DOSSIÊ- DHNET - Mortos e Desaparecidos Políticos

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    DOSSI DOSMORTOS E

    DESAPARECIDOSPOLTICOS APARTIR DE 1964

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    Comisso de Familiares de Mortos e DesaparecidosPolticos, Instituto de Estudo da Violncia do Estado -

    IEVEGrupo Tortura Nunca Mais - RJ e PE

    DOSSI DOSMORTOS EDESAPARECIDOSPOLTICOS A

    PARTIR DE 1964

    CEPE Companhia Editora de PernambucoGoverno do Estado de Pernambuco

    1995

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    Copy right by 1995 Tortura Nunca Mais Pernambuco

    Dossi dos mortos e desaparecidos polticos a partir de 1964 / Comisso responsvel Mariado Amparo Almeida Arajo... et al., prefcio de Dom Paulo Evaristo Arns, apresentaode Miguel Arraes de Alencar. Recife : Companhia Editora de Pernambuco, 1995.

    p. 444 : il.

    Inclui bibliografia e anexos.

    1. Prisioneiros polticos Brasil Biografias. 2 Tortura Brasil 1964 . 3.Mortos edesaparecidos polticos Dossi. I. Arajo, Maria do Amparo AlmeidaII.Arns, PauloEvaristo. III. Alencar, Miguel Arraes de . rv. Ttulo.

    323.28 CDU (2.ed.) UFPE365.45 CDD (30.ed. BC95-76

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    AGRADECIMENTOS:

    Dr. Miguel Arraes de Alencar Governador do Estado de Pernambuco

    Eduardo Campos Secretrio do GovernoRenildo Calheiros Secretrio adjunto do GovernoRoberto Franca Secretrio de JustiaEvaldo Costa Presidente da CEPE e aos funcionrios.

    Ao Diretor do Arquivo Pblico de Pernambuco, Professor Potiguar Matos.Aos funcionrios do Arquivo Pblico de Pernambuco.

    Ao Ex-Governador de Pernambuco Sr. Carlos Wilson Campos, Slvio Pessoa e Joo Arrais Secretrio de Justia eSegurana Pblica respectivamente e as Entidades de Defesa dos Direitos Humanos que fazem a Comisso de Pesquisa e

    Levantamento dos Mortos e Desaparecidos Polticos de Pernambuco que viabilizaram a abertura do primeiro arquivo darepresso poltica no Brasil, o DOPS-PE, em 1990 (Sindicato dos Jornalistas, GAJOP, IBASP, Causa Comum, OAB-PE,

    Ass. dos Socilogos, CENDECH e Tortura Nunca Mais-PE, Forum de Mulheres de Pernambuco.)

    Ao Ricardo Ohtake, Secretrio de Cultura do Estado de So Paulo (1993-1994)

    Aos professores Jos nio Casalecchi e Nilo Odlia, diretores do Arquivo Pblico do Estado de So Paulo.Aos funcionrios do Arquivo Pblico do Estado de So Paulo:Alfredo Moreno Leito, Andras Sguari Batista, Csar Augusto Att, Fernando Braga,Joo Paulo Garrido Pimenta,

    Natalino Ferreira Vaz. Diretora Geral do Arquivo Pblico do Estado do Rio de Janeiro, Eliana Rezende Furtado de Mendona e s

    Diretoras Ana Maria de Lima Brando e Waldecy Catharina Magalhes Pedreira.Aos Pesquisadores e Funcionrios do Arquivo Pblico do Rio de Janeiro.Aos fotgrafos Cesar Augusto Teles, Custdio Coimbra, Marta Baio,Wilton Montenegro.Ao Deputado Estadual Mauro Bragato (SP).Aos familiares e amigos que tornaram possvel a realizao deste trabalho. artista plstica Marta Baio. historiadora e ex-presa poltica Ins Etienne Romeu.Ao jornalista e ex-preso poltico Celso Antunes Horta.A Marta Nehring.Ao Deputado Federal Nilmrio Miranda (MG) vereadora Tereza Lajolo (SP).Agradecimento especial ao Cesar Augusto Teles

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    S vos peo uma coisa: se sobreviverdes a esta poca, no vos esqueais! No vosesqueais nem dos bons, nem dos maus. Juntai com pacincia as testemunhas daqueles quetombaram por eles e por vs.

    Um belo dia, hoje ser o passado, e falaro numa grande poca e nos heris annimosque criaram a Histria.

    Gostaria que todo mundo soubesse que no h heris annimos. Eles eram pessoas, etinham nomes, tinham rostos, desejos e esperanas, e a dor do ltimo de entre os ltimos no eramenor do que a dor do primeiro, cujo nome h de ficar. Queria que todos esses vos fossem to

    prximos como pessoas que tivsseis conhecido como membros da vossa famlia, como vsmesmos.

    Testamento sob a Forca -Jlio Fuchik - Edit. Brasil Debates, 1980

    Este trabalho dedicado a:Agrcola Maranho do Vale, Anita Lima Piahuy Dourado, Arnaldo Xavier Cardoso

    Rocha, Benigno Berel Reicher Giro Barroso, Cristovan Sanches Massa, Cyrene Moroni Barroso,Dilma Alves, Edgar Corra, Edmundo Dias de Oliveira, Elza Joana dos Santos, Eunice SantosDelgado, Fanny Akselrud de Seixas, Guilhermina Bezerra da Rocha, Iracema Merlino, IreneGuedes Corra, Joo Baptista Xavier Pereira, Manoel Porfrio de Souza, Mrcio Arajo, Maria

    Mendes Freire, Majer Kucinski, Paulina da Silva, Rosalvo Cypriano Souza, Zuzu Angelfamiliares de presos polticos mortos e desaparecidos, que morreram lutando pelo resgate

    desta Histria.

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    EQUIPERESPONSVEL:

    Comisso de Familiares de Mortos e Desaparecidos Polticos e Instituto de Estudos da Violncia do Estado IEVE:

    Crimia Alice Schmidt de Almeida, Edson Lus de Almeida Teles, Helenalda Resende de Souza Nazareth, IvanAkselrud Seixas, Janana de Almeida Teles, Joo Carlos Schmidt de Almeida Grabois, Maria Amlia de Almeida Teles,Marta Nehring, Suzana Keniger Lisba e Terezinha de Oliveira Gonzaga.

    Grupo Tortura Nunca Mais - RJ:Ceclia Maria B. Coimbra, Cla Moraes, Flora Abreu, Joo Luiz de Moraes, Luiz C. Baslio, Maria Dolores

    Gonzales, Sebastio Brs, Sebastio Silveira e Togo Meirelles Netto.Grupo Tortura Nunca Mais PEMaria do Amparo Almeida Arajo, Marcelo Santa Cruz e Guanaira Amaral.

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    SUMRIOAPRESENTAO 21PREFCIO 23

    MORTOS EDESAPARECIDOSPOLTICOS:RESGATANDO AMEMRIABRASILEIRA25MORTES OFICIAIS1964

    Albertino Jos de Oliveira 41Alfeu de Alcntara Monteiro 41Ari de Oliveira Mendes Cunha 41Astrogildo Pascoal Vianna 41Bernardino Saraiva 42Carlos Schirmer 42Dilermano Mello do Nascimento 43Edu Barreto Leite 44

    Ivan Rocha Aguiar 45Jonas Jos Albuquerque Barros 45Jos de Sousa 45Labib Elias Abduch 45Manuel Alves de Oliveira 45

    1965Severino Elias de Melo 47

    1966Jos Sabino 48Manoel Raimundo Soares 48

    1967 Milton Palmeira de Castro 511968

    Benedito Frazo Dutra 52Clvis Dias Amorim 52David de Souza Meira 52Edson Luiz de Lima Souto 53Fernando da Silva Lembo 53Jorge Aprgio de Paula 54Jos Carlos Guimares 54Luis Paulo Cruz Nunes 54Manoel Rodrigues Ferreira 55Maria ngela Ribeiro 55Ornalino Cndido da Silva 55

    1969Antnio Henrique Pereira Neto (Padre) 56Carlos Marighella 57Carlos Roberto Zanirato 61Chael Charles Schreier 61Eremias Delizoikov 63Fernando Borges de Paula Ferreira 66Hamilton Fernando Cunha 67Joo Domingos da Silva 67

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    Joo Lucas Alves 68Joo Roberto Borges de Souza 69Jos Wilson Lessa Sabag 69

    Luiz Fogaa Balboni 70Marco Antnio Brs de Carvalho 70Nelson Jos de Almeida 71Reinaldo Silveira Pimenta 71Roberto Cietto 72Sebastio Gomes da Silva 73Severino Viana Colon 73

    1970Abelardo Rausch Alcntara 74Alceri Maria Gomes da Silva 74ngelo Cardoso da Silva 75

    Antnio Raymundo Lucena 75Ari de Abreu Lima da Rosa 77Avelmar Moreira de Barros 77Dorival Ferreira 77Edson Neves Quaresma 78Eduardo Collen Leite 79Eraldo Palha Freire 82Hlio Zanir Sanchotene Trindade 82Joaquim Cmara Ferreira 83Joelson Crispim 84Jos Idsio Brianesi 85

    Jos Roberto Spinger 85Juarez Guimares de Brito 86Lucimar Brando Guimares 87Marco Antnio da Silva Lima 88Norberto Nehring 88Olavo Hansen 92Roberto Macarini 94Yoshitame Fujimore 95

    1971Aderval Alves Coqueiro 97Aldo de S Brito de Souza Neto 98Amaro Lus de Carvalho 100Antnio Srgio de Matos 100Carlos Eduardo Pires Fleury 101Carlos Lamarca 102Devanir Jos de Carvalho 105Dimas Antnio Casemiro 107Eduardo Antnio da Fonseca 107Flvio de Carvalho Molina 108Francisco Jos de Oliveira 112Gerson Theodoro de Oliveira 112Iara Iavelberg 113Joaquim Alencar de Seixas 114

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    Jos Campos Barreto 116Jos Gomes Teixeira 116Jos Milton Barbosa 117

    Jos Raimundo da Costa 118Jos Roberto Arantes de Almeida 119Lus Antnio Santa Brbara 119Lus Eduardo da Rocha Merlino 120Lus Hirata 122Manoel Jos Mendes Nunes de Abreu 123Marilene Vilas-Boas Pinto 123Mrio de Souza Prata 124Maurcio Guilherme da Silveira 125Nilda Carvalho Cunha 125Odijas Carvalho de Souza 126

    Otoniel Campos Barreto 126Raimundo Eduardo da Silva 127Raimundo Gonalves Figueiiredo 127

    Raimundo Nonato Paz ou Nicolau 21 128Raul Amaro Nin Ferreira 128

    1972Alex de Paula Xavier Pereira 131Alexander Jos Ibsen Voeroes 132Ana Maria Nacinovic Corra 133Antnio Benetazzo 135Antnio Carlos Nogueira Cabral 136

    Antnio Marcos Pinto de Oliveira 137Arno Preis 138Aurora Maria Nascimento Furtado 140Carlos Nicolau Danielli 142Clio Augusto Guedes 144Fernando Augusto Valente da Fonseca 144Frederico Eduardo Mayr 146Gastone Lcia Beltro 149Gelson Reicher 150Getlio DOliveira Cabral 151Grenaldo de Jesus da Silva 152Hlcio Pereira Fortes 152Hiroaki Torigoi 154Ismael Silva de Jesus 155Iuri Xavier Pereira 156Jeov de Assis Gomes 157Joo Mendes Arajo 157Jos Bartolomeu Rodrigues de Souza 158Joo Carlos Cavalcanti Reis 158Jos Inocncio Pereira 159Jos Jlio de Arajo 159Jos Silton Pinheiro 162Lauriberto Jos Reys 163

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    Lgia Maria Salgado Nbrega 163Lincoln Cordeiro Oest 164Lourdes Maria Wanderly Pontes 165

    Lus Andrade de S e Benevides 166Marcos Nonato da Fonseca 166Maria Regina Lobo Leite Figueiredo 167Mriam Lopes Verbena 167Ruy Osvaldo Aguiar Pfitzenreuter 168Valdir Sales Saboya 170Wilton Ferreira 170

    1973Alexandre Vannucchi Leme 173Almir Custdio de Lima 176Anatlia de Souza Alves de Melo 178

    Antnio Carlos Bicalho Lana 178Arnaldo Cardoso Rocha 180Emanoel Bezerra dos Santos 181Eudaldo Gomes da Silva 183Evaldo Lus Ferreira de Sousa 184Francisco Emanoel Penteado 184Francisco Seiko Okama 185Gildo Macedo Lacerda 185Helber Jos Gomes Goulart 188Henrique Ornelas Ferreira Cintra 190Jarbas Pereira Marques 190

    Jos Carlos Novaes da Mata Machado 191Jos Manoel da Silva 193Jos Mendes de S Roriz 194Lincoln Bicalho Roque 195Luis Guilhardini 196Lus Jos da Cunha 198Manoel Aleixo da Silva 199Manoel Lisboa de Moura 199Merival Arajo 200Pauline Philipe Reichstul 201Ransia Alves Rodrigues 201Ronaldo Mouth Queiroz 202Soledad Barret Viedma 202Snia Maria Lopes Morais 204

    1975Jos Ferreira de Almeida 211Pedro Gernimo de Souza 211Wladimir Herzog 212

    1976ngelo Arroyo 214Joo Baptista Franco Drummond 215Joo Bosco Penido Burnier (Padre) 217Manoel Fiel Filho 218

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    Pedro Ventura Felipe de Arajo Pomar 2201977

    Jos Soares dos Santos 224

    1979Alberi Vieira dos Santos 225Benedito Gonalves 225Guido Leo 225Otaclio Martins Gonalves 226Santo Dias da Silva 226

    1980Lyda Monteiro da Silva 229Raimundo Ferreira Lima 229Wilson Souza Pinheiro 230

    1983

    Margarida Maria Alves 231OUTRASMORTESAfonso Henrique Martins Saldanha 235Antnio Carlos Silveira Alves 235Ari da Rocha Miranda 235Catarina Abi-Eab 235Iris Amaral 236Ishiro Nagami 236Joo Antnio Abi-Eab 237Joo Barcellos Martins 237Jos Maximiniano de Andrade Neto 238

    Luiz Affonso Miranda da Costa Rodrigues 238Newton Eduardo de Oliveira 238Srgio Correia 238Silvano Soares dos Santos 238Zuleika Angel Jones 239

    MORTES NO EXLIOngelo Pezzuti da Silva 243Carmem Jacomini 245Djalma Carvalho Maranho 245Gerosina Silva Pereira 246Maria Auxiliadora Lara Barcelos 246Nilton Rosa da Silva 248Therezinha Viana de Assis 248Tito de Alencar Lima (Frei) 249

    DESAPARECIDOS NOBRASILAdriano Fonseca Fernandes Filho 253Alusio Palhano Pedreira Ferreira 254Ana Rosa Kucinski Silva 256Andr Grabois 257Antnio Alfaiate 258Antnio Alfredo Campos 258Antnio Carlos Monteiro Teixeira 259

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    Antnio de Pdua Costa 259Antnio dos Trs Reis Oliveira 260Antnio Guilherme Ribeiro Ribas 261

    Antnio Joaquim Machado 263Antnio Teodoro de Castro 263Arildo Valado 264Armando Teixeira Frutuoso 265urea Eliza Pereira Valado 266Aylton Adalberto Mortati 268Bergson Gurjo Farias 270Caiuby Alves de Castro 271Carlos Alberto Soares de Freitas 271Celso Gilberto de Oliveira 273Cilon da Cunha Brun 274

    Ciro Flvio Salasar Oliveira 275Custdio Saraiva Neto 277Daniel Jos de Carvalho 277Daniel Ribeiro Callado 278David Capistrano da Costa 279Dnis Casemiro 281Dermeval da Silva Pereira 282Dinaelza Soares Santana Coqueiro 283Dinalva Oliveira Teixeira 283Divino Ferreira de Sousa 284Durvalino de Souza 285

    Edgard Aquino Duarte 285Edmur Pricles Camargo 287Eduardo Collier Filho 288Elmo Corra 288Elson Costa 289Enrique Ernesto Ruggia 290Ezequias Bezerra da Rocha 290Flix Escobar Sobrinho 292Fernando Augusto Santa Cruz Oliveira 292Francisco Manoel Chaves 295Gilberto Olmpio Maria 295Guilherme Gomes Lund 296Heleni Telles Ferreira Guariba 297Helenira Rezende de Souza Nazareth 299Hlio Luiz Navarro de Magalhes 301Hiram de Lima Pereira 302Honestino Monteiro Guimares 304Idalsio Soares Aranha Filho 305Ieda Santos Delgado 306sis Dias de Oliveira 306Issami Nakamura Okano 310Itair Jos Veloso 310Ivan Mota Dias 311

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    Jaime Amorim Miranda 312Jaime Petit da Silva 312Jana Moroni Barroso 313

    Joo Alfredo Dias 314Joo Batista Rita 314Joo Carlos Haas Sobrinho 315Joo Gualberto 316Joo Leonardo da Silva Rocha 316Joo Massena Melo 317Joaquim Pires Cerveira 318Joaquinzo 319Joel Jos de Carvalho 319Joel Vasconcelos Santos 320Jos Huberto Bronca 321

    Jos Lavechia 322Jos Lima Piauhy Dourado 322Jos Maria Ferreira Arajo 323Jos Maurlio Patrcio 326Jos Montenegro de Lima 326Jos Porfrio de Souza 327Jos Roman 328Jos Toledo de Oliveira 328Jorge Leal Gonalves Pereira 329Jorge Oscar Adur (Padre) 330Kleber Lemos da Silva 330

    Libero Giancarlo Castiglia 331Lourival de Moura Paulino 332Lcia Maria de Sousa 332Lcio Petit da Silva 333Lus Almeida Arajo 334Lus Eurico Tejera Lisboa 335Lus Incio Maranho Filho 341Luza Augusta Garlippe 342Luiz Ren Silveira e Silva 343Luiz Vieira de Almeida 343Manuel Jos Nurchis 344Mrcio Beck Machado 344Marco Antnio Dias Batista 345Marcos Jos de Lima 345Maria Augusta Thomaz 346Maria Clia Corra 346Maria Lcia Petit da Silva 347Mariano Joaquim da Silva 351Mario Alves de Souza Vieira 352Maurcio Grabois 355Miguel Pereira dos Santos 357Nelson de Lima Piauhy Dourado 358Nestor Veras 358

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    Norberto Armando Habeger 359Onofre Pinto 359Orlando da Silva Rosa Bonfim Jnior 360

    Orlando Momente 362Osvaldo Orlando da Costa 363Paulo Csar Botelho Massa 365Paulo Costa Ribeiro Bastos 366Paulo de Tarso Celestino da Silva 366Paulo Mendes Rodrigues 367Paulo Roberto Pereira Marques 367Paulo Stuart Wright 369Pedro Alexandrino de Oliveira Filho 372Pedro Carretel 373Pedro Incio de Arajo 374

    Ramires Maranho do Vale 374Rodolfo de Carvalho Troiano 375Rosalino Souza 376Rubens Beirodt Paiva 378Ruy Carlos Vieira Berbert 381Ruy Frazo Soares 384Srgio Landulfo Furtado 387Stuart Edgar Angel Jones 388Suely Yumiko Kamayana 390Telma Regina Cordeiro Corra 391Thomaz Antnio da Silva Meirelles Neto 392

    Tobias Pereira Jnior 395Uirassu de Assis Batista 395Umberto Albuquerque Cmara Neto 395

    Vandick Reidner Pereira Coqueiro 396Virglio Gomes da Silva 396Vitorino Alves Moitinho 398Walquria Afonso Costa 399Wlter de Souza Ribeiro 401Wlter Ribeiro Novaes 402Wilson Silva 403

    DESAPARECIDOS NO EXTERIORARGENTINA

    Francisco Tenrio Jnior 407Jorge Alberto Basso 408Luiz Renato do Lago Faria 408Maria Regina Marcondes Pinto 408Roberto Rascardo Rodrigues 409Sidney Fix Marques dos Santos 410Walter Kenneth Nelson Fleury 410

    BOLVIALuiz Renato Pires de Almeida 411

    CHILEJane Vanini 412

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    Luiz Carlos Almeida 413Nelson de Souza Kohl 414Tlio Roberto Cardoso Quintiliano 414

    Vnio Jos de Matos 415ANEXOI-FOTOS DEMORTOSENCONTRADAS NOSARQUIVOSDAREPRESSOPOLTICA 417ANEXOII-SIGLAS USADAS 427BIBLIOGRAFIA E SUGESTES PARALEITURA 431

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    APRESENTAOEste livro instrumento para a construo de uma Nao justa, antes de ato de

    denncia. tal certeza que leva o Governo de Pernambuco a participar, modestamente, desua edio. Os fatos que se erguem nossa frente so incontornveis. No h alternativaalm de decifr-los e revel-los, por maiores que sejam as dores e por mais resguardadasque sejam as culpas. tambm com dores profundas e com culpas expostas que se constriuma Nao.

    Querer a justia no querer a revanche. Os revanchistas apenas reformam erros,enquanto os que lutam pela justia fazem avanar o processo de redemocraticao queno Brasil ainda essencialmente formal, ao sustentar um modelo econmico que geramilhes de miserveis. O reconhecimento, pelo Estado, dos direitos dos brasileiros mortosno decorrer do regime militar, marcar um avano no processo de redemocratizao.Avano no qual, temos a convico, sabemos conquistar com maturidade eresponsabilidade.

    MIGUEL ARRAES DE ALENCARGovernador de Pernambuco#

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    PREFCIO

    Tocar nos corpos para machuc-los e matar. Tal foi a infeliz, pecaminosa e brutalfuno de funcionrios do Estado em nossa ptria brasileira aps o golpe militar de 1964.

    Tocar nos corpos para destru-los psicologicamente e humanamente. Tal foi a tarefaignominiosa de alguns profissionais da Medicina e de grupos militares e paramilitaresdurante 16 anos em nosso pas. Tarefa que acabamos exportando ao Chile, Uruguai eArgentina. Ensinamos outros a destruir e a matar. Lentamente e sem piedade. Sem ticanem humanismo.

    Macular pessoas e identidades. Perseguir lderes polticos e estudantis. Homens emulheres, em sua maioria jovens. destas dores que trata este livro. desta triste histriaque nos falam estas pginas marcadas de sangue e dor.

    Vejo o prprio Cristo crucificado nestas pginas e suas sete chagas de novo abertasdiante de nossos olhos. Nossa misso humana e crist ainda no terminou, pois aindaexistem corpos na cruz. Existem pessoas injustamente torturadas em novos antros detortura. Os imprios do poder especializaram-se nas armas e nos mtodos. Dos pregos,correias e espinhos que mataram Jesus em Jerusalm, passou-se s fitas de ao, fioseltricos forjando cruzes maiores e mais pesadas. Com a inteligncia do demnio e avontade deliberada de fazer o mal.

    Em documento publicado pelo Comit Brasileiro pela Anistia, seco do Rio Grandedo Sul, sob os auspcios da Assemblia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul, em

    1984, tnhamos j uma lista incompleta de 339 mortos ou desaparecidos sob o domnio damacabra Ideologia da Segurana Nacional, fiel suporte das ditaduras militares latino-americanas.

    Hoje temos em mos documento mais longo, fruto de sria pesquisa dos prpriosfamiliares nestes ltimos dez anos. Fatos novos surgiram. Documentos e valas foramabertas e revelados com muita luta e muito empenho. Tambm com muita dor e muitosofrimento.

    Vejo, com o olhar da f, nestes que morreram assassinados, tambm surgir aesperana na ressurreio. Deles e de toda a nossa gente brasileira. Pois, como diziasantamente nosso amigo e mrtir, Monsenhor Oscar Arnulfo Romero y Gadamez,Arcebispo assassinado pelas mesmas foras da represso em El Salvador:

    Se me matarem ressuscitarei no povo Salvadorenho.Sim, para os que crem e tm f, a certeza da morte nos entristece, mas a promessa daimortalidade nos consola e reanima. A certeza de que Deus Pai no suporta ver seus filhosamados na cruz, nos confirma a ressurreio como o grande gesto vitorioso diante de todosos poderes da morte, do mal e da mentira. Pois, como diz o Apstolo Paulo:

    Realmente est escrito: Por tua causa somos entregues morte todo o dia, fomostidos em conta de ovelhas destinadas ao matadouro. Mas, em tudo isso vencemos porAquele que nos amou. (Rm 8,36-37).

    Ainda h muito o que fazer para que toda a verdade venha tona.Ainda h muito que fazer para que nossa juventude jamais se esquea destes tempos

    duros e injustos.

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    Ainda h muito por esclarecer para que a verdade nos liberte e para que notenhamos aquele Brasil nunca mais.

    H ainda muito amor e compaixo em nossos coraes capazes de vencer toda dor etodo sofrimento que nos infligiram.

    Existem ainda muitos ombros amigos junto aos familiares dos mortos edesaparecidos que tornaram palpvel e possvel a esperana. E que afastaram o desnimo eo medo nas horas difceis.

    Ombros largos como os do grande Senador Teotnio Vilela at ombros femininos ecorajosos da impecvel prefeita Luiza Erundina de Sousa.

    Ombro de apoio incondicional da nossa Comisso de Justia e Paz de So Paulo, ato prprio ombro chagado e vitorioso do Cristo, visvel em sua Igreja, seus discpulos e seusmrtires. Carregando em sua cruz a cruz destes que morreram pela justia em nossa terra.Carregando nestas cruzes a cruz do prprio Cristo.

    Este um livro de dor. um memorial de melancolias. Um livro que fere, emachuca, mentes e coraes. Um livro para fazer pensar e fazer mudar o que deve ainda sermudado e pensado em favor da vida e da verdade.

    Um livro dos trinta anos que j se passaram.Mas tambm um livro que faa a verdade falar, gritar e surgir como o sol em nossa

    terra. Um livro que traga muita luz e esclarecimento nos anos que viro.Um livro, vrios brados, uma certeza verdadeira. Nunca mais a escurido e as trevas.

    Nunca mais ao medo e ditadura. Nunca mais excluso e tortura. Nunca mais morte.Um sim vida!

    So Paulo, 21 de novembro de 1994

    Paulo Evaristo, CARDEAL ARNSArcebispo Metropolitano de So Paulo

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    MORTOS E DESPARECIDOS POLTICOS:RESGATANDO AMEMRIABRASILEIRA

    Quando o muro separa/Uma ponte une/Se a vingana encara/ O remorso pune/

    Voc vem me agarra/Algum me solta/Voc vai na marra/Ela um dia volta./E se a fora tua/ Ela um dia nossa/Olha o muro, olha a ponte,/Olha o dia de ontem chegando/Que medo voc tem de ns/Olha a/.

    Voc corta um verso/ Eu escrevo outro./Voc me prende vivo/ Eu escapo morto/De repente,olha eu de novo/ Perturbando a paz/Exigindo o troco/ Vamos por a, eu e meu cachorro/Olha o verso, olha o moo chegando/ que medo voc tem de ns/Olha a!(Pesadelo - Maurcio Tapajs e Paulo Csar Pinheiro)

    H vrias maneiras de narrar a histria de um pas. Uma viso sempre esquecida,conhecida como a tica dos vencidos, aquela forjada pelas prticas dos movimentos sociaispopulares, nas suas lutas, no seu cotidiano, nas suas resistncias e na sua teimosia em produziroutras maneiras de ser, outras sensibilidades, outras percepes. Prticas que recusam as normas

    pr-estabelecidas e institudas e que procuram de certa forma construir outros modos desubjetividades, outros modos de relao com o outro, outros modos de produo, outros modosde criatividade.

    desta histria que vamos falar um pouco, de uma histria onde as classes popularesno so meras expectadoras dos fatos, mas produtoras dos acontecimentos. De uma histriaonde a subjetividade dominante apesar de seu poderio e tentativas no conseguesilenciar e ocultar a produo de espaos singulares, de prticas diferentes e eliminar amemria histrica de uma outra memria.

    A memria histrica oficial um lado perverso de nossa histria, produzida pelasprticas dominantes para apagar os vestgios que as classes populares e os opositores vodeixando ao longo de suas experincias de resistncia e luta, num esforo contnuo de

    excluso dessas foras sociais como sujeitos que forjam a histria. Pretendem com issodesconhecer, desfigurar e distorcer os embates reais dos vencidos, como se estes noestivessem presentes no cenrio poltico.

    necessrio, portanto, como afirma Marilena Chau, um trabalho de desconstruoda memria, desvendando no s o modo como o vencedor produziu a representao de suavitria, mas sobretudo, como a prpria prtica dos vencidos participou desta construo.(In De Decca - O Silncio dos Vencidos - S. Paulo, Brasiliense, 1984, p.17).

    Para resgatar esta outra memria, diversos grupos organizados em diferentes estadosbrasileiros vm trazendo ao conhecimento da sociedade acontecimentos ocultados: aquesto dos mortos e desaparecidos polticos.

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    A ditadura militar, implantada por meio do golpe de abril de 1964, desde seu incio,cometeu atrocidades contra o povo e a nao brasileira.

    Foi deposto o governo legitimamente eleito pelo voto popular e revogados seus atosem prol da reforma agrria e contra as remessas de lucros das empresas estrangeirasobtidos no territrio nacional.

    Milhares de pessoas foram presas, torturadas e tiveram seus direitos polticoscassados. Ora por serem sindicalistas, camponeses, advogados ou parlamentares, ora porserem funcionrios pblicos, ferrovirios ou simplesmente estudantes. Outras tantasconseguiram escapar para o exlio.

    Os fundamentos da Doutrina de Segurana Nacional foram suficientes para aniquilaro Estado do Bem Estar. Segundo essa doutrina, o principal inimigo est dentro do prpriopas e deve ser procurado entre o povo.

    Para defender o Estado de Segurana, justifica-se a violao aos direitosconstitucionais e da pessoa humana.

    A frrea censura imprensa impedia que a maioria do povo tivesse acesso sinformaes. Enquanto isso, nos bastidores do governo, cada vez revestia-se da maiorimportncia o SNI Servio Nacional de Informaes , criado em 13 de junho de 1964,com o objetivo de produzir e operar informaes conforme os interesses da ditadura e deseus aliados.

    A expanso do SNI teve como conseqncia o recrudescimento da represso poltica.Foi criada a Operao Bandeirantes OBAN, financiada tambm por multinacionais,como a Ultra, Ford, General Motors e outras. A OBAN contava com integrantes doExrcito, Marinha, Aeronutica, Polcia Poltica Estadual, Departamento da PolciaFederal, Polcia Civil, entre outros.

    Foram to eficientes seus mtodos de combate chamada subverso, por meio detorturas e assassinatos, que serviu de modelo para a implantao, em escala nacional, deorganismo oficial sob a sigla DOI-CODI Destacamento de Operaes e Informaes-Centro de Operaes de Defesa Interna. Esses organismos visavam prender, torturar ematar opositores polticos

    Uma parte das dolorosas conseqncias dessas aes ignominiosas do Estado deSegurana cuja expresso mxima foi a ditadura militar est descrita neste Dossi.

    A luta pelo esclarecimento das mortes e desaparecimentos polticos ocorridos duranteo perodo da ditadura militar brasileira iniciou-se ainda na primeira metade dos anos 70 e seestende at os dias de hoje. De incio, foram os grupos de familiares que, em diferentesEstados, comearam a se organizar para denunciar no somente as mortes e

    desaparecimentos de seus entes queridos, mas tambm as torturas e as pssimas condiespelas quais passavam os presos polticos na poca. Naquele momento, foi de fundamentalimportncia o apoio de alguns setores da Igreja, com suas Comisses de Justia e Paz, e dealguns parlamentares oposicionistas.

    A atuao dos familiares de presos polticos mortos e desaparecidos se tornou maisintensa em meados de 70, quando cresceu de maneira alarmante o nmero dedesaparecidos. No ano de 1974, no houve vtimas do regime militar, na condio demortos oficiais, somente desaparecidos.

    Desgastada politicamente e alarmada com a catica situao de sua polticaeconmica, a ditadura se lanou em uma farsa chamada abertura democrtica sob osauspcios do General Geisel, o ento Presidente da Repblica. Dessa forma, oficialmente, a

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    ditadura no mais assumia o assassinato de seus opositores. No havia mais repressopoltica, porque dizimada estava a chamada subverso. Em compensao, o nmero dedesaparecidos cresceu absurdamente.

    O primeiro morto oficial, nessa poca, de julho de 1975, Jos Ferreira de Almeida.Mas, s chegou opinio pblica o caso de Wladimir Herzog, oficialmente morto, emoutubro daquele ano. Por essa ocasio, tambm se iniciaram as primeiras articulaes parase construir um movimento em favor da Anistia.

    Formaram-se entidades como o Movimento Feminino Pela Anistia e LiberdadesPolticas e os Comits Brasileiros pela Anistia, estes espalhados por vrios Estados.Essa luta em diferentes segmentos da sociedade civil brasileira foi-se reorganizando e sefortalecendo, sobretudo no final de 70.

    Os familiares recorriam aos advogados, que apelavam para o Habeas Corpus,mesmo suspenso com a edio do AI-5, em 1968. Foi um recurso bastante utilizado natentativa de preservar a vida dos presos, embora os juzes militares nunca o aceitassem. Erauma forma de presso, tanto para avisar aos rgos de represso do conhecimento dessasprises, como para repudiar a supresso desse direito. No caso dos desaparecidos, aresposta era invariavelmente: encontra-se foragido.

    O termo desaparecido usado para definir a condio daquelas pessoas que, apesarde terem sido seqestradas, torturadas e assassinadas pelos rgos de represso, asautoridades governamentais jamais assumiram suas prises e mortes. So at hojeconsideradas pessoas foragidas pelos rgos oficiais. Neste caso, as famlias buscamesclarecer as circunstncias da morte e a localizao dos corpos.

    O termo morto oficial significa que a morte das pessoas presas foi reconhecidapublicamente pelos rgos repressivos. No entanto, muitas vezes, necessrio ainda

    localizar os restos mortais que foram enterrados com nomes falsos num flagrante ato deocultao de cadveres, j que as autoridades oficiais sabiam a verdadeira identidade dosmortos. Na maioria das vezes, a verso policial da morte totalmente falsa.

    Em 28 de agosto de 1979, a promulgao da Lei da Anistia marcou definitivamente,para os familiares dos mortos e desaparecidos, a perda de seus parentes. A Anistia trouxede volta os presos polticos, exilados e clandestinos para o convvio social e poltico. Masmuitos mortos e os desaparecidos no voltaram sequer na forma de um atestado de bito.

    Pressionado pela opinio pblica, o regime militar foi obrigado a conceder a Anistia,muito embora no fosse aquela anistia que todos clamavam, ampla, geral e irrestrita. Mas umaanistia onde foi includa a humilhante proposio de se dar um atestado de paradeiro ignoradoou de morte presumida, aos desaparecidos, pretendendo assim eximir a ditadura de suas

    responsabilidades, e impedir a elucidao das reais circunstncias dos crimes cometidos.Enquanto a ditadura procurava, assim, ocultar seus crimes, resolvendo burocraticamente aausncia de dezenas de militantes, apresentvamos Nao a descoberta do corpo do primeirodesaparecido poltico, Luiz Eurico Tejera Lisba, localizado enterrado como indigente sobnome falso, no Cemitrio Dom Bosco, em Perus, na periferia de So Paulo. A anistia polticarepresentou, na verdade, uma auto-anistia para os envolvidos nas aes repressivas aps o golpede 1964. Contudo eles foram anistiados no por imprio da lei, mas por uma interpretao, naqual a pretensa abertura poltica poderia retroceder, segundo os prprios setores do regime, sehouvesse por parte das oposies, uma postura revanchista. O termo revanchismo tem sidousado para criticar a atitude daqueles que insistem em investigar os casos dos mortos edesaparecidos pela represso poltica e exigem o julgamento dos responsveis por tais crimes.

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    No entanto, este um imperativo do processo de democratizao real da sociedadebrasileira, que precisa conhecer a verdadeira histria do regime militar de 1964. Isto fundamental para que as atrocidades no mais se repitam.

    Lembremo-nos ainda de que os presos polticos envolvidos nos chamados crimes desangue no foram beneficiados pela Anistia. Permaneceram nos crceres, at que areformulao da Lei de Segurana Nacional LSN atenuou as penas. Saram, ento, emliberdade condicional, vivendo nessa condio por perodo que se estendeu por muitos anosaps a anistia. Aqueles que cometeram crimes de sangue no foram anistiados. A seincluem os militares que alm de praticarem a tortura, assassinaram e ocultaram cadveresde presos polticos.

    Com o retorno ao Estado de Direito, esta situao ainda no foi resolvida. O Estadobrasileiro insiste em se omitir de sua responsabilidade perante os crimes cometidos.

    Passados mais de quinze anos da promulgao da Lei da Anistia, o nmero de mortose desaparecidos polticos atinge a soma de 360. Este nmero no reflete a totalidade dosmortos ou desaparecidos, visto que sempre aumenta, quanto mais se abrem aspossibilidades de pesquisa. At o momento, tivemos acesso a poucos e inexpressivosdocumentos oficiais referentes s mortes na zona rural.

    Cerca de metade dos desaparecidos polticos conhecidos foram seqestrados e mortosna regio do Araguaia onde se desenvolveu um movimento guerrilheiro no perodo de1972 a 1974. Essa regio compreende uma rea de mais ou menos 6.500 km2, entre ascidades de So Domingos das Latas e So Geraldo, s margens do Rio Araguaia, no sul doPar. Tinha uma populao rural de mais ou menos 20 mil habitantes e nela atuaram 69guerrilheiros militantes do PC do B Partido Comunista do Brasil e cerca de 17camponeses que se integraram ao movimento.

    Para combat-los, o governo utilizou cerca de 20 mil homens do Exrcito, Marinha,Aeronutica, Polcia Federal e Polcias Militares do Par, Gois e Maranho. A proporode um militar para cada habitante da regio, sendo que cada militar estava fortementearmado e ainda contava com o respaldo de modernos equipamentos blicos, nos fazacreditar que, sem dvida, houve muito mais vtimas fatais do que as registradas nestedossi. Grande parte das informaes que hoje temos acerca dos desaparecidos do Araguaiase deve ao relatrio feito por ngelo Arroyo, apreendido pelos rgos de represso duranteo episdio conhecido como Massacre da Lapa, em 1976. Nessa ao, foram presos emortos alguns dirigentes do PC do B, entre eles Arroyo.

    Logo aps a Anistia, os familiares entregaram um dossi relatando de maneirasuscinta os casos dos mortos e desaparecidos ao Senador Teotnio Vilela, ento presidente

    da Comisso Mista Sobre a Anistia, no Congresso Nacional. Este dossi, elaborado pelaComisso de Familiares de Mortos e Desaparecidos do Comit Brasileiro pela Anistia CBA foi editado, em 1984, com o apoio do CBA/RS o nico que ainda atuava na pocano pas pela Assemblia Legislativa do Rio Grande do Sul. o documento que temservido de base para todo o trabalho de pesquisa e para elaborao deste atual Dossi. Deleconstavam 339 nomes, sendo 144 desaparecidos.

    Marcava tambm a homenagem dos familiares ao Senador Teotnio Vilela, quetransformou seus ltimos anos de vida na defesa intransigente da anistia e das liberdadespolticas.

    Diversas tentativas para esclarecer as circunstncias das mortes e a localizao dosrestos mortais foram feitas pelos familiares: audincias com ministros, tanto da poca da

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    Ditadura como nos governos atuais; aes judiciais de responsabilizao da Unio; deretificao de registros de bito e Habeas Data. Houve casos em que a ao teve comoresultado a responsabilizao da Unio pelo desaparecimento ou morte de ativistaspolticos como por exemplo, Mrio Alves (preso em 14 de janeiro de 1970 e desaparecidodesde ento), Rui Frazo Soares (preso em 1971 e tambm desaparecido), Raul Amaro NinFerreira (morto em agosto de 1971), Wladimir Herzog (morto em 25 de outubro de 1975) eManoel Fiel Filho (morto em 16 de janeiro de 1976). No caso de Mrio Alves e Rui Frazo,desaparecidos, no foram entregues os restos mortais.

    Os familiares dos guerrilheiros do Araguaia fizeram, em 1981, uma ao coletivapara exigir da Unio esclarecimentos sobre as circunstncias das suas mortes e alocalizao dos corpos. Em 17 de agosto de 1993, a Justia julgou procedente o recursoimpetrado por esses familiares para que o mrito desse processo fosse julgado, alegandoque no h nenhuma justificativa de sigilo pelas Foras Armadas e que a Lei da Anistia incompleta para atender solicitao dos familiares. At hoje o mrito no foi julgado.

    Em 1990, no dia 04 de setembro, foi aberta a Vala de Perus, localizada no CemitrioDom Bosco, na periferia da cidade de So Paulo. L foram encontradas 1.049 ossadas deindigentes, presos polticos e vtimas dos Esquadres da Morte. Pelo menos as ossadas deseis presos polticos deveriam estar enterradas nessa vala de acordo com os registros docemitrio: Dnis Casemiro, Dimas Casemiro, Flvio de Carvalho Molina, Francisco Josde Oliveira, Frederico Eduardo Mayr e Grenaldo de Jesus da Silva.

    A Prefeita Luiza Erundina, de imediato, criou uma Comisso Especial deInvestigao das Ossadas de Perus, com a participao de familiares e mdicos legistas daUNICAMP. A iniciativa da Prefeita foi seguida pela abertura de uma CPI ComissoParlamentar de Inqurito, na Cmara Municipal de So Paulo e a formao da Comisso

    de Representao Externa de Busca dos Desaparecidos Polticos, na Cmara Federal.No Rio de Janeiro e Pernambuco, desde 1990, iniciaram-se pesquisas nos institutosmdico legais, polcias tcnicas e cemitrios da periferia.

    A partir da abertura da vala um marco na luta pelo resgate dos mortos edesaparecidos os familiares passaram a reivindicar de maneira mais contundente o acessoaos arquivos policiais da ditadura. Chegaram a interpelar o ento Presidente FernandoCollor, em uma de suas exibies esportivas, quando ele se comprometeu a abr-los.

    Nos Estados do Paran e de Pernambuco, seus governadores de imediato abriram osarquivos aos familiares. Na Paraba alguns vereadores iniciaram pesquisas nos arquivos darepresso poltica. Mas o mesmo no ocorreu em So Paulo e no Rio de Janeiro, cujosarquivos se encontravam na Polcia Federal, desde 1983, sob a guarda de policiais

    vinculados diretamente represso poltica da ditadura militar. Os familiares, ento,tiveram que insistir para que a ordem do Presidente da Repblica fosse realmentecumprida, o que veio a ocorrer no dia 22 de janeiro de 1992, quando o Governo de SoPaulo recebeu de volta os arquivos da Polcia Federal. Novas negociaes passaram a serfeitas com o Governo do Estado quando se conseguiu que, pelo menos 10 representantesdos familiares pudessem realizar as pesquisas. Somente em fins de 1994, estes arquivosforam finalmente abertos para o pblico em geral, por inciativa da Secretaria de Cultura doEstado.

    No Rio de Janeiro, os arquivos do DOPS foram entregues ao Governo do Estado emagosto de 1992 e, imediatamente, foi permitida a pesquisa ao Grupo Tortura Nunca Maisdaquele estado.

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    Nestes arquivos a pesquisa ainda continua, mas muitos documentos importantes j foramencontrados, principalmente de alguns desaparecidos polticos, comprovando que estiverampresos nos rgos policiais, como: Ruy Carlos Vieira Berbert, Virglio Gomes da Silva, JoelVasconcelos dos Santos, Celso Gilberto de Oliveira e David Capistrano.

    A Comisso de Representao Externa de Busca dos Desaparecidos, presidida pelodeputado federal Nilmrio Miranda, conseguiu obter os relatrios das Foras Armadas,com algumas informaes falsas e incompletas. Se verdadeiras as datas das mortescontidas nesses relatrios, mostram que, em muitos casos, os desaparecidos, como os daGuerrilha do Araguaia, ficaram por longo tempo, presos, sendo torturados.

    Outras valas clandestinas foram abertas, graas s pesquisas feitas pelos Grupos TorturaNunca Mais: no Cemitrio de Ricardo Albuquerque, no Rio de Janeiro, e no Cemitrio de SantoAmaro, em Recife, Pernambuco. Nelas se encontram despojos de presos polticos. Na valacomum do Rio, h pelo menos os restos mortais de 14 presos polticos e em Recife h osdespojos dos mortos da Chacina So Bento, quando, em 1973, o delegado da polcia paulista,Srgio Paranhos Fleury, foi at l, orientado pelo agente infiltrado Cabo Anselmo, matarmilitantes da VPR (Vanguarda Popular Revolucinria).

    Os nomes dos 14 presos polticos enterrados na vala comum do Rio so: RamiresMaranho do Vale e Vitorino Alves Moitinho, ambos, at ento, desaparecidos, JosBartolomeu Rodrigues da Costa, Jos Silton Pinheiro, Ransia Alves Rodrigues, AlmirCustdio de Lima, Getlio de Oliveira Cabral, Jos Gomes Teixeira, Jos Raimundo daCosta, Lourdes Maria Wanderley Pontes, Wilton Ferreira, Mrio de Souza Prata e LusGuilhardini. Ainda no Rio, outros dois militantes foram enterrados nas valas comuns nosCemitrios de Cacuia (Severino Viana Colon ) e de Santa Cruz (Roberto Cietto).

    O respaldo tcnico dado pelos Institutos Mdicos Legais ao aparato de represso

    poltica se dava, ora legalizando as mortes e confirmando as verses policiais, orapermitindo a sada desses cadveres, como indigentes, sendo que os militantes j seencontravam identificados. Tanto que no prprio formulrio de requisio do laudonecroscpico, havia a palavra subversivo ou a letra T (de terrorista).

    No Rio, em 1991, foram exumadas 2.100 ossadas por iniciativa do Grupo TorturaNunca Mais, com a ajuda de dois mdicos legistas indicados pelo Conselho Regional deMedicina do Estado do Rio de Janeiro CREMERJ Dr. Gilson Souza Lima e Dra. MariaCristina Menezes e da Professora Nancy Vieira, antroploga da Universidade do Estado doRio de Janeiro UERJ. Este trabalho, assim como a catalogao dos ossos do crnio earcadas dentrias, foram executados sob a superviso da Equipe Argentina de AntropologiaForense, nas pessoas dos Drs. Luiz Fondebrider, Mercedes Doretti e Silvana Turner. Em

    maro de 1993, a equipe resolveu encerrar este trabalho provisoriamente. Isto se deu pelofato de no se ter conseguido financiamento e ser impossvel sustentar um trabalhorealizado voluntariamente por somente trs pessoas. As ossadas catalogadas foram, ento,guardadas no Hospital Geral de Bonsucesso. O local da vala continua sendo resguardado eest sendo construdo um Memorial no referido espao.

    As ossadas da Vala de Perus foram entregues a peritos para identific-las, por meiode um convnio entre a Prefeitura de So Paulo, a UNICAMP e o Governo do Estado. Soba chefia do Dr. Fortunato Badan Palhares, do Departamento de Medicina Legal daUNICAMP, duas ossadas foram identificadas: Denis Casemiro e Frederico Eduardo Mayr.No local da Vala de Perus, foi erguido um memorial de autoria do arquiteto RicardoOhtake.

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    No caso da vala de Recife no foi possvel fazer as investigaes. As ossadas foramjogadas dentro da vala sem sequer serem colocadas em sacos plsticos como as queestavam na Vala de Perus, o que torna praticamente invivel o trabalho de investigao.

    Em sntese, nosso trabalho consiste em pesquisar documentos do IML em S.Paulo,Rio de Janeiro e Pernambuco e nos arquivos do DOPS de Pernambuco, Paran, Paraba,So Paulo e Rio de Janeiro. Os arquivos do DOPS de Minas Gerais (extremamenteimportantes porque l foi o bero do golpe) foram incinerados segundo autoridadesgovernamentais daquele Estado. Realizamos tambm pesquisas junto ao Projeto BrasilNunca Mais coordenado pela Arquidiocese de So Paulo, em 1985 e que teve comoresultado a microfilmagem de todos os processos do STM Superior Tribunal Militar, de1964 a 1979.

    Percorremos cemitrios de norte a sul do pas. No cemitrio de Xambio (Par),encontramos duas ossadas: uma de uma mulher jovem, com idade aproximada entre 22 e25 anos, envolta em tecido de paraquedas, e a outra de um negro de aproximadamente 65anos. Ambas parecem ser de guerrilheiros e encontram-se na UNICAMP para seremidentificadas.

    Em alguns casos tivemos xito. Conseguimos resgatar e identificar por meio desseconvnio ossadas de mortos oficiais, enterrados como indigentes. Do Cemitrio de Perus:Hlber Jos Gomes Goulart, Antnio Carlos Bicalho Lana e Sonia Maria de Moraes AngelJones. Do Cemitrio de Campo Grande, em So Paulo, de Emanuel Bezerra dos Santos.Resgatamos os restos mortais de Arno Preiss, assassinado em 15 de fevereiro 1972 esepultado no Cemitrio Municipal da cidade de Paraso do Norte, no antigo Estado deGois, hoje Tocantins. Ainda descobrimos o paradeiro de Ruy Carlos Vieira Berbert, mortoem 2 de janeiro de 1972, em Natividade, Estado de Tocantins, e de Jos Maria Ferreira

    Arajo, morto em So Paulo, em 23 de setembro de 1970, sem contudo ser possvelresgatar seus corpos. De outros desaparecidos obtivemos informaes que nos esclarecemsobre as condies de perseguido poltico e sobre as circunstncias de suas prises.

    A prioridade do nosso trabalho a busca de informaes a respeito dos mortos edesaparecidos polticos, as denncias a respeito dos policiais responsveis pela prtica detorturas e a divulgao para toda a sociedade brasileira do que foram os horrores cometidospela Ditadura Militar. Temos sistematicamente enviado nossas reivindicaes sautoridades constitudas para no nomear torturadores para cargos de confiana. Em 1985,a ento deputada federal, Beth Mendes denunciou a presena do torturador General CarlosAlberto Brilhante Ustra, ocupando o cargo de adido militar na embaixada brasileira noUruguai. O fato teve grande repercusso na imprensa, mas nenhum resultado prtico. A

    luta contra a impunidade tambm uma forma de fazer o resgate histrico.Os documentos obtidos nas pesquisas forneceram provas bastante contundentescontra alguns mdicos legistas que, em seus laudos, omitiram as claras e evidentes marcasde tortura que os militantes mortos traziam em seus corpos. Esses dados foramencaminhados para o Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro comoprova contra vrios mdicos legistas que, desde 1990, j haviam sido denunciados peloGrupo Tortura Nunca Mais/RJ.

    Assim, a partir da documentao de rgos da prpria represso DOPS e outrosestabelecimentos que foram agentes importantes no respaldo e apoio tcnico s atrocidadescometidas contra os militantes de esquerda e oposicionistas em geral, comea-se a levantar,ainda que timidamente, o vu de uma outra histria. Comea a ser revelada a histria das

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    violncias cometidas com o carimbo oficial e que esto escondidas sob algumas ps deterra ou impregnadas de teias de aranha. Segredos que esto longe de serem totalmenterevelados, trazidos luz, pois todos os arquivos dos diferentes aparatos militares (CISA,CENIMAR, CIEx, SNI, DOI-CODIs, DOPS etc.) esto guardados a sete chaves, aindaso considerados confidenciais e sigilosos.

    Vrios dossis de torturadores tm sido organizados e enviados imprensa eautoridades municipais, estaduais e federais, como os de: Paulo Csar Amndola de Souza(Coronel PM, que ainda em 1995, o Superintendente da Guarda Municipal do Rio deJaneiro); Roberto Felipe de Arajo Porto (indicado em 1993 para a Superintedncia daPolcia Federal de Pernambuco e afastado pelas denncias que fizemos); AmauryAparecido Galdino (indicado em 1993 para a Superintendncia da Polcia Federal emBraslia, tambm afastado); Airton Sotto Mayor Quaresma (coronel da PM que, em 1991,assumiu o comando do Regimento da Polcia Montada da PM/RJ); Dalmo Lcio MunizCirillo (Coronel da Reserva do Exrcito que, em junho de 1993, recebeu o Grau deCavaleiro da Ordem do Mrito das Foras Armadas); Ailton Guimares Jorge ex- capitodo Exrcito, hoje ligado ao jogo do bicho e a grupos de extermnio) e muitos outros.

    Em 1987, o Grupo Tortura Nunca Mais do Rio de Janeiro ganhou o processo decassao do registro profissional do psiquiatra, torturador, Amilcar Lobo, que nos anos 70,alm de atender aos presos polticos no DOI-CODI/RJ fazia formao psicanaltica naSociedade de Psicanlise do Rio de Janeiro (SPRJ). Em 1992, foram cassados peloCREMERJ os mdicos psicanalistas Leo Cabernite e Ernesto La Porta que acobertaramAmilcar Lobo. Infelizmente, no plano nacional no Conselho Federal de Medicina, CFM as cassaes desses dois mdicos foram revistas, em 1994. Leo Cabernite foi suspenso por30 dias e La Porta novamente ser julgado.

    Tramitam, desde 1990, nos Conselhos Regionais de Medicina do Rio de Janeiro e deSo Paulo processos para apurar a responsabilidade dos mdicos legistas que assinaramlaudos falsos de presos polticos mortos.

    Ainda em 1993 foi denunciado ao CREMERJ, Jos Lino Coutinho de Frana Neto, oDr. Coutinho, que atuou na Ilha das Flores, em 1969, atendendo a presos polticostorturados.

    Em 1994, foi cassado pelo CREMERJ, o Coronel de Brigada Ricardo Agnese Fayadque trabalhou no DOI-CODI/RJ, de 1970 a 1974, tambm atendendo a presos polticostorturados.

    Dos ltimos dossis feitos, um refere-se ao mdico legista Roberto Blanco dosSantos, que est sendo processado pelo CREMERJ e, em 1994, foi nomeado Delegado de

    Polcia no Rio de Janeiro. Em novembro desse mesmo ano recebia, como delegado da 19Delegacia de Polcia, na Tijuca (RJ) as queixas de torturas sofridas por vrios moradores domorro do Borel durante a chamada Operao Rio. Apesar de denunciado, ele continua nocargo. O outro relativo a Edgar Fuques, envolvido no seqestro dos uruguaios LilianCeliberti e Universindo Dias, que foi nomeado Secretrio de Segurana Pblica do Estadodo Cear, em 1995, pelo Governador Tasso Jereissati.

    Recentemente, em So Paulo, barramos a nomeao para a assessoria do DETRAN,do delegado de polcia Aparecido Laertes Callandra , vulgo Capito Ubirajara (torturadorcom atuao na Operao Bandeirantes DOI-CODI nos anos 70).

    Na realidade, os torturadores no chegaram a ser punidos. Quando no estoreformados ou aposentados, mantm-se na ativa, exercendo suas atividades livremente. Nos

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    arquivos do DOPS, por exemplo, as gavetas de Colaboradores encontravam-seinteiramente vazias, quando l chegou a Comisso de Familiares de Mortos eDesaparecidos Polticos.

    Nossos objetivos permanecem os mesmos. Esclarecer as prises e mortes, localizaros restos mortais e realizar, quando possvel, o sepultamento, acompanhar as investigaesdas ossadas de Perus e de outras, assim como levantar subsdios para abrir aes deesclarecimento das mortes e desaparecimentos. Denunciar permanentemente sociedade oscrimes e assassinatos perpetrados pela ditadura militar e exigir a responsabilizao judicialdos envolvidos.

    Todo este trabalho tem repercutido na sociedade, o que demonstra a necessidade deinformaes e esclarecimentos sobre esse perodo sombrio da histria brasileira. O debatepblico sobre o tema tanto dos desaparecidos como dos arquivos policiais, num momentoem que a imprensa mundial discute a abertura dos arquivos do Leste Europeu criou eampliou uma demanda que nos obrigou a publicar este Dossi. Ressaltamos, entretanto, que um trabalho ainda bastante incompleto. Aqui esto registradas as informaes queconseguimos obter at o momento. Oxal, com esta publicao, possamos mais uma vezalertar a sociedade sobre os perigos das ditaduras e para a necessidade de eliminar de vez aprtica da tortura, que apesar de ser considerada crime imprescritvel, at hoje no tipificada no Cdigo Penal.

    A contribuio da Comisso de Representao Externa de Busca dos Mortos eDesaparecidos da Cmara Federal, que atuou de 10 de dezembro de 1990 a 31 de dezembrode 1994, foi decisiva para elucidar casos de desaparecidos brasileiros no Chile e Argentinae resgatar corpos enterrados no interior do pas.

    Neste trabalho reunimos todas as informaes levantadas durante as pesquisas feitas,

    desde as conversas e troca de correspondncias com parentes, amigos e ex-presos polticos,at dados levantados nos arquivos policiais ou relatrios das Foras Armadas e de matriaspublicadas na imprensa. Destacamos o depoimento da ex-presa poltica Ins EtienneRomeu, que logo aps a Anistia, denunciou a existncia da Casa da Morte, aparatoclandestino da represso poltica, localizado em Petrpolis (RJ), testemunhando apassagem e o assassinato ali de diversos presos polticos desaparecidos. Em alguns casos,os familiares organizaram uma biografia o que nos permitiu trazer a vida daquelaspessoas, com seus anseios e desejos para as pginas do nosso Dossi. De outros, s temosa denncia da morte.

    Desde 1990, temos solicitado das famlias uma biografia de seus parentes. Nem todosresponderam ao nosso apelo. Por isso encontraremos nesse dossi , em muitos casos, a

    ausncia de biografia.Se a histria dos vencedores que, em geral, nos dada a conhecer, essestrabalhos e pesquisas que hoje ocorrem no Brasil apontam para uma outra histria. Umahistria que produz o desmascaramento e denuncia as tentativas que se tem feito paraaniquilar com o que foi gestado e vencido no bojo dos confrontos. Uma histria queaponta como o vencedor buscou e continua buscando liquidar no somente os seusadversrios na luta poltica, mas sobretudo, apagar a lembrana de suas propostas, de seusprojetos. (Marilena Chaui, op. cit.)

    Para resgatar essa histria, as entidades tambm tm dado nomes de mortos edesaparecidos polticos a logradouros pblicos, creches e escolas, em So Paulo, Rio deJaneiro, Recife, Belo Horizonte e Porto Alegre.

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    O Grupo Tortura Nunca Mais/RJ criou, em 1989, a Medalha Chico Mendes deResistncia, para homenagear, anualmente, no dia 31 de maro, 10 pessoas e entidades quetenham se destacado nas lutas de resistncia no Brasil e Amrica Latina. Dentre osagraciados, 16 mortos e desaparecidos j foram homenageados. Essa medalha foi institudano ano em que o Comando Regional do Leste (ex-I Exrcito) homenageou com a Medalhado Pacificador, comemorando o 25 aniversrio do golpe militar de 64, vrios conhecidosintegrantes do aparato de represso dos anos 60 e 70.

    Este Dossi est organizado em cinco captulos, dois anexos e o indce dos nomes demortos e desaparecidos.

    Por sua vez, os captulos obedecem a alguns critrios:Sob o ttulo Mortes Oficiais, encontra-se, anualmente, a relao daqueles que o

    regime militar informou estarem mortos, seja atravs das notas oficiais das secretarias desegurana pblica, seja permitindo a divulgao do ocorrido. As verses para as mortesforam de suicdios, balas perdidas, atropelamentos ou assassinatos pelos prprioscompanheiros.

    Por desaparecidos listamos, em ordem alfabtica, os que temos a certeza da priso eassassinato pelos rgos de represso.

    Essa certeza oriunda da militncia poltica nas organizaes revolucionrias ou doengajamento ao movimento popular e da confirmao do real desaparecimento atravs dotestemunho dos presos polticos ou dos familiares.

    Agregamos ao nmero at hoje por ns divulgado de 144 desaparecidos, outros 8casos. Diversos ainda esto em estudo por no se enquadrarem plenamente nos critriosestabelecidos.

    Nossa preocupao resguardar a denncia de possveis erros, j que muitos

    familiares, seja por medo ou desconhecimento, somente nos ltimos anos nos apresentaramos fatos. Como os rgos de represso sempre declararam que os desaparecidos estariamforagidos ou que teriam abandonado seus familiares, imprescindvel que tenhamostestemunhos oculares.

    Mantivemos neste captulo os casos de desaparecidos cujos paradeiros e/ou restosmortais tenham sido localizados. Isto porque, at hoje, o Estado no deu qualquer respostaaos familiares, continuando a sustentar a verso de que estariam foragidos.

    O captulo seguinte abrange os desaparecidos no exterior, na Argentina, Chile eBolvia. So includos 3 nomes em relao ao documento anterior.

    Mortes no Exlio registra os casos dos que, forados ao exlio, entre 1964 e 1979,morreram longe de seu Pas.

    No captulo Outras Mortes mantivemos os nome do Dossi anterior que estavam agrupados sobo ttulo Mortos em Funo da Represso e inclumos outros, trazidos pelo GTNM/RJ. Por no

    ter sido objeto do trabalho dos demais grupos, muitos nomes no foram includos. Registramos

    os bitos ocorridos, entre 1964 e 1979, que de alguma forma esto vinculados ao da

    represso tais como seqelas de torturas, suicdios ou acidentais.

    Dentre os desaparecidos no Brasil, Norberto Armando Habeger e o Padre JorgeOscar Adur e Ernesto Ruggia so argentinos; Paulo Stuart Wright e Stuart EdgarAngelJones, tinham dupla cidadania americana e brasileira e Libero Giancarlo Castiglia,cidadania italiana e brasileira.

    As fotos de cadveres encontradas nos arquivos da represso esto em anexo parapreservar os limites dos leitores.

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    Em outro anexo, est a relao das siglas usadas e seu significado.No foi possvel obter as fotos de todas as pessoas citadas.No constam deste Dossi os milhares de trabalhadores rurais assassinados pelos

    grandes fazendeiros. Levantamentos dessas mortes feitos pela Comisso Pastoral da Terra(CPT), de 01 de abril de 1964 a 31 de dezembro de 1993, registram 1.781 assassinatos decamponeses. Desses casos, somente 29 foram a julgamento, sendo que, em apenas 14,houve condenaes.

    O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra registrou 1.188 assassinatos de1964 a 1986.

    No constam tambm deste Dossi a lista de dezenas de trabalhadores urbanos,operrios, assassinados nas cidades em luta por melhores condies de vida e trabalho.

    No fazem parte deste Dossi, as centenas de ndios brasileiros assassinados emconflitos de terra.

    No faze parte, tambm, a lista de miserveis, os pobres, as crianas e adolescentes,negros, que vivem nas ruas das grandes cidades e que, por sua prpria condio de humilhantemisria so os testemunhos vivos de um perverso modelo econmico vigente.

    O Relatrio da Americas Watch revela que 5.644 crianas e adolescentes foramassassinados no perodo de 1988 a 1991.

    A impunidade dos crimes polticos se perpetua nas mortes cotidianas, por meio daschacinas, massacres e outras arbitrariedades cometidas por policiais, grupos de extermnioe seus mandantes.

    (Equipe organizadora)

    MORTES OFICIAIS

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    1964

    ALBERTINOJOS DE OLIVEIRAPresidente das Ligas Camponesas de Vitria de Santo Anto, em Pernambuco.

    Desapareceu aps o golpe militar de 64. Logo depois seu corpo foi encontrado em estadode putrefao, nas matas do Engenho So Jos.

    Em nota oficial da Secretaria de Segurana Pblica de Pernambuco, foi dado aconhecimento pblico que Albertino havia se suicidado por envenenamento, no havendo

    qualquer indcio que pudesse comprovar tal fato.

    ALFEU DEALCNTARAMONTEIROCoronel Aviador.Fuzilado, no dia 4 de abril de 1964, na Base Area de Canoas, Rio Grande do Sul.A percia mdica constatou que foi assassinado pelas costas por uma rajada de

    metralhadora, tendo sido encontrados 16 projteis em seu corpo.Com base nessa percia e nos depoimentos de vrios oficiais que presenciaram o assassinato, a

    famlia moveu um processo incriminando o principal responsvel e autor dos disparos, o ento Cel.Roberto Hiplito da Costa que, apesar das inmeras evidncias, foi absolvido.

    ARI DE OLIVEIRAMENDES CUNHAMorto, em 01 de abril de 1964, em escaramuas de rua, quando populares tentavamse opor ao golpe militar, no Rio de Janeiro, prximo ao Largo do CACO, na FaculdadeNacional de Direito (UFRJ). Foram cercados pelo CCC que atirou bombas e metralhou oprdio. Dois populares que se encontravam nas proximidades foram baleados.

    Ari foi levado ao Hospital Souza Aguiar, onde veio a falecer. Seu corpo deu entradano IML/RJ em 02 de abril de 1964, com a Guia n 137.

    ASTROGILDOPASCOAL VIANNADIRIGENTE PARTIDO COMUNISTA BRASILEIRO (PCB)Porturio de Manaus e tesoureiro da Federao Nacional dos Estivadores.Torturado e morto pelos agentes de segurana do Rio de Janeiro, segundo denncia

    do livro Torturas e Torturados, de Mrcio Moreira Alves.A verso oficial divulgada pelos rgos de segurana no dia 14 de abril de 1964,

    indicou suicdio.O corpo de Astrogildo entrou no IML/RJ em 08 de abril de 1964 com a Guia n 69,

    da 21 D.P., que dava como causa mortisqueda.

    BERNARDINO SARAIVA2 Sargento, servindo no 19 RI de So Leopoldo, Rio Grande do Sul.

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    Assassinado em 14 de abril de 1964, segundo denncia do livro Torturas eTorturados, de Mrcio Moreira Alves.

    A verso oficial indicou suicdio com um tiro no crnio, aps Bernardino ter ferido 4militares que procuravam prend-lo.

    CARLOS SCHIRMERMILITANTE DO PARTIDO COMUNISTA DO BRASILEIRO (PCB).Filho de Leopoldo Schirmer e de Maria Benedita da Costa Schirmer nasceu em A1m

    Paraba, Minas Gerais, no dia 30 de maro de 1896.Seu pai era austraco, nascido em Viena, e veio para o Brasil a convite do Imperador

    D. Pedro II, como engenheiro, para trabalhar na construo da primeira estrada de ferrobrasileira a Estrada de Ferro Baturit.

    Parte de sua infncia e adolescncia, viveu no interior de So Paulo, onde seu pai

    possua uma fazenda de caf. Terminado o Ciclo do Caf, a famlia perdeu todos os bensque possua, transferindo-se para o Rio de Janeiro.Pouco tempo depois, seu pai faleceu na cidade mineira de Paracatu, trabalhando na

    construo de outra estrada de ferro.No Rio de Janeiro trabalhou na Casa Mayrink Veiga: de dia era eletricista e noite,

    ascensorista. Como tcnico em eletricidade, especializou-se na montagem de usinashidreltricas. Algumas das quais funcionam at hoje Usina de Cajuru, do Camaro, emItapecerica, outra em Tefilo Otoni. A maioria delas foi encampada pela CompanhiaEnergtica de Minas Gerais - CEMIG.

    Por volta de 1920, ainda solteiro, filiou-se ao Partido Comunista Brasileiro - PCB,permanecendo fiel ao Partido e a sua ideologia at a morte.

    Mudou-se, em 1921, para Divinpolis onde viveu at 1 de maio de 1964, quando foipreso pelas foras da represso.Casou-se em 1928, em primeiras npcias, com Maria de Lourdes Guimares com

    quem teve um filho Luiz Carlos, em homenagem a Luis Carlos Prestes.Sua esposa faleceu em 1932, casando-se novamente em 1933, com Mariana de

    Carvalho Schirmer, com quem teve uma filha Slvia Schirmer.Homem correto, ntegro, fino, educado e de gnio forte, amava, sobretudo, a famlia,

    as crianas e os animais.Muito sensvel, apreciava msica clssica, valsas vienenses e msica brasileira.

    Gostava muito de cantar.Por sua militncia, foi preso no dia 1 de maio de 1964 Dia do Trabalho em sua

    casa na Rua Serra do Cristal, n 388, em Divinpolis.Foi ferido e levado para o Hospital Felcio Roxo, em Belo Horizonte, onde faleceu nomesmo dia, s 21:00 horas.

    Sua casa foi devassada e vistoriada pelos policiais que foram prend-lo. Alegaramque tinha um arsenal guardado em casa uma espingarda Flaubert e um faco que usavapara trabalhar no quintal.

    A verso oficial indicou suicdio, em 5 de maio de 1964, em Belo Horizonte, paraonde, fora transportado para ser operado, aps resistir priso e ferir dois policiais.

    Conforme denncia do boletim de maro de 1974 daAmnesty Internationale do livroTorturas e Torturados, de Mrcio Moreira Alves, Carlos Schirmer foi torturado at amorte.

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    DILERMANOMELLO DONASCIMENTONasceu em 09 de fevereiro de 1920, natural do Estado da Paraba, casado com

    Natlia de Oliveira Nascimento.Integrante das Foras Expedicionrias Brasileiras (FEB), embarcou para a Itlia no

    dia 20 de setembro de 1944, participando da Batalha de Monte Castelo, durante a 2 GuerraMundial, retornando ao Brasil em 8 de maio de 1945.

    Fez o curso de Economia no Rio de Janeiro e trabalhou na rea de pesquisas.Ex-diretor da Diviso de Material do Ministrio da Justia, preso para responder a um

    Inqurito Policial Militar (IPM) presidido pelo Cel. Waldemar Turola. Foi morto numsbado, dia 15 de agosto, no intervalo do interrogatrio a que estava sendo submetido no 4andar do prprio prdio do Ministrio da Justia.

    O corpo de Dilermano entrou no IML/RJ pela Guia n 29, da 3 D.P. O Registro deOcorrncia n 2046 informa: ... houve comunicao que s 9:20 horas, um homem havia

    se atirado pela janela do 4 andar do Ministrio da Justia, caindo no ptio interno,morrendo imediatamente. Tratava-se de Dilermano Mello do Nascimento que, desde o dia12 ltimo, vinha, na sala n 05, do Servio de Administrao do dito Ministrio, prestandodeclaraes em inquritos administrativo-policiais, presididos pelo Comandante daMarinha de Guerra, Jos de Macedo Corra Pinto e pelo Coronel do Exrcito, WaldemarRaul Turola. Hoje, quando aguardava prosseguimento do inqurito, Dilermano trancou-sena dita sala, cuja maaneta apresentava defeito e, em seguida, projetou-se por uma janela.Com o morto, dentre outros pertences, havia um bilhete em que se l: 15/08/64. Basta detortura mental e desmoralizao, com assinatura ilegvel.

    O exame necroscpico de Dilermano feito no IML/RJ, foi firmado pelos Drs. CyracoBernardino Pereira de Almeida Brando e Mrio Martins Rodrigues e confirma que houve

    suicdio, dando como causa mortisesmagamento do crneo.O corpo de Dilermano foi retirado do IML por seu irmo, Paulo Mello doNascimento, em 15 de agosto de 1964, sendo sepultado por sua famlia no Cemitrio SoJoo Batista.

    A viva, D. Natlia de Oliveira Nascimento, colocou em dvida a verso policial(Dirio de Notcias - RJ 11/11/64). Segundo ela, at mesmo o bilhete seria falsificado.

    O laudo pericial concluiu, por excluso de provas, que ele foi induzido a saltar dajanela do 4 andar, aps longo interrogatrio, dirigido pelo Capito de Mar e GuerraCorreia Pinto. O laudo, elaborado pelo perito Cosme S Antunes, revelou que no houvenenhum elemento que pudesse fundamentar o suicdio. Nem mesmo foram encontradas asmarcas no parapeito da janela, de onde saltou a vtima, o que no ocorre em casos de

    suicdio puro e simples.Jorge Thadeu Melo do Nascimento, filho de Dilermano, em 03 de janeiro de 1995,prestou depoimento ao GTNM/RJ, declarando que, no dia 14 de agosto de 1964, s 20horas, quando tinha 15 anos de idade, dois militares paisana foram a sua casa,convidando-o para visitar seu pai que se encontrava preso desde o dia 12 de agosto.

    Ao chegar l, o Capito de Mar e Guerra Correia Pinto o obrigou a sentar e no odeixou ver seu pai, ameaando-o: Se seu pai no confessar, no sair vivo daqui. e Seele no confessar, quem vai pagar por tudo a famlia.

    Essas ameaas ao que lhe pareceu foram dirigidas a seu pai, que deveria estarouvindo e sabendo da presena do filho. No dia seguinte, 15 de agosto de 1964, s 9:30 hda manh, soube que seu pai estava morto.

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    EDUBARRETOLEITE3 Sargento do Exrcito.Na madrugada de 13 de abril de 1964, Edu Barreto Leite deu entrada no Hospital

    Souza Aguiar, no Rio de Janeiro, com vrias fraturas e escoriaes. Os policiais que oescoltavam alegavam que tais ferimentos eram em conseqncia de uma queda do 8 andardo prdio em que morava, quando de sua tentativa de fuga ao resistir priso, que o teriamlevado morte.

    Seu corpo entrou no IML/RJ com a Guia n 154 do Hospital Souza Aguiar, sendoposteriormente retirado e enterrado por sua famlia.

    IVANROCHAAGUIAREstudante secundarista. Morto a tiros em manifestao de rua contra o golpe militar,

    em 1 de abril de 1964, em Recife, Pernambuco, conforme denncia do livro O caso eu

    conto como o caso foi, de Paulo Cavalcanti.

    JONASJOSALBUQUERQUEBARROSEstudante secundarista. Morto a tiros em manifestao de rua contra o golpe militar,

    em 1 de abril de 1964, em Recife, Pernambuco, conforme denncia do livro O caso euconto como o caso foi, de Paulo Cavalcanti.

    JOS DE SOUZAMecnico e ferrovirio, era membro do Sindicato dos Ferrovirios do Rio de Janeiro.Preso no dia 8 de abril de 1964, para averiguaes sobre suas atividades no Sindicato.

    No dia 17 de abril, s 5:00 horas, aps intensos interrogatrios, foi divulgada nota oficial,

    onde dizia que Jos havia se suicidado, atirando-se pela janela do 3 andar do prdio daPolcia Central do Rio de Janeiro.

    O corpo de Jos entrou no IML no mesmo dia de sua morte, com a Guia n 30, da 5D.P. com a seguinte informao: atirou-se da janela da sala do Servio de AtividadesAnti-Democrticas do DOPS. (sic)

    A necrpsia foi feita pelos Drs. Vicente Fernandes Lopes e Elias Freitas queconfirmaram a verso de suicdio, com esmagamento do crneo. Seu corpo foi retirado porseu primo, Edson Campos, sendo enterrado pela famlia, em 18 de abril de 1964.

    LABIBELIASABDUCHMorto a tiros, em 01 de abril de 1964 pelo CCC, no Largo do CACO, ao lado da

    Faculdade Nacional de Direito da UFRJ, onde estavam concentrados cerca de 800estudantes.

    Foi levado para o Hospital Souza Aguiar, onde morreu. Seu corpo entrou no IML nodia 02 de abril de 1964, com a Guia n 38, de onde foi retirado e sepultado pela famlia.

    MANUELALVES DE OLIVEIRA2 Sargento do Exrcito.Conforme denncia do livro Torturas e Torturados, de Mrcio Moreira Alves,

    Manuel foi preso no Regimento Andrade Neves, onde respondia a um Iinqurito PolicialMilitar, em abril de 1964. Posteriormente foi removido para o Hospital Central do Exrcito

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    (HCE) do Rio de Janeiro. Faleceu em 8 maio, em circunstncias no esclarecidas. O laudonecroscpico feito no IML/RJ confirmou que seu corpo deu entrada no dia 08 de maio de1964, procedente do Hospital Central do Exrcito (HCE).

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    1965

    SEVERINOELIAS DEMELOMilitncia poltica desconhecida.Comerciante, casado, morto aos 52 anos.Preso para averiguaes por oficiais da Aeronutica, todos paisana e portando

    metralhadoras, foi conduzido para a Base Area do Galeo. L permaneceu incomunicvelpor um dia, ao fim do qual foi dado como morto, por suicdio.

    Segundo nota oficial divulgada pelos rgos de segurana, Elias teria se enforcadocom um lenol, no dia 30 de julho de 1965.Registro de ocorrncia de n 1122, da 37 D.P., de 30 de julho de 1965, confirma

    comunicao da Base Area do Galeo e informa que ... cerca de zero hora de hoje, oindivduo Severino Elias de Melo, de qualificao ignorada, preso para averiguaes porordem do encarregado de um Inqurito Policial Militar (IPM) instaurado no Ncleo doParque de Material Blico, suicidou-se (enforcou-se) no xadrez da Base Area do Galeo.(sic)

    Seu bito de n 29.474 teve como declarante Dalton Pereira de Souza e foi firmadopelo Dr. Cyraco B. de Almeida Brando.

    O corpo de Severino foi retirado por sua famlia, que o enterrou no Cemitrio da

    Cacuia, na Ilha do Governador (RJ).

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    1966

    JOS SABINOMilitncia poltica desconhecida.O corpo de Jos Sabino entrou no IML/RJ, em 19 de maio de 1966 (data de sua

    morte), pela Guia n 03, do Hospital Paulino Werneck, aps ter sido ferido bala emmanifestao de rua no Rio de Janeiro, reprimida pela polcia.

    MANOELRAIMUNDO SOARES

    Militante do MOVIMENTO REVOLUCIONRIO 26 DE MARO (MR-26).Nasceu a 15 de maro de 1936, em Belm do Par, filho de Etelvina Soares dosSantos.

    Morreu aos 30 anos.Cursou o primrio no Grupo Escolar Paulino de Brito e depois foi para o Instituto

    Lauro Sodr, onde fez o curso de aprendizagem industrial, estudando e trabalhando numaoficina mecnica. Aos 17 anos foi para o Rio de Janeiro. Em 1955, ingressou no Exrcito.Era um estudioso e amante da msica erudita. Em 25 de agosto de 1963 foi transferido doRio de Janeiro para Mato Grosso como represlia a sua participao na vida social do Pase, em abril de 1964 teve sua priso decretada. Foi viver na clandestinidade.

    Preso, no dia 11 de maro de 1966, em frente ao Auditrio Arajo Viana, em Porto

    Alegre, por dois militares paisana: sargento Carlos Otto Bock e Nilton Aguiadas, da 6Companhia da Polcia do Exrcito (PE), por ordem do Comandante dessa guarnio,Capito Darci Gomes Prange. Foi conduzido em um txi PE, onde foi submetido atorturas pelo Tenente Glnio Carvalho Sousa. Destacaram-se tambm no espancamento o1 Tenente Nunes e o 2 Sargento Pedroso. Mais tarde, os mesmos militares o entregaramao DOPS, com a recomendao de que s poderia ser solto por ordem do Major Renato, daPE.

    No DOPS, Manoel foi torturado pelos Delegados Itamar Fernandes de Souza e JosMorsch, entre outros.

    No dia 24 de agosto de 1966, seu corpo foi encontrado boiando no Rio Jacu.Segundo depoimentos das testemunhas ouvidas no inqurito instaurado para

    esclarecimento da priso, tortura e morte do Sargento Manoel Raimundo, sua via crucispelos rgos de represso foi a seguinte: at o dia 19 de maro, esteve detido no DOPS; emseguida, foi transferido para a ilha-presdio existente no Rio Guaba; em 13 de agosto foirecambiado para o DOPS e, em 24 de agosto, foi encontrado boiando no Rio Jacu.

    Seu corpo, em estado de putrefao, tinha as mos e os ps amarrados s costas,apresentando sinais diversos das sevcias sofridas durante o perodo em que esteve preso.

    No inqurito aberto, vrias testemunhas contradisseram a nota oficial divulgada poca, que dava conta da soltura de Manoel Raimundo no dia 13 de agosto. O estudante deagronomia Luis Renato Pires de Almeida, preso na mesma poca, afirmou que ManoelRaimundo estava em uma das celas do DOPS gacho na noite de 13 de agosto e nos dias

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    seguintes; informao esta confirmada pelo depoimento do ex-guarda civil GabrielAlbuquerque Filho.

    O inqurito arrolou, como acusados da priso, tortura e morte de Manoel Raimundo,as seguintes pessoas: guarda civil Bolony Godi Pereira, os tenentes Luiz Otvio LopesCabral e Rui Alberto Duarte, os sargentos Milton Ferrarezi, Hugo Kretschoer, Nilo Vaz deOliveira (vulgo Jaguaro), nio Cardoso da Silva, Theobaldo Eugnio Berhens, Itamar deMattos Bones, Eloir Behs, Volnei da Cunha, nio Castilho lbaes, Tenente Nunes,Comissrios Correia Lima, Ribeiro e Rgis, os delegados Jos Morsch, Itamar Fernandesde Souza e Renato, tenente-coronel Luis Carlos Mena Barreto e o major tila Rohrsetzer.

    Sua necrpsia, feita no IML/RS, em 25 de outubro de 1966, pelos Drs. Fleury C.Guedes e Antnio F. de Castro, confirma que houve leses no corpo de Manoel Raimundo,que provavelmente houve violncia e indicou que Manoel faleceu entre os dias 13 e 20 deagosto de 1966.

    O depoimento do ex-preso poltico, Antnio Giudice, ao Jornal Zero Hora, de 17de setrembro de 1966, diz que de 10 a 15 de maro de 1966, esteve preso no DOPS/RS eque conversou com Manuel Raimundo, vendo os hematomas e cicatrizes decorrentes dastorturas que vinha sofrendo. Era, diariamente, torturado, colocado vrias vezes no pau-de-arara, sofrendo choques eltricos, espancado e queimado por pontas de cigarros.

    Durante os 152 dias em que esteve preso, Manoel Raimundo escreveu vrias cartasda priso, a ltima das quais enviada da cela n 10, da Ilha Presdio de Porto Alegre, edatada de 25 de junho de 1966. Seu caso teve grande repercusso e causou comoo naopinio pblica, em vista da ampla denncia feita.

    Um fato revelador da comoo criada pelo chamado, poca, caso das mos atadas,foi a declarao do Ministro Marechal Olmpio Mouro Filho, do Supremo Tribunal Militar

    (STM), quando da apreciao de um habeas-corpus em favor de Manoel Raimundo:Trata-se de um crime terrvel e de aspecto medieval, para cujos autores o Cdigo Penalexige rigorosa punio. Em conseqncia da apreciao deste habeas-corpus, foideterminada a remessa dos autos ao Procurador-Geral da Justia Militar para abertura deum IPM, que foi arquivado sem sequer indiciar os acusados, apesar dos inmerosdepoimentos que mostravam o crime cometido contra Manoel Raimundo Soares, seusassassinos permanecem at hoje impunes, alguns inclusive foram promovidos.

    Manoel foi enterrado no dia 2 de setembro e uma pequena multido acompanhou ocortejo. Por onde passou, lojas se fecharam e foi hasteada a bandeira nacional. Nocemitrio, um estudante gritou para um policial paisana:Assassinos! Assassinos!, repetiua multido. Estas informaes constam do relatrio final da CPI da Assemblia Legislativa

    do Rio Grande do Sul para apurar o caso.Era comandante do III Exrcito, poca desse crime, o general Orlando Geisel,irmo do futuro presidente-ditador Ernesto Geisel.

    O relatrio do Ministrio da Marinha, ainda tentando encobrir fatos j bastantesesclarecidos pela CPI e procurando difamar Manoel, insiste em reafirmar uma falsa versosobre o crime ao dizer que sua morte teria sido conseqncia de justiamento em razodos depoimentos que prestou .

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    1967MILTONPALMEIRA DE CASTRO

    Militante do MOVIMENTO NACIONALISTA REVOLUCIONRIO (MNR)Operrio metalrgico, preso juntamente com vrios companheiros, na Serra do

    Capara, quando da represso ao movimento guerrilheiro que ali se iniciava. Naquelaocasio todos os presos foram levados para um quartel do Exrcito em Juiz de Fora, MG.

    Companheiros de Milton, presos na mesma poca, afirmam que ele teria sido mortoem conseqncia de uma discusso com o Major Half, o qual assumiu, logo aps o seuassassinato, o comando do 10 RI de Juiz de Fora. Aps a discusso, Milton foi recolhido auma cela isolada. No dia seguinte, 12 de abril de 1967, apareceu morto nesta mesma cela.

    Segundo a verso oficial, Milton teria se suicidado por enforcamento, o que foidesmentido pelos depoimentos dos prprios soldados do Quartel, que diziam que seu corpo

    sangrava abundantemente ao ser retirado da cela, anulando a hiptese do enforcamento.A necrpsia, feita no Hospital Geral de Juiz de Fora, em 28 de abril de 1967, pelosDrs. Nelson Fernandes de Oliveira e Marcus Antonio Nagem Assad, descreve algumasequimoses em sua pernas, principalmente nos joelhos, mas confirma a verso oficial darepresso de suicdio (enforcamento).

    A certido de bito d sua morte no mesmo dia 28, por enforcamento, naPenitenciria de Juiz de Fora e assinada pelo Dr. J. Guadalupe (que no havia feito anecrpsia). Milton foi enterrado pela famlia no Cemitrio de Santa Maria, Rio Grande doSul.

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    1968BENEDITOFRAZODUTRA

    No dossi anterior aparecia com o nome de Joo Frazo Dutra.Funcionrio do INPS, no Rio de Janeiro e tambm estudante.Morto aos 20 anos de idade no Rio de Janeiro em 28 de maro de 1968, quando

    policiais militares invadiram o Restaurante Calabouo, matando o estudante Edson Luiz deLima Souto.

    Benedito foi ferido a tiros, sendo levado para o Hospital Souza Aguiar, onde veio afalecer, segundo registro de ocorrncia n 917 da 3 D.P..

    H tambm a denncia de sua morte feita pelo Deputado Raul Brunini, constante doDirio do Congresso do dia 29 de maro de 1968.

    CLVISDIASAMORIMServente da Companhia Antarctica Paulista, no Rio de Janeiro.Morto aos 22 anos de idade, em 23 de outubro de 1968, aps ser baleado numa

    passeata na Av. 28 de Setembro, no Bairro de Vila Isabel.Ao que tudo indica, Clvis no fazia parte da passeata, tendo sido morto pelas armas

    dos policiais que tentavam dispersar os manifestantes desarmados.Clvis deu entrada no Hospital Pedro Ernesto, j sem vida. Seu corpo foi

    encaminhado ao IML pela Guia n 76, da 20 D.P.A necrpsia foi realizada em 24 de outubro de 1968, foi firmada pelos Drs. Ivan

    Nogueira Bastos e Nelson Caparelli.O corpo foi retirado por seu pai, Jos Leite de Amorim, sendo enterrado pela famlia

    no Cemitrio do Mund.

    DAVID DE SOUZAMEIRAEscriturrio, funcionrio da Cia. de Navegao Costeira, no Rio de Janeiro.Morto a tiros, aos 24 anos, quando da represso manifestao realizada no dia 1 de

    abril de 1968, na rua Nilo Peanha, no chamado Dia Nacional de Protesto.O corpo de David foi encaminhado para o IML/RJ, com a Guia n 1572 do Hospital

    Souza Aguiar.O exame necroscpico foi realizado em 02 de abril de 1968 e firmado pelos Drs.

    Nelson Caparelli e Ivan Nogueira Bastos.A certido de bito teve como declarante Nelson Gonalves Chaves e informa que foi

    retirado por sua me, Alzira Novaes Meira, sendo enterrado pela famlia no Cemitrio deInhama (RJ).

    EDSONLUIZ DELIMA SOUTONasceu em 24 de fevereiro de 1950, em Belm, no Par, filho de Maria de Belm de

    Lima Souto.De famlia muito pobre, comeou seus estudos primrios na Escola Estadual Augusto

    Meira, em sua cidade natal. Mudou-se para o Rio de Janeiro e prosseguiu seus estudossecundrios no Instituto Cooperativo de Ensino, que funcionava no Calabouo.

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    Morto a tiros durante a represso policial utilizada para desalojar os estudantes quehaviam ocupado o Restaurante Calabouo no dia 28 de maro de 1968.

    O corpo de Edson, baleado pela Polcia Militar no chegou a ir para o IML. Foilevado imediatamente por estudantes para a Assemblia Legislativa.

    A necrpsia foi feita no prprio local do velrio, pelos Drs. Nilo Ramos de Assis eIvan Nogueira Bastos, na presena do Secretrio de Sade do Estado. Seu bito de n16.982 teve como declarante o estudante Mrio Peixoto de Souza.

    O registro de Ocorrncia n 917 da 3 D.P. informou que, no tiroteio ocorrido noRestaurante Calabouo, outras seis pessoas ficaram feridas, sendo atendidas no HospitalSouza Aguiar. Foram elas: Telmo Matos Henriques, Benedito Frazo Dutra (que veio afalecer, logo depois), Antnio Incio de Paulo, Walmir Gilberto Bittencourt, Olavo deSouza Nascimento e Francisco Dias Pinto. Outras trs pessoas foram feridas na PraaFloriano, durante o velrio de Edson Luiz, realizado na Assemblia Legislativa, quandoocorreram violncias provocadas por policiais civis e militares: Jouber Valan, Joo SilvaCosta e Henrique Rego Carnel, tambm atendidas no Hospital Souza Aguiar.

    O corpo de Edson Luiz foi levado por milhares de estudantes em passeata at oCemitrio So Joo Batista.

    FERNANDO DA SILVALEMBOMorto a tiros, pela Polcia Militar do Rio de Janeiro, em 21 de junho de 1968, durante

    represso s manifestaes de rua.Seu corpo entrou no IML/RJ no mesmo dia com a Guia n 105 do Hospital Miguel

    Couto (RJ).

    JORGEAPRGIO DEPAULAEstudante da Faculdade de Cincias Mdicas da Universidade do Estado daGuanabara.

    Morto no dia 1 de abril de 1968, pela Polcia do Exrcito, durante represso a umamanifestao estudantil. Quando os manifestantes se aproximavam da residncia doMinistro da Guerra, soldados da Polcia do Exrcito, que protegiam aquele local,desferiram vrios tiros contra a populao, atingindo, entre outros, Jorge Aprgio.

    O corpo deu entrada no IML em 02 de abril de 1968, com a Guia n 15 da 18 D.P.Foi retirado e sepultado pela famlia.

    JOS CARLOS GUIMARESNasceu em So Paulo, filho de Alberto Carlos Barreto Guimares e Magdalena

    Topolovisk.Estudante secundarista do Colgio Marina Cintra, em So Paulo.Morto aos 20 anos, no dia 3 de outubro de 1968, por membros do chamado CCC e

    DEOPS paulista, no conflito entre estudantes da Universidade Mackenzie e da Faculdadede Filosofia da Universidade de So Paulo, na rua Maria Antnia.

    Nesse dia, membros do CCC e do DEOPS deflagraram um conflito entre osestudantes das duas universidades. Jos Carlos foi morto, segundo os estudantes quetestemunharam o fato, pelo membro do CCC e alcagete policial de nome Osni Ricardo.

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    Entre os policiais instigadores do conflito, foram reconhecidos Raul Nogueira deLima, vulgo Raul Careca, torturador do DOI/CODI-SP e Otvio Gonalves Moreira Jr.,vulgo Otavinho, torturador daquele departamento militar-policial.

    Jos Carlos foi enterrado no Cemitrio da Lapa por seus familiares.

    LUISPAULO CRUZNUNESEstagirio de Patologia da Faculdade de Cincias Mdicas da Universidade Estadual

    do Rio de Janeiro.Morto aos 21 anos de idade, no Rio de Janeiro, em 22 de outubro de 1968, quando foi

    atingido por um tiro em manifestao estudantil em frente Universidade Estadual do Riode Janeiro (UERJ). Levado para o Hospital Pedro Ernesto com ferimento no crnio, foioperado e faleceu no mesmo dia.

    A necrpsia foi realizada pelos Drs. Joo Guilherme Figueiredo e Nelson Caparelli.

    Foi retirado pelo tio, Oscar Freire de S Siqueira, e sepultado pela famlia noCemitrio So Francisco Xavier.

    MANOELRODRIGUESFERREIRAEstudante universitrio e comercirio. Morto aos 18 anos de idade, no Rio de Janeiro,

    em 05 de agosto de 1968.Manoel foi ferido na cabea por duas balas, em 21 de junho de 1968, ao participar de

    passeata estudantil, na Av. Rio Branco, esquina da Rua Sete de Setembro. Foi socorrido noHospital Souza Aguiar, onde foi operado. Transferido para a Casa de Sade Santa Luzia e,posteriormente, para o Hospital Samaritano, onde veio a falecer no dia 05 de agosto de1968, aps novas cirurgias.

    Entrou no IML/RJ pela Guia n 85, da 10 D.P..O bito de n 92.932 foi assinado pelo Dr. Rubens Pedro Macuco Janini, tendo comodeclarante Francisco de Souza Almeida. Foi enterrado pela famlia no Cemitrio deInhama (RJ).

    MARIANGELARIBEIROMorta a tiros pela polcia carioca, no dia 21 de junho de 1968, quando da represso s

    manifestaes de rua realizadas naquele dia.

    ORNALINO CNDIDO DA SILVALavador de carros. Morto a tiros pela Polcia Militar durante a represso s

    manifestaes de rua realizadas em Goinia, no dia 1 de abril de 1968.Ornalino, ao que tudo indica, no participava das manifestaes, conforme denncia

    do Deputado Paulo Campos, constante do Dirio do Congresso do dia 5 de abril de 1968.

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    1969

    ANTNIOHENRIQUEPEREIRANETO (PADRE)

    Coordenador da Pastoral da Arquidiocese de Olinda e Recife.Professor e especialista em problemas da juventude, desenvolvia atividades junto ao

    Arcebispo Dom Helder Cmara.

    Por sua destacada posio, firmemente contrria aos mtodos de represso utilizadospelo governo, tendo como destaque a missa que celebrou em memria do estudante EdsonLuiz de Lima Souto, Padre Antnio Henrique passou a receber constantes ameaas demorte por parte do chamado CCC.

    No dia 26 de maio, foi seqestrado, por este mesmo CCC. Seu corpo foi encontrado, nodia seguinte, em um matagal existente na Cidade Universitria de Recife, pendurado de cabeapara baixo, em uma rvore, com marcas evidentes de tortura: espancamento, queimaduras decigarro, cortes profundos por todo o corpo, castrao, e dois ferimentos produzidos por arma defogo.

    No inqurito aberto no Tribunal de Justia de Pernambuco, para apurar as circunstnciasda morte de Padre Henrique, foram acusados como responsveis pelo seqestro, tortura e morte

    Rogrio Matos do Nascimento, delegado Bartolomeu Gibson, investigador de polcia CceroAlbuquerque, tenente Jos Ferreira dos Anjos, da Polcia Militar, Pedro Jorge Bezerra Leite,Jos Caldas Tavares e Michel Maurice Och.

    Entre as testemunhas de acusao, estavam a me do Padre Henrique, Sra. IsaiasPereira, e uma investigadora de polcia, de nome Risoleta Cavalcanti, que acusaram aspessoas acima mencionadas, no s por este assassinato, mas tambm, pelo metralhamentoque deixou paraltico, em 1969, o lder estudantil recifense, Cndido Pinto de Melo.

    Segundo o Desembargador Agamenon Duarte de Lima, do Tribunal de Justia dePernambuco, H provas da participao do CCC no assassinato do Padre Henrique, mas possvel que tambm esteja implicado no episdio o Servio Secreto dos Estados Unidos, aCIA.

    Do inqurito, resultou o arquivamento. Nenhum dos acusados foi condenado, apesardos testemunhos e provas irrefutveis.

    CARLOSMARIGHELLAFundador e dirigente nacional da AO LIBERTADORA NACIONAL

    (ALN).Depoimento de Clara Charf e editores de Escritos de Carlos Marighela,

    Editorial Livramento, 1979:O comandante Carlos Marighella dedicou toda sua vida causa da

    libertao dos povos. Com quarenta anos de militncia, iniciada no Partido

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    Comunista Brasileiro (PCB), foi assassinado pela ditadura militar em 1969, aos 57anos.

    Filho de negra e imigrante italiano, Augusto Marighella e MarialvaNascimento Marighella, nasceu em Salvador, Bahia, a 5 de dezembro de 1911. Aindaadolescente despertou para as lutas sociais. Aos 18 anos iniciou curso deEngenharia na Escola Politcnica da Bahia e comeou a militar no PCB.

    Conheceu a priso e