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Edição 22 da revista de quase todos os relógios
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EDITORIAL
DARWIN, O RELOJOEIRO
DIRECTOR
• Hubert de Haro > [email protected]
DIRECTOR ADJUNTO
• Paulo Costa Dias > [email protected]
EDITORA
• Vanda Jorge > [email protected]
EDITOR TÉCNICO
• Miguel Seabra > [email protected]
CRONISTAS
• Helena de Sacadura Cabral
• Fernando Campos Ferreira
• Leonardo Mathias
• Rui Cardoso Martins
COLOBORADORES
• Anabela Mota Ribeiro
TRADUÇÕES
• Maria Vieira > [email protected]
DESIGN GRÁFICO
• Paulo Pires > [email protected]
FOTOGRAFIA
• Ana Baião • Augusto Brázio • Nuno Correia
CONTABILIDADE
• Elsa Filipe > [email protected]
COORDENAÇÃO DE PUBLICIDADE E ASSINATURAS
• Paulo Costa Dias > Tel.: 21 811 08 90
PARCEIROSAir France • Ass. Jog. Praia d’El Rey • Belas Clube de Campo • BelouraGolfe • Campo Real Golfe • Casa da Calçada • Casa Velha do Palheiro• Clube de Golf Pinta/Gramacho • Clube de Golfe Miramar • Clube VII• Clube de Golfe de Vilamoura • Estalagem Melo Alvim • Golfe Aroeira• Golfe Paço do Lumiar • Golfe Ponte de Lima • Golfe Quinta da Barca• Golfe Quinta do Peru • Hotel Atlantis Lisboa • Hotel Carlton de Lisboa• Hotel Convento de São Paulo • Hotel Corinthia Lisboa • Hotel Fortalezado Guincho • Hotel Golfe Quinta da Marinha • Hotel Infante de Sagres • Hotel Melia – Gaia • Hotel Méridien Lisboa • Hotel Méridien Porto • Hotel Palácio Estoril • Hotel Porto Palácio & Spa • Hotel Quinta dasLágrimas • Hotel Solverde • Hotéis Tivoli • Ipanema Park Hotel • LisbonSports Club • Morgado do Reguengo Golfe • Museu do Relógio de Serpa• Palácio Belmonte • Penha Longa Golf Club • Portugália Airlines • PLMJ• Quinta do Brinçal, Clube de Golfe • Ribagolfe • Sheraton Porto Hotel& Spa • TAP-Air Portugal • Tróia Golf • Vidago Palace Hotel, Conference& Golf Resort • Vila Monte Resort • Vintage House
FICHA TÉCNICA
Correspondência: Espiral do Tempo, Av. Almirante Reis, 39
1169-039 Lisboa > Fax: 21 811 08 92 > [email protected]
Propriedade: todos os artigos, desenhos e fotografias estão sobre a protecção
do código de direitos de autor e não podem ser total ou parcialmente repro-
duzidos sem a permissão prévia por escrito da empresa editora da revista:
Company One, Lda sito na Av. Almirante Reis, 39 - 1169-039 Lisboa. A revista
não assume, necessariamente, as opiniões expressas pelos colaboradores.
Digitalização: ZL - Zonelab > Distribuição: VASP > Impressão: Soctip
Periodicidade: trimestral > Tiragem: 50.000 exemplares
Registo pessoa colectiva: 502964332 > Registo no ICS: 123890
Depósito legal Nº 167784/01
ESPIRAL DO TEMPO > 3
Desde 1675, altura da invenção pelo genial matemático e astrónomo holandês Christian Huygens
da espiral*, que o templo da relojoaria moderna não era tão fortemente abanado. De facto, tudo
indica que os mais brilhantes mestre-relojoeiros da actualidade decidiram atravessar o Rubicão das
técnicas e materiais utilizados até agora!
Vários são os coleccionadores surpreendidos, quando realizam que o modo de funcionamento de
um relógio mecânico sofreu ínfimas alterações nos últimos três séculos. A cinética da transmissão
de energia nada mudou, já que continuamos a utilizar rodas dentadas; enquanto o orgão regulador,
no fim da “cadeia alimentar” da engrenagem, é constituído pelos mesmos três elementos: espiral,
balanço e roda de escape.
O ano 2004 será considerado o da ruptura, com a apresentação durante a Feira de Basileia de
um “Concept Watch” revolucionário. Esta “pedrada no charco” veio de onde menos se esperava.
A TAG Heuer, cujo rico passado relojoeiro com a marca Heuer tinha sido posto entre parênteses
durante perto de 20 anos, provocou admiração de toda a indústria, com o protótipo Monaco V4.
Ao substituir todas as rodas da engrenagem por correias de transmissão, a marca de la Chaux-de-
-Fonds marcou a história relojoeira.
As más-linguas insistem que a TAG Heuer ainda não passou à fase de industrialização deste modelo.
No entanto, posso-lhe garantir que admirar o funcionamento dos primeiros elementos deste novo
calibre (como foi o meu caso durante este Feira de Basileia) deixaria qualquer pagão convertido.
Mais: as marcas tradicionais desenvolveram desde essa altura novas equipas de pesquisa, investin-
do como nunca antes na única via de futuro para a relojoaria suíça: a inovação tecnológica.
Os primeiros resultados estão à vista, com a utilização de novas matérias nos mecanismos: cerâ-
mica (rolamentos), silício (roda de escape), Kevlar e fibras de carbono. Outras optaram por um
caminho ainda mais inovador, com a re-invenção do escape tradicional Suíça.
Estes indicadores deixam qualquer amante da bela relojoeria satisfeito e ainda mais ansioso pelas
notícias desta nova revolução relojoeira. Parece que os anos do todo-poderoso marketing morrerão,
para deixar mais espaço (e meios financeiros!) aos mestres-relojoeiros.
Le roi est mort, vive le roi!
Boa leitura!
Hubert de Haro
PS: os nossos sinceros parabéns à Raymond Weil, e ao seu respectivo importador, que decidiram home-nagear Carlos do Carmo comercializando uma série limitada, cuja receita reverte a favor da Casa do Artista.
* Pequena mola enrolada em forma de espiral que forma, juntamente com o balanço, o orgão regulador do relógio.
As marcas tradicionais desenvolveram desde essa altura novas
equipas de pesquisa, investindo como nunca antes na única via
de futuro para a relojoaria suíça: a inovação tecnológica.
A luz desce e o Tejo impõe-se. Carlos do Carmo e Camané estão juntos em palco. De improviso em
improviso canta-se o Fado. Único. Memorável. Nas vésperas do concerto que encheu os jardins de
Belém, marcámos uma conversa com Carlos do Carmo. Com tempo falámos da sua vida, do Fado e
desse ofício que é ser fadista.
Entrevista de Vanda Jorge com fotografias de Augusto Brázio
CARLOS DO CARMOSILÊNCIO...QUE SE VAI FALAR DE FADO > 54
SUMÁRIO EDIÇÃO # 22 - OUTONO 2006
JÉRÔME LAMBERT > 30Aos 38 anos, o nome de Jérôme Lambert é já sobejamente conhecido e respeitado no
mundo da alta-relojoaria. O patrão da Jaeger-LeCoultre é um daqueles casos de sucesso
inquestionável, protagonista e herdeiro de uma história centenária que ele tão
sabiamente tem conduzido neste novo milénio.
Entrevista em Lisboa de Vanda Jorge com fotografias de Nuno Correia
CASA DO ARTISTA > 62À chegada lê-se ‘não é permitido envelhecer’, e o aviso é seguido à risca pelas sessen-
ta e duas pessoas que vivem actualmente na Casa do Artista. Raúl Solnado entra em
cena para nos falar deste, que é um dos maiores projectos da sua vida, do percurso e
dos projecto futuros.
Entrevista de Vanda Jorge com fotografias de Augusto Brázio
MAUBOUSSIN > 66O número 66 da movimentada Avenida dos Campos Elíseos levanta a questão: estamos
à porta de uma loja ou de uma galeria de arte? A dúvida é lançada pelo brilho da nova
boutique parisiense da Mauboussin. Alan Nemarq fala-nos dos objectivos da marca e
das apostas que lhe permitirão chegar a todas as mulheres do mundo.
Reportagem de Vanda Jorge em Paris, com fotografias de Nuno Correia
HAUTLENCE > 70A locomotiva é o motor de inspiração da primeira colecção da Hautlence – peças moder-
nas construídas a partir de um dos símbolo da histórica revolução industrial. Uma leitu-
ra do tempo traduzida no anel de Möbius, que estilizado se tornou o Logo da marca:
sinónimo de infinito, de um nome e de um tempo sem princípio ou fim...
Reportagem de Vanda Jorge em Genebra
RALLIE PORSCHE DESIGN FLAT SIX > 76A mais de 2500 metros de altitude, o mapa que acompanha os 16 participantes do Rallie
Flat Six assinala uma paragem obrigatória. Lá do alto olhamos para a paisagem que
tem inspirado a família Porsche nas últimas décadas. Neste enquadramento visitámos o
Porsche Design Studio onde se respira design e inovação.
Reportagem de Vanda Jorge em Zell am See, na Áustria
8 < ESPIRAL DO TEMPO
BREVES > 40Para a Rentrée preparámos uma selec-ção repleta de novidades para todosos gostos. Descubra as tendênciasque marcam os dias na alta-relojoaria.
CORREIO DO LEITOR > 20Nesta edição mais as sugestões e asrespostas às dúvidas dos nossos lei-tores. Um desafio para que os aman-tes do tempo e da bela relojoariacontribuam para a melhoria desta pu-blicação.
ENTREVISTA EXCLUSIVA DONATELLA VERSACE > 84Quando a 15 de Julho de 1997 Gianni Versace é morto, a irmã Donatella herda um dos
reinos europeus em ascensão: a Casa Versace. Um ano mais tarde, em Paris, Donatella
apresenta a primeira colecção de alta-costura a solo, e relança o brilho do nome deixa-
do pelo irmão adaptando-o a uma nova era. ‘Show must go on!’
Entrevista de Vanda Jorge
DOSSIER GMT TEMPO SEM FRONTEIRAS > 110A indústria relojoeira já havia sido determinante para a divisão do globo
em 24 fusos após a revolução dos transportes no século XIX, mas hoje em
dia está completamente sintonizada no fenómeno da globalização: não há
manufactura que se preze que não apresente instrumentos capazes de
indicar o tempo em mais do que um local...
Texto de Miguel Seabra
EM FOCO
SABOREAR O TEMPO
ROYAL OAK AUTOMATIC Audemars Piguet
92
L.U.C. TECH RÉGULATEURChopard
94
OCTA CHRONOGRAPH François-Paul Journe
96
MASTER BANKER LUNE Franck Muller
98
AMVOX 2Jaeger-LeCoultre
100
ANUAL CALENDAR 5396 R Patek Phillipe
102
FORMULA 1 ALARM TAG Heuer
106
TÉCNICA > 120Reverso
O ano de 2006 assinala o 75º ani-
versário do Reverso, um relógio cuja
fama superou o da própria marca relo-
joeira que o produz, a Jaeger-LeCoul-
tre. Para celebrar este acontecimento,
propomos um artigo da prestigiada re-
vista L’OROLOGIO com uma análise
pormenorizada sobre a famosa caixa
reversível.
DINIS PIRES > 138Convento do EspinheiroHeritage Hotel & Spa
MANUEL OLIVEIRA > 140Tasquinha D’Oliveira
PEDRO DE MELLO BREYNER > 142GolfQuinta do Peru
LABORATÓRIO > 116Royal Oak Automático
O célebre relógio octogonal, que ao
longo das últimas três décadas tem
conhecido novas versões, rejuvenes-
ceu neste modelo, vendo aumentada
a sua fiabilidade, ergonomia e segu-
rança. Todas estas questões são ana-
lisadas e testadas ao pormenor duran-
te o processo de reparação e manu-
tenção desta peça.
PERFIL > 132Dezassete Horas
O retrato à porta da Dezassete horas
bem poderia ser o de família. O espí-
rito é esse, mas o que une João Mo-
reira, Fernando Franco e o ‘Senhor
Simões’ é uma boa amizade e o en-
canto pela bela relojoaria. Um local
para descobrir em Coimbra.
Reportagem de Vanda Jorge
com fotografias de Nuno Correia
GRANDE PLANO
O despertar dos sentidos Aniversário de luxo
Nos sumptuosos Jardins do Museu Rodin,
os sons e o exotismo das cores evocaram as
raízes indianas do Reverso. Numa noite ine-
briante, carregada de símbolos históricos, a
manufactura Jaeger-LeCoultre celebrou o 75.º
aniversário do famoso ícone da relojoaria, e
mostrou mais uma vez a criatividade e a
capacidade de renovar-se ao fim de mais de
um século de história.
ESPIRAL DO TEMPO > 11
Monaco 69 Reinventa-se um ícone
Com o novo Monaco 69, os designers da
TAG Heuer provam que em matéria de Concept
Watch, a marca mantêm-se na vanguarda
da inovação. O lançamento presta um tributo
ao sentido técnico e ao espírito pioneiro que
têm estado presentes desde 1860. A postura
avant-garde valeu-lhe a atribuição do “Prix
Montre Design 2004” entregue pelo Grand Prix
d’Horlogerie de Genève.
ESPIRAL DO TEMPO > 13
GRANDE PLANO
As curvas do MC12O espírito automóvel
Baptizado em homenagem ao novo
Maserati MC12, o automóvel que marca o
regresso da marca italiana às grandes com-
petições desportivas, o novo turbilhão e cronó-
grafo da Audemars Piguet resume o espírito e
as linhas do mundo automobilístico. Os códigos
cromáticos brancos e azuis, os materiais resul-
tantes das mais alta-tecnologias e a caixa em
forma oval são assumidamente um corte com a
estética clássica dos relógios de alta-gama.
ESPIRAL DO TEMPO > 15
GRANDE PLANO
As curvas do MC12O espírito automóvel
Baptizado em homenagem ao novo
Maserati MC12, o automóvel que marca o
regresso da marca italiana às grandes com-
petições desportivas, o novo turbilhão e cronó-
grafo da Audemars Piguet resume o espírito e
as linhas do mundo automobilístico. Os códigos
cromáticos brancos e azuis, os materiais resul-
tantes das mais alta-tecnologias e a caixa em
forma oval são assumidamente um corte com a
estética clássica dos relógios de alta-gama.
ESPIRAL DO TEMPO > 15
GRANDE PLANO
20 < ESPIRAL DO TEMPO
CORREIO DO LEITOR
RESPOSTAS POR MIGUEL SEABRA
ENVIE-NOS UMA MENSAGEM DE EMAIL COM AS SUAS QUESTÕES PARA: [email protected]
Tenho uma dúvida relativa ao material empregue em alguns relógios Rolex –
nalguns casos Rolesor, noutros Rolesium. São ligas metálicas especiais?
Miguel Franco, Estoril
ET - Rolesor e Rolesium não são ligas, são conjugações/designações que a Rolex utiliza
nos seus relógios bicolores – sendo Rolesor a mescla de ouro amarelo de 18 quilates e
aço inoxidável, ao passo que Rolesium é a mescla de platina e de aço inoxidável que
se pode encontrar no Yacht-Master. A designação tem a ver com a legislação britânica
que impede a utilização da palavra ouro a não ser quando se trata de ouro maciço e
não de uma associação de ouro com aço. Todos os relógios Rolex modernos que são
bicolores, em ouro ou em platina são maciços e não plaqué.
Ligas Rolex>
O meu pai adquiriu há cerca de dois anos um relógio Raymond Weil dedica-
do ao Fado. Gostaria de conhecer a história por trás do relógio e também
saber qual o valor actual dele. Obrigado pela atenção e parabéns pela eleva-
da qualidade da revista Espiral do Tempo.
Carlos Sanchez Perez, Porto
ET - O relógio de que fala é o Raymond Weil Fado 100 Anos, uma edição limitada de
100 exemplares – entre os quais o do seu pai! – concebida com fins de beneficência e
que visou celebrar um século de vida de um estilo musical exclusivamente português.
Tudo começou quando a Raymond Weil e a Torres Distribuição (sua representante em
Portugal) se juntaram ao jornal Público num projecto de contornos filantrópicos desti-
nado a exaltar o Fado; a intenção era não só celebrar os 100 anos do do Fado, mas tam-
bém financiar a compra do espólio formado por gravações originais do então novo esti-
lo musical registadas em 1904 e cerca de mil discos da primeira metade do século XX
– um valioso acervo que estava na posse de um coleccionador britânico. A missão de
fazer o Fado ‘regressar a casa’ contou com o apoio estatal e várias iniciativas paralelas,
entre as quais a criação da uma série de 100 relógios numerados devidamente perso-
nalizada com detalhes alusivos ao Fado e cuja receita reverteu parcialmente para o pro-
jecto. O relógio tem como base a caixa rectangular da linha Don Giovanni com
mostrador preto em guilloché tipo soleillage ao centro, contrastando com a cor branca
dos algarismos romanos, da inscrição ‘Fado 100 Anos’ (situada junto às 6h, mesmo
acima da janela da data) e da pequena lágrima da saudade (gravada às 5h). O fundo
transparente em vidro de safira apresenta a inscrição gravada ‘RAYMOND WEIL para 100
Anos de Fado em Portugal’ e deixa ver o mecanismo automático alimentado por um
rotor decorado com a gravação de uma pequena guitarra portuguesa. O preço pode
variar, mas tendo em conta que se trata de um relógio de edição limitada deverá valer
mais do que o que custou...
Recordar o Fado>
Tenho um relógio mecânico já com uma certa idade – um Cortebert – que
por vezes se atrasa alguns segundos por dia e outras se adianta alguns
segundos. É aceitável?
Tiago Almeida, Évora
ET - É normal que um relógio mecânico se atrase ou adiante alguns segundos por
dia, desde que não em demasia. Os valores tolerados em relógios com o certificado
COSC, por exemplo, são de -4 a +6 segundos por dia, uma variação considerada
muito boa para um relógio mecânico; se os valores se distanciam consideravel-
mente dessa ‘baliza’ temporal, é porque o relógio necessita de ser ajustado ou de
uma boa revisão. Se estiver dentro de valores aceitáveis, tente mudar a colocação
do relógio durante a noite na mesinha de cabeceira, por exemplo: se for deixado
com o mostrador para cima, tenderá a ganhar um ou dois segundos por noite;
experimente os vários posicionamentos e calcule as diferenças para descobrir dife-
rentes posições que se anulem entre si! Um bom relojoeiro poderá fornecer-lhe a
indicação dos valores que o relógio está a ganhar ou a perder nas diversas posições,
mediante uma máquina especialmente concebida para medir essas discrepâncias.
No caso da marca que refere, trata-se de uma marca antiga e que presentemente
até não está em produção, pelo que a antiguidade do seu relógio justifica uma
eventual menor precisão.
Disparidades diárias>
ESPIRAL DO TEMPO > 21
Gostaria de acrescentar um dado à explicação sobre as escalas telemétricas
fornecida na rubrica Correio do Leitor da última edição da vossa revista: as
escalas telemétricas revelaram-se especialmente úteis nas trincheiras da
Primeira Guerra Mundial, permitindo aos utilizadores estabelecer o cálculo da
distância a que se situavam os canhões do inimigo.
Pedro Vasques, Lisboa
ET - O nosso obrigado pelo valioso esclarecimento histórico. Partindo do princípio que
as escalas telemétricas permitem medir uma distância em quilómetros com base na
velocidade do som, os soldados iniciavam a cronometragem quando avistavam o clarão
das bocas de fogo dos canhões e paravam essa cronometragem quando se ouvia o som
do disparo; o ponteiro de segundos do cronógrafo indicava então, na escala telemétri-
ca, a distância que separava o observador do local onde foi disparado o tiro.
Escala Telemétrica>
Tenho reparado que os relógios estão cada vez maiores. Trata-se de uma
moda, ou é uma tendência que vem para ficar? Existe o risco de eu comprar
um relógio grande e de ele ficar desactualizado, ou de o seu uso se tornar
desapropriado, daqui a dez anos? Qual é o tamanho actual que pode servir
de referência?
João Salema, Lisboa
ET - A sua pergunta é interessante! Podemos começar por lhe responder recordando que
o desenvolvimento físico e a longevidade acompanhada pela perda gradual da visão
estão relacionados com a principal tendência verificada na indústria relojoeira ao longo
da última década: os relógios estão cada vez maiores, para melhor se adaptarem a pul-
sos grandes e também serem perfeitamente legíveis por vistas cansadas. No entanto,
o ‘crescimento’ dos instrumentos do tempo é também um exercício de estilo e pode ser
considerado um fenómeno de moda. E a moda parece ter vindo para ficar; não para
dominar exclusivamente o mercado, mas não há dúvida de que a média do tamanho
aumentou e há quem jure que quando se começa a usar relógios de diâmetro clara-
mente acima dos 40 milímetros já não se consegue regressar aos formatos mais clássi-
cos à volta dos 37 milímetros. Poder-se-á afirmar que, tendo em conta os vários mode-
los lançados pelas marcas mais credenciadas nos últimos três anos, as dimensões
canónicas de um relógio clássico contemporâneo para homem se situarão entre os 40
e os 42 milímetros; os modelos desportivos, e sobretudo os de mergulho, são maiores
e há mesmo exemplares com 50 milímetros de diâmetro! Mas também é verdade que
o exagero do gigantismo provocou uma natural reacção: nota-se uma tendência para-
lela de regresso aos modelos mais pequenos e até extra-planos, traduzida pelo recru-
descimento de vendas de alguns modelos clássicos Master da Jaeger-LeCoultre!
Quando o tamanho conta>
Tenho vários relógios mecânicos e, nalguns deles, a data muda instan-
taneamente; noutros, demora algum tempo para mudar após a meia-noite.
É normal? E essa diferença tem a ver com a qualidade do relógio?
José Pedro Santos Costa, Porto
ET - É normal se o tempo que demora para a mudança instantânea da data for de
apenas alguns minutos; se for de mais de uma hora, é necessário proceder a uma
revisão do mecanismo. De facto, há modelos que têm uma mudança de data
impreterivelmente à meia-noite, outros com a mudança não tão sincronizada; há
também modelos assentes em calibres mecânicos menos recentes em que o proces-
so de mudança de data se ‘arrasta’ lentamente durante quase duas horas – mas,
nesses casos, a mudança não é instantânea.
Mudança de data>
O que quer dizer a expressão ‘T Swiss Made T’ que se pode encontrar em
tantos mostradores? Percebo bem o que significa Swiss Made, mas qual a
razão para os T representados antes e depois dessa inscrição?
João Hernâni Vagos, Covilhã
ET - Quando surge um T no mostrador junto da inscrição Swiss Made, significa que o
relógio é suíço e que as partes luminescentes do mostrador contêm uma certa quan-
tidade de Tritium, matéria utilizada nos mostradores misturada com pintura lumi-
nescente. O que é luminescente precisa de uma fonte de energia para brilhar e a
radioactividade do Tritium proporciona essa energia, mas não há razão para alarme:
o Tritium é apenas um emissor Beta e o nível de radioactividade é tão baixo (e
inofensivo para a saúde) que as partículas Beta podem ser anuladas com uma sim-
ples folha de papel. A vantagem do Tritium consiste no facto de brilhar continua-
mente, mesmo à luz do dia (embora só em parcas condições de luz é que o seu
brilho se torna perceptível). A desvantagem está relacionada com uma vida limita-
da de cerca de uma dúzia de anos; a aparência vai-se degradando até ser mesmo
necessário substituir a pintura luminescente. Actualmente, e já desde meados da
década passada, os relógios marcados Swiss Made deixaram de empregar Tritium
para adoptar LumiNova ou Super-LumiNova, pinturas luminescentes passivas (ao
contrário do tritium ‘activo’), o que significa que precisam de carregar a sua ener-
gia com uma fonte externa – a exposição à luz, natural ou artificial. Novas regula-
mentações estão a afastar definitivamente a utilização do Tritium, pelo que a
LumiNova veio para ficar.
T de Tritium>
Correio do leitor
22 < ESPIRAL DO TEMPO
Comprei há cerca de cinco anos um relógio da marca Eterna com a inscrição
KonTiki no mostrador e também no fundo. Pesquisei na internet e julgo tratar-
-se de uma expedição efectuada no Oceano Pacífico; qual é a relação com
o relógio?
António Silva Veiga, Porto
ET - Os relógios Eterna da linha KonTiki têm tudo a ver com a expedição que menciona
no seu e-mail. A história começa quando o explorador norueguês Thor Heyerdahl cons-
tatou que a figura de Tiki (‘filho do sol’), adorada pelas gentes da Polinésia e evidente
nas tradições locais, tinha grandes semelhanças mitológicas com as lendas patentes em
velhos manuscritos incas acerca de KonTiki (‘deus do sol’); na altura, acreditava-se que
os ancestrais dos polinésios eram oriundos da Ásia Central, pelo que a teoria que
atribuía a sua ascendência aos incas causou polémica na comunidade científica. Para
confirmar essa tese migratória, Heyerdahl fez questão de mostrar ao mundo que uma
tão longa viagem seria possível.
Seguindo os princípios pouco sofisticados da época dos incas, construiu uma balsa com
a imagem de KonTiki a adornar a vela; rodeada de grande alarido, a expedição saiu do
porto de Collao (no Peru) em 26 de Abril de 1947 e atravessou mesmo o Pacífico na tal
simples jangada de madeira... chegando ao destino 7.600 quilómetros e 101 dias
depois! Entre os poucos utensílios ‘modernos’ usados pela equipa estavam os relógios
Eterna, especialmente comissionados pelo norueguês e manufacturados segundo rig-
orosos parâmetros de estanquicidade e fiabilidade. Foi feita uma pequena série – pro-
jecto que nasceu com o adequado nome de KonTiki.
O sucesso da expedição granjeou enorme fama ao aventureiro nórdico e à manufactura
Eterna, que desde então passou a incluir na sua colecção uma linha naturalmente bap-
tizada KonTiki de notáveis características à prova de água. Sempre com a silhueta do
KonTiki no fundo, os modelos foram variando ao longo das últimas décadas; a linha
KonTiki torna-se especialmente atractiva pela sua conotação histórica e acrescido valor
de colecção.
A eterna saga do Kon-Tiki>
Caros senhores, gostaria de desfazer definitivamente uma dúvida. (...) Estou
curioso relativamente à designação Water Resistant; afinal de contas, o que
significa, por exemplo, a designação Water Resitant 50m? Resistência à água
até uma profundidade de 50 metros? À prova de água até 50 metros? Existe
alguma classificação normativa relativa aos relógios de mergulho?
Hermínio Matias, Almada
ET - Devido aos perigos inerente ao mergulho em profundidade, os relógios utilizados
em actividades subaquáticas são submetidos a normas estabelecidas. E a designação
‘estanquicidade’ também está balizada pela norma DIN 8310.
• a simples menção Water Resistant que alguns relógios ostentam não significa que
esses relógios são destinados ao mergulho, mas que ultrapassaram com sucesso os
testes efectuados aquando do seu fabrico: uma imersão de 30 minutos num metro de
profundidade de água e de 90 segundos a 20 metros de profundidade.
• a menção Water Resistant 10m (1 bar/atm) assegura protecção contra a água (chuva,
suor) e o pó.
• a menção Water Resistant 30m (3 bar/atm) corresponde a um hermetismo normal.
O relógio está protegido constantemente contra as molhadas, o suor, a chuva, o uso
corrente (lavar as mãos ou a roupa); o duche é desaconselhado, já que a pressão da
água pode facilmente atingir as 3 atmosferas.
• a menção Water Resistant 50m (5 bar/atm) confirma que o relógio é estanque e pode
ser usado em natação à superfície, banho ou duche. É o grau mínimo de estanquici-
dade e deve-se evitar o mais possível as manipulações da coroa e dos botões dos
cronógrafos sob a água.
• a menção Water Resistant 100m (10 bar/atm) assegura que o relógio está prepara-
do para imersão prolongada. É particularmente indicada para o mergulho em águas
pouco profundas.
• a menção Water Resistant 150m (15 bar/atm) – ou a partir desse valor – confirma
que o relógio é indicado para a prática de mergulho em profundidade com botija de
ar comprimido.
Mergulhar de relógio>
Parabéns pela revista. (...) A razão do meu e-mail é a seguinte: gostaria de
saber o que é um cronógrafo tri-compax. Tem a ver com o número de botões?
Três botões? E a coroa também conta como botão?
Manuel Schmidt, Cascais
ET - Primeiramente, um agradecimento pela opinião positiva que tem da Espiral
do Tempo. Agradecemos os elogios e também as sugestões. Quanto à sua dúvida, a
designação tri-compax prende-se com o número de submostradores (também designa-
dos por totalizadores, acumuladores ou contadores) no mostrador. Geralmente, uma
disposição tri-compax inclui o totalizador dos minutos, o totalizador das horas e
pequenos segundos, com o ponteiro cronográfico dos segundos ao centro; uma habitu-
al disposição bi-compax apresenta o totalizador dos minutos e pequenos segundos con-
tínuos, com o ponteiro cronográfico dos segundos ao centro. Os botões não têm nada a
ver com os totalizadores; habitualmente, um cronógrafo tem dois botões a ladearem a
coroa (um para accionar a contagem e para parar; outro para recolocar os ponteiros a
zero) e quando existe um terceiro botão é porque o cronógrafo está dotado de um
segundo ponteiro dos segundos para uma contagem extra – nesse caso, trata-se de um
cronógrafo rattrapante.
Bi e Tri-Compax>
Apesar de o calendário apontar o mêsde Dezembro como o fim do ano civil, para mim, é
sempre no retorno de férias que tenho a sensação
do seu recomeço...
Há muito tempo que não saía de Lisboa em
Agosto. Julgo que tal se não dava há, pelo menos,
duas décadas. Ou seja, desde que os meus filhos se
tornaram independentes do resto da família nos
seus períodos de lazer. Talvez por isso, habituei-me
a gostar da calma da capital nesta altura, das lojas
semi-adormecidas, dos cinemas meio vazios, da
abundância de lugares para estacionar, enfim, da
semi-letargia em que os que aqui ficam mergulham
no oitavo mês.
Porém, neste verão, assaltou-me um certo com-
plexo de culpa por não partilhar com os netos um
período que, de algum modo, também lhes perten-
ce. E... da contrição, passei aos actos. Decidindo de-
dicar a cada um deles uma semana. Em separado.
Porque, à semelhança do que fazia com os meus
rebentos, continuo a gostar de manter relações indi-
vidualizadas. É claro que estar com os dois ao
mesmo tempo é muito divertido, mas quando isso
acontece, tenho a impressão de perder um pouco da
intimidade que necessito de ter com cada um.
Comecei pelo mais novo. Instalei-me com ele
num hotel agradável e deixei correr os dias ao sabor
da sua vontade. Por uma espécie de magia, tive a
impressão de recuar, na máquina do tempo, uma
trintena de anos e vi-me, jovem mãe, num papel se-
melhante. Com a apreciável diferença de, agora, o
prazer ser bem maior, por não precisar vestir o papel
de educadora. Essa é, felizmente, e em exclusivo, a
tarefa dos pais. Não a dos avós.
De retorno a Lisboa preparei a ida a Paris com
o mais velho. Minuciosamente. Não para lhe mostrar
os cânones obrigatórios dos turistas. Pelo contrário.
Apenas para passearmos, em Setembro, pelos re-
cantos que eu conheço e quero deixar-lhe como
herança emocional. Como os meus avós, no seu
tempo, fizeram comigo. E que eu fiz com os meus
filhos. Numa forma de comunhão do que de mais ín-
timo lhes posso dar.
Mantive, até aqui, com os meus netos, uma re-
lação próxima, mas não invasiva. Talvez porque ape-
nas tenho rapazes. Ou porque, no fundo, receasse
prender-me demasiado, como tantas vezes tenho
visto amigas minhas fazerem. Não sei.
Os netos, por mais chegados que sejam a nós,
serão sempre educados pelos pais. E mesmo que
não concordemos com os critérios paternos, aquilo
que se nos pede é que os não ponhamos em causa.
Estas férias foram, para mim e, creio, também
para eles, o começo de um novo percurso. Trata-se,
no fundo, de uma aprendizagem na forma de expri-
mir os afectos com a segunda geração daqueles que
trazem o meu sangue. Só agora, que eles vão entrar
na adolescência, esta outra proximidade se torna
possível.
Antes, o que eu tinha para lhes dar era uma
imensa ternura feita de pequenos gestos. Hoje, o
que tenho para lhes oferecer é um certo olhar sobre
o mundo que os rodeia, uma história familiar que
nos une a todos, uma experiência de vida que os
fará sentir que fazem parte de tudo aquilo que vivi,
mesmo antes de nos termos conhecido!
Ser avó não é, como dizem, ser duplamente mãe
ou duplamente pai. É, antes, uma mistura de ser filho
outra vez, quando tentamos voltar à idade deles, de
ser irmão mais velho, quando ouvimos as suas con-
fidências, de ser, enfim, o porto de abrigo com que
eles contam, sempre que a tempestade se aproxima.
Julgo não mentir ao afirmar que ser avó nos per-
mite gozar de um novo alento, numa idade em que
a tirania da juventude obrigatória, pouco ou nada
tem já para oferecer à maioria de nós!
Helena Sacadura Cabral
CRÓNICA
O TEMPO DOS AVÓS
24 < ESPIRAL DO TEMPO
Ser avó não é, como dizem,
ser duplamente mãe ou
duplamente pai. É, antes,
uma mistura de ser filho
outra vez, quando tentamos
voltar à idade deles, de
ser irmão mais velho,
quando ouvimos as suas
confidências, de ser, enfim,
o porto de abrigo com que
eles contam, sempre que a
tempestade se aproxima.
Bíblia. Mas desde que o papa João Paulo II decla-
rou que o Evolucionismo, apresentado por Charles
Darwin, «é mais do que uma hipótese», que a po-
lémica e a angústia se instalaram nos crentes,
teólogos e cientistas, em especial quando acumu-
lam as três condições.
«Os crentes religiosos devem afastar-se da
noção de um ditador ou Deus designer, um Deus
newtoniano que fez o Universo como um relógio
que faz tic-tac regularmente.» Esta uma das prin-
cipais críticas do Padre Coyne, astrónomo e ex-di-
rector do Observatório do Vaticano, à investida
neocriacionista, centrada nos EUA de George W.
Bush, e que ganhou grande visibilidade com a pu-
blicação, no New York Times, de um manifesto do
cardeal Schonborn, de Viena. Para este cardeal
Papa convidou Schonborn, e outros antigos alu-
nos seus, para meditarem em conjunto no proble-
ma, na residência de Castelgandolfo.
Aceito que a influência de ‘A Origem das
Espécies’, e do próprio Darwin, seja enervante
para os criacionistas. Primeiro porque, ao contrá-
rio do que o senso-comum às vezes diz, Darwin
não voltou a ter o espírito religioso da sua juven-
tude, no fim da vida. O manuscrito integral da sua
autobiografia fora censurado pela irmã, quando
leu, por exemplo, que o cristianismo é uma ‘reli-
gião infernal’ por afirmar que quem nela não acre-
dita está condenado ao Inferno.
E há a questão do macaco... não só vimos
dum macaco antepassado, como Darwin escreveu
esta pérola da comparação (também censurada
Enquanto nós andamos a tentardar um jeito à vida ou, simplesmente, a tentar so-
breviver, o Vaticano vai ao que interessa e reflecte
sobre ‘o’ sentido da vida na Terra. É o tipo de
questões a que é fácil responder quando já se
sabe a resposta, graças a Deus: a resposta é Deus.
Infelizmente, há o problema do tempo: fomos
criados de uma só vez ou somos resultado de lon-
ga série de selecções naturais? A vida actual é cria-
ção ou evolução? Demorámos seis dias ou 15 mil
milhões de anos a ocupar um canto no Universo?
Vê-se tanta confusão no mundo que desconfio
que foi feito um bocado à pressa, como sugere a
teólogo, o Evolucionismo é que é uma teoria dog-
mática e não provada, porque a vida na Terra, a
começar pelo Homem, é a prova da vontade cons-
ciente dum criador. Somos obra de um ‘design in-
teligente’. A curiosa teoria levou o Padre Coyne,
um jesuíta, a acrescentar, recentemente:
— As pessoas que querem ver designers, de-
vem ir a Milão.
Para Coyne, a teoria do ‘design inteligente’
não é ciência, embora se faça passar por tal.
Pouco depois, seria afastado do cargo pelo papa
Bento XVI, que também gosta de referir a vida
como ‘um projecto inteligente’. Em seguida, o
nas primeiras edições da autobiografia): admitiu
que seria possível, ao longo das gerações, incutir
na espécie humana a crença inata num Ser Supe-
rior, igual, por exemplo, ao ‘medo instintivo que
os macacos sentem pelas cobras.’
No contexto biológico, juntar as palavras ‘cria-
ção’ e ‘design’ faz-me também pensar em coisas
estranhas, como o Portugal Fashion num galinhei-
ro de pintainhos (tenho um fundo rural).
A negação do acaso na vida da Terra, sermos
a criação acabada do ‘designer inteligente’, recor-
da-me as objecções de Parménides ao perfeito
‘mundo das ideias’ de Platão. Se tudo no mundo
físico é uma cópia imperfeita de uma ‘ideia’ num
mundo superior (só vemos sombras projectadas
na parede duma caverna...), também lá existirá o
arquétipo perfeito de cocó e de moscas, não é?
E quem desenhou aquelas bactérias que vivem
em lagos de alcatrão, as minhocas marinhas gi-
gantes que largam um ranho nojento e as saias
da Floribella?
Até o meu filho de sete anos reparou que na
Arca de Noé não há dinossauros...
Diz-se que o Universo começou na explosão
primordial, o Big Bang, duma bola minúscula. Na-
queles tempos, talvez já lá estivesse, como diziam
os antigos, o motor inicial, a ‘causa não causada’,
Deus. Só que não era com certeza um velhote de
barbas. O que é que Ele ia fazer com uma bola do
tamanho duma meloa, mas com o peso e a massa
de todo o Universo? Dar-lhe um chuto, arranjar pro-
blemas no menisco?
Foi por isso que, acho eu, Ele fez explodir a
bola com dinamite e o Universo entrou em expan-
são, no espantoso design das galáxias, é uma teo-
ria como as outras.
Rui Cardoso Martins
CRÓNICA
A CRIAÇÃO ESTÁ A EVOLUIR?
26 < ESPIRAL DO TEMPO
…fomos criados duma só vez ou somos resultado de longa série
de selecções naturais? A vida actual é criação ou evolução?
Demorámos seis dias ou 15 mil milhões de anos a ocupar um
canto no Universo?
Vou tentar explicar as razõeshistóricas que me levaram à construção deste
ou daquele relógio. No que diz respeito ao fenó-
meno da ressonância, a ideia intuitiva de que a
energia se expande sem no entanto se perder
remonta ao século XVIII, com as pesquisas do
grande químico A. L. de Lavoisier (1743-1794),
que afirmou a sua muito célebre teoria na ori-
gem do meu modesto propósito: nada se perde,
nada se cria, tudo se transforma.
Com a invenção do pêndulo, os relojoeiros
observaram que as frequências interferiam fre-
quentemente com o meio ambiente e não era
raro observar que um relógio com balanço para-
va por si sempre que o pêndulo entrava em
ressonância com o peso motor suspenso à
corda. Um genial ‘relojoeiro mecânico’, como
ele próprio se auto-intitulara, teve pela primeira
vez o sentimento que se podia tirar proveito
desse inconveniente para dele fazer um trunfo:
falamos de Antide Janvier, nascido em 1751 na
localidade francesa de Saint-Claude. A sua ideia
foi construir dois mecanismos completos com
dois escapes de precisão para os colocar um
perto do outro, fazendo com que os dois pên-
dulos estivessem suspensos à mesma armação.
Assim como o imaginara muito propositadamen-
te, ambos os pêndulos recuperaram a energia
libertada por cada um deles de forma que se
puseram a bater conjuntamente, entrando en-
tão, em ressonância.
Seguro por essa onda e protegido pelas vibra-
ções exteriores, tal princípio aumentava consi-
deravelmente a precisão de funcionamento.
Antide Janvier construiu ainda, por volta de
1780, dois reguladores de precisão – um con-
servado no Museu Paul Dupuy em Toulouse e o
outro na colecção privada de Montres Journe SA,
Genève. Um terceiro regulador de escritório en-
contra-se no Museu Patek Philippe de Genebra.
Trinta anos mais tarde, Abraham-Louis Breguet
iria construir um regulador com ressonância para
o rei de França Luís XVIII, que actualmente per-
tence à colecção do Museu das Artes e Ofícios de
Paris, e outro para o rei da Inglaterra, Jorge IV,
conservado no Palácio de Buckingham. Realizou
ainda, para ambos os monarcas, um relógio de
bolso que retomava o mesmo princípio. No meu
conhecimento, jamais alguém se interessou por
este fenómeno físico na relojoaria, apesar de ser
algo fascinante!
As vantagens oferecidas pela ressonância em
termos de fenómeno para a precisão incentiva-
ram-me a prosseguir nas minhas pesquisas que,
passados quinze anos, me permitiram adaptar o
mesmo fenómeno de ressonância a um relógio
de pulso. Trata-se do segundo modelo da Co-
lecção Souveraine: o Chronomètre à Résonance
(Cronómetro com Ressonância). Efectivamente,
o sistema de ressonância parecia-me especial-
mente adaptado aos diversos movimentos do
pulso que provocam muitos choques nefastos
para o mecanismo dos relógios.
François-Paul Journe
CRÓNICA
NO CORAÇÃODO MOVIMENTO
28 < ESPIRAL DO TEMPO
As vantagens oferecidas
pela ressonância em termos
de fenómeno para a
precisão incentivaram-me
a prosseguir nas minhas
pesquisas que, passados
quinze anos, me permitiram
adaptar o mesmo fenómeno
de ressonância a um
relógio de pulso.
Aos 37 anos, o nome de Jérôme Lambert é já sobejamente conhecido e respeitado no mundo da alta-relojoaria. O patrão da Jaeger-
-LeCoultre é um daqueles casos de sucesso inquestionável, protagonista e herdeiro de uma história centenária que ele tão
sabiamente tem conduzido neste novo milénio. Com uma clareza de discurso e uma honestidade quase raras, diz-nos que a
«juventude é um defeito que o tempo corrige». E Jérôme Lambert precisou de pouco para provar que era capaz!
GRANDE ENTREVISTA
t e x t o Vand a Jo rg e > f o t o s Nuno C o r r e i a
Rejuvenescer a herançaJérôme Lambert
Vanda Jorge: Tem um percurso profissional feito na
área financeira; o encontro com a relojoaria deu-se
por acaso?
Jérôme Lambert: O que me levou à relojoaria foium duplo interesse. O interesse pelo que é belo,pelas peças bem trabalhadas e pelo savoir-fairedas artes que valorizam essas peças. Eu soufrancês, nasci do outro lado do Jura suíço, numapequena região que se chama Blossom e que éconsiderada a vila relojoeira francesa. Portanto, arelojoaria sempre teve um grande significadopara mim, e tradicionalmente sempre foi umaárea activa, aberta ao mundo e com muitos atrac-tivos.Tive ainda a sorte de encontrar uma pessoa
que me fez ver que a Jaeger-LeCoultre não éapenas uma marca relojoeira, é muito mais, éuma das maiores marcas, uma referência no uni-verso relojoeiro, uma casa formada por colabo-radores completamente apaixonados pela missãode fazer viver esta marca.
VJ: Quando se tornou CEO da Jaeger-LeCoultre, é na-
tural que tivesse certas expectativas. Na altura, olhou
para a manufactura e recorda-se de quais foram os
seus primeiros pensamentos?
JL: A primeira coisa em que pensamos quandotemos 33 anos e ocupamos um cargo desses, énos 173 anos de história da marca, uma longa e
«A juventude é um defeito
que o tempo corrige»
ESPIRAL DO TEMPO > 31
Jerome Lambert^‘
bonita história, e pensamos na enorme responsa-bilidade que temos à nossa frente. É preciso terconsciência da qualidade e de tudo o que a marcafoi capaz de criar ao longo desses anos. A Jaeger--LeCoultre foi pioneira da grande maioria dastécnicas relojoeiras, tendo sido a grande Casa deVale de Joux com uma atitude importante emmatéria de grandes complicações, e é autora de al-guns dos mais belos mecanismos do século XIX.
VJ: Em 2001, quando assume o cargo, era um jovem
no universo relojoeiro. Sente que isso terá influen-
ciado directamente o percurso da marca nos últimos
cinco anos?
JL: A juventude é um defeito que o tempo corrige(risos). O facto de ser um pouco mais jovem quea maioria dos colaboradores, é relativo. A posiçãode director-geral obriga-me a estar muito atentoe a agir em conformidade com o mercado, e aconhecer naturalmente os gostos e o pra-zer actual ao usar-se um relógio. A forma comoo usamos evolui, e é preciso estarmos mais aten-tos e sensíveis à evolução das atitudes de con-sumo dos nossos clientes.
VJ: Isso justifica, por exemplo, que com a linha Master
Compressor, o classicismo da marca tenha sido
alargado a uma postura mais moderna e até mais
desportiva?
JL: O carácter de pioneira está desde sempre asso-ciado à Jaeger-LeCoultre, e é essa capacidade de
inovar que, aliada à tradição, nos dá a capacidadede ter uma visão mais moderna. É verdade que alinha Master Compressor, pelo seu estilo, pelascaracterísticas estéticas e técnicas, por toda a pes-quisa que envolveu o desenvolvimento do meca-nismo e a caixa mais desportiva, foi qualquercoisa de ‘radical’ para a marca.
VJ: Depois de anos de relutância, lançaram o primeiro
cronógrafo automático. Foi uma exigência do próprio
mercado?
JL: É verdade, durante muitos anos os clientespediram um cronógrafo automático Jaeger--LeCoultre. Era algo presente mas a matriz de concepção de um cronógrafo é muito com-plicada. A grande maioria dos cronógrafos ac-tuais chegam-nos de três ou quatro grandes fa-mílias. O precedente do nosso foi o mecanismocom que a Rolex equipou o Daytona. Para con-ceber um cronógrafo é preciso muito tempo,muita mise au point e um grande investimento.O que acontece no caso da Jaeger-LeCoultre é que, se queremos lançar um novo cronógrafoautomático, temos que conceber esse mecanis-mo, é preciso uma forte motivação e a vontade dedesenvolver uma linha mais moderna, mais ino-vadora e radical. Para isso é preciso um mo-vimento que se inscreva nesta filosofia, e aqueleque se melhor se aplica é o calibre com alar-me, um movimento de cronógrafo do tipo TwoTimes Zone.
VJ: Quais são os desafios actuais de uma manufac-
tura, quando proliferam as marcas que se dizem
manufacturadas?
JL: Hoje a Jaeger-LeCoultre é a manufacturamais integrada, é a que domina mais artes, faztodos os seus movimentos, as próprias caixas, osmostradores e a nossa principal missão é a de sera manufactura mais inovadora e criativa. O nossodesafio actual é, sem dúvida, o de testar a nossacapacidade e ser a marca mais inovadora nonosso segmento. Julgo que o conseguimos atra-vés da nossa filosofia relojoeira de realização demovimentos e de caixas.
VJ: E os princípios mantêm-se os mesmos desde o
momento da fundação?
JL: A fidelidade às regras e aos princípios baseforam dados por Antoine LeCoultre,que fundoua manufactura sob os ideiais que, segundo ele, atornariam uma casa inovadora, criativa e capazde testar os limites. Foi ele quem fixou o quadroe a inspiração para a marca há mais de um sécu-lo. Nós seguimo-nos pelos valores fixados por elenessa altura.
VJ: Concorda que a Jaeger-LeCoultre está particular-
mente activa na corrida pelas grandes complicações?
Por exemplo com o Gyroturbilhão...
JL: Depois do Gyroturbilhão já fizemos o Repe-tição de Minutos e, este ano, lançámos o Reversoà Triptyque, o modelo mais complicado do mun-
Jerome Lambert
«A fidelidade às regras e aos
princípios base foram dados por
Antoine LeCoultre, que fundou
a manufactura sob os ideais
que, segundo ele, a tornariam
uma casa inovadora, criativa
e capaz de testar os limites»
Jerome Lambert^‘
^‘
32 < ESPIRAL DO TEMPO
«A posição de director-geral
obriga-me a estar muito atento
e a agir em conformidade
com o mercado, e a conhecer
naturalmente os gostos e o
prazer actual ao usar-se
um relógio»
Jerome Lambert^‘
ESPIRAL DO TEMPO > 35
do para um relógio que é produzido em série. Éum relógio com um novo escape, que incorporauma função celeste e mais adaptada ao desejo dosclientes que já se habituaram ao calendário perpé-tuo. Este relógio é um novo epíteto à nossa cria-tividade e capacidade técnica, e já registámos trêspatentes. A nossa presença na corrida pelasgrandes complicações deve-se à vontade de quer-er ser a marca mais inovadora, porque na Jaeger-LeCoultre não fazemos grandes complicaçõessem acrescentar qualquer coisa ao sector. Quandocriámos a Repetição de Minutos inventámos lecristal gong (bordão) e o timbre cristal (timbrecristalino) que tecnicamente melhora a qualidadedo som da repetição de minutos; é um produtodiferente, atractivo e estruturante para a reflexãosobre estes modelos. O mesmo se pode dizer doGyroturbilhão, que é um turbilhão com outradimensão, e do Reverso Triptyque para o qualdesenvolvemos um novo escape.
VJ: Tem o discurso de alguém que sabe muito bem
qual é o caminho a seguir. Quais são as orientações
para os próximos anos ?
VJ: Desde há vários anos que o futuro passa porser uma marca tecnicamente avançada, umamarca que inventa e que é criativa. Esta dinâmi-ca é comprovada pelo número de novos movi-mentos – desenvolvemos sete o ano passado –,pelo o número de novos modelos e de surpresasrelojoeiras. Posso dar o exemplo do Extreme, oAMVOX 2, o Gyroturbilhão; este espírito é oque nos vai acompanhar no futuro.
VJ: Qual tem sido a reacção dos colaboradores da
Jaeger-LeCoultre, alguns até com mais experiência,
ao trabalhar com um director mais jovem? Sentiu,
por exemplo, que a motivação cresceu, que houve
maior receptividade a novas experiências?
JL: Penso que a motivação dos colaboradores estáem conformidade com a marca primeiro que
Design, alta tecnologia, técnicos altamente especializados
e paixão fazem desta Manufactura um ícone da indústria
relojoeira Suíça.
1
Jerome Lambert^‘
tudo, com o tal dinamismo da própria marca.O factor mais motivador para os colaboradores étrabalhar numa marca vencedora, que se reinven-ta e que é autora de belas criações. Depois há acapacidade de cada um realizar o seu própriosonho, ter um desenvolvimento pessoal. A marcaousa, ela permite-se a correr certos riscos e issopermite aos colaboradores realizar ideias, e de asver florescer. Essa liberdade que deixamos aosnossos criativos, o sentido do risco, a dinâmica ea história da marca são os factores de motivação.
VJ: O novo Reverso Squadra foi um desses riscos que
fala?
VJ: Foi um risco, mas um risco calculado. No casodo Reverso Squadra a inspiração é muito profun-da. Desde 1931 que estava construída uma peçade referência com o objectivo de ser comerciali-zada e numa caixa quadrada/rectangular, o quefizémos foi interpretá-la com uma visão contem-porânea. Dou várias vezes a imagem de umaárvore para caracterizar o que é hoje a Jaeger--LeCoultre: é preciso imaginar grandes raízes,com muitos anos e muito profundas, mas comum tronco com folhas que permitem captar o sole as influências novas, sentir o grande eixo de evo-lução da relojoaria.
VJ: Recentemente a marca organizou uma festa no
Museu Rodin em Paris, para comemorar os 75 anos
do Reverso, em que revelou um lado mais moderno,
arrisco-me a dizer até mais fashion...
JL: Considero que a nossa missão é manter a arterelojoeira atractiva, desejável e isso leva-nos a con-quistar novos clientes. É preciso que eles reconhe-çam os nossos relógios – como o Reverso Squadra,o Extreme – como produtos que são verdadei-ramente relojoeiros mas que têm um toque de atracção,de contemporaneidade,mais do que umamoda, é preciso ter uma carácter desejável.
VJ: Sente que com o crescimento de novos mercados,
como a Ásia e a Rússia, a relojoaria terá que mudar
em certos aspectos?
JL: Vivemos num mundo cada vez mais aberto esofremos mais influências, há mais riqueza e issoobriga-nos a reflectir. O caso do Reverso àEclipses é um produto interessante dentro destafilosofia. É uma peça que se inspira nas imagenschinesas do século XIX mas que é servido por umsistema mecânico, completamente revolucionário,que permite fechar e abrir o relógio. Nesse senti-do, dá mais riqueza à expressão relojoeira.
VJ: Conhece o mercado português?
JL: É a minha primeira viagem a Portugal, a re-putação é boa, e temos relações muito próximascom as equipas que trabalham aqui.
VJ: Está em Portugal para assistir a mais uma Etapa
da Multicup 60. A marca firma mais uma vez o com-
promisso de estar próxima do desporto, que é actual-
mente uma inesgotável inspiração para a criação de
relógios...
JL: Decidimos que a Jaeger-LeCoultre iria realizarrelógios que se inscrevessem no ambiente dodesporto. Mas para concretizar esse aspecto maisdesportivo é necessário poder renovar a inspi-ração e é o que acontece num evento como este,que nos dá essa expressão e inspiração. E natural-mente, a possibilidade de na Multicup se podertestar a função de cronómetro, em barcos ino-vadores e velozes, é também muito interessante.
VJ: Há quem o considere um workhaolic...
JL: Foi a minha mulher quem disse isso? (risos).Quando me cruzo nos corredores da manufac-tura, vejo que há pessoas que entram na Jaeger--LeCoultre e se dedicam como se a manufacturafosse uma religião ou uma paixão. A partir domomento em que se tem noção de que o trabal-ho se tornou uma paixão, investimos totalmente.É mais do que a simples vontade de realizar umatarefa ou ser profissional, é uma forma de prazer.Esta é uma marca extraordinária, trabalho compessoas extraordinárias, agora estou aqui emLisboa, à conversa consigo, não acha que tenhoum trabalho agradável? ET
Jaeger-LeCoultre cronometrista oficial daMulticup 60 Ambassador Premium Coffee
Jérôme Lambert esteve pela primeira vez em
Portugal para assistir ao I Grande Prémio de Por-
tugal – Portimão/Multi Cup 60 Café Ambassador,
que decorreu entre os dias 13 e 16 de Julho, na
Marina de Portimão. A etapa portuguesa é a quin-
ta do circuito Multicup 60 Ambassador Premium
Coffee, um novo circuito internacional da vela ao
mais alto nível em que participam os melhores
velejadores da classe, nas mais sofisticadas em-
barcações: os multicascos 60 (trimarans).
As tripulações chegaram ao Algarve depois de
quatro etapas já cumpridas, com largada em
Londres e passagens pelos Alpes Marítimos, Nice,
Trapani e Marselha. O patrão da Jaeger-LeCoultre,
amarca que se associou à competição como
cronometrista oficial, foi uma das muitas presen-
ças que assistiram aos momentos únicos protag-
onizados nas águas pelos quatro gigantes do mar
em competição.
36 < ESPIRAL DO TEMPO
Jerome Lambert^‘
«A partir do momento em que
se tem noção de que o trabalho
se tornou uma paixão, investimos
totalmente. É mais do que a
simples vontade de realizar
uma tarefa ou ser profissional,
é uma forma de prazer»
Jerome Lambert^‘
BREVES
F.P. JOURNE Octa Calendrier
O calendário anual é a terceira complicação a ser integrada no calibre Octa Auto-
matique. Considerado como o primeiro mecanismo automático a assegurar uma
reserva de marcha de um mínimo de cinco dias, este modelo garante uma me-
dição do tempo extremamente precisa mesmo quando não está a ser usado.
Nesta nova ousadia relojoeira, François-Paul Journe integra uma complicação de
peso – um calendário anual retrógrado, mantendo a dimensão do mecanismo. Se-
gundo o mestre, este é o primeiro relógio de pulso a integrar um calendário anual
e data panorâmica com uma reserva de marcha de 120 horas. Preço: € 35.880
VACHERON CONSTANTIN Homenagem ao viajante
Dez anos depois da Vacheron Constantin ter lançado a colecção
desportiva Overseas, a marca volta a homenagear o viajante com
novos modelos inseridos na sua emblemática linha. Foram lança-
dos quatro novos relógios Overseas: um cronógrafo em ouro ama-
relo para completar a colecção de cronógrafos, e três novos Dual
Time (com duplo fuso horário): uma edição limitada em ouro rosa
de 18 quilates com mostrador cor de chocolate para celebrar o dé-
cimo aniversário, e um em ouro amarelo com o tradicional mos-
trador prateado guilloché Overseas e o pilar da linha Duqal Time,
o modelo de aço inoxidável disponível com mostradores pratead-
os ou pretos em guilloché. Preço: Sob consulta
Para a rentrée, a Espiral do tempo preparou uma selecção
repleta de novidades para todos os gostos. Descubra as
tendências que marcam os dias na alta-relojoaria.
t e x t o s Vand a Jo r g e
ATMOS DA JAEGER-LECOULTRE O tempo perfeito
O Atmos clássico com indicação das fases da lua oferece a fascinante combinação
entre o trabalho de um mecanismo de excelência com o desejado movimento per-
pétuo. Nesta nova versão, o famoso ícone da Jaeger-LeCoultre faz-se acompanhar
de uma complicação arrojada: a indicação de meses e fases da lua perpétua (com
apenas um dia de diferença ao fim de 3821 anos). O genial conceito de funciona-
mento baseado na variação da temperatura é de fácil utilização e não necessita
de qualquer tipo de corda manual ou automática nem de pilha, o que torna esta
peça uma forte aliada da economia e da ecologia. O revestimento em vidro cristal
permite que o Atmos seja personalizado com a inscrição desejada.
Preço: € 6.900
GLASHÜTTE ORIGINAL A excelência alemã
O minimalismo e o regresso às linhas mais puras da alta-relojoaria
mantêm-se como tendência na Glashütte Original. O design minimalis-
ta deste Senator Automatic aloja o calibre 100 da manufactura, que
por opções estéticas mede apenas 4.2 milímetros de espessura. Uma
proeza, tendo em conta que o mecanismo – em exibição através do
fundo transparente em safira – apresenta uma apreciável reserva de
marcha de 55 horas. Preço: € 4.220
FRANCK MULLER MASTER SQUARE Harmonia e equilíbrio
Da Casa Franck Muller sai a proposta de um relógio em que
a pureza geométrica das formas lhe confere um aspecto
perfeitamente harmonioso. A Art Déco foi mais uma vez a
fonte de inspiração dos designers da Casa sedeada em
Genthod. O rigor da forma da caixa segue os princípios da
arquitectura praticada na época. A mesma elegância é visí-
vel no mostrador com a numeração romana em branco a
contrastar com o fundo a negro. Harmonia e equilíbrio são
as palavras que melhor definem este Master Square.
Preço: € 10.990
RELÓGIOS ATÓMICOS Em 1945 Isidor Rabi, um professor de física na
universidade de Colombia, sugere a construção
de um relógio atómico a partir de técnicas de
ressonância magnéticas de raio de luz atómico.
Quatro anos depois, o NIST- National Bureau of
Standards, anuncia a construção do primeiro
relógio atómico baseado nas técnicas de Rabi,
usando moléculas de amónia. Nas décadas se-
guintes são criados o NBS-1, o NBS-2 e o NBS-
3. Em 1967, é definida a unidade baseada nas
oscilações dos átomos de césio e o padrão de
grandeza tempo afasta-se da astronomia. NBS-4
é terminado em 1968, em 1972 o NBS-5 é usado
como padrão de referência, quatro anos mais
tarde, o NBS-6 está operacional com um erro in-
ferior a um segundo em 300 mil anos. Nos anos
90 entra em operação o NIST-7, e em 1999 entra
em funcionamento o NIST-F1, com uma incerteza
de 1,7 partes em 10-15, que corresponde a um
erro de um segundo em cerca de 20 bilhões de
anos, tornando-o o melhor relógio do mundo.
Este novo padrão utiliza uma nova técnica cha-
mada Relógio por Fonte de Césio.
Exportações relojoeiras suíças em crescimentoAs exportações do sector relojoeiro suíço regis-
taram um crescimento de 3% em Agosto, em com-
paração com o mesmo período em 2005, ascen-
dendo aos 899,1 milhões de francos suíços. Nos
oito primeiros meses do ano a taxa de crescimen-
to rondou os 11,1 por cento.
Grupo Franck Muller adquire palácioA estrutura accionista do grupo Franck Muller de-
sembolsou recentemente entre 18 a 18,5 milhões
de francos suíços, na compra do majestoso palácio
Grand Malagny, em Genthod. O palácio do século
XVIII, que se estende numa propriedade de 124 mil
metros quadrados, situa-se nas zonas adjacentes
a Watchland.
BREVES
42 < ESPIRAL DO TEMPO
BVLGARI A excelência alemã
Uma das propostas deste ano da Casa Bvlgari acaba de
chegar numa peça em ouro branco e correia em pele de
jacaré. O mostrador em preto expõe a decoração ao esti-
lo Côtes de Genève e a indicação de reserva de marcha.
Com função de horas, minutos, segundos e 72 horas de
autonomia, a estanquicidade deste relógio com caixa de
41 milímetros chega aos 30 metros em profundidade.
Preço: € 12.600
RAYMOND WEIL O eterno brilho feminino
A Raymond Weil presta homenagem à beleza
feminina com o lançamento da linha Shine.
A nova versão da colecção, que já se tornou
uma referência das mulheres actuais, tem
ainda mais brilho. Os 48 diamantes distri-
buem-se pela caixa e pelo mostrador
envolvendo os quatro volumosos nú-
meros, sinónimo de um design sofisti-
cado. Relógio ou jóia? Combine os dois!
Preço: € a partir de 2.2995
MONTBLANC Homenagem a Sir Henry Tate
A edição ‘Patrono das Artes’ deste ano é atribuída a Sir Henry Tate,
um dos empreendedores mais bem sucedidos da época vitoriana
na Grã-Bretanha. A peça de linhas simples com o corpo folheado
a platina – com incrustações guilhoché em laca e decorações si-
métricas no anel da tampa abaixo da estrela Montblanc em
tons de marfim – recorda o estilo neoclássico da Tate
Gallery, em Londres. O aparo retráctil, em ouro branco
de 18 quilates folheado a platina, é adornado com
a gravação de uma planta da cana-de-açúcar,
a matéria-prima que Sir Henry Tate transfor-
mou no ‘ouro branco’ e que lhe permitiu
tornar-se num dos maiores empresá-
rios do seu tempo. Preço: € 1.800
(Edição limitada a 4810 peças
a nível mundial)
«Há sempre relógios
que nos fazem interrogar
sobre a filosofia do tempo,
porque o tempo
é abstracto»
Franck Muller
BREVES
44 < ESPIRAL DO TEMPO
GRAHAM R.A.C.
O nome do novo Graham Chronofighter – R.A.C. –
tem criado algumas dúvidas entre os aficionados
que se questionam sobre o significado da sigla. Na
verdade, trata-se da abreviatura da característica
do mecanismo de alta precisão que acompanha a
nova gama Chronofighter: um cronógrafo com roda
de colunas (roue à colonnes, ou R.A.C). Equipado
com uma nova versão da famosa alavanca do
arranque do cronógrafo colocada à esquerda, este
modelo não passa certamente despercebido.
Preço: € 5.850
AUDEMARS PIGUET Millenary num tempo oval
Com o mostrador oval inspirado nas formas do Co-
liseu romano, algarismos volumosos e uma arroja-
da noção de estilo, a colecção Millenary convida a
descobrir uma nova concepção de tempo: o tem-
po Oval. Para os homens afirma-se num estilo neo-
clássico com as curvas polidas a contrastar com a
superfície acetinada; a caixa de 45 milímetros e a
coroa redimensionada garantem um conforto abso-
luto; na versão em ouro rosa destaca-se a indi-
cação das horas em numeração romana e os pon-
teiros no mesmo material. A linha Millenary desti-
nada às mulheres revela formas delicadas e femi-
ninas com os brilhantes a iluminar o mostrador.
Símbolo de modernidade, esta versão em aço joga
com a indicação das horas e dos minutos descen-
trada, numa harmonia simplesmente perfeita.
Preço: € 9.900 e € 16.800
«Há trinta anos, uma mulher usava
uma jóia como forma de se igualar
ao homem, hoje em dia, a mulher
escolhe uma jóia como testemunho
das suas emoções diárias»
Alain Nemarq, Director-geral Mauboussin
JAEGER.LECOULTRE Master Eight Days
Herdeiro da mais distinta tradição relojoeira, este
Master Eight Days reúne a estética e o equilíbrio
reconhecidos nas peças de excelência da ma-
nufactura Jaeger-LeCoultre. O calibre combina
a precisão da alta frequência com a autono-
mia de oito dias de reserva de corda garan-
tidos pelo tambor duplo. O fundo em sa-
fira permite admirar o movimento e a
decoração trabalhada com a perícia
dos artesãos da manufactura. A in-
dicação de data panorâmica é ajus-
tada através da coroa e basta dar
corda manual ao relógio apenas
uma vez por semana.
Preço: € 7.950
BVLGARI Símbolo de elegância
A nova colecção Parentesi, um símbolo inconfundí-
vel da Bulgari, está repleta de peças deslumbrantes
que usam a essência clássica aplicando-a à época
contemporânea. Criada na década de 70 do século
passado, esta colecção é já um ícone da marca, que
se tem renovado ao longo do tempo. É o caso des-
tes brincos em ouro branco com diamantes pavé,
que iluminam o rosto com os seus reflexos.
Preço: € Sob consulta
PORSHE DESIGN Pequenos luxos masculinos
Fundamental e não apenas decorativo! Os novos acessórios Porsche Design para homem são peças excep-
cionais reduzidas às suas funções essenciais. As formas puras e perfeitas surgem de um design que evoca
a performance, a precisão e a paixão. A herança automobilística do nome Porsche ganha uma nova dimen-
são nas peças que aliam a tradição de um nome à tecnologia e a materiais inovadores. Botões de punho,
porta-chaves e óculos de sol são apenas algumas das propostas num alargado catálogo de propostas.
Preço botões de punho: (a partir de) € 220
ESPIRAL DO TEMPO > 45
46 < ESPIRAL DO TEMPO
MOSCHINOTime 4 Holy Pendants
Os ícones do mundo Moschino tornaram-se os grandes protago-
nistas desta irreverente pulseira/relógio. Time 4 Holy Pendants
combina uma pulseira em aço com o charme de várias medalhas,
inspiradas no tema ‘Saints’, e que traduzem o universo fashion
da marca. Ao centro, também sob a forma de pendente, está um
relógio muito feminino. Preço: € 220
ROBERTO CAVALLIBangle Snake
A elegância e a irreverência de Roberto Cavalli voltam-se a
encontrar num relógio com uma bracelete em metal de-
corada com pele de piton, disponível também numa versão
em ouro rosa. Ao centro, o mostrador em ouro ou aço,
exibe um dos elementos reconhecíveis da marca: os pon-
teiros com as formas da cobra Cavalli. Preço: € 320
VALENTINO TENNISEstilo de Outono
Uma prestigiada bracelete tennis-style surge transformada num
elegante e muito feminino relógio que já se tornou um ícone da
marca Valentino. Inspirado na colecção prêt-à-porter Outono/In-
verno 2006 da casa de alta-costura, o mostrador é em madre-
pérola e a deslumbrante bracelete é composta por topázios
azuis. Preço: € 1.080
SECTORTempo de aventura
Este é um relógio preparado para enfrentar os
maiores desafios desportivos. A bússola que se
destaca no mostrador e a lanterna que acom-
panha o estojo deste Sector, são duas das fer-
ramentas prontas a usar numa próxima aven-
tura. O movimento é de cronógrafo, no mostra-
dor destaca-se ainda a indicação de data e o
duplo fuso horário. A caixa é em aço e cada um
dos três modelos disponíveis faz-se acompan-
har de uma segunda bracelete em pele.
Preço: € 320
BREVES
«O caminho da indústria da moda é por
vezes demasiado comercial, creio que
devemos pensar mais em fantasia»
Roberto Cavalli
HERMÈS A pensar nos meses mais frios
Atreva-se a descobrir as novidades que a Hermès
preparou para a próxima temporada Outono/ Inver-
no. Das agendas que o acompanham nos compro-
missos diários aos acessórios para a prática de
golfe, às pulseiras, anéis e colares e relógios para
as ocasiões mais especiais – são muitas as pro-
postas. A elegância nos dias mais frios também não
foi esquecida; por isso, a Casa parisiense lançou
distintas colecções de luvas, lenços, chapéus, sapa-
tos e malas. Preço: € 20.950
JAEGER-LECOULTRE Master World Geographic
Para quem faz do mundo a sua casa, este Master
World Geographic é o companheiro ideal. A função
de hora universal permite a indicação simultânea
de 24 fusos horários, com leitura de hora de Verão
e indicação da linha de alteração da data no disco
das 24 cidades. O fuso horário às 6 horas está
igualmente afixado no mostrador e surge separado,
permitindo uma leitura privilegiada.
Preço: € 9.950
TAG HEUER MICROTIMERA vanguarda em cronógrafos
Equipado com o primeiro mecanismo suíço electró-
nico com uma precisão ao milésimo de segundo, o
Microtimer resulta da adaptação tecnológica aos
requisitos da Fórmula 1. Este cronógrafo é conside-
rado uma obra-prima em termos somatório de com-
plexidades electrónicas. Os materiais comprovam o
espírito avant-garde da TAG Heuer, com a bracelete
em borracha e a caixa em metal líquido.
Preço: € 1.790
AUDEMARS PIGUET Royal Oak Automatic Chronograph
Perseguindo a excelência, a Audemars Piguet pro-
põe um cronógrafo equipado com um movimento
de corda automática inteiramento novo. Criado es-
pecificamente para responder à exigência de inte-
grar o maior número possível de funções num mo-
vimento de altura total de apenas 5,5 milímetros. O
cronógrafo apresenta 21.600 alternâncias/hora e
oferece uma reserva de marcha de 40 horas, bem
como o habitual conjunto de opções técnicas e es-
téticas exigidas a um relógio desportivo de prestí-
gio como o Royal Oak. Preço: € 14.750
BREVES
OFFICINE PANERAI Lança colecção criada para a Ferrari
Os designers da Panerai conceberam um relógio
para a Ferrari que interpreta o estilo inconfundível
dos automóveis da célebre escuderia num instru-
mento de pulso. Os novos modelos relembram as
formas e os pormenores do motor e da carroçaria:
as linhas aerodinâmicas da caixa do relógio foram
realçadas pela forma convexa da luneta e pelo
perfil afilado, terminando com asas de contornos
geométricos e imponentes. A decoração quadricula-
da na superfície da coroa e dos botões do cronó-
grafo lembra o tablier dos Ferrari. Estão disponíveis
duas colecções: Granturismo e Scuderia.
Preço: € 5.600
GLASHÜTTE Senator Calendar Week
Um ano depois da apresentação linha Senator, do-
tada do calibre 100, a Glashütte Original enriquece
a colecção com o Senator Calendar Week. Um mo-
delo que se insere na linha dos relógios contem-
porâneos, onde se destaca também a precisão da
alta-relojoaria alemã. No pulso, permite ao utiliza-
dor consultar, com um simples olhar, a data e o dia
da semana. Preço: € 17.390
VERSACE JEWELLERY Colecção V-Medusa
A linha V-Medusa é representada por um belo con-
junto de joalharia inspirada num detalhe do cabelo
da medusa. O efeito é criado pelos diamantes, bran-
cos e negros, encastrados em delicadas e sinuosas
fileiras de ouro branco. Extremamente elegante e
luxuoso, o conjunto é composto por uma pulseira,
colar com pendente, brincos e anel.
Preço: € A partir de 3.200
GAMA DE JÓIAS Para os mais apaixonados
O estilista Nuno Gama acaba de lançar no mercado a
colecção de ourivesaria/joalharia ‘Gama de Jóias’. As
peças em ouro de 19,2 quilates são desenvolvidas em
várias tonalidades e com inúmeros acabamentos dife-
rentes, entre os quais os diamantes. Nesta primeira fase
a colecção apresenta alianças, que se destacam pelo
design e pela possibilidade de serem personalizadas.
As alianças NG são distribuídas numa caixa dupla com
duas almofadas com uma declaração de amor bordada
«Amo-te!» e outra «E eu a ti». Preço: € Sob consulta
«Os relógios e a joalharia
tornaram-se indispensáveis,
tal como as malas e os sapatos.
Eles completam o conjunto com
estilo e glamour e tornaram-se
os protagonistas da moda
e do design»
Donatella Versace
BREVES
50 < ESPIRAL DO TEMPO
FRANCK MULLER Master Banker
O Master Banker é um clássico da Casa Franck
Muller. O mecanismo é de corda automática com
uma reserva de marcha de 42 horas e uma frequên-
cia de 21.600 alternâncias/hora. No mostrador é
dada a indicação das horas e minutos ao centro.
Os dois fusos horários suplementares, apresenta-
dos em submostradores às 3 e às 9 horas, são
acompanhados da indicação de dia ou noite. À ex-
celência do mecanismo exclusivo, o Master Banker
associa também a beleza da decoração dos movi-
mentos ao estilo Côtes de Genève, a perlage e a
anglage artesanal. Preço: € 28.500
GLASHÜTTE NAVIGATOR O instrumento dos pilotos
Com uma longa tradição na concepção de relógios
para pilotos e com um conhecimento aprofundado
da técnica relojoeira, os engenheiros da manufac-
tura Glashütte Original criaram um novo modelo
para os profissionais da aviação: o Senator Naviga-
tor. Qualidade e extrema precisão nos detalhes fo-
ram as matrizes no desenvolvimento da peça. Uma
das exigências dos relógios para pilotos é a pre-
cisão e a leitura fácil, o que é alcançado neste mo-
delo, em resultado da dimensão e das linhas de se-
paração no mostrador. Preço: € 7.410
RAYMOND WEIL Don Giovanni Così Grande
Ao melhor estilo Don Giovanni, este Così Grande man-
tém a tradicional forma rectangular numa caixa em aço
acompanhada de correia em pele. O mecanismo crono-
gráfico automático permite a medição suplementar de
tempos e a indicação da data às 12 horas. O fundo em
safira permite observar o mecanismo e a coroa é deco-
rada com o elegante logótipo da marca RW.
Preço: € 2.800
CHOPARD Happy Sport Mark II
O glamour que a Chopard deposita em todas as
suas criações está em evidência na nova colecção
da marca. Numa versão mais desportiva, este novo
modelo da colecção Happy Sport é um exemplo da
elegância reconhecida à Chopard. A combinação de
um relógio em aço com o mostrador em madrepé-
rola e sete diamantes móveis é simplesmente per-
feita. O movimento é de quartzo com estanquici-
dade a 30 metros. A correia em pele de jacaré azul
e fecho de báscula. Preço: € 3.785
VERSACE DV ONE Medusa “strikes again”
O sucesso da linha DV One da
Versace baseou-se na união
do estilo e design da casa
italiana com a precisão e a
qualidade da relojoaria Swiss-
made. O uso da cerâmica na caixa e
na bracelete elevaram esta peça a um
nível de inovação que, merecidamente,
lhe valeram muitos elogios. A nova versão
surge agora num formato assumidamente mais
feminino com os seus 35 mm de diâmetro mas lux-
uosa como sempre. O mostrador em madrepérola
decorado com brilhantes, a luneta está disponível em
cerêmica ou decorada com brilhantes. O novo DV One
não vai passar despercebido. Preço: € 3.850
TAG HEUER PRO GOLF Forma adequada à função
A TAG Heuer apresenta o primeiro relógio do mundo dedicado
aos profissionais do golfe. Concebido de acordo com a estética
e os padrões ergonómicos exigidos na prática do golfe, o reló-
gio está equipado com um mecanismo de quartzo, bracelete em
elastomero extensível sem fecho visível oferece um conforto
absoluto nos greens ao mesmo tempo que não desliza no pulso;
a caixa em titânio estanque a 50 metros e de apenas 55 gramas
optimiza a performance e o vidro em safira torna-se mais resiste
a qualquer impacto. Preço: € 1.180
FRANCK MULLER MASTER DATE Proeza técnica
A colecção Cintrée Curvex ficou mais completa depois da apresentação deste
Grande Date, um relógio destinado aos apaixonados pelas complicações. Uma
verdadeira proeza técnica com um movimento automático que alberga um
vasto leque de funções: calendário afixado às 12horas de dimensões gene-
rosas que permite uma leitura perfeita; ao centro é dada a indicação
retrógrada dos dias da semana, com um ponteiro que avança de segun-
da a domingo, dia a dia, e regressa à posição inicial ao fim do ciclo;
e a indicação do mês dada às 6horas. Preço: € 27.310
«Na relojoaria, eu tenho apenas 40
mm para fazer a diferença (28mm
se for um relógio de mulher).
Digamos que o campo de expressão
criativa é muito, muito reduzido em
relojoaria, pelo que a obsessão pelo
detalhe é ainda mais significativa»
Jean-Christophe Babin CEO Tag Heuer
Carlos do Carmo
Carlos do CarmoSilêncio... que se vai falar de Fado
EntrevistaCarlos do Carmo
54
Raul Solnado
A casa de todos os artistasRaúl Solnado
ReportagemCasa do Artista
62
A
‘Girls best friend’Mauboussin
Alain Nemarq
ReportagemMauboussin
66
H
HautlenceA todo o vapor
ReportagemHautlence
70
A
Pela estrada foraPorsche Design
Ferdinand Alexander Porsche
ReportagemPorshe Design Flat Six
76
G
Glamour ‘Made in Italy’Donatella Versace | Entrevista exclusiva
Donatella Versace
EntrevistaDonatella Versace
84
Carlos do Carmo
Carlos do CarmoSilêncio... que se vai falar de Fado
EntrevistaCarlos do Carmo
54
Raul Solnado
A casa de todos os artistasRaúl Solnado
ReportagemCasa do Artista
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‘Girls best friend’Mauboussin
Alain Nemarq
ReportagemMauboussin
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HautlenceA todo o vapor
ReportagemHautlence
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Pela estrada foraPorsche Design
Ferdinand Alexander Porsche
ReportagemPorshe Design Flat Six
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Glamour ‘Made in Italy’Donatella Versace | Entrevista exclusiva
Donatella Versace
EntrevistaDonatella Versace
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No canto do palco, um piano. Ouvem-se as primeiras notas de Bernardo Sassetti, envolvidas pela voz de Eunice Muñoz que recita
Sofia de Mello Breyner. “Digo: Lisboa quando atravesso vinda do Sul o rio e a cidade a que chego abre-se como se do seu nome
nascesse” escreveu a poetisa. A luz desce e o Tejo impõe-se. Carlos do Carmo e Camané estão juntos em palco. Único. Memorável.
De improviso em improviso canta-se o Fado, acompanhado à guitarra e pelos músicos da Sinfonieta de Lisboa. E soltam-se aplausos.
Nas vésperas do concerto que encheu os Jardins de Belém, marcámos uma conversa com Carlos do Carmo. Com tempo falámos da
sua vida, do Fado e desse oficio que é ser fadista.
GRANDE ENTREVISTA
Vanda Jorge: O Carlos nasceu na Mouraria, viveu na
Bica, cantou no Bairro Alto e com o Fado conheceu o
Mundo. Mas Lisboa ainda é a sua ‘menina e moça, a
cidade mulher da sua vida’?
Carlos do Carmo: Há pouco dava uma entrevistajunto à Torre de Belém e estava precisamente apensar na Magia de Lisboa, nesta que foi a terradas chegadas e das partidas. Conheço muitascidades mas Lisboa tem um encanto particular,mesmo os cépticos, aqueles que todos os diasanunciam as mazelas, eles que prestem maisatenção a Lisboa. Eu sou um apaixonado e ena-morado pela cidade.
VJ: Ainda é nítida para si aquela noite em que lhe
pediram para cantar aquele que viria a ser o ser pri-
meiro Fado?
CC: Com nitidez não me lembro porque sou pés-simo para datas, só me lembro de quando acabeide cantar os meus amigos baterem muitas palmase de dizerem que eu cantava bem o Fado e quenão imitava a minha mãe. Sendo filho de quemsou, se eu fosse uma xerox da grande fadista quefoi a minha mãe, não valia a pena ter escolhidoesta carreira.
VJ: É essa noite que marca um destino que não era
aquele que os seus pais tinham desejado para si?
CC: A fronteira muito clara que determina aminha vida foi a morte prematura do meu pai.Ele e a minha mãe tinham fundado uma casa defados em 1947, o meu pai morre em 1962, e eutive que gerir a Casa de Fados. A minha mãe erauma grande artista mas não era gestora e eufiquei a dinamizar o espaço, era uma belíssimacasa de fados desta cidade.
VJ: Passados todos estes anos como vê as palavras do
seu pai quando que lhe dizia ‘gosto de te ouvir mas
não te faças artista, para artista já me basta aturar a
tua mãe’. Ele era convicto no que dizia?
CC: Sim porque era uma vida insuportável.A relação da minha mãe com o meu pai eramuito difícil, porque viver com artistas não é gra-ça nenhuma, e se conversar com a minha mulherela explica-lhe. O meu pai dizia-me ‘depois de aturar a tua mãe uma vida inteira, o que mais me faltava era agora ter o meu filho artis-ta’, e dizia isto com muita convicção. Mas nãochegou a conhecer o artista, o que eu tenhomuita pena.
t e x t o Vand a Jo rg e > f o t o s Augu s t o B r á z i o
«Lembro-me que em 1968 gravei o
fado ‘Por Morrer uma andorinha’
e à porta da Casa de Fados as
pessoas faziam fila por turnos
para me ouvir cantar. Talvez o
que me leve a durar seja esse
respeito grande que tenho por
uma entidade que aparentemente
é anónima mas que não é tão
anónima quanto pensamos»
Carlos do Carmo
ESPIRAL DO TEMPO > 55
Carlos do CarmoSilêncio... que se vai falar de Fado
VJ: É por isso que aos 16 anos o jovem Carlos parte
para a Suíça para estudar línguas? Diz que olhava
para o Fado com um certo snobismo...
CC: É aquela ‘parvoeira’ que resulta da pseudo as-censão social. O meu pai era um empresário e aminha mãe uma artista e puseram-me a estudarnum colégio milionário na Suíça onde aprendiaalemão,francês, inglês, italiano e espanhol.Era umcolégio de elite,anualmente vinham examinadoresda Universidade de Heidelberg, da de Salamanca,de Cambridge, de Florença, avaliar-nos. Eu co-mecei a entrar num processo de conviver com me-ninos ricos do pós-guerra, e quando regressei aLisboa,achava-me um ‘ser muito importante’,masdepressa voltei a pôr os pés na terra.
VJ: Quando regressa a ideia era começar a gerir a
Casa de Fados. Quando é que surge o artista?
CC: O artista teve que coexistir com o hoteleiro.Era muito desgastante, tive anos da minha vidasem férias ou dias de descanso, e às vezes penali-zo-me de ter sido um pai tão ausente. Mas o
artista foi-se criando, de certa forma, acho que oimpulso forte que recebi foi do público. Quando,há 26 anos, vendemos a Casa de Fados, passei adedicar-me a tempo inteiro à vida artística.
VJ: Em entrevistas, fala recorrentemente do ‘seu
público’ e do respeito que tem por ele...
CC: O público foi sempre o grande estímulo paraeu continuar. Era ele que me empurrava para avida artística com mais convicção. Nos primeirosanos eu não queria profissionalizar-me masquando percebi que o público o queria, aí foiimparável. Lembro-me que em 1968 gravei ofado ‘Por Morrer uma andorinha’ e à porta daCasa de Fados as pessoas faziam fila por turnospara me ouvir cantar. Talvez o que me leve adurar seja esse respeito grande que tenho poruma entidade que aparentemente é anónima,mas que não é tão anónima quanto pensamos.
VJ: Que influências musicais tem um fadista?
CC: Eu sou uma amálgama de muitas influências.
«Não conheço canção nenhuma
que viva tão intensamente a
dependência da trilogia: público
que escuta, instrumentista que
toca e solista que canta, se uma
destas três pontas do triângulo
falha, tudo falha»
Carlos do Carmo
56 < ESPIRAL DO TEMPO
A primeira referência foi a música popularbrasileira – Caymmi, Luís Gonzaga –, na adoles-cência entrou violentamente muito jazz – FranckSinatra, Tony Bennett, Ella Fitzgerald, DukeEllinghton – depois a canção italiana de texto e acanção francesa, Jacques Brell é uma marca muitopresente dentro de mim, e a força de Tom Jobim,Vinicius de Moraes, o Chico Buarque e a ElisRegina, que me deslumbrava e de quem fui ami-go. Isto tudo coexistia na minha cabeça, conjun-tamente com a minha mãe, a Maria Teresa deNoronha, o Alfredo Marceneiro e o Carlos Ra-mos. E claro os guitarristas, lembra-me de comogostava ouvir tocar o Jaime Santos, o Carva-lhinho, o Fernando Freitas e o Raul Nery. Quan-do canto, estou sempre a cantá-los a todos, razãopela qual não gosto de me repetir e razão por quefaço de cada espectáculo uma festa da alma.
VJ: E a Amália Rodrigues?
CC: A Amália é uma pessoa unânime,mas não erauma referência para mim como estas pessoas, sómais tarde veio a ser.
VJ: Que oficio é este de ser fadista?
CC: Cada vez mais me convenço que é a festa daalma. E não é obrigatório que seja dolorosa, nos-tálgica, porque pode também ser alegre, o fadotem componentes de alegria.
VJ: Por isso defende que o Fado deveria ser dançado
como noutros tempos?
CC: Sinto o fado como uma canção popular sólidae muito controversa, apresenta-se, em muitos as-pectos, como o fantasma dos portugueses e paramuita gente é uma canção que serve para desa-bafos, qualquer intelectual que acha que o Paísestá mal diz ‘é este o nosso triste fado’.Mas eu nãovejo o fado assim e sempre fui ouvido no mundocom respeito. Neste momento da vida, o fadoparece-me uma canção em aberto, onde muitascoisas belas podem vir a acontecer, sabendo queserá sempre um canto minoritário, seja do pontode vista do gosto, seja do ponto de vista dos inter-pretes,porque nós temos 10 milhões de portugue-ses mas cantar o fado, cantam 200.
VJ: Nessas viagens, sentiu-se como embaixador da
cultura portuguesa?
CC: Eu tenho muito medo disso porque pode sermal compreendido. Diria uma coisa que pode sercontroversa, os heróis do meu tempo não sãonem o Fado, nem algumas das figuras que sedestacaram nas várias áreas, mas sim os emi-grantes. Um milhão de portugueses que foi em-bora à procura de pão para países estranhos, quenão sabia uma palavra do idioma e construíramuma vida, conseguiram educar os filhos e ter obem-estar económico, esses são os heróis. Nãosão do ponto de vista estético os melhores em-baixadores porque a elite portuguesa tem algumarelutância em relação à emigração e acha-a umacoisa menor, mas a imagem negativa que existe láfora é pela inoperância dessa elite. Não me sintoembaixador de nada, o que me sinto sim é umportuguês orgulhoso de o ser.
VJ: O Carlos faz a ponte entre a geração da sua mãe
e a nova geração de fadistas. Como tem assistido a
este rejuvenescimento do Fado?
CC: Durante 15 a 20 anos, qualquer jornalistas queme entrevistava acabava por perguntar: “O Carlosacha que o Fado tem futuro, não pensa que vaiacabar?”, e eu invariavelmente dava a mesma res-posta: “não creio que vá acabar, precisa é que apa-reça quem o cante e quem o toque”. É o que estáa acontecer! O Fado tem ciclos neutros em queaparece pouca gente e estes ciclos em que aparecemuita gente. A triagem é o público que a faz, con-soante gostos, géneros e a forma como cada umgere o seu próprio espaço, a sua relação com o pú-blico e com esta vida que não é brincadeira. Esta-mos perante uma nova geração que continua aprojectar o fado, é a obrigação que tem! E a gera-ção a que eu pertenço, a obrigação que tem é derecebê-los com carinho, apoiá-los, e se eles quise-rem, fazer com eles o que os mais velhos fizeramconnosco, que é transmitir a nossa sabedoria.
VJ: E há abertura na nova geração para esses ensina-
mentos?
CC: Eu destaco duas pessoas na nova geração, nãosó pela carreira mas pelo modo como se compor-
«É uma pessoa extremamente
delicada e bem educada, tem
um sentido de humor fantástico,
tem muitas histórias para contar.
Estar ao pé do Carlos é uma
noite muito bem passada, é um
momento bastante privilegiado
e enriquecedor»
Camané
«A minha amizade com o Carlos
do Carmo vem de muito longe,
conheci-o ainda rapaz quando
éramos os dois muito novos,
e a amizade manteve-se porque
o Carlos é um homem muito
especial. É um homem de grande
delicadeza e tem aquela voz
maravilhosa que ele usa cada
vez melhor com uma grande
experiência. Ele é uma criatura
brilhante, um grande profissional,
uma pessoa de excepção»
Eunice Munoz
Carlos do Carmo
tam comigo, que são a Mariza e o Camané. Sãodois jovens que gostam genuinamente de falarcomigo sobre o Fado e sobre a vida, e é recipro-co. Aprendemos muito. A minha geração tinha ocuidado de procurar os mais velhos, de querersaber de onde vinha todo este mistério, que nãobasta escrevê-lo é preciso conhecê-lo, o fado temmuito de tradição oral.
VJ: É um cliché pensar que o Fado é entendido pelo
mundo fora, com o mesmo sentido?
CC: No século XX tivemos uma fadista com umavoz que existe uma num século chamada AmáliaRodrigues. Além de ser uma excelente voz e umaexcelente intérprete, era uma mulher muito inte-ligente, capaz de criar uma imagem pessoal, quenão é uma imagem com a qual eu me identificoprofundamente, porque é um fado negro, comoela que era uma pessoa triste.
VJ: Esse não é o seu Fado...
CC: Eu não sou essa pessoa triste,o meu fado é maisligado ao fado corrido,é uma visão mais aberta dascoisas,mas essa marca ‘amaliana’profunda,faz comque hoje no estrangeiro as pessoas estejam conven-cidas que quem canta o fado são só mulheres. Ecomo na nova geração apareceram sete ou oitomulheres, e só um ou dois homens, as pessoasficam com essa imagem: apaga-se a luz, há um
grande recolhimento, há um esgar no olhar, umagarrar de um xaile,uma imagem de tristeza e nos-talgia e temos aí o fado.É apenas uma imagem.Euacredito muito nos conteúdos e quando se cantacom muita sinceridade e profundidade em por-tuguês, até um finlandês gosta de fado.
VJ: O Carlos ‘entrega-se ao extremo’ , e o público, já
o surpreendeu?
CC: Se me perguntar do ponto de vista humano, epelo peso que teve de divulgação do meu trabal-ho, foi a primeira vez que cantei no Olympia, emParis.Recordo-me com muita alegria das minhasduas primeiras noites lá, e recordo-me do que sepassou no final do segundo espectáculo. Depoisde ter recebido muita gente, reparei que, ao cantodo meu camarim, estava um homem que aguar-dava a saída de todos. Dirigiu-se a mim, era umhomem muito bem vestido, com mãos calejadasdo trabalho manual, e que me contou a históriada vida dele em França; que tinha sido muitodifícil, de alguma humilhação e no final, disse-me: “Nunca fiz isto a nenhum artista, nunca vima nenhum camarim, mas queria dizer-lhe que fizas pazes com França, por sua causa, hoje”. Nuncamais me esqueci disto.
VJ: Foi também o Fado que o juntou à sua mulher.
CC: Ela quis conhecer o fadista que cantava o ‘Es-
«O Carlos teve a inteligência de
fazer um percurso em que soube
escolher minuciosamente, desde
o princípio, os poemas que queria
cantar. É um homem que lê muito,
é um estudioso, tem o dom da
palavra e sabe dizê-la como
ninguém. Ouvir o Carlos do Carmo
em português faz-me lembrar
o Franck Sinatra, é a voz e a
palavra, o saber dizer é o Carlos
do Carmo»
Mariza
«O Carlos é um homem culto
e com uma grande facilidade de
expressão. Tem com ele uma grande
delicadeza que faz com que nunca
se esqueça de ninguém.
Nos espectáculos não se esquece
dos que não se vêem e dos que
estão em palco. Tem uma grande
facilidade em exprimir-se, é um
homem que tem andado por toda
a parte e Portugal fica muito
bem representado por ele. É bom
haver pessoas como o Carlos,
que conseguem essa coisa
extraordinária de estar sempre
no lugar onde devem estar
e privilegiar sempre o seu País”
Eunice Munoz
«Quanto à tristeza do fado apetece
sublinhar a alegria de ver um
trabalho consistente que é feito
ao longo de anos e anos, e nós
sabemos que isso não é nada fácil
nestas profissões de artistas de
grande risco»
Júlio Pomar
Carlos do Carmo
tranha Forma de Vida’, que gravei há 43 anos.Teve imenso graça porque ela pensava que eraum homem, e de repente, disseram-lhe “é aquelemiúdo”. Atirei-me de cabeça, fiquei completa-mente desvairado quando a vi, começámos a na-morar, casámos seis meses depois e tivemos trêsfilhos. Temos tido naturalmente as nossas gravescrises de casamento, como tem qualquer casal,mas dizer que é a mulher da minha vida é ridícu-lo, ela é o pilar da minha vida.
VJ: Ela perdoava-lhe as ‘noitadas’ nas casas de Fado,
o lado talvez boémio inerente à vida de artista?
CC: Tem que lhe perguntar a ela, porque as mu-lheres são insondavelmente misteriosas. Eu acre-
dito que sim, ela é uma pessoa muito generosa,tem um carácter como dificilmente conhecialguém na vida. Em todos estes anos, o nossoamor foi passando por muitas metamorfoses e elaconhece-me como ninguém e eu conheço-acomo ninguém. Ela esteve muitos anos à frentede um entendimento curioso, percebeu antes demim que tinha casado com um artista, e portan-to, em vez de actuar como a esmagadora maioriadas mulheres que se cansa e vai embora, ela foi deuma firmeza muito grande, e isso é impagável.
VJ: Os seus netos já gostam de o ouvir cantar?
CC: São muito críticos, são como os meus filhos,tenho uma família muito crítica. As minhas duas
netas têm nitidamente uma veia artística e o meuneto mais velho não toca à minha frente, mas osmeus amigos dizem que toca admiravelmente vio-la, e o outro também tem bom ouvido, acho todoseles têm os genes passados. Quando não gostamsão os primeiros a dizer “avô não gostei deste fado”com aquela crueza que as crianças têm,mas é umamaravilha descobrir o mundo através deles.
VJ: O coração já lhe pregou uma partida. Depois desse
percalço está mais disponível para viver?
CC: Quem esteve a falar com a morte, muda com-pletamente. E é o meu caso, tenho uma maneiramuito mais tolerante de estar, não gosto de fazerjuízos de valor de ‘dedo duro’ como dizem osbrasileiros, agora relativizo e não dou muita im-portância. Gosto da vida, acho-a uma aventuramuito interessante e temos que ser persistentes,sobretudo, nos tempos de crise. É preciso estim-ular o lado bom do ser humano e não ficarmosagarrados ao lado perverso que há em todos nós.Por outro lado, provocou em mim uma situaçãomuito curiosa; morro todos os dias e nasço todosos dias, sou uma pessoa completamente prepara-da para morrer.
«Diria uma coisa que pode ser controversa, os heróis do meu tempo
não são nem o Fado, nem algumas das figuras que se destacaram
nas várias áreas, mas sim os emigrantes. Um milhão de portugueses
que foi embora à procura de pão para países estranhos»
Carlos do Carmo
ESPIRAL DO TEMPO > 59
VJ: Completa este ano 43 anos de Carreira. Até quan-
do irá cantar?
CC: Não tenho uma meta mas conto-lhe umahistória passada ontem. Eu e o Camané estive-mos a ensaiar com a sinfonieta de Lisboa, quan-do os músicos se levantaram, um dos violonistasdisse-me “Carlos do Carmo, você não se refor-me está bem?” eu perguntei-lhe “porque é que me está a dizer isso?” e ele diz-me “porque você não tem o direito de se reformar, está a cantar de uma maneira...”. Respondi-lhe “estoumuito tocado porque você é um músico e tem uma opinião especial, mas eu gostava de irde modo próprio e não quando as pessoasestivessem saturadas de me ouvir e me achassem
um artista decadente”. Disse-me apenas “con-tinue que você vai saber exactamente qual é omomento certo”.
VJ: Emocionou-se?
CC: Ouvi isto ontem e fiquei inquieto. É muitoestimulante mas tenho noção que tenho 66 anosde idade e 43 a cantar em Portugal, mas quandovou cantar as pessoas são muito queridas comigo.A minha família vai-me ajudar porque são muitoseveros e críticos, seguramente vão-me dizer qualé o momento para me afastar. Estou, dentro daminha cabeça e do meu mundo, a criar alternati-vas para continuar ligado profundamente ao fado,sem sentir o vazio de não cantar. ET
«Aprendi muito com o Carlos. Temos registos diferentes quando
cantamos, mas muito da minha forma de cantar e da forma como
eu aprendi a cantar e a tocar as pessoas, aprendi com o Carlos
do Carmo»
Camane
Um registo do Tempo
A Raymond Weil e a Torres Distribuição associa-
ram-se numa homenagem ao maior intérprete do
Fado português: Carlos do Carmo. O ‘Don Giovanni
Two Times Zone Carlos do Carmo’ é apresentado
numa versão em ouro rosa dotada de um mostra-
dor com dois fusos horários e um fundo que, para
além de deixar entrever o mecanismo automá-
tico, contém a gravação dos dois primeiros acor-
des do tema ‘Estranha Forma de Vida’. A edição é
limitada a 43 exemplares, os anos de carreira do
cantor, e o relógio está disponível num luxuoso
estojo personalizado que é acompanhado de um
bilhete duplo para o concerto de Carlos do Carmo.
Parte da receita desta edição limitada reverte a
favor da Casa do Artista. «O relógio é uma ideia
que me lisonjeia, é muito simpático apresenta-
rem uma colecção restritíssima de uma marca tão
conceituada com o meu nome. Em cima disso,
surgiu a ideia de organizar um concerto, em que
o meu trabalho não terá custos, e pegar na receita
e entregar a uma instituição genial que é a Casa
do Artista. Sou sócio muito antes da sua fundação
e considero-a das coisas mais sérias que se fazem
neste país em relação às pessoas mais velhas»
refere Carlos do Carmo.
ESPIRAL DO TEMPO > 61
‘
À chegada lê-se ‘não é permitido envelhecer’, e o aviso é seguido à risca pelas sessenta e duas pessoas que vivem actualmente na
Casa do Artista. Desde 1999 que esta se tornou a morada das gentes dos espectáculos, e mais do que um lar de terceira idade, a Casa
é assumida por todos como o novo palco das suas vidas. Agora que os aplausos se calaram, valem-se das memórias e das vivências
partilhadas. Aqui não tem lugar a tristeza, o elogio é à vida e o sorriso a prescrição diária, não fosse o actual presidente da direcção
um dos maiores humoristas de sempre. Raúl Solnado entra em cena para nos falar deste que é um dos maiores projectos da sua vida.
ENTREVISTA
Vanda Jorge: O Raúl é, de certa forma, o ‘pai’ da Casa
do Artista. Uma ideia que nasceu no Brasil onde tra-
balhou nos anos 60.
Raúl Solnado: Sim, sou um bocadinho o tal ‘pai’.No Brasil existe o Retiro do Artista, que eu achoum nome terrível. Em 1960, no Porto, duranteum jantar com a companhia de teatro com queeu trabalhava na altura, levantei-me e disse: «éurgente criarmos a Casa do Artista».
VJ: Mas encontrou um País pouco receptivo à ideia,
ainda não se tinha dado o 25 Abril...
RS: Naquela altura éramos todos jovens, sem pesoe prestígio, e havia também Salazar. Mas a ideiagerminou e ficou dentro de nós. Mais tarde, jános anos 80, um grupo de pessoas de que eu não fazia parte reuniu-se e avançou com a ideia.Posso salientar o Armando Cortez, a Manuela
Maria, a Carmen Dolores, o Pedro Solnado, oOctávio Clérigo e outras pessoas; foram eles queergueram esta casa.
VJ: Qual era o seu envolvimento com a Casa do Artista?
RS: Eu não fazia parte e nunca quis ser directorde nada na minha vida. Muito embora eu nuncativesse um contacto directo ou fizesse parte dadirecção, sempre acompanhei a Casa do Artista.Eu era como um irmão para o Armando Cortez,trabalhámos juntos durante muito tempo. Nosprimeiros anos, era ele presidente desta casa, euvinha cá quase todos os dias ajudá-lo. Um diadisse-me «sinto-me mal e queria-te pedir queficasses com o meu lugar porque és o único emquem confio». Na altura, apanhei um susto por-que era a coisa que eu menos queria, mas nãopodia dizer que não ao Armando Cortez.
«Esta Casa tem uma característica
muito própria que é não ser só a
casa dos artistas, mas sim de
todas as equipas dos espectáculos.
São pessoas da televisão, da rádio,
os técnicos, os carpinteiros e os
electricistas, são todas as pessoas
que fizeram parte do espectáculo»
Raul Solnado
ESPIRAL DO TEMPO > 63
A casa de todos os artistasRaúl Solnado
t e x t o Vand a Jo r g e > f o t o s Augu s t o B r á z i o
‘
VJ: O projecto ficou na gaveta durante aqueles anos
também por uma questão de viabilização financeira.
Como conseguiram concretizá-lo?
RS: Só o Estado poderia fazer isto, era impossí-vel um grupo de actores avançar com todo estedinheiro. Foi no Governo de Aníbal CavacoSilva que a Casa foi erguida e hoje tem umprestígio internacional muito grande, não háuma Casa assim em Espanha ou nos EstadosUnidos.
VJ: A ideia que passa é que a Casa do Artista é mais
do que Lar de terceira idade.
RS: Dizem que é um hotel de quatro estrelas.E eu concordo! Os actores sempre foram maltratados toda a sua vida, não é por acaso que noséculo XIX se dizia ‘escondam as pratas quevêem aí os cómicos’. Quando vim para o Teatrohá 54 anos, os actores eram marginalizados, oregime não gostava de nós porque achava queéramos uns comunistas perigosos. Incomodáva-mos muito, não só os actores, os escritores e osartistas, mas toda a gente que tinha criatividade.
VJ: Há mesmo quem lhe prefira chamar a Casa dos
Espectáculos.
RS: Esta Casa tem uma característica muitoprópria que é não ser só a casa dos artistas, massim de todas as equipas dos espectáculos. Sãopessoas da televisão, da rádio, os técnicos, oscarpinteiros e os electricistas, são todas as pessoasque fizeram parte do espectáculo.
VJ: Como funciona toda esta estrutura, que já não é
propriamente pequena?
RS: Temos médicos, psicólogos, sociólogos,fisioterapeutas, assistentes e segurança presentes24horas. Cada residente paga, por lei, 75 porcento da sua reforma,à excepção dos subsídios deférias que ficam para eles. O Estado dá-nos 300euros, e temos pessoas com uma reforma de 150euros. Neste momento temos uma média de reformas de 400 euros, o que é muito baixo.Como todos os lares sociais temos dificuldades eé complicado gerir. Eu fiz as contas, cada resi-dente custa-nos 1150 euros por mês.
VJ: É fácil a gestão de uma Casa como esta, ou à
semelhança de muitos projectos em Portugal, no ini-
cio todos ajudam e depois caem no esquecimento?
RS: Talvez não. Até agora tem havido sempregente que nos dá uma ajuda. Os Mecenas, osnossos amigos e temos mais de dois mil sócios. E depois há as acções como o projectoRaymond Weil que é uma boa ajuda.
VJ: Aqui cruzamo-nos com pessoas habituadas aos
aplausos, de alguma forma têm mais necessidade de
afectos?
RS: Há uma coisa boa aqui, todos têm códigospróprios e comuns. Falam de espectáculos, «eu fizisto, eu fiz aquilo, lembras-te daquele dia», por-tanto, é muito diferente de estar num Lar misto,que é babilónico, e onde cada um tem a sua lin-guagem própria. De certa forma aqui é mais fácil.
«No dia em que tivermos dinheiro,
há várias intenções de doações
para concretizarmos. Pode vir
a ser uma Casa que dê bolsas,
que tenha outros projectos. Neste
momento queremos equilibrar as
contas, esses projectos serão para
outras direcções»
Raul Solnado
64 < ESPIRAL DO TEMPO
‘
VJ: O Raúl disse uma vez em entrevista: «Ninguém
imagina o que sente um actor quando se curva para
agradecer os aplausos». Vivem-se aqui esses mo-
mentos e essas memórias?
RS: Sim, bastante. Vive-se o sucesso, o «como foi,onde foi e quando foi».
VJ: À entrada lê-se inscrito na parede ‘É proibido
envelhecer’. É também um código vosso?
RS: É mais um estímulo para eles interiorizaremque não são velhos, eles são apenas idosos.
VJ: Um dos sonhos já está erguido, o próximo a con-
cretizar será o de construir um hospital?
RS: Está pensado construir-se aqui ao lado, em-bora o presidente de Câmara que nos deu esseterreno não tenha assinado e, portanto, desapa-receu para já a hipótese.
Mas é uma ideia que vamos continuar a ter,precisamos é de tomar fôlego, porque esta casanão se esgota aqui. No dia em que tivermos dinheiro, há várias intenções de doações paraconcretizarmos. Pode vir a ser uma Casa que dêbolsas, que tenha outros projectos. Neste mo-mento queremos equilibrar as contas, esses pro-jectos serão para outras direcções. A nossa direc-ção quer levar isto a bom porto, a Casa tem gran-de prestígio, é respeitada, e o público gosta desaber que os actores vivem aqui bem, porque eles
proporcionaram às pessoas grandes alegrias eemoções na sua vida.
VJ: O curioso é que o Raúl sonhou ser médico.
A vocação ficou pelo caminho, ou só em parte, já que
dizem que o riso é o melhor remédio?
RS: É verdade. O riso é um remédio, não o me-lhor, mas é um remédio.
VJ: Hoje, a televisão, a rádio, o teatro voltaram a con-
templar espaço ao humor. Está feliz com este regres-
so? Revê-se no humor actual?
RS: Revejo-me em tudo isso. Sempre fui umapessoa atenta e interessada em tudo o que está àminha volta, no fundo é essa a função do humo-rista, é a sua atenção para criticar o que está erra-do. Acho que está a fazer-se um excelente hu-mor, estamos a melhorar muito.
VJ: E o Raúl tem novos projectos?
RS: Vou fazer um talk-show na RTP. Em Janeiroa estação faz 50 anos e eu irei participar com um programa sobre o amor e que terá tambémalgum humor.
VJ: Será um pouco reviver os tempos do Zip-Zip...
RS: Não sei se o tempo é ‘revivível’. Foi uma épocapolítica muito vincada, nessa altura toda a gentevia a RTP,agora só um terço vê a RTP e a concor-
rência é brava. Nunca poderá ser a mesma coisa,contamos é fazer um programa de qualidade.
VJ: Diz que «Rir é um exercício de inteligência».
É assim que se mantém em forma?
RS: É, porque o riso vem através da inteligência enão através da emoção. Vou dizer uma frase quejá usei mais do que uma vez, «as pessoas riem doque sabem», não vale a pena tentarmos umapiada de Schopenhauer que ninguém sabe quemé. É tão verdade que uma vez fui ver uma revistaa Setúbal e não percebi nada, eu era um perfei-to ignorante porque não sabia quem eram as pessoas a que se referiam. Rir é um exercício deinteligência.
VJ: Já fez um pouco de tudo, mas haverá qualquer
coisa escondida no fundo de uma gaveta?
RS: Há. Estou a tentar fazer com o Rui Mendeso Grupo dos Jograis de Lisboa, que é uma formamuito especial de dizer Poesia,pode ser espectac-ular. Estamos a trabalhar nisso.
VJ: O Projecto da sua vida sempre foi a felicidade. O
Raúl é um homem feliz?
RS: Não me sinto um homem feliz, não háninguém feliz. Não sou infeliz e isso já chega esobra. Uma pessoa não pode ser feliz quando vêbombas e crianças a morrer todos os dias. ET
ESPIRAL DO TEMPO > 65
Casa do Artista
O número 66 da movimentada Avenida dos Campos Elíseos levanta a questão: estamos
à porta de uma loja ou de uma galeria de arte? A dúvida é lançada pelo brilho desta
nova estrela Mauboussin. A boutique parisiense inaugura o novo posicionamento da
marca, mais jovem e contemporâneo, e rompe com a vocação histórica de chegar
apenas aos ‘happy few’, os clientes habituados a visitar o carismático espaço
Mauboussin na elegante Place Vendôme.
ENTREVISTA
A lain Nemarq é o rosto dessa evo-lução, um nome saído de casasconceituadas como a KenzoHomme e a Yves Saint Laurent
Homme. Em 2002, aceita o convite de Domi-nique Frémont de transformar a imagem históriada Mauboussin numa referência da moda actual.A nova boutique, estrategicamente localizada na avenida que todos os dias recebe em médiaum milhão de pessoas, apresenta o conceito de‘luxo acessível’– mais acessível ao público, à com-preensão criativa e com peças com que é
possível sonhar a partir dos 500 euros. Idealizadapor Béatrice Rosenthal, directora artística damarca, a ‘galeria de jóias’enquadra-se no perfil damulher actual Mauboussin. Alain Nemarq, di-rector-geral da empresa, recebe-nos num ambi-ente contrastante de cores e de materiais, onde épossível admirar e comprar diamantes de 0,9 carat aos maiores de 2,26 carat, e criar umajóia exclusiva. É ele quem nos apresenta a marcaque já se tornou uma referência criativa no mer-cado joalheiro francês, e que agora quer brilharno mundo.
En t r e v i s t a d e Vand a Jo rg e em Pa r i s > f o t o s Nuno C o r r e i a
‘Girls best friend’Mauboussin
«Há trinta anos, uma mulher
usava uma jóia como forma
de se igualar ao homem; hoje
em dia, a mulher escolhe uma
jóia como testemunho das suas
emoções diárias»
Alain Nemarq
ESPIRAL DO TEMPO > 67
Vanda Jorge: Como nasceu a ideia de inaugurar uma
boutique nos Campos Elíseos?
Alain Nemarq: Os Campos Elíseos são uma dasprincipais avenidas de moda do mundo, já não é só uma avenida francesa, é antes uma avenidainternacional, e para a Mauboussin fazer partedo mundo da moda, esta boutique era funda-mental. Por outro lado, representa o nosso con-ceito de joalharia acessível, a acessibilidade dacriação pelo preço. Os Campos Elíseos encar-nam a acessibilidade da moda e a acessibilidadedo luxo.
VJ: O que quer dizer com o conceito de ‘luxo acessí-
vel’ da Mauboussin?
AN: Interroguemo-nos: O que significa o luxo?Um produto é caracterizado de luxo porque per-mite, a quem o usa, diferenciar-se. E de facto, asjóias Mauboussin permitem à mulher diferen-ciar-se no quotidiano, porque mexem com asemoções. Há trinta anos, uma mulher usava umajóia como forma de se igualar ao homem, hojeem dia, a mulher escolhe uma jóia como teste-munho das suas emoções diárias. É notoriamen-te um objecto de diferenciação.
VJ: A Mulher Mauboussin está diferente?
AN: É forçosamente sempre uma mulher comgosto. A marca, por natureza, assume-se como aexpressão da criação artística da joalharia. A es-tratégia que temos desenvolvido, a comunicação,o preço mais acessível, permitiram-nos chegar auma mulher que é activa, urbana e contempo-rânea, uma mulher mais jovem.
VJ: Neste novo espaço, como é que se traduz esse
conceito de ‘luxo acessível’?
AN: Na boutique quisemos traduzir as tais emo-ções do quotidiano.Há uma espécie de choque decores e de troca de mensagens, entre o branco e opreto que joga com a alegria e com a tristeza, como lado frágil e equilibrado da vida. São 250 m2que permitem à Mauboussin estar perto dosclientes, nesta aventura da beleza e da afirmaçãodo papel da mulher na sociedade moderna.
VJ: Como vê a Mauboussin actualmente?
AN: Como um artista que se exprime e se moveno universo da criação joalheira. Mas que ex-primem também a sua criação em sapatos, emchapéus, nos perfumes, quem sabe um dia aténum carro.
VJ: Há alguma peça ou elemento mais emblemático
para a marca?
AN: O elemento mais importante é a estrela, sím-bolo da beleza feminina e presente em váriaspeças. Mas também a flor da colecção ‘Chance ofLove’ é fundamental na nossa marca, já que é oelemento do amor.Basta interrogarmo-nos sobreo que é que a mulher encarna na sociedade doséculo XXI? A resposta é o amor. Num mundode conflitos, de medo e de dificuldades, a mulheré a incarnação da esperança no amor.
VJ: Antes da Mauboussin, trabalhou para grandes
casas de alta-costura francesas. O que trouxe dessa
experiência na moda, que vive de tendências, para
uma marca centenária como esta?
AN: A moda é o mundo do efémero, onde cadainstante é um momento particular. Quando che-guei à joalharia, onde por norma, as pessoas acre-ditam e se articulam em função da eternidade, aatitude mais legítima é a de acreditar na criativi-dade, porque não podemos ter a pretensão deatingir a eternidade. Venho de um mundo dife-rente onde tudo é possível, e é essa a minha convicção na Mauboussin.
VJ: Quais são os planos para a marca em termos de
crescimento ou de alargamento a novos mercados?
AN: Diria que o mundo é o nosso limite. A Mau-boussin tem como objectivo alcançar os mil re-talhistas, um número que nos aproxima das mulheres do mundo.
VJ: Um objectivo ambicioso...
AN: Em muitos casos a mulher cruza-se, pelaprimeira vez, com uma jóia no dia do noivadocom o homem que ama, e esse anel é um elemen-to presente em praticamente todas as culturas. Aminha ambição é que no mundo inteiro, um dia,todas as mulheres usem um anel de noivadoMauboussin, porque é a marca da harmonia.
VJ: Essa mulher Mauboussin que liga à harmonia, é
também uma mulher mais responsável, decidida e
dona do seu mundo?
AN: A mulher Mauboussin não é uma mulherobjecto, não aceita ter simplesmente o papel deacompanhar o homem que ama. Ao usar umajóia, fá-lo como emanação da aparência de liber-dade que tem. É uma mulher que se assume. ET
ESPIRAL DO TEMPO > 69
A colecção Chance of Love da Mauboussin
é composta por pendentes e brincos em
ouro branco ou amarelo e anéis apenas
em ouro branco.
ESPIRAL DO TEMPO > 71
REPORTAGEM
H autlence é um anagrama derivadoda palavra Neuchâtel: há mais detrês séculos a capital histórica dopaís dos relógios, um símbolo de
tradição, de inovação e com reputação pelosprocessos de produção de qualidade. É nessacidade, entendida por muitos como o berço darelojoaria moderna, que nasceu a Hautlence, umnome praticamente estreante no selecto meio daalta-relojoaria.
Renaud de Retz e Guillaume Tetu são o rostovisível deste projecto e são, acima de tudo, dois
confessos apaixonados pelos movimentos mecâni-cos, uma paixão desenvolvida ao longo dos anosem que trabalharam nesta indústria – o primeiroenquanto responsável comercial, o segundo habi-tuado a trabalhar na concepção e no desenvolvi-mento de relógio.
É o próprio Renaud de Retz quem confessaque a ideia inicial nunca foi a de criar uma marca.«Em 2001, estávamos os dois em Neuchâtel, equestionámo-nos sobre o que gostaríamos de vernum relógio. Na altura, éramos um pouco críticosporque achávamos que faltava inovação na alta-
HautlenceA todo o vaporA locomotiva é o motor de inspiração da primeira colecção da Hautlence – peças
modernas construídas a partir de um dos símbolo da histórica revolução industrial.
Uma leitura do tempo traduzida no anel de Möbius, que estilizado se tornou o logótipo
da marca: sinónimo de infinito, de um nome e de um tempo sem princípio ou fim...
O modelo HL 05
1
r e p o r t a g em d e Vand a Jo rg e em Ge n eb r a
a
«Começámos a definir os primeiros princípios mecânicos
mas ainda sem a ideia de criar uma marca. Olhámos
para as outras industrias, para a aeronáutica, para
o automóvel, para os comboios e fomos desenvolvendo
os princípios mecânicos. Divertíamo-nos a desenhar
os nossos próprios relógios»
Renaud de Retz
Hautlence
-relojoaria e decidimos que se criticávamos tínha-mos a obrigação de propor alguma coisa», recordaRenaud. O responsável comercial da Hautlencerecua quase cinco anos e recorda os primeiros pas-sos na construção de um nome que já se afirmouem vários mercados europeus e asiáticos. «Come-çámos a definir os primeiros princípios mecânicosmas ainda sem a ideia de criar uma marca, olhá-mos para as outras industrias, para a aeronáutica,para o automóvel, para os comboios e fomos de-senvolvendo os princípios mecânicos. Divertía-mo-nos a desenhar os nossos próprios relógios»,conta à Espiral do Tempo.
A vontade de oferecer algo novo a partir deconceitos tradicionais e de definir a alta-relojoa-
ria através de uma linguagem muito própria, jun-tou estes dois artistas do tempo que partilham amesma filosofia relojoeira. «Há cinco anos o quepensámos foi: ‘Como podemos criar relógios queapelem à nossa geração e que não sejam recria-ções dos mesmos relógios que existem há 200anos?’ A Hautlence acabava de ser fundada.
A beleza do mecanismo Renaud de Retz diz com convicção que o verda-deiro espírito da marca é o de mostrar «a belezada mecânica e não o de fazer um produto seme-lhante ao que já existe no mercado, por isso desenvolvemos os nossos próprios movimentos.Isso é que é importante para nós; mais do que
comprar um movimento a determinada socieda-de, metê-lo dentro de uma caixa e criar umamarca, a nossa mecânica é diferente», garante. Oselementos técnicos são postos a descoberto e to-da a técnica é visível e uma verdadeira evoluçãono complexo mundo da relojoaria mecânica.O estilo depurado, a decoração e o tratamentodado a cada peça tornam-no único. A primeiracolecção, composta por seis modelos de ediçãolimitada a 88 exemplares cada, traduz o carácterque os fundadores procuraram dar à marca. «Tra-ta-se de criar a nossa própria história e uma no-va identidade, o importante é que lançámos algoque não existe. Todos os anos há novas marcasmais ou menos interessantes, mas quando nos
Dos primeiros passos até ao estatuto de uma marca que
certamente acrescentará inovação ao mundo da alta-relojoaria,
a Hautlence surpreende pela originalidade dos seus exclusivos
modelos fabricados com altíssimos padrões de qualidade.
Em baixo o modelo HL 04.
1
ESPIRAL DO TEMPO > 73
a
apresentámos oficialmente o ano passado emBasileia com o nosso protótipo, havia 11 a 15 no-vas marcas, e para nós é muito bom continuar nomercado».
O primeiro exemplar desse carácter inspirou--se na locomotiva antiga, «um princípio mecânicomuito interessante que foi completamente esque-cido; quisemos mostrar o quanto é belo e inte-ressante pela forma como é feita a alimentação daenergia e pelos princípios de cinética», diz o re-sponsável da Hautlence.
Quase se sente o efeito da locomotiva. A for-ma e a funcionalidade aliam-se nos relógio damesma forma que se funde o velho no novo,numa nova e artística leitura do tempo que traduza expressão inventiva dos criadores. «Esta colecçãolevou dois anos a desenvolver, é o primeiro exem-plo, mas já estamos a trabalhar noutros movi-mentos porque não queremos ter uma marcamonoproduto. Apesar do modernismo, os valorestradicionais da relojoaria e a qualidade têm umaenorme importância para nós».
Os mecanismos de futuroNum mercado competitivo, dominado por so-ciedades e por centenárias manufacturas, a Haut-lence não perde tempo, e até ao final do ano, pre-tende ter concluída uma nova colecção que,segundo Renaud de Retz, será o «redesenho da
primeira, embora com linhas mais agressivas, jo-vens e desportivas». A locomotiva antiga, anteci-pa-se a esclarecer, «não será necessariamente a inspiração das próximas colecções».
A Hautlence trabalha actualmente num outromecanismo, e um outro princípio mecânico dita aorientação técnica do movimento. Por enquanto,os pormenores permanecem guardados em segre-do dentro do Collège.É assim que é definida a es-trutura da marca. Não se trata de uma manufac-tura, é antes uma filosofia e um conceito que seaplicam «a quem trabalha connosco numa faseinicial e que é extensível a todos os que operam nomundo da distribuição,aos vendedores,aos jornal-istas e aos nossos clientes», explica. «Não dizemosàs pessoas que fazemos tudo sozinhos. Nós temosa ideia e depois procuramos parceiros estratégicos,os melhores relojoeiros, os fornecedores e as casasespecializadas. Temos uma relação especial comrelojoeiros do Jura e com os nossos colaboradores,em Neuchâtel e em Genebra», completa Renaud.«Preferimos assim»,diz o responsável, «há troca deideias sobre as concepções mecânicas e o trabalhoé realizado entre a direcção e as pessoas que nosestão próximas». Além de Renaud de Retz e deGuillaume Tetu, Jean Plazenet é outro dos mem-bros da direcção.
Uma das particularidade deste nome suíço é aautoria dos próprios calibres, e durante a concep-
«Esta colecção levou dois anos
a desenvolver, é o primeiro
exemplo, mas já estamos a
trabalhar noutros mecanismos
porque não queremos ter uma
marca monoproduto. Apesar
do modernismo, os valores
tradicionais da relojoaria
e a qualidade têm uma enorme
importância para nós»
Renaud de Retz74 < ESPIRAL DO TEMPO
O início das “hostilidades”o HL 01.
1
A beleza dos mecanismos saídos
do Collège.
1
a a
ção, o desenvolvimento e a produção, o trabalho éfeito em simbiose com os artesãos que parti-lham o mesmo desejo de concretizar um objectonovo. Esse é o espírito do Collège.
Além da excelência técnica e da criativa abor-dagem do tempo, o produto Hautlence é o resul-tado de uma pesquisa estética traduzida em muitas horas de trabalho de acabamento e de de-coração. A concepção de um relógio com ta-manho nível de complicação conjuga as mais diversas artes e técnicas. «O Collège permite--nos, em colaboração com os nossos parceiros,desenvolver métodos, estudar possibilidades de concepção de acordo com as mais avançadastécnicas. Somos responsáveis pelo controlo dequalidade nos processos de produção, na escolhados parceiros e dos fornecedores de várias regiõesda Suíça; cada relojoeiro é escolhido pelas suas in-críveis capacidades técnicas».
A produção actual é de cerca de vinte peçaspor mês, número que tenta dar resposta à cres-cente procura da marca com a Banda de Möbiusestilizada. Num espaço de dois anos, os relógiossão comercializados em Singapura, Indonésia,Malásia, Tailândia, Mónaco, França, Suíça, Es-panha, Itália, Rússia, Estados Unidos e no Dubai.Encontrar um dos modelos exposto numa loja é,para já, tarefa impossível, uma vez que a primeiracolecção está vendida. «Todas as peças estão comclientes finais. Os primeiros clientes a procurar-nos são os coleccionadores, aqueles que já têmmarcas como a Cartier, a Rolex ou François-PaulJourne, e que procuram relógios diferentes. Masdepois há também um segundo tipo de clientesque procuram peças com identidade,que são facil-mente identificadas, como os russos e os bra-sileiros», justifica.
Não sendo uma marca centenária que possaviver da herança histórica, a Hautlence procura le-gitimar o seu posicionamento na alta-relojoariabaseando-se na qualidade e no serviço que presta.
A primeira colecção destina-se ao segmento mas-culino, mas como actualmente as mulheres «nãoquerem só relógios com diamantes e estão cadavez mais conhecedoras dos movimentos mecâni-cos», no início do próximo ano será apresentadaoficialmente a primeira colecção feminina com aassinatura Hautlence. Motivada para engrandecera indústria com tecnologia e um talento excep-cional, a Hautlence é uma marca que sabe queprecisa de tempo para desenvolver novos movi-
mentos. A convicção de que «todas as indústriasevoluíram mais do que a relojoeira» fá-los sentirque há ainda muito por fazer. «Falta inovação!»,diz convicto Renaud. «Nos últimos anos o que as marcas dizem é: ‘agora vamos fazer um novoturbilhão, agora vamos fazer um repetição de mi-nutos’. O que nos interessa não é seguir este cursodas complicações relojoeiras, queremos é fazerrelógios diferentes.Fazer um turbilhão não nos in-teressa, porque já todos o fazem», conclui. ET
Uma magnífica peça em ouro rosa,
o modelo HL 03.
1
a
As flores Edelweiss que crescem nos meses de Verão nas montanhas austríacas são um
emblema nacional e o nome de uma desconcertante montanha deste País. A mais de
2500 metros de altitude, o mapa que acompanha os 16 participantes do Rallie Flat
Six assinala uma paragem obrigatória. Lá do alto olhamos para a paisagem que tem
inspirado a família Porsche nas últimas décadas.
REPORTAGEM
A o longo do caminho que dá aces-so a Schloss Prielau estão esta-cionados alguns dos mais caris-máticos modelos saídos das
oficinas Porsche.Este castelo,construído no sécu-lo XVI, é hoje uma das maiores referênciashoteleiras da turística região de Zell Am See, naÁustria. À semelhança de muitas outras pro-priedades da região, Schloss Prielau integra o pe-queno império construído no local pela famíliaPorsche, ao longo das últimas décadas.
O professor Ferdinand Alexander Porsche, odesigner do mítico 911, tinha apenas sete anosquando toda a família troca a cidade industrial deEstugarda, na Alemanha, pelas margens do lagoZeller See, na tentativa de escapar aos bom-bardeamentos da II Guerra Mundial. É nas gela-das montanhas austríacas,que Ferdinand Alexan-der Porsche completa o ensino secundário, e trin-ta anos mais tarde funda o Porsche DesignStudio. Zell Am See é indissociável da história eda própria identidade do nome Porsche, razõesfortes para que este fosse o ambiente ideal para aapresentação da nova linha de relógios da marca- Flat Six.
Em Schloss Prielau deu-se o sinal de partida.Os jornalistas em representação dos diferentesmercados em que a marca está presente, senta-
r e p o r t a g em d e Vand a Jo rg e em Z e l l Am Se e - Á u s t r i a
Pela estrada foraPorsche Design
«Não consegui encontrar o carro
desportivo dos meus sonhos,
então decidi construi-lo eu!»
Ferdinand Alexander Porsche
ESPIRAL DO TEMPO > 77
Ferdinand Alexander Porsche, designer do mítico 911
e fundador do Porsche Design Studio.1
a
ram-se ao volante de um Porsche e aceleraram afundo no Flat Six Rally 2006,uma viagem que oslevou a descobrir o inspirador ‘Mundo Porsche’.«Com esta experiência queremos partilhar o en-tusiasmo pela Porsche. Os nossos relógios sãoinspirados na filosofia e na engenharia destescarros e sentimos que através desta experiênciatransmitimos esse espírito. Queremos mostrar afilosofia da Porsche Design através da relaçãoentre o Estúdio, aqui na Áustria onde é feito odesign, e a Eterna na Suíça, onde são produzidosos relógios» explica Emanuel Bitton, director de marketing da Porsche Design. Acrescenta omesmo responsável, «a tendência actual é a de asmarcas de relojoaria procurarem parcerias com asmarcas automóveis. A Porsche Design, com umahistória autêntica e verdadeira, tinha queaproveitar essa relação».
Nos dezasseis carros, as atenções dividiam-seentre o conta-quilómetros e o verde exuberantede uma Áustria pacata. Uma das paragens obri-gatórias assinalava Gmünd. É no centro históricodesta vila austríaca, onde não faltam exemplaresartísticos e culturais e onde a família Porschecriou raízes a partir de 1944, que está instalado oPorsche Car Museum, o primeiro museu privadoda Porsche na Europa. É Helmut Pheifhoferquem nos guia pelos dois andares do seu museu.Em 1982 começou a reunir neste local, onde em tempos esteve instalada uma oficina de mon-tagem de carros Porsche, as histórias e algunsexemplares automóveis que são hoje verdadeiras
relíquias. Desta viagem ao coração e à história daPorsche, a marca lança uma mensagem: mais doque viver à sombra de um nome forte e de umaherança histórica, é preciso inovar!
“O bom design deve ser honesto” F.A. Porsche Em criança, Butzi – o nome como FerdinandAlexander Porsche era tratado pela família –gostava de desenhar e de construir os própriosbrinquedos. Curiosamente o desportivo 911 quecriou, um dos carros mais emblemáticos daPorsche é baseado num dos seus desenhos.
Desde 1974, o ano em que o Design Studiose instala em Zell am See, que FerdinandAlexander Posrche ganha a reputação de ser umfuncionalista, o próprio costumava dizer que «o design deve ser funcional, e essa funcionali-dade deve ser visualmente transformada numacriação estética».
O conceito esteve presente desde os pri-meiros momentos em todos os trabalhos desen-volvidos no Estúdio. Nas décadas seguintes àfundação, muitos acessórios para homem – re-lógios, óculos de sol, canetas – foram criados ecomercializados pelo mundo com a assinatura damarca Porsche Design. À funcionalidade aliou--se a pureza das linhas e a qualidade dos mate-riais, trabalhados com saber artesanal mas com osuporte técnico das mais avançadas tecnologias.«O Estúdio começou por funcionar com trêspessoas» conta Roland Heiler, actual director do
Porsche Design
78 < ESPIRAL DO TEMPO
Paragem para visitar o Porsche Car Museum.1
Os 16 Porsche estacionados em Schloss Prielau.1
a a
centro de design, «o professor Ferdinand Ale-xander Porsche trouxe o Estúdio para Zell amSee porque teve uma infância muito feliz aqui egostava da natureza, do ambiente, da tranquili-dade deste ambiente para pensar nos seus produ-tos» acrescenta o alemão.
Uma equipa de dezoito designers cultural-mente diversa cria uma atmosfera única de traba-lho; «somos um grupo muito internacional, háfranceses, ingleses, alemães, russos, espanhóis etambém americanos» refere Roland Heiler, «e omais curioso é que dos membros mais antigos,
alguns estão cá desde a fundação, trabalham comos mais novos em todos os momentos de produ-ção e na construção de modelos».
O Porsche Design Studio é hoje consideradouma das maiores referências do design europeu,e embora seja de estranhar o isolamento, para oactual director essa condição foi fundamentalpara o desenvolvimento do ‘produto Porsche’.«Uma das maiores influências é a natureza, estarimbuído deste espírito e perceber os princípiosdos produtos criados pela natureza é muito im-portante. Uma das virtudes da filosofia do design
é a honestidade do produto, e também a funcio-nalidade que deriva da forma natural como tra-balhamos», explica. E de que forma a naturezainspira estes designers, Roland Heiler exemplifi-ca: «No caso da natureza, sempre que há deter-minada circunstância, ela adapta-se. No nossocaso, e dando o exemplo de uns óculos de sol,concebemo-los com a forma exacta da cara masdepois transformam-se e tornam-se extrema-mente finos para os transportarmos no bolso dacamisa. É este tipo de adaptação a uma necessi-dade circunstancial que nos inspira».
ESPIRAL DO TEMPO > 79
Paragem na montanha Edelweiss.
Em baixo, Roland Heiler apresenta algumas das peças
concebidas no Design Studio.
1
O Porsche Design Studio é hoje
considerado uma das maiores
referências do design europeu,
e embora seja de estranhar o
isolamento, para o actual director
essa condição foi fundamental
para o desenvolvimento do
‘produto Porsche’.
a
O mundo Porsche no pulso Foi neste ambiente, junto dos homens que traba-lham a marca e imbuídos pelos princípios que de-finem a criação dos relógios, que a PorscheDesign fez a apresentação oficial da nova colec-ção de relógios – Flat Six. «Quando criámos oFlat Six tínhamos três grandes ideias», diz Ema-nuel Bitton; «a primeira era abandonar o titânio eestrear a primeira colecção em aço. A segundaideia forte era a de oferecer uma colecção com umnovo posicionamento em termos de preço, a ter-ceira era ter um design mais jovem e desportivo,com um carisma forte dado pelo tamanho dacaixa e pelo mostrador agressivo».
Os três novos modelos Flat Six variam entreos habituais cronógrafos automáticos, já que 90 por cento dos relógios Porsche são cronó-grafos; um modelo automático e um cronógrafode quartzo, este último pensado para mercadoscomo os Estados Unidos da América, o ReinoUnido e a Ásia, que valorizam o segmento dosrelógios desportivos.
Ao nível do desenvolvimento do produto,a inspiração para a colecção vem do design e do nome do primeiro motor de 6 cilindros doPorsche 911, lançado nos anos 60; «o que as pes-soas esperam da Porsche é uma certa inspiraçãomecânica», remata o responsável pela gestão damarca. Uma inspiração que chega também à bra-celete que remete para o universo automóvel, e aotamanho da caixa de 44,5 milímetros que refor-ça o aspecto mais desportivo do emblemático911. «O que tentamos manter nos relógios e nos
outros produtos é uma certa honestidade eengenharia. Se olharmos para a linha Flat Six,vê-se que é inspirada no motor e as outras fun-cionalidades, como os botões de parar a conta-gem, estão completamente integrados na forma.Este tipo de combinação com um aspecto muitotécnico, é característico da Porsche», explica Ro-land Heiler. O mínimo de design e a criação depeças que se tornam companheiros inseparáveisna vida são atributos da marca. «O primeiro pro-duto desenhado por Ferdinand AlexanderPorsche foi o 911, e como sabemos, ainda é umdos mais bonitos e atractivos carros Porsche, pas-sados mais de 40 anos.A filosofia é a mesma paraos relógios, para os óculos e para os outros pro-dutos», acrescenta o director.
Os três modelos Flat Six foram apresentadosno inicio do ano na Baselworld, e os comentáriosque se geraram, fazem a marca acreditar que setratará de um caso de sucesso, «no melhor doscasos, a linha Flat Six deverá representar nospróximos dois a três anos 40% do negócio, ouseja, 40% os Flat Six, 40% o Dashboard e20% o Indicator», enumera Emanuel. Odesign foi pensado há cerca de um anoe a produção já está em curso, tendoos primeiros modelos chegado aomercado em Julho, «O Flat Sixestá concebido para ser, em 2006,o ‘Número Um’ da Porsche emtermos de quantidade», conclui. ET
| www.porsche-design.at
| www.auto-museum.at
Porsche Design
80 < ESPIRAL DO TEMPO
Inspiração automóvel
A nova linha de relógios da Porsche Design – Flat
Six – inspira-se nos célebres motores de seis cilin-
dros que contribuíram significativamente para a
reputação da escuderia alemã em todo o mundo
– e que continuam a alimentar cada um dos len-
dários bólides Porsche 911. O motor que serve de
inspiração à linha Flat Six é um boxer, em que os
cilindros estão colocados em duas séries opostas
de três; o facto de os pistons se moverem de for-
ma horizontal deu a inspiração para a origem do
termo flat. Na nova colecção de relógios, os anéis
que envolvem os pistons do automóvel, e que
permitem a dinâmica da propulsão, são usados
como elementos de design nos lados da caixa de
cada modelo. As directrizes estéticas e gráficas da
Porsche Design também se podem encontrar na
escala taquimétrica e nos totalizadores do mos-
trador. Há três cores de mostrador disponíveis –
preto, cinzento-escuro (titânio) e vermelho. Cada
modelo Flat Six pode ser equipada por uma bra-
celete de aço inoxidável com acabamento baço
ou por uma bracelete de borracha vulcanizada
com fecho de báscula em aço inoxidável.
Novidades Porsche Design
Flat Six P’6340 Automatic Chronograph
O Flat Six P’6340 Automatic Chronograph está
equipado com um mecanismo automático certificado
pelo Controlo Oficial Suíço dos Cronómetros (COSC).
Uma das inovações que apresenta é o triângulo indi-
cador dos pequenos segundos contínuos – uma sim-
ples ‘olhadela’ permite observar se o relógio está em
funcionamento ou não. As marcações a vermelho
nos totalizadores e nos ponteiros também melhoram
a leitura dos dados. Os botões de arranque e para-
gem da função cronográfica estão ergonomicamente
integrados na caixa e reflectem o nível de funciona-
lidade de um instrumento do tempo que é estanque
até 120 metros; a própria coroa está integrada na
caixa e também ela é decorada com o mesmo tipo
de relevo do motor 911.
Preço: Correia em cauchu € 2.680
Bracelete em aço € 2.880
ESPIRAL DO TEMPO > 81
Novidades Porsche Design
Flat Six P’6310 Automatic
O P’6310 é o primeiro modelo automático de três
ponteiros – horas, minutos, segundos – da linha Flat
Six. Uma proposta excelente para quem opta por
instrumentos puros e sem funções suplementares: a
indicação do tempo é feita através de ponteiros lumi-
nescentes revestidos por SuperLuminova que se
destacam num mostrador despojado com índices das
horas bem visíveis e com a janela da data às quatro
horas. Não há nenhum elemento perturbador para
uma legibilidade perfeita. O fundo transparente em
vidro de safira desvela o mecanismo automático de
base ETA 2892-A2, alimentado pelo rotor em forma
de jante tão característica das viaturas Porsche.
Preço: Correia em cauchu € 1.680
Bracelete em aço € 1.880
82 < ESPIRAL DO TEMPO
Novidades Porsche Design
Flat Six P’6320 Quartz Chronograph
O Flat Six P’6320 Quartz Chronograph alberga um mecanismo de quartzo
que oferece duas funções de contagem diferentes. Na primeira, é possível
cronometrar intervalos de tempo de modo extremamente preciso até ao
décimo de segundo; como nos cronógrafos mais comuns, podem ser medidos
e acrescentados vários intervalos de tempo à mesma contagem. A segunda
função é mais especial – a função split time. Depois de se fazer uma leitura de um
primeiro tempo cronometrado, carrega-se de novo no botão inferior e todos os pon-
teiros fazem a leitura do tempo que entretanto passou para retomar a contagem ini-
cial. Tanto os segundos como os minutos do cronógrafo são contabilizados a partir de
ponteiros de eixo ao centro – o dos segundos é branco com a ponta vermelha e o dos
minutos é vermelho, para que não sejam confundidos.
Preço: Correia em cauchu € 1.680
Bracelete em aço € 1.880
ESPIRAL DO TEMPO > 83
Quando a 15 de Julho de 1997 Gianni Versace é morto à porta da sua mansão em South
Beach, Miami, a irmã Donatella herda um dos reinos europeus em ascensão: a Casa
Versace. A brutalidade do assassinato choca o mundo da moda e a família do ícone
italiano, refugia-se, enlutada, num resort nas Caraíbas. Aos 50 anos o estilista tornara-se
um mito. Um ano mais tarde, no Hotel Ritz em Paris, Donatella apresenta a primeira
colecção de alta-costura a solo, e relança o brilho do nome deixado pelo irmão
adaptando-o a uma nova era. ‘Show must go on’! Algumas das maiores celebridades
mundiais estão presentes, o desfile tem um sucesso estrondoso e Donatella dedica-o à
paixão do irmão pelo trabalho.
ENTREVISTA
G ianni chamava-a de musa, elasempre se achou um distúrbio.Aos 49 anos, a diva da moda as-sume publicamente estar a cami-
nhar para um “lento suicídio”, e fala, pela pri-meira vez, dos 18 anos de vício em cocaína. Nodia em que Allegra, sua filha mais velha e princi-pal herdeira da fortuna do tio, celebra dezoitoanos, a família e os amigos mais próximos, entreeles Sir Elton John, persuadem Donatella a mu-dar de vida. Nessa mesma noite, viaja para o Ari-zona onde permanece cinco semanas internadanuma clínica de reabilitação. “Às vezes pensamosque uma substância química ajuda a resolver osproblemas ou os torna menores. Comecei agoraum longo caminho, terei que lutar todos os dias,mas o mais importante é começar e ter força paraisso” disse na altura.
A griffe ressente-se, em 2004 as perdas ron-dam os 95 milhões de euros,mas Donatella mudade hábitos e regressa ao cargo de directora criati-
va para conduzir com pulso, um impérioavaliado em cerca de 300 milhões de eurose com 1500 colaboradores em todo omundo. Ao seu lado, além do irmãoSanto, passa a estar Giancarlo Di Risio,acabado de sair da também italianaFendi. O novo director-geral, melhor doque ninguém, traz de volta a ordem àCasa e põe em curso uma reestruturaçãoque lhe permite afirmar que em 2007será recuperado o equilíbrio financeiro.Por seu lado, Donatella procura o equi-líbrio emocional e torna-se uma vozactiva na luta contra a droga e embaixa-dora na luta contra o cancro da mama.
Nos últimos seis anos, a expansão dogrupo avançou para novos nichos demercado com a construção de hotéis eresort de luxo, o primeiro Palazzo Versacefoi projectado na costa dourada australiana, umparaíso de seis estrelas onde se vive o estilo de
po r Vand a Jo rg e
Glamour ‘Made in Italy’Entrevista exclusiva | Donatella Versace
ESPIRAL DO TEMPO > 85
«Penso que a moda deveria
ser menos séria do que é na
realidade, deveria fazer-nos
sorrir e fazer sentirmo-nos
fantásticas. Levamos as roupas
demasiado a sério, claro que
se trata de um negócio sério
mas não passa de um ‘trapo’»
Donatella Versace
vida Versace. Donatella é actualmente uma dascinco mulheres de negócios mais influentes daEuropa. E os longos cabelos louros, que pintadesde os 11 anos, um dos maiores símbolos doseu glamour exagerado made in italy.
Vanda Jorge: Quase dez anos após a morte de Gianni,
qual é a filosofia actual do nome Versace?
Donatella Versace: A filosofia é a de respeitar o seupróprio ADN – o legado deixado por GianniVersace – e desenhar sobre essa herança.Respeitando-a e pondo-a em consonância com otempo. A imagem actual da Versace é luxuosa,está mais elegante e refinada e, ao mesmo tempo,direccionada para o futuro.
VJ: Gianni Versace nunca escondeu que a Donatella
era a musa que o inspirava em tudo o que criava.
Também tem alguém que a inspira?
DV: Não tenho uma musa específica. Penso queme inspiro em todo o tipo de pessoas.
VJ: Falar de moda obriga a falar de tendências. Pro-
cura-as nas ruas, ou cria-as simplesmente? Concorda
que é uma enorme responsabilidade criar peças para
pessoas que, usando as suas palavras, «têm persona-
lidade e não receiam nada».
DV: A moda não se resume ao look da estação oudo momento, trata-se muito mais de investir emgrandes peças, porque são elas que fazem umguarda-roupa. Penso que a moda deveria sermenos séria do que é na realidade, deveria fazer-nos sorrir e fazer sentirmo-nos fantásticas.Levamos as roupas demasiado a sério, claro quese trata de um negócio sério mas não passa deum ‘trapo’. Por isso é que digo que a Versace épara pessoas que têm personalidade e que nãoreceiam nada: refiro-me a pessoas com consciên-cia da versatilidade da natureza da moda.
VJ: E qual é a natureza da sua moda?
DV: Quando crio, inspiro-me em tudo o que merodeia. A minha colecção Primavera/Verão 2006para mulher, foi inspirada nos ambientes e napaisagem de Palm Springs, onde, o ano passado,passei algum tempo a reflectir. Sempre considereio deserto mágico e a minha inspiração vem dascores da terra e do pôr-de-sol e dos tons do céu ànoite, o azul profundo com feixes do azul da lua.Essas cores estão reflectidas nos tecidos. É uma
Donatella Versace
O império do glamour
Fundada em 1978 por Gianni Versace, um dos
mais talentosos designers das últimas décadas,
a Casa Versace está na vanguarda da moda mun-
dial e é um dos maiores símbolos do luxo italiano
no mundo. Alta-Costura, prèt-à-porter, acessórios,
jóias, relógios, perfumes, cosmética e mobiliário,
são várias as áreas de negócio todas com o Logo
da Medusa. Através de uma rede de retalho mun-
dial, são mais de 100 boutiques próprias nas prin-
cipais capitais mundiais e 123 corners em lojas
multi-marca. Gianni Versace SPA é detida pela
família: 50% por Allegra Beck Versace, 20% por
Donatella e 30% por Santo Versace. Donatella é
vice-presidente do conselho de administração e
directora criativa, o irmão é actualmente presi-
dente do conselho de administração. Desde Se-
tembro passado que Giancarlo Di Risio é director-
-geral da empresa, uma nomeação que tornou
este negócio familiar numa empresa mundial.
86 < ESPIRAL DO TEMPO
colecção muito feminina e calma – reflexo domeu estado de espírito na altura.
VJ: O conceito da sensualidade já fazia parte da visão
de Gianni Versace e sentia-se nas colecções Versus
que na altura eram criadas por si. Assumiu-se, no en-
tanto, com outra força quando uma mulher assume o
controlo de toda a Casa.
DV: A sensualidade expressa pela ‘mulherVersace’ simboliza perfeitamente o meuesforço em mostrar que as mulherestêm personalidades fortes, confi-ança e sabem perfeitamente doque gostam – gostam de ser sexymas têm uma vida para viver –não são raparigas em torres demarfim. São mulheres que fa-zem o melhor por elas própriasem todos os momentos, e asminhas roupas são desenhadas pararealçar o que as mulheres têm de me-lhor. No fundo, as peças trabalham para asmulheres, levam-nas na melhor direcção e mes-mo que não se sintam no seu melhor, o aspectoserá óptimo.
«Não sei se há uma tendência
para escolher modelos mais
velhas. O que sei é que a
Versace me assenta que
nem uma luva»
Halle Berry
Halle Berry é o rosto da Versace em 2006, sucedendo a Demi
Moore. Invariavelmente as fotografias que servem de base
aos anúncios da casa italiana são da responsabilidade de
Mario Testino.
1
a
VJ: Costuma dizer que “escolhe sempre mulheres
inspiradoras” para rosto da marca, a Halle Berry é a
escolha mais recente, que inspiração dá à Versace?
DV: A Halle Berry representa a essência da mu-lher Versace Primavera/Verão 2006. Forte, confi-ante e fascinante. Tem um glamour inato massem ser demasiado óbvio e uma grande noção de estilo, além de que fica deslumbrante em qual-quer um dos tons desta Primavera. Ela defineuma nova sensualidade – ser extremamente sexyfaz parte dos anos 90 – hoje em dia, a sensuali-dade é tudo, e a Halle é o epíteto dessa nova dis-posição.
Donatella Versace
O DV One Chrono representa o evoluir da colecção
DV One, agora com uma atitude mais desportiva
e apelando também ao público masculino.«Demi não é a minha nova mulher
– ela é todas as mulheres.
É uma grande amiga, tem filhos,
uma carreira e uma aparência
fantástica. Não admira que tenha
um homem tão lindo ao seu lado.
Até tenho um pouco de inveja!»
Donatella Versace
88 < ESPIRAL DO TEMPO
VJ: As celebridades são, de resto, parte da estratégia
de sucesso que tem desenvolvido.
DV: Celebridades como Madonna,Demi Moore eHalle Berry são mais fáceis de identificar que umasupermodelo. Além disso as supermodelos dehoje já não comunicam com as mulheres da mes-ma forma que comunicaram há anos atrás, porisso julgo que mulheres como a Halle são muitomais inspiradoras. Todas elas são mulheres comsorte por viverem as vidas que têm, mas não nospodemos esquecer que tiveram um trabalhoincrivelmente árduo para chegarem onde estãohoje, não nasceram só com bons genes. São mu-lheres estrondosas, por fora e por dentro.
VJ: Foi apontada pelo Wall Street Journal como uma
das cinco mulheres de negócios mais influentes na
Europa, é assim que se vê? Ou permanece a mesma
estilista da Casa de alta-costura de Milão...
DV: Vejo-me em primeiro lugar, e acima de tudo,como uma designer de moda. É esse o meu papelna empresa, uma vez que passei todas as decisõesde gestão para Giancarlo Di Risio, director-geralda Versace. Com essa decisão, sinto-me final-mente livre para me concentrar no design decolecções e no desenvolvimento e expansão danossa gama de acessórios.
VJ: Numa entrevista recente referiu que hoje os
“acessórios têm que ser tudo, menos vulgares e
banais”, dedica-lhes cada vez mais atenção?
DV: Trabalhar no desenvolvimento das nossascolecções de acessórios é das coisas que mais metem inspirado nos últimos tempos. Tenho-meconcentrado em colecções de acessórios que seajustem às roupas da mulher actual, por isso é
que temos malas pequenas, malas de cerimóniamas também malas enormes que se adequam àmulher de negócios que anda sempre a correr.
VJ: Sente o mesmo em relação aos relógios?
DV: Sim, os relógios e a joalharia estão, rapida-mente, a tornarem-se indispensáveis, tal como asmalas e os sapatos. Eles completam o conjuntocom estilo e glamour e tornaram-se os protago-nistas da moda e do design. Penso muito nas‘mulheres de negócios Versace’ que valorizam ocorte e a funcionalidade, é por isso que aliámos anossa estética à melhor tecnologia suíça. No anopassado, lançámos o DV One Watch que sim-boliza o novo espírito Versace, incorporando asraízes barrocas como a cabeça da medusa nomostrador, as figuras gregas e o uso opulento doouro rosa. É actual e elegante ao mesmo tempo,o DV One é um prazer à vista mas, mais impor-tante que tudo, é um prazer ao usá-lo, porquefunde os mecanismos dos relógios suíços com odesign de luxo italiano.
VJ: Nos últimos anos alcançou mais do que muitas
pessoas terão em toda a vida. Aos 51 anos o que
ainda lhe falta realizar?
DV: A vida tem corrido bem e os meus planossão de continuar a fazer o que tenho feito atéagora. Desejo manter os valores da Versace -o luxo verdadeiro, a modernidade e elegân-cia – sempre glamorosos, mas talvez menosostensivo do que antes. Mas acima detudo, a partir de agora, quero-me focar naminha família e nos meus amigos, quetêm sido tão importantes no meu renasci-mento pessoal e profissional. ET
A casa Versace demonstra uma grande vitalidade
para além do mundo da moda. Trabalhar no des-
envolvimento de colecções de acessórios e reló-
gios tem sido uma grande fonte de inspiração para
Donatella.
«Os relógios e a joalharia estão, rapidamente, a tornarem-se
indispensáveis, tal como as malas e os sapatos. Eles completam
o conjunto com estilo e glamour e tornaram-se os protagonistas
da moda e do design»
Donatella Versace
Audemars PiguetRoyal Oak Automatic > 92
ChopardL.U.C. Tec Régulateur > 94
François-Paul JourneOcta Chronograph > 96
Franck MullerMaster Banker Lune > 98
Jaeger-LeCoultreAMVOX 2 > 100
Patek PhilippeAnual Calendar 5396 R > 102
Raymond Weil Two Time Zones Carlos do Carmo > 104
Dossier GMTTempo sem fronteiras > 110
TécnicaReverso > 120
LaboratórioRoyal Oak Automatic > 126
Audemars PiguetRoyal Oak Automatic > 92
ChopardL.U.C. Tec Régulateur > 94
François-Paul JourneOcta Chronograph > 96
Franck MullerMaster Banker Lune > 98
Jaeger-LeCoultreAMVOX 2 > 100
Patek PhilippeAnual Calendar 5396 R > 102
Raymond Weil Two Time Zones Carlos do Carmo > 104
Dossier GMTTempo sem fronteiras > 110
TécnicaReverso > 120
LaboratórioRoyal Oak Automatic > 126
92 < ESPIRAL DO TEMPO
Códigos EstéticosMantendo o tradicional motivo ‘Grande Tapisserie’
no mostrador, o novo Royal Oak apresenta aperfei-
çoamentos subtis na forma dos índices e dos ponteiros
(que passam a ser em ouro de 18 quilates e facetados)
– de modo a proporcionar uma melhor legibilidade e
um toque mais contemporâneo.
Sempre RevolucionárioO Royal Oak foi o primeiro relógio desportivo de alto
luxo. Surge disponível com a tradicional bracelete em
aço integrada na caixa com fecho de báscula AP em
três lâminas para segurança dupla, mas também numa
elegante versão em ouro com correia em pele de
crocodilo com fecho de báscula AP em ouro rosa de
18 quilates.
Ícone Revisitado
ESPIRAL DO TEMPO > 93
texto Miguel Seabra
Os clássicos são eternos, mas para alcançar a eternidade é necessário que a substância acompanhe devidamente a forma. E se o inconfundível
Royal Oak sempre foi dotado de uma mecânica adequada à sua fama, agora passa a ser equipado com um mecanismo automático ainda mais
aperfeiçoado – concebido pela Audemars Piguet de modo a dotar o seu emblemático modelo de um motor capaz das exigências mais extremas.
A caminho das três décadas e meia de existência, o famoso relógio octagonal apresenta agora uma reserva de corda aumentada para 60 horas
e um fundo transparente que deixa apreciar a preciosa arquitectura do calibre 3120.
MecanismoCalibre automático 3120, de 26,60 mm por 4,25 mm,
com 278 peças e 40 rubis; reserva de corda máxima
de 60 horas; rotor bidireccional em ouro de 22 quilates;
balanço de inércia variável e espiral plana, 21.600
alternâncias/hora; pota-pitão móvel de tipo Genève;
tige de três posições; decoração manual de todas as
peças (perlage, diamantage, anglage, colimaçonnage
e Côtes de Genève); gravura AP e brasões Audemars
e Piguet no rotor. Funções: horas, minutos, segundos
ao centro, janela para a data, imobilização do balanço.
Bela MecânicaDesvelado por um fundo transparente em safira,
o mecanismo apresenta um alinhamento harmonioso
– com a ponte do balanço transversal e o rotor em
ouro de 22 quilates com gravação do monograma AP
e dos brasões das famílias fundadoras da marca
(Audemars e Piguet) em destaque.
Calibre InovadorO calibre 3120 (na imagem, sem o rotor) tem por par-
ticularidades: até 60 horas de reserva de corda graças
a uma mola capaz de produzir uma força constante
durante mais tempo; regulação precisa graças a um
balanço de inércia variável dotado de oito parafusos;
ajuste rápido da data; rotor bidireccional; segundos
ao centro de alimentação directa.
MostradorPrateado, preto ou azul; decoração em motivo ‘Grande
Tapisserie’; índices aplicados em relevo e ponteiros
luminescentes em ouro de 18 quilates. Caixa em ouro
rosa 18 quilates ou aço; estanque até 50 metros;
luneta octogonal com oito parafusos hexagonais em
ouro; coroa octogonal; 39 mm de diâmetro.
Bela Mecânica
94 < ESPIRAL DO TEMPO ESPIRAL DO TEMPO > 95
texto Miguel Seabra
Completa-se agora uma década desde que Karl-Friedrich Scheufele, vice-presidente da Chopard, criou um atelier de alta relojoaria que concebesse
mecanismos excepcionais para fazer jus ao passado de uma marca que, aquando da sua fundação em 1860, era puramente relojoeira. Actualmente,
a Chopard exibe as mesmas elevadas competências na alta joalharia e alta relojoaria, sendo que o atelier estabelecido na localidade de Fleurier
tem manufacturado prodígios mecânicos sob a designação histórica L.U.C – as iniciais do fundador Louis-Ulysse Chopard. Os primeiros modelos
eram clássicos e elegantes, mesmo quando dotados de complicações; no entanto, os últimos dois anos assistiram ao lançamento de exemplares
mais irreverentes e contemporâneos. Uma nova via da qual faz parte o novo L.U.C Tech Régulateur.
Disposição de ReguladorA personalidade hi-tech é conjugada com a histórica
disposição do mostrador regulador, com os minutos
ao centro e geometricamente dividido em submos-
tradores para a hora (às 3 horas), segundos (às 6),
segundo fuso horário (numa escala de 24 horas
com zonas distintas dia/noite, às 9 horas), e indicador
de reserva de corda (às 12 horas).
Edição LimitadaAlojado numa bem proporcionada caixa em aço com
39,5 milímetros de diâmetro e botão suplementar
para regulação imediata do segundo fuso horário, o
L.U.C Tech Régulateur integra uma edição limitada a
somente 250 exemplares. Um número exclusivo para
um relógio verdadeiramente original.
Motor 4x4O mecanismo que alimenta o L.U.C Tech Régulateur
é o L.U.C 4RT, de corda manual assente em quatro
tambores que lhe dão uma longevidade de
funcionamento quatro vezes superior. Os 9 dias de
reserva de corda são revelados numa escala semicircular
que se torna vermelha com o fim da autonomia.
Correia bem AcompanhadaDisponível em preto ou castanho escuro, a correia que
equipa o L.U.C Tech Régulateur é manufacturada em
pele de aligátor com escamas quadradas e elegan-
temente cosida com pespontos ton sur ton. Está
acompanhada de um fecho de báscula personalizado
com a inscrição Chopard.
Mostrador MostraOs recortes no mostrador deixam vislumbrar alguns
detalhes do mecanismo, oferecendo ao relógio um
toque decididamente técnico que é valorizado pelos
vários contrastes de cor e os diversos níveis de relevo.
Dois parafusos azulados e o tom escurecido dos dois
ponteiros principais em esqueleto completam o
conjunto.
Acabamento ExemplarO mecanismo apresenta um nível de acabamento
excepcional, trabalhado com Côtes de Genève
horizontais e decoração rhodié passível de ser apreciada
através de um fundo transparente em vidro de safira.
Para além do aspecto estético, o nível técnico do calibre
L.U.C 4RT foi agraciado com o certificado de cronómetro
atribuído pelo COSC.
Bela Mecânica
94 < ESPIRAL DO TEMPO ESPIRAL DO TEMPO > 95
texto Miguel Seabra
Completa-se agora uma década desde que Karl-Friedrich Scheufele, vice-presidente da Chopard, criou um atelier de alta relojoaria que concebesse
mecanismos excepcionais para fazer jus ao passado de uma marca que, aquando da sua fundação em 1860, era puramente relojoeira. Actualmente,
a Chopard exibe as mesmas elevadas competências na alta joalharia e alta relojoaria, sendo que o atelier estabelecido na localidade de Fleurier
tem manufacturado prodígios mecânicos sob a designação histórica L.U.C – as iniciais do fundador Louis-Ulysse Chopard. Os primeiros modelos
eram clássicos e elegantes, mesmo quando dotados de complicações; no entanto, os últimos dois anos assistiram ao lançamento de exemplares
mais irreverentes e contemporâneos. Uma nova via da qual faz parte o novo L.U.C Tech Régulateur.
Disposição de ReguladorA personalidade hi-tech é conjugada com a histórica
disposição do mostrador regulador, com os minutos
ao centro e geometricamente dividido em submos-
tradores para a hora (às 3 horas), segundos (às 6),
segundo fuso horário (numa escala de 24 horas
com zonas distintas dia/noite, às 9 horas), e indicador
de reserva de corda (às 12 horas).
Edição LimitadaAlojado numa bem proporcionada caixa em aço com
39,5 milímetros de diâmetro e botão suplementar
para regulação imediata do segundo fuso horário, o
L.U.C Tech Régulateur integra uma edição limitada a
somente 250 exemplares. Um número exclusivo para
um relógio verdadeiramente original.
Motor 4x4O mecanismo que alimenta o L.U.C Tech Régulateur
é o L.U.C 4RT, de corda manual assente em quatro
tambores que lhe dão uma longevidade de
funcionamento quatro vezes superior. Os 9 dias de
reserva de corda são revelados numa escala semicircular
que se torna vermelha com o fim da autonomia.
Correia bem AcompanhadaDisponível em preto ou castanho escuro, a correia que
equipa o L.U.C Tech Régulateur é manufacturada em
pele de aligátor com escamas quadradas e elegan-
temente cosida com pespontos ton sur ton. Está
acompanhada de um fecho de báscula personalizado
com a inscrição Chopard.
Mostrador MostraOs recortes no mostrador deixam vislumbrar alguns
detalhes do mecanismo, oferecendo ao relógio um
toque decididamente técnico que é valorizado pelos
vários contrastes de cor e os diversos níveis de relevo.
Dois parafusos azulados e o tom escurecido dos dois
ponteiros principais em esqueleto completam o
conjunto.
Acabamento ExemplarO mecanismo apresenta um nível de acabamento
excepcional, trabalhado com Côtes de Genève
horizontais e decoração rhodié passível de ser apreciada
através de um fundo transparente em vidro de safira.
Para além do aspecto estético, o nível técnico do calibre
L.U.C 4RT foi agraciado com o certificado de cronómetro
atribuído pelo COSC.
Tripla Dimensão
ESPIRAL DO TEMPO > 97
texto Miguel Seabra
O Octa Cronograph rapidamente seduziu os grandes aficionados de cronógrafos – não só devido ao mecanismo excepcional idealizado por François-
Paul Journe, mas também graças a um mostrador verdadeiramente espectacular onde sobressaem a janela da data e os vários ponteiros descentrados.
Como é tradicional na colecção do mestre francês, as informações essenciais ficam à direita do relógio... para que não seja preciso ao utilizador afastar
completamente a manga para apreciar o tempo: o submostrador com as horas e os minutos está situado às três horas e os pequenos segundos
encontram-se entre as 4 e as 5 horas; a data grande (concebida com o recurso a dois discos concêntricos) está localizada entre as 11 e as 12 horas e
o ponteiro de segundos do cronógrafo com fly-back é central com o totalizador dos minutos às nove horas. O mecanismo cronográfico está directamente
integrado no calibre de base Octa, sem qualquer módulo adicional – o que dá maior robustez e estabilidade ao conjunto. François-Paul Journe concebeu
uma versão extra-plana do tradicional cronógrafo de roda de colunas para o alojar num espaço de um milímetro debaixo do mostrador – a roda de
colunas foi estreitada de modo a ser transformada em roda de cames.
Caixa PreciosaTal como os restantes modelos, a caixa (38,3 mm de
diâmetro por 10 mm de espessura) está disponível
em ouro ou platina e o mostrador em ouro de 18
quilates apresenta submostradores e totalizadores
aparafusados em prata maciça com guilloché e pon-
teiros azulados; a coroa e os botões são estilizados.
Invenit et FecitO lema em latim com que François-Paul Journe
acompanha a própria assinatura no mostrador das
suas criações é um garante de prestígio: a autenticidade
de invenção e concepção fazem do Octa Chronograph
mais uma obra-prima na exclusiva colecção do mestre
francês.
Toque de MidasO fundo transparente em vidro de safira permite
apreciar todas as particularidades técnicas e decorativas
do Calibre Octa – maioritariamente construído
em ouro, tal como todos os mecanismos que passaram
a equipar os relógios de François-Paul Journe
desde há três anos.
Arquitectura PerfeitaO Calibre Octa foi idealizado para integrar várias
complicações sobre a mesma base sem sofrer qualquer
alteração nas suas dimensões e apresenta uma reserva
de marcha que assegura uma cronometria precisa
durante cinco dias (120 horas), numa autonomia total
de 150 horas fora do pulso. Como um verdadeiro
cronómetro, possui um equilíbro perfeito entre a força,
a capacidade e o funcionamento do mecanismo.
Fly-BackPara além da sempre útil função de retorno instantâneo
(fly-back), as soluções técnicas do cronógrafo incluem
uma mola de um metro de comprimento que desen-
volve uma tensão média de 850 gramas, limitando
substancialmente as perdas na amplitude do balanço
ao longo dos cinco dias da reserva de corda.
EstabilidadeA construção compacta do mecanismo permite a fixa-
ção de um balanço de consideráveis dimensões (10,1
mm) que oferece maior inércia e melhor estabilidade
de funcionamento. Regulado sem raqueta, o balanço
de cronómetro está ajustado por pesos rotativos em
cada um dos seus quatro braços e oscila a uma fre-
quência constante de 21.600 alternâncias por hora.
Tripla Dimensão
ESPIRAL DO TEMPO > 97
texto Miguel Seabra
O Octa Cronograph rapidamente seduziu os grandes aficionados de cronógrafos – não só devido ao mecanismo excepcional idealizado por François-
Paul Journe, mas também graças a um mostrador verdadeiramente espectacular onde sobressaem a janela da data e os vários ponteiros descentrados.
Como é tradicional na colecção do mestre francês, as informações essenciais ficam à direita do relógio... para que não seja preciso ao utilizador afastar
completamente a manga para apreciar o tempo: o submostrador com as horas e os minutos está situado às três horas e os pequenos segundos
encontram-se entre as 4 e as 5 horas; a data grande (concebida com o recurso a dois discos concêntricos) está localizada entre as 11 e as 12 horas e
o ponteiro de segundos do cronógrafo com fly-back é central com o totalizador dos minutos às nove horas. O mecanismo cronográfico está directamente
integrado no calibre de base Octa, sem qualquer módulo adicional – o que dá maior robustez e estabilidade ao conjunto. François-Paul Journe concebeu
uma versão extra-plana do tradicional cronógrafo de roda de colunas para o alojar num espaço de um milímetro debaixo do mostrador – a roda de
colunas foi estreitada de modo a ser transformada em roda de cames.
Caixa PreciosaTal como os restantes modelos, a caixa (38,3 mm de
diâmetro por 10 mm de espessura) está disponível
em ouro ou platina e o mostrador em ouro de 18
quilates apresenta submostradores e totalizadores
aparafusados em prata maciça com guilloché e pon-
teiros azulados; a coroa e os botões são estilizados.
Invenit et FecitO lema em latim com que François-Paul Journe
acompanha a própria assinatura no mostrador das
suas criações é um garante de prestígio: a autenticidade
de invenção e concepção fazem do Octa Chronograph
mais uma obra-prima na exclusiva colecção do mestre
francês.
Toque de MidasO fundo transparente em vidro de safira permite
apreciar todas as particularidades técnicas e decorativas
do Calibre Octa – maioritariamente construído
em ouro, tal como todos os mecanismos que passaram
a equipar os relógios de François-Paul Journe
desde há três anos.
Arquitectura PerfeitaO Calibre Octa foi idealizado para integrar várias
complicações sobre a mesma base sem sofrer qualquer
alteração nas suas dimensões e apresenta uma reserva
de marcha que assegura uma cronometria precisa
durante cinco dias (120 horas), numa autonomia total
de 150 horas fora do pulso. Como um verdadeiro
cronómetro, possui um equilíbro perfeito entre a força,
a capacidade e o funcionamento do mecanismo.
Fly-BackPara além da sempre útil função de retorno instantâneo
(fly-back), as soluções técnicas do cronógrafo incluem
uma mola de um metro de comprimento que desen-
volve uma tensão média de 850 gramas, limitando
substancialmente as perdas na amplitude do balanço
ao longo dos cinco dias da reserva de corda.
EstabilidadeA construção compacta do mecanismo permite a fixa-
ção de um balanço de consideráveis dimensões (10,1
mm) que oferece maior inércia e melhor estabilidade
de funcionamento. Regulado sem raqueta, o balanço
de cronómetro está ajustado por pesos rotativos em
cada um dos seus quatro braços e oscila a uma fre-
quência constante de 21.600 alternâncias por hora.
Tripla Dimensão
ESPIRAL DO TEMPO > 99
texto Miguel Seabra
Foi na sequência de uma encomenda especial de um cliente particular que nasceu um dos mais emblemáticos modelos de Franck Muller: o pedido
original era a concepção de um relógio com três fusos horários que fosse de leitura imediata e fácil manuseamento; o protótipo, assente num elegante
mostrador dotado de dois submostradores adicionais, agradou tanto que passou a integrar a colecção regular sob a designação Master Banker.
Uma década depois, o Master Banker foi actualizado e até passou a ser declinado com complicações adicionais (como o cronógrafo, fases da lua e
até o turbilhão) em caixas diferentes (Cintrée Curvex tonneau, Long Island rectangular, Classique redonda). A disposição original assumia um pendor
declaradamente vertical, com os submostradores dos dois fusos horários adicionais colocados em cima e em baixo no mostrador; a nova disposição é
mais horizontal, já que os submostradores surgem agora colocados nos dois lados (às 3 e às 9 horas) do eixo central.
Tempo é DinheiroFoi um banqueiro britânico quem
solicitou a Franck Muller um relógio
mecânico capaz de apresentar
simultaneamente os fusos horários
das bolsas de Londres (FTSE), Nova
Iorque (Dow Jones) e Tóquio (Nikkei).
O mestre genebrino idealizou um
sistema de acerto através de uma
única coroa que se tornou objecto
de patente.
Múltiplos FormatosO conceito Master Banker encontra-se aplicado em
vários tamanhos e formas da colecção Franck Muller
– desde o formato de origem, o Cintrée Curvex, até
ao Long Island rectangular, passando pela linha
Classique redonda. Mostrador Frappé soleil (decoração
em guilloché com raios centralizados), ponteiros
azulados ou luminescentes, algarismos romanos negros
ou luminescentes, ponteiros dos submostradores
também azulados. Correia em pele de crocodilo com
fivela em ouro (de 18 quilates em várias cores).
Detalhes de TopoCaixa em ouro maciço de 18 quilates (todas as cores de ouro), platina ou aço, estanque
até 50 metros, vidro de safira, gravação Franck Muller no fundo maciço.
Master Banker Franck Muller
Aberturas SuplementaresPara além da disposição horizontal do mostrador, a
nova versão do Master Banker ostenta mais duas
novidades evidentes: a data indicada por meio de um
diaco localizada às 6 horas e dois pequenos orifícios
por baixo de cada um dos submostradores para
indicação se é dia (amarelo) ou noite (azul escuro) no
respectivo fuso horário, além da indicação das fases
da Lua.
Sincronização PatenteadaO Master Banker está dotado de um
mecanismo em que os dois fusos
horários suplementares estão sin-
cronizados com a hora central; os
ponteiros dos minutos dos fusos
horários suplementares avançam de
meia em meia hora porque existem
décalages de 30 minutos em algu-
mas localizações no mundo.
Tripla Dimensão
ESPIRAL DO TEMPO > 99
texto Miguel Seabra
Foi na sequência de uma encomenda especial de um cliente particular que nasceu um dos mais emblemáticos modelos de Franck Muller: o pedido
original era a concepção de um relógio com três fusos horários que fosse de leitura imediata e fácil manuseamento; o protótipo, assente num elegante
mostrador dotado de dois submostradores adicionais, agradou tanto que passou a integrar a colecção regular sob a designação Master Banker.
Uma década depois, o Master Banker foi actualizado e até passou a ser declinado com complicações adicionais (como o cronógrafo, fases da lua e
até o turbilhão) em caixas diferentes (Cintrée Curvex tonneau, Long Island rectangular, Classique redonda). A disposição original assumia um pendor
declaradamente vertical, com os submostradores dos dois fusos horários adicionais colocados em cima e em baixo no mostrador; a nova disposição é
mais horizontal, já que os submostradores surgem agora colocados nos dois lados (às 3 e às 9 horas) do eixo central.
Tempo é DinheiroFoi um banqueiro britânico quem
solicitou a Franck Muller um relógio
mecânico capaz de apresentar
simultaneamente os fusos horários
das bolsas de Londres (FTSE), Nova
Iorque (Dow Jones) e Tóquio (Nikkei).
O mestre genebrino idealizou um
sistema de acerto através de uma
única coroa que se tornou objecto
de patente.
Múltiplos FormatosO conceito Master Banker encontra-se aplicado em
vários tamanhos e formas da colecção Franck Muller
– desde o formato de origem, o Cintrée Curvex, até
ao Long Island rectangular, passando pela linha
Classique redonda. Mostrador Frappé soleil (decoração
em guilloché com raios centralizados), ponteiros
azulados ou luminescentes, algarismos romanos negros
ou luminescentes, ponteiros dos submostradores
também azulados. Correia em pele de crocodilo com
fivela em ouro (de 18 quilates em várias cores).
Detalhes de TopoCaixa em ouro maciço de 18 quilates (todas as cores de ouro), platina ou aço, estanque
até 50 metros, vidro de safira, gravação Franck Muller no fundo maciço.
Master Banker Franck Muller
Aberturas SuplementaresPara além da disposição horizontal do mostrador, a
nova versão do Master Banker ostenta mais duas
novidades evidentes: a data indicada por meio de um
diaco localizada às 6 horas e dois pequenos orifícios
por baixo de cada um dos submostradores para
indicação se é dia (amarelo) ou noite (azul escuro) no
respectivo fuso horário, além da indicação das fases
da Lua.
Sincronização PatenteadaO Master Banker está dotado de um
mecanismo em que os dois fusos
horários suplementares estão sin-
cronizados com a hora central; os
ponteiros dos minutos dos fusos
horários suplementares avançam de
meia em meia hora porque existem
décalages de 30 minutos em algu-
mas localizações no mundo.
Rápido e sem botões
100 < ESPIRAL DO TEMPO ESPIRAL DO TEMPO > 101
texto Miguel Seabra
A apresentação dos primeiros mecanismos cronográficos de corda automática da Jaeger-LeCoultre foi surpreendentemente complementada com
um novo e revolucionário modelo – incluído na prestigiada linha que comemora a associação entre a manufactura relojoeira de Le Sentier e a
escuderia britânica Aston Martin. Denominado AMVOX2, o novo cronógrafo estabelece um corte epistemológico ao nível da activação: ao contrário
dos outros, não necessita dos tradicionais botões laterais porque a cronometragem é accionada e travada mediante uma pressão directa sobre o
vidro do relógio! Um sistema de rolamentos permite à caixa e à luneta bascularem relativamente à base do relógio, numa acção que activa uma
série de alavancas que por sua vez transmitem os impulsos que controlam as funções do cronógrafo. E depois de duas versões em
titânio e titânio negro, surge agora uma terceira edição em platina e titânio.
Edição LimitadaNão é para todos – o AMVOX2 Chronograph Concept
só está disponível em três versões de edição limitada.
A mais exclusiva é concebida em platina e titânio,
estando disponíveis apenas 200 exemplares dotados
de um mostrador acinzentado e uma bracelete
desportiva em tela técnica cinzenta em pele estanque
com efeitos ópticos. Fecho de báscula em ouro branco
de 18 quilates.
Mostrador RecortadoA personalidade técnica do AMVOX2 é reforçada por
um mostrador contrastante em cinzento e ruténio que
é recortado: em baixo, podem ver-se as alavancas
vermelhas de activação do calibre 751B em acção,
enquanto os totalizadores das horas e dos minutos
surgem em discos brancos luminescentes por baixo
de janelas quase semicirculares.
MecanismoCalibre automático JLC 751B de roda de colunas
manufacturado, montado e decorado à mão; com 272
peças e 39 rubis; reserva de corda máxima de 72
horas; 28.800 alternâncias/hora; decoração manual.
Funções: horas, minutos, data; cronógrafo: discos
totalizadores das horas e dos minutos, ponteiro dos
segundos ao centro.
Dispositivo de SegurançaNo flanco da caixa, às 9 horas, um cursor de
três posições permite bloquear todas as funções
do cronógrafo ou apenas a função de retorno
a zero – para impedir que qualquer pressão
inadvertida possa afectar a cronometragem.
Acção SimplesBasta um gesto rápido para despoletar a contagem
através de um engenhoso sistema de embraiagem
vertical: pressiona-se o vidro às 12 horas e arranca a
função cronográfica; volta a carregar-se às 12 horas
e a contagem pára; uma pressão às 6 horas e todos
os indicadores regressam ao zero.
CaixaPlatina e titânio; estanque até 50 metros; vidro de
safira; gravação dos logos Jaeger-LeCoultre e Aston
Martin no fundo e 44 mm de diâmetro. Abertura para
o mecanismo; índices em apliques metálicos; anel
metálico em relevo para realçar a minuteria; anel
central acetinado de forma circular com algarismos
árabes em apliques negros luminescentes.
Rápido e sem botões
100 < ESPIRAL DO TEMPO ESPIRAL DO TEMPO > 101
texto Miguel Seabra
A apresentação dos primeiros mecanismos cronográficos de corda automática da Jaeger-LeCoultre foi surpreendentemente complementada com
um novo e revolucionário modelo – incluído na prestigiada linha que comemora a associação entre a manufactura relojoeira de Le Sentier e a
escuderia britânica Aston Martin. Denominado AMVOX2, o novo cronógrafo estabelece um corte epistemológico ao nível da activação: ao contrário
dos outros, não necessita dos tradicionais botões laterais porque a cronometragem é accionada e travada mediante uma pressão directa sobre o
vidro do relógio! Um sistema de rolamentos permite à caixa e à luneta bascularem relativamente à base do relógio, numa acção que activa uma
série de alavancas que por sua vez transmitem os impulsos que controlam as funções do cronógrafo. E depois de duas versões em
titânio e titânio negro, surge agora uma terceira edição em platina e titânio.
Edição LimitadaNão é para todos – o AMVOX2 Chronograph Concept
só está disponível em três versões de edição limitada.
A mais exclusiva é concebida em platina e titânio,
estando disponíveis apenas 200 exemplares dotados
de um mostrador acinzentado e uma bracelete
desportiva em tela técnica cinzenta em pele estanque
com efeitos ópticos. Fecho de báscula em ouro branco
de 18 quilates.
Mostrador RecortadoA personalidade técnica do AMVOX2 é reforçada por
um mostrador contrastante em cinzento e ruténio que
é recortado: em baixo, podem ver-se as alavancas
vermelhas de activação do calibre 751B em acção,
enquanto os totalizadores das horas e dos minutos
surgem em discos brancos luminescentes por baixo
de janelas quase semicirculares.
MecanismoCalibre automático JLC 751B de roda de colunas
manufacturado, montado e decorado à mão; com 272
peças e 39 rubis; reserva de corda máxima de 72
horas; 28.800 alternâncias/hora; decoração manual.
Funções: horas, minutos, data; cronógrafo: discos
totalizadores das horas e dos minutos, ponteiro dos
segundos ao centro.
Dispositivo de SegurançaNo flanco da caixa, às 9 horas, um cursor de
três posições permite bloquear todas as funções
do cronógrafo ou apenas a função de retorno
a zero – para impedir que qualquer pressão
inadvertida possa afectar a cronometragem.
Acção SimplesBasta um gesto rápido para despoletar a contagem
através de um engenhoso sistema de embraiagem
vertical: pressiona-se o vidro às 12 horas e arranca a
função cronográfica; volta a carregar-se às 12 horas
e a contagem pára; uma pressão às 6 horas e todos
os indicadores regressam ao zero.
CaixaPlatina e titânio; estanque até 50 metros; vidro de
safira; gravação dos logos Jaeger-LeCoultre e Aston
Martin no fundo e 44 mm de diâmetro. Abertura para
o mecanismo; índices em apliques metálicos; anel
metálico em relevo para realçar a minuteria; anel
central acetinado de forma circular com algarismos
árabes em apliques negros luminescentes.
Calendário de Prestígio
102 < ESPIRAL DO TEMPO ESPIRAL DO TEMPO > 103
texto Miguel Seabra
Bem instalada no cume da mais alta relojoaria, a Patek Philippe tem estabelecido vários marcos incontornáveis ao longo na história da medição
do tempo e o seu legado é especialmente rico na vertente dos mecanismos dotados de calendário. Introduzido em 1996, o Annual Calendar foi
o primeiro relógio mecânico com apresentação automática do mês, dia da semana e data exacta para os meses de 30 e 31 dias (requerendo
apenas um ajuste anual no fim de Fevereiro). Uma década depois, o Annual Calendar surge declinado num mostrador dotado de um grafismo
completamente diferente: uma nova personalidade para um dos grandes ícones da célebre manufactura genebrina.
Nova PersonalidadeComposto por 347 peças, o calibre do Annual Calendar
foi redesenhado para apresentar inéditas aberturas
gémeas (localizadas às 12 horas) para o dia da semana
e o mês. O calendário anual fica completo com uma
terceira janela para a data (às 6 horas).
Requinte DuploConcebido em dois tons prateados contrastantes (opalino e acinzentado),
o mostrador inspira-se num histórico modelo Patek Philippe dos anos
30 – e a sua escala dupla com índices azulados não só acentua a beleza
gráfica do conjunto, como também lhe dá um toque de design muito
peculiar.
Fases da LuaO Annual Calendar apresenta uma suplementar
indicação das 24 horas do dia localizada num
submostrador às 6 horas, semi-recortado para revelar
as fases da lua: uma complicação adicional de grande
valor técnico que oferece um toque de poesia ao
conjunto.
Nova PersonalidadeO fecho de báscula em ouro rosa de 18 quilates
é o remate perfeito para uma correia em pele
de jacaré com escamas rectangulares grandes,
cor castanha escura mate e cozida à mão.
Movimento ExcepcionalCalibre automático 324 S QA LU 24H,
de 33,30 mm por 5,78 mm, 347 peças,
34 rubis, reserva de corda máxima de 45 horas,
rotor unidireccional em ouro de 21 quilates,
espiral Gyromax, 28.800 alternâncias/hora.
CaixaOuro rosa 18 quilates, com fundo em vidro de safira; estanque até 25
metros; coroa canelada e personalizada; quatro correctores para o
ajuste das várias indicações de calendário e fases da lua; 38 mm de
diâmetro, 11 mm de espessura, 21 mm entre as asas.
Calendário de Prestígio
102 < ESPIRAL DO TEMPO ESPIRAL DO TEMPO > 103
texto Miguel Seabra
Bem instalada no cume da mais alta relojoaria, a Patek Philippe tem estabelecido vários marcos incontornáveis ao longo na história da medição
do tempo e o seu legado é especialmente rico na vertente dos mecanismos dotados de calendário. Introduzido em 1996, o Annual Calendar foi
o primeiro relógio mecânico com apresentação automática do mês, dia da semana e data exacta para os meses de 30 e 31 dias (requerendo
apenas um ajuste anual no fim de Fevereiro). Uma década depois, o Annual Calendar surge declinado num mostrador dotado de um grafismo
completamente diferente: uma nova personalidade para um dos grandes ícones da célebre manufactura genebrina.
Nova PersonalidadeComposto por 347 peças, o calibre do Annual Calendar
foi redesenhado para apresentar inéditas aberturas
gémeas (localizadas às 12 horas) para o dia da semana
e o mês. O calendário anual fica completo com uma
terceira janela para a data (às 6 horas).
Requinte DuploConcebido em dois tons prateados contrastantes (opalino e acinzentado),
o mostrador inspira-se num histórico modelo Patek Philippe dos anos
30 – e a sua escala dupla com índices azulados não só acentua a beleza
gráfica do conjunto, como também lhe dá um toque de design muito
peculiar.
Fases da LuaO Annual Calendar apresenta uma suplementar
indicação das 24 horas do dia localizada num
submostrador às 6 horas, semi-recortado para revelar
as fases da lua: uma complicação adicional de grande
valor técnico que oferece um toque de poesia ao
conjunto.
Nova PersonalidadeO fecho de báscula em ouro rosa de 18 quilates
é o remate perfeito para uma correia em pele
de jacaré com escamas rectangulares grandes,
cor castanha escura mate e cozida à mão.
Movimento ExcepcionalCalibre automático 324 S QA LU 24H,
de 33,30 mm por 5,78 mm, 347 peças,
34 rubis, reserva de corda máxima de 45 horas,
rotor unidireccional em ouro de 21 quilates,
espiral Gyromax, 28.800 alternâncias/hora.
CaixaOuro rosa 18 quilates, com fundo em vidro de safira; estanque até 25
metros; coroa canelada e personalizada; quatro correctores para o
ajuste das várias indicações de calendário e fases da lua; 38 mm de
diâmetro, 11 mm de espessura, 21 mm entre as asas.
Forma de Celebrar
104 < ESPIRAL DO TEMPO ESPIRAL DO TEMPO > 105
texto Miguel Seabra
Na sequência dos modelos em edição limitada destinados a celebrar o fado, a Raymond Weil e a Torres Distribuição acabam de apresentar um relógio
de tributo ao maior intérprete desse estilo musical tão português: Carlos do Carmo. Depois dos exemplares que celebraram o centésimo aniversário
do fado e o lendário guitarrista Carlos Paredes, o ‘Don Giovanni Carlos do Carmo’ afigurou-se como um seguimento lógico – tanto mais porque, aquando
do jantar de apresentação do modelo ‘100 Anos de Fado’, o conhecido cantor já havia sido um dos homenageados presenteados com um relógio.
Agora, Carlos do Carmo tem o seu próprio modelo personalizado… e não é um qualquer: é uma prestigiada versão em ouro rosa dotada de um belo
mostrador com dois fusos horários e um fundo que, para além de deixar entrever o apurado mecanismo automático, contém a gravação dos dois
primeiros acordes do tema ‘Estranha Forma de Viver’. Limitado a 43 exemplares (tantos quantos os anos de carreira do cantor), o relógio está disponível
num luxuoso estojo personalizado que é acompanhado de um bilhete duplo para um concerto de Carlos do Carmo.
Mostrador de rara belezaNum elegante mostrador argenté decorado com
parafusos e motivos Clous de Paris, dois submostra-
dores – um de 24 horas, outro de 12 horas com janela
para a data – permitem ao utilizador conhecer as horas
em dois fusos horários distintos. Um relógio parti-
cularmente útil para viajantes ou homens de negócios
internacionais.
Fundo personalizadoO fundo do relógio contém um óculo transparente que
permite apreciar o mecanismo e recordar os dois
primeiros acordes do tema ‘Estranha Forma de Viver’,
do ano – 1963 – de arranque da carreira do cantor.
A gravação inclui também uma guitarra portuguesa
estilizada e as inscrições ‘Tributo a Carlos do Carmo’
e ‘Edição Limitada’.
Mecanismo exclusivoDesenvolvido em exclusivo para a Raymond Weil, o
calibre automático do relógio alimenta simultanea-
mente os dois fusos horários (cada qual acompanhado
da respectiva coroa) para uma reserva de marcha de
38 horas. Os acabamentos do mecanismo são
particularmente felizes, com parafusos azulados, pontes
perladas e ‘Côtes de Genève’.
Forma rectangularO formato acentua a grande personalidade
do relógio, assente no actual ex-libris da
Raymond Weil (o Don Giovanni Così Grande
Two Time Zones). Rectangular e de generosas
dimensões, a caixa em ouro rosa é estanque
a 30 metros e está acompanhada de uma
sumptuosa correia em pele de crocodilo com
fivela personalizada.
Mérito de BeneficiênciaParte da verba alcançada com a venda da
série dedicada a Carlos do Carmo está des-
tinada à da Casa do Artista – uma instituição
de cariz único na Europa e que luta constan-
temente contra a falta de apoios.
Forma de Celebrar
104 < ESPIRAL DO TEMPO ESPIRAL DO TEMPO > 105
texto Miguel Seabra
Na sequência dos modelos em edição limitada destinados a celebrar o fado, a Raymond Weil e a Torres Distribuição acabam de apresentar um relógio
de tributo ao maior intérprete desse estilo musical tão português: Carlos do Carmo. Depois dos exemplares que celebraram o centésimo aniversário
do fado e o lendário guitarrista Carlos Paredes, o ‘Don Giovanni Carlos do Carmo’ afigurou-se como um seguimento lógico – tanto mais porque, aquando
do jantar de apresentação do modelo ‘100 Anos de Fado’, o conhecido cantor já havia sido um dos homenageados presenteados com um relógio.
Agora, Carlos do Carmo tem o seu próprio modelo personalizado… e não é um qualquer: é uma prestigiada versão em ouro rosa dotada de um belo
mostrador com dois fusos horários e um fundo que, para além de deixar entrever o apurado mecanismo automático, contém a gravação dos dois
primeiros acordes do tema ‘Estranha Forma de Viver’. Limitado a 43 exemplares (tantos quantos os anos de carreira do cantor), o relógio está disponível
num luxuoso estojo personalizado que é acompanhado de um bilhete duplo para um concerto de Carlos do Carmo.
Mostrador de rara belezaNum elegante mostrador argenté decorado com
parafusos e motivos Clous de Paris, dois submostra-
dores – um de 24 horas, outro de 12 horas com janela
para a data – permitem ao utilizador conhecer as horas
em dois fusos horários distintos. Um relógio parti-
cularmente útil para viajantes ou homens de negócios
internacionais.
Fundo personalizadoO fundo do relógio contém um óculo transparente que
permite apreciar o mecanismo e recordar os dois
primeiros acordes do tema ‘Estranha Forma de Viver’,
do ano – 1963 – de arranque da carreira do cantor.
A gravação inclui também uma guitarra portuguesa
estilizada e as inscrições ‘Tributo a Carlos do Carmo’
e ‘Edição Limitada’.
Mecanismo exclusivoDesenvolvido em exclusivo para a Raymond Weil, o
calibre automático do relógio alimenta simultanea-
mente os dois fusos horários (cada qual acompanhado
da respectiva coroa) para uma reserva de marcha de
38 horas. Os acabamentos do mecanismo são
particularmente felizes, com parafusos azulados, pontes
perladas e ‘Côtes de Genève’.
Forma rectangularO formato acentua a grande personalidade
do relógio, assente no actual ex-libris da
Raymond Weil (o Don Giovanni Così Grande
Two Time Zones). Rectangular e de generosas
dimensões, a caixa em ouro rosa é estanque
a 30 metros e está acompanhada de uma
sumptuosa correia em pele de crocodilo com
fivela personalizada.
Mérito de BeneficiênciaParte da verba alcançada com a venda da
série dedicada a Carlos do Carmo está des-
tinada à da Casa do Artista – uma instituição
de cariz único na Europa e que luta constan-
temente contra a falta de apoios.
Despertar Desportivo
106 < ESPIRAL DO TEMPO ESPIRAL DO TEMPO > 107
texto Miguel Seabra
Extremamente desportiva e de preço mais acessível, a linha Formula 1 ajudou a consolidar o mito TAG Heuer nos anos 80. Duas décadas depois,
foi reeditada com o mesmo espírito audacioso – mas também com novas soluções técnicas e estéticas perfeitamente adequadas às exigências
mais contemporâneas. Depois do relógio simples, do cronógrafo, do modelo ana-digi e da versão feminina com diamantes, a linha Formula 1 do
novo milénio foi concebida em parceria com um dos embaixadores da marca – o piloto Kimi Raikkonen – e acaba de ser enriquecida com um útil
relógio dotado de alarme que apresenta dimensões mais generosas do que os restantes exemplares da linha habitual (diâmetro de 42 milímetros
contra os 40 dos outros modelos). O mostrador analógico inclui um ponteiro suplementar para a indicação da hora do alarme/despertador, que
pode ser ligado e desligado através de um botão suplementar na caixa. Como não podia deixar de ser, o Formula 1 Alarm alberga um mecanismo
suíço de quartzo de elevada qualidade cuja sonoridade é potenciada acusticamente pela construção particular da caixa do relógio.
À Prova de TudoQualquer modelo da linha Formula 1 tem a coroa
aparafusada e equipada com uma junta dupla que
ajuda a garantir a inviolabilidade da caixa à água (até
200 metros de profundidade), à condensação e ao pó
– um relógio ideal para o esqui, para o surf, para o
parapente, para os karts ou para a vela.
Legibilidade ÓptimaA leitura de dados é ideal graças a ponteiros e índices
luminescentes tratados com SuperLuminova C3
GLS – perfeitamente legíveis sob um vidro de safira
de extrema dureza para resistir aos riscos e aos
choques das actividades mais radicais.
Irreverente e ComplementarCom mecanismo de quartzo e uma caixa em aço
que conjuga superfícies polidas e escovadas,
qualquer modelo da linha Formula 1 é ideal não
só para os jovens que compram o primeiro relógio
de uma marca suíça de prestígio a um preço mais
acessível, mas também para os aficionados com vários
relógios que desejam um modelo complementar para
os momentos de lazer.
Melhorias de PerfilA luneta giratória direccional, que era de plástico no
modelo original de 1986, é agora concebida em aço
coberto de titânio escurecido e apresentam um perfil
com ranhuras que facilitam o manuseamento em
qualquer altura; as abas em aço protegem a coroa
canelada de qualquer choque.
Simplicidade de UsoA utilização da função alarme é de uma simplicidade
absoluta. A hora é escolhida através do ponteiro
vermelho sendo activado o alarme puxando para fora
o botão que está acima da coroa, para o desactivar
basta empurrar o botão para a sua posição original.
Despertar Desportivo
106 < ESPIRAL DO TEMPO ESPIRAL DO TEMPO > 107
texto Miguel Seabra
Extremamente desportiva e de preço mais acessível, a linha Formula 1 ajudou a consolidar o mito TAG Heuer nos anos 80. Duas décadas depois,
foi reeditada com o mesmo espírito audacioso – mas também com novas soluções técnicas e estéticas perfeitamente adequadas às exigências
mais contemporâneas. Depois do relógio simples, do cronógrafo, do modelo ana-digi e da versão feminina com diamantes, a linha Formula 1 do
novo milénio foi concebida em parceria com um dos embaixadores da marca – o piloto Kimi Raikkonen – e acaba de ser enriquecida com um útil
relógio dotado de alarme que apresenta dimensões mais generosas do que os restantes exemplares da linha habitual (diâmetro de 42 milímetros
contra os 40 dos outros modelos). O mostrador analógico inclui um ponteiro suplementar para a indicação da hora do alarme/despertador, que
pode ser ligado e desligado através de um botão suplementar na caixa. Como não podia deixar de ser, o Formula 1 Alarm alberga um mecanismo
suíço de quartzo de elevada qualidade cuja sonoridade é potenciada acusticamente pela construção particular da caixa do relógio.
À Prova de TudoQualquer modelo da linha Formula 1 tem a coroa
aparafusada e equipada com uma junta dupla que
ajuda a garantir a inviolabilidade da caixa à água (até
200 metros de profundidade), à condensação e ao pó
– um relógio ideal para o esqui, para o surf, para o
parapente, para os karts ou para a vela.
Legibilidade ÓptimaA leitura de dados é ideal graças a ponteiros e índices
luminescentes tratados com SuperLuminova C3
GLS – perfeitamente legíveis sob um vidro de safira
de extrema dureza para resistir aos riscos e aos
choques das actividades mais radicais.
Irreverente e ComplementarCom mecanismo de quartzo e uma caixa em aço
que conjuga superfícies polidas e escovadas,
qualquer modelo da linha Formula 1 é ideal não
só para os jovens que compram o primeiro relógio
de uma marca suíça de prestígio a um preço mais
acessível, mas também para os aficionados com vários
relógios que desejam um modelo complementar para
os momentos de lazer.
Melhorias de PerfilA luneta giratória direccional, que era de plástico no
modelo original de 1986, é agora concebida em aço
coberto de titânio escurecido e apresentam um perfil
com ranhuras que facilitam o manuseamento em
qualquer altura; as abas em aço protegem a coroa
canelada de qualquer choque.
Simplicidade de UsoA utilização da função alarme é de uma simplicidade
absoluta. A hora é escolhida através do ponteiro
vermelho sendo activado o alarme puxando para fora
o botão que está acima da coroa, para o desactivar
basta empurrar o botão para a sua posição original.
CARACTERÍSTICAS
Referência
Diâmetro
Espessura
Caixa
Coroa
Vidro
Movimento
Decoração do movimento
Funções e indicadores
Estanquicidade
Bracelete
Fecho
Série Limitada
Preço
108 < ESPIRAL DO TEMPO
Audemars Piguet
Royal Oak Automatic
15300OR.OO.D088CR.01
39 mm
9,25 mm
Ouro rosa 18 quilates
Personalizada com o logotipo
Vidro em safira
Calibre 3120, mecânico de cordaautomática
Decoração manual: perlage, anglagee Côtes de Genève
Horas, minutos, segundos ao centro edata às 3 horas
50 metros
Correia em pele de crocodilo
Fecho duplo de segurança em ourorosa 18 cts, personalizado com ologotipo
––
€ 18.350
Chopard
L.U.C. Tech Régulateur
16/8449
39,5 mm
9,75 mm
Aço com fundo em vidro de safira
Personalizada com o logotipo
Vidro em safira
Calibre L.U.C. 4RT com certificado decronómetro COSC, com 9 dias dereserva de corda
Côtes de Genève horizontais e deco-ração rhodié e 39 rubis
Horas às 3 horas, minutos ao centro,indicador de reserva de corda ás 12horas e segundo fuso-horário às 9horas
30 metros
Correia em pele de jacaré com esca-mas quadradas e cosida com pespon-tos ton sur ton.
Fecho de báscula personalizado emaço
250 exemplares
€ 23.370
François-Paul Journe
Octa Chronograph
FPJ.OACH.OVO.V
38,3 mm
10,3 mm
Ouro rosa 18 quilates
Estilizada e personalizada
Vidro em safira
Calibre FPJ 1300-2, cronógrafomecânico de corda automática comfly-back e zero-stop, 120 horas deautonomia
Mecanismo em ouro com decoraçãomanual
Horas, minutos, pequenos segundos,data grande, totalizador de segundose minutos do cronógrafo
30 metros
Correia em pele de crocodilo
Fivela em ouro rosa 18 quilates
––
€ 33.450
Franck Muller
Master Banker
7880 MB DL
––
––
Ouro branco de 18 quilates comgravação Franck Muller no fundo
Personalizada com o logotipo
Vidro bombeado em safira
Mecânico de corda automática comrotor em platina 950
Decoração à mão
Triplo fuso horário com acerto nacoroa; data; indicação das fases daLua e dia/noite
30 metros
Correia em pele de crocodilo
Fivela em ouro branco 18 quilates
––
€ 28.500
ESPIRAL DO TEMPO > 109
Jaeger-LeCoultre
AMVOX2 Chronograph
Q192T440; Q192T470 e Q1926440
44 mm
15,1 mm
Q192T440 - Titânio; Q192T470 - Titânio preto;Q1926440 - Platina e Titânio Sistema de caixabasculante para accionamento do cronógrafo.Gravação dos logos Jaeger-LeCoultre e AstonMartin
Personalizada com o logotipo
Vidro bombeado em safira com dureza n.º 9
Calibre 751B, mecânico de corda automática,com 72 horas de autonomia
Decoração à mão, 41 rubis
Horas, minutos, data e totalizadores de segun-dos ao centro, e discos de 30 minutos e 12horas do cronógrafo
50 metros
Correia em calfe preto ou cinzento, ou tela téc-nica (pele estanque com revestimento)
Q192T440 - fecho de báscula em aço;Q192T470 - fecho de báscula em aço;Q1926440 - fecho de báscula em ouro branco18 quilates
Q192T440 - 750 exemplaresQ192T470 - 500 exemplaresQ1926440 - 200 exemplares
Q192T440 - € 10.700Q192T470 - € 12.700Q1926440 - € 23.000
Patek Philippe
Anual Calendar 5396 R
5396 R
38 mm
11 mm
Ouro rosa 18 quilates com fundo em vidro desafira e quatro correctores para o ajuste dasvárias indicações do calendário e fases da lua
Coroa canelada e personalizada
Vidro em safira
Calibre 324 S QA LU 24H, mecânico de cordaautomática com 45 horas de autonomia e rotorunidirecional em ouro 21 quilates, Punção deGenebra
Decoração à mão, com Côtes de Genève, per-lage e anglage, 34 rubis
Horas, minutos, segundos, indicação 24 horas ecalendário anual: dia, dia da semana, mês
25 metros
Correia em pele de jacaré cosida à mão
Fecho de báscula em ouro rosa 18 quilates
––
€ 25.317
Raymond Weil
Two Time Zones Carlos do Carmo
12898-G-65001
46,4 mm x 35 mm
13,1 mm
Ouro rosa 18 quilates e fundo com óculo trans-parente para apreciação do mecanismo,gravações personalizadas em 'Tributo a Carlosdo Carmo'
Duas coroas cada uma corresponde a um fusohorário e ambas personalizadas com as iniciaisda marca.
Vidro em safira com tratamento anti-reflexoem ambos os lados
Mecânico de corda automática com 38 horasde autonomia
Parafusos azulados, pontes perladas e Côtes deGenève
Duplo fuso horário e data: horas, minutos esegundos no indicador de 12 horas, horas eminutos no indicador das 24 horas
30 metros
Correia em pele de crocodilo
Fivela personalizada em ouro rosa 18 quilates
43 exemplares
€ 9.900
TAG Heuer
Formula 1 Alarm
WAC111A.BA0850
40 mm
11,6 mm
Aço
Personalizada com o logotipo, aparafusada eequipada com junta dupla para optimizar aestanquicidade
Vidro em safira
Quartzo
––
Horas, minutos, segundos, data e alarme
200 metros
Aço
Duplo fecho de segurança
––
€ 685
Master Compressor Geographic
A colecção Master Compressor inclui este excepcional
Geographic que, através de um disco rotativo com os 24
fusos horários e privilegiando a legibilidade, indica as
horas e minutos do fuso horário pretendido num mos-
trador descentrado entre as 6 e as 9 horas. Acrescenta
ainda a indicação dia/noite do segundo fuso horário.
O mecanismo que equipa esta peça é mais uma exclusi-
va criação da Manufactura: o Calibre 923.
O mundo está a acelerar e torna-se necessário acompanhar devidamente o evoluir
dos tempos. Um minuto continua a ter 60 segundos, mas exige-se cada vez mais em
cada vez menos tempo. Hoje em dia, a maior parte dos habitantes do planeta já está
habituada a lidar frequentemente com mais do que um meridiano horário – depois da
revolução das comunicações ter transformado o mundo numa mera aldeia global.
A indústria relojoeira já havia sido determinante para a divisão do globo em 24 fusos
após a revolução dos transportes no século XIX, mas hoje em dia está completamente
sintonizada no fenómeno da globalização: não há manufactura que se preze que não
apresente instrumentos capazes de indicar o tempo em mais do que um local...
DOSSIER
N ão é uma praga e nem sequeruma moda: é, muito simples-mente, uma necessidade. Nos úl-timos anos, as grandes exposi-
ções internacionais da indústria relojoeira têmassistido à profusão de exemplares de grande for-mato e a uma autêntica febre de turbilhões, masé uma complicação mecânica bem mais discretaque se está a tornar omnipresente nas colecçõesde quase todas as marcas – um simples ponteirosuplementar ou um sistema mais sofisticado quepermita a leitura instantânea das horas em diver-sos pontos do globo.
O rápido desenvolvimento do sistema fer-roviário no século XIX proporcionou travessiascontinentais mais rápidas e forçou a necessidadede um tempo uniformizado; os progressos daaviação no século XX banalizaram as viagensintercontinentais efectuadas em escassas horas esem escala; a definitiva globalização das comuni-cações, dos meios audiovisuais e da actividadefinanceira no século XXI implicou uma constante
interactividade multinacional de exigências ime-diatas que requer uma absoluta mestria dos fusoshorários.
Hoje em dia, cada vez mais pessoas vivem etrabalham globalmente – e estão em permanentecontacto com gente do outro lado do mundo.O indivíduo contemporâneo necessita de instru-mentos que o ajudem a controlar o espaço tem-poral de um planeta cada vez mais exíguo, peloque se torna evidente a razão pela qual as maisprestigiadas marcas de relógios têm procuradocorresponder à evolução dos tempos.
A geração em trânsitoAlgumas manufacturas relojoeiras têm mesmodesenvolvido uma interessante especialização naárea ou até utilizado campanhas de marketingpara promover uma linha de modelos especial-mente dedicada aos viajantes reais e virtuais dostempos modernos. A prestigiada Patek Philippecontinua a bater recordes em leilões com antigosexemplares dotados das zonas horárias mundiais,
«É verdade que a linha Master
Compressor, pelo seu estilo,
pelas características estéticas
e técnicas, por toda a pesquisa
que envolveu o desenvolvimento
do mecanismo e a caixa mais
desportiva, foi qualquer coisa
de ‘radical’ para a marca»
Dossier Especial GMT
t e x t o Mi g u e l S e a b r a
ESPIRAL DO TEMPO > 111
Tempo sem fronteiras
Jerome Lambert^‘
Dossier GMT
enquanto a Jaeger-LeCoultre apresentou umanova variante do Reverso que apenas contemplaunicamente modelos com fusos múltiplos (a linhaSquadra) e a Baume & Mercier centrou toda asua estratégia de comunicação do presente ano noconceito business class. Hoje em dia, biliões deindivíduos transpõem os fusos horários comomodo de vida – sejam eles globe-trotters porrazões profissionais ou jet-setters de motivaçãolúdica. Decididamente, o mundo moderno estátransformado numa pequena aldeia global delim-itada por 24 meridianos que podem ser cruzadosfisicamente em menos de um dia ou atravessadosinstantaneamente com um simples clique.
Todos aqueles que estão constantemente emmovimento já se aperceberam do quebra-cabeçasque é efectuar cálculos imediatos para saber asdiferentes horas em distintos locais do globo –para mais havendo ainda a particularidade decalcular se a ‘outra’ hora é diurna ou nocturna,pormenor importante para não interromper osono de alguém ou saber exactamente a hora defuncionamento de certos mercados financeiros.
Mudar para um diferente fuso horário numrelógio simples requer bom toque e boa memória;basta adiantar ou atrasar os ponteiros. Já os reló-gios com múltiplos fusos resolvem o problemacom o recurso a soluções técnicas mais ou menosaperfeiçoadas e de fácil leitura que foram sendodesenvolvidas ao longo dos últimos séculos: a uti-lização de relógios mecânicos como solução parao cálculo da longitude no século XVIII e o poste-rior processo de partição oficial do mundo em
segmentos horários, no século XIX, constituiuum desafio para os relojoeiros que se lançaram naconcepção de mecanismos cada vez mais precisose capazes de indicar duas ou mais zonas de tempoem simultâneo.
Coordenação cosmopolitaOs primeiros relógios marítimos com dois fusoseram chamados ‘Relógios de Capitão’ e tinhamdois mostradores – um para o tempo local e outropara o do porto de partida. Em 1880, SandfordFleming (o ‘inventor’ do globo dividido em 24zonas horárias) pediu a um relojoeiro de Londresque lhe construísse um instrumento de bolso com os ‘seus’ fusos; o ‘Cosmic Time’ terá sido o original relógio worldtimer, mostrando simul-taneamente no mesmo mostrador a hora nos 24 meridianos...
Nos anos seguintes à adopção do Tempo Uni-versal Coordenado preconizado por SandfordFleming assistiu-se à proliferação de exemplaresque incorporavam dois calibres num mesmo reló-gio, embora a escassez de espaço nos modelos depulso dificultasse então a viabilidade do produtofinal e os mecanismos tivessem de ser constante-mente acertados devido à disparidade de fun-cionamento entre ambos. A melhor solução parapoupar espaço e ganhar precisão, foi desenvolveruma complicação adicional para o calibre de base.
Os mais simples mecanismos de múltiplosfusos horários indicavam a hora de duas dife-rentes localidades com o recurso a dois ponteiros– para a hora de origem (ponto de partida) e a
Passos da história
Sandford Fleming, nascido no Canadá foi o autor da di-
visão do globo em 24 fusos horários. Louis Cottier (à direi-
ta) foi o criador, em 1935, de uma solução relojoeira que
permitia através de um disco regulado por uma segun-
da coroa a visualização simultânea de diferentes fusos
horários. Em baixo o famoso H4 de John Harrison que per-
mitiu a descoberta do cálculo da longitude no século XVIII.
O processo de partição oficial do
mundo em segmentos horários
no século XIX constituiu um
desafio para os relojoeiros, que
se lançaram na concepção de
mecanismos cada vez mais precisos
e capazes de indicar duas ou mais
zonas de tempo em simultâneo.
112 < ESPIRAL DO TEMPO
Um dos mais emblemáticos relógios
dotados do sistema de tempo
universal é o Jaeger-Le-Coultre
Master Geographic automático, que
inclui precisamente um disco com
24 cidades comandado a partir
de uma coroa própria e que roda
em simultâneo com os ponteiros
do submostrador (segundo fuso
horário) – dispondo ainda de uma
janela dia/noite, data analógica
e indicador de reserva de corda.
Dossier GMT
hora do destino (ponto de chegada). Em 1935,o relojoeiro genebrino Louis Cottier inventa paraa Patek Philippe um sistema mais sofisticado:um engenhoso dispositivo de apresentação dotempo universal que permitia aos relógios indicara hora simultaneamente em diversas cidades domundo, através de um disco comandado por umasegunda coroa.
No início dos anos 90, duas históricas manu-facturas estabeleciam novos marcos: a AudemarsPiguet introduziu o seu Dual Time com um submostrador alimentado pelo mesmo calibre; aJaeger-LeCoultre lançou o Reverso Duoface comdois mostradores opostos evoluindo depois para oReverso Grande GMT e apresentou também oMaster Geographic com as horas do mundo,relançado em 2006 numa versão equipada com oCalibre 937.
Hoje em dia, são várias as opções entre mo-delos mecânicos de muitas marcas e preços paratodas as bolsas. Há os GMTs puros, os World-timers puros – mas também há pequenas espe-cializações como a que ostenta a marca de nichoVogard (que tem um dispositivo que acerta as
horas de Verão e Inverno) e conjugações com outras complicações relojoeiras. Face à oferta exis-tente, já se sabe que a sofisticação técnica podeestabelecer uma grande diferença e faz-se pagarcara. E, no embaraço da escolha, há que gerir adicotomia entre a melhor legibilidade possível e amanutenção de uma estética adaptada aos gostosde cada um.
Complicações simplesO processo mais elementar de calcular umsegundo fuso horário assenta na utilização deuma singela luneta rotativa num relógio normal– mas essa luneta tem de conter uma escala com12 horas. Depois, basta fazer as contas...
Raymond Weil Two Time Zones
A Raymond Weil apresenta uma solução de dois mostradores
para o Two Time Zones, ajustáveis independentemente através
de duas coroas.
Reverso Grande GMT
Equipado com o Caibre 854, o Reverso Grande GMT apre-
senta dois rostos do tempo. Na frente, desvenda um con-
tador pequeno dos segundos, uma data panorâmica e
uma indicação dia/noite. No verso, indica as horas e os
minutos de um segundo fuso horário, a indicação das 24
horas, uma reserva de corda de 8 dias e uma função de
decalagem relativamente ao tempo internacional GMT.
ESPIRAL DO TEMPO > 113
Já o sistema relojoeiro de complicação maissimples é apelidado de GMT (sistema GMT –Greenwich Mean Time) e consiste na possibili-dade de visualização imediata de dois fusos ho-rários através de dois ponteiros das horas a partirdo centro – o ponteiro principal e um suplemen-tar, diferenciado através de uma cor ou formatodiferente, geralmente com leitura sobre uma es-cala de 24 horas situada na luneta ou no mostra-dor. É uma tipologia que não requer grandeapuro técnico e está presente nas colecções damaior parte das casas relojoeiras.
O procedimento é simples: o ponteiro prin-cipal das horas pode ser alterado para o tempolocal no destino, mantendo-se o ponteiro secun-dário com o tempo de origem na escala de 24horas. A Rolex celebrizou esse sistema com oOyster GMT-Master, que se tornaria incon-
fundível devido à emblemática escala bicolor de24 horas na luneta (azul escuro para indicar anoite, vermelho para indicar a parte diurna).O histórico modelo foi concebido em parceriacom a Pan-Am no início da era do jacto, sendoinicialmente usado apenas por pilotos civis e mi-litares; pouco depois, tornava-se um relógio de culto para as massas. O Oyster Explorer II seguir-lhe-ia os passos.
Actualmente, a Jaeger-LeCoultre é o melhorexemplo de uma manufactura tradicional com-pletamente sintonizada nos tempos da modernaglobalização – concebendo de raiz mecanismosequipados com dois ponteiros para as horas (oCalibre 975, vulgo Hometime) e lançando umaelevada percentagem de novos modelos já equipa-dos com um segundo fuso horário ou até com ashoras universais.
Dossier GMT
Soluções clássicas
O Fortis B42 Diver Chrono GMT que, para além do segun-
do fuso horário através de um ponteiro suplementar das
horas e da luneta rotativa, incorpora um cronógrafo e a
indicação do dia da semana e o clássico da TAG Heuer,
Carrera, aqui na versão Twin Time, com duplo fuso horá-
rio, usando também a solução de um duplo ponteiro
das horas
Luneta rotativa
O sistema da luneta rotativa do Oyster GMT-Master II indica,
além do segundo fuso horário, a indicação de dia e noite.
«Desenvolver complicações como calendários perpétuos, turbilhões,
repetições de minutos ou relógios dotados de alarme é uma coisa.
Mas o mais difícil é elaborar um movimento simples que seja
efectivamente refinado»
Jean-ClaudeMeylan
114 < ESPIRAL DO TEMPO
Ponteiros múltiplosA par do sistema simples dos dois ponteiros dashoras a partir de um mesmo eixo, outra soluçãofrequentemente utilizada é a de um submostradordescentrado que revela um segundo fuso horário –por vezes com um único ponteiro das horas (comoo Chopard L.U.C GMT), outras vezes com pon-teiros das horas e dos minutos (como os váriosAudemars Piguet Dual Time). Na maior partedos casos, só se consegue ajustar o ponteiro dashoras porque o dos minutos está sincronizadocom o ponteiro principal dos minutos; nalguns
modelos mais sofisticados, os ponteiros do sub-mostrador são completamente independentespara ser possível ajustar o tempo para fusos ho-rários bizarros como os da Índia ou do Nepal (quecontemplam meias horas e quartos de hora dediferença).
Uma marca contemporânea como a FranckMuller sempre teve em conta as necessidades dohomem moderno com a inclusão de modelos de-dicados a viajantes na sua colecção, como o famo-so Master Banker – um relógio que teve como
Jean-Claude Meylan
Departamento de Pesquisa e Desenvolvimento
da Jaeger-LeCoultre
O Master Hometime encarna o desejo de explorar outras
latitudes. É o relógio do viajante que corre o mundo – des-
tinado áqueles que deixam o seu local de residência, o
seu home time para trás. Equipado com o calibre Jaeger-
-LeCoultre 975, o Master Hometime apresenta em desta-
que um fuso horário de viagem. Accionado por uma única
coroa localizada na parte exterior da caixa às 3 horas, o
ponteiro das horas avança ou recua em saltos de uma
hora até chegar ao desejado travel time, o tempo em
vigor no local onde o dono do relógio se encontra.
Uma simples manipulação desvela o ponteiro suplemen-
tar das horas que serve de referência, um ponteiro esque-
letizado em aço azulado que indica imperturbavelmente
a hora do ponto de partida (home time). É a partir dessa
referência que o ‘ponteiro de viagem’ será ajustado para
a frente ou para trás, conforme a localização do novo des-
tino. O relógio Master Hometime oferece assim a possibi-
lidade de conservar uma hora de referência, seja local ou
da origem, ou uma hora oficial como a do Greenwich
Mean Time (GMT) ou o Universal Time Coordinated (UTC).
A data segue logicamente o ponteiro das horas edo fuso
horário de viagem, tanto para a frente como (nos ajustes)
para trás. Quanto à indicação de 24 horas, ela fica asso-
ciada à hora de referência de modo a que qualquer possa
saber se é noite ou dia no local de origem ou residência.
Karl-Friedrich Scheufele
«A primeira complicação suplementar
do calibre L.U.C foi um segundo fuso
horário. Actualmente, a colecção
inclui vários modelos dedicados aos
viajantes: o L.U.C GMT, o L.U.C Pro One
GMT e o L.U.C Quattro Régulateur»
Alta-relojoaria
O novíssimo Chopard L.U.C. Pro GMT que marca o regresso da
casa relojoeira à solução de um ponteiro extra com indicação
das 24 horas na luneta.
ESPIRAL DO TEMPO > 115
François-Paul Journe
O fenómeno da ressonância
«O que é o fenómeno de ressonância? A resposta é: duas
frequências que se harmonizam. Efectivamente dois cor-
pos animados transmitem uma vibração no seu meio
ambiente. O primeiro chama-se ‘o excitador’ e o segundo
‘o ressonante’. No caso do Chronomètre à Résonance cada
balanço é alternadamente ‘excitador’ e ‘ressonante’.
Quando os dois balanços se encontram em movimento,
entram em simpatia por efeito de ressonância, come-
çando a bater naturalmente em oposição. Auxiliam-se
mutuamente, dando assim mais inércia ao seu movi-
mento. Este acordo só é possível na medida em que a
diferença de frequência de um para o outro não exceda os
cinco segundos por dia de diferença cumulada em seis
posições. O seu acerto requer uma delicadeza exímia.
Enquanto um movimento perturbador externo afecta o
funcionamento de um relógio mecânico tradicional, a
mesma perturbação produz, no caso do relógio de pulso
com ressonância, um efeito que acelera um dos balanços
abrandando simultaneamente o outro. Pouco a pouco, os
dois balanços vão entrando em sintonia até encontrarem
o seu ponto de acordo, eliminando a perturbação. Este
cronómetro inovador oferece dois fusos horários e uma
precisão jamais igualada na relojoaria mecânica.»
ponto de partida o pedido de um abastado ho-mem de finanças que necessitava de um modelocapaz de fornecer a indicação simultânea do tem-po nas bolsas de Nova Iorque, Londres e Tóquio;tanto as horas como os minutos de cada submos-trador são independentemente controlados atra-vés de um mecanismo patenteado. A colecção deFranck Muller inclui também o Big Ben GMT,um útil modelo que conjuga um segundo fusohorário com a função de despertador.
Bem mais complicados e onerosos são dois re-lógios verdadeiramente excepcionais dotados dedois fusos horários: o clássico Chronomètre à Ré-sonance de François-Paul Journe, em que o fenó-meno da ressonância serve para fazer com que osdois mecanismos (com dois fusos horários nomostrador) batam em absoluta sintonia; e o futu-rista RM 003-V2 turbilhão com duplo fuso deRichard Mille.
Todo o tempo do mundoHá quem preconize que o verdadeiro relógio comas horas do mundo deva indicar simultaneamente
Franck Muller
O conceito Master Banker
«A ideia de criar o Master Banker surgiu no
seguimento de um estudo levado sobre as
recentes necessidades do ser humano no
século XXI. Efectivamente, os homens con-
temporâneos estão constantemente em
viagem – pelo que precisam de um instru-
mento do tempo que lhes permita estar a
par de vários fusos horários em simultâ-
neo. O Master Banker é o resultado de
vários anos de pesquisa e desenvolvimento; o desafio era montar três fusos horários que
pudessem ser activados por uma só coroa de modo a apresenta uma leitura da informação
deveras clara, orientando-se sobre o essencial. A linha Master Banker foi evoluindo, apre-
sentado nas suas novas declinações os tradicionais 3 fusos horários com indicação dia/noite
aos quais foram acrescentadas as fases da lua e o dia do mês»
Peça de excepção
O Chronométre à Resonance é o exemplo de uma peça de com-
plexidade superior com dois fusos horários.
Dossier GMT
116 < ESPIRAL DO TEMPO
«É preciso que os nossos clientes
reconheçam os nossos relógios -
como o Reverso Squadra, ou o
Extreme - como produtos que
são verdadeiramente relojoeiros
mas que têm um toque de
atracção, de contemporaneidade,
mais do que uma moda, é preciso
ter um carácter desejável»
a hora de todos os fusos horários do planeta.O sistema foi inventado por Louis Cottier e ba-seia-se em discos giratórios com a inscrição de 24cidades referentes aos 24 fusos horários.
Um dos mais emblemáticos relógios dotadosdo sistema de tempo universal é o Jaeger-Le--Coultre Master Geographic automático, queinclui precisamente um disco com 24 cidades comandado a partir de uma coroa própria e queroda em simultâneo com os ponteiros do sub-mostrador (segundo fuso horário) – dis-pondo ainda de uma janela dia/noite,data analógica e indicador de reserva de corda. O ano passado, a marca já ha-via surpreendido com o lançamento doMaster Compressor World ExtremeChronograph, cujo calibre cronográ-fico multifusos se pode também en-contrar no sensacional Reverso Squa-dra World Cronograph. Num formatodiferente e em edição limitada, o Re-verso Géographique de 1998 tem umsistema semelhante num calibre rectan-gular de corda manual com mostradoresopostos; foi necessário fazer as adaptaçõespara os discos dos 24 fusos horários num es-paço com menos de um milímetro de altura eo relógio dispõe ainda de indicadores dia/noite,GMT e fases da Lua!
A Lange & Söhne também se juntou ao clubecosmopolita, desvelando em 2005 o seu Lange 1Time Zone – que é igualmente dotado de umdisco com as cidades referência dos 24 fusos, masque tem a particularidade de permitir ao utilizadoralternar a hora local e a hora de origem entre omostrador principal e o submostrador,graças a umdispositivo original. Mergulhando nas suas raízeshistóricas, a Patek Philippe apresenta na sua
Master Compressor World Extreme Chronograph
Esta criação da Manufactura Jaeger-LeCoultre é um dos mais
cobiçados relógios da actualidade, um disco rotativo indica os 24
fusos horários, tendo como movimento o Calibre 752.
Stéphane-Henry Belmont e as vantagens do
sistema utilizado no Reverso Squadra Worldtime
Qual é a vantagem técnica que o Worldtime da Jaeger-
LeCoultre tem em relação à concurrência?
É o único relógio a dispor de três funções de viagem di-
ferentes: fuso principal completo (hora, minutos, segun-
dos, data, dia/noite), segundo fuso horário geográfico
completo (hora, minutos, 24 horas) e horas universais
(24 fusos horários em simultâneo); ajuste do segundo
fuso horário extremamente simples: roda-se o disco das
cidades e a respectiva hora surge automaticamente no
segundo mostrador (patente JLC); mecanismo com com-
plicação de pequenas dimensões (caixa de 41,5 mm);
precisão e fiabilidade: balanço de inércia variável, alta
frequência (4 Hz), roda dentada Spyr, corda automática
de excelentes prestações (rotor inidireccional sobre rola-
mentos de esferas em cerâmica); submetido a um teste
de controlo de fiabilidade durante 1000 horas...
Qual foi a maior dificuldade técnica que surgiu durante
o desenvolvimento do calibre?
A ligação entre o mecanismo e a caixa do relógio no que
diz respeito à função geográfica e ao worldtime. Na ver-
dade, o mecanismo só funciona quando já está monta-
do dentro da caixa do relógio, especificidade da Jaeger-
LeCoultre que permite uma utilização adequada das fun-
ções e das dimensões reduzidas. Mas requer uma preci-
são extrema dos componentes do mecanismo e da caixa
para que o funcionamento do relógio seja imaculado.
ESPIRAL DO TEMPO > 117
Jerome Lambert^‘
colecção o famoso 5110 World Time Watch, queevoca os históricos modelos dos anos 30 dotadosde fusos universais concebidos por LouisCottier; a zona central tem os ponteiros que in-dicam a hora local e está rodeada por dois discosmóveis (um com uma escala graduada de 24horas com zonas dia/noite; outro com os nomesde 24 cidades).
Vizinha da Jaeger-LeCoultre no Vale de Joux,a manufactura Audemars Piguet também editou
recentemente uma sua especialidade com as horasdo mundo: o Jules Audemars Metropolis Per-petual Calendar, primeiro relógio a combinar umcalendário perpétuo com a mostragem do tempolocal em cada um dos 24 fusos. Já o Daniel RothVantage Metropolitan dispõe de um mostradormais despojado com leitura fácil através do nomedas cidades em janelas e inclui – tal como váriosoutros modelos – correctores para adaptação aostempos de Inverno ou de Verão.
Fabian Krone
Director da A. Lange & Söhne
«No início de 2003, começámos a trabalhar num módulo
multifusos e o seu desenvolvimento demorou cerca de
dois anos. A novidade do Lange 1 Timezone consiste
num mecanismo de ajuste que permite reverter a priori-
dade dos dois fusos horários; o mostrador principal e a
data podem ser acertados para indicar seja o tempo de
casa ou o tempo em qualquer outra parte do mundo, tal
como o submostrador também pode ser acertado para
indicar o tempo de casa ou o tempo de qualquer outra
parte do mundo. Quando pressionado, o botão às 8 horas
permite avançar sincronizadamente o disco rotativo das
cidades e o ponteiro das horas. Pequenos mostradores
com setas indicam também se é dia ou noite na hora
local ou na hora de referência».
Patek Phillipe: o segredo da Hora Universal
O sistema que garante a simplicidade de utilização do
Patek Philippe Hora Universal Ref. 5110 assenta num prin-
cípio de sincronização inédito que permite a um só botão
assegurar a correcção simultânea do disco das cidades, do
disco das 24 horas e do ponteiro da hora local. Cada pres-
são no botão-corrector provoca três mudanças simultâ-
neas: o salto do ponteiro das horas (uma hora de cada
vez) e o avanço coordenado dos discos das cidades e das
24 horas, que progridem ambos no sentido anti-horário.
Integrado no mecanismo, um sistema de embraiagem
permite que a correcção/mudança/selecção do fuso ho-
rário local se efectue sem perturbar o funcionamento do
mecanismo. O ponteiro das horas progride através de
saltos de uma hora, enquanto o ponteiro dos minutos
prossegue o seu trajecto com precisão.
118 < ESPIRAL DO TEMPO
A opção anadigitalNos relógios electrónicos, o problema dos múlti-plos fusos horários é simplesmente resolvido porcircuitos e programas integrados que geralmenteincluem também funções suplementares – comoo alarme, calendário completo, cronógrafo, con-tagem decrescente...
Claro que os puristas não abdicam da indi-cação analógica através de ponteiros, mas paraesses existem os híbridos modelos anadigitais.A TAG Heuer foi pioneira nesse campo duranteos anos 70 e actualmente apresenta na sua colec-ção um digno herdeiro desses históricos modelos:o sensacional Monaco Sixty-Nine de caixa qua-drada reversível, com um lado analógico assentenum calibre mecânico e um verso digital alimen-tado por um circuito electrónico. A mesma solu-
ção híbrida pode ser encontrada no novoChopard Dual Tec, com um mostradordividido e dois mecanismos (automático equartzo).
Mas seja com mecanismos de quartzo ou comos mais tradicionais mecanismos automáticos oumanuais, o certo é que a escolha é cada vez maiornum planeta cada vez mais pequeno. Na crescentecomunidade internacional que nos força a serautênticos cidadãos do mundo,os relógios plurifu-sos evocam a harmonia do tempo universal e há-os para todos os gostos – só não foi ainda possívelconceber versões com as diferentes horas do sis-tema solar e modelos que permitam regressar aopassado ou saltar para o futuro... embora isso játenha acontecido no cinema.ET
Dossier GMT
Martin K. Wehrli
Director do Museu Audemars Piguet
No passado, a manufactura Audemars Piguet já tinha
revelado toda a sua criatividade ao conceber um relógio
'filosófico' dotado de um único ponteiro – o das horas.
Depois idealizámos o Metropolis, um modelo que criou
sensação ao tornar-se no primeiro relógio de pulso a
juntar um calendário perpétuo e um sistema worldtime.
Tecnicamente a dificuldade foi a alteração do disco indi-
cador das fases da Lua pelo das 24 horas; nunca esperá-
mos que o seu sucesso comercial fosse tão grande..
«A novidade do Lange 1 Timezone consiste num mecanismo de
ajuste que permite reverter a prioridade dos dois fusos horários;
o mostrador principal e a data podem ser acertados para
indicar seja o tempo de casa ou o tempo em qualquer outra
parte do mundo...»
ESPIRAL DO TEMPO > 119
Fabian Krone
O ano de 2006 assinala o 75º aniversá-
rio do Reverso. Um relógio cuja fama
superou absolutamente a da própria
marca relojoeira que o produz, sendo
um dos mais prestigiados nomes
da alta-relojoaria: Jaeger-LeCoultre.
Para celebrar este belo evento, vol-
tamos a propor um artigo já editado na
revista l’OROLOGIO há cerca de 12 anos
e que representa ainda, a mais por-
menorizada análise que a revista
alguma vez fez, sobre a característica
mais notável do dito, ou seja: a sua
caixa reversível.
POR DODY GIUSSANIDIRECTORA DA REVISTA L’OROLOGIO
TÉCNICA
«R elógio susceptível dedeslizar no seu próprio su-porte e até mesmo de virar-se por completo”. Eis a frase
que acompanha o pedido de patente registado a4 de Março de 1931 no Departamento dasPatentes do Ministério da Indústria e doComércio de Paris. Seguem-se numerosas pági-nas de descrições técnicas devidamente acom-panhadas das respectivas pranchas explicativas.
Ainda estamos no primeiríssimo capítulo dahistória do Reverso.Porém,muito antes de vingarem França, a ideia do relógio reversível já viajarapor meio mundo. Partira da Índia, a pedido deum grupo de dandies, oficiais ingleses, radical-mente adeptos de pólo: os súbditos da rainha nãopodiam naturalmente prescindir do seu relógioaté mesmo durante os jogos de pólo mais obvia-mente intempestivos. Pelo que não era raro osvidros dos mostrares estilhaçarem-se em mil pe-daços. Por isso e muito mais, o Reverso conheceuas luzes da ribalta nos anos da Arte Déco, movi-mento artístico ao qual pertence pela sua linha.
Durante a Segunda Guerra Mundial, a ele-gância cai em desuso e com ela, o Reverso tam-
bém cai no esquecimento com a própria marcaJaeger-LeCoultre que abandonou a sua pro-dução.
Acontece que em 1972, Giorgo Corvo, dis-tribuidor exclusivo da marca Jaeger-LeCoultre,em Itália, atento à demanda da sua clientela,decidiu convencer os dirigentes da Manufacturasuíça a exumarem dos arquivos o projecto com-plicado do relógio e lançarem-se na difícil empre-sa de retomar a produção.
Passados dez anos, em que o Reverso atrainovamente as atenções dos amantes de relógiosque já não esperavam pelo seu regresso, a Jaeger-LeCoultre trabalha com empenho para insuflarvida a uma nova geração do relógio consorte.
A renovada edição do Reverso granjeia ra-pidamente um enorme êxito retribuindo, para lá das expectativas a dedicação profundo nestaárdua empresa.
Para conservar as inconfundíveis caracterís-ticas da primeira versão, o renovado Reverso equipara-se ao projecto original da autoria do engenheiro René Alfred Chauvot, em muitas sin-gularidades técnicas que o projectaram com êxitodos anos 30 até à actualidade.
ESPIRAL DO TEMPO > 121
2 Denominação e pranchas da patente suíça do Reverso re-
gistada a 16 de Fevereiro de 1932, quando o relógio já se
encontrava em produção. As duas tabuadas ilustram o sistema
reversível da caixa desenhada com proporções invulgarmente
quadradas. O relógio compõe-se de um suporte ou berço plano
apresentando dois tipos de carris sobrelevados (onde prendem
os dois cornos assinalados em nº 2 nas Fig. 1 e Fig. 2) onde se
encontram dois canelados ou guias de deslize (indicadas em
nº 19, nas Fig. 7 e Fig. 8).
Nas guias, podem deslizar livremente as extremidades de dois
eixos que saem lateralmente da caixa (nº 18, nas mesmas Fig. 7
e Fig. 8, e Nº 29 nas Fig. 10 e Fig. 11). Nas extremidades opostas
dos mesmos lados da caixa estão colocadas duas pequenas
esferas com mola (substituindo, em 1985, um eixo com mola e
cabeça com calota esférica) que têm por função prender intrin-
secamente as asas do suporte (nº 34. nas Fig. 10 e Fig. 11).
1 Uma das mais fascinantes versões do Reverso é aquela que
assina a introdução das complicações na caixa histórica: o
Reverso Septantième. Apresentado em ante-estreia por ocasião
do salão de relojoaria de Basileia em Abril de 1991, foram pro-
duzidos 500 exemplares numerados. Cada exemplar desta pre-
ciosa colecção foi integralmente acabado e montado à mão. O
Reverso Septantième apresenta uma data original, disposta ao
longo do perímetro mais interno do mostrador e do indicador
de reserva de corda.
2 (cont.) A produção dos anos 30 baseada na
presente patente apresentava inúmeros proble-
mas, sobretudo no que diz respeito à impermeabi-
lização da caixa e ao seu elaborado sistema rever-
sível. A caixa constituía-se então de duas calotas,
luneta e fundo simplesmente fechados por
pressão, prescindindo de qualquer sistema de
fecho, sobre um ‘beliche’ que acolhia o mecanismo
e o mostrador. Na dita caixa, assim estruturada,
praticavam-se quatro furos, onde supostamente
deviam mover-se livremente os dois eixos e as
duas molas. Dado ser impossível para os técnicos
da Jaeger-LeCoultre garantir a estanquicidade do
relógio, por sua vez, o próprio sistema reversível
podia ainda ser aperfeiçoado. Nos modelos anteri-
ores a 1985, a caixa apresenta um perfil mais
maciço e quadrado com a possibilidade de levan-
tá-la fazendo-a deslizar no seu berço apenas quan-
do se encontra nas respectivas extremidades.
Como se pode reparar na segunda prancha, de
facto foram inserido nas partes laterais do suporte
dois sulcos (nº 31) que permitem o revirar da caixa,
e vice-versa, o que se torna impossível na posição
de deslize intermediária (caso contrário, forçaria e
deformaria os eixos de forma irreversível).
3 Desenho ‘pormenorizado’ da actual caixa do Reverso, versão clássica para homem. Todas as peças
que o compõem, vidro de compressão, juntas e parafusos não incluindo a coroa, rnodam um total de 41
peças. O movimento está alojado num beliche especial, conhecido por anel de encaixe, sendo as versões
previstas indicadas com os respectivos números 4.1, 4.2, 4.3, que variam depois, de acordo com o movi-
mento que pode ser mecânico, de quartzo com indicação única da hora, ou de quartzo com indicação
dos segundos e da data. O anel de encaixe insere-se no círculo de protecção (Nª5) que fixa a segunda
caixa, por sua vez, presa entre a luneta (Nº 2) e o círculo de protecção. Entre este último e o fundo da
caixa (Nº 7), estão alojadas duas juntas de estanquicidade (Nº 3 e Nº 6).
O conjunto círculo/anel de encaixe está fixado à luneta com ajuda de quatro parafusos (Nº 13), cada um
deles com um acabamento e uma rodela, pelo que se garante a protecção do movimento contra o pó e
a humidade. O fundo da caixa (Nº 7) está preso ao aro de protecção graças a quatro parafusos (Nº 14)
que também fixam as placas inoxidáveis (N.10.1 e N.10.2) tendo como função suportar os eixos de rotação
e os de bloqueio da calota esférica, colocadas nas partes mais pequenas laterais do círculo de protecção,
na parte exterior da zona impermeabilizada.
Pode-se notar ainda que o actual suporte (Nº 8) não apresenta qualquer ranhura lateral presente no pro-
jecto de 1931. De facto, o novo Reverso apresenta um perfil mais elegante embora arredondado permitin-
do soltá-lo e virá-lo no seu suporte, seja qual for a posição de deslize em que se encontra.
Jaeger-LeCoultre - Reverso
ESPIRAL DO TEMPO > 123
6 A segunda alteração de Alfred Chauvot na primeira patente, data de 21 de
Novembro de 1931. As dimensões do relógio são quase as definitivas, porém,
naquela fase do projecto, Chauvot tinha previsto uma caixa composta por dois
elementos interligados (Fig.1 e Fig.2). Na figura 5, ilustra-se o sistema de blo-
queio realizado com pequenas esferas com mola de pressão.
4 O fundo em vidro safira do Reverso Septantième permite admirar o requin-
te do movimento tonneau. Cada uma das 190 peças que o compõem é acaba-
da e polida à mão. As pontes e a platina são de ouro rosa, tal como a caixa e
o próprio berço-suporte. Na prancha indicam-se os movimentos montados no
Reverso de homem e de senhora desde 1931 até 1945, quando a produção
parou para recomeçar trinta anos mais tarde. Por volta dos finais de 1931, para
comercializar o Reverso, a Jaeger-LeCoultre adaptou-se à montagem sobre os
exemplares fabricados até aos finais de 1932, dos calibres da Tavannes Watch
Co., por forma a elaborar um calibre ‘à medida’ para o Reverso. Efectiva e para-
doxalmente, por muitos que fossem e por mais aperfeiçoados que fossem os
movimentos também, nenhum dos calibres produzidos in loco pela própria
Casa criadora se adaptava às dimensões da caixa do Reverso.
5 O mostrador é o do Reverso 70ème, identificável pela configuração da
reserva de corda. Na parte superior evidencia-se a montagem dos eixos de
rotação e dos eixos de bloqueio no corpo do círculo de protecção. À direita,
encontra-se o eixo de bloqueio com calota esférica movido do exterior por
uma mola cilíndrica, e à esquerda, o eixo de rotação, também ele equipado
com uma mola. A função da mola consiste em empurrar o eixo contra o disco
(eis outra novidade introduzida em 1985) que por sua vez, exercendo pressão
na superfície interna da asa, faz de função de travão. Pelo que impede que a
caixa deslize demasiado livremente no seu suporte.
Jaeger-LeCoultre - Reverso
124 < ESPIRAL DO TEMPO
9 As caixas montadas, antes da própria mon-
tagem do movimento na seu interior, estão aqui
(na fotografia) sobrepostas numa grande caixa
pressurizada para passarem uma prova de imper-
meabilidade.
7 Outra especificidade do sistema de deslize, aperfeiçoada na produção pos-
terior a 1985. O conjunto das asas de suporte (com ângulo para cima a 90o)
e as próprias asas já não formam uma peça única, um todo. Fixam-se as asas
ou cornos às partes verticais do suporte acima do canelado, já não se poden-
do ser mais retiradas. Esta alteração previne ainda, a possibilidade de defor-
mação dos eixos durante a operação de separação da caixa do seu suporte.
8 Projecto das juntas especiais com secção triangular: estudo do engenheiro
Daniel Wild para o Reverso. A base bastante larga apresenta uma boa super-
fície de apoio, enquanto o ângulo superior acaba comprimido no ranhura pre-
vista para o efeito.
9 As caixas montadas, antes da própria montagem do movimento no seu
interior, estão aqui (na fotografia) sobrepostas numa grande caixa pressuriza-
da para passarem uma prova de impermeabilidade.
10 Estudo por computador do mostrador do Reverso Septantième. Na ilus-
tração pormenorizada à esquerda, apercebe-se de como o movimento ton-
neau está perfeitamente integrado à caixa. Por baixo da coroa encontra-se o
comando de correcção rápida da data.
Jaeger-LeCoultre - Reverso
ESPIRAL DO TEMPO > 125
Pouco tempo depois de ter celebrado o seu trigésimo aniversário, o Royal Oak dotou-se de um mecanismo de corda automática criado
pela própria Audemars Piguet: o calibre 3120. O célebre relógio octogonal, que ao longo das últimas três décadas tem conhecido
múltiplas versões, rejuvenesceu neste modelo clássico, vendo aumentada a sua fiabilidade, ergonomia e segurança. Todas estas
questões são analisadas e testadas ao pormenor durante o processo de reparação e manutenção do relógio.
Solidez de forma e conteúdo.
LABORATÓRIO
ESPIRAL DO TEMPO > 127
t e x t o Vand a Jo rg e > f o t o s Nuno C o r r e i a
Royal Oak Automatic
E m 1972, a Audemars Piguet abalouos códigos da alta-relojoaria ao apre-sentar um relógio que na altura es-capava aos padrões mais tradicionais.
As reacções deixaram desde logo adivinhar osucesso que o Royal Oak teria a muito curto pra-zo.A forma octogonal inédita, a utilização do açocomo material nobre e a integração da caixa nabracelete revolucionaram o mercado. Três dé-cadas depois, o Royal Oak mantém a personali-dade e o rigor técnico que fazem dele uma peça
extraordinária e quem faz questão de reforçar aideia são os próprios relojoeiros, que por muitosanos que tenham de experiência não conseguemficar indiferentes ao que vão redescobrindo decada vez que desmontam uma destas peças. Paranos elucidar, um dos técnicos a trabalhar no ate-lier da Torres Distribuição, mostra-nos um esto-jo gravado com a inscrição ‘Royal Oak’. No seuinterior estão organizadas por tamanhos as difer-entes chaves de manutenção fornecidas pela pró-pria manufactura do Vale de Joux. «Este é um
modelo com muitos parafusos, e é por isso que fazemos a manutenção destes relógios com peças próprias», explica o relojoeiro, enquanto vairetirando os emblemáticos oito parafusos dacaixa do Royal Oak.
Na sua bancada começa por separar o me-canismo da caixa, de forma a poder fazer uma primeira avaliação ao estado do relógio. «Des-montar a caixa deste relógio é um pouco maiscomplexo porque tudo é feito separadamente.Neste caso não é suficiente abrir só o fundo, é
preciso desmontar a caixa toda», acrescentaVictor Serrão.
Na bancada ao lado, Simão já iniciou a des-montagem do rotor com rolamento de esferasem cerâmica, uma peça elegantemente persona-lizada e que é possível observar através do fundoem safira. A partir desse momento é feita umaanálise rigorosa ao estado do relógio, um proces-so cumprido com todos os relógios que passampor este atelier.
O mesmo relojoeiro chama-nos para mostraro original sistema de regulagem deste RoyalOak,que como explica, «é feita através de contra-pesos». «Este relógio é um pouco diferenteporque não tem raquete de registo e a regulagemé feita por contra-pesos, quanto mais pesado foro balanço, ou quanto mais distante o centro degravidade dos pesos estiver do centro, maior seráo atraso do relógio», explica Víctor Serrão. E dá--nos um exemplo prático: «imagine um fio deprumo; quanto mais curta for a distância entre ocentro e a extremidade, melhor ele gira».
A correcta regulagem é um dos momentosfulcrais nesta visita para eventual reparação emanutenção,desta que é uma realização audacio-sa da Audemars Piguet. Mas como os técnicosfazem questão de sublinhar, numa peça comoesta, «é preciso ter atenção a todos os por-
menores. Basta um relógio estar mal lubrificadopara não trabalhar bem e depois há a preocu-pação com os acabamentos, e a Audemars primanesse ponto».
Durante a semana, o tempo que em média eem caso de não haver grandes reparações é feitaa manutenção do Royal Oak, os relojoeiros têmtambém a missão de zelar pelo aspecto perfeitoda caixa e da bracelete. «As arestas são polidas eacetinamos a caixa, repare como estão: a caixa éalinhada com a bracelete como se houvesse umfio,na decoração das peças eles são uns mestres!»,diz-nos Víctor Serrão. Em tornos próprios, ostécnicos ocupam-se do tratamento da caixa e dabracelete, e explicam que há questões simplesmas essenciais a ter em conta para garantir umbom funcionamento do relógio. «Sempre que um
relógio chega para manutenção é importanteverificar o estado dos parafusos e substituí-los sefor caso disso; o mesmo em relação aos outroscomponentes do relógio, e se for necessário po-limos as arestas» vai enumerando o mesmo relo-joeiro. O teste de estanquicidade é outro mo-mento chave de todo este processo, até porque acaixa deste Royal Oak tem a particularidade deestar protegida com multi-vedantes devido à suacomplexidade. Em caso de registo de qualqueranomalia, todos os vedantes são substituídos deimediato.
Praticamente pronto para ser entregue aocliente, os relojoeiros certificam-se uma últimavez que os oito parafusos da caixa foram remon-tados na sua posição exacta. Eles são a imagemde marca deste modelo! ET
«Este relógio é um pouco diferente porque não tem raquete de
registo e a regulagem é feita por contra-pesos, quanto mais pesado
for o balanço, ou quanto mais distante o centro de gravidade dos
pesos estiver do centro, maior será o atraso do relógio»
Vitor Serrao‘ ~
Royal Oak Automatic
ESPIRAL DO TEMPO > 129
Onde Coimbra tem mais encantoDezassete Horas
Joao Moreira~
PerfilDezassete Horas
132
Saborear o Tempo
136
HOMENAGEM À ARTE COM QUE SE TRABALHA A ALTA-RELOJOARIA REVERSO CELEBRA 75 ANOS NOS JARDINS DO MUSEU RODIN
O A ARTE DO TEMPO
Acontecimentos
144
www.relogioserelogios.com.br
www.mauboussin.com
portais
Online
156
A
Livros
158
Onde Coimbra tem mais encantoDezassete Horas
Joao Moreira~
PerfilDezassete Horas
132
Saborear o Tempo
136
HOMENAGEM À ARTE COM QUE SE TRABALHA A ALTA-RELOJOARIA REVERSO CELEBRA 75 ANOS NOS JARDINS DO MUSEU RODIN
O A ARTE DO TEMPO
Acontecimentos
144
www.relogioserelogios.com.br
www.mauboussin.com
portais
Online
156
A
Livros
158
Onde Coimbra tem mais encanto
t e x t o Vand a Jo rg e > f o t o s Nuno C o r r e i a
PERFIL
É o ‘Senhor Simões’ quem nos recebe.A sua experiência de mais de quarenta anos noramo da relojoaria e da joalharia contrasta com amodernidade da arquitectura de espaço pensadapara a Dezassete Horas. Este quase ‘atendimen-to à antiga num conceito moderno’ é o cartão devisita valorizado pela carteira de ‘amigos’ queprocuram conhecer os novos modelos das marcasou, tão simplesmente, ‘trocar dois dedos de con-versa’ sobre relógios com um dos três proprietá-rios. «Criámos um espaço que contraria a ten-dência da loja aberta para o exterior, queríamosuma loja mais intimista com base num conceitoque víamos muito em Genebra. O que fizemosfoi transpô-lo para a realidade conservadora deCoimbra, que é uma cidade ainda muito provin-
ciana», explica João Moreira. Da análise ao mer-cado local, há cinco anos constituía-se uma so-ciedade que queria investir num nicho de merca-do por explorar em Coimbra: a alta-relojoaria.«Éramos cinco amigos que partilhavam o gostopelos relógios, e em Coimbra não havia um sítioassim. O Fernando tinha alguns contactos naárea do marketing e da relojoaria, e o primeiropasso foi o de falar com o importador mais im-portante que era a Torres Distribuição», recordao proprietário.
Durante quatro anos a estrutura accionistainicial manteve-se, mas a evolução do negócioacabaria por conduzir a uma nova organização,e hoje «somos três sócios, o Fernando, eu e o ‘Senhor Simões,’ que foi o elemento fulcral.
Relógios para todos os gostos
Partilham o negócio e a paixão pela relojoaria. Mas também em matéria de
marcas a escolha parece ser unânime: Jaeger-LeCoultre, Franck Muller e
Audemars Piguet são os nomes de eleição dos três sócios. «A marca que desde
sempre mais gostei foi a Jaeger-LeCoultre, sou um apaixonado pelos Reversos
porque gosto muito de Art Déco. Mas sou também um apaixonado pelas com-
plicações da Franck Muller, acho o conceito da caixa que se adapta ao pulso
fantástico», revela João Moreira. As complicações do mestre genebrino e o sen-
tido da inovação que tem marcado as colecções da Jaeger-LeCoultre também
conquistam a atenção de Fernando Franco. «A Jaeger-LeCoultre fascina-me pela
história e pela evolução da última década, o facto de conciliar classicismo e
modernidade», defende. De todas as marcas que foi conhecendo nas últimas
quatro décadas, o ‘Sr. Simões’ é peremptório na escolha e nos argumentos.
«Quando começamos a lidar com boas marcas há sempre as que nos criam um
apetite especial. A minha paixão é a Jaeger-LeCoultre e a Audemars Piguet,
uma marca de um belíssimo gosto e muito personalizada», acrescenta.
O retrato à porta da Dezassete Horas bem poderia ser o de família. O espírito é esse,
mas o que une João Moreira, Fernando Franco e o ‘Senhor Simões’ é uma boa amizade
e o encanto pela bela relojoaria.
Dezassete Horas
«Criámos um espaço que
contraria a tendência da loja
aberta para o exterior,
queríamos uma loja mais
intimista com base num conceito
que víamos muito em Genebra.»
Joao Moreira
ESPIRAL DO TEMPO > 133
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É uma pessoa que trabalhava há quase 50 anos numa loja muito conhecida em Coimbra, tem um conhecimento muito grande que granjeou a sua clien-tela. Mais do que clientes criou amigos que trouxe para a Dezassete Horas»,acrescenta João Moreira. Essa relação criada entre cliente e vendedor, e queescapa muitas vezes à lógica comercial, é um segredo desvendado pelopróprio ‘Senhor Simões’. «As pessoas aproximam-se do nosso trabalho e nósconquistamos a sua confiança. Não tenho clientes, tenho amigos que confi-am em mim e que acreditam naquilo que faço, pedem conselhos, trazem-me opiniões, é uma permuta com base na confiança recíproca» diz sabiamente.
A política de proximidade, como explica João Moreira, esteve tambémna origem do curioso nome Dezassete Horas. «Há uma série de circunstân-cias e uma delas tem a ver com o facto de ser uma hora marcante para nós.O chá das cinco é um conceito que gostamos e o que queremos é convidaras pessoas a beber um chá e ficar à conversa connosco».
Além de um negócio, a loja é também a concretização e o aspecto maisvisível da paixão partilhada pelos três sócios. «Descobri há uns anos estapaixão quando conheci o senhor Pedro Torres e quando comecei a traba-lhar a nível gráfico com materiais de relojoaria. O interesse pelos mecanis-mos foi tão forte que me fez mudar para esta área. Estou com uma equipaempreendedora, somos um grupo jovem e que gosta de fazer coisas bemfeitas», diz Fernando Franco. É o ‘senhor Simões’ quem faz questão de noslembrar que «o bom gosto educa-se», e no seu caso, com pouco mais de onzeanos já apreciava os belos mecanismos. Num universo de emoções, há ima-gens que despertam verdadeiras paixões. «Se me pergunta qual foi omomento em que verdadeiramente me apaixonei, digo-lhe que foi com ofilme ‘Breakfast at Tiffany’s’. Ver a Audrey Hepburn, em Londres, à procu-ra e a experimentar relógios e jóias, a partir desse dia passei a olhar com maiscuidado para este mundo e apaixonei-me!», confessa João Moreira. ET
17 Horas
Clube 17
A caminho do quinto aniversário, faz parte dos planos da empresa crescer; mas, como elu-
cida João Moreira, «queremos crescer, mas crescer por aqui».
«Os projectos de alargamento a novas lojas que tenho visto são experiências negativas.
Tudo indica que o caminho é o de fortalecer o que está criado, o que não quer dizer que
a médio ou longo prazo não surja um novo espaço. A alta-relojoaria é um nicho que tem
hipóteses de crescer mas, para já, é difícil Coimbra suportar outra loja. Para além disso, não
podemos transportar um conceito que é exclusivo e se baseia nas pessoas para uma lógi-
ca quase de franshising» explica João Moreira. Crescer é para os patrões da Dezassete
Horas, estreitar relações com os clientes. Em breve será apresentado o Clube Dezassete
Horas, «um espaço onde as pessoas falam daquilo que gostam. O mote é a relojoaria e a
joalharia mas o objectivo é que se transporte a conversa aos vinhos, à gastronomia,
aos passeios, a tudo o que faz a fuga do dia-a-dia e que leva as pessoas a juntarem-se e
a criarem uma ligação», acrescenta.
Dezassete Horas
Rua Virgílio Correia, n.º 13 | 3000-413 Coimbra | Tel: 239 824411 | Fax: 239 838726
ESPIRAL DO TEMPO > 135
«Os projectos de alargamento a novas lojas que
tenho visto são experiências negativas. Tudo indica
que o caminho é o de fortalecer o que está criado,
o que não quer dizer que a médio ou longo prazo
não surja um novo espaço. A alta-relojoaria é um
nicho que tem hipóteses de crescer...»
Joao Moreira~
Seguimos para sul, pelas estradas que nos conduzem pelas imensas planícies alentejanas,
rumo à cidade-museu de Évora. Classificada como Património Mundial pela UNESCO em 1986,
a beleza dos monumentos e da arquitectura da cidade, a par das propostas gastronómicas,
fazem deste o local ideal para descobrir a história e contactar com as gentes hospitaleiras.
Antes do regresso, marcámos encontro com a natureza na Quinta do Perú, em Azeitão.
t e x t o Vand a Jo rg e > f o t o s Nuno C o r r e i a
SABOREAR O TEMPO
ESPIRAL DO TEMPO > 137
Membro do Luxury Collections, um grupo de hotéis e
resorts que oferecem um serviço de alta qualidade a
uma clientela de elite, o Convento do Espinheiro propor-
ciona uma experiência de hospitalidade única. Os 59
quartos estão classificados como Deluxe; Heritage;
Grand Deluxe; Deluxe Suite e Royal Suite, todos enqua-
drados nos gostos refinados e nas expectativas elevadas
dos clientes. A moderna garrafeira, localizada na antiga
cisterna, é uma das novidades e convida à prova de
vinhos e à degustação de produtos regionais. A piscina
integrada nos jardins de oito hectares permite desfrutar
da paisagem e o Diana SPA é o retiro perfeito para quem
procura as modernas terapias.
Convento do Espinheiro Heritage Hotel & Spa
Canaviais, Apartado 594 – 7002-502 Évora, Portugal
Tel. +351 266 788 200 – Fax. + 351 266 788 229
www.luxurycollection.com/evora
Saborear o Tempo
O conforto nas memórias de um espaço
É Dinis Pires quem nos guia nesta viagem históri-
ca a um lugar com mais de seis séculos. O direc-
tor-geral do Convento do Espinheiro conta-nos
que o Convento ergue-se no mesmo local onde,
segundo a lenda, se deu a aparição de uma ima-
gem da Virgem sobre um espinheiro, por volta de
1400. A história fascina-o, e por ela mudou-se de
malas e bagagens para Évora, à procura da «mís-
tica que ainda hoje povoa o Convento e das histó-
rias de reis e rainhas que dão glamour ao local».
Após três anos de remodelações, o Hotel abriu as
portas o ano passado, combinando a elegância do
passado aos luxos contemporâneos. Vendem-se
«emoções e experiências marcantes», num espaço
em que se trabalha para oferecer o que «há de
melhor nos grandes hotéis do mundo», reforça o
director. «A nossa história, a nossa gastronomia,
os vinhos e o SPA são os nossos quatro argumen-
tos. Oferecemos o luxo do bem estar e do confor-
to, a pessoas que têm curiosidade em entender
um monumento com 600 anos. Eu gosto muito
da igreja e perco horas a explicar cada detalhe
de quem a fundou ou a recordar os nobres que
aqui estão sepultados. Acho incrível dirigir um
hotel com tantos detalhes e partilhá-los com os
meus clientes». ET
«Tenho uma ligação pragmática com os relógios e que tem a ver com
o hábito de ser cumpridor dos meus horários. Este Casablanca é
encantador, tem o meu estilo clássico e enquadra-se perfeitamente
na nossa profissão que obriga a usar fato e gravata. Neste espaço,
um relógio desta dimensão e com estas linhas, fica fantástico!»
...
...Dinis Pires
Casablanca, Franck Muller – € 7.070
ESPIRAL DO TEMPO > 139
Saborear o TempoA arte de bem comer
No centro histórico de Évora, o profissionalismo
de Manuel Oliveira no serviço e a mão apurada
da mulher Carolina são o cartão de visita da Tas-
quinha D’ Oliveira. O espaço é pequeno e, por
isso, acolhedor; a atmosfera e os paladares, esses
são familiares. Serve-se o melhor da cozinha alen-
tejana, sempre acompanhada por alguns dos mel-
hores vinhos da região. «Aqui em casa as coisas
são todas boas», garante em tom afável o ‘senhor
Oliveira’. «Como prato principal temos a patanisca
de bacalhau, que é fininha e estaladiça; temos en-
tradas frias e quentes e os pratos principais são
variados, como a sopa de peixe fresco, o bacalhau
à tasquinha, o ensopado de borrego, os pézinhos
de porco de coentrada, as migas à alentejana,
tudo confeccionado com produtos da região». Na
época de caça as iguarias alargam-se à lebre, à
perdiz e aos tordos, e ao longo de todo o ano a
sericaia ou a encharcada são um regalo para os
olhos e a boca. Crescer não faz parte dos planos
deste negócio familiar, até porque na Tasquinha D’
Oliveira procura-se manter o padrão da qualidade
e tipo de atendimento a que se habituou os clien-
tes. «Somos muito empenhados em tudo o que
fazemos, desde o bom atendimento à confecção
dos pratos e das iguarias, e não temos intenção
de alterar isso», garante o proprietário. ET
ESPIRAL DO TEMPO > 141
Flat Six, Porsche Design – € 1.680
Das várias entradas frias, Manuel Oliveira propõe uma
saladinha de pimentos assados acompanhada de um
vinho alentejano – o Foral de Évora. Para prato principal,
elegeu a tradição da cozinha alentejana com um cação
de coentrada.
Tasquinha D’ Oliveira
Rua Cândido dos Reis, 45 - A – 7000-582 Évora
Tel. +351 266 744 841 – Fax. +351 266 752 905
1
«Tenho uma grande paixão por relógios o que faz com que todos os dias
venha trabalhar com um dos meus actuais vinte relógios. Compro-os porque
sou uma apaixonado pela bela relojoaria e pelo design de um objecto
bonito. Embora prefira os clássicos, este é um relógio francamente belo.»
...
...Manuel Oliveira
a
Master Compressor Memovox, jaeger-LeCoultre - € 6.250
ESPIRAL DO TEMPO > 141
Saborear o Tempo
«Desde pequeno que me afeiçoei pelos relógios com numeração romana
e num estilo clássico, sóbrios e de reduzida expessura, sempre de
reconhecidas marcas. Não me identifico com modelos que disponham
de muitos extras, para mim é suficiente a hora e a data»
Pedro de Mello Breyner
...
...
Ao encontro da natureza
Pedro de Mello Breyner descobriu o golfe há 12
anos, quando se envolveu no projecto da Quinta
do Perú. «As minhas primeiras lições foram noutro
campo porque este ainda estava em construção
mas eu queria preparar-me para no dia da abertu-
ra estar apto a jogar», recorda o responsável. O
campo, envolvido pela beleza natural do Parque
Nacional da Serra da Arrábida, é muitas vezes a
sua sala de reuniões, onde se dão tacadas certei-
ras na condução dos negócios. «Do jogo surgem
muitas oportunidades de negócios, muitos contac-
tos e relações de amizade. Estamos em reunião
durante quatro horas e meia, o tempo de fazer os
18 buracos, que eu vou gerindo em função dos re-
sultados. Faço com que ganhe o meu adversário,
para que ele saia contente do jogo e da reunião»,
diz com bom humor. Para Pedro de Mello Breyner,
a tranquilidade dada pela envolvência é um factor
determinante para uma partida de golfe ideal.
«O campo não é muito difícil, mas com o posicio-
namento dos tees de saída e das bandeiras nos
greens podemos torná-lo difícil. Agrada muito
ao médio jogador e ao profissional, porque não
é um campo monótono; antes pelo contrário,
é muito diversificado em termos de buracos e
em paisagismo». ET
O Campo de Golf da Quinta do Peru tem 18 buracos, Par
72 e 6.074m de comprimento. Concebido há 12 anos
pelo arquitecto Rocky Roquemore, é considerado por
muitos como uma das maiores referência do golfe euro-
peu, dado o enquadramento natural e a variedade de
ambientes de jogo que oferece. Construído respeitando
a paisagem e a densa vegetação da Quinta, o campo é
um lugar único para a prática do golfe.
Golf Quinta do Peru
Alameda da Serra, nº 2 – 2975
666 Quinta do Conde - Portugal
Tel. +351 21 213 43 20 – Fax. +351 21 213 43 21
www.golfquintadoperu.com – [email protected]
ESPIRAL DO TEMPO > 143
ACONTECIMENTOS
Foi ao sabor dos dias longos e das noites quentes de verão, que se realizaram alguns dos mais importantes eventos
mundiais. Dos prémios de música aos festivais de cinema e às galas de beneficência, foram muitos os momentos que
encheram de glamour as festas deste Verão.
HOMENAGEM À ARTE COM QUE SE TRABALHA A ALTA-RELOJOARIA REVERSO CELEBRA 75 ANOS NOS JARDINS DO MUSEU RODIN
O Museu de Auguste Rodin, o célebre
escultor francês nascido em 1840 e
autor do famoso ‘O Pensador’, foi o local
simbolicamente escolhido pela manufactu-
ra suíça Jaeger-LeCoultre para homenagear
a arte com que os artesãos trabalham as
suas delicadas peças de relojoaria.
Os jardins do Museu, um espaço idílico
alojado no coração da capital francesa, re-
ceberam os mais de mil convidados numa
noite marcada pela elegância parisiense e
a que não faltaram os rostos conhecidos
da sociedade francesa. «A noite está ópti-
ma, estamos num lugar muito bonito e im-
portante de Paris, está a ser uma noite
muito agradável», confessava ao início da
noite, à Espiral do Tempo, Patrick Bruel.
Além da estrela actual da música francesa,
também os actores Pierre Arditi, Thierry
Lhermitte, Stephane Freiss e François Bér-
leand foram presenças notadas, bem como
Buzz Aldrin, um dos três tripulantes da
Missão Apollo 11. O norte-americano, que
ficou mundialmente conhecido ao ter sido
o segundo homem a pisar o solo lunar
depois de Neil Armstrong, foi recebido por
Jérôme Lambert. O director-geral da manu-
factura suíça fez questão de lhe apresentar
pessoalmente os mais recentes modelos de
relógios da marca expostos no jardim. «Es-
colhemos o Museu Rodin para este evento
porque temos consciência da importância
do trabalho artesanal, do papel que a mão
tem na concepção dos relógios, tal como
na escultura. Este conceito de trabalho
manufacturado está também associado a
toda a história do Reverso», explicou Jérô-
me Lambert.
Também indissociável da história deste
ícone da relojoaria está o ano de 1931,
quando na Cidade-Luz, é patenteado o
Reverso, mais uma razão forte para que os
Numa noite quente de Verão, os jardins do Museu Rodin, uma preciosidade preservada em pleno centro
de Paris, foram o cenário perfeito para assinalar os 75 anos do famoso ícone da relojoaria - Reverso. Para
o final do evento estava reservada a surpresa da noite - a revelação dos novos modelos da marca:
O Reverso Squadra; o Reverso Grande Complication à Triptyque; e o comemorativo Reverso à Éclipses.
144 < ESPIRAL DO TEMPO
75 anos passados desde a criação desta
bela peça de relojoaria fossem celebrados
justamente nesta cidade.
Nos jardins improvisaram-se bancadas de
relojoeiros e os mestres, vindos directamen-
te da manufactura situada no Vale de Joux,
desvendaram aos mais curiosos alguns dos
segredos com que há décadas se têm rea-
lizado estes relógios. Ao brilho deste recôn-
dito recanto parisiense juntaram-se as dan-
ças indianas, numa clara alusão às origens
do próprio Reverso, criado na década de
trinta do século passado, a pedido dos jo-
gadores de pólo britânicos destacados na
antiga colónia inglesa. O grande desafio lan-
çado na altura à Jaeger-LeCoultre foi o de
criar um relógio desportivo e capaz de resis-
tir às pancadas de cada jogo. Os ateliers da
manufactura responderam com o intemporal
Reverso, que ao longo dos anos tem sido
reinventado e adaptado às novas exigências
do nossos dias. A encerrar a elegante soirée,
um espectáculo de fogo desvendou os se-
gredos bem guardados nas vitrinas que
decoravam o jardim. A noite era de revela-
ções e os convidados ficaram a conhecer as
novas preciosidades da Jaeger-LeCoultre: o
Reverso Grande Complication à Triptyque ; o
novo Reverso Squadra e os comemorativos
Reverso à Éclipses.
ESPIRAL DO TEMPO > 145
A ARTE DO TEMPO
O mestre Júlio Pomar é um nome gravado no
Reverso e na própria história da Jaeger-Le-
-Coultre. Em 2000, foi o primeiro artista plásti-
co nacional a pintar o tempo no verso de um
Reverso, desafio lançado por Pedro Torres,
representante da Jaeger-LeCoultre em Portugal,
para a série Reverso/Arte Portuguesa. Cinco
anos mais tarde, a arte portuguesa volta a
associar-se à arte relojoeira num projecto em
que Júlio Pomar foi convidado a esculpir o
tempo. O mestre reutilizou a Fábula da Lebre
e da Tartaruga numa escultura em bronze que
serve de montra para o relógio Master Control.
ACONTECIMENTOS
146 < ESPIRAL DO TEMPO
Pelo oitavo ano consecutivo, Sir Elton John e
David Furnish abriram as portas da casa que
partilham em Windsor aos amigos, numa noite
que teve como grande propósito angariar fundos
para a Fundação do cantor de luta contra a Sida,
a Elton John AIDS Foundation. Este evento de
solidariedade realizado no passado dia 29 de
Junho é, todos os anos, um dos mais badalados
da sociedade britânica e esta última edição não
escapou à regra. A duquesa de York e as filhas, a
manequim australiana Elle McPherson, Elizabeth
Hurley, a embaixadora da Chopard Eva Herzigo-
va, o músico James Blunt, as modelos Jodie Kidd,
Kate Moss e as cantoras Natalie Imbruglia e Kylie
Minogue, foram apenas algumas das muitas
celebridades que fizeram questão de marcar pre-
sença no evento e apoiar a fundação do músico
inglês. A Chopard foi mais uma vez parceira desta
gala, adornando a noite com o brilho dos seus
diamantes. Apaixonado confesso de alta-joalha-
ria, o anfitrião usou um anel em diamantes e três
originais colares da Chopard, enquanto o seu
companheiro optou por um relógio, também em
diamantes, da marca.
Elizabeth Hurley usou diamantes de 200 quilates,
nos brincos, na pulseira e na lindíssima Tiara
que envergou durante a noite, Tiara essa que
é o símbolo da Gala. Foram angariadas mais de
4 milhões e meio de libras, o maior valor de sem-
pre na história do evento.
SIR ELTON JOHN E CHOPARDLUTA CONTRA A SIDA
ACONTECIMENTOS
148 < ESPIRAL DO TEMPO
MARIA SHARAPOVA CAMPEÃ DO US OPEN
A tenista russa Maria Sharapova é a nova campeã do Open dos Estados Unidos, alcançando assim
o seu segundo título num evento do Grand Slam. A embaixadora da TAG Heuer venceu a final
contra a belga Justine Henin-Hardenne por dois sets a zero, com parciais de 6/4 e 6/4. Maria
Sharapova, que é actualmente a número três do ténis mundial, recebeu um prémio de mais de um
milhão e meio de dólares, nesta que foi uma vitória importante para a sua carreira.
ANDREW SEAVILL ESTREIA O REVERSOSQUADRA HOMETIME
O jogador de polo Andrew Seavill foi
a grande estrela do torneio patrocina-
do pela Jaeger-LeCoultre em Stedham
Park, em Inglaterra, com as receitas a
reverterem para a fundação Andrew
Seavill Benefit Fund. Durante os dias
de competição, o capitão mostrou-se
inseparável do novo modelo da manu-
factura suíça – o Reverso Squadra Ho-
metime. A relação da Jaeger-LeCoultre
com o polo conta já com 75 anos,
tendo-se iniciado em 1931 quando os
jogadores de polo britânicos, desta-
cados na Índia, pediram à manufactu-
ra que criasse um relógio que resis-
tisse às pancadas dos jogos. Nascia
o famoso Reverso, um ícone da relo-
joaria que se tem reinventado, ano
após ano, e que no momento em
que celebra o 75º aniversário conhece
uma nova versão.
RAYMOND WEIL PATROCINA CHATEAU DE JAZZ 2006
No ano em que a Raymond Weil celebra trinta anos de história, a marca volta a
mostrar a sua faceta ligada à arte e à cultura mundial. Este aniversário foi celebrado
de forma especial, com uma homenagem à música no festival de Chateau de Jazz, que
decorreu na Holanda. Artistas como Zuco 103, Hind, Deborah Carter Quartet, Charli
Green Bigband e Young Sinatras foram alguns dos nomes que passaram pelo evento.
No ambiente do festival a marca suíça apresentou oficialmente aos convidados o novo
Parsifal Rectangular, um relógio disponível numa versão para homem e para mulher.
Pelo segundo ano consecutivo, a Jaeger-LeCoultre
associou-se ao Festival de Arte Cinematográfica de
Veneza, que decorreu de 30 de Agosto a 9 de Setem-
bro. Os artistas da manufactura sediada nas mon-
tanhas do Jura Suíço criaram quatro peças exclusivas
do famoso modelo de alta-relojoaria Reverso. Reali-
zadas minuciosamente à mão, as gravuras imortali-
zam cada um dos exemplares. Com esta associação,
a marca mantém-se activa na preservação do patri-
mónio da Sétima Arte através da restauração de fil-
mes antigos. No calendário do Festival foi apresen-
tado o filme de culto italiano ‘Il Feroce Saladino’, pe-
lícula restaurada com a ajuda da Bienal de Veneza,
do Museu de Cinema de Turin, da Cinemateca Italiana
e da Jaeger-LeCoultre. Esta ano, a Jaeger-LeCoultre
surpreendeu os laureados com a oferta de um Rever-
so da edição comemorativa da 63ª edição do Fes-
tival. O realizador David Linch e Sting estiveram entre
os que apreciaram esta criação da Manufactura.
JAEGER-LECOULTRE ENCANTA VENEZAEDIÇÃO COMEMORATIVA DA 63.
AEDIÇÃO DO FESTIVAL DE CINEMA
Andrew Murray embaixador da TAG Heuer no Reino Unido
O actual tenista britânico, o escocês
Andrew Murray, é o novo embaixador da
TAG Heuer. «A TAG Heuer é uma empre-
sa de grande prestígio, cujos embaixa-
dores mundiais - Brad Pitt, Tiger Woods,
Maria Sharapova, Uma Thurman e os
pilotos Kimi Raïkkönen e Juan Pablo
Montoya - são verdadeiros campeões
nas suas áreas. Sinto-me muito honrado
em me juntar à equipa, estou ansioso
por começar a trabalhar com a marca,
particularmente no desenvolvimento do
ténis junto dos mais jovens aqui no
Reino Unido» confessou o tenista.
Brigitte Bardot embaixadora da regata de iates clássicos
A diva do cinema francês Brigitte Bardot
foi uma das presenças mais notadas na
V Edição do Troféu Bailli de Suffren,
realizado em Saint-Tropez. Esta regata
apoiada pela Vacheron Constantin é
uma das mais emblemáticas do Mediter-
râneo e na qual participaram este ano
25 elegantes iates. A prova teve como
destino La Valetta, na ilha de Malta, e
contou com duas etapas em Porto Re-
dondo, na Sardenha, e Marsala na Se-
cília. A Vacheron Constantin, uma manu-
factura relojoeira suíça com mais de 250
anos de história, está associada ao Tro-
féu desde a primeira edição, contri-
buindo para a preservação do espírito
dos grandes iates clássicos e partilhan-
do os valores da cortesia, do fair-play, o
respeito pela tradição e a elegância.
JÓIAS BVLGARIA APOSTA GANHA DE JENNIFER ANISTON
A norte-americana Jennifer Aniston já assumiu a
sua nova paixão, e desta vez, a actriz mostra-se
perdida de amor pelas novas colecções de jóias
da Casa Bulgari. A prová-lo está uma das mais
recentes aparições públicas da eterna Rachel da
série Friends, que aconteceu no passado dia 14 de
Junho, na capital Britânica. Para a estreia do seu
último filme “The Break-Up”, a actriz surgiu
deslumbrante com um conjunto de brincos e anel
em diamantes. Uma aposta ganha!
ESPIRAL DO TEMPO > 149
ACONTECIMENTOS
Open de Gstaad
com prémio Chopard
A Casa Chopard tornou-se o principal
parceiro do torneio Open da Suíça em
Gstaad. A edição deste ano contou com
um tempo fantástico que contribuiu para
excelentes encontros de ténis. Richard
Gasquet que foi vencedor do torneio e o
seu adversário da final Feliciano Lopez
(na foto), receberam de Caroline Gruosi-
-Scheufele, co-presidente da Chopard,
um prémio especial: o magnífico relógio
Mille Miglia 2006.
História da Soctip em livro paradescobrir 70 anos de história
Na altura em que se comemoram os 70
anos da fundação da SOCTIP, o filho do
fundador da gráfica, Manuel Jesus Alen-
castre Ferreira, presta homenagem a
todos os que ajudaram a construir a
empresa. No Livro SOCTIP – História de
uma gráfica 1936-2006, o autor relata
os momentos cruciais na história da
empresa e recorda os rostos que têm
acompanhado as diferentes fases de
crescimento da gráfica. O autor baseou-
se em memórias pessoais e da família
Ferreira, em material fotográfico e arti-
gos publicados.
150 < ESPIRAL DO TEMPO
ANTIQUORUM PREPAROU RENTRÉE EM NOVA IORQUE
Cerca de 300 peças de alta-relojoaria foram leiloadas
na prestigiada Grand Havana Room, em Nova Iorque
no dia 20 de Setembro. Para os coleccionadores ou
entusiastas das belas peças de relojoaria, esta foi
uma oportunidade única para reservar um relógio de
pulso ou de bolso, variando entre peças modernas e
vintage. No acervo encontram-se modelos da Patek
Philippe, e da Audemars Piguet, entre muitos outros
nomes conceituados da indústria relojoeira.
TAG HEUER E FÓRMULA 1PEDRO DE LA ROSA: O NOVO EMBAIXADOR DA MARCA
O piloto Pedro De La Rosa é o novo embaixador da TAG Heuer, juntando-se a outros nomes
do desporto mundial como Maria Sharapova, Kimi Raïkkönen ou Tiger Woods. Na foto o piloto
apresenta o seu grande companheiro das pistas: o Carrera Tachy Black Face.
A recepção aos convidados deu-se no magnífico Lausanne Palace,
através de um cocktail seguido de jantar. O lendário piloto belga Jacky
Ickx, amigo pessoal dos donos da Chopard, definiu o segredo por trás de
uma eclética marca tão famosa na alta joalharia como na alta joalharia:
«Os pais Karl e Kristin e os filhos Karl-Friedrich e Caroline Scheufele for-
mam um verdadeiro ‘Dream Team’». Também estava presente o piloto Tom
Kristensen, que bateu precisamente o recorde de vitórias de Jacky Ickx em
Le Mans, e ainda o célebre tenor espanhol José Carreras, mas não se viram
as vedetas do cinema, da moda e do espectáculo habitualmente presentes
nos eventos Chopard – precisamente porque a vedeta em foco era a
Manufactura L.U.C! Kristensen bem que gostaria que a top model checa
que é o rosto da Chopard estivesse presente, mas teve de se conformar:
«Vim só para conhecer a Eva Herzigova, mas só vejo à minha frente o Jacky
Ickx», brincou.
No dia seguinte, a comitiva deslocou-se de Lausanne para Fleurier, no
bonito Val-de-Travers da região do Jura. Houve a visita ao edifício onde são
concebidos todos os relógios e os mecanismos das várias linhas L.U.C
desde 1996; no último andar, foi inaugurado o L.U.CEUM com alguns
exemplares esplêndidos da história da medição do tempo – desde ances-
trais ampulhetas até mecanismos relojoeiros concebidos por Berthoud,
Breguet ou Arnold. Depois, a comitiva seguiu para a nova Maison Chopard
ali ao lado, onde todos almoçaram e foi desvelada a última criação relo-
joeira saída da Manufactura L.U.C: o Chrono One, um cronógrafo dotado
de um mostrador contemporâneo com aberturas e alimentado por um
calibre automático com roda de colunas e fly-back com autonomia para 60
horas de funcionamento.
Miguel Seabra | Reportagem em Lausanne e Fleurier
CHOPARD EM COMEMORAÇÃOTRIPLA COMEMORAÇÃO
Que a Chopard sabe como receber, ninguém dúvida. E foi com classe
que a família Scheufele acolheu convidados especiais de 22 países do
mundo para uma comemoração tripla que ficará para a história da
marca genebrina: o décimo aniversário da Manufactura L.U.C (as
iniciais do fundador Louis-Ulysse Chopard), a inauguração do L.U.CEUM
(um museu de relojoaria) e a apresentação do Chrono One (equipado
com o primeiro mecanismo cronográfico L.U.C).Karl-Friedrich e Christine Scheufele, José Carreras, Jacky Ickx, Karin e Karl Scheufele,Caroline Gruosi-Scheufele na inauguração do L.U.CEUM. Em baixo: José Carreras e KarlScheufele e o novíssimo L.U.C. Chrono One.
Manufactura Chopard Fleurier (foto F. Bertin PpS) e o Museu L.U.CEUM. Em baixo: Karl-Friedrich Scheufele e Bernard Soguel, Ministro das Finanças de Neuchâtele a Visita à Manufactura Chopard
ESPIRAL DO TEMPO > 151
ACONTECIMENTOS
Anselmo 1910 com sabor a mar
A Panerai e a Anselmo 1910 organizaram
um original cocktail que serviu também
de apresentação dos relógios da marca
italiana, e que teve como cenário o Na-
vio Escola italiano Américo Vespucci.
Nuno Torres, responsável pela Alselmo
1910 foi um dos anfitriões do evento e
apresentou aos convidados algumas das
novidades da marca italiana. A Officine
Panerai segue assim a sua tradição de
apoiar eventos relacionados com o mun-
do da navegação.
Pneus Continental dão aderência
ao Audi Q7
O novo Q7, o primeiro SUV da Audi, está
a ser equipado de fábrica com pneus
Continental. Após testes exaustivos, a
Audi optou por três linhas de pneus pro-
duzidos pelo fabricante líder da Ale-
manha, que fornecerá pneus de Inverno
e de Verão em cinco dimensões para
jantes 18” a 20”. O SUV estará equipa-
do com o pneu de alta performance da
Continental ContiCrossContact UHP, um
pneu de elevada tecnologia que é a so-
lução ideal para transmitir à estrada as
grandes forças dinâmicas do Q7. A Audi
avançou também com o Conti 4x4
Winter Contact para o seu Q7, uma vez
que o pneu dá segurança extra em veí-
culos de tracção às quatro rodas durante
os frios meses do Inverno.
SOFITEL Lisboa distinguido
O Hotel SOFITEL de Lisboa foi reconhe-
cido internacionalmente na revista
Condé Nast Traveler como “Hot List
Hotels”. A importante distinção chega
no ano em que o Hotel comemora o
primeiro aniversário.
152 < ESPIRAL DO TEMPO
A Jaeger-LeCoultre está de regresso, pelo segundo
ano consecutivo, ao lendário circuito das 24Horas de
Le Mans, ao lado da Aston Martin Racing. «A nossa
colaboração com a Aston Martin não se trata só de
apoiar a melhor equipa. É, antes de mais, uma par-
ceria que envolve os valores de integridade, pro-
fissionalismo e a procura da excelência» disse Jérôme
Lambert, director-geral da Jaeger-LeCoultre. O ano
passado, a manufactura suíça lançou uma edição
especial inspirada nesta parecia com a marca auto-
móvel - o AMVOX1 R-Alarm. «A nossa presença no
Le Mans é dedicada aos nossos clientes que são
apaixonados pela alta performance e apreciam o ver-
dadeiro savor-faire da manufactura» acrescentou o
mesmo responsável pela marca suíça.
JAEGER-LECOULTRE NA ESTRADA COM A ASTON MARTIN
CHOPARD NA ESTREIA DO FESTIVAL DE CINEMA DE VENEZA
A 63ª edição do Festival de Cinema de Veneza ficou marcada pela estreia mundial de ‘A Dália Negra’, um filme
que recorda Hollywood dos anos 40 e que retrata o enigmático homicídio de uma actriz, um crime que abalou a
Meca do cinema. Scarlett Johansson, uma das protagonistas foi uma das presenças mais aguardadas. A actriz não
desiludiu ao surgiu com um vestido ao melhor estilo da década de 40, adornado por joalharia Chopard. Fiel às
jóias Chopard, a actriz elegeu um elegante gancho em ouro e diamantes e uma pulseira em diamantes e pérolas.
O gosto da jovem actriz foi seguido por outros nomes de Hollywood que também optaram pela joalharia Chopard,
entre eles, Ben Affleck, Diane Lane, Adrien Brody e o rosto do cinema asiático Zhang Ziyi.
FÓRUM TORRES DISTRIBUIÇÃO14.
AEDIÇÃO ESTE ANO EM CASCAIS
De 8 a 11 de Setembro, decorreu no Hotel Cascais Miragem o 14º Fórum da Torres
Distribuição. Ao longo dos quatro dias, os profissionais do sector ficaram a conhecer
as novidades das diferentes marcas nas áreas de exposições e contaram com um
atendimento personalizado em salas individuais. Com o mar no horizonte, criou-se
um ambiente perfeito neste encontro de empresários e, claro, apaixonados da bela
relojoaria.
TAG HEUER E SPORTINGUMA ASSOCIAÇÃOVENCEDORA
O modelo comemorativo do primeiro centenário
do Sporting Clube de Portugal – TAG Heuer
Aquaracer Sporting 100 – foi apresentado oficial-
mente no passado dia 30 de Junho, na gala de
encerramento das comemorações dos 100 anos
do clube, que juntou no relvado do Estádio José
Alvalade cerca de 3500 pessoas. No evento foi
exibido um vídeo de apresentação do relógio
com declarações de Filipe Soares Franco, pre-
sidente do Sporting Clube de Portugal, de
Ernesto Ferreira da Silva, presidente da Comis-
são das Comemorações do Centenário do Spor-
ting, e de João Moutinho, um dos maiores talen-
tos do clube e do futebol português – Os três
primeiros sportinguistas a conhecer o relógio
resultante da parceria entre a TAG e o clube de
Alvalade. Uma das 366 peças desta edição limi-
tada foi entregue ao Museu do Sporting juntan-
do-se assim ao Franck Muller-Sporting 100 já em
exposição no mesmo local.
ESPIRAL DO TEMPO > 153
ACONTECIMENTOS
154 < ESPIRAL DO TEMPO
100 ANOS MONTBLANC EVENTO NO CASINO ESTORIL
Os cem anos da Montblanc foram comemorados
em Portugal num evento realizado no Casino do
Estoril, reunindo alguns dos principais respon-
sáveis pelo sucesso da marca no nosso País.
Algumas das peças comemorativas do primeiro
centenário da marca estiveram em exibição e
durante a noite foram sorteadas duas peças da
Edição Comemorativa 100 anos Starwalker.
III PORSCHE CAYENNE POLO TROPHYPROMOVER OS VALORES DA MARCA
O III Porsche Cayenne Polo Trophy realizou-se no final de Setembro no La Várzea Pólo Club na
Herdade do Zambujeiro, em Santo Estevão. Este torneio fechou a temporada no mais exclusivo cam-
po de Pólo português, e contou, este ano, com duas equipas nacionais, uma espanhola e outra
italiana com um nível de handicap de 10 golos. «Trata-se de uma aposta da Porsche num desporto
muito elitista mas que ao mesmo tempo combina os valores da marca: tradição, exclusividade e
paixão» refere Nuno Costa PR&Marketing Manager da Porsche Ibérica. Neste evento onde coexistiu
um ambiente desportivo e social, os convidados tiveram a oportunidade de testar o Cayenne num
percurso criado na Herdade do Zambujeiro e orientado pela Escola de Condução Porsche.
4 de Julho, Circuito DU VAR em Luc en Provence, St. Tropez.
A Torres Distribuição convidou 10 agentes oficiais TAG Heuer para
um momento único: Pilotar um Fórmula 1. Técnicos, instrutores,
especialistas e antigos pilotos de Fórmula 1 da empresa AGS
Formula 1, formaram a equipa. Técnicas exclusivas da Fórmula 1
como análise de trajectórias em pista, reacção à travagem com
discos de carbono (que arrefecem em três segundos), aceleração e
travagem, manuseio de caixa de seis velocidades ao volante,
aceleração de arranque...enfim, uma complexidade brutal de aspec-
tos exclusivos da complexidade de um Fórmula 1. Toda a formação
teórica foi avaliada, individualmente, na pista do Circuito DU
VAR com 2.400 metros, ao longo de umas, também longas, 10
voltas à pista! A Equipa TAG Heuer Portugal ficou com a experiência
única de sentir o poder da aceleração e o desgaste físico, largamen-
te compensado pela adrenalina pura do motor Arrows A20 V8
de 650 cv!
EXPERIÊNCIA ÚNICA TAG HEUER“PILOTÁMOS UM FÓRMULA 1”
«Aqueles que gastam mal o tempo são os primeiros a queixar-se da sua brevidade»JEAN DE LA BRUYÈRE, ESCRITOR
VARIEDADES
NÚMERO: 12
LÉXICO: MOLA PRINCIPAL
VIDRO
Num relógio mecânico (seja de corda manual ou de corda automática), a mola
principal armazena a energia necessária ao seu funcionamento. É uma tira de
aço longa, elástica e enrolada em espiral num receptáculo designado por
tambor; também designada por corda, a mola principal desenvolve o seu
binário máximo quando completamente estirada e, à medida que a tensão da
mola diminui, esse binário sofre uma redução e a marcha de relógio pode ser
afectada. Nos relógios de carga automática, a corda é continuamente estirada,
causando um nível de tensão e binário constantes – mantendo a marcha do
relógio praticamente invariável. Actualmente, as molas principais de concep-
ção moderna são construídas numa liga especial de grande elasticidade e
prolongada resistência, mantendo intactas as suas qualidades apesar do
processo contínuo de extensão e retracção.
O vidro de um relógio tem por missão ser transparente, mas a sua importância
não é invisível. Pelo contrário: o vidro tem muito que se lhe diga, seja para
cobrir de modo perfeito o mostrador ou para desvelar os segredos dos
mecanismos através de um fundo com abertura panorâmica. Existem três
tipos de vidro de qualidade compatível com o preço do relógio e o estatuto
da marca, embora também existam modelos sofisticados de marcas presti-
giadas que utilizam vidros considerados menos bons simplesmente para
serem fiéis à versão original – como o Monaco, da TAG Heuer, que tem uma
peculiar caixa quadrilátera que só pode ser equipada de um vidro acrílico, não
tão resistente aos riscos ou aos choques. O vidro mineral é um tipo de vidro
que contém minerais e que apresenta um grau de dureza de 5 mohs, podendo
ser quebrado numa pancada brusca. O vidro de safira (sintética) é o melhor,
denotando uma notável resistência aos riscos e aos choques devido ao seu
grau de dureza de 9 mohs (só o diamante possui uma dureza mais elevada);
por vezes é dotado de tratamento anti-reflexo num ou em ambos os lados,
como acontece frequentemente nos modelos mais desportivos.
Há vidros planos, de concepção simples; e há vidros que requerem um fabrico
especial, como os convexos ou os dotados de uma lupa. Um vidro de
complexa execução é o que equipa os modelos Cintrée Curvex da Franck
Muller; vidros com lupas podem ser encontrados em modelos Rolex ou no
original Graham Swordfish.
Uma dúzia de dias será a duração conjunta das mais reputadas feiras
mundiais de relojoaria em 2007. A séria arranca no dia 12 de Abril em Basileia,
com a universalista Baselworld que incluirá representações de marcas
relojoeiras de todos os níveis e múltiplas indústrias relacionadas (mecanis-
mos, braceletes, estojos, etc) e termina no dia 23 com o fecho do exclusivo
Salão Internacional de Alta Relojoaria de Genebra. Pelo meio e paralelamente
vão decorrendo exibições de várias marcas a solo ou em grupo, como a que
decorre em Watchland (Grupo Franck Muller) sensivelmente ao mesmo tempo
do SIHH de Genebra, de 16 a 23 de Abril; a Baselworld realiza-se de 12 a 19.
SERVIÇOS: MANTER A ENERGIAPara que um relógio mecânico mantenha um grau de precisão consistente, é
necessário que tenha uma reserva de potência suficiente na sua corda para que
seja proporcionada uma força regular às engrenagens do mecanismo. Se a
maior parte da energia cinética armazenada na corda apresentar níveis baixos
ou estiver quase gasta, o relógio pode começar a atrasar ligeiramente.
Se um relógio mecânico de carga automática parou de funcionar porque não foi
usado durante algum tempo, é aconselhável que receba manualmente corda
através da coroa (basta rodar a coroa cerca de 20 vezes ou mais, nalguns casos)
antes de ser colocado no pulso. Depois disso, a reserva de marcha rapidamente
atingirá o seu nível máximo graças ao movimento do braço e do pulso: esse
movimento faz com que a massa oscilante (rotor) do mecanismo rode sobre si
mesmo e, tal como um moínho, distribua energia ao mecanismo.
Ao contrário dos relógios mecânicos de carga manual (de corda exclusivamente
fornecida através da rotação manual da coroa), os modelos automáticos não
correm o risco de sofrer uma tensão perniciosa sobre a sua corda porque
apresentam um dispositivo no tambor que faz com que a mola deslize em vez
de prender; para que isso aconteça, o relógio tem de estar bem lubrificado –
daí a necessidade de uma manutenção regular.
ONLINE
www.mauboussin.com
As imagens remetem para os ambientes que encontramos ao visitar uma das boutique
Mauboussin. As cores e os símbolos da marca acompanham-nos ao longo da navegação
orientando-nos para as diferentes colecções e propostas da casa que é considerada ‘o artista
da joalharia’. Neste site é possível descobrir as histórias e as imagens que relatam o percurso
da marca desde 1827. Além das diferentes colecções de joalharia, está também disponível
no site os modelos dos cronógrafos da marca, que são possíveis de personalizar com uma
barra de cores.
156 < ESPIRAL DO TEMPO
AUDEMARS PIGUET
www.audemarspiguet.com
BRITISH MASTERS
www.thebritishmasters.com
CHOPARD
www.chopard.com
FORTIS
www.fortis-watch.com
FRANCOIS-PAUL JOURNE
www.fpjourne.com
GLASHÜTTE ORIGINAL
www.glashuette-original.com
www.relogioserelogios.com.br
Este site propõe ser um ponto de encontro para os apreciadores da alta-relojoaria. Um
espaço onde se fala em português e se partilham opiniões sobre as novidades deste
mundo fascinante. As noticias e as novas propostas das marcas, e utilidades como um
guia com a história dos principais nomes da relojoaria ou um glossário com a explicação
de termos mais técnicos, são algumas das ferramentas úteis disponíveis numa naveg-
ação pela página. E para quem está habituado a participar nos fóruns internacionais,
aqui tem a oportunidade de discutir os grandes temas mas em português.
ESPIRAL DO TEMPO > 157
portais
swisstime.ch: Novidades da relojoaria suíça
fhs.ch: Federação da Indústria Relojoeira Suíça
horology.com: Enciclopédia relojoeira
watchzone.net: Portal com áreas de discussão
watches-lexic.ch: Portal com especialistas
worldtempus.com: Portal suíço do relógio
equationoftime.com: Portal americano
timezone.com: Portal de informação diversa
watchuseek.com: Portal com áreas de debate
watchblvd.com: Portal americano
watchspace.com: Portal áreas de informação
sothis.net: Portal italiano do relógio
JAEGER-LECOULTRE
www.jaeger-lecoultre.com
PORSCHE DESIGN
www.porsche-design.com
RAYMOND WEIL
www.raymond-weil.com.com
ROLEXwww.rolex.com
TAG HEUER
www.tagheuer.com
TORRES DISTRIBUIÇÃO
www.torresdistrib.com
A proveite as férias para pôr a leitura em dia. As sugestões de livros são indicadas para uns dias na praia, no campo e até
para quem prefere o ambiente da cidade. Para onde quer que vá neste dias de descanso leve consigo uma referência do
universo relojoeiro. Tempo é o que não lhe faltará.
LIVROS
158 < ESPIRAL DO TEMPO
ROLEX COLLECTING WRISTWATCHES
A referência sobre o mundo Rolex
São mais de 360 páginas para fanáticos de
uma das mais prestigiadas marcas de relógios
do mundo! Editado em inglês e italiano, é o
maior compêndio de relógios Rolex. Realizado
por um dos maiores peritos mundiais em
relojoaria, Osvaldo Patrizzi, presidente da
leiloeira Antiquorum, conta-lhe tudo o sobre
este gigante genebrino.
• Edições Nuova Edizione • Formato 25 x 32 cm • 490 páginas
• Capa dura • € 310
TAG HEUER: MASTERING TIME
A mestria do tempo
Graças ao design inovador, ao arrojo técni-
co e a uma comunicação brilhante, a TAG
Heuer tornou-se numa das marcas de culto
dos finais do século XX. Este livro conta a
história da marca e é, simultaneamente,
uma bela homenagem à relojoaria e à cro-
nometragem desportiva.
• Por Gilbert L. Brunner e Marc Sich • Texto em Inglês ou francês • Edições Assouline
• Formato 33,5 x 26,5 cm • 232 páginas • Capa dura • € 120
ENCYCLOPÉDIE DE DIDEROT ET D’ALEMBERT
(PARIS 1751-1772)
Horlogerie et Orfèvrerie
Uma obra de referência na cultura ocidental.
Dedicado aos amantes destas duas artes,
mas também a todos os profissionais, o livro
permite descobrir as primeiras etapas e os
ensinamentos das diferentes especialidades.
A dimensão, a cor e a paginação remetem o
leitor para os ambientes da obra original.
• Por Franco Maria Ricci • Edições Scriptar • Texto em francês
• Formato 26 x 41 cm • Capa dura • € 85
DICTIONNAIRE PROFESSIONEL
ILUSTRÉ DE L’HORLOGERIE
Conhecido como Dicionário Berner, é uma
verdadeira enciclopédia consagrada à me-
dição do tempo com 4800 termos técnicos
em francês, alemão, inglês e espanhol.
Um documento de referência único no mun-
do, indispensável tanto para os entendidos
como para os amantes da melhor relojoaria.
• Por G.-A. Berner • Edições Société du Journal La Suisse Horlogère SA.
• Texto em francês • Formato 15 x 21 cm • 1150 páginas • Capa dura • € 235
A AVENTURA DO FERRO FORJADO
A indústria do ferro forjado teve o seu período áureo no século XIX. Esta matéria-prima foi utilizada em
todo o género de obras monumentais e, também, na indústria relojoeira. Este livro apresenta mais de
220 relógios pertencentes a uma colecção que é hoje pertença do genial relojoeiro marselhês F.P. Journe.
> texto em inglês
> Edições Collection F.P. Journe
> Formato 21,5 x 33 cm
> 312 páginas
> Capa dura
> preço sob consulta
100 MONTRES DE LÉGENDE
Relógios de excepção
Esta obra convida-nos a uma viagem no
tempo, desvendando alguns segredos das
mais prestigiadas manufacturas relojoeiras
através de 100 relógios de excepção. Eleitos
pela sua originalidade, raridade e compli-
cação de mecanismo, conheça melhor no-
mes de referência como Breguet, Rolex,
Jaeger-LeCoultre ou TAG Heuer.
• Edições Solar • Formato 29,5 x 24,5 cm • 146 páginas
• Capa dura • € 45
L’ENCYCLOPÉDIE DES MONTRES
Saber enciclopédico
Obra que pretende revelar todas as áreas do
saber relojoeiro, desde as reflexões sobre a
natureza do tempo até ao coleccionismo, pas-
sando pelas complicações relojoeiras. Pro-
fusamente ilustrada de leitura interessante,
oferece aos apreciadores de relógios um
acréscimo de conhecimentos.
• Edição ETAI • Texto em francês • Formato 28,5 x 25 cm • 196 páginas
• Capa dura • € 85
LA FOLIE DES MONTRES
Pequeno e divertido
Um pequeno livro quadrangular de leitura
simples e rápida, com vários capítulos refe-
rentes a diversos tipos de abordagem relo-
joeira e com a ilustração de um relógio por
página. Apresenta fotografias dos relógios de
pulso mais marcantes do século xx e de
alguns modelos de excepção verdadeira-
mente raros.
• Por René Pannier • Texto em francês • Edição Flammarion • Formato 14 x 14 cm
• 384 páginas • € 30
ENCYCLOPÉDIE ILLUSTRÉE
Enciclopéida relojoeira
Obra de referência para apaixonados da relo-
joaria antiga e tradicional, um trajecto da arte
relojoeira – desde os primeiros relógios so-
lares, clepsidras e ampulhetas, aos cronóme-
tros de marinha e relógios astronómicos.
Inclui selecção de mais de 300 fotos de reló-
gios do século XVI ao XX e um glossário.
• Por Radko Kyncl • Texto em francês • Edição Grund 2001
• Formato 17 x 24,5 cm • 256 páginas • Capa dura • € 30
AU COEUR DU TEMPS
História da Nivarox
A história da Nivarox-FAR, empresa incon-
tornável no fabrico das pequenas peças que
constituem o ‘coração’ dos relógios mecâni-
cos: espiral, balanço e constituintes do escape.
A obra inclui dados históricos da relojoaria
suíça, além de pormenores sobre a indústria
do sector na zona do Arc Jurassien.
• Por Georges Nicolet • Texto em francês • Edição Nivarox-FAR
• Formato 18 x 23 cm • 146 páginas • Capa de cartão plastificado • € 30
LES MONTRES ET HORLOGES DE TABLE
DU MUSÉE DU LOUVRE
Tome II
As mais de duas centenas de relógios de
bolso e de mesa, balizados entre os séculos
XVI a XIX, analisados pela conservadora
Catherine Cardinal, compõem este segundo
volume. O catálogo com peças de diferentes
colecções, permite descobrir mais os objectos
de arte guardados no Musée du Louvre.
• Por Catherine Cardinal • Texto em francês • Edição Réunion des Musées Nationaux
• Formato 26 x 27 cm • 239 páginas • Capa dura • € 65
L’ ANNÉE HORLOGÈRE SUISSE 2005
O ano 2005 passado em revista ao longo de
288 páginas, esta é a obra indicada para
aqueles que gostam de guardar os melhores
momentos do mundo da relojoaria. As novi-
dades e os lançamentos que marcaram o
ano, as tendências, a comunicação das mar-
cas, os indicadores económicos e os novos
mercados, nem os eventos faltam a este
anuário editado em francês.
• Por Roland Ray • Texto em francês • Edições Promoédition • Formato 25 x 30 cm
• 288 páginas • Capa dura • € 50
MUSEU INTERNACIONAL DE RELOJOARIA
Catálogo de obras escolhidas
Uma obra que apresenta uma selecção de
relógios representados no museu. Inclui cen-
tenas de fotografias de relógios e mecanis-
mos do século XVI ao XX, acompanhadas de
uma extensa explicação sobre cada peça em
destaque.
• Por Catherine Cardinal e Jean-Michel Piguet • Texto em francês • Edições Institut
l’Homme et le Temps • Formato 29 x 21 cm • 386 páginas • Capa dura • € 65
ESPIRAL DO TEMPO > 159
Nome: Idade:
Endereço:
C. Postal: Localidade: País:
E-mail: Tel.: Tm.: Profissão:
Pretendo encomendar os livros n.º Cheque n.º Banco:
Fotocopie este questionário e preencha-o.
Junte um cheque endereçado à Company One no valor da encomenda e envie para:
Espiral do Tempo, Departamento de Livros e Catálogos > Av. Almirante Reis, 39 > 1169-039 Lisboa > Portugal
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Espiral do Tempo 21
LA MONTRE
Princípios e métodos de fabrico
Livro enciclopédico extremamente completo
que abarca todos os aspectos da técnica relo-
joeira, desde a instalação de um atelier espe-
cializado até ao fabrico das diversas compo-
nentes cruciais de um relógio mecânico, pas-
sando pela criação de caixas e decoração dos
mostradores. Enriquecido com fotografias e
ilustrações técnicas.
• Edições Scriptar SA • Formato 27 x 30 cm • 420 páginas
• Capa dura • € 185
ALINGHI
As fotografias da equipa Alinghi
Tim Jeffery é uma figura simbolica da Ame-
rica’s Cup. Responsável pela coluna de vela do
londrino Daily Telegraph, este jornalista acom-
panhou as últimas sete edições do campeo-
nato, revelando-nos alguns dos pormenores
mais curiosos que distinguem um vencedor.
Imagens dos fotografos Roger Pfund, Thierry
Martinez e Philippe Schiller.
• Edições Favre SA • 164 páginas
• Formato 29 x 42 cm • Capa dura • € 85
MONTRES
O inventário do especialista
Organizada por décadas, esta obra propõe-
-nos uma viagem de descoberta dos modelos
e dos nomes da indústria relojoeira que fize-
ram história ao longo de todo o século XX. As
fotografias dos relógios mais emblemáticos
de cada época estão em destaque, bem como
os pormenores técnicos de cada peça e a fe-
char, um glossário com termos técnicos.
• Por René Pannier • Edições Vilo Paris • 219 páginas • Texto em francês
• Formato 18 x 24 cm • Capa semi-dura • € 45
LE CHRONOGHAPH
O seu funcionamento. A sua reparação
Esta obra traça a evolução que os instrumen-
tos de medir o tempo têm tido nos últimos
anos. O autor apresenta o novo fôlego dos re-
lógios mecânicos e automáticos, e também o
dos relógios técnicos – designadamente os
cronógrafos. Ao texto explicativo juntam-se os
desenhos técnicos, para que o leitor acom-
panhe todas as descrições referenciadas.
• Por B. Humbert • Edições Scriptar SA • 166 páginas • Texto em francês
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SWISS TIMEPIECE MAKERS 1775-1975
Esta é uma das mais completas enciclopédias sobre os relógios e as manufacturas suíças, compilada pela conceitu-
ada investigadora Kathleen H. Pritchard. Os dois volumes totalizam aproximadamente 1800 páginas, abrangem 200
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> Capa dura > 1800 páginas (2 volumes) > € 310
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AssinaturasA assinatura deverá ser feita em nome de:
Morada: C.Postal: –
Localidade: Profissão: Data de nascimento:
Cont.: Tel: Tm.: Email.:
Pretendo assinar a partir da edição n.º: (inclusive) Cheque n.º: Banco:
Como se vê no mundo dos relógios? Onde viu a Espiral do Tempo?
Coleccionador Apaixonado Curioso Banca TAP Relojoaria Hotel/Golfe
De que tipo de artigos mais gosta? E neste número de que mais gostou?
Assinatura para 8 edições (dois anos): > Portugal € 28 > Europa € 60 > Resto do mundo € 80
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ReportagemCarlos Paredes.
EntrevistaVartan Sirmakes.
Relógios & Automóveis.
N.º 19 • € 3,5
ReportagemJúlio Pomar.
EntrevistaJean-Christophe Babin.
Franck Muller-Sporting 100.
N.º 20 • € 3,5
Reportagem75 anos do Reverso.
EntrevistaLuís Figo.
Dossier Cronógrafos.
N.º 21 • € 3,5
ReportagemMille Miglia.
EntrevistaAntónio Lobo Antunes.
Grande et Petite Sonnerie.
Caso queira encomendar um número anterior da Espiral do tempo, envie-nos uma carta para: Av. Almirante Reis, 391169-039 Lisboa, juntando a quantia respectiva em cheque. Não esquecer de colocar remetente. O cheque deverá ser emitido em nome de: Company One, Lda.
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ASSINATURAS
Maio, 8h 42’O pisca-pisca bem que poderia ser um extra nos car-
ros vendidos cá na nossa terra, o que embarateceria o
preço base do produto (enquanto a vantagem para o
consumidor não ardesse na combustão tributária) com
a eliminação de supérfluas cablagens, manípulos, lâm-
padas e farolins. É que uma boa parte dos condutores
nacionais – Senhoras incluídas, pois então, que o direi-
to à igualdade na asneira nunca esteve ameaçado –,
não precisa para nada do acessório fálico de plástico.
Bem vistas as coisas, o que é que o(a) condutor(a) que
vem atrás de nós tem a ver com a nossa (in)decisão
de virar à esquerda ou à direita?! O ideal mesmo é fin-
tar os seguidores, tomando a faixa da esquerda para
súbita e inopinadamente voltar à direita e vice-versa.
E o inefável domingueiro que cada santo dia da
semana ocupa galhardamente a faixa do meio da AE,
nos trechos em que ela a tem, ali teimosamente se
mantendo à vertiginosa velocidade de 92km/h incons-
tantes, mostrando a todos que tem carro e mãos pelo
menos comparáveis às de um Tiago Monteiro ou de
um Pedro Lamy, e que só não vai para a faixa da es-
querda por ter resolvido dar uma de relax, porque a
faixa da direita essa é apenas para os pesados (quan-
do o é) e para os nabos?! E o speedy gonzalez das
rectas, sobretudo se sente que algum descarado o
quer ultrapassar, e que depois trava a fundo na pri-
meira curva que lhe aparece?! E...
Junho, 9h 05’Cá para mim o Governo deveria proibir, de uma só
assentada, em D.R. Monumental, todos os maus hábi-
tos da rapaziada. Fazem-nos mal à saúde e “nessa
matéria” (da proibição pseudo-progressista, com apa-
rência socialmente motivada e sem custos de planea-
mento e investimento) os nossos governantes pedem
meças aos mais vanguardistas das nações relativa-
mente desenvolvidas, tradução prática da moderni-
dade que lhes dá a gravata estreita unicolor, o fatinho
H.B. e os sapatos de atacadores semi-quadrados na
biqueira, que tanto servem para o Ministro como para
o futebolista gel-na-cabeça-despentada.
No domínio do lazer, por exemplo, limitava-se por
ora, para em breve se proibir, o acesso às emoções
do anteriormente denominado “ópio do povo” – que
pelos vistos deixou de ser opiáceo algures após o
P.R.E.C. –, consabidamente responsáveis por quebras
de produtividade e pelo absentismo laboral de tutti
quanti se vêem nos noticiários televisivos, jornal de-
baixo do sovaco, a acompanhar a evolução dos trei-
nos à porta aberta (“com bola e sem ela” e “especí-
ficos (?!) no dizer de algum jornalismo especializado)
das equipas que não estão em “black-out”.
Coisas que mais cedo do que tarde irão sobrecar-
regar o Serviço Nacional de Saúde e o erário público,
causa de maleitas cardiovasculares e, no caso do an-
teriormente reaccionário alucinogéneo, de fenómenos
de verdadeira demência colectiva.
A importância que não a eficácia das medidas
proibitivas estaria assegurada à partida (na proibição
ninguém nos agarra!), e enquanto o pau ia e vinha,
no meio da discussão generalizada, ninguém se iria
lembrar de pedir contas a respeito do nosso atraso
colectivo, por exemplo, na protecção do ambiente.
Ele é a sistemática inacção perante a poluição crimi-
nosa dos nossos rios e do ar que respiramos; ele são
as lixeiras a céu aberto, até em Parques Naturais;
ele é o desordenamento do território, etc.... etc.
É que para ganhar essa batalha são “precisos outros
quinhentos”. Não basta proibir. É tão fácil proibir.
Junho, 22h 18’Jantar de Domingo no Aya, a convite do meu Amigo
PT, conhecedor das iguarias Japónicas e não só, con-
versa animadamente desordenada à volta das novida-
des relojoeiras que aí vêm, das artes plásticas con-
temporâneas, dos automóveis ditos clássicos e de um
projecto à volta das Mille Miglia..., a garrafa do Quinta
do Tal a evaporar-se e as minhas mãos finalmente a
adquirir destreza no manuseamento dos paus que
nos dão de comer.
Julho, 9h 38’Manhã estival de Segunda-Feira, e apesar disso uma
boa meia centena de e-mails no meu PC acabado de
ligar, oriundos, via spam, de uma chusma de vende-
dores cibernautas, apregoando, com ilustrações e a
preços de saldo, viagens, relógios de “fancaria” e be-
zidróglios milagrosos capazes de dar ao apêndice de
cada qual a dimensão anormal que a Mãe Natureza na
sua infinita sabedoria entendeu por bem não dar.
Saudosos vendedores de enciclopédias porta-à-porta.
A esses, pelo menos, podíamos fechar a porta na cara
e sabíamos que não nos voltavam a incomodar.
Julho, 10h 15’O jornal diário daquela manhã da nossa “silly season”
noticiava a realização, na véspera, de uma manifes-
tação de 7 (!) pessoas em frente ao Clube de Tiro de
Monsanto, exigindo o seu encerramento por alegada
contaminação do solo com os bagos de chumbo dos
cartuxos. Não pude deixar de pensar porque razão
aqueles 7 mais mil não teriam antes protagonizado
um amplo movimento cívico a favor da protecção e
conservação dos poucos espaços verdes da cidade de
Lisboa, consabidamente parcos em verde e abun-
dantes em lixo e peladas.
Que se saiba, da agenda dos mesmos 7 também
não parece constar qualquer iniciativa proactiva a fa-
vor da limpeza e preservação, por exemplo, do “Par-
que Natural da Serra da Estrela”. Como diria alguém
que conheço: “É disto que estamos a falar!”.
Fernando Campos Ferreira
CRÓNICA
QUOTIDIANOS
Cá para mim o Governo deveria proibir, de uma só assentada,
em D.R. Monumental, todos os maus hábitos da rapaziada.
162 <ESPIRAL DO TEMPO