Corvos Da Dispersão

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  • Corvos da Disperso

    Asenath Mason

    Extrado de "Visions of The Nightside", Black Tower Publishing, 2013

    Traduzido do texto original "Ravens of Dispersion" por Robert Pereira

    A'arab Zaraq, ou "Corvos da Disperso", a ltima Qlipha no plano astral da rvore Cabalstica. Se seguirmos a teoria de que as Qlipoth so as foras opostas s Sephiroth e cada Qlipha

    na rvore Sombria uma anttese da Sfira correspondente na rvore da Vida, devemos primeiro dar uma olhada em A'arab Zaraq com relao Sfira Netzach, "Vitria". As foras de Netzach so conectadas com a influncia planetria de Vnus e representam emoes e paixes, Desejo como uma fora motriz que supera os obstculos no caminho da Ascenso e inspira o adepto ao avano, para

    buscar iluminao espiritual. Esta a energia bruta que precisa ser equilibrada, e este equilbrio

    encontrado na Sfira Hod, que representa intelecto, pensamento racional e auto controle. No Lado Sombrio da rvore, estas foras existem em sua forma pura, primitiva, desequilibrada e desenfreada.

    No plano fsico elas se manifestam como ganncia, cimes, atitudes possessivas, paixes desenfreadas e luxria descontrolada - a negatividade de Netzach, o lado sombrio de Vnus.

    Enquanto o smbolo de Vnus em seu aspecto brilhante e positivo a pomba, o emblema de A'arab Zaraq o corvo. Espritos e entidades associados com este reino so criaturas medonhas semelhantes aves, com asas de corvo e cabeas demonacas, que nasceram no corao do vulco e

    voam sobre as guas tempestuosas do ltimo posto avanado do plano astral, transportando a alma

    do viajante do Lado Escuro (Nightside) para o corao da rvore, o Sol Negro de Thagirion. Acredita-se que o corvo negro, smbolo desta Qlipha, est relacionado ao corvo enviado por No da sua arca, no conto bblico do Dilvio. O significado desta histria alegrico e apresenta a

    pomba e o corvo como smbolos da vida e da morte. O Dilvio foi a punio de Deus para os pecados da humanidade e as guas representavam morte e destruio que tiraram a vida de todos os seres vivos sobre a Terra, exceto para No, sua famlia e os animais que estavam com ele na arca. Quando as guas do Dilvio baixaram, a arca de No repousou sobre as montanhas de Ararat. Ento ele enviou o

    corvo para ver se j era hora de sair. O corvo continuou voando de volta at que a gua secou. Um dia

    ele no retornou, encontrando local de descanso entre morte e apodrecimento, e se regalando sobre os corpos daqueles que se afogaram no Dilvio. Ento No enviou outra ave - uma pomba. A pomba no encontrou o local de descanso na carne apodrecida e retornou para a arca. No ento esperou sete dias e a enviou novamente. Desta vez a ave retornou com uma folha de oliva recm colhida, simbolizando

    o tempo de renascimento e rejuvenescimento da vida na terra. No esperou ainda outros sete dias e ento enviou mais uma vez a pomba. Desta vez o pssaro no retornou, o que significou que a terra

    tinha renascido aps o Dilvio e era seguro deixar a arca e comear uma nova vida.

    Esta histria contribui grandemente para o simbolismo negativo do corvo. uma ave suja, se

    banqueteando em carne podre e se afeioando morte e apodrecimento. No sentido simblico, ele representa a fascinao com a morte, impureza e carne, e tambm pode se referir pessoa que vive na carne, perseguindo desejos carnais, ao invs de buscar o caminho da Ascenso espiritual. A pomba o smbolo de uma pessoa que busca redeno e retorno Deus. Na doutrina crist, a pomba tambm o

    smbolo do Esprito Santo que dota a alma com o revigorante poder doador da vida, e o smbolo do batismo que outorga este poder alma. A pomba o emblema do renascimento espiritual, mas o

    corvo tambm smbolo de batismo e renascimento, exceto que este batismo no experimentado atravs da Graa Divina e o Esprito Santo, mas ele um ato da Vontade do iniciado.

  • Iniciao atravs de Netzach a controlada e ordenada busca do Desejo e domnio das emoes atravs da pacincia, fortaleza e persistncia. tambm o princpio de liderana e vitria no caminho espiritual, inspirando e motivando outros para ao e movimento. Iniciao atravs de

    A'arab Zaraq a mestria das emoes atravs do confronto direto com o Desejo no reprimido, o teso desenfreado da Vnus Escura. tambm a vitria sobre medo, morte e existncia passiva atravs do

    caminho do guerreiro, o domnio de Baal, que o deus dominante desta Qlipha. A'arab Zaraq governada por Baal, o Deus da Guerra, e Vnus Ilegtima, a Deusa da Paixo e Sexualidade. O processo inicitico comeado neste reino a mistura dessas duas foras entrelaadas e

    associadas na unio dinmica de paixo e violncia, teso e derramamento de sangue, medo e morte e a afirmao exttica da vida e seus deleites carnais. Este o Caminho do Amante, bem como o Caminho do Guerreiro, iniciao de morte e sacrifcio, e a iniciao do amor e prazer sexual. H

    viajantes atravs do Lado Escuro que experimentaro os extremos de um destes caminhos somente, existem aqueles que enfrentaro o outro, e h tambm adeptos que sero confrontados com a

    totalidade dessas foras combinadas. Na rvore da Noite, nada pode ser previsto, nada tido como certo e cada experincia inicitica pessoal e nica. Alm de Baal, fontes Cabalsticas mencionam outro personagem governante desta Qlipha:

    Tubal Cain, o fabricante de armas afiadas. Tubal Cain mencionado na bblia como filho de Lamech e Zilla, o irmo de Naamah, que a prpria rainha demonaca do mais baixo reino Qliftico. Ele o

    descendente de Cain e o patrono dos ferreiros, ofcios e trabalhos com metal. Identificado com o deus romano Vulcano, ele o fabricante de armas e ferramentas de guerra e destruio. No Gnesis (4:22) ele descrito como o "forjador de todos os instrumentos de bronze e ferro". Ele tambm um

    alquimista e detm o segredo da transmutao dos metais. Ele foi supostamente o primeiro a descobrir mtodos de forja do cobre, o metal simblico de Vnus, que em tempos antigos era utilizado frequentemente em espelhos, enquanto o prprio cobre era chamado de "o espelho da deusa".

    Baal o deus guerreiro que conduz os homens para a batalha. Ele veste uma armadura dourada e um elmo dourado com chifres de touro. Em sua mo direita ele empunha a lana, na sua

    mo esquerda - o escudo. Algumas vezes ele aparece com seu brao direito estendido, conjurando e comandando o relmpago. Em reas Semticas, a palavra "Baal" era um ttulo e significava "mestre" ou "senhor". Assim, foi atribudo a uma ampla gama de deuses com os quais Baal era identificado, de

    deidades da natureza de clima tempestuoso, at deuses demonacos como Belzebub, o maligno Senhor das Moscas e Prncipe dos Demnios. Hadad era o deus semtico da chuva e trovo. Ele governava o

    tempo e tinha o poder de comandar tempestades e raios. Como o deus governante de A'arab Zaraq, presidindo sobre tempestades e guas vociferantes do plano astral, Baal carrega uma grande

    semelhana com esta antiga deidade. H, entretanto, muitos outros deuses com quem Baal foi associado. Acredita-se que ele o filho de El, o deus primrio do panteo Cananita, e o animal

    simblico desses dois deuses era o touro, smbolo de fora e fertilidade. Ele tambm era conhecido sob muitos nomes e eptetos. Como Ba'al Hammon, ele era adorado pelos Cartagineses e seu culto supostamente envolvia a queima de crianas como oferendas. Como Ba'al Hadad, se acreditava nele

    como o deus da natureza que presidia sobre ritos de fertilidade com sua irm e amante, Anath. Algumas vezes se acreditava na sua consorte como a deusa Astarte, cujo nome significava o "ventre"

    ou "aquela do ventre" e era smbolo de fertilidade feminina. Raphael Patai, observa em The Hebrew Goddess que o nome "Astarte", entretanto, era originalmente um epteto de Anath. No mito Ugartico

    de Anath, do sculo 14 antes de Cristo, Baal se deitou com sua consorte irm setenta e sete vezes, o filho desta unio foi um touro selvagem, enquanto Anath assumiu a forma de uma bezerra por esta

    ocasio. H tambm outros mitos e contos que enfatizam o papel da sexualidade nos cultos de Baal.

    Eles mencionam orgias realizadas nos topos de colinas e montanhas, sacrifcio humano, ritos sexuais realizados para assegurar a abundncia das colheitas, festins sagrados com a preparao de bolos

    especiais, etc.

    O culto de Baal tambm conhecido da histria bblica de Ahab e Jezebel. Em consequncia do desejo de sua esposa, filha do rei dos Sidnios, Ahab pecou contra o Deus de Israel colocando o

    altar de Baal no templo que ele construiu na Samaria para esta antiga deidade. Ento ele estabeleceu o culto de Baal com vrias centenas de profetas e sacerdotes. O culto foi posteriormente destrudo, os

  • sacerdotes e adoradores de Baal mortos, o pilar de Baal partido em pedaos e o templo destrudo. A rainha Jezebel foi assassinada, arremessada da janela e seu corpo foi deixado para ser devorado pelos ces. Desde ento ela veio a ser associada com falsos profetas, e o culto de Baal, que era praticado sob

    a proteo real, foi posteriormente demonizado e visto como antinomiano.

    Baal, ou Bael, o nome de um dos espritos demonacos na Gotia. Aparentemente no relacionado ao deus da guerra, este esprito Gotico um poderoso rei que governa o Leste e preside sobre 66 legies de espritos infernais. Ele aparece em muitas formas diferentes, um gato, um sapo, um homem, todos os trs ao mesmo tempo. Diz-se que ele ensina o poder da invisibilidade. H,

    entretanto, um significado mais profundo para ele. Como um esprito feiticeiro e metamorfo, ele relacionado Belial, Prncipe da Terra e um dos deuses feiticeiros. O prprio Belial o senhor da guerra e aparece em campos de batalha, com corvos e criaturas predadoras, incitando violncia e

    fria, e ensinando os mistrios do auto sacrifcio. Ele o senhor de todas as coisas materiais, a carne e o mundo fsico, o irmo de Naamah, deusa do prazer sensual. Mas ele tambm o feroz cavaleiro

    trazendo destruio ao mundo, o senhor da guerra, o emissrio da morte e apocalipse. Porm, esses dois espritos tm mais em comum alm do que percebido primeira vista. O segundo poder dominante da Qlipha A'arab Zaraq Vnus Escura, ou Venus Illegitima.

    Diferente de sua contraparte Sefirtica, aqui a fora de Vnus desequilibrada e desenfreada, manifestando-se em todos os extremos, de xtase e apogeu de deleite sensual, at obsesses mais

    baixas, cobia e abuso. Vnus um smbolo poderoso da sexualidade feminina. O smbolo astronmico de Vnus, o crculo com uma pequena cruz abaixo, amplamente utilizado para denotar o sexo feminino, e a prpria deusa uma das mais conhecidas padroeiras do amor, sexo e prazer

    carnal. O prprio planeta Vnus era na antiguidade associado com muitas deusas proeminentes. Para os Babilnios, ela era Ishtar, a deusa do amor e da guerra que presidia sobre os mistrios da vida,

    morte e renascimento. Para os antigos Egpcios, ela era Isis, a deusa da fertilidade, mas tambm padroeira da magia e a senhora do nascimento, vida eterna e ressurreio. Contudo, eles tambm

    acreditavam que Vnus tinha dois corpos separados, a estrela da manh e a estrela do anoitecer. Esta viso foi posteriormente adotada pelos Gregos, que chamaram de Phosporos a estrela da manh, "o Portador da Aurora" e a estrela do anoitecer de Hsperos, "a estrela da noite". Esses nomes tambm

    aparecem nas lendas de Lcifer, o Portador da Luz, "o Filho da Manh", e se referem sua natureza estelar e csmica. Identificado com Vnus, o Trono de Lcifer a estrela que brilha orgulhosamente

    como o mais brilhante objeto no cu, depois do Sol e da Lua. Ele o portador da luz a chama divina que a origem de todas as coisas, e ele o deus patrono da iluminao atravs do conhecimento e

    sabedoria, associado com Prometeu, que trouxe o fogo divino para a terra e ensinou a humanidade como se tornar igual aos deuses. A interpretao esotrica do mito de Prometeu explica a ddiva do

    fogo como o despertar da centelha interna no homem, a fonte de poder espiritual que corresponde ao conceito Tntrico da Kundalini. O fogo de Prometeu a centelha da Divindade que se torna a tocha do infinito potencial divino. Assim como Prometeu ensinou a humanidade como se tornar igual aos

    deuses, Lcifer tambm mostra ao homem o caminho da independncia e a via para a Divindade do prprio homem. Esse princpio Luciferiano de acender a chama divina primeiro encontrado quando

    o iniciado adentra no plano astral da rvore Csmica e comea a sua jornada em busca de Divindade. Atravs dos sucessivos nveis da Iniciao Qliftica, a chama cresce e se torna o fogo do renascimento

    e transformao espiritual. A real iluminao da chama de Lcifer, entretanto, comea no reino de Thagirion, o Sol do Lado Escuro, onde o adepto aprende a ideia de Divindade, enquanto que no plano

    astral o praticante encontra e confronta seus "demnios" pessoais e prepara-se para nveis avanados

    de Ascenso espiritual.

    Tal como Baal, a deusa de Vnus era conhecida pelo mundo antigo sob muitos nomes e eptetos diferentes, e associada com muitos diferentes atributos. Ela era Vnus Caelestis, a senhora

    celestial, Vnus Genetrix, a deusa da maternidade e domesticidade, Vnus Erycina, a padroeira das prostitutas, Vnus Verticordia, a transformadora de coraes, etc. Como Vnus Libertina "a mulher

    livre", ela presidia sobre as questes de amor e sexualidade feminina. Ela incorporava beleza, seduo, paixo, e desejo sexual, e era similar sua equivalente Grega, a deusa Afrodite. Como Vnus Libitina,

  • ela era a padroeira dos funerais e agentes funerrios e presidia sobre os ritos de sepultamento e luto. E ela era tambm Vnus Victrix, a feroz deusa da guerra que dominava os campos de batalha e regozijava-se no derramamento de sangue.

    Na antiga mitologia Romana, Vnus o princpio feminino complacente, aqutico que

    equilibrado atravs da fora de sua contraparte masculina, Vulcano ou Marte - ambos os deuses ativos e gneos, patronos do fogo e ferozes deuses da guerra e guerreiros. Ela absorve sua fora gnea e une os opostos do macho e da fmea, provendo equilbrio para essas duas correntes. Ela a deusa sensual das prostitutas e preside sobre os prazeres da carne, mas ela tambm sublima os impulsos sexuais em

    virtudes superiores, o carnal em espiritual. Como a deusa de A'arab Zaraq, ela continua o trabalho iniciado pelos mistrios de Lilith nos outros reinos astrais: transformao de carne em esprito. Esta transformao essencial para continuar a jornada espiritual no corao da rvore, o reino de

    Thagirion, onde o Adepto confrontado com a completa manifestao do seu prprio lado sombrio, o Daimon pessoal.

    Se as iniciaes no plano astral no tiverem sido devidamente completadas, o adepto ser devorado por esta fora, que equivalente infame Besta 666, a aterrorizante e devoradora fora do Sol Negro. No sentido microcsmico, este processo corresponde ativao e domnio dos trs

    primeiros chakras: Muladhara, que representa tudo o que mundano e fsico, e governa sobre os instintos bsicos de sobrevivncia, Svadisthana, que a fora motriz da reproduo - sexual, artstica,

    intelectual, etc., e Manipura, que governa emoes, sentimentos, vontade livre e a habilidade de manifestao. Esses trs chakras inferiores so as fundaes de toda a vida e existncia para a maioria das pessoas. Muitas esto concentradas somente nos aspectos mundanos da vida: sono, comida, sexo,

    trabalho, etc., sem mesmo perceber que existe algo mais l fora. O despertar da conscincia espiritual, a necessidade de experimentar algo mais alm daquilo que geralmente percebido como "vida", um impulso que flui a partir dos chakras superiores. Este processo de despertar espiritual iniciado nos trs chakras inferiores, mas ativado no Anahata, o chakra do corao que tambm corresponde ao

    corao da rvore Cabalstica: Tiphereth no seu lado luminoso e Thagirion no lado negro da rvore. A fim de atingir este nvel, as energias de todos os reinos inferiores tm de ser confrontadas,

    absorvidas e sublimadas em fora espiritual. Dominando estes princpios ns alcanamos o entendimento da fora motriz por traz de todas as aes humanas e aprendemos como controlar esta energia e utiliza-la como um veculo de Ascenso espiritual. Se este processo for completado com

    sucesso, a fora que ns enfrentaremos quando alcanarmos o corao da rvore ser o Sagrado Anjo Guardio, a conscincia superior e a imagem individual de Divindade. Se falharmos em transformar

    "carne em esprito", seremos ao mesmo tempo confrontados com tudo que rejeitamos, reprimimos ou deixamos de fora deste processo. Esta a Besta devoradora de Thagirion.

    Os preparativos para este encontro so iniciados na primeira Qlipha, quando o adepto entra

    no Lado Escuro e inicia o processo de transformao espiritual. O ltimo estgio desta jornada A'arab Zaraq, onde o adepto aprende como ser um guerreiro magista atravs do caminho de Baal e os mistrios da Vnus Escura. Quando ns entramos no Sol Negro de Thagirion, tudo muda, e iniciamos

    uma jornada completamente nova, que no nada parecida com o que sempre foi antes. Coisas que pareciam importantes, agora parecem insignificantes; prazeres e passatempos que aprecivamos,

    parecem nada mais do que brincadeira de criana, metas que perseguamos com todas as nossas foras agora so fceis de alcanar e no mais importam. Formamos novas metas e aspiraes, novas

    definies, novos vnculos e conexes com o mundo ao redor, e deixamos para trs tudo o que no uma parte do caminho espiritual. Esta uma experincia libertadora e exttica. Mas ela pode ser

    tambm aterrorizante e traumtica se ns no estivermos adequadamente preparados para o que nos

    aguarda quando atravessarmos o vociferante oceano que separa o reino astral do mundo mental da rvore Cabalstica. No reino de A'arab Zaraq entramos no ltimo estgio dessa preparao. Somos

    arremessados no campo de batalha dominado por Baal, o prprio deus da guerra. Ns somos mortos e deixados para os carniceiros. Nossa carne arrancada e devorada por aves de rapina sempre famintas

    e nossas almas so transportadas para o cu pelos corvos da disperso e banhadas nas guas prateadas de Vnus, absorvidas e transformadas pelo seu poder unificador e rejuvenescedor.

  • A prpria Vnus uma fora altamente ambivalente. Ela branda e amorosa e ao mesmo tempo feroz e cruel. Ela preside os ritos de magia feminina, seduo, manipulao, tentao sexual, e ela a padroeira dos assuntos do corao, sexo e casamento. Mas ao mesmo tempo a orgulhosa

    deusa da guerra e ela pode dar vitrias militares, boa fortuna e sucesso em batalha. Neste sentido ela se assemelha irm e consorte de Baal, Anath, a senhora da guerra e conflito. Raphael Patai escreve

    em The Hebrew Goddess que no existe deusa do antigo Oriente Prximo mais sedenta de sangue do que Anath. Ela facilmente provocada para a violncia e ir frentica, ferindo e matando a torto e a direito: ela pune os povos do Leste e do Oeste, ento os decapitando e cortando seus braos e pernas. No satisfeita com isto, ela prende as cabeas cortadas em suas costas e as mos em seu cinturo, e

    mergulha at os joelhos no sangue das tropas e at os quadris no sangue coagulado dos heris. Agora seu fgado se dilata com o riso e seu corao se enche de jbilo. Essa descrio nos lembra de que quando enfrentarmos Vnus Escura, ns no encontraremos somente a deusa sensual das paixes,

    mas tambm a belicosa e sanguinria consorte do deus da guerra. Eles presidem sobre o processo inicitico de A'arab Zaraq e ambos so os iniciadores e guias atravs dos ferozes mistrios dessa

    Qlipha. Sua iniciao o comeo do caminho do guerreiro, quando o adepto tem de superar fraqueza, hesitao, medo da morte e deixar tudo isto para trs a fim de sair e enfrentar o desafio. Isto libera

    uma grande quantidade de emoes - indo de ansiedade, impulso de fuga, desistncia, negao e medo - at agresso, fria, violncia e desejo de infligir dor. Todas estas so desequilibradas e fluem

    como uma corrente de fora desenfreada. Uma vez que essas emoes so liberadas, a alma transportada pelos corvos, os pssaros de A'arab Zaraq, em voo exttico entre mundos e dimenses. L, o adepto captura vislumbres dos planos superiores, mas no pode acessa-los at que o processo

    inicitico desta Qlipha esteja completado e ele prprio se torne o corvo da disperso, forjado nos ferozes fogos do vulco, pronto para o voo solitrio em direo ao Sol Negro. Esta iniciao envolve a experincia de morte. Ns podemos dizer que cada iniciao o faz, e

    sempre morremos em um nvel para renascer no outro. Aqui, entretanto, estamos falando sobre uma experincia real, tangvel que vai alm do mero simbolismo. claro, ela pode ser a morte de uma

    maneira simblica, quando a alma despojada de todas as suas camadas, at o puro ncleo da existncia, e renasce novamente, nas guas unificadoras da Vnus Escura, atravs do Amor e Desejo que so as foras de ligao por trs de toda a criao. Mas ela tambm pode ser a morte fsica ou uma

    experincia de quase morte, em um sentindo literal, quando a alma separada da carne e transportada nas asas dos corvos, atravs do plano astral e para dentro da esfera solar no corao do

    universo. Aqueles que viveram uma experincia de quase morte frequentemente falam sobre encontros com guias espirituais, deuses, santos, ou vrios seres enquanto permaneciam fora do corpo.

    Algumas vezes essas entidades pertencem ao plano astral, onde tambm podemos encontrar as almas dos falecidos, mas encontros com deuses e seres superiores pertencem ao plano mental, e

    normalmente a experincia de Tiphereth - se eles so brilhantes e tranquilizadores, ou da sua contraparte escura - se so assustadores ou traumticos. Isto tudo uma parte do processo inicitico de A'arab Zaraq e do caminho de auto sacrifcio que iniciado aqui. A iniciao deste reino

    atravessar da conscincia corporal para a espiritual, que ocorre quando a alma livre para deixar o corpo. Alguns adeptos so bem sucedidos nesse processo atravs de tcnicas magsticas, outros so

    confrontados involuntariamente com a experincia de quase morte fsica. Se quisermos ou no, uma parte natural do caminho inicitico Qliftico. No por acaso, o caminho que conduz da Qlipha

    anterior, Samael, para A'Arab Zaraq, Parfaxitas que est associado com o conceito da Torre (XVI) no simbolismo do Tarot e inclui os trabalhos de ira e vingana. A corrente mgica aqui conectada com o

    conceito de ira divina e sua natureza marcial expressa pelo smbolo da espada - o emblema do

    caminho do guerreiro que iniciado aqui. Kenneth Grant observa em Nightside of Eden que a espada como arma mgica est associada com deidades tais como Mentu, Marte e Hrus, o deus flamejante

    que se enfurece pelo firmamento. Ele tambm aponta que a ira uma parte da corrente purgativa conectada com o ciclo feminino e o sangue derramado pela fmea no momento da puberdade: o

    primeiro sacrifcio e o primeiro sacramento. O sangue derramado em batalha uma forma secundria deste simbolismo e pertence a Marte e corrente Marciana. Esta observao tambm relacionada ao

    papel de Baal e Vnus Illegitima como os primeiros iniciadores deste reino Qliftico: Os dois

  • representam as foras combinadas de Marte e Vnus, o macho e a fmea, ambos ferozes e dinmicos, iniciando mudana e transio - a travessia da conscincia carnal para o xtase do esprito. A via do auto sacrifcio que iniciada aqui, tambm o caminho do deus Nrdico Odin que se

    sacrificou, ficando dependurado na rvore Csmica por nove dias e noites, perfurado com sua prpria lana, a fim de aprender os segredos das runas. O prprio Odin um deus guerreiro que

    conduz os soldados para a batalha e festeja nos sales do Valhalla com os heris que morreram na luta. Ele associado com guerra, batalha e vitria, e sua iniciao o caminho da morte e do auto sacrifcio. Dentre seus animais simblicos esto os corvos, Hugin (pensamento) e Munin (memria) que voam pelos cus, como os corvos da disperso associados com A'arab Zaraq. Ele tambm

    conhecido como o deus corvo e frequentemente retratado com dois corvos pousados em seus ombros. Acredita-se que eles so seus mensageiros, voando pelo mundo e coletando informaes de todas as aes e todos os eventos.

    Os corvos de Odin so tambm smbolos da alma e seus aspectos particulares, o fylgja e o

    hamingja. Estes dois conceitos esto relacionados tradio xamnica e ideia de animais totem e animais espritos. O fylgja era um esprito guardio e guia, amide imaginado em uma forma animal. Tambm era a origem de contos e lendas sobre poderes de metamorfose de bruxas e feiticeiros e seus animais mgicos. O hamingja era uma entidade pessoal, bem como uma parte da alma que podia ser

    separada. Quando uma pessoa morria, seu hamingja podia ser reencarnado em um de seus descendentes. Os corvos de Odin, contudo, possuem um simbolismo mais profundo e no so

    somente seus mensageiros, mas tambm seus olhos e ouvidos no mundo, uma parte de sua divina essncia mgica.

    O prprio corvo tem um amplo simbolismo ao redor do mundo. Ele uma ave de mistrio, magia, alquimia, o mensageiro dos augrios, bons e maus. Ele uma criatura de metamorfose, representando mudana e transformao. Acreditando-se que voa entre os mundos, o corvo o portador de mensagens de alm do tempo e do espao, da terra dos mortos e o reino dos espritos.

    Associado com carnia, ele o emblema da morte que se regala sobre a carne podre, o mensageiro da escurido e destruio. Na alquimia, o primeiro estgio do processo alqumico, o nigredo,

    "escurecimento", era tambm conhecido como "o corvo", ou "a cabea do corvo". Ele era o estgio da putrefao e decomposio, o primeiro passo na obra da Pedra Filosofal. Em termos espirituais, era a "noite negra da alma", quando o adepto tem de enfrentar a sombra interior, o tempo de crise,

    depresso, sofrimento e medo. Era a fase negra que conduz transmutao do Self, transio para um nvel de Ascenso espiritual completamente novo.

    O trabalho alqumico em si mesmo o processo de transformao, o veculo de mudana, um

    recipiente onde podemos confrontar nossa prpria natureza primordial, nos tornar reconectados ao nosso ncleo, obter o conhecimento e entendimento de nosso prprio lado sombrio, absorv-lo, e fazer

    dele uma ferramenta de desenvolvimento espiritual. Tudo isto acontece no plano astral, atravs das sucessivas iniciaes de Lilith, Samael e A'arab Zaraq, os trs reinos que nos confrontam com instintos, pensamentos, sentimentos e emoes. A crise um convite ao crescimento. Ns temos de

    crescer e enfrentar nossa sombra interior a fim de nos libertarmos de sua influncia. Como adeptos do caminho Qliftico, aprendemos como controlar nossa sombra interior, ao invs de deixar que ela nos

    controle. A maioria das pessoas governada pelos seus instintos e emoes bsicos, mesmo que eles no possam perceber isto ou vivam em uma iluso de que de outro modo. Tambm, as estruturas do

    mundo em que vivemos no nos ensinam como transcender a ns mesmos, como pensar e agir independentemente. Isto para ns descobrirmos e aqui onde as tcnicas antinomianas do Caminho

    da Mo Esquerda so teis. Leis, tradies e instituies reforam a condio sonamblica do homem

    comum, cuja vida governada por tudo exceto sua Vontade consciente. O que pior, somos constantemente ensinados a acreditar que estamos no controle e isto tudo nossa escolha consciente.

    Atravs do caminho antinomiano do lado esquerdo aprendemos a ir alm do consenso programado e nos recolhemos em ns mesmos, no ncleo, que a verdadeira fonte de Vontade e poder espiritual.

    Ns estamos continuamente expostos a padres condicionados de como agir, pensar, sentir, e viver, e qualquer transgresso desses padres vista como algo errado, enquanto de fato uma parte natural

    do processo inicitico Qliftico. Uma vez que nos libertamos desses padres de pensamento, emoes programadas, estruturas de comportamento condicionadas, eles no mais tero poder sobre ns. Isto,

  • entretanto, no feito atravs de represso, fuga ou negao, mas atravs de confrontao ativa, entendimento, integrao e transformao desses princpios em um veculo de Ascenso. A completude deste processo o trabalho de A'Arab Zaraq, o ltimo posto avanado no caminho para o

    corao da rvore.

    Do ponto de vista Qliftico, todo o plano astral o recipiente do nigredo, a putrefao e separao alqumica, quando a alma sucessivamente despojada de todas as suas camadas e reconstruda, em preparao para o renascimento no reino do Sol. Neste estgio o adepto reconstri seu mundo, redefine o caminho mgico e decide o qu fortalecer e o qu deixar para trs. Este

    processo severo, traumtico e ns frequentemente sentimos como se nosso mundo estivesse desmoronando contra a nossa vontade e a despeito de nossas escolhas e esforos. Aqui onde a maioria dos magos fracassa no caminho, consumidos pelo medo, depresso, desespero, dvida e

    descrena - ou cedendo s obsesses, iluses, violncia, narcisismo, ou dilatao do ego. Muitos magos se tornam fascinados com o poder em si mesmo e se concentram em utiliza-lo para ganhos materiais,

    ficando assim emperrados em seu desenvolvimento espiritual. Outros no so capazes de lidar com a quantidade de poder e sofrem toda a sorte de desordens mentais, frequentemente resultando ou em suicdio ou em tratamento psiquitrico. Os testes e desafios do plano astral so mais difceis do que qualquer um pode esperar. Ele no somente um reino de sexo astral, rituais extravagantes, e viagens

    onricas, um parque de diverses para um mago aventureiro. tambm um labirinto de tneis negros, desprovido de qualquer luz, com monstros e demnios espreitando na escurido, prontos para picar e

    envenenar a alma com todo o tipo de negatividade. O propsito das iniciaes no plano astral preparar o adepto para sobreviver no caminho. No h nada seguro aqui e nada pode ser tomado como certo. Isto, claro, no significa que no pode ser tambm uma aventura fascinante, mas

    somente se ns estivermos abertos para a experincia e prontos para aceitar o que ela trouxer, sem fugir em pnico quando realmente nos confrontarmos com o que ns invocamos. Seguindo a fase negra de decomposio, a experincia do reino astral, o adepto sofre uma

    purificao no albedo, que a abluo da alma, a lavagem das impurezas. Isto acontece no momento de atravessar as guas astrais que separam o plano astral do reino do sol. Entrando na esfera solar, a alma

    experimenta uma transio para o prximo estgio alqumico, o citrinitas, que a transmutao da conscincia lunar e a integrao do Anjo e a Besta, o lado brilhante e o lado sombrio do indivduo. A esfera solar prepara o adepto para a experincia do Abismo e o ltimo reino na rvore, a Qlipha

    Thaumiel que existe no plano espiritual. Este o estgio final no Magnum Opus alqumico, o rubedo, que significa a completude e o sucesso da obra. O nico passo que resta para o prprio Vazio, o

    verdadeiro Ventre do Drago.