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Setembro de 2004 (http://tempoquepassa.blogspot.com/ 2004_09_01_tempoquepassa_archive.html) A má-educação desta ditadura da incompetência... (22 Set.) Ministerialismo sem vergonha O sindicato das citações mútuas Modas que passam de moda (23 Set) O profeta do a posteriori Contra o Estado-Ladrão As alimárias da sub-tecnocracia A persiganga Os bem-educados pela má educação Do Estado de Bem-Estar ao estado de mal-estar A direita que está, não é Há partidocracia, mas não há democracia liberal Deus, Inquisição, Razão O político usurpado pelo doméstico Pós-revolução e corrupção Ramalhando: 122 anos depois... Da teledemocracia à canalhocracia Rudolfo, a cunha e a compra Monsieur Alcagautes en Lisbonne Fortes p´rós ministros... A situação moral é muito má... Janelas com tabuinhas e ministros acusados de homossexualidade militante O fim do Portugal do senão, não... O construtivismo dos decretinos Viva a filosofia! Da rumsfeldização à auto- dissolução
maltez.infomaltez.info/Agendas/2006/Files de STQP Set 4 a Dez 5.doc · Web view( A má-educação desta ditadura da incompetência... (22 Set.) Ministerialismo sem vergonha
Setembro de 2004Ministerialismo sem vergonha
Modas que passam de moda (23 Set)
O profeta do a posteriori
Contra o Estado-Ladrão
Do Estado de Bem-Estar ao estado de mal-estar
A direita que está, não é
Há partidocracia, mas não há democracia liberal
Deus, Inquisição, Razão
Pós-revolução e corrupção
Monsieur Alcagautes en Lisbonne
Fortes p´rós ministros...
Janelas com tabuinhas e ministros acusados de homossexualidade
militante
O fim do Portugal do senão, não...
O construtivismo dos decretinos
A má-educação desta ditadura da incompetência...
Acabei de assistir à patética intervenção da senhora ministra da
educação que, coitada, tem de arcar com a pesada herança Se fosse
crente, apenas acenderia uma velinha ao santo da devoção dessa
estimável colega.
Ouvi, depois, que tudo era uma questão de Compta e passei os meus
olhos sobre o novo código penal francês, onde é punida a chamada
"pantouflage"...
A conduta daquele que, através do trabalho, da consulta ou da
participação no capital se liga a uma entidade que, antes, como
funcionário público ou agente do Estado, estava encarregado de
vigiar ou controlar...
Verifiquei, mais uma vez, que, em Portugal, o importante não é ser
ministro. É tê-lo sido.
E eis como os comunistas e bloquistas sorriem diante desta ofensiva
neo-liberal do "outsourcing".
Porque um qualquer burocrata verbeteiro vai agora ter que resolver
à mão, as ineficiências dos pretensos controladores da sociedade da
informação.
23.9.04
A direita que está, não é
Fim de tarde nas furnas da Ericeira, quando as ondas, cheirosas de
algas e espuma, vão batendo, suaves, nas pedras negras. Fim de
tarde, quando, depois da chuva, vamos sofrendo a solidão do tempo
que vai passando. E passando vou passeando em meu passado, enquanto
meu país me vai doendo.
Sempre a mágoa de não apetecerem os caminhos confusos dos falsos
grupos, das instituições que não obedecem às ideias de obra, com
regras de processo que ninguém cumpre e sem que manifestações de
comunhão permitam a solidariedade e a identidade.
Assim nossa direita que a esquerda proclama mandar no governo. Que
o governo está à direita, mas não é de direita, como não é de
esquerda, como não é do centro. Está. É stare. É sato. Status quo.
Ditadura do estado a que chegámos, ditadura da incompetência.
E os que estão à direita sofrem mais com a falta de autenticidade.
E os que sendo de direita são à oposição destes que estão à
direita, mais marginais se sentem.
Os partidos que usurparam a direita não passam de grupos de amigos
que se odeiam cordialmente e, pior do que isso, são objecto das
manigâncias dos velhos marechais da dita, sempre lestos a prestarem
menagem aos vencedores e sempfre disponíveis para perseguirem os
que se mantêm rebeldes face aos doces encantos da distribuição do
tacho.
posted by JAM | 9/23/2004 06:54:50 PM
Do Estado de Bem-Estar ao estado de mal-estar
In illo tempore, ainda quando o dito ainda era um velho Estado
Novo, o monstro, apesar de forte e despótico, não tinha penetrado
tanto nos domínios da educação e da saúde, como nos dias que
correm. Agora, com o abuso do intervencionismo, do
concentracionarismo e do centralismo, regressam naturalmente os
atavismos do Leviathan.
Pedro Santana Lopes que se cuide. Se perder totalmente o norte na
zona das políticas públicas da educação e da saúde, toda a nau da
governança começará a meter água e a viagem para a terra prometida
não se realizará. A guerra dos cartões, o delírio da colocação dos
professores e outras engasgadelas demonstram bem o modelo a que
estamos sujeitos.
Vivemos em plena ditadura da incompetência e no absurdo
concentracionário de um centralismo. E tudo vai sendo gerido pelo
ministro aposentado xis-pê-tê-ó, conversando com o aposentadíssimo
colega ó-pê-tê-xis, com um que diz que é social-democrata, por
causa dos tractores, e outro que diz que é democrata-cristão, por
causa das celestes que nomeia.
Portugal que resta não aguenta mais a desvergonha deste spoil
system do rapó-tacho. Os cargos e recargas com que vão presenteando
as respectivas clientelas são sustentados pelo suor dos milhões de
cidadãos. O dique controleiro da teledemocracia com que aguentam a
revolta dos justos pode ter inesperadas fissuras e quando todos
formos inundados pela verdade, entraremos no habitual descontrolo
dos que têm sede de justiça.
posted by JAM | 9/23/2004 04:41:56 PM
Os bem-educados pela má educação
A nossa expressão bem-educado, mais ou menos equivalente à
imperialista noção de civilizado, implica sempre a existência de um
outro que colocamos na categoria do bárbaro que vive em selvajaria,
de alguém que precisa de ser colonizado, apagando-lhe as
respectivas memórias identitárias, através de um processo de
lavagem ao cérebro e obrigando-o a constantes exercícios de
pavloviano mimetismo.
Aqui e agora os chamados bem-educados foram quase todos
mal-educados por gente dita fina de colégios ricos, entre o
elitismo congreganista e o elitismo anticongreganista. E continuam
a traduzir essa perspectiva imperialista, através do confronto
entre os urbanos e os rurais, onde os superiores chamam aos
inferiores saloios e parolos.
A dialéctica, contudo, não se reduz ao combate entre a capital e a
província, dado que se difundiu por todo o território, outrora dito
nacional, através de um confronto mental entre sucessivos centros e
as respectivas periferias.
E tudo se agravou depois de 1974, porque o que era violentamente
frontal se volveu em hipocrisia, com gente da casta devorista a
penetrar em partidos de esquerda, mui revolucionários, a fim de
obterem os conseguidos certificados de boa adesão às massas
populares, para poderem continuar a garantir o parasitismo, através
da política de imagem, apesar dos pés no lodo.
posted by JAM | 9/23/2004 03:47:11 PM
A persiganga
Odeio sentir que posso cair na tentação de odiar. Especialmente
quando há gentes desvairadas que sitiam o que represento e que
pensam poder deter a corrente de ideias que procuro servir,
removendo-me como um obstáculo. E sinto que as tenazes da
persiganga me vão tentando enclausurar.
Sei dos muitos homens pequeninos que contra o que penso usam de
seus despóticos trejeitos. Esses que continuam a mandar por causa
da cobardia dos que preferem a pretensa comodidade da servidão aos
incómodos e aos riscos da revolta individual.
Sei dos muitos invertebrados que se diluem na massa moluscular
donde auferem os rendimentos. Esses que preferem os sucessivos
empates técnicos que marcam este apodrecido situacionismo.
E neste pobre Portugalório que usurpa o nome de Portugal, séculos
de inquisição foram a causa desta sucessão de pombalismos,
caceteirismos, devorismos, cabralismos, fontismos e afonsismos, até
atingirmos o negrume salazarento, com as consequentes
pós-revoluções de um antifascismo hipócrita, simbolizado em
patriarcas e marechais, de esquerda e de direita, com os seus
amiguinhos, cumplicidades, jagunços e pandilhas.
Os vícios inquisitoriais, pombalistas e da viradeira manifestam-se
logo em 5 de Dezembro de 1823 quando é criada na universidade de
Coimbra uma junta expurgatória (entre os seis elementos da mesma,
Frei Fortunanto de São Boaventura) que propõe a expulsão de catorze
docentes (um deles é Manuel António Coelho da Rocha) e de trinta e
sete alunos. Estávamos num tempo contraditório, posterior à derrota
dos apostólicos na Vilafrancada, mas quando se procedia à revogação
da efémera ordem vintista, sob um governo moderado, liderado por
Palmela e Subserra. Viviam-se os choques das perseguições aos
maçons, intensas no mês de Julho, mas começando a atenuar-se em
Agosto, até porque dois dos principais governantes são irmãos. O
pretexto para a perseguição foi a Carta de Lei de 20 de Junho de
1823 que suprimia as sociedades secretas e proibia a adesão de
funcionários à s associações em causa para o futuro, deixando
imunes as adesões passadas. Aliás, a polícia apenas expulsou
formalmente duas pessoas do país, embora tenha deportado trinta
para fora de Lisboa. O processo ainda vive as contradições do
perído e por decreto de 5 de Junho de 1824, durante o governo
dominado por Lacerda e Barros, também dois irmãos, estabelece-se
uma amnistia que identa de perseguição todos quantos tivessem
pertencido a sociedades secretas.
Logo em 1828, nos primeiros tempos do governo de D. Miguel, são
expulsos oito lentes da Universidade de Coimbra, tidos como maçons:
Joaquim António de Aguiar; António Camelo Fortes de Pina; António
Nunes de Carvalho (todos da faculdade de leis); Manuel Joaquim
Cardoso Castelo Branco (da faculdade de cânones); Caetano Rodrigues
de Macedo (filosofia); Joaquim Maria de Andrade e Tomás de Aquino
(os dois de matemática).
zzzzzzz
Em 15 de Julho de 1834 eram demitidos inúmeros doutores em direito:
Alexandre Dias Pessoa, Bernardo José de Carvalho, António Caetano
de Sousa Faria Lobo Girão, Miguel Gomes Soares, Cândido Rodrigues
Alves de Figueiredo e Lima, José Pedro Moniz de Figueiredo, António
Vasconcelos e Sousa, José Maria de Lima e Lemos, José Lopes Galvão,
Joaquim José Pais da Silva, José Feliciano da Fonseca Teixeira,
Francisco Lebre de Vasconcelos, Joaquim Maria Taborda Falcão
Tavares.
Por decreto do dia anterior nomeiam-se Basílio Alberto de Sousa
Pinto, Manuel António Coelho da Rocha, José Machado de Abreu,
Francisco Maria Tavares de Carvalho, Frederico de Azevedo Faro
Noronha e Meneses, António Nunes de Carvalho.
Os pedristas demitem os miguelistas, tal como antes os apostólicos
haviam demitido os liberais. Os primeiros serão para sempre
condenados ao silêncio. Dos segundos já reza a história. Mas a
cultura e a universidade portuguesas minguavam.
Mas novas vagas de saneamentos de universitários ocorre com o
salazarismo em 1947 com a aposentação compulsiva de quinze
professores, entre os quais Mário Silva, Francisco Pulido Valente,
Francisco da Fonseca, Remy Freire (ISCEF), e oito assitentes, entre
os quais Andrée Crabée Rocha, Luís Dias Amado e Orlando Morbey
Rodrigues, para não falarmos noutros processos que afectaram certas
escolas de regime, mobilizadas para a conquista do poder de um
qualquer dos seus inspiradores. E tudo se repetiria com o tempo do
processo revolucionário em curso de 1974-1975, restando saber, com
precisão, qual a presente forma de continuação dos saneamentos por
outros meios, onde saneados e saneadores, num conúbio de
oportunismo situacionista, tentam vingar-se do tempo perdido em
tolerâncias.
posted by JAM | 9/23/2004 01:41:08 PM
As alimárias da sub-tecnocracia
Que tipo de orgulho criativo levará para a tumulação alguns dos
nossos ministros e ex-ministros marcados pelo burocratismo
amarelado?
Porque essas alimárias da sub-tecnocracia apenas servem como
trampolim para o acesso ao poder de muitos perdulários e
bandoleiros, apesar de pintalgarem o quadro com caras de
honestidade e sorrisos dinâmicos, para gáudio dos patriarcas e
padrinhos que vão manejando os cordelinhos.
posted by JAM | 9/23/2004 01:38:41 PM
Contra o Estado-Ladrão
Há por aí um sub-Bloco Central de interesses mais imorais do que
ilegais, onde todos se vão perpetuando em roubalheiras,
clientelismos e favoritismos que permitiram a presente pouca
vergonha expressa pela fina-flor desse entulho a que dão o nome de
"jet set" que nos continua a amarrar em indignidade.
Por isso me sinto cada vez mais um campónio que sente as garras do
Estado-Ladrão. Estou, definitivamente, do outro lado da barricada e
como a Maria da Fonte sinto a tentação de lançar fogo às bilhetas.
É que esta nossa última pós-revolução, porque não sabe ou não quer
combater a evasão fiscal, acaba por pactuar com toda essa fauna das
economias místicas, das isenções e das amnistias, fazendo com que a
palavra portuguesa mais próxima do conceito de injustiça volte a
chamar-se imposto.
Assim, como qualquer rural oprimido por fidalgotes e mercadores de
grosso trato, quando recebo o papel amarfanhado da direcção-geral
dirigida por um quadro do BCP, no ministério dirigido por um também
quadro do BCP, aliás aposentado e dado à espiritualidade escrivá,
ponho-me logo em campo a caminho de uma caixa multibanco, para
pagar e me livrar da coisa. Porque quando pago, já posso
denunciá-los e voltar a ser um homem livre.
Assim, vou odiando este Estado-Aparelho com todas as forças
emotivas da alma e, neste sentido, me sinto um anarquista místico,
saudoso da verdadeira ordem e alguém que tem de ser nacionalista
contra o estadualismo, sonhando que a nação pode um dia assumir-se
comunitariamente como povo e lancetar o vértice dos aparelhismos,
neste momento representado pelo ministerialismo e pela
partidocracia do PSD e do PP.
posted by JAM | 9/23/2004 01:13:14 PM
O profeta do a posteriori
.
O supremo vencedor é o que tem a ilusão de estar sempre com o lado
certo da história só porque nomeia como linha justa o prognóstico
que faz depois do fim do jogo. Ei-lo, o profeta a posteriori, o que
não cultiva o sentido do risco, o que teme a vertigem da incerteza,
temendo a derrota.
Ei-lo o educador do calculismo, o que nunca se engana e que
raramente erra. Ei-lo especialista na gestão dos silêncios, apenas
exagerando no elogio fácil do salamaleque de salão.
Entre a bernadização e o teofilismo, não passa de baço espelho de
astrais iluminações alheias. Magro em reflexões próprias, apenas
engorda a obra com alienígenas citações.
Mas conseguiu vencer entre os pobres de espírito, porque em terra
de burros quem tem coice é cavalo garboso.
posted by JAM | 9/23/2004 03:30:51 AM
Modas que passam de moda
Muitos pensam que o tempo é o tempo que eles pensam que controlam,
só porque mandam no mundo do agenda setting, só porque são moda que
passa de moda.
E faltam os necessários homens livres.
Não serei de direita se tiver de reconhecer como símbolos da
direita um tal John Marx que o ministro Alacagaitas fez director
intelectual da repartição de pesos e batatas, um tal Pierre Socócó
que se diz dono da vanguarda só porque dialoga com o William Pita e
Pata no mundo dos blogues, ou um tal Peter MacTable que se pensa o
novo super-Camões dos começos deste milénio lusitano.
Este país continua a ser este país sempre que vive na tristeza do
seu quintal burguês, sempre que vive nesta fria clausura de uma
classe de pretensos intelectuais que querem a sinecura e a
prebenda, venha do Estado ou da empresa que gere a "pay list" dos
donos do mundo.
Onde antigamente havia propaganda, há agora assessores de imagem e
agenciadores de subsídios, neste ambiente de permanecente
devorismo, nesta estúpida falta de autenticidade que nos continua a
esfacelar.
posted by JAM | 9/23/2004 03:08:13 AM
O sindicato das citações mútuas
A primeira regra a seguirmos para termos êxito social, ascensão
política e capacidade de vencermos na história continua a ser
percebermos esta eterna contradição entre os notáveis intelectuais
do curto prazo, medidos pelo critério de notabilidade do chamado
interesse jornalístico...
Que neste manda e impera o princípio fundador do sindicato das
citações mútuas, esse novo modelo de inquisição que nos continua a
acabrunhar...
Ainda hoje podemos dizer, como Álvaro Ribeiro, que quem não escreve
"em papel pautado por qualquer ortodoxia", quem não está "inscrito
numa congregação de elogio-mútuo", quem está disposto a lutar
contra "a sindicalização do trabalho intelectual" que "ameaça o
pensamento livre" pela "recíproca defesa das mediocridades e pela
agressividade da inveja" que se manifesta "pela humilhação", corre
o risco de nem sequer poder comunicar com outros que gostariam de
fugir dos pretensos canalizadores da opinião crítica e da opinião
pública.
posted by JAM | 9/23/2004 02:54:23 AM
Ministerialismo sem vergonha / / . / / Contra este ministerialismo
em que se continua a enredar o despotismo esclarecido, há também a
eterna frustração dos que estão sempre no contra e que nem sequer
podem ter o saudosismo dos anteriores homens do reviralho... / / A
insubmissão transformou-se na prebenda de uma qualquer ordem da
liberdade, num Mercedes preto, numa secretária de carne e osso, num
gabinete de pau preto, com promessa de reforma dourada, nesse
engodo para papalvos dito oficialismo... / / E tudo se volveu no
texto obrigatório dos novos livros únicos, com que se fingem
perpetuar todos os situacionismos. / / Até transformámos Sérgio
numa efígie ornando notas de banco, antes de com o seu nome
baptizarmos burocráticas instituições. / / / / << Home / / /
/ / / / / / / / Sempre esta lei do Portugal Contemporâneo que
pretende cristalizar a rebeldia, fazendo-a nutrida citação para um
qualquer artigo de um qualquer propagandista intelectual do regime,
ex-ministro, ex-deputado, ex- esperança da memória de futuro. / /
posted by JAM | 9/23/2004 02:41:42 AM /
24.9.04
O político usurpado pelo doméstico
A governação enreda-se nas teias do doméstico, com tecnocratas da
finança e da economia a ditatorializarem os ministérios, fazendo
regressar o Estado ao regime da administração das casas privadas,
nesse vício tipicamente salazarista que nos faz voltar às boas
intenções do despotismo, de que o inferno da história está
cheio.
E o Portugal que resta é, definitivamente, um regime de anarquia
bem organizada por neo-feudalismos, por falta de autenticidade e
pelo apagamento deliberado de memórias. Por outras palavras, o zé
povinho continua a ter que pagar impostos, enquanto os que partem e
repartem o bolo tirado aos que trabalham vão ralhando sem razão,
não apresentam as contas dos respectivos partidos e ocultam os
financiamentos que os podem comprometer com os “lóbis que não
uivam”.
Abundam, com efeito, muitos invertebrados, situados entre o
batráquio que coaxa e o cefalópode que lança nuvens de tinta negra,
os quais, em tempos de crise, tratam de acolher-se à sombra de
grupos com imagem moral forte, a fim de garantirem formais
certificados de bom comportamento cívico e excelente acesso à mesa
porca do orçamento, mesmo que chamem polvo a quem os nomeia.
O despudor dos agentes políticos, que se consideram superiores às
instituições que dizem servir, só atinge os actuais níveis de
decadência, porque tanto não é possível um golpe de Estado, à
maneira do 5 de Outubro, do 28 de Maio ou do 25 de Abril, como uma
subversão comunista, com guerra fria, KGB e cunhalismo.
Os potenciais golpistas, dos militares revoltados aos comunistas
activíssimos, apenas conspiram com anedotas porcas e “nicknames”
nos comentários “on-line” dos semanários políticos, enfrentando a
fúria defensiva dos jotas do Caldas, mobilizados para a salvaguarda
do chefe.
A corrupção não vem apenas de cima para baixo, mas, sobretudo, de
baixo para cima. Ela nasce dos patos bravos, da federação dos
pequenos e médios compradores do poder autárquico que encheram os
partidos com “apparatchikini” sem qualidade, transformados em
traficantes de influências.
Golpe de Estado, em sentido clássico, tem como paradigma o que foi
levado a cabo por Luís Napoleão em 1851, quando, depois de eleito
presidente da II República Francesa se proclamou como Imperador.
Isto é, mudaram-se os titulares do poder, mas dentro dos mesmos
quadros de legitimidade, ao contrário do que acontece numa
revolução quando se muda a legitimidade estabelecida.
Em sentido estrito, golpe de Estado é o ataque directo aos
detentores do poder, conduzido pelos chefes das forças armadas. Com
efeito, sob tal nome, abarcam-se outras movimentações como os
pronunciamentos (intervenção de oficiais de carreira e de unidades,
ou fracções de unidades regulares, que pretendem substituir um
governo ou um regime, pela violência ou pela ameaça de violência,
podendo também ser levados a cabo por milícias, com a passividade
das forças armadas regulares), os levantamentos (um pronunciamento
que depende da colaboração de guerrilhas ou de corpos de
milicianos, bem como do apoio de populares, utilizando a violência
à partida), a insubordinação colectiva de oficiais, os motins
(desobediência colectiva de praças ou oficiais de patente inferior
de uma dada unidade militar, com propósitos políticos ou
simplesmente sócio-profissionais).
Diverso é o conceito de rebelião, do lat. rebellione, recomeço das
hostilidades, de rebellis, de re+bellum, aquele que recomeça ou
retoma uma guerra. Através do cast. rebelde.
Diz-se hoje da acção de resistência violenta a uma autoridade.
Próximo do conceitos de revolta, sedição e insurreição. A rebelião
é sempre uma oposição violenta, tem de mobilizar um conjunto
significativo de pessoas e entra em confronto com uma autoridade
legitimamente estabelecida. Alguns apontam que a rebelião se
distingue da revolução, porque nesta se visa substituição dos
governantes por membros de outra classe, enquanto a rebelião se
joga dentro do mesmo grupo situacionista.
<< Home
Deus, Inquisição, Razão
Em nome de Deus nos deram a Santa Inquisição. Em nome da Santa
Razão nos deram a Junta da Providência Literarária e a Dedução
Cronológico-Analítica. Absolutismos de sinal contrário, bem
expressos pela topografia de Lisboa que colocou o Marquês de Pombal
como cúpula tutelar da chamada Avenida da Liberdade.
Este acaso de uma liberdade feita à imagem e semelhança de um
déspota esclarecido não é simples coincidência. O esclarecimento
põe as tais luzes dos fins que se pretendem positivar na cidade no
plano superior aos meios.
Daí o paradoxo: queremos fazer reinar a tolerância com muitos
chicotes de intolerância; queremos fazer perdurar a razão através
da anti-razão. Sempre carradas de apelos a pretensas éticas da
responsabilidade contra as humaníssimas éticas da convicção. Que
venha o Diabo e escolha. Que venha Santana Lopes e nos governe. Que
venha Paulo Portas e nos defenda.
posted by JAM | 9/24/2004 11:04:59 AM
Há partidocracia, mas não há democracia liberal
Aqui e agora, há partidocracia, mas não há democracia liberal.
Porque um bom sistema liberal é aquele onde a evasão fiscal é
altamente reprimida e onde os infractores temem efectivamente
avisita do inspector do IRS.
Aqui o chamado sistema fiscal é música celestial que a demagogia
politiqueira vai entoando... Logo, quando a chamada direita dos
interesses decide proclamar guerra aos ricos a coisa cheira a
esturro....
posted by JAM | 9/24/2004 01:14:55 AM
26.9.04
Da teledemocracia à canalhocracia
A recente vitória esmagadora de José Sócrates, faz-me recordar que
quem quiser ser político está dependente dos principais donos do
poder na comunicação social portuguesa, principalmente dos que,
comandando as televisões, podem controlar decisivamente a opinião
pública e orientar a luta política, ao escolherem os comentadores
que hão-de interpretar aquilo que os mesmos decretam como a direita
e a esquerda da democracia.
Quase se estabelece uma espécie de condomínio entre donos da
comunicação, de viscondessas origens, e a nascente burguesia dos
novos ricos da província, a quem é deixado o controlo dos clubes de
futebol e do dirigismo federativo, duas das principais redes, em
torno das quais se feudalizam os novos dirigentes políticos, onde
se recrutam governantes e deputados.
Desta mistura, manipulada pela tríade da imagem, sondagem e
sacanagem, para utilizar palavras de Manuel Alegre, resulta o
status quo daquilo que o rei D. Carlos definia como o tal país de
bananas governado por s.... Daí que a democracia corra o risco de
volver-se em mera canalhocracia, para citar outra figura real, da
casa de Bragança, neste caso D. Pedro V.
Como dizia uma recente directora de jornal na televisão:
coitados...andam tantos anos na oposição que, depois, quando chegam
ao poder, merecem a recompensa....
posted by JAM | 9/26/2004 11:06:05 PM
Ramalhando: 122 anos depois...
O Estado não é mais que uma grande ficção através da qual toda a
gente se esforça por viver à custa de toda a gente
(Ramalho Ortigão, em 1882, parafraseando Bastiat)
Um governante não é mais que o resto anacrónico de uma velha
liturgia hoje extinta...um velho monstro paleontológico,
desenterrado das florestas carboníferas e reposto, com palha
dentro, no meio do espanto da flora e da fauna do mundo
moderno
(Ramalho Ortigão, em 1882)
Os bancos são os lugares de perdição em que os países pobres e
ambiciosos se arruínam trocando a sua pequena riqueza real por uma
maior riqueza contingente e fictícia, abdicando o trabalho e
criando o jogo, dando dinheiro e recebendo papéis
(Ramalho Ortigão)
A instrução de um povo não pode ser aquilatada pelo número dos
bacharéis formados que as ordens religiosas ou os institutos
oficiais derramam em cada ano sobre a massa da população, para o
fim de a explorarem pela chicana jurídica ou de a embaírem pelo
palavrão dogmático ou metafísico
(Ramalho Ortigão em 1882)
Pós-revolução e corrupção
Uma sociedade pós-revolucionária é ao mesmo tempo desorganizada e
corrupta. O partido que, sendo corrupto, for melhor capaz de
organizar a desorganização, e melhor organizar a anarquia,
prevalecerá
(Fernando Pessoa)
Os partidos políticos, em determinado país e determinada época têm
todos virtualmente o mesmo grau, pouco ou muito, de corrupção... Os
partidos de governo – isto é, os partidos que frequentemente
governam, e por isso, em geral, os maiores – agregam mais
videirinhos e mais interesseiros, pela simples razão de que os
videirinhos e os interesseiros buscam naturalmente os partidos que
os podem empregar e recompensar, e esses são, naturalmente, os
partidos que governam, ou frequentemente governam, e não os que
nunca vão ao poder
(Fernando Pessoa)
27.9.04
Fortes p´rós ministros...
Até há pouco, a politologia contemporânea dizia que o spoil system,
o sistema dos troféus, correspondia ao sistema norte-americano de
nomeação de novas equipas, depois da eleição de um presidente.
Dizia-se também que o modelo fora instituído por Andrew Jackson no
primeiro quartel do século XIX.
E Max Weber definia-o como a atribuição de todos os postos da
administração federal ao séquito do candidato presidencial
vitorioso e que, a partir de então, surgiu um novo modelo de
partido, entendido como simples organização de caçadores de cargos,
sem convicção alguma.
Com António Guterres, o spoil system passou a ser traduzido em
português por jobs for the boys, antes de Durão Barroso o volver em
boys for the jobs. Terá sido com base nesta experiência que Bailey
considerou a política como um jogo onde os competidores actuam numa
arena visando a conquista de troféus.
O que levou ao aparecimento, no modelo norte-americano, do boss, do
empresário político capitalista que procura votos em benefício
próprio, sem ter uma doutrina e sem professar qualquer espécie de
princípios. Um político profissional típico que trata de atacar os
outsiders que lhe podem ameaçar os futuros rendimentos, isto é o
futuro poder.
Com a gestão de Pedro Santana Lopes e Paulo Portas, deu-se uma
necessária revisão politológica e, depois de passarmos a ter cardos
e cardonas no banco do Estado, chegou agora a vontade de todos os
ministros terem um adequado forte no fim-de-semana.
Somos totalmente favoráveis à boa intenção manifestada, começando
evidentemente pelos que estão ao serviço das nossas forças armadas.
Sugerimos que tão patriótico desiderato seja acompanhado por uma
ampla distribuição de cadeiras de realizador, modelo 1968, dado que
não é possível transformar os ditos fortes em jangadas de
pedra...
posted by JAM | 9/27/2004 01:38:09 PM
Monsieur Alcagautes en Lisbonne
Passou ontem por Lisboa o renomado escritor, filósofo, pensador,
predador e milionário Monsieur Alcagautes (leia-se g-ô-t-e-s). E
Lisboa pensou. Bárbara Guimarães entrevistou-o, segundo guião.
Maria Jota Avillez radiografou-o, sem guiador. A revista do
Expresso psicanalisou-o, sem sofá. E Lisboa pensou, no auditório da
FNAC. Lisboa só pensa quando Alcagautes cá vem dar uma volta pelo
Pirigaitas. Não que a cabeça de Alcagautes não pense. Quem não
pensa são os que dizem que só Mário Soares é que pode dizer quem
pensa em Lisboa, na Europa, no mundo, no cosmos. Antes de
Alcagautes ser moda, Gautes Alca era moda. Hoje Gautes Alca morreu
e Alcagautes está vivo.
Lisboa, um quarto de hora antes de morrer já está morta. Vale-nos
Mário Soares e a sua Fundação para a Restauração Racionalista. E os
amigos todos da dita cuja, à espera dos restos que sobrem de
Monjardino e Stanley Ho. E de quem vai gerir o novo Casino da
Expô.
Robespierre, ao menos, inventou a guilhotina. E o Terror. O Estado
Terrorista. O Terrorismo da Razão. E saneou as ideias em França,
com isso da Vendeia.
Alcagautes é filho do Maximilien. E de uma concièrge Máriá, natural
de Alcagaitas, nome de uma aldeola, lá prós lados da Lourinhã.
Gaita p'rós gaijôs! Viva a alibábá democráciá!
posted by JAM | 9/27/2004 09:09:18 AM
Rudolfo, a cunha e a compra
Um tal Rudolfo, pato bravo bem relacionado, tratou de meter cunha
bem explícita, junto de um tal Adolfo, ilustre membro da direcção
de um dos partidos governamentais. Acontece que o tal Rudolfo se
enganou no número do destinatário e o texto acabou escarrapachado
na redacção de um jornal. O Rudolfo nunca devia ter escrevinhado,
que essas coisas fazem-se de voz a ouvido, até para evitar as
escutas. E as comissões devem ser em metálico, à maneira clássica,
isto é, pelas coisas que os ourives fazem ou, mais solidamente, com
pedras, tijolos e cimentos. Nunca em cheque ou transferência
bancária que deixe rasto. Além disso, o político em compra deve ter
carreira profissional liberal ou neo-liberal, isto é, com pretextos
para branqueamento lícito de súbitos afluxos de rendimento.
Corrupção como deve ser só através de uma fecundação de dois
elementos da classe dos activos, isto é, daqueles que não ganham
através de outrem, mas sempre sem livro de registo de entradas e
saídas...
posted by JAM | 9/27/2004 08:56:22 AM
29.9.04
Da rumsfeldização à auto-dissolução
A bushodependência, se levou Barroso à presidência da comissão da
UE, ainda não nos deu as prometidas contrapartidas financeiras e
tecnológicas que poderiam lobrigar-se na Carlyle ou na renovação
das oficinas de material aeronáutico de Alverca. Por enquanto,
apenas se nota a elevação ao mais alto cargo do delgado paginador
do regime, a fernandesização mental e muitas cenas de ciúmes do
patriarca Mário, dado que os "favorites" parecem agora ser outros,
apesar de Rumsfeld ser o mesmo.
Mas desenganem-se os que pensam que haverá nova era com o eventual
acesso à casa branca de Kery com molho de Heinz. A alteração
radical das circunstâncias que propiciem a boa-educação da
necessária vontade de independência nacional só acontecerá quando
as chamadas elites não nos transformarem em ilotas.
Se estas ditas elites continuarem a repetir o capitulacionismo que
marcou a classe política monárquica diante do Ultimatum, não haverá
novo grito de "A Portuguesa". Logo, a política de educação
continuará a enredar-se nas desavenças de novos Justinos, de novos
Abílios e de novas Comptas. E a nossa sociedade dita
hiper-informada só topará o desastre depois do factos consumados.
Quem pensa baixinho não vê um boi à frente dos olhos.
Se continuar esta ditadura da incompetência, poderá acontecer que a
nossa criatividade constitucional resolva o problema do presidente
Sampaio, dado que tudo aponta para a emergência de uma
auto-dissolução do sistema.
posted by JAM | 9/29/2004 10:31:51 PM
Viva a filosofia!
Quando se vai assitindo impassivelmente à destruição das nossas
escolas superiores públicas de filosofia, história e literatura, só
porque alguns as reduziram a meras fábricas de professores, há que
temer. E dizer não a um mais amplo processo de terceiro-mundização
do nosso lugar no mundo.
Poderemos transformar-nos em mais uma das repartições de
reparadores de "hardware" e em meros repetidores e pirateadores de
"software" alheio, perdendo a capacidade de criação de um
pensamento enraizado no nosso tempo, no nosso espaço, no chão moral
da nossa história e no sentido dos que querem continuar a ter
saudades de futuro.
Se a universidade portuguesa se transformafr numa grande federação
de centros de mera formação profissional, teremos notáveis
papagaios que apenas monitorizam manuais de programação de outras
ecologias. E mesmo que os ditos papagaios sejam doutores de
exportação, o mais certo é que nem sequer propiciem as tais saídas
profissionais.
posted by JAM | 9/29/2004 10:22:15 PM
O construtivismo dos decretinos
Certas engenheirais epistemologias podem continuar a pensar
baixinho, supondo que as ciências humanas e as ciências sociais não
passam de execráveis, obscurantistas e tolas ciências ocultas. E lá
pensam que conseguem captar o sentido da coisa, apenas porque
conseguem elevar à categoria conselheiral os pseudo-manitus que
julgam deter o monopólio das áreas científicas onde não produzem há
décadas. Pena que tais engenheirais notáveis do decretino continuem
a ir além da respectiva chinela. Correm o risco de terem entrada na
história do nosso pensamento como quem destruiu a pluralidade de
paradigmas.
O proibicionismo caceteiro e a persiganga, só porque assentam nos
donos do subsidiável e do inspeccionável e que nem sequer têm que
registar interesses e acumulações, podem continuar a inspirar
muitas transpirações serôdias, inumeráveis côrtes de salamaleques,
lisonjas e engraxamentos, mas acabam por contribuir para o nosso
fenecer sem honra nem humildade.
O decretino e o mediático podem ter, no curto prazo, a razão da
eficácia, mas nem por isso se livram de poderem ser um clamoroso
erro no médio prazo e até uma estupidez destrutiva no longo
prazo.
De boas intenções está o inferno do pseudo-reformismo cheio
Não há meio de compreenderem que a história, mais do que o produto
da intenção de certos homens que dizem deter o monopólio das boas
intenções, é, sobretudo, o produto da acção dos homens livres. A
história é sempre uma co-criação de homens livres e raramente é
detida pelo caixilho teórico dos que apenas pensam que
pensam.
posted by JAM | 9/29/2004 10:07:17 PM
O fim do Portugal do senão, não...
Cantam-se loas às glórias governativas e ninguém pode dizer o
contrário. O Portugal legítimo do "senão, não" foi substituído por
um Portugal artificial, espécie de títere, de que o Governo puxa os
cordelinhos. Vela a Polícia e o lápis da censura. Incapacitados uns
por esse regime de proibições, entretidos outros com a digestão que
não lhes deixa atender ao que se passa, e jaz a Pátria portuguesa
em estado de catalepsia colectiva. Está em perigo a integridade
nacional. É isto que venho lembrar
(Paiva Couceiro, em carta a Salazar, de 22 de Outubro de 1937,
antes de ser posto no exílio; para os jovens educados pelos modelos
do estalinismo revisionista de Fernando Rosas e Mário Soares,
convém dizer que o senhor Couceiro não era do PCP nem na esquerda
republicana, era monárquico e liberal e terá sido um dos primeiros
e consequentes oposicionistas do despotismo)
posted by JAM | 9/29/2004 01:07:09 PM
Janelas com tabuinhas e ministros acusados de homossexualidade
militante
Em Dezembro de 1893, o jornal O Tempo, então sob o controlo do
grupo de José Dias Ferreira, referindo-se à nomeação do seu
fundador, Carlos Lobo d´Ávila, o Carlotinha, para ministro, diz, de
forma insidiosa: passando ontem nas Arcadas, notámos, com espanto,
que ainda não estavam colocadas as respectivas tabuinhas verdes nas
janelas do sr. ministro das obras públicas...
Mais de um século depois, a imprensa há-de revelar mais digna
compostura, apesar dos vícios da intriga se terem refinado em
profundidades subversivas. A mesma casta social do situacionismo
que provoca tais circunstâncias mantém idêntica cobardia e
hipocrisia morais.
posted by JAM | 9/29/2004 01:04:34 PM
A situação moral é muito má...
Marcello Caetano, numa carta dirigida a Salazar, em 28 de Janeiro
de 1943, reconhece que a situação moral é muito má e cada vez pior.
Está-se a criar um ambiente favorável a qualquer coisa que já se
anuncia em voz alta, como em voz alta se exprimem opiniões
contrárias ao governo e à ordem social no meio do silêncio ou com
consentimento gerais.
Esperemos que, desta, não sejam precisos mais trinta e um anos...
seria um grande trinta um do ...tenente Coelho.
posted by JAM | 9/29/2004 11:59:48 AM
Outubro de 2004
Palavras de um anónimo atento
Os desvios antidemocráticos dos pretensos democratas
Contra esta Constituição Europeia!
A queda dos anjos
Se dizem que ele é mau, tem de ser mesmo mau
Feitores, chicotes e cenouras
Neste país do faz-de-conta
Mandarins, velhacos e bandalhos
Ser insubmisso
Cabala, Conluio, Conspiração
Juízes e professores: a função e o órgão
Vivam as Faculdades de Letras!
Manda quem pode, obedece quem deve
Novo primaz do novo supremo conselho
Rede Manitu ou os donos do poder
Foi golo, fomos roubados
Esta sociedade imperfeita...
Governo dos espertos e administração decretina
De novo a República Velha ... Sem V Dinastia nem V Império
O dia de São Semanário
Neste pedrismo com graça
Gelo quente não existe...
A vida está difícil....
O embuste e o busto...
Afinal sou quase da extrema-esquerda...
Folhas do meu cadastro (1)
O paginador do regime
Marcelo, o púlpito, o quartel e a escola
Sermão de Pedro à peixeirada...
O regente e o entertainer
Finalmente, vem o chicote
No princípio está a persuasão
O pluralismo cercado pelo corporacionismo
Bibliografia sobre grupos de pressão
O que é um grupo de pressão?
A censura pode ser encapotada...
Marcelo, de governanta a vítima
Legitimismo e ordem religioso-militar
Viva o 5 de Outubro!
Raios partam o "ranking", ou "rei das rãs" que coaxam
Demagogia, incompetência e negocismo
Antes de Marcelo deixar de homiliar
Que Celeste seja feliz em seu arremedo de Jardim! Giroflé, flé,
flá...
1.10.04
Que Celeste seja feliz em seu arremedo de Jardim! Giroflé, flé,
flá...
Depois de tantos educacionólogos, reformólogos e avaliólogos, a
pátria está definitivamente murcha em sua criatividade explosiva. A
esperança de sermos reciclados por um fabricante de sumos ou de nos
comprimirmos a nível de congeladas verduras e pescados talvez seja
espaço curto demais para o que sempre foi o nosso desígnio
colectivo. E, face a esta claustrofobia de quintal feito com
cimento armado, não haverá nenhuma manipulação de música de fundo
capaz de nos fazer levantar de novo, segundo o ritmo da magia
publicitária.
Afogados nesta modorra decadentista para que fomos conduzidos pela
ambição de dois ou três demagogos feitos ministros, ou de quatro ou
conco agenciadores de cunhas e subsídios feitos deputados, perdemos
a fibra. Os nossos donos do poder são bonzos demais para domarem a
inevitável fúria dos mansos que se avizinha.
E não há água benta nem propagandismos que consigam deter,
controlar e encaminhar a inevitável maria da fonte que vai
germinando. O ministro supremo do economicismo pode ter fomentado a
cultura dos eucaliptos, mas não consegue fazer baixar o preço do
petróleo. O ministro do betão pode ter mexido nos gestores do
compromisso do beato, antes deste arder, mas talvez não consiga
convencer o zé a trabalhar mais e melhor. Tal como o ministro das
criancinhas não consegue acelerar a condenação dos pedófilos nem
impedir que novas Joanas venham a ser assassinadas pela noss
colectiva negligência.
Começa a ser difícil continuar a tapar o sol da verdade com a
peneira comunicacional. E não será uma "rentrée" retardada pelos
congressos partidários do centrão que apagará a excitação sobre o
resultado das próximas eleições presidenciais
norte-americanas.
Somos um país definitivamente anedótico. Com mais delegados de
propaganda médica do que médicos. Com mais assessores delegados da
propaganda ministerial do que direcções-gerais. A geração do
Independente e da meia-desfeita, os filhos de Marcelo Rebelo de
Sousa, de António Guterres e de Fernando Rosas ficaram
definitivamente retratados no épico discurso de despedida
parlamentar, hoje feito por Celeste a Cardona, que tão
dramaticamente nos anunciou que parte ao serviço da pátria para a
sinecura da Caixa Geral de Depósitos.
Sucede àquilo que foram Ulisses Cortez ou Motta Veiga, durante o
salazarismo e não pode livrar-se de críticas só porque houve "jobs
for the boys" no PS e "boys for the jobs" no barrosismo. Até no
tempo da monarquia o poder se confundia com a direcção central da
distribuição de recursos escassos, mas então, as ditas sinecuras
quase se reduziam ao tacho de José Luciano de Castro e Hintze
Ribeiro, como governadores e vice-governadores do Crédito Predial
Português, nesse mais do mesmo das boas tradições devoristas e
partidocráticas que, sem nacionalizarem a banca, que era nossa,
fazem da que sempre foi nacionalizada, a DELES!
Que Celeste seja feliz em seu arremedo de Jardim, que ganhe o que
pensa merecer, que tão dolorosamente sirva como representante do
Estado. E ainda bem que deixou a política para os políticos que
querem continuar políticos, que ambicionam ser políticos, que amam
ser políticos e que não querem a política trampolim, ao serviço de
fins não políticos. Giroflé, flé, flá... O seu colega no Centro de
Estudos Fiscais que a critique e dela zumba na catrapumba... fiquem
sabendo: servir o Paulo compensa...
PS: Quase estive tentado a deixar de ser cliente da Caixa, mas
resisti, em nome da memória do meu falecido pai que, desde os 18
anos e até à sua reforma, fez da instituição a sua casa, apesar de
ter recebido durante três quartos da respectiva actividade
profissional como mero funcionário público, como era o espírito dos
servidores de tal antiga repartição pública, com quem aprendi a
austeridade e o sentido da honra. A Caixa fica, as Celestes passam
e, às vezes, até se convertem à força da história. A medalha de
ouro que ainda guardo daquele que procuro continuar a copiar vale
mais do que outros dourados oportunismos.
posted by JAM | 10/01/2004 01:06:06 AM
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6.10.04
Legitimismo e ordem religioso-militar
Ei-lo, o bailarino, o operário, o ortodoxo, o necessário homem do
terciário que um arqueológico grupo precisa para manter a
respectiva coerência. Um grupo que talvez tenha razão no seu
legitimismo.
Eles preferem ir ao fundo da coisa e manter o adequado estilo de
ordem religioso-militar que talvez constitua o menos mal para quem
foi feito à imagem e semelhança de heróis operários, de santas e
beatos. Porque este objecto político é dificilmente comentarizável
por profanos como eu, que sempre preferia que se fosse às Canárias
buscar o Saramago ou ao comboio da história trazer de novo o Vasco
Gonçalves.
Ninguém pode fazer regressar à casa-mãe os que dela se afastaram
quando o mesmo grupo poderia transformar-se num partido democrático
da esquerda, à maneira italiana.
Já não há Vital, nem Magalhães nem Pina Moura que regressem. Mal
por mal, aguentemos a memória do Cunhal. Depois de tantas cisões e
purgas, ninguém vai fazer em 2004 o que apenas podia ter sido
lançado em 1989.
A ecologia lusitana exige que se respeite o passado. Eu respeito.
Reconheço que Portugal precisa dos seus comunistas. Telúricos,
profundos, presos ao chão profundo da utopia. Que resistam em nome
da necessária ordem ecológica!
posted by JAM | 10/06/2004 10:45:58 PM
Celebremos as celebridades...
Enquanto estes pálidos e pretensos taumaturgos continuarem nos
pedestais do seu ministerial despotismo, não são possíveis gestos
com sentido. Eles prostituíram a palavra e profanaram os símbolos.
Pujantes em seu efémero julgam-se donos da eternidade. E se alguns
dos que vivem como pensam podem volver-se em agnósticos, muitos
outros ainda continuam a semear a esperança dos desesperados.
Eis-nos definitivamente "voyeurs" de pretensas celebridades, com os
filhos e filhas de gente que foi alguém e que agora só são alguém
porque estiveram juntos, ou juntas, com o ninguém que se pensa todo
o mundo. Ei-los, os novos tios e tias deste sistema, os "biscondes"
e as "baronas" de alto lá com eles...
E tudo quando começa o novo ano escolar para que os nossos jovens
tenham destes exemplos. Diante da degradação não há discurso de
presidente que resista. Somos definitivamente um Portugalório, onde
só a galhofa vale a pena.
posted by JAM | 10/06/2004 10:23:21 PM
Que sejas um pedro-engulho neste charco...
Ainda nada disse sobre o PS que agora diz não ser mais do mesmo e
que não quer ser alternância, mas alternativa. Está clarificado.
Chega.
Eis Sócratas, a nova era, a vida nova, a esquerda moderna, ainda
não pós-moderna, a geração que usa teleponto, com jovens quarentões
que prometem o elixir da juventude eterna, graças às formosas
"barbies" que permanecem, graças às quotas e aos cotas. Vale-nos o
velho Guerreiro, o Emídio que foi secretário-geral do PSD e que só
por ser 104 anos foi considerado pela SIC um histórico do PS. Ele
disse tudo: Sócrates é um "pedragulho" neste charco...
E é. Cita modernizadamente Kennedy, o John de quase há meio século,
o tal que se foi em Dallas, depois ter ido com a mafia e a Marylin,
e de nos ter mandado p´ró Vietname. Pois que prometa novas
fronteiras, mas que não nos queira pôr na lua.
Infelizmente, Kennedy também é o ai-jesus de Santana Lopes. Porque
Sócrates e Lopes são dois macacos para o mesmo galho, ou dois
galifões para a mesma capoeira. Ambos cheiram a jovens educados
pelo "hollywoodesco", com o novo líder do PS a estar mais próximo
da mentalidade do cicneclubista de esquerda e o nosso primeiro a
gostar mais da cowboyada...
Mas isso das "novas fronteiras" é má tradução em calão. Porque a
fórmula norte-americana, que serviu de "slogan" ao John Kennedy,
assenta na velha ideia ianque de "espírito de fronteira". Que era
não haver fronteiras para a conquista do "far west", matando os
índios e usurpando as terras dos chicanos, com muitos escravos
negros, a fim de atingir-se o Pacífico.
Pouco me rala... Apenas temo uma ideia que quase não emergiu no
Congresso. A radicada emoção de pátria da velha tradição maçónica e
republicana do Partido Socialista, talvez porque Manuel Alegre a
corporizou e talvez porque o João Soares citou o Jaime
Cortesão.
Raramente também falaram em povo, com a ressonância de António José
de Almeida. E Nação quase pareceu conceito proibido. Coisas de que
o tal Kennedy nunca abdicou, usando o velho conceito
anglo-americano de "comunidade".
Esperemos que Sócrates possa falar mais com Jaime Gama. Que diz
povo e sabe dizê-lo. Que diz pátria e não tem medo. Que teoriza
nação e não é parvo. Porque sabe que tais coisas não são velharias
pouco dadas às modernices engenheirais.
Sócrates precisa urgentemente de raízes. Porque não é devoto
formado nas neo-tomices franciscanas e pintasilgueiras como era
Guterres. Porque não parece ser um inveterado maçon da velha e boa
escola. Porque nem sequer tem pergaminhos de longo e radicado
antifascismo. Até nem veio da extrema-esquerda estudantil ou
laborista.
Que ele não seja mais um mais do mesmo de importação
anglo-americana e que consiga roubar a Pedro a brilhantina e a água
de colópnia da modernização e do decisionismo.
Sei que ele sabe ler dossiers, nota-se que gosta do trabalho de
equipa e que tem experiência no discurso económico e financeiro.
Conhecendo o europês não precisa de tecnocratas para descodificarem
o dito e vai naturalmente causar mossa no situacionismo.
Que se saiba libertar da formatação tentadora da salsicharia
teledemocrática é o meu voto. Que use e abuse dos Gamas e dos
Coelhos, os quais lhe podem dar a necessária macropolítica.
posted by JAM | 10/06/2004 06:44:15 PM
Viva o 5 de Outubro!
Sampaio discursa no 5 do feriado depois da ponte. Muito vivório sem
foguetório. Milhares de criancinhas das escolas dão palmitas com os
paizinhos, o lanche oferecido pelo Orçamento de Eetado, e os
escuteiros batendo a pala, como sucedâneos da velha bufa. Sobretudo
os do Corpo Nacional de Escutas, coisa que o Cerejeira não quis na
Mocidade Portuguesa, mas que agora alinham atrás dos devotos de
Afonso Costa, talvez por terem a suprema benção do numerário João
Bosco, dado que os democratas-cristãos de bons costumes e limpeza
de sangue nos governam e usam das corvetas para a defesa dos bons
princípios, contra esses calvinistas donde vem o flamengo e donde
era o Espinosa.
O discurso do presidente leva água no bico, talvez por ter a seu
lado um Santana, eleito para a Câmara em coligação com o Partido
Popular Monárquico, o que talvez explique este vazio de povo, na
comemoração do regime. Esta velha senhora já de noventa e quatro
anos, dita república, com quarenta e oito dos ditos em
não-democracia, vinda do 28 de Maio, trinta de abrilismo e
dezasseis de afonsismo e bonzos, o que dá apenas quarenta e seis em
nome da democracia. Por outras palavras, por enquanto, a república
é bem menos democrática do que a monarquia azul e branca. Mais de
metade do respectivo tempo não respeita a representatividade
consagrada pela constituição histórica e pelas constituições
escritas de 1820, 1826 e 1838.
É perigoso transformar o 5 de Outubro em festa da democracia e
muito mais da democracia pluralista, representativa e de sociedade
aberta como é a nossa desde 25 de Novembro de 1975.
Porque o que se passou entre 1910 e 1926 foi uma jacobinada que
reduziu o sufrágio, eliminou o pluralismo partidário (tivemos um
partido único e as suas dissidências), transformou um errado
paradigma pretensamente científico em ideologia oficial
(positivismo), perseguiu estupidamente a Igreja, recusou a eleição
do Presidente da República por sufrágio directo e universal, abusou
do clientelismo e do viracasaquismo, etc.
Isto é, as glórias justas do presente regime nada devem à dita
Primeira República. O presidente eleito por sufrágio directo e
universal é uma herança do sidonismo e da Ditadura Nacional. O
alargamento do sufrágio tem mais a ver com a monarquia liberal, tal
como o pluripartidarismo.
Até os descendentes do partido de Afonso Costa, os soaristas do PS,
decidiram rejeitar o legado e co-criar aquilo que de melhor
temos.
Comemorar o 5 de Outubro tem de ser dizer a verdade. E recordar que
a Ditadura e o Estado Novo também comemoravam o dito dia, embora
esvaziando-o animicamente.
Porque a I República implantou-se apenas obedecendo à mera
legitimidade da violência revolucionária e sempre temeu ser
plebiscitada.
Agora, o que temos é um regime híbrido, constituído por usucapião
ou prescrição aquisitiva, até porque já foram ultrapassados todos
os prazos jurídicos sobre a posse incontestada da usurpação
violenta e da própria má fé. Isto é, neste virar do milénio, nestas
vésperas do centenário da república, todos somos republicanos por
usucapião. Isto é, não somos nada.
O absurdo corte praticado pelos actuais historiadores oficiais do
regime, de Fernando Rosas a António da Costa Pinto, face à tradição
azul e branca dos regeneradores de 1820, 1834 ou 1851, não passa de
uma mentira propagandística que não dignifica sequer a beleza
mobilizadora da boa ideia de república, como a sonharam um
Pascoaes, um Sampaio Bruno ou um Jaime Cortesão.
Mas esses nunca renegaram os factores democráticos da formação de
Portugal e sempre se consideraram herdeiros da tradição
demo-liberal dos Fernandes Tomás, dos Passos Manuel, dos Anselmo,
Herculano, Garrett ou José Estevão.
E eu, como monárquico e republicano, que continua a desejar um
trono cercado por instituições republicanas, em nome da lusitana
antiga liberdade, fiel a esse eterno projecto por cumprir e que
devemos semear e cultivar, apenas reclamo que quero comemorar a
democracia e a república sem o ódio dos buissidentes...
posted by JAM | 10/06/2004 05:40:20 PM
Raios partam o "ranking", ou "rei das rãs" que coaxam
Saiu o "ranking". Os primeiros são os que podem pagar 330 euros por
mês e que graças ao poder de compra podem ser abençoados pelo
privilégio catolaico da igualdade cristã. Quem não paga e vai à
missa é do interior, sítio dos parolos, provincianos, feios, porcos
e sujos, desses que tem de pagar impostos para este socialismo da
treta, feito em nome da liberdade, igualdade e fraternidade, com
muita ética republicana à mistura.
"Ranking" é esta nossa querida pouca vergonha que transformou a
educação num campeonato de futebol, com árbitros corruptos pelo
sistema, onde já temos saudades dos comentários desportivos do
Santana Lopes e da Cinha Jardim, agora desviados para a Quintarola
das chamadas Celebridades, que é programa da TVI e do governo, em
simultâneo, mas já sem homília marceleira.
Quando assistimos a freirinhas postas ao serviço de ricaços que, em
vez de educação, fazem investimento educacional em seus rebentos,
eis como continuamos a copiar o pior do capitalismo. E até ouvi uma
escola pública, que quer "rankar", a dizer que escolhe os alunos
conforme eles "rankam".
Que roncos, meu Deus, que broncos, que coaxar de rãs, que
vergonha!
E eu a recordar como era bela a igualdade evangélica, ou maçónica,
da velha escola pública, onde efectivamente eram iguais em
oportunidades o filho do contínuo e o filho do milionário...
Já agora, onde é que andam os filhos dos senhores ministros? Esses
que querem serem como o Paulinho, a Cinha, o Avelino e o Pedrinho
quando forem grandes....
posted by JAM | 10/06/2004 05:24:38 PM
Demagogia, incompetência e negocismo
Carvalhas anuncia o abandono. Barroso foi-se. Ferro não quis ficar.
E Portas assumiu o decanato. Na liderança partidária. E até na
governação.
Mas a renovação talvez seja apenas aparente, confirmando o poder
supremo da infra-estrutura gerontocrática, dessa linha subterrânea
de ausentes-presentes que se reforça.
Algo cheira a muito complicado neste reino da Dinamarca. A Igreja
Católica está cada vez mais invocando a Concordata e o Vaticano. A
Maçonaria também parece cada vez mais discreta. As forças armadas
estão definitivamente profissionalizadas. As magistraturas, cada
vez mais corporativas.
A única rocha firme são as alianças internacionais, onde, da NATO à
UE, caminhamos, cada vez mais, para sermos a Turquia
Ocidental.
A tal "racionalidade importada" ameaça tornar irracional a própria
independência nacional.
Quanto menos a ideia e a emoção de nação nos mobilizarem mais
seremos estadualizados de forma alienígena. E com a política
reduzida à heteronomia, a cidadania pode reduzir-se à fragmentação
contestária e ao protesto faccioso.
Sem uma comunidade afectiva que nos dê justiça e bem comum, apenas
reclamaremos direitos e nunca daremos ao todo a necessária justiça
e o indispensável amor. Contestar, protestar, exigir podem ser
fracturantes se não assumirem a dimensão militante da resistência.
E se não houver alma que nos identifique, não passaremos de mera
sociedade anónima gestionária. Só com uma necessária tensão
espiritual, poderemos vencer as teias da demagogia, da
incompetência e do negocismo.
posted by JAM | 10/06/2004 05:06:28 PM
Antes de Marcelo deixar de homiliar
Aqueles que têm crenças já não as podem exercitar no espaço público
da pátria. Ficamo-nos pela pequena solidão dos lares, pelas
pequenas catacumbas das redes de amigos. E quase de nada valem os
signos institucionais de outras procuras. A Universidade depende de
um elogio televisivo de Luís Delgado ou por um relatório em inglês
de Veiga Simão. As forças armadas tendem a ser encimadas pelo
charuto Davidoff de Helena Sacadura Cabral. A justiça, um longo
sorriso dilatória. E a república, a ambiguidade discursiva de
Sampaio, essas palavras emitidas que apenas servem para
interpretações contraditórias. Discursos onde não há linhas, mas
apenas entrelinhas. Onde não há ideias, mas insinuações.
posted by JAM | 10/06/2004 04:57:11 PM
7.10.04
A censura pode ser encapotada...
O ex-presidente do conselho de ministros Hintze Ribeiro lamentou
hoje o afastamento de Bernardino Machado do jornal O Amigo do Povo
e considerou que Portugal está perante um caso muito grave, caso
tenha havido censura, ainda que encapotada.
Em declarações ao jornal O Mensageiro do Apostolado, Hintze
considerou que se o afastamento de Bernardino configura uma forma
de censura, ainda que encapotada, uma limitação à liberdade de
opinião própria de uma democracia pluralista, então o país está
perante um caso muito, muito gr.
Afirmando que as reflexões que Bernardino emitia todos os sábados
tinham indiscutível qualidade, Hintze considerou ainda ter havido
um tremendo erro da parte dos que estão por detrás do seu
afastamento.
O ex-presidente do conselho salientou, no entanto, que só o próprio
pode esclarecer o que se passou.
Já o jornal A Voz do Norte anuncia que está prestes a ser nomeada
directora do Diário de Lisboa, a conhecida literata D. Carolina
Ferreira Pinheiro Alves, sobrinha de uma conhecida plantadora de
vinhedos anti-britânicos e directora da Casa Museu Ana Plácido de
São Miguel das Sardinheiras. D. Carolina que tão excelentes
relações intelectuais mantém com o novo líder dos regeneradores
liberais, José Torres Ferreira, e o velho líder dos dissidentes
progressistas, Avelino Castelo Branco, terá sido indicada para tal
posto como compensação pela circunstância de não ter tido lugar na
banheira da Quinta Saloia das Celebridades.
Qualquer semelhança entre o texto emitido e as actuais
circunstâncias não é apenas coincidência. A história constitui, na
verdade, o género literário mais próximo da ficção. E quando se
repete tanto redunda em tragédia como na presente comédia.
posted by JAM | 10/07/2004 05:30:59 PM
Marcelo, de governanta a vítima
Nesta manhã de sexta-feira fui acordado quase de madrugada para
comentar na Antena 1 o caso Marcelo. E falei, falei, talvez uns dez
a quinze minutos. Já não sei bem o que disse e nem sequer gravei a
charla. A jornalista que me contactou e me transformou em
especialista em liberdade de expressão, conheceu-me através da
"Google". Apareci em directo no jornal das oito e já com cortes no
jornal das nove.
Disse que a nossa liberdade é condicionada pelo poder económico e o
poder político. Recordei que os dois mandões privados da nossa
comunicação eram o Visconde da Anadia e o Visconde de Balsemão, os
mesmos cujos ascendentes que já mandavam políticamente nos tempos
do Principe Regente, nos primeiros anos do século XIX.
São eles que escolhem a direita e a esquerda que temos e os
resultados chamam-se Paulo Portas, Pedro Santana Lopes e José
Sócrates.
Disse que Marcelo também tinha sido escolhido por eles e que
chegara a governanta do sistema. Mais acresecntei que o mesmo devia
agora estar com uma barrigada de gozo perante o maior facto
político que até hoje criou.
Se calhar falei em demasia, mas defendi a liberdade de expressão
contra esta tentativa de lei das rolhas, à boa maneira
cabralista....
posted by JAM | 10/07/2004 09:42:15 AM
8.10.04
Finalmente, vem o chicote
Em último recurso, utiliza a força e, eventualmente, a violência,
para forçar à obediência pelo temor.
Se o poder político não é mera expressão da força, também não é
simples emanação da moral. Uma velha questão, já tratada por Platão
em Politeia, onde aparece Trasímaco a falar na justiça como
predominância dos mais fortes e Calícles a dizer que a mesma
justiça, pelo contrário, resulta de uma aliança dos mais débeis que
instituem uma força colectiva capaz de se opor ao predomínio da
força singular dos mais fortes.
Com efeito, o pessimismo de Trasímaco tem-se mantido ao longo dos
tempos, nas visões naturalistas do direito e do poder que defendem
o tem razão quem vence. Em Hobbes, com o direito a identificar-se
com o poder, porque cada um goza de tanto direito quanto o poder
que possui; em Darwin, considerando a luta pela vida e o direito
como a força que permite o desenvolvimento dos mais aptos; e em
Marx, que apenas transformou a luta pela vida de Darwin na luta de
classes, dado que continua a dizer que o direito é expressão da
classe dominante.
A este respeito, sublinharemos que a força, no âmbito do processo
político, não é efectiva, mas apenas potencial, constituindo uma
última linha de protecção coactiva para os poderes instalados,
quando falha a normalidade da obediência pelo consentimento.
Com efeito, a força está para o processo político como a coacção
está para o direito. Porque também o direito é uma ordenação
coercível e não coercitiva, onde o normal é o facto das normas
serem espontaneamente observadas.
Em qualquer dos casos, podemos dizer, utilizando palavras de Jean
Lacroix, o problema está em que o homem não se torna racional senão
quando treme diante da razão, que lhe aparece inicialmente sob a
forma de coacção exterior. É obedecendo à lei que se torna
concretamente racional, onde o direito é uma anti-razão ao serviço
da razão e onde a política constitui uma espécie de retorno da
violência sobre si mesma.
posted by JAM | 10/08/2004 10:30:38 AM
Da autoridade à manha, a fase da cenoura
O segundo passo do processo político é a autoridade.
Aqui, o emissor da palavra não está no mesmo plano do receptor. De
um lado, temos o autor, do outro, uma audiência.
E o autor do discurso ocupa um lugar superior, fala a partir do
lugar onde se concentra o poder.
Um lugar mais alto que é normalmente o lugar dos alicerces lançados
pelos fundadores.
Na fase da autoridade já não se utiliza apenas a arte de levar ao
convencimento pelo argumento, que pressupõe igualdade
Quando falham tanto a persuasão como a autoridade, isto é, o
discurso feito a partir de cima, a partir de um nível superior de
autoridade, eis que se entra numa terceira fase para a obtenção do
consentimento, a fase do que David Easton qualifica como
manipulação, onde se usam os métodos da astúcia, do engodo ou da
manha. Como dizia Maquiavel, é preciso ser raposa para conhecer os
fios da trama e leão para meter medo aos lobos.
Temos assim que, como recordava Freud, o poder utiliza a força para
coagir, mas emprega a astúcia para convencer.
É aqui que entram formas como a ideologia, a propaganda e o próprio
controlo da informação.
posted by JAM | 10/08/2004 10:23:18 AM
No princípio está a persuasão
Continuando memória das aulas:
Importa agora analisarmos as principais etapas através das quais se
desenrola o processo político, onde o elemento fundamental é o
poder político, aquela forma intencional de poder que procura o
consentimento.
Em primeiro lugar, para obter-se o consenso, temos a persuasão.
Neste caso, o governante apela para o governado através de
argumentos, apelos e exortações, colocando o governado numa posição
de igualdade, sem invocar a sua posição hierárquica de
superioridade.
Com efeito, na política, aquele que tem o poder-dever de mandar, de
governar, começa sempre por utilizar a palavra para a comunicação
daquela mensagem que tem em vista obter a adesão dos que têm de
obedecer.
Antes de tudo, o governante procura a adesão do governado pela
palavra.
Tal era flagrante na polis, porque, como observava Fénelon
(1651-1715), entre os gregos, tudo dependia do povo, e o povo
dependia da palavra.
Era o próprio Aristóteles a reconhecer que o homem é o animal que
possui o discurso (logos), salientando que a voz do homem não é
apenas um conjunto de sons que servem para indicar a dor e a
alegria, como acontece com os outros animais. A palavra do homem,
serve, sobretudo, para comunicar um discurso. E é graças ao
discurso, que o homem tanto comunica a dor e a alegria, como também
o justo e o injusto.
O homem, como animal racional, é sobretudo, aquele que tem o dom de
comunicação pela palavra. Assim, o animal político é um animal
comunicacional, aquele que utiliza o discurso, que tem o dom da
linguagem.
A palavra é, portanto, o alicerce ou o elemento fundacional do
político, enquanto a força que instaura a comunicação. E é através
do discurso que se torna possível a racionalidade.
Neste sentido, podemos até dizer que conquistar o poder é sobretudo
conquistar a palavra. O chefe político é aquele que discursa,
aquele que impõe um discurso, aquele que tenta transformar o
conceito em preceito.
Até porque a polis é um grupo de pessoas a quem compreendemos e por
quem somos compreendidos, um grupo de pessoas que compartilham
hábitos complementares de comunicação, uma comunidade de
significações partilhadas, conforme as palavras de Karl
Deutsch.
Da mesma forma, Hannah Arendt proclama que a política surgiu na
praça pública, na agora ateniense ou no forum romano, nesse lugar
onde os que são livres e iguais podem encontrar-se em qualquer
momento, nesse lugar de encontro e de diálogo entre os homens
livres.
A política começou assim por ser a acção livre e a palavra livre,
onde a palavra e a acção não estavam separadas. Aliás, aquele que
levava a cabo grandes acções devia também ser capaz de proferir
discursos em consonância.
A política é assim o ser-um-com-o-outro e o
falar-em-conjunto-àcerca-de-qualquer-coisa, o espaço
público-político é para os gregos o espaço comum (koinon) onde
todos se assemelham, é igualmente o único espaço no qual todas as
coisas podem ser valorizadas tomando em consideração todos os seus
aspectos.
Desta forma, a democracia e a política, em vez da sabedoria dos
filósofos, exigem a phronesis e, consequentemente, a persuasão e a
comunicação mútuas.
Assim, a persuasão tem a ver com o método tópico e argumentativo,
onde se deve encarar uma coisa a partir de vários pontos de vista
opostos e, depois, sob todos os seus aspectos, essa capacidade de
ver realmente as coisas de diferentes perspectivas
É que, ver uma coisa de diferentes perspectivas equivale a ter
várias pessoas a perspectivar o mesmo problema, dado que assim cada
coisa aparece, de cada vez, sob diferentes perspectivas
posted by JAM | 10/08/2004 10:18:36 AM
O pluralismo cercado pelo corporacionismo
Recordando sumários das minhas aulas, reparei que:
No estudo dos grupos de interesse e dos grupos de pressão,
coloca-se neste momento o problema da regulamentação da actividade
dos lobbies, tanto no plano intra-estadual, como no domínio das
relações internacionais, no âmbito da chamada sociedade civil
internacional.
Vive-se, com efeito, o abandono do anterior general good sense com
a introdução de formalized rules, nomeadamente com a introdução do
registo de interesses dos parlamentares e com o estabelecimento de
regimes de incompatibilidades.
No mesmo sentido, estudam-se formas de controlo da pantouflage,
nomeadamente com o estabelecimento de regras sobre o emprego dos
membros do governo, depois destes abandonarem as funções.
Começa a delinear-se a teorização do "neocorporatism", isto é, de
um especial processo sócio-político distinto do pluralismo, em que
os grupos de interesse voltam a ser uma espécie de corpos
intermediários entre a sociedade e o Estado, constituindo
organizações quase monolíticas, em número limitado.
Uma teorização, iniciada a partir dos Estados Unidos, que visa
responder à crise da representação política, do sindicalismo e da
própria cidadania activa.
Contrariamente ao pluralismo, no qual as organizações são rivais,
no "corporatism" seria o centro do aparelho de poder estadual a
decretar quais são as associações representativas,
independentemente da autenticidade associativa das mesmas.
No fundo, o "corporatism" é uma degenerescência do pluralismo e
constitui um fenómeno pós-capitalista em que existe uma economia
privada, mas não uma economia de mercado.
Bibliografia
}Berry, Jeffrey M., The Interest Group Society, Boston, Little,
Brown & Co., 1984 [reed., Glenview, Scott, Foresman & Co.,
1989].} Cigler, Allan J., Loomis, Burdett A., eds., Interest Groups
Politics, Washington D. C., CQ Press, 1991.} LaPalombara, Joseph,
Interest Groups in Italian Politics, Princeton, Princeton
University Press, 1964.} Moe, Terry M., The Organization of
Interests. Incentives and the Internal Dynamics of Political
Interest Groups, Chicago, The University of Chicago Press, 1980.}
Mundo, Philip A., Interest Groups. Cases and Characteristics,
Chicago, Nelson A. Hall Co., 1992.} Olson, Mancur, The Logic of
Collective Action. Public Goods and the Theory of Groups,
Cambridge, Massachussetts, Harvard University Press, 1965 [trad.
fr. Logique de l’Action Collective, Paris, Presses Universitaires
de France, 1978].} Petracca, Mark P., The Politics of Interests.
Interest Groups Transformed, Boulder, Westview Press, 1992.}
Wooton, Graham, Interest Groups, Englewood Cliffs, Prentice-Hall,
1970.
posted by JAM | 10/08/2004 10:04:05 AM
Bibliografia sobre grupos de pressão
}Basso, Jacques, Les Groupes de Pression, Paris, Presses
Universitaires de France, 1983.}Bentley, Arthur Fisher, The Process
of Government. A Study of Social Pressures, Chicago, 1908 [reed.,
Cambridge, Massachussetts, The Belknap Press, 1967].} Castles,
Francis G., Pressure Groups and Political Culture, Londres,
Routledge & Kegan Paul, 1967.} Celis, Jacqueline, Los Grupos de
Pressión en las Democracias Contemporaneas, Madrid, Editorial
Tecnos, 1963. } Eckstein, Harry, Pressure Group Politics, Londres,
Allen & Unwin, 1960. }Fisichella, Domenico, ed., Partiti e
Gruppi di Pressione, Bolonha, Edizioni Il Mulino, 1972.} Key Jr.,
Vladimir O., Politics, Parties and Pressoure Groups, Nova York,
Thomas Y. Crowell, 1942 [trad. cast. Política, Partidos y Grupos de
Presión, Madrid, Instituto de Estudios Políticos, 1962].} Mckeean,
D. D., Party and Pressure Politics, Boston, Houghton Mifflin,
1949.} Meynaud, Jean, Os Grupos de Pressão [ed. orig. 1960], trad.
port., Mem Martins, Publicações Europa-América, 1966.}Idem, Les
Groupes de Préssion Internationaux, Paris, Presses Universitaires
de France, 1961.} Idem, Nouvelles Études sur les Groupes de
Pression en France, Paris, Librairie Armand Colin, 1962.}Idem, com
Sidjanski, Dusan, Verso l’Europa Unita. Strutture e Compiti dei
Gruppi di Promozione, Milão, Ferro Edizioni, 1968.} Idem, Les
Groupes de Pression dans la Communauté Européenne, Montréal,
Université de Montréal, 1969 [reed., Bruxelas, Université Libre de
Bruxelles, 1971]. } Millard, Frances, Ball, Alan R., Pressure
Politics in Industrial Societies, Atlantic Highlands, Humanities
Press International, 1987.} Odegard, Peter H., Pressure Politics.
The Story of the Anti-Saloon League, Nova York, Columbia University
Press, 1929.} Richardson, Jeremy John, Governing Under Pressure.
The Policy Process in a Post-Parliamentary Democracy, Oxford,
Martin Robertson, 1979.}Idem, Pressure Groups, Oxford, Oxford
University Press, 1993.}
posted by JAM | 10/08/2004 10:02:28 AM
O que é um grupo de pressão?
Fui ler os sumários das aulas que dou sobre a matéria e reparei
que:
Um grupo de pressão é um grupo de interesse que exerce uma pressão,
que passa do mero estádio da articulação e da agregação de
interesses e trata de influenciar e pressionar o decisor político,
saindo do âmbito do mero sistema social e passando a actuar no
interior do sistema político.
A pressão pode ser aberta ou oculta, pode actuar directamente sobre
o decisor ou, indirectamente, actuando sobre a opinião
pública.
Entre as pressões abertas, destaca-se a acção de informação, a de
consulta, bem como a própria ameaça.
As duas principais formas de pressão oculta, isto é, não
publicitada, são as relações privadas e a corrupção.
As relações privadas passam pelo clientelismo, pelo nepotismo e
pela pantouflage.
A corrupção, como processo de compra de poder, tanto pode ser
individual como colectiva, nomeadamente pelo financiamento dos
partidos.
Entre as acções dos grupos de pressão sobre a opinião pública,
temos tanto o constrangimento como a persuasão.
Na primeira, temos a greve, as manifestações, os boicotes ou os
cortes de vias de comunicação.
A persuasão tem sobretudo a ver com a propaganda e a
informação.
posted by JAM | 10/08/2004 09:56:13 AM
9.10.04
O regente e o entertainer
Na caminhada, que se pretende vitoriosa, rumo ao Mundial de 2006, a
selecção portuguesa defrontou no sábado, em Vaduz, a equipa
nacional do Liechtenstein, tendo sido copiosamente empatada.
No fim do jogo, o seleccionador nacional dos seniores disse apenas
que é preciso respeitar o silêncio: "O silêncio é uma maneira de
falar. Faz parte da liberdade em democracia as pessoas falarem ou
não falarem" - concluiu.
Logo de seguida, seleccionador de esperanças acusou o Governo do
sistema de ter agido para silenciar seleccionador de seniores e
exigiu um pedido de desculpas ao país por parte do Presidente do
Sistema.
O principal financiador da selecção pediu ao seleccionador de
seniores para suavizar o tom de conflitualidade política da sua
crónica nos balneários. A notícia é avançada na edição deste sábado
do jornal A Voz de Alcagaitas.
Por sua vez, embaixador Da Silva Esparteiro vai assumir a
presidência do conselho de administração da Bola Global, empresa da
Desporto Inteiro para a imprensa, em substituição de Lucas da
Sueca, que apresentou a sua demissão por discordar da forma como
foi nomeado Ludovico Gordo, presidente executivo da «holding» de
comunicação social do grupo DI.
A crise criada em torno da saída do seleccionador de seniores
obriga o presidente do sistema a fazer uma comunicação ao País na
segunda-feira, ao mesmo tempo que o seleccionador de seniores
mantém o silêncio.
Enquanto isto, a subdirectora de informação da Rádio Voz do Penedo
Alto atropelou ontem um homem de 28 anos, no Largo da Praça, na
sede do concelho. “Foi tudo muito rápido, ele vinha a correr e eu
não o vi”, contou a pivô.
Entretanto, o mau tempo que atingiu o País ontem à tarde, sobretudo
a região Centro, provocou a queda de muitas árvores, condicionou o
trânsito automóvel e a navegação marítima e fluvial. Por estranho
que possa parecer, os bombeiros combateram um número inesperado de
fogos.
Qualquer semelhança entre o texto emitido e as presentes
circunstâncias não é apenas coincidência. A história constitui, na
verdade, o género literário mais próximo da ficção.
posted by JAM | 10/09/2004 01:26:22 PM
11.10.04
Marcelo, o púlpito, o quartel e a escola
Na vida, para ser homem,Não basta aprender a ler:Porque também é
preciso,Além do a-bê-cê, o juízo,Não basta saber somar,Dividir,
multiplicar:Para ter calma e medida,Também é preciso, penso,Tomar
lições de bom-senso...
(W. Busch, trad. de Olav Bilac, Juca e Chico)
Se no Portugal Velho, que ainda marcou o salazarismo, quase tudo se
resumia à família, à igreja, ao quartel e à escola, eis que os
novos clérigos são cada vez mais os donos da agenda do videopoder e
os anónimos fazedores dos dicionários de opinião comum, o
"thesaurus" donde se retira