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I V AN N O DOMINGO, 13 DS NOYSMBRO DS 1904 N.° 174
S E M A N A R IO N O T IC IO S O , L IT T E R A R IO E A G R ÍC O L A
Assignalsiira pAnno, iSooo réis; semestre, 5oo réis. Pagamento adeantado. S Para o Brazil, anno. 2$5oo réis Imoeaa forte).Avulso, no dia da publicação, 20 réis. H
EDITOR— José Aumisio Saloio
n3 F ^ a M l c a ç ô e s" U C A f l E TYPOGIiÀPlilA 8 Annuncios— i. a publicação. 40 réis a linha, nas seguintes,A 20 réis. Annuncios na 4. pagina, contracto esp.-cial. Os auto-
graphos não se restituem quer sejam ou não publicados.
PROPRIETÁRIO — José Augusto Saloio19," 1.° — RUA DIREITA — 19, i.°A L l ) E ( i A L L K G A .
V i
E X P E D I E N T E
M o g a s i a o s a e § i í o s s o s esílasiaveis asslgsBasEÍes a fâíiesa de bs«s>s p a rt ic ip a reis» qu a lquer falia sea r e m essa do jo raa l. para «le p ro aupto p ro v líIeiEcia r-(BIO S.
Acceitam-se t*»m g ra t i dão quaesquer uoiic ias qase sej;ma de iasíeresse publico.
A consciênciaAhi têem uma coisa de
que tanto se fala, que tão apregoada é, e 'que é raro encontrar-se no mundo.
I odos, mais ou menos, se gabam de a possuir, e todavia vão fazendo sempre a diligencia para se locupletarem á custa alheia.
Conheço um sujeito que vae todos os dias á egreja prostrar-se reverente deante dos altares, orando com o maior fervor, e que tem um escriptorio de agiotagem onde tira descaradamente a pelle a quem tem a desgraça de lhe cahir nas garras.
Outro que prega moralidade e diz ser homem sério e digno, manda clandestinamente proxenetas ás províncias alliciar raparigas, enganando-as com falsas promessas e attra- hindo-as ao vicio e á prostituição.
E são recebidos estes homens em boa roda, são cumprimentados e respeitados.
Como dizia Alexandre Herculano, isto dá vontade de morrer.
Os homens honestos, porque se conhecem, porque fogem do convivio dessa villanagem que entendem que os deshonra com o seu contacto, vivem na obscuridade e ás vezes na miséria, os outros, os que passam a existencia folgada á custa de acros vergonhosos e censuráveis, teem o luxo, a abastança, todas as comniodidadesda vida.
Ninguém póde mudar o seu feitio. Quem nasceu honesto, honesto ha de ser sempre, embora soffra mil contrariedades.
Peor para elle. A vida está para os descarados e e para os tratantes.
JOAQUIM DOS ANJOS.
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Calcetaisicisío
Já estão muito adeanta- dos os trabalhos de calcetamento da rua do Quartel. Depois de calcetada deve ficar muito bonita em consequencia de ser muito direita, todos os prédios serem novos e alguns de construccão moderna.>
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Mova Soja de bebidasAbriu ao publico, na quin
ta feira passada, na rua do Caes, uma nova loja de bebidas pertencente aos srs. Estevam José dos Reis e Antonio Augusto dos Santos. A pinga, é já do novo, e segundo a opinião de entendedoras é de beber e chorar por mais.
Caçada
Um grande numero de caçadores (talvez 21) segue ámanhã para o Ariei- ro, onde irá fazer caçada aos coelhos, regressando a esta villa na próxima quarta feira. E’ rasão para a carne baixar de preço nesse dia.
Oxalá assim seja.
BBcdlífiíos
Que não seja permittido que os alquiladores escolham a noite para a reali- sação dos seus negocios;
Que os negocios de gado não sejam consentidos dentro da villa;
Que seja acabada de calcetar a rua do Mercado;
Que seja prohibido montar cavalgaduras sem ap- p a relho;
Que se não consinta guiar animaes -desenfreados;
Que se não permitta nas ruas discussões indecentes.
O CORACÃO DE MÃE>
O berço é um raio de luz.
Sobre elle ouve-se um rumor como de azas, que unido aos melifluos cantos cóm que a mãe adormece seu filho, fórma a harmonia suavíssima que nasce no fundo da alma e que se chama amor.
O coração de mãe é urna preciosa que recolhe as lagrimas do filho, assim como as coro! las das flores recolhem o rócio — lagrimas do céo.
E estranho prodígio de ternura ! Quando uma mãe soffre por seu filho, o sof- frimento transforma-se em mananciaes de consolo, que, como benefico balsamo, cura as feridas da alma e faz apparecer nos labios o sorriso da esperança.
M ã e !
Nome dulcíssimo, que antes dos labios do menino o repetir, já o seu coração- sinho tem revelado sabel-o.
Nome que encerra muitas das recordações do céo e todas as esperanças da terra.
E’ o primeiro que no alvor da vida se balbucia, e o ultimo que se pronuncia no estertor da morte.
Terrivel differença!Ao nascer é uma sauda
ção, um sorriso; ao morrer é um adeus tristíssimo impregnado de lagrimas.
Ao pé do berço ha sempre um anjo que vela. Tudo vê,, tudo sente e tudo adivinha.
Vê sorrir 0 innocente, sorri tambem; vê-o chorar, e lagrimas de dôr lhe queimam as pupillas.
Não ha pessoa alguma que não ame sua mãe.
Nero não era homem. Era um monstro. E com- tudo, quando era pequeno amava-a.
Nero, assassinando sua mãe, sae do humano para entrar no diabolico.
O amor duma mãe a seu filho não póde ser egualado; não acaba nunca; é um amor eterno.
E’ sempre brilhante aurora, que esparge luz fe
cundante e bemfeitora no céo da alma.
Uma mãe é capaz dos maiores sacrifícios pelo ser que alimentou com o seu seio.
Patria, religião, felicidade, riqueza, tudo, tudo uma mãe abandona para seguir seu filho.
O logar em que esteja seu filho é para ella o logar preferido pelo seu coração.
O amor maternal é o mais puro.
E’ o unico que o coração póde apresentar ao mundo, sem que o rosto se tinja de rubor.
O beijo que a mãe deposita na fronte do filho é uma benção. No beijo que a mãe deposita nos labios do filho moribundo* deixa toda 11 ternura da sua alma, toda a felicidade do seu coracão.>
Os que ainda a tem na terra não podem ser desgraçados.
Se alguma vez o coração soffre, encontra prompto allivio no seio maternal. As lagrimas de ventura são enxutas pelas mãos de nossas mães.
Mas aquelles que perderam s u a mãe, os que vão choral-a sobre a louza do tumulo que encerra seus ossos, esses sim, esses são desgraçados.
Que maior desgraça do que a de não poder escutar esse poema de ternura e de poesia comprehendi- do nestas palavras: meu filho?
Que maior desgraça do que a não poder receber as caricias maternaes?
O ’ vós que tendes perdido vossa mãe, chorae! chorae!
Vós, que não sentis pousar na fronte os seus carinhosos labios, chorae! chorae!
Chorae, chorae rios de pranto, que nunca chorareis demais vossa mãe.
Quando ouço detratara mulher compadeço-me de quem o faz, porque esquece aquella que lhe deu o ser.
A mulher deve ser abençoada.
Vossa mãe assim o reclama, ella por si só basta para infundir no coração do homem respeito e consideração pela mulher.
O amor a nossa mãe e a nosso pae, unem-se, estreitam-se, como dois raios de luz que se confundem num só.
Abençoados sejam nossos paes!
A G R I C U L T U R A
S*ara t i r a r o azedo dov i i l l i O
E’ muito difficil de extrair completamente o azedo do vinho; no emtanto por vezes consegue-se completo resultado pela adopção do seguinte processo por tentativa:
Na hypothese de que o vinho que se pretende tratar contenha no máximo 1 grani ma de acido por litro, pois que tendo mais não póde evitar-se a sua completa transformação em vinagre, dissolvem- se em agua 10 decigram- mas de carbonato de potassa e lança-se essa dissolução 11’um litro de vinho, se o azedo persiste é porque o vinho contém mais dum grani ma de acido acético, e n’esse caso deve ser transformado em vinagre; se o azedo desappa- rece, então deve-se proceder a novos ensaios diminuindo gradualmente a dose do carbonato de potassa até chegar á quantidade mininia que se deve empregar para obter resultado.
Conhecida a porção do carbonato que se deve empregar por cada litro, opera-se sobre a totalidade do vinho.
Em logar do carbonato de potassa, póde empregar-se o pó de mármore, começando a empregar um gramma por litro, depois i 5 decigrammas e seguidamente até obter resultado.
Se se consegue destruir o acido do vinho, passa-se para pipas ou toneis bem limpos e mécliados, coila-
LITTERATURA
As damas brancas
C O F R E : D E P É R O L A S
N O ITES DE LUARS E R E N A T A
O D O M IN G O
No leu leito côr de rosa,Tu dormes, oh minha amada, Entre lençóes côr de neve De cambraia perfumada.
T il dormes, para esquecer „4.v magnas do coração,Eil canto, para alliviar Do peito, tanta paixão.
Acorda! anda a janella,Anda ouvir o trovador Cantar ao som da guitarra, Versos, segredos d’amor.
Os suspiros d'esta guitarra Unem-se a prantos de dor, Brotados d um coração Que soffre, por ter amor.
Dá-me um desses teus sorrisos, Quero morrer satisfeito,Quero morrer nos teus braços Sentindo pulsar teu peito.
Adeus bella, anjo adoravel Para sempre, adeus, adeus, Toda a vida terei saudades Desses ternos olhares teus.
Madeira, 14—9 - 1904.
JOSE A. DA FONSECA VAZ YEIHO
se e junta-se um litro de alcool Joem apaladado e 3o grammas de acido tar- tarico por cada hectolitro.
------------rí<38S^-—----------------
Realisa-se hoje nos paços do concelho as seguin-> Otes arrematações, pelo tempo de um anno a contar do i.° de janeiro proximo: Renda da casa para venda de peixe, imposto no vinho e rendimento do guindaste e terrenos no Caes, nesta villa; imposto no vinho e iiluminação publica de Sarilhos Grandes; imposto no vinho e carnes e iiluminação publica na freguezia de Canha.
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( |n e k i iMaria Amieiro, viuva, de
46 annos de edade, moradora no sitio cfAtalaya, queixou-se de que na noite de 11 do corrente, pelas 9 e meia, entrou em sua casa Domingos' da Henriqueta, solteiro, trabalhador, morador no referido logar da Atalaya, na occasião em que sua filha, Lucia Fernandes, de 1 8 annos, dançava em companhia de outras raparigas, exigindo dançar. Como as raparigas não qui- zessem dançar insultou-as, intervindo a dona da casa que o mandou retirar, sendo esta tambem insultada. A fim de evitar a questão, a filha da dona da casa pediu ao tal Domingos que sahisse e o acompanhou1 até á porta da rua, puxando este por uma navalha e dando com ella uma facada nas costas da pobre rapariga.
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F esta da te r ra
Realisa-se no pittoresco logar da Atalaya nos próximos dias 20, 2i.e 22 do corrente, a annual festa da terra, tendo este anno por thesoureiro o nosso amigo Joaquim dos Santos Oliveira, digno secretario da administração do concelho. Abrilhanta esta
festa um grupo de phy- larmonicos do Commando Geral d’Artilhe ria, de Lisboa.
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A nniversarios
Completou no dia 11 do corrente o seu 3.° anniversario natalicio, a filhinha do nosso amigo Domingoso oAntonio Saloio. Parabéns.
— Tambem no dia 12 completou mais um anniversario, o nosso amigo Joaquim Pedro de Jesus Relogio, conceituado negociante desta vilia. Sinceros parabéns.
Precisa-se duma casa de habitação que não tenha menos de 5 compartimento; nesta redacção se diz.
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$>aS8l© BIÍ!»
Começou hontem, nesta localidade, a annual festividade á Senhora do Rosário, que terminará ámanhã. E’ abrilhantada peia phylarmonica Instru- cção e Recreio Familiar Almadense. A ornamentação da egreja é sumptuosa, devido á mão artistica do nosso amigo, sr. Francisco Silverio Fernandes.
« f e i lg a is ie s f it oRespondeu na segunda
feira passada em audiência de policia correccional, Ma- riana do Café, pelo crime de injurias, sendo condem- cada em i 5 dias de cadeia
Responde ámanhã, em policia correccional, a mulher do guarda fiscal Botelho, pelo crime de offensas corporaes, praticadas no menor de 5 annos, filho de Mariana do Café.
----------- - ---------------ÍS> SS. M art ish o -
O dia de S. Martinho passou este anno muito desanimado Apenas nos constou ter havido na rua do Hospital uma bofetada entre Francisco Alfayate e An- tonio Camillo Nogueira Junior.
S O L IC IT A D O R
Encarrega-se de solicitar em qualquer repartição publica nesta comarca. Preços modicos. ,83R. da Calçada, Aldegallega
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CASAS Vendem-se pertencen
tes á herança do fallecido João Dias. São situadas na rua de José Maria dos Santos,desta villa Quem pretender comprar, póde dirigir-se a Maria Margarida, viuva de João Dias.
C a s a H s c f i t o
Realisou-se na quarta feira passada, na'egreja matriz cfesta villa, a união conjugal do nosso amigo, sr. Jeronymo Lourenco Braz,
conceituado commerciante nesta villa, com a sr.a D. Thomazia da Piedade Ribeiro da Costa, filha do nosso amigo, sr. Frederico Ribeiro da Costa. Foram padrinhos os srs. P.e Manuel Frederico Ribeiro da Costa, tio da noiva, e Estevam José dos Reis.
Aos noivos desejámos todas as felicidades de que são dignos.
L utuosaVictima de uma infecção
puerperal, falleceu nesta villa, na noite de 10 do corrente, pelas 11 horas,e meia, Gertrudes Gouveia, de 26 annos de edade, casada, natural desta villa.
Que descance em paz.
1 o 5 FOLHETIM
Traducção de J. DOS ANJOS
Livro Segundo1 1 1
Nunca! Como a havia de descobrir? Pnz o tempo e o e paço entre mim e o mundo.
— Tenho a certezn de que elle não encon rará alguma vèz um d’esses individuos cujas indiscreçóes possam revelar-lhe tudo; Elle p o p rio me disse que tinha estado aqui um pari fiense. um pintor, pessoa da su» fm izade...
— Que se foi embora para nunca mais vo'ta‘r.
— Podem vir outros e querer ficar cá! E então, se por um d’e!les o Pedro soubesse que a sua m u lh er...
— O h ! por compaixão, senhor cura, não diga mais.
— Faço-lhe tocar com o dedo nos perigos para que a vejo correr. Não sáo peores do que o que po Je- ria resultar de um acto de franqueza?
— E ’ já muito tarde para me re- tractar. Te n h o mentido mnito e decerto incorria no desprezo d'aquelle. a quem amo se lbe confessasse a minha mentira.
— Pois valia mais isso que ir até aofim do caminho em que se metteu. O’ Magdaiena, entre em si e reflicta! Com que direito quer associar a sua vida tnanchad 1. pelo peceado á vida j de um homem honesto? I
— Com o direito que o amor me dá. Para qus faz Deus este ; mor ardente no meu coração e no do Pedro? Para que nos uniu por este laço mysterioso, se náo foi para assego- rar a nossa felicidade? Amo, senhor cura. amo apaixonadamente, e sou amada. Co.nprehende o que isto quer dizer? Quer dizer que se esse amor se despedaçasse hoje, não era só eu que soflreria. e'a tambem o noivo que me deu a sua palavra e recebeu a minha. Por consequencia. volte a cabeça e deixe andar. ..
— Isso está acima do meu dever, Magdaiena, náo o posso deixar fa zer; não, não posso consentir era que o Pedro case comsigo, sem sab e r...
— Pois então diga-lb'o! exclamou a Magdaiena desesperada, diga lh’o se se atreve...
F. AQ UINO B A P T IS T A SANTO S.
— Serei obrigado a atrever-me a isso se a senhora não o quizer fazer, respondeu o padre Rouvière com melancolia, não posso deixar o meu filho adoptivo correr para a sua perda; não posso, nem como pae, nem como padre.
Ouvindo esta ameaça, proferida com voz firme, a Magdaiena, esmagada, deixou-se cahir de joelhos deante do padre Rouvière, que estava sentado.
— Como rs suas ameaças são crueis! exclamou ella. que mal que me faz! E ’ possivel; senhor cura. que seja o senhor quem queira attrahir sobre mim esta catastrophe?
— E ' pára evitar outras mais graves.
— Mais tarde! deixemos o future e não pensemos senão no presente. Se algum dia o Pedro descobrir a
(Contnundo do n.° 1731
Muitas vezes apparecem em sitios onde ha thesouros escondidos; nos subterrâneos do casteilo de Walsforstweiler, diz-se que ha um, e que por isso apparece alli de sete em sete annos uma dama branca trazendo flores numa das mãos, e na outra um molho de chaves. Nas cercanias da aldeia de Geismar realisa-se uma apparição analoga de sete em sete annos.
As damas brancas revelam tambem uma singular predilecção por apparece- rem ás creanças. Numa egreja velha das cercanias de Langensteinbach diz-se cue ha thesouros escondidos; um dia entrou na egreja uma pequenita e viu sair do coro uma dama branca a fazer-lhe acenos para que se approximasse, mas a creança teve medo e fug'u; foi ter com o pae e com a mãe a contar-lhes o caso; o pae e a mãe correram logo para a egreja, mas nada encontraram já, e tiveram de se contentar com a descripção que lhes fez a pequenita, a qual asseverava ter visto uma donzella formosíssima, toda vestida de branco, trazendo na cintura um cinto dourado e pendente delle um rnólho de chaves, nos dedos riquíssimos anneis, numa das mãos um ramo de flores azues, as tranças do cabello negras e longuíssimas, nos pés uns bor- zeguins verdes.
A physionomia destas creaturas costuma ser affa- vel e insinuante com umas leves sombras de suave melancloia.
No fim de contas, as damas brancas das bailadas allemãs fazem lembrar as mourasencantadas dos nossos contos peninsulares.
Nas damas brancas ha tambem uma especie de encantamento, que as con-
horrivel verdade, não será mais infeliz do que o seria agora se eu lh’a confessasse.
— Engana-se. minha filha, depois náo verá em si senão a mulher que o enganou.
— Pois bem, ha de matar-me; deixai o! Morrerei, mas ao menos terei vivido!
Dando este grito, a Magdaiena, extenuada, debulhou-se em lagrimas e o padre Rouvière, deante d’aquelle pungente desespero, sentiu diminuir, 0 seu rigor.
— Não fale assim. Magdaiena!— Oh ! eu náo sou santa! Sou uma
mulher,, uma pobre mulher que não vive hoje senão para o nobre amor que a transformou. Se ficar sem o bem que aprecio acima de tudo, cahi- rei outra vez no abysmo e tornarei a ser o que d’antes era. (Continuai.
O D O M IN G O
demna a viverem concentradas dentro dos limites de uma certa area até que se quebrç p encanto. Ora a quebra do encanto depende de eventualidades, que a dama branca diligenceia dispôr, mas que não está na sua mão realisar, e n’es- se intuito é que são todas as tentativas com que ella se approxima dos mortos. Exemplifiquemos:
A um pescador de Fe- eben, appareceu uma vez uma dama, annunciando- Ihe que sua esposa acabava de dar á luz um filho, e pedindo-lhe que lhe deixasse dar um beijo na creança (condição indispensável para se lhe quebraro encanto); o pescador, todo assustado, corre a ba- ptisar o recemnascido, e a dama branca fica condem- nada a permanecer como d’antes.
Outra, encontrando em certo sitio um pastor, con- vida-o por fagueiros acenos a penetrar com ella na gruta duma montanha; opos- tor, todo receioso, não condescende; e a infeliz; que tinha a essa condição ligado o segredo na quebra do respectivo encanto, não houve remedio senão resignar-se a esperar que lhe decorressem mais cem annos na mesma situação, porque só de seculo em seculo lhe era licito repetir uma vez a tentativa, até que algum pastor menos timorato se prestasse a desfazer o encantamento.
Citaremos ainda um terceiro exemplo destes casos. Estava uma dama branca, perto do castello de Buton, tirando agua do rio com uma bilha de ouro; passa um camponez, pasma de a vêr tão linda, e pergunta-lhe quem ella é; responde-lhe a dama que era filha de um rei, e que vivia alli encantada num esconderijo obscuro da montanha, onde mortal nenhum podia entrar, mas que para se lhe desfazer o encanto, bastaria ter alguem a coragem de pegar n’elia ao collo, e de ir de- posital-a em certo sitio do cemiterio de Butow, sem nunca olhar para traz. O destemido camponez, compadecido da gentil dama, ou talvez d ella enamorado, não quer mais ouvir; tomando-a nos braços, corre intrépido ao cemiterio, mas, quando ia a pôr os pés no sitio designado, sente-se agarrado na nu ca; inadvertidamente volta a cabeça; e o que vê é a pobre dama branca fu gindo-lhe dos braços e soltando pelos campos tora lamentos de angustia.
M en c iona-se egua 1 m e n te
nos fastos das superstições uma especie de. damas brancas, cuja apparição em certas casas iliustres andava geralmente ligada a um facto notável, que na respectiva familia houvesse de succeder. Cardam conta que 110 solar de certa familia nobre em Parma, quando estava para morrer algum dos seus membros, costumava apparecer uma dama branca velha, sentada na lareira; em circums-
ncias analogas tambem no castello de Egmont, na Hollanda, entrava uma dama branca.
Remataremos este artigo apontando ainda uma terceira classe de damas brancas, cuja . indole era essencialmente m a 1 faz ej a. CorneliodeKempeu diz-nos que estas habitavam em cavernas subterraneas, das quaes saiam de noite para agarrar os viajantes perdidos, ou os pastores que andassem n’essa hora guardando o rebanho em descampados, ou finalmente as mulheres que houvessem acabado de dar á luz, raptando-lhes os filhos re- cemnascidos; com estas prezas voltavam depois para os covis, de onde, quem passava por perto, sentia sairem sons confusos e indiscriminaveis.
A dama branca de Co-1 alto, citada por lord By- ron, em uma de suas cartas, tem uma historia mui dramatica. Era uma aia da condessa de Colai to, e gentil; o conde enamorá- ra-se d’ella, e parece que a requestada não reagira contra os affagos do adúltero, porque um dia, estando a pobre aia defronte do toucador a pentear a ama, surprehendeu-lhe esta o segredo por ver no espelho os labios da moça sorrirem fagueiros para o conde, e a offendida esposa vingou-se da rival mandando-a entaipar vivan’u- ma das paredes do castello; desde então ficou ella sendo a dama branca, prenuncio de qualquer falleci- menío que houvesse de occorrer no castello de Colalto.
(Conclue).
A N N U N C I O S
COMARCA M ALDEGALLEGA M) l i l i i A I J O
( S . '1 | 9i S j ) I Í C 3 ^ r i « )
Pelo juizo de direito de esta comarca de Aldegallega do Ribatejo e cartorio do primeiro officio e
na execução que a Fazenda Nacional move contra José de'Aveiro Pereira, de Chão Duro, vão á praça, á porta do tribunal de este juizo, no dia 20 de novembro proximo, pelas onze horas da manhã, para serem vendidos por valor superior ao da sua avaliação, os seguintes bens:
Uma courélla de terra com vinha e duas moradas de casas contiguas, sita no Chão Duro, no valor de 140^000 réis.
Outra courélla de terra com uma casa de habitação, em Chão Duro, foreira em 3Sooo réis annuaes a Maria Teixeira, no valor de 6o$ooo réis.
São citados para a dita praça os crédores incertos nos termos e para os effeitos do numero primeiro do artigo 844 do Codigo do Processo Civil.
Aldegallega do Ribatejo, 28 de outubro de 1904.Verifiquei a exactidão:
O JU IZ D E D IR E IT O ,
S. Moita.o E S C R IV Á O
José Maria de Mendonça
ANNUNCIO
C U I A R C A DE ALDEGALLEGA
( ! . a P u b l i c a ç ã o )
No dia 27 de novembro proximo, pelas onze horas da manhã, á porta da casa onde residia o fallido Augusto Lu- pi Tavares Castanheira. no logar do Samouco, e nos autos d’ab-'rtura de fallencia que contra este requereu José Cae tano Fernandes Ervedoso, morador no mesmo logar do Samouco, se hão de vender em hasta publica a quem maior lanço offerecer sobre os valores da sua avaliação, os bens moveis, generos e objectos de ouro que foram arrolados ao fallido e que estarão presentes no acto da praça.
São sitados os crédores incertos para assistirem á dita arrematação e ahi uzarem dos seus direitos sob pena de revelia.
Aldegallega do Ribatejo, 28 de outubro de 1904.
o E S C R IV Á O .
Antonio Augusto da SilvaCoelho.
Verifiquei a exactidão:
O JUIZ DE D IR E IT O .
S. Motla.
Caixa de Crédito FidelidadeEmpréstimos sobre penhores
Propm-hrw: AM í'iW® DIAS £ÃFí£LLÃS&UA DO C'OXB»12. 3 3 -• Aldcgaiicsa
N'esta casa empresta-se dinheiro por juros muito modicos e convencionaes sobre todos os objectos de ouro, prata, pedras preciosas, relog:os, mobilia, roupasde sêda, lã, linho, algodão e tudo mais que represente valor.
Grandes e vantajosos descontos nos emprestimos de maior importancia. Abre todos os dias das 8 horas da manhã ás 10 da noite. i9g
A R M A Z É M D E M O V E I SD E
tissa «Io C’onde. 4 8 . 48-a. 48-b. (predio de azulejo)
A L D E G A L L E G A DO R IB A T E JO
Completo sortimento de mobilias para sala, casa de jantar, quartos e cosinha. Camas de fino gosto, tanto em madeira como em ferro, lavatorios, baldes, regadores, bidets, bacias para pés, tinas para banho e retretes.
Alguidares de zinco de todos os tamanhos, fogareiros de chapa de ferro, tigelas da casa e baldes de ferro zincado. Malas em todos os tamanhos e feitios cobertas de lona, oleado e folha.
COFRES A P R O V A D E F O G Oresistentes a qualquer instrumento perfurante ou cortante com segredos e fechaduras inglezas, recebidos directamente de uma das melhores fabricas do paiz.
Os attestados que os fabricantes possuem e cujas opias se encontram nesta casa, são garantia mais do
que sufficiente para o comprador.Tapetes, capachos de côco e arame, de duração infi
nita. Completo sortido de colchoaria e muitos outros artigos. Vende-se tambem mobilia a prestações semanaes ou mensaes, á vontade do freguez, e por preços sem competência. Ninguém que tenha amor ao dinheiro deverá comprar móveis sem primeiro se informar dos preços realmente limitadíssimos por que se vende n’esta casa. 185
N’esta casa se pule e concerta mobilia com perfeição.
m m : i?.OT© PO VOO mais vasto e suais bem so rtido estabelecim ento
do Kibatejo
Por motivo do extraordinario sortimento que já se acha apartado para a estação de INVERNO, que muito breve começa a chegar, os proprietários d’este vantajoso estabelecimento resolveram vender todos os artigos da estacão de verão (que poucos restam já) com
GRANDES ABATÍMFNTOS!!!Tem artigos que são verdadeiras pechinchas: Retalhos de cassas, setinetas, mousselines, cassinét-
tes, grenadines, etc., etc: Retalhos de casimira por metade dó seu valor. Alguns dão fatos para rapazes.
ENORME SALDO DE COLLARINHOS em algodão, dos feitios mais modernos, a 5 0 rs.; em linho, a IO O rs.
A divisa d'es ta casa é sempre vender barato para vender mais, e a todos pelos mesmos preços, que são fixos.
-----------n ssíx:-----------------
AO COMMERCIO DO POVORua Direita, 88 e go — — Rua do Conde, 2 a 6
Aldegallega do Blibatcfo
NUNES DE CARVALHO & SILVA
E S T E V Ã O J O S E D O S R E IS— * COM *—
OFFICINA DE CALDEIREIRO DE COBREl l l i l I l i i l i l I l I f f l l i l l l l I l t l I l H I I l I l I l l l l H I I I I
Encarrega-se de todos os trabalhos concernentes á sua arte.
RU A D E JO SE M A R IA DOS SA N TO SALDEGALLEGA
\
O D O M IN G OooOcoOQOf—
Consuitoiio de medicina e Cirurgia dentaria
UJQ
DE —
COo
< ZCO UJO scá DO £L2Cá Z
lsTêI
O É> < K lCJ-' | OU hZTnUJQ
Pharniitceutico e cirurgiáo-deiiidsía
Cura certa e rapida ■ de todas as doenças da boca e dentes.
Obturações a ouro, platina, esmalte e cimento. Extracção de dentes sem dôr, por meio de anes-
Ihcsia local.Coroas em ouro e esmalte. Dentaduras artifi
ciaes em ouro e vulcanite.
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RUA DIREITA, 65 — Aldegallega
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Manques C otwíest í;m i
Vende e concerta toda a qualidade dè relogios por preços modicos. Tambem concerta caixas de musica, objectos de ouro, prata e tudo que pertença d arte de gravador e galvanisador.
Fecha ds quintas feiras.
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GARANTEM-SE 03 CONCERTOSiS i
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phosphorico PotassaSulphatode ferro
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3,5 o,0 5,5 »[o I.t °|o — » 2iS3oo3,0 °[o 6,1 °[o 6.0 °[o — » 27 ';7C)Í
9 5.o °j0 io ,5 u[o 0.5 ojo — )) 3 i $3 o4 S 6.5 °[„ 4-7 °!o o,5 °[o — )) 3 i $ 5oo1 5.5 °[0 6.4 °[o o .5 oj0 — )) 32$5oo
e ainda muitos outros números de differentes percentagens.
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Moagem de tremôco por conta do lavrador, 240 réispor cado sacca
Pelo systema commercial adoptado n’esta empreza, estão inteiramente postas de parte todas as apprehen- sões dos lavradores, com respeito a fraudes de qualquer natureza nos adubos que lhes vendemos.
As analyses são feitas em amostras exirahidas da remessa no acto da expedição, e em qualquer laborato- rio official á escolha do comprador, sendo por conta deste até ao limite de cinco toneladas (salvo prévia recusa) e de nossa conta dahi por deante.
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bos Aríii&eiaes ens Aldegallega do Stibaíejo (á beira-mar).
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Farinha, semea, arroz nacional, alimpádura, fava, milho, cevada, aveia, sulphato e enxofre.
Todos estes generos se vendem pon preços muito em conta tanto para o consumidor como para o revendedor. 178
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Romance de acontecimentos sensacionaes e verídicos occorridos na actualidade e mais interessante que os Mysterios de Paris e Rocambole por Dubut ie Laforest.
Pedidos á «Editora», largo do Conde Barão, 5o — Lisboa.
OS DRAMAS DA COUTE
íChronica do reinado de Luiz X V )
Romance historico porE. LADOUCETTE
Os amores trágicos de Manon Les <aut com o íeiebre cavallèiro de Grieux. formam o entrecho d'este romame, rigorosamente historico, a que Ladoui ette imprimiu uai cunho de originalidade devéras encantador.
A corte de Luiz xv. com todos os seus esplendores e misérias, é éscri- pta magistralmente pelo auctor d’0 Bastardo da Rainha nas páginas do seu novo livro, destinado sem duvida a alcançar entre nós exito egual aquelle com que foi receb do em Pa ris, onde se contaram por milhares os exemplares vendidos.
A ed.çáo portugueza do popular e commovente romance, seni feita em fasciculos semanaes de 16 paginas, Je grande formato, illustrados com soberbas gravuras de pagina, e constará apenas de 2 volumes.
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aliosos brindes a todosv i
os assignantesPedidos á Bibliotheca Popular, Em
presa Editora. 162. Rua da Rosa. 162— Lisboa.
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U O T U K C A 0 0 DÍAItlO DE NOTÍCIASA G U E R R A A N G L O - B O E R
Impressões do 'TransvaalInteressantíssima narração das luetas entre inglezes e boers, «illústrada»
com numerosas zmeo-gravuras de «homens celebres» do Transvaal e do Orange. incidentes notáveis, «cercos e batalhas mais cruentas da
G U E R R A A N G LO -B O ER Por uni funccionario da Cruz Vermelha ao serviço
do Transvaal.Fasciculos semanaes de 16 paginas.............. 3 o réisTomo de 5 fasciculos.................................. i 5o »A G U ER R A AN G LO B O E R é a obra de mais palpitante actualidade.
N'ella sáo descriptas, «por uma testemunha presencial», as differentes phases e acontecimentos emocionantes da terrivel guerra que tem espantado o mundo inteiro.
A G U ER R A A N G LO -’!O E R faz passar ante os olhos do leitor todas as «grandes batalhas, combates» e «escaramuças» d’esta prolongada e acérrima iucta entre inglezes, tra .svaalianos e oranginos, verdadeiros prodigios de heroismo e tenacidade, em que sáo egualmente admiraveis a coragem e dedicação p. triotic a de vencidos e vencedores.
Os incidentes variaJissimos d’esta contenda e itre a poderosa Inglater ra e as duas pequ . nas republicas sul-africanas, decorrem atravez de verdadeiras peripei ias, por tal maneira dramaticas e pittorescas, que dão á G U Ef RA A N G LO -BO ER. conjunctamente com o irresistível attractivo d'uma nar rativa histórica dos nossos d as, o encanto da leitura romantisada.
A Bibliotheca do DIARIO DE NOTICIASapresentando ao publico esta obra em «esmerada edição,» e por um preço diminuto, julga prestar um serviço aos numerosos leitores que ao mesmo tempo desejam deleiiar-se e adquirir perfeito conhecimento dos successos que mais interessam o mundo culto na actualidade.
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