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Giovanni Seabra
(Organizador)
TERRA Sade Ambiental e Soberania
Alimentar
Volume III
Ituiutaba, MG
Maro / 2015
Giovanni Seabra (Org.), 2015.
Arte Grfica e editorao: Claudia Neu, Cntia Alvino da Luz Pereira, Laciene Karoline Santos de Frana,
Loester Figueira de Frana Filho e Maiane Barbalho da Luz.
Arte da capa: Ana Neu
Contatos:
www.conferenciadaterra.com
Edio: E-books Barlavento
Prefixo editorial: 68066
Brao editorial da Sociedade Cultural e Religiosa Il As Bab Olorigbin.
CNPJ: 19614993000110
Caixa postal n 9. CEP 38.300-970, Centro, Ituiutaba, MG.
Conselho Editorial:
Mical de Melo Marcelino (Editor-chefe)
Anderson Pereira Portuguez
Antnio de Oliveira Junior
Claudia Neu
Hlio Carlos Miranda de Oliveira
Maria Izabel de Carvalho Pereira
TERRA Sade Ambiental e Soberania Alimentar / Giovanni Seabra (Organizador).
Ituiutaba: Barlavento, 2015. Vol. III. 1525p.
ISBN: 978-85-68066-10-2
1. alternativas de manejo; 2. tecnologias de melhoramento; 3. envolvimento comunitrio
I. SEABRA, Giovanni
Os contedos a formatao de referncias e as opinies externadas nesta obra so de responsabilidade
exclusiva dos autores de cada texto.
Todos os direitos de publicao e divulgao em lngua portuguesa esto reservados E-books Barlavento e
aos organizadores da obra.
Ituiutaba, MG
Maro / 2015
APRESENTAO
TERRA
Sade Ambiental e Soberania Alimentar
Com o Tema Geral Agricultura Familiar, Natureza e Segurana Alimentar A Conferncia
da Terra - Frum Internacional do Meio Ambiente - 2014, sediada na cidade de Joo Pessoa,
Paraba, no perodo de 19 a 22 de novembro reuniu 800 congressistas. O Encontro foi promovido
pela Universidade Federal da Paraba, em sintonia com a 66 Assembleia Geral das Naes Unidas,
que elegeu 2014 como Ano Internacional da Agricultura Familiar (AIAF).
Segundo a Organizao para Alimentao e Agricultura (FAO), a Segurana Alimentar e
Nutricional uma forma de garantir a todas as pessoas condies de acesso a alimentos bsicos de
qualidade, em quantidade suficiente e de modo permanente, sem comprometer o acesso a outras
necessidades essenciais. A Soberania Alimentar, por sua vez, remete ao conceito de liberdade e
soberania de um povo, que depende, necessariamente, da alimentao.
Os trabalhos apresentados na Conferncia da Terra esto materializados na publicao de 16
artigos no livro impresso A Conferncia da Terra: Agricultura Familiar, Natureza e Segurana
Alimentar, lanado durante o evento, e o e-Book A Conferncia da Terra: Sade Ambiental e
Soberania Alimentar, que hora apresentamos, contendo 430 artigos versando sobre diversos temas,
com abordagem socioeconmica e socioambiental.
O Ano Internacional da Agricultura Familiar 2014 teve como objetivo aumentar a
visibilidade da agricultura familiar e da agricultura de pequena escala, despertando a ateno
mundial sobre a importncia do seu papel na reduo da fome e da pobreza, propiciando maior
segurana alimentar e nutrio, aprimorando os meios de subsistncia, a gesto dos recursos
naturais e a proteo do meio ambiente e incentivando o desenvolvimento sustentvel,
especialmente nas reas rurais.
Como resultado da mobilizao e motivao dos agricultores de base familiar, houve amplos
debates e conquistas nos nveis nacional, regional e global, aumentando possibilidade para
superao dos desafios enfrentados.
A agricultura familiar tem um papel importante no desenvolvimento socioeconmico,
ambiental e cultural e est relacionada a vrias reas do desenvolvimento rural, como agricultura,
pecuria, silvicultura, pesca, extrativismo, aquicultura pastoral e turismo com base local, sendo
operada pelas famlias e associaes comunitrias. A produo rural no mbito familiar a forma
predominante na oferta de alimentos para suprimento dirio da populao.
Giovanni Seabra
SUMRIO
Vulnerabilidade, Riscos e Controle Ambiental ............................................................................................... 12
MAPEAMENTO GEOMORFOLGICO: UMA CONTRIBUIO AO MUNICPIO DE ARATUPE,
NA BAHIA .................................................................................................................................................. 13
RISCOS + SUSCETIBILIDADE = DESASTRES CONTEXTO NO ESTADO DA PARAIBA .............. 24
DIAGNSTICO DO USO E MANEJO DO SOLO NO MUNICPIO DE CURRAIS NOVOS/RN -
BRASIL ....................................................................................................................................................... 30
AS COOPERATIVAS MINEIRAS NA BOLVIA: ASPECTOS EDUCATIVOS E ECONMICOS DE
PRTICAS SUSTENTVEIS ................................................................................................................... 42
PLANEJAMENTO E RISCOS AMBIENTAIS URBANOS...................................................................... 50
TUBERCULOSE TRANSMITIDA PELO LEITE DE VACA .................................................................. 62
OCUPAO IRREGULAR E VULNERABILIDADE DE RISCOS GEOLGICOS NO BAIRRO DO
CURADO: JABOATO DOS GUARARAPES-PE................................................................................... 68
PERFIL DAS COMUNIDADES QUILOMBOLAS PARABANAS: NDICE DE VULNERABILIDADE
DE ESCASSEZ E QUALIDADE DE GUA DE USO DOMSTICO -IEQ ............................................ 79
MODELO DIGITAL DE ALTURA E VOLUME DE VEGETAO NATURAL COMO
FERRAMENTA PARA DIAGNSTICO E MONITORAMENTO DE REAS DEGRADADAS ......... 88
AGROTXICOS, MEIO AMBIENTE E SADE HUMANA: ESTUDO DE CASO NA COMUNIDADE
DO GRAMOREZINHO/NATAL/RN ....................................................................................................... 102
PERFIL DO SEMIRIDO RURAL BRASILEIRO: NDICE DE VULNERABILIDADE
SOCIOECONMICA E ECOLGICA DOS DOMICLIOS PARTICULARES PERMANENTES POR
SETOR CENSITRIO - ISE .................................................................................................................... 116
PROPOSTA DE RECUPERAO DE REAS DEGRADADAS NO MUNICPIO DE PIMENTA
BUENO/RO: OPERAO ARCO DE FOGO E ARCO VERDE ........................................................... 126
DIAGNSTICO DA INFILTRAO DE GUA E DA COMPACTAO DO SOLO EM REA SOB
PROCESSO DE DEGRADAO ............................................................................................................ 140
IDENTIFICAO E PROPOSTA DE CONTROLE DOS IMPACTOS AMBIENTAIS RESULTANTES
DA IMPLANTAO DO CAMPUS UNIVERSITRIO DA UFCG EM POMBAL-PB ....................... 152
NAVEGANDO DE ACORDO COM A LEI DO RIO .......................................................................... 163
AVALIAO SIMPLIFICADA DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NUMA REA DO ENTORNO DOS
MUNICPIOS DE SOLNEA E BANANEIRAS .................................................................................... 176
OLHAR DO POVO POTIGUARA DA PARABA SOBRE AS MUDANAS NA SUA CULTURA
AGRCOLA .............................................................................................................................................. 188
PROVVEIS IMPACTOS AMBIENTAIS DECORRENTES DA FRUTICULTURA IRRIGADA DA
BANANEIRA: O CASO DE UM EMPREENDIMENTO EM IPANGUAU RN .............................. 194
ESTUDOS SOBRE A ADSORO DO CORANTE AZUL DE METILENO UTILIZANDO CASCA
DO CAJUEIRO COMO MATERIAL ALTERNATIVO ADSORVENTE .............................................. 207
FORMIGAS DA ILHA DE CARIM (RAPOSA, MARANHO) E SUA DISTRIBUIO NOS
DIFERENTES HABITATS ...................................................................................................................... 218
ANLISE DA VULNERABILIDADE SOCIOAMBIENTAL NA COMUNIDADE INDGENA
PITAGUARY - CE .................................................................................................................................... 224
IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS NA PRAIA DE BZIOS - NSIA FLORESTA/RN ...................... 232
PRINCIPAIS IMPACTOS AMBIENTAIS NO MUNICPIO DE VIANA, MARANHO - BRASIL ... 244
IDENTIFICAO DA FLORA PIONEIRA COMO BIOINDICADOR EM AREA DEGRADADA POR
QUEIMADA ............................................................................................................................................. 248
DEGRADAO FOTOCATALTICA DE 4-NITROFENOL EM SUSPENSO AQUOSA DE
NANOPARTCULAS DE TiO2 ................................................................................................................ 258
O PORTO DAS GAMBARRAS E SUA IMPORTNCIA HISTRICA E ECONMICA PARA
ANAJATUBA ........................................................................................................................................... 271
IMPACTOS AMBIENTAIS DE DESPEJO DE LIXO INADEQUADO EM TERRENO BALDIO DE
CAMPINA GRANDE PB ...................................................................................................................... 278
PERCEPO ECOLGICA COLETIVA: O CASO DA VOOROCA NAS PROXIMIDADES DO
PARQUE ECOLGICO DA TIMBABAS, NO MUNICPIO DE JUAZEIRO DO NORTE ............... 285
DELINEAMENTO DO SITIO URBANO, VULNERABILIDADE E PAISAGEM DE RISCO EM
AREIA-PB ................................................................................................................................................. 296
CONTAMINAO POR AGROTXICO: PERCEPO DOS ALUNOS DE UMA ESCOLA
MUNICIPAL NA VILA FLORESTAL EM LAGOA SECA / PB ........................................................... 310
USO E OCUPAO DO SOLO NA SERRA DO ESPINHO, PILES/PB ............................................ 317
LEVANTAMENTO DA QUALIDADE DA GUA EM REA CULTIVADA COM BANANEIRA NO
VALE DO A ........................................................................................................................................ 328
PERCEPO DAS CONDIES HIGINICO-SANITRIAS E IMPACTOS AMBIENTAIS DE
FEIRA LIVRE NA CIDADE DE CAMPINA GRANDE PB ................................................................ 336
USOS ATUAL DAS TERRAS NO ESPAO RURAL DA SUB-BACIA HIDROGRFICA DO RIO
ITAMIRIM, SERGIPE .............................................................................................................................. 343
ATIVIDADE INSETICIDA DO LEO ESSENCIAL DE Hyptis suaveolens (L.) POIT. SOBRE
Drosophila melanogaster .......................................................................................................................... 354
OBSERVAO PRELIMINAR DA INFESTAO DE COLCHONILHA DO CARMIM (Dactylopius
opuntiae) NA PALMA FORRAGEIRA (Opuntia fcus-Indica Mill.) ...................................................... 363
ATIVIDADE ALELOPTICA DO HIDROLATO DE ESPCIES MEDICINAIS SOBRE O
DESENVOLVIMENTO DA RCULA (Eruca sativa L.) ....................................................................... 371
ESTRUTURA DE Cupania impressinervia Acev.-Rodr. EM REMANESCENTE DE FLORESTA
OMBRFILA DENSA EM BANANEIRAS, PB ..................................................................................... 380
REFLORESTAMENTO DO BIOMA CAATINGA NO ASSENTAMENTO RURAL MOACIR
LUCENA, APODI-RN .............................................................................................................................. 393
ESTUDO DO INGRESSO NO ESTRATO ARBUSTIVO-ARBREO REGENERANTE E DA
MORTALIDADE EM UMA REA EM ESTGIO DE SUCESSO INICIAL NO CARIRI
PARAIBANO ............................................................................................................................................ 404
PERSPECTIVAS ATUAIS DO USO DE FITOTERPICOS PARA CONTROLE DA
HIPERCOLESTEROLEMIA .................................................................................................................... 413
DIAGNSTICO DA VULNERABILIDADE SOCIOECONMICA E AMBIENTAL DA POPULAO
IDOSA DO MUNICPIO DE SUM-PB ................................................................................................. 425
ALELOPATIA: FORMA ALTERNATIVA NO CONTROLE DE PLANTAS DANINHAS ................. 437
Tratamento de Resduos, Saneamento e Reciclagem .................................................................................... 445
A IMPORTNCIA DO SANEAMENTO BSICO, DA PARTICIPAO DA SOCIEDADE CIVIL E
DAS GESTES PBLICAS .................................................................................................................... 446
RECICLAGEM DE LEO DE COZINHA E IMPLANTAO UM PONTO DE COLETA
VOLUNTRIO COM ALUNOS DO ENSINO MDIO EM CAMPINA GRANDE-PB ....................... 453
RESDUO SLIDO: UMA PROPOSTA INTERDISCIPLINAR DE EDUCAO AMBIENTAL ...... 465
DIGESTO ANAERBIA DE RESDUOS SLIDOS ORGNICOS .................................................. 477
DISPOSIO DE RESDUOS SLIDOS NO ENTORNO DA ESTAO ECOLGICA DE CAETS -
PE: OPORTUNIDADE DE EDUCAO AMBIENTAL NA COMUNIDADE LOCAL ...................... 489
PS-TRATAMENTO DE EFLUENTE ANAERBIO EM REATOR COM ALGAS IMOBILIZADAS
EM ESCALA EXPERIMENTAL ............................................................................................................. 498
USO DE GUAS RESIDURIAS NA AGRICULTURA: DISCUSSO SOBRE SUA VIABILIDADE
................................................................................................................................................................... 507
DESEMPENHO DE REATOR ANAERBIO HBRIDO NA REMOO DE SULFETOS ................ 518
ANLISE SCIO-AMBIENTAL DO RIACHO CURIMATA NO PERMETRO URBANO DE SO
JOS DOS RAMOS/PB ............................................................................................................................ 526
ANLISE DA SITUAO DE SANEAMENTO BSICO NO ESTADO DA PARABA ................... 538
GESTO DE RESDUOS SLIDOS NO CEFET-MG - CAMPUS CURVELO: EVOLUO QUALI-
QUANTITATIVA ..................................................................................................................................... 551
PS-TRATAMENTO DE ESGOTO SANITRIO EM LAGOA DE POLIMENTO ............................. 562
IMOBILIZAO DE MICROALGAS NO TRATAMENTO DE GUAS RESIDURIAS ................. 574
RESDUOS SEM TRATAMENTO E SEUS IMPACTOS NA SADE HUMANA E NO MEIO
AMBIENTE .............................................................................................................................................. 587
USO DA CASCA DA BANANA NATURAL NA REMOO DE CHUMBO PARA REMEDIAO
DE EFLUENTES AQUOSOS A PARTIR DO PROCESSO DE ADSORO ...................................... 601
POTENCIAL DE APROVEITAMENTO DE GUA DE REFRIGERAO DE DESTILADOR DE
GUA LABORATORIAL ....................................................................................................................... 613
FILTRAO DA URINA COM UM FILTRO CASEIRO COMO ALTERNATIVA PARA SITUAES
DE ESCASSEZ HDRICA ........................................................................................................................ 626
IMPACTOS AMBIENTAIS GERADOS PELO DESCARTE DE REMDIOS NO LIXO URBANO .. 636
OS IMPACTOS CAUSADOS PELA DEPOSIO INADEQUADA DO LIXO: O CASO DE SO
FERNANDO-RN ...................................................................................................................................... 646
ASPECTOS AMBIENTAIS EM POSTOS REVENDEDORES DE COMBUSTVEIS (PRC) NA
ATIVIDADE DE ABASTECIMENTO DE VECULOS ......................................................................... 654
A SERRAGEM COMO MATERIAL ADSORVENTE DO CORANTE AZUL DE METILENO ......... 668
ENTRAVES DA ELABORAO DE PLANOS MUNICIPAIS DE SANEAMENTO BSICO:
ESTUDO DE CASO NO MUNICPIO DE QUIXERAMOBIM CE .................................................... 676
AVALIAO DA EFICINCIA DA SOLUO COAGULANTE DE Moringa oleifera NO
TRATAMENTO DA GUA DO RIO APODI/MOSSOR PREPARADA EM DIFERENTES
INTERVALOS DE AGITAO ............................................................................................................... 687
DEGRADAO AMBIENTAL PROVENIENTE DA DISPOSIO FINAL DE RESDUOS SLIDOS
URBANOS NO MUNICPIO DE PRINCESA ISABEL/PB .................................................................... 695
PERCEPO AMBIENTAL DOS MORADORES DA COMUNIDADE RURAL P DE SERRA DE
BARREIRAS, ICAPU/CE ....................................................................................................................... 707
RESDUOS SLIDOS: VISO DOS GESTORES E CATADORES DO MUNICPIO DE
JAGUARUANA-CE ................................................................................................................................. 717
CONTRIBUIES DA EDUCAO AMBIENTAL PARA O SANEAMENTO NO SETOR DO
ESGOTAMENTO SANITRIO ............................................................................................................... 730
GERENCIAMENTO DE RESDUOS SLIDOS NO MUNICPIO DE GROSSOS/RN ....................... 738
ALGUMAS REFLEXES SOBRE CONTROLE AMBIENTAL DO AR NA CIDADE DO NATAL-RN
................................................................................................................................................................... 751
LOGSTICA REVERSA DE LEO LUBRIFICANTE USADO OU CONTAMINADO ...................... 761
OS ENTRAVES NA IMPLANTAO DO PLANO DE GERENCIAMENTO DE RESDUOS
SLIDOS NAS ESCOLAS PBLICAS DO MUNICPIO DE QUIXAD-CE ..................................... 772
CARACTERIZAO FSICO-QUMICA DA GUA DE ALIMENTAO E DE UM EFLUENTE
GERADO DE UMA INDSTRIA TXTIL ............................................................................................ 781
CATADORES E DESTINAO FINAL DOS RESDUOS SLIDOS NO RIO GRANDE DO NORTE
................................................................................................................................................................... 789
DESODORIZAO DE EFLUENTE ANAERBIO UTILIZANDO MICROAERAO................... 800
CARACTERIZAO DO SISTEMA DE ESGOTAMENTO SANITRIO NA CIDADE DE GROSSOS
- RN ........................................................................................................................................................... 810
ANLISE DA COLETA SELETIVA DOS MUNICPIOS DE ARACAJU E JOO PESSOA: UM
PASSO PARA A GESTO INTEGRADA E SUSTENTVEL DOS RESDUOS SLIDOS URBANOS
MUNICIPAIS ............................................................................................................................................ 822
MODELO DIFERENCIADO DE GERENCIAMENTO DOS RESDUOS SLIDOS URBANOS PARA
O MUNICIPIO DE QUIXAD/CE: IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS E PERSPECTIVA DE
MANEJO SUSTENTVEL ...................................................................................................................... 836
RESDUOS SLIDOS E EDUCAO AMBIENTAL: HERANA E DESAFIOS .............................. 848
DESEMPENHO DA CASCA DA BANANA COMO BIOSSORVENTE NATURAL NA REMOO DE
COBRE PARA REMEDIAO DE EFLUENTES AQUOSOS ............................................................. 857
Biotecnologia e Melhoramento dos Recursos Genticos .............................................................................. 871
INFLUNCIA DO SUBSTRATO NA EMERGNCIA DE PLNTULAS DE MANGABEIRA
(Hancornia speciosa Gomes) .................................................................................................................... 872
INFLUNCIA DA TEMPERATURA NO CRESCIMENTO RADIAL E NA ATIVIDADE DAS
ENZIMAS TANINO ACIL HIDROLASE E FENOLOXIDASE EM MUCORALES DO SEMIRIDO
DE PERNAMBUCO ................................................................................................................................. 882
CINTICA DE SECAGEM DE SEMENTES DE JERIMUM CABOCLO ............................................. 894
INFLUNCIA DO PH NA FITOTOXICIDADE DE RESDUOS SLIDOS ORGNICOS
PROVENIENTES DE UMA ESCOLA PBLICA .................................................................................. 903
OBTENO E CARACTERIZAO FSICO-QUMICA DE SAPOTI (Achras sapota L.) EM P
OBTIDO POR LIOFILIZAO............................................................................................................... 912
ANLISE DA CINTICA DE SECAGEM EM CAMADA FINA DE POLPA DE MELO ................ 924
PRINCIPAIS MEIOS NUTRITIVOS PARA MICROPROPAGAO DE TECA (Tectona grandis):
UMA REVISO BIBLIOGRFICA ........................................................................................................ 938
SECAGEM DA POLPA DE RAMBUTAN EM CAMADA FINA ......................................................... 950
ESTUDO TOXICOLGICO DO EXTRATO AQUOSO (LEITE) DO AMENDOIM FRENTE
Artemia salina LEACH E ANLISE AGUDO EM RATOS WISTAR ................................................... 961
INFLUNCIA DA ESCARIFICAO MECNICA NA GERMINAO DE SEMENTES DE Ormosia
fastigiata TUL. (FABACEAE) ................................................................................................................. 973
INDUO DE RESISTNCIA A DOENAS PS-COLHEITA ........................................................... 982
EFEITO DO SUBSTRATO NA GERMINAO DAS SEMENTES DE PITOMBA Talisia esculenta
(A.St.-Hil.) Radlk. ..................................................................................................................................... 990
RESPOSTAS MORFOFISIOLGICAS DAS PLANTAS AO DEFICIT HDRICO .............................. 997
COMPARAO ENTRE OS TIPOS DE ESTERILIZAO DO MEIO NUTRITIVO PARA CULTIVO
DO MARACUJAZEIRO (Passiflora edulis F. flavicarpa DEGENER) ................................................. 1008
CRESCIMENTO DE (Tabebuia aurea (Silva Manso) Benth. & Hook F. Ex S. Moore) EM FUNO DE
INTERVALOS DE APLICAO E CONCENTRAES DE BIOFERTILIZANTE VIA FOLIAR . 1015
COMPORTAMENTO PRODUTIVO DE GENTIPOS DE MILHO EM ALTA DENSIDADE
POPULACIONAL .................................................................................................................................. 1026
CARACTERIZAO FLORAL EM POPULAO BASE DE PIMENTEIRAS ORNAMENTAIS
(Capsicum annuum L.) ............................................................................................................................ 1035
AVALIAO DE GENTIPOS DE FEIJO AZUKI (Vigna angularis) EM DIFERENTES
ESPAAMENTOS NO MUNICPIOS DE RIO LARGO-AL ............................................................... 1043
COMPARAO DA ATIVIDADE COAGULANTE DA SEMENTE DE Moriga oleifera PROCESSADA
POR DIFERENTES FORMAS COM UM COAGULANTE QUMICO ............................................... 1052
GERMINAO DE SEMENTES DE Parkia platycephala Benth. EM FUNO DE DIFERENTES
TEMPERATURAS E SUBSTRATOS ................................................................................................... 1059
MTODOS PARA SUPERAO DE DORMNCIA EM SEMENTES DE Samanea tubulosa (BENTH.)
................................................................................................................................................................. 1067
VARIABILIDADE FENOTPICA ENTRE GENTIPOS DE PIMENTA (Capsicum spp.) ................ 1074
SEMENTES DE FAVA (Phaseolus lunatus) SUBMETIDAS A TRATAMENTOS COM LEOS
ESSENCIAIS .......................................................................................................................................... 1083
EFEITO ALELOPTICO DA ALGAROBA (Prosopis juliflora) NA GERMINAO E NO
CRESCIMENTO DE PLANTAS ............................................................................................................ 1091
Educao Ambiental no Mundo Globalizado .............................................................................................. 1101
EDUCAO AMBIENTAL: A PRTICA DOCENTE EM ESCOLAS PBLICAS DA REDE
ESTADUAL DE ENSINO EM FORTALEZA - CEAR ...................................................................... 1102
A EDUCAO AMBIENTAL NO COTIDIANO DO ENSINO FUNDAMENTAL E O CALENDRIO
AMBIENTAL ESCOLAR ...................................................................................................................... 1115
EDUCAO AMBIENTAL PROFUNDA POSSIBILIDADES PARA O ENSINO INTEGRADO . 1127
EDUCAO AMBIENTAL EM INSTITUIES DE ENSINO SUPERIOR: UMA REVISO DE
LITERATURA ........................................................................................................................................ 1135
PROJETO VIVA O VERDE EDUCANDO PARA UM FUTURO SUSTENTVEL ....................... 1147
A REFLEXO DOS PROBLEMAS AMBIENTAIS NUMA ESCOLA DE PEDAGOGIA DA
ALTERNNCIA: UMA PROPOSTA METODOLOGICA INTERDISCIPLINAR PARA ENSINO DOS
CONTEDOS MATEMTICOS ........................................................................................................... 1160
INSERO DA EDUCAO AMBIENTAL NO BAIRRO DE PEIXINHOS-OLINDA-PE: UM
OLHAR SOBRE O RIO BEBERIBE ..................................................................................................... 1168
OS DESAFIOS PARA A CONSTRUO DA SUSTENTABILIDADE: UMA VISO DESDE A
DIMENSO DA ESPACIALIDADE E A TERRITORIALIDADE ...................................................... 1180
SENTIMENTOS E ATITUDES DOS AGENTES AMBIENTAIS A RESPEITO DE TRABALHO,
EXCLUSO, INCLUSO E NATUREZA ............................................................................................ 1189
CONSTRUO DE HORTA VERTICAL NA ESCOLA ESTADUAL TENENTE LUCENA: A
POTENCIALIDADE DE UMA DIDTICA INTERDISCIPLINAR .................................................... 1200
PROJETO MATA VERDE: INICIATIVA DE EDUCAO AMBIENTAL DO COLGIO
IMPERATRIZ LEOPOLDINA, NO MUNICPIO GUARAPUAVA, PARAN .................................. 1211
EDUCAO AMBIENTAL DO PROJETO RIO MAMANGUAPE FASE II: PROFESSORES SO
CAPACITADOS EM EDUCAO NUTRICIONAL ........................................................................... 1222
RECICLAGEM DE MATERIAS: PROPOSTA PARA EDUCAO AMBIENTAL .......................... 1235
O PROJETO SEMEANDO SABERES DESENVOLVIDO NO COLGIO UNIVERSITRIO COMO
ALIADO NA PRESERVAO DO MEIO AMBIENTE ...................................................................... 1239
PROBLEMAS AMBIENTAIS NO BAIRRO: REFLEXO A PARTIR DOS OLHARES DE
ESTUDANTES DO ENSINO FUNDAMENTAL II EM ESCOLAS PBLICAS DE JOO PESSOA-PB
................................................................................................................................................................. 1250
ESTUDO DE CASO SOBRE A PERCEPO AMBIENTAL DA QUMICA VERDE ...................... 1262
ANLISE DA PRIMEIRA FASE DA IMPLEMENTAO DE PRTICAS SUSTENTVEIS NO
IFAM, CAMPUS TABATINGA-AM ..................................................................................................... 1275
A EDUCAO AMBIENTAL EM ESPAO NO FORMAL NO PROCESSO ENSINO -
APRENDIZAGEM COMO SUBSDIOS PARA O ENSINO DE BIOLOGIA ..................................... 1283
UMA FLOR EM MEIO A MUITOS ESPINHOS: A IMPORTNCIA DO DESENVOLVIMENTO
SUSTENTVEL NO ENSINO DAS GEOCINCIAS .......................................................................... 1292
PERCEPO DOS ESTUDANTES SOBRE AS PRTICAS DE EDUCAO AMBIENTAL EM
ESCOLAS MUNICIPAIS DE MOSSOR / RN .................................................................................... 1304
ESTRATGIA DE CONSERVAO PARA AS TARTARUGAS MARINHAS PRODUO DE
FERRAMENTAS DIDTICAS E AES EDUCATIVAS NO LITORAL DE PERNAMBUCO...... 1317
EDUCAO AMBIENTAL NO GEOPARK ARARIPE: UMA ANLISE DAS AES E PROJETOS
DESENVOLVIDOS ................................................................................................................................ 1328
EDUCAO ESCOLAR DIFERENCIADA EM COMUNIDADE INDGENA: A PERCEPO DO
DESENVOLVIMENTO LOCAL DA ALDEIA INDGENA KANIND DE ARATUBA CEAR . 1340
UMA EXPERINCIA EM EDUCAO AMBIENTAL: FEIRA DE CINCIAS E A SIGNIFICANCIA
DO LIXO (DA GERAO DESTINAO) ..................................................................................... 1358
O ETHOS NO GEOSSTIO COLINA DO HORTO: DA CARACTERIZAO GEOMORFOLGICA E
CULTURAL PARA A ANLISE DO DISCURSO IDENTITRIO FEMININO ................................ 1366
ANLISE DA PERCEPO CRTICA DE ALUNOS DE ESCOLAS PBLICAS RELATIVO AOS
PROBLEMAS SOCIOAMBIENTAIS.................................................................................................... 1378
O LORAX EM BUSCA DA TRFULA PERDIDA: VDEO COMO FERRAMENTA PEDAGGICA
E SENSIBILIZAO AMBIENTAL ..................................................................................................... 1385
UM OLHAR SOBRE A EDUCAO AMBIENTAL NAS ESCOLAS PBLICAS EM FLORIANO - PI
................................................................................................................................................................. 1395
EDUCAO AMBIENTAL E SANITRIA PELO BEM ESTAR HUMANO E ANIMAL ................ 1403
MELHORIA DO BEM ESTAR E SADE ANIMAL EM LAGOA SECA/PB ATRAVS DA
EDUCAO SOCIOAMBIENTAL ....................................................................................................... 1415
JUVENTUDE, EDUCAO AMBIENTAL E QUALIDADE DE VIDA: TECENDO REDES NO
QUILOMBO DA SERRA DO EVARISTO BATURIT/CE .............................................................. 1427
EXPERINCIA ECOLGICA NO CCHSA BANANEIRAS, PB ..................................................... 1439
DESAFIOS DA EDUCAO AMBIENTAL: UM ENFOQUE PARA A EDUCAO BSICA ..... 1449
OS ENTRAVES DA MULTISSERIAO NAS ESCOLAS FAUSTO ANDRADE DE SOUSA E
SEBASTIO DE SOUSA SANTIAGO EM RIACHO DOS CAVALOS-PB ....................................... 1457
O ENSINO DA EDUCAO AMBIENTAL COMO FERRAMENTA CONSCIENTIZADORA PARA
ALUNOS DO MUNICPIO DE LAGOA SECA, PB ............................................................................. 1469
O CONCEITO DE EDUCAO AMBIENTAL SOB A TICA DE PROFESSORES DO MUNICPIO
DE SO BENTO, PARABA ................................................................................................................. 1479
PRTICAS DE BOTNICA NAS ESCOLAS MUNICIPAIS DE BANANEIRAS, PB ...................... 1488
DESENVOLVIMENTO DE PRTICAS EDUCATIVAS PARA O ENSINO FUNDAMENTAL ...... 1499
CARAVANA DO MEIO AMBIENTE: SOCIALIZANDO A PRESERVAO DOS RECURSOS
AMBIENTAIS EM ESCOLA DO BREJO PARAIBANO ..................................................................... 1506
CONTRIBUIO DA SEMANA DO MEIO AMBIENTE NA PERCEPO AMBIENTAL DE
ALUNOS DO ENSINO MDIO: ATUAO DO PIBID/BIOLOGIA NO COLGIO ESTADUAL
WILSON GONALVES, CRATO CE ................................................................................................ 1516
TERRA Sade Ambiental e Soberania Alimentar ISBN: 978-85-68066-10-2 12
Vulnerabilidade, Riscos e Controle Ambiental
TERRA Sade Ambiental e Soberania Alimentar ISBN: 978-85-68066-10-2 13
MAPEAMENTO GEOMORFOLGICO: UMA CONTRIBUIO AO MUNICPIO DE
ARATUPE, NA BAHIA
Edcassio AVELINO
Mestre em Geografia UFBA
RESUMO
Esta pesquisa tem o objetivo de elaborar o mapeamento geomorfolgico do municpio baiano de
Aratupe, identificando na(s) unidade(s) de relevo os principais comprometimentos ambientais. A
concepo terica do estudo fundamentou-se nas contribuies de Penteado (1985); Cardoso da
Silva (2000) e Christofoletti (2012). A pesquisa utilizou a carta topogrfica das folhas Jaguaripe
(IBGE, 1967) e Valena (SUDENE, 1977) com escala 1:100.000; imagem ASTER, resoluo
espacial 30m, cenas S14W039 e S14W040, ano de 2009 (NASA/METI); bem com as propostas de
Ross (1992) e do IBGE (2009). Os resultados ajudaram identificar trs unidades geomorfolgicas
na rea de estudo, denominadas de: (i) Plancie Fluviomarinha; (ii) Tabuleiros do Recncavo e (iii)
Tabuleiros Pr-Litorneos. Os comprometimentos ambientais mais frequentes foram o aterramento
de manguezais; a prtica da queimada e a formao/desenvolvimento de voorocas. O mapeamento
geomorfolgico ajudou a compreender os processos que originaram as formas de relevo de rea de
estudo. Sendo assim, os resultados dessa pesquisa podem servir como ponto de partida para orientar
questes ligadas gesto ambiental.
Palavras-chave: Geomorfologia; Mapeamento; Perdas ambientais.
ABSTRACT
This research aims to develop geomorphological mapping of the municipality of Bahia Aratupe, in
identifying (s) unit (s) raised key environmental commitments. The theoretical study design was
based on input from Penteado (1985); Cardoso da Silva (2000) and Christofoletti (2012). The
research used the topographic map sheets Jaguaripe (IBGE, 1967) and Valencia (SUDENE, 1977)
with scale 1: 100,000; ASTER image, 30m spatial resolution, and scenes S14W039 S14W040, 2009
(NASA / METI); well with the proposed Ross (1992) and IBGE (2009).
The results helped to identify three geomorphological units in the study area, called: (i) Fluvial
Plain; (ii) Tabuleiros of Reconcavo and (iii) Tabuleiros Pre-Coastal. The most common
environmental losses were the grounding of mangroves; the practice of burned and formation/
development of gullies erosion. The geomorphological mapping helped to understand the processes
that led to the relief of the study area. Thus, the results of this research can serve as a starting point
to guide environmental management issues.
Keywords: Geomorphology; Mapping; Environmental losses.
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INTRODUO
O mapeamento das formas de relevo tornou-se fundamental nos estudos ambientais, pois
esse tipo de conhecimento ajuda a identificar as reas susceptveis ocorrncia de deslizamento de
terras; de inundaes e de processos erosivos ajudando a ocupar o espao de maneira racional.
Segundo Ross (1992), a Geomorfologia oferece suporte para o entendimento dos ambientes naturais,
onde as sociedades humanas se estruturam, extraem os recursos para a sobrevivncia e organizam o
espao fsico-territorial.
As formas de relevo possuem dinmicas com velocidades diferenciadas, ora so estveis,
ora so instveis (ROSS, 1992). Estes comportamentos so resultados no apenas dos processos
naturais, mas das diversas formas de interveno humana sobre o espao. Dessa maneira, a
necessidade de compreender a complexidade existente na formao/fisionomia do relevo contribuiu
para a elaborao de diferentes propostas de classificao geomorfolgica. No Brasil, vale destacar
os trabalhos realizados por Azevedo (1949); AbSber (1964) e Ross (1985).
Nos estudos sobre mapeamento geomorfolgico recorrente a preocupao com a
representao das formas de relevo (outeiro, serra, colinas, morros e vertentes). Alm disso, outra
questo que se destaca diz respeito escala do mapeamento, por isso, AbSber (1998) em reviso
de trabalhos sobre mapeamentos de relevos chamou a ateno para a escassez de pesquisas feitas
em escalas mais detalhadas, acima de 1:100.000. Nesse contexto, vale ressaltar que a classificao
taxonmica do relevo proposta por Tricart (1965) e a sua leitura/ adaptada ao contexto brasileiro
por Ross (1992) constitui um procedimento metodolgico que tem ajudado a adequar as questes da
representao do relevo e da escala do mapeamento rea de estudo.
Diante do exposto, essa pesquisa concentrou a sua ateno no recorte temtico de municpio
pequeno, formado por at 20.000 habitantes (IBGE, 2010), com estudo de caso realizado no
municpio de Aratupe, Bahia. O municpio de Aratupe possui 8.599 habitantes (IBGE, 2010) e est
localizado a cerca de 200 km da cidade do Salvador, a capital do Estado da Bahia (BAHIA, 2010).
A escolha dessa rea para a caracterizao geomorfolgica levou em considerao a importncia
que a escala municipal exerce no contexto da gesto pblica, bem como a escassez de informaes
ambientais que pudessem traduzir a sua realidade geogrfica.
Portanto, esta pesquisa tem o objetivo de elaborar o mapeamento geomorfolgico do
municpio de Aratupe, na Bahia; identificando na(s) unidade(s) de relevo os principais
comprometimentos ambientais. Os resultados do estudo podem subsidiar aes direcionadas
gesto ambiental do municpio de Aratupe, pois o conhecimento geomorfolgico tornou-se um
instrumental utilizado na recuperao de reas degradadas, na classificao de terrenos suscetveis
aos deslizamentos e entre outas aplicaes (CHRISTOFOLETTI, 2012).
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MATERIAIS E MTODOS
A concepo terica do estudo fundamentou-se na contribuio de Penteado (1985);
Cardoso da Silva (2000) e Christofoletti (2012). A metodologia se baseou na proposta de Tricart
(1977) quanto classificao do relevo em txons (nveis de observao/escala); do projeto
RADAMBRASIL (1981) no que se refere nomenclatura adotada para as unidades do relevo e de
Ross (1992) quanto noco de morfoestrutura/morfoescultura.
A pesquisa utilizou a carta topogrfica, em formato vetorial, das folhas Jaguaripe (IBGE,
1967) e Valena (SUDENE, 1977), com escala de 1:100.000, disponibilizadas pela
Superintendncia de Estudos Econmicos e Sociais da Bahia (SEPLAM, BAHIA). Alm disso,
usou imagens do satlite Advanced Spaceborne Thermal Emission and Reflection Radiometer
(ASTER) do Global Digital Elevation Model (GDEM), resoluo espacial 30m, cenas S14W039 e
S14W040, ano de 2009, cedidas pelo The Ministry of Economy, Trade and Industry of Japan (METI)
e National Aeronautics and Space Administration (NASA).
Os procedimentos adotados foram organizados em etapas sequenciais distintas, mas
complementares, os quais podem ser enumerados em: (1) Processamento - definio do sistema de
projeo cartogrfica, do datum geodsico e tratamento da imagem ASTER para extrao de
hipsometria, relevo sombreado, declividade e curva de nvel; (2) Mapeamento geomorfolgico -
construo da legenda, delimitao das unidades do relevo; aplicao da tcnica de amostragem
aleatria simples para estabelecer as reas visitadas durante a atividade de campo; (4)
Reconhecimento de campo - legitimao da(s) unidade(s) de relevo mapeada e identificao dos
principais comprometimentos ambientais.
RESULTADOS E DISCUSSES
As discusses sobre geomorfologia feitas por Penteado (1985); Cardoso da Silva (2000) e
Christofoletti (2012), associadas s Propostas de classificao do relevo segundo Tricart (1977);
Projeto RADAMBRASIL (1981) e Ross (1992) permitiram identificar trs unidades estruturais
(morfoestrutura) na rea de estudo: (a) Depsitos Quaternrios (b) Estrutura Sedimentar e (c)
Embasamento Cristalino. A partir dessa etapa se classificou as feies do relevo no municpio de
Aratupe, estabelecendo as seguintes unidades geomorfolgicas (morfoescultura): (i) Plancie
Fluviomarinha, (ii) Tabuleiros do Recncavo; e (iii) Tabuleiros Pr-Litorneos (Figura 1).
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Figura 1: Unidades geomorfolgicas, municpio de Aratupe, BA. Elaborao: Avelino, 2014.
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(i) Plancie Fluviomarinha
A plancie fluviomarinha corresponde s reas baixas e planas situadas ao longo de regies
costeiras, esturios e baas, onde a dinmica dos ciclos das mars predomina sobre os movimentos
das ondas martimas (IBGE, 2009). Em Aratupe, a plancie fluviomarinha (figura 2) est situada no
extremo leste do municpio, o relevo possui modelado de acumulao e se desenvolveu a partir da
combinao de processos geolgicos e climticos que resultaram na acumulao de sedimentos nas
terras baixas e planas, desencadeando a formao dos ambientes de manguezais nas margens do rio
Jaguaripe, extenso da rea de estudo.
Figura 2: Plancie Fluviomarinha, vila de Maragojipinho, municpio de Aratupe, BA.
Elaborao: Avelino, 2014.
Na rea de estudo, a plancie fluviomarinha ocupa 3,94 km2 e as altitudes dessa feio de
relevo oscilam entre a linha de costa do rio Jaguaripe at o limite mximo de 5 metros. As
atividades de campo, realizadas em 2012 e 2014, mostraram que a Plancie Fluviomarinha passa por
processo de descaracterizao ambiental, devido ao aterramento dos ambientes de manguezais para
a construo de residncias e de olarias para a produo de cermica.
Os ambientes de manguezais constituem um tipo de ecossistema costeiro, ocorrem em
terrenos baixos sujeitos ao das mars e abriga fauna e flora endmica, sendo rea de
alimentao e reproduo de diferentes espcies de mosquitos (abelha, mutuca); de aves (garas,
gaivotas); de mamferos (morcegos, guaxinins) e entre outras espcies (SCHAEFFER-NOVELLI,
1995). Alm disso, as razes da vegetao dos manguezais (plantas halfitas) ajudam a proteger as
reas costeiras das agitaes ocenicas (STEVEN & CORNWELL, 2007 apud TRANCREDO et al
2011).
Os manguezais, em funo de sua importncia ecolgica para a biodiversidade brasileira,
foram transformados em reas protegidas, conforme o Art. 5 da Constituio Brasileira de 1988.
Nesse sentido, vale ressaltar que no caso da rea de estudo, os manguezais so fundamentais para a
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manuteno do equilbrio ecolgico do sistema estuarino no rio Jaguaripe. Dessa maneira, a
supresso dos manguezais, bem como o seu aterramento para a implantao de atividades
industriais, empreendimentos imobilirios, casas e olarias (figura 3) corresponde uma ameaa para a
manuteno/ conservao desse ecossistema no municpio de Aratupe.
Figura 3: Aterramento de manguezal na vila de Maragojipinho, municpio de Aratupe, BA.
Elaborao: Avelino, 2014.
(ii) Tabuleiros do Recncavo
A unidade dos Tabuleiros do Recncavo (figura 4) est sustentada pelas rochas sedimentares
do Grupo Brotas, situado entre os materiais argilo-siltosos (Leste) e as rochas do embasamento
cristalino (Oeste). Essa unidade geomorfolgica formada por materiais porosos e permeveis
(arenitos), o que facilita a dissecao do modelado pela rede de drenagem e pelos processos
climticos.
Figura 4: Outeiros registrados nos Tabuleiros do Recncavo, municpio de Aratupe, BA.
Elaborao: Avelino, 2014.
A fisionomia do relevo possui modelado sob a forma de dissecao homognea (BRASIL,
1981); padro de drenagem dendrtico e rios com baixa densidade; vertente com fisionomia
cncavo-convexo e feio suave ondulada, onde se identificam: (1) os outeiros; (2) as colinas com
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topos semitabulares e rampas pouco inclinadas; (3) os vales largos com fundo chato e encostas
suaves; e (4) as reas planas (BRASIL, 1983). Na rea de estudo, essa forma de relevo ocupa 22
km2 e as altitudes variam de 6 a 90 metros.
As atividades de campo, realizadas em 2012 e 2014, evidenciaram que a prtica da
queimada (figura 5) constitui a principal ameaa para essa unidade de relevo. A ao do fogo causa
a destruio dos habitats da fauna e flora endmica e, consequentemente, a migrao de aves,
rpteis e mamferos. Alm disso, o fogo extingue a fertilidade natural do solo, porque afeta as
camadas que concentram matria orgnica e nutriente, causando no apenas a infertilidade, mas a
degradao pedolgica do terreno.
Figura 5: Consequncias da ao do fogo nos Tabuleiros do Recncavo, municpio de Aratupe, BA.
Elaborao: Avelino, 2014.
Vale ressaltar que as consequncias do fogo favorecem a desestabilizao geolgica do
terreno (GUERRA, 2006), por causa da incidncia da chuva diretamente no solo sem a proteo da
cobertura vegetal, desencadeando a remoo das camadas mais superficiais do solo, em direo s
reas com topografias mais baixas e planas, bem como para dentro do leito dos rios. Na atividade de
campos se constatou a acumulao de sedimentos (terras) s margens do rio gua Doce e do rio
Aratupe. A deposio desses sedimentos no leito dos rios favorece o assoreamento, com
repercusses negativas sobre a vegetao, os animais e a populao local.
(iii) Tabuleiros Pr-Litorneos
Essa unidade de relevo se desenvolveu sobre as rochas do embasamento cristalino. Os
Tabuleiros Pr-Litorneos (figura 6) possui modelado sob a forma de dissecao homognea, os
seus interflvios correspondem aos outeiros e morros com vertentes convexas e convexo-cncava,
com topo abaulado (BRASIL, 1981) e compem a paisagem que foi denominada de mares de
morros pelo gegrafo Aziz AbSaber (2003).
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Figura 6: Vale com encostas suaves, Tabuleiros Pr-Litorneos, municpio de Aratupe, BA.
Elaborao: Avelino, 2014.
Em Aratupe, o planalto mamelonizado ocupa 148 km2 e possui nvel altimtrico acima de
91m (mnimo) at 240m (mximo), ocupando, assim, os terrenos mais elevados. No extremo Oeste
da rea de estudo, predominam os morros com vales encaixados (vales em V) e as vertentes com
declividades que variam entre 30 e 45 (BRASIL, 1983). Por sua vez, nas reas prximas cidade
de Aratupe, destacam-se as colinas tabulares, com declividade abaixo de 30 (BRASIL, 1983) e os
vales definidos com encostas suaves.
As atividades de campo, realizadas em 2012 e 2014, demonstraram que a pastagem, com
destaque para a pecuria bovina, constitui uma ameaa para o sistema ecolgico-paisagstico nessa
unidade de relevo, uma vez que contribuiu para o desenvolvimento de terracetes nas reas
onduladas e, consequentemente, com a formao de sulcos erosivos a partir do pisoteio do gado. A
ao das chuvas sobre os sulcos erosivos provocam a lavagem das camadas mais superficiais dos
solos. Alm disso, as chuvas sobre os solos desprotegidos de cobertura vegetal, em relevo ondulado,
desencadeia a formao de vooroca (figura 7).
Figura 7: Vooroca, Fazenda Alto da Espada, Tabuleiros Pr-Litorneos, municpio de Aratupe, BA.
Elaborao: Avelino, 2014.
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De acordo com o Instituto de Pesquisas Tecnolgicas, IPT (1989, apud FLORENZANO,
2008), a eroso em canais com at 50 cm de largura e profundidade considerada ravina; a eroso
em canais acima de 50 cm de largura e profundidade denominada de vooroca. Nos estudos
geomorfolgicos existem diversas propostas para a caracterizao de vooroca, no caso da rea de
estudo, a vooroca encontrada na fazenda So Jos pode ser classificada como do tipo dendrtica,
isto , apresenta padro de expanso e de desenvolvimento em ramificaes (IRELAND et al, 1939
apud VIERO, 2008).
Nas reas dos Tabuleiros Pr-Litorneos, a atividade da pastagem bovina contribuiu para a
abertura de fendas no terreno, este fato em conjunto com a ao das chuvas, tornaram os solos
suscetveis ocorrncia de eroso laminar, de eroso em ravinas e de eroso em voorocas. Estes
processos erosivos provocam o deslocamento dos sedimentos, situados em reas elevadas, em
direo s reas de baixo declive e a sua acumulao prxima ao leito dos rios (GUERRA, 2006),
causando a alterao de seus canais, o assoreamento e a formao de bancos de areia.
CONSIDERAES FINAIS
As concepes tericas sobre geomorfologia feitas por Penteado (1985); Cardoso da Silva
(2000) e Christofoletti (2012), associadas s Propostas de classificao do relevo segundo Tricart
(1977); Projeto RADAMBRASIL (1981) e Ross (1992) possibilitaram caracterizar o relevo do
municpio de Aratupe, com base na escala local, por meio de mapa.
A utilizao da imagem ASTER permitiu a extrao de dados sobre a hipsometria, o relevo
sombreado, a declividade e a curva de nvel. Estas tcnicas em conjunto com a cartografia ajudaram
na delimitao das unidades de relevo, legitimando a importncia dos produtos do sensoriamento
remoto para a caracterizao geomorfolgica da rea de estudo.
No municpio de Aratupe, identificou-se a existncia de trs unidades de relevo,
denominadas no estudo como: (i) Plancie Fluviomarinha; (ii) Tabuleiros do Recncavo e (iii)
Tabuleiros Pr-Litorneos. As atividades de campos evidenciaram que os principais
comprometimentos ambientais so: o aterramento dos manguezais na Plancie Fluviomarinha; a
prtica da queimada nos Tabuleiros do Recncavo e a formao/ desenvolvimento de voorocas nos
Tabuleiros Pr-Litorneos.
Portanto, espera-se que os resultados do estudo auxiliem na elaborao de outras pesquisas,
especialmente em municpios pequenos. Dessa maneira, esta pesquisa deixou sua contribuio e
desperta para a necessidade de aes direcionadas para a gesto ambiental no municpio de Aratupe,
na Bahia.
TERRA Sade Ambiental e Soberania Alimentar ISBN: 978-85-68066-10-2 22
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RISCOS + SUSCETIBILIDADE = DESASTRES CONTEXTO NO ESTADO DA
PARAIBA
Prof. Dr. Jos Paulo Marsola GARCIA
Departamento de Geocincias - CCEN/UFPB
RESUMO
O trabalho uma reflexo dos riscos de desastres tendo como estudo de caso o Estado da Paraba,
no apenas as Secas , mas tambm a ateno as enchentes e inundaes. O semirido mesmo
com regime de baixa precipitao 400- 800 mm, apresenta chuvas torrenciais recorrentes; oque no
senso comum para a maioria das pessoas, que no vivem neste ambiente. E por fim o papel dos
tomadores de deciso, buscando formar a mentalidade de preveno, com foco nesta realidade.
Palavras Chave : Secas; Enchentes; Desastres; Nordeste; Paraba
ABSTRACT
The paper of disaster risk taking as a case study of Paraba state, not just the "Secas", but also the
attention floods and floods. The semiarid even with low rainfall 400- 800 mm regime, has recurring
torrential rains; what it is not common sense to most people, who do not live in this environment.
Finally the role of decision-makers, seeking to form the mentality of prevention, focusing on this
reality.
Keywords: "Secas"; floods; disasters; Northeast; Paraba
INTRODUO
Segundo a Defesa Civil (2010) A ocorrncia e a intensidade dos desastres dependem muito
do grau de vulnerabilidade dos cenrios de desastres e das comunidades afetadas do que pela
magnitude dos eventos adversos. Assim, por exemplo, terremotos com magnitude de 6.5 graus na
escala Richter provocaram as seguintes perdas humanas: cinco bitos na Califrnia; 20 mil bitos,
no Cairo; 40 mil bitos, na Armnia.
Desastres so construes socioculturais, os riscos so naturais ,mas os desastres NAO e a
conjuno de riscos mais suscetibilidades que est a diretamente ligado a culturas dos povos que esta
ameaados ou no por riscos naturais
Nos casos de enchentes no Brasil existem municpios, que em funo da ocupao
desordenada do solo, sofrem um aumento na vulnerabilidade as enchentes, enxurradas e
alagamentos. Dessa forma, uma mesma quantidade de chuva em municpios diferentes pode ter
danos humanos, ambientais e materiais completamente diferentes, em funo especificamente da
TERRA Sade Ambiental e Soberania Alimentar ISBN: 978-85-68066-10-2 25
vulnerabilidade. Onde tiver uma barragem reguladora, obra de controle de enchentes, interligao
de bacias, projeto e planos de emergncia comunitria, zoneamento urbano, sistema de
monitoramento, alerta e alarme, entre outras aes, a vulnerabilidade ao desastre ser menor e a sua
ocorrncia ir resultar em danos e prejuzos menores.
Medidas preventivas so essenciais para minimizar o desastre. A partir da constatao que
os desastres podem e devem ser minimizados, cresce a importncia da mudana cultural relacionada
ao senso de percepo de risco.
Os conhecimentos referentes a riscos e desastres so complexos, requerem a abordagem
tanto multidisciplinar como interdisciplinar. A complexidade exigida em preveno, no est
apenas na produo do conhecimento, mas acreditamos estar principalmente, na disseminao e
aplicao deste saber.
Com objetivo de disseminao e aplicao de diretrizes em preveno a desastres, o foco
estaria nos atores sociais: pblicos e privados que, vo do meio acadmico aos rgos de mdia,
perpassando por gestores pblicos ao cidado comum. Trabalhar estes objetivos, no deixa de ser,
ainda hoje um novo paradigma. Isto no simples nem fcil. A proposta de atuao seria na
formao de novas vises de mundo, que so a base das tomadas de deciso que, muitas vezes,
entendido tambm como mentalidade desses atores sociais - que possuem o poder real de deciso
na sociedade brasileira.
CONTEXTO DE DESASTRES NA PARABA
Historicamente quando a questo Desastre na Paraba, a primeira imagem a das Secas,
que sem dvida o risco natural de maior impacto. As secas so estiagens prolongadas, que
temporalmente pode ocorrer em intervalos de 12 a 26 anos e com intensidades variveis, tanto de
tempo, com espao; esta grande variabilidade geogrfica, esta condicionada a um complexo quadro
macro geomorfolgico e circulao atmosfrica muito particular regio nordeste brasileira.
Os riscos de desastres no se resumem as Secas no Nordeste Brasileiro, em particular o
Estado da Paraba tambm h questo das enchentes e alagamentos estes com maior recorrncia,
tanto na Zona litornea, que ocupa 14% do territrio, como na regio semirida, com 86% de seu
territrio. Paradoxalmente temos na regio no semirido a ocorrncias alto ndice de enchentes e
alagamentos, apesar desta regio ter precipitao anual de 400-800mm. A explicao deste fato a
distribuio extremamente irregular das chuvas, como no exemplo da Cidade de Patos no Serto da
Paraba, registrou em quatro horas de 284,6 mm de chuva forte em 14/04/2009 o que resultou em
1500 desalojados e 3000 pessoas afetadas (Defesa Civil 2010).
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As secas histricas proporcionaram diversas aes e programas pblicos como criao do
DNOCS - Departamento Nacional de Combate as Secas a partir de 1909 sendo uma das principais
aes a construo de centenas de represa e audes na Paraba, para minimizar a escassez de gua, a
no manuteno e construes precrias tornando estas, um risco constante em todo estado; o
rompimento de barragens e represas um risco constante; como o exemplo da Barragem Camar/
Alagoa Grande- PB. em 2004
A zona litornea tem a maior taxa de ocupao, com media anual de pluviometria de 1900
mm de chuva/ano, sendo 70 % desta precipitao ocorre concentrada em 3 meses, aumentando o
potencial de riscos, tanto de enchentes, como deslizamentos. Nesta regio est sendo
potencializado o riscos, com a ocupao desordenada em toda a zona litornea, intensificada na
regio metropolitana de Joo Pessoa. O incremento da economia paraibana puxada pelo
crescimento da economia brasileira aumenta os riscos de desastres, com o incremento deste uso e
ocupao desordenado e impactando o meio fsico ainda maior, tendo como causa o ganho em
escala dos fluxos de produtos e pessoa, com a duplicao da BR 116, principal rodovia que liga das
regies SulSudeste do Brasil com o Nordeste Brasileiro. A especulao imobiliria est acelerada
contribuindo ao crescimento desordenado do uso e ocupao do solo, sem planejamento e respeitos
aos limitantes naturais. Os riscos antrpicos tanto na produo, armazenamento e transporte de
produtos perigosos, tem que ser analisados e estudados para apoio a futuras tomadas de deciso.
Quando ampliamos o quadro de anlise geogrfica para o eixo econmico do extremo leste
do Nordeste Brasileiro, tendo como referncia a regio metropolitana de Joo Pessoa, tem se ao sul
a 130 km de distancia regio metropolitana de Recife capital de Estado Pernambuco; e ao Norte a
180 km regio metropolitana de Natal capital do Estado do Rio Grande do Norte. Neste contexto
geogrfico h cerca de cinco milhes de pessoas em 300 km de litoral, com de intensa atividade
econmica, exemplificada por trs portos, o maior parque industrial do nordeste, trs aeroportos e
sendo dois internacionais, numa zona costeira com intenso uso e ocupao, portanto a questo dos
riscos de desastre torna-se chave ao seu desenvolvimento futuro.
HISTRICO DE DESASTRES NA PARABA
O Estado da Paraba marcado pela presena de secas desde sculo XVI que em conjunto
com o processo de construo de seu arcabouo socioeconmico e poltico sofreu e sofre
conseqncias drsticas, tanto na perda de vidas como na depresso econmica e social na maior
parte de sua populao. Investigar os desastres no Estado da Paraba no se deve deixar de
considerar as variveis histricas, socioeconmicas, polticas e culturais e no apenas a varivel
natural, sendo a questo especfica da Seca possui diversos desdobramentos.
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Uma seca pode-se fazer calamitosa no Cear, no oeste do Rio Grande do Norte e nos
sertes ocidentais da Paraba sem que nas demais reas do Nordeste ocidental seus efeitos
alcancem o mesmo grau. (...) Os relatos 1877 que passou crnica histrica como acerca da
famosa estiagem de seca do Cear documentam claramente esse processo de crescente
angustia que comea, num ano, com a escassez das precipitaes no tempo prprio e se
resolve em calamidade declarada quando, no vero-outono imediato, perdem-se de todas as
esperanas; porque, nesse caso, s em dezembro do terceiro ano haver outras
possibilidades de inverno.
[Gilberto Ozrio de Andrade e Rachel Caldas Lins: 1971] Os climas do Nordeste,
A pior seca da historia do Nordeste conhecida com as secas dos Sete das 1877 a 1879
estima - se em mais de 500 mil mortos. Como ex. em nmeros estima-se que a populao do Cear
era de 900 mil pessoas sendo 480 mil indigentes destes houve mais de 180 mil mortes. Na capital
Fortaleza morreram mais de 65 mil pessoas, sendo a metade da populao da capital na poca.
Constituram verdadeiros campos de horrores, nas piores condies de vida e propiciou grandes
epidemias como a da varola. Como relatos :
A mortalidade pela varola continuou aumentando durante todo o ano de 1878. Em
novembro, o nmero de vtimas fatais atingia a cifra de 9.844 e em dezembro, 14.491. Para
se ter idia das dificuldades sanitrias da poca, s no dia 10 de dezembro de 1878
faleceram 1.004 pessoas, e .os cadveres de mais de 200 ficaram insepultos e pela manh
foram encontrados meio comidos pelos ces, pelos urubus no havendo tempo de enterr-
los.
(Thephilo, 1980, p. 94 ) In : COSTA 2004.
O Nordeste h muita discusso sobre os nmeros, mas informaes de jornais da poca nos
do a dimenso deste desastre, como a reproduo do Dirio de Pernambuco, abaixo: o registro
na edio de 19 de dezembro de 1877 do jornal "O Retirante", o qual reproduz notcia veiculada
num peridico pernambucano:
"A Secca L-se no Dirio de Pernambuco:
as victimas a soccorrer na regio presentemente flagellada pela secca, so:
Provncia do Piauhy ...................................... 150.000 pessoas
Cear ............................................................. 700.000
Rio Grande do Norte ...................................... 117.000
Parayba ......................................................... 400.000
Pernambuco .................................................. 200.000
Alagoas ............................................................. 50.000
Sergipe .............................................................. 30.000
Provincia da Bahia .......................................... 500.000 "
Fonte: "O Retirante" de 01 e 08/07, 16 e 19/09 de 1877. H outras tantas notcias em vrias
edies dos citados jornais, todos disponveis no setor de Microfilmagens da Biblioteca Pblica
do Estado do Cear In : Roberto Nunes Dantas CEEC-UNEB
TERRA Sade Ambiental e Soberania Alimentar ISBN: 978-85-68066-10-2 28
A vulnerabilidade na regio nordeste que sofre as secas amplificado pela ocupao e
utilizao dos solos por culturas e manejo no adequado as condies do semi rido e a
manuteno histrica da estrutura social profundamente concentradora e injusta(ANDRADE
1985) caracterizada por uma oligarquia com o controle da propriedade da terra e do processo
poltico na regio.
As conseqncias mais evidentes das grandes secas so as fomes, as desnutries, as
misrias e as migraes para os centros urbanos (xodo rural), que incharam os grandes centros
urbanos do Brasil. Sendo tratado como problema nacional desde o sculo XIX, Originando dai o
processo de repasse de elevados recursos do governo federal a regio, que ao invs de solucionar
mantm est concentrao de rendo e poder poltico - resumindo os recursos destinados ao combate
pobreza da regio, historicamente vem sendo desviado das elites locais que mantm o quadro de
risco e desastre, para perpetuar este repasse e no desenvolver a regio do semirido do Brasil este
processo se denomina de "indstria da seca, que no pode estar fora de qualquer discusso de
desastres no nordeste.
CONSIDERAES FINAIS
A Universidade teria importante papel na Questo dos Desastre, que est em nosso entender,
em criar a cultura de preveno como :
- Envolvimento e Difuso do Conhecimento visando proporcionar um ambiente
multidisciplinar e multinstitutional entre acadmicos e profissionais envolvidos diretamente
no estudo e gesto de desastres
- Buscar reunir, organizar e trocar informaes. Pretendendo ser uma fonte de informao
para os tomadores de deciso e profissionais diretamente ligados a emergncia, urgncia e
desastre.
- Novos caminhos sobre, preveno e mitigao, e novas estratgias adaptadas s condies
particulares, em nosso estudo o caso o Estado da Paraba. deve visar a troca de
conhecimentos entre os atores (agentes pblicos que atuam em desastres).
Finalizando o papel da Universidade est em articular e difundir essas experincias de
preveno, bem como a difuso de conhecimento de preveno especifico atendendo a regio
geogrfica em que est inserida.
BIBLIOGRAFIA
ANDRADE, Manoel Correia de. A seca: realidade e mito. Recife: ASA Pernambuco, 1985. 81 p.
TERRA Sade Ambiental e Soberania Alimentar ISBN: 978-85-68066-10-2 29
COSTA, M. C. L. Teorias mdicas e gesto urbana: a seca de 1877-79 em Fortaleza..Histria,
Cincias, Sade . Manguinhos, vol. 11(1): 57-74, jan.-abr. 2004.
DANTAS, Roberto, Nunes. A Seca de 1877/79. Algumas Consideraes - Bahia e Cear
http://www.portfolium.com.br/Sites/Canudos/conteudo.asp?IDPublicacao=91acessaso 23/ 09/
2011
SECRETARIA DE DEFESA CIVIL - MINISTRIO DO INTERIOR. Ocorrncias Notificadas
SEDEC-Paraba, In : http://www. defesacivil.gov.br/desastres/desastres/2009/ index . asp
Acesso 17/06/2010
VILLA, Marco Antnio. Vida e morte no serto: Histria das secas no Nordeste nos sculos XIX e
XX. So Paulo: tica, 2000. 269 p.
TERRA Sade Ambiental e Soberania Alimentar ISBN: 978-85-68066-10-2 30
DIAGNSTICO DO USO E MANEJO DO SOLO NO MUNICPIO DE CURRAIS
NOVOS/RN - BRASIL
Natanael Santiago PEREIRA
Doutorando em Manejo de Solo e gua na UFERSA
Francisco GONALO FILHO
Mestrando em Manejo de Solo e gua na UFERSA
RESUMO
O municpio de Currais Novos/RN est inserido em rea susceptvel desertificao em categoria
muito grave, todavia, tem uma longa tradio agropecuria, particularmente com a pecuria leiteira,
estando situada na segunda bacia leiteira do estado. O objetivo com este trabalho foi elaborar um
diagnstico acerca das atividades agrcolas desenvolvidas no municpio de Currais Novos/RN,
correlacionando os principais manejos atualmente adotados com os levantamentos
conservacionistas existentes a partir das informaes sobre as atividades agropecurias dos censos
agropecurios e dos rgos governamentais ligadas ao setor, sendo assim possvel enumerar os
principais problemas enfrentados e algumas das prticas de manejo e conservao do solo que
podem ser aplicadas com a finalidade de conservar e/ou melhorar as caractersticas produtivas dos
solos agrcolas do municpio.
Palavras-Chaves: Diagnstico Agrcola; Desertificao; Manejo do Solo; Produo Sustentvel.
ABSTRACT
The city of Currais Novos / RN is inserted into the area susceptible to desertification in very serious
category, however, has a long agricultural tradition, particularly dairy farming, being situated on the
second dairy region of the state. The aim of this study was to conduct a diagnosis about the
agricultural activities in the municipality of New Corrals / RN, correlating key managements
currently used with existing conservation surveys from the information on the agricultural activities
of agricultural censuses and government agencies linked to industry, making it possible to
enumerate the main problems faced and some of the management practices and soil conservation
that can be applied in order to preserve and / or improve the productive characteristics of
agricultural soils of the county.
Keywords: Agricultural diagnosis; desertification; Land Management; Sustainable Production.
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INTRODUO
O municpio de Currais Novos est inserido na regio do Serid que abrange Rio Grande do
Norte e Paraba, sendo uma das maiores reas sob processo de desertificao no semirido
brasileiro. Segundo Santos et al. (2007) o desmatamento para o abastecimento de cermicas se
destaca entre os processos que podem intensificar a desertificao, pois expe os solos j
susceptveis a aes erosivas que so potencializadas pelas declividades elevadas comuns na regio.
Esse ncleo envolve os municpios de Currais Novos, Acari, Parelhas, Equador, Carnaba dos
Dantas, Caic, Jardim do Serid e reas de municpios vizinhos (SOBRINHO, 2002, p. 60).
Para o caso especifico da regio do Serid, em 1997, foi criado um grupo de estudo
interministerial para discutir os problemas da desertificao, denominado GEDS - Grupo de
Estudos sobre Desertificao no Serid.
Para o enfrentamento em nvel federal procurou-se integrar aes e programas dos vrios
ministrios, considerando demandas de governos locais, da sociedade foi criado o Programa de
Ao Nacional de Combate a desertificao e mitigao dos efeitos da Seca PAN BRASIL
(BRASIL, 2004); este fazendo parte compromissos frente Conveno das Naes Unidas de
Combate Desertificao e passa a contar com um instrumento norteador do processo de
transformao da realidade das reas susceptveis desertificao, no mbito das polticas de
desenvolvimento sustentvel.
O Plano de Desenvolvimento Sustentvel do Serid (RIO GRANDE DO NORTE, 2000),
aponta que o setor agropecurio, a bovinocultura de leite a atividade econmica de maior expresso
na regio do Serid, o mesmo plano enumera problemas na utilizao dos recursos naturais, entre
eles o desmatamento das reas de vegetao nativa; disponibilidade e armazenamento de gua e
escassa dotao de recursos do solo.
Nesse sentido, o levantamento de informaes sobre caractersticas fsicas e das atividades
agrcolas na regio podem colaborar para o diagnstico e recomendaes para o planejamento das
atividades desse setor no municpio, com a utilizao de melhores prticas de manejo e conservao
do solo e da gua e consequentemente colaborando para a manuteno/melhoria do potencial
produtivo dos solos.
Esse trabalho teve o objetivo de elaborar um diagnstico a acerca das atividades agrcolas
desenvolvidas no municpio de Currais Novos/RN, correlacionando os principais manejos
atualmente adotados e com os levantamentos conservacionistas existentes; a partir das informaes
sobre as atividades agropecurias dos censos agropecurios e obtidas em rgos governamentais,
sendo possvel indicar os principais problemas enfrentados e algumas das prticas de manejo e
TERRA Sade Ambiental e Soberania Alimentar ISBN: 978-85-68066-10-2 32
conservao do solo que podem ser aplicadas, com a finalidade de conservar e/ou melhorar as
caractersticas produtivas das terras no municpio.
METODOLOGIA
Para a construo desse diagnstico foram utilizadas informaes sobre as atividades
agropecurias do ltimo censo agropecurio (IBGE, 2006) e da produo agropecuria municipal
do ano de 2011 (IBGE, 2012). Dados sobre a caracterizao fsica, inclusive da aptido das terras
foram obtidos de orgos governamentais, como o IDEMA (Instituto de Desenvolvimento
Econmico e Meio Ambiente) e em artigos publicados. Demais dados e informaes sobre
degradao/conservao e prticas indicadas foram obtidos a partir de consulta a livros e artigos
publicados.
LOCALIZAO E CARACTERIZAO FSICA
O municpio de Currais Novos est localizado na Microrregio do Serid Oriental do estado
do Rio Grande do Norte entre 200 e 400 m de altitude, nas coordenadas 6 15' 39" Sul e 36 31' 04"
Oeste (FIGURA 1). Possui uma rea aproximada de 864,344 km2 e populao de 42.652 (IBGE,
2010).
Figura 1 - Localizao do municpio de Currais Novos/RN.
Fonte: IDEMA (2008).
O clima caracterizado como muito quente e semirido. A precipitao pluviomtrica
normal esperada de 446,8 mm, a umidade relativa mdia anual de 64% e temperatura mdia de
27,5, com mxima e mnima de 33 e 18C, respectivamente (IDEMA, 2013).
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Segundo o Plano Nacional de Combate a Desertificao PNCD (BRASIL, 1998; 1999),
que define desertificao como a degradao dos solos nas reas ridas, semiridas e submidas
secas, resultante de vrios fatores, incluindo variaes climticas e as atividades humanas, Currais
Novos est inserido em rea susceptvel desertificao em categoria Muito Grave.
O municpio est inserido na Bacia Hidrogrfica do rio Piranhas- Au. Os solos
predominantes so os Litossolos Eutrficos (FIGURA 2), com alta fertilidade natural, textura
argilo/arenosa, argilosa ou arenosa, relevo plano, medianamente profundo imperfeitamente a
moderadamente drenados. A falta dgua, eroso e o impedimento ao uso de mquinas devido ao
relevo, pedregosidade, rochosidade, como tambm devido a pequena profundidade so limitaes
muito fortes ao uso agrcola. O municpio tem aptido regular para pastagem natural, com pequenas
reas isoladas indicadas para preservao da flora e da fauna ou para recreao (IDEMA, 2008).
Figura 2 Mapa de solos do municpio de Currais Novos
Fonte: Oliveira & Cestaro (2012).
Em Currais Novos, segundo Bezerra Jnior & Silva (2007), os solos Litlicos Eutrficos
(atuais Neossolos Litlicos), ocorrem em topografia acidentado, associados ao afloramento de
rochas, tendo uma sequncia de horizontes A-C-R, que no ultrapassam 50 cm de espessura at o
contato com a rocha.
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DIAGNSTICO DAS ATIVIDADES AGRCOLAS DESENVOLVIDAS
No municpio so adotados sistemas de manejo de baixo, mdio e alto nvel tecnolgico,
sendo as terras utilizadas para na pecuria extensiva, rebanho suno, criao de galinceos e em
culturas como manga, milho, feijo e batata doce, destacando-se na horticultura com a produo de
coentro, tomate, alface e pimento, como tambm na produo de leite e ovos (IDEMA, 2008).
Por ocasio do ltimo censo agropecurio (IBGE, 2006), o municpio de Currais Novos/RN
contava com 719 estabelecimentos agropecurios, totalizando 53.316 ha. Na Tabela 1 apresentado
o uso da terra no municpio.
Hectares Estabelecimentos
Lavouras Temporrias 2237 379
Culturas Permanentes 73 23
rea plantada com forrageiras para corte 788 429
Pastagens Plantadas 398 35
Pastagens Naturais 38.799 480
Matas e/ou florestas naturais 1409 16
rea cultivada com espcies florestais tambm usadas para lavouras e
pastejo 1145 10
Aquicultura (lagos, tanques, audes, etc.) 466 167
Terras degradadas (erodidas, desertificadas, salinizadas, etc.) 68 11
Inaproveitveis para a agricultura 7328 171
Construes, benfeitorias ou caminhos 696 331
Tabela 1 Utilizao das Terras no municpio de Currais Novos/RN
Fonte: Censo agropecurio (IBGE, 2006).
A soma das reas na Tabela 1 no corresponde exatamente ao total j informado de 53.316
ha dos estabelecimentos agropecurios, provavelmente, porque h sobreposio das reas, j que
no esto discriminadas no apenas as culturas exploradas, mas tambm o seu estado de
conservao; alm disso, entre as terras utilizadas para aquicultura esto includos tambm audes
pblicos.
Observa-se pela Tabela 1 que mais de 72% das reas dos estabelecimentos agropecurios
(38.799 ha) so utilizados como pastagens naturais, enquanto que pouco mais de 2% das reas
(1.186 ha) so de pastagens artificiais ou forrageiras para corte.
Para estimativa da capacidade de suporte forrageiro e consequente diagnstico do uso das
pastagens foram utilizados coeficientes tcnicos gerais e os recomendados por Arajo Filho (1996)
para a manipulao da Caatinga para fins pastoris: 0,25, 2,86, 3,57 e 12,5 ha/U.A./ano para
forrageiras, pastagens artificiais, pastagens naturais e reas cultivadas com espcies florestais
usadas para pastejo, respectivamente. A partir destes coeficientes, estimou-se uma lotao mxima
de 14.246,62 U.A. (Unidade Animal).
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O efetivo de rebanho, por ocasio do ltimo censo agropecurio (IBGE, 2006),
apresentado na Tabela 2. Estimou-se um rebanho total de ruminantes prximo a 15.069,82 U.A.,
superior, portanto, a lotao mxima estimada anteriormente. No clculo, no foram considerados
os restolhos das lavouras temporrias. Estes poderiam aumentar a capacidade forrageira, contudo,
considerou-se a sua utilizao como suplemento dieta dos animais, considerado um
aproveitamento de 100%, o que na prtica no ocorre, nem recomendado tendo em vista a
importncia do retorno de parte dos restos como matria orgnica ao solo, para a manuteno de sua
fertilidade do solo.
Estabelecimentos Cabea U.A./Cabea U.A.
Bovinos 543 11820 1 11820
Equinos 178 471 1,5 706.5
Asininos 340 518 1,5 777
Muares 132 201 1,5 301.5
Caprinos 182 4535 0,14 634.9
Ovinos 302 5928 0,14 829.92
Sunos 215 1423 - -
Aves 494 55381 - -
Outras aves 341 909 - -
Tabela 2 - Efetivo de rebanho
Fonte: Censo agropecurio (IBGE, 2006).
Coeficientes tcnicos gerais para o clculo do rebanho total de ruminantes.
Deve-se salientar que embora as pastagens plantadas e forrageiras tenham uma contribuio
relativamente menor se comparada s pastagens naturais, se bem manejadas permitem um efetivo
de rebanho de 2 a 3 vezes maior que o estimado (3.291,3 U.A.), o que reduz ou at elimina o dficit
entre a capacidade forrageira e o potencial de lotao mxima. Por outro lado, para as pastagens
cultivadas, segundo o censo agropecurio (IBGE, 2006), em torno de 7% (29 ha) estariam
degradados. Aplicando-se este mesmo potencial de degradao para as pastagens naturais, reduz-se
a lotao em mais de 760 U.A.
Dessa forma, simularam-se diferentes situaes de degradao das pastagens naturais e o
potencial de lotao resultante (Tabela 3). Esta estimativa conveniente, particularmente para o
municpio de Currais Novos/RN, pois est inserido na regio do Serid, a qual foi diagnosticada
como a mais atingida pela desertificao no estado do Rio Grande do Norte. Caso a capacidade de
lotao seja superestimada, a degradao se acelera, reduzindo ainda mais a capacidade de lotao.
TERRA Sade Ambiental e Soberania Alimentar ISBN: 978-85-68066-10-2 36
0% 7% 14% 21% 28%
0 760,46 1520,92 2281,38 3041,84
Tabela 3 Simulao do decrscimo do potencial de lotao animal (U.A.) em funo do percentual de
degradao
A partir da simulao apresentada na Tabela 3, estima-se um potencial de lotao entre
11.204,78 e 14.246,62 U.A., retornando um dficit de alimentao de 823,2 a 3865,04 U.A. As
estimativas de degradao apresentadas na Tabela 3 parecem ser razoveis, pois, diferentes
problemas ambientais ligados s atividades econmicas do municpio vm sendo relatados ha
tempos; a exemplo de Oliveira (2012) que cita o uso intensivo do solo pelas atividades de pecuria
que associado ao clima semirido condicionaram perda da capacidade produtiva do solo.
As produes dos produtos de origem pecuria podem ser consideradas razoveis, apesar
das limitaes apontadas. Pela Tabela 4, calcula-se uma produo de leite equivalente a 1.620
L/vaca/ano, pelo levantamento anual de produo agropecuria do ano de 2006 (IBGE, 2012),
superior, portanto, a produtividade da pecuria leiteira brasileira no mesmo ano (1.596 L/vaca/ano)
(IBGE, 2006). Isso confirma a tradio da regio com a pecuria leiteira, como relatado no Plano de
Desenvolvimento Sustentvel do Serid (RIO GRANDE DO NORTE, 2000), que j colocava a
bovinocultura de leite a atividade econmica de maior expresso no Serid, com um rebanho em
constante melhoramento, sendo a regio tambm a segunda bacia leiteira do estado.
Produo Unidade
Leite de vaca 10.574 Mil litros
Ovos de galinha 1.537 Mil dzias
Mel de abelha 5.394 kg
Tabela 4 - Produo
Fonte: Produo Agropecuria (IBGE, 2012). 6.527 vacas ordenhadas.
Uma rea bem menos significativa utilizada para as culturas permanentes (0,1%) e
lavouras temporrias (4,2%) (Tabela 1). Na Tabela 4 so apresentados os produtos da lavoura, a
partir do levantamento anual de produo agropecuria do ano de 2011 (IBGE, 2012).
Normalmente so escolhidas as melhores terras para a lavoura, o que explica as
produtividades apresentadas na Tabela 4 prximas mdia nacional de culturas tradicionais como
feijo (718 kg/ha) e milho (3.606 kg/ha), pelo censo agropecurio de 2006 (IBGE, 2006).
O censo agropecurio de 2006 de Currais Novos/RN (IBGE, 2006) fornece ainda um
indicativo sobre as prticas de manejo e conservao do solo. Segundo o levantamento, 91
estabelecimentos agropecurios existentes utilizam o cultivo convencional (arao mais gradagem),
249 apenas o cultivo mnimo e 3, o cultivo direto na palha.
TERRA Sade Ambiental e Soberania Alimentar ISBN: 978-85-68066-10-2 37
A conservao da palha na superfcie, como vai ser discutido mais adiante, pode ser uma
boa alternativa para reduo do risco de degradao das terras, por proteger o solo, reduzindo a sua
erodibilidade, alm de mitigar os efeitos das sazonalidades climticas, conservando por mais tempo
a umidade do solo, entre outros efeitos benficos, com reflexos sobre a produtividade das culturas.
rea
colhida
(ha)
rea plantada
(ha)
Quantidade
produzida
(Mg)
Rendimento
mdio
(kg/ha)
Valor da
produo
(Mil Reais)
Lavoura Permanente
Banana 5 5 90 18.000 108
Castanha de
caju
24 24 10 416 10
Coco-da-baa 72 72 331 4.597 165
Goiaba 11 11 66 6.000 66
Limo 2 2 9 4.500 7
Mamo 10 10 375 37.500 187
Manga 60 60 510 8.500 178
Maracuj 6 6 36 6.000 43
Lavoura Temporria
Batata doce 10 10 95 9.500 71
Feijo 310 310 125 900 312
Melancia - 5 150 30.000 45
Milho 315 315 171 3.420 85
Tomate 35 35 525 15.000 315
Tabela 5 Lavoura Permanente e Temporria no municpio de Currais Novos/RN.
Fonte: Produo Agrcola Municipal (IBGE, 2012). Mil frutos.
Foram produzidos 53 t de carvo e extrados 7.230 m de lenha no ano de 2011, segundo a
estatstica de produo da extrao vegetal e silvicultura (IBGE, 2012). Boa parte da madeira
extrada , provavelmente, destinada alimentao de fornos de mais de 80 fbricas de cermicas
na regio, sendo a vegetao desmatada sem o controle do IBAMA (BEZERRA et al., 2011), o que
pode estar intensificando os fenmenos de degradao dos solos na regio.
RECOMENDAES DE MANEJO
A partir das informaes e consideraes sobre as atividades agrcolas desenvolvidas no
municpio de Currais Novos/RN, podemos afirmar que ocorre um sobrepastejo que, provavelmente
acentua e acelera a degradao do solo e das pastagens e das pastagens nele implantadas.
Algumas prticas podem ser adotadas com o objetivo de aumentar a oferta de forragem,
como o melhoramento das pastagens alternativas e uso de alternativas alimentares, como forma de
suplementao, principalmente no perodo seco do ano (MORAIS & VASCONCELOS, 2007).
TERRA Sade Ambiental e Soberania Alimentar ISBN: 978-85-68066-10-2 38
A conservao e manuteno das pastagens, contribuindo para que se alcance a taxa de
lotao animal correta e fazendo uso de adubao, para reposio de nutrientes, ou mesmo para a
recuperao dos solos j esgotados, podero contribuir para a manuteno ou melhoramento do
potencial produtivo do solo.
Vrias tecnologias de convivncia com o semirido para a conservao de gua j foram
desenvolvidas e precisam ser aplicadas com maior frequncia, priorizando-se as reas mais
atingidas pela seca; nesse sentido, prticas conservacionistas devem ser obrigatoriamente adotadas,
seja para a manuteno da sua fertilidade, por reduzir a perda de solo (em especial da camada
superficial, mais frtil), como tambm para a conservao da umidade, por maior tempo,
favorecendo o crescimento vegetal.
Santos et al. (2007) socializou experincias positivas de conteno de solo e g