106
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM QUÍMICA NICAELLEN ROBERTA DA SILVA SOUZA DESENVOLVIMENTO DE METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO DE RESÍDUOS DE AGROTÓXICOS EM CAFÉ TORRADO DEVELOPMENT OF METHOD FOR EVALUATION OF PESTICIDES RESIDUES IN ROASTED COFFEE

DESENVOLVIMENTO DE METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO … · Figura 8 - Fluxograma utilizado para preparar as soluções de trabalho dos agrotóxicos em estudo seguido da elaboração das

  • Upload
    vannhan

  • View
    214

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: DESENVOLVIMENTO DE METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO … · Figura 8 - Fluxograma utilizado para preparar as soluções de trabalho dos agrotóxicos em estudo seguido da elaboração das

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM QUÍMICA

NICAELLEN ROBERTA DA SILVA SOUZA

DESENVOLVIMENTO DE METODOLOGIA PARA

AVALIAÇÃO DE RESÍDUOS DE AGROTÓXICOS EM

CAFÉ TORRADO

DEVELOPMENT OF METHOD FOR EVALUATION OF

PESTICIDES RESIDUES IN ROASTED COFFEE

Page 2: DESENVOLVIMENTO DE METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO … · Figura 8 - Fluxograma utilizado para preparar as soluções de trabalho dos agrotóxicos em estudo seguido da elaboração das

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM QUÍMICA

NICAELLEN ROBERTA DA SILVA SOUZA

DESENVOLVIMENTO DE METODOLOGIA PARA

AVALIAÇÃO DE RESÍDUOS DE AGROTÓXICOS EM

CAFÉ TORRADO

Dissertação de Mestrado apresentada ao

Programa de Pós-Graduação em Química,

da Universidade Federal de Sergipe, para a

obtenção do título de Mestre em Química.

Orientador: Prof. Dr. Sandro Navickiene

DEVELOPMENT OF METHOD FOR EVALUATION OF

PESTICIDES RESIDUES IN ROASTED COFFEE

Master Dissertation presented to the

Graduate Program in Chemistry of the

Federal University of Sergipe to obtain

MSc. in Chemistry.

Page 3: DESENVOLVIMENTO DE METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO … · Figura 8 - Fluxograma utilizado para preparar as soluções de trabalho dos agrotóxicos em estudo seguido da elaboração das
Page 4: DESENVOLVIMENTO DE METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO … · Figura 8 - Fluxograma utilizado para preparar as soluções de trabalho dos agrotóxicos em estudo seguido da elaboração das
Page 5: DESENVOLVIMENTO DE METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO … · Figura 8 - Fluxograma utilizado para preparar as soluções de trabalho dos agrotóxicos em estudo seguido da elaboração das

RESUMO

A agricultura é uma das principais atividades econômicas do Brasil, possuindo a cultura

do café como sua principal commodity primária. A fim de atingir altos níveis de

produção e evitar a perda das safras, insumos agrícolas como os agrotóxicos são

utilizados em grandes quantidades. Este tipo de prática e o aumento da preocupação do

público consumidor estão motivando investigações científicas a respeito destes tópicos,

com o intuito de garantir a segurança alimentar dos produtos fornecidos para o

consumo. No entanto, a literatura não relata metodologias para a determinação de

resíduos de agrotóxicos no café torrado, com os métodos de extração e análise

propostos, que segundo dados bibliográficos apresentam resíduos destas substâncias

mesmo após a torrefação. Neste contexto, o presente trabalho buscou desenvolver uma

metodologia analítica para determinar carbofurano, cipermetrina, clorpirifós,

clotianidina, dissulfotom, endosulfan, espirodiclofeno, haloxifope, imidacloprido,

tebuconazol, triadimefom e triadimenol em café torrado empregando método de

extração sólido líquido por sonicação com etapa de clean-up por meio de extração

líquido líquido (LLE) e análise instrumental por cromatografia líquida de ultra eficiência

acoplada a detector por espectrometria de massas (LC-MS/MS). Para tanto, a otimização

das condições cromatográficas e a avaliação do melhor método de clean-up foram

realizadas. Com isso, as condições de melhor resposta quantitativa foi obtida com 0,5 g

de café torrado, 5 mL de solvente de extração por sonicação, 1 mL de água e 1 mL de

diclorometano na etapa de clean-up por LLE. Durante o procedimento de validação no

LC-MS/MS foi observado efeito matriz positivo para todos os analitos com exceção da

cipermetrina na qual houve supressão do sinal pela matriz, ocasionando, com base na

curva preparada no extrato, recuperações entre 74,2% - 102,4%, com desvio padrão

relativo entre 0,6% e 10,2%, nos níveis de concentração avaliados no processo, além

disso, a linearidade obtida foi na faixa de 0,9979 a 0,9998 para os agrotóxicos,

carbofurano, clotianidina dissulfotom, imidacloprido, tebuconazol, triadimefom e

triadimenol, garantindo a eficiência da metodologia.

Palavras-chave: café torrado; Coffea arabica; agrotóxicos; pesticidas; sonicação;

ultrassom; LLE; HPLC/ UV-DAD; UPLC/ UV-DAD; LC-MS/MS.

Page 6: DESENVOLVIMENTO DE METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO … · Figura 8 - Fluxograma utilizado para preparar as soluções de trabalho dos agrotóxicos em estudo seguido da elaboração das

ABSTRACT

Agriculture is one of the main economic activities of the Brazil, possessing the culture

of coffee as their main primary commodity. In order to achieve high levels of production

and prevent the loss of crops, farm inputs such as pesticides are used in large

quantities. This type of practice and the increased public concern consumer are

motivating scientific research about these topics, with the aim of ensuring food safety of

products supplied for consumption. However, the literature does not report

methodologies for the determination of pesticide residues in roasted coffee, with the

methods of extraction and analysis proposed, which according to bibliographic data

present residues of these substances even after roasting. In this context, the present

study sought to develop an analytical methodology to determine carbofuran,

cypermethrin, chlorpyrifos, clothianidin, disulfoton, endosulfan, spirodiclofen,

haloxyfop, imidacloprid, tebuconazole, triadimenol and triadimefom in roasted coffee

using solid liquid extraction method by sonication with clean-up step through liquid

liquid extraction (LLE) and instrumental analysis for ultra performance liquid

chromatography tandem mass spectrometry detector (LC-MS/MS). For both, the

optimization of chromatographic conditions and assessing the best method of clean-up

was carried out. With that, the conditions for better quantitative response was obtained

with 0.5 g of roasted coffee, 5 mL extraction solvent by sonication, 1 mL of water and 1

mL of dichloromethane in the clean-up by LLE. During the validation procedure in LC-

MS/MS positive matrix effect was observed for all analytes except of cypermethrin in

which there was suppression of the signal by array, causing, prepared in the curve-

based extract, recoveries between 74.2%-102.4% standard relative deviation (SRD)

between 0.6% and 10.2%, in levels concentration assessed in the process, Furthermore,

the linearity obtained was in the range of 0.9979 to 0.9998 for pesticides , carbofuran,

disulfoton, imidacloprid, clothianidin tebuconazole, triadimenol, triadimefom and

ensuring the efficiency of the methodology.

Keywords: Sonication, pesticides, roasted coffee, Coffea arabica, LLE; HPLC/ UV-

DAD; UPLC/ UV-DAD; LC-MS/MS.

Page 7: DESENVOLVIMENTO DE METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO … · Figura 8 - Fluxograma utilizado para preparar as soluções de trabalho dos agrotóxicos em estudo seguido da elaboração das

Aos meus pais Mª Quitéria e Natalício,

meus tios e minha irmã Natalilian, dedico

este trabalho.

Page 8: DESENVOLVIMENTO DE METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO … · Figura 8 - Fluxograma utilizado para preparar as soluções de trabalho dos agrotóxicos em estudo seguido da elaboração das

O sucesso nasce do querer, da determinação e persistência em se chegar a um objetivo.

Mesmo não atingindo o alvo, quem busca e vence obstáculos, no mínimo fará coisas

admiráveis.

(José de Alencar)

Page 9: DESENVOLVIMENTO DE METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO … · Figura 8 - Fluxograma utilizado para preparar as soluções de trabalho dos agrotóxicos em estudo seguido da elaboração das

AGRADECIMENTOS

A Deus pela força e dom da vida.

A minha família, principalmente meus pais Natalício e Quitéria e minha irmã Natalilian

pelo apoio e paciência.

Ao meu orientador Prof. Dr. Sandro Navickiene pelos anos de orientação, me

concedendo a oportunidade de adquirir conhecimento e experiência nas áreas de

Química Analítica e Cromatografia.

Aos amigos integrantes do LCP (antigos e novos) que também colaboraram com o

desenvolvimento deste trabalho, em especial aos pertencentes ao grupo do Prof. Dr.

Sandro, Fabricio, Mônica, Ruyanne, Danilo e Édica. Aos amigos do LEMON,

principalmente, Bruno, Tassya, Jany Hellen, que também contribuíram com trocas de

ideias e experiência.

Aos amigos da pós-graduação.

Aos meus amigos da vida, que estão sempre presentes, independente de qualquer coisa.

Aos professores do DQI/UFS pela minha formação acadêmica.

A comissão examinadora por aceitar participar da minha defesa.

A Universidade Federal de Sergipe, ao Departamento de Química e ao Programa de

Pós-Graduação em Química.

Ao CNPq pelo apoio financeiro.

Enfim, gostaria de agradecer a todos que contribuíram de alguma maneira e que não

foram aqui mencionados.

Obrigada a todos!

Page 10: DESENVOLVIMENTO DE METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO … · Figura 8 - Fluxograma utilizado para preparar as soluções de trabalho dos agrotóxicos em estudo seguido da elaboração das

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Maiores exportadores mundiais de café. Fonte: Maps of World (2011)

[7] .................................................................................................................. 21

Figura 2 - Gráfico da composição do café em diferentes condições. Fonte:

Oestreich-Janzen, 2010 [15]. ....................................................................... 23

Figura 3 - Principais pragas do cafezal (a) broca-do-café, Hypothenemus hampei

e (b) Bicho-mineiro, Leucoptera coffeella. Fonte: Souza et.al, 2011

[23]. .............................................................................................................. 25

Figura 4 - Outras pragas do cafezal: (a) Ácaro vermelho Tetranychus evansi; (b)

Lagarta dos cafezais, Eacles imperialis magnifica. Fonte: Mesquita. ........ 25

Figura 5 - Processo de cavitação. Fonte: SEIDI e YAMINI (2012) [51]. .................... 38

Figura 6 - Mecanismo de extração/lixiviação por sonicação (a) na ausência e (b)

na presença das ondas ultrassônicas. Fonte: CASTRO e CAPOTE

(2007) [50]. .................................................................................................. 40

Figura 7 - Esquema básico de um sistema de cromatografia líquida com detector

espectrofotométrico e espectrometria de massas. Fonte: Baseado em

NAUSHAD e KHAN, 2014; MEYER, 2010 e SNYDER et al., 2010

[54,56,57]. .................................................................................................... 41

Figura 8 - Fluxograma utilizado para preparar as soluções de trabalho dos

agrotóxicos em estudo seguido da elaboração das soluções analisadas

para a obtenção das curvas analíticas. ......................................................... 46

Figura 9 - Café torrado moído e homogeneizado. ......................................................... 50

Figura 10 - Procedimento de extração da amostra de café torrado. .............................. 51

Figura 11 - Cromatograma da análise exploratória dos analitos em estudo no

SISTEMA 1 (HPLC-DAD) .......................................................................... 53

Figura 12 - Espectros de absorção indicando o comprimento de onda de máxima

absorção avaliados no SISTEMA 1. ............................................................ 55

Figura 13 - Cromatogramas dos extratos por sonicação utilizando ACN (preto) e

DCM (vermelho) como solvente extrator. ................................................... 57

Figura 14 - Cromatogramas da Proposta 1 de clean-up, em vermelho o primeira

fração e em preto o interferente retido seguindo as condições da

Tabela 7 no SISTEMA 1. ............................................................................ 58

Page 11: DESENVOLVIMENTO DE METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO … · Figura 8 - Fluxograma utilizado para preparar as soluções de trabalho dos agrotóxicos em estudo seguido da elaboração das

Figura 15 - Cromatogramas do método da Proposta 2, em vermelho o extrato e

em preto o branco do adsorvente seguindo as condições da Tabela 7

no SISTEMA 1. ........................................................................................... 59

Figura 16 - Sobreposição dos cromatogramas da Proposta 2 com adsorvente C18

em vermelho e com a sílica em preto seguindo as condições da Tabela

7 no SISTEMA 1. ........................................................................................ 59

Figura 17 - Cromatogramas com a comparação dos extratos oriundo da Proposta

2 com o adsorvente C18 por sonicação na cor preta e por agitação na

cor vermelha seguindo as condições da Tabela 7 no SISTEMA 1. ............. 60

Figura 18 - Cromatogramas da análise do extrato fortificado por sonicação

utilizando a sílica (preto) e da solução conjunta dos agrotóxicos

seguindo as condições da Tabela 7 no SISTEMA 1. ................................... 60

Figura 19 - Cromatogramas da análise da influência do solvente extrator

Diclorometano no método de extração, sendo o volume de 1 mL em

vermelho, 2 mL em preto e 3 mL em azul e a solução de comparação

dos agrotóxicos em verde, utilizando o SISTEMA 1 e condições

descritas na Tabela 7. ................................................................................... 62

Figura 20 - Cromatogramas das análises das amostras contaminadas utilizando a

metodologia de extração da Proposta 3 e o SISTEMA 1 de análise nas

condições da Tabela 7. Em vermelho, preto e azul constam os extratos

com diferentes volumes de Diclorometano e em verde a solução

conjunta dos agrotóxicos. ............................................................................ 62

Figura 21 - Cromatograma da análise exploratória dos agrotóxicos estudados a

partir de uma solução conjunta em 25 ug mL-1

, utilizando a fase

estacionária composta por C18 e um fluxo de 0,6 mL min-1

. ....................... 63

Figura 22 - Espectros de absorção em detector UV/Vis com arranjo de fotodiodos

dos agrotóxicos em estudo. Em vermelho a varredura dada pelo

SISTEMA 2, em preto para o SISTEMA 1. ................................................ 64

Figura 23 - Comparação de diferentes fluxos por meio de solução padrão dos

agrotóxicos em 25 µg mL-1

. O primeiro cromatograma corresponde ao

fluxo de 0,3 mL min-1

, o segundo de 0,6 mL min-1

e o terceiro de 0,7

mL min-1

utilizando gradiente de eluição em análise exploratória na

coluna BEH C18. .......................................................................................... 67

Page 12: DESENVOLVIMENTO DE METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO … · Figura 8 - Fluxograma utilizado para preparar as soluções de trabalho dos agrotóxicos em estudo seguido da elaboração das

Figura 24 - Esquema da estrutura das fases estacionárias testadas no trabalho.

Fonte: (WATERS) [65] ............................................................................... 68

Figura 25 - Comparação do perfil dos picos nos cromatogramas obtidos da

análise da solução conjunta dos agrotóxicos em 25 µg mL-1

com as

diferentes fases estacionárias, o primeiro cromatograma corresponde à

coluna BEH C18, o segundo corresponde à resposta da coluna CSH

Phenyl-Hexyl e o último gráfico à HSS CN em gradiente de eluição

em análise exploratória com vazão de 0,6 mL min-1

. .................................. 69

Figura 26 - Cromatogramas da solução conjunta dos analitos em 10µg mL-1

comparando diferentes gradientes presentes na Tabela 9 utilizados

para a otimização do programa de eluição dos analitos, utilizando a

coluna CSH Phenyl-Hexyl, vazão de 0,6 mL min-1

e volume de

injeção de 10 µL. ......................................................................................... 70

Figura 27 - Cromatogramas das análises da solução conjunta dos agrotóxicos

com concentração de 10µg mL-1

para a otimização do tempo de

equilíbrio, onde (a) 2,62 minutos, (b) 5,00 minutos, (c) 6,60 minutos e

(d) 10 minutos. ............................................................................................. 73

Figura 28 - Otimização do volume de injeção, teste envolvendo a redução de 10

(preto) para 5 µL (vermelho) com o gradiente do tópico III da seção

4.2.1 e tempo de equilíbrio do tópico IV da seção 4.2.1 utilizando a

solução conjunta dos analitos. ..................................................................... 74

Figura 29 - Otimização do volume de injeção, análises com volumes de 2,5 a 0,5

µL nas condições estabelecidas anteriormente presentes na Tabela 7 e

Tabela 8. ...................................................................................................... 75

Figura 30 - Cromatogramas das fases (a) ACN: H2O e (b) ACN: DCM obtidas

pela metodologia de extração da Proposta 3 da seção 4.1.2.1 seguindo

as condições cromatográficas do SISTEMA 2 presentes na Tabela 7......... 76

Figura 31 - Cromatogramas da extração por sonicação e clean-up por LLE

(Proposta 3), em verde - amostra testemunha, vermelho - fortificado,

marrom - solução de comparação e em preto - solução dos padrões,

obtidos pelas condições otimizadas da Tabela 7 no SISTEMA 2. .............. 76

Figura 32 - Gráfico com valores de recuperação no nível de 2μg mL-1

(n = 2). ............ 77

Figura 33 - Gráfico com os valores de intensidades obtidos pelo teste de

degradação dos agrotóxicos. ........................................................................ 78

Page 13: DESENVOLVIMENTO DE METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO … · Figura 8 - Fluxograma utilizado para preparar as soluções de trabalho dos agrotóxicos em estudo seguido da elaboração das

Figura 34 - Cromatogramas obtido com a sonicação utilizando acetonitrila e

diclorometano como solventes extratores. Seguindo as condições

cromatográficas da Tabela 7 para o SISTEMA 2, onde o

cromatograma em preto corresponde ao extrato com diclorometano,

em vermelho com Acetonitrila, em verde, o Branco da amostra e em

azul, a Solução Conjunta dos Agrotóxicos em 10µg mL-1

. ......................... 79

Figura 35 - Dados de recuperação utilizando acetonitrila e diclorometano como

solvente extrator na sonicação (n = 2). Intensidade utilizadas foram

obtidas através das condições cromatográficas da Tabela 7 ........................ 79

Figura 36 - Cromatogramas referentes à otimização do solvente de clean-up,

onde (a) Acetato de Etila, (b) Clorofórmio e (c) Diclorometano. No

cromatograma em vermelho a resposta equivalente ao Branco, em

preto ao Fortificado e em azul a Solução de Comparação, todas as

análises de acordo com as condições da Tabela 7. ...................................... 81

Figura 37 - Valores de recuperação obtidos através das análises cromatográficas

(n = 2) segundo a Tabela 7, evidenciando os solventes de clean-up

utilizados na otimização do método. ........................................................... 82

Figura 38 - Dados de recuperação do teste realizado para verificar a influência da

ordem dos solventes utilizados no clean-up, separados com as

condições cromatográficas da Tabela 7. ...................................................... 83

Figura 39 - Fragmentos utilizados para a quantificação e confirmação dos dados

quantitativos das amostras analisadas no SISITEMA 3 segundo as

condições da Tabela 7. ................................................................................. 84

Figura 40 - Cromatograma dos íons de quantificação dos agrotóxicos avaliados

utilizando as condições cromatográficas descritas nas Tabelas 7 e 8. ......... 88

Figura 41 - Cromatograma da análise do extrato fortificado na concentração de

0,1 mg mL-1

com detector espectrofotométrico em 220 nm, seguindo

as condições de análise descritas nas Tabelas 7 e 8..................................... 88

Figura 42 - Representação gráfica dos valores de recuperação dos agrotóxicos

com seus respectivos desvios padrão presentes na Tabela 15 para os

quatro níveis de concentração avaliados...................................................... 96

Page 14: DESENVOLVIMENTO DE METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO … · Figura 8 - Fluxograma utilizado para preparar as soluções de trabalho dos agrotóxicos em estudo seguido da elaboração das

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Composição do café arábica torrado. Fonte: [10] ......................................... 21

Tabela 2 - Classificação dos agrotóxicos selecionados para o trabalho quanto ao

grupo químico, ao modo de ação, à classe toxicológica e fórmula

estrutural. Fonte: Agência de Vigilância Sanitária [25]. .............................. 27

Tabela 3 - Limites máximos de resíduos para os agrotóxicos selecionados na

cultura do café. Fonte: [26,25] ..................................................................... 30

Tabela 4 - Modo de aplicação dos agrotóxicos e produtos comerciais utilizados na

cafeicultura. Fonte: [28] ............................................................................... 31

Tabela 5 - Características físico-químicas dos agrotóxicos em estudo. Fonte:

[32,33,34,35]. ................................................................................................ 32

Tabela 6 - Alguns trabalhos com técnicas de extração combinadas e amostras

sólidas. .......................................................................................................... 37

Tabela 7 - Condições de análise nos sistemas cromatográficos utilizados. .................... 48

Tabela 8 - Gradientes de eluição para cada sistema cromatográfico utilizado. .............. 49

Tabela 9 - Composições dos gradientes de eluição dos cromatogramas

apresentados na Figura 26. ........................................................................... 71

Tabela 10 - Parâmetros otimizados no SISTEMA 3 (UPLC-MS/MS) .......................... 87

Tabela 11 - Equação da reta e coeficientes de correlação da análise dos

agrotóxicos em um intervalo linear de 0,01 a 10 μg mL-1

. Obtidos

através dos valores de intensidade fornecidos pela análise

cromatográficas segundo a Tabela 7 e a Tabela 8 no SISTEMA 2 (n =

3). .................................................................................................................. 89

Tabela 12 - Equação da reta e coeficientes de correlação da análise dos

agrotóxicos em um intervalo linear de 0,01 a 1,0 mg L-1

. Obtidos

através dos valores de intensidade fornecidos pela análise

cromatográficas segundo a Tabela 7 e a Tabela 8 no SISTEMA 3 (n =

3). .................................................................................................................. 90

Tabela 13 - Equação da reta e coeficientes de correlação da análise dos

agrotóxicos preparados no extrato da matriz em um intervalo linear de

0,01 a 1,0 mg L-1

. Dados obtidos através dos valores de intensidade

fornecidos pela análise cromatográficas segundo a Tabela 7 e a Tabela

8 no SISTEMA 3. ......................................................................................... 92

Page 15: DESENVOLVIMENTO DE METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO … · Figura 8 - Fluxograma utilizado para preparar as soluções de trabalho dos agrotóxicos em estudo seguido da elaboração das

Tabela 14 - Valores das razoes dos coeficientes angulares das curvas analíticas

preparadas no extrato da matriz e no solvente. ............................................. 92

Tabela 15 - Valores de desvio padrão e coeficiente de variação dos agrotóxicos

estudados....................................................................................................... 94

Tabela 16 - Valores do limite de detecção dos agrotóxicos de trabalho. ....................... 97

Page 16: DESENVOLVIMENTO DE METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO … · Figura 8 - Fluxograma utilizado para preparar as soluções de trabalho dos agrotóxicos em estudo seguido da elaboração das

LISTA DE ABREVIATURAS

ACN - Acetonitrila

AGROFIT - Sistema de Agrotóxicos Fitossanitários

ANVISA - Agência de Vigilância Sanitária.

CBN - Carbofurano

CIP - Cipermetrina

CLF - Clorpirifós

CTD - Clotianidina

DCM - Diclorometano

DDD - Diclorodifenildicloroetano

DIS – Dissulfotom

END - Endosulfan

EPA - Agência de Proteção Ambiental

ESI - Electrospray Ionization (Ionização por Eletronebulização)

ESP - Espirodiclofeno

GC-MS - Gas Chromatography Mass Spectrometry (Cromatografia Gasosa/

Espectrometria de Massas)

GC-MS (NCI-SIM) - Gas Chromatography-Negative Chemical Ionization Mass

Spectrometry In Selective Ion Monitoring Mode (Cromatografia Gasosa/ Espectrometria

de Massas com Ionização Química Negativa no Modo De Monitoramento de Íon

Seletivo)

GPC - Gel Permeation Chromatography (Cromatografia com Permeação em Gel)

HLX - Haloxifope

HPLC - High Performance Liquid Chromatography (Cromatografia Líquida de Alta

Eficiência)

HPLC-UV/Vis - High Performance Liquid Chromatography coupled with detector

UV/Vis (Cromatografia Líquida de Alta Eficiência com Detector no

Ultravioleta/Visível)

ICC - International Coffee Corporation (Coorporação Internacional do Café)

IL-UMAE - Ionic Liquids Based Simultaneous Ultrasonic and Microwave Assisted

Extraction (Extração Assistida por Ultrassom e Microondas Simultaneamente com

Líquidos Iônicos)

IMD - Imidacloprido

Page 17: DESENVOLVIMENTO DE METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO … · Figura 8 - Fluxograma utilizado para preparar as soluções de trabalho dos agrotóxicos em estudo seguido da elaboração das

LC-MS/MS - Liquid Chromatography Tandem Mass Spectrometry (Cromatografia

Líquida acoplada à Espectrometria de Massas/Massas)

LLE - Liquid- Liquid Extraction (Extração Líquido-Líquido)

MAPA - Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

MMA - Ministério do Meio Ambiente.

MSPD - Matrix Solid Phase Dispersion (Dispersão de Matriz em Fase Sólida)

PLE - Pressurized Liquid Extraction (Extração com Líquido Pressurizado)

QuEChERS - Quick, Easy, Cheap, Effective, Rugged and Safe

SE – Solid Extraction (Extração de Matriz Sólida)

SPE - Solid Phase Extraction (Extração em Fase Sólida)

TBC - Tebuconazol

TDF - Triadimefom

TDN - Triadimenol

TQD - Triple Quadrupole Detector (Detector Triplo Quadrupolo)

UMAE - Ultrasonic and Microwave Assisted Extraction (Extração Assistida por

Microondas e Ultrassom)

UPLC - Ultra Performance Liquid Chromatography (Cromatografia Líquida de Ultra

Eficiência)

USASFE - Ultrasound assisted supercritical fluid extraction (Extração com fluido

supercrítico assistida por ultrassom)

Page 18: DESENVOLVIMENTO DE METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO … · Figura 8 - Fluxograma utilizado para preparar as soluções de trabalho dos agrotóxicos em estudo seguido da elaboração das

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................... 20

1.1 CAFÉ (COFFEA ARABICA E COFFEA CANEPHORA) ................................................. 20

1.2 AGROTÓXICOS NA CAFEICULTURA .......................................................... 24

1.2.1 Agrotóxicos Envolvidos neste Trabalho ..................................................... 30

1.3 MÉTODO DE EXTRAÇÃO ............................................................................... 35

1.3.1 Método de Extração Sólido Líquido por Sonicação ................................... 38

1.4 CROMATOGRAFIA LÍQUIDA ........................................................................ 40

2. OBJETIVOS ......................................................................................................... 44

2.1 OBJETIVO GERAL ........................................................................................... 44

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS.............................................................................. 44

3. METODOLOGIA ................................................................................................. 45

3.1 REAGENTES ..................................................................................................... 45

3.2 MATERIAIS E EQUIPAMENTOS ................................................................... 45

3.3 PADRÕES DOS AGROTÓXICOS E SOLUÇÕES ............................................. 45

3.4 SELEÇÃO DOS AGROTÓXICOS EM ESTUDO ............................................. 47

3.5 CONDIÇÕES CROMATOGRÁFICAS DE ANÁLISE ..................................... 47

3.6 OBTENÇÃO E ACONDICIONAMENTO DA AMOSTRA DE CAFÉ

TORRADO ......................................................................................................... 50

3.7 METODOLOGIA DE EXTRAÇÃO .................................................................. 50

3.7.1 Fortificação das Amostras Para a Extração .............................................. 50

3.7.2 Procedimento de Clean-up ......................................................................... 50

3.8 LIMPEZA DOS MATERIAIS ............................................................................ 51

3.9 DESCARTE DE RESÍDUOS DOS REAGENTES ............................................ 52

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................................... 53

4.1 SISTEMA CROMATOGRÁFICO 1 (HPLC-DAD) ........................................... 53

4.1.1 Otimização das Condições de Análise ....................................................... 53

4.1.1.1 Seleção dos comprimentos de onda de máxima absorção .................. 54

4.1.2 Otimização do método de extração ............................................................ 57

4.1.2.1 Procedimento de seleção do método de clean-up ............................... 58

4.2 SISTEMA CROMATOGRÁFICO 2 (UPLC-DAD) ........................................... 63

Page 19: DESENVOLVIMENTO DE METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO … · Figura 8 - Fluxograma utilizado para preparar as soluções de trabalho dos agrotóxicos em estudo seguido da elaboração das

4.2.1 Parâmetros Avaliados no Sistema UPLC-DAD (SISTEMA 2) ................... 67

4.2.2 Avaliação da Metodologia no SISTEMA 2 (UPLC-DAD) ......................... 75

4.2.3 Otimização da Metodologia de Extração no SISTEMA 2 .......................... 77

4.3 SISTEMA CROMATOGRÁFICO 3 (LC-MS/MS) ............................................. 83

4.4 VALIDAÇÃO ..................................................................................................... 89

4.4.1 Linearidade e Sensibilidade ....................................................................... 89

4.4.2 Efeito matriz ............................................................................................... 91

4.4.3 Precisão ...................................................................................................... 93

4.4.4 Exatidão ...................................................................................................... 95

4.4.5 Limite de Detecção e Quantificação .......................................................... 97

5. CONCLUSÃO ....................................................................................................... 99

6. PERSPECTIVAS DO TRABALHO ................................................................... 99

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 100

Page 20: DESENVOLVIMENTO DE METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO … · Figura 8 - Fluxograma utilizado para preparar as soluções de trabalho dos agrotóxicos em estudo seguido da elaboração das

20

1. INTRODUÇÃO

O Brasil atualmente se destaca como maior produtor e exportador de café [1].

Esta commodity é considerada um dos mais valiosos produtos primários no comércio

mundial além de gerar milhares de empregos em toda a sua linha de produção [2]. Para

tanto, os agrotóxicos são utilizadas rotineiramente com intuito de evitar perdas na

produção, que representam em torno de 50% do total [1-5].

O emprego destes insumos agrícolas nas plantações gera uma preocupação mais

intensa do público consumidor, incentivando investigações científicas que envolvam

estes produtos a fim de garantir a segurança alimentar, no caso, do café fornecido [3].

Desta forma, este trabalho visa desenvolver uma metodologia simples e eficiente que

objetiva avaliar os resíduos de agrotóxicos presentes no café torrado.

1.1 CAFÉ (Coffea arabica e Coffea canephora)

Existem mais de 100 espécies diferentes de plantas de café no mundo, agrupadas

em um gênero botânico denominado Coffea, sendo as mais conhecidas Coffea arabica

(café arábica) e Coffea canephora (café robusta ou conilon). Estas, apesar da

diversidade do gênero, detém a relevância econômica no mercado mundial de cafés

[4,5]. Sua descoberta na Etiópia entre os anos 600-800 acarretou diversos eventos que

marcaram a evolução do café como um produto de alto valor econômico. Isto provocou

a disseminação do café pelo mundo, no entanto, a indústria do café no Brasil começou

somente em 1727 [5,6].

Apesar da inserção tardia desta commodity no mercado do Brasil, atualmente

este se destaca como maior produtor e exportador global de café (Figura 1) [1]. O café é

considerado um dos mais valiosos produtos primários no comércio mundial, tendo uma

importância que não pode ser subestimada, principalmente em países em

desenvolvimento, nos quais toda a sua linha de produção gera emprego para milhões de

pessoas em todo o mundo [2].

Page 21: DESENVOLVIMENTO DE METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO … · Figura 8 - Fluxograma utilizado para preparar as soluções de trabalho dos agrotóxicos em estudo seguido da elaboração das

21

Figura 1 - Maiores exportadores mundiais de café. Fonte: Maps of World (2011) [7]

No que se refere à composição química do café, a cafeína pode ser destacada

como a substância mais conhecida, porém não majoritária. Vários compostos conferem

ao café sabor e aroma peculiares, como fatores genéticos e ambientais, além de

condições de manejo na produção e processamento pós-colheita [8,9]. O grão do café

verde possui de modo geral, minerais, aminoácidos, lipídios, açúcares, polissacarídeos,

vitamina do complexo B e em maior quantidade os ácidos clorogênicos [8]. No entanto,

o consumo do café é realizado após o processo de torrefação dos grãos verdes, o que

produz a maioria das mudanças notáveis na sua composição, conferindo ao café seus

componentes aromáticos através das substâncias formadas pelo processo por meio de

reações de polimerização oxidativa ou degradação de compostos fenólicos (Tabela 1)

[6,10].

Tabela 1 - Composição do café arábica torrado. Fonte: [10]

Componentes Total (%) Solubilidade em

Água (%)

Proteínas Aminoácidos 9 1,5

Carboidratos

Polissacarídeos: - -

Insolúveis em água 24 -

Solúveis em água 6 6

Page 22: DESENVOLVIMENTO DE METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO … · Figura 8 - Fluxograma utilizado para preparar as soluções de trabalho dos agrotóxicos em estudo seguido da elaboração das

22

(continuação da Tabela 1)

Sacarose 0,2 0,2

Glicose, frutose, arabinose 0,1 0,1

Lipídios

Triglicerídeos 9,5 -

Terpenos: livres, ésteres,

glicosídeos 2 traços

Ácidos

Voláteis

Ácido fórmico 0,1 0,1

Ácido acético 0,2 0,2

Ácidos Não-

Voláteis

Ácidos lático, pirúvico,

oxálico, tartárico, cítrico 0,4 0,4

Alcaloides

Ácidos clorogênicos 3,8 3,8

Cafeína 1,2 1,2

Trigonelina 0,4 0,4

Cinza Minerais 4 3,5

Água - 2,5 2,5

Parcialmente

conhecido

Compostos voláteis do

aroma 0,1 0,1

Compostos “browning”,

fenóis, entre outros 35 7,5

Total 100 27,5

Este processo de torrefação ocorre quando os grãos são “torrados” a altas

temperaturas entre 180-240 ºC, durante um período de sete a quinze minutos conforme a

torra que queira obter, até atingir sabor, aroma e cor desejáveis. Após as reações

desencadeadas pelo calor fornecido, os componentes descritos na Figura 2 são gerados e

variam de acordo com a espécie e processo [11,12]. Outro ponto a ser observado na

torrefação é a permanência dos agrotóxicos utilizados no plantio para a produção do

café após este processo [3,13]. A aplicação constante destes produtos químicos está

ligada a uma tentativa de redução de perdas das safras em decorrência das pragas que

atacam os cafezais como broca-do-café, ácaro vermelho, bicho-mineiro e a lagarta dos

Page 23: DESENVOLVIMENTO DE METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO … · Figura 8 - Fluxograma utilizado para preparar as soluções de trabalho dos agrotóxicos em estudo seguido da elaboração das

23

cafezais [14]. Com isso, testes realizados por Rice e Ward, 1996 [13] em amostras de

café brasileiro detectaram nível original do agrotóxico DDD

(Diclorodifenildicloroetano) nos grão após a torrefação, apesar desta reduzir estes

níveis, o mesmo foi observado por Yang et al, 2010 para 69 agrotóxicos [3].

Figura 2 - Gráfico da composição do café em diferentes condições. Fonte: Oestreich-

Janzen, 2010 [15].

0

20

40

60

80

100

Outros Compostos

Cinzas

Melanoidinas

Ácidos Orgânico

Aminoácidos

Lipídios

Ácidos Clorogênicos

Carboidratos

Trigonelina

Cafeína

Page 24: DESENVOLVIMENTO DE METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO … · Figura 8 - Fluxograma utilizado para preparar as soluções de trabalho dos agrotóxicos em estudo seguido da elaboração das

24

1.2 AGROTÓXICOS NA CAFEICULTURA

O Brasil tem como uma das principais atividades econômicas, a agricultura,

responsável pela geração de empregos e fator importante para o desenvolvimento da

economia. Desta forma, a cultura do café, principal commodity primário do país, utiliza

insumos agrícolas, entre eles, os agrotóxicos, a fim de atingir os níveis esperados de

produção [1,2,16,17].

Com isso, visando um maior controle e regulamentação do uso destes, os órgãos

públicos elaboram normas legais que os definem e relatam as diretrizes e exigências

para registro dos agrotóxicos. Sendo assim, a Lei nº 7802/89, regulamentada pelo

Decreto nº 4074/02 do MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento)

apresenta a seguinte definição para estes insumos agrícolas: agrotóxicos são produtos e

agentes de processos físicos, químicos ou biológicos, destinados ao uso nos setores de

produção, armazenamento e beneficiamento de produtos agrícolas, pastagens, proteção

de florestas nativas ou implantadas e de outros ecossistemas, bem como de ambientes

urbanos, hídricos e industriais. [18]. Contudo, estas legislações e suas exigências não

impediram que o Brasil se tornasse o maior consumidor destes produtos no mundo

[19,20].

Várias pragas assolam a cultura do café, a principal é o Bicho-mineiro na

cafeicultura brasileira, seguido da Broca-do-café (Figura 3), porém existem outras

pragas que atingem as plantações de café (Figura 4). O Bicho-mineiro é considerado

praga-chave da cafeicultura na maioria das regiões produtoras. As larvas deste inseto se

alimentam do parênquima foliar, causando necrose e redução da área fotossintética,

provocando a queda das folhas e o decréscimo da produção dos frutos [21,22]. O

controle químico desta praga é realizado por meio de inseticidas, principalmente

organofosforados, carbamatos e diversos piretróides [14,21].

Page 25: DESENVOLVIMENTO DE METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO … · Figura 8 - Fluxograma utilizado para preparar as soluções de trabalho dos agrotóxicos em estudo seguido da elaboração das

25

Figura 3 - Principais pragas do cafezal (a) broca-do-café, Hypothenemus hampei e (b)

Bicho-mineiro, Leucoptera coffeella. Fonte: Souza et.al, 2011 [23].

Outra praga que agride intensivamente os cafezais, a Broca-do-café

Hypothenemus hampei, é um inseto que ataca os frutos do cafeeiro e é originário do

Continente Africano, sendo visto pela primeira vez no Brasil em 1913, na região de

Campinas dispersando-se pelos cafezais brasileiros [23]. Apesar do longo tempo desde

sua constatação ainda não foi erradicada das lavouras e o controle mais eficiente desta

infestação ocorre principalmente por meio do inseticida endosulfan [14,23]. No geral, a

principal forma de combate e prevenção destas pragas nas plantações de café é por meio

de agrotóxicos, o mesmo é válido para o Ácaro-vermelho, utilizando acaricidas e para a

Lagarta dos cafezais inseticidas seletivos [14,22].

No intuito de evitar grandes perdas, os cafeicultores aplicam estes agrotóxicos

em toda a lavoura, tanto em decorrência de seu baixo custo como por sua rápida ação ou

ainda pela evolução da resistência das pragas a estes produtos. Isto corrobora o

surgimento de efeitos adversos como a destruição de organismos benéficos (vespas

a b

a b

Figura 4 - Outras pragas do cafezal: (a) Ácaro vermelho Tetranychus evansi; (b)

Lagarta dos cafezais, Eacles imperialis magnifica. Fonte: Mesquita

Page 26: DESENVOLVIMENTO DE METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO … · Figura 8 - Fluxograma utilizado para preparar as soluções de trabalho dos agrotóxicos em estudo seguido da elaboração das

26

predadoras, vespinhas parasitóides e bicho-lixeiro) além da contaminação do meio

ambiente provocada pelo aumento da quantidade de resíduos poluentes [14,21,22].

Devido ao protecionismo nos mercados externos cada vez mais se estabelecem

requisitos técnicos no que diz respeito a aplicação, exportação e importação dos

agrotóxicos sobretudo quando relacionados a produtos agrícolas mais competitivos,

tornando essas substâncias as mais sujeitas a rígidas legislações no mundo [24]. Estas

legislações visam garantir a segurança do consumidor bem como regulamentar o

comércio externo, funcionando como o mais importante parâmetro para a saúde pública

e para o comércio internacional, por meio do estabelecimento e regulamentação dos

limites máximos de resíduos (LMRs), algumas destas legislações estão descritas na

Tabela 3.

Estes LMRs podem ser definidos como a quantidade máxima de resíduo de

agrotóxico, ou afim, oficialmente aceita no alimento, em decorrência da aplicação

adequada numa fase específica, desde sua produção até o consumo, expressa em

miligramas do agrotóxico afim ou de seus resíduos por quilo do alimento analisado (mg

kg-1

). Na qual, resíduo pode ser definido como substância ou mistura de substâncias

remanescentes ou existentes em alimentos ou no meio ambiente, decorrente do uso ou

da presença de defensivos e afins, inclusive quaisquer derivados específicos, tais como

produtos de conversão e de degradação, metabólitos, produtos de reação e impurezas,

consideradas toxicológica e ambientalmente importantes [24].

Page 27: DESENVOLVIMENTO DE METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO … · Figura 8 - Fluxograma utilizado para preparar as soluções de trabalho dos agrotóxicos em estudo seguido da elaboração das

27

Tabela 2 - Classificação dos agrotóxicos selecionados para o trabalho quanto ao grupo químico, ao modo de ação, à classe toxicológica e

fórmula estrutural. Fonte: Agência de Vigilância Sanitária [25].

Agrotóxico Fórmula Estrutural Grupo Químico Modo de

Ação

Classe

Toxicológica *

Carbofurano

(CBN)

Metilcarbamato de

Benzofuranila

Acaricida

Cupinicida

Inseticida

Nematicida

I

Cipermetrina

(CIP) O

O CN

O

Cl

Cl

Piretroide Formicida

Inseticida II

Clorpirifós

(CLF) O

ClCl

Cl

PH3CH2CO S

OCH2CH3

Organofosforado

Acaricida

Formicida

Inseticida

II

Clotianidina

(CTD) S

N

ClNH

N

NH

O2N

Neonicotinoide Inseticida III

O

O

NH

O

Page 28: DESENVOLVIMENTO DE METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO … · Figura 8 - Fluxograma utilizado para preparar as soluções de trabalho dos agrotóxicos em estudo seguido da elaboração das

28

(continuação da Tabela 2)

Dissulfotom

(DIS) P

OCH2CH3S

OCH2CH3S

S

Organofosforado

Acaricida

Fungicida

Inseticida

I

Endosulfan

(END) Cl

ClCl

Cl

Cl

Cl

O

O

SO

Organoclorado Acaricida

Inseticida I

Espirodiclofeno

(ESP)

O

O

Cl

Cl

O

O

Cetoenol Acaricida III

Haloxifope

(HLX)

NF

F

F O

O

Cl

H OH

O

Ácido

Ariloxifenoxipropiônico Herbicida -

Page 29: DESENVOLVIMENTO DE METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO … · Figura 8 - Fluxograma utilizado para preparar as soluções de trabalho dos agrotóxicos em estudo seguido da elaboração das

29

(continuação da Tabela 2)

Imidacloprido

(IMD)

N

Cl

N

NH

N NO2

Neonicotinoide Inseticida III

Tebuconazol

(TBC)

Cl

OH

N

N

N

Triazol Fungicida IV

Triadimefom

(TDF)

Cl

O

O

N N

N

Triazol Fungicida III

Triadimenol

(TDN)

Cl

O

OH

N N

N

Triazol Fungicida II

* Classificação Toxicológica: I – Extremamente Tóxico; II – Altamente Tóxico; III – Medianamente Tóxico; IV – Pouco Tóxico.

Page 30: DESENVOLVIMENTO DE METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO … · Figura 8 - Fluxograma utilizado para preparar as soluções de trabalho dos agrotóxicos em estudo seguido da elaboração das

30

Tabela 3 - Limites máximos de resíduos para os agrotóxicos selecionados na cultura do

café. Fonte: [26,25]

* Fórum internacional de normatização do comércio de alimentos estabelecido pela

Organização das Nações Unidas (ONU) [18].

** Convenção de Estocolmo sobre Poluentes Orgânicos Persistentes (POPs).

1.2.1 Agrotóxicos Envolvidos neste Trabalho

Os agrotóxicos selecionados para este trabalho visaram abranger duas formas

mais comuns de modalidade de emprego destes na cafeicultura, a foliar e a no solo,

podendo variar em relação à praga a ser combatida bem como sua forma de atuação

(Tabela 4). Em seus respectivos produtos comerciais os agrotóxicos/ ingredientes ativos

possuem outros compostos responsáveis por facilitar seu manuseio e aplicação [27,28].

Além destas características estes defensivos agrícolas têm propriedades físico-químicas

(Tabela 5) que possibilitam conhecer teoricamente seu comportamento frente a alguns

parâmetros que podem ser utilizados no método de extração a ser desenvolvido.

Agrotóxico

Codex

Alimentarius *

(mg kg-1

)

Convenção

de Estocolmo**

(mg kg-1

)

ANVISA

(mg kg-1

)

Carbofurano 1,00 0,100 0,1

Cipermetrina 0,05 - 0,05

Clorpirifós 0,05 0,050 0,05

Clotianidina 0,05 - -

Dissulfotom 0,20 0,100 0,1

Endosulfan 0,20 0,050 0,05

Espirodiclofeno 0,03 0,050 0,03

Haloxifope 0,02 - -

Imidacloprido 1,00 0,070 0,05

Tebuconazol 0,10 0,200 0,2

Triadimefom 0,50 0,100 0,1

Triadimenol 0,50 0,500 0,5

Page 31: DESENVOLVIMENTO DE METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO … · Figura 8 - Fluxograma utilizado para preparar as soluções de trabalho dos agrotóxicos em estudo seguido da elaboração das

31

Tabela 4 - Modo de aplicação dos agrotóxicos e produtos comerciais utilizados na

cafeicultura. Fonte: [28]

Aplicação Classe do

Agrotóxico Agrotóxico Produto Comercial

Solo

Fungicida Dissulfotom

Triadimenol Baron

®1, Baysiston GR

®1

Inseticida Carbofurano

Imidacloprido

Diafuran 50®1

, Furadan®1

Imaxi 700 WG®

1,2

, Premier®1,2,3

Foliar

Acaricida Espirodiclofeno Envidor®4

Fungicida Tebuconazol

Triadimefom

Tebuconazole Nortox®1,5

Bayletom BR®5

Inseticida

Clorpirifós

Cipermetrina

Endosulfan

Klorpan 480 EC ®2,3

Perito®2

, Cipertrin®2,3

Endosulfan AG®, Thiodan

®2,3

1Sistêmico;

2 Não sistêmico de contato;

3 Não sistêmico de ingestão;

4 Não sistêmico;

5 Loco-sistêmico.

Quanto à forma de atuação os agrotóxicos podem ser dispostos em quatro

grupos: sistêmicos, não sistêmicos, mesostêmicos e loco-sistêmicos. Os sistêmicos são

aqueles que se fixam e penetram na superfície da planta, dispersando-se através dela, ou

seja, estas substâncias são absorvidas pelas raízes e translocadas pelo sistema condutor

da planta via xilema e floema. Os classificados como não sistêmicos também

denominados de tópicos ou imóveis agem diretamente nos organismos nocivos, não são

nem absorvidos nem translocados, possuindo ação de contato (via dérmica), de

penetração, de ingestão (via oral) e fumigante (via respiratória). Os mesostêmicos

caracterizam principalmente o grupo dos fungicidas estrobulinas, apresentando

afinidade com a superfície foliar sendo absorvida pela camada de cera formando um

depósito na superfície da área susceptível, sendo penetrante com ação de profundidade

ou movimento translaminar. Por fim, os loco-sistêmicos, de profundidade ou

translaminares podem ser translocados para qualquer parte da planta, independente de

sua parte ou de sua espécie botânica [29,30,31].

Page 32: DESENVOLVIMENTO DE METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO … · Figura 8 - Fluxograma utilizado para preparar as soluções de trabalho dos agrotóxicos em estudo seguido da elaboração das

32

Tabela 5 - Características físico-químicas dos agrotóxicos em estudo. Fonte: [32-35].

Agrotóxico Ponto de Ebulição (ºC) Log kow Solubilidade (g L-1

) Densidade (g cm-3

)

Carbofurano 153 2,32

Água, 0,351

Diclorometano>200

Isopropanol, 20-50

1,18

Cipermetrina 200 6,94

Acetona, 620

Diclorometano, 550

Ciclohexano, 515

Clorofórmio

1,28

Clorpirifós 160 4,96

Acetona 650

Clorofórmio, 630

Solventes Orgânicos

1,40

Clotianidina 176,8 5 Água, 0,327 1,61

Dissulfotom 62 - - 1,14

Page 33: DESENVOLVIMENTO DE METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO … · Figura 8 - Fluxograma utilizado para preparar as soluções de trabalho dos agrotóxicos em estudo seguido da elaboração das

33

(continuação da Tabela 5)

Endosulfan 106 3,83 (alfa)

3,62 (beta)

Acetato de Etila, 200

Diclorometano, 200

Etanol, 65

Hexano, 24

1,74

Espirodiclofeno - 5,1

Acetona, Diclorometano,

Acetonitrila, Acetato de

Etila>250

1,29

Haloxifope 55-58

4,33

3,52

4,00*

Diclorometano, Acetona,

Etanol, Acetonitrila 1,30-1,37

Imidacloprido 144 0,57 Água, 0,61 1,5

Tebuconazol 102,4 3,7

Água, 0,032

Diclorometano, 200

Isopropanol, 100-200

-

Triadimefom 78 e 82 ** 3,11 Água, 0,064 1,28

Page 34: DESENVOLVIMENTO DE METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO … · Figura 8 - Fluxograma utilizado para preparar as soluções de trabalho dos agrotóxicos em estudo seguido da elaboração das

34

(continuação da Tabela 5)

Diclorometano, Acetona,

Acetonitrila >200

Triadimenol 133 e 135 *** 3,08 e 3,28

Diclorometano >250

Acetona, 190

Acetato de Etila, 150

Isopropanol, 140

1,23 e 1,30

*Haloxifope-etotil, haloxifope-metil e haloxifope-R-metil; **Depende da estrutura do cristal; *** Depende do Diasteroisômero; kow – coeficiente de partição octanol-água.

Page 35: DESENVOLVIMENTO DE METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO … · Figura 8 - Fluxograma utilizado para preparar as soluções de trabalho dos agrotóxicos em estudo seguido da elaboração das

35

1.3 MÉTODO DE EXTRAÇÃO

A determinação de resíduos de agrotóxicos envolve etapas como amostragem,

preparo da amostra, extração dos analitos, clean-up (remoção dos interferentes) e pré-

concentração para a posterior análise instrumental. Na maioria dos casos, alimentos e

amostras ambientais não podem ser analisados diretamente, o que exige a execução

destas etapas que caracterizam a metodologia de extração, permitindo desta forma a

identificação e detecção dos baixos níveis dos agrotóxicos nestas matrizes complexas

[3,32].

Diversos métodos de extração e quantificação estão sendo utilizados para

determinar resíduos de agrotóxicos em alimentos. Visando sempre métodos com

características como baixo custo, facilidade e aplicabilidade a diferentes matrizes

[33,34]. Além disso, são necessários alguns cuidados durante a execução do método

selecionado, pois a determinação de resíduos de agrotóxicos é complexa e com várias

etapas que podem afetar o resultado final, podendo ser citados como alguns destes

cuidados:

I. A amostra tem que ser homogênea e representativa, isto é, ter uma composição

química que se assemelhe ao máximo com a composição média da totalidade do

objeto de estudo.

II. O isolamento e/ou enriquecimento de analitos alvos tem que ser realizado de

forma a obter a transferência de analitos a partir da matriz primária com remoção

simultânea dos interferentes e aumento da concentração dos analitos a níveis

acima do limite de determinação da técnica analítica aplicada.

III. Emprego adequado de um método de limpeza, em decorrência da evolução dos

métodos empregados na determinação de multi-resíduos de agrotóxicos, com

isso diferentes classes e propriedades físico-químicas, o que torna a etapa de

clean-up quase sempre necessária.

Desta forma, para garantir uma eficiente determinação de multi-resíduos de

agrotóxicos em alimentos, diferentes técnicas de limpeza são aplicadas. Estas técnicas

em alguns trabalhos realizados nos últimos anos foram utilizadas de forma combinada,

como nos trabalhos de MUKHERJEE, 2009 [35] (extração líquido-líquido e extração

em fase sólida (em inglês, SPE, Solid Phase Extraction)), de HERCEGOVÁ el al, 2005

[36] (extração sólido líquido por sonicação e SPE) e de BLASCO et al., 2005 [37]

(extração com líquido pressurizado (em inglês, PLE, Pressurized Liqui Extraction) e

Page 36: DESENVOLVIMENTO DE METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO … · Figura 8 - Fluxograma utilizado para preparar as soluções de trabalho dos agrotóxicos em estudo seguido da elaboração das

36

dispersão de matriz em fase sólida (em inglês, MSPD, Matrix Solid Dispersive

Extraction)). Assim, o desenvolvimento de novas metodologias utilizando diversas

técnicas de extração para a redução de interferentes vem se tornando uma prática

comum [38-42]. Esta ideia foi utilizada no presente trabalho buscando aliar o método de

extração por sonicação com a extração líquido-líquido como clean-up.

Utilizando os grãos de café como matriz poucos trabalhos desenvolveram

metodologias para a determinação de resíduos de agrotóxicos. No geral, a aplicação de

métodos de extração nos grãos de café visa substâncias como cafeína, trigonelina e

ácido nicotínico, que são as responsáveis pelas principais características desta

commodity como sabor, aroma e cor.

Desta forma, um dos trabalhos que desenvolveu uma metodologia para a

determinação de 69 agrotóxicos de diferentes grupos químicos em café foi realizado por

YANG et al., 2010 [3]. Neste trabalho os autores utilizaram extração líquido líquido

para obter uma fração representativa da amostra, aplicando a este extrato uma etapa de

clean-up por cromatografia com permeação em gel separando a fração entre 4-15

minutos, realizando outro clean-up por meio da técnica SPE com cartuchos Envi-Carb®

acoplado aos cartuchos de NH2-LC. Por fim, a análise instrumental foi realizada

cromatografia gasosa acoplada a espectrometria de massas. Outro trabalho que

desenvolveu uma metodologia para a análise de multi-resíduos de agrotóxicos em 15

amostras de cafés brasileiros foi realizado por DIAS et al., 2013 [38] aplicando

QuEChERS para a extração e análise em LC-MS/MS.

Contrastando com outras publicações da literatura que utilizam o café, não

necessariamente torrado, foi notada a presença de trabalhos com diversas técnicas de

extração como, MSPD, sonicação, QuEChERS, entre outras, alguns com etapa de clean-

up, como pode ser visto na Tabela 6. Destacando SALINAS-VARGAS e CAÑIZARES-

MACÍAS, 2014 [39] que tiveram como objetivo a elaboração de uma metodologia

aplicando a técnica de extração sólido líquido por sonicação para obter um extrato que

foi submetido a um clean-up com um sistema de SPE on-line visando a determinação da

cafeína, a qual foi uma das referências do presente estudo em decorrência da técnica de

extração ser rápida e eficiente na preparação da amostra [40].

Em suma, nenhum trabalho agregando a utilização da matriz café torrado, o

método de extração por sonicação e clean-up com LLE para a determinação de multi-

resíduos de agrotóxicos com análise instrumental por cromatografia líquida/

espectrometria de massas foi encontrado. A Tabela 6 mostra trabalhos com café e

Page 37: DESENVOLVIMENTO DE METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO … · Figura 8 - Fluxograma utilizado para preparar as soluções de trabalho dos agrotóxicos em estudo seguido da elaboração das

37

matrizes semelhantes, reunindo algumas técnicas que podem ser utilizadas para o

desenvolvimento da metodologia de extração e análise instrumental deste trabalho.

Tabela 6 - Alguns trabalhos com técnicas de extração combinadas e amostras sólidas.

REFERÊNCIA MATRIZ ANALITO

MÉTODO

DE

EXTRAÇÃO

CLEAN-UP ANÁLISE

INSTRUMENTAL

ALVES e

BRAGAGNOLO,

2002 [41]

Chás Teobromina,

Teofilina, Cafeína

LLE

SE

-

Espectrofotômetro

HPLC-UV/Vis

ALVES et al., 2006

[42] Café torrado

Ácido nicotínico,

trigonelina, ácido

clorogênico e

cafeína

SE - HPLC-UV/Vis

DIAS et al., 2013

[38] Café arábica

Multi-resíduos de

agrotóxicos

QuEChERS - LC-MS/MS

PIZZUTTI et al.,

2012 [2]

Grãos de café

verdes 51 Agrotóxicos SE-agitação QuEChERS GC–MS (NCI-SIM)

SALINA-VARGAS

E CAÑIZARES-

MACÍAS, 2014

[39]

Grãos de café

verdes e

torrados

Cafeína SE-Sonicação

On-line SPE

Mini-coluna

de C18

UV-vis

SOARES et al.,

2010 [43]

Café moído

torrado,

descafeinado,

instantâneo e

misturado

com cereais

Acrilamida MSPD SPE GC-MS

YANG, et al.,2010

[3] Grão de Café 69 Agrotóxicos LLE

GPC

SPE

GC-MS

ZHAO et al., 2011

[44]

Chás verde,

verde pu-ehr e

branco

18 compostos do

chá SE-Sonicação - UPLC/DAD/MS

Page 38: DESENVOLVIMENTO DE METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO … · Figura 8 - Fluxograma utilizado para preparar as soluções de trabalho dos agrotóxicos em estudo seguido da elaboração das

38

1.3.1 Método de Extração Sólido Líquido por Sonicação

O uso da energia ultrassônica em meios líquidos e sólidos tem sido extenso em

aplicações nos processos alimentícios e tem incentivado a utilização em tratamento de

amostras, durante muitos anos. Seus efeitos mecânicos provêm de uma maior

penetração do solvente no material celular o que aumenta a transferência de massa

devido aos efeitos de micro-fluxos gerados pelas ondas. Durante o processo de

sonicação ondas longitudinais são criadas quando a onda sônica entra em contato com

um meio líquido, criando regiões alternadas de ondas de compressão e rarefação

induzidas em moléculas do meio caracterizando o processo de cavitação [40,45] visto

detalhadamente na Figura 5.

Figura 5 - Processo de cavitação. Fonte: SEIDI e YAMINI (2012) [46].

Estas ondas que caracterizam o ultrassom são ondas mecânicas que precisam de

um meio elástico para se propagar, podendo ter baixa ou alta intensidade. Esta pode

alterar as propriedades físicas ou químicas do alimento e tem entre outras aplicações a

capacidade de acelerar e melhorar a eficiência do preparo da amostra. Com isso o uso de

ultrassom com alta intensidade/baixa frequência (16-100 kHz) é mais frequente [47].

Page 39: DESENVOLVIMENTO DE METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO … · Figura 8 - Fluxograma utilizado para preparar as soluções de trabalho dos agrotóxicos em estudo seguido da elaboração das

39

Dessa forma, o processo de cavitação com o ciclo de formação, crescimento e

colapso implosivo de vacúolos de gás em solução, vistos na Figura 5, caracteriza o

procedimento de extração. Que tem o aumento da cavidade dependente da intensidade

da onda sonora, podendo ocorrer o colapso como uma compressão adiabática e gerar

altas temperatura e pressão. A alta temperatura resulta em uma maior solubilidade dos

analitos no solvente extrator e a difusividade dos analitos da matriz para a região

externa. Já o aumento da pressão favorece a penetração do solvente extrator na matriz e

o transporte entre a matriz sólida e a fase líquida na interface, mecanismo este

demonstrado na Figura 6 [45,47].

Este método de extração sólido-líquido também denominado de “lixiviação” é

ditado por mecanismos de solubilidade e fenômenos de transporte, além disso, possui

três etapas cruciais:

I. O solvente extrator é colocado em contato com a superfície e com o interior da

matriz iniciando o processo de extração;

II. Os analitos retidos serão removidos por deslocamentos dos sítios ativos da

matriz seja por maior afinidade e/ou concentração das moléculas do solvente.

III. Os analitos serão transportados do interior da matriz para a superfície

essencialmente por forças de difusão e fora da matriz por forças principalmente

de convecção, a lixiviação fornecida é executada em modo dinâmico.

Com isso o mecanismo de lixiviação envolve alguns efeitos como o colapso dos

vacúolos formados na proximidade da superfície sólida produzindo micro-fluxos de alta

velocidade que corroem a superfície e podem aumentar as taxas de transporte e a área

superficial; ocorre também a fragmentação das partículas através da colisão que

aumenta a superfície de contato e facilita a penetração do solvente extrator no interior

da matriz. E ainda a transmissão acústica promove a interrupção da camada de difusão

na superfície e a energia ultrassônica facilita a difusão das substâncias analisadas para a

zona externa [45].

Page 40: DESENVOLVIMENTO DE METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO … · Figura 8 - Fluxograma utilizado para preparar as soluções de trabalho dos agrotóxicos em estudo seguido da elaboração das

40

Figura 6 - Mecanismo de extração/lixiviação por sonicação (a) na ausência e (b) na

presença das ondas ultrassônicas. Fonte: CASTRO e CAPOTE (2007) [45].

A prolixidade do método de extração sólido-líquido por sonicação pode ser

verificada na Tabela 6 com sua utilização como uma etapa de preparo de diferentes

amostras para um posterior método de extração, bem como sua aplicação em

metodologias de extração de compostos orgânicos e inorgânicos. Contudo esta técnica

possui hifenizações a exemplo da UMAE (extração assistida por microondas e

ultrassom), IL-UMAE (extração assistida por microondas e ultrassom com líquidos

iônicos), USASFE (extração por fluido supercrítico assistida por ultrassom), entre outros

exemplos encontrados na literatura garantindo uma ampla aplicação deste método para

as mais diversas matrizes [46].

1.4 CROMATOGRAFIA LÍQUIDA

A cromatografia é um método de análise que apresenta ampla versatilidade

destacando-se dentre outros, pois efetua separação, identificação e quantificação das

substâncias químicas presente em uma mistura [48]. É uma técnica de separação

baseada em um processo físico-químico e geralmente composta de dois componentes

primários: a fase estacionária e a fase móvel gerando a distribuição da mistura pelas

duas fases e a retenção seletiva na fase estacionária [48,49].

O princípio do processo de separação dos componentes de uma amostra por

cromatografia e sua denominação são atribuídos ao russo Mikhael Semenovich Tswett

em 1906. Desde então inúmeros progressos aconteceram no âmbito da cromatografia,

Page 41: DESENVOLVIMENTO DE METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO … · Figura 8 - Fluxograma utilizado para preparar as soluções de trabalho dos agrotóxicos em estudo seguido da elaboração das

41

como o desenvolvimento de outras modalidades e várias modificações foram

introduzidas à cromatografia líquida clássica utilizada por Tswett, caracterizando a

cromatografia líquida moderna, inventada por Snyder e Kirkland com vantagens,

segundo os autores, de ser mais conveniente, precisa, rápida e apta a realizar separações

difíceis, sendo ilustrada esquematicamente na Figura 7 [48,50].

Figura 7 - Esquema básico de um sistema de cromatografia líquida com detector

espectrofotométrico e espectrometria de massas. Fonte: Baseado em NAUSHAD e

KHAN, 2014; MEYER, 2010 e SNYDER et al., 2010 [49,51,52].

Com isso, a denominada atualmente de cromatografia líquida de alta eficiência,

CLAE, mais popularmente conhecida por HPLC, em inglês High Performance Liquid

Chromatography passou a ser um dos métodos analíticos mais utilizados para fins

qualitativos e quantitativos em menos de trinta anos. Tendo como razões para este

crescimento a sua adaptabilidade para determinações quantitativas com boa

sensibilidade, a possibilidade de separar espécies não voláteis e termicamente instáveis

além de sua aplicação em determinações ambientais e em muitos outros campos da

ciência [53].

A ampla variedade de combinações entre fases móveis e estacionárias torna esta

técnica extremamente versátil e de grande aplicação. Quando utilizada para a

identificação de compostos este dado é obtido através da comparação com padrões

analíticos, permitindo também a purificação separando o analito de interesse de

Fase Móvel

Bomba

Misturador Amostra

s

Válvula

de

Injeção

Fase

Estacionária

Lâmpada

Detector

Descarte

Registrador

TQD

Espectrômetro de Massas

Page 42: DESENVOLVIMENTO DE METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO … · Figura 8 - Fluxograma utilizado para preparar as soluções de trabalho dos agrotóxicos em estudo seguido da elaboração das

42

substâncias indesejadas [48]. A separação dos compostos de uma amostra pode ser

realizada por um sistema com condições fixas (modo isocrático) ou por meio de uma

composição variável da fase móvel durante a separação (modo gradiente) [54].

Hoje, compostos com concentrações em nível de traço chegando a partes por

bilhão podem ser mais facilmente identificados e a HPLC está sendo muito aplicada

para este fim em análises de alimentos, fármacos, cosméticos, matrizes ambientais,

forense e produtos químicos industriais. Em 2004, a Waters®, realizou muitos avanços

na instrumentação e tecnologia da coluna para alcançar aumentos mais significativos na

resolução, na velocidade de análise e na sensibilidade na cromatografia líquida. Para

tanto, surgiram fases estacionárias com tamanho de partículas menores (< 2 μm) e para

empregar tais fases à instrumentação foram necessárias modificações que suportassem

altas pressões para fluir a fase móvel e atingir este nível de eficiência, criando um novo

sistema conhecido como cromatografia líquida de ultra eficiência (UPLC). Este sistema

é baseado no mesmo princípio que a HPLC, ou seja, cromatografia de partição com um

adsorvente de tamanho muito reduzido para aumentar a área superficial

consequentemente a retenção [49].

No sistema UPLC em decorrência do aumento da eficiência, resolução e alta

velocidade pode-se afirmar que a eficiência tem valores três vezes maior com colunas

de 1,7 μm quando comparadas com aquelas de 5 μm. A resolução é 70% maior do que

com colunas de 5 μm e 40% em colunas de 3,5 μm. A alta velocidade é obtida porque o

comprimento da coluna é reduzido em um fator de 3 em relação as colunas de 5 μm e o

fluxo pode ser três vezes maior. Portanto, as separações se tornam nove vezes mais

rápidas com igual resolução, permitindo a obtenção de resultados mais rápidos com

mais resolução, informação e robustez comportando a análise de mais amostras por

sistema e analista [49].

No entanto, outro componente do sistema cromatográfico que contribui

significativamente para a obtenção destas respostas é o detector. Existem diversos tipo

de detectores disponíveis para a cromatografia líquida, em contrapartida, poucos são

amplamente utilizados devido a limitações inerentes à técnica. Destacando-se os de

absorção no UV-Vis, o índice de refração, a fluorescência e o espectrômetro de massas.

Sendo o espectrômetro de massas de caráter universal, com boa sensibilidade além de

possuir ruído bem reduzido, vem ampliando suas aplicações e números de usuários

apesar do custo, tornando-se o detector mais promissor para a cromatografia líquida

Page 43: DESENVOLVIMENTO DE METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO … · Figura 8 - Fluxograma utilizado para preparar as soluções de trabalho dos agrotóxicos em estudo seguido da elaboração das

43

fornecendo informações mais sensíveis em análises de traços, resíduos de agrotóxicos,

contaminantes em alimentos entre outros [50].

Com o avanço das técnicas de separação e o seu respaldo na Química Analítica

pela capacidade de realizarem análises qualitativas e quantitativas em amostras

ambientais, farmacêuticas, biológicas e em alimentos, novas metodologias vem sendo

desenvolvidas por cromatografia. Ampliando a necessidade de garantir a qualidade das

medições químicas, através de sua comparabilidade, rastreabilidade e confiabilidade,

realizada por meio do processo de validação [55]. Que segundo a ANVISA [56],

“A validação de determinado procedimento analítico objetiva demonstrar que o

mesmo é adequado aos objetivos propostos, ou seja, que os parâmetros de desempenho

avaliados atendem aos critérios de aceitação preconizados.”

Dessa forma, os parâmetros avaliados para validar um método analítico

envolvem Especificidade/Seletividade, Linearidade, Sensibilidade, Exatidão, Precisão

(repetitividade, precisão intermediária e reprodutividade), Limite de Detecção (LD) e

Limite de Quantificação (LQ) [57]. Para tanto, testes ao longo do desenvolvimento da

metodologia foram realizados com o intuito de atingir as especificações destes critérios,

que serão posteriormente detalhados em correlação com os resultados obtidos neste

trabalho, atingindo os objetivos propostos, descritos a seguir.

Page 44: DESENVOLVIMENTO DE METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO … · Figura 8 - Fluxograma utilizado para preparar as soluções de trabalho dos agrotóxicos em estudo seguido da elaboração das

44

2. OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

O presente trabalho visa desenvolver uma metodologia simples e eficiente para a

avaliação de resíduos de agrotóxicos em café torrado utilizando a técnica de extração

por sonicação e clean-up por extração líquido-líquido e análise por cromatografia

líquida de ultra eficiência (UPLC) acoplada a espectrometria de massas sequencial.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Selecionar os agrotóxicos, de acordo com a utilização na cultura do café;

Otimizar as condições cromatográficas para a análise simultânea dos agrotóxicos;

Desenvolver uma metodologia de extração;

Desenvolver uma metodologia de clean-up;

Validar o método desenvolvido.

Page 45: DESENVOLVIMENTO DE METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO … · Figura 8 - Fluxograma utilizado para preparar as soluções de trabalho dos agrotóxicos em estudo seguido da elaboração das

45

3. METODOLOGIA

3.1 REAGENTES

Acetonitrila grau Absolv (Tedia, EUA), diclorometano HPLC/SPECTRO

(Tedia, EUA), água deionizada, adsorvente C18 (Agilent Tecnologies), Sílica gel 70-230

mesh (Tedia, Brasil)

3.2 MATERIAIS E EQUIPAMENTOS

Erlenmeyer (25 mL), Vials (40 mL), funil de vidro, béquer, tubo de ensaio de

fundo cônico, seringa de vidro, balança analítica (Sartorius BL 2105), micropipetador

automático (KASVI, China), lavadora ultrassônica (Unique USC-1400), agitador

mecânico (IKA®), centrífuga (Universal).

3.3 PADRÕES DOS AGROTÓXICOS E SOLUÇÕES

Os padrões certificados dos agrotóxicos utilizados para o trabalho foram:

Carbofurano (AccuStandard, EUA), cipermetrina (Fluka, Suíça), clorpirifós (Dr.

Ehrenstorfer GmbH, Alemanha), clotianidina (Fluka, Suíça), dissulfotom (SUPELCO,

EUA), endosulfan (Sigma-Aldrich, Alemanha), espirodiclofeno (Sigma-Aldrich,

Alemanha), haloxifope (Sigma-Aldrich, Alemanha), imidacloprido (Rieldel-de Haën,

Alemanha), tebuconazol (AccuStandard, EUA), triadimefom (Sigma-Aldrich,

Alemanha), triadimenol (Sigma-Aldrich, Alemanha). A partir destes padrões as

soluções estoque foram preparadas nas seguintes concentrações: carbofurano 590 μg

mL-1

em metanol, tebuconazol 500 μg mL-1

, cipermetrina, clorpirifós, clotianidina,

endosulfan espirodiclofeno, haloxifope, imidacloprido, triadimefon e triadimenol 1000

μg mL-1

em acetonitrila e dissulfotom 4000 μg mL-1

em acetonitrila.

Por meio destas soluções individuais foram preparadas soluções intermediárias

individuais para então posterior elaboração de soluções conjuntas de trabalho, segundo a

Figura 8. Todas as soluções utilizadas neste trabalho foram armazenadas em freezer e

tiveram suas respectivas características confirmadas antes das análises realizadas.

Page 46: DESENVOLVIMENTO DE METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO … · Figura 8 - Fluxograma utilizado para preparar as soluções de trabalho dos agrotóxicos em estudo seguido da elaboração das

46

Figura 8 - Fluxograma utilizado para preparar as soluções de trabalho dos agrotóxicos em estudo seguido da elaboração das soluções analisadas

para a obtenção das curvas analíticas.

* Este volume é dependente da concentração da solução individual do agrotóxico (SEÇÃO 3.3);

** SCJ - Solução Conjunta dos Agrotóxicos.

Pad

rão I

nd

ivid

ual

100 μ

g m

L-1

2000 μL 200 μL * 5000 μL 500 μL *

SC

J *

*

1 μ

g m

L-1

0,50 μg mL-1

500 μL 1000 μL

0,25 μg mL-1

250 μL 1000 μL

0,10 μg mL-1

100 μL 1000 μL

0,01 μg mL-1

10 μL 1000 μL

SC

J *

*

10 μ

g m

L-1

Page 47: DESENVOLVIMENTO DE METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO … · Figura 8 - Fluxograma utilizado para preparar as soluções de trabalho dos agrotóxicos em estudo seguido da elaboração das

47

3.4 SELEÇÃO DOS AGROTÓXICOS EM ESTUDO

Os agrotóxicos deste trabalho possuem o modo de ação voltado para o combate

das principais pragas da cafeicultura brasileira (Tabela 2). Estes agrotóxicos foram

relatados em um documento de Conselho Internacional do Café (ICC) com seus

respectivos Limites Máximos de Resíduos (LMRs), com o intuito de fornecer o

conhecimento deste aspecto, principalmente, para âmbito da segurança alimentar [26].

3.5 CONDIÇÕES CROMATOGRÁFICAS DE ANÁLISE

I. HPLC-DAD (SISTEMA 1)

O estudo prévio das soluções dos agrotóxicos bem como dos extratos produzidos

pelo desenvolvimento da metodologia de extração foi realizado em um cromatógrafo

líquido modelo Prominence da marca Shimadzu (Quioto, Japão). Sua configuração

consiste em: desgaseificador DGU-20A3, sistema binário de bombas LC-6AD, módulo

de comunicação CBM-20A, auto-injetor SIL-20A, detector espectrofotométrico com

arranjo de diodos SPD-M20A. Como fase estacionária a coluna Sinergi 4u polar-RP

80A (250 mm x 4,6 mm x 4μm) da marca Phenomenex e coluna de guarda RP (4 x 3)

mm, utilizando os parâmetros descritos na Tabela 7 e respectivo gradiente de eluição da

Tabela 8.

II. UPLC (SISTEMA 2 e 3)

Com a metodologia de extração definida no SISTEMA 1 as análises

instrumentais passaram a ser realizadas em um cromatógrafo líquido de ultra eficiência

Acquity UPLC®

H Class da marca Waters, composto por um sistema de bombas

quaternário QSM, módulo de comunicação e auto-injetor SM, detector

espectrofotométrico com arranjo de diodos e um analisador de massas triploquadrupolo

(TQD). O analisador de massa possui fonte de ionização por eletrospray utilizando o

modo positivo de ionização. As fases estacionárias foram as colunas CSH Phenyl-Hexyl

(50 mm x 2,1 mm x 1,7 µm) e BEH C18 (50 mm x 2,1 mm x 1,7 µm), respectivamente

nos sistemas. Com as condições de análise relatadas na Tabela 7 e gradientes de eluição

da Tabela 8.

Page 48: DESENVOLVIMENTO DE METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO … · Figura 8 - Fluxograma utilizado para preparar as soluções de trabalho dos agrotóxicos em estudo seguido da elaboração das

48

Tabela 7 - Condições de análise nos sistemas cromatográficos utilizados.

Parâmetro SISTEMA 1 SISTEMA 2 SISTEMA 3

Gradiente Tabela 8 Tabela 8 Tabela 8

Fase Móvel Acetonitrila: Água Metanol: Água

Vazão da Fase

Móvel 0,8 mL min

-1 0,6 mL min

-1 0,3 mL min

-1

Volume de

Injeção 20,0 μL 2,0 μL 2,0 μL

Softwares de

tratamento de

dados

LC Solution MassLinx MassLinx

Comprimentos

de Ondas

Selecionados

220 nm

CBN, CIP, CLF,

DIS, END, ESP,

HLX, TBC, TDF

e TDN

-

269 nm CTD e IMD

Fragmentos

Selecionados -

Quantificação

m/z

Identificação

m/z

CTD 168,9 131,9

IMD 208,9 175,0

CBN 122,9 165,0

HLX 316,0 91,1

TDF 196,9 224,9

TDN 70,0 227,1

TBC 69,9 124,9

DIS 88,9 61,0

CLF 96,7 197,8

ESP 70,7 313,3

CIP 190,8 126,9

Page 49: DESENVOLVIMENTO DE METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO … · Figura 8 - Fluxograma utilizado para preparar as soluções de trabalho dos agrotóxicos em estudo seguido da elaboração das

49

Tabela 8 - Gradientes de eluição para cada sistema cromatográfico utilizado.

Sistema Cromatográfico Gradiente de Eluição

SISTEMA 1

Fase estacionária: coluna

Sinergi 4u polar-RP 80A

Tempo (min) H2O(%) ACN (%)

0,01 95,0 5,0

60,00 0,0 100,0

65,00 95,0 5,0

70,00 95,0 5,0

SISTEMA 2

Fase estacionária: coluna

CSH Phenyl-Hexyl

Tempo (min) H2O(%) ACN (%) H2O(%) ACN (%)

0,01 45,0 2,5 50,0 2,5

18,00 15,0 35,0 20,0 30,0

23,00 45,0 2,5 50,0 2,5

33,00 45,0 2,5 50,0 2,5

SISTEMA 3

Fase estacionária: coluna

BEH C18

Tempo (min) H2O(%) MeOH (%)

0,01 95,0 5,0

0,25 95,0 5,0

8,75 1,0 99,0

9,50 1,0 99,0

9,51 95,0 5,0

15,00 95,0 5,0

Page 50: DESENVOLVIMENTO DE METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO … · Figura 8 - Fluxograma utilizado para preparar as soluções de trabalho dos agrotóxicos em estudo seguido da elaboração das

50

3.6 OBTENÇÃO E ACONDICIONAMENTO DA AMOSTRA DE CAFÉ

TORRADO

Os grãos de café torrados (Coffea arabica) utilizados para o trabalho foram

produzidos e processados na região sul de Minas Gerais. O preparo da amostra

constituiu da moagem dos grãos com auxílio de um mixer e homogeneização com

almofariz e pistilo (Figura 9). A amostra homogeneizada foi armazenada em frasco de

tampa rosqueável à temperatura ambiente.

Figura 9 - Café torrado moído e homogeneizado.

3.7 METODOLOGIA DE EXTRAÇÃO

3.7.1 Fortificação das Amostras Para a Extração

A amostra de café torrado foi extraída segundo a metodologia descrita na Figura

10, fazendo a contaminação das amostras antes da etapa de sonicação com 0,5 mL da

solução conjunta dos agrotóxicos permanecendo em contato com 0,5 g do café torrado

por dez minutos, seguindo então para o banho ultrassônico. Na etapa de sonicação foi

adicionado um volume de 5 mL de acetonitrila para a extração durante quinze minutos.

Este procedimento foi utilizado da mesma forma para a obtenção do branco, contudo, a

etapa de adição dos analitos à amostra não foi realizada.

3.7.2 Procedimento de Clean-up

Em sequência uma alíquota de 1 mL é utilizada para a etapa de extração líquido-

líquido (clean-up). Nesta etapa são adicionados 1 mL de água e 1 mL de diclorometano

Page 51: DESENVOLVIMENTO DE METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO … · Figura 8 - Fluxograma utilizado para preparar as soluções de trabalho dos agrotóxicos em estudo seguido da elaboração das

51

nesta ordem, sendo agitado em vortex por quinze segundos após cada adição e o

resultado centrifugado por um minuto a 2100 rpm. Com as duas fases formadas, a fase

superior, constituída de acetonitrila e água, foi removida e descartada, enquanto a fase

de interesse com diclorometano e água foi colocada em fluxo de nitrogênio para

mudança de solvente e o volume reconstituído com 1 mL de MeOH:H2O (50:50, v/v)

centrifugado por cinco minutos a 2100 rpm e filtrado em membrana de Nylon 0,22 μm.

Por fim este extrato foi submetido a análise instrumental em um dos sistemas

cromatográficos segundo as condições da seção 3.4.

Figura 10 - Procedimento de extração da amostra de café torrado.

3.8 LIMPEZA DOS MATERIAIS

No preparo das soluções e no processo de extração os materiais utilizados foram

lavados seguindo o procedimento descrito abaixo:

Reserva do material imerso em água;

Sonicação por trinta minutos com solvente apolar;

Enxague com água deionizada;

Sonicação por trinta minutos com solvente polar;

Enxague com água deionizada;

Secagem em estufa;

Page 52: DESENVOLVIMENTO DE METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO … · Figura 8 - Fluxograma utilizado para preparar as soluções de trabalho dos agrotóxicos em estudo seguido da elaboração das

52

Armazenado com papel alumínio ou filme nas extremidades abertas em armários

fechados.

3.9 DESCARTE DE RESÍDUOS DOS REAGENTES

As soluções dos agrotóxicos foram descartadas em frascos de vidro e

armazenadas no laboratório enquanto os solventes utilizados nas análises e lavagem das

vidrarias foram colocados em bombonas para posterior coleta e destino apropriado com

menor impacto ambiental, realizados por empresa responsável.

Page 53: DESENVOLVIMENTO DE METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO … · Figura 8 - Fluxograma utilizado para preparar as soluções de trabalho dos agrotóxicos em estudo seguido da elaboração das

53

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Para o desenvolvimento da metodologia proposta neste trabalho, por sonicação e

extração líquido-líquido com análise por cromatografia líquida, preliminarmente, foram

otimizadas as condições cromatográficas para a determinação simultânea dos

agrotóxicos selecionados, seguida dos experimentos realizados em bancada para a

seleção do método mais eficiente de clean-up e de extração para a amostra de café

torrado. Por conseguinte, testes de validação da metodologia descrita na seção 3.7 foram

realizados.

4.1 SISTEMA CROMATOGRÁFICO 1 (HPLC-DAD)

4.1.1 Otimização das Condições de Análise

A princípio foram realizadas análises cromatográficas dos padrões certificados

dos agrotóxicos por meio de suas soluções individuais, para avaliar sua detectabilidade

e em sequência otimizar as condições de análise por cromatografia líquida com detector

espectrofotométrico com arranjo de fotodiodos. Para tanto, estas análises utilizaram um

gradiente exploratório (Figura 11), que consiste da variação linear da composição da

fase móvel de 5 a 100% do solvente orgânico em determinado tempo [54], no caso,

sessenta minutos. Assim, os tempos de retenção de cada agrotóxico foram identificados

e consequentemente a proporção de solvente orgânico necessária para eluir cada um

deles. A partir disto foram avaliados parâmetros como pureza e comprimento de onda

de máxima absorção, tendo em vista que este gradiente de eluição mostrou-se eficiente

para a análise simultânea dos agrotóxicos.

Figura 11 - Cromatograma da análise exploratória dos analitos em estudo no SISTEMA

1 (HPLC-DAD)

Clo

tian

idin

a

Imid

aclo

pri

do

Car

bo

fura

no

Hal

oxif

op

e

Tri

adim

eno

l

Tri

adim

efo

m

Teb

uco

naz

ol

Dis

sulf

oto

m

Clo

rpir

ifó

s

Esp

irod

iclo

feno

Cip

erm

etri

na

End

osu

lfan

20.0 25.0 30.0 35.0 40.0 45.0 min

0.00

0.25

0.50

0.75

1.00

uV(x100,000)

Page 54: DESENVOLVIMENTO DE METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO … · Figura 8 - Fluxograma utilizado para preparar as soluções de trabalho dos agrotóxicos em estudo seguido da elaboração das

54

4.1.1.1 Seleção dos comprimentos de onda de máxima absorção

O detector do sistema de análise cromatográfica 1 (HPLC-DAD) utiliza arranjo

de fotodiodos. Este arranjo permite que cada diodo monitore uma faixa estreita de

comprimentos de onda, realizando ao final uma varredura de toda a região de interesse,

obtendo o espetro de absorção para cada analito (Figura 12) [50].

Estes espectros adquiridos fornecem o comprimento de onda de melhor absorção

da luz de cada agrotóxico analisado, permitindo assim a análise de amostras complexas

e de substâncias que absorvem em diferentes comprimentos de onda. Com base nisso e

observando o comprimento de onda de absorção do solvente da fase móvel, denominado

cut-off, foi realizada a seleção dos comprimentos de onda que seriam aplicados no

processo de detecção [50].

Dessa forma, o comprimento de onda 269 nm foi observado no espectro da

Figura 12 como o mais eficiente para os agrotóxicos Clotianidina (CTD) e

Imidacloprido (IMD), pois permitiria uma sensibilidade maior resultando em uma

melhor resposta, isto é, sinais mais intensos em concentrações mais baixas em

decorrência da melhor absorção pela substância no comprimento de onda escolhido.

Para os demais analitos as absorções de melhor resposta estavam na região de 220 nm,

sendo assim este foi selecionado sem perda relevante da intensidade do sinal evitando

também a região de comprimento de onda próximo a 190 e 210 nm, relativo à absorção

da acetonitrila e do metanol, respectivamente, utilizados na fase móvel.

Page 55: DESENVOLVIMENTO DE METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO … · Figura 8 - Fluxograma utilizado para preparar as soluções de trabalho dos agrotóxicos em estudo seguido da elaboração das

55

Figura 12 - Espectros de absorção indicando o comprimento de onda de máxima absorção avaliados no SISTEMA 1.

200.0 225.0 250.0 275.0 300.0 325.0 350.0 375.0 400.0 425.0 nm

0

25

50

75

100

125

mAU

196

225

276

200.0 225.0 250.0 275.0 300.0 325.0 350.0 375.0 400.0 425.0 nm

0

100

200

300

400

500

600

700mAU

198

275

200.0 225.0 250.0 275.0 300.0 325.0 350.0 375.0 400.0 425.0 nm

0

50

100

150

200

250

300

350

400

mAU

269

212

389

200.0 225.0 250.0 275.0 300.0 325.0 350.0 375.0 400.0 425.0 nm

0

25

50

75

100

125

150

175

mAU

266

214

412

200.0 225.0 250.0 275.0 300.0 325.0 350.0 375.0 400.0 425.0 nm

0

50

100

150

200

250

300

350

400mAU

222

275

200.0 225.0 250.0 275.0 300.0 325.0 350.0 375.0 400.0 425.0 nm

0

50

100

150

200

250

300

mAU

223

275

Triadimefom

(TDF)

Clotianidina

(CTD)

Imidacloprido

(IMD)

Carbofurano

(CBN) Haloxifope

(HLX)

Triadimenol

(TDN)

Page 56: DESENVOLVIMENTO DE METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO … · Figura 8 - Fluxograma utilizado para preparar as soluções de trabalho dos agrotóxicos em estudo seguido da elaboração das

56

(continuação da Figura 12)

200.0 225.0 250.0 275.0 300.0 325.0 350.0 375.0 400.0 425.0 nm

0

100

200

300

400

500

600

mAU

307

364

431

400

200.0 225.0 250.0 275.0 300.0 325.0 350.0 375.0 400.0 425.0 nm

0

25

50

75

100

125

150

175

mAU

211

200.0 225.0 250.0 275.0 300.0 325.0 350.0 375.0 400.0 425.0 nm

-50

0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

500

550

mAU

229

288

200.0 225.0 250.0 275.0 300.0 325.0 350.0 375.0 400.0 425.0 nm

0

100

200

300

400

500

600

mAU

412

200.0 225.0 250.0 275.0 300.0 325.0 350.0 375.0 400.0 425.0 nm

0

100

200

300

400

500

600

700

800

mAU

271

412

200 250 300 350 400 nm

-100

0

100

200

300

400

500

600

700

800

900

1000

1100mAU

220

268

261

323

Espirodiclofeno

(ESP)

Tebuconazol

(TBC)

Dissulfotom

(DIS)

Endosulfan

(END)

Clorpirifós

(CLP)

Cipermetrina

(CIP)

Page 57: DESENVOLVIMENTO DE METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO … · Figura 8 - Fluxograma utilizado para preparar as soluções de trabalho dos agrotóxicos em estudo seguido da elaboração das

57

Após a definição das condições adequadas para a análise simultânea dos

agrotóxicos foram iniciados os experimentos em bancada para a determinação da

metodologia de extração mais eficiente, combinando um método de extração simples e

rápido com um método de clean-up apto para a redução de interferentes sem perdas

quantitivas dos analitos. Dessa forma, uma otimização do método de extração foi

realizada de acordo com o descrito no tópico a seguir.

4.1.2 Otimização do método de extração

Para identificação do perfil cromatográfico do café torrado foram feitas

extrações por sonicação com 2,0 g da amostra de café, descrita no item 3.6, e 50 mL de

acetonitrila e depois com diclorometano durante 30 minutos, os extratos obtidos foram

filtrados em papel de filtro e concentrados em evaporador rotatório aferindo o volume

para 1 mL de extrato final em fluxo de N2. Destas amostras foi possível observar a

quantidade de compostos e sua sensibilidade ao método, o que pode ser notado pela

Figura 13 além de um interferente majoritário com tempo de retenção (tr) de 16,44

minutos e área de 10986145 mUA para acetonitrila e tr de 16,51 minutos e área

13417751 mUA para diclorometano, influenciando na obtenção de resultados com

amostras em baixas concentrações, sendo necessária uma etapa de clean-up. As análises

cromatográficas relatadas nesta seção foram realizadas no SISTEMA 1 com a

programação descrita no item 3.5.

Figura 13 - Cromatogramas dos extratos por sonicação utilizando ACN (preto) e DCM

(vermelho) como solvente extrator.

Page 58: DESENVOLVIMENTO DE METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO … · Figura 8 - Fluxograma utilizado para preparar as soluções de trabalho dos agrotóxicos em estudo seguido da elaboração das

58

4.1.2.1 Procedimento de seleção do método de clean-up

Proposta 1: SPE com C18 como adsorvente

Esta proposta teve como referência Salinas-Vargas e Cañizares-Macias, 2014

[39] que utilizou uma mini-coluna com adsorvente C18 no método de SPE-Online para a

extração da cafeína em grãos verdes e torrados. No entanto, o intuito deste

procedimento foi remover o interferente que indicava ser a cafeína, por ser um

composto do café que absorve no comprimento de onda 272 nm que a caracteriza.

Com base na extração por sonicação, descrita no item 4.1.2 uma alíquota de 500

μL do extrato final foi retirada para a diluição em 5 mL para a eluição em um cartucho

com 0, 250 mg de fase C18 condicionada com 2 mL de MeOH. Este primeiro volume foi

recolhido e concentrado para 1 mL em evaporador rotatório e fluxo de N2 para posterior

análise. Em seguida com 5 mL de MeOH: H2O (25: 75, v/v) foi utilizado para eluir

segundo a literatura a cafeína retida. Porém, não ocorreu o esperado e o interferente foi

observado na primeira fração da coluna de SPE com C18, como mostra a Figura 14.

Sendo descartada esta proposta por ineficiência na retenção do interferente da matriz.

Figura 14 - Cromatogramas da Proposta 1 de clean-up, em vermelho o primeira fração

e em preto o interferente retido seguindo as condições da Tabela 7 no SISTEMA 1.

Proposta 2: MSPD e sonicação baseado em REZAI e HOSSEINI, 2011 [58].

A literatura relata o adsorvente C18 em muitas extrações e análise de compostos

do café, com isso, foi proposta a utilização do mesmo como agente dispersante no

método MSPD. Para o desenvolvimento do método 0,5 g da amostra de café foi

homogeneizada com 1,0 g de C18 por um minuto. A amostra homogeneizada com o

adsorvente foi transferida para um erlenmeyer e adicionado 25 mL de ACN para a

sonicação por 30 minutos. O extrato obtido foi filtrado em papel filtro e retirada uma

Page 59: DESENVOLVIMENTO DE METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO … · Figura 8 - Fluxograma utilizado para preparar as soluções de trabalho dos agrotóxicos em estudo seguido da elaboração das

59

alíquota de 1 mL que foi filtrada em filtro de seringa de Nylon 0,45 μm. Da análise foi

observada uma redução na área do interferente de 10986145 para 5024743 mUA, sendo

esta proposta mais eficiente que a anterior, como pode ser visto na Figura 15.

Figura 15 - Cromatogramas do método da Proposta 2, em vermelho o extrato e em

preto o branco do adsorvente seguindo as condições da Tabela 7 no SISTEMA 1.

Prosseguindo com este método outro adsorvente foi testado, a sílica, buscando

uma limpeza mais eficiente do extrato para possibilitar a análise dos agrotóxicos. Com

isso, o mesmo procedimento experimental foi realizado para a obtenção do extrato e

posterior análise no SISTEMA 1 com uma resposta melhor do que o adsorvente C18,

Figura 16.

Figura 16 - Sobreposição dos cromatogramas da Proposta 2 com adsorvente C18 em

vermelho e com a sílica em preto seguindo as condições da Tabela 7 no SISTEMA 1.

Outro teste realizado com esta proposta foi a mudança na forma de extração, ou

seja, a extração por sonicação foi substituída por uma simples agitação a 100 rpm

durante o mesmo tempo 30 minutos utilizando C18. Como resultado foi visto um valor

de área maior do que o obtido nesta proposta com o adsorvente sílica, porém com um

perfil semelhante, Figura 17, com valores de área que diminuíram de 5024743 para

Page 60: DESENVOLVIMENTO DE METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO … · Figura 8 - Fluxograma utilizado para preparar as soluções de trabalho dos agrotóxicos em estudo seguido da elaboração das

60

4867217 e para 4546037 correspondendo, respectivamente, aos extratos de C18 por

sonicação, C18 por agitação e sílica por sonicação, definindo para esta proposta a

utilização da sílica como adsorvente mais propício para as análises.

Figura 17 - Cromatogramas com a comparação dos extratos oriundo da Proposta 2 com

o adsorvente C18 por sonicação na cor preta e por agitação na cor vermelha seguindo as

condições da Tabela 7 no SISTEMA 1.

Todavia a realização deste procedimento em amostras contaminadas com os

agrotóxicos não gerou dados com respostas quantitativas. Fato este notado no

cromatograma pela ausência de picos nos tempos de retenção dos analitos em estudo,

como pode ser analisado na Figura 18, ocasionando a eliminação desta proposta pela

inviabilidade do mesmo em fornecer dados essenciais para o trabalho.

Figura 18 - Cromatogramas da análise do extrato fortificado por sonicação utilizando a

sílica (preto) e da solução conjunta dos agrotóxicos seguindo as condições da Tabela 7

no SISTEMA 1.

Clo

tian

idin

a

Imid

aclo

pri

do

Car

bo

fura

no

Hal

oxif

op

e

Tri

adim

eno

l

Tri

adim

efo

m

Teb

uco

naz

ol

Dis

sulf

oto

m

Clo

rpir

ifó

s

Esp

irod

iclo

feno

Cip

erm

etri

na

End

osu

lfan

Page 61: DESENVOLVIMENTO DE METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO … · Figura 8 - Fluxograma utilizado para preparar as soluções de trabalho dos agrotóxicos em estudo seguido da elaboração das

61

Proposta 3: Sonicação e LLE

Neste procedimento as amostras avaliadas foram todas contaminadas com 1 mL

de uma solução conjunta dos agrotóxicos na concentração de 10 μg mL-1

aguardando 5

minutos para a evaporação do solvente e absorção dos analitos na amostra. A

quantidade de amostra utilizada para este experimento foi de 1,0 g, o solvente de

extração foi acetonitrila, 5 mL, para a sonicação durante 15 minutos. O extrato

originado foi filtrado em papel de filtro e uma alíquota de 1 mL foi transferida para um

tubo de vidro.

Com a quantidade de amostra transferida foi realizado uma extração líquido-

líquido como clean-up da seguinte forma:

I. Adição de 1 mL de água deionizada seguida de agitação em vortex por 15

segundos;

II. Adição de 1 mL de diclorometano misturando em vortex novamente durante 15

segundos;

III. Com as duas fases formadas para garantir a separação as amostras foram

centrifugadas por 1 minuto a 2100 rpm.

A fase superior (acetonitrila: água) foi descartada enquanto a outra fase

(diclorometano: água) foi submetida a fluxo de N2 para a redução ao máximo do

solvente de extração com posterior retomada e mudança para 1 mL do solvente de

análise (acetonitrila) sendo filtrado em membrana de Nylon 0,22 μm. Utilizando esta

metodologia foram testados diferentes volumes de solvente extrator (1, 2 e 3 mL), com

o intuito de verificar sua influência no método de extração. O resultado obtido pode ser

observado na Figura 19, constatando uma diferença mínima entre os perfis dos

cromatogramas implicando na utilização de 1 mL para a quantidade de diclorometano a

ser utilizado.

Page 62: DESENVOLVIMENTO DE METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO … · Figura 8 - Fluxograma utilizado para preparar as soluções de trabalho dos agrotóxicos em estudo seguido da elaboração das

62

Figura 19 - Cromatogramas da análise da influência do solvente extrator

Diclorometano no método de extração, sendo o volume de 1 mL em vermelho, 2 mL em

preto e 3 mL em azul e a solução de comparação dos agrotóxicos em verde, utilizando o

SISTEMA 1 e condições descritas na Tabela 7.

Desta avaliação foi perceptível a eficiência do método proposto, tendo em vista

que sinais dos analitos foram notados independentemente do volume de solvente

extrator, como pode ser na Figura 20. Com isso, a metodologia foi estabelecida com

estes métodos de extração e de clean-up dando sequência as análises cromatográficas no

SISTEMA 2 (UPLC-DAD).

Figura 20 - Cromatogramas das análises das amostras contaminadas utilizando a

metodologia de extração da Proposta 3 e o SISTEMA 1 de análise nas condições da

Tabela 7. Em vermelho, preto e azul constam os extratos com diferentes volumes de

Diclorometano e em verde a solução conjunta dos agrotóxicos.

Page 63: DESENVOLVIMENTO DE METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO … · Figura 8 - Fluxograma utilizado para preparar as soluções de trabalho dos agrotóxicos em estudo seguido da elaboração das

63

4.2 SISTEMA CROMATOGRÁFICO 2 (UPLC-DAD)

Prosseguindo com as análise dos extratos no SISTEMA 2, foi necessário otimizar

todo o sistema por conta das características diferenciadas que a cromatografia líquida de

ultra eficiência possui, como já mencionado na seção 1.4. Tendo em vista a verificação

da ordem de eluição já observada no SISTEMA 1 foi realizada uma análise em

gradiente exploratório de eluição, contudo, utilizando um tempo de corrida reduzido de

60 para 30 minutos, com a coluna BEH C18 com vazão da fase móvel 0,6 mL min-1

(Figura 21)

Este cromatograma permitiu, em decorrência da presença do mesmo detector do

SISTEMA 1, a verificação/confirmação dos comprimentos de onda de máxima absorção

da luz pelos analitos, como pode ser observado na Figura 22, afirmando que a

propriedade de detecção independe dos sistemas cromatográficos. Todavia, a análise

gerada em virtude dos diversos parâmetros envolvidos no processo de separação

cromatográfica foi passível de avaliação neste sistema para a obtenção da condição

cromatográfica otimizada para as demais análises. Parâmetros estes como vazão da fase

móvel, composição da fase estacionária, gradiente de eluição, tempo de equilíbrio entre

outros que serão descritos posteriormente

Figura 21 - Cromatograma da análise exploratória dos agrotóxicos estudados a partir de

uma solução conjunta em 25 ug mL-1

, utilizando a fase estacionária composta por C18 e

um fluxo de 0,6 mL min-1

.

Time

Page 64: DESENVOLVIMENTO DE METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO … · Figura 8 - Fluxograma utilizado para preparar as soluções de trabalho dos agrotóxicos em estudo seguido da elaboração das

64

200.0 225.0 250.0 275.0 300.0 325.0 350.0 375.0 400.0 425.0 nm

0

25

50

75

100

125

mAU

196

225

276

200.0 225.0 250.0 275.0 300.0 325.0 350.0 375.0 400.0 425.0 nm

0

100

200

300

400

500

600

700mAU

198

275

200.0 225.0 250.0 275.0 300.0 325.0 350.0 375.0 400.0 425.0 nm

0

50

100

150

200

250

300

350

400

mAU

269

212

389

200.0 225.0 250.0 275.0 300.0 325.0 350.0 375.0 400.0 425.0 nm

0

25

50

75

100

125

150

175

mAU

266

214

412

Clotianidina

(CTD)

Imidacloprido

(IMD)

Carbofurano

(CBN)

Haloxifope

(HLX)

Figura 22 - Espectros de absorção em detector UV/Vis com arranjo de fotodiodos dos agrotóxicos em estudo. Em vermelho a varredura dada

pelo SISTEMA 2, em preto para o SISTEMA 1.

Page 65: DESENVOLVIMENTO DE METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO … · Figura 8 - Fluxograma utilizado para preparar as soluções de trabalho dos agrotóxicos em estudo seguido da elaboração das

65

(continuação da Figura 22)

200.0 225.0 250.0 275.0 300.0 325.0 350.0 375.0 400.0 425.0 nm

0

50

100

150

200

250

300

350

400mAU

222

275

200.0 225.0 250.0 275.0 300.0 325.0 350.0 375.0 400.0 425.0 nm

0

50

100

150

200

250

300

mAU

223

275

200 250 300 350 400 nm

-100

0

100

200

300

400

500

600

700

800

900

1000

1100mAU

220

268

261

323

200.0 225.0 250.0 275.0 300.0 325.0 350.0 375.0 400.0 425.0 nm

0

100

200

300

400

500

600

mAU

307

364

431

400

Triadimenol

(TDN)

Triadimefom

(TDF)

Tebuconazol

(TBC)

Dissulfotom

(DIS)

Page 66: DESENVOLVIMENTO DE METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO … · Figura 8 - Fluxograma utilizado para preparar as soluções de trabalho dos agrotóxicos em estudo seguido da elaboração das

66

(continuação da Figura 22)

200.0 225.0 250.0 275.0 300.0 325.0 350.0 375.0 400.0 425.0 nm

0

100

200

300

400

500

600

mAU

412

200.0 225.0 250.0 275.0 300.0 325.0 350.0 375.0 400.0 425.0 nm

-50

0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

500

550

mAU

229

288

200.0 225.0 250.0 275.0 300.0 325.0 350.0 375.0 400.0 425.0 nm

0

100

200

300

400

500

600

700

800

mAU

271

412

Endosulfan

(END)

Clorpirifós

(CLF)

Espirodiclofeno

(ESP)

Cipermetrina

(CIP)

Page 67: DESENVOLVIMENTO DE METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO … · Figura 8 - Fluxograma utilizado para preparar as soluções de trabalho dos agrotóxicos em estudo seguido da elaboração das

67

4.2.1 Parâmetros Avaliados no Sistema UPLC-DAD (SISTEMA 2)

I. Vazão da Fase Móvel

Para o primeiro parâmetro foram avaliados três fluxos: 0,3, 0,6 e 0,7 mL min-1

como pode ser observado na Figura 23, estabelecendo 0,6 mL min-1

como fluxo mais

adequado devido ao perfil dos sinais dos analitos ser mais simétrico e sem muitas

deformações como caudas e assimetria frontal além de não apresentar coeluições dos

agrotóxicos.

Figura 23 - Comparação de diferentes fluxos por meio de solução padrão dos

agrotóxicos em 25 µg mL-1

. O primeiro cromatograma corresponde ao fluxo de 0,3 mL

min-1

, o segundo de 0,6 mL min-1

e o terceiro de 0,7 mL min-1

utilizando gradiente de

eluição em análise exploratória na coluna BEH C18.

II. Fase estacionária

Posterior à analise da vazão da fase móvel foi verificada a composição da fase

estacionária. Com isso foram testadas as colunas BEH C18, HSS CN e CSH Phenyl-

Hexyl da Waters® que apresentam diferentes tipos de ligantes ao suporte sólido de sílica

conferindo polaridades e interações diversas, com a estrutura de cada fase estacionária

descrita na Figura 24.

CLP

CLP

Imid

aclo

pri

do

/

Clo

tian

idin

a

Car

bofu

rano

Hal

oxif

ope

Tri

adim

enol

Tri

adim

efom

Teb

uco

naz

ol

Dis

sulf

oto

m

Esp

irodic

lofe

no

Cip

erm

etri

na

Endosu

lfan

Car

ben

daz

im

Tia

met

oxam

Pir

aclo

stro

bin

a

Per

met

rina

Tri

adim

enol/

Tri

adim

efom

Teb

uco

naz

ol

Dis

sulf

oto

m

Pir

aclo

stro

bin

a

Endosu

lfan

Esp

irodic

lofe

no

Cip

erm

etri

na/

Per

met

rina

Clo

tian

idin

a C

arben

daz

im

Tia

met

oxam

Imid

aclo

pri

do

Hal

oxif

ope

Clo

rpir

ifós

Per

met

rina

Car

bofu

rano

Tri

adim

enol

Tri

adim

efom

Teb

uco

naz

ol

Dis

sulf

oto

m

Esp

irodic

lofe

no

Pir

aclo

stro

bin

a

Car

ben

daz

im

Tia

met

oxam

Imid

aclo

pri

do

Hal

oxif

ope

Endosu

lfan

Per

met

rina

Clo

tian

idin

a

Clo

rpir

ifós

Per

met

rina

Cip

erm

etri

na

Page 68: DESENVOLVIMENTO DE METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO … · Figura 8 - Fluxograma utilizado para preparar as soluções de trabalho dos agrotóxicos em estudo seguido da elaboração das

68

Segundo o fabricante a coluna BEH (Pontes híbridas de etileno) apresenta um

substrato trifuncionalizado ligado ao C18 o que confere seu caráter apolar sendo uma

coluna universal em fase reversa. A respeito da HSS CN (Sílica de alta resistência) que

apresenta grupos propil-ciano ligados ao suporte sólido caracterizando uma fase

estacionária de média polaridade. Já a coluna CSH Phenyl-Hexyl (Superfícies hibridas

carregadas) possui uma seletividade maior do que as colunas tradicionais, pois, o

suporte sólido trifuncionalizado ligado ao C6-fenil retém seletivamente compostos

poliaromáticos através de interações π-π [59,60].

Figura 24 - Esquema da estrutura das fases estacionárias testadas no trabalho. Fonte:

(WATERS) [60]

Com estas características e os dados obtidos pelas análises em modo

exploratório da solução conjunta dos agrotóxicos nestas colunas, observadas na Figura

25 a fase CSH Phenyl-Hexyl foi selecionada para o trabalho. O que apesar do formato

dos picos não apresentar boa simetria na análise prévia foi vinculado um interesse na

otimização das condições nesta fase estacionária devido aos valores maiores ou

comparáveis de intensidade dos picos quando relacionados com as outras colunas, que

poderá permitir análises em níveis mais baixos com uma melhor resposta em relação

aos interferentes, aspectos melhor visualizados na Figura 25.

HSS CN

CSH Phenyl-Hexyl

BEH C18

Page 69: DESENVOLVIMENTO DE METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO … · Figura 8 - Fluxograma utilizado para preparar as soluções de trabalho dos agrotóxicos em estudo seguido da elaboração das

69

Figura 25 - Comparação do perfil dos picos nos cromatogramas obtidos da análise da

solução conjunta dos agrotóxicos em 25 µg mL-1

com as diferentes fases estacionárias,

o primeiro cromatograma corresponde à coluna BEH C18, o segundo corresponde à

resposta da coluna CSH Phenyl-Hexyl e o último gráfico à HSS CN em gradiente de

eluição em análise exploratória com vazão de 0,6 mL min-1

.

III. Gradiente de Eluição

Apesar da intensidade dos picos ser melhor em relação as outras colunas, a

separação obtida na coluna CSH Phenyl-Hexyl não foi eficiente, resultando em picos

mal resolvidos e sem simetria. Dessa maneira alguns testes foram realizados

modificando as composições das fases móveis, como mostrado na Figura 26 seguindo

os respectivos gradientes da Tabela 9.

Dessa forma, dois aspectos foram observados com as alterações realizadas, a

influência do tempo de equilíbrio e da taxa de mudança da composição da fase móvel.

Ambos contribuem de modo indesejável para a separação dos analitos da seguinte

forma, o tempo de equilíbrio curto não permite a estabilização adequada da coluna

impedindo uma analise sequencial reprodutível e com picos bem resolvidos, observado

na Figura 26 (b), (c) e (d). No que se refere à taxa de mudança da composição da fase

Car

bofu

rano

Tri

adim

enol

Tri

adim

efom

Teb

uco

naz

ol

Dis

sulf

oto

m

Esp

irodic

lofe

no

Cip

erm

etri

na

Pir

aclo

stro

bin

a

Per

met

rina

Car

ben

daz

im

Tia

met

oxam

Imid

aclo

pri

do

Hal

oxif

ope

Clo

rpir

ifós

Per

met

rina

Endosu

lfaa

n

Clo

tian

idin

a

Imid

aclo

pri

do

/

Clo

tian

idin

a

Hal

oxif

ope

Car

ben

daz

im

Tia

met

ox

am

Tri

adim

enol/

Tri

adim

efom

Teb

uco

naz

ol

Dis

sulf

oto

m

Pir

aclo

stro

bin

a

Endosu

lfan

Esp

irodic

lofe

no

Cip

erm

etri

na/

Per

met

rina

Imid

aclo

pri

do

Clo

tian

idin

a

Hal

oxif

ope

Tia

met

oxam

Teb

uco

naz

ol

Dis

sulf

oto

m

Pir

aclo

stro

bin

a

Endosu

lfan

Esp

irodic

lofe

no

Cip

erm

etri

na

Per

met

rina

Car

bofu

rano

Tri

adim

enol

Tri

adim

efom

Page 70: DESENVOLVIMENTO DE METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO … · Figura 8 - Fluxograma utilizado para preparar as soluções de trabalho dos agrotóxicos em estudo seguido da elaboração das

70

móvel quanto mais lenta maior a perda da simetria dos picos aumentando a “cauda”,

como pode ser notado na Figura 26 (b). Portanto, o gradiente de eluição que apresentou

uma resposta com resolução melhor foi o gradiente com a programação correspondente

a Figura 26(a) na Tabela 9.

(d)

(c)

(b)

(a)

Figura 26 – Cromatogramas da solução conjunta dos analitos em 10µg mL-1

comparando diferentes gradientes presentes na Tabela 9 utilizados para a otimização do

programa de eluição dos analitos, utilizando a coluna CSH Phenyl-Hexyl, vazão de 0,6

mL min-1

e volume de injeção de 10 µL.

Hal

oxif

ope

Teb

uco

naz

ol

Esp

irodic

lofe

no

Imid

aclo

pri

do

Clo

tian

idin

a

Tia

met

oxam

Dis

sulf

oto

m

Pir

aclo

stro

bin

a

Cip

erm

etri

na

Per

met

rina

Car

bofu

rano

Tri

adim

efom

Endosu

lfan

Tri

adim

enol

Imid

aclo

pri

do

Tri

adim

efom

Tia

met

oxam

Clo

tian

idin

a

Car

bofu

rano

Hal

oxif

ope

Tri

adim

enol

Teb

uco

naz

ol D

issu

lfoto

m

Pir

aclo

stro

bin

a

Endosu

lfan

Esp

irodic

lofe

no

Cip

erm

etri

na

Per

met

rina

Tri

adim

efom

Endosu

lfan

Imid

aclo

pri

do

Clo

tian

idin

a

Car

bofu

rano

Hal

oxif

ope

Tri

adim

enol

Teb

uco

naz

ol

Dis

sulf

oto

m

Pir

aclo

stro

bin

a

Esp

irodic

lofe

no

Cip

erm

etri

na

Per

met

rina

Hal

oxif

ope

Teb

uco

naz

ol

Esp

irodic

lofe

no

Imid

aclo

pri

do

Clo

tian

idin

a

Tia

met

oxam

Dis

sulf

oto

m

Pir

aclo

stro

bin

a

Cip

erm

etri

na

Per

met

rina

Car

bofu

rano

Tri

adim

efom

Endosu

lfan

Tri

adim

enol

Page 71: DESENVOLVIMENTO DE METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO … · Figura 8 - Fluxograma utilizado para preparar as soluções de trabalho dos agrotóxicos em estudo seguido da elaboração das

71

Tabela 9 - Composições dos gradientes de eluição dos cromatogramas apresentados na

Figura 26.

Gradiente Programação (Sistema Quaternário)

Figura 26 (a)

Tempo(min) H2O ACN H2O ACN

0,01 45 2,5 50 2,5

25,00 5 45 10 40

30,00 45 2,5 50 2,5

40,00 45 2,5 50 2,5

Figura 26 (b)

Tempo(min) H2O ACN H2O ACN

0,01 45 2,5 50 2,5

2,00 45 3,0 48,5 3,5

3,00 45 3,0 48,5 3,5

5,00 45 2,5 50 2,5

20,00 15 35 10 40

25,00 45 2,5 50 2,5

30,00 45 2,5 50 2,5

Figura 26 (c)

Tempo(min) H2O ACN H2O ACN

0,01 45 2,5 50 2,5

20,00 15 35 15 35

25,00 45 2,5 50 2,5

30,00 45 2,5 50 2,5

Figura 26 (d)

Tempo(min) H2O ACN H2O ACN

0,01 45 2,5 50 2,5

20,00 0 50 0 50

25,00 45 2,5 50 2,5

30,00 45 2,5 50 2,5

Page 72: DESENVOLVIMENTO DE METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO … · Figura 8 - Fluxograma utilizado para preparar as soluções de trabalho dos agrotóxicos em estudo seguido da elaboração das

72

IV. Tempo de Equilíbrio

Foi verificado no tópico anterior que o tempo de equilíbrio influencia a

estabilização da coluna e com isso a resposta obtida proncipalmente para os analitos que

possuem pouca interação com a coluna, ou seja, clotianidina e imidacloprido, como

pode ser indicado pelas informações de suas propriedades fisico-químicas e estruturas

química presentes nas Tabela 2 e Tabela 5, respectivamente. Para tanto foi calculado o

tempo de equilíbrio (𝑡𝑒𝑞) segundo a Equação 1, visando minimizar os problemas

ocasionados pela falta de estabilização da fase estacionária.

𝑡𝑀 = 0,5𝐿

𝐹(𝑑)2 ∴ 𝑡𝑀 = 0,18 𝑚𝑖𝑛𝑢𝑡𝑜𝑠

𝑡𝑒𝑞 = 𝑡𝑀 . 0,15(∆%𝐵) ∴ 𝑡𝑒𝑞 = 2,62 𝑚𝑖𝑛𝑢𝑡𝑜𝑠 (1)

Onde 𝑡𝑀 é o tempo morto; L, o comprimento da coluna; F, a vazão; d, o

diâmetro da partícula e ∆%B variação da quantidade de solvente orgânico.

Em contrapartida este tempo adicionado após a programação do gradiente para a

estabilização da coluna entre as corridas não foi suficiente para evitar a baixa resolução.

Este é um dos problemas do modo gradiente de eluição o “atraso do

equipamento”,“volume de persistência” ou ainda “tempo de persistência”. Desta forma,

o gradiente executado chega ao injetor da amostra, na entrada da coluna, sofrendo um

retardo e a segunda injeção de amostra ocorre antes do final do gradiente anterior ter

alcançado a entrada da coluna. Como resultado, os primeiros picos serão eluídos por

uma fase móvel que está muito forte, comprimindo esses primeiros picos e resultando

em uma pobre resolução. Para evitar o problema, é necessário introduzir uma etapa de

equilíbrio da coluna entre as corridas de duração 𝑡𝑒𝑞 ≥ 𝑡𝑀 [54,52].

Sendo assim diferentes tempos acima do 𝑡𝑒𝑞 foram testados: 5, 6,6 e 10 minutos

(Figura 27). Estabelecendo o tempo de equilíbrio, 𝑡𝑒𝑞, igual à 10 minutos como o mais

eficiente para reduzir a coeluição e o problema da resolução. Possibilitando análises

sequenciais sem perda ou redução dos dados quantitativos necessários para o

desenvolvimento da metodologia.

Page 73: DESENVOLVIMENTO DE METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO … · Figura 8 - Fluxograma utilizado para preparar as soluções de trabalho dos agrotóxicos em estudo seguido da elaboração das

73

Figura 27 – Cromatogramas das análises da solução conjunta dos agrotóxicos com

concentração de 10µg mL-1

para a otimização do tempo de equilíbrio, onde (a) 2,62

minutos, (b) 5,00 minutos, (c) 6,60 minutos e (d) 10 minutos.

(b)

(c)

(d)

(a)

Clo

tian

idin

a Im

idac

lop

rid

o

Car

bo

fura

no

Hal

oxif

op

e

Tri

adim

eno

l

Tri

adim

efo

m

Teb

uco

naz

ol

Dis

sulf

oto

m

Clo

rpir

ifó

s

Esp

irod

iclo

feno

Cip

erm

etri

na

End

osu

lfan

Car

ben

daz

im

Tia

met

ox

am

Pir

aclo

stro

bin

a

Per

met

rin

a

Clo

tian

idin

a

Imid

aclo

pri

do

Car

bo

fura

no

Hal

oxif

op

e

Tri

adim

eno

l

Tri

adim

efo

m

Teb

uco

naz

ol

Dis

sulf

oto

m

Clo

rpir

ifó

s

Esp

irod

iclo

feno

Cip

erm

etri

na

End

osu

lfan

Page 74: DESENVOLVIMENTO DE METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO … · Figura 8 - Fluxograma utilizado para preparar as soluções de trabalho dos agrotóxicos em estudo seguido da elaboração das

74

V. Volume de Injeção

Após definir todos estes parâmetros foi realizado um teste com intuito de

verificar a influência da quantidade de massa injetada na coluna diminuindo o volume

de injeção de 10 para 5 µL, resultado este observado na Figura 28. Concluindo que a

alteração seria pertinente e necessária para otimizar a separação, realizando assim

análises com os volumes de injeção de 2,5, 2,0, 1,5, 1,0 e 0,5 µL, identificando que o

volume que permitiu obter um pico mais simétrico sem uma diminuição significativa da

intensidade, foi de 2,0 µL, comprovado na Figura 29.

Figura 28 - Otimização do volume de injeção, teste envolvendo a redução de 10 (preto)

para 5 µL (vermelho) com o gradiente do tópico III da seção 4.2.1 e tempo de equilíbrio

do tópico IV da seção 4.2.1 utilizando a solução conjunta dos analitos.

Clo

tian

idin

a

Imid

aclo

pri

do

Car

bo

fura

no

Hal

oxif

op

e

Tri

adim

eno

l

Tri

adim

efo

m

Teb

uco

naz

ol

Dis

sulf

oto

m

Clo

rpir

ifó

s

Esp

irod

iclo

feno

Cip

erm

etri

na

End

osu

lfan

Clo

tian

idin

a

Imid

aclo

pri

do

Car

bo

fura

no

Hal

oxif

op

e

Tri

adim

eno

l

Tri

adim

efo

m

Teb

uco

naz

ol

Dis

sulf

oto

m

Clo

rpir

ifó

s

Esp

irod

iclo

feno

Cip

erm

etri

na

End

osu

lfan

Page 75: DESENVOLVIMENTO DE METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO … · Figura 8 - Fluxograma utilizado para preparar as soluções de trabalho dos agrotóxicos em estudo seguido da elaboração das

75

Figura 29 - Otimização do volume de injeção, análises com volumes de 2,5 a 0,5 µL

nas condições estabelecidas anteriormente presentes na Tabela 7 e Tabela 8.

Com as condições de análise cromatográficas definidas foi verificada a resposta

da metodologia da Proposta 3 descrita na seção 4.1.2.1 na qual foi observada a presença

das substâncias de interesse por meio da cromatografia líquida de alta eficiência. Neste

âmbito o SISTEMA 2 foi utilizado visando minimizar a quantidade de solvente na

eluição e o tempo de análise, além de aumentar a eficiência e a resolução [49] quando

comparados com SISTEMA 1.

4.2.2 Avaliação da Metodologia no SISTEMA 2 (UPLC-DAD)

Nesta etapa, as duas fases formadas pelo processo foram analisadas com fase

estacionária CSH Phenyl-Hexyl, fase móvel acetonitrila: água e gradiente de eluição da

Tabela 7 e Tabela 8. A verificação mostrou que as respostas dos dois sistemas foram

semelhantes, como observado nas Figura 30 e 31.

Por conseguinte, um teste em duplicata com esta metodologia foi realizado para

a obtenção de dados quantitativos de recuperação dos agrotóxicos utilizados na

contaminação da amostra no início do procedimento de extração. Os dados estatísticos

de recuperação para o nível de concentração de 2,0 μg mL-1

estão presentes no gráfico

da Figura 32 com porcentagens entre 26,2% ± 1,2% e 81,7% ± 13,2%. Tendo em vista

que, segundo a ANVISA, o procedimento estatístico para a análise de resíduos de

agrotóxicos apresenta valores de recuperação que podem variar entre 70,0 e 120,0%

com desvio padrão relativo ≤ 20%, porém, valores fora deste intervalo podem ser

0,5 µL

2,5 µL

Clo

tian

idin

a

Imid

aclo

pri

do

Car

bo

fura

no

Hal

oxif

op

e

Tri

adim

eno

l

Tri

adim

efo

m

Teb

uco

naz

ol

Dis

sulf

oto

m

Clo

rpir

ifó

s

Esp

irod

iclo

feno

Cip

erm

etri

na

End

osu

lfan

Page 76: DESENVOLVIMENTO DE METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO … · Figura 8 - Fluxograma utilizado para preparar as soluções de trabalho dos agrotóxicos em estudo seguido da elaboração das

76

admitidos desde que apesar da recuperação ter valores baixos o método demonstre ser

preciso, ou seja, o desvio padrão relativo deve ser mantido ≤ 20%. Sendo assim, os

agrotóxicos que obtiveram respostas quantitativas são pertencentes aos grupos químicos

triazol (TBC, TDF e TDN), organoclorado (END), organofosforado (CLF), cetoenol

(ESP) e piretroide (CIP), em contrapartida, é notável que ajustes ainda precisam ser

feitos possibilitando a obtenção de valores significativos de recuperação e com desvios

padrão reduzidos para todos os analitos.

Figura 30 - Cromatogramas das fases (a) ACN: H2O e (b) ACN: DCM obtidas pela

metodologia de extração da Proposta 3 da seção 4.1.2.1 seguindo as condições

cromatográficas do SISTEMA 2 presentes na Tabela 7.

Figura 31 - Cromatogramas da extração por sonicação e clean-up por LLE (Proposta

3), em verde - amostra testemunha, vermelho - fortificado, marrom - solução de

comparação e em preto - solução dos padrões, obtidos pelas condições otimizadas da

Tabela 7 no SISTEMA 2.

a

b

Clo

tian

idin

a

Imid

aclo

pri

do

Car

bo

fura

no

Hal

oxif

op

e

Tri

adim

eno

l

Tri

adim

efo

m

Teb

uco

naz

ol

Dis

sulf

oto

m

Clo

rpir

ifó

s

Esp

irod

iclo

feno

Cip

erm

etri

na

End

osu

lfan

Page 77: DESENVOLVIMENTO DE METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO … · Figura 8 - Fluxograma utilizado para preparar as soluções de trabalho dos agrotóxicos em estudo seguido da elaboração das

77

Figura 32 - Gráfico com valores de recuperação no nível de 2μg mL-1

(n = 2).

4.2.3 Otimização da Metodologia de Extração no SISTEMA 2

I. Tempo de sonicação

Em decorrência do formato dos sinais dos agrotóxicos e visando a redução do

tempo de extração no banho ultrassônico uma curva para averiguar se os analitos sofrem

degradação durante este processo foi realizada. Para tanto uma solução conjunta dos

agrotóxicos com concentração de 10 μg mL-1

foi submetida a tempo de extração na

faixa de 5 a 40 minutos recolhendo alíquotas a cada 5 minutos, a análise destes gerou os

cromatogramas nos quais foi possível observar que não ocorre degradação dos

agrotóxicos. No entanto, a variação da intensidade do sinal só pode ser avaliada através

do gráfico da Figura 33, construído a partir dos valores de intensidade de cada um dos

analitos indicando uma faixa mais estável de resposta entre 10 e 20 minutos para o

desenvolvimento do trabalho.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

CTD IMD CBN HLX TDN TDF TBC END DIS CLF ESP CIP

% Recuperação

n.d. n.d. n.d. n.d. n.d.

n.d. - não detectado

81,7 ± 13,2

26,2 ± 1,2

49,6 ± 0,8

67,3 ± 10,9

63,8 ± 0,4

42,2 ± 1,9

50,0 ± 2,0

Page 78: DESENVOLVIMENTO DE METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO … · Figura 8 - Fluxograma utilizado para preparar as soluções de trabalho dos agrotóxicos em estudo seguido da elaboração das

78

Figura 33 - Gráfico com os valores de intensidades obtidos pelo teste de degradação

dos agrotóxicos.

II. Solvente de Extração

De acordo com as características físico-químicas descritas na Tabela 5, a

solubilidade é parâmetro importante nesta etapa do trabalho. Esta propriedade

possibilita um conhecimento sobre o solvente que realizará uma transferência de massa

mais eficiente durante o processo de sonicação. Os dados apresentados na tabela

indicam que os agrotóxicos tem uma solubilidade maior em solventes orgânicos polares.

Sendo assim, a acetonitrila e o diclorometano foram avaliados na sonicação, no

entanto, outros solventes não puderam ser utilizados em virtude de sua miscibilidade em

relação aos solventes da etapa de clean-up. A sonicação com estes solventes propicia a

difusão destes para dentro da matriz e em sequência, por afinidade, os analitos acabam

migrando para o solvente extrator [45].

Os dados obtidos mostram que os perfis cromatográficos foram semelhantes,

como pode ser observado na Figura 34. Apesar disto, os resultados de recuperação da

Figura 35 demonstraram que a acetonitrila (58,8% - 79,0%) é um solvente extrator

melhor do que o diclorometano (49,9% - 94,8%) sendo selecionada para as demais

etapas de otimização.

Page 79: DESENVOLVIMENTO DE METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO … · Figura 8 - Fluxograma utilizado para preparar as soluções de trabalho dos agrotóxicos em estudo seguido da elaboração das

79

Figura 35 - Dados de recuperação utilizando acetonitrila e diclorometano como

solvente extrator na sonicação (n = 2). Intensidade utilizadas foram obtidas através das

condições cromatográficas da Tabela 7

0,00

10,00

20,00

30,00

40,00

50,00

60,00

70,00

80,00

90,00

100,00

CTD IMD CBN HLX TDN TDF TBC DIS CLF ESP CIP

Diclorometano

Acetonitrila

49,9

± 3

,5

51,6

± 4

,7

94,8

± 2

,5

55,1

± 3

,1

58,0

± 7

,4

58,7

± 6

,4

57,9

± 7

,2

58,3

± 1

,6

77,8

± 0

,0

61,4

± 5

,6

61,4

± 1

,5

75,4

± 7

,08

77,8

± 5

,9

76,7

± 0

,8

58,8

± 3

,4

75,9

± 0

,1

77,8

± 0

,6

78,4

± 0

,1

76,6

± 1

,2

79,0

± 1

,0

76,2

± 0

,6

77,3

± 0

,7

Figura 34 - Cromatogramas obtido com a sonicação utilizando acetonitrila e

diclorometano como solventes extratores. Seguindo as condições cromatográficas da

Tabela 7 para o SISTEMA 2, onde o cromatograma em preto corresponde ao extrato

com diclorometano, em vermelho com Acetonitrila, em verde, o Branco da amostra e

em azul, a Solução Conjunta dos Agrotóxicos em 10µg mL-1

. C

loti

anid

ina

Imid

aclo

pri

do

Car

bo

fura

no

Hal

oxif

op

e

Tri

adim

eno

l

Tri

adim

efo

m

Teb

uco

naz

ol

Dis

sulf

oto

m

Clo

rpir

ifó

s

Esp

irod

iclo

feno

Cip

erm

etri

na

Page 80: DESENVOLVIMENTO DE METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO … · Figura 8 - Fluxograma utilizado para preparar as soluções de trabalho dos agrotóxicos em estudo seguido da elaboração das

80

III. Solvente de clean-up

O solvente de clean-up também foi selecionado de acordo com a propriedade

físico-química solubilidade, descrita na Tabela 5, assim como no item II, verificando

sua imiscibilidade com o solvente extrator acetonitrila. Com isso, foram testados os

solventes, acetato de etila, clorofórmio e diclorometano, apresentando os perfis

cromatográficos da Figura 36, na qual podemos observar a presença dos sinais

referentes à matriz em tempos de retenção idênticos para qualquer um dos solventes,

não coeluindo com os agrotóxicos. O que permite nortear a seleção do solvente para

esta etapa em virtude dos valores de recuperação obtidos nas extrações (Figura 37).

Portanto, o solvente que demonstrou dados de recuperação superiores quando

relacionado com os demais foi o diclorometano apresentando recuperações na faixa de

58,8 – 79% com desvio relativo de 0,1 – 7,1%.

Page 81: DESENVOLVIMENTO DE METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO … · Figura 8 - Fluxograma utilizado para preparar as soluções de trabalho dos agrotóxicos em estudo seguido da elaboração das

81

Figura 36 - Cromatogramas referentes à otimização do solvente de clean-up, onde (a)

Acetato de Etila, (b) Clorofórmio e (c) Diclorometano. No cromatograma em vermelho a

resposta equivalente ao Branco, em preto ao Fortificado e em azul a Solução de

Comparação, todas as análises de acordo com as condições da Tabela 7.

AU

A

U

AU

(a)

(b)

(c)

Clo

tian

idin

a

Imid

aclo

pri

do

Car

bo

fura

no

Hal

oxif

op

e

Tri

adim

eno

l

Tri

adim

efo

m

Teb

uco

naz

ol

Dis

sulf

oto

m

Clo

rpir

ifó

s

Esp

irod

iclo

feno

Cip

erm

etri

na

Clo

tian

idin

a

Imid

aclo

pri

do

Car

bo

fura

no

Hal

oxif

op

e

Tri

adim

eno

l

Tri

adim

efo

m

Teb

uco

naz

ol

Dis

sulf

oto

m

Clo

rpir

ifó

s

Esp

irod

iclo

feno

Cip

erm

etri

na

Clo

tian

idin

a

Imid

aclo

pri

do

Car

bo

fura

no

Hal

oxif

op

e

Tri

adim

eno

l

Tri

adim

efo

m

Teb

uco

naz

ol

Dis

sulf

oto

m

Clo

rpir

ifó

s

Esp

irod

iclo

feno

Cip

erm

etri

na

Page 82: DESENVOLVIMENTO DE METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO … · Figura 8 - Fluxograma utilizado para preparar as soluções de trabalho dos agrotóxicos em estudo seguido da elaboração das

82

Figura 37 - Valores de recuperação obtidos através das análises cromatográficas (n = 2)

segundo a Tabela 7, evidenciando os solventes de clean-up utilizados na otimização do

método.

Após definir o diclorometano como o solvente a ser utilizado no clean-up por

meio da extração líquido-líquido juntamente com a água foi verificada a influência

destes no procedimento. Com isso, um teste adicionando primeiro o diclorometano e

depois a água e outro realizando o inverso foram feitos. Concluindo que essa ordem

influenciava, pois, ao adicionar primeiro a água o diclorometano se solubilizou melhor

na mistura acetonitrila: água e em virtude de sua imiscibilidade em água extraindo

menos os interferentes. O mesmo não foi observado quando o diclorometano foi

misturado primeiro ao extrato em acetonitrila porque ao se formar a mistura

diclorometano: acetonitrila a água adicionada não solubiliza os interferentes presentes

na mistura em decorrência da miscibilidade reduzida pela presença do diclorometano. O

que foi demonstrado pelos dados de recuperação deste experimento, apresentados na

Figura 38. Finalizando assim a otimização da metodologia de extração visualizada

anteriormente na Figura 21.

0,00

10,00

20,00

30,00

40,00

50,00

60,00

70,00

80,00

90,00

100,00

CTD IMD CBN HLX TDN TDF TBC DIS CLF ESP CIP

Acetato de Etila

Clorofórmio

Diclorometano

35,7

± 7

,1

41,4

± 0

,9

40,1

± 0

,1

39,4

± 0

,3

34,9

± 2

,6

35,4

± 5

,0

35,4

± 7

,4

35,0

± 7

,9

32,1

± 2

,

36,3

± 1

,1

36,3

± 0

,9

38,6

± 1

,1

39,3

± 0

,1

44,6

± 1

,1

38,1

± 0

,0

30,6

± 3

,4

31,6

± 4

,2

36,7

± 6

,6

29,3

± 0

,1

34,4

± 6

,2

33,0

± 7

,5

75,4

± 7

,1

77,8

± 5

,9

76,7

± 0

,8

58,8

± 3

,4 75,9

± 0

,1

77,8

± 0

,6

78,4

± 0

,1

76,6

± 1

,2

79,0

± 1

,0

76,2

± 0

,6

77,3

± 0

,7

Page 83: DESENVOLVIMENTO DE METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO … · Figura 8 - Fluxograma utilizado para preparar as soluções de trabalho dos agrotóxicos em estudo seguido da elaboração das

83

4.3 SISTEMA CROMATOGRÁFICO 3 (LC-MS/MS)

A fim de possibilitar as análises por espectrometria de massas, algumas variáveis

foram otimizadas para cada agrotóxico de acordo com a configuração do equipamento.

Desta forma, uma análise dos principais fragmentos de cada analito foi realizada, com o

intuito de selecionar aqueles mais intensos, como pode ser observado na Figura 39.

Diante disto e com base nos dados pré-programados de máximos e mínimos

aceitáveis pelo analisador de massas, as voltagens da fonte (energia de capilar, 3,5 kV e

energia de cone, específica para cada analito como pode ser observado na Tabela 10), a

temperatura da fonte (dessolvatação do N2), 450 ºC, a vazão de gás na fonte (volume de

gás de dessolvatação, 900 L h-1

e volume de gás no cone, 50 L h-1

) e as energias de

colisão (Tabela 10), para gerar cada um dos fragmentos especificados na Figura 39,

foram os parâmetros otimizados individualmente para cada agrotóxico e que

possibilitaram o resultados observado na Figura 40 e 41.

0,0

10,0

20,0

30,0

40,0

50,0

60,0

70,0

80,0

90,0

100,0

110,0

CTD IMD CBN HLX TDN TDF TBC DIS CLF ESP CIP

Diclorometano primeiro

Água primeiro

95,0

± 4

,4

102

,5 ±

2,5

98,6

± 4

,0

103

,1 ±

1,7

75,7

± 7

,1

77,9

± 5

,9

76,8

± 0

,8

75,9

± 0

,1

77,8

± 0

,6 91,9

± 3

,4

58,8

± 3

,4

84,0

± 1

,9

85,7

±

2,1

89,6

± 2

,9

74,1

± 6

,2

91,2

± 3

,4

91,9

± 3

,6

78,4

± 0

,1

76,6

± 1

,2

79,0

± 1

,0

76,2

± 0

,6

77,3

± 0

,7

Figura 38 - Dados de recuperação do teste realizado para verificar a influência da

ordem dos solventes utilizados no clean-up (n=2), separados com as condições

cromatográficas da Tabela 7.

Page 84: DESENVOLVIMENTO DE METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO … · Figura 8 - Fluxograma utilizado para preparar as soluções de trabalho dos agrotóxicos em estudo seguido da elaboração das

84

Clotianidina

(CTD)

Imidacloprido

(IMD)

Haloxifope

(HLX)

Carbofurano

(CBN)

Figura 39 - Fragmentos utilizados para a quantificação e confirmação dos dados quantitativos das amostras analisadas no SISITEMA 3 segundo

as condições da Tabela 7.

Page 85: DESENVOLVIMENTO DE METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO … · Figura 8 - Fluxograma utilizado para preparar as soluções de trabalho dos agrotóxicos em estudo seguido da elaboração das

85

(continuação da Figura 39)

Triadimefom

(TDF)

Triadimenol

(TDN)

Tebuconazol

(TBC)

Dissulfotom

(DIS)

Page 86: DESENVOLVIMENTO DE METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO … · Figura 8 - Fluxograma utilizado para preparar as soluções de trabalho dos agrotóxicos em estudo seguido da elaboração das

86

(continuação da Figura 39)

Clorpirifós

(CLF)

Espirodiclofeno

(ESP)

Cipermetrina

(CIP)

Page 87: DESENVOLVIMENTO DE METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO … · Figura 8 - Fluxograma utilizado para preparar as soluções de trabalho dos agrotóxicos em estudo seguido da elaboração das

87

Tabela 10 - Parâmetros otimizados no SISTEMA 3 (LC-MS/MS)

Agrotóxico Fragmentos (m/z) Econe (V) Ecolisão (V)

Clotianidina

m/z 249,9

Quantificação 168,8 23

13

Identificação 131,9 13

Imidacloprido

m/z 256,1

Quantificação 208,9 25

15

Identificação 175,0 15

Carbofurano

m/z 222,1

Quantificação 122,9 25

20

Identificação 165,0 10

Haloxifope

m/z 362,0

Quantificação 316,0 40

18

Identificação 91,1 28

Triadimefom

m/z 294,0

Quantificação 196,9 32

15

Identificação 224,9 15

Triadimenol

m/z 296,1

Quantificação 70,0 18

10

Identificação 227,1 10

Tebuconazol

m/z 308,2

Quantificação 69,9 38

20

Identificação 124,9 35

Dissulfotom

m/z 275,1

Quantificação 88,9 12

5

Identificação 61,0 39

Clorpirifós

m/z 350,0

Quantificação 96,7 27

33

Identificação 197,8 15

Espirodiclofeno

m/z 411,1

Quantificação 70,7 25

15

Identificação 313,3 11

Cipermetrina

m/z 433,0

Quantificação 190,8 25

11

Identificação 126,9 29

Page 88: DESENVOLVIMENTO DE METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO … · Figura 8 - Fluxograma utilizado para preparar as soluções de trabalho dos agrotóxicos em estudo seguido da elaboração das

88

Figura 41 - Cromatograma da análise do extrato fortificado na concentração de 0,1 mg

L-1

com detector espectrofotométrico em 220 nm, seguindo as condições de análise

descritas nas Tabela 7 e Tabela 8.

Clo

tian

idin

a

Imid

aclo

pri

do

Car

bo

fura

no

Hal

ox

ifo

pe

Tri

adim

eno

l

Tri

adim

efo

m

Teb

uco

naz

ol

Dis

sulf

oto

m

Clo

rpir

ifó

s

Esp

iro

dic

lofe

no

Cip

erm

etri

na

Figura 40 - Cromatograma dos íons de quantificação dos agrotóxicos avaliados

utilizando as condições cromatográficas descritas nas Tabela 7 e Tabela 8.

Page 89: DESENVOLVIMENTO DE METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO … · Figura 8 - Fluxograma utilizado para preparar as soluções de trabalho dos agrotóxicos em estudo seguido da elaboração das

89

4.4 VALIDAÇÃO

4.4.1 Linearidade e Sensibilidade

Com a metodologia definida foram realizadas análises no SISTEMA 2 e no

SISTEMA 3 das soluções conjuntas dos agrotóxicos para a obtenção das curvas

analíticas com concentrações 0,01, 0,5, 2,5, 5,0 e 10 mg L-1

para o SISTEMA 2 e 0,01,

0,1, 0,5 e 1,0 mg L-1

para o SISTEMA 3, dados estes descritos na Tabela 11 e Tabela

12, respectivamente.

Tabela 11 - Equação da reta e coeficientes de correlação da análise dos agrotóxicos em

um intervalo linear de 0,01 a 10 mg L-1

. Obtidos através dos valores de intensidade

fornecidos pela análise cromatográficas segundo a Tabela 7 e a Tabela 8 no SISTEMA

2 (n = 3).

Princípio

Ativo

Tempo de Retenção /

min Equação da Reta

Coeficiente de

Correlação

CTD 3,07 y = 1194,0x - 40,464 1,0000

IMD 3,60 y = 1470,2x + 39,776 0,9996

CBN 6,15 y = 1753,1x + 116,36 0,9999

HLX 7,68 y = 2312,3x + 64,348 0,9988

TDN 9,31 y = 1988,8x + 415,05 0,9995

TDF 10,36 y = 2421,0x + 17,699 0,9998

TBC 10,87 y = 5510,5x + 500,84 0,9999

DIS 13,33 y = 3615,2x + 630,94 0,9998

END 14,59 y = 1263,7x + 215,51 0,9996

CLF 15,14 y = 2377,8x + 142,34 0,9999

ESP 16,54 y = 5510,6x + 181,64 0,9999

CIP 17,52 y = 3402,5x + 106,18 0,9999

Page 90: DESENVOLVIMENTO DE METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO … · Figura 8 - Fluxograma utilizado para preparar as soluções de trabalho dos agrotóxicos em estudo seguido da elaboração das

90

Tabela 12 - Equação da reta e coeficientes de correlação da análise dos agrotóxicos em

um intervalo linear de 0,01 a 1,0 mg L-1

. Obtidos através dos valores de intensidade

fornecidos pela análise cromatográficas segundo a Tabela 7 e a Tabela 8 no SISTEMA

3 (n = 3).

Princípio

Ativo

Tempo de Retenção /

min Equação da Reta

Coeficiente de

Correlação

CTD 4,57 y = 725,8x + 3125,1 0,9981

IMD 4,81 y = 962,8x + 3936,5 0,9979

CBN 6,08 y = 3403,9x + 7538,5 0,9998

HLX 7,11 y = 978,2x + 5058,9 0,9983

TDN 7,64 y = 1499,1x + 5183,2 0,9997

TDF 7,65 y = 7154,2x + 24020,8 0,9987

TBC 8,19 y = 7926,0x + 59327,5 0,9982

DIS 8,49 y = 501,8x + 2490,0 0,9985

CLF 9,11 y = 842,4x + 11576,8 0,9964

ESP 9,37 y = 2440,8x + 26344,0 0,9959

CIP 9,67 y = 196,9x + 5392,4 0,9974

Com isso, foi possível observar parâmetros como linearidade e sensibilidade, a

linearidade é dada pelo coeficiente de correlação do gráfico obtido pela equação da reta

de comportamento linear y = ax + b e a sensibilidade é caracterizada pelo coeficiente

angular (a) desta equação. A linearidade é considerada satisfatória quando o coeficiente

de correlação da reta não é diferente estatisticamente da unidade, sendo aceitável para a

ANVISA um mínimo de 0,99. Demonstrando que os resultados obtidos apresentam uma

relação linear ou diretamente proporcional com a concentração do analito dentro do

intervalo estabelecido [61].

A sensibilidade do método está correlacionada com o coeficiente angular, sendo

a capacidade do método em distinguir, com determinado nível de confiança, duas

concentrações próximas. Portanto, uma pequena variação na concentração do analito

gera uma grande diferença no sinal de resposta, parâmetro este que expressa a

Page 91: DESENVOLVIMENTO DE METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO … · Figura 8 - Fluxograma utilizado para preparar as soluções de trabalho dos agrotóxicos em estudo seguido da elaboração das

91

capacidade do método analítico suscitar mudanças na propriedade monitorada, no caso,

intensidade. Ou seja, quanto mais sensível o método maiores os valores dos coeficientes

angulares que variaram na faixa de 1194,0 - 5510,6 para o SISTEMA 2 e de 196,9 -

7926,0 para o SISTEMA 3, o que está de acordo com a Tabela 11 e Tabela 12 [57,61].

4.4.2 Efeito matriz

Este parâmetro investiga a ocorrência de substâncias inerentes da matriz que

coeluem com compostos de interesse. Apesar da cromatografia líquida de ultra

eficiência/espectrometria de massa ter uma elevada seletividade e especificidade

apresenta desvios, uma vez que a presença de substâncias oriundas da matriz que não

são monitoradas e que coeluem podem afetar a detecção dos analitos comprometendo a

ionização, o que define o efeito matriz. Sendo assim, há alguns fatores que contribuem

com este efeito, a competição entre o analito e componentes não voláteis presentes na

matriz, a transferência de elétrons do capilar para a solução e a separação de cargas na

superfície das gotas que irão dar origem aos íons do analito na fase gasosa [55,62].

Com isso, a quantificação do efeito matriz foi realizada através da razão dos

coeficientes angulares (RCA) das curvas analíticas preparadas no extrato da matriz e no

solvente, presentes na Tabela 12 e Tabela 13. Como resultado desta razão o valor igual

a 1,0 significa que nenhum efeito matriz foi observado, se este valor for menor que 1,0 a

houve a supressão da ionização e para valor maior que 1,0 indica um aumento na

ionização [62]. Portanto, o teste realizado demonstrou que segundo este conceito

ocorreu efeito matriz positivo em todos os agrotóxicos estudados com exceção da

cipermetrina, na qual o sinal foi suprimido, valores especificados na Tabela 14

evidenciando a necessidade de uma quantificação dos analitos através da curva

preparada no extrato da matriz.

Page 92: DESENVOLVIMENTO DE METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO … · Figura 8 - Fluxograma utilizado para preparar as soluções de trabalho dos agrotóxicos em estudo seguido da elaboração das

92

Tabela 13 - Equação da reta e coeficientes de correlação da análise dos agrotóxicos

preparados no extrato da matriz em um intervalo linear de 0,01 a 1,0 mg L-1

. Dados

obtidos através dos valores de intensidade fornecidos pela análise cromatográficas

segundo a Tabela 7 e a Tabela 8 no SISTEMA 3.

Princípio

Ativo

Tempo de Retenção /

min Equação da Reta

Coeficiente de

Correlação

CTD 4,57 y = 3114,1x + 31031,4 0,9991

IMD 4,81 y = 4605,1x + 48319,1 0,9984

CBN 6,08 y = 22684,1x +67924 0,9996

HLX 7,11 y = 5017,6x +10522 0,9998

TDN 7,64 y = 9422,2x +58006,6 0,9974

TDF 7,65 y = 6925,4x + 35278,1 0,9962

TBC 8,19 y = 54041,2x + 319602 0,9944

DIS 8,49 y = 3014,1x – 5317,8 0,9996

CLF 9,11 y = 4178,1x + 10032,1 0,9988

ESP 9,37 y = 11498,7x -36873 0,9991

CIP 9,67 y = 94,9x + 93,6 0,9954

Tabela 14 - Valores das razoes dos coeficientes angulares das curvas analíticas

preparadas no extrato da matriz e no solvente.

Analito Coeficiente Angular

RCA Matriz Solvente

CTD 3114,1 725,8 4,3

IMD 4605,1 962,8 4,8

CBN 22684,1 3403,9 6,7

HLX 5017,6 978,3 5,1

TDN 9422,2 1499,1 6,3

TDF 6925,4 1193,9 5,8

TBC 54041,2 7926,0 6,8

DIS 3014,1 501,8 6,0

CLP 4178,1 842,4 5,0

ESP 11498,7 2440,8 4,7

CIP 95,0 197,0 0,5

Page 93: DESENVOLVIMENTO DE METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO … · Figura 8 - Fluxograma utilizado para preparar as soluções de trabalho dos agrotóxicos em estudo seguido da elaboração das

93

4.4.3 Precisão

Segundo a ANVISA, a precisão é definida como a estimativa da dispersão de

resultados entre ensaios independentes, repetidos de uma mesma amostra, amostras

semelhantes ou padrões, em condições definidas [56]. Existem diferentes formas de

avaliar este parâmetro: repetitividade, precisão intermediária e reprodutibilidade. O

critério utilizado para este trabalho foi a repetitividade que a ANVISA estabelece que

seja verificado a partir de, no mínimo, nove determinações em três níveis com três

replicatas cada um. Com resultados expressados em função dos desvios padrão relativos

(RSD) ou coeficientes de variação (CV), seguindo a fórmula [55,56]:

𝑅𝑆𝐷 (%)𝑜𝑢 𝐶𝑉 (%) = 𝑠

�̅� 𝑥 100

Na qual, 𝑠 corresponde ao desvio padrão e �̅� a média aritmética das

determinações. Entretanto, em métodos de análise de traços são aceitos CV de até 20%

dependendo da complexidade da matriz [55,56,62]. De acordo com a Tabela 15, a

maioria dos agrotóxicos, menos a cipermetrina em uma das concentrações tiveram

valores de coeficiente de variação menores do que 20%, mostrando que a metodologia

desenvolvida é precisa.

Page 94: DESENVOLVIMENTO DE METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO … · Figura 8 - Fluxograma utilizado para preparar as soluções de trabalho dos agrotóxicos em estudo seguido da elaboração das

94

Tabela 15 - Valores de desvio padrão e coeficiente de variação dos agrotóxicos estudados (n = 9).

Agrotóxico

Concentração

0,1 mg L-1

0,2 mg L-1

0,3 mg L-1

0,5 mg L-1

�̅� * 𝑠** CV *** �̅� 𝑠 CV �̅� 𝑠 CV �̅� 𝑠 CV

CTD 76,2 2,2 2,9 82,9 2,7 3,2 102,4 0,7 0,7 99,9 3,9 3,9

IMD 81,9 1,1 1,3 84,1 3,4 4,1 100,0 0,6 0,6 98,1 2,4 2,5

CBN 81,0 0,9 1,1 82,7 3,2 3,9 95,7 1,6 1,7 97,5 2,2 2,3

HLX 58,2 3,2 5,4 67,7 2,3 3,4 94,4 1,3 1,4 95,9 2,6 2,7

TDN 79,8 1,3 1,7 85,4 3,5 4,0 96,0 1,3 1,3 97,3 2,3 2,4

TDF 75,3 2,1 2,8 83,5 3,6 4,4 95,3 2,6 2,7 97,0 2,3 2,3

TBC 74,2 2,0 2,7 80,0 3,4 4,2 89,7 1,3 1,5 94,9 2,0 2,1

DIS 78,1 8,1 10,2 75,0 4,4 5,8 74,3 3,7 5,0 65,4 5,4 8,3

CLP 70,5 12,2 17,3 63,8 5,7 9,0 66,2 2,2 3,4 46,1 5,6 12,1

ESP 55,4 5,5 9,9 61,4 4,4 7,1 57,7 3,0 5,2 47,8 6,1 12,8

CIP - - - 60,5 7,5 12,4 65,0 9,9 17,1 37,1 11,8 24,7

*�̅� - média dos valores de recuperação; ** 𝑠 - desvio padrão; ***CV - coeficiente de variação.

Page 95: DESENVOLVIMENTO DE METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO … · Figura 8 - Fluxograma utilizado para preparar as soluções de trabalho dos agrotóxicos em estudo seguido da elaboração das

95

4.4.4 Exatidão

A exatidão corresponde à proximidade dos resultados obtidos pelo método em

estudo em relação ao valor verdadeiro, segundo a definição da Resolução nº899 da

ANVISA [61]. A exatidão se correlaciona com os valores de precisão, pois estes

delimitam os limites para o método ser considerado exato. Estabelecendo uma

quantidade mínima para a avaliação deste parâmetro semelhante à precisão, mínimo de

nove determinações. Com isso, existem processos que são mais utilizados para avaliar a

exatidão de um método analítico são: materiais de referência, comparação de métodos,

ensaios de recuperação e adição padrão [55,62].

Para o trabalho o processo de ensaios de recuperação foi o escolhido para dar

sequência a validação da metodologia. Para tanto, os resultados foram comparados à

faixa aceitável estabelecida por órgãos regulamentadores para a análise de resíduos de

agrotóxicos de 70,0 %-120,0% [57,63]. O que torna a metodologia exata para os

analitos Clotianidina, Imidacloprido, Carbofurano, Triadimenol, Triadimefom,

Tebuconazol e Dissulfotom, para as concentrações de 0,1, 0,2 e 0,3 mg L-1

, como a

Figura 42 e a Tabela 15 confirmam com os valores de recuperação e seus respectivos

desvios padrão.

Page 96: DESENVOLVIMENTO DE METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO … · Figura 8 - Fluxograma utilizado para preparar as soluções de trabalho dos agrotóxicos em estudo seguido da elaboração das

96

Figura 42 - Representação gráfica dos valores de recuperação dos agrotóxicos com seus respectivos desvios padrão presentes na Tabela 15 para

os quatro níveis de concentração avaliados.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

CBN CTD IMD DIS TDF TDN TBC CLP HLX ESP CIP

0,1 ug mL-1

0,2 ug mL-1

0,3 ug mL-1

0,5 ug mL-1

0,1 µg mL-1

0,2 µg mL-1

0,3 µg mL-1

0,5 µg mL-1

Page 97: DESENVOLVIMENTO DE METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO … · Figura 8 - Fluxograma utilizado para preparar as soluções de trabalho dos agrotóxicos em estudo seguido da elaboração das

97

4.4.5 Limite de Detecção e Quantificação

O limite de detecção (LD) representa a menor concentração que pode ser

detectada, mas não necessariamente quantificada, sob condições experimentais

estabelecidas. Como as análises dos brancos foram apresentadas como linha de base, as

seguintes fórmulas estimaram o valor de limite de detecção presentes na Tabela 16 [57].

𝑠𝑐𝑜𝑚 = √(𝑚−1)𝑠𝐴

2 +(𝑛−1)𝑠𝐵2

𝑚+ 𝑛−2 𝐿𝐷 =

2 𝑥 𝑡𝑛,95% 𝑥 𝑠𝑐𝑜𝑚

𝑆

onde m = o número de determinações do menor nível de fortificação; n = o

número de determinações do branco; 𝑠𝐴 = desvio-padrão da amostra do menor nível de

fortificação; 𝑠𝐵= desvio-padrão do branco; S = sensibilidade do aparelho e 𝑡𝑛,95% =

valor tabelado em função de n (número de análises).

Tabela 16 - Valores do limite de detecção dos agrotóxicos de trabalho.

Agrotóxico 𝒔𝒄𝒐𝒎 𝑳𝑫/ mg L-1

CTD 6,3 0,001

IMD 3,3 0,004

CBN 1,8 0,001

HLX 3,7 0,004

TDN 3,9 0,002

TDF 1,5 0,001

TBC 9,2 0,001

DIS 8,9 0,008

CLP 6,0 0,004

ESP 3,5 0,001

CIP 2,7 0,103

O limite de quantificação significa a menor concentração da substância em

análise que pode ser quantitativamente determinado com valores aceitáveis de precisão

e exatidão [57,62]. De acordo com os valores apresentados na Tabela 15, o limite de

Page 98: DESENVOLVIMENTO DE METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO … · Figura 8 - Fluxograma utilizado para preparar as soluções de trabalho dos agrotóxicos em estudo seguido da elaboração das

98

quantificação foi estabelecido como 0,1 mg L-1

para clotianidina, imidacloprido,

carbofurano, triadimefom, triadimenol, tebuconazol e dissulfotom.

Page 99: DESENVOLVIMENTO DE METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO … · Figura 8 - Fluxograma utilizado para preparar as soluções de trabalho dos agrotóxicos em estudo seguido da elaboração das

99

5. CONCLUSÃO

A metodologia proposta através da utilização das técnicas de extração em fase

sólida por sonicação e clean-up com extração líquido-liquido foi otimizada para o

sistema LC-MS/MS, mostrando-se apta para a finalidade do trabalho de avaliar os

resíduos dos agrotóxicos aplicados amplamente na cafeicultura. Com este sistema foi

possível atingir baixos níveis de concentração, com boa sensibilidade, em menor tempo

e melhor resolução quando comparadas com o sistema UPLC/DAD.

No entanto, os valores obtidos no processo de validação permitiu assegurar

dados confiáveis para sete dos onze agrotóxicos estudados, a clotianidina, o

imidacloprido, o carbofurano, o triadimefom, o triadimenol, o tebuconazol e o

dissulfotom, os quais apresentaram valores de exatidão (74,2% - 102,4%) e precisão

(0,6% - 10,2%) correspondendo à faixa aceitável para a análise de resíduos de

agrotóxicos que seria de 70,0-120,0% com CV ≤ 20,0%. Portanto a metodologia

desenvolvida para a avaliação dos agrotóxicos mostrou-se eficiente para a determinação

de agrotóxicos de diferentes grupos químicos.

6. PERSPECTIVAS DO TRABALHO

Avaliar cafés com diferentes graus de torrefação;

Inserir outros grupos químicos de agrotóxicos.

Aplicar a metodologia em café verde;

Comparar a quantidade de resíduos presentes no café verde e no torrado.

Page 100: DESENVOLVIMENTO DE METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO … · Figura 8 - Fluxograma utilizado para preparar as soluções de trabalho dos agrotóxicos em estudo seguido da elaboração das

100

REFERÊNCIAS

[1]. EXAME.COM. Pesquisa: Commodity Café do Brasil, 08 de Dezembro 2014.

Disponivel em: <http://exame.abril.com.br/economia/noticias/exportacao-de-cafe-

verde-cresce-15-2-diz-cecafe>. Acesso em: 10 de Dezembro de 2014.

[2]. PIZZUTTI, I. R. et al. A multi-residue method for pesticides analysis in green coffe

beans using gas chromatography-negative chemical ionization mass spectrometry

in selective ion monitoring mode. Journal of Chromatography A, 1251, 2012.

16-26.

[3]. YANG, X. et al. Simultaneous determination of 69 pesticides residues in coffee by

gas chromatography-mass spectrometry. Food Analytical Methods, 4, 2010. 186-

195.

[4]. ABIC. Pesquisa: Qualidade do Café. Disponivel em:

<http://www.abic.com.br/publique/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?sid=68>. Acesso

em: 10 de Dezembro de 2014.

[5]. RONCHI, C. P. Café Point, 2009. Disponivel em: <http://www.cafepoint.com.br/

noticias/mercado/a-origem-do-cafe-conilon-56271n.aspx>. Acesso em: 10 de

Dezembro de 2014.

[6]. HATZOLD, T. Introduction. In: CHU, Y.-F. Coffee: Emerging Health Effects and

Disease Prevention. 1ª. ed. Iowa: Wiley-Blackwell, 2012. Cap. 1, p. 1-20.

[7]. ORGANIZATION, I. C. Maps of World, 2011. Disponivel em:

<http://www.mapsofworld.com/world-maps/top-coffee-exporting-countries.html>.

Acesso em: 25 Janeiro 2015.

[8]. LIMA, D. R. ABIC. Pesquisa: Café e composição química: O café não é só

cafeína. Disponivel em: <http://www.abic.com.br/publique/cgi/cgilua.exe/sys/start.

htm?infoid=161&sid=81>. Acesso em: 11 de Dezembro de 2014.

[9]. MALTA, M. R. Composição química, produção e qualidade do café com diferentes

fontes e doses de nitrogênio. Ciência e Agrotecnologia, 27, 2003. 1246-1252.

[10]. SPILLER, M. A. The Chemical Components of Coffee. In: SPILLER, G. A.

Caffeine. Florida: CRC Press, 1998. Cap. 6.

[11]. CHÁVENA.COM. Pesquisa: O processo de torrefação do café. Disponivel em:

<http://chavena.com/artigos/processo-torrefacao-cafe>. Acesso em: 11 de

Page 101: DESENVOLVIMENTO DE METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO … · Figura 8 - Fluxograma utilizado para preparar as soluções de trabalho dos agrotóxicos em estudo seguido da elaboração das

101

Dezembro de 2014.

[12]. OSTERVELD, A.; VORAGEN, A. G. J.; SCHOLS, H. A. Effect of roasting on the

carbohydrate composition of Coffea arabica beans. Carbohydrate Polymers,

2003. 183-192.

[13]. RICE, R. A.; WARD, J. R. Coffee, Conservation, and Commerce in Western

Hemisphere. [S.l.]: SMBC, 1996.

[14]. NUNES, Â. M. L. Embrapa, 2005. Disponivel em: <http://sistemasdeproducao.

cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Cafe/CultivodoCafeRobustaRO/pragas.htm>.

Acesso em: 11 de Dezembro de 2014.

[15]. OESTREICH-JANZEN, S. Chemistry of coffee. In: MANDER, L. N.; LIU, H.-W.

Comprehensive natural products II: chemistry and biology. [S.l.]: Oxford:

Elsevier Science, v. 10, 2010. p. 1085-1113.

[16]. MELLO, C. M. D.; SILVA, L. F. Fatores associados a intoxicação por agrotóxicos:

estudo transversal com trabalhadores da cafeicultura no sul de Minas Gerais.

Epidemiologia e Serviços de Saúde, 22, 2013. 609-620.

[17]. TEIXEIRA, M. G.; SANTOS, F. F. D. Análise do uso de agrotóxicos na cultura de

café do município de Guaranésia, MG, e possíveis danos ecológicos, 2007. Anais

do VIII Congresso de Ecologia do Brasil.

[18]. MAPA. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Disponivel em:

<http://www.agricultura.gov.br/vegetal/mercado-interno/agrotoxicos>. Acesso em:

12 de Dezembro de 2014.

[19]. MMA. Pesquisa: Agrotóxico. Ministério do Meio Ambiente. Disponivel em:

<http://www.mma.gov.br/seguranca-quimica/agrotoxicos>. Acesso em: 10 de

Dezembro de 2014.

[20]. BRASIL. Lei nº 7.802. Casa Civil, 1989. Disponivel em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l7802.htm>.

[21]. FRAGOSO, D. B.; GUEDES, R. N. C.; LADEIRA, J. A. Selection in the evolution

of resistance to organophosphate in Leucoptera coffela (Guerin-Mènevillee)

(Lepidoptera: Lyonetiidae). Neotropical Entomology, 2003. 329-334.

[22]. VIEIRA, F. P. et al. Histórico da aplicação de inseticidas para controle de

pragas no alto paranaíba visando estudos de resistência de Leucoptera coffela

(Guérin-Mèneville) (Lepidoptera: Lyonetiidae). [S.l.]: [s.n.]. Agosto 2011.

Page 102: DESENVOLVIMENTO DE METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO … · Figura 8 - Fluxograma utilizado para preparar as soluções de trabalho dos agrotóxicos em estudo seguido da elaboração das

102

[23]. SOUZA, J. C. D.; SILVA, R. A.; REIS, P. R. CaféPoint, 2011. Disponivel em:

<http://www.cafepoint.com.br/radares-tecnicos/folha-procafe/brocadocafe-cafe-

requer-controle-racional-de-eficiente-69781n.aspx>. Acesso em: 15 de Dezembro

de 2014.

[24]. FERMAM, R. K. S.; ANTUNES, A. M. D. S. Uso de Defensívos Agrícolas,

Limites máximos de Resíduos e Impato no Comércio Internacional: Estudo de

Caso. Revista de Economia e Agronegócio, v. 7, p. 197-214, Setembro 2009.

[25]. ANVISA-1. Monografias de Agrotóxicos. Disponivel em: <http://portal.anvisa.

gov.br/wps/content/Anvisa+Portal/Anvisa/Inicio/Agrotoxicos+e+Toxicologia/Assu

ntos+de+Interesse/Monografias+de+Agrotoxicos/Monografias>. Acesso em: 21 de

Dezembro de 2014.

[26]. ICC. Limites Máximos de Resíduos. International Coffee Organization. [S.l.].

2013. 110-3, Rev.2.

[27]. ANVISA-2. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Disponivel em:

<http://portal.anvisa.gov.br/wps/content/Anvisa+Portal/Anvisa/Inicio/Agrotoxicos

+e+Toxicologia/Assuntos+de+Interesse/Monografias+de+Agrotoxicos>. Acesso

em: 05 de Janeiro de 2015. Monografias de Agrotóxicos.

[28]. AGROFIT. AGROFIT-Sistema de Agrotóxicos Fitossanitário. Acesso em: 05 de

Janeiro de 2015.

[29]. BOLAND, J. et al. Pesticidas: compostos, usos e perigos. Wageningen: Fundação

Agromisa, 2005. Agrodok 29.

[30]. REIS, E. M.; BRESOLIN, A. C. R. Fungicidas: aspectos gerais. Revista Plantio

Direto, n. 97, Fevereiro 2007. http://www.plantiodireto.com.br/?body=cont_int&

id=777.

[31]. FORNARI, E. OoCities. Disponivel em: <http://www.oocities.org/collegepark/

residence/1937/agrot2.html>. Acesso em: 05 de Janeiro de 2015.

[32]. MARTINS, J. G. et al. Extraction and clean-up methods for organochlorine

pesticides in milk. Chemosfere, 2013. 233-246.

[33]. SHARMA, D. et al. Analytical methods for estimation of organophousphorus

pesticides residues in fruits and vegetables: A review. Talanta, 2010. 1077-1089.

[34]. LAMBROPOULO, D. A.; ALBANIS, T. A. Methods of sample preparation for

determination of pesticide residues in food matrices by chromatography-mass

Page 103: DESENVOLVIMENTO DE METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO … · Figura 8 - Fluxograma utilizado para preparar as soluções de trabalho dos agrotóxicos em estudo seguido da elaboração das

103

spectrometry-based techniques: A review. Analitical and Bioanalitical

Chemistry, 2007. 1663-1683.

[35]. MUKHERJEE, I. Determination of Pesticide Residues in Honey Samples. Bulletin

of Environmental Contamination and Toxicology, 2009. 818-821.

[36]. HERCEGOVÁ, A. et al. Fast gas chromatography with solid phase extraction

clean-up for ultratrace analysis of pesticide residues in baby food. Journal

Chromatography A, 2005. 46-53.

[37]. BLASCO, C.; FONT, G.; PICÓ, Y. Analysis of pesticides in fruits by pressurized

liquid extraction and liquid chromatography-ion trap-triple stage mass

spectrometry. Journal of Chromatography A, 2005. 37-43.

[38]. DIAS, C. M. et al. Multi-residue method for the analysis of pesticides in Arabica

coffee using liquid chromatography/tandem mass spectrometry. Food Additives &

Contaminants: Part A, 2013. 1308-1315.

[39]. SALINAS-VARGAS, M. E.; CAÑIZARES-MACÍAS, M. P. On-line solid phase

extraction using a C18 minicolumn coupled to a flow injection system for

determination of caffeine in green and roasted coffee beans. Food Chemistry,

2014. 182-188.

[40]. PICÓ, Y. Ultrasound-assisted extraction for food and environmental samples.

Trends in Analytical Chemistry, 43, 2013. 84-99.

[41]. ALVES, A. B.; BRAGAGNOLO, N. Determinação simultânea de teobromina,

teofilina e cafeína em chás por cromatografia líquida de alta eficiência. Revista

Brasileira de Ciências Farmacêuticas, 2002. 237-243.

[42]. ALVES, S. T.; DIAS, R. C. E.; BENASSI, M. D. T. Metodologia para análise

simultânea de ácido nicotínico, trigonelina, ácido clorogênico e cafeína em café

torrado por cromatografia líquida de alta eficiência. Química Nova, 2006. 1164-

1168.

[43]. SOARES, C. M. D. et al. Development and validation of a matrix solid-phase

dispersion method to determinane acrylamide in coffee and coffee substitutes.

Journal of Food Science, 75, 2010. 57-63.

[44]. ZHAO, Y. et al. Tentative identification, quantitation and principal component

analysis of green pu-erh, and white teas using UPLC/DAD/MS. Food Chemistry,

2011. 1296-1277.

Page 104: DESENVOLVIMENTO DE METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO … · Figura 8 - Fluxograma utilizado para preparar as soluções de trabalho dos agrotóxicos em estudo seguido da elaboração das

104

[45]. CASTRO, M. D. L. D.; CAPOTE, F. P. Analytical Applications of Ultrasound. -

Techniques and Instrumentation in Analytical Chemistry. Amsterdam:

Elsevier, v. 26, 2007.

[46]. SEIDI, S.; YAMINI, Y. Analytical sonochemistry; developments, applications and

hyphenations of ultrasound in sample preparation and analitical techniques.

Central European Journal of Chemistry, 2012. 938-976.

[47]. NASCENTES, C. C. et al. Use os ultrasonic baths for analytical applications:a new

approach for otimisation conditions. Journal of the Brazilian Chemical Society,

2001. 57-63.

[48]. BONATO, P. S.; BRAGA, G. L.; COLLINS, C. H. In: COLLINS, C. H.;

GUIMARÃES, L. F. L. . J. I. Fundamentos de Cromatografia. São Paulo:

Unicamp, 2006. p. 273-397.

[49]. NAUSHAD, M.; KHAN, M. R. (Eds.). Ultra Performance Liquid

Chromatography: Evaluation and application in food analysis. [S.l.]: CRC Press,

2014.

[50]. LANÇAS, F. M. Cromatografia Líquida Moderna- HPLC/CLAE. 1ª. ed. São

Paulo: Atomo, 2009.

[51]. MEYER, V. R. Pratical High-Performance Liquid Chromatography. 5ª. ed.

[S.l.]: Wiley, 2010.

[52]. SNYDER, L. R.; KIRKLAND, J. J.; DOLAN, J. W. Introduction to modern

liquid chromatography. 3ª. ed. [S.l.]: Wiley, 2010.

[53]. TONHI, E. et al. Fases estacionárias para cromatografia de alta eficiência em fase

reversa (CLAE-FR) bseada em superfície de óxidos inorgânicos funcionalizados.

Química Nova, 25, 2002. 616-623.

[54]. SNYDER, L. R.; DOLAN, J. W. High-performance gradiente elution: the

practical application of the linear-solvent-strength model. New Jersey: Wiley,

2007.

[55]. RIBANI, M. et al. Validação em Métodos Cromatográficos e Eletroforéticos.

Química Nova, v. 27, p. 771-780, 2004.

[56]. BRASIL. Guia de validação e controle de qualidade analítica: fármacos em

produtos para alimentação e medicamentos veterinários. [S.l.]: [s.n.], 2011.

Page 105: DESENVOLVIMENTO DE METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO … · Figura 8 - Fluxograma utilizado para preparar as soluções de trabalho dos agrotóxicos em estudo seguido da elaboração das

105

[57]. BRITO, N. M. et al. Validação de métodos analíticos: estratégia e discussão.

Revista de Ecologia e Meio Ambiente, v. 13, p. 129-146, 2003.

[58]. REZAI, F.; HOSSEINI, M.-R. M. New method based on combining ultrasonic

assisted miniaturized matrix solid-phase dispersion and homogeneous liquid-liquid

extraction for the determination of some organochlorines pesticides in fish.

Analytica Chimica Acta, 2011. 274-279.

[59]. SUMMERS, M.; FOUNTAIN, K. J.; MCCABE, D. R. SeparationScience.

Disponivel em: <http://www.sepscience.com/Techniques/LC/Articles/867-/Rapid-

Ultra-High-Performance-Liquid-Chromatography-Method-Development-Through-

Proper-Column-Selection>. Acesso em: 16 de Janeiro de 2015.

[60]. WATERS. Disponivel em: <http://www.waters.com/webassets/cms/library/docs/

720003928en.pdf>. Acesso em: 15 de Janeiro de 2015.

[61]. ANVISA-3. Resolução RE nº 899, 2003. Disponivel em:

<http://portal.anvisa.gov.br/wps/wcm/connect/4983b0004745975da005f43fbc4c67

35/RE_899_2003_Determina+a+publica%C3%A7%C3%A3o+do+Guia+para+vali

da%C3%A7%C3%A3o+de+m%C3%A9todos+anal%C3%ADticos+e+bioanal%C

3%ADticos.pdf?MOD=AJPERES>. Acesso em: 15 de Janeiro de 2015.

[62]. CASSIANO, N. M. et al. Validação em Metodos Cromatográficos para Análise de

Pequenas Moléculas em Matrizes Biológicas. Química Nova, v. 32, p. 1021-1030,

2009.

[63]. ABREU, A. B. G. D.; MATTA, M. H. D. R. D.; MONTAGNER, É.

Desenvolvimento e Validação de Método de Análise de Glifosato em Grãos de

Soja. Química Nova, v. 31, p. 5-9, 2008.

[64]. BREIA, G. D. C. Aplicação dos Processos de Coagulação/ Floculação e

Adsorção em Carvão Ativo no Tratamento Primário dos Efluentes de

Indústrias de Defensivos Agrícolas. Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

[S.l.], p. 176. 2006. Dissertação de Mestrado submetida ao Programa de Pós-

graduação em Química do Instituto de Química da Universidade do Estado do Rio

de Janeiro.

[65]. EPA, 2003. Disponivel em: <http://www.epa.gov/pesticides/chem_search/reg_

actions/registration/fs_PC-044309_30-May-03.pdf>. Acesso em: 13 de Dezembro

de 2014.

Page 106: DESENVOLVIMENTO DE METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO … · Figura 8 - Fluxograma utilizado para preparar as soluções de trabalho dos agrotóxicos em estudo seguido da elaboração das

106

[66]. PUBCHEM. PubChem. Disponivel em: <http://pubchem.ncbi.nlm.nih.gov/

compound/2730#section=Top>. Acesso em: 13 de Dezembro de 2014.

[67]. FAO. Disponivel em: <http://www.fao.org/fileadmin/templates/agphome/

documents/Pests_Pesticides/JMPR/Evaluation95/haloxy.pdf>. Acesso em: 13 de

Dezembro de 2014.

[68]. GILBERT-LÓPEZ, B.; GARCÍA-REYES, J. F.; MOLINA-DÍAZ, A. Sample

treatment and determination of pesticides residues in fatty vegetables matrices: A

review. Talanta, 2009. 109-128.

[69]. MESQUITA, A. L. M. Ageitec- Embrapa. Disponivel em:

<http://www.agencia.cnptia.embrapa.br/gestor/caju/arvore/CONT000fyra9xch02w

x5ok0pvo4k37fj97ni.html>. Acesso em: 16 de Dezembro de 2014.