interagir com um público emergente e criar expectativa e curiosidade.

Como forma de abranger amplamente o seu público, a Campus Party busca

facilitar para aqueles que vêm de outras regiões e estados em busca de participar do

evento. As caravanas recebem benefícios por virem de longe, acamparem no evento

e participarem das interações, o que é mais um ponto positivo para os patrocinadores,

que acabam recebendo pessoas de vários lugares do país com interesses em comum

Page 37: Estudo de caso de ações de marketing de patrocinadores do

36

em um só espaço, otimizando assim seus esforços e recursos para atingir esse

público.

5.1.1 Público

Em seu próprio sítio na internet9, a Campus Party Brasil define seu público

como “geeks10, empreendedores, gamers11, cientistas e muitos outros criativos”.

Coerentemente com a descrição de seu perfil, podemos também ter uma base no que

diz respeito aos participantes pela plataforma social do evento: o “www.campuse.ro”.

Atualmente existem 494.449 mil pessoas cadastradas no servidor, sendo mais de

150.000 mil do Brasil12. A ferramenta é utilizada para integração e interface entre os

campuseiros, nos permitindo o acesso à certos perfis de usuários:

● Perfil 1: Vitor, homem, 22 anos, estudante, interessado em

desenvolvimento, jogos, ciência e tecnologia.

● Perfil 2: Anderson, homem, 31 anos, empreendedor, interessado em

software livre, jogos, marketing/redes sociais, robótica e

empreendedorismo.

● Perfil 3: Emanuelle, mulher, 19 anos, estudante, interessada em

astronomia/aeroespacial, criatividade, empreendedorismo, jogos,

robótica e segurança da informação.

● Perfil 4: Gabriel, homem, 20 anos, estudante, interessado em design

multimídia e interfaces.

● Perfil 5: Clóvis, homem, 34 anos, empresário, interessado em

empreendedorismo e startups.

9 https://brasil.campus-party.org/cpbr/sobre-nos/

10 Geek é um sinônimo para “nerd”, e ambas são gírias muito usadas para caracterizar pessoas com

um jeito peculiar, que exercem diversas atividades intelectuais e que geralmente têm muita afinidade com tecnologia, eletrônica, jogos eletrônicos ou de tabuleiro, etc.

11 Do inglês: “Jogadores”, usados para descrever jogadores assíduos de jogos eletrônicos.

12 Disponível em: < www.brasil.campus-party.org/cpbr/sobre-nos/ > Acessado em 17/09/2019

Page 38: Estudo de caso de ações de marketing de patrocinadores do

37

Com base nesses cinco perfis públicos que pudemos extrair do aplicativo

Campuse.ro dos participantes do evento, a primeira afirmação que podemos colocar

é que os homens são a maioria, isso sem dúvida. A segunda é que o público é jovem,

entre os 18 a 35 anos, e os interesses são voltados a área de tecnologia, criatividade,

inovação e entretenimento.

5.1.2 Conteúdos

De acordo com a organização da Campus Party Brasil, seu conteúdo se diverte

em 5 macroáreas: Inovação, Ciência, Cultura, Universo Digital e Empreendedorismo.

Essas áreas estão subdivididas em cinco grandes palcos temáticos espalhados por

duas das três áreas do evento, a Arena e o Open Campus, conforme abaixo.

● Open Campus: Área gratuita do evento. Espaço onde o público pode interagir

com simuladores, drones, estandes de patrocinadores, espaço de criação,

apresentação de empresas StartUps, Educação do Futuro - Espaço

direcionado para crianças e adolescentes interagirem com a ciência,

Roboticampus - espaço com foco em robôs e inteligência artificial, Campus

Jobs - espaço destinado a interação entre empresas e potenciais empregados,

e praça de alimentação.

● Arena: Área paga do evento, onde pode ser encontrado as principais

palestras, Workshops13, Hackathons14, bancadas com internet de alta

velocidade e 3 academias: Gamers (Jogadores), Developers

(Desenvolvedores) e Creators (Criadores).

● Camping: Área também paga do evento. Reservada para as pessoas que

compraram ingresso que dá direito a barracas, duchas, e um espaço de

relaxamento para cuidados com a saúde e bem-estar, além de uma padaria

personalizada.

13 Do inglês: “oficina”.

14 Termo usado para definir maratonas de programação eletrônica.

Page 39: Estudo de caso de ações de marketing de patrocinadores do

38

Os palcos se dividem em:

● Palco Feel the Future: também conhecido como “Palco principal”,

responsável por receber as maiores atrações do evento, apelidados de

“Magistrais”.

● Palco STEAM: Sigla para Science, Technology, Engeneering, Arts and Math

(Ciência, Tecnologia, Engenharia, Artes e Matemática), um palco com

conteúdo voltados para temas didáticos sobre essas áreas de conhecimento.

● Palco Startups: Espaço destinado para desenvolver ideias e aprender sobre

práticas para os modelos de negócios do futuro.

● Palco Entrepreneurship: Palco voltado a assuntos e projetos relacionados

com empreendedorismo, com técnicas e tendências de negócios econômicos.

● Palco Makers: Espaço destinado a quem deseja descobrir formas,

ferramentas, interações e possibilidades para criar e utilizar novas tecnologias.

● Palco Coders: Explora a área de programação, códigos, dados, segurança da

informação e inteligência artificial, do básico ao avançado.

● Palco Games: Interliga a realidade e o mundo dos jogos de maneira produtiva,

inteligente e profissional.

● Palco Creativity: Palco voltado a área de comunicação, internet, redes

sociais, música, pessoas e criatividade.

Além dos palcos, dos conteúdos e das áreas, o evento também conta com

diversos programas para o participante se sentir mais imponente e participativo. São

eles:

● Startup & Makers: Programa onde pessoas ou grupos podem mostrar seus

projetos de empresa startup ou de criação no espaço gratuito da feira.

● Campus Future: Espaço destinado a projetos inovadores e criativos com foco

relevante de impacto social.

● Caravanas: Programa de benefícios para grupos de outras regiões que

desejam participar do evento em caravanas.

Page 40: Estudo de caso de ações de marketing de patrocinadores do

39

● Curadoria: O participante também pode sugerir palestrantes e temas de

palestras.

● Call For Papers: A oportunidade de participar do evento como palestrante.

● Voluntários: Programa onde jovens estudantes podem trabalhar e aprender

sobre a organização do evento Campus Party de forma voluntária.

5.2 ESTRATÉGIAS DE PATROCÍNIOS APLICADAS AO EVENTO

O patrocínio é, na maioria das vezes, a principal fonte de renda dos eventos.

Traduz-se pela transação financeira de uma empresa- pública ou privada – como

patrocinadora. Esta oferece recursos, na forma de verbas ou cotas, a um evento ou

atividade, ou seja, ao patrocinado (ZAN, 2011, p.85). Abaixo estão apresentadas

algumas das estratégias inovadoras de marketing utilizada pela Campus Party Brasil.

5.2.1 Tipos de Patrocínios

No caso da Campus Party Brasil 2018/2019, os patrocínios ocorriam em

quatorze níveis diferentes, conforme tabela a seguir, sendo o Institucional como o

apoio a nível governamental, e os demais a nível decrescente de importância de

acordo com o grau de investimento:

Tabela 3 - Número e classificação das patrocinadoras da Campus Party Brasil 12

Grau de Importância

Tipo: Número de empresas:

1º Institucional 1

2° Diamond 2

3º Platinum 3

4º Gold 10

Page 41: Estudo de caso de ações de marketing de patrocinadores do

40

5º Silver 9

6º Apoio Cultural 1

7º Apoiadores 33

8° Media Partner Platinum 1

9º Media Partner Gold 2

10º Media Partner 50

11º Influenciador 35

12º Universidades 40

13º Rádios Oficiais 3

14º Comunidades 97

Fonte: Elaborado pela autora, retirado do sítio oficial da Campus Party Brasil. Disponível em < https://brasil.campus-party.org/cpbr12/patrocinadores/ > Acessado em 04 de novembro de 2019.

Com exceção das comunidades e das universidades públicas, a qual o

patrocínio é gratuito, todas as outras empresas entram nessa lista e aparecem em

diferentes momentos do evento, além das mídias online, com níveis diferentes de

intensidade, a depender do valor investido. Entre elas, estão alguns nomes

importantes, como Petrobras; Visa; Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e

Comunicações; Nestlé; Sebrae; Ford; Grupo O Boticário; Coca-Cola; Café 3

Corações; Unicef; Hering; Mauricio de Sousa Produções; Globo; TeleCine Play;

Catraca Livre; Abril; ESPM; PUC-SP; etc.

Page 42: Estudo de caso de ações de marketing de patrocinadores do

41

5.2.2 Mídias Sociais e Interação Online

Com o advento da nova era das redes sociais, que tem se tornado uma

realidade não mais passível de dispensa, os organizadores de eventos, tanto quanto

os participantes, tendem a compartilhar e engajar nos meios eletrônicos o conteúdo

que circula no momento do acontecimento. Portanto, podemos reconhecer isso como

uma oportunidade imensa para as organizações interessadas em interagir com o seu

público antes, durante e depois do evento.

Há, entretanto, ressalvas quanto a utilização das ferramentas digitais para a

publicização de um evento de grande porte. Um deles é a forma como tratar o público,

e sempre entregar a promessa que lhes foi proposto. Pois assim como a ação “viral”

do evento pode dar muito certo, a quebra de expectativa com o acontecimento pode

ser fatal.

A Campus Party é um frequente usuário do Twitter, rede social que limita as

publicações textuais para até 240 caracteres. Por ser uma mídia que prioriza os

acontecimentos momentâneos e atuais, o Twitter da Campus Party interage ao vivo

com os campuseiros e compartilha conteúdo do evento de forma jovial e

descontraído, muitas vezes por meio da utilização de imagens populares da internet

(memes) e de referências do mundo nerd.

Page 43: Estudo de caso de ações de marketing de patrocinadores do

42

Figura 2 - Chamada publicitária para Campus Party Maricá

Fonte: retirada do Twitter do perfil @CampusPartyBRA em 17 de outubro de 2019.

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43

Figura 3 - Chamada publicitária de patrocinador UseTelecom

Fonte: retirada do Twitter do perfil @CampusPartyBRA em 20 de junho de 2019.

Os patrocinadores também investem em interações com o perfil do próprio

evento no Twitter, personificando as marcas e aproximando o perfil do usuário.

Figura 4 - Interação de perfil oficial de patrocinadora Nestlé com perfil oficial do evento

Fonte: retirada do Twitter do perfil @CampusPartyBRA em 12 de março de 2019.

Page 45: Estudo de caso de ações de marketing de patrocinadores do

44

Figura 5 - Interação de perfil oficial de patrocinadora Café 3 Corações com perfil oficial do evento

Fonte: retirada do Twitter do perfil @CampusPartyBRA em 16 de fevereiro de 2019.

No Instagram e Facebook, as publicações do evento ficam mais restritas a

divulgação de palestras, comunicados e promoções, variando, por vezes, com

repostagens de publicações de campuseiros:

Figura 6 - Chamada para promoção de desconto do evento

Fonte: retirada do Instagram no perfil @campuspartybra em 02 de outubro de 2019.

Page 46: Estudo de caso de ações de marketing de patrocinadores do

45

Figura 7 - Re-postagem de seguidor no perfil oficial do evento

Fonte: retirada do Instagram no perfil @campuspartybra em 02 de outubro de 2019.

5.2.3 Hackathons

Segundo o site do Hackathon Brasil15, o termo Hackathon deriva da tradução

do inglês, “Maratona de Hackers” ou “Maratona de Programação”. Trata-se de um

evento que reúne profissionais ou estudantes de diversas áreas ligadas ao

desenvolvimento tecnológico, para uma maratona de programação, cujo objetivo é

desenvolver um software ou solução tecnológica que atenda a um fim específico.

Um dos seus propósitos é “compartilhar e criar conhecimento por meio da

busca de soluções para problemas cotidianos, colocados em forma de desafios”

(BUENO et al., 2017, p. 03), e apelida-se “maratona” por esse tipo de competição

geralmente durar de um dia a uma semana.

15 Disponível em: <https://hackathonbrasil.com.br/home/o-que-e-hackathon/ > Acessado em 21 de

outubro de 2019.

Page 47: Estudo de caso de ações de marketing de patrocinadores do

46

Essas maratonas começaram a se tornar popular com a ascensão das

StartUps (empresas de tecnologia em desenvolvimento), como competições para

procurar solucionar problemas reais de empresas ou instituições, mas também

derivou para outras áreas, como educação, entretenimento e até mesmo relações

interpessoais. Um hackathon precisa, necessariamente, partir de um desafio a ser

resolvido, e é necessário que os dados fornecidos sejam reais e que seja

disponibilizado um grupo de mentores que tenha conhecimentos e experiência na

área do problema.

Nonaka (1994) sugere que esse tipo de dinâmica, criada em grupos, através

de socialização e combinação, pode ser benéfica para a solução de problemas de

forma assertiva e criativa. Terra e Gordon (2002) ainda reforçam que marcas de nível

internacional, como a HP, IBM, Siemens, Shell, Texaco, Xerox e a própria NASA,

apoiam e promovem frequentemente esses eventos por considerarem valiosos os

benefícios em termos de inovação e conhecimento organizacional, além de optarem

como forma de recrutar novas mentes criativas para seus times (BUENO et al. 2017).

A Campus Party foi uma das responsáveis por tornar os eventos hackatons

populares no Brasil. Tanto pelo seu valor acadêmico, quanto por ser mais uma forma

de fazer parcerias com grandes empresas do ramo da tecnologia. As empresas, por

sua vez, ganham pela proximidade com o público, com a solução de problemas

institucionais que venham a ter, e com a fomentação da construção do conhecimento

empírico.

Grandes empresas buscam realizar hackathons em eventos como a Campus

Party Brasil pela visibilidade e da busca de melhoria em seus processos e produtos,

não deixando de ser uma forma inovadora de incentivar a produção de conteúdo de

forma publicizada e positiva. Agregando mais valor a uma companhia que premia

seus clientes para que os problemas da empresa sejam solucionados de forma

inteligente, sustentável, tecnológica e proficiente. Ou seja, o hackathon vem como

uma forma de humanizar a marca, que possui sim defeitos e desafios, e que mais do

que nunca, necessita da ajuda do próprio público.

Page 48: Estudo de caso de ações de marketing de patrocinadores do

47

5.2.4 Momento Patrocinador

Os momentos patrocinadores, buscam, além de exaltar a visibilidade da marca,

interagir presencialmente com o público, levar a promoção, descontrair e estimular a

comunicação da empresa com o cliente.

Muitos dos momentos patrocinadores do evento ocorrem em períodos entre

palestras. Após longas jornadas de conteúdos trazido pelos palestrantes, os

patrocinadores entram como um escape e um momento lazer. Realizando gincanas,

provas de conhecimento, desafios e brincadeiras para agradar a audiência, premiar

com os produtos da empresa e gerar simpatia com o público.

A marca de Café 3 Corações participou como patrocinadora da Campus Party

na edição Brasil de 2019, e em um de seus momentos patrocinadores, sugeriu a

competição para eleger o casal mais romântico do evento, com a declaração de amor

mais bonita feita no palco. O prêmio: uma cafeteira expresso automática da Café 3

Corações. O momento gerou engajamento no digital e no presencial, os registros

foram feitos ao vivo pelos perfis do twitter e do Instagram Stories da marca.

Figura 8 - Postagem de patrocinadora Café 3 Corações com participação no evento

Fonte: retirada do Twitter no perfil @3coracoes em 15 de fevereiro de 2019.

Page 49: Estudo de caso de ações de marketing de patrocinadores do

48

Além disso, a empresa dispôs de uma geladeira trancada com as bebidas no

início da manhã, e a liberação só ocorreria caso o perfil digital da marca no Twitter

chegasse a certo número de compartilhamentos por dia. Incentivando a interação no

digital que também dialogava no presencial.

Figura 9 - Postagem de patrocinadora Café 3 Corações com ação no evento

Fonte: retirada do Twitter no perfil @3coracoes em 16 de fevereiro de 2019.

O Café 3 Corações conseguiu a atenção de um público que é conhecido por

ser um frequente usuário da bebida, em um evento com duração de 5 dias sem

interrupções. Ou seja, muitos dos campuseiros presentes, bebedores de café,

provavelmente tiveram algum tipo de interação com a marca durante este período.

5.3 CAMPUS PARTY NATAL

A Campus Party começou a expandir sua proposta para as demais regiões do

país a partir do ano de 2012, com a Campus Party Recife. Desde então, realizou

diversos eventos no Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste, Sul e até mesmo no Norte.

Natal, a capital do Rio Grande do Norte, recebeu sua primeira Campus Party

em 11 de abril de 2018, no espaço de eventos Centro de Convenções de Natal,

recepcionando cerca de 60 mil visitantes, e 5 mil participantes acampados na

Page 50: Estudo de caso de ações de marketing de patrocinadores do

49

instalação. O acontecimento durou cinco dias, com atividades ininterruptas e internet

de 20 gigabytes, totalizando 350 horas de conteúdo informativo.16

Em sua segunda edição, que ocorreu em 16 a 18 de agosto de 2019, no

mesmo local, os números não foram tão expressivos. A começar pela quantidade de

horas de conteúdo, que baixou de 350 para 150 horas. Dos 60 mil visitantes da edição

passada, esse número caiu para 20 mil total, com apenas 750 participantes

acampados. Entretanto, neste mesmo ano, como forma de justificar o patrocínio do

Governo do Estado e Prefeitura do Natal, o Instituto Campus Party17 inaugurou dois

laboratórios do projeto Include (projeto que visa a criação e montagem de laboratórios

de robótica para aproximar jovens, menores de 18 anos, moradores de comunidades

carentes da tecnologia) no Rio Grande do Norte, nos municípios de Parnamirim e

Natal. Esse feito foi o legado deixado pelo evento como forma de propiciar uma boa

imagem com a região e com os patrocinadores maiores acima citado.

5.3.1 Público Campus Party Natal

Apesar da boa imagem do evento pela população local, cada edição possui

suas particularidades. O público da Campus Party Natal assemelha-se em diversos

níveis ao público da Campus Party Brasil, discorrido no tópico 5.1.1, em questão de

faixa etária, nível de escolaridade e interesses. Ambos são públicos jovens, entre 16-

30 anos, com ensino superior em andamento ou completo, e interesses em

tecnologia, marketing, jogos eletrônicos e cultura geek.

Além das singularidades que cada regionalidade propicia a seus participantes,

por exemplo a Campus Party Brasil, por ser realizada em São Paulo, apresentava um

número maior de pessoas, portanto, um número maior de conteúdo, de espaço e de

16 Dados retiradas do site Campus Party Brasil - Campus Party Natal. Disponível em:

<https://brasil.campus-party.org/campus-party-natal/ > Acessado em 07 de novembro de 2019.

17 Associação civil sem fins lucrativos fundada em 2009, derivada do acontecimento Campus Party

Brasil, com o objetivo de incentivar e promover atividades e projetos nas áreas cultural, educacional gratuita, de inclusão digital, do desenvolvimento tecnológico e econômico, dos direitos estabelecidos, da assistência social e da cidadania. Disponível em: <https://institutocampusparty.org.br/ > Acessado em 11 de novembro de 2019.

Page 51: Estudo de caso de ações de marketing de patrocinadores do

50

interação. O evento potiguar adotou um clima mais leve e descontraído, por estar em

frente ao mar, pelo clima aquecido, e pela interação e recepção das pessoas.

Um ponto a ser observado foi o expressivo número do público externo que

compareceu à área aberta da feira em sua primeira edição, em 2018. Cerca de 60 mil

visitantes na cidade de Natal e arredores tiraram um tempo de seu dia para conhecer

o evento. Se posto em comparativo, em uma capital com cerca de 890 mil habitantes

(IBGE 2019), isso equivale a cerca de 7% da população. O que é mais do que

justificativo para afirmar que a primeira edição do evento em Natal foi um sucesso em

estimativa de público.

O que destoou em comparação à sua segunda edição, no ano seguinte. De 60

mil, esse número caiu para 20 mil participantes que passaram pelas 3 áreas de

evento. E de 5 mil campuseiros, o número total da edição 2019 foi para 750. Isso

equivale a uma queda de 66% e 85%, respectivamente. A queda pôde ser observada

também no número de patrocinadores, que na edição mais recente, contou

praticamente com apoio exclusivamente institucional.

5.3.2 Mídias Sociais e Interação com Patrocinadores

A Campus Party Natal 2018 contou com alguns patrocinadores comerciais,

mas em quantidade reduzida se comparado com edições como a realizada

anualmente em São Paulo. Na sua segunda realização, em 2019, a maioria de seus

patrocínios eram derivados de empresas institucionais, como o Governo do Estado

do Rio Grande do Norte, a Prefeitura de Natal, Prefeitura de Parnamirim, Justiça

Federal do RN e Rede Nacional de Ensino e Pesquisa.

Uma das explicações para esse fato tenha sido a queda na adesão de

ingressos, a diminuição das horas de conteúdo e o menor investimento em marketing

e estrutura, ou talvez, a má experiência das marcas na primeira edição do evento na

cidade.

Nas redes sociais, o perfil oficial @CampusPartyBra no Instagram, mantém

destaques de publicações de edições passadas, como forma de registro para mostrar

a novos usuários como é a atmosfera do evento na prática.

Page 52: Estudo de caso de ações de marketing de patrocinadores do

51

Figura 10 - Destaques das edições Campus Party no perfil oficial do Instagram

Fonte: Disponível em:< https://www.instagram.com/campuspartybra/ > Acessado em 11 de

novembro de 2019.

Algumas ações com patrocinadores podem ser observadas nos stories18

publicados durante o evento.

Na segunda edição do evento em Natal, em agosto de 2019. Os momentos

patrocinadores foram registrados em tempo real. Como na figura 11, que mostra um

registro de um vídeo no momento em que a patrocinadora Café 3 Corações realizava

uma gincana de perguntas e respostas com a plateia, com premiações variadas.

18 Ferramenta do Instagram que permite o compartilhamento dos momentos atuais em formato de foto

e vídeo, que ficam disponíveis por no máximo 24h, caso não sejam postos em destaque.

Page 53: Estudo de caso de ações de marketing de patrocinadores do

52

Figura 11 - Registro de stories do momento Patrocinador na #CPNATAL2

Fonte: Disponível em:< https://www.instagram.com/campuspartybra/ > Acessado em 11 de novembro

de 2019.

Interessante observar que, o registro, por ser feito de imediato, e o evento, por

propagar a conectividade a todo momento, acabava por tornar-se uma ferramenta

para a interação automática e instantânea, chamando o público do local a participar

das brincadeiras no mesmo momento em que aconteciam.

Outro momento patrocinador pode ser percebido dentro do próprio conteúdo

intelectual do evento. Como os exemplos abaixo, Figura 12 e Figura 13, dos

patrocinadores Petrobras e Prefeitura do Natal, que engajaram trazendo palestras e

fomentando os assuntos discutidos nas mesmas.

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53

Figura 12 - Registro de Storie da programação de palestras patrocinada pela Petrobras

Fonte: Disponível em:< https://www.instagram.com/campuspartybra/ > Acessado em 11 de novembro

de 2019.

Page 55: Estudo de caso de ações de marketing de patrocinadores do

54

Figura 13 - Talk show com participação de representantes da Prefeitura do Natal

Fonte: Disponível em:< https://www.instagram.com/campuspartybra/ > Acessado em 11 de

novembro de 2019.

Os patrocinadores institucionais na segunda edição da Campus Party Natal

não apenas levaram conteúdos densos para o evento, como também investiram em

momentos de lazer e entretenimento para os campuseiros e visitantes. A Figura 14 e

a Figura 15 mostram a Petrobrás oferecendo serviços de massagem, e a Justiça

Federal do Rio Grande do Norte disponibilizando jogos eletrônicos para a desopilação

e o divertimento, respectivamente.

Page 56: Estudo de caso de ações de marketing de patrocinadores do

55

Figura 14 - Registro de Storie de massagem oferecida como cortesia pela Petrobras

Fonte: Disponível em:< https://www.instagram.com/campuspartybra/ > Acessado em 11 de novembro

de 2019.

Page 57: Estudo de caso de ações de marketing de patrocinadores do

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Figura 15 - Jovens jogando em consoles eletrônicos no Campus Party Natal 2

Fonte: Disponível em:< https://www.instagram.com/campuspartybra/ > Acessado em 11 de novembro

de 2019.

A Campus Party Natal 1, ocorrida em abril de 2018, optou por uma estratégia

menos usual de interação online com patrocinadores. Em primeiro lugar, observou-se

uma linguagem jovem, descontraída e animada nas publicações. Direcionada

objetivamente ao público jovem e adolescente, que está por dentro das gírias e

memes19 da internet, como podemos observar a inserção da patrocinadora Café 3

Corações na postagem apresentada na Figura 16:

19 Imagens engraçadas de circulação e interação digital.

Page 58: Estudo de caso de ações de marketing de patrocinadores do

57

Figura 16 - Registro de Storie do patrocinador Café Santa Clara

Fonte: Disponível em:< https://www.instagram.com/campuspartybra/ > Acessado em 11 de

novembro de 2019.

Um dos casos de maior interação por stories no perfil oficial da Campus Party

Brasil durante o evento em Natal20, entretanto, ocorreu por meio de parceria com a

Turma da Mônica. Ao utilizar-se de um dos personagens do grupo, o coelho de pelúcia

Sansão, como personificação de uma figura presente e ativa no evento. Sansão, em

determinado momento, “rouba” o controle das mídias sociais, e assume como autor

das publicações. Redefinindo e assumindo uma voz diferente da que o perfil Campus

Party Brasil costuma usar.

20 Dado afirmado por Fernando Lima, responsável pelas redes sociais do evento durante o período.

Page 59: Estudo de caso de ações de marketing de patrocinadores do

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Figura 17 - Registro de Storie do momento em que o coelho Sansão rouba o controle das mídias sociais do evento

Fonte: Disponível em:< https://www.instagram.com/campuspartybra/ > Acessado em 11 de

novembro de 2019.

O coelho Sansão, ícone indistinguível da Turma da Mônica, acaba por ser

reconhecido e adorado durante todo o evento, parado por diversas vezes para tirar

fotos e ser abraçado (especialmente por crianças). O coelho foi manuseado,

transportado e interpretado por Giovanna Ciappina e Mayara Barbosa, representantes

da empresa Maurício de Sousa Produções e profissionais de comunicação.

As Figuras 18, 19, 20, 21 e 22, mostram uma série de postagens do evento

com o Sansão como protagonista após o “roubo”:

Page 60: Estudo de caso de ações de marketing de patrocinadores do

59

Figura 18 - Registro de Storie em que o coelho Sansão planeja postar conteúdos para os stories do evento

Fonte: Disponível em:< https://www.instagram.com/campuspartybra/ > Acessado em 11 de

novembro de 2019.

Page 61: Estudo de caso de ações de marketing de patrocinadores do

60

Figura 19 - Registro de Storie do aviso ao acontecimento apelidado de “Invasão”

Fonte: Disponível em:< https://www.instagram.com/campuspartybra/ > Acessado em 11 de

novembro de 2019.

Page 62: Estudo de caso de ações de marketing de patrocinadores do

61

Figura 20 - Registro de Storie do coelho Sansão chamando para interação e visualização das postagens.

Fonte: Disponível em:< https://www.instagram.com/campuspartybra/ > Acessado em 11 de

novembro de 2019.

Page 63: Estudo de caso de ações de marketing de patrocinadores do

62

Figura 21 - Registro de Storie do coelho Sansão assistindo ao palestrante mirim, JP Barrera.

Fonte: Disponível em:< https://www.instagram.com/campuspartybra/ > Acessado em 11 de

novembro de 2019.

Page 64: Estudo de caso de ações de marketing de patrocinadores do

63

Figura 22 - Registro de Storie de impressora 3D como parte do atrativo do evento

Fonte: Disponível em:< https://www.instagram.com/campuspartybra/ > Acessado em 11 de

novembro de 2019.

Nessa ação, podemos observar dois tipos de técnicas comunicacionais:

crossover e storytelling. O primeiro é um termo inglês que significa “mistura”, dado a

algo que transborda os seus limites e passa para outro meio. Nesse caso, o crossover

ocorreu entre a empresa Turma da Mônica e a Campus Party Brasil. O boneco de

pelúcia, Sansão, saiu de seu mundo 2D das revistas em quadrinhos e foi para Natal

Page 65: Estudo de caso de ações de marketing de patrocinadores do

64

participar da maior imersão tecnológica do país, agindo diretamente como ator e

participante do evento.

Já o storytelling também é um termo em inglês que traduz como “contar

histórias”. Para Antonio Núñez (2007), o storytelling é considerado como “uma

ferramenta de comunicação estruturada em uma sequência de acontecimentos que

apelam a nossos sentidos e emoções”. O coelho da Turma da Mônica e a Campus

Party atribuíram uma personificação ao personagem e contaram uma história com a

narrativa de fatos e acontecimentos que se passaram no evento. Além do

engajamento nas redes sociais, o perfil conseguiu que as pessoas prestassem

atenção no ursinho de pelúcia que circulava pelos seus arredores, e participassem de

chamadas ao vivo durante o evento, atribuindo uma outra estratégia comunicacional

que transgride o digital e atinge o real simultaneamente.

5.3.3 Hackathons

Nos primeiros dias da segunda edição da Campus Party Natal, os

patrocinadores locais lançaram 3 desafios para os participantes: Hackathon Justiça

Federal no RN, que tinha como objetivo melhorar o atendimento da justiça para o

cidadão; Hackathon Hackabeach, que buscava desenvolver soluções tecnológicas

para melhorar a gestão de Educação e Saúde do Município de Natal; e Hackathon

Governo Microlearning, que visava desenvolver soluções para treinamento e

capacitação digital para o servidor público do Governo do Estado do Rio Grande do

Norte.

Assim como citado no tópico 5.2.3, nos hackathons, as empresas procuram

ganhar proximidade com o público, na fomentação para a solução de problemas

institucionais. No Campus Party Natal 2 não foi diferente, as companhias procuraram

encontrar soluções que melhorem a vida da sociedade local. A premiação foi em

forma de dinheiro e de bolsas de estudo.

Page 66: Estudo de caso de ações de marketing de patrocinadores do

65

5.3.4 Pesquisa com Patrocinadores

Com a finalidade de obter informações sobre os modelos de patrocínios

realizados na cidade de Natal-RN, foi realizado, entre os meses de outubro a

novembro de 2019, uma pesquisa de campo com uma parcela de empresas que já

investiram em algum tipo de patrocínio em eventos locais e externos na cidade de

Natal, capital do Rio Grande do Norte, local onde foi realizado duas edições da

Campus Party Natal.

A pesquisa tem caráter exploratório e quantitativo, visando proporcionar uma

maior visão demográfica sobre o problema proposto, tornando-o mais real e

compreensível (GIL, 2007). Para isso, foi utilizado um questionário online direto, com

alternativas pré-estabelecidas21, os participantes se identificaram como responsáveis

pelo setor de marketing das empresas.

Das empresas que responderam à pesquisa, Educação Profissional, Turismo,

Comunicação e Marketing e Tecnologia da Informação foram identificadas como ramo

ou área em que atuam. E sobre os tipos de patrocínios que já foi realizado, foi citado:

estande para divulgação de produtos e serviços; palestras da Instituição; Inserção da

logomarca nas peças de divulgação do evento; folder; ações presenciais; distribuição

de brindes, captação de leads, palestra no palco, ativações através de demonstrações

no estande. Entretanto, o item mais citado foi o folder, como forma de publicizar e

informar sobre a empresa.

Ao questionados sobre o custo médio de cada patrocínio realizado nos últimos

dois anos, a pesquisa obteve o seguinte resultado:

21 Disponível no Apêndice, p. 75.

Page 67: Estudo de caso de ações de marketing de patrocinadores do

66

Figura 23 - Custo médio de cada patrocínio realizados nos últimos dois anos

Fonte: Elaborada pela autora (2019).

50% dos respondentes afirmaram investir acima de R$ 6.000 (seis mil reais)

em cada patrocínio nos últimos dois anos. O valor mais baixo citado foi de R$ 1.501

(mil quinhentos e um reais) a R$ 3.000 (três mil reais). O que nos dá uma base para

o custo médio para empresas patrocinarem eventos na cidade.

Destes mesmos respondentes, 50% afirmaram que os valores mencionados

acima equivalem de 25% a 50% do orçamento total de comunicação da empresa, o

que pode ser considerado bastante, já que os outros gastos com comunicação

englobam menos da metade do orçamento para fins publicitários.

Sobre as expectativas com os patrocínios realizados até o momento, 75%

afirmam ter sido atendidas, e 25% se frustraram com as parcerias. Ao questionados

pelo motivo da frustração, a resposta veio como padrão “Não gerou nenhuma venda

nova” (respondente da pesquisa).

E para saber com que tipo e nível de eventos estamos falando, foi pedido para

que citassem os maiores eventos que patrocinaram nos últimos dois anos. Encontro

Econômico Brasil-Alemanha 2019, Motores do Desenvolvimento, Congresso

Nacional das Relações Empresa-Clientes (CONAREC) e até mesmo adesivagem em

janelas de aviões foram citadas como os maiores eventos já participados localmente.

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Figura 24 - Classifique os aspectos relativos a esse evento conforme o seu nível de satisfação

Fonte: Elaborada pela autora (2019).

A maioria se sentiu totalmente ou muito satisfeito com todas as opções

apresentadas. Com alguns destaques para o “Perfil do Público Presente” e os “Custos

de Participação” que receberam a avaliação de Nada Satisfeitos por alguns dos

respondentes.

A serem questionados que tipo de resultados relacionados ao evento mais

agregou valor à marca, o fator mais comentado foi a “Contribuição para reforçar a

imagem da marca” (100%), seguido por “Visibilidade” (75%), e por “Obtenção de

conteúdo para utilização em mídias digitais” (50%) e por “Aumentou as vendas de

produtos/serviços” (50%). O item menos comentado foi “Estimulou a experimentação

da marca (compras-teste)”.

Entretanto, esses números não podem ser confirmados se as empresas não

possuírem uma forma de validar os resultados do patrocínio ocorrido no evento. A

sétima pergunta focou em que tipo de métricas são mais usadas para verificar os

resultados da ação, e 100% dos respondentes apontaram que costumam adotar a

geração de leads como maior meio para mensuração. A MDigital Social Media

Marketing (2017, p. 02) afirma que leads são alguém que, para ter mais informação

sobre os seus serviços, disponibiliza alguma informação pessoal (nome, e-mail,

telefone, etc.), que permite a empresa voltar a se comunicar com esse consumidor

em um momento futuro, para assim, iniciar uma espécie de relacionamento entre

marca e cliente.

Ainda nesta questão, a segunda opção mais votada foi a atividade nas mídias

digitais e redes sociais (75%), que também retoma ao sentido do relacionamento com

o cliente de forma mais indireta e despretensiosa. É notado, portanto, que ao

participar de ações de patrocínios, as marcas estão mais interessadas em prospectar

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futuros possíveis clientes e tornar o seu nome difundido e lembrado do que

necessariamente fechar vendas diretas, já que o visitante não se encontra em um

momento de compras, e sim de lazer, o que faz que o momento não seja tão propício

para abordagens diretas de vendas.

As duas últimas perguntas foram voltadas para o futuro da empresa nesse tipo

de negócio. Ao questionados a probabilidade de participar novamente como

patrocinadora em próximos eventos, 50%, responderam ser totalmente provável que

voltem a patrocinar, a depender sempre de fatores como a própria condição da

empresa (situação financeira, estrutura de vendas, etc.) e também do mercado

(interesse do público, perfil a que se destina o evento, entre outros). Mesmo assim,

pode se observar também que 25% respondeu ser nada provável participar de

próximos eventos.

O que demonstra que vários fatores estão relacionados para uma empresa

entrar em um evento como apoiadora, pois patrocinar é uma ação relativamente cara,

se comparada com outros meios de publicidade convencional que possuem até

mesmo resultados mais significativos. Entretanto, essa é uma forma de contato direto

de atingir um público específico, selecionado, e principalmente, de forma presencial.

Fazendo com que a geração de leads e de contato com possíveis consumidores seja

eficaz e a visibilidade atinja um grande perfil com êxito.

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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O desenvolvimento do presente trabalho possibilitou algumas revelações,

compreensões e conclusões acerca do tema do patrocínio de eventos, utilizando

como exemplo as ações ocorridas no Campus Party Brasil e suas edições adjacentes

(Campus Party Natal). Ao optar por duas fontes de dados, documental e

observacional, obteve-se uma visão mais ampla a respeito do objeto em questão e

suas estratégias de promoção relacionados ao planejamento, conteúdo e ações de

marketing do acontecimento.

Os patrocínios não são técnicas recentes de divulgação, como é possível

observar nos capítulos iniciais. As marcas escolhem estar onde o público está, e

parece propício aparecer em momentos com grande aglomeração de pessoas de

interesses em comum. Os patrocínios em eventos são ótimas oportunidades para as

companhias se aproximarem de seus consumidores, disseminar o nome e imagem e

iniciar ou manter um relacionamento mais próximo com os clientes. Para isso, é

preciso falar a língua deles e se englobar no ambiente em que estão inseridos.

O Café 3 Corações levou uma solução energética para um ambiente intenso

que funcionava 24h por dia, com uma comunicação jovem, expressiva, divertida e

irreverente. A Turma da Mônica também inovou ao propor um crossover entre marcas

em sua comunicação online, fatos que promoveram uma maior notoriedade e

inovação ao conteúdo comunicativo do evento, levando como benefício a

disseminação e integração de valor à ambas as marcas. Os hackathons como forma

de publicizar conteúdos científicos e projeção de melhorias para empresas em

conjunto com os próprios consumidores também se mostra como uma nova estratégia

de marketing no mercado 4.0 em que o capitalismo se insere. É uma maneira de

inovar, gerar relevância para o conteúdo criado e atribuir valor à marca

espontaneamente.

A pesquisa com o mercado local desenvolvida no ambiente de menor

proporção (Natal-RN) pôde fornecer uma perspectiva maior sobre como os

patrocínios ocorrem em diferentes atmosferas. Na regionalidade potiguar, por

exemplo, as empresas institucionais de âmbito público e federativo detém de um

maior interesse em se aproximar da população quanto ao perfil do evento com foco

científico e tecnológico. Já na grande capital metropolitana do país, São Paulo,

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percebemos patrocinadores de diferentes níveis, desde comerciais, culturais,

institucionais e acadêmicos. Isso demonstra que as empresas a nível local não vêem

como benefício se inserir neste círculo, por motivos que podem ir desde do foco ou

perfil do público, o apoio da organização, a má experiência em eventos anteriores ou

às condições financeiras da empresa.

Apesar de Natal possuir um grande potencial para o evento Campus Party,

como foi percebido na expectativa do público da edição realizada em 2018, a queda

de público no ano seguinte demonstrou o quanto a falta dos patrocínios comerciais

influenciara neste declínio. O que pode ser observado como uma falha por parte da

produção do evento, que não investiu tanto na captação e nos benefícios para

patrocinadores. Benefícios esses que podem ser entregues como forma de melhor

monitoramento de métricas para mensuração de resultados, integração mais criativa

com conteúdos digitais originais e maior visibilidade às marcas. Esses fatores podem

ser percebidos em outras edições regionais do evento, como a Campus Party Goiás,

estado também de proporção pequena, que recebeu inúmeros patrocínios de nível

comercial e, na sua primeira edição em 2019, contou com um público estimado de 40

mil visitantes, sendo 3 mil campuseiros.

Sendo assim, espera-se que o trabalho aqui desenvolvido contribua para

entender e desencadear novos debates sobre o assunto a nível acadêmico. Além de

deixar como sugestão a formulação para a continuidade da pesquisa com empresas

a níveis local e nacional, a fim de levantar maiores informações referentes às

estratégias promocionais e, desta maneira, aprofundar o conhecimento sobre este

objeto de estudo. Pois, ao mesmo tempo que as discussões levantadas no ambiente

acadêmico servem de escopo para a melhoria das práticas do mercado, o mesmo

ocorre no sentido contrário, colaborando para um cenário de maior qualidade

comercial e publicitário em um ambiente tão promissor e crescente no país.

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75

APÊNDICE

Patrocínios em eventos - Natal/RN - Pesquisa

Esse questionário possui como objetivo identificar o perfil de uma amostra de

empresas que costumam realizar patrocínio como ferramenta de marketing, na cidade

de Natal/RN, como base para apoiar o conteúdo científico a ser desenvolvido na

monografia de tema "Patrocínios de Eventos", da graduanda Amora Rodrigues, do

curso de Comunicação Social - Publicidade & Propaganda, da UFRN.

0 - Qual a área em que a empresa atua?

1 - Caracterização do patrocínio (Descreva o ‘tipo’ de patrocínio e/ou ações

desenvolvidas nos últimos eventos (folder, estande, ação presencial,

premiação, logomarca inserida, etc.):

2 - Custo médio de cada patrocínio realizados nos últimos dois anos:

( ) até R$ 500,00

( ) de R$ 501 a R$ 1.500

( ) de R$ 1.501 a R$ 3.000

( ) de R$ 3.001 a R$ 6.000

( ) acima de R$ 6.000

3 - O custo do patrocínio representa que percentual (%) do total do investimento

em comunicação da empresa?

( ) até 10%

( ) de 10% a 25%

( ) de 25% a 50%

( ) de 50% a 75%

( ) mais de 75%

4 - De um modo geral, as suas expectativas com o patrocínio foram:

( ) Superadas

( ) Plenamente atendidas

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( ) Atendidas

( ) Parcialmente atendidas

( ) Frustadas

4.1 - Se assinalou ‘frustradas’ na questão anterior, justifique o motivo:

5 - Qual foi o maior evento que patrocinou nos últimos dois anos?

5.1 - Classifique os aspectos relativos a esse evento conforme o seu nível de

satisfação:

Totalmente satisfeito

Muito satisfeito

Relativamente satisfeito

Pouco Satisfeito

Nada satisfeito

Organização Geral

Localização do Evento

Perfil do Público presente

Quantidade de público presente

Infraestrutura física (espaço)

Divulgação do evento

Custos de Participação

6- Em sua opinião, que tipos de resultados dos abaixo relacionados ao evento

agregou à sua marca (Se necessário, assinale no máximo até 3 alternativas):

( ) Aumentou o conhecimento da marca (visibilidade)

( ) Aumentou a preferência pela marca (lealdade)

( ) Contribuiu para reforçar a imagem da marca (posicionamento)

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( ) Contribuiu para a mudança da imagem da marca (reposicionamento)

( ) Estimulou a experimentação da marca (compras-teste)

( ) Favoreceu a prospecção de novos clientes (cadastros, etc.)

( ) Obtenção de conteúdo para utilização em mídias digitais

( ) Difundiu valores da marca relacionados à responsabilidade social

( ) Aumentou a visitação no site e demais plataformas (contatos)

( ) Aumentou as vendas de produtos/serviços

( ) Nenhum dos resultados acima descritos

7- Assinale, dentre as opções abaixo, o tipo de métricas de validação de

resultados do patrocínio que a empresa costuma adotar:

( ) Atividade nas mídias digitais e redes sociais

( ) Geração de leads

( ) Quantificação da exposição gerada pela mídia espontânea

( ) Mensuração dos contatos estabelecidos com a empresa após o evento

( ) Pesquisas ‘ad hoc’ (sob medida) específicas para o evento

( ) Mensuração com base nos resultados comerciais (procura pela marca, vendas,

etc.)

( ) Nenhuma métrica ou mensuração de resultados

8 - A partir da sua última experiência, a participação de sua empresa como

patrocinadora nos próximos eventos pode ser descrita como:

( ) Totalmente provável

( ) Muito provável

( ) Relativamente Provável

( ) Pouco provável

( ) Nada provável

9 - Ainda quanto à participação em eventos futuros, o patrocínio de sua empresa

depende – prioritariamente – de fatores correlacionados:

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( ) Á própria condição da empresa (situação financeira, estrutura de vendas etc.)

( ) À organização do evento (melhorias na proposta como um todo)

( ) Ao mercado (interesse do público, perfil a que se destina o evento etc.)

( ) Ao poder público (segurança, transporte, tributação etc.)

( ) Nenhum dos acima descritos