entrevista marc augé

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  • 8/3/2019 entrevista marc aug

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    RevistadaAssociaoNacionaldosProgramasdePs-

    Grad

    uaoemC

    omunicao|E-comps,

    Braslia,

    v.1

    1,

    n.1,

    jan./

    abr.2008.

    www.e-compos.org.br

    | E-ISSN 1808-2599 |

    Comunicao e espao urbano:entrevista com o antroplogo

    rancs Marc AugElane Peixoto e Maria da Conceio Golobovante

    ResumoEste texto apresenta a entrevista com o

    antroplogo Marc Aug, realizada nacole des

    Hautes tudes en Sciences Sociales, Paris,

    quando temas como antropologia urbana,

    comunicao, globalizao e tendncias atuais

    do pensamento antropolgico oram abordados.

    Nele, h um brevecurriculum desse importante

    pensador e a entrevista na ntegra de Aug,

    considerando sua relevncia para as reas da

    Comunicao, particularmente no que diz respeito

    complexidade das cidades contemporneas.

    Palavras-chave

    Comunicao. Cultura urbana. Audiovisual.

    Cidade contempornea.

    A perspectiva interdisciplinar a tnicadominante das pesquisas tericas e empricas

    das cincias sociais contemporneas, o

    que inspira alguma cautela, pois ato que

    boa parte do conhecimento cientico e

    universitrio hegemnico historicamente

    undada no compartilhamento disciplinar

    rgido, sendo reratrio ao hibridismo dos

    procedimentos das pesquisas empreendidas

    nas ronteiras disciplinares.

    O pensamento de Marc Aug acerca de uma

    antropologia dos mundos contemporneos

    inuenciou sobremaneira as teses escritas

    por uma arquiteta e uma publicitria que

    tematizaram a cidade e as transormaesengendradas no meio urbano pela lgica do

    capital. A publicao desta entrevista na

    revista eletrnica da Comps contribui com a

    discusso sobre a comunicao e experincia

    urbana, pois o autor descreve por via de sua

    prpria trajetria o deslocamento de campo

    eetuado por sua gerao e tambm por parte

    da Antropologia rancesa doallure para o

    urbano. No se trata do pensamento augesiano

    Elane Peixoto | [email protected] em Estruturas Ambientais e Urbanas pela Faculdade de

    Arquitetura e Urbanismo da Universidade de So Paulo FA-USP.

    Proessora do Programa de Ps-graduao em Desenvolvimento

    e Planejamento Territorial da Universidade Catlica de Gois UCG.

    Maria da Conceio Golobovante | [email protected] em Comunicao e Semitica pela Ponticia Universidade

    Catlica de So Paulo PUC-SP. Proessora do Centro

    Universitrio Belas Artes e da PUC-SP.

    Trabalho apresentado no mbito do Ncleo de Pesquisa Comunicao

    e Culturas Urbanas no XXX Congresso Brasileiro de Cincias da

    Comunicao INTERCOM, 2007. Traduo aprimorada e revista.

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    sedimentado apenas nos livros por ele escritos,

    mas de uma expresso espontnea ormulada

    para responder ao conjunto de perguntas que

    parte de uma questo central: como pensar o

    contemporneo, o urbano e a cidade tendo como

    elemento central o sujeito que a habita, a produz

    e a simboliza? Se, como afrma Aug em seu O

    sentido dos outros, o indivduo no seno o

    entrecruzamento necessrio, porm varivel,

    de um conjunto de relaes (1999, p. 27), em

    busca da compreenso sgnica e sensvel desse

    entrecruzamento que nos lanamos sempre que

    pesquisamos o urbano. Afnal, como ele mesmo

    afrma, ao citar Mauss e Lvi-Strauss, com a

    linguagem o mundo tornou-se signifcativo, mas

    nem por isso melhor conhecido (1999, p. 32).

    A captura desse instantneo e a sua divulgaoprocuram transcender a dimenso inormativa da

    comunicao, ao propor algo que conere certa

    estabilidade a esse entrecruzamento de relaes.

    Assim, alm de dar a conhecer e aproximar

    as ormulaes de Aug de um pblico maior,

    objetiva-se pr em relevo o vnculo construdo

    entre seu pensamento e sua postura tica, onte

    de inspirao para essas pesquisadoras que

    conviveram com antroplogos de uma gerao

    humanista por excelncia.

    Sobre Marc Aug

    Marc Aug antroplogo e aricanista, tendo

    realizado pesquisas na Costa do Marfm e no

    Togo. Foi presidente da cole des Hautes tudes

    en Sciences Sociales (EHESS), no perodo de

    1985 a 1995, onde, atualmente, coordena o Centro

    de Antropologia dos Mundos Contemporneos. A

    partir dos anos 1980, diversifcou seus estudos,

    realizando pesquisas na Amrica Latina e

    voltando seu interesse para as realidades do

    mundo contemporneo, com seus contextos

    urbanos, mltiplos e imediatos. Deste interesse

    recente, h uma bibliografa que se tornou

    reerncia nas cincias sociais so mais de

    trinta livros publicados, versando sobre diversos

    temas tais como o turismo, os desafos da

    antropologia, entre outros.

    A entrevista

    Marc Aug e Grard Althabe (in memorian) so

    os undadores do Centro de Antropologia dos

    Mundos Contemporneos que, ligado EHESS deParis, oca a pesquisa das cidades por via de uma

    etnologia urbana. Esses autores nos concederam

    duas extensas entrevistas em 2002 que, por cinco

    anos, fcaram arquivadas em nossas estantes,

    mas no em nossas memrias, sendo evocadas,

    quando necessrio, em nossas aulas e atividades

    de pesquisa. Neste texto, trataremos apenas da

    entrevista com Marc Aug, que aconteceu na

    sala 401 da sede da EHESS, no clssico endereo

    do nmero 54 da Boulevard Raspail. Naquele

    dia rio de janeiro, em uma sala de menos de

    dez metros quadrados, mobiliada por estantes

    de livros, com uma cmera de Mini-DV na mo

    e algumas idias na cabea, aguardvamos o

    encontro com o autor, que para ns signifcava

    um pensamento alm daquele ormulado em

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    No-lugares: introduo a uma antropologia

    da supermodernidade. A entrevista constituiu

    uma oportunidade para o esclarecimento de

    questes relativas aos complexos enmenos

    que caracterizam o nosso tempo. As perguntas

    dirigidas a Aug oram ormuladas aps uma

    cuidadosa reviso de suas obras publicadas, o que

    se reveste de importncia, tendo em vista que so

    poucos os seus livros traduzidos para o portugus

    e publicados no Brasil. Nossas reas de ormao,

    a Arquitetura e a Comunicao, nos coneriam

    uma posio particular diante de temas episteme-

    metodolgicos prprios Antropologia e que

    permearam a interlocuo com o autor.

    Eliane Peixoto e Maria Conceio Golobovante

    Gostaramos de iniciar esta entrevista

    pedindo ao senhor que se apresentasse,reerindo-se no s a sua ormao acadmica,

    mas tambm s obras e autores que

    contriburam para seu pensamento.

    Marc Aug Originalmente, z meus estudos

    em letras clssicas, lagregation, normale

    suprieur e um pouco de losoa. Nos anos

    1960, os que se consagravam etnologia vinham

    sempre de outras reas: da histria, da losoa.Gente da minha gerao, como Emmanuel

    Terray, era ormada em campos diversos no

    tinham uma ormao especca em etnologia,

    a no ser um certicado do Muse de Lhomme.

    Lancei-me nesta rea aps ter encontrado

    George Balandier, que me orientou para os

    estudos aricanistas. Trabalhei pouco tempo

    como proessor, antes de ingressar na Orstom um organismo de pesquisa, cujas principais

    estaes encontravam-se na rica. Em 1965,

    parti para a Costa do Marm, onde permaneci

    por 4 ou 5 anos. Na rica trabalhei tambm no

    Togo, depois voltei para a Frana, para a cole

    des Hautes tudes. Continuei a estudar a rica.

    Um pouco depois, conheci a Amrica Latina o

    que um percurso clssico para os etnlogos. A

    experincia na Amrica Latina, mesmo que no

    tenha realizado um trabalho especco, nutriu

    minha refexo, pois, hoje, tento azer uma

    antropologia mais aplicada dentro de outro

    contexto um contexto mundial.

    No que diz respeito sua ormao, o

    que poderamos considerar a(s) suas(s)

    reerncias mais importantes? A passagem do

    mundo aricano para o mundo contemporneo?

    A rica que conheci no era um continente

    separado do mundo e margem da histria.

    Reagia ao choque do colonialismo, s operaesde desenvolvimento, entre outras coisas. Nos

    anos 70, havia um tipo de otimismo, sob

    uma perspectiva marxista e outras, cujo

    undo comum era a idia de que os pases

    subdesenvolvidos iriam superar suas condies

    estado de esprito muito dierente do atual.

    Havia, portanto, uma abertura para o mundo.

    No encontrei uma rica atemporal, eterna e

    primitiva. Era uma rica imersa na histria.

    Mais tarde, quando me interessei pelo mundo

    do consumo, dos enmenos que marcam a

    modernidade atual, eu no tive o sentimento

    de ruptura com as minhas pesquisas na rica.

    Na verdade, somadas a outras, elas ampliaram

    a minha pequena experincia para o mundo,

    de orma sistemtica. Alm do mais, a EHESS

    possibilitou-me o conhecimento de vrioslugares e, portanto, de tomar conscincia clara

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    e de uma orma precoce do contexto mundial,

    onde todos os enmenos locais ganham

    signicado hoje em dia.

    importante ressaltar a experincia de

    campo na rica como undamental. Nesse

    continente, pude encontrar muitos enmenos

    interessantes, que podemos classicar sob

    as rubricas de religio, ideologia, doena

    etc. Todos eles nos alam da situao atual.

    As sociedades estudadas haviam elaborado

    modelos de interpretao da individualidade,

    das relaes sobre o sexo, havia um sistema

    de representao da pessoa muito elaborado.

    Os materiais aricanos continham elementos

    que alimentam o dilogo com especialistas de

    outras reas, como, por exemplo, os psiclogos e

    os psicanalistas.

    A rica oi uma experincia completa,

    histrica e contempornea. Porque nela um

    movimento religioso ou poltico-religioso era

    uma reao situao contempornea o

    que ainda continua: h proetas que alam de

    corpos individuais ou da sociedade em geral.

    Pressenti na rica que os etnlogos que crem

    estudar o passado busca diclima de ato,

    so especialistas do presente. O interessante

    na experincia etnolgica que os etnlogos

    alam do que consideram impuro: o contato, a

    relao com a modernidade, a crise da amlia,

    o deslocamento de populaes mas isso a

    atualidade. Marcel Mauss dizia ser necessrio

    estudar os enmenos sociais totais, em todos

    os seus aspectos. Estudar a totalidade, hoje,

    signica estudar a crise da sociedade e os

    novos contextos que lhe conerem sentido. Osetnlogos, enm, estudaram sempre o comeo

    e no o m. A iluso a de se estudar as

    sociedades que morreram. Na verdade, estuda-

    se uma nova sociedade que nasce, ainda em

    processo de ajustamento a um novo contexto,

    s vezes na dor, em situaes de injustia

    enorme que esto longe de serem resolvidas,

    isto que observamos. Acredito que, a qualquer

    momento, nos daremos conta de que a literatura

    etnolgica um testemunho extraordinrio de

    um novo mundo em processo de constituio.

    Atualmente, ala-se muito de mundializao,

    mas o colonialismo e o ps-colonialismo oram

    as etapas iniciais desse processo. No undo,

    assistimos de nossos lugares o nascimento do

    planeta como mundo. um pouco o sentimento

    que tive, em uno dos meus deslocamentos:

    os grupos humanos esto preocupados com as

    mesmas coisas esta uma lio. Outra lio,

    depois de minhas experincias aricanas, oi

    o privilgio dado a maneiras diversas de meexpressar. Esse interesse deu-se com minha

    volta para Paris, quando z pequenos textos,

    que se parecem a uma etnologia parisiense, tais

    como:A travessia de Luxembourg e Um etnlogo

    no metr. necessrio compreender que estes

    textos revelam uma preocupao com o mtodo.

    Quer dizer que eu me indagava sobre o que seria

    o mtier de antroplogo. Para tal, colocava-meno papel do nativo respondendo ao etnlogo.

    Imaginava o que responderia se osse indagado

    sobre a signicao desta ou daquela coisa

    amiliar, por exemplo, o nome de uma estao

    de metr se respondesse que o ignorava, o

    etnlogo, por mim mesmo representado,

    acreditaria que o nativo lhe escondia algo

    e no assim, necessariamente. Veriquei,tambm, que as categorias de anlise

    etnolgica prestam-se bem a descrever o nosso

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    prprio percurso, nas sociedades urbanas.

    tambm um exerccio de mtodo para

    responder suas perguntas.

    Agora, uma pergunta sobre o estilo. ato que

    a ormao dos pensadores sociais muito

    inuenciada pela literatura e pela flosofa.

    O senhor utiliza a expresso etnlogo

    romancista para apontar o que seria um

    preciosismo estilstico que camuaria a

    alta de rigor terico de uma pesquisa.

    Reconhecemos, nas leituras de seus textos,

    um estilo. Na sua prtica, como se d a

    relao entre o rigor cientfco e a busca de

    uma escrita?

    verdade que sempre tive o gosto pela escrita.

    Exprimir algo de tom pessoal, mesmo que seja

    da ordem da antropologia e etnologia, passa

    por uma expresso mais literria. Parece-me

    muito importante, na atualidade, armar

    que a antropologia insisto muito no uso do

    termo, mais que a etnologia, pelo seu aspecto

    comparativo e transversal tem o que dizer

    para a anlise do mundo contemporneo.

    sua maneira, observando as situaes locais,

    o antroplogo trabalha s. A princpio, ele

    deve dar conta dos enmenos locais e tambm

    de tudo o que novo no contexto. O contexto,de uma parte, o planeta inteiro, um mundo

    onde a circulao, a comunicao e o consumo

    so privilegiados. No se pode dizer que todos

    consomem ou circulam na mesma proporo.

    H um sistema de valores, ambientes e um

    aparelho tecnolgico que caminham em

    paralelo. Foi o que tentei mostrar em No-

    lugares: h espaos inditos no mundo atual,justamente os de circulao e consumo, sem

    precedentes no sculo anterior.

    o que o senhor chama de Mundializao?

    Qual a dierena em relao Globalizao?

    Sempre houve mundializao e globalizao.

    Novo o que entendemos por mundializao o

    contexto sempre, hoje, mundial. Os imprios

    existiram e eram percebidos, de certa maneira,

    como mundo. Agora h uma coincidncia

    entre o mundo e o planeta, enquanto corpo

    sico. Tomamos conscincia desse ato de

    diversas maneiras. necessrio distinguir os

    termos. Globalizao sinnima de processos

    econmicos, mercado liberal, liberalismo

    triunante, depois da derrocada do regime

    comunista. tambm a comunicao, por meio

    da tecnologia, e sua a ligao intrincada com a

    economia. A globalizao, em minha opinio,

    apenas um aspecto da mundializao.

    H outros, como o que chamaria de

    planetarizao, a conscincia planetria que,

    por sua vez, tem pelo menos dois aspectos.

    Em primeiro lugar, a conscincia de que

    pertencemos a um nico planeta. A ecologia

    nos ajudou a tomar conscincia desse ato a

    partir do momento em que nos preocupamos

    com as ameaas provenientes dos buracos

    nas camadas de oznio. Estamos alando do

    corpo sico do planeta. Um segundo aspecto social. necessrio ver que quanto mais o

    mundo se uniormiza, por meio das redes de

    comunicao, mais se torna desigual. Os mais

    ricos tornam-se cada vez mais ricos e os mais

    pobres cada vez mais pobres. uma espcie

    de contradio entre essa aparente igualdade

    de um lado e desigualdade do outro. Parece-

    me que necessrio estar dentro do sistema.Se estivermos ora, nos tornamos objetos da

    caridade, das aes humanitrias.

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    Nos anos 70, havia aluso linguagem de

    desenvolvimento. Hoje, parece-me que h,

    ocialmente, a idia de que uma parte do

    mundo deve ser objeto de caridade. No creio

    que algum possa dizer, seriamente, que o Mali e

    o Burandi ascendero a um uturo razovel, ou

    a um mesmo status de um pas da Europa ou da

    Amrica do Norte.

    Esse mesmo raciocnio aplica-se em escala

    nacional e local. Por exemplo, em certos pases da

    Amrica Latina, h setores bem desenvolvidos que

    esto dentro do sistema e h outros que no. Esse

    ato acontece tambm nos EUA. Essa diviso entre

    o sistema e o resto inscreve-se no espao. Penso

    nas cidades sul-americanas porque nelas tudo

    mais espetacular.

    A evoluo urbana, em geral, assume o

    seguinte aspecto: os centros super sosticados

    e luxuosos, lugares da alta tecnologia, os

    condomnios privados, imveis vigiados

    conrontados a um pntano de misria, o que

    reorado pela migrao da populao rural

    para a perieria urbana.

    A grande tenso do perodo atual a oposio

    entre a globalizao econmica e tecnolgica,

    que cobre de redes globais a Terra inteira, e aconscincia de pertencimento ao mesmo planeta,

    com os problemas que implica, tanto no aspecto

    sico do planeta ou no conjunto da populao.

    Trata-se do contraste, portanto, da uniormizao e

    da desigualdade. Esta , evidentemente, uma vasta

    questo, cujos eeitos podemos observar localmente.

    este o contexto atual e, portanto, necessrio ter

    conscincia para observar as coisas.

    Do lado da globalizao, o que me interessa,

    ultimamente, o sistema de imagens: da

    televiso, do simulacro, da espetacularizao,

    do qual o turismo um exemplo, no universo

    urbano. Esse universo de imagens... Parece-me

    haver bons aspectos dessa questo: um que se

    destina aos indivduos, enquanto tal quando

    se olha a televiso, por exemplo, um espectador

    solitrio diante das imagens tem a iluso de

    estabelecer uma relao. H, ento, algo que

    dessimboliza a sociedade em proveito de um

    imaginrio pobre de um tipo de relao entre

    o indivduo e o refexo. Isso corresponde a umaorma de arranjo do mundo em espetculo,

    do qual temos inmeros exemplos: os parques

    temticos, a Disneylndia. H tambm a

    relao entre uma parte da humanidade e a

    outra. Porque o turismo , essencialmente,

    uma parte da humanidade que olha a outra

    como espetculo. Seja porque privilegiamos

    o espetculo natural, ignorando a gente queest no entorno, seja pelo aspecto olclrico

    e caricatural. O ato que lugares de co,

    no modelo de Las Vegas, existem em todo o

    mundo. O turismo no , como regra geral, a

    descoberta no estou me opondo ao turista;

    estamos todos no mesmo barco. Mas h uma

    atividade para olhar os outros como para ter

    iluses, imagens alsas, muito parciais, que

    nos do impresso de descobrir o mundo o

    que um eeito muito perverso.

    Aqui o senhor se aproxima dos pensamentos de

    autores como Jean Baudrillard e Paul Virilio?

    Na essncia, a sua crtica em relao a esses

    enmenos converge com a desses autores?

    verdade que me sinto, comparado a Virilio

    e Baudrillard, mais otimista. um otimismorelativo. Meu sentimento proundo o de que

    a Histria no est terminada. H um terreno

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    de luta, h contradies, h, em longo termo, a

    continuidade da histria, as coisas vo mudar.

    Sou hostil rmula de Fukuyama1 de que a

    histria est concluda. Em outras palavras,

    ele quer dizer que no h outra rmula seno

    a combinao entre a democracia liberal

    representativa e a economia de mercado.

    certo que em muitos pases essa rmula no

    corresponde a suas realidades. H, portanto, a

    violncia e a contradio em potncia.

    Meu otimismo relativo porque creio que haver

    muita violncia no mundo. E diria isto antes

    do atentado de Nova York. A violncia parte

    da histria, eu no sou violento, eu no apelo

    violncia. Mas esse um ato que se observa na

    histria. H mais violncia no mundo hoje do que

    jamais houve ela mais ecaz, porque temos os

    meios melhores e mais perormticos de exerc-la.

    Esse sistema de tempo, o mundo global e o

    mundo residual no podem escapar histria:

    inverso de situao. Estou convencido de que

    haver uma histria e penso ser til um mnimo

    de ao poltica, para lembrar certos princpios

    se o que nos interessa verdadeiramente o

    conhecimento e a cincia, se o que nos interessa

    , de uma parte, a explorao do espao e, deoutra parte, o conhecimento dos mecanismos

    da vida. A questo da diviso da pobreza e da

    riqueza entre a humanidade derrisria.

    evidente que no podemos dispensar nossas

    energias tentando destruir os mais pobres em

    proveito dos mais ricos. So questes que devem

    ser reguladas. O bom senso no se impe jamais

    seno atravs dos processos histricos.

    Creio que Virilio e Baudrillard so mais

    apressados quando comparados a mim para

    alar de um m mais apocalptico o que no

    um m da histria, mas um tipo de m do

    mundo. No acredito no m do mundo, nem no

    m da histria. O que me aborrece que um dia

    vou desaparecer e no saberei a seqncia desta

    histria mas no serei o nico.

    O conceito de cidade genrica, ormulado por

    Rem Koolhaas2, permite uma aproximao

    com o de no-lugares, de sua autoria. Em

    que medida o senhor se posicionaria em

    relao a este autor? Quais seriam os pontos

    convergentes e divergentes?

    Koolhaas me interessou pela orma como alouda cidade genrica. Ele prprio realiza a

    cidade genrica. muito dicil saber, quando

    o ouvimos alar, ou quando o lemos, se sua

    linguagem cnica ou no: ser que ele realiza

    apenas o que podemos hoje? Ser que se

    posiciona a avor desta realidade... no sei, no

    li tudo o que ele escreveu, mas em seus textos,

    h um tipo de ambigidade. Estou de acordocom ele, no que tange distino entre cidade

    genrica e histrica complementando o que

    ele prprio j disse a cidade histrica tende a

    tornar-se, ela prpria, genrica. sobre o que

    trabalho, neste momento, com Gerard Althabe3.

    7/12

    1 O artigo de Fukuyama, com o ttulo The end o history apareceu em 1989, na revista norte-americana The national interest.Em 1992, Fukuyama lanou o livro The end o history and the last man, editado no Brasil com o ttulo O fm da histria e o ltimo

    homem, trad. Aulyde Soares Rodrigues. Rio de janeiro: Rocco, 1992.

    2 KOOLHAAS, Rem. Mutation. Bordeaux: Arc em rev, 2001.

    3 Gerard Althabe (1932-2004). Na poca, ele dirigia junto com Marc Aug o Centro de Estudos dos Mundos Contemporneos.

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    | E-ISSN 1808-2599 |

    O lado histrico das cidades rancesas, a cada

    dia, torna-se objeto de espetculo, espaos

    muito protegidos para os turistas. Dito de outra

    orma, acredito que a urbanizao do mundo

    tende vulgarizao da cidade genrica. O

    caso de Paris muito interessante porque

    aparentemente uma resistncia. H em Paris

    os enmenos, como as eiras, que do a sensao

    de vida da cidade, mas muito relativo.

    Paris, como o resto, assemelha-se ao mundo.

    inelutvel quando mudamos de escala, hpontos demarcveis no mundo que pertencem ao

    mundo, ao mesmo planeta.

    Em arquitetura, o programa de necessidades

    parte do momento conceitual do edicio.

    Ele ormado por uma diversidade de

    camadas que variam entre as preocupaes

    de ordem uncional-tecnolgica a outras

    de ordem simblica. Na leitura de seus

    textos, percebemos uma grande ateno

    arquitetura, privilegiada pela descrio de

    suas caractersticas sicas. Em que medida

    sua ormao de antroplogo contribui em

    suas descries?

    O encontro com os arquitetos no oi

    premeditado. verdade que os antroplogos se

    interessam pelo papel demirgico dos arquitetose pela sua capacidade, em aparncia, de

    transormar o espao o que ascinante. Tive

    a oportunidade de encontrar esses prossionais,

    aps ter escrito os No-lugares. No imaginava

    que esse texto pudesse interessar aos arquitetos e

    artistas. Sem dvida, eles a encontram questes

    atuais, sobre as quais tambm refetiam. A

    primeira coisa que me interessou, no casodos arquitetos, que eu estava em oposio

    simtrica a eles. No undo, tanto os arquitetos

    quanto os etnlogos esto interessados na

    relao do espao e da sociedade. E isso

    undamental, gente como os arquitetos Priste

    e Valode me interessaram. Fiz um pequeno

    trabalho sobre a obra deles. Eles zeram

    muita arquitetura industrial. interessante

    vericar como as relaes de trabalho oram

    pensadas para um grupo como a Lreal. Hoje,

    a arquitetura parece propor questes muito

    interessantes, porque est ligada urbanizao

    do planeta. H os eventos arquitetnicos,na escala do planeta: a pirmide de Pei, o

    Gugenheim de Bilbao, enm, acontecimentos

    que reverberam em escala planetria. Tudo

    interessa ao antroplogo pelo ato de que o

    imaginrio e a imaginao so seus objetos

    clssicos. Assim, as criaes da arquitetura e

    a progresso das cidades da mesma orma que

    as imagens da televiso entram no imaginriocontemporneo elas so, portanto, bons

    objetos de observao.

    Nesse contexto, como o senhor percebe e

    articula as dierenas entre os domnios do

    simblico e do imaginrio para as leituras que

    az dos mundos contemporneos?

    H dierena entre o simblico e o imaginrio,

    mas no posso azer uma exegese de Lacan

    e Lvi-Strauss o que seria muito dicil.

    Emprego a palavra simblico no sentido

    que lhe oi atribudo por Lvi-Strauss. Em

    sntese: um sistema de relao, o primeiro

    a linguagem implicando os indivduos em

    si mesmos. A etnologia estuda as relaes,

    portanto o simblico seu sentido. Algumas

    vezes, rero-me ao sentido como sentido socialdo ato, no qual essas relaes so pensadas

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    pelos seus termos. O imaginrio o produto

    da imaginao, podendo reerir-se a contos ou

    imagens, por exemplo. A relao imaginria

    com as coisas individual. Tenho uma relao

    imaginria com o que imagino ou tenho uma

    relao imaginria com a imagem. Se vejo

    na televiso indivduos que me contam coisas

    tenho com eles uma relao imaginria

    no sentido de que uma relao que no se

    aplica ao outro. dierente em uma pea

    de teatro, que pertence ao nosso patrimniocomum, uma tragdia grega, por exemplo, h

    uma convergncia de imaginao em direo

    a algo comum que nos diz determinada

    coisa. H um elo entre os que compartilham

    esse momento. O que me parece importante

    a relao entre o imaginrio individual e

    o imaginrio coletivo e entre o imaginrio

    coletivo e o simblico. O imaginriosimblico a relao explcita entre uns e

    outros e o imaginrio coletivo o produto

    de uma imaginao partilhada, o mito,

    por exemplo. E depois temos o imaginrio

    individual o que de cada um que pode se

    dar na individualidade.

    O senhor escolhe D. Juan como o anti-heri

    antropolgico, descrevendo-o como o indivduo

    absoluto que recusa todas as convenes

    sociais e todos os parmetros etnolgicos: a

    fliao, a aliana, a religio, a memria, j

    que D. Juan s amava no amor seu nascimento,

    isto , seu prprio renascimento. Em que

    mediada podemos relacionar essa fgura como

    uma pr-elaborao do conceito de no-

    lugares4?

    Don Juan um personagem, um heri pelo

    qual sempre tive simpatia. Principalmente

    pelo Don Juan de Molire, porque ele busca as

    coisas e reuta os valores estabelecidos. Ele no

    se explica nos termos do cinismo. o amor

    humanidade. Ele parece pregurar o sculo

    XVIII. Tudo aquilo em que eu amaria crer: a

    liberdade do indivduo, a solidariedade, e, para

    evocar a divisa revolucionria, a raternidade.

    Fundamentalmente, certa igualdade ace

    morte. um personagem que me ascinapor sua relao com o tempo. Porque, bem

    entendido, ele inel, mas el a si prprio,

    aquilo que o atrai o novo. De certa maneira,

    podemos imaginar que ele experimenta sempre

    a mesma coisa o que chama o charme das

    inclinaes nascentes quando se apaixona.

    uma espcie de vacilo, de rmito, de sair

    de si prprio. Se pensarmos em termos dessecomeo, um homem que nunca renuncia.

    Cada vez que ele repete, ele recomea. Nesse

    sentido, ele verdadeiramente um mito. um

    mito moderno? Sim, acredito ser um mito do

    indivduo, no sculo XVIII. O que ele teria a ver

    com a supermodernidade ou a poca atual:

    ns poderamos relacion-lo ao consumidor

    compulsivo, mas isso me desagradaria,

    pois tenho simpatia por ele mas, uma

    interpretao possvel. Creio que, se Don Juan

    de Molire vivesse hoje, ele no tomaria as coisas

    seriamente, seria o sacrilgio, o sacrilgio.

    Portanto, diante do culto do consumo, diante

    das evidncias que nos acenam ao longo do

    tempo, atravs da mdia, creio que D.Juan no

    seria o homem do consumo. Eu imaginaria o

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    4 Do livro Travessia de Luxembourg, p. 38.

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    1,

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    D. Juan de hoje como capaz de democratizar

    o que estamos habituados. Ele procuraria o

    verdadeiro rito, o rito que pode inaugurar e

    abrir as coisas. Porque D. Juan no o homem

    da repetio simplesmente. Ele no recua

    jamais. Seria um suicida desesperado ns o

    podemos direcionar para muitas coisas, j que

    um personagem de teatro. Ele no teria medo de

    enrentar aquilo em que no cr.

    Bibliografa de Marc Aug

    AUGE, Marc. Le Rivage alladian. Paris: ORSTOM, 1969.

    _____. Thorie des pouvoirs et idologie. Paris :

    Herman, 1975.

    _____. Pouvoirs de vie, pouvoirs de mort. Paris :

    Flammarion, 1977.

    _____. Symbole, onction, histoire. Paris: Hachette

    Littrature, 1979.

    _____. Gnie du Paganisme. Paris: Gallimard, 1982.

    _____. La traverse du Luxembourg. Paris: Hachette

    Littrature, 1985.

    _____. Un ethnologue dans le mtro. Paris: Rivages 1986.

    _____. Non-Lieux: introduction une anthropologie

    de la surmodernit. Paris: Le Seuil, 1992.

    _____. Le sens des autres. Paris: Fayard, 1994.

    _____. Domaines et chteaux. Paris: Seuil, 1992.

    _____. Pour une anthropologie des mondes

    contemporains. Paris: Flammarion, 1999.

    _____. Paris, annes trente. Paris: Hazan, 1996.

    _____. Limpossible voyage: le tourisme et ses images.

    Paris: Payot & Rivages, 1997.

    _____. Fictions fn de sicle. Paris: Fayard, 2000.

    _____. Les ormes de loubli. Paris: Rivages, 2001.

    _____. Journal de guerre.Paris: Galile, 2003.

    _____. Le temps en ruines. Paris: Galile, 2003.

    _____. Pour quoi vivons-nous? Paris: Fayard, 2003.

    Obras publicadas em portugus

    AUG, Marc. No-lugares: introduo a uma

    antropologia da supermodernidade. So Paulo:

    Papirus, 1994.

    _____. O sentido dos outros. Petrpolis: Vozes, 1999.

    _____. Por uma antropologia dos mundos

    contemporneos. Paris: Bertrand Brasil, 1997.

    _____.A construo do mundo: religio,

    representaes, ideologia. Lisboa: Edio 70. (Col.

    Perspectivas do homem).

    _____. Os domnios do parentesco: fliao, aliana

    matrimonial, residncia. Lisboa: Edio 70. (Col.

    Perspectivas do homem).

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    Comunication and urban space:

    interview with the Frenchanthropologist Marc Aug

    Abstract

    This text presents the interview with the

    anthropologist Marc Aug, held atcole des

    Hautes tudes en Sciences Sociales , Paris, when

    topics like urban anthropology, communication,

    globalization, and todays tendencies o the

    anthropological thinking were discussed. There

    is also a briecurriculum vitae o this important

    thinker and the complete interview, taking intoconsideration his relevance to the Communication

    area, specially concerning the complexity o the

    contemporary cities.

    Keywords

    Communication. Urban culture. Audiovisual.

    Contemporary city.

    Comunicacin y espacio urbano:

    entrevista al antroplogofrancs Marc Aug

    Resumen

    Este texto presenta la entrevista con el antroplogo

    Marc Aug, que se realiz en lacole des Hautes

    en Sciences Sociales, Pars, cuando se abordaron

    temas como antropologa urbana, comunicacin,

    globalizacin y tendencias actuales del pensamiento

    antropolgico. Adems de la entrevista ntegra con

    Aug, hay aqu un brevecurrculum vtae de ese

    importante pensador, considerndose su relevanciapara las reas de Comunicacin, particularmente

    respecto a la complejidad de las ciudades

    contemporneas.

    Palabras clave

    Comunicacin. Cultura urbana. Audiovisual.

    Ciudad contempornea.

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    Recebido em:20 de setembro de 2008

    Aceito em:1o de outubro de 2008

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    COMISSO EDITORIAL

    Ana Gruszynski | Universidade Federal do Rio Grande do Sul, BrasilJoo Freire Filho | Universidade Federal do Rio de Janeiro, BrasilRose Melo Rocha | Escola Superior de Propaganda e Marketing, Brasil

    CONSULTORES AD HOC

    Bianca Freire-Medeiros | Fundao Getulio Vargas, BrasilJosimey Costa da Silva | Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Brasil Maria Conceio Golobovante | Ponticia Universidade Catlica de So Paulo, BrasilMarlyvan Moraes de Alencar | Centro Universitrio SENAC-SP, BrasilMiriam de Souza Rossini | Universidade Federal do Rio Grande do Sul, BrasilPaulo Ribeiro | Ponticia Universidade Catlica do Rio de Janeiro, Brasil

    Rita Alves de Oliveira | Centro Universitrio SENAC, BrasilREVISO DE TEXTO E TRADUO | Everton Cardoso

    ASSISTNCIA EDITORIAL E EDITORAO ELETRNICA | Raquel Castedo

    CONSELHO EDITORIAL

    Afonso AlbuquerqueUniversidade Federal Fluminense, Brasil

    Alberto Carlos Augusto KleinUniversidade Estadual de Londrina, Brasil

    Alex Fernando Teixeira PrimoUniversidade Federal do Rio Grande do Sul, Brasil

    Alfredo VizeuUniversidade Federal de Pernambuco, Brasil

    Ana Carolina Damboriarena EscosteguyPonticia Universidade Catlica do Rio Grande do Sul, Brasil

    Ana Silvia Lopes Davi MdolaUniversidade Estadual Paulista, Brasil

    Andr Luiz Martins LemosUniversidade Federal da Bahia, Brasil

    ngela Freire PrysthonUniversidade Federal de Pernambuco, Brasil

    Antnio Fausto NetoUniversidade do Vale do Rio dos Sinos, Brasil

    Antonio Carlos HohlfeldtPonticia Universidade Catlica do Rio Grande do Sul, Brasil

    Arlindo Ribeiro MachadoUniversidade de So Paulo, Brasil

    Csar Geraldo GuimaresUniversidade Federal de Minas Gerais, Brasil

    Cristiane Freitas GutfreindPonticia Universidade Catlica do Rio Grande do Sul, Brasil

    Denilson LopesUniversidade Federal do Rio de Janeiro, Brasil

    Eduardo Peuela CaizalUniversidade Paulista, Brasil

    Erick Felinto de OliveiraUniversidade do Estado do Rio de Janeiro, Brasil

    Francisco Menezes MartinsUniversidade Tuiuti do Paran, Brasil

    Gelson SantanaUniversidade Anhembi/Morumbi, Brasil

    Hector OspinaUniversidad de Manizales, Colmbia

    Ieda TuchermanUniversidade Federal do Rio de Janeiro, Brasil

    Itania Maria Mota GomesUniversidade Federal da Bahia, Brasil

    Janice Caiafa

    Universidade Federal do Rio de Janeiro, BrasilJeder Silveira Janotti JuniorUniversidade Federal da Bahia, Brasil

    ExpedienteA revista E-Comps a publicao cientfca em ormato eletrnico da

    Associao Nacional dos Programas de Ps-Graduao em Comunicao(Comps). Lanada em 2004, tem como principal fnalidade diundir aproduo acadmica de pesquisadores da rea de Comunicao, inseridos

    em instituies do Brasil e do exterior.

    E-COMPS | www.e-compos.org.br | E-ISSN 1808-2599

    Revista da Associao Nacional dos Programas

    de Ps-Graduao em Comunicao.Braslia, v.11, n.1, jan./abr. 2008.A identifcao das edies, a partir de 2008,

    passa a ser volume anual com trs nmeros.

    John DH DowningUniversity o Texas at Austin, Estados Unidos

    Jos Luiz Aidar PradoPonticia Universidade Catlica de So Paulo, Brasil

    Jos Luiz Warren Jardim Gomes BragaUniversidade do Vale do Rio dos Sinos, Brasil

    Juremir Machado da SilvaPonticia Universidade Catlica do Rio Grande do Sul, Brasil

    Lorraine LeuUniversity o Bristol, Gr-Bretanha

    Luiz Claudio MartinoUniversidade de Braslia, Brasil

    Maria Immacolata Vassallo de LopesUniversidade de So Paulo, Brasil

    Maria Lucia SantaellaPonticia Universidade Catlica de So Paulo, Brasil

    Mauro Pereira PortoTulane University, Estados Unidos

    Muniz Sodre de Araujo CabralUniversidade Federal do Rio de Janeiro, Brasil

    Nilda Aparecida JacksUniversidade Federal do Rio Grande do Sul, Brasil

    Paulo Roberto Gibaldi VazUniversidade Federal do Rio de Janeiro, Brasil

    Renato Cordeiro GomesPonticia Universidade Catlica do Rio de Janeiro, Brasil

    Ronaldo George HelalUniversidade do Estado do Rio de Janeiro, Brasil

    Rosana de Lima SoaresUniversidade de So Paulo, Brasil

    Rossana ReguilloInstituto Tecnolgico y de Estudios Superiores do Occidente, Mxico

    Rousiley Celi Moreira MaiaUniversidade Federal de Minas Gerais, Brasil

    Sebastio Carlos de Morais SquirraUniversidade Metodista de So Paulo, Brasil

    Simone Maria Andrade Pereira de SUniversidade Federal Fluminense, Brasil

    Suzete VenturelliUniversidade de Braslia, Brasil

    Valrio Cruz BrittosUniversidade do Vale do Rio dos Sinos, Brasil

    Veneza Mayora Ronsini

    Universidade Federal de Santa Maria, BrasilVera Regina Veiga FranaUniversidade Federal de Minas Gerais, Brasil

    COMPS| www.compos.org.brAssociao Nacional dos Programas de Ps-Graduao em Comunicao

    PresidenteErick Felinto de OliveiraUniversidade do Estado do Rio de Janeiro, Brasil

    [email protected]

    Vice-presidente

    Ana Silvia Lopes Davi MdolaUniversidade Estadual Paulista, Brasil

    [email protected]

    Secretria-GeralDenize Correa Arajo

    Universidade Tuiuti do Paran, [email protected]