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Engenharia do Ambiente Métodos interactivos de Participação e Decisão Energia Nuclear “The more alternatives, the more difficult the choice” by: Abbe' D'Allanival Autores: Akli Benali, nº23013 João Rosa, nº22463 Lara Aleluia Reis, nº22840 Pedro Baptista, nº21778~ (20-12.2006)

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Engenharia do Ambiente

Métodos interactivos de Participação e Decisão

Energia Nuclear

“The more alternatives, the more difficult the choice”

by: Abbe' D'Allanival

Autores:

Akli Benali, nº23013

João Rosa, nº22463

Lara Aleluia Reis, nº22840

Pedro Baptista, nº21778~

(20-12.2006)

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Métodos interactivos de Partrcipação e Decisão 2006/2007 Energia Nuclear

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Índice

Objectivo ........................................................................................................................ 3

Introdução ...................................................................................................................... 3

Problemática ................................................................................................................... 4

Argumentos contra....................................................................................................... 5

Argumentos a favor ...................................................................................................... 8

Historial Interpretativo....................................................................................................... 9

Actores-Chave .............................................................................................................. 16

Diagrama Causal ........................................................................................................... 23

Bibliografia.................................................................................................................... 24

Anexo I - Breve descrição do tema ................................................................................... 26

Anexo II - Conceitos ....................................................................................................... 26

Anexo III – Historial Factual............................................................................................. 28

Anexo IV – Citações Curiosas ......................................................................................... 40

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Métodos interactivos de Partrcipação e Decisão 2006/2007 Energia Nuclear

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Objectivo Analisar o historial da problemática e da controvérsia envolta na temática da Energia nuclear em Portugal.

Introdução

A Energia nuclear é um tema actual que merece relevância em termos de políticas nacionais atendendo à viragem mundial para economias de baixo carbono, ou seja, economias que têm pouca dependência dos combustíveis fosseis, nomeadamente, petróleo, carvão e gás natural.

No conceito base a instalação industrial utiliza materiais radioactivos, como urânio enriquecido ou o plutónio, para realizar uma reacção do tipo Fissão Nuclear e produzir calor que vai ser aproveitado para gerar energia eléctrica. Como o próprio nome sugere a reacção de Fissão resulta da cissão de um átomo em dois de dimensões de elementos diferentes, resultando na libertação de energia de uma forma continuada (anexo I e II).

A Energia Nuclear é um tema controverso. A palavra “nuclear” é geralmente associada a perigo, a risco para as populações e consequentemente qualquer empreendimento/acontecimento que tenha alguma ligação com este assunto gera uma enorme entropia na sociedade civil, uma enorme polémica dividindo políticos, ambientalistas e a população em geral. Com o acidente de Chernobil a percepção de risco de perigo foi drasticamente amplificada, dando peso aos “defensores do não-nuclear”.

No que diz respeito a Portugal o tema da Energia Nuclear foi introduzido na década de 70, mais propriamente em 1976, com a tentativa de implementação de uma central de nuclear nas proximidades de Ferrel. Na altura a iniciativa não deu frutos, principalmente devido à enorme contestação que existiu e que levou à desistência do projecto por parte dos promotores.

Actualmente o tema da Energia Nuclear voltou a estar em destaque com a subida dos preços do petróleo e as imposições de Quioto. Vários sectores da sociedade estão susceptíveis à opção nuclear, enquanto que do lado oposto existem os opositores liderados pelas ONG’s ambientais.

Segundo um estudo do World Energy Council e do International Institute for Applied Systems Analysis (IIASA), dentro de 50 anos o aumento da procura energética rondará os 50 %, no cenário mais modesto, e os 250 % no cenário previsível de maior crescimento económico. Actualmente 87 % da energia primária comercializada é gerada por combustão fóssil. O objectivo do Protocolo de Quioto de redução de 8 % das emissões na EU só poderá ser atingido se se aumentar drasticamente a produção eléctrica com base em centrais eólicas, solares ou nucleares. Um estudo recente da Direcção Geral de Transportes e Energia (CE) adverte que a EU só atingirá o objectivo se produzir energia nuclear equivalente a cem novas centrais. As questões chave da problemática e as bases de argumentação da energia nuclear, prendem-se com a perigosidade dos resíduos nucleares, as emissões dos gases de efeito de estufa (GEE), a independência nacional face aos combustíveis fósseis, as energias renováveis como fortes alternativas à resolução destes problemas, os riscos e custos associados à implementação e operação de uma central nuclear, e a percepção do risco por parte das populações.

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Problemática O que está em discussão:

A favor…

� Não emite gases de Efeito de estufa durante o funcionamento

� Necessário para cumprir Quioto � Energía estável, não depende de condições climáticas � Rentável � Independência Energética � Falta de capacidade das energias renováveis para

substituir os combustíveis fósseis � O risco nuclear é ínfimo � As Centrais Nucleares não precisam de grandes áreas � Combustível de baixo custo � É a fonte mais concentrada de geração de energia. � O resíduo é o mais compacto de todas as fontes. � Base científica extensiva para todo o ciclo. � Fácil de transportar. � Não tem efeitos estufa ou de chuvas ácidas

Contra…

� Electricidade representa apenas 20% da energia Nacional consumida

� Mais poluente analisando o ciclo de vida � Portugal tem oportunidades para implementação de

energias renováveis � Contra algumas tendências Europeias � Dificil localização, rios portugueses não aseguram

refrigeração � Consequências dos Acidentes / incidentes � Não há solução para os Residuos nucleares � Possíveis alvos teroristas � Custos de investimento / manutenção / Desmantelamento � Emportugal só daqui a 10 ou 15 anos estaria implementada,

Quito vigora até 2012, logo não é uma ferramenta de cumprimento de Quioto.

� Energia Cara � Dependentes de matérias-primas estrangeiras

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Politica (in Público) Numa análise ás políticas e decisões internacionais, consegue-se inferir as tendências dos planos energéticos de vários países. No final deste texto apresentamos um pequeno historial mostrando a evolução da política a nível da energia nuclear nos últimos anos. Neste historial nota-se uma crescente preocupação no sector energético, a energia nuclear é referida muitas vezes como um instrumento de combate ás alterações climáticas. A própria União Europeia afirma-se a favor da energia nuclear de forma a reduzir os gases de efeito de estufa. Tendo como objectivo o cumprimento do Protocolo de Quioto e pelo facto do aumento do preço do petróleo, alguns países apostam na energia nuclear – França, Rússia, Finlândia…No entanto também há divergências, países como a Alemanha, Suécia, Bélgica, estabelecem estratégia para o abandono do nuclear, e até se verificaram encerramentos de centrais. . 05.2001 Ambientalistas e União Europeia criticam plano energético de Bush . 06.2001 Produção de energia nuclear está a crescer 0,9% ao ano, 12.2001 Alemanha vota abandono do nuclear para fins civis 12.2001 Relatório governamental britânico avança possibilidade de abandono de combustíveis fósseis e nucleares 01.2002 Moscovo vai duplicar produção de energia nuclear até 2015 03.2002 Comissária europeia da Energia reafirma aposta no nuclear de forma a reduzir as emissões 04.2002 Responsável europeia diz ser impossível respeitar Quioto renunciando ao nuclear 06.2002 Parlamento sueco aprova programa governamental de abandono do nuclear civil. 08.2002 Nuclear pode ajudar a reduzir gases com efeito de estufa (segundo a OCDE) 12.2002 Nuclear continuará a ser principal fonte de energia na França 12.2002 Deputados belgas votam abandono nuclear até 2025 01.2003 UE não se pode dar ao luxo de renunciar à energia nuclear, admite comissária europeia 02.2003 Reino Unido anuncia programa energético com aposta nas renováveis 11.2003 Alemanha encerra primeira central nuclear para a semana 05.2004 UE é agora o maior produtor de energia nuclear do mundo 06.2004 Bruxelas autoriza construção de mais uma central nuclear na Finlândia 07.2004 Espanha: central nuclear de Zorita fecha em 2006 10.2004 Suécia vai encerrar segundo reactor nuclear em 2005 11.2004 Industriais europeus defendem nuclear como "opção central" para a UE 03.2005 AIEA diz que protocolo de Quioto trouxe um novo futuro para energia nuclear 05.2005 Encerrada a mais antiga central nuclear da Alemanha 05.2005 Inglaterra precisa de novas centrais nucleares para cumprir Quioto, diz conselheiro governamental 11.2005 Espanha começa hoje a estudar futuro da energia nuclear. 12.2005 China vai construir mais duas centrais nucleares em 2006 03.2006 Órgão consultivo britânico diz que nuclear não resolve problemas energéticos nem climáticos 03.2006 Tribunal japonês ordena encerramento de um reactor nuclear 04.2006 Governo britânico acredita que biomassa será crucial para cumprir Protocolo de Quioto 04.2006 Espanha encerra hoje a sua primeira central nuclear 07.2006 Reino Unido vai apostar numa nova geração de centrais nucleares 07.2006 Itália recusa-se a construir centrais nucleares no seu território

Argumentos contra

� A electricidade representa apenas cerca de 20% do consumo de energia final, sendo

que o consumo directo de combustível fósseis nos transportes e indústria tem um peso muito maior na nossa estrutura energética. Logo não permite diminuir dependência do petróleo. (Quercus)

� Numa visão mais global do ciclo

de vida, dos custos e dos riscos associados levam a que entre as centrais nucleares que na mesma utilizam combustível fóssil e as energias renováveis, as últimas tenham uma prioridade muito maior em termos de desenvolvimento sustentável. (Quercus)

� Portugal tem uma enorme

oportunidade na conservação de energia e eficiência energética (Quercus, A Plataforma Não ao Nuclear)

� Existe um enorme potencial de

investigação na tecnologia associada ao aproveitamento e armazenamento das energias renováveis. (Plataforma não ao nuclear)

� O potencial de implementação

das energias renováveis em Portugal é enorme e é a Solução. (Quercus, A Plataforma Não ao Nuclear, GAIA)

� Exceptuando a França e a

Finlândia, os restantes países europeus com centrais nucleares estão a desenvolver programas de desmantelamento progressivo das instalações à medida que é atingido o fim-de-vida das centrais. Desde a Suécia à Alemanha, tomando até como exemplo mais próximo a

Espanha, não há intenções de investir em novas centrais nucleares (Quercus, Plataforma não ao Nuclear)

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Risco Uma das grandes controvérsias da energia nuclear é a temática do risco de acidentes. Embora as centrais nucleares sejam bastante seguras, o risco de um incidente está sempre presente. Embora a probabilidade de vir a acontecer algo semelhante a Chernobil seja ínfima, as consequências potenciais são muito adversas. Outro factor que veio a aumentar a probabilidade de ocorrência de um acidente nuclear foi o clima de instabilidade internacional, propício a actos terroristas. Um dos princípios de segurança dentro de uma central é a interrupção da sua actividade após qualquer falha no processo. Isto tem repercussões ao nível da segurança no abastecimento energético do país – como se compensará instantaneamente esse grande deficit energético? Seguem-se alguns incidentes mais recentes (in Publico): 09.1999 Catástrofe em Tokaimura, o acidente mais grave do mundo desde Tchernobil 01.2001 Avaria obriga ao encerramento de reactor de central nuclear ucraniana 03.2001 Fuga de radioactividade em central nuclear francesa 04.2001 Queda de grua paralisa central nuclear ucraniana 10.2001 Sellafield e La Hague com riscos radioactivos maiores do que Tchernobil 01.2002 Incidente de nível um na central nuclear de Cattenom 04.2002 Japão encerra reactor nuclear depois de fuga radioactiva 05.2002 Central nuclear japonesa encerrada de emergência 06.2002 Camião TIR abalroa comboio com contentor nuclear no Reino Unido. O acidente não oferece qualquer perigo, visto que o contentor estava vazio 09.2002 Japão encerra reactor nuclear devido a emissões radioactivas 11.2002 Reactor nuclear japonês encerrado devido a fuga radioactiva 07.2003 Explosão em complexo nuclear japonês não causa fuga 08.2004 Japão: fuga na central nuclear de Mihama faz quatro mortos. A fuga não libertou material radioactivo 08.2004 Alemanha: fuga de radioactividade numa central polui afluente do Reno 07.2006 Inspectores detectam rupturas em vários reactores nucleares britânicos 07.2006 Espanha: temperaturas elevadas do rio Ebro obrigam à paragem de central nuclear

� É uma solução centralizada de produção de energia que irá contra a corrente actual

onde cada vez mais de procura incentivar uma produção descentralizada que evita muitas perdas ao mesmo tempo que sensibiliza às populações de forma mais próxima para a necessidade de serem eficientes no uso da energia.

� A localização de uma central desta natureza implica um conjunto de condições, entre

elas, a necessidade de dispor de grandes quantidades de água. Nenhum dos nossos rios possui condições para, em alturas do Verão ou de períodos de seca, garantir os caudais de segurança. Sendo Portugal um país onde os recursos hídricos não abundam, sendo necessário preservá-los para fins mais nobres, como o uso humano, ou o uso agrícola, tal implica que uma central nuclear só poderá ser instalada junto ao litoral. (Quercus, Plataforma não ao Nuclear)

A rede eléctrica portuguesa ainda não está preparada para «encaixar» o impacto de uma central de 1600 megawatts, sobretudo em caso de falha súbita.

� Portugal ficará dependente de tecnologia importada e cara; é mais uma dependência,

neste caso perigosa, de outros países.

� A construção de uma central nuclear em Portugal levaria cerca de 10 a 15 anos até que pudesse estar operacional em termos de fornecimento de energia eléctrica. Por essa altura, Portugal já terá que ter tomado as medidas certas no sentido de acertar o passo com as reduções de emissões de gases com efeito de estufa prevista. (Quercus, Plataforma não ao Nuclear)

� Necessidade de estar estabelecido internacionalmente o limite de responsabilidade

financeira de uma central em caso de acidente. O fundo estabelecido internacionalmente implica que, em caso de ocorrência de um acidente em Portugal onde 10% da população fosse afectada, cada um desses cidadãos receberia 1500€ de indemnização, sendo que desse valor, a central pagaria 47%, o Estado 33% e a comunidade internacional 20%. (Quercus, GAIA)

� São inegáveis os efeitos

catastróficos de Chernobil sobre milhões de pessoas e famílias. Desde o terror de poderem vir a sofrer impactos graves na sua saúde, à incerteza quanto ao legado genético para as gerações futuras, desde a total desconfiança em relação aos

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Vulnerabilidade ao terrorismo Um dos argumentos contra a energia nuclear diz respeito à sua vulnerabilidade ao terrorismo. Começou-se a tomar consciência deste facto após o atentado de 11 de Setembro de 2001, desde então a segurança das centrais foi reforçada. Mesmo assim ainda se registaram alguns incidentes – actuação de opositores do nuclear demonstrando a vulnerabilidade deste tipo de energia; roubo de material radioactivo. Seguem-se algumas notícias (in Publico) dentro deste contexto: 09.2001 Dois detidos em zona de investigação nuclear na Holanda com documentos de identificação falsos 10.2001 Greenpeace alerta que resíduos nucleares podem tentar terroristas 18.10.2001 Central nuclear nos EUA em estado de alerta após "ameaça credível" 10.2001 Voos suspeitos perto da central nuclear francesa de La Hague 10.2001 Opositores do nuclear reivindicam sabotagem de via férrea 10.2001 Reactores nucleares deverão ter em conta novos riscos 10.2001 Estados Unidos reforçam segurança em redor de centrais nucleares após o alerta de novos ataques terroristas 01.2003 Militantes da Greenpeace entram em central nuclear britânica para demonstrar a sua falta de segurança e vulnerabilidade ao terrorismo 03.2003 Central nuclear espanhola recebe falsa ameaça de bomba 07.2004 Nuclear nos EUA: instalações fechadas por causa de desaparecimento de informações secretas 02.2005 Desapareceram 30 quilos de plutónio no Reino Unido, quantidade suficiente para fabricar sete ou oito bombas nucleares

alimentos consumidos ou à água bebida, até à interdição de vastíssimas áreas de terrenos aráveis devido ao risco de contaminação radioactiva, todos estes factores contribuíram para que Chernobil possa ser considerado o pior acidente tecnológico da história da Humanidade. Os números não são consensuais, mas estarão pelo menos no intervalo entre a versão minimalista das Nações Unidas e muito contestada pelas associações ecologistas de 9 000 mortes relacionadas com cancro resultantes do acidente e a contabilização da organização Greenpeace que somou 93 000 mortes. (Quercus)

� Exemplos de acidentes com menores ou maiores consequências, desde os casos mais

conhecidos de Three Mile Island nos Estados Unidos a Chernobil (actual Ucrânia) às pequenas avarias que são reportadas em muitas centrais e que não são conhecidas publicamente; apesar da maior segurança das novas centrais nucleares. No caso de Portugal, o risco sísmico é um factor determinante, sendo que a sua localização teria sempre de ter lugar junto a rio ou no litoral por causa da refrigeração da instalação. (Quercus, GAIA)

� Não há até agora no mundo uma solução definitiva para o armazenamento seguro dos

resíduos radioactivos, representando tal uma ameaça em termos do seu transporte e do seu armazenamento, com óbvios custos acrescidos nomeadamente em termos de segurança. (Quercus)

� Uma das maiores preocupações nos países desenvolvidos com custos acrescidos muito

elevados, tendo recebido um destaque recente da revista “Time” que noticia o facto das centrais nucleares serem o alvo preferido para ataques terroristas; os valores dos seguros associados são enormes. (Quercus)

� Os custos de investimento e o tempo

associado à sua construção são muito maiores em comparação com centrais termoeléctricas recorrendo a outros combustíveis.

� Esta forma de energia não

conseguiu ainda ser economicamente viável, a não ser quando lhe são oferecidas condições muitos especiais quer ao nível de apoios ao financiamento, quer ao nível da passagem de responsabilidades para o Estado.

� Existe todo um conjunto de custos

(regulamentação, controlo e monitorização) que geralmente não

são anunciados nem contabilizados directamente mas que para qualquer país têm um peso muito significativo, tão mais importante quanto menor for o país e menor for o número de centrais nucleares instaladas e que se relacionam com a necessidade de existir um papel regulamentador, fiscalizador, de controlo e de monitorização do Estado, que exige para este tipo específico de energia um enorme investimento. Este aspecto foi

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aliás mencionado por Paul Joskow (Professor de economia e director do centro de energia e ambiente do MIT) que participou recentemente numa conferência em Lisboa e que explicou que não teria sentido a instalação de um pequeno número de centrais nucleares em Portugal por este motivo.

� Valores muito elevados que terão que ser investidos no desmantelamento deste tipo de

equipamentos, valores muito superiores aos que são investidos em energias renováveis.

Segundo um estudo realizado nos EUA, a energia nuclear recebeu, durante os seus primeiros 15 anos de implantação, 39,4 mil milhões de dólares, ao passo que a energia eólica, também nos seus primeiros 15 anos de desenvolvimento, recebeu 0,9 mil milhões de dólares. Em suma, a energia nuclear recebeu 30 vezes mais apoio por kWh do que a energia eólica, quando comparamos os primeiros 15 anos do seu desenvolvimento. (Quercus)

� O cálculo dos custos externos associados às centrais nucleares “excluem o custo

potencial associado ao facto de não terem que pagar uma cobertura completa no caso de ocorrência de um acidente nuclear grave ou de um incidente com o combustível, uma vez que as responsabilidades comerciais e estatais estão limitadas por tratados internacionais. O risco seria demasiado elevado para ser comercialmente seguráveis. Agência Europeia do Ambiente)

� «Como os registos históricos demonstram, é impossível garantir, ao longo do tempo, que

qualquer programa nuclear civil não potenciará desenvolvimentos para capacidades militares». Esta afirmação faz parte de um conjunto de estudos e reflexões levados a cabo pela Comissão para o Desenvolvimento Sustentável do Reino Unido

Em síntese, os principais argumentos apresentados pelos agentes conta, envolvem uma tentativa de desmistificação dos custos envolvidos e dos ganhos associados. Mostram-se preocupados com os danos ambientais associados a esta forma de energia, e apostam nas energias renováveis como sendo a melhor alternativa para resolver as questões da dependência do país face aos combustíveis fosseis.

Argumentos a favor

� As centrais de energia nuclear e as instalações de ciclo do combustível não precisam de grandes áreas. Assim, o impacto ambiental da energia nuclear sobre a terra, as florestas e as águas é mínimo.

� O combustível é barato. � É a fonte mais concentrada de geração de energia. � O resíduo é o mais compacto de todas as fontes. � As novas tecnologias estudam o modo de reciclar o combustível de urânio havendo

centrais que utilizam um duplo ciclo, reduzindo a quantidade de resíduos e aumentando a produção. A micro-reciclagem efectuada por bactérias, descobertas em rochas a 2,8 mil metros de profundidade, que obtêm energia através da conversão de moléculas de água por minerais radioactivos poderá ser uma solução para os resíduos (in Super Interessante e blogs).

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� Base científica extensiva para todo o ciclo. � Fácil de transportar como novo combustível.

� Independência face aos combustíveis fósseis

� Não emite GEE, ajudando ao cumprimento de Quioto � Minimização das alterações climáticas : “nenhuma fonte de energia é completamente

segura e os perigos de continuar a queimar combustíveis fósseis, como fonte principal, são bastante maiores e ameaçam não apenas indivíduos mas a civilização em si” (J. Lovelock)

� Os reactores de 4ª geração, utilizando hélio para arrefecer o núcleo, apresentam

vantagens como o facto de ocupar um décimo do espaço exigido por um engenho convencional sendo mais versáteis, rentáveis e seguros, uma vez que o hélio é um gás inerte. Em caso de falha, o núcleo não entra em fusão, apenas em degradação (in Superinteressante).

� Neste momento, não existe nenhum outro substituto dos combustíveis fósseis tão

seguro, prático e económico, como a energia nuclear (J. Lovelock) � «é a única forma limpa de energia disponível a uma escala global e capaz de satisfazer

as necessidades crescentes da população mundial» (B. Comby) A principal base de argumentação pró-nuclear consiste no esclarecimento da população tentando trazer a problemática para debate público. Enfatizam a importância deste tipo de energia para a independência energética e para reduzir os GEE, considerando que esta é a única forma de energia capaz de satizfazer as necessidades crescentes da população.

Historial Interpretativo Como atrás já foi referido, o assunto da energia nuclear em Portugal remonta desde 1976,

aquando da marcha do povo da aldeia de Ferrel sobre o local onde decorriam trabalhos preparatórios para a então projectada central nuclear, numa impressionante manifestação de recusa, pacífica e determinada. Como resposta, a “Junta de Energia Nuclear” (JEN) lançou uma campanha afirmando as condições de segurança e ausência de riscos das centrais nucleares.

Em 1977 o movimento de Ferrel foi alargado com o apelo nacional “Somos Todos Moradores de Ferrel” contra a então política pró-nuclear do Governo Constitucional do PS. Por volta desta altura, no âmbito do 2º encontro Nacional de politica energética, indicaram-se problemas ao nível da literatura relativa aos efeitos destas instalações. Esta literatura assentava em ensaios laboratoriais e raramente em casos concretos.

Desde o início da questão do nuclear em Portugal que a transparência do processo não é uma prioridade. A EDP manteve restrito o acesso aos estudos que levaram à escolha do local impedindo a efectiva participação de outros especialistas e da população.

Este procedimento levou depois à interrogação pela população das intenções do governo quanto à existência e forma de consulta à opinião pública.

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«(…) as condições de garantia das centrais nucleares são extraordinárias.» Walter Rosa, 1976

Devido à falta de transparência da informação por parte da EDP, gerou-se um clima de desconfiança por parte das populações, realizando-se nas Caldas da Rainha um Fórum com o objectivo do lançamento duma Moratória do Programa Nuclear Português e da Intervenção Popular Criativa em Defesa dum Ambiente Não Degradado. Simultaneamente foi lançado um manifesto sobre política energética «por um debate nacional sobre a opção nuclear» subscrito por 110 cientistas e técnicos ligados ao problema nuclear.

Em Novembro de 1977, Portugal esteve presente na conferência preparatória em Washington acerca do programa internacional de avaliação do ciclo do combustível nuclear (INFCE) na sequência das “medidas Carter”(Diário). Estas pretendiam criar mecanismos que facilitassem a aceitação generalizada do controlo americano sobre os combustíveis nucleares e a aceitação da proibição do reprocessamento dos combustíveis irradiados e da utilização comercial do plutónio(Diário). A JEN seria o organismo do Estado legalmente capacitado para representar o País nestas conversações, no entanto, o secretário de Estado da Energia e Minas, Sr. Ricardo Barão Horta designa o Eng.º Marques Videira, administrador da EDP, como representante oficial de Portugal. Mais tarde o presidente da JEN, o Eng.º João Caraça afirma em ofício o seu descontentamento com a descredibilização da JEN. Com isto gerou-se uma moção de protesto dos trabalhadores do Laboratório de Física e Energia Nucleares (LFEN) e a própria demissão do Eng.º João Caraça (Diário).

«Em caso de acidente grave (…) seria atingida toda a região e (…) uma área que abrangeria todo o território português”.»

in Gazeta das Caldas, 1977

No final do ano de 1977, num clima anti-nuclear, é concluído, mas não publicado, o Livro Branco sobre a Opção Nuclear produzido pelo governo. Mais tarde saiu um projecto de Lei de reestruturação do Ministério da Indústria e Tecnologia (MIT) a JEN é extinta e os seus serviços e direcções-gerais passam a integrar uma nova estrutura.

«A aplicação da energia nuclear (…) tem levantado algumas objecções no nosso país, traduzidas fundamentalmente na existência duma análise desapaixonada e objectiva das vantagens e inconvenientes desta forma de energia.»

Eng.º Rocha Cabral – secretário de Estado da Energia, 1978

No ano seguinte, tentou-se uma diferente abordagem, com a criação da Comissão Dinamizadora para o Debate Nacional sobre a Opção Nuclear. No entanto a questão do Nuclear continuou a ter muitos opositores como se observou no primeiro Festival “Pela Vida e Contra o Nuclear” organizado por grupos ecológicos, em 1979, nas Caldas da Rainha e Ferrel que acolheu cerca de 3 mil pessoas.

De 1979 ocorreu o primeiro acidente nuclear mediático em Three Mile Island, com derretimento parcial do núcleo, sendo o pior acidente nuclear nos EUA. Este acontecimento, bem como o acidente de Chernobil em 1986 vieram a reduzir as pressões pró-nuclear durante longos anos. Em 1981, é desmentida a notícia, referida na Conferência Europeia de Ordenamento do Território, da construção de 5 centrais pelo secretário de Estado da Energia e o ministério da Qualidade de Vida manifesta-se contra a utilização de energia nuclear em Portugal.

Ocorre o acidente nuclear de Chernobil na União Soviética sendo considerado o pior acidente nuclear da história da energia nuclear produzindo uma nuvem de radioactividade que atingiu

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também a Europa Oriental, Escandinávia e Reino Unido. As regiões mais próximas foram muito contaminadas, especialmente a Bielorrússia, resultando na evacuação de cerca 200 mil pessoas.

«O acidente de Chernobyl marca o fim do apogeu da energia nuclear. O acidente vai relançar no Ocidente um debate legítimo sobre a utilização do nuclear, sem contudo lhe pôr fim.»

Director-Geral da Agência Internacional da Energia Atómica, 1986

Contudo, a opção nuclear não foi completamente excluída, em 1988 foi publicada, pelo Ministério Planeamento e Administração do Território, a lista (provisória) de grandes projectos a executar durante a seguinte década, no qual se incluía uma central nuclear. Tal não se verificou, na década de 90 o assunto do nuclear não foi, de todo, tema de discussão.

Apenas em 2003 o nuclear voltou a ser tema na comunicação social com a então intenção do Governo espanhol de instalar um cemitério de resíduos nucleares junto à fronteira portuguesa. Este acontecimento veio a trazer uma nova questão no assunto – a ameaça do nuclear espanhol. Nesse mesmo ano um estudo «chumbou» algumas das centrais nucleares espanholas, estando duas delas à beira da fronteira.

Em 2004, embora com a aprovação da proposta para acelerar o encerramento das centrais nucleares mais perigosas da Europa, o Governo discute o nuclear e a barragem em Foz Côa como alternativa ao petróleo. Com a polémica que se gerou, esse documento não foi tornado público, e o Governo afasta a opção pelo nuclear.

A partir desta altura realizaram-se algumas sondagens com resultados distintos, e por isso inconclusíveis.

- 57% dos inquiridos aceita que o País venha a ter centrais nucleares. (Sondagem Rádio Renascença/SIC/Expresso, 2004)

Quercus afirma que os resultados da sondagem devem-se à falta de informação. (Diário Digital, 2004)

- A população da maior parte dos países da União Europeia (Europa dos 25) é contra. Em Portugal a percentagem a favor da produção de energia recorrendo a centrais nucleares é de 21 %.

(Sondagem feita pelo Eurobarometer, 2005) - O intervalo entre os apoiantes (37%) e opositores (38%) da energia nuclear é de 1%.

(DN/TSF/Marktest, 2006) - 51,7% dos eleitores votaram a favor e 33,5% contra a energia nuclear. Os inquiridos

consideraram que o petróleo é o que tem um impacto mais negativo no ambiente (41,8%), seguindo-se o carvão (30,5%), a nuclear (13,1%) e o gás natural (3,5%).

(Sondagem EXPRESSO/Eurosondagem, 2006)

«Se a questão é a dependência do petróleo, há medidas muito mais importantes, ligadas à conservação de energia»

Francisco Ferreira, 15/11/2004

Em 2005 surge então a proposta de uma central nuclear de investidores portugueses, liderado pelo empresário Patrick Monteiro de Barros. Foi neste momento que se reacendeu a discussão sobre o nuclear em Portugal. Primeiramente o Ministro da Economia admitiu discutir a construção de uma central nuclear em Portugal, tendo depois inviabilizado o projecto afirmando que a energia nuclear não fazia parte do programa do governo. Tal mudança de posição deveu-

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se á polémica logo levantada pelos opositores do nuclear, entre os quais a Quercus que rejeita central nuclear enquanto solução energética para Portugal.

«(…) não estou à espera de outro governo nem desisto da central nuclear apesar do veto do governo.»

Patrick Monteiro de Barros, 3/10/2005

Após esta primeira abordagem ao fim de 30 anos de Ferrel, diversos actores vieram a manifestar as suas posições sobre o nuclear.

Cavaco Silva defende reinício da discussão sobre energia nuclear. in Publico, 11/1/2006

Blogs O tema da energia nuclear é um assunto que surgiu na “blogosfera” nacional em meados de 2005 suscitando, logo desde o início, polémica, discussão e debate. O blog http://ambio.blogspot.com assume-se como um dos percursores da discussão, sendo as intervenções de Miguel B. Araujo e Joanaz de Melo aquelas que mais se destacam. É de facto abundante a discussão em torno deste tema, havendo vários blogs que acompanham a evolução da problemática a nível nacional, como também a nível internacional. São exemplo os blogs http://ambio.blogspot.com, http://centralnuclear.blogspot.com, http://ablasfemia.blogspot.com e http://wwwopiniaode.blogspot.com. Como assuntos mais delicados e que suscitam mais participação dos blogers destacam-se o acidente e todas as consequências de Chernobil e principalmente as vantagens e desvantagens de implementar uma central nuclear de produção de energia eléctrica em Portugal. ( Data de consulta dos Blogs: 28 e 29 de Outubro 2006

Durão Barroso considera que União Europeia não deve excluir opção pelo nuclear.

in Publico, 19/1/2006

Cabe perguntar se esta proposta de investimento de quatro mil milhões de euros numa central nuclear que terá como objectivo mais ambicioso poder vir a contribuir para a solução em 2016 de apenas 3,75 por cento do nosso consumo.

Quase oito meses depois do veto governamental à proposta de Patrick Monteiro de Barros e

Pedro de Sampaio Nunes, é reavivado o debate por estes com a organização de uma conferência sobre energia nuclear. Nenhum membro do Governo esteve presente no encontro, mas era a entidade sob maior pressão nesse momento, com vários sinais de movimentações de bastidores e de uma alegada disponibilidade para discutir o assunto.

«[a energia nuclear] não pode ser tabu.» Fernando Santo – bastonário da Ordem dos Engenheiros, 22/2/2006

«a energia nuclear serve apenas para produzir electricidade e afirma que a sua produção é dispendiosa.»

Quercus, 22/2/2006

Os promotores do nuclear defendem que a entrada de Portugal na ‘era nuclear’ implicaria a construção de pelo menos duas centrais nucleares e uma integração com a rede eléctrica espanhola, ou seja, uma produção num contexto ibérico.

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No entanto, o Governo clarificou a sua posição contra o nuclear na sua legislatura.

«Evocarem o Protocolo de Quioto e as alterações climáticas como a grande razão para o nuclear, parece-nos manifestamente incorrecto.» «(…) há muitas coisas a esclarecer, como a quantificação dos custos, os tipos de tecnologia, o nível de segurança, o problema de resíduos e a forma como tudo isto deve ser contabilizado economicamente»

Nunes Correia, ministro do Ambiente, 25/2/2006

«A construção de uma central de energia nuclear é uma boa hipótese para combater a crise energética.»

João Almeida – dirigente da Juventude Popular, 29/3/2006

Em 2006 vários ambientalistas de diversos pontos do país e habitantes de Ferrel relembraram

os 30 anos do primeiro movimento antinuclear do país e reafirmaram a sua oposição a uma nova tentativa de construção de uma central nuclear em Portugal.

«[Alguns países consideram que] o risco do nuclear é aceitável.» José Sócrates – primeiro-ministro, 21/4/2006

"Os Verdes" criticaram hoje o desafio do primeiro-ministro para se desencadear um "debate racional" sobre o nuclear e reafirmaram que, em matéria energética, é necessária "uma maior independência do petróleo".

in Publico, 22/4/2006

Ribeiro e Castro apoiou as declarações do primeiro-ministro, José Sócrates, que defendeu um debate racional em Portugal sobre a energia nuclear.

(24/4/2006)

«Os custos "habitualmente ocultados" da construção de uma central nuclear representariam em Portugal um "enorme investimento" que teria repercussões sobre o défice.»

Quercus, 26/4/2006

«As centrais nucleares não são seguras. De todo. Porque o problema é intrínseco à sua própria tecnologia.» «O Protocolo de Quioto termina em 2012. "Mesmo que se construa a central em cinco anos, o que nunca aconteceu em nenhum local do mundo, significará zero como contributo para Quioto".»

Aníbal Fernandes, 3/5/2006

«O Nuclear não é panaceia para os problemas energéticos. Só resolve o problema da electricidade, que é um quarto da energia que consumimos. Construir um reactor em Protugal pode contribuir com 15% para a produção de electricidade de País- 15% de 25%, o que resolve apenas 4% do problema energético.»

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Nuno Ribeiro da Silva, 4/5/2006

Em Maio de 2006 o Douro foi apontado como local preferido de Monteiro de Barros para o nuclear, em reacção o Nordeste Transmontano rejeita tal proposta por intermédio de protestos de quatro autarquias.

«A questão da energia é uma das mais graves da democracia portuguesa.» Francisco Louçã – coordenador do Bloco de Esquerda, 16/5/2006

Dias mais tarde sai uma Directiva através da qual Portugal vai criar entidade reguladora para o nuclear

Nesta altura foi proposto por Mira Amaral (antigo ministro da Indústria e Energia) e Sampaio Nunes e (promotor do projecto para a construção de uma central nuclear em Portugal) um referendo sobre energia nuclear. Peritos também defendem um potencial referendo.

«Referendo (…) não é (…) uma prioridade, uma vez que os eventuais benefícios (…) apresentados não estão comprovados, e não existe ainda qualquer avanço quanto à localização dessa eventual central.»

Quercus, 2006

Em Junho de 2006 é organizado, na Universidade do Porto, um colóquio para debater a energia nuclear.

«Nuclear reduziria em 50% factura da electricidade»

in estudo económico realizado por Pedro Cosme Vieira, da Faculdade de Economia do Porto

A questão do nuclear espanhol foi reacendida com a possibilidade de se vir a instalar um cemitério nuclear junto à fronteira nas margens do Douro, tal pôs em efervescência as populações e os ecologistas de ambos os lados da fronteira, entre os quais o partido “Os Verdes”. Também a Quercus exigiu o encerramento da central nuclear de Almaraz, em Espanha, lembrando os acidentes que a estrutura sofreu, um dos quais em Junho desse ano.

O que pensam os partidos sobre o nuclear em Portugal? O PS não tem ainda uma posição, mas pelo historial não são a favor. O nuclear não está na agenda do governo mas não querem fugir ao debate. O PSD não tem ainda posição definida mas não excluem a hipótese. O CDS-PP, sem posição ainda definida, mas trouxe o tema para debate. O BE é veementemente contra. O PCP é contra o avanço de centrais nucleares em Portugal. O PVE é contra e critica a posição ambígua do governo.

in Diário de Notícias, 13/8/2006

«As emissões do sector da produção de electricidade podem ser reduzidas em 22% até 2030 se houver uma aposta em garantir um quinto da produção de electricidade por fontes renováveis – Portugal em 2010 terá já de garantir o dobro (39%), devendo assim ficar bem acima deste objectivo em termos nacionais.»

Agência Europeia do Ambiente, 2006

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«Os argumentos invocados pelos promotores do EPR (o tipo de reactor em causa) em Portugal, são falsos. (…) a energia nuclear é mais cara se internalizarmos os verdadeiros custos no preço final, e os seus promotores ainda não perceberam que Quioto é para cumprir a partir de 2008 e não 2012.» «O que se tem passado nos últimos meses é uma operação de propaganda com intuito comercial de um fabricante de reactores nucleares, e não um debate sério.»

Moreira da Silva – ex-deputado europeu, 2006

«Todas as energias geram entropias e problemas ambientais e é preciso equacioná-las de forma a integrá-las o melhor possível dentro de um quadro de sustentabilidade»

António Eloy, 2006

O Grupo Parlamentar de “Os Verdes”, confrontou o primeiro-ministro na Assembleia da República com a questão forçando-o a clarificar a posição do Governo e assim afastando para já a hipótese de aprovar um projecto para uma central Nuclear em Portugal.

O Prof. Paul Joskow, do MIT, que fez um estudo recente para promover o nuclear nos EUA, refere vários problemas críticos. Um é o problema do custo: o nuclear não é tão competitivo como o carvão e o gás natural. Quando a Areva vem falar de €1400 euros por megawatt instalado, o MIT fala de €2000. Mas Joskow avisa que o projecto para Portugal não contabiliza os custos exteriores à central, como a regulação, as inspecções, a segurança do transporte do urânio enriquecido ou o tratamento final dos resíduos, que levam 20 mil anos a perder a radioactividade. (Carlos Pimenta)

Foi realizado uma manifestação em Ferrel a dia 19 de Março, a assinalar os 30 anos da

primeira manifestação anti-nuclear em Portugal, demonstrou que a sociedade portuguesa está mobilizada para contestar qualquer intenção de central nuclear no território.

«(…) é totalmente irrealista arrancar com uma central nuclear em Portugal com um sistema de segurança próprio, devido aos elevados custos fixos, só fazendo sentido diluir esses custos num aparelho de segurança ibérico.» «Não penso que o nuclear seja a varinha mágica da nossa competitividade, mas antes um ‘mix’ de várias fontes de energia em que devemos também estar abertos ao nuclear.»

Mira Amaral, 2006

«O projecto de Monteiro de Barros é perigosíssimo para Portugal.»

Carlos Pimenta, 2006

A França tem 50 centrais e tem o mesmo consumo «per capita» de petróleo que a Alemanha e os mesmos impactos nos preços. O petróleo é utilizado essencialmente nos transportes e na produção industrial e o nuclear não o vai substituir. Dependemos em 60% do petróleo. E 60% da energia é desperdiçada, o que equivale a quatro mil milhões de euros desperdiçados. O projecto nuclear proposto contribui apenas com 3,75% para as nossas necessidades de energia e, portanto, trata-se de um risco físico e económico desnecessário. (Carlos Pimenta)

«Não há condições democráticas para tomar uma decisão.»

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José Penedos – presidente da Rede Eléctrica Nacional, 2006

«Passou-se para um modelo multipolar, com reforço dos nós locais e maior proximidade entre o sítio onde a electricidade é produzida e aquele onde é utilizada. Deste ponto de vista, uma grande central teria de ser localizada numa zona periférica, o que reproduz o modelo dos anos 50, quando se fizeram grandes barragens no Douro e quem morava à volta continuava a alumiar-se a petróleo.»

Oliveira Fernandes, 2006

«Só o simples facto de se falar na possibilidade de uma central nuclear, afasta investidores na área do turismo, a principal aposta da região.»

Manuel Rodrigo – autarca de Miranda do Douro, 2006

A nível europeu, os Vinte e Cinco (EU-25) defenderam que o nuclear deve ser uma escolha de cada Estado.

Com isto, a Associação Industrial Portuguesa (AIP) apelou ao Governo para estudar e promover um «amplo debate nacional» sobre a produção de electricidade a partir da energia nuclear em Portugal. Também o empresário Monteiro de Barros voltou a pressionar afirmando que «não pede um tostão ao Estado e assume os riscos do empreendimento», e descartou os perigos ambientais do nuclear. O empresário considerava que «estávamos no ‘timing’» e que «qualquer decisão posterior teria custos acrescidos». (Publico, 2006)

«[Não há] qualquer perigo da tecnologia nuclear.» «(…) morre mais gente nas minas de carvão ou no colapso de barragens que em acidentes nucleares.» «[O problema do armazenamento dos resíduos] está satisfatoriamente resolvido pela tecnologia actual. E há países, como a Rússia ou a Austrália, dispostos a recebê-los mediante pagamento.»

Sampaio Nunes – ex-secretário de Estado da Ciência e Inovação de Santana Lopes, 2006

«O Douro pode ser uma possibilidade, mas há várias [alternativas] no Centro e Norte do país. Em cima dos rios ou em cima do mar...»

Monteiro de Barros, 2006

O CDS-PP vai promover dois debates sobre o nuclear como alternativa energética nos

próximos dias 3 e 10 de Julho, um com convidados defensores do «não» e outro com os defensores da aposta neste tipo de energia.

Actores-Chave Nesta secção são apresentados os actores com maior relevância no debate da questão nuclear em Portugal e no estrangeiro, com especial ênfase para o primeiro.

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Actores-Chave Posição Interesses / Valores / Preocupações Citações � Walter Rosa, Ministro da

Indústria A favor Valor: As centrais nucleares são seguras

Preocupação: na percepção ambiental da população em relação aos riscos da Energia nuclear

«A Junta de Energia Nuclear (JEN) vai lançar uma campanha informativa para que se saiba que uma central nuclear tem condições de segurança e não há riscos» , O Século, 1976

� «Somos Todos Moradores de Ferrel», veemente libelo contra a então política pró-nuclear do Governo Constitucional do PS

Contra Interesses: Solidariedade com a luta da população de Ferrel, Formação da comissão de Apoio à luta do povo de Ferrel.

«Preparemo-nos. A contra-ofensiva das multinacionais nucleares está para deflagrar. É preciso que por toda a parte (..) surjam comissões de solidariedade com a luta do povo de Ferrel.(…) Mas é bom que por todo o país a ameaça nuclear encontre uma frente unida de partidários da Vida.», Cadernos Viver é Preciso, 1977

� Camponeses de Ferrel Contra Valor: Informação e consulta pública Preocupação: preservação da qualidade de vida e ambiental envolvente que garante a sustentabilidade dos moradores; consequências\impactes energia nuclear

«Se não tivermos alternativa para evitar a construção da central nuclear nas nossas terras, iremos com o caso para tribunal» «Se aceitarmos a construção da coisa consentiremos que toda a agricultura de Ferrel seja destruída (…) pois o vale de Ferrel é o único terreno produtivo.», Diário de Lisboa, 1977 «Queremos e havemos de ser escutados (…) não vamos ficar quedos enquanto nos dão cabo do mar que nos dá o pão», Diário de Lisboa, 1977

� Gazeta das Caldas Contra Interesses: Com um provável acidente nas centrais nucleares Espanholas

«Em caso de acidente grave, que, mesmo quando considerado muito pouco provável, pode na realidade dar-se a qualquer momento, seria atingida toda a região e, em cálculos já

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feitos para outros países, uma área que abrangeria todo o território português», Gazeta das Caldas, 1977

� Eng. Rocha Cabral (Secretário de Estado da Energia)

Moderadora Valores: Clarificação e informação das partes envolvidas

«A aplicação da energia nuclear na produção de energia eléctrica tem levantado algumas objecções no nosso país, traduzidas fundamentalmente na existência duma análise desapaixonada e objectiva das vantagens e inconvenientes desta forma de energia». , O Diário, 1978

� Director-Geral da Agência Internacional da Energia Atómica

Reconhece a importancia da energia nuclear

A Energia nuclear marcou apenas a passagem da era do Petróleo para outra era energética

«O acidente de Chernobyl marca o fim do apogeu da energia nuclear. O acidente vai relançar no Ocidente um debate legítimo sobre a utilização do nuclear, sem contudo lhe pôr fim. O nuclear ajudou-nos a passar da era do petróleo a uma outra era energética, talvez da energia solar ou da fusão. Nós passámos uma barreira que não se pode voltar atrás e teremos de continuar, mas com um ritmo muito mais lento»., Expresso, 1986

� Quercus, Francisco Ferreira Contra Interesses: Energias renováveis, Encerramento da central nuclear de Almaraz (Espanha), um referendo ao nuclear não é uma questão que se ponha para já Preocupações: Custos de una central nuclear ocultados teriam reprecurções no défice, Segurança, Residuos

«Se a questão é a dependência do petróleo, há medidas muito mais importantes, ligadas à conservação de energia», 15.11.2004 «habitualmente ocultados" referindo-se aos custos da construção de uma central nuclear representariam em Portugal», 26.04.2006 «enorme investimento» que teria repercussões sobre o défice , 09.09.2006

� Patrick Monteiro de Barros A favor Interesses: Económicos na istalação de uma central nuclear

«não estou à espera de outro governo nem desisto da central nuclear apesar do veto do

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governo», 03.10.2005 «pontapé de saída do nuclear em Portugal» ainda não tem «um não formal do Governo» não pede um« tostão ao Estado» e assume «os riscos do empreendimento», 22.02.2006 «estamos no timing» e «qualquer decisão posterior terá custos acrescidos», 2006.02.25

� João Joanaz de Mello, (dirigente ambientalista do Grupo de Estudos e Ordenamento do Território (GEOTA))

Contra Posição contra a «intenção de um grupo económico de lançar uma central nuclear em Portugal», http://ambio.blogspot.com, 08.10.05

� Cavaco Silva � 11.01.2006

A favor do Debate

Interesses: reinício da discussão sobre energia nuclear

� Durão Barroso � 19.01.2006

A favor Valor: A EU não deve excluir a opção pelo nuclear

� Fernando Santo, (Bastonário da Ordem dos Engenheiros)

A favor Interesses: Discussão séria sobre o Nuclear

«não pode ser um tabu» «forma séria», 22.02.2006

� João Almeida (dirigente da Juventude Popular ) http://cds-pp-lisboa.blogspot.com

� 29.03.06

A Favor Valor: Construção de central de energia para combater a crise energética

� Pedro Martins Barata (presidente da Euronauta)

Contra Valores: Clarificação e fundamentação do discurso dos intervenientes

«mitos e falácias no discurso de muitos intervenientes no debate público sobre energia em Portugal», http://ambio.blogspot.com, 11.04.06

� Governo: Nunes Correia (NC) (Ministro do Ambiente) José Sócrates (JS)

Contra Interesses: Debate esclarecedor dos custos reais do nuclear, bem como a segurança e os resíduos. Valores: Durante a legislatura não há

«É um não formal até ao fim desta legislatura e se os promotores não o entendem como tal é um problema deles» (NC) «Evocarem o Protocolo de Quioto e as

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lugar para o nuclear, mas pelo historial não são a favor no entanto, não quer fuguir ao debate. Quoito é um argumento incorrecto.

alterações climáticas como a grande razão para o nuclear, parece-nos manifestamente incorrecto» (NC) «mas há muitas coisas a esclarecer, como a quantificação dos custos, os tipos de tecnologia, o nível de segurança, o problema de resíduos e a forma como tudo isto deve ser contabilizado economicamente» (NC), 2006.02.25, EXPRESSO «O Nuclear não está na agenda do Governo» (JS), 2006.02.25, Publico

� José Sócrates Ambigua Valores: Exemplos europeus «o risco do nuclear é aceitável», Publico, 21.04.2006

� Ribeiro e Castro � http://cds-pp-

lisboa.blogspot.com � 24.04.06

A favor Valores: O risco da Nuclear é aceitável Interesses: Debate Nacional

� "Os Verdes” (Partido ecologista)

Contra Valores: Criticam o Desafio de Sócrates para o debate Nacional Preocupações: Dependência do Petróleo

«uma maior independência do petróleo», publico, 22.04.2006

� Aníbal Fernandes Contra Preocupações: Má utilização do protocolo de Quioto como um argumento a favor do Nuclear Valores: Nuclear não contribui para o cumprimento de Quito, Nuclear não é seguro

«Mesmo que se construa a central em cinco anos, o que nunca aconteceu em nenhum local do mundo, significará zero como contributo para Quioto», «As centrais nucleares não são seguras. De todo. Porque o problema é intrínseco à sua própria tecnologia», publico 03.05.06

� Louçã (Bloco de esquerda) Contra Valores: Energia como um dos problemas mais sérios do país

«a questão da energia é uma das mais graves da democracia portuguesa», Diário de noticias,

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16.05.2006 � PSD � Diário de Noticias � 13.08.2006

Não definida

Não tem ainda posição definida mas não excluem a hipótese.

� . O CDS-PP � Diário de Noticias � 13.08.2006

Sem posição ainda definida, mas trouxe o tema para debate.

� BE � 13.08.2006

Contra Preocupações: Segurança, Residuos

� O PCP Contra Valor: Contra o avanço das centrais nucleares em Portugal (13.08.2006) Preocupações: Segurança

Questiona Governo sobre eventual cemitério nuclear espanhol perto da fronteira, 14.03.2003, Diário de Noticias

� Moreira da Silva (ex-deputado europeu)

Contra Intresses: Debate sério Valor: energia nuclear é mais cara Preocupações: Publicidade enganosa

«Os argumentos invocados pelos promotores do EPR (o tipo de reactor em causa) em Portugal, são falsos» «a energia nuclear é mais cara se internalizarmos os verdadeiros custos no preço final, e os seus promotores ainda não perceberam que Quioto é para cumprir a partir de 2008 e não 2012» «o que se tem passado nos últimos meses é uma operação de propaganda com intuito comercial de um fabricante de reactores nucleares, e não um debate sério», Publico, 2006

� Sampaio Nunes (ex-secretário de Estado da Ciência e Inovação e promotor de um projecto para a construção de um Central Nuclear em

A favor Valores: A energia nuclear é segura e os seus resíduos são tratáveis com a tecnologia actual Interesses: referendo

descartou totalmente «qualquer perigo da tecnologia nuclear» «morre mais gente nas minas de carvão ou no colapso de barragens que em acidentes nucleares»

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Portugal) O problema do armazenamento dos resíduos «está satisfatoriamente resolvido pela tecnologia actual», http://jornal.publico.clix.pt/, 22.05.2006

� Associação Industrial Portuguesa (AIP)

� http://jornal.publico.clix.pt/ � 25.10.2006

A favor do Debate

Interesses: Promoção por parte do Governo de um amplo debate sobre o Nuclear

� Manuel Rodrigo (Autarca de Miranda do Douro)

Contra Preocupações: Possibilidade de desvalorização e desinvestimento no património

«só o simples facto de se falar na possibilidade de uma central nuclear, afasta investidores na área do turismo», http://jornal.publico.clix.pt/, 2006

� José Penedos (Presidente da Rede Eléctrica Nacional (REN))

A favor do Debate

Interesses: Reinício da discussão sobre energia nuclear

«Não há condições democráticas para tomar uma decisão», http://jornal.publico.clix.pt/, 2006

� Carlos Pimenta (ex-secretário de Estado do Ambiente e ex-deputado europeu)

Contra Valores: Risco para o desenvolvimento do País Interesses: Energias renováveis

«O projecto de Monteiro de Barros é perigosíssimo para Portugal», http://jornal.publico.clix.pt/, 2006

� Mira Amaral (antigo ministro da Indústria)

Contra Valores: Céptico perante a hipótese da implementação de uma central nuclear Interesses: referendo

«é totalmente irrealista arrancar com uma central nuclear em Portugal com um sistema de segurança próprio, devido aos elevados custos fixos, só fazendo sentido diluir esses custos» «Não penso que o nuclear seja a varinha mágica da nossa competitividade», http://jornal.publico.clix.pt/, 22.05.2006

� Oliveira Fernandes � http://jornal.publico.clix.pt/ � 2006

Contra Valores: A construção de uma central nuclear iria contra a descentralização, necessária, da produção de energia eléctrica

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% Energia Nuclear

Resíduos Radioactivos

Segurança

Qualidade do Ambiente

Risco para a Saúde Pública

Polémica Pública em relação ao nuclear

+

-

Eficácia do tratamento de Resíduos

+

- +

-

-

+

-

+

-

% Energia Importada

% Energia Renovável

-

-

-

Necessidade Total de Energia

+

Emissão GEE’s

Cumprimento de acordos internacionais

(Kyoto)

-

+

Rácio do Custo da Energia

Interna\Externa

Situação Económica Nacional

+ -

+

+ -

-

Fiabilidade de abastecimento

-

+

-

+

R1

B1

B2

R2

R3

B3

B4 R4

B5

Diagrama Causal

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O diagrama causal que motiva a adopção de energia nuclear, ou não, divide-se essencialmente em causas (azul) e consequências (laranja) tendo sido separadas duas variáveis de estado, a % de energia nuclear e a polémica em torno desta. De referir que por motivos de simplificação não se incluíram os custos de investimento nas diferentes formas de energia. Os ciclos de retroacção positiva estão identificados com a letra R (reinforcing) e os de retroacção negativa com a letra B (balancing).

Consideraram-se as fontes energéticas como parcelas de um todo, a necessidade nacional

energética, sendo identificadas enquanto variáveis pela sua percentagem do mesmo. Assim o aumento da percentagem de uma das formas leva tendencialmente ao decréscimo da representatividade das outras, representado os ciclos R1-R3. Ao conjunto destes ciclos, considerou-se como um ciclo de retroacção negativa, B2. Os ciclos B4, B5 e R4 explicam a relação da adopção das várias forma de energia com as emissões consequentes, facilitando ou não o cumprimento de acordos internacionais de alterações climáticas. Os encargos (hipotéticos) decorrentes desse cumprimento levam a uma melhor aceitação ou não da opção nuclear.

Nas causas, a estratégia energética nacional reflecte-se nos compromissos internacionais,

consumo interno de energia e eficiência energética da economia. A variável provavelmente chave neste processo é a razão entre o custo interno e o custo externo de produção energia, onde o crescente preço do petróleo é crucial na escolha da solução mais económica. O balanço entre o custo e a necessidade de energia determina em grande parte a escolha, a montante, da via nuclear.

O ciclo B3 relaciona uma questão é levantada hoje em dia, mas que terá provavelmente maior

importância no futuro: o efeito da fiabilidade de abastecimento energético. Os EUA, em 2006, aumentaram as suas reservas de petróleo por receios de corte no abastecimento devido à instabilidade geopolítica nalguns países exportadores de petróleo. Este zelo leva a um aumento da despesa e tendencialmente a uma melhor aceitação da opção nuclear que é relativamente independente e mais fiável.

A montante as questões económicas são fundamentais e o governo estará naturalmente

inclinado para a opção que acarrete menores custos permitindo à economia crescer, à semelhança de países desenvolvidos como a França e Alemanha. A sensibilização pública para as alterações climáticas e o próprio desempenho do país nesta temática estão interligadas podendo gerar maior ou menor consenso em torno da energia nuclear.

O ciclo B1, de forma simplificada, engloba todas as consequências da opção nuclear e o seu

efeito na polémica pública que esta traz. Com a nova geração de centrais nucleares mais seguras e que representam menor risco para a saúde pública, ao contrário da década de 70 e 80, é natural que estas variáveis tenham menor peso. De facto a variável chave que condiciona e condicionará a polémica pública em relação á opção nuclear, é a evolução no tratamento de resíduos. O reaproveitamento dos mesmos e diminuição\eliminação da sua radioactividade são cruciais na escolha e aceitação pública.

Uma variável altamente imprevisível e que poderá ter relevância no futuro é a questão da

segurança relacionada com a proliferação de armas nucleares e ataques terroristas. Os avanços tecnológicos e insegurança geopolítica global serão as principais forças motrizes do impacto desta consequência.

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Bibliografia Páginas Consultadas: http://ambio.blogspot.com http://centralnuclear.blogspot.com http://wwwopiniaode.blogspot.com http://cds-pp-lisboa.blogspot.com http://www.naoaonuclear.org http://ablasfemia.blogspot.com http://gaia.org.pt http://www.quercus.pt http://www.geota.pt http://www.ferrel30anos.org http://expresso.clix.pt http://visaoonline.clix.pt http://dn.sapo.pt http://www.correiomanha.pt http://www.publico.clix.pt http://diariodigital.sapo.pt

Jornais consultados • Diário Popular • Expresso • Publico • Diário de Noticias • O Diário • Diário de Lisboa

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Anexo I - Breve descrição do tema

A Energia Nuclear é um tema controverso. A palavra “NUCLEAR” assusta as populações que mesmo antes ainda do acidente de Chernobil. A percepção de risco das populações em relação à energia nuclear é grande e aumentou muito desde os efeitos comprovados do acidente de Chernobil.

A fissão nuclear do urânio é a principal aplicação civil da energia nuclear. É usada em centenas de centrais nucleares em todo o mundo, principalmente em países como a França, Japão, Estados Unidos, Alemanha, Suécia, Espanha, China, Rússia, Coreia do Norte, Paquistão e Índia, entre outros.

Os factos históricos demonstram que as centrais nucleares foram projectadas para uso duplo: civil e militar. A primazia na produção de plutónio nestas centrais propiciou o surgimento de grandes quantidades de resíduos radioactivos de longa vida que devem ser enterrados convenientemente, sob fortes medidas de segurança, para evitar a contaminação radioactiva do meio ambiente. Movimentos ecológicos têm pressionado as entidades governamentais para a erradicação das centrais termonucleares, por entenderem que são uma fonte perigosa de contaminação do meio ambiente.

As novas gerações de centrais nucleares utilizam o tório como fonte de combustível adicional para a produção de energia ou decompõem os resíduos nucleares num novo ciclo denominado fissão assistida. Os defensores da utilização da energia nuclear como fonte energética consideram que estes processos são, actualmente, as únicas alternativas viáveis para suprir a crescente demanda mundial por energia ante a futura escassez dos combustíveis fósseis e requisitos ambientais no que toca a emissões de dióxido de carbono. Consideram a utilização da energia nuclear como a mais limpa das existentes actualmente.

Anexo II - Conceitos

Energia nuclear

Alguns isótopos de certos elementos apresentam a capacidade de, através de reacções nucleares, emitirem energia durante o processo. Baseia-se no princípio (demonstrado por Albert Einstein) que nas reacções nucleares ocorre uma transformação de massa em energia. A reacção nuclear é a modificação da composição do núcleo atômico de um elemento podendo transformar-se em outro ou outros elementos. Esse processo ocorre espontaneamente em alguns elementos; em outros deve-se provocar a reacção mediante técnicas de bombardeamento de neutrões ou outras.

Existem duas formas de aproveitar a energia nuclear para convertê-la em calor: A fissão nuclear, onde o núcleo atômico se subdivide em duas ou mais partículas, e a fusão nuclear, na qual ao menos dois núcleos atómicos se unem para produzir um novo núcleo.

Central Nuclear

Instalação industrial empregada para produzir electricidade a partir de energia nuclear, que se caracteriza pelo uso de materiais radioactivos que através de uma reacção nuclear produzem

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calor. Este calor é empregado por um ciclo termodinâmico convencional para mover um alternador e produzir energia eléctrica.

Reactor Nuclear

Câmara blindada contra a radiação, onde é produzida uma reacção nuclear controlada para a obtenção de energia, produção de materiais fissionáveis como o plutónio para armamentos nucleares, propulsão de submarinos e satélites artificiais ou para pesquisas.

Fissão Nuclear

A fissão nuclear ocorre quando um átomo de um elemento é dividido produzindo dois átomos de menores dimensões de elementos diferentes.

A fissão de urânio 235 liberta uma média de 2,5 neutrões por cada núcleo dividido. Por sua vez, estes neutrões vão rapidamente causar a fissão de mais átomos, que irão libertar mais neutrões e assim sucessivamente, iniciando uma auto-sustentada série de fissões nucleares, à qual que se dá o nome de reacção em cadeia, que resulta na libertação contínua de energia

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Anexo III – Historial Factual

� È efectuada a primeira experiência de fissão nuclear com sucesso, em Berlin por físicos alemães Otto Hahn, Lise Meitner e Fritz Strassmann. (Wikipédia) (1938)

� A primeira central nuclear, com o objectivo de gerar electricidade comercial, inicia as

operações em Obninsk, USSR. (Wikipédia) (1954) � Iniciam-se as obras preliminares em Ferrel com terraplanagens, abertura de valas e

poços e implantação de um laboratório de meteorologia e geofísica. (Diário de Lisboa) (Março, 1976)

� A população de Ferrel invade e toma o terreno de construção impedindo a sua

continuação tapando as valas abertas (Diário de Lisboa) (Março,1976)

� Walter Rosa, Ministro da Indústria, refere “A Junta de Energia Nuclear (JEN) vai lançar uma campanha informativa para que se saiba que uma central nuclear tem condições de segurança e não há riscos” (O Século) (Abril, 1976)

� O administrador da EDP é nomeado pelo Governo para tratar com as autoridades da

Alemanha Federal de um acordo de “cooperação científica e tecnológica” apesar de não ser o representante legal. (O Diário) (Maio, 1976)

� A Royal Comission on the Environment em relatório na recomendação 22 assegura: «o

plutónio oferece possibilidades como meio de chantagem e ameaça contra a sociedade devido ás suas propriedade físseis e a enorme toxicidade». No mesmo relatório a recomendação 26 acrescenta: “ os efeitos não quantificáveis das medidas de segurança (…) numa economia de plutónio devem constituir uma preocupação maior em decisões concernentes (…) a um desenvolvimento nuclear (…) e exigem um vasto debate público.” (Diário Lisboa) (Dezembro, 1976)

� Apelo nacional intitulado «Somos Todos Moradores de Ferrel», veemente libelo contra a

então política pró-nuclear do Governo Constitucional do PS : «Preparemo-nos. A contra-ofensiva das multinacionais nucleares está para deflagrar. É preciso que por toda a parte, nas escolas, nos hospitais, nos bairros e nas fábricas, nas faculdades e nas associações científicas, surjam comissões de solidariedade com a luta do povo de Ferrel. A região de Peniche tem já a sua CALCAN – Comissão de Apoio à Luta Contra a Ameaça Nuclear). Mas é bom que por todo o país a ameaça nuclear encontre uma frente unida de partidários da Vida.» (Cadernos Viver é Preciso) (Março, 1977)

� Teve lugar o 2º encontro Nacional de politica Energética no qual esteve presente , entre

outros, a JEN mas o representante do Governo, a secretaria de Estado de Energia e Minas negou-se a participar e a colaborar. (O Diário) (Abril, 1977)

� No encontro, Armando Severo e Alfredo Brogueira (JEN) indicam : «é difícil prever-se o

efeito exacto duma descarga térmica (…) ou o efeito regional destas instalações pois (…) a maior parte da literatura se refere a possíveis efeitos observados em laboratório e raramente se encontram referências a zonas naturais com condições idênticas» (O Diário) (Abril, 1977)

1954

1976

1977

1938

1977

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� O presidente Carter anunciou os princípios da nova politica americana, os chamados “Dez Mandamentos de Carter”. No 7º consta o “estabelecimento de um programa internacional de avaliação do ciclo de combustível, dirigido para o desenvolvimento de ciclos nucleares alternativos” que trariam menores riscos de proliferação de armas nucleares. (O Diário) (Abril, 1977)

� O chanceler da República Federal Alemã, Helmut Schmidt confirma que Portugal se

encontra entre os potenciais comprados de um reactor nuclear produzido naquele pais. (Diário Lisboa) (Maio, 1977)

� A EDP mantém restrito o acesso aos estudos que levaram à escolha do local impedindo

a efectiva participação de outros especialistas e da população. (Diário Lisboa) (Maio, 1977)

� A população da península penichense interroga-se de quais as intenções do governo, se

haverá a prometida consulta à opinião pública e em que moldes se realizará. A população ameaça levar o caso a tribunal e evitar a construção da central. (Diário Lisboa) (Maio, 1977)

� Walter Rosa, afirma «(…) as condições de garantia das centrais nucleares são

extraordinárias. Ver a televisão traz um aumento de radiação numa sala idêntico àquele que tem uma central nuclear na sua vizinhança. E todavia não tem medo da televisão, pois não?» (revista Raiz & Utopia) (Maio, 1977)

� Em Hamburgo vários milhares de manifestantes entraram em luta com as forças da

ordem na tentativa de impedirem a continuação da construção de uma central nuclear. (Diário Lisboa) (Maio, 1977)

� No trabalho “Sobre a implantação de Centrais Nucleares – Òptica Ecológica” da Dra.

Constança Peneda alerta «È necessário avaliar a dose de exposição externa a que ficarão submetidos os diferentes grupos críticos da população local, em especial, pescadores, agricultores e trabalhadores da Central”, relembrando também que “em qualquer circunstância não pode esquecer-se (…) o efeito cumulativo da dose de irradiação ou de poluente». (Diário de Lisboa) (Maio, 1977)

� O programa International Nuclear Fuel Cycle Evaluation (INFCE) vem na sequência das

“medidas Carter” através das quais os EUA esperam criar mecanismos que facilitem a aceitação generalizada do controlo americano sobre os combustíveis nucleares no ocidente e a aceitação da proibição do reprocessamento dos combustíveis irradiados e da utilização comercial do plutónio. (O Diário) (Novembro, 1977)

� A convite dos EUA, Portugal está presente numa conferência preparatória de

Washington na qual a JEN seria o organismo do Estado legalmente capacitado para representar o País nestas conversações, no entanto, o secretário de Estado da Energia e Minas, Sr. Ricardo Barão Horta designa o Eng.º Marques Videira, administrador da EDP, como representante oficial de Portugal. (O Diário) (Novembro, 1977)

� Nas comunicações de alguns países na conferência ao Conselho das Comunidades

Europeias «reconhece-se como necessário reprocessar na Europa o combustível

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irradiado, que pode ser utilizado por reciclagem, nos reactores actuais e futuro»” em contradição com os planos energéticos de Carter. (O Diário) (Novembro, 1977)

� Realiza-se nas Caldas da Rainha um Fórum com o objectivo do lançamento duma

Moratória do Programa Nuclear Português e da Intervenção Popular Criativa em Defesa dum Ambiente Não Degradado. Simultaneamente é lançado um manifesto sobre política energética «por um debate nacional sobre a opção nuclear» subscrito por 110 cientistas e técnicos ligados ao problema nuclear. (Expresso) (Novembro, 1977)

� No suplemento «Pela Vida» : “Em caso de acidente grave, que, mesmo quando

considerado muito pouco provável, pode na realidade dar-se a qualquer momento, seria atingida toda a região e, em cálculos já feitos para outros países, uma área que abrangeria todo o território português”. (Gazeta das Caldas) (Novembro, 1977)

� Eng.º João Caraça afirma em oficio «pratica o Governo actos que comprometem a

credibilidade da JEN no capítulo das relações internacionais, a que por lei não pode ser mantida alheia». (O Diário) (Novembro, 1977)

� Esta decisão causa uma moção de protesto dos trabalhadores do Laboratório de Física

e Energia Nucleares (LFEN) e a demissão do Eng.º João Caraça da presidência da JEN e de governador da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA). (O Diário) (Novembro, 1977)

� È concluído, mas não publicado, o Livro Branco sobre a Opção Nuclear produzido pelo

governo. (O Diário) (Novembro, 1977) � Segundo projecto de Lei de reestruturação do Ministério da Indústria e Tecnologia (MIT)

a JEN é extinta e os seus serviços e direcções-gerais passam a integrar uma nova estrutura. Assim, o LFEN é incorporado num novo Laboratório Nacional de Engenharia e Tecnologia (LNETI). O MIT retira à Direcção Geral dos Serviços de Prospecção e Exploração Mineiras o domínio referente ao urânio passando para uma nova empresa pública a Empresa Nacional de Urânio (ENU). Os serviços da Direcção Geral de Combustíveis e Reactores Nucleares (da JEN) passam em parte para a nova Direcção Geral de Energia e em parte para o novo Gabinete de Protecção e Segurança Nuclear, serviço de inspecção na nova estrutura presidido por Veiga Simão. (O Diário) (Novembro, 1977)

� O secretário de Estado da Energia, o Eng. Rocha Cabral afirma «A aplicação da energia

nuclear na produção de energia eléctrica tem levantado algumas objecções no nosso país, traduzidas fundamentalmente na existência duma análise desapaixonada e objectiva das vantagens e inconvenientes desta forma de energia». (O Diário) (Junho, 1978)

� È criada a Comissão Dinamizadora para o Debate Nacional sobre a Opção Nuclear

liderada por Delgado Domingos que tem por base a consciência da responsabilidade cívica deste grupo de pessoas em promover o debate sobre o assunto. (Diário Popular) (Julho, 1978)

� Dra. Maria do Rosário Leal de Oliveira alerta que perto de Ferrel está situado «canhão

da Nazaré» vale submarino e zona de reprodução piscícola, que será seguramente

1978

1977

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afectado se no referido local for instalada uma central nuclear. (Diário Popular) (Julho, 1978)

� Realiza-se o primeiro Festival “Pela Vida e Contra o Nuclear” organizado por grupos

ecológicos nas Caldas da Rainha e Ferrel e acolhe cerca de 3 mil pessoas. Culminou numa caminhada até ao local previsto para construção da central resultando e por fim em manifestação.(Expresso) (Agosto, 1979)

� Ocorre o primeiro acidente nuclear mediático em Three Mile Island, com derretimento

parcial do núcleo, sendo o pior acidente nuclear nos EUA. (Wikipédia) (Março, 1979) � Um documento da Conferência Europeia de Ordenamento do Território indica que está

prevista a construção de 5 centrais nucleares em Portugal, nomeadamente, Sines, Elvas, Moura, Vila Velha de Ródão e Gavião. A informação tem origem no relatório CPL\ENV (13)7 (Conferência dos Poderes Locais e Regionais da Europa) elaborado por Helena Roseta. (Correio da Manha) (Agosto, 1981)

� È desmentida a noticia da construção de 5 centrais pelo secretário de Estado da Energia

e o ministério da Qualidade de Vida manifesta-se contra a utilização de energia nuclear em Portugal. (Diário Lisboa) (Agosto, 1981)

� A Câmara Municipal de Moura protesta energicamente por se “desenrolar um processo

desta natureza” sem consultas ao poder local e às populações. (Diário Lisboa) (Agosto, 1981)

� Ocorre o acidente nuclear de Chernobil na União Soviética sendo considerado o pior acidente nuclear da história da energia nuclear produzindo uma nuvem de radioactividade que atingiu também a Europa Oriental, Escandinávia e Reino Unido. As regiões mais próximas foram muito contaminadas, especialmente a Bielorrússia, resultando na evacuação de cerca 200 mil pessoas. (Wikipédia) (Abril, 1986)

� Director-Geral da Agência Internacional da Energia Atómica, depois da visita a

Chernobyl: «O acidente de Chernobyl marca o fim do apogeu da energia nuclear. O acidente vai relançar no Ocidente um debate legítimo sobre a utilização do nuclear, sem contudo lhe pôr fim. O nuclear ajudou-nos a passar da era do petróleo a uma outra era energética, talvez da energia solar ou da fusão. Nós passámos uma barreira que não se pode voltar atrás e teremos de continuar, mas com um ritmo muito mais lento». (Expresso) (Maio, 1986)

� È publicada, pelo Ministério Planeamento e Administração do Território, a lista

(provisória) de grandes projectos a executar durante a próxima década, no qual se inclui uma central nuclear. (Diário de Noticias) (Dezembro, 1988)

� Organizações Não Governamentais apresentam rede anti-nuclear europeia. (03.05.2002 )

� A assembleia municipal de Miranda do Douro solicitou ao Ministério do Ambiente

esclarecimentos sobre a alegada intenção do Governo espanhol de instalar um cemitério de resíduos nucleares junto à fronteira portuguesa.( 07.01.2003 )

� PCP questiona Governo sobre eventual cemitério nuclear espanhol perto da fronteira.

(14.03.2003)

2002 2003

1979

1981

1986

1988

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� Portugal ameaçado por nuclear espanhol. Um estudo «chumbou» algumas das centrais

nucleares espanholas. Duas estão à beira da fronteira.( 19.07.2003)

� Proposta para acelerar o encerramento das centrais nucleares mais perigosas da Europa. Resultado da votação: Aprovada.( 10-03-2004)

� "Os Verdes" alertam para instalação de cemitério nuclear perto da fronteira. O Partido

Ecologista "Os Verdes" alertou hoje para o risco de Espanha instalar, até 2008, um cemitério nuclear junto à fronteira portuguesa. (28.04.2004 )

� "Os Verdes" querem discutir preocupações com programa nuclear espanhol.(15.09.2004 )

� Governo discute nuclear e barragem em Foz Côa como alternativa ao petróleo.

Documento gerou polémica e não foi tornado público. (22.10.2004 )

� Governo afasta a opção pelo nuclear (26.10.2004)

� 57% dos inquiridos aceita que o País venha a ter centrais nucleares (sondagem Rádio Renascença/SIC/Expresso) (15.11.2004)

� Quercus afirma que os resultados da sondagem da Rádio Renascença/SIC/Expresso

devem-se à falta de informação (Diário Digital)

� «Se a questão é a dependência do petróleo, há medidas muito mais importantes, ligadas à conservação de energia» (Francisco Ferreira) (15.11.2004)

� Investidores portugueses propõem central nuclear. Um grupo de investidores

portugueses, liderado pelo empresário Patrick Monteiro de Barros, pretende construir uma central nuclear em Portugal, que pode custar até três mil milhões de euros. (29.06.2005 )

� Ministro da Economia admite discutir construção de central nuclear em Portugal.(

30.06.2005 )

� Quercus rejeita central nuclear enquanto solução energética para Portugal. (30.06.2005 )

Blogs O tema da energia nuclear é um assunto que surgiu na “blogosfera” nacional em meados de 2005 suscitando, logo desde o início, polémica, discussão e debate. O blog http://ambio.blogspot.com assume-se como um dos percursores da discussão, sendo as intervenções de Miguel B. Araujo e Joanaz de Melo aquelas que mais se destacam. É de facto abundante a discussão em torno deste tema, havendo vários blogs que acompanham a evolução da problemática a nível nacional, como também a nível internacional. São exemplo os blogs http://ambio.blogspot.com, http://centralnuclear.blogspot.com, http://ablasfemia.blogspot.com e http://wwwopiniaode.blogspot.com. Como assuntos mais delicados e que suscitam mais participação dos blogers destacam-se o acidente e todas as consequências de Chernobil e principalmente as vantagens e desvantagens de implementar uma central nuclear de produção de energia eléctrica em Portugal.

� Ministro da economia inviabiliza projecto de central nuclear. Manuel Pinho corrige o tiro e

diz que a energia nuclear não faz parte do programa do governo (01.07.2005)

2004

2005

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� Patrick Monteiro de Barros – “não estou à espera de outro governo nem desisto da central nuclear apesar do veto do governo, o empresário, o rosto mais mediático da defesa do nuclear em Portugal, diz estar disponível para um debate aberto e esclarecido” sobre a ideia, num momento que diz justificar-se pela escalada dos preços do petróleo. (03.10.2005)

� A Convenção das Nações Unidas para as Alterações Climáticas é clara em relação ao

investimento na energia nuclear: nos projectos implementados no quadro dos mecanismos de Quioto (Mecanismos de Desenvolvimento Limpo, Implementação conjunta), a construção de centrais nucleares não faz parte dos investimentos considerados como aceitáveis (2006)

� João Joanaz de Mello, dirigente ambientalista do Grupo de Estudos e Ordenamento do

Território (GEOTA) define a sua posição contra a “intenção de um grupo económico de lançar uma central nuclear” em Portugal.(in “http://ambio.blogspot.com”) (08.10-05)

� Cavaco Silva defende reinício da discussão sobre energia nuclear.(11.01.2006 )

� Durão Barroso considera que União Europeia não deve excluir opção pelo nuclear.

(19.01.2006) Cabe perguntar se esta proposta de investimento de quatro mil milhões de euros numa central nuclear que terá como objectivo mais ambicioso poder vir a contribuir para a solução em 2016 de apenas 3,75 por cento do nosso consumo.

� Patrões e engenheiros organizam conferência sobre energia nuclear. Quase oito meses depois do veto governamental à proposta de construção de uma central nuclear em Portugal, o debate sobre esta forma de energia regressa pela mão dos seus mesmos promotores, Patrick Monteiro de Barros e Pedro de Sampaio Nunes (20.02.2006 )

� . A sondagem feita pelo Eurobarometer mostra que a população da maior parte dos

países da União Europeia (Europa dos 25) é contra. Em Portugal a percentagem a favor da produção de energia recorrendo a centrais nucleares é de 21 %. (“http://centralnuclear.blogspot.com”) (3-01-06)

� Pressão do nuclear regressa 30 anos depois Catorze especialistas portugueses e

estrangeiros em energia, maioritariamente favoráveis ao nuclear, reúnem-se hoje em Lisboa para uma conferência em que o assunto será debatido. Nenhum membro do Governo estará presente no encontro, mas é a entidade sob maior pressão neste momento, com vários sinais de movimentações de bastidores e de uma alegada disponibilidade para discutir o assunto. O tom de rejeição com que reagiu há oito meses à primeira abordagem dos defensores do nuclear é agora menos perceptível. (22.02.2006 )

� Ordem dos Engenheiros considera que energia nuclear «não pode ser um tabu».O

bastonário da Ordem dos Engenheiros (OE), Fernando Santo, defende que a energia nuclear "não pode ser um tabu" e deve ser discutida de "forma séria" em Portugal. Em resposta, a associação ambientalista Quercus sublinha que a energia nuclear serve apenas para produzir electricidade e afirma que a sua produção é dispendiosa. (22.02.2006 )

2006

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� Patrick Monteiro de Barros diz que foi dado "pontapé de saída do nuclear em Portugal".

O empresário Patrick Monteiro de Barros considerou hoje que a Conferência sobre a Energia Nuclear, que se realizou em Lisboa, foi o "pontapé de saída do nuclear em Portugal", embora o tema tenha reunido mais opositores do que apoiantes. (22.02.2006 )

� Opção implica duas centrais – Energia Nuclear. A entrada de Portugal na ‘era nuclear’

implicará a construção de pelo menos duas centrais nucleares e uma integração com a rede eléctrica espanhola, ou seja, uma produção num contexto ibérico. (23.02.2006 )

� A Ordem dos Engenheiros realizou uma conferência sobre o tema em Lisboa. O

empresário Patrick Monteiro de Barros – a cara dos promotores de uma central nuclear em Portugal – diz que ainda não tem «um não formal do Governo» e que não vai desistir dos seus intentos. (2006-02-25)

� João Almeida, dirigente da Juventude Popular (JP) considera a construção uma central

de energia nuclear uma boa hipótese para combater a crise energética. (Fonte: “http://cds-pp-lisboa.blogspot.com”) (29.03.06)

� Pedro Martins Barata, presidente da Euronauta , faz uma abordagem no blog

http://ambio.blogspot.com ao tema da energia nuclear e energias renováveis, expondo o que considera «mitos e falácias no discurso de muitos intervenientes no debate público sobre energia em Portuga»”. A sua intervenção é claramente contra o nuclear. (11-04-06)

� «É um não formal até ao fim desta legislatura e se os promotores não o

entendem como tal é um problema deles», sublinha o ministro do Ambiente, questionado pelo EXPRESSO. Nunes Correia é peremptório na rejeição do nuclear: «Evocarem o Protocolo de Quioto e as alterações climáticas como a grande razão para o nuclear, parece-nos manifestamente incorrecto». O ministro considera porém, que o debate deve ser feito na sociedade portuguesa, «mas há muitas coisas a esclarecer, como a quantificação dos custos, os tipos de tecnologia, o nível de segurança, o problema de resíduos e a forma como tudo isto deve ser contabilizado economicamente». (2006-02-25)

� “O Nuclear não está na agenda do Governo” Reiterou José Sócrates. (2006-02-25)

� Em Bruxelas, no exterior do edifício onde se reuniam os ministros da Energia, activistas

da ONG Amigos da Terra manifestaram-se a favor das energias renováveis e contra o nuclear. (2006-03-15)

� População de Ferrel revive primeiro protesto antinuclear 30 anos depois Vários

ambientalistas de diversos pontos do país e habitantes de Ferrel relembraram hoje os 30 anos do primeiro movimento antinuclear do país e reafirmaram a sua oposição a uma nova tentativa de construção de uma central nuclear em Portugal. (19.03.2006)

� Chernobil. Impossibilidade de calcular todas as vitimas, pois alguns efeitos não são

imediatos, como cancros causados pela radioactividade libertada no acidente. (2006-04-12)

2006

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� O primeiro-ministro decidiu romper o silêncio quanto ao tema da energia nuclear e fê-lo lembrando que alguns países consideram que «o risco do nuclear é aceitável». (21.04.2006)

� Ribeiro e Castro, apoiou hoje as declarações do primeiro-ministro, José Sócrates, que

defendeu um debate racional em Portugal sobre a energia nuclear. (Fonte:”http://cds-pp-lisboa.blogspot.com”) (24-04-06)

� Alerta do perigo nuclear feito pelo deputado do MPT na Assembleia da República

(http://wwwopiniaode.blogspot.com) (24-04-06)

� "Os Verdes" criticam desafio de José Sócrates para "debate racional" sobre o nuclear. O Partido Ecologista "Os Verdes" criticou hoje o desafio do primeiro-ministro para se desencadear um "debate racional" sobre o nuclear e reafirmou que, em matéria energética, é necessária "uma maior independência do petróleo". (22.04.2006 )

� Quercus: custos de uma central nuclear em Portugal agravariam o défice. Os custos

"habitualmente ocultados" da construção de uma central nuclear representariam em Portugal um "enorme investimento" que teria repercussões sobre o défice, alerta hoje a associação Quercus, no dia em que passam 20 anos sobre o acidente de Chernobil, na Ucrânia. (26.04.2006 )

� O Protocolo de Quioto termina em 2012. "Mesmo que se construa a central em cinco

anos, o que nunca aconteceu em nenhum local do mundo, significará zero como contributo para Quioto" (Aníbal Fernandes) (03.05.06)

� Douro apontado como preferido de Monteiro de Barros para o nuclear. (03.05.06)

� Quatro autarquias admitem protestar contra instalação. Nordeste Transmontano rejeita

proposta de construção de central nuclear. (18.05.2006)

� Louçã diz que energia é uma das questões mais graves da democracia portuguesa. O coordenador do Bloco de Esquerda (BE), Francisco Louçã, disse hoje que “a questão da energia é uma das mais graves da democracia portuguesa”, ao intervir na Faculdade de Ciências de Lisboa, durante um debate com estudantes. (16.05.2006)

� Directiva – Portugal vai criar entidade reguladora para o nuclear(22.05.2006 )

� Nuclear continua a ter vários riscos. "As centrais nucleares não são seguras. De todo.

Porque o problema é intrínseco à sua própria tecnologia". (Aníbal Fernandes) (03.05.06)

� Mira Amaral e Sampaio Nunes propõem referendo sobre energia nuclear. O antigo ministro da Indústria e Energia Mira Amaral e o promotor de um projecto para a construção de uma central nuclear em Portugal, Sampaio Nunes, defendem a realização de um referendo sobre a introdução da energia nuclear no país. (22.05.2006 )

� Peritos defendem referendo sobre energia nuclear. Central só pode ser construída com

entidade reguladora a funcionar. (22.05.2006 )

� Nuclear divide portugueses. O intervalo entre os que recusam e os que apoiam é de 1% (DN/TSF/Marktest). 38% não apoia, e 37% apoia. (29.05.2006)

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� É organizado, na Universidade do Porto, um colóquio para debater a energia nuclear.

(http://centralnuclear.blogspot.com) (17.06.06)

� Nuclear reduziria em 50% factura da electricidade adianta um estudo económico realizado por Pedro Cosme Vieira, da Faculdade de Economia do Porto (FEP) (24.07.2006 )

� Partido “Os Verdes” alerta para possível cemitério nuclear junto à fronteira nas margens

do Douro. O partido “Os Verdes” alertou hoje para a possibilidade de uma localidade espanhola, perto da fronteira portuguesa, nas margens do rio Douro, vir a receber 6700 toneladas de resíduos radioactivos durante um período de 60 anos. Os ecologistas garantem “desempenhar todos os esforços” para impedir o “cemitério nuclear”. (03.08.2006)

� Reactor nuclear sem licença: funciona em Sacavém, serve para investigação e nunca foi

licenciado. União Europeia abriu processo. (06.08.2006)

� Partido ecologista pede explicações ao Governo sobre reactor nuclear português. (07.08.2006)

� Presidente da Câmara de Loures quer reactor nuclear fora de Sacavém. (10.08.2006)

� O que pensam os partidos sobre o nuclear em Portugal. O PS não tem ainda uma

posição, mas pelo historial não são a favor, O nuclear não está na agenda do governo mas não querem fugir ao debate. O PSD não tem ainda posição definida mas não excluem a hipótese. O CDS-PP, sem posição ainda definida, mas trouxe o tema para debate. O BE é veementemente contra. O PCP é contra o avanço de centrais nucleares em Portugal. O PVE é contra e critica a posição ambígua do governo. (13.08.2006)

� Quercus exigiu o encerramento da central nuclear de Almaraz, em Espanha, lembrando

os acidentes que a estrutura tem sofrido, o último dos quais em Junho. (09.09.2006 )

� As emissões do sector da produção de electricidade podem ser reduzidas em 22% até 2030 se houver uma aposta em garantir um quinto da produção de electricidade por fontes renováveis – Portugal em 2010 terá já de garantir o dobro (39%), devendo assim ficar bem acima desde objectivo em termos nacionais. (Agência Europeia do Ambiente) (2006)

� «Os argumentos invocados pelos promotores do EPR (o tipo de reactor em causa) em

Portugal, são falsos». O ex-deputado europeu, que presidiu ao «think tank» «Nuclear Concerns Europe», lembra que «a energia nuclear é mais cara se internalizarmos os verdadeiros custos no preço final, e os seus promotores ainda não perceberam que Quioto é para cumprir a partir de 2008 e não 2012». Moreira da Silva considera que «o que se tem passado nos últimos meses é uma operação de propaganda com intuito comercial de um fabricante de reactores nucleares, e não um debate sério». (2006)

� Referendo sobre a introdução de energia nuclear em Portugal não é, para já, uma

prioridade, uma vez que os eventuais benefícios da energia nuclear que são apresentados não estão comprovados, e não existe ainda qualquer avanço quanto à localização dessa eventual central. (Quercus)(2006)

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Manifestações O maior entrave na energia nuclear é a contestação popular. Regra geral as pessoas mostram-se contra a energia nuclear, muitas das vezes são representadas pelas ONGA’s. Do outro lado da balança existe a indústria e gestores que vêm o nuclear como uma energia barata e livre de emissões de dióxido de carbono. Nos últimos anos registaram-se algumas manifestações nesta temática: 04.2002 Japoneses exigem encerramento de central nuclear 07.2002 Greenpeace protesta contra reabertura de central nuclear espanhola 10.2002 Noventa por cento dos japoneses receiam acidente nuclear 10.2002 Manifestação anti-nuclear europeia marcada para 20 de Outubro em Estrasburgo 2002 França vê centrais nucleares do país envoltas em polémica devido a segurança 01.2003 Indústria alemã defende que nuclear reduz 165 milhões de toneladas de CO2 11.2003 Italianos marcham contra lixeira nuclear 02.2004 Quatro localidades checas recusam armazém nuclear por referendo 04.2004 Sondagem revela que 46 por cento dos suecos são favoráveis ao nuclear 07.2004 Rússia: Organizações ecologistas denunciam armazenamento de resíduos nucleares 06.2005 Ecologistas espanhóis pedem encerramento das centrais nucleares 10.2004 Activistas da Greenpeace bloqueiam central nuclear espanhola 09.2005 Greenpeace exige congelamento da construção de reactor nuclear na Finlândia 11.2005 Silvio Berlusconi relança discussão sobre energia nuclear na Europa 01.2006 Comissário europeu Joaquín Almunia pede debate sobre nuclear na UE 04.2006 Centenas de pessoas protestam contra o nuclear em França 08.2006 Espanha: milhares de pessoas protestam contra cemitério nuclear em Peque 09.2006 Espanha: 65 municípios pedem informações ao Governo sobre armazém nuclear

� As autoridades espanholas relativizam a oferta do alcalde de um pequeno município de

Zamora, no Douro Internacional, para acolher um armazém temporário de resíduos nucleares de média e alta actividade. Mas a oferta já pôs em efervescência as populações e os ecologistas de ambos os lados da fronteira. (2006)

� «Todas as energias geram entropias e problemas ambientais e é preciso equacioná-las

de forma a integrá-las o melhor possível dentro de um quadro de sustentabilidade», declarou António Eloy acerca do seu manual que publicou onde explica as várias energias renováveis ou “Sem-fim”. (2006)

� O Grupo Parlamentar de “Os verdes”, confrontou o primeiro-ministro na Assembleia da

República com a questão forçando-o a clarificar a posição do Governo e assim afastando para já a hipótese de aprovar um projecto para uma central Nuclear em Portugal. (2006)

O Prof. Paul Joskow, do MIT, que fez um estudo recente para promover o nuclear nos EUA, refere vários problemas críticos. Um é o problema do custo: o nuclear não é tão competitivo como o carvão e o gás natural. Quando a Areva vem falar de €1400 euros por megawatt instalado, o MIT fala de €2000. Mas Joskow avisa que o projecto para Portugal não contabiliza os custos exteriores à central, como a regulação, as inspecções, a segurança do transporte do urânio enriquecido ou o tratamento final dos resíduos, que levam 20 mil anos a perder a radioactividade. (Carlos Pimenta) (2006)

� A manifestação em Ferrel no passado dia 19 de Março, a assinalar os 30 anos da

primeira manifestação anti-nuclear em Portugal, demonstrou por outro lado que a sociedade portuguesa está mobilizada para contestar qualquer intenção de central nuclear no nosso território. (GAIA) (2006)

� A energia nuclear

nunca poderá ser dissociada da indústria militar. Numa altura em que as tensões se agravam ao nível internacional e em que muito se tem falado do tratado da não proliferação

nuclear a propósito da revitalização da indústria nuclear no Irão, colocam-se várias dúvidas sobre a bondade de continuar a apostar na energia nuclear. Se por um lado assistimos apreensivos ao programa de enriquecimento de urânio por parte do Irão por outro assistimos à hipocrisia dos Estados Unidos da América da Rússia da França ou da Inglaterra que ao abrigo do tratado de não proliferação do nuclear impõem restrições à utilização da energia nuclear, por parte de outros países enquanto alimentam os seus

2006

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próprios programas nucleares renovando e aumentando o arsenal bélico nuclear. (GAIA) (2006)

� Mira Amaral tem muitas dúvidas, devido aos custos do projecto e da electricidade

produzida. E reconhece que «é totalmente irrealista arrancar com uma central nuclear em Portugal com um sistema de segurança próprio, devido aos elevados custos fixos, só fazendo sentido diluir esses custos» num aparelho de segurança ibérico. «Não penso que o nuclear seja a varinha mágica da nossa competitividade, mas antes um ‘mix’ de várias fontes de energia em que devemos também estar abertos ao nuclear». (2006)

� «O projecto de Monteiro de Barros é perigosíssimo para Portugal» Carlos Pimenta

(2006)

A França tem 50 centrais e tem o mesmo consumo «per capita» de petróleo que a Alemanha e os mesmos impactos nos preços. O petróleo é utilizado essencialmente nos transportes e na produção industrial e o nuclear não o vai substituir. Dependemos em 60% do petróleo. E 60% da energia é desperdiçada, o que equivale a quatro mil milhões de euros desperdiçados. O projecto nuclear proposto contribui apenas com 3,75% para as nossas necessidades de energia e, portanto, trata-se de um risco físico e económico desnecessário. (Carlos Pimenta)

� «Não há condições democráticas para tomar uma decisão» José Penedos, presidente

da Rede Eléctrica Nacional (REN) (2006)

� José Luís Zapatero, já referiu que não é favorável à construção de mais centrais deste tipo. (2006)

� Passou-se para um modelo multipolar, com reforço dos nós locais e maior proximidade

entre o sítio onde a electricidade é produzida e aquele onde é utilizada. Deste ponto de vista, uma grande central teria de ser localizada numa zona periférica, o que «reproduz o modelo dos anos 50, quando se fizeram grandes barragens no Douro e quem morava à volta continuava a alumiar-se a petróleo», (Oliveira Fernandes). (2006)

� Nordeste Transmontano rejeita proposta de construção de central nuclear. (2006)

� Também o autarca de Miranda do Douro, Manuel Rodrigo, entende que «só o simples

facto de se falar na possibilidade de uma central nuclear, afasta investidores na área do turismo, a principal aposta da regi», o que considera "gravíssimo". (2006)

� Num referendo sobre a construção de centrais nucleares em Portugal, a maioria dos

eleitores (51,7%) votaria a favor e 33,5% contra, revela uma sondagem EXPRESSO/Eurosondagem. Questionados também sobre as várias formas de energia, os inquiridos consideram que o petróleo é a que tem um impacto mais negativo no ambiente (41,8%). Segue-se o carvão (30,5%), a nuclear (13,1%) e o gás natural (3,5%). (2006)

� Realiza-se amanhã, em Ferrel (Peniche), uma concentração comemorativa dos 30 anos

da marcha contra a construção de uma central nuclear, no local onde vai ser implantado um parque eólico. Na próxima semana, a cimeira europeia discutirá a questão energética e o nuclear, na sequência do Livro Verde apresentado por Durão Barroso. (2006)

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� Um incidente inesperado num dos dez reactores em funcionamento na Suécia, cuja autoridade de controlo da energia nuclear (SKI) já qualificou de "sério", relançou o debate sobre o futuro da energia atómica. (Plataforma não ao Nuclear) (2006)

� Os Vinte e Cinco (EU-25), por seu lado, defenderam ainda que o nuclear deve ser uma

escolha de cada Estado. (2006)

� A Associação Industrial Portuguesa (AIP) quer que o Governo estude e promova um «amplo debate nacional» sobre a produção de electricidade a partir da energia nuclear em Portugal. (25.10.2006)

� O ex-secretário de Estado da Ciência e Inovação de Santana Lopes, Sampaio Nunes,

descartou totalmente «qualquer perigo da tecnologia nuclear», citando estatísticas segundo as quais «morre mais gente nas minas de carvão ou no colapso de barragens que em acidentes nucleares». Para ele, o problema do armazenamento dos resíduos «está satisfatoriamente resolvido pela tecnologia actual». E há países, como a Rússia ou a Austrália, dispostos a recebê-los mediante pagamento. (2006)

� Monteiro de Barros apresentou-se como o empresário que «não pede um tostão ao

Estado e assume os riscos do empreendimento», e descarta os perigos ambientais do nuclear. O empresário considera que «estamos no ‘timing’» e que «qualquer decisão posterior terá custos acrescidos». (2006)

� Monteiro de Barros. "O Douro pode ser uma possibilidade, mas há várias no Centro e

Norte do país. Em cima dos rios ou em cima do mar..." (2006)

� Britain disse que eram necessária novas centrais nucleares, mais electricidade eólica e das ondas, e cortes no consume de energia para combater o aquecimento global e reduzir a dependência do petróleo e do gás natural. (2006)

� O CDS-PP vai promover dois debates sobre o nuclear como alternativa energética nos

próximos dias 3 e 10 de Julho, um com convidados defensores do «não» e outro com os defensores da aposta neste tipo de energia. (2006)

� Primeiro-ministro Tony Blair disse que seria preciso muito para convencer a Inglaterra

de que o seu futuro não passaria pela Energia Nuclear e apoia uma nova geração de reactores. (2006)

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Anexo IV – Citações Curiosas Diário Lisboa, Maio de 1977 • “Eu cá dessas coisas nucleares, ou lá como é, não sei

nada. Mas uma coisa eu não consinto que os dótores lá de Lisboa me digam o contrário: tou a ser enganado (…) porque nenhum dos menistros me veio perguntar se eu queria ou não queria a central nuclear em minha casa. Podia ser que eu quisesse, tou no meu direito, não tou?” • “Digam lá aos dótores que a gente não vai na fita com duas cantigas. Têm que nos vir explicar tudo tim-tim por tim-tim” e depois vamos lá a ver como é” • “A malta do campo gosta de saber em redil é que mete o gado”

http://ambio.blogspot.com 17.05.2005

• «No entanto, a questão merece ser seriamente examinada, porque significa que o lobby nuclear está vivo e de saúde, e portanto disposto a voltar à carga a qualquer momento. Cidadão prevenido vale por dois...»

http://pt.indymedia.org/ 09.03.2002

«"A energia nuclear não vem solucionar nada, apenas serve para produzir electricidade." LOLOLOLOL!!! Não resolve nada...só produz electricidade!!! AHAHAHAHAHAHAHA!!!»

http://pt.indymedia.org/ 15-03-2006

«De que tipo de psicose sofre o Dr. Patrick Monteiro de Barros, e qual o efeito da sua doença mental na cultura e no ambiente em que vivemos»