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É a LX Factory um lugar socialmente criativo? Entre as visões e as práticas dos seus trabalhadores. Soraia Silva Mário Vale CEG/IGOT Leandro Gabriel Universidade de Lisboa Francisco Azevedo Projecto RUcaS «Real Utopias in Socially Creative Spaces» [PTDC/CS- GEO/115603/2009], financiado pela Fundação para Ciência e Tecnologia

É a LX Factory um lugar socialmente criativo? Entre as visões e … · 2013-12-10 · diversa e tolerante na LXF capacitada para a aprendizagem colectiva através da colaboração

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É a LX Factory um lugar socialmente criativo? Entre as visões e as práticas dos seus trabalhadores.

Soraia Silva

Mário Vale CEG/IGOT

Leandro Gabriel Universidade de Lisboa

Francisco Azevedo

Projecto RUcaS «Real Utopias in Socially Creative Spaces» [PTDC/CS-

GEO/115603/2009], financiado pela Fundação para Ciência e Tecnologia

Estrutura

• A LX Factory enquanto lugar socialmente criativo

• Metodologia

• Caracterização da amostra

• Principais resultados

• Criação artística

• Usufruto do espaço

• Percepções sobre a LX Factory

• Conclusões preliminares

A LX Factory enquanto lugar socialmente criativo

• Gertler propôs que se planeie a cidade de forma a ser um lugar socialmente criativo e inclusivo,

ponderando as inter-relações entre criatividade, competitividade e coesão que contribuem para a

qualidade de vida das populações (2004: 2).

• André et al. (2012) sugerem quatro condições essenciais que devem ser fomentadas para o

surgimento de lugares socialmente criativos – a diversidade, a tolerância, a aprendizagem colectiva

e o pensamento crítico. Neste contexto, a cultura e as artes constituem ferramentas importantes de

comunicação e de pensamento crítico, contribuindo para a reconstrução de identidades locais e para

o fomento da participação cívica (André et al., 2013).

• A LX Factory (LXF) foi escolhida para estudo de caso pela sua especificidade enquanto pólo

cultural e criativo maioritariamente empresarial e pelo contributo para a revalorização e

reconstrução da identidade de Alcântara

• Com esta primeira análise aos trabalhadores pretendemos compreender se existe uma comunidade

diversa e tolerante na LXF capacitada para a aprendizagem colectiva através da colaboração e

partilha de ideias

Metodologia

• Aplicação de um inquérito presencial aleatório nas instalações da LX Factory, em Julho de 2013

• Critério base: desenvolvimento de uma actividade profissional na LX Factory

• Total de 196 inquiridos, numa população total estimada entre 300 a 500 trabalhadores, em 2011, pela Mainside

• A estrutura do inquérito focou três domínios: relações laborais, práticas artísticas/criativas e de usufruto do espaço e percepções gerais.

Metodologia

Caracterização da amostra

• Média de 35 anos de idade (inquiridos dos 19 aos 68 anos).

• 80% dos inquiridos com formação superior.

• 94% dos inquiridos trabalha a tempo integral.

• 60% dos inquiridos iniciou actividade na empresa actual na LX Factory.

1

11

2 6

53

18 22

1 4

1

47

30

0

10

20

30

40

50

60 F M

37

54

72

33

0

10

20

30

40

50

60

70

80

Profissão Criativa Profissão não criativa

F M

Principais resultados

Criação artística

Projectos de carácter artístico/criativo

(para além da actividade económica principal)

Condição perante o trabalho Total Profissão

criativa

Profissão não

criativa

% face ao total de

trabalhadores da

categoria

Bolseiro/a 0 0 0 0

Empregador/a 7 5 2 21%

Estagiário/a não remunerado/a 1 1 0 33%

Estagiário/a remunerado/a 1 0 1 10%

Estudante 0 0 0 0

Trabalhador/a por conta de outrem 19 15 4 19%

Trabalhador/a por conta própria 15 12 3 31%

Total 43 33 10 22%

Principais resultados

Criação artística

Para além da sua actividade

económica principal,

desenvolve algum outro

projecto de carácter

artístico/criativo?

se Sim, Tem projectos colaborativos?

Sim Não

Sim, com

outros

trabalhadores

da LXF

Sim, com

pessoas de

fora da LXF

Sim, com

ambos

Total inquiridos 43 8 1 32 2

% 100% 19% 2% 74% 5%

Principais resultados

Usufruto do espaço

Participação em eventos realizados na LX Factory

Tipo de acção

Organizador /

colaborador activo

(a título próprio)

Organizador /

colaborador activo

(dentro da empresa) Espectador Participante

Tipo de evento

Eventos abertos ao público 12 52 55 10

Eventos fechados/por

convite 3 10 10 3

Workshops/Formações 4 15 25 13

Participação nos Opendays 13 79 118 48

Principais resultados

Usufruto do espaço

Frequência de espaços na LXF ou na periferia imediata

para consumos quotidianos

Tipo de actividade / Local Na LXF Na periferia

imediata

Refeições quotidianas 164 115

Serviços pessoais 78 91

Actividades de lazer 106 28

Não frequenta outros espaços 15 51

Total de 196 inquiridos

Fonte: Elaboração própria

Principais resultados

Percepções sobre a LX Factory

38%

21%

21%

7%

5%

2%

6%

Porque são as artes relevantes no quotidiano da LXF?

Fazem parte da identidade da LXF

Promovem um ambiente criativo

Existe uma concentração artística e criativa

na LXF Atraem público de fora

Existe uma grande oferta cultural

Promovem a colaboração entre os residentes

Outros

161

respostas

Fonte: Elaboração própria

Principais resultados

Percepções sobre a LX Factory

7% 10%

22%

7% 5% 15%

18%

11%

5% É um pólo criativo e promove a troca de ideias entre residentes

É um espaço com uma dinâmica própria e distinta

Tem uma identidade ligada à cultura e às artes

É um espaço diverso e funciona como uma pequena comunidade

Tem oferta cultural

É um espaço de consumo (comércio e restauração)

É um espaço de lazer e de festas e eventos

É um espaço turístico e aberto às pessoas de fora

Outros

211

respostas

Fonte: Elaboração própria

Porque é a LXF mais do que (apenas) um pólo de concentração de empresas?

Conclusões preliminares

• Existe uma grande diversidade de profissões que correspondem à evolução do perfil empresarial da LXF, que tem vindo a tornar-se cada vez mais um espaço de consumo, para além de produtivo. No entanto, esta mudança parece já fazer parte da identidade do lugar, a par da cultura e das artes.

• A faceta artística tem (ainda) um papel fundamental na coesão do espaço e parece (continuar a) inspirar os seus trabalhadores, que apresentam valores relativamente elevados de projectos artísticos/criativos.

• Os resultados sobre colaboração artística/criativa e participação activa em eventos parecem, contudo, aquém do esperado para um lugar dito colaborativo.

Bibliografia

• André I, Abreu A, Carmo A (2012) Social innovation through the arts in rural areas: the case of Montemor-o-Novo. In Moulaert F, MacCallum D, Mehmood A, Amdouch A (eds) International Handbook on Social Innovation – Social Innovation: Collective action, Social learning and Transdisciplinary research. Edward Elgar, Cheltenham: 241-255.

• André I, Malheiros J, Carmo A (2013) The rythm of arts in the socially creative city. In Klein J-L (ed.) Pour une nouvelle mondialisation: le défi d'innover. Presses de l'Université du Québec, Montreal: 191-209.

• Gertler M (2004) Creative Cities: What are they for, how do they work, and how do we build them?. Canadian Policy Research Networks, Ottawa.

GRATA PELA ATENÇÃO!

[email protected]