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Guide to Scientific Writing Guia para Escrita Científica How to Write a Rave Review Pamela A. Derish1,* and Thomas M. Annesley 2 Como Escrever uma Resenha Pamela A. Derish 1,* and Thomas M. Annesley 2 1 Department of Surgery, University of California, San Francisco, San Francisco, CA; 2 Department of Pathology, University of Michigan Health System, Ann Arbor, MI. * Envie correspondência para esse autor para: Department of Surgery, University of California, San Francisco, 1600 Divisidero St., Room C-322, San Francisco, CA 94143-1674. E-mail [email protected]. O serviço Thomson Reuters (ISI) Web of Kno- wledge lista dados de quase 7400 revistas científicas. Quantas revistas científicas você lê regularmente? Quantos tópicos você consegue acompanhar? Se sua resposta a uma ou outra pergunta alcançou dois dígitos, você está bem além da maioria dos cientistas. A verdade é que o número de papers publicados cada ano é tão grande que ninguém consegue acompa- nhar o passo da ciência. Se você quiser reunir até mesmo conhecimento básico de um as- sunto que não esteja dentro da sua esfera imediata de atividade, você deve confiar em algum tipo de documento de resumo que possa trazê-lo "até a velocidade" no atual es- tado de uma disciplina. Esse é o papel perfeito para um artigo de re- senha. Artigos científicos de resenha são aná- lises críticas da informação disponível sobre um tópico particular. Diferente dos artigos de pesquisa, artigos de resenha não apresentam dados novos. Seu propósito é avaliar e pôr em perspectiva o que já é conhecido. Diferente dos artigos de pesquisa escritos em tópicos estritamente definidos para um público espe- cializado de examinadores, artigos de resenha frequentemente examinam tópicos mais am- plos para um público mais geral. Por exemplo, uma resenha da matriz extracelular pode ser publicada em uma revista científica cujos lei- tores sejam cirurgiões, em vez de especialis- tas de pesquisa e patologistas com um co- nhecimento maior do tópico, ou ela pode ser lida por especialistas que precisam acompa- nhar os desenvolvimentos nas sub- especialidades relacionadas. Muitas resenhas, entretanto, são escritas sobre tópicos estritos. Por exemplo, uma resenha dos princípios da espectrometria de massa seria muito geral, ao passo que uma resenha de espectrometria de massa no laboratório clínico seria mais espe- cífica e uma resenha do efeito da ionização na espectrometria de massa seria até mesmo mais específica. Existem 3 principais tipos de artigos de rese- nha. O mais comum, que nós discutimos em detalhe nesse paper, é a narrativa tradicional ou resenha "erudita", na qual o autor avalia e sintetiza o que já é conhecido sobre um tópi- co. O problema com muitas resenhas narrati- vas é que elas são vagas e até mesmo excên- tricas na coleta, seleção, e interpretação da informação que elas discutem. Frequente- mente apenas um seleto grupo de estudos é considerado ("a cereja do bolo"), e a seleção é provavelmente muito tendenciosa. Visto que artigos de resenhas clínicas são frequente- mente usados por clínicos como guias para tomarem decisões, muitas revistas científicas publicam um segundo tipo, a resenha siste- mática. Essas resenhas usam métodos rigoro- sos e explícitos para identificar, avaliar criti-

Como Escrever Uma Resenha

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Guia de Escrita Científica - Como Escrever Uma Resenha

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Guide to Scientific Writing Guia para Escrita Científica

How to Write a Rave Review Pamela A. Derish1,* and Thomas M. Annesley2

Como Escrever uma Resenha Pamela A. Derish1,* and Thomas M. Annesley2

1 Department of Surgery, University of California, San Francisco, San Francisco, CA;

2 Department of Pathology, University of Michigan Health System, Ann Arbor, MI.

* Envie correspondência para esse autor para: Department of Surgery, University of California, San Francisco,

1600 Divisidero St., Room C-322, San Francisco, CA 94143-1674. E-mail [email protected].

O serviço Thomson Reuters (ISI) Web of Kno-

wledge lista dados de quase 7400 revistas

científicas. Quantas revistas científicas você lê

regularmente? Quantos tópicos você consegue

acompanhar? Se sua resposta a uma ou outra

pergunta alcançou dois dígitos, você está bem

além da maioria dos cientistas. A verdade é

que o número de papers publicados cada ano

é tão grande que ninguém consegue acompa-

nhar o passo da ciência. Se você quiser reunir

até mesmo conhecimento básico de um as-

sunto que não esteja dentro da sua esfera

imediata de atividade, você deve confiar em

algum tipo de documento de resumo que

possa trazê-lo "até a velocidade" no atual es-

tado de uma disciplina.

Esse é o papel perfeito para um artigo de re-

senha. Artigos científicos de resenha são aná-

lises críticas da informação disponível sobre

um tópico particular. Diferente dos artigos de

pesquisa, artigos de resenha não apresentam

dados novos. Seu propósito é avaliar e pôr em

perspectiva o que já é conhecido. Diferente

dos artigos de pesquisa escritos em tópicos

estritamente definidos para um público espe-

cializado de examinadores, artigos de resenha

frequentemente examinam tópicos mais am-

plos para um público mais geral. Por exemplo,

uma resenha da matriz extracelular pode ser

publicada em uma revista científica cujos lei-

tores sejam cirurgiões, em vez de especialis-

tas de pesquisa e patologistas com um co-

nhecimento maior do tópico, ou ela pode ser

lida por especialistas que precisam acompa-

nhar os desenvolvimentos nas sub-

especialidades relacionadas. Muitas resenhas,

entretanto, são escritas sobre tópicos estritos.

Por exemplo, uma resenha dos princípios da

espectrometria de massa seria muito geral, ao

passo que uma resenha de espectrometria de

massa no laboratório clínico seria mais espe-

cífica e uma resenha do efeito da ionização na

espectrometria de massa seria até mesmo

mais específica.

Existem 3 principais tipos de artigos de rese-

nha. O mais comum, que nós discutimos em

detalhe nesse paper, é a narrativa tradicional

ou resenha "erudita", na qual o autor avalia e

sintetiza o que já é conhecido sobre um tópi-

co. O problema com muitas resenhas narrati-

vas é que elas são vagas e até mesmo excên-

tricas na coleta, seleção, e interpretação da

informação que elas discutem. Frequente-

mente apenas um seleto grupo de estudos é

considerado ("a cereja do bolo"), e a seleção é

provavelmente muito tendenciosa. Visto que

artigos de resenhas clínicas são frequente-

mente usados por clínicos como guias para

tomarem decisões, muitas revistas científicas

publicam um segundo tipo, a resenha siste-

mática. Essas resenhas usam métodos rigoro-

sos e explícitos para identificar, avaliar criti-

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Guide to Scientific Writing Guia para Escrita Científica

camente, e sintetizar todos os estudos rele-

vantes a fim de apresentar um resumo conciso

da melhor evidência disponível com relação à

uma questão clínica nitidamente definida (1–

3). Um protocolo de resenha que define o de-

sign e métodos para uma resenha sistemática

— incluindo como os estudos ou testes serão

identificados e os critérios de inclusão e ex-

clusão — é escrito antes da resenha começar.

Um plano sistemático é estabelecido para ve-

rificar que todos os estudos relevantes ou tes-

tes (ou pelo menos tantos quanto possível)

sejam identificados e incluídos em qualquer

análise que seja feita. Uma resenha sistemáti-

ca necessariamente não contém uma síntese

estatística dos resultados a partir dos estudos

incluídos. O crítico pode achar que os de-

signs dos estudos identificados diferem por

demais para permitir que os estudos sejam

combinados, por exemplo, ou que os resulta-

dos disponíveis para cada estudo não podem

ser combinados por causa das diferenças no

modo de como os resultados foram avaliados.

Em tais casos, o crítico pode simplesmente

relatar — como numa resenha erudita de alta

qualidade – uma avaliação bem fundamentada

contudo não estatística do que pode ser reti-

rado da resenha cumulativa. O terceiro tipo de

artigo de resenha é a meta-análise, que é uma

resenha sistemática que usa uma técnica es-

tatística e metodológica específica para com-

binar dados quantitativos de vários estudos

independentes. Padrões estabelecidos já exis-

tem para conduzir e escrever uma resenha

sistemática ou uma meta-análise (4, 5).

Artigos de resenha científica são geralmente

solicitados por editores de revistas científicas

quando elas sentem que algum aspecto da

disciplina de sua revista científica alcançou

um ponto no qual a pesquisa e achados em

estudos díspares precisam ser avaliados criti-

camente por alguém competente para fazer

uma avaliação abrangente do trabalho, para

separar o trigo do joio, para sintetizar as

idéias e achados que o trabalho inclui, e para

trazer uma perspectiva geral para o campo ou

tópico. Aquela pessoa é geralmente um cien-

tista bem conhecido e bem respeitado no

campo, embora não necessariamente um "es-

tadista idoso." Dependendo do tópico, da dis-

ciplina, e das circunstâncias, editores de re-

vistas científicas podem requisitar uma rese-

nha de um promissor pesquisador mais jovem

se eles acharem que o pesquisador mais jo-

vem provavelmente considerará o convite

como uma valiosa oportunidade na carreira,

para ficar mais completamente atualizado na

literatura atual, e para ter idéias mais novas

que contribuam para a disciplina.

De vez em quando um cientista pode concluir

que um artigo de resenha na disciplina dele

ou dela está há muito tempo atrasado. Se você

alguma vez sentir que esse é o seu caso, é

uma boa idéia verificar a informação para a

seção dos autores da revista científica que

mais frequentemente publica artigos de rese-

nha em sua disciplina e, se as instruções não

indicarem o contrário, escrever um carta para

o editor se oferecendo para escrever uma re-

senha. Tal carta detalharia porque a resenha é

necessária nessa hora e porque você é a pes-

soa para escrevê-la.

As Chaves para se Escrever um Bom

Artigo de Resenha Narrativa

Artigos de resenhas bem concebidos frequen-

temente respondem uma pergunta específica,

tais como: O que nós sabemos (e não sabe-

mos) sobre a matriz extracelular? Ou: Como

são estabelecidos os objetivos do desempe-

nho analítico relacionados com os resultados ?

Ou: Quais são as armadilhas associadas com

espectrometria de massa clínica? Tanto o tó-

pico quanto o propósito da resenha devem ser

claros desde o começo, e deve-se manter o

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Guide to Scientific Writing Guia para Escrita Científica

público alvo em mente quando se definir o

propósito da resenha.

Elabore um plano ou esboço apropriado para

o assunto específico em resenha. Fazer isso

ajuda você a definir a abrangência da resenha,

a arrumar as seções numa ordem lógica, e a

evitar lacunas e redundâncias em sua abran-

gência do tópico. Uma série de subtítulos de-

ve então ser usada para tornar a estrutura e

organização da resenha claras para o leitor.

Avalie todos os dados e resultados dos estu-

dos publicados, sintetize a evidência no con-

texto do pensamento existente, tire conclu-

sões, e use argumento crítico para apoiá-los.

Muitos artigos de resenha narrativa simples-

mente recitam uma ladainha de nomes de au-

tores e achados que dá ao leitor pouco mais

do que uma versão expandida de uma pesqui-

sa bibliográfica de base de dados. As chaves

para uma boa resenha consistem do seguinte:

(a) sua resenha abrangente e a avaliação críti-

ca da literatura relevante à um tópico impor-

tante; (b) seus critérios para selecionar e omi-

tir artigos para incluir na resenha; (c) sua sín-

tese das idéias que outros investigadores no

campo geraram; e (d) sua perspectiva científi-

ca disciplinada — baseada na preponderância

da evidência — sobre o estado da pesquisa e

seus achados, e a direção que a pesquisa deve

tomar agora para avançar o conhecimento no

campo.

A Estrutura da Resenha

Embora um artigo de resenha não seja um

artigo de pesquisa, os mesmos conceitos im-

portantes que ajudam você a criar um bom

paper de pesquisa ainda se aplicam. O título

deve claramente descrever o tópico e salientar

que aspecto do tópico está sendo abrangido.

Por exemplo, o título, "Doença da Tireóide"

seria genérico demais, ao passo que "Desafios

em Diagnosticar Doença Subclínica da Tireói-

de" ou "Desafios para Medir Hormônios da

Tireóide" melhor descreveriam a natureza

específica da resenha. O abstract deve ser

auto-suficiente e incluir, no mínimo, o tópico

ou pergunta e a necessidade de uma resenha,

o que é incluído na resenha, e as conclusões

sobre o tópico ou campo no fim da resenha.

Requisitos do abstract para conteúdo e for-

mato diferem, dependendo do tipo de resenha

e revista científica, então é importante consul-

tar as instruções fornecidas pela revista cien-

tífica de escolha. Algumas revistas científicas

preferem abstracts não estruturados, ao passo

que outras requerem abstracts estruturados

que contenham vários elementos. Por exem-

plo, Clinical Chemistry requer um abstract es-

truturado com seções marcadas Fundamentos,

Conteúdo, e Resumo. Para artigos de resenha

clínica, o AMA Manual of Style especifica as

seguintes seções: Conteúdo, Aquisição de Evi-

dência, Resultados, e Conclusões (6).

A introdução deve declarar o propósito da re-

senha , por que uma resenha do campo ou

tópico é necessária nessa hora, e o que você

vai abranger, como é mostrado abaixo em um

exemplo de uma resenha sobre estimulação

profunda do cérebro (DBS) para distonia (7):

Entretanto, deve-se reconhecer que resulta-

dos publicados obtidos com DBS na distonia

são poucos e que as conclusões desses rela-

tórios preliminares devem ser tiradas muito

cautelosamente. Entretanto, achados promis-

sores estão emergindo de relatórios de casos

únicos ou de pequenas séries de casos, e a

noção de que DBS pode ser de grande ajuda

em casos selecionados está progressivamente

crescendo ... . Nessa resenha, nós discutimos

os resultados relatados na literatura. Algumas

questões críticas com relação à avaliação dos

resultados também são mencionadas.

Se você fez uma resenha narrativa ou uma

resenha sistemática, descreva os métodos e a

abrangência de sua pesquisa bibliográfica pa-

ra todos os relatórios sobre o tópico desde a

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Guide to Scientific Writing Guia para Escrita Científica

última e definitiva resenha. Em sua descrição,

inclua os termos principais usados para pes-

quisas, a(s) língua(s) dos artigos pesquisados,

os limites da pesquisa (por exemplo, anos

inclusive ), as fontes de referências (por

exemplo, bases de dados computadorizados,

bases de dados anteriores em papel, relató-

rios governamentais), e pesquisas manuais

conduzidas (por exemplo, de relatórios técni-

cos, dissertações). O seguinte exemplo, de

uma resenha sobre morbidade e mortalidade

seguindo a palidotomia na doença de Parkin-

son (8), é bastante típico:

Nós pesquisamos a base de dados eletrônicos

da MEDLINE para artigos da língua inglesa re-

latados entre Janeiro de 1992 e Dezembro de

2000 usando a palavra-chave palidotomia.

As listas de referência dos artigos relevantes

foram escaneadas para estudos adicionais.

Descreva os critérios de inclusão e exclusão

para citar estudos e como esses critérios fo-

ram estabelecidos, como ilustrado no mesmo

exemplo (8):

Nós selecionamos estudos de acordo com os

seguintes critérios: 1) relatório dos dados clí-

nicos na doença de Parkinson (nenhum proce-

dimento radiológico ou notas técnicas), 2) re-

latório dos dados originais (nenhuma resenha

ou notas editoriais), 3) descrição inequívoca

da morbidade e da mortalidade, 4) e relatório

de casos consecutivos não selecionados (ne-

nhum relatório dos casos). Para estudos com

grupos de dados de sobreposição, nós esco-

lhemos um com a maior população. Em caso

de publicação dupla, o estudo foi usado ape-

nas uma vez.

Agora você está pronto para apresentar o cer-

ne da resenha, que consiste dos resultados

principais ou da informação reunida como

parte de fazer a resenha e o comentário ou

discussão que reúne a informação e ajuda a

tirar conclusões sobre o estado do campo.

Essa seção é algumas vezes chamada Resulta-

dos e Discussão, ou Resultados e Comentá-

rio mas frequentemente começa com um ca-

beçalho principal que declara o tópico a ser

abrangido — por exemplo, modos de ação

dos inibidores da protease — seguidos de

subseções (com subtítulos apropriados) que

revêem específicos inibidores da protease ou

classes deles e categorizam áreas de elevada

compreensão e conhecimento desde a última

resenha definitiva. Certifique-se de que o

princípio organizacional de sua resenha seja

explícito declarando a sequência na qual os

tópicos são discutidos — por exemplo, ordem

cronológica, do geral para o particular, ou do

mais frequente para o mais raro. Quaisquer

figuras e tabelas incluídas devem satisfazer os

mesmos padrões dos papers de pesquisa.

Avalie as questões que circundam o tópico, a

qualidade da informação disponível sobre o

tópico, os problemas que não foram aborda-

dos, e as áreas de consenso ou controvérsia.

Para cada estudo, avalie criticamente as se-

guintes informações: (a) os achados princi-

pais; (b) as limitações e/ou deficiências, se

houverem; (c) se os métodos são sólidos para

avaliar a hipótese; (d) se os resultados podem

ser obtidos com aqueles métodos e se são

justificados; (e) se a interpretação dos resulta-

dos e as conclusões tiradas são sólidas; e (f) a

relativa contribuição do trabalho para o cam-

po ou tópico sendo avaliado. Resuma e criti-

que os estudos que mereçam particular aten-

ção, dando crédito apropriado aos estudos

que deram importantes contribuições e aos

estudos que produziram os achados mais sig-

nificativos. Mais importante, sintetize e dê

formato às idéias que foram encontradas, co-

mo esse exemplo mostra3 (9):

A despeito dos 30 anos de investigação contí-

nua, o mecanismo preciso da perda de células

CD4 T induzido por infecção do HIV perma-

nece controversa. Destruição mediada por HIV

Page 5: Como Escrever Uma Resenha

Guide to Scientific Writing Guia para Escrita Científica

de seu alvo preferido, a célula CD4 T ativada,

é certamente central à patogênese do HIV,

mas não explica porque muitas células não

infectadas morrem ou porque o hospedeiro

não pode meramente substituir as células

perdidas, 21,22 Como primeiro proposto na

década de 90,23 pesquisadores agora sabem

que a natureza pró-inflamatória da infecção

do HIV é uma parte principal da patogênese

da doença.2,25

A discussão dos desafios atuais ou futuras

perspectivas é a única área que permite a

subjetividade e opinião do autor. Se apropria-

do, você também pode considerar o impacto

científico, econômico, e social do trabalho

avaliado, como nos seguintes exemplos de 2

resenhas publicadas na Clinical Chemistry.

Essa é da referência (10):

O método do padrão ouro para análise de

17OHP, androstenediona, e testosterona é

amplamente considerado ser a espectrometria

de massa em conjunto com a cromatografia

líquida (LC-MS/MS). LC-MS/MS oferece sen-

sibilidade e especificidade analítica superior

comparada com o imunoensaio mas não está

livre de seus próprios problemas. Em particu-

lar existe muito pouca harmonização dos mé-

todos entre os laboratórios, que necessitam

de intervalos de referência específicos do local

(31). Como com a renina plasmática é impor-

tante que o mesmo método e laboratório se-

jam usados ao longo do tempo para garantir

que mudanças observadas reflitam mudança

fisiológica e não sejam devido à diferenças no

método. Também é importante notar que em-

bora LC-MS/MS seja altamente específica, ela

não está livre de interferência. O uso de coefi-

cientes de íons é uma importante ferramenta

para detectar possível interferência (31). Mé-

todos de MS estão se tornando mais comuns

nos laboratórios, e pode ser esperado que

muitas instituições mudarão para análise de

esteróides baseada na LC-MS/MS no futuro

próximo. É crítico que químicos clínicos man-

tenham os clínicos informados quando mu-

danças nos métodos ocorrerem para garantir

correta interpretação dos resultados quando

monitorarem pacientes CAH.

Esse exemplo é da referência (11):

Os resultados de uma análise de cus-

to/eficácia, entretanto, fortemente dependem

do custo relativo do teste CNH comparado

com aquele dos ecocardiogramas, assim como

da prevalência do HF na população examina-

da. Infelizmente, esses fatores podem variar

consideravelmente entre departamentos, paí-

ses, e sistemas de tratamento da saúde; por-

tanto é provavelmente necessário que cada

laboratório/departamento clínico analise o

custo/eficácia em sua própria estrutura eco-

nômica. Além disso, análise de custo/eficácia

também é dependente da sensibilidade do

teste CNH para detectar HF. Custo/eficácia

melhorará se testes mais específicos forem

usados: isso diminuiria o número de indiví-

duos com resultados falso-positivos (FP) e,

consequentemente, o número de investiga-

ções adicionais inúteis.

Termine sua resenha com um breve parágrafo

de conclusão ou seção de conclusão que dê ao

leitor um sentido de "o que isso tudo signifi-

ca" ou " o que o futuro reserva, " como nós

mostramos com 2 exemplos. Esse é da refe-

rência (12):

A quantificação baseada na MS substituirá

ELISAs? De acordo com um recente relatório

na Clinical Chemistry, o consenso entre ex-

perts é que ELISAs provavelmente não serão

substituídos por métodos baseados na MS na

clínica, mas servirão em conjunto com os

imunoensaios para quantificação de certas

proteínas, em particular aqueles para os

quais ELISAs de boa qualidade não existem,

ou para aqueles para os quais quantificação

de isoformas ou da modificação pós transla-

Page 6: Como Escrever Uma Resenha

Guide to Scientific Writing Guia para Escrita Científica

cional é necessária (65). Atualmente, os LOQs

de métodos baseados na MS não possuem

quantificação confiável nos intervalos neces-

sários para estudos de biomarcadores sem

estar ligados à um enriquecimento anterior,

depleção, e fracionamento, como descrito

nessa resenha. Entretanto, esses métodos

também têm suas limitações, e uma solução

mais significativa para aliviar o ponto de es-

trangulamento na canalização do biomarcador

provavelmente surgirá dos avanços no prepa-

ro automatizado da amostra, limpeza, e fraci-

onamento on-line, assim como melhoras na

acurácia da massa e poder de resolução dos

próprios analisadores de massa.

Essa conclusão é da referência (13):

Estudos futuros que avaliam novos biomarca-

dores de derrame devem responder perguntas

que dizem respeito à sua única contribuição

clínica no diagnóstico, tratamento, e previsão

do risco de derrame: o paciente teve um der-

rame? É o derrame de etiologia isquêmica ou

hemorrágica? São os sintomas sugestivos de

investigação intensiva adicional ou de terapia

trombolítica? Está o paciente em risco de der-

rame ou ressurgimento de eventos cardiovas-

culares? Diagnóstico moderno de derrame

permanece pesadamente dependente da in-

terpretação clínica, e futuros esforços de pes-

quisa translacional em direção à descoberta

de biomarcadores de derrame têm a possibili-

dade de grandemente melhorar os resultados

do paciente e a qualidade do tratamento.

Pensamentos Finais

Um paper de pesquisa bem escrito conta uma

história respondendo perguntas importantes:

Por que o tópico é importante? Que lacuna de

conhecimento ou controvérsia existe? Como

eu realizei o estudo? O que eu encontrei? O

que os resultados significam? O que posso eu

concluir dos resultados? Que recomendações

posso eu fazer? Embora um artigo de resenha

sirva à um propósito diferente daquele de um

paper de pesquisa, um artigo de resenha bem

escrito também conta uma história respon-

dendo perguntas semelhantes: Por que é im-

portante rever o tópico? Que aspecto específi-

co do tópico precisa de uma nova olhada?

Como eu realizei a revisão da literatura? O que

a literatura mostrou, e o que ela significa? O

que posso eu concluir da minha resenha? Que

recomendações posso eu fazer? Se você man-

tiver essas perguntas em mente enquanto vo-

cê escrever um artigo de resenha, você deverá

acabar com um produto que acrescenta valor

ao campo.

Agradecimentos:

Partes desse artigo são baseadas em materiais

instrutivos desenvolvidos por um de nós (P.A.

Derish) juntamente com Stephen Ordway, Edi-

tor Sênior, Gladstone Institutes, e a falecida

Susan Eastwood, Editora Emérita do De-

partment of Neurological Surgery at the Uni-

versity of California, San Francisco.

Notas de Rodapé

Os números das referências nos exemplos não

correspondem à quaisquer referências reais

no presente artigo.

Contribuições dos Autores: Todos os autores

confirmaram que eles contribuíram para o

conteúdo intelectual desse paper e satisfize-

ram os 3 seguintes requisitos: (a) contribui-

ções significantes para a concepção e design,

aquisição de dados, ou análise e interpretação

dos dados; (b) rascunhando ou revisando o

artigo para conteúdo intelectual; e (c) aprova-

ção final do artigo publicado.

Revelações dos Autores de Potenciais Confli-

tos de Interesse: Na submissão do manuscri-

to, todos os autores completaram o formulá-

rio de Revelações de Potenciais Conflitos de

Interesse. Potenciais conflitos de interesse:

Page 7: Como Escrever Uma Resenha

Guide to Scientific Writing Guia para Escrita Científica

Emprego ou Liderança: T.A. Annesley, Clinical

Chemistry, AACC.

Consultor ou Papel Consultivo: Nada a decla-

rar.

Stock Ownership: None declared.

Honorários: Nada a declarar.

Fundo de Pesquisas: Nada a declarar.

Testemunho Hábil: Nada a declarar.

Papel do Patrocinador: As organizações patro-

cinadoras não desempenharam papel algum

no design do estudo, escolha dos pacientes

inscritos, revisão e interpretação dos dados,

ou preparação ou aprovação do manuscrito.

Recebido para publicação em 20 de Dezembro

de 2010. Aceito para publicação em 28 de

Dezembro de 2010.

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“This article has been translated with the permission of AACC. AACC is not responsible for the accuracy of the translation. The views presented are those of the authors and not necessarily those of the AACC or the Journal. Reprinted from Clin Chem, 2011; 57 no. 3 388-391, by permission of AACC. Original copyright © 2010 American Association for Clinical Chemistry, Inc. When citing this article,

please refer to the original English publication source in the journal, Clinical Chemistry.”

“Este artigo foi traduzido com a permissão da AACC. AACC não é responsável pela acurácia da tradução. Os pontos de vista apresenta-dos são aqueles dos autores e não necessariamente os da AACC ou do Jornal. Reimpresso da ClinChem, 2011; 57 no. 3 388-391, por permissão da AACC. Cópia original © 2010 American Association for Clinical Chemistry, Inc. Quando citar este artigo, por favor refira-se

à fonte de publicação original em inglês na revista,Clinical Chemistry.”