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Setembro de 2004 (http://tempoquepassa.blogspot.com/ 2004_09_01_tempoquepassa_archive.html) A má-educação desta ditadura da incompetência... (22 Set.) Ministerialismo sem vergonha O sindicato das citações mútuas Modas que passam de moda (23 Set) O profeta do a posteriori Contra o Estado-Ladrão As alimárias da sub-tecnocracia A persiganga Os bem-educados pela má educação Do Estado de Bem-Estar ao estado de mal-estar A direita que está, não é Há partidocracia, mas não há democracia liberal Deus, Inquisição, Razão O político usurpado pelo doméstico Pós-revolução e corrupção Ramalhando: 122 anos depois... Da teledemocracia à canalhocracia Rudolfo, a cunha e a compra Monsieur Alcagautes en Lisbonne Fortes p´rós ministros... A situação moral é muito má... Janelas com tabuinhas e ministros acusados de homossexualidade militante O fim do Portugal do senão, não... O construtivismo dos decretinos Viva a filosofia! Da rumsfeldização à auto- dissolução

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Setembro de 2004Ministerialismo sem vergonha
Modas que passam de moda (23 Set)
O profeta do a posteriori
Contra o Estado-Ladrão
Do Estado de Bem-Estar ao estado de mal-estar
A direita que está, não é
Há partidocracia, mas não há democracia liberal
Deus, Inquisição, Razão
Pós-revolução e corrupção
Monsieur Alcagautes en Lisbonne
Fortes p´rós ministros...
Janelas com tabuinhas e ministros acusados de homossexualidade militante
O fim do Portugal do senão, não...
O construtivismo dos decretinos
A má-educação desta ditadura da incompetência...
Acabei de assistir à patética intervenção da senhora ministra da educação que, coitada, tem de arcar com a pesada herança Se fosse crente, apenas acenderia uma velinha ao santo da devoção dessa estimável colega.
Ouvi, depois, que tudo era uma questão de Compta e passei os meus olhos sobre o novo código penal francês, onde é punida a chamada "pantouflage"...
A conduta daquele que, através do trabalho, da consulta ou da participação no capital se liga a uma entidade que, antes, como funcionário público ou agente do Estado, estava encarregado de vigiar ou controlar...
Verifiquei, mais uma vez, que, em Portugal, o importante não é ser ministro. É tê-lo sido.
E eis como os comunistas e bloquistas sorriem diante desta ofensiva neo-liberal do "outsourcing".
Porque um qualquer burocrata verbeteiro vai agora ter que resolver à mão, as ineficiências dos pretensos controladores da sociedade da informação.
23.9.04
A direita que está, não é
Fim de tarde nas furnas da Ericeira, quando as ondas, cheirosas de algas e espuma, vão batendo, suaves, nas pedras negras. Fim de tarde, quando, depois da chuva, vamos sofrendo a solidão do tempo que vai passando. E passando vou passeando em meu passado, enquanto meu país me vai doendo.
Sempre a mágoa de não apetecerem os caminhos confusos dos falsos grupos, das instituições que não obedecem às ideias de obra, com regras de processo que ninguém cumpre e sem que manifestações de comunhão permitam a solidariedade e a identidade.
Assim nossa direita que a esquerda proclama mandar no governo. Que o governo está à direita, mas não é de direita, como não é de esquerda, como não é do centro. Está. É stare. É sato. Status quo. Ditadura do estado a que chegámos, ditadura da incompetência.
E os que estão à direita sofrem mais com a falta de autenticidade. E os que sendo de direita são à oposição destes que estão à direita, mais marginais se sentem.
Os partidos que usurparam a direita não passam de grupos de amigos que se odeiam cordialmente e, pior do que isso, são objecto das manigâncias dos velhos marechais da dita, sempre lestos a prestarem menagem aos vencedores e sempfre disponíveis para perseguirem os que se mantêm rebeldes face aos doces encantos da distribuição do tacho.
posted by JAM | 9/23/2004 06:54:50 PM
Do Estado de Bem-Estar ao estado de mal-estar
In illo tempore, ainda quando o dito ainda era um velho Estado Novo, o monstro, apesar de forte e despótico, não tinha penetrado tanto nos domínios da educação e da saúde, como nos dias que correm. Agora, com o abuso do intervencionismo, do concentracionarismo e do centralismo, regressam naturalmente os atavismos do Leviathan.
Pedro Santana Lopes que se cuide. Se perder totalmente o norte na zona das políticas públicas da educação e da saúde, toda a nau da governança começará a meter água e a viagem para a terra prometida não se realizará. A guerra dos cartões, o delírio da colocação dos professores e outras engasgadelas demonstram bem o modelo a que estamos sujeitos.
Vivemos em plena ditadura da incompetência e no absurdo concentracionário de um centralismo. E tudo vai sendo gerido pelo ministro aposentado xis-pê-tê-ó, conversando com o aposentadíssimo colega ó-pê-tê-xis, com um que diz que é social-democrata, por causa dos tractores, e outro que diz que é democrata-cristão, por causa das celestes que nomeia.
Portugal que resta não aguenta mais a desvergonha deste spoil system do rapó-tacho. Os cargos e recargas com que vão presenteando as respectivas clientelas são sustentados pelo suor dos milhões de cidadãos. O dique controleiro da teledemocracia com que aguentam a revolta dos justos pode ter inesperadas fissuras e quando todos formos inundados pela verdade, entraremos no habitual descontrolo dos que têm sede de justiça.
posted by JAM | 9/23/2004 04:41:56 PM
Os bem-educados pela má educação
A nossa expressão bem-educado, mais ou menos equivalente à imperialista noção de civilizado, implica sempre a existência de um outro que colocamos na categoria do bárbaro que vive em selvajaria, de alguém que precisa de ser colonizado, apagando-lhe as respectivas memórias identitárias, através de um processo de lavagem ao cérebro e obrigando-o a constantes exercícios de pavloviano mimetismo.
Aqui e agora os chamados bem-educados foram quase todos mal-educados por gente dita fina de colégios ricos, entre o elitismo congreganista e o elitismo anticongreganista. E continuam a traduzir essa perspectiva imperialista, através do confronto entre os urbanos e os rurais, onde os superiores chamam aos inferiores saloios e parolos.
A dialéctica, contudo, não se reduz ao combate entre a capital e a província, dado que se difundiu por todo o território, outrora dito nacional, através de um confronto mental entre sucessivos centros e as respectivas periferias.
E tudo se agravou depois de 1974, porque o que era violentamente frontal se volveu em hipocrisia, com gente da casta devorista a penetrar em partidos de esquerda, mui revolucionários, a fim de obterem os conseguidos certificados de boa adesão às massas populares, para poderem continuar a garantir o parasitismo, através da política de imagem, apesar dos pés no lodo.
posted by JAM | 9/23/2004 03:47:11 PM
A persiganga
Odeio sentir que posso cair na tentação de odiar. Especialmente quando há gentes desvairadas que sitiam o que represento e que pensam poder deter a corrente de ideias que procuro servir, removendo-me como um obstáculo. E sinto que as tenazes da persiganga me vão tentando enclausurar.
Sei dos muitos homens pequeninos que contra o que penso usam de seus despóticos trejeitos. Esses que continuam a mandar por causa da cobardia dos que preferem a pretensa comodidade da servidão aos incómodos e aos riscos da revolta individual.
Sei dos muitos invertebrados que se diluem na massa moluscular donde auferem os rendimentos. Esses que preferem os sucessivos empates técnicos que marcam este apodrecido situacionismo.
E neste pobre Portugalório que usurpa o nome de Portugal, séculos de inquisição foram a causa desta sucessão de pombalismos, caceteirismos, devorismos, cabralismos, fontismos e afonsismos, até atingirmos o negrume salazarento, com as consequentes pós-revoluções de um antifascismo hipócrita, simbolizado em patriarcas e marechais, de esquerda e de direita, com os seus amiguinhos, cumplicidades, jagunços e pandilhas.
Os vícios inquisitoriais, pombalistas e da viradeira manifestam-se logo em 5 de Dezembro de 1823 quando é criada na universidade de Coimbra uma junta expurgatória (entre os seis elementos da mesma, Frei Fortunanto de São Boaventura) que propõe a expulsão de catorze docentes (um deles é Manuel António Coelho da Rocha) e de trinta e sete alunos. Estávamos num tempo contraditório, posterior à derrota dos apostólicos na Vilafrancada, mas quando se procedia à revogação da efémera ordem vintista, sob um governo moderado, liderado por Palmela e Subserra. Viviam-se os choques das perseguições aos maçons, intensas no mês de Julho, mas começando a atenuar-se em Agosto, até porque dois dos principais governantes são irmãos. O pretexto para a perseguição foi a Carta de Lei de 20 de Junho de 1823 que suprimia as sociedades secretas e proibia a adesão de funcionários à s associações em causa para o futuro, deixando imunes as adesões passadas. Aliás, a polícia apenas expulsou formalmente duas pessoas do país, embora tenha deportado trinta para fora de Lisboa. O processo ainda vive as contradições do perído e por decreto de 5 de Junho de 1824, durante o governo dominado por Lacerda e Barros, também dois irmãos, estabelece-se uma amnistia que identa de perseguição todos quantos tivessem pertencido a sociedades secretas.
Logo em 1828, nos primeiros tempos do governo de D. Miguel, são expulsos oito lentes da Universidade de Coimbra, tidos como maçons: Joaquim António de Aguiar; António Camelo Fortes de Pina; António Nunes de Carvalho (todos da faculdade de leis); Manuel Joaquim Cardoso Castelo Branco (da faculdade de cânones); Caetano Rodrigues de Macedo (filosofia); Joaquim Maria de Andrade e Tomás de Aquino (os dois de matemática).
zzzzzzz
Em 15 de Julho de 1834 eram demitidos inúmeros doutores em direito: Alexandre Dias Pessoa, Bernardo José de Carvalho, António Caetano de Sousa Faria Lobo Girão, Miguel Gomes Soares, Cândido Rodrigues Alves de Figueiredo e Lima, José Pedro Moniz de Figueiredo, António Vasconcelos e Sousa, José Maria de Lima e Lemos, José Lopes Galvão, Joaquim José Pais da Silva, José Feliciano da Fonseca Teixeira, Francisco Lebre de Vasconcelos, Joaquim Maria Taborda Falcão Tavares.
Por decreto do dia anterior nomeiam-se Basílio Alberto de Sousa Pinto, Manuel António Coelho da Rocha, José Machado de Abreu, Francisco Maria Tavares de Carvalho, Frederico de Azevedo Faro Noronha e Meneses, António Nunes de Carvalho.
Os pedristas demitem os miguelistas, tal como antes os apostólicos haviam demitido os liberais. Os primeiros serão para sempre condenados ao silêncio. Dos segundos já reza a história. Mas a cultura e a universidade portuguesas minguavam.
Mas novas vagas de saneamentos de universitários ocorre com o salazarismo em 1947 com a aposentação compulsiva de quinze professores, entre os quais Mário Silva, Francisco Pulido Valente, Francisco da Fonseca, Remy Freire (ISCEF), e oito assitentes, entre os quais Andrée Crabée Rocha, Luís Dias Amado e Orlando Morbey Rodrigues, para não falarmos noutros processos que afectaram certas escolas de regime, mobilizadas para a conquista do poder de um qualquer dos seus inspiradores. E tudo se repetiria com o tempo do processo revolucionário em curso de 1974-1975, restando saber, com precisão, qual a presente forma de continuação dos saneamentos por outros meios, onde saneados e saneadores, num conúbio de oportunismo situacionista, tentam vingar-se do tempo perdido em tolerâncias.
posted by JAM | 9/23/2004 01:41:08 PM
As alimárias da sub-tecnocracia
Que tipo de orgulho criativo levará para a tumulação alguns dos nossos ministros e ex-ministros marcados pelo burocratismo amarelado?
Porque essas alimárias da sub-tecnocracia apenas servem como trampolim para o acesso ao poder de muitos perdulários e bandoleiros, apesar de pintalgarem o quadro com caras de honestidade e sorrisos dinâmicos, para gáudio dos patriarcas e padrinhos que vão manejando os cordelinhos.
posted by JAM | 9/23/2004 01:38:41 PM
Contra o Estado-Ladrão
Há por aí um sub-Bloco Central de interesses mais imorais do que ilegais, onde todos se vão perpetuando em roubalheiras, clientelismos e favoritismos que permitiram a presente pouca vergonha expressa pela fina-flor desse entulho a que dão o nome de "jet set" que nos continua a amarrar em indignidade.
Por isso me sinto cada vez mais um campónio que sente as garras do Estado-Ladrão. Estou, definitivamente, do outro lado da barricada e como a Maria da Fonte sinto a tentação de lançar fogo às bilhetas. É que esta nossa última pós-revolução, porque não sabe ou não quer combater a evasão fiscal, acaba por pactuar com toda essa fauna das economias místicas, das isenções e das amnistias, fazendo com que a palavra portuguesa mais próxima do conceito de injustiça volte a chamar-se imposto.
Assim, como qualquer rural oprimido por fidalgotes e mercadores de grosso trato, quando recebo o papel amarfanhado da direcção-geral dirigida por um quadro do BCP, no ministério dirigido por um também quadro do BCP, aliás aposentado e dado à espiritualidade escrivá, ponho-me logo em campo a caminho de uma caixa multibanco, para pagar e me livrar da coisa. Porque quando pago, já posso denunciá-los e voltar a ser um homem livre.
Assim, vou odiando este Estado-Aparelho com todas as forças emotivas da alma e, neste sentido, me sinto um anarquista místico, saudoso da verdadeira ordem e alguém que tem de ser nacionalista contra o estadualismo, sonhando que a nação pode um dia assumir-se comunitariamente como povo e lancetar o vértice dos aparelhismos, neste momento representado pelo ministerialismo e pela partidocracia do PSD e do PP.
posted by JAM | 9/23/2004 01:13:14 PM
O profeta do a posteriori
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O supremo vencedor é o que tem a ilusão de estar sempre com o lado certo da história só porque nomeia como linha justa o prognóstico que faz depois do fim do jogo. Ei-lo, o profeta a posteriori, o que não cultiva o sentido do risco, o que teme a vertigem da incerteza, temendo a derrota.
Ei-lo o educador do calculismo, o que nunca se engana e que raramente erra. Ei-lo especialista na gestão dos silêncios, apenas exagerando no elogio fácil do salamaleque de salão.
Entre a bernadização e o teofilismo, não passa de baço espelho de astrais iluminações alheias. Magro em reflexões próprias, apenas engorda a obra com alienígenas citações.
Mas conseguiu vencer entre os pobres de espírito, porque em terra de burros quem tem coice é cavalo garboso.
posted by JAM | 9/23/2004 03:30:51 AM
Modas que passam de moda
Muitos pensam que o tempo é o tempo que eles pensam que controlam, só porque mandam no mundo do agenda setting, só porque são moda que passa de moda.
E faltam os necessários homens livres.
Não serei de direita se tiver de reconhecer como símbolos da direita um tal John Marx que o ministro Alacagaitas fez director intelectual da repartição de pesos e batatas, um tal Pierre Socócó que se diz dono da vanguarda só porque dialoga com o William Pita e Pata no mundo dos blogues, ou um tal Peter MacTable que se pensa o novo super-Camões dos começos deste milénio lusitano.
Este país continua a ser este país sempre que vive na tristeza do seu quintal burguês, sempre que vive nesta fria clausura de uma classe de pretensos intelectuais que querem a sinecura e a prebenda, venha do Estado ou da empresa que gere a "pay list" dos donos do mundo.
Onde antigamente havia propaganda, há agora assessores de imagem e agenciadores de subsídios, neste ambiente de permanecente devorismo, nesta estúpida falta de autenticidade que nos continua a esfacelar.
posted by JAM | 9/23/2004 03:08:13 AM
O sindicato das citações mútuas
A primeira regra a seguirmos para termos êxito social, ascensão política e capacidade de vencermos na história continua a ser percebermos esta eterna contradição entre os notáveis intelectuais do curto prazo, medidos pelo critério de notabilidade do chamado interesse jornalístico...
Que neste manda e impera o princípio fundador do sindicato das citações mútuas, esse novo modelo de inquisição que nos continua a acabrunhar...
Ainda hoje podemos dizer, como Álvaro Ribeiro, que quem não escreve "em papel pautado por qualquer ortodoxia", quem não está "inscrito numa congregação de elogio-mútuo", quem está disposto a lutar contra "a sindicalização do trabalho intelectual" que "ameaça o pensamento livre" pela "recíproca defesa das mediocridades e pela agressividade da inveja" que se manifesta "pela humilhação", corre o risco de nem sequer poder comunicar com outros que gostariam de fugir dos pretensos canalizadores da opinião crítica e da opinião pública.
posted by JAM | 9/23/2004 02:54:23 AM
Ministerialismo sem vergonha / / . / / Contra este ministerialismo em que se continua a enredar o despotismo esclarecido, há também a eterna frustração dos que estão sempre no contra e que nem sequer podem ter o saudosismo dos anteriores homens do reviralho... / / A insubmissão transformou-se na prebenda de uma qualquer ordem da liberdade, num Mercedes preto, numa secretária de carne e osso, num gabinete de pau preto, com promessa de reforma dourada, nesse engodo para papalvos dito oficialismo... / / E tudo se volveu no texto obrigatório dos novos livros únicos, com que se fingem perpetuar todos os situacionismos. / / Até transformámos Sérgio numa efígie ornando notas de banco, antes de com o seu nome baptizarmos burocráticas instituições. / / / / << Home / / / / / / / / / / / Sempre esta lei do Portugal Contemporâneo que pretende cristalizar a rebeldia, fazendo-a nutrida citação para um qualquer artigo de um qualquer propagandista intelectual do regime, ex-ministro, ex-deputado, ex- esperança da memória de futuro. / / posted by JAM | 9/23/2004 02:41:42 AM /
24.9.04
O político usurpado pelo doméstico
A governação enreda-se nas teias do doméstico, com tecnocratas da finança e da economia a ditatorializarem os ministérios, fazendo regressar o Estado ao regime da administração das casas privadas, nesse vício tipicamente salazarista que nos faz voltar às boas intenções do despotismo, de que o inferno da história está cheio.
E o Portugal que resta é, definitivamente, um regime de anarquia bem organizada por neo-feudalismos, por falta de autenticidade e pelo apagamento deliberado de memórias. Por outras palavras, o zé povinho continua a ter que pagar impostos, enquanto os que partem e repartem o bolo tirado aos que trabalham vão ralhando sem razão, não apresentam as contas dos respectivos partidos e ocultam os financiamentos que os podem comprometer com os “lóbis que não uivam”.
Abundam, com efeito, muitos invertebrados, situados entre o batráquio que coaxa e o cefalópode que lança nuvens de tinta negra, os quais, em tempos de crise, tratam de acolher-se à sombra de grupos com imagem moral forte, a fim de garantirem formais certificados de bom comportamento cívico e excelente acesso à mesa porca do orçamento, mesmo que chamem polvo a quem os nomeia.
O despudor dos agentes políticos, que se consideram superiores às instituições que dizem servir, só atinge os actuais níveis de decadência, porque tanto não é possível um golpe de Estado, à maneira do 5 de Outubro, do 28 de Maio ou do 25 de Abril, como uma subversão comunista, com guerra fria, KGB e cunhalismo.
Os potenciais golpistas, dos militares revoltados aos comunistas activíssimos, apenas conspiram com anedotas porcas e “nicknames” nos comentários “on-line” dos semanários políticos, enfrentando a fúria defensiva dos jotas do Caldas, mobilizados para a salvaguarda do chefe.
A corrupção não vem apenas de cima para baixo, mas, sobretudo, de baixo para cima. Ela nasce dos patos bravos, da federação dos pequenos e médios compradores do poder autárquico que encheram os partidos com “apparatchikini” sem qualidade, transformados em traficantes de influências.
Golpe de Estado, em sentido clássico, tem como paradigma o que foi levado a cabo por Luís Napoleão em 1851, quando, depois de eleito presidente da II República Francesa se proclamou como Imperador. Isto é, mudaram-se os titulares do poder, mas dentro dos mesmos quadros de legitimidade, ao contrário do que acontece numa revolução quando se muda a legitimidade estabelecida.
Em sentido estrito, golpe de Estado é o ataque directo aos detentores do poder, conduzido pelos chefes das forças armadas. Com efeito, sob tal nome, abarcam-se outras movimentações como os pronunciamentos (intervenção de oficiais de carreira e de unidades, ou fracções de unidades regulares, que pretendem substituir um governo ou um regime, pela violência ou pela ameaça de violência, podendo também ser levados a cabo por milícias, com a passividade das forças armadas regulares), os levantamentos (um pronunciamento que depende da colaboração de guerrilhas ou de corpos de milicianos, bem como do apoio de populares, utilizando a violência à partida), a insubordinação colectiva de oficiais, os motins (desobediência colectiva de praças ou oficiais de patente inferior de uma dada unidade militar, com propósitos políticos ou simplesmente sócio-profissionais).
Diverso é o conceito de rebelião, do lat. rebellione, recomeço das hostilidades, de rebellis, de re+bellum, aquele que recomeça ou retoma uma guerra. Através do cast. rebelde.
Diz-se hoje da acção de resistência violenta a uma autoridade. Próximo do conceitos de revolta, sedição e insurreição. A rebelião é sempre uma oposição violenta, tem de mobilizar um conjunto significativo de pessoas e entra em confronto com uma autoridade legitimamente estabelecida. Alguns apontam que a rebelião se distingue da revolução, porque nesta se visa substituição dos governantes por membros de outra classe, enquanto a rebelião se joga dentro do mesmo grupo situacionista.
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Deus, Inquisição, Razão
Em nome de Deus nos deram a Santa Inquisição. Em nome da Santa Razão nos deram a Junta da Providência Literarária e a Dedução Cronológico-Analítica. Absolutismos de sinal contrário, bem expressos pela topografia de Lisboa que colocou o Marquês de Pombal como cúpula tutelar da chamada Avenida da Liberdade.
Este acaso de uma liberdade feita à imagem e semelhança de um déspota esclarecido não é simples coincidência. O esclarecimento põe as tais luzes dos fins que se pretendem positivar na cidade no plano superior aos meios.
Daí o paradoxo: queremos fazer reinar a tolerância com muitos chicotes de intolerância; queremos fazer perdurar a razão através da anti-razão. Sempre carradas de apelos a pretensas éticas da responsabilidade contra as humaníssimas éticas da convicção. Que venha o Diabo e escolha. Que venha Santana Lopes e nos governe. Que venha Paulo Portas e nos defenda.
posted by JAM | 9/24/2004 11:04:59 AM
Há partidocracia, mas não há democracia liberal
Aqui e agora, há partidocracia, mas não há democracia liberal. Porque um bom sistema liberal é aquele onde a evasão fiscal é altamente reprimida e onde os infractores temem efectivamente avisita do inspector do IRS.
Aqui o chamado sistema fiscal é música celestial que a demagogia politiqueira vai entoando... Logo, quando a chamada direita dos interesses decide proclamar guerra aos ricos a coisa cheira a esturro....
posted by JAM | 9/24/2004 01:14:55 AM
26.9.04
Da teledemocracia à canalhocracia
A recente vitória esmagadora de José Sócrates, faz-me recordar que quem quiser ser político está dependente dos principais donos do poder na comunicação social portuguesa, principalmente dos que, comandando as televisões, podem controlar decisivamente a opinião pública e orientar a luta política, ao escolherem os comentadores que hão-de interpretar aquilo que os mesmos decretam como a direita e a esquerda da democracia.
Quase se estabelece uma espécie de condomínio entre donos da comunicação, de viscondessas origens, e a nascente burguesia dos novos ricos da província, a quem é deixado o controlo dos clubes de futebol e do dirigismo federativo, duas das principais redes, em torno das quais se feudalizam os novos dirigentes políticos, onde se recrutam governantes e deputados.
Desta mistura, manipulada pela tríade da imagem, sondagem e sacanagem, para utilizar palavras de Manuel Alegre, resulta o status quo daquilo que o rei D. Carlos definia como o tal país de bananas governado por s.... Daí que a democracia corra o risco de volver-se em mera canalhocracia, para citar outra figura real, da casa de Bragança, neste caso D. Pedro V.
Como dizia uma recente directora de jornal na televisão: coitados...andam tantos anos na oposição que, depois, quando chegam ao poder, merecem a recompensa....
posted by JAM | 9/26/2004 11:06:05 PM
Ramalhando: 122 anos depois...
O Estado não é mais que uma grande ficção através da qual toda a gente se esforça por viver à custa de toda a gente
(Ramalho Ortigão, em 1882, parafraseando Bastiat)
Um governante não é mais que o resto anacrónico de uma velha liturgia hoje extinta...um velho monstro paleontológico, desenterrado das florestas carboníferas e reposto, com palha dentro, no meio do espanto da flora e da fauna do mundo moderno
(Ramalho Ortigão, em 1882)
Os bancos são os lugares de perdição em que os países pobres e ambiciosos se arruínam trocando a sua pequena riqueza real por uma maior riqueza contingente e fictícia, abdicando o trabalho e criando o jogo, dando dinheiro e recebendo papéis
(Ramalho Ortigão)
A instrução de um povo não pode ser aquilatada pelo número dos bacharéis formados que as ordens religiosas ou os institutos oficiais derramam em cada ano sobre a massa da população, para o fim de a explorarem pela chicana jurídica ou de a embaírem pelo palavrão dogmático ou metafísico
(Ramalho Ortigão em 1882)
Pós-revolução e corrupção
Uma sociedade pós-revolucionária é ao mesmo tempo desorganizada e corrupta. O partido que, sendo corrupto, for melhor capaz de organizar a desorganização, e melhor organizar a anarquia, prevalecerá
(Fernando Pessoa)
Os partidos políticos, em determinado país e determinada época têm todos virtualmente o mesmo grau, pouco ou muito, de corrupção... Os partidos de governo – isto é, os partidos que frequentemente governam, e por isso, em geral, os maiores – agregam mais videirinhos e mais interesseiros, pela simples razão de que os videirinhos e os interesseiros buscam naturalmente os partidos que os podem empregar e recompensar, e esses são, naturalmente, os partidos que governam, ou frequentemente governam, e não os que nunca vão ao poder
(Fernando Pessoa)
27.9.04
Fortes p´rós ministros...
Até há pouco, a politologia contemporânea dizia que o spoil system, o sistema dos troféus, correspondia ao sistema norte-americano de nomeação de novas equipas, depois da eleição de um presidente. Dizia-se também que o modelo fora instituído por Andrew Jackson no primeiro quartel do século XIX.
E Max Weber definia-o como a atribuição de todos os postos da administração federal ao séquito do candidato presidencial vitorioso e que, a partir de então, surgiu um novo modelo de partido, entendido como simples organização de caçadores de cargos, sem convicção alguma.
Com António Guterres, o spoil system passou a ser traduzido em português por jobs for the boys, antes de Durão Barroso o volver em boys for the jobs. Terá sido com base nesta experiência que Bailey considerou a política como um jogo onde os competidores actuam numa arena visando a conquista de troféus.
O que levou ao aparecimento, no modelo norte-americano, do boss, do empresário político capitalista que procura votos em benefício próprio, sem ter uma doutrina e sem professar qualquer espécie de princípios. Um político profissional típico que trata de atacar os outsiders que lhe podem ameaçar os futuros rendimentos, isto é o futuro poder.
Com a gestão de Pedro Santana Lopes e Paulo Portas, deu-se uma necessária revisão politológica e, depois de passarmos a ter cardos e cardonas no banco do Estado, chegou agora a vontade de todos os ministros terem um adequado forte no fim-de-semana.
Somos totalmente favoráveis à boa intenção manifestada, começando evidentemente pelos que estão ao serviço das nossas forças armadas. Sugerimos que tão patriótico desiderato seja acompanhado por uma ampla distribuição de cadeiras de realizador, modelo 1968, dado que não é possível transformar os ditos fortes em jangadas de pedra...
posted by JAM | 9/27/2004 01:38:09 PM
Monsieur Alcagautes en Lisbonne
Passou ontem por Lisboa o renomado escritor, filósofo, pensador, predador e milionário Monsieur Alcagautes (leia-se g-ô-t-e-s). E Lisboa pensou. Bárbara Guimarães entrevistou-o, segundo guião. Maria Jota Avillez radiografou-o, sem guiador. A revista do Expresso psicanalisou-o, sem sofá. E Lisboa pensou, no auditório da FNAC. Lisboa só pensa quando Alcagautes cá vem dar uma volta pelo Pirigaitas. Não que a cabeça de Alcagautes não pense. Quem não pensa são os que dizem que só Mário Soares é que pode dizer quem pensa em Lisboa, na Europa, no mundo, no cosmos. Antes de Alcagautes ser moda, Gautes Alca era moda. Hoje Gautes Alca morreu e Alcagautes está vivo.
Lisboa, um quarto de hora antes de morrer já está morta. Vale-nos Mário Soares e a sua Fundação para a Restauração Racionalista. E os amigos todos da dita cuja, à espera dos restos que sobrem de Monjardino e Stanley Ho. E de quem vai gerir o novo Casino da Expô.
Robespierre, ao menos, inventou a guilhotina. E o Terror. O Estado Terrorista. O Terrorismo da Razão. E saneou as ideias em França, com isso da Vendeia.
Alcagautes é filho do Maximilien. E de uma concièrge Máriá, natural de Alcagaitas, nome de uma aldeola, lá prós lados da Lourinhã. Gaita p'rós gaijôs! Viva a alibábá democráciá!
posted by JAM | 9/27/2004 09:09:18 AM
Rudolfo, a cunha e a compra
Um tal Rudolfo, pato bravo bem relacionado, tratou de meter cunha bem explícita, junto de um tal Adolfo, ilustre membro da direcção de um dos partidos governamentais. Acontece que o tal Rudolfo se enganou no número do destinatário e o texto acabou escarrapachado na redacção de um jornal. O Rudolfo nunca devia ter escrevinhado, que essas coisas fazem-se de voz a ouvido, até para evitar as escutas. E as comissões devem ser em metálico, à maneira clássica, isto é, pelas coisas que os ourives fazem ou, mais solidamente, com pedras, tijolos e cimentos. Nunca em cheque ou transferência bancária que deixe rasto. Além disso, o político em compra deve ter carreira profissional liberal ou neo-liberal, isto é, com pretextos para branqueamento lícito de súbitos afluxos de rendimento. Corrupção como deve ser só através de uma fecundação de dois elementos da classe dos activos, isto é, daqueles que não ganham através de outrem, mas sempre sem livro de registo de entradas e saídas...
posted by JAM | 9/27/2004 08:56:22 AM
29.9.04
Da rumsfeldização à auto-dissolução
A bushodependência, se levou Barroso à presidência da comissão da UE, ainda não nos deu as prometidas contrapartidas financeiras e tecnológicas que poderiam lobrigar-se na Carlyle ou na renovação das oficinas de material aeronáutico de Alverca. Por enquanto, apenas se nota a elevação ao mais alto cargo do delgado paginador do regime, a fernandesização mental e muitas cenas de ciúmes do patriarca Mário, dado que os "favorites" parecem agora ser outros, apesar de Rumsfeld ser o mesmo.
Mas desenganem-se os que pensam que haverá nova era com o eventual acesso à casa branca de Kery com molho de Heinz. A alteração radical das circunstâncias que propiciem a boa-educação da necessária vontade de independência nacional só acontecerá quando as chamadas elites não nos transformarem em ilotas.
Se estas ditas elites continuarem a repetir o capitulacionismo que marcou a classe política monárquica diante do Ultimatum, não haverá novo grito de "A Portuguesa". Logo, a política de educação continuará a enredar-se nas desavenças de novos Justinos, de novos Abílios e de novas Comptas. E a nossa sociedade dita hiper-informada só topará o desastre depois do factos consumados. Quem pensa baixinho não vê um boi à frente dos olhos.
Se continuar esta ditadura da incompetência, poderá acontecer que a nossa criatividade constitucional resolva o problema do presidente Sampaio, dado que tudo aponta para a emergência de uma auto-dissolução do sistema.
posted by JAM | 9/29/2004 10:31:51 PM
Viva a filosofia!
Quando se vai assitindo impassivelmente à destruição das nossas escolas superiores públicas de filosofia, história e literatura, só porque alguns as reduziram a meras fábricas de professores, há que temer. E dizer não a um mais amplo processo de terceiro-mundização do nosso lugar no mundo.
Poderemos transformar-nos em mais uma das repartições de reparadores de "hardware" e em meros repetidores e pirateadores de "software" alheio, perdendo a capacidade de criação de um pensamento enraizado no nosso tempo, no nosso espaço, no chão moral da nossa história e no sentido dos que querem continuar a ter saudades de futuro.
Se a universidade portuguesa se transformafr numa grande federação de centros de mera formação profissional, teremos notáveis papagaios que apenas monitorizam manuais de programação de outras ecologias. E mesmo que os ditos papagaios sejam doutores de exportação, o mais certo é que nem sequer propiciem as tais saídas profissionais.
posted by JAM | 9/29/2004 10:22:15 PM
O construtivismo dos decretinos
Certas engenheirais epistemologias podem continuar a pensar baixinho, supondo que as ciências humanas e as ciências sociais não passam de execráveis, obscurantistas e tolas ciências ocultas. E lá pensam que conseguem captar o sentido da coisa, apenas porque conseguem elevar à categoria conselheiral os pseudo-manitus que julgam deter o monopólio das áreas científicas onde não produzem há décadas. Pena que tais engenheirais notáveis do decretino continuem a ir além da respectiva chinela. Correm o risco de terem entrada na história do nosso pensamento como quem destruiu a pluralidade de paradigmas.
O proibicionismo caceteiro e a persiganga, só porque assentam nos donos do subsidiável e do inspeccionável e que nem sequer têm que registar interesses e acumulações, podem continuar a inspirar muitas transpirações serôdias, inumeráveis côrtes de salamaleques, lisonjas e engraxamentos, mas acabam por contribuir para o nosso fenecer sem honra nem humildade.
O decretino e o mediático podem ter, no curto prazo, a razão da eficácia, mas nem por isso se livram de poderem ser um clamoroso erro no médio prazo e até uma estupidez destrutiva no longo prazo.
De boas intenções está o inferno do pseudo-reformismo cheio
Não há meio de compreenderem que a história, mais do que o produto da intenção de certos homens que dizem deter o monopólio das boas intenções, é, sobretudo, o produto da acção dos homens livres. A história é sempre uma co-criação de homens livres e raramente é detida pelo caixilho teórico dos que apenas pensam que pensam.
posted by JAM | 9/29/2004 10:07:17 PM
O fim do Portugal do senão, não...
Cantam-se loas às glórias governativas e ninguém pode dizer o contrário. O Portugal legítimo do "senão, não" foi substituído por um Portugal artificial, espécie de títere, de que o Governo puxa os cordelinhos. Vela a Polícia e o lápis da censura. Incapacitados uns por esse regime de proibições, entretidos outros com a digestão que não lhes deixa atender ao que se passa, e jaz a Pátria portuguesa em estado de catalepsia colectiva. Está em perigo a integridade nacional. É isto que venho lembrar
(Paiva Couceiro, em carta a Salazar, de 22 de Outubro de 1937, antes de ser posto no exílio; para os jovens educados pelos modelos do estalinismo revisionista de Fernando Rosas e Mário Soares, convém dizer que o senhor Couceiro não era do PCP nem na esquerda republicana, era monárquico e liberal e terá sido um dos primeiros e consequentes oposicionistas do despotismo)
posted by JAM | 9/29/2004 01:07:09 PM
Janelas com tabuinhas e ministros acusados de homossexualidade militante
Em Dezembro de 1893, o jornal O Tempo, então sob o controlo do grupo de José Dias Ferreira, referindo-se à nomeação do seu fundador, Carlos Lobo d´Ávila, o Carlotinha, para ministro, diz, de forma insidiosa: passando ontem nas Arcadas, notámos, com espanto, que ainda não estavam colocadas as respectivas tabuinhas verdes nas janelas do sr. ministro das obras públicas...
Mais de um século depois, a imprensa há-de revelar mais digna compostura, apesar dos vícios da intriga se terem refinado em profundidades subversivas. A mesma casta social do situacionismo que provoca tais circunstâncias mantém idêntica cobardia e hipocrisia morais.
posted by JAM | 9/29/2004 01:04:34 PM
A situação moral é muito má...
Marcello Caetano, numa carta dirigida a Salazar, em 28 de Janeiro de 1943, reconhece que a situação moral é muito má e cada vez pior. Está-se a criar um ambiente favorável a qualquer coisa que já se anuncia em voz alta, como em voz alta se exprimem opiniões contrárias ao governo e à ordem social no meio do silêncio ou com consentimento gerais.
Esperemos que, desta, não sejam precisos mais trinta e um anos... seria um grande trinta um do ...tenente Coelho.
posted by JAM | 9/29/2004 11:59:48 AM
Outubro de 2004
Palavras de um anónimo atento
Os desvios antidemocráticos dos pretensos democratas
Contra esta Constituição Europeia!
A queda dos anjos
Se dizem que ele é mau, tem de ser mesmo mau
Feitores, chicotes e cenouras
Neste país do faz-de-conta
Mandarins, velhacos e bandalhos
Ser insubmisso
Cabala, Conluio, Conspiração
Juízes e professores: a função e o órgão
Vivam as Faculdades de Letras!
Manda quem pode, obedece quem deve
Novo primaz do novo supremo conselho
Rede Manitu ou os donos do poder
Foi golo, fomos roubados
Esta sociedade imperfeita...
Governo dos espertos e administração decretina
De novo a República Velha ... Sem V Dinastia nem V Império
O dia de São Semanário
Neste pedrismo com graça
Gelo quente não existe...
A vida está difícil....
O embuste e o busto...
Afinal sou quase da extrema-esquerda...
Folhas do meu cadastro (1)
O paginador do regime
Marcelo, o púlpito, o quartel e a escola
Sermão de Pedro à peixeirada...
O regente e o entertainer
Finalmente, vem o chicote
No princípio está a persuasão
O pluralismo cercado pelo corporacionismo
Bibliografia sobre grupos de pressão
O que é um grupo de pressão?
A censura pode ser encapotada...
Marcelo, de governanta a vítima
Legitimismo e ordem religioso-militar
Viva o 5 de Outubro!
Raios partam o "ranking", ou "rei das rãs" que coaxam
Demagogia, incompetência e negocismo
Antes de Marcelo deixar de homiliar
Que Celeste seja feliz em seu arremedo de Jardim! Giroflé, flé, flá...
1.10.04
Que Celeste seja feliz em seu arremedo de Jardim! Giroflé, flé, flá...
Depois de tantos educacionólogos, reformólogos e avaliólogos, a pátria está definitivamente murcha em sua criatividade explosiva. A esperança de sermos reciclados por um fabricante de sumos ou de nos comprimirmos a nível de congeladas verduras e pescados talvez seja espaço curto demais para o que sempre foi o nosso desígnio colectivo. E, face a esta claustrofobia de quintal feito com cimento armado, não haverá nenhuma manipulação de música de fundo capaz de nos fazer levantar de novo, segundo o ritmo da magia publicitária.
Afogados nesta modorra decadentista para que fomos conduzidos pela ambição de dois ou três demagogos feitos ministros, ou de quatro ou conco agenciadores de cunhas e subsídios feitos deputados, perdemos a fibra. Os nossos donos do poder são bonzos demais para domarem a inevitável fúria dos mansos que se avizinha.
E não há água benta nem propagandismos que consigam deter, controlar e encaminhar a inevitável maria da fonte que vai germinando. O ministro supremo do economicismo pode ter fomentado a cultura dos eucaliptos, mas não consegue fazer baixar o preço do petróleo. O ministro do betão pode ter mexido nos gestores do compromisso do beato, antes deste arder, mas talvez não consiga convencer o zé a trabalhar mais e melhor. Tal como o ministro das criancinhas não consegue acelerar a condenação dos pedófilos nem impedir que novas Joanas venham a ser assassinadas pela noss colectiva negligência.
Começa a ser difícil continuar a tapar o sol da verdade com a peneira comunicacional. E não será uma "rentrée" retardada pelos congressos partidários do centrão que apagará a excitação sobre o resultado das próximas eleições presidenciais norte-americanas.
Somos um país definitivamente anedótico. Com mais delegados de propaganda médica do que médicos. Com mais assessores delegados da propaganda ministerial do que direcções-gerais. A geração do Independente e da meia-desfeita, os filhos de Marcelo Rebelo de Sousa, de António Guterres e de Fernando Rosas ficaram definitivamente retratados no épico discurso de despedida parlamentar, hoje feito por Celeste a Cardona, que tão dramaticamente nos anunciou que parte ao serviço da pátria para a sinecura da Caixa Geral de Depósitos.
Sucede àquilo que foram Ulisses Cortez ou Motta Veiga, durante o salazarismo e não pode livrar-se de críticas só porque houve "jobs for the boys" no PS e "boys for the jobs" no barrosismo. Até no tempo da monarquia o poder se confundia com a direcção central da distribuição de recursos escassos, mas então, as ditas sinecuras quase se reduziam ao tacho de José Luciano de Castro e Hintze Ribeiro, como governadores e vice-governadores do Crédito Predial Português, nesse mais do mesmo das boas tradições devoristas e partidocráticas que, sem nacionalizarem a banca, que era nossa, fazem da que sempre foi nacionalizada, a DELES!
Que Celeste seja feliz em seu arremedo de Jardim, que ganhe o que pensa merecer, que tão dolorosamente sirva como representante do Estado. E ainda bem que deixou a política para os políticos que querem continuar políticos, que ambicionam ser políticos, que amam ser políticos e que não querem a política trampolim, ao serviço de fins não políticos. Giroflé, flé, flá... O seu colega no Centro de Estudos Fiscais que a critique e dela zumba na catrapumba... fiquem sabendo: servir o Paulo compensa...
PS: Quase estive tentado a deixar de ser cliente da Caixa, mas resisti, em nome da memória do meu falecido pai que, desde os 18 anos e até à sua reforma, fez da instituição a sua casa, apesar de ter recebido durante três quartos da respectiva actividade profissional como mero funcionário público, como era o espírito dos servidores de tal antiga repartição pública, com quem aprendi a austeridade e o sentido da honra. A Caixa fica, as Celestes passam e, às vezes, até se convertem à força da história. A medalha de ouro que ainda guardo daquele que procuro continuar a copiar vale mais do que outros dourados oportunismos.
posted by JAM | 10/01/2004 01:06:06 AM
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6.10.04
Legitimismo e ordem religioso-militar
Ei-lo, o bailarino, o operário, o ortodoxo, o necessário homem do terciário que um arqueológico grupo precisa para manter a respectiva coerência. Um grupo que talvez tenha razão no seu legitimismo.
Eles preferem ir ao fundo da coisa e manter o adequado estilo de ordem religioso-militar que talvez constitua o menos mal para quem foi feito à imagem e semelhança de heróis operários, de santas e beatos. Porque este objecto político é dificilmente comentarizável por profanos como eu, que sempre preferia que se fosse às Canárias buscar o Saramago ou ao comboio da história trazer de novo o Vasco Gonçalves.
Ninguém pode fazer regressar à casa-mãe os que dela se afastaram quando o mesmo grupo poderia transformar-se num partido democrático da esquerda, à maneira italiana.
Já não há Vital, nem Magalhães nem Pina Moura que regressem. Mal por mal, aguentemos a memória do Cunhal. Depois de tantas cisões e purgas, ninguém vai fazer em 2004 o que apenas podia ter sido lançado em 1989.
A ecologia lusitana exige que se respeite o passado. Eu respeito. Reconheço que Portugal precisa dos seus comunistas. Telúricos, profundos, presos ao chão profundo da utopia. Que resistam em nome da necessária ordem ecológica!
posted by JAM | 10/06/2004 10:45:58 PM
Celebremos as celebridades...
Enquanto estes pálidos e pretensos taumaturgos continuarem nos pedestais do seu ministerial despotismo, não são possíveis gestos com sentido. Eles prostituíram a palavra e profanaram os símbolos. Pujantes em seu efémero julgam-se donos da eternidade. E se alguns dos que vivem como pensam podem volver-se em agnósticos, muitos outros ainda continuam a semear a esperança dos desesperados.
Eis-nos definitivamente "voyeurs" de pretensas celebridades, com os filhos e filhas de gente que foi alguém e que agora só são alguém porque estiveram juntos, ou juntas, com o ninguém que se pensa todo o mundo. Ei-los, os novos tios e tias deste sistema, os "biscondes" e as "baronas" de alto lá com eles...
E tudo quando começa o novo ano escolar para que os nossos jovens tenham destes exemplos. Diante da degradação não há discurso de presidente que resista. Somos definitivamente um Portugalório, onde só a galhofa vale a pena.
posted by JAM | 10/06/2004 10:23:21 PM
Que sejas um pedro-engulho neste charco...
Ainda nada disse sobre o PS que agora diz não ser mais do mesmo e que não quer ser alternância, mas alternativa. Está clarificado. Chega.
Eis Sócratas, a nova era, a vida nova, a esquerda moderna, ainda não pós-moderna, a geração que usa teleponto, com jovens quarentões que prometem o elixir da juventude eterna, graças às formosas "barbies" que permanecem, graças às quotas e aos cotas. Vale-nos o velho Guerreiro, o Emídio que foi secretário-geral do PSD e que só por ser 104 anos foi considerado pela SIC um histórico do PS. Ele disse tudo: Sócrates é um "pedragulho" neste charco...
E é. Cita modernizadamente Kennedy, o John de quase há meio século, o tal que se foi em Dallas, depois ter ido com a mafia e a Marylin, e de nos ter mandado p´ró Vietname. Pois que prometa novas fronteiras, mas que não nos queira pôr na lua.
Infelizmente, Kennedy também é o ai-jesus de Santana Lopes. Porque Sócrates e Lopes são dois macacos para o mesmo galho, ou dois galifões para a mesma capoeira. Ambos cheiram a jovens educados pelo "hollywoodesco", com o novo líder do PS a estar mais próximo da mentalidade do cicneclubista de esquerda e o nosso primeiro a gostar mais da cowboyada...
Mas isso das "novas fronteiras" é má tradução em calão. Porque a fórmula norte-americana, que serviu de "slogan" ao John Kennedy, assenta na velha ideia ianque de "espírito de fronteira". Que era não haver fronteiras para a conquista do "far west", matando os índios e usurpando as terras dos chicanos, com muitos escravos negros, a fim de atingir-se o Pacífico.
Pouco me rala... Apenas temo uma ideia que quase não emergiu no Congresso. A radicada emoção de pátria da velha tradição maçónica e republicana do Partido Socialista, talvez porque Manuel Alegre a corporizou e talvez porque o João Soares citou o Jaime Cortesão.
Raramente também falaram em povo, com a ressonância de António José de Almeida. E Nação quase pareceu conceito proibido. Coisas de que o tal Kennedy nunca abdicou, usando o velho conceito anglo-americano de "comunidade".
Esperemos que Sócrates possa falar mais com Jaime Gama. Que diz povo e sabe dizê-lo. Que diz pátria e não tem medo. Que teoriza nação e não é parvo. Porque sabe que tais coisas não são velharias pouco dadas às modernices engenheirais.
Sócrates precisa urgentemente de raízes. Porque não é devoto formado nas neo-tomices franciscanas e pintasilgueiras como era Guterres. Porque não parece ser um inveterado maçon da velha e boa escola. Porque nem sequer tem pergaminhos de longo e radicado antifascismo. Até nem veio da extrema-esquerda estudantil ou laborista.
Que ele não seja mais um mais do mesmo de importação anglo-americana e que consiga roubar a Pedro a brilhantina e a água de colópnia da modernização e do decisionismo.
Sei que ele sabe ler dossiers, nota-se que gosta do trabalho de equipa e que tem experiência no discurso económico e financeiro. Conhecendo o europês não precisa de tecnocratas para descodificarem o dito e vai naturalmente causar mossa no situacionismo.
Que se saiba libertar da formatação tentadora da salsicharia teledemocrática é o meu voto. Que use e abuse dos Gamas e dos Coelhos, os quais lhe podem dar a necessária macropolítica.
posted by JAM | 10/06/2004 06:44:15 PM
Viva o 5 de Outubro!
Sampaio discursa no 5 do feriado depois da ponte. Muito vivório sem foguetório. Milhares de criancinhas das escolas dão palmitas com os paizinhos, o lanche oferecido pelo Orçamento de Eetado, e os escuteiros batendo a pala, como sucedâneos da velha bufa. Sobretudo os do Corpo Nacional de Escutas, coisa que o Cerejeira não quis na Mocidade Portuguesa, mas que agora alinham atrás dos devotos de Afonso Costa, talvez por terem a suprema benção do numerário João Bosco, dado que os democratas-cristãos de bons costumes e limpeza de sangue nos governam e usam das corvetas para a defesa dos bons princípios, contra esses calvinistas donde vem o flamengo e donde era o Espinosa.
O discurso do presidente leva água no bico, talvez por ter a seu lado um Santana, eleito para a Câmara em coligação com o Partido Popular Monárquico, o que talvez explique este vazio de povo, na comemoração do regime. Esta velha senhora já de noventa e quatro anos, dita república, com quarenta e oito dos ditos em não-democracia, vinda do 28 de Maio, trinta de abrilismo e dezasseis de afonsismo e bonzos, o que dá apenas quarenta e seis em nome da democracia. Por outras palavras, por enquanto, a república é bem menos democrática do que a monarquia azul e branca. Mais de metade do respectivo tempo não respeita a representatividade consagrada pela constituição histórica e pelas constituições escritas de 1820, 1826 e 1838.
É perigoso transformar o 5 de Outubro em festa da democracia e muito mais da democracia pluralista, representativa e de sociedade aberta como é a nossa desde 25 de Novembro de 1975.
Porque o que se passou entre 1910 e 1926 foi uma jacobinada que reduziu o sufrágio, eliminou o pluralismo partidário (tivemos um partido único e as suas dissidências), transformou um errado paradigma pretensamente científico em ideologia oficial (positivismo), perseguiu estupidamente a Igreja, recusou a eleição do Presidente da República por sufrágio directo e universal, abusou do clientelismo e do viracasaquismo, etc.
Isto é, as glórias justas do presente regime nada devem à dita Primeira República. O presidente eleito por sufrágio directo e universal é uma herança do sidonismo e da Ditadura Nacional. O alargamento do sufrágio tem mais a ver com a monarquia liberal, tal como o pluripartidarismo.
Até os descendentes do partido de Afonso Costa, os soaristas do PS, decidiram rejeitar o legado e co-criar aquilo que de melhor temos.
Comemorar o 5 de Outubro tem de ser dizer a verdade. E recordar que a Ditadura e o Estado Novo também comemoravam o dito dia, embora esvaziando-o animicamente.
Porque a I República implantou-se apenas obedecendo à mera legitimidade da violência revolucionária e sempre temeu ser plebiscitada.
Agora, o que temos é um regime híbrido, constituído por usucapião ou prescrição aquisitiva, até porque já foram ultrapassados todos os prazos jurídicos sobre a posse incontestada da usurpação violenta e da própria má fé. Isto é, neste virar do milénio, nestas vésperas do centenário da república, todos somos republicanos por usucapião. Isto é, não somos nada.
O absurdo corte praticado pelos actuais historiadores oficiais do regime, de Fernando Rosas a António da Costa Pinto, face à tradição azul e branca dos regeneradores de 1820, 1834 ou 1851, não passa de uma mentira propagandística que não dignifica sequer a beleza mobilizadora da boa ideia de república, como a sonharam um Pascoaes, um Sampaio Bruno ou um Jaime Cortesão.
Mas esses nunca renegaram os factores democráticos da formação de Portugal e sempre se consideraram herdeiros da tradição demo-liberal dos Fernandes Tomás, dos Passos Manuel, dos Anselmo, Herculano, Garrett ou José Estevão.
E eu, como monárquico e republicano, que continua a desejar um trono cercado por instituições republicanas, em nome da lusitana antiga liberdade, fiel a esse eterno projecto por cumprir e que devemos semear e cultivar, apenas reclamo que quero comemorar a democracia e a república sem o ódio dos buissidentes...
posted by JAM | 10/06/2004 05:40:20 PM
Raios partam o "ranking", ou "rei das rãs" que coaxam
Saiu o "ranking". Os primeiros são os que podem pagar 330 euros por mês e que graças ao poder de compra podem ser abençoados pelo privilégio catolaico da igualdade cristã. Quem não paga e vai à missa é do interior, sítio dos parolos, provincianos, feios, porcos e sujos, desses que tem de pagar impostos para este socialismo da treta, feito em nome da liberdade, igualdade e fraternidade, com muita ética republicana à mistura.
"Ranking" é esta nossa querida pouca vergonha que transformou a educação num campeonato de futebol, com árbitros corruptos pelo sistema, onde já temos saudades dos comentários desportivos do Santana Lopes e da Cinha Jardim, agora desviados para a Quintarola das chamadas Celebridades, que é programa da TVI e do governo, em simultâneo, mas já sem homília marceleira.
Quando assistimos a freirinhas postas ao serviço de ricaços que, em vez de educação, fazem investimento educacional em seus rebentos, eis como continuamos a copiar o pior do capitalismo. E até ouvi uma escola pública, que quer "rankar", a dizer que escolhe os alunos conforme eles "rankam".
Que roncos, meu Deus, que broncos, que coaxar de rãs, que vergonha!
E eu a recordar como era bela a igualdade evangélica, ou maçónica, da velha escola pública, onde efectivamente eram iguais em oportunidades o filho do contínuo e o filho do milionário...
Já agora, onde é que andam os filhos dos senhores ministros? Esses que querem serem como o Paulinho, a Cinha, o Avelino e o Pedrinho quando forem grandes....
posted by JAM | 10/06/2004 05:24:38 PM
Demagogia, incompetência e negocismo
Carvalhas anuncia o abandono. Barroso foi-se. Ferro não quis ficar. E Portas assumiu o decanato. Na liderança partidária. E até na governação.
Mas a renovação talvez seja apenas aparente, confirmando o poder supremo da infra-estrutura gerontocrática, dessa linha subterrânea de ausentes-presentes que se reforça.
Algo cheira a muito complicado neste reino da Dinamarca. A Igreja Católica está cada vez mais invocando a Concordata e o Vaticano. A Maçonaria também parece cada vez mais discreta. As forças armadas estão definitivamente profissionalizadas. As magistraturas, cada vez mais corporativas.
A única rocha firme são as alianças internacionais, onde, da NATO à UE, caminhamos, cada vez mais, para sermos a Turquia Ocidental.
A tal "racionalidade importada" ameaça tornar irracional a própria independência nacional.
Quanto menos a ideia e a emoção de nação nos mobilizarem mais seremos estadualizados de forma alienígena. E com a política reduzida à heteronomia, a cidadania pode reduzir-se à fragmentação contestária e ao protesto faccioso.
Sem uma comunidade afectiva que nos dê justiça e bem comum, apenas reclamaremos direitos e nunca daremos ao todo a necessária justiça e o indispensável amor. Contestar, protestar, exigir podem ser fracturantes se não assumirem a dimensão militante da resistência. E se não houver alma que nos identifique, não passaremos de mera sociedade anónima gestionária. Só com uma necessária tensão espiritual, poderemos vencer as teias da demagogia, da incompetência e do negocismo.
posted by JAM | 10/06/2004 05:06:28 PM
Antes de Marcelo deixar de homiliar
Aqueles que têm crenças já não as podem exercitar no espaço público da pátria. Ficamo-nos pela pequena solidão dos lares, pelas pequenas catacumbas das redes de amigos. E quase de nada valem os signos institucionais de outras procuras. A Universidade depende de um elogio televisivo de Luís Delgado ou por um relatório em inglês de Veiga Simão. As forças armadas tendem a ser encimadas pelo charuto Davidoff de Helena Sacadura Cabral. A justiça, um longo sorriso dilatória. E a república, a ambiguidade discursiva de Sampaio, essas palavras emitidas que apenas servem para interpretações contraditórias. Discursos onde não há linhas, mas apenas entrelinhas. Onde não há ideias, mas insinuações.
posted by JAM | 10/06/2004 04:57:11 PM
7.10.04
A censura pode ser encapotada...
O ex-presidente do conselho de ministros Hintze Ribeiro lamentou hoje o afastamento de Bernardino Machado do jornal O Amigo do Povo e considerou que Portugal está perante um caso muito grave, caso tenha havido censura, ainda que encapotada.
Em declarações ao jornal O Mensageiro do Apostolado, Hintze considerou que se o afastamento de Bernardino configura uma forma de censura, ainda que encapotada, uma limitação à liberdade de opinião própria de uma democracia pluralista, então o país está perante um caso muito, muito gr.
Afirmando que as reflexões que Bernardino emitia todos os sábados tinham indiscutível qualidade, Hintze considerou ainda ter havido um tremendo erro da parte dos que estão por detrás do seu afastamento.
O ex-presidente do conselho salientou, no entanto, que só o próprio pode esclarecer o que se passou.
Já o jornal A Voz do Norte anuncia que está prestes a ser nomeada directora do Diário de Lisboa, a conhecida literata D. Carolina Ferreira Pinheiro Alves, sobrinha de uma conhecida plantadora de vinhedos anti-britânicos e directora da Casa Museu Ana Plácido de São Miguel das Sardinheiras. D. Carolina que tão excelentes relações intelectuais mantém com o novo líder dos regeneradores liberais, José Torres Ferreira, e o velho líder dos dissidentes progressistas, Avelino Castelo Branco, terá sido indicada para tal posto como compensação pela circunstância de não ter tido lugar na banheira da Quinta Saloia das Celebridades.
Qualquer semelhança entre o texto emitido e as actuais circunstâncias não é apenas coincidência. A história constitui, na verdade, o género literário mais próximo da ficção. E quando se repete tanto redunda em tragédia como na presente comédia.
posted by JAM | 10/07/2004 05:30:59 PM
Marcelo, de governanta a vítima
Nesta manhã de sexta-feira fui acordado quase de madrugada para comentar na Antena 1 o caso Marcelo. E falei, falei, talvez uns dez a quinze minutos. Já não sei bem o que disse e nem sequer gravei a charla. A jornalista que me contactou e me transformou em especialista em liberdade de expressão, conheceu-me através da "Google". Apareci em directo no jornal das oito e já com cortes no jornal das nove.
Disse que a nossa liberdade é condicionada pelo poder económico e o poder político. Recordei que os dois mandões privados da nossa comunicação eram o Visconde da Anadia e o Visconde de Balsemão, os mesmos cujos ascendentes que já mandavam políticamente nos tempos do Principe Regente, nos primeiros anos do século XIX.
São eles que escolhem a direita e a esquerda que temos e os resultados chamam-se Paulo Portas, Pedro Santana Lopes e José Sócrates.
Disse que Marcelo também tinha sido escolhido por eles e que chegara a governanta do sistema. Mais acresecntei que o mesmo devia agora estar com uma barrigada de gozo perante o maior facto político que até hoje criou.
Se calhar falei em demasia, mas defendi a liberdade de expressão contra esta tentativa de lei das rolhas, à boa maneira cabralista....
posted by JAM | 10/07/2004 09:42:15 AM
8.10.04
Finalmente, vem o chicote
Em último recurso, utiliza a força e, eventualmente, a violência, para forçar à obediência pelo temor.
Se o poder político não é mera expressão da força, também não é simples emanação da moral. Uma velha questão, já tratada por Platão em Politeia, onde aparece Trasímaco a falar na justiça como predominância dos mais fortes e Calícles a dizer que a mesma justiça, pelo contrário, resulta de uma aliança dos mais débeis que instituem uma força colectiva capaz de se opor ao predomínio da força singular dos mais fortes.
Com efeito, o pessimismo de Trasímaco tem-se mantido ao longo dos tempos, nas visões naturalistas do direito e do poder que defendem o tem razão quem vence. Em Hobbes, com o direito a identificar-se com o poder, porque cada um goza de tanto direito quanto o poder que possui; em Darwin, considerando a luta pela vida e o direito como a força que permite o desenvolvimento dos mais aptos; e em Marx, que apenas transformou a luta pela vida de Darwin na luta de classes, dado que continua a dizer que o direito é expressão da classe dominante.
A este respeito, sublinharemos que a força, no âmbito do processo político, não é efectiva, mas apenas potencial, constituindo uma última linha de protecção coactiva para os poderes instalados, quando falha a normalidade da obediência pelo consentimento.
Com efeito, a força está para o processo político como a coacção está para o direito. Porque também o direito é uma ordenação coercível e não coercitiva, onde o normal é o facto das normas serem espontaneamente observadas.
Em qualquer dos casos, podemos dizer, utilizando palavras de Jean Lacroix, o problema está em que o homem não se torna racional senão quando treme diante da razão, que lhe aparece inicialmente sob a forma de coacção exterior. É obedecendo à lei que se torna concretamente racional, onde o direito é uma anti-razão ao serviço da razão e onde a política constitui uma espécie de retorno da violência sobre si mesma.
posted by JAM | 10/08/2004 10:30:38 AM
Da autoridade à manha, a fase da cenoura
O segundo passo do processo político é a autoridade.
Aqui, o emissor da palavra não está no mesmo plano do receptor. De um lado, temos o autor, do outro, uma audiência.
E o autor do discurso ocupa um lugar superior, fala a partir do lugar onde se concentra o poder.
Um lugar mais alto que é normalmente o lugar dos alicerces lançados pelos fundadores.
Na fase da autoridade já não se utiliza apenas a arte de levar ao convencimento pelo argumento, que pressupõe igualdade
Quando falham tanto a persuasão como a autoridade, isto é, o discurso feito a partir de cima, a partir de um nível superior de autoridade, eis que se entra numa terceira fase para a obtenção do consentimento, a fase do que David Easton qualifica como manipulação, onde se usam os métodos da astúcia, do engodo ou da manha. Como dizia Maquiavel, é preciso ser raposa para conhecer os fios da trama e leão para meter medo aos lobos.
Temos assim que, como recordava Freud, o poder utiliza a força para coagir, mas emprega a astúcia para convencer.
É aqui que entram formas como a ideologia, a propaganda e o próprio controlo da informação.
posted by JAM | 10/08/2004 10:23:18 AM
No princípio está a persuasão
Continuando memória das aulas:
Importa agora analisarmos as principais etapas através das quais se desenrola o processo político, onde o elemento fundamental é o poder político, aquela forma intencional de poder que procura o consentimento.
Em primeiro lugar, para obter-se o consenso, temos a persuasão. Neste caso, o governante apela para o governado através de argumentos, apelos e exortações, colocando o governado numa posição de igualdade, sem invocar a sua posição hierárquica de superioridade.
Com efeito, na política, aquele que tem o poder-dever de mandar, de governar, começa sempre por utilizar a palavra para a comunicação daquela mensagem que tem em vista obter a adesão dos que têm de obedecer.
Antes de tudo, o governante procura a adesão do governado pela palavra.
Tal era flagrante na polis, porque, como observava Fénelon (1651-1715), entre os gregos, tudo dependia do povo, e o povo dependia da palavra.
Era o próprio Aristóteles a reconhecer que o homem é o animal que possui o discurso (logos), salientando que a voz do homem não é apenas um conjunto de sons que servem para indicar a dor e a alegria, como acontece com os outros animais. A palavra do homem, serve, sobretudo, para comunicar um discurso. E é graças ao discurso, que o homem tanto comunica a dor e a alegria, como também o justo e o injusto.
O homem, como animal racional, é sobretudo, aquele que tem o dom de comunicação pela palavra. Assim, o animal político é um animal comunicacional, aquele que utiliza o discurso, que tem o dom da linguagem.
A palavra é, portanto, o alicerce ou o elemento fundacional do político, enquanto a força que instaura a comunicação. E é através do discurso que se torna possível a racionalidade.
Neste sentido, podemos até dizer que conquistar o poder é sobretudo conquistar a palavra. O chefe político é aquele que discursa, aquele que impõe um discurso, aquele que tenta transformar o conceito em preceito.
Até porque a polis é um grupo de pessoas a quem compreendemos e por quem somos compreendidos, um grupo de pessoas que compartilham hábitos complementares de comunicação, uma comunidade de significações partilhadas, conforme as palavras de Karl Deutsch.
Da mesma forma, Hannah Arendt proclama que a política surgiu na praça pública, na agora ateniense ou no forum romano, nesse lugar onde os que são livres e iguais podem encontrar-se em qualquer momento, nesse lugar de encontro e de diálogo entre os homens livres.
A política começou assim por ser a acção livre e a palavra livre, onde a palavra e a acção não estavam separadas. Aliás, aquele que levava a cabo grandes acções devia também ser capaz de proferir discursos em consonância.
A política é assim o ser-um-com-o-outro e o falar-em-conjunto-àcerca-de-qualquer-coisa, o espaço público-político é para os gregos o espaço comum (koinon) onde todos se assemelham, é igualmente o único espaço no qual todas as coisas podem ser valorizadas tomando em consideração todos os seus aspectos.
Desta forma, a democracia e a política, em vez da sabedoria dos filósofos, exigem a phronesis e, consequentemente, a persuasão e a comunicação mútuas.
Assim, a persuasão tem a ver com o método tópico e argumentativo, onde se deve encarar uma coisa a partir de vários pontos de vista opostos e, depois, sob todos os seus aspectos, essa capacidade de ver realmente as coisas de diferentes perspectivas
É que, ver uma coisa de diferentes perspectivas equivale a ter várias pessoas a perspectivar o mesmo problema, dado que assim cada coisa aparece, de cada vez, sob diferentes perspectivas
posted by JAM | 10/08/2004 10:18:36 AM
O pluralismo cercado pelo corporacionismo
Recordando sumários das minhas aulas, reparei que:
No estudo dos grupos de interesse e dos grupos de pressão, coloca-se neste momento o problema da regulamentação da actividade dos lobbies, tanto no plano intra-estadual, como no domínio das relações internacionais, no âmbito da chamada sociedade civil internacional.
Vive-se, com efeito, o abandono do anterior general good sense com a introdução de formalized rules, nomeadamente com a introdução do registo de interesses dos parlamentares e com o estabelecimento de regimes de incompatibilidades.
No mesmo sentido, estudam-se formas de controlo da pantouflage, nomeadamente com o estabelecimento de regras sobre o emprego dos membros do governo, depois destes abandonarem as funções.
Começa a delinear-se a teorização do "neocorporatism", isto é, de um especial processo sócio-político distinto do pluralismo, em que os grupos de interesse voltam a ser uma espécie de corpos intermediários entre a sociedade e o Estado, constituindo organizações quase monolíticas, em número limitado.
Uma teorização, iniciada a partir dos Estados Unidos, que visa responder à crise da representação política, do sindicalismo e da própria cidadania activa.
Contrariamente ao pluralismo, no qual as organizações são rivais, no "corporatism" seria o centro do aparelho de poder estadual a decretar quais são as associações representativas, independentemente da autenticidade associativa das mesmas.
No fundo, o "corporatism" é uma degenerescência do pluralismo e constitui um fenómeno pós-capitalista em que existe uma economia privada, mas não uma economia de mercado.
Bibliografia
}Berry, Jeffrey M., The Interest Group Society, Boston, Little, Brown & Co., 1984 [reed., Glenview, Scott, Foresman & Co., 1989].} Cigler, Allan J., Loomis, Burdett A., eds., Interest Groups Politics, Washington D. C., CQ Press, 1991.} LaPalombara, Joseph, Interest Groups in Italian Politics, Princeton, Princeton University Press, 1964.} Moe, Terry M., The Organization of Interests. Incentives and the Internal Dynamics of Political Interest Groups, Chicago, The University of Chicago Press, 1980.} Mundo, Philip A., Interest Groups. Cases and Characteristics, Chicago, Nelson A. Hall Co., 1992.} Olson, Mancur, The Logic of Collective Action. Public Goods and the Theory of Groups, Cambridge, Massachussetts, Harvard University Press, 1965 [trad. fr. Logique de l’Action Collective, Paris, Presses Universitaires de France, 1978].} Petracca, Mark P., The Politics of Interests. Interest Groups Transformed, Boulder, Westview Press, 1992.} Wooton, Graham, Interest Groups, Englewood Cliffs, Prentice-Hall, 1970.
posted by JAM | 10/08/2004 10:04:05 AM
Bibliografia sobre grupos de pressão
}Basso, Jacques, Les Groupes de Pression, Paris, Presses Universitaires de France, 1983.}Bentley, Arthur Fisher, The Process of Government. A Study of Social Pressures, Chicago, 1908 [reed., Cambridge, Massachussetts, The Belknap Press, 1967].} Castles, Francis G., Pressure Groups and Political Culture, Londres, Routledge & Kegan Paul, 1967.} Celis, Jacqueline, Los Grupos de Pressión en las Democracias Contemporaneas, Madrid, Editorial Tecnos, 1963. } Eckstein, Harry, Pressure Group Politics, Londres, Allen & Unwin, 1960. }Fisichella, Domenico, ed., Partiti e Gruppi di Pressione, Bolonha, Edizioni Il Mulino, 1972.} Key Jr., Vladimir O., Politics, Parties and Pressoure Groups, Nova York, Thomas Y. Crowell, 1942 [trad. cast. Política, Partidos y Grupos de Presión, Madrid, Instituto de Estudios Políticos, 1962].} Mckeean, D. D., Party and Pressure Politics, Boston, Houghton Mifflin, 1949.} Meynaud, Jean, Os Grupos de Pressão [ed. orig. 1960], trad. port., Mem Martins, Publicações Europa-América, 1966.}Idem, Les Groupes de Préssion Internationaux, Paris, Presses Universitaires de France, 1961.} Idem, Nouvelles Études sur les Groupes de Pression en France, Paris, Librairie Armand Colin, 1962.}Idem, com Sidjanski, Dusan, Verso l’Europa Unita. Strutture e Compiti dei Gruppi di Promozione, Milão, Ferro Edizioni, 1968.} Idem, Les Groupes de Pression dans la Communauté Européenne, Montréal, Université de Montréal, 1969 [reed., Bruxelas, Université Libre de Bruxelles, 1971]. } Millard, Frances, Ball, Alan R., Pressure Politics in Industrial Societies, Atlantic Highlands, Humanities Press International, 1987.} Odegard, Peter H., Pressure Politics. The Story of the Anti-Saloon League, Nova York, Columbia University Press, 1929.} Richardson, Jeremy John, Governing Under Pressure. The Policy Process in a Post-Parliamentary Democracy, Oxford, Martin Robertson, 1979.}Idem, Pressure Groups, Oxford, Oxford University Press, 1993.}
posted by JAM | 10/08/2004 10:02:28 AM
O que é um grupo de pressão?
Fui ler os sumários das aulas que dou sobre a matéria e reparei que:
Um grupo de pressão é um grupo de interesse que exerce uma pressão, que passa do mero estádio da articulação e da agregação de interesses e trata de influenciar e pressionar o decisor político, saindo do âmbito do mero sistema social e passando a actuar no interior do sistema político.
A pressão pode ser aberta ou oculta, pode actuar directamente sobre o decisor ou, indirectamente, actuando sobre a opinião pública.
Entre as pressões abertas, destaca-se a acção de informação, a de consulta, bem como a própria ameaça.
As duas principais formas de pressão oculta, isto é, não publicitada, são as relações privadas e a corrupção.
As relações privadas passam pelo clientelismo, pelo nepotismo e pela pantouflage.
A corrupção, como processo de compra de poder, tanto pode ser individual como colectiva, nomeadamente pelo financiamento dos partidos.
Entre as acções dos grupos de pressão sobre a opinião pública, temos tanto o constrangimento como a persuasão.
Na primeira, temos a greve, as manifestações, os boicotes ou os cortes de vias de comunicação.
A persuasão tem sobretudo a ver com a propaganda e a informação.
posted by JAM | 10/08/2004 09:56:13 AM
9.10.04
O regente e o entertainer
Na caminhada, que se pretende vitoriosa, rumo ao Mundial de 2006, a selecção portuguesa defrontou no sábado, em Vaduz, a equipa nacional do Liechtenstein, tendo sido copiosamente empatada.
No fim do jogo, o seleccionador nacional dos seniores disse apenas que é preciso respeitar o silêncio: "O silêncio é uma maneira de falar. Faz parte da liberdade em democracia as pessoas falarem ou não falarem" - concluiu.
Logo de seguida, seleccionador de esperanças acusou o Governo do sistema de ter agido para silenciar seleccionador de seniores e exigiu um pedido de desculpas ao país por parte do Presidente do Sistema.
O principal financiador da selecção pediu ao seleccionador de seniores para suavizar o tom de conflitualidade política da sua crónica nos balneários. A notícia é avançada na edição deste sábado do jornal A Voz de Alcagaitas.
Por sua vez, embaixador Da Silva Esparteiro vai assumir a presidência do conselho de administração da Bola Global, empresa da Desporto Inteiro para a imprensa, em substituição de Lucas da Sueca, que apresentou a sua demissão por discordar da forma como foi nomeado Ludovico Gordo, presidente executivo da «holding» de comunicação social do grupo DI.
A crise criada em torno da saída do seleccionador de seniores obriga o presidente do sistema a fazer uma comunicação ao País na segunda-feira, ao mesmo tempo que o seleccionador de seniores mantém o silêncio.
Enquanto isto, a subdirectora de informação da Rádio Voz do Penedo Alto atropelou ontem um homem de 28 anos, no Largo da Praça, na sede do concelho. “Foi tudo muito rápido, ele vinha a correr e eu não o vi”, contou a pivô.
Entretanto, o mau tempo que atingiu o País ontem à tarde, sobretudo a região Centro, provocou a queda de muitas árvores, condicionou o trânsito automóvel e a navegação marítima e fluvial. Por estranho que possa parecer, os bombeiros combateram um número inesperado de fogos.
Qualquer semelhança entre o texto emitido e as presentes circunstâncias não é apenas coincidência. A história constitui, na verdade, o género literário mais próximo da ficção.
posted by JAM | 10/09/2004 01:26:22 PM
11.10.04
Marcelo, o púlpito, o quartel e a escola
Na vida, para ser homem,Não basta aprender a ler:Porque também é preciso,Além do a-bê-cê, o juízo,Não basta saber somar,Dividir, multiplicar:Para ter calma e medida,Também é preciso, penso,Tomar lições de bom-senso...
(W. Busch, trad. de Olav Bilac, Juca e Chico)
Se no Portugal Velho, que ainda marcou o salazarismo, quase tudo se resumia à família, à igreja, ao quartel e à escola, eis que os novos clérigos são cada vez mais os donos da agenda do videopoder e os anónimos fazedores dos dicionários de opinião comum, o "thesaurus" donde se retira