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Copia de Huma Carta Sobre a Nitreira Artificial Estabelecida Na Vila de Santos Da Capitania de S. Paulo (1800)

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  • COPIA

    A NIT ESTABEL

    rd&L HIMA CARTA O E H E

    RA ;AR*TIFICIAL, %VILLA DE SANTOS, |

    DA^CAPITAMA DE S.PAULO, /mfilGmCA E$TA CORTE

    J O O , M A N S^O P E R E I R A , ^ E . E $ J B L I C A # A IDE O R D E M

    LT^A REAL PRNCIPE REGENTE

    N O S S O S E N H O R , EOR

    FR. J O S M A R I A N O V E L L O S O ,

    L I S B O A , NA OFFIC. DA CASA UTTERARIA DO ARCO DO CEGO.

    M. DCCC.

  • Beaum Tom. III . pag. 6Q5.

    J'ai mis dans une cruch de gres douze pintes de urine fraiche, et trois livres de chaum eteinte Vair. Ce melange a exhal une odeur d'alkali yoltil, qui a subsiste pendant plus de deux mis, Vurine s'est evapor en grande partie dans Vespace de*six misr, que j'ai lais-s ces matieres en digestion. Tagitois le me-lange de temps en temps avec une spatule de fer. Au bout de six mis f ai filtre Ia liqueur*. EUe ai*oi peu de couleur-: jeVai fait vapf-rr jusqua Ia reductio/i d'une chopine; elle s'est troubl et colore; je Vai filtre de nouveau ; elle avoit-toujours une odeur fetide d'alkali voltil, et une couleur presque rouge: je Vai lais-s evaporr Vair libre; elle ajbrm de beaux crystaux de nitre* . \.

  • REVERENTSSIMO SH. * * *

    N, A minha de 12 de Junho do presente anno dei parte a V. . . . da MetafiziCa Nitreira da Paranayba. Agora, que respondi a honrosa car-ta do Illustrissimo e Excellentissimo Sr. , ; . . . . . e o fiz sciente da Nitreira Real de San-tos , he preciso expor com alguma miudeza,-quaes so os meus sentimentos a respeito des-ta matria. ;

    Deliberei-me a erigir nesta Villa huma Ni-treira , para que ella me haja de servir de des-engano da possibilidade desta cousa. Passo a xpor os motivos, que me conduziro para as-sim obrar.

    Nesta Villa o calor, e humidade so exces-sivos 1 desta he testemunha o limo verde, que na maior parte dos edifcios sobe at ao meio das paredes , daquelle o termmetro de Reau-mur , quesbio sempre a 20 , e algumas vezes a 26 gros nos mezes de Julho e Agosto, que so o corao do inverno neste paias. Parece escusado dizer, que no ha clima nesta Capi-

    5 a ii e

  • ( 4 )

    tania, onde seja mais prompta a putrfaco , e por conseqncia a produco do Salitre. Por que o d a m n o , que pde causar o exces-sivo calor, volatilisando o Azote , como pensa Chaptal , he mais fiacil de se remedia r , do que aquelle , que procede do excessivo frio. Este s se pde evitar com a despesa do fogo , a-quelle humedecendo com as-regas mais co-piosas, e amiudadas Nitreira nos mezes , m que se temer aqelle mal.

    A maior parte dos edifcios esto', QU ar-ruinados , ou prximos a ruina. Encontro-ste em muitos lugares montes de calia proce-didos de alguns pequenos reparos , d'algUf mas poucas casas , que se tem reediflcadp. T e m subido o pYed* r., quando a no tem ; pois o actual Commandante usa da economia de mandar apanhar e calcinar a ostra pelos ndios assalariados por ;S. M. , quando.no esto occupados no servio do Es-caler. Eis-aqui duas cousas necessrias para as Nitreiras., das quaes a primeira se d de gra-a a quem a procura , e a segunda ainda no est fora de conta.

    Em nenhuma outra parte fr da Cidade, e da Villa de Paranagu se encontra tanta gente jun-

    ta :

  • ( 5 )

    t a : pois nas demais Villas desta Capitania, ex-ceptuando os Domingos, e dias iSantos, ape-nas residir cem pessoas. Na de S. Jos so-mente encontrei nove nos trs dias que ahi estive demorado. Esta freqncia de povo of-ferece hum meio fcil de se juntarem as ou-rinas. Dentro de nove dias se encheo ameta-de de huma pipa do Por to , repartindo o Com-mandante somente doze potes por algumas ca-sas. Este ingrediente h e , depois do sangue, o mais apto para a produco do Salitre no con-ceito de Thouvenel.

    As margens do rio do Cubata, sobre que es-t situada esta Villa , se acho cubertas de pa-l h a , com que os conductores do assucar de-fendem , do modo possvel este gnero _ das hu-midades , e da chuva. Tambm os carpinteiros, que fabrico as caixas park o assucar , submi-nistro immensa copia de cavacos. Ambas es-tas cousas so precisas para as Nitreiras.

    D e qualquer lugar elevado, que se olhe pa-ra esta Villa , e lugares circumvisinhos, no se v outra cousa mais , do que mato. E o que he formado pelo mangue , est todo cor-tado por hum sem numero de rios : o que d a facilidade para o corte'", e transporre ds ma-deiras. Sem esta circumstancia seria impossi-

    b vel

  • C . 6 > ' \

    vel, por causa do lodo.> P verjtderem-se aqui do-xe estacas do comprimento de.9 at 12 pal-mos , da grossura de duas at quatro polega-das , por meio tosto.

    A infame arvore da figueira, homicida das outras, e destruidora ainda dos mesmos ro-chedos, e edifcios j que aqui tem deitado a-bajxo a alguns, e o est fazendo presentemen-te aos soberbos edifcios do Hospital Real, e Templo de S. Francisco de Paula: esta infame arvore , torno a dizer, prpduz huma -excejlen-te cinza para 'o Salitre. Delia ha abundncia, como bambem dos arbustos Caet, que na a-bundancia de alitali occupa logo o primeiro lu-gar depois da bananeira, e E m b , tambmal-kedifero , que fazt huma grande parte da Ni-treira de Santos ; pois a introduzi entre as ca-madas de terra., ... Para que fique em conta esta cinza, e as de muitas .outras arvores, que aqui tenho eni contradp boas para o intento, parece til, que se erijo aqui algumas estufas para nellas se ecar o assucar, obra esta, de que s os doi? dos deixar de reconhecer a necessidade, e utilidade. Por este meio se orto as arvores com dobrada utilidade. , ,

    Como .porm, no penso, que estaViUa, por fal-

  • (7 )'

    falta de Agricultores, possa subministrar cinzas sfficientes para huma fabrica grande, he for-oso que as outras asoccorro com a potassa. Freqentemente esto entrando neste Porto embarcaes d'Paranagu-, Cararia, Iguap,' 6. Sebastio, Uvatyba. Nad ser possvel N. Soberano o fazer com que cada huma des-tas Villas d annualmente de 5o at oo arro-bas de potassa por hum preo racionavel? E aqui mesmo no poder o N. Soberano redu-duzir cinzas as arvores, que se acho pros-tradas pelo novo caminho, que se est fazendo desde esta Villa at o Cubata?

    Certamente quando o palmilhei a p , m condoi de ver", que ho de apodrecer intil-" mente tantas arvores , que, reduzidas cinzas,' pdio ser transportadas com utilidade por hum dos dous rios, que atravesso esta nova estra-da , que no conceito do Engenheiro tem s duas lgas e hum tero , rio meu mais d trs; pois no me posso capacitar, tme, por es-tar o caminho entulhado com as arvores, hou-vesse eu de gastar nJioras para chegar ao Cu-1

    bata, a serem somente duas legoas e hum tero.

    E acaso dir V . . . . s com estes materiaes se pde erigir em grande huma fabrica? Eu

    -1 b ii as-

  • (8 ), assim o penso : a passagem de Baum, que trans-crevi antes de principiar esta ca r ta , me fez nascer as seguintes idas.

    Se elle achou Salitre dentro d seis.mezes em to pequena poro de our ina , que agita.-* va de tempos em tempos , n 'hum clima to frio : eu neste c l ima , agitando todos os dias huma grande poro de ourina, tambm o hei-de achar , e em muito menos tempo. As fer-mentaes, quer avinosa, quer a acetosa, quer a pt r ida , so tanto mais perfeitas , quanto maior he a massa fermentante.

    Eis-aqui o modo porque pertendo formar a minha Nitreira. Feito de pps toscos, e cu-berto de palha o edifcio maneira das Olarias, e Ranchos deste pa iz , com tanto que seja de beirada no cho, e o mais baixo que for pos-sivel; mandarei cercar com estacas de po to-dos os lados deste edifcio , de maneira que se no possa entrar para den t ro , seno por algu-ma das duas portas , que ho de ficar noscla-dos mais pequenos , sendo nisto este edifcio semelhanre a huma Nitreira de Alemanha, que vem descripta pelo Conde Milly n 'huma das Memrias , que formo a Colleco das que se publicaro em Paris no anno de 1776.

    No meio formarei hum grande tanque for-ra-

  • C 9 ) rado de argilla para evitar despesas, cujos la-dos susterei com taboas, e estacas. No centro deste tanque ha-de girar continuadamente, mas com movimento vagaroso, huma pequena roda movida por outra, ou pela mquina aqui chamada monjolo, a fim de conservar a ouri-n a , de que se ha-de ir enchendo este tanque por meio de canos, que vo dar fora daNitrei*, ra , em continua agitao.

    Lancando-se diariamente ourina neste tan^ que misturada com cal, levando elle de 12 at 20 pipas; ha liquido sufficiente para se rer gar huma grande Nitreira. Porque rendimen-to delia no pende tanto da excessiva quantir dade de matria putrescivel., quanto do seu bom maneio, evitando, quanto est. da nossa parte, a evaporao dos princpios componentes do cido, e dispondo bem as cousas para huma completa putrefaco.

    Ora este liquido se acha em differente es-tado , por que quando nas primeiras pores, que* sa lanaro no primeiro mez, se tem j formado Salitre ; as segundas somente es-to : dispostas para a formao, e as ultimas, e mais modernas, ainda se conservo no es-tado de ourina. Como, porm vo a ser lana-das na calia porosissima por causa da mistu-

    c ra

  • ( i o )

    ra de palha, cavacos , e plantas nitrosas , for-osamente se ha-d accelerar por/este meio a formao, extendendo-se por huma to gran-de superfcie. Porque eu no pertendo elevar as terras da minha Nitreira mais , do que 5 at 6 palmos , deixando, por meio de estacas , e pi-lares de tijolo, caminhos es t re i tos , por Onde possa passar o que as ha de regar ( muitas ve-zes , porm pouco de cada vez ) segundo ensi-

    ' na o precioso extracto de Urtubie. Como posso fazer , por cento e vinte mil reis ,

    huma casa de palha, de 4o palmos de largo, de 200 de comprido , valor que me_ibi dado plo Mestre das obras desta praa; no receio que a minha Nitreira peque, ' por accomodar pouco mater ial ; porque posso multiplicar as casas , segundo o" exigir a necessidade.

    As estacas , que forosamente ho de apo-drecer na parte que entra na terra , como aqui succede as cercas , passar a ser lenha para o cozimento do Salitre. A palha sim .he de pou-ca durao , mas tambm com pouco se re-. forma. ,. .. Alm da-economia , que se consegue com as palhoas, vou expor a V- . . . huma razo pela rqual ainda dado , que custassem o do-bro dos edifcios de te lha , sempre aquells

    me-.

  • ( 1 1 )

    merecerio a preferencia. Toda a poro de a r , que vai desde a superfcie dos corpos , que apodrecem at o t ec to da Ni t re i ra , esta cheia de gazes, que devem estar em quietao para se formar o cido nitrico.

    Logo, quanto menos poroso for o tecto 3a Nitreira , c o m o , sem controvrsia , he menos poroso o de palha, que o da te lha; tanto maior poro de cido se formar continuadamente sobre a superfcie, que he composta, no s de matrias, que apodreqem , mas tambm de ter-ras absorventes. Daqui vem que formarei o tecto da minha Nitreira com palha duplicada; e que talvez me tentarei a fazer outro .tecto sobre es te , para assemelhar, do modo possvel, a Nitreira s adegas , que a observao tem mostrado serem as mais aptas para a formao ^do Saiitre., Se esta razo he nsufficiente para a preferencia dos tectos de palha ; basta' para mim , que os aprove Ur tubie ; pois em matrias de Saiitre tenho jurado nas suas palavras.

    Para no incommodar tanto aos trabalha-dores na occasio das regas , abrirei asportas , e farei cessar o movimento d roda : desta sor-te evitarei, que sejo suffoeados pelo forte , e penetrante cheiro do alxali voltil, quexhalo as o urinas misturadas com cal. ,-;.

    v~ No

  • ( 12 )

    No pretendo cavar o pav imento , seno quanto seja preciso, para evitar com o barro po* rosidade da terra; por que desejo, que a minha Nitreira principie ao nivel do pavimento, pois o meu intento he revolver a. terra as mais das ve*zes,que me for possvel, logo que eu per-ceber , que. est adiantada a putrefaco , pela diminuio do volume da massa. Ento de to-do abandonarei as matrias putresciveis, e , pa-ra as ,regas, usarei de gua pura , quando^for preciso. Tenho por cer to , que neste perodo a ourina he muito prejudicial, e q u e , em lugar de augmentar , embaraa a purificao do Sa-iitre , por causa da terrvel matria viscosa , que se une com os saes. Como este se no frma sno na superfcie , e lugares prxi-mos a e l l a , cuidarei muito em fazer , que toda a terra venha a fecundar-se de l le , revolven-do-a , como j disse , amiudadas vezes.

    Parece , que S. M. mandando vir para aqui alguns presos sentericiados^ gals, e , augmen-tando alguma cousa os salrios d'alguns dos n-dios , que aqui servem no trabalho desta Pra-a , ter gente sufficiente, e por bom preo, pa-ra o costeio d'huma Nitreira. O ponto principal consiste na boa escolha dos Commandantes , que devem ser Filsofos, ou ao menos capa-

    zes

  • ( i 3 )

    zes de conhecerem, que o no so. Por que o cabo, e soldado, que me acompanho, aos pou-cos se vo introduzindo no modo de manear esse trabalho, e pde algum delles yvii\cuidar nesta Nitreira, quando eu o no puder fazer pessoalmente. ; Por este modo julgo que se poder conse-guir o nitro com brevidade, e utilidade. Porm este, que vou a expor, ainda he mais breve. Toda a sepultura, em que se tem enterrado para cima de 6 pessoas, contm j ao menos duas arrobas de Saiitre: e , expondo-se a sua terra ao ar , segundo a arte, dentro de 6 me-zes, pde adquirir outro tanto. Toda a terra da minha Nitreira, except huma pequena por-o d cal e calia, foi tirada da Matriz des-ta Villa. S n'huma cova ^no achei Saiitre. Todas as de mais continho de duas at trs libras e meia por cada quintal de terra,

    V . . . . pde l experimentar esta ousa. e reconhecendo, que a minha proposio no he temerria, lance as suas vistas sobre a Bahia, Paranbuc, e Rio de Janeiro. Somente, nas quatro Freguezias, e Santa Casa da Misericr-dia , que quantidade de Nitro no hayer nes-ta populosa Cidade, onde talvez se ter enter-rado para cima de 100 pessoas n'huma mes-

    ma

  • ( i ' 4 )

    ma cova pelo decurso do tempo? Parece, qu o nico obstculo , que h, para se poder con j

    seguir esta grande cpia de Saiitre, he a falta de potassa : e que , para se obter esta, s falta haver quem faa -conhecer ao povo o mereci-mento da soberba.Memria, com que V . . . terminou a sa til obra da AJografia dos Al-Kts. - * Remetto a V. . -.' meia arroba de Saiitre , que extrahi das amostras das terras, com que hia enchendo a minha Nitreira. C reparti a ou-tra meia arroba pelos meos amigos. Mando is-to a V. . . . no para ugmentar o nmero de inteis amostrinhas, de que se acha cheio Real Museo, mas para me fazer a merc de mandar dizer, se riesse estado : j serve para a plvora, ou se he preciso purificado hum terceira vez.

    O methodo, de queuso, he aprovado por Chptal, pois costumo lavat os cristaes -do Ni-tro antes , e depois da segunda cozedura. Assini mesmo julgo , que, o que vai embrulhado em papel, ha de estar mais isento dafastidiosa ma-tria gorda , e incombustivel. *"/v'

    No me tenha por hum profanadr das cou-sas sagradas, nem se persuada, que inquieto as cinzas dos mortos, mas qu cuido na sa-

    de

  • e 1.4 x de dos vivos, renovando as tetras das sepultu-r ras , que ser bom que, para o ftttujro, levem ai-, guma mistura de cal, para com maior facilidade absorverem os pestilentes vapores, de que es-? to cheios QS nossos: Templos. !*;"& A .-

    Se com, tudo V . . . . no quer dar exemplo, para que s no faa O mesmo s suas precio-sas cinzas ; vamos a Burityoca sepultar a carne , intestinos, torresmos , e ossos das baleias. Hum edifcio feito de taipa ao modo do paiz, que tenha no interior somente 8 palmos d largun ra , 16 de altura, 400 de comprido, pde ser- vir de sepultura a estes monstros. As cinzas, que subminis.tro as fornalhas, e se deito fo-ra por ousa intil, misturadas com terra ve-getal, devem alternadamente ir eubrindo as camadas de carne; e , por meio de sobrados, de pos atravessados, se embaraar a compres-so da terra, e

  • ( 16 )

    Contratador do Azeite , que fabricasse o Ni t ro , certamente havia de dizer Ia om os seos bo-tes , forte absurdo! Porm se S. M. determi-na r , que1 o contracto se no d sem a condi-o do Arrematante pagar annualmente hum tanto de Saiitre, fabricado no pa iz , ento e l -le conhecer quanto devemos a estes , que no cuido em ajuntar dinheiro, pelo gasta-rem em indagaes da natureza.

    No digo is to , porque no merecesse toda a atteno ao actual Administrador ; fallo no caracter ordinrio destes indivduos, que des-fruta o melhor, que ha na Nao ,e nunca do hum passo para b seu augmentoj

    Eu bem quiz fazer a experincia sobre es-te projecto , mas por desgraa no se tem pes-cado mais balea alguma at o presente. Com tudo fica feita na Fortaleza de Itapema hu-, ma pequena casa , e o Commandante adverti-do do que deve obra r , no caso de que ainda se venha a pescar alguma. Deos permitta, que este bom homem no acontea o mesmo, que aos Estudantes de Geometr ia , q u e , entrando muitas vezes duzentos para ouvirem as lies do Stagirita, apenas dous \ ou trs chegavo^ n'outro tempo a passar pela ponte dos asnos.

    Ainda no fajlei na lexiviao, e cozimen-to

  • ( i7 ) >

    to do Saii tre, e parece escusado o tocasse em semelhante matria depois, de estar im-pressa a preciosa Memria rde-Urtubie. Neste lima to chuvoso, e to abundante de lenhas n&O' duvidarei ''seguir risca os seos preceitos. Mas em outrp mandaria fazer em hum lu-gar elevado, e bem ventilado, hum t anque , ou cisterna de ioo .ps em quadro, e somente de hum p de profundidade, Faria vir do lugar , em que me ficasse mais bara to , grandes lages de pedra dispostas para afactra-desta cister-na : calafetaria as juntas com lminas de chum-bo , ou com o be tume , ou massa feita com en-xofre , e chumbo combinados pela fuso.

    Dentro de, 8 at 10 dias de so l , e vento co-mear- a cristalisar-se alexvia, que se lanar nesta cisterna , com tanto que tenha sido pas-sada por novas terras , as vezes que forem pre-cisas, para que possa sustentar hum Ovo fres. co , Ou pezafmais , que a gua , oitava e meia. n 'hum vidro, que leve huma ona de gua. - : Por meio de outra cisterna , que deve ficar dentro de hum edifcio , a qual. possa acco-

    m o d a r todo o liquor da exterior , evito o da-mno da chuva , abrindo huma torneira , que de-ve haver na cisterna exterior ; e com huma bomba transporto com summa facilidade a l e -

    xi-

  • ( . i 8 ) ;

    xivia para cirterna exterior ,'logo ,qu e cessar o mo tempo.

    Bem quizeca, que a cisterna interior apre-sentasse a mesma superfcie ao contacto do> ar j mas por causa da proporo do edifcio, que ha de defender a lexivia das chuvas , basta que com a profundidade se supra o que se lhe no puder dar no dimetro da boca. Neste edifcio sempre haver huma caldeira para auxiliar a evaporao da cisterna ; pois quero-a sempre? cheia de lexivia, e sempre com fogo; porm brando e incapaz de a fazer ferver. Tambm me servirei delia, para refinar o Saiitre , que forosamente ha de sahir inquinado de sal ma-rinho , matria gorda, e corante : quando me no parea mais acertado o levar logo pa-ra a caldeira:a lexivia, depois que se tiver pre-cipitado algum sal marinho.

    Como ainda, no vi esta ida -apoiada por algum Author-, forosamente farei preceder as experincias necessrias ; pois, as que fiz n'hu ma sopeira de Maco, so to pequeninas, que no ousarei, s por eas, a formar cisternas de tanto custo.

    A falta de hum chafariz de gua, a horro-rosa carestia dos viveres, a frouxido dos ha* bitantes, e o diminuto numero dos Agriculto*

    , ' res ,

  • C 19 )

    res , s intrigas, que tem defraudado esta Villa do seu rocio, e outras muitas cousas, que con-correm para o bem desta Villa , e por conse-qncia da minha Nitreira, espero qe rerae-dee o Intendente.

    J se acha no Rio , mas eu no o posso es-perar aqui, porque ainda tenho de fazer huma longa viagenj. No fim delia principiarei a exa-minar 3o experincias, a ver se alguma satis-faz aos desejos de V . . . . caso lhe no agrade nada do que tenho dito. Que eu trabalhe para o meu credito , he preciso; mas, para o de V . . seria o mesmo , que se huma estaca de p podre quizesse, ter mo em hum sober-bo Edifcio , "sustentado em elumras de mr-more. Deos guarde a V. . . . . por muitos annos como lhe deseja este seu

    Amante Patrcio, e Criado.

    Villa de Santos aos 20 de Setembro de 1799.

    Joo Manso Pereira.

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