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Cálculo I Mestrado Integrado em Engenharia Aeronáutica 1. Ciclo em Física e Aplicações António J. G. Bento [email protected] Departamento de Matemática Universidade da Beira Interior 2020/2021 Bibliografia Cálculo I – pag. 1 Bibliografia principal: – Apostol, T.M., Cálculo, Vol. 1, Reverté, 1993 – Stewart, J., Calculus (International Metric Edition), Brooks/Cole Publishing Company, 2008 – Swokowski, E. W., Cálculo com Geometria Analítica, Vol. 1 e 2, McGrawHill, 1983 Bibliografia secundária: – Dias Agudo, F.R., Análise Real, Vol. I, Escolar Editora, 1989 – Demidovitch, B., Problemas e Exercícios de Análise Matemática, McGrawHill, 1977 – Lang, S., A First Course in Calculus, Undergraduate texts in Mathematics, Springer, 5th edition – Lima, E. L., Curso de Análise, Vol. 1, Projecto Euclides, IMPA, 1989 – Lima, E. L., Análise Real, Vol. 1, Colecção Matemática Universitária, IMPA, 2004 – Mann, W. R., Taylor, A. E., Advanced Calculus, John Wiley and Sons, 1983 – J. P. Santos, Cálculo numa Variável Real, IST Press, 2013 – Sarrico, C., Análise Matemática – Leituras e exercícios, Gradiva, 3ª Ed., 1999

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Cálculo IMestrado Integrado em Engenharia Aeronáutica

1.◦ Ciclo em Física e Aplicações

António J. G. [email protected]

Departamento de MatemáticaUniversidade da Beira Interior

2020/2021

Bibliografia Cálculo I – pag. 1

Bibliografia principal:

– Apostol, T.M., Cálculo, Vol. 1, Reverté, 1993

– Stewart, J., Calculus (International Metric Edition), Brooks/Cole PublishingCompany, 2008

– Swokowski, E. W., Cálculo com Geometria Analítica, Vol. 1 e 2, McGrawHill,1983

Bibliografia secundária:

– Dias Agudo, F.R., Análise Real, Vol. I, Escolar Editora, 1989

– Demidovitch, B., Problemas e Exercícios de Análise Matemática, McGrawHill,1977

– Lang, S., A First Course in Calculus, Undergraduate texts in Mathematics,Springer, 5th edition

– Lima, E. L., Curso de Análise, Vol. 1, Projecto Euclides, IMPA, 1989

– Lima, E. L., Análise Real, Vol. 1, Colecção Matemática Universitária, IMPA,2004

– Mann, W. R., Taylor, A. E., Advanced Calculus, John Wiley and Sons, 1983

– J. P. Santos, Cálculo numa Variável Real, IST Press, 2013

– Sarrico, C., Análise Matemática – Leituras e exercícios, Gradiva, 3ª Ed., 1999

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Índice Cálculo I – pag. 2

1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos

2 Funções reais de variável real: limites e continuidade

3 Cálculo diferencial em R

4 Cálculo integral em R

Índice Cálculo I – pag. 3

1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplosO conjunto dos números reaisGeneralidades sobre funçõesFunções polinomiais, funções racionais e função móduloFunção inversa e composição de funçõesFunção exponencial e função logarítmicaFunções trigonométricas e suas inversasFunções hiperbólicas

2 Funções reais de variável real: limites e continuidade

3 Cálculo diferencial em R

4 Cálculo integral em R

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Índice Cálculo I – pag. 4

1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplosO conjunto dos números reais

Operações com números reaisOrdemAxioma do supremoNaturais, inteiros, racionais e irracionais

Generalidades sobre funçõesFunções polinomiais, funções racionais e função móduloFunção inversa e composição de funçõesFunção exponencial e função logarítmicaFunções trigonométricas e suas inversasFunções hiperbólicas

2 Funções reais de variável real: limites e continuidade

3 Cálculo diferencial em R

4 Cálculo integral em R

Índice Cálculo I – pag. 5

1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplosO conjunto dos números reais

Operações com números reaisOrdemAxioma do supremoNaturais, inteiros, racionais e irracionais

Generalidades sobre funçõesFunções polinomiais, funções racionais e função móduloFunção inversa e composição de funçõesFunção exponencial e função logarítmicaFunções trigonométricas e suas inversasFunções hiperbólicas

2 Funções reais de variável real: limites e continuidade

3 Cálculo diferencial em R

4 Cálculo integral em R

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§1.1.1 Operações com números reais Cálculo I – pag. 6

No conjunto dos números reais, que representaremos por R, estãodefinidas duas operações:

– uma adição, que a cada par de números reais (a, b) fazcorresponder um número a + b;

– uma multiplicação, que a cada par (a, b) associa um númerorepresentado por a · b (ou a × b ou simplesmente ab).

§1.1.1 Operações com números reais Cálculo I – pag. 7

Propriedades da adição

A1) Para cada a, b, c ∈ R,a + (b + c) = (a + b) + c (associatividade)

A2) Para cada a, b ∈ R,a + b = b + a (comutatividade)

A3) Existe um elemento 0 ∈ R, designado por "zero", tal que para cadaa ∈ R

a + 0 = 0 + a = a (elemento neutro)

A4) Para cada a ∈ R, existe um elemento −a ∈ R tal quea + (−a) = (−a) + a = 0 (simétrico)

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§1.1.1 Operações com números reais Cálculo I – pag. 8

Propriedades da multiplicação

M1) Para cada a, b, c ∈ R,a(bc) = (ab)c (associatividade)

M2) Para cada a, b ∈ R,ab = ba (comutatividade)

M3) Existe um elemento 1 ∈ R, diferente de zero e designado por"unidade", tal que para cada a ∈ R

a · 1 = 1 · a = a (elemento neutro)

M4) Para cada a ∈ R \ {0}, existe um elemento a−1 ∈ R tal queaa−1 = a−1a = 1 (inverso)

§1.1.1 Operações com números reais Cálculo I – pag. 9

Distributividade da multiplicação em relação à adição

D1) Para cada a, b, c ∈ R,a(b + c) = (b + c)a = ab + ac (distributividade)

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§1.1.1 Operações com números reais Cálculo I – pag. 10

Associadas a estas operações estão duas outras operações, asubtracção e a divisão. A subtracção entre dois números reais a e brepresenta-se por a − b e é definida por

a − b = a + (−b).

A divisão entre dois números reais a e b com b 6= 0 representa-se pora

b(ou a ÷ b ou a/b) e é definida por

a

b= ab−1.

Aa

b, com b 6= 0, também se chama fracção entre a e b.

§1.1.1 Operações com números reais Cálculo I – pag. 11

Operações com fracções

Sejam a, b, c e d números reais tais que b 6= 0 e d 6= 0. Então

• a

b+

c

d=

ad

bd+

bc

bd=

ad + bc

bd;

• a

b− c

d=

ad

bd− bc

bd=

ad − bc

bd;

• a

b

c

d=

ac

bd;

•a

bc

d

=a

b× d

c=

ad

bconde c 6= 0.

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§1.1.1 Operações com números reais Cálculo I – pag. 12

Lei do corte da adição

Sejam a, b e c números reais. Então

a + c = b + c

se e só sea = b.

Lei do corte da multiplicação

Sejam a, b e c números reais com c 6= 0. Então

ca = cb

se e só sea = b.

§1.1.1 Operações com números reais Cálculo I – pag. 13

Lei do anulamento do produto

Dados números reais a e b tem-se

ab = 0

se e só sea = 0 e/ou b = 0.

Casos notáveis da multiplicação

Se a e b são números reais, então

i) (a + b)2 = a2 + 2ab + b2;

ii) (a − b)2 = a2 − 2ab + b2;

iii) a2 − b2 = (a + b)(a − b).

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Índice Cálculo I – pag. 14

1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplosO conjunto dos números reais

Operações com números reaisOrdemAxioma do supremoNaturais, inteiros, racionais e irracionais

Generalidades sobre funçõesFunções polinomiais, funções racionais e função móduloFunção inversa e composição de funçõesFunção exponencial e função logarítmicaFunções trigonométricas e suas inversasFunções hiperbólicas

2 Funções reais de variável real: limites e continuidade

3 Cálculo diferencial em R

4 Cálculo integral em R

§1.1.2 Ordem Cálculo I – pag. 15

Ordem

No conjunto dos números reais está definida uma relação de ordem,relação essa que denotamos por < e que verifica, para quaisquer a, b,c ∈ R, as seguintes propriedades:

O1) apenas uma das seguintes condições é verdadeira:

ou a = b, ou a < b, ou b < a;

O2) se a < b e b < c, então a < c;

O3) se a < b, então a + c < b + c;

O4) se 0 < a e 0 < b, então 0 < ab;

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§1.1.2 Ordem Cálculo I – pag. 16

Quando a < b é uma proposição verdadeira, dizemos que a é menordo que b.

Diz-se que a é menor ou igual do que b, e escreve-se

a 6 b, se a < b ou a = b.

Dizemos que a é maior do que b, e escreve-se

a > b, se b < a.

Obviamente, diz-se que a é maior ou igual do que b, e escreve-se

a > b, se b 6 a.

§1.1.2 Ordem Cálculo I – pag. 17

Das quatro propriedades de ordem mencionadas atrás é possíveldeduzir as seguintes propriedades:

Propriedades de ordem

Para quaisquer números reais a, b, c e d, tem-se

a) se a 6 b e b 6 a, então a = b;

b) se a 6= 0, então a2 > 0;

c) se a < b e c < d, então a + c < b + d;

d) se a < b e c > 0, então ac < bc;

e) se a < b e c < 0, então ac > bc;

f) se a > 0, então a−1 > 0;

g) se a < 0, então a−1 < 0;

h) se a < b, então a <a + b

2< b;

i) ab > 0 se e só se (a > 0 e b > 0) ou (a < 0 e b < 0).

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§1.1.2 Ordem Cálculo I – pag. 18

A relação de ordem permite-nos representar os números reais numarecta ou num eixo.

−3 −2 −1 0 1 2 33√

2√

3 πe

§1.1.2 Ordem Cálculo I – pag. 19

As relações de ordem que definimos previamente permitem-nos definirvários subconjuntos de R chamados intervalos. Dados dois númerosreais tais que a 6 b, temos os seguintes conjuntos:

]a, b[ = {x ∈ R : a < x < b} ;

]a, b] = {x ∈ R : a < x 6 b} ;

[a, b] = {x ∈ R : a 6 x 6 b} ;

[a, b[ = {x ∈ R : a 6 x < b} ;

]a, +∞[ = {x ∈ R : a < x} ;

[a, +∞[ = {x ∈ R : a 6 x} ;

] − ∞, b[ = {x ∈ R : x < b} ;

] − ∞, b] = {x ∈ R : x 6 b} ;

] − ∞, +∞[ = R

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§1.1.2 Ordem Cálculo I – pag. 20

Representação geométrica dos intervalos

]a, b[a b

[a, b]a b

[a, b[a b

]a, b]a b

]a, +∞[a

[a, +∞[a

] − ∞, b[b

] − ∞, b]b

Índice Cálculo I – pag. 21

1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplosO conjunto dos números reais

Operações com números reaisOrdemAxioma do supremoNaturais, inteiros, racionais e irracionais

Generalidades sobre funçõesFunções polinomiais, funções racionais e função móduloFunção inversa e composição de funçõesFunção exponencial e função logarítmicaFunções trigonométricas e suas inversasFunções hiperbólicas

2 Funções reais de variável real: limites e continuidade

3 Cálculo diferencial em R

4 Cálculo integral em R

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§1.1.3 Axioma do supremo Cálculo I – pag. 22

Sejam A um subconjunto de R e a número real. Dizemos que a é ummajorante de A se

x 6 a para todo o x ∈ A.

Um subconjunto de R diz-se majorado, limitado superiormente oulimitado à direita se tiver majorantes.

Sejam A um subconjunto de R e b um número real. Dizemos que b éum minorante de A se

b 6 x para todo o x ∈ A.

Os subconjuntos de R que têm minorantes dizem-se minorados,limitados inferiormente ou limitados à esquerda.

Os subconjuntos de R simultaneamente majorados e minoradosdizem-se limitados. Os subconjuntos de R que não são limitadosdesignam-se por ilimitados.

§1.1.3 Axioma do supremo Cálculo I – pag. 23

Dizemos que A ⊆ R tem supremo se existir um elemento a ∈ R talque

i) a é um majorante de A, isto é, x 6 a para todo o x ∈ A;

ii) A não tem majorantes menores do que a, isto é, se a′ é ummajorante de A, então a 6 a′.

Dizemos que um subconjunto A de R tem ínfimo se existir umelemento b ∈ R tal que

i) b é um minorante de A, isto é, b 6 x para todo o x ∈ A;

ii) A não tem minorantes maiores do que b, isto é, se b′ é umminorante de A, então b′ 6 b.

Os elementos a e b referidos atrás designam-se por supremo e ínfimode A, respectivamente.

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§1.1.3 Axioma do supremo Cálculo I – pag. 24

Diz-se que a ∈ R é o máximo de um conjunto A ⊆ R se é o supremode A e se pertence ao conjunto A.

Um número real b diz-se mínimo de um conjunto A ⊆ R se é o ínfimode A e se pertence ao conjunto A.

Seja A um subconjunto de R. O conjunto dos majorantes de A e oconjunto dos minorantes de A denotam-se, respectivamente, por

Maj A e Min A.

Caso existam, o supremo e o ínfimo de A representam-se,respectivamente, por

sup A e inf A

e o máximo e o mínimo de A denotam-se, respectivamente, por

max A e min A.

§1.1.3 Axioma do supremo Cálculo I – pag. 25

Exemplos

a) Dados dois números reais a e b tais que a 6 b, consideremos ointervalo

I = [a, b].

EntãoMaj I = [b, +∞[ e Min I = ] − ∞, a]

Além disso,sup I = b e inf I = a.

Como a, b ∈ I, temos que

max I = b e min I = a.

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§1.1.3 Axioma do supremo Cálculo I – pag. 26

Exemplos (continuação)

b) Consideremos o intervalo

I1 = ]a, b[,

onde a < b. Então

Maj I1 = [b, +∞[ e Min I1 = ] − ∞, a]

esup I1 = b e inf I1 = a.

Repare-se que o conjunto dos majorantes, o conjunto dosminorantes, o supremo e o ínfimo de I1 coincidem com os dointervalo I do exemplo anterior. Só que neste caso, como a e b nãopertencem a I1, o intervalo I1 não tem máximo, nem mínimo.

§1.1.3 Axioma do supremo Cálculo I – pag. 27

Exemplos (continuação)

c) Dado um número real b, consideremos o intervalo

I2 = ] − ∞, b].

Para este intervalo tem-se

Maj I2 = [b, +∞[, sup I2 = b e max I2 = b.

O intervalo I2 não tem minorantes, isto é,

Min I2 = ∅,

pelo que também não tem ínfimo, nem mínimo.

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§1.1.3 Axioma do supremo Cálculo I – pag. 28

Exemplos (continuação)

d) SejaI3 = ]a, +∞[,

onde a é um número real. O intervalo I3 não tem majorantes, ouseja,

Maj I3 = ∅,

e, portanto, I3 não tem supremo e não tem máximo. No entanto,tem-se

Min I3 = ] − ∞, a] e inf I3 = a.

Atendendo a que a 6∈ I3, o intervalo I3 não tem mínimo.

§1.1.3 Axioma do supremo Cálculo I – pag. 29

Uma das propriedades mais importantes que supomos válida nosnúmeros reais é a do axioma do supremo.

Axioma do supremo

Todo o subconjunto de R não vazio e limitado superiormente temsupremo.

Do axioma do supremo pode-se mostrar o seguinte:

Todo o subconjunto de R não vazio e limitado inferiormente temínfimo.

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Índice Cálculo I – pag. 30

1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplosO conjunto dos números reais

Operações com números reaisOrdemAxioma do supremoNaturais, inteiros, racionais e irracionais

Generalidades sobre funçõesFunções polinomiais, funções racionais e função móduloFunção inversa e composição de funçõesFunção exponencial e função logarítmicaFunções trigonométricas e suas inversasFunções hiperbólicas

2 Funções reais de variável real: limites e continuidade

3 Cálculo diferencial em R

4 Cálculo integral em R

§1.1.4 Naturais, inteiros, racionais e irracionais Cálculo I – pag. 31

Intuitivamente, poderíamos construir os números naturais daseguinte forma:

1 é um número natural;

1 + 1 que representamos por 2 é um número natural;

1 + 1 + 1 = 2 + 1 = 3 é um número natural;

etc.

Assim,N = {1, 2, 3, 4, 5, . . .} .

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§1.1.4 Naturais, inteiros, racionais e irracionais Cálculo I – pag. 32

A partir dos números naturais podemos definir os números inteiros e osnúmeros racionais.

Um número real diz-se um número inteiro se for um número natural,ou se o seu simétrico for um número natural ou se for zero, isto é, oconjunto dos números inteiros é o conjunto

Z = N ∪ {0} ∪ {m ∈ R : −m ∈ N} .

Um número racional é um número real que pode ser representadocomo o quociente entre dois números inteiros, isto é, o conjunto dosnúmeros racionais é o conjunto

Q ={

m

n: m ∈ Z, n ∈ Z \ {0}

}

.

§1.1.4 Naturais, inteiros, racionais e irracionais Cálculo I – pag. 33

Os números racionais também podem ser definidos através darepresentação decimal. Um número real é racional se no sistemadecimal tiver uma dízima finita ou uma dízima infinita periódica.

Assim, o número0, 3333333...

é um número racional, que também se representa por

0, 3(3)

Além disso, este número também pode ser representado por

13

.

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§1.1.4 Naturais, inteiros, racionais e irracionais Cálculo I – pag. 34

Aos números reais que não são racionais chamamos de númerosirracionais.

Os números√

2,√

3, π e e são números irracionais.

As inclusões seguintes são óbvias:

N ⊂ Z ⊂ Q ⊂ R.

Índice Cálculo I – pag. 35

1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplosO conjunto dos números reaisGeneralidades sobre funções

Definição, domínio e contradomínio de uma funçãoGráfico de uma funçãoParidadeZerosOperações algébricas

Funções polinomiais, funções racionais e função móduloFunção inversa e composição de funçõesFunção exponencial e função logarítmicaFunções trigonométricas e suas inversasFunções hiperbólicas

2 Funções reais de variável real: limites e continuidade

3 Cálculo diferencial em R

4 Cálculo integral em R

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Índice Cálculo I – pag. 36

1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplosO conjunto dos números reaisGeneralidades sobre funções

Definição, domínio e contradomínio de uma funçãoGráfico de uma funçãoParidadeZerosOperações algébricas

Funções polinomiais, funções racionais e função móduloFunção inversa e composição de funçõesFunção exponencial e função logarítmicaFunções trigonométricas e suas inversasFunções hiperbólicas

2 Funções reais de variável real: limites e continuidade

3 Cálculo diferencial em R

4 Cálculo integral em R

§1.2.1 Definição, domínio e contradomínio de uma função Cálculo I – pag. 37

Uma função f é definida à custa de três coisas:

• um conjunto A a que se chama domínio da função;

• um conjunto B chamado de conjunto de chegada da função;

• uma regra que a cada elemento de x ∈ A faz corresponder um eum só elemento de B, elemento esse que se representa por f(x).

Nestas condições usa-se a notação

f : A → B.

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§1.2.1 Definição, domínio e contradomínio de uma função Cálculo I – pag. 38

Assim, duas funçõesf : A → B

eg : C → D

são iguais se tiverem o mesmo domínio, o mesmo conjunto de chegadae a regra for a mesma, ou seja, f = g se

• A = C,

• B = D e

• f(x) = g(x) para qualquer x ∈ A = C.

§1.2.1 Definição, domínio e contradomínio de uma função Cálculo I – pag. 39

Dadaf : A → B,

referimo-nos a x ∈ A como um objecto e a f(x) ∈ B como a suaimagem por f .

Também usamos a expressão valor de f em x para nos referirmos àimagem f(x).

Ao conjunto das imagens chamamos contradomínio de f , ou seja, ocontradomínio é o conjunto

f(A) = {f(x) ∈ B : x ∈ A} .

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§1.2.1 Definição, domínio e contradomínio de uma função Cálculo I – pag. 40

A natureza da regra associada a

f : A → B,

e que nos permite determinar o valor de f(x) quando é dado x ∈ A, éinteiramente arbitrária, tendo apenas que verificar duas condições:

• não pode haver excepções, isto é, para que o conjunto A seja odomínio de f a regra deve fornecer f(x) para todo o x ∈ A;

• não pode haver ambiguidades, ou seja, a cada x ∈ A a regra devefazer corresponder um único f(x) ∈ B.

§1.2.1 Definição, domínio e contradomínio de uma função Cálculo I – pag. 41

As funções f que nós vamos estudar são funções reais de variávelreal, ou seja, o domínio da função f é um subconjunto de R e oconjunto de chegada é o conjunto dos números reais R. O domíniocostuma representar-se por D ou Df e usa-se a seguinte notação

f : D ⊆ R → R,

ou, de forma mais abreviada,

f : D → R.

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§1.2.1 Definição, domínio e contradomínio de uma função Cálculo I – pag. 42

Primeira Lei de Ohm

A primeira lei de Ohm diz que a intensidade I da corrente eléctrica édada pelo quociente entre a diferença de potencial V e a resistênciaeléctrica R do condutor:

I =V

R.

Assim, a intensidade da corrente pode ser vista como uma função dadiferença de potencial.

§1.2.1 Definição, domínio e contradomínio de uma função Cálculo I – pag. 43

Consideremos função real de variável real definida por

f(x) = x.

Quando o domínio de uma função real de variável real não é referido,apenas é dada a regra que define a função, considera-se como domínioo maior subconjunto de R a que se pode aplicar a regra. No exemploque estamos a considerar, a regra pode-se aplicar a todos os númerosreais e, portanto, o domínio de f é R.O contradomínio de f é R.

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§1.2.1 Definição, domínio e contradomínio de uma função Cálculo I – pag. 44

A função definida porf(x) = x2

tem como domínio R e como contradomínio [0, +∞[.

Consideremos agora a função real de variável real dada por

g(x) =1x

.

Como a divisão por zero não é possível, o seu domínio é R \ {0} e o seucontradomínio é R \ {0}.

Índice Cálculo I – pag. 45

1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplosO conjunto dos números reaisGeneralidades sobre funções

Definição, domínio e contradomínio de uma funçãoGráfico de uma funçãoParidadeZerosOperações algébricas

Funções polinomiais, funções racionais e função móduloFunção inversa e composição de funçõesFunção exponencial e função logarítmicaFunções trigonométricas e suas inversasFunções hiperbólicas

2 Funções reais de variável real: limites e continuidade

3 Cálculo diferencial em R

4 Cálculo integral em R

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§1.2.2 Gráfico de uma função Cálculo I – pag. 46

Dada uma função real de variável real f : D ⊆ R → R, o conjunto

G (f) = {(a, f(a)) : a ∈ D}

designa-se por gráfico de f . Obviamente, este conjunto pode serrepresentado no plano e a essa representação geométrica também sechama gráfico.

§1.2.2 Gráfico de uma função Cálculo I – pag. 47

Exemplo

As funções f, g, h : R → R definidas por

f(x) = x, g(x) = 2x + 1 e h(x) = −x − 1

tem os seguintes gráficos:

x

y

1−1

1

−1

f(x) = xg(x) = 2x + 1

h(x) = −x − 1

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§1.2.2 Gráfico de uma função Cálculo I – pag. 48

Exemplo

A função dada porf(x) = x2 + x + 1

tem o seguinte gráfico

x

y

1−1

1

f(x) = x2 + x + 1

§1.2.2 Gráfico de uma função Cálculo I – pag. 49

Exemplo

As função dada porf(x) = 1/x

cujo domínio é R \ {0} tem o seguinte gráfico

x

y

1

−11

−1

f(x) =1x

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Índice Cálculo I – pag. 50

1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplosO conjunto dos números reaisGeneralidades sobre funções

Definição, domínio e contradomínio de uma funçãoGráfico de uma funçãoParidadeZerosOperações algébricas

Funções polinomiais, funções racionais e função móduloFunção inversa e composição de funçõesFunção exponencial e função logarítmicaFunções trigonométricas e suas inversasFunções hiperbólicas

2 Funções reais de variável real: limites e continuidade

3 Cálculo diferencial em R

4 Cálculo integral em R

§1.2.3 Paridade Cálculo I – pag. 51

Sejam D um subconjunto de R e f : D ⊆ R → R uma função.Dizemos que f é uma função par se para qualquer x ∈ D tivermos

−x ∈ D e f(−x) = f(x).

As funções f tais que para qualquer x ∈ D se tem

−x ∈ D e f(−x) = −f(x)

designam-se por funções ímpares.

Recordemos que o gráfico das funções pares apresenta uma simetria emrelação ao eixo dos yy, enquanto que o gráfico das funções ímparesapresenta uma simetria em relação à origem.

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§1.2.3 Paridade Cálculo I – pag. 52

Exemplos

Sejam f, g : R → R as funções definidas por

f(x) = x2 e g(x) = x3.

Comof(−x) = (−x)2 = x2 = f(x),

a função f é uma função par. Em relação à função g temos

g(−x) = (−x)3 = −x3 = −g(x),

pelo que a função g é uma função ímpar.

§1.2.3 Paridade Cálculo I – pag. 53

Exemplos (continuação)

Os gráficos de f e g apresentam as simetrias referidas anteriormente.

x

yy = x2 y = x3

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Índice Cálculo I – pag. 54

1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplosO conjunto dos números reaisGeneralidades sobre funções

Definição, domínio e contradomínio de uma funçãoGráfico de uma funçãoParidadeZerosOperações algébricas

Funções polinomiais, funções racionais e função móduloFunção inversa e composição de funçõesFunção exponencial e função logarítmicaFunções trigonométricas e suas inversasFunções hiperbólicas

2 Funções reais de variável real: limites e continuidade

3 Cálculo diferencial em R

4 Cálculo integral em R

§1.2.4 Zeros Cálculo I – pag. 55

Dados um subconjunto D de R e uma função f : D ⊆ R → R, dizemosque a ∈ D é um zero de f se

f(a) = 0.

O conjunto dos zeros de f representa-se por Zf . É óbvio que

Zf = {x ∈ D : f(x) = 0} .

Por exemplo, para a função dada por f(x) = x2 − 1, cujo domínio é R,como

f(x) = 0 ⇔ x2 − 1 = 0 ⇔ x2 = 1 ⇔ x = ±√

1 ⇔ x = ±1

tem-seZf = {−1, 1} .

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Índice Cálculo I – pag. 56

1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplosO conjunto dos números reaisGeneralidades sobre funções

Definição, domínio e contradomínio de uma funçãoGráfico de uma funçãoParidadeZerosOperações algébricas

Funções polinomiais, funções racionais e função móduloFunção inversa e composição de funçõesFunção exponencial e função logarítmicaFunções trigonométricas e suas inversasFunções hiperbólicas

2 Funções reais de variável real: limites e continuidade

3 Cálculo diferencial em R

4 Cálculo integral em R

§1.2.5 Operações algébricas Cálculo I – pag. 57

Sejamf : Df ⊆ R → R e g : Dg ⊆ R → R

duas funções reais de variável real.

A soma de f com g é a função

f + g : Df ∩ Dg ⊆ R → R

definida por(f + g) (x) = f(x) + g(x)

e o produto de f por g é a função

fg : Df ∩ Dg ⊆ R → R

definida por(fg) (x) = f(x)g(x).

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§1.2.5 Operações algébricas Cálculo I – pag. 58

Dadas duas funções reais de variável real

f : Df ⊆ R → R e g : Dg ⊆ R → R

define-se o quociente de f por g como sendo a função

f

g: D f

g⊆ R → R

definida por(

f

g

)

(x) =f(x)g(x)

e ondeD f

g= Df ∩ {x ∈ Dg : g(x) 6= 0} .

§1.2.5 Operações algébricas Cálculo I – pag. 59

Sef : D ⊆ R → R

é uma função real de variável real e α um número real, define-se oproduto de f pelo escalar α como sendo a função

αf : D ⊆ R → R

definida por(αf) (x) = αf(x).

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Índice Cálculo I – pag. 60

1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplosO conjunto dos números reaisGeneralidades sobre funçõesFunções polinomiais, funções racionais e função módulo

Funções afimFunções quadráticasFunções polinomiaisFunções racionaisFunção módulo

Função inversa e composição de funçõesFunção exponencial e função logarítmicaFunções trigonométricas e suas inversasFunções hiperbólicas

2 Funções reais de variável real: limites e continuidade

3 Cálculo diferencial em R

4 Cálculo integral em R

Índice Cálculo I – pag. 61

1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplosO conjunto dos números reaisGeneralidades sobre funçõesFunções polinomiais, funções racionais e função módulo

Funções afimFunções quadráticasFunções polinomiaisFunções racionaisFunção módulo

Função inversa e composição de funçõesFunção exponencial e função logarítmicaFunções trigonométricas e suas inversasFunções hiperbólicas

2 Funções reais de variável real: limites e continuidade

3 Cálculo diferencial em R

4 Cálculo integral em R

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§1.3.1 Funções afim Cálculo I – pag. 62

As funções dadas porf(x) = ax + b,

onde a e b são dois números reais fixos, designam-se por funções afim.

O domínio de uma função afim é sempre o conjunto dos números reais.O contradomínio é o conjunto R dos números reais, excepto no caso emque a = 0. Quando a = 0 o contradomínio é o conjunto singular {b}.

O gráfico de uma função afim é sempre uma recta não vertical quequando a = 0 é uma recta horizontal.

§1.3.1 Funções afim Cálculo I – pag. 63

Quando b = 0, a expressão da função afim reduz-se a

f(x) = ax

e exprime que entre as variáveis x e y = f(x) existe proporcionalidadedirecta, visto que o quociente dos dois valores correspondentes éconstante:

y

x= a.

Nestas condições, dizemos que a função f é linear.

Quando a = 0, a expressão da função afim reduz-se a

f(x) = b,

ou seja, temos uma função constante.

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§1.3.1 Funções afim Cálculo I – pag. 64

Resolução de equações de primeiro grau

Sejam a e b números reais. Então

i) a + x = b ⇔ x = b − a;

ii) ax = b ⇔ x =b

aonde a 6= 0;

§1.3.1 Funções afim Cálculo I – pag. 65

Resolução de inequações de primeiro grau

Sejam a e b números reais. Então

i) a + x < b ⇔ x < b − a;

ii) ax < b ⇔

x <b

ase a > 0;

x >b

ase a < 0.

Os casos de inequações de primeiro grau com 6, > ou > são análogos.

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Índice Cálculo I – pag. 66

1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplosO conjunto dos números reaisGeneralidades sobre funçõesFunções polinomiais, funções racionais e função módulo

Funções afimFunções quadráticasFunções polinomiaisFunções racionaisFunção módulo

Função inversa e composição de funçõesFunção exponencial e função logarítmicaFunções trigonométricas e suas inversasFunções hiperbólicas

2 Funções reais de variável real: limites e continuidade

3 Cálculo diferencial em R

4 Cálculo integral em R

§1.3.2 Funções quadráticas Cálculo I – pag. 67

As funções definidas por

f(x) = ax2 + bx + c, a 6= 0

designam-se por funções quadráticas.

O seu domínio é o conjunto R.

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§1.3.2 Funções quadráticas Cálculo I – pag. 68

Como

ax2 + bx + c = a

(

x2 +b

ax +

c

a

)

= a

(

x2 +b

ax +

(b

2a

)2

−(

b

2a

)2

+c

a

)

= a

((

x +b

2a

)2

+c

a− b2

4a2

)

= a

(

x +b

2a

)2

+ c − b2

4a,

o contradomínio é o intervalo[

c − b2

4a, +∞

[

=[

f

(

− b

2a

)

, +∞[

se a > 0

e é o intervalo]

−∞, c − b2

4a

]

=]

−∞, f

(

− b

2a

)]

se a < 0.

§1.3.2 Funções quadráticas Cálculo I – pag. 69

Além disso, de

ax2 + bx + c = a

(

x +b

2a

)2

+ c − b2

4a

= a

(

x +b

2a

)2

− b2 − 4ac

4a

também se obtém a fórmula resolvente.

Fórmula resolvente (de equações de segundo grau)

Sejam a, b e c números reais, com a 6= 0. Então

ax2 + bx + c = 0 ⇔ x =−b ±

√b2 − 4ac

2a.

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§1.3.2 Funções quadráticas Cálculo I – pag. 70

Inequações de segundo grau

Consideremos a inequação

ax2 + bx + c < 0, a 6= 0.

a) Se a > 0 e b2 − 4ac > 0, então o conjunto solução da inequação é ointervalo

]x1, x2[,

onde x1 e x2 são as soluções de ax2 + bx + c = 0, com x1 < x2.

b) Se a > 0 e b2 − 4ac 6 0, então a inequação não tem soluções.

c) Se a < 0 e b2 − 4ac < 0, então o conjunto solução da inequação é R.

d) Se a < 0 e b2 − 4ac > 0, então o conjunto solução da inequação é ointervalo

] − ∞, x1[ ∪ ]x2, +∞[,

onde x1 e x2 são as soluções de ax2 + bx + c = 0, com x1 6 x2.

§1.3.2 Funções quadráticas Cálculo I – pag. 71

Inequações de segundo grau (continuação)

Consideremos a inequação

ax2 + bx + c 6 0, a 6= 0.

a) Se a > 0 e b2 − 4ac > 0, então o conjunto solução da inequação é ointervalo

[x1, x2],

onde x1 e x2 são as soluções de ax2 + bx + c = 0 , com x1 6 x2.

b) Se a > 0 e b2 − 4ac < 0, então a inequação não tem soluções.

c) Se a < 0 e b2 − 4ac 6 0, então o conjunto solução da inequação é R.

d) Se a < 0 e b2 − 4ac > 0, então o conjunto solução da inequação é ointervalo

] − ∞, x1] ∪ [x2, +∞[,

onde x1 e x2 são as soluções de ax2 + bx + c = 0, com x1 6 x2.

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§1.3.2 Funções quadráticas Cálculo I – pag. 72

Para as inequações

ax2 + bx + c > 0, a 6= 0,

eax2 + bx + c > 0, a 6= 0,

temos algo semelhante aos dois casos anteriores.

§1.3.2 Funções quadráticas Cálculo I – pag. 73

Fazendo ∆ = b2 − 4ac, a figura seguinte ajuda-nos a resolver asinequações de segundo grau.

a > 0∆ > 0

a > 0∆ = 0

a > 0∆ < 0

a < 0∆ > 0

a < 0∆ = 0

a < 0∆ < 0

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Índice Cálculo I – pag. 74

1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplosO conjunto dos números reaisGeneralidades sobre funçõesFunções polinomiais, funções racionais e função módulo

Funções afimFunções quadráticasFunções polinomiaisFunções racionaisFunção módulo

Função inversa e composição de funçõesFunção exponencial e função logarítmicaFunções trigonométricas e suas inversasFunções hiperbólicas

2 Funções reais de variável real: limites e continuidade

3 Cálculo diferencial em R

4 Cálculo integral em R

§1.3.3 Funções polinomiais Cálculo I – pag. 75

As funçõesf : R → R

definidas por

f(x) = anxn + an−1xn−1 + · · · + a1x + a0,

onde n ∈ N, a0, a1, . . . , an−1 ∈ R e an ∈ R \ {0} designam-se porfunções polinomiais.

Obviamente, as funções afim e as funções quadráticas são funçõespolinomiais.

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Índice Cálculo I – pag. 76

1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplosO conjunto dos números reaisGeneralidades sobre funçõesFunções polinomiais, funções racionais e função módulo

Funções afimFunções quadráticasFunções polinomiaisFunções racionaisFunção módulo

Função inversa e composição de funçõesFunção exponencial e função logarítmicaFunções trigonométricas e suas inversasFunções hiperbólicas

2 Funções reais de variável real: limites e continuidade

3 Cálculo diferencial em R

4 Cálculo integral em R

§1.3.4 Funções racionais Cálculo I – pag. 77

As funções racionais são as funções definidas como o quociente entreduas funções polinomiais, ou seja, são as funções dadas por

f(x) =anxn + an−1xn−1 + · · · + a1x + a0

bmxm + bm−1xm−1 + · · · + b1x + b0,

onde m, n ∈ N, a0, a1, . . . , an−1, bm−1, . . . , b1, b0 ∈ R e an, bm ∈ R \ {0}.

O seu domínio é o conjunto

D ={

x ∈ R : bmxm + bm−1xm−1 + · · · + b1x + b0 6= 0}

.

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Índice Cálculo I – pag. 78

1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplosO conjunto dos números reaisGeneralidades sobre funçõesFunções polinomiais, funções racionais e função módulo

Funções afimFunções quadráticasFunções polinomiaisFunções racionaisFunção módulo

Função inversa e composição de funçõesFunção exponencial e função logarítmicaFunções trigonométricas e suas inversasFunções hiperbólicas

2 Funções reais de variável real: limites e continuidade

3 Cálculo diferencial em R

4 Cálculo integral em R

§1.3.5 Função módulo Cálculo I – pag. 79

Por valor absoluto ou módulo de um elemento x ∈ R entende-se onúmero real |x| definido por

|x| =

{

x se x > 0;

−x se x < 0.

Uma forma equivalente de definir o módulo de um número real x é aseguinte

|x| = max {x, −x} .

Geometricamente, o módulo de um número dá-nos a distância dessenúmero à origem.

0 x

|x|

y

|y|

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§1.3.5 Função módulo Cálculo I – pag. 80

A função f : R → R definida por

f(x) = |x| ,

cujo domínio é o conjunto R e tem por contradomínio o conjunto[0, +∞[. O seu gráfico tem representação geométrica que se segue.

x

y y = |x|

1

1

§1.3.5 Função módulo Cálculo I – pag. 81

Propriedades do módulo

Para quaisquer números reais a, b tem-se

a) |a| = 0 se e só se a = 0;

b) |a| > 0;

c) |ab| = |a|.|b|;d) |a + b| 6 |a| + |b|; (desigualdade triangular)

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§1.3.5 Função módulo Cálculo I – pag. 82

A propriedade d) denomina-se desigualdade triangular pelo facto denum triângulo o comprimento de qualquer lado ser menor do que asoma dos comprimentos dos outros dois lados.

|a + b| 6 |a| + |b|

§1.3.5 Função módulo Cálculo I – pag. 83

Propriedades do módulo (continuação)

a) |x| = a ⇔ x = a ∨ x = −a onde a > 0;

b) |x| < a ⇔ x < a ∧ x > −a

c) |x| 6 a ⇔ x 6 a ∧ x > −a

d) |x| > a ⇔ x > a ∨ x < −a

e) |x| > a ⇔ x > a ∨ x 6 −a

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§1.3.5 Função módulo Cálculo I – pag. 84

Podemos usar o módulo para calcular a distância entre dois númerosreais. A distância entre dois números reais a e b é dada por

|a − b| .

Geometricamente,

a b

|a − b|

Índice Cálculo I – pag. 85

1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplosO conjunto dos números reaisGeneralidades sobre funçõesFunções polinomiais, funções racionais e função móduloFunção inversa e composição de funções

Injectividade, sobrejectividade e bijectividadeFunção inversaComposição de funções

Função exponencial e função logarítmicaFunções trigonométricas e suas inversasFunções hiperbólicas

2 Funções reais de variável real: limites e continuidade

3 Cálculo diferencial em R

4 Cálculo integral em R

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Índice Cálculo I – pag. 86

1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplosO conjunto dos números reaisGeneralidades sobre funçõesFunções polinomiais, funções racionais e função móduloFunção inversa e composição de funções

Injectividade, sobrejectividade e bijectividadeFunção inversaComposição de funções

Função exponencial e função logarítmicaFunções trigonométricas e suas inversasFunções hiperbólicas

2 Funções reais de variável real: limites e continuidade

3 Cálculo diferencial em R

4 Cálculo integral em R

§1.4.1 Injectividade, sobrejectividade e bijectividade Cálculo I – pag. 87

Seja f : D ⊆ R → R uma função real de variável real. Dizemos que f éinjectiva se

para quaisquer a, b ∈ D tais que a 6= b se tem f(a) 6= f(b),

o que é equivalente a verificar-se o seguinte

para quaisquer a, b ∈ D, se f(a) = f(b), então a = b.

A função f é sobrejectiva se

para cada b ∈ R, existe a ∈ D tal que f(a) = b.

Obviamente, uma função real de variável real é sobrejectiva se o seucontradomínio for o conjunto R dos números reais.

As funções que são injectivas e sobrejectivas dizem-se bijectivas.

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§1.4.1 Injectividade, sobrejectividade e bijectividade Cálculo I – pag. 88

Exemplo

Seja f : R → R a função definida por

f(x) = 2x + 3.

Como

f(a) = f(b) ⇔ 2a + 3 = 2b + 3

⇔ 2a = 2b

⇔ a = b,

a função f é injectiva. Além disso, dado b ∈ R, fazendo a =b − 3

2temos

f(a) = f

(b − 3

2

)

= 2b − 3

2+ 3 = b − 3 + 3 = b,

o que mostra que f é sobrejectiva.

§1.4.1 Injectividade, sobrejectividade e bijectividade Cálculo I – pag. 89

Exemplo

A função f : R → R definida por f(x) = x2 não é injectiva porque

f(−1) = (−1)2 = 1 = 12 = f(1).

Além disso, também não é sobrejectiva porque o seu contradomínio é ointervalo [0, +∞[.

A função g : R → R definida por g(x) = x3 é injectiva pois

g(a) = g(b) ⇔ a3 = b3 ⇔ a = b

e é sobrejectiva porque o contradomínio de g é R.

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Índice Cálculo I – pag. 90

1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplosO conjunto dos números reaisGeneralidades sobre funçõesFunções polinomiais, funções racionais e função móduloFunção inversa e composição de funções

Injectividade, sobrejectividade e bijectividadeFunção inversaComposição de funções

Função exponencial e função logarítmicaFunções trigonométricas e suas inversasFunções hiperbólicas

2 Funções reais de variável real: limites e continuidade

3 Cálculo diferencial em R

4 Cálculo integral em R

§1.4.2 Função inversa Cálculo I – pag. 91

Seja f : D ⊆ R → R uma função real de variável real injectiva. Recordemosque o conjunto de todas as imagens por f de elementos de D, ou seja, oconjunto

f(D) = {f(x) ∈ R : x ∈ D} ,

se designa por contradomínio de f . Como f é injectiva, dado y ∈ f(D), existeum e um só x ∈ D tal que

f(x) = y.

Nestas condições podemos definir a inversa da função f que a cada y ∈ f(D)faz corresponder x ∈ D tal que f(x) = y. Essa inversa representa-se por f−1 eé a função

f−1 : f(D) → R

definida porf−1(y) = x se e só se f(x) = y.

É evidente que para cada x ∈ D e para cada y ∈ f(D) se tem

f−1(f(x)) = x e f(f−1(y)) = y.

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§1.4.2 Função inversa Cálculo I – pag. 92

Exemplo

A função f : {1, 2, 3, 4} → R definida por

f(1) = 9, f(2) = 8, f(3) = 7 e f(4) = 6

é injectiva e pode ser representada da seguinte forma:

b

b

b

b

1

2

3

4

b

b

b

b

9

8

7

6

f

f−1

e a sua inversa é a função f−1 : {6, 7, 8, 9} → R definida por

f−1(6) = 4, f−1(7) = 3, f−1(8) = 2 e f−1(9) = 1.

§1.4.2 Função inversa Cálculo I – pag. 93

Exemplo

Consideremos novamente a função f : R → R definida por

f(x) = 2x + 3.

Já vimos que esta função é injectiva e, consequentemente, tem inversa. Alémdisso, o contradomínio de f é R e, portanto,

f−1 : R → R.

Como

y = f(x) ⇔ y = 2x + 3

⇔ −2x = −y + 3

⇔ 2x = y − 3

⇔ x =y

2− 3

2,

f−1 é definida por

f−1(y) =y

2− 3

2ou f−1(x) =

x

2− 3

2.

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§1.4.2 Função inversa Cálculo I – pag. 94

Exemplo (continuação)

−4

−4

−3

−3

−2

−2

−1

−1

1

1

2

2

3

3

4

4 y = 2x + 3

y =x

2− 3

2

y = x

Os gráfico de uma função e da sua inversa apresentam sempre umasimetria em relação à bissectriz dos quadrantes ímpares.

§1.4.2 Função inversa Cálculo I – pag. 95

Exemplo

Já vimos que a funçãof : R → R

definida porf(x) = x3

é injectiva. Também sabemos que o contradomínio de f é o conjuntoR. Assim, f é invertível e, como

y = f(x) ⇔ y = x3 ⇔ x = 3√

y

tem-sef−1 : R → R

é a função definida porf−1(x) = 3

√x.

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§1.4.2 Função inversa Cálculo I – pag. 96

Exemplo (continuação)

−4

−4

−3

−3

−2

−2

−1

−1

1

1

2

2

3

3

4

4 y = x3

y = 3√

x

y = x

§1.4.2 Função inversa Cálculo I – pag. 97

Exemplo

Seja f : R → R a função definida por

f(x) = x2.

Esta função não é injectiva porque, por exemplo,

f(−1) = (−1)2 = 1 = 12 = f(1).

Assim, a função f não tem inversa. No entanto, se pensarmos na restriçãodesta função a [0, +∞[, ou seja, se usarmos a função g : [0, +∞[→ R definidapor g(x) = x2, esta função já é injectiva pelo que podemos pensar na suainversa. Como o seu contradomínio é [0, +∞[ e

y = f(x) ⇔ y = x2 ⇔ x = ±√y,

a funçãog−1 : [0, +∞[→ R

é definida porg−1(x) =

√x.

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§1.4.2 Função inversa Cálculo I – pag. 98

Exemplo (continuação)

−4

−4

−3

−3

−2

−2

−1

−1

1

1

2

2

3

3

4

4 y = x2

y =√

x

y = x

§1.4.2 Função inversa Cálculo I – pag. 99

Exemplo

Generalizando os exemplos anteriores, tem-se que a função

f : R → R

definida por

f(x) = xn, com n um número natural par,

não é injectiva e, por isso, não tem inversa. No entanto, se considerarmos arestrição de f a [0, +∞[, ou seja, se considerarmos a função

g : [0, +∞[→ R

dada porg(x) = xn,

g já é injectiva, e como o seu contradomínio é [0, +∞[, tem-se que

g−1 : [0, +∞[→ R

é definida porg−1(x) = n

√x.

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§1.4.2 Função inversa Cálculo I – pag. 100

Exemplo (continuação)

A funçãof : R → R

definida por

f(x) = xn com n um número natural ímpar,

é injectiva e o tem como contradomínio o conjunto R. Assim,

f−1 : R → R

é definida porf−1(x) = n

√x.

Índice Cálculo I – pag. 101

1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplosO conjunto dos números reaisGeneralidades sobre funçõesFunções polinomiais, funções racionais e função móduloFunção inversa e composição de funções

Injectividade, sobrejectividade e bijectividadeFunção inversaComposição de funções

Função exponencial e função logarítmicaFunções trigonométricas e suas inversasFunções hiperbólicas

2 Funções reais de variável real: limites e continuidade

3 Cálculo diferencial em R

4 Cálculo integral em R

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§1.4.3 Composição de funções Cálculo I – pag. 102

Sejamf : Df ⊆ R → R e g : Dg ⊆ R → R

duas funções reais de variável real. A função composta de g com fé a função

g ◦ f : Dg◦f ⊆ R → R,

de domínioDg◦f = {x ∈ Df : f(x) ∈ Dg} ,

definida por(g ◦ f)(x) = g(f(x)).

§1.4.3 Composição de funções Cálculo I – pag. 103

Exemplo

Sejamf : R → R e g : R \ {0} → R

as funções definidas por

f(x) = x2 − 1 e g(x) =1x

.

Então g ◦ f tem por domínio o conjunto

Dg◦f = {x ∈ Df : f(x) ∈ Dg}={

x ∈ R : x2 − 1 ∈ R \ {0}}

= R \ {−1, 1}e é definida por

(g ◦ f)(x) = g(f(x)) = g(x2 − 1) =1

x2 − 1.

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§1.4.3 Composição de funções Cálculo I – pag. 104

Exemplo (continuação)

Se em vez de g ◦ f calcularmos f ◦ g temos

Df◦g = {x ∈ Dg : g(x) ∈ Df }

={

x ∈ R \ {0} :1x

∈ R

}

= R \ {0}

e(f ◦ g)(x) = f(g(x)) = f(1/x) =

1x2 − 1.

§1.4.3 Composição de funções Cálculo I – pag. 105

Exemplo (continuação)

−3

−3

−2

−2

−1

−1

1

1

2

2

3

3

y =1

x2 − 1

y =1

x2− 1

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Índice Cálculo I – pag. 106

1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplosO conjunto dos números reaisGeneralidades sobre funçõesFunções polinomiais, funções racionais e função móduloFunção inversa e composição de funçõesFunção exponencial e função logarítmica

Função exponencialFunção logarítmica

Funções trigonométricas e suas inversasFunções hiperbólicas

2 Funções reais de variável real: limites e continuidade

3 Cálculo diferencial em R

4 Cálculo integral em R

Índice Cálculo I – pag. 107

1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplosO conjunto dos números reaisGeneralidades sobre funçõesFunções polinomiais, funções racionais e função móduloFunção inversa e composição de funçõesFunção exponencial e função logarítmica

Função exponencialFunção logarítmica

Funções trigonométricas e suas inversasFunções hiperbólicas

2 Funções reais de variável real: limites e continuidade

3 Cálculo diferencial em R

4 Cálculo integral em R

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§1.5.1 Função exponencial Cálculo I – pag. 108

Dado um número real positivo a > 0, pretendemos estudar a função

f : R → R

definida porf(x) = ax,

que se designa por função exponencial de base a.

Repare-se que quando a = 1 temos a função constante

f(x) = 1x = 1.

§1.5.1 Função exponencial Cálculo I – pag. 109

Propriedades da função exponencial

Sejam x, y ∈ R e a, b ∈ ]0, +∞[. Então

a) a0 = 1

b) ax+y = ax ay

c) a−x =1ax

d) ax−y =ax

ay

e) (ax)y = axy

f) axbx = (ab)x

g) se x > y e a > 1, então ax > ay

h) se x > y e 0 < a < 1, então ax < ay

i) se a ∈ ]0, +∞[ \ {1} a função exponencial é injectiva

j) se a ∈ ]0, +∞[ \ {1} o contradomínio da função exponencial é ]0, +∞[

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§1.5.1 Função exponencial Cálculo I – pag. 110

x

y

a > 10 < a < 1

a = 1

Gráfico da função exponencial

§1.5.1 Função exponencial Cálculo I – pag. 111

x

y

y = 2x

1

y = exy = 3x

y = 4x

Gráfico de funções exponenciais

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§1.5.1 Função exponencial Cálculo I – pag. 112

x

y

y =(

12

)x

1

y =(

13

)x

y =(

14

)x

Gráfico de funções exponenciais

§1.5.1 Função exponencial Cálculo I – pag. 113

Na natureza aparecem frequentemente quantidades que estãorelacionadas por leis de decrescimento e de crescimento exponenciais.As leis mais comuns são da forma

y = A e−kx e y = A(

1 − e−kx)

onde A e k são constantes (positivas).

A

y = A e−kx

A

y = A(

1 − e−kx)

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§1.5.1 Função exponencial Cálculo I – pag. 114

Vejamos alguns exemplos:

a) Expansão linear l = l0 eα θ

b) Variação da resistência eléctrica com a temperatura Rθ = R0 eα θ

c) Tensão em correias T1 = T0 eµ θ

d) Lei de Newton do arrefecimento θ = θ0 e−kt

e) Crescimento biológico y = y0 ek t

f) Descarga de um condensador q = Q e−t/CR

g) Pressão atmosférica p = p0 e−h/c

h) Decaimento radioactivo N = N0 e−λ t

i) Intensidade da corrente num circuito indutivo i = Ie−Rt/L

j) Intensidade da corrente num circuito capacitivo i = I(

1 − e−t/CR)

Índice Cálculo I – pag. 115

1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplosO conjunto dos números reaisGeneralidades sobre funçõesFunções polinomiais, funções racionais e função móduloFunção inversa e composição de funçõesFunção exponencial e função logarítmica

Função exponencialFunção logarítmica

Funções trigonométricas e suas inversasFunções hiperbólicas

2 Funções reais de variável real: limites e continuidade

3 Cálculo diferencial em R

4 Cálculo integral em R

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§1.5.2 Função logarítmica Cálculo I – pag. 116

Quando a ∈ ]0, 1[ ∪ ]1, +∞[, a função exponencial ax é injectiva e, porconseguinte, tem inversa. Essa inversa chama-se logaritmo na base ae representa-se por loga.

Assim, tendo em conta que o contradomínio da função exponencial é ointervalo ]0, +∞[, temos que

loga : ]0, +∞[→ R

é a função definida por

loga x = y se e só se x = ay.

Obviamente, quando a = e temos a função logaritmo natural querepresentamos por ln.

§1.5.2 Função logarítmica Cálculo I – pag. 117

Propriedades da função logarítmica

Sejam x, y ∈ R+ e a, b ∈ ]0, +∞[\ {1}. Então

a) loga (xy) = loga x + loga y

b) loga

1x

= − loga x

c) loga

x

y= loga x − loga y

d) loga (xα) = α loga x

e) loga x = logb x loga b

f) loga 1 = 0

g) se x > y e a > 1, então loga x > loga y

h) se x > y e 0 < a < 1, então loga x < loga y

i) a função logarítmica é injectiva;

j) o contradomínio da função logarítmica é R

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§1.5.2 Função logarítmica Cálculo I – pag. 118

x

y

a > 1

1

0 < a < 1

Gráfico da função logaritmo de base a

§1.5.2 Função logarítmica Cálculo I – pag. 119

x

y

log2 x

1

ln x

log4 x

log1/2 x

log1/3 xlog1/4 x

Gráfico de funções logarítmicas

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Índice Cálculo I – pag. 120

1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplosO conjunto dos números reaisGeneralidades sobre funçõesFunções polinomiais, funções racionais e função móduloFunção inversa e composição de funçõesFunção exponencial e função logarítmicaFunções trigonométricas e suas inversas

Funções seno e cossenoFunções tangente e cotangenteFunções secante e cossecantePropriedades das funções trigonométricasFunções trigonométricas inversas

Funções hiperbólicas

2 Funções reais de variável real: limites e continuidade

3 Cálculo diferencial em R

4 Cálculo integral em R

Índice Cálculo I – pag. 121

1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplosO conjunto dos números reaisGeneralidades sobre funçõesFunções polinomiais, funções racionais e função móduloFunção inversa e composição de funçõesFunção exponencial e função logarítmicaFunções trigonométricas e suas inversas

Funções seno e cossenoFunções tangente e cotangenteFunções secante e cossecantePropriedades das funções trigonométricasFunções trigonométricas inversas

Funções hiperbólicas

2 Funções reais de variável real: limites e continuidade

3 Cálculo diferencial em R

4 Cálculo integral em R

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§1.6.1 Funções seno e cosseno Cálculo I – pag. 122

A B C

D

E

α

BE

AE=

CD

AD

AB

AE=

AC

AD

• seno:

sen α =comprimento do cateto oposto

comprimento da hipotenusa=

BE

AE=

CD

AD

• cosseno:

cos α =comprimento do cateto adjacente

comprimento da hipotenusa=

AB

AE=

AC

AD

§1.6.1 Funções seno e cosseno Cálculo I – pag. 123

1

1

α

α em radianos

sen α

cos α

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§1.6.1 Funções seno e cosseno Cálculo I – pag. 124

As funções seno e cosseno, cujo domínio é o conjunto dos númerosreais, fazem corresponder a cada x ∈ R

sen x e cos x,

respectivamente. O contradomínio destas duas funções é o intervalo[−1, 1].

§1.6.1 Funções seno e cosseno Cálculo I – pag. 125

x

y

π2

π 3π2

2π− π2

−π− 3π2

−2π

−1

1

Gráfico da função seno

x

y

π2

π 3π2

2π− π2

−π− 3π2

−2π

−1

1

Gráfico da função cosseno

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Índice Cálculo I – pag. 126

1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplosO conjunto dos números reaisGeneralidades sobre funçõesFunções polinomiais, funções racionais e função móduloFunção inversa e composição de funçõesFunção exponencial e função logarítmicaFunções trigonométricas e suas inversas

Funções seno e cossenoFunções tangente e cotangenteFunções secante e cossecantePropriedades das funções trigonométricasFunções trigonométricas inversas

Funções hiperbólicas

2 Funções reais de variável real: limites e continuidade

3 Cálculo diferencial em R

4 Cálculo integral em R

§1.6.2 Funções tangente e cotangente Cálculo I – pag. 127

Outra função trigonométrica importante é a função tangente, definidapela fórmula

tg x =sen x

cos x,

que está definida para todos os pontos x tais que cos x 6= 0, ou seja, odomínio da função tangente é o conjunto

{

x ∈ R : x 6= π

2+ kπ, k ∈ Z

}

.

O seu contradomínio é o conjunto dos números reais.

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§1.6.2 Funções tangente e cotangente Cálculo I – pag. 128

x

y

π2

π 3π2

2π− π2

−π− 3π2

−2π

Gráfico da função tangente

§1.6.2 Funções tangente e cotangente Cálculo I – pag. 129

A função cotangente é dada pela expressão

cotg x =cos x

sen x.

O seu domínio é o conjunto

{x ∈ R : x 6= kπ, k ∈ Z}

e o contradomínio é o conjunto dos números reais.

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§1.6.2 Funções tangente e cotangente Cálculo I – pag. 130

x

y

π2

π

3π2

− π2

−π

− 3π2

−2π

Gráfico da função cotangente

§1.6.2 Funções tangente e cotangente Cálculo I – pag. 131

x 1

1

sen x

cos x= tg x

cos x

sen x= cotg x

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Índice Cálculo I – pag. 132

1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplosO conjunto dos números reaisGeneralidades sobre funçõesFunções polinomiais, funções racionais e função móduloFunção inversa e composição de funçõesFunção exponencial e função logarítmicaFunções trigonométricas e suas inversas

Funções seno e cossenoFunções tangente e cotangenteFunções secante e cossecantePropriedades das funções trigonométricasFunções trigonométricas inversas

Funções hiperbólicas

2 Funções reais de variável real: limites e continuidade

3 Cálculo diferencial em R

4 Cálculo integral em R

§1.6.3 Funções secante e cossecante Cálculo I – pag. 133

A função secante é definida por

sec x =1

cos x,

o seu domínio é o conjunto{

x ∈ R : x 6= π

2+ kπ, k ∈ Z

}

e o seu contradomínio é o conjunto

] − ∞, −1] ∪ [1, +∞[.

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§1.6.3 Funções secante e cossecante Cálculo I – pag. 134

x

y

π2

π 3π2

2π− π2−π− 3π

2−2π

1

−1

Gráfico da função secante

§1.6.3 Funções secante e cossecante Cálculo I – pag. 135

A função cossecante é definida por

cosec x =1

sen x,

o seu domínio é o conjunto

{x ∈ R : x 6= kπ, k ∈ Z}

e o seu contradomínio é o conjunto

] − ∞, −1] ∪ [1, +∞[.

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§1.6.3 Funções secante e cossecante Cálculo I – pag. 136

x

y

π2

π 3π2

2π− π2

−π− 3π2

−2π

1

−1

Gráfico da função cossecante

Índice Cálculo I – pag. 137

1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplosO conjunto dos números reaisGeneralidades sobre funçõesFunções polinomiais, funções racionais e função móduloFunção inversa e composição de funçõesFunção exponencial e função logarítmicaFunções trigonométricas e suas inversas

Funções seno e cossenoFunções tangente e cotangenteFunções secante e cossecantePropriedades das funções trigonométricasFunções trigonométricas inversas

Funções hiperbólicas

2 Funções reais de variável real: limites e continuidade

3 Cálculo diferencial em R

4 Cálculo integral em R

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§1.6.4 Propriedades das funções trigonométricas Cálculo I – pag. 138

2

seno 012

√2

2

√3

21 0 -1

cosseno 1

√3

2

√2

212

0 −1 0

tangente 0

√3

31

√3 n.d. 0 n.d.

cotangente n.d.√

3 1

√3

30 n.d. 0

§1.6.4 Propriedades das funções trigonométricas Cálculo I – pag. 139

Fórmula fundamental da trigonometria

sen2 x + cos2 x = 1

Desta fórmula resultam imediatamente as seguintes fórmulas

1 + tg2 x =1

cos2 xe 1 + cotg2 x =

1sen2 x

,

que podem ser reescritas da seguinte forma

1 + tg2 x = sec2 x e 1 + cotg2 x = cosec2 x.

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§1.6.4 Propriedades das funções trigonométricas Cálculo I – pag. 140

Reduções ao primeiro quadrante

sen(−x) = − sen x

cos(−x) = cos x

sen(π/2 − x) = cos x

cos(π/2 − x) = sen x

sen(π/2 + x) = cos x

cos(π/2 + x) = − sen x

sen(π − x) = sen x

cos(π − x) = − cos x

sen(π + x) = − sen x

cos(π + x) = − cos x

1

1

xx

xx

xx

§1.6.4 Propriedades das funções trigonométricas Cálculo I – pag. 141

Reduções ao primeiro quadrante (continuação)

sen(3π/2 − x) = − cos x

cos(3π/2 − x) = − sen x

sen(3π/2 + x) = − cos x

cos(3π/2 + x) = sen x

sen(2π − x) = − sen x

cos(2π − x) = cos x

sen(2π + x) = sen x

cos(2π + x) = cos x

1

1

x

x x

x

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§1.6.4 Propriedades das funções trigonométricas Cálculo I – pag. 142

Reduções ao primeiro quadrante (continuação)

tg(−x) = − tg(x)

cotg(−x) = − cotg(x)

tg(π/2 − x) = cotg x

cotg(π/2 − x) = tg x

tg(π/2 + x) = − cotg x

cotg(π/2 + x) = − tg x

tg(π − x) = − tg x

cotg(π − x) = − cotg x

tg(π + x) = tg x

cotg(π + x) = cotg x

§1.6.4 Propriedades das funções trigonométricas Cálculo I – pag. 143

Resolução de equações trigonométricas

sen x = sen α ⇔ x = α + 2kπ ∨ x = π − α + 2kπ, k ∈ Z

cos x = cos α ⇔ x = α + 2kπ ∨ x = −α + 2kπ, k ∈ Z

tg x = tg α ⇔ x = α + kπ, k ∈ Z

cotg x = cotg α ⇔ x = α + kπ, k ∈ Z

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§1.6.4 Propriedades das funções trigonométricas Cálculo I – pag. 144

Fórmulas trigonométricas

sen(x + y) = sen x cos y + sen y cos x

sen(x − y) = sen x cos y − sen y cos x

cos(x + y) = cos x cos y − sen x sen y

cos(x − y) = cos x cos y + sen x sen y

sen(2x) = 2 sen x cos x

cos(2x) = cos2 x − sen2 x = 2 cos2 x − 1 = 1 − 2 sen2 x

sen x + sen y = 2 senx + y

2cos

x − y

2

sen x − sen y = 2 senx − y

2cos

x + y

2

cos x − cos y = −2 senx + y

2sen

x − y

2

cos x + cos y = 2 cosx + y

2cos

x − y

2

Índice Cálculo I – pag. 145

1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplosO conjunto dos números reaisGeneralidades sobre funçõesFunções polinomiais, funções racionais e função móduloFunção inversa e composição de funçõesFunção exponencial e função logarítmicaFunções trigonométricas e suas inversas

Funções seno e cossenoFunções tangente e cotangenteFunções secante e cossecantePropriedades das funções trigonométricasFunções trigonométricas inversas

Funções hiperbólicas

2 Funções reais de variável real: limites e continuidade

3 Cálculo diferencial em R

4 Cálculo integral em R

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§1.6.5 Funções trigonométricas inversas Cálculo I – pag. 146

A função seno não é injectiva pelo que não tem inversa. No entanto,

considerando a restrição da função seno ao intervalo[

−π

2,π

2

]

, a que se

chama restrição principal, ou seja, considerando a função

f :[

−π

2,π

2

]

→ R,

definida porf(x) = sen x,

tem-se que a função f é injectiva. À inversa desta função chama-searco seno e representa-se por arc sen. Assim,

arc sen : [−1, 1] → R

e é definida da seguinte forma

arc sen x = y ⇔ x = sen y ∧ y ∈[

−π

2,π

2

]

.

§1.6.5 Funções trigonométricas inversas Cálculo I – pag. 147

x arc sen x

0 0

1 π/2

−1 −π/2

1/2 π/6

−1/2 −π/6√

2/2 π/4

−√

2/2 −π/4√

3/2 π/3

−√

3/2 −π/3

x

y

b

1

π/2 b

−1

−π/2b

12

π/6 b

− 12

−π/6b

√2

2

π/4 b

−√

22

−π/4b

√3

2

π/3 b

−√

32

−π/3b

b

b

y = arc sen x

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§1.6.5 Funções trigonométricas inversas Cálculo I – pag. 148

Considerando a restrição da função cosseno ao intervalo [0, π], ou seja,a função

g : [0, π] → R

definida porg(x) = cos x,

tem-se que g é uma função injectiva. A inversa desta funçãorepresenta-se por arccos e chama-se arco cosseno. Assim,

arccos : [−1, 1] → R

é a função definida por

arccos x = y ⇔ x = cos y ∧ y ∈ [0, π] .

§1.6.5 Funções trigonométricas inversas Cálculo I – pag. 149

x arccos x

0 π/2

1 0

−1 π

1/2 π/3

−1/2 2π/3√

2/2 π/4

−√

2/2 3π/4√

3/2 π/6

−√

3/2 5π/6 x

y

π/2b

1b

−1

πb

12

π/3 b

− 12

2π/3b

√2

2

π/4 b

−√

22

3π/4b

√3

2

π/6 b

−√

32

5π/6b

b

by = arc cos x

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§1.6.5 Funções trigonométricas inversas Cálculo I – pag. 150

Seja

h :]

−π

2,

π

2

[

→ R

a função definida porh(x) = tg x.

A função h é injectiva, pelo que h tem inversa. A inversa desta funçãorepresenta-se por arc tg e chama-se arco tangente. Assim

arc tg : R → R

é a função definida por

arc tg x = y ⇔ x = tg y ∧ y ∈]

−π

2,π

2

[

.

§1.6.5 Funções trigonométricas inversas Cálculo I – pag. 151

x

y

x

arc tg x

0

0

b

1

π

4

1

π/4 b

−1

−π

4

−1

−π/4b

√3

6

√3/3

π/6 b

−√

33

−π

6

−√

3/3

−π/6b

√3

π

3

√3

π/3 b

−√

3

−π

3

−√

3

−π/3b

y = arc tg x

π/2

−π/2

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§1.6.5 Funções trigonométricas inversas Cálculo I – pag. 152

À inversa da restrição ao intervalo ]0, π[ da função cotangentechamamos arco cotangente e representamos essa função por arccotg.Assim,

arccotg : R → R

é a função definida por

arccotg x = y ⇔ x = cotg y ∧ y ∈ ]0, π[ .

§1.6.5 Funções trigonométricas inversas Cálculo I – pag. 153

x

y

x

arccotg x

0

π

2

π/2b

1

π

4

1

π/4 b

−1

4

−1

3π/4b

√3

3

√3

3

π/3 b

−√

33

3

−√

33

2π/3b

√3

π

6

√3

π/6 b

−√

3

6

−√

3

5π/6b

y = arc cotg x

π

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§1.6.5 Funções trigonométricas inversas Cálculo I – pag. 154

Domínio Contradomínio Regra

arc sen [−1, 1][

− π

2,

π

2

]

arc sen x = y ⇔ x = sen y ∧ y ∈[

− π

2,

π

2

]

arc cos [−1, 1] [0, π] arc cos x = y ⇔ x = cos y ∧ y ∈ [0, π]

arc tg R

]

− π

2,

π

2

[

arc tg x = y ⇔ x = tg y ∧ y ∈]

− π

2,

π

2

[

arc cotg R ]0, π[ arc cotg x = y ⇔ x = cotg y ∧ y ∈ ]0, π[

Índice Cálculo I – pag. 155

1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplosO conjunto dos números reaisGeneralidades sobre funçõesFunções polinomiais, funções racionais e função móduloFunção inversa e composição de funçõesFunção exponencial e função logarítmicaFunções trigonométricas e suas inversasFunções hiperbólicas

2 Funções reais de variável real: limites e continuidade

3 Cálculo diferencial em R

4 Cálculo integral em R

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§1.7 Funções hiperbólicas Cálculo I – pag. 156

As funçõessenh : R → R e cosh : R → R

definidas por

senh x =ex − e−x

2e cosh x =

ex + e−x

2

designam-se por seno hiperbólico e por cosseno hiperbólico,respectivamente.

§1.7 Funções hiperbólicas Cálculo I – pag. 157

senh x = y ⇔ ex − e−x

2= y

⇔ ex − e−x = 2y

⇔ ex − e−x −2y = 0

⇔ e2x −2y ex −1 = 0

⇔ ex =2y +

4y2 + 42

∨✘✘✘✘✘✘✘✘✘✘❳

❳❳❳❳❳❳❳❳❳

ex =2y −

4y2 + 42

⇔ ex = y +√

y2 + 1

⇔ x = ln(

y +√

y2 + 1)

Logo o contradomínio do seno hiperbólico é R.

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§1.7 Funções hiperbólicas Cálculo I – pag. 158

cosh x = y ⇔ ex + e−x

2= y

⇔ ex + e−x = 2y

⇔ ex + e−x −2y = 0

⇔ e2x −2y ex +1 = 0

⇔ ex =2y +

4y2 − 42

∨ ex =2y −

4y2 − 42

⇔ ex = y +√

y2 − 1 ∨ ex = y −√

y2 − 1

⇔ x = ln(y +√

y2 − 1) ∨ x = ln(

y −√

y2 − 1)

Assim, o contradomínio de cosh é o intervalo [1, +∞[.

§1.7 Funções hiperbólicas Cálculo I – pag. 159

x

y

y = senh x

1

y = cosh x

Gráfico das funções seno e cosseno hiperbólico

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§1.7 Funções hiperbólicas Cálculo I – pag. 160

Associada a estas funções está a função tangente hiperbólica. Atangente hiperbólica é a função

tgh : R → R

definida por

tgh x =senh x

cosh x=

ex − e−x

ex + e−x=

e2x −1e2x +1

.

§1.7 Funções hiperbólicas Cálculo I – pag. 161

tgh x = y ⇔ e2x −1e2x +1

= y

⇔ e2x −1 = y e2x +y

⇔ (1 − y) e2x = y + 1

⇔ e2x =y + 11 − y

⇔ x =12

ln(

y + 11 − y

)

Assim, temos de tery + 11 − y

> 0, o que é equivalente a −1 < y < 1. Logo

o contradomínio da tangente hiperbólica é o intervalo ] − 1, 1[.

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§1.7 Funções hiperbólicas Cálculo I – pag. 162

x

y

1

−1

Gráfico da função tangente hiperbólica

§1.7 Funções hiperbólicas Cálculo I – pag. 163

É fácil mostrar que as seguintes igualdades são válidas:

a) cosh2 x − senh2 x = 1

b) 1 − tgh2 x =1

cosh2 x

c) senh(x + y) = senh x cosh y + senh y cosh x

d) cosh(x + y) = cosh x cosh y + senh x senh y

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Índice Cálculo I – pag. 164

1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos

2 Funções reais de variável real: limites e continuidadeBreves noções de topologia em R

Limites de funções reais de variável realFunções contínuasLimites infinitos, limites no infinito e assímptotas

3 Cálculo diferencial em R

4 Cálculo integral em R

Índice Cálculo I – pag. 165

1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos

2 Funções reais de variável real: limites e continuidadeBreves noções de topologia em R

Limites de funções reais de variável realFunções contínuasLimites infinitos, limites no infinito e assímptotas

3 Cálculo diferencial em R

4 Cálculo integral em R

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§2.1 Breves noções de topologia em R Cálculo I – pag. 166

Seja A um subconjunto de R. Um ponto a ∈ R diz-se interior a A

se existir ε > 0 tal que ]a − ε, a + ε[ ⊆ A.

Um ponto a ∈ R diz-se exterior a A

se existir ε > 0 tal que ]a − ε, a + ε[ ∩ A = ∅

(ou seja, ]a − ε, a + ε[ ⊆ R \ A).

Um ponto a ∈ R diz-se fronteiro a A se não for interior, nem exterior,isto é, a é um ponto fronteiro de A

se para cada ε > 0, ]a − ε, a + ε[ ∩ A 6= ∅ e ]a − ε, a + ε[ ∩ (R \ A) 6= ∅.

§2.1 Breves noções de topologia em R Cálculo I – pag. 167

0 11/2 2-1

Seja A o conjunto ]0, 1]. Então12

é um ponto interior a A,

2 é um ponto exterior a A,

−1 é um ponto exterior a A,

0 é um ponto fronteiro a A e

1 é um ponto fronteiro a A.

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§2.1 Breves noções de topologia em R Cálculo I – pag. 168

O conjunto dos pontos interiores a A designa-se por interior de A erepresenta-se por

int A ou A◦,

o conjunto dos pontos exteriores a A chama-se exterior de A erepresenta-se por

ext A

e o conjunto dos pontos fronteiros a A diz-se a fronteira de A erepresenta-se por

fr A.

§2.1 Breves noções de topologia em R Cálculo I – pag. 169

Exemplos

a) Para o intervalo A = ]0, 1] temos

int A = ]0, 1[, ext A = ] − ∞, 0[ ∪ ]1, +∞[ e fr A = {0, 1} .

b) Considerando o intervalo I = ]a, b[, com a < b, verifica-seimediatamente que

int I = ]a, b[, ext I = ] − ∞, a[ ∪ ]b, +∞[ e fr I = {a, b} .

c) Os intervalos ]a, b], [a, b[ e [a, b], onde a < b, têm o mesmo interior,o mesmo exterior e a mesma fronteira que o intervalo ]a, b[.

d) Tem-se intR = R, extR = ∅ e frR = ∅.

e) Além disso, int∅ = ∅, ext∅ = R e fr∅ = ∅.

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§2.1 Breves noções de topologia em R Cálculo I – pag. 170

a) Da definição resulta imediatamente que

int A, ext A e fr A

são conjuntos disjuntos dois a dois e que

R = int A ∪ ext A ∪ fr A.

b) Outra consequência imediata da definição é o seguinte

ext A = int (R \ A) e fr A = fr (R \ A) .

§2.1 Breves noções de topologia em R Cálculo I – pag. 171

Um ponto a ∈ R diz-se aderente a um subconjunto A ⊆ R

se para cada ε > 0, ]a − ε, a + ε[ ∩ A 6= ∅.

O conjunto dos pontos aderentes de um conjunto A designa-se poraderência ou fecho de A e representa-se por

A.

Das definições resulta que

A = int A ∪ fr A

eint A ⊆ A ⊆ A.

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§2.1 Breves noções de topologia em R Cálculo I – pag. 172

Exemplos

a) Se A = ]0, 1[, então A = [0, 1].

b) Dado I = [a, b], com a < b, temos

I = [a, b].

c) Os intervalos ]a, b[, [a, b[ e ]a, b], onde a < b, têm a mesma aderênciaque o intervalo [a, b].

d) Seja A = [1, 2[ ∪ {3, 4}. Então

A = [1, 2] ∪ {3, 4}.

e) Obviamente, R = R e ∅ = ∅.

§2.1 Breves noções de topologia em R Cálculo I – pag. 173

Sejam A um subconjunto de R e a um número real. Diz-se que a é umponto de acumulação de A

se para cada ε > 0, ]a − ε, a + ε[ ∩ (A \ {a}) 6= ∅.

O conjunto dos pontos de acumulação de um conjunto A representa-sepor

A′

e designa-se por derivado. Os pontos de A que não são pontos deacumulação de A designam-se por pontos isolados.

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§2.1 Breves noções de topologia em R Cálculo I – pag. 174

Exemplos

a) O derivado do intervalo I = [a, b[, com a < b, é o conjunto

I ′ = [a, b]

b) Os intervalos ]a, b[, ]a, b] e [a, b], onde a < b, têm o mesmo derivadoque o intervalo [a, b[.

c) Seja A = ]0, 2] ∪ {3}. Então

int A = ]0, 2[,

ext A = ] − ∞, 0[ ∪ ]2, 3[ ∪ ]3, +∞[,

fr A = {0, 2, 3},

A = [0, 2] ∪ {3} e

A′ = [0, 2].

d) R′ = R e ∅′ = ∅.

§2.1 Breves noções de topologia em R Cálculo I – pag. 175

Um subconjunto A de R diz-se aberto se

A = int A

e diz-se fechado seA = A.

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§2.1 Breves noções de topologia em R Cálculo I – pag. 176

Exemplos

a) Comoint ]0, 1[ = ]0, 1[,

temos que ]0, 1[ é um conjunto aberto. Por outro lado,

]0, 1[ = [0, 1]

e, por conseguinte, ]0, 1[ não é fechado.

b) O intervalo [0, 1] é um conjunto fechado porque

[0, 1] = [0, 1]

e não é um conjunto aberto porque

int [0, 1] = ]0, 1[.

c) Os conjuntos ∅ e R são simultaneamente abertos e fechados.

Índice Cálculo I – pag. 177

1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos

2 Funções reais de variável real: limites e continuidadeBreves noções de topologia em R

Limites de funções reais de variável realDefinição de limitePropriedades dos limitesPrimeiros exemplosLimites relativos e limites laterais

Funções contínuasLimites infinitos, limites no infinito e assímptotas

3 Cálculo diferencial em R

4 Cálculo integral em R

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Índice Cálculo I – pag. 178

1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos

2 Funções reais de variável real: limites e continuidadeBreves noções de topologia em R

Limites de funções reais de variável realDefinição de limitePropriedades dos limitesPrimeiros exemplosLimites relativos e limites laterais

Funções contínuasLimites infinitos, limites no infinito e assímptotas

3 Cálculo diferencial em R

4 Cálculo integral em R

§2.2.1 Definição de limite Cálculo I – pag. 179

Sejam D um subconjunto de R, f : D → R uma função, a um ponto deacumulação de D e b ∈ R. Diz-se que b é o limite (de f) quando xtende para a, e escreve-se

limx→a

f(x) = b,

se para cada ε > 0, existe δ > 0 tal que

|f(x) − b| < ε para qualquer x ∈ D tal que 0 < |x − a| < δ.

Simbolicamente, tem-se o seguinte

limx→a

f(x) = b ⇔ ∀ε > 0 ∃δ > 0 ∀x ∈ D (0 < |x − a| < δ ⇒ |f(x) − b| < ε)

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§2.2.1 Definição de limite Cálculo I – pag. 180

Tendo em conta que

0 < |x − a| < δ ⇔ x ∈ ]a − δ, a + δ[ \ {a}

e que|f(x) − b| < ε ⇔ f(x) ∈ ]b − ε, b + ε[,

tem-se o seguinte

limx→a

f(x) = b

⇔ ∀ε > 0 ∃δ > 0 ∀x ∈ D (x ∈ ]a − δ, a + δ[ \ {a} ⇒ f(x) ∈ ]b − ε, b + ε[) .

§2.2.1 Definição de limite Cálculo I – pag. 181

x

y

bb

a

b

f(a)

b−ε

b+ε

b

b

a−δ a+δ

b

a−δ a a+δ

b

a−δ a a+δ

b

xa

b−ε

b+ε

b

b

a−δ a a+δ

b

a−δ a a+δ

b

a−δaa+δ

b

a−δ a a+δ

b−ε

b

b+ε

b

Interpretação geométrica do conceito de limite de uma função

limx→a

f(x) = b

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Índice Cálculo I – pag. 182

1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos

2 Funções reais de variável real: limites e continuidadeBreves noções de topologia em R

Limites de funções reais de variável realDefinição de limitePropriedades dos limitesPrimeiros exemplosLimites relativos e limites laterais

Funções contínuasLimites infinitos, limites no infinito e assímptotas

3 Cálculo diferencial em R

4 Cálculo integral em R

§2.2.2 Propriedades dos limites Cálculo I – pag. 183

Propriedades dos limites

a) O limite (quando existe) é único.

b) Sejam D ⊆ R, f, g : D → R e a um ponto de acumulação de D.Suponhamos que existem lim

x→af(x) e lim

x→ag(x). Então

i) existe limx→a

[f(x) + g(x)] e

limx→a

[f(x) + g(x)] = limx→a

f(x) + limx→a

g(x);

ii) existe limx→a

[f(x)g(x)] e

limx→a

[f(x)g(x)] =[

limx→a

f(x)]

·[

limx→a

g(x)]

;

iii) se limx→a

g(x) 6= 0, existe limx→a

f(x)g(x)

e

limx→a

f(x)g(x)

=limx→a

f(x)

limx→a

g(x).

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§2.2.2 Propriedades dos limites Cálculo I – pag. 184

Propriedades dos limites (continuação)

c) Sejam D ⊆ R, f, g : D ⊆ R → R e a um ponto de acumulação de D.Suponhamos que

limx→a

f(x) = 0

e que g é uma função limitada em D ∩ ]a − δ, a + δ[ para algumδ > 0, isto é, existe c > 0 tal que

|g(x)| 6 c para qualquer x ∈ D ∩ ]a − δ, a + δ[.

Entãolimx→a

[f(x) · g(x)] = 0.

§2.2.2 Propriedades dos limites Cálculo I – pag. 185

Propriedades dos limites (continuação)

d) Sejamf : Df ⊆ R → R e g : Dg ⊆ R → R

duas funções reais de variável real. Suponhamos que a ∈ R é umponto de acumulação de Df e que b ∈ Dg é um ponto deacumulação de Dg. Se

limx→a

f(x) = b e limx→b

g(x) = g(b),

entãolimx→a

(g ◦ f)(x) = limx→a

g(f(x)) = g(b).

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Índice Cálculo I – pag. 186

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2 Funções reais de variável real: limites e continuidadeBreves noções de topologia em R

Limites de funções reais de variável realDefinição de limitePropriedades dos limitesPrimeiros exemplosLimites relativos e limites laterais

Funções contínuasLimites infinitos, limites no infinito e assímptotas

3 Cálculo diferencial em R

4 Cálculo integral em R

§2.2.3 Primeiros exemplos Cálculo I – pag. 187

Um dos limites mais conhecidos é o seguinte

limx→0

ex −1x

= 1.

A partir deste limite podemos calcular limx→0

ln(1 + x)x

. Fazendo a

mudança de variável ln(1 + x) = y, tem-se x = ey −1 e quando x → 0

tem-se y → 0. Assim,

limx→0

ln(1 + x)x

= limy→0

y

ey −1= lim

y→0

1ey −1

y

=11

= 1.

Logo

limx→0

ln(1 + x)x

= 1.

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§2.2.3 Primeiros exemplos Cálculo I – pag. 188

Outro limite bastante importante é o seguinte:

limx→0

sen x

x= 1.

Usando este limite podemos calcular vários outros limites. Porexemplo,

limx→0

tg x

x= lim

x→0

sen xcos x

x= lim

x→0

1cos x

sen x

x=

11

· 1 = 1.

Portanto

limx→0

tg x

x= 1.

§2.2.3 Primeiros exemplos Cálculo I – pag. 189

Provemos que

limx→0

arc sen x

x= 1 e lim

x→0

arc tg x

x= 1 .

No primeiro limite fazemos a mudança de variável arc sen x = y eobtemos

limx→0

arc sen x

x= lim

y→0

y

sen y= lim

y→0

1sen y

y

=11

= 1.

Para o segundo limite fazemos a mudança de variável y = arctg x e vem

limx→0

arc tg x

x= lim

y→0

y

tg y= lim

y→0

1tg yy

=11

= 1.

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Índice Cálculo I – pag. 190

1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos

2 Funções reais de variável real: limites e continuidadeBreves noções de topologia em R

Limites de funções reais de variável realDefinição de limitePropriedades dos limitesPrimeiros exemplosLimites relativos e limites laterais

Funções contínuasLimites infinitos, limites no infinito e assímptotas

3 Cálculo diferencial em R

4 Cálculo integral em R

§2.2.4 Limites relativos e limites laterais Cálculo I – pag. 191

Sejam A um subconjunto de D ⊆ R, a um ponto de acumulação de A e

f : D → R.

Chama-se limite de f no ponto a relativo a A (ou limite quandox tende para a no conjunto A) ao limite em a (quando exista) darestrição de f a A e usa-se a notação

limx→ax∈A

f(x).

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§2.2.4 Limites relativos e limites laterais Cálculo I – pag. 192

É evidente que se existelimx→a

f(x),

então também existelimx→ax∈A

f(x)

para qualquer subconjunto A de D do qual a é ponto de acumulaçãode A e

limx→ax∈A

f(x) = limx→a

f(x).

Assim, se existirem dois limites relativos distintos, o limite não existe.

§2.2.4 Limites relativos e limites laterais Cálculo I – pag. 193

Exemplo

Consideremos a função f : R → R definida por

f(x) =

{

1 se x ∈ Q,

0 se x ∈ R \ Q.

Entãolimx→ax∈Q

f(x) = 1

elimx→a

x∈R\Qf(x) = 0

qualquer que seja a ∈ R. Logo não existe

limx→a

f(x).

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§2.2.4 Limites relativos e limites laterais Cálculo I – pag. 194

Seja f : D ⊆ R → R e consideremos os conjuntos

D+a = {x ∈ D : x > a} = D ∩ ]a, +∞[

eD−

a = {x ∈ D : x < a} = D ∩ ] − ∞, a[.

Definem-se, respectivamente, os limites laterais à direita e àesquerda da seguinte forma

limx→a+

f(x) = limx→a

x∈D+a

f(x)

elim

x→a−f(x) = lim

x→ax∈D−

a

f(x),

desde que a seja ponto de acumulação de D+a e de D−

a ,respectivamente.

§2.2.4 Limites relativos e limites laterais Cálculo I – pag. 195

Exemplo

Seja f : R → R a função dada por

f(x) =

{

1 se x > 0,

0 se x < 0.

Esta função é conhecida por função de Heaviside. É óbvio que

limx→0

x∈]0,+∞[

f(x) = limx→0+

f(x) = 1

elimx→0

x∈]−∞,0[

f(x) = limx→0−

f(x) = 0.

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§2.2.4 Limites relativos e limites laterais Cálculo I – pag. 196

Observações

a) É óbvio que limx→ax∈A

f(x) = b é equivalente a

∀ε > 0 ∃δ > 0 ∀x ∈ A (0 < |x − a| < δ ⇒ |f(x) − b| < ε) .

b) Comox ∈ D−

a e 0 < |x − a| < δ

é equivalente ax ∈ D e − δ < x − a < 0

e, portanto, limx→a−

f(x) = b é equivalente a

∀ε > 0 ∃δ > 0 ∀x ∈ D (−δ < x − a < 0 ⇒ |f(x) − b| < ε) .

Analogamente, limx→a+

f(x) = b é equivalente a

∀ε > 0 ∃δ > 0 ∀x ∈ D (0 < x − a < δ ⇒ |f(x) − b| < ε) .

§2.2.4 Limites relativos e limites laterais Cálculo I – pag. 197

x

y

b

a

f(a)

b

b

b−ε

b+ε

b

a−δ x

y

a

f(a)

b

b−ε

b+ε

a−δ

b

x

y

a

f(a)

b

b−ε

b+ε

a−δ

b

x

y

a

f(a)

b

b−ε

b+ε

b

x

y

a

f(a)

b

b−ε

b+ε

a−δ

b

x

y

a

f(a)

b

b−ε

b+ε

a−δ

b

x

y

a

f(a)

b

b−ε

b+ε

a−δ

b

x

y

a

f(a)

b

b−ε

b+ε

a−δ

b

limx→a−

f(x) = b

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§2.2.4 Limites relativos e limites laterais Cálculo I – pag. 198

x

y

b

a

f(a)

b

b

x

y

a

f(a)

b

b−ε

b+ε

b

x

y

a

f(a)

b

b−ε

b+ε

a+δ

b

x

y

a

f(a)

b

b−ε

b+ε

a+δ

b

x

y

a

f(a)

b

b−ε

b+ε

a+δ

b

x

y

a

f(a)

b

b−ε

b+ε

b

x

y

a

f(a)

b

b−ε

b+ε

a+δ

b

x

y

a

f(a)

b

b−ε

b+ε

a+δ

b

x

y

a

f(a)

b

b−ε

b+ε

a+δ

b

x

y

a

f(a)

b

b−ε

b+ε

a+δ

b

limx→a+

f(x) = b

§2.2.4 Limites relativos e limites laterais Cálculo I – pag. 199

Propriedade dos limites laterais

Sejamf : D ⊆ R → R,

a um ponto de acumulação de D+a e D−

a e b ∈ R. Então

limx→a

f(x) = b

se e só se existem e são iguais a b os limites laterais no ponto x = a, ouseja,

limx→a−

f(x) = limx→a+

f(x) = b.

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Índice Cálculo I – pag. 200

1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos

2 Funções reais de variável real: limites e continuidadeBreves noções de topologia em R

Limites de funções reais de variável realFunções contínuas

Definição de continuidadePropriedades e exemplosContinuidade lateralTeorema de BolzanoTeorema de Weierstrass

Limites infinitos, limites no infinito e assímptotas

3 Cálculo diferencial em R

4 Cálculo integral em R

Índice Cálculo I – pag. 201

1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos

2 Funções reais de variável real: limites e continuidadeBreves noções de topologia em R

Limites de funções reais de variável realFunções contínuas

Definição de continuidadePropriedades e exemplosContinuidade lateralTeorema de BolzanoTeorema de Weierstrass

Limites infinitos, limites no infinito e assímptotas

3 Cálculo diferencial em R

4 Cálculo integral em R

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§2.3.1 Definição de continuidade Cálculo I – pag. 202

Sejam D um subconjunto de R, f : D → R uma função e a ∈ D. Diz-seque f é contínua no ponto a se para cada ε > 0, existir δ > 0 tal que

|f(x) − f(a)| < ε para qualquer x ∈ D tal que |x − a| < δ.

Simbolicamente,

f é contínua em a

⇔ ∀ε > 0 ∃δ > 0 ∀x ∈ D (|x − a| < δ ⇒ |f(x) − f(a)| < ε) .

Dizemos que a ∈ D é um ponto de descontinuidade de f se f não écontínua em a.

Uma função f : D → R é contínua se for contínua em todos os pontosde D.

§2.3.1 Definição de continuidade Cálculo I – pag. 203

x

y

a

f(a)

f(a)−ε

f(a)+ε

f(a)

a−δ a+δa−δ a a+δa−δ a a+δ xa

f(a)−ε

f(a)+ε

f(a)

a−δ a a+δa−δ a a+δa−δaa+δa−δ a a+δ

f(a)−ε

f(a)

f(a)+ε

Interpretação geométrica do conceito de função contínua num ponto

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§2.3.1 Definição de continuidade Cálculo I – pag. 204

Observações

a) Ao contrário do que acontece na definição de limite, só faz sentidoconsiderar pontos do domínio D quando estamos a investigar acontinuidade de uma função.

b) Se a é um ponto isolado de D, então a função f : D → R é contínuaem a. De facto, dado ε > 0, basta escolher δ > 0 tal que

]a − δ, a + δ[ ∩ D = {a} .

Assim, a condição x ∈ D ∧ |x − a| < δ é equivalente a x = a e, porconseguinte,

|f(x) − f(a)| = 0 < ε.

c) Se a ∈ D é um ponto de acumulação de D, então f : D → R écontínua em a se e só se

limx→a

f(x) = f(a).

Índice Cálculo I – pag. 205

1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos

2 Funções reais de variável real: limites e continuidadeBreves noções de topologia em R

Limites de funções reais de variável realFunções contínuas

Definição de continuidadePropriedades e exemplosContinuidade lateralTeorema de BolzanoTeorema de Weierstrass

Limites infinitos, limites no infinito e assímptotas

3 Cálculo diferencial em R

4 Cálculo integral em R

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§2.3.2 Propriedades e exemplos Cálculo I – pag. 206

Propriedades da continuidade

a) Sejam f, g : D ⊆ R → R duas funções contínuas em a ∈ D. Então

f + g, f − g e fg são contínuas em a

e se g(a) 6= 0 entãof

gé contínua em a.

b) Sejam f : Df ⊆ R → R e g : Dg ⊆ R → R duas funções. Se f écontínua em a ∈ Df e g é contínua em f(a) ∈ Dg, então

g ◦ f é contínua em a.

§2.3.2 Propriedades e exemplos Cálculo I – pag. 207

Exemplos

a) As funções constante são contínuas.

b) A função f : R → R definida por f(x) = x é contínua. Esta funçãodesigna-se por identidade.

c) As funções polinomiais, ou seja, as funções f : R → R definidas por

f(x) = anxn + an−1xn−1 + · · · + a1x + a0,

onde n ∈ N e a0, a1, . . . , an−1, an ∈ R, são funções contínuas.

d) As funções racionais, ou seja, as funções dadas por

f(x) =anxn + an−1xn−1 + · · · + a1x + a0

bmxm + bm−1xm−1 + · · · + b1x + b0,

onde m, n ∈ N, a0, a1, . . . , an−1, b0, b1, . . . , bm−1 ∈ R e an, bm ∈ R \ {0},são funções contínuas.

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§2.3.2 Propriedades e exemplos Cálculo I – pag. 208

Exemplos (continuação)

e) A função f : R → R dada por f(x) = |x| é contínua.

f) As funções definidas por f(x) = n√

x, n ∈ N, são contínuas.

g) As funções exponencial e logarítmica são funções contínuas.

h) As funções trigonométricas são funções contínuas.

i) As inversas das funções trigonométricas são funções contínuas.

j) A função definida por

f(x) = sen(

ex2−x +ln(x − 2)

arc tg(x − 5)

)

é uma função contínua pois é a composição de funções contínuas.

§2.3.2 Propriedades e exemplos Cálculo I – pag. 209

Exemplos (continuação)

k) A função f : R → R definida por

f(x) =

{

1 se x > 00 se x < 0

não é contínua em x = 0 porque não existe limx→0

f(x). Obviamente, a

função é contínua em qualquer x ∈ R \ {0}.

l) Seja f : R → R a função definida por

f(x) =

{ sen x

xse x 6= 0

0 se x = 0

Então f não é contínua em x = 0 porque

limx→0

f(x) = limx→0

sen x

x= 1 6= f(0) = 0.

É claro que a função é contínua em qualquer x ∈ R \ {0}.

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Índice Cálculo I – pag. 210

1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos

2 Funções reais de variável real: limites e continuidadeBreves noções de topologia em R

Limites de funções reais de variável realFunções contínuas

Definição de continuidadePropriedades e exemplosContinuidade lateralTeorema de BolzanoTeorema de Weierstrass

Limites infinitos, limites no infinito e assímptotas

3 Cálculo diferencial em R

4 Cálculo integral em R

§2.3.3 Continuidade lateral Cálculo I – pag. 211

Sejam f : D → R e a ∈ D. Diz-se que a função f é contínua em a àdireita se

a restrição de f a D ∩ [a, +∞[ é contínua em a.

A função diz-se contínua em a à esquerda se

a restrição de f a D ∩ ] − ∞, a] é contínua em a.

Assim, f é contínua à direita em a se e só se

∀ε > 0 ∃δ > 0 ∀x ∈ D (0 6 x − a < δ ⇒ |f(x) − f(a)| < ε) ,

e é contínua à esquerda em a se e só se

∀ε > 0 ∃δ > 0 ∀x ∈ D (−δ < x − a 6 0 ⇒ |f(x) − f(a)| < ε) .

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§2.3.3 Continuidade lateral Cálculo I – pag. 212

Obviamente, se a é um ponto de acumulação de D ∩ ]a, +∞[, então

f é contínua à direita em a ⇔ limx→a+

f(x) = f(a)

e caso a seja um ponto de acumulação de D ∩ ] − ∞, a[ temos

f é contínua à esquerda em a ⇔ limx→a−

f(x) = f(a).

Propriedade

Sejam f : D ⊆ R → R e a ∈ D. Então f é contínua em a se e só se écontínua à esquerda e à direita em a.

Índice Cálculo I – pag. 213

1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos

2 Funções reais de variável real: limites e continuidadeBreves noções de topologia em R

Limites de funções reais de variável realFunções contínuas

Definição de continuidadePropriedades e exemplosContinuidade lateralTeorema de BolzanoTeorema de Weierstrass

Limites infinitos, limites no infinito e assímptotas

3 Cálculo diferencial em R

4 Cálculo integral em R

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§2.3.4 Teorema de Bolzano Cálculo I – pag. 214

Teorema de Bolzano ou dos valores intermédios

Sejam a e b números reais tais que a < b e

f : [a, b] → R

uma função contínua tal que

f(a) 6= f(b).

Então para qualquer valor k entre f(a) e f(b), existe um pontoc ∈ [a, b] tal que

f(c) = k.

§2.3.4 Teorema de Bolzano Cálculo I – pag. 215

x

y

b

b

b

b

a

f(a)

b

f(b)

k b

c

Interpretação geométrica do Teorema de Bolzano

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§2.3.4 Teorema de Bolzano Cálculo I – pag. 216

Corolário do Teorema de Bolzano

Sejam a e b números reais tais que a < b e seja

f : [a, b] → R

uma função contínua tal que

f(a) · f(b) < 0.

Então existec ∈ ]a, b[

tal quef(c) = 0.

§2.3.4 Teorema de Bolzano Cálculo I – pag. 217

x

y

b

b

b

b

a

f(a)

b

f(b)

bc1

bc2

bc3

Interpretação geométrica do Corolário do Teorema de Bolzano

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§2.3.4 Teorema de Bolzano Cálculo I – pag. 218

Exemplo

Provemos que a função f : [0, 1] → R definida por

f(x) = cos(

πx

2

)

− x2

tem (pelo menos) um zero em [0, 1]. Obviamente, esta função écontínua pois é a composição de funções contínuas. Como

f(0)f(1) =(

cos (0) − 02) (

cos(

π

2

)

− 12)

= 1(−1) = −1,

pelo (Corolário do) Teorema de Bolzano, f tem de ter pelo menos umzero no intervalo ]0, 1[.

Índice Cálculo I – pag. 219

1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos

2 Funções reais de variável real: limites e continuidadeBreves noções de topologia em R

Limites de funções reais de variável realFunções contínuas

Definição de continuidadePropriedades e exemplosContinuidade lateralTeorema de BolzanoTeorema de Weierstrass

Limites infinitos, limites no infinito e assímptotas

3 Cálculo diferencial em R

4 Cálculo integral em R

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§2.3.5 Teorema de Weierstrass Cálculo I – pag. 220

Seja f : D ⊆ R → R uma função definida num subconjunto não vazioD.

Dizemos que f tem um máximo (absoluto) no ponto a ∈ D ou quef(a) é um máximo (absoluto) de f se

f(x) 6 f(a) para todo o x ∈ D.

Quandof(x) > f(a) para todo o x ∈ D,

dizemos que f tem um mínimo (absoluto) no ponto a ∈ D ou quef(a) é um mínimo (absoluto) de f .

Os máximos e mínimos (absolutos) de f dizem-se extremosabsolutos de f .

§2.3.5 Teorema de Weierstrass Cálculo I – pag. 221

Teorema de Weierstrass

Sejam D ⊆ R um conjunto não vazio, fechado e limitado e

f : D → R

uma função contínua. Então f tem máximo e mínimo absolutos.

Corolário

Sejam a e b números reais tais que a < b e

f : [a, b] → R

uma função contínua. Então f tem máximo e mínimo absolutos.

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§2.3.5 Teorema de Weierstrass Cálculo I – pag. 222

Exemplo

Seja f : [1, 5] → R a função definida por

f(x) =

x − 1 se x ∈ [1, 3],

e2x−6 −1x − 3

se x ∈ ]3, 5].

Comolim

x→3−

f(x) = limx→3−

x − 1 = 2

e

limx→3+

f(x) = limx→3+

e2x−6 −1x − 3

= limx→3+

e2(x−3) −12(x − 3)

2 = 1 · 2 = 2,

temos limx→3

f(x) = 2 = f(3). Assim, f é contínua no ponto x = 3. Além disso,

em [1, 5] \ {3} a função é contínua pois é a composição de funções contínuas.Pelo Teorema de Weierstrass, f tem máximo e mínimo absolutos em [1, 5].

Índice Cálculo I – pag. 223

1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos

2 Funções reais de variável real: limites e continuidadeBreves noções de topologia em R

Limites de funções reais de variável realFunções contínuasLimites infinitos, limites no infinito e assímptotas

Limites infinitos e limites no infinitoLimites laterais infinitosAssímptotas

3 Cálculo diferencial em R

4 Cálculo integral em R

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Índice Cálculo I – pag. 224

1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos

2 Funções reais de variável real: limites e continuidadeBreves noções de topologia em R

Limites de funções reais de variável realFunções contínuasLimites infinitos, limites no infinito e assímptotas

Limites infinitos e limites no infinitoLimites laterais infinitosAssímptotas

3 Cálculo diferencial em R

4 Cálculo integral em R

§2.4.1 Limites infinitos e limites no infinito Cálculo I – pag. 225

Sejam D um subconjunto de R, f : D → R uma função e a um pontode acumulação de D. Diz-se que

f tende para +∞ quando x tende para a,

e escreve-selimx→a

f(x) = +∞,

se para cada L > 0, existe δ > 0 tal que

f(x) > L para qualquer x ∈ D tal que 0 < |x − a| < δ.

Simbolicamente,

limx→a

f(x) = +∞ ⇔ ∀L > 0 ∃δ > 0 ∀x ∈ D (0 < |x − a| < δ ⇒ f(x) > L) .

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§2.4.1 Limites infinitos e limites no infinito Cálculo I – pag. 226

x

y

a

f(a) bb

x

y

a

f(a)

L

b

x

y

a

f(a)

L

b

x

y

a

f(a)

L

a−δ a+δ

b

x

y

a

f(a)

L

a−δ a+δ

b

x

y

a

f(a)

L

a−δ a+δ

b

x

y

a

f(a)

L

b

x

y

a

f(a)

L

a−δ a+δ

b

x

y

a

f(a)

L

a−δ a+δ

b

x

y

a

f(a)

L

b

x

y

a

f(a)

L

b

x

y

a

f(a)

L

b

x

y

a

f(a)

L

b

x

y

a

f(a)

L

a−δ a+δ

b

Interpretação geométrica de limx→a

f(x) = +∞

§2.4.1 Limites infinitos e limites no infinito Cálculo I – pag. 227

Sejam D um subconjunto de R não majorado, f : D → R uma funçãoe b ∈ R. Dizemos que

f tende para b quando x tende para +∞,

e escreve-selim

x→+∞f(x) = b,

se para cada ε > 0, existe M > 0 tal que

|f(x) − b| < ε para qualquer x ∈ D tal que x > M .

Simbolicamente,

limx→+∞

f(x) = b ⇔ ∀ε > 0 ∃M > 0 ∀x ∈ D (x > M ⇒ |f(x) − b| < ε) .

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§2.4.1 Limites infinitos e limites no infinito Cálculo I – pag. 228

x

y

x

y

b

x

y

b

b − ε

b + ε

x

y

b

b − ε

b + ε

M x

y

b

b − ε

b + ε

M x

y

b

b − ε

b + ε

M x

y

b

b − ε

b + ε

x

y

b

b − ε

b + ε

M x

y

b

b − ε

b + ε

M x

y

b

b − ε

b + ε

M x

y

bb − ε

b + ε

x

y

bb − ε

b + ε

M x

y

b

x

y

b

M x

y

b

b − ε

b + ε

M

Interpretação geométrica de limx→+∞

f(x) = b

§2.4.1 Limites infinitos e limites no infinito Cálculo I – pag. 229

Sejam D um subconjunto de R não majorado e f : D → R umafunção. Diz-se que

f tende para +∞ quando x tende para +∞,

e escreve-selim

x→+∞f(x) = +∞,

se para cada L > 0, existe M > 0 tal que

f(x) > L para qualquer x ∈ D tal que x > M .

Formalmente,

limx→+∞

f(x) = +∞ ⇔ ∀L > 0 ∃M > 0 ∀x ∈ D (x > M ⇒ f(x) > L) .

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§2.4.1 Limites infinitos e limites no infinito Cálculo I – pag. 230

x

y

x

y

L

x

y

L

x

y

L

M x

y

L

M x

y

L

M x

y

L

x

y

L

M x

y

L

M x

y

L

x

y

L

M x

y

L

x

y

L

M x

y

L

M

Interpretação geométrica de limx→+∞

f(x) = +∞

§2.4.1 Limites infinitos e limites no infinito Cálculo I – pag. 231

A partir dos três limites anteriores podemos definir os restantes casos.Assim,

• limx→a

f(x) = −∞ se limx→a

−f(x) = +∞

• limx→−∞

f(x) = b se limx→+∞

f(−x) = b

• limx→+∞

f(x) = −∞ se limx→+∞

−f(x) = +∞

• limx→−∞

f(x) = +∞ se limx→+∞

f(−x) = +∞

• limx→−∞

f(x) = −∞ se limx→+∞

−f(−x) = +∞

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§2.4.1 Limites infinitos e limites no infinito Cálculo I – pag. 232

Nos limites infinitos podemos usar a regra do limite da soma desde quese adoptem as convenções

(+∞) + a = +∞ = a + (+∞)

(−∞) + a = −∞ = a + (−∞)

(+∞) + (+∞) = +∞(−∞) + (−∞) = −∞

onde a é um número real qualquer.

§2.4.1 Limites infinitos e limites no infinito Cálculo I – pag. 233

Adoptando as convenções que se seguem, podemos usar a regra dolimite do produto:

(+∞) × a = +∞ = a × (+∞) onde a ∈ R+

(−∞) × a = −∞ = a × (−∞) onde a ∈ R+

(+∞) × a = −∞ = a × (+∞) onde a ∈ R−

(−∞) × a = +∞ = a × (−∞) onde a ∈ R−

(+∞) × (+∞) = +∞ = (−∞) × (−∞)

(+∞) × (−∞) = −∞ = (−∞) × (+∞)

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§2.4.1 Limites infinitos e limites no infinito Cálculo I – pag. 234

A regra do limite do quociente mantém-se se se adoptarem as seguintesconvenções

a

+∞ =a

−∞ = 0, a ∈ R

a

0+= +∞, a > 0

a

0+= −∞, a < 0

a

0− = −∞, a > 0

a

0− = +∞, a < 0

onde 0+ significa que

f(x) → 0 e f(x) > 0 na intersecção do domínio com um intervalo aberto quecontém o ponto em que estamos a calcular o limite

e 0− significa que

f(x) → 0 e f(x) < 0 na intersecção do domínio com um intervalo aberto quecontém o ponto em que estamos a calcular o limite.

§2.4.1 Limites infinitos e limites no infinito Cálculo I – pag. 235

Não se faz nenhuma convenção para os símbolos

(+∞) + (−∞),

0 × (+∞), 0 × (−∞),

+∞+∞ ,

+∞−∞ ,

−∞+∞ ,

−∞−∞

00

pois são símbolos de indeterminação.

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§2.4.1 Limites infinitos e limites no infinito Cálculo I – pag. 236

Exemplos

a) É óbvio quelim

x→+∞x = +∞

elim

x→−∞x = −∞.

b) Seja f : R \ {0} → R a função definida por f(x) =1x

. Então

limx→+∞

1x

=1

+∞ = 0

elim

x→−∞1x

=1

−∞ = 0.

§2.4.1 Limites infinitos e limites no infinito Cálculo I – pag. 237

Exemplos (continuação)

c) Seja f : R → R definida por

f(x) =

x − 1

2x + 1se x > 0,

−2x2 + 3

3x2 + 8se x < 0.

Então

limx→+∞

f(x) = limx→+∞

x − 1

2x + 1= lim

x→+∞

x(

1 −1

x

)

x(

2 +1

x

) = limx→+∞

1 −1

x

2 +1

x

=1

2

e

limx→−∞

f(x) = limx→−∞

−2x2 + 3

3x2 + 8= lim

x→−∞

x2(

−2 +3

x2

)

x2(

3 +8

x2

) = limx→−∞

−2 +3

x2

3 +8

x2

= −2

3.

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§2.4.1 Limites infinitos e limites no infinito Cálculo I – pag. 238

Vejamos

limx→+∞

(

1 +1x

)x

= e .

Comecemos por observar que

limx→+∞

ln[(

1 +1x

)x]

= limx→+∞

x ln(

1 +1x

)

= limx→+∞

ln(

1 + 1x

)

1/x

e que fazendo a mudança de variável y = 1/x temos

limx→+∞

ln[(

1 +1x

)x]

= limy→0

ln (1 + y)y

= 1.

Assim,

limx→+∞

(

1 +1x

)x

= limx→+∞

eln[(1+ 1x )x] = e

limx→+∞

ln[(1+ 1x)x]

= e1 = e .

§2.4.1 Limites infinitos e limites no infinito Cálculo I – pag. 239

Outros limites importantes são os seguintes

limx→+∞

ax =

+∞ se a > 1

0 se 0 < a < 1

e

limx→−∞

ax =

0 se a > 1

+ ∞ se 0 < a < 1.

Destes limites resulta que

limx→+∞

ln x = +∞ e limx→0

ln x = −∞ .

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§2.4.1 Limites infinitos e limites no infinito Cálculo I – pag. 240

Exemplo

Consideremos uma função polinomial

p(x) = anxn + an−1xn−1 + · · · + a1x + a0,

an 6= 0, de grau ímpar, ou seja, n é um número natural ímpar. Como

limx→+∞

p(x) = limx→+∞

xn(

an +an−1

x+ · · · +

a1

xn−1+

a0

xn

)

= +∞ · an =

{+∞ se an > 0,

−∞ se an < 0,

e

limx→−∞

p(x) = limx→−∞

xn(

an +an−1

x+ · · · +

a1

xn−1+

a0

xn

)

= −∞ · an =

{−∞ se an > 0,

+∞ se an < 0,

existem números reais a e b tais que p(a) < 0 e p(b) > 0. Acontinuidade de p implica, pelo Teorema de Bolzano, que p tem de terum zero entre a e b. Assim, todos os polinómios de grau ímpar têmpelo menos um zero (real)!

Índice Cálculo I – pag. 241

1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos

2 Funções reais de variável real: limites e continuidadeBreves noções de topologia em R

Limites de funções reais de variável realFunções contínuasLimites infinitos, limites no infinito e assímptotas

Limites infinitos e limites no infinitoLimites laterais infinitosAssímptotas

3 Cálculo diferencial em R

4 Cálculo integral em R

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§2.4.2 Limites laterais infinitos Cálculo I – pag. 242

Também existem limites laterais para limites infinitos:

limx→a−

f(x) = +∞

⇔ ∀L > 0 ∃δ > 0 ∀x ∈ D (−δ < x − a < 0 ⇒ f(x) > L)

caso a seja um ponto da acumulação de D−a e

limx→a+

f(x) = +∞

⇔ ∀L > 0 ∃δ > 0 ∀x ∈ D (0 < x − a < δ ⇒ f(x) > L)

quando a é um ponto de acumulação de D+a .

§2.4.2 Limites laterais infinitos Cálculo I – pag. 243

Usando os limites anteriores podemos definir os seguintes limites:

• limx→a−

f(x) = −∞ se limx→a−

−f(x) = +∞;

• limx→a+

f(x) = −∞ se limx→a+

−f(x) = +∞.

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§2.4.2 Limites laterais infinitos Cálculo I – pag. 244

Propriedade dos limites laterais

Sejamf : D ⊆ R → R

e a um ponto de acumulação de D+a e D−

a . Então

limx→a

f(x) = b,

onde b ∈ R ou b = +∞ ou b = −∞, se e só se existem e são iguais a bos limites laterais no ponto x = a, ou seja,

limx→a−

f(x) = limx→a+

f(x) = b.

§2.4.2 Limites laterais infinitos Cálculo I – pag. 245

Exemplos

a) É evidente que

limx→0+

1x

=1

0+ = +∞e que

limx→0−

1x

=1

0− = −∞.

b) Também se tem

limx→0+

1x2 =

1(0+)2 =

10+ = +∞

elim

x→0−

1x2 =

1(0−)2 =

10+ = +∞.

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§2.4.2 Limites laterais infinitos Cálculo I – pag. 246

Vejamos que

limx→ π

2−

tg x = +∞ e limx→ π

2+

tg x = −∞ .

De facto,

limx→ π

2−

tg x = limx→ π

2−

sen x

cos x=

10+ = +∞

elim

x→ π2

+tg x = lim

x→ π2

+

sen x

cos x=

10− = −∞.

De forma análoga temos

limx→− π

2+

tg x = −∞ e limx→− π

2−

tg x = +∞ .

§2.4.2 Limites laterais infinitos Cálculo I – pag. 247

Delim

x→ π2

−tg x = +∞ e lim

x→− π2

+tg x = −∞

conclui-se imediatamente que

limx→+∞

arc tg x =π

2

e

limx→−∞

arc tg x = −π

2.

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Índice Cálculo I – pag. 248

1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos

2 Funções reais de variável real: limites e continuidadeBreves noções de topologia em R

Limites de funções reais de variável realFunções contínuasLimites infinitos, limites no infinito e assímptotas

Limites infinitos e limites no infinitoLimites laterais infinitosAssímptotas

3 Cálculo diferencial em R

4 Cálculo integral em R

§2.4.3 Assímptotas Cálculo I – pag. 249

y = f(x)

y = mx + bd

d = f(x) − (mx + b)

limx→+∞

[f(x) − (mx + b)] = 0

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§2.4.3 Assímptotas Cálculo I – pag. 250

Sejam D ⊆ R um subconjunto não majorado e f : D → R uma função.A recta de equação

y = mx + b

diz-se uma assímptota não vertical à direita do gráfico de f se

limx→+∞

[f(x) − (mx + b)] = 0.

Se D ⊆ R é um subconjunto não minorado e f : D → R é uma função,diz-se que a recta de equação

y = mx + b

é uma assímptota não vertical à esquerda do gráfico de f se

limx→−∞

[f(x) − (mx + b)] = 0.

§2.4.3 Assímptotas Cálculo I – pag. 251

Assímptotas não verticais à direita

Sejam D um subconjunto de R não majorado e

f : D → R

uma função. Para que o gráfico de f tenha uma assímptota não verticalà direita é necessário e suficiente que existam e sejam finitos os limites

a) limx→+∞

f(x)x

(que designaremos por m),

b) limx→+∞

[f(x) − mx].

Verificadas estas condições, e designando por b o segundo limite, aassímptota à direita do gráfico de f tem a equação

y = mx + b.

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§2.4.3 Assímptotas Cálculo I – pag. 252

Assímptotas não verticais à esquerda

Sejam D um subconjunto de R não minorado e

f : D → R

uma função. Para que o gráfico de f tenha uma assímptota nãovertical à esquerda é necessário e suficiente que existam e sejam finitosos limites

a) limx→−∞

f(x)x

(que designaremos por m),

b) limx→−∞

[f(x) − mx].

Verificadas estas condições, e designando por b o segundo limite, aassímptota à esquerda do gráfico de f tem a equação

y = mx + b.

§2.4.3 Assímptotas Cálculo I – pag. 253

Assim, para calcularmos uma assímptota não vertical à direita temosde calcular os seguintes limites

m = limx→+∞

f(x)x

e b = limx→+∞

[f(x) − mx]

e se estes limites existirem e forem finitos, a assímptota é a recta deequação

y = mx + b.

Para as assímptotas não verticais à esquerda temos de calcular oslimites

m = limx→−∞

f(x)x

e b = limx→−∞

[f(x) − mx]

e caso existam e sejam finitos ambos os limites, a assímptota é a rectade equação

y = mx + b.

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§2.4.3 Assímptotas Cálculo I – pag. 254

Diz-se que a recta de equação x = a é uma assímptota vertical dográfico de f se pelo menos umas das seguintes condições se verificar:

limx→a+

f(x) = +∞, limx→a+

f(x) = −∞,

limx→a−

f(x) = +∞ ou limx→a−

f(x) = −∞.

§2.4.3 Assímptotas Cálculo I – pag. 255

y = f(x)

a

A recta de equação x = a é uma assímptota vertical do gráfico de f

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§2.4.3 Assímptotas Cálculo I – pag. 256

Exemplos

a) Consideremos a função definida por

f(x) =x2 + x + 1

x.

Como o domínio de f é o conjunto R \ {0} e f é uma funçãocontínua, pois é uma função racional, a única possibilidade aassímptota vertical do gráfico de f é a recta de equação x = 0. Defacto, como

limx→0+

f(x) =1

0+ = +∞ e limx→0−

f(x) =1

0− = −∞,

a recta de equação x = 0 é uma assímptota vertical do gráfico de f .

§2.4.3 Assímptotas Cálculo I – pag. 257

Exemplos (continuação)

a) (continuação) Como

limx→+∞

f(x)x

= limx→+∞

x2 + x + 1x2

= limx→+∞

(x2

x2+

x

x2+

1x2

)

= limx→+∞

(

1 +1x

+1x2

)

= 1 +1

+∞ +1

(+∞)2= 1 + 0 + 0 = 1

e

limx→+∞

[f(x) − x] = limx→+∞

(x2 + x + 1

x− x

)

= limx→+∞

x2 + x + 1 − x2

x

= limx→+∞

x + 1x

= limx→+∞

(x

x+

1x

)

= limx→+∞

(

1 +1x

)

= 1 +1

+∞ = 1 + 0 = 1,

concluímos que a recta de equação y = x + 1 é uma assímptota nãovertical à direita do gráfico de f .

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§2.4.3 Assímptotas Cálculo I – pag. 258

Exemplos (continuação)

a) (continuação) Por outro lado, atendendo a que

limx→−∞

f(x)x

= limx→−∞

x2 + x + 1x2

= limx→−∞

(x2

x2+

x

x2+

1x2

)

= limx→−∞

(

1 +1x

+1x2

)

= 1 +1

−∞ +1

(−∞)2= 1 + 0 + 0 = 1

e

limx→−∞

[f(x) − x] = limx→−∞

(x2 + x + 1

x− x

)

= limx→−∞

x2 + x + 1 − x2

x

= limx→−∞

x + 1x

= limx→−∞

(x

x+

1x

)

= limx→−∞

(

1 +1x

)

= 1 +1

−∞ = 1 + 0 = 1,

também se verifica que a recta de equação y = x + 1 é uma assímptotanão vertical à esquerda do gráfico de f .

§2.4.3 Assímptotas Cálculo I – pag. 259

Exemplos (continuação)

a) (continuação) Assim, as assímptotas da função dada por

f(x) =x2 + x + 1

x

são as rectas de equaçãoy = x + 1

ex = 0.

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§2.4.3 Assímptotas Cálculo I – pag. 260

Exemplos (continuação)

a) (continuação) Vejamos o gráfico da função f .

x

y

y =x2 + x + 1

x

y = x + 1

§2.4.3 Assímptotas Cálculo I – pag. 261

Exemplos (continuação)

b) Calculemos as assímptotas da função dada por

f(x) =ln x

x.

O domínio desta função é o intervalo ]0, +∞[ e f é uma funçãocontínua, pois é o quociente de duas funções contínuas. Assim, aúnica possibilidade de assímptota vertical é a recta de equaçãox = 0. Obviamente, atendendo a que o domínio de f é ]0, +∞[,apenas devemos fazer x → 0+. Assim,

limx→0+

f(x) = limx→0+

ln x

x=

−∞0+ = −∞,

pelo que x = 0 é assímptota vertical do gráfico de f .

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§2.4.3 Assímptotas Cálculo I – pag. 262

Exemplos (continuação)

b) (continuação) Também só faz sentido calcular a assímptota nãovertical à direita pois o domínio de f é o intervalo ]0, +∞[. Como

limx→+∞

f(x)x

= limx→+∞

ln x

x2 = 0

e

limx→+∞

f(x) = limx→+∞

ln x

x= 0,

a recta de equação y = 0 é uma assímptota não vertical(horizontal) à direita do gráfico de f .

§2.4.3 Assímptotas Cálculo I – pag. 263

Exemplos (continuação)

b) (continuação) Vejamos o gráfico da função.

x

y

y =ln x

x

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§2.4.3 Assímptotas Cálculo I – pag. 264

Exemplos (continuação)

c) Seja f a função dada por

f(x) =sen x

x.

Como o domínio desta função é R \ {0}, f é uma função contínua(é o quociente de duas funções contínuas) e

limx→0

f(x) = limx→0

sen x

x= 1,

a função não tem assímptotas verticais.

§2.4.3 Assímptotas Cálculo I – pag. 265

Exemplos (continuação)

c) (continuação) Calculemos as assímptotas não verticais. Como

limx→+∞

f(x)x

= limx→+∞

sen x

x2 = limx→+∞

1x2 · sen x = 0

elim

x→+∞f(x) = lim

x→+∞sen x

x= lim

x→+∞1x

· sen x = 0,

a recta de equação y = 0 é assímptota à direita do gráfico de f . Éevidente que também é assímptota à esquerda do gráfico de f pois

limx→−∞

f(x)x

= limx→−∞

sen x

x2 = limx→−∞

1x2 · sen x = 0

elim

x→−∞f(x) = lim

x→−∞sen x

x= lim

x→−∞1x

· sen x = 0.

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§2.4.3 Assímptotas Cálculo I – pag. 266

Exemplos (continuação)

c) (continuação) Vejamos o gráfico de f .

x

y

y =sen x

x

Índice Cálculo I – pag. 267

1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos

2 Funções reais de variável real: limites e continuidade

3 Cálculo diferencial em R

Derivadas, regras de derivação e exemplosTeoremas fundamentais do cálculo diferencialAplicações do cálculo diferencial

4 Cálculo integral em R

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Índice Cálculo I – pag. 268

1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos

2 Funções reais de variável real: limites e continuidade

3 Cálculo diferencial em R

Derivadas, regras de derivação e exemplosDefinição, interpretação geométrica e primeiros exemplos de derivadaDerivadas lateraisRegras de derivaçãoDerivada da função compostaDerivada da função inversaTabela de derivadasDerivadas de ordem superior à primeira

Teoremas fundamentais do cálculo diferencialAplicações do cálculo diferencial

4 Cálculo integral em R

Índice Cálculo I – pag. 269

1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos

2 Funções reais de variável real: limites e continuidade

3 Cálculo diferencial em R

Derivadas, regras de derivação e exemplosDefinição, interpretação geométrica e primeiros exemplos de derivadaDerivadas lateraisRegras de derivaçãoDerivada da função compostaDerivada da função inversaTabela de derivadasDerivadas de ordem superior à primeira

Teoremas fundamentais do cálculo diferencialAplicações do cálculo diferencial

4 Cálculo integral em R

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§3.1.1 Definição, interpretação geométrica e primeiros exemplos de derivada Cálculo I – pag. 270

Sejam D um subconjunto não vazio de R, f : D → R e a ∈ D umponto de acumulação de D. Diz-se que f é derivável oudiferenciável em a se existe (e é finito) o limite:

limx→a

f(x) − f(a)x − a

.

Tal limite (quando existe) diz-se a derivada de f no ponto a e

representa-se por f ′(a), Df(a) ou ainda pordf

dx(a). Fazendo a

mudança de variável x = a + h, temos

f ′(a) = limh→0

f(a + h) − f(a)h

.

Aqui têm apenas de se considerar os valores de h tais que a + h ∈ D.

§3.1.1 Definição, interpretação geométrica e primeiros exemplos de derivada Cálculo I – pag. 271

Diz-se que a função f : D → R é derivável ou diferenciável em D sefor derivável em todo o ponto de D e à nova função

f ′ : D → R,

que a cada ponto x ∈ D faz corresponder f ′(x), chama-se derivada de

f e representa-se também por Df oudf

dx.

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§3.1.1 Definição, interpretação geométrica e primeiros exemplos de derivada Cálculo I – pag. 272

O quocientef(a + h) − f(a)

h

representa o declive da recta que passa pelos pontos

(a, f(a)) e (a + h, f(a + h)) .

Fazendo h tender para zero, a recta que passa nos pontos

(a, f(a)) e (a + h, f(a + h)) ,

vai tender para a recta tangente ao gráfico de f e que passa no ponto(a, f(a)). Assim, geometricamente, a derivada de uma função numponto do domínio é o declive da recta tangente ao gráfico da função noponto considerado. Portanto, a recta tangente ao gráfico de umafunção f no ponto (a, f(a)) é a recta de equação

y = f(a) + f ′(a)(x − a).

§3.1.1 Definição, interpretação geométrica e primeiros exemplos de derivada Cálculo I – pag. 273

b

a

f(a)

b

a + h

f(a + h)

b

b

a

f(a)

b

b

bb

a + h

f(a + h)

b

b

a

f(a) b

bb

b

a + h

f(a + h)

b

b

a

f(a) b

bb

b

b

a + h

f(a + h)

b

b

b

y = f(a) + f ′(a)(x − a)

α

f ′(a) = tg α

Interpretação geométrica do conceito de derivada

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§3.1.1 Definição, interpretação geométrica e primeiros exemplos de derivada Cálculo I – pag. 274

Exemplos – função constante

Seja f : R → R a função definida por

f(x) = c,

onde c é um número real. Então

f ′(x) = limh→0

f(x + h) − f(x)h

= limh→0

c − c

h= lim

h→0

0h

= limh→0

0 = 0

para cada x ∈ R. Assim, f ′ é a função identicamente nula.

§3.1.1 Definição, interpretação geométrica e primeiros exemplos de derivada Cálculo I – pag. 275

Exemplos – função identidade

Consideremos a função f : R → R definida por

f(x) = x.

Então, para cada x ∈ R, temos

f ′(x) = limh→0

f(x + h) − f(x)h

= limh→0

x + h − x

h= lim

h→0

h

h= lim

h→01 = 1

e, portanto, f ′ : R → R é dada por

f ′(x) = 1.

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§3.1.1 Definição, interpretação geométrica e primeiros exemplos de derivada Cálculo I – pag. 276

Exemplos – função exponencial

Seja f : R → R a função dada por

f(x) = ex .

Então

f ′(x) = limh→0

f(x + h) − f(x)h

= limh→0

ex+h − ex

h

= limh→0

ex eh −1h

= ex .

§3.1.1 Definição, interpretação geométrica e primeiros exemplos de derivada Cálculo I – pag. 277

Exemplos – função logaritmo natural

Seja f : ]0, +∞[ → R a função dada por f(x) = ln x. Então

f ′(x) = limh→0

f(x + h) − f(x)h

= limh→0

ln(x + h) − ln x

h

= limh→0

lnx + h

xh

= limh→0

ln(

1 +h

x

)

h/x

1x

=1x

.

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§3.1.1 Definição, interpretação geométrica e primeiros exemplos de derivada Cálculo I – pag. 278

Exemplos – função seno

A função f : R → R definida por f(x) = sen x é derivável paraqualquer x ∈ R. De facto,

f ′(x) = limh→0

f(x + h) − f(x)h

= limh→0

sen (x + h) − sen x

h

= limh→0

2 senx + h − x

2cos

x + h + x

2h

= limh→0

sen h/2h/2

cos2x + h

2= cos x,

o que mostra que (sen x)′ = cos x.

§3.1.1 Definição, interpretação geométrica e primeiros exemplos de derivada Cálculo I – pag. 279

Exemplos – função cosseno

Consideremos a função f : R → R dada por f(x) = cos x. Atendendo aque

f ′(x) = limh→0

f(x + h) − f(x)h

= limh→0

cos (x + h) − cos x

h

= limh→0

−2 senx + h + x

2sen

x + h − x

2h

= limh→0

− sen2x + h

2sen h/2

h/2= − sen x,

temos que (cos x)′ = − sen x.

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Índice Cálculo I – pag. 280

1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos

2 Funções reais de variável real: limites e continuidade

3 Cálculo diferencial em R

Derivadas, regras de derivação e exemplosDefinição, interpretação geométrica e primeiros exemplos de derivadaDerivadas lateraisRegras de derivaçãoDerivada da função compostaDerivada da função inversaTabela de derivadasDerivadas de ordem superior à primeira

Teoremas fundamentais do cálculo diferencialAplicações do cálculo diferencial

4 Cálculo integral em R

§3.1.2 Derivadas laterais Cálculo I – pag. 281

Sejam f : D → R e a ∈ D tal que a é ponto de acumulação de

D−a = {x ∈ D : x < a} = D ∩ ] − ∞, a[.

Diz-se que f é derivável (ou diferenciável) à esquerda em a seexiste e é finito o limite

limx→a−

f(x) − f(a)x − a

= limh→0−

f(a + h) − f(a)h

= f ′e(a).

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§3.1.2 Derivadas laterais Cálculo I – pag. 282

Se f : D → R e a ∈ D é um ponto de acumulação de

D+a = {x ∈ D : x > a} = D ∩ ]a, +∞[,

então diz-se que f é derivável (ou diferenciável) à direita em a seexiste e é finito o limite

limx→a+

f(x) − f(a)x − a

= limh→0+

f(a + h) − f(a)h

= f ′d(a).

Tendo em conta as propriedades dos limites, resulta imediatamente,para pontos a ∈ D que são pontos de acumulação de D−

a e de D+a , que

f é derivável em a se e só se f é derivável à esquerda e à direita em a e

f ′e(a) = f ′

d(a).

§3.1.2 Derivadas laterais Cálculo I – pag. 283

Exemplos

Seja f : R → R a função definida por

f(x) = |x| .

Então

f ′e(0) = lim

x→0−

f(x) − f(0)x − 0

= limx→0−

|x|x

= limx→0−

−x

x= lim

x→0−−1 = −1

e

f ′d(0) = lim

x→0+

f(x) − f(0)x − 0

= limx→0+

|x|x

= limx→0+

x

x= lim

x→0+1 = 1,

o que mostra que f não é derivável no ponto 0.

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§3.1.2 Derivadas laterais Cálculo I – pag. 284

Exemplos

Consideremos a função f : R → R definida por

f(x) =

x sen1x

se x 6= 0,

0 se x = 0.

Esta função não é diferenciável à direita, nem à esquerda do ponto 0,pois não existe

limx→0+

f(x) − f(0)x − 0

= limx→0+

x sen (1/x)x

= limx→0+

sen1x

,

nem

limx→0−

f(x) − f(0)x − 0

= limx→0−

x sen (1/x)x

= limx→0−

sen1x

.

§3.1.2 Derivadas laterais Cálculo I – pag. 285

Propriedades

Se f : D → R é uma função derivável em a ∈ D, então f é contínuanesse ponto.

Observação

O recíproco desta propriedade é falso. A função

f : R → R

dada porf(x) = |x|

é contínua no ponto 0, mas não é derivável nesse ponto.

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Índice Cálculo I – pag. 286

1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos

2 Funções reais de variável real: limites e continuidade

3 Cálculo diferencial em R

Derivadas, regras de derivação e exemplosDefinição, interpretação geométrica e primeiros exemplos de derivadaDerivadas lateraisRegras de derivaçãoDerivada da função compostaDerivada da função inversaTabela de derivadasDerivadas de ordem superior à primeira

Teoremas fundamentais do cálculo diferencialAplicações do cálculo diferencial

4 Cálculo integral em R

§3.1.3 Regras de derivação Cálculo I – pag. 287

Regras de derivação

Sejam f, g : D → R funções deriváveis em a ∈ D e k ∈ R. Então

i) f + g é derivável em a e

(f + g)′ (a) = f ′(a) + g′(a);

ii) kf é derivável em a e

(kf)′ (a) = kf ′(a);

iii) f · g é derivável em a e

(f · g)′ (a) = f ′(a) g(a) + g′(a) f(a);

iv) se g(a) 6= 0,f

gé derivável em a e(

f

g

)′(a) =

f ′(a) g(a) − g′(a) f(a)g2(a)

.

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§3.1.3 Regras de derivação Cálculo I – pag. 288

Demonstração das regras de derivação

i) Basta observar que

(f + g)′ (a) = limx→a

(f + g)(x) − (f + g)(a)x − a

= limx→a

f(x) + g(x) − f(a) − g(a)x − a

= limx→a

[f(x) − f(a)

x − a+

g(x) − g(a)x − a

]

= f ′(a) + g′(a).

ii) Basta ter em conta que

(kf)′ (a) = limx→a

(kf)(x) − (kf)(a)x − a

= limx→a

kf(x) − f(a)

x − a

= k f ′(a).

§3.1.3 Regras de derivação Cálculo I – pag. 289

Demonstração das regras de derivação (continuação)

iii) Basta atender a que

(f · g)′ (a) = limx→a

(fg)(x) − (fg)(a)x − a

= limx→a

f(x)g(x) − f(a)g(a)x − a

= limx→a

f(x)g(x) − f(a)g(x) + f(a)g(x) − f(a)g(a)x − a

= limx→a

[f(x) − f(a)

x − ag(x) + f(a)

g(x) − g(a)x − a

]

= f ′(a)g(a) + f(a)g′(a).

Na última igualdade foi usado o facto de g ser contínua em a.

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§3.1.3 Regras de derivação Cálculo I – pag. 290

Demonstração das regras de derivação (continuação).

iv) Do mesmo modo temos

(f

g

)′

(a) = limx→a

(f

g

)

(x) −

(f

g

)

(a)

x − a= lim

x→a

f(x)

g(x)−

f(a)

g(a)

x − a

= limx→a

f(x)g(a) − f(a)g(x)

g(x)g(a)

x − a

= limx→a

[1

g(x)g(a)

f(x)g(a) − f(a)g(x)

x − a

]

= limx→a

[1

g(x)g(a)

f(x)g(a) − f(a)g(a) + f(a)g(a) − f(a)g(x)

x − a

]

= limx→a

[1

g(x)g(a)

(f(x) − f(a)

x − ag(a) − f(a)

g(x) − g(a)

x − a

)]

=f ′(a) g(a) − g′(a) f(a)

g2(a).

Na última igualdade usou-se o facto de g ser contínua em a.

§3.1.3 Regras de derivação Cálculo I – pag. 291

Exemplos – funções polinomiais

A função f : R → R definida por

f(x) = xn

derivável em todos os pontos de R e

f ′(x) = nxn−1.

Usando esta última igualdade, tem-se que a derivada da funçãodefinida por

p(x) = anxn + an−1xn−1 + · · · + a2x2 + a1x + a0

é dada por

p′(x) = nanxn−1 + (n − 1) an−1xn−2 + · · · + 2a2x + a1.

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§3.1.3 Regras de derivação Cálculo I – pag. 292

Exemplos – tangente

A derivada da tangente pode ser calculada da seguinte forma:

(tg x)′ =(

sen x

cos x

)′

=(sen x)′ cos x − (cos x)′ sen x

cos2 x

=cos x · cos x − (− sen x) sen x

cos2 x

=cos2 x + sen2 x

cos2 x

=1

cos2 x= sec2 x.

§3.1.3 Regras de derivação Cálculo I – pag. 293

Exemplos – cotangente

Do mesmo modo temos

(cotg x)′ =(

cos x

sen x

)′

=(cos x)′ sen x − (sen x)′ cos x

sen2 x

=− sen x · sen x − (cos x) cos x

sen2 x

= −sen2 x + cos2 x

sen2 x

= − 1sen2 x

= − cosec2 x.

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§3.1.3 Regras de derivação Cálculo I – pag. 294

Exemplos – seno e cosseno hiperbólicos

Atendendo a que

(e−x)′ =

(1ex

)′=

1′ ex −(ex)′ 1

(ex)2 =− ex

(ex)2 = − 1ex

= − e−x,

tem-se

(senh x)′ =

(

ex − e−x

2

)′=

(ex)′ − (e−x)′

2=

ex + e−x

2= cosh x

e

(cosh x)′ =

(

ex + e−x

2

)′=

(ex)′ + (e−x)′

2=

ex − e−x

2= senh x.

Índice Cálculo I – pag. 295

1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos

2 Funções reais de variável real: limites e continuidade

3 Cálculo diferencial em R

Derivadas, regras de derivação e exemplosDefinição, interpretação geométrica e primeiros exemplos de derivadaDerivadas lateraisRegras de derivaçãoDerivada da função compostaDerivada da função inversaTabela de derivadasDerivadas de ordem superior à primeira

Teoremas fundamentais do cálculo diferencialAplicações do cálculo diferencial

4 Cálculo integral em R

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§3.1.4 Derivada da função composta Cálculo I – pag. 296

Derivada da função composta

Sejam Df e Dg dois subconjuntos não vazios de R e

f : Df → R e g : Dg → R

funções tais quef(Df ) ⊆ Dg.

Suponhamos que a ∈ Df é um ponto de acumulação de Df e b = f(a)é um ponto de acumulação de Dg. Se f é derivável em a e g é derivávelem b, então g ◦ f é derivável em a e

(g ◦ f)′ (a) = g′(f(a)) f ′(a) = g′(b) f ′(a).

§3.1.4 Derivada da função composta Cálculo I – pag. 297

Exemplos

Seja f : R → R a função definida por f(x) =(2x2 + 5

)100. Então, usando a

derivada da função composta, temos

f ′(x) = 100(2x2 + 5

)99 (2x2 + 5

)′

= 100(2x2 + 5

)994x

= 400x(2x2 + 5

)99.

Consideremos a função g : R → R dada por g(x) = sen (ex +1). A suaderivada é dada por

g′(x) = cos (ex +1) (ex +1)′ = cos (ex +1) ex = ex cos (ex +1) .

A função h : R → R definida por h(x) = e3 cos(x2) tem derivada em todos ospontos de R e

h′(x) = e3 cos(x2) (3 cos(x2))′

= e3 cos(x2) (−3 sen(x2)) (

x2)′

= e3 cos(x2) (−3 sen(x2))

2x = −6x sen x2 e3 cos(x2) .

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§3.1.4 Derivada da função composta Cálculo I – pag. 298

Exemplos – função exponencial e função logarítmica

Para a função exponencial temos

(ax)′ =(

eln(ax))′

=(

ex ln a)′

= ex ln a ln a = ax ln a.

Para a função logarítmica usando a igualdade

loge x = loga x loge a

temos

loga x =loge x

loge a=

ln x

ln a,

o que implica

(loga x)′ =(

ln x

ln a

)′=

(ln x)′

ln a=

1/x

ln a=

1x ln a

.

§3.1.4 Derivada da função composta Cálculo I – pag. 299

Exemplos

Se f é uma função real de variável real diferenciável, então[

ef(x)]′

= f ′(x) ef(x),

[sen (f(x))]′ = f ′(x) cos (f(x))

e[cos (f(x))]′ = −f ′(x) sen (f(x)) .

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Índice Cálculo I – pag. 300

1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos

2 Funções reais de variável real: limites e continuidade

3 Cálculo diferencial em R

Derivadas, regras de derivação e exemplosDefinição, interpretação geométrica e primeiros exemplos de derivadaDerivadas lateraisRegras de derivaçãoDerivada da função compostaDerivada da função inversaTabela de derivadasDerivadas de ordem superior à primeira

Teoremas fundamentais do cálculo diferencialAplicações do cálculo diferencial

4 Cálculo integral em R

§3.1.5 Derivada da função inversa Cálculo I – pag. 301

Derivada da função inversa

Sejam f uma função diferenciável e injectiva definida num intervaloI ⊆ R e a ∈ I. Se

f ′(a) 6= 0,

então f−1 é diferenciável em b = f(a) e

(

f−1)′

(b) =1

f ′(f−1(b))=

1f ′(a)

.

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§3.1.5 Derivada da função inversa Cálculo I – pag. 302

Exemplos – raízes

A função g : ]0, +∞[ → ]0, +∞[ definida por

g(x) = n√

x

é a função inversa da função f : ]0, +∞[ → ]0, +∞[ definida por

f(y) = yn.

Como f ′(y) = nyn−1 6= 0 para qualquer y ∈ ]0, +∞[ temos, fazendoy = g(x),

g′(x) =(

f−1)′

(x) =1

f ′(y)=

1nyn−1 =

1

nn√

xn−1.

§3.1.5 Derivada da função inversa Cálculo I – pag. 303

Exemplos – logaritmo natural

Do mesmo modo, a função g : ]0, +∞[ → R definida por

g(x) = ln x

é a inversa da função f : R → ]0, +∞[ definida por

f(y) = ey .

Como f ′(y) = ey 6= 0 para qualquer y ∈ R e y = ln x temos

g′(x) =(

f−1)′

(x) =1

f ′(y)=

1ey

=1x

.

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§3.1.5 Derivada da função inversa Cálculo I – pag. 304

Exemplos – arco seno

Consideremos a função g : [−1, 1] → [−π/2, π/2] definida por

g(x) = arc sen x.

A função g é a função inversa da função f : [−π/2, π/2] → [−1, 1] dada por

f(y) = sen y.

Além disso, f ′(y) = cos y 6= 0 para y ∈ ]−π/2, π/2[. Assim, escrevendoy = arc sen x, ou seja, x = sen y, temos

g′(x) =(f−1

)′(x) =

1f ′(y)

=1

cos y.

Tendo em conta que sen2 y + cos2 y = 1 e que y ∈ ]−π/2, π/2[, obtemoscos y =

√1 − x2 e, por conseguinte, para x ∈ ]−π/2, π/2[ temos

(arc sen x)′ =1√

1 − x2.

Nos pontos x = −1 e x = 1 a função não tem derivada lateral à direita, nemderivada lateral à esquerda, respectivamente.

§3.1.5 Derivada da função inversa Cálculo I – pag. 305

Exemplos – arco cosseno

A função g : [−1, 1] → [0, π] definida por

g(x) = arccos x

é a inversa da função f : [0, π] → [−1, 1] definida por

f(y) = cos y.

Atendendo a que f ′(y) = − sen y 6= 0 para cada y ∈]0, π[ vem

(arccos x)′ =1

f ′(y)=

1− sen y

e, como sen2 y + cos2 y = 1 e y ∈ ]0, π[, temos sen y =√

1 − cos2 y o queimplica

(arccos x)′ = − 1√

1 − cos2 y= − 1√

1 − x2.

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§3.1.5 Derivada da função inversa Cálculo I – pag. 306

Exemplos – arco tangente

A função g : R → ]−π/2, π/2[ definida por

g(x) = arc tg x

é a inversa da função f : ]−π/2, π/2[ → R definida por

f(y) = tg y.

Como f ′(y) =1

cos2 y6= 0 para y ∈ ]−π/2, π/2[ temos

(arc tg x)′ =11

cos2 y

=1

1 + tg2 y=

11 + x2 .

§3.1.5 Derivada da função inversa Cálculo I – pag. 307

Exemplos – arco cotangente

Do mesmo modo tem-se

(arccotg x)′ = − 11 + x2 .

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Índice Cálculo I – pag. 308

1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos

2 Funções reais de variável real: limites e continuidade

3 Cálculo diferencial em R

Derivadas, regras de derivação e exemplosDefinição, interpretação geométrica e primeiros exemplos de derivadaDerivadas lateraisRegras de derivaçãoDerivada da função compostaDerivada da função inversaTabela de derivadasDerivadas de ordem superior à primeira

Teoremas fundamentais do cálculo diferencialAplicações do cálculo diferencial

4 Cálculo integral em R

§3.1.6 Tabela de derivadas Cálculo I – pag. 309

Tabela de derivadas

[αu(x)]′ = α u′(x), α ∈ R [u(x) + v(x)]′ = u′(x) + v′(x)

[u(x) v(x)]′ = u′(x) v(x) + u(x) v′(x)[

u(x)v(x)

]′

=u′(x) v(x) − u(x) v′(x)

[v(x)]2

[(u(x))α]′ = α u′(x) [u(x)]α−1, α ∈ R[√

u(x)]′

=u′(x)

2√

u(x)

[eu(x)

]′= u′(x) eu(x) [ln (u(x))]′ =

u′(x)u(x)

[au(x)

]′= u′(x)au(x) ln a [loga (u(x))]′ =

u′(x)u(x) ln a

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§3.1.6 Tabela de derivadas Cálculo I – pag. 310

Tabela de derivadas (continuação)

[sen (u(x))]′ = u′(x) cos [u(x)] [cos (u(x))]′ = −u′(x) sen [u(x)]

[tg (u(x))]′ =u′(x)

cos2 [u(x)][cotg (u(x))]′ = − u′(x)

sen2 [u(x)]

[arc sen (u(x))]′ =u′(x)

1 − [u(x)]2[arc cos (u(x))]′ = − u′(x)

1 − [u(x)]2

[arc tg (u(x))]′ =u′(x)

1 + [u(x)]2[arc cotg (u(x))]′ = − u′(x)

1 + [u(x)]2

[senh (u(x))]′ = u′(x) cosh [u(x)] [cosh (u(x))]′ = u′(x) senh [u(x)]

Índice Cálculo I – pag. 311

1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos

2 Funções reais de variável real: limites e continuidade

3 Cálculo diferencial em R

Derivadas, regras de derivação e exemplosDefinição, interpretação geométrica e primeiros exemplos de derivadaDerivadas lateraisRegras de derivaçãoDerivada da função compostaDerivada da função inversaTabela de derivadasDerivadas de ordem superior à primeira

Teoremas fundamentais do cálculo diferencialAplicações do cálculo diferencial

4 Cálculo integral em R

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§3.1.7 Derivadas de ordem superior à primeira Cálculo I – pag. 312

Sejam D um subconjunto não vazio de R e

f : D → R

uma função diferenciável em D. Se f ′ é diferenciável em a ∈ D, entãodiz-se que f é duas vezes diferenciável em a e a derivada de f ′ em adesigna-se por segunda derivada de f em a e representa-se por

f ′′(a) oud2f

dx2 (a) ou ainda D2f(a)

e é dada por

f ′′(a) =(

f ′)′ (a) = limx→a

f ′(x) − f ′(a)x − a

= limh→0

f ′(a + h) − f ′(a)h

.

§3.1.7 Derivadas de ordem superior à primeira Cálculo I – pag. 313

Mais geralmente, se existirem as derivadas de f até à ordem n − 1 e asrepresentarmos por

f ′, f ′′, . . . , f (n−1)

e f (n−1) é derivável em a, então diz-se que f tem derivada de ordemn em a e

f (n)(a) = limx→a

f (n−1)(x) − f (n−1)(a)x − a

= limh→0

f (n−1)(a + h) − f (n−1)(a)h

.

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§3.1.7 Derivadas de ordem superior à primeira Cálculo I – pag. 314

Uma função f : D → R diz-se de classe Cn, e escreve-se

f ∈ Cn(D),

se f é n vezes diferenciável em D e a derivada de ordem n, f (n) écontínua em D.

Por extensão, escreve-se

f ∈ C0(D) ou f ∈ C(D)

para designar que f é contínua em D.

Se f admite derivadas de todas as ordens em D, então dizemos que f éindefinidamente diferenciável ou de classe C∞ e usa-se a notação

f ∈ C∞(D).

§3.1.7 Derivadas de ordem superior à primeira Cálculo I – pag. 315

Exemplos

a) A função f : R → R definida por

f(x) = xm,

m ∈ N, é uma função de classe C∞. De facto

f (n)(x) =

m (m − 1) . . . (m − (n − 1)) xm−n se n < m;

m! se n = m;

0 se n > m.

Mais geralmente, qualquer função polinomial p : R → R dada por

p(x) = amxm + am−1xm−1 + · · · + a2x2 + a1x + a0

é de classe C∞.

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§3.1.7 Derivadas de ordem superior à primeira Cálculo I – pag. 316

Exemplos (continuação)

b) Sep, q : R → R

são duas funções polinomiais, então, fazendo

D = {x ∈ R : q(x) 6= 0} ,

a função f : D → R definida por

f(x) =p(x)q(x)

é de classe C∞, ou seja,

f ∈ C∞(D).

§3.1.7 Derivadas de ordem superior à primeira Cálculo I – pag. 317

Exemplos (continuação)

c) A função exponencial é de classe C∞ pois fazendo

f(x) = ex

temosf (n)(x) = ex .

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§3.1.7 Derivadas de ordem superior à primeira Cálculo I – pag. 318

Exemplos (continuação)

d) A função seno é uma função de classe C∞. De facto, fazendo

f(x) = sen x,

temos

f (n)(x) =

cos x se n = 4k − 3, k ∈ N;

− sen x se n = 4k − 2, k ∈ N;

− cos x se n = 4k − 1, k ∈ N;

sen x se n = 4k, k ∈ N;

o que mostra que a função seno pertence a C∞(R).

§3.1.7 Derivadas de ordem superior à primeira Cálculo I – pag. 319

Exemplos (continuação)

e) Do mesmo modo, a função cosseno é uma função de classe C∞. Defacto, se

f(x) = cos x,

temos

f (n)(x) =

− sen x se n = 4k − 3, k ∈ N;

− cos x se n = 4k − 2, k ∈ N;

sen x se n = 4k − 1, k ∈ N;

cos x se n = 4k, k ∈ N.

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§3.1.7 Derivadas de ordem superior à primeira Cálculo I – pag. 320

Exemplos (continuação)

f) A função f1 : R → R definida por

f1(x) =

x2 sen1x

se x 6= 0;

0 se x = 0;

é diferenciável, mas a primeira derivada não é contínua. Como(

x2 sen1x

)′

= 2x sen1x

+ x2

(

− 1x2

)

cos1x

= 2x sen1x

− cos1x

e

f ′1(0) = lim

x→0

f1(x) − f1(0)x − 0

= limx→0

x2 sen1x

− 0

x − 0= lim

x→0x sen

1x

= 0,

temos

f ′1(x) =

2x sen1x

− cos1x

se x 6= 0;

0 se x = 0.

§3.1.7 Derivadas de ordem superior à primeira Cálculo I – pag. 321

Exemplos (continuação)

f) (continuação) Vimos que

f ′1(x) =

2x sen1x

− cos1x

se x 6= 0;

0 se x = 0.

Como não existe

limx→0

cos1x

,

a função f ′1 não é contínua. Assim, f1 é diferenciável, mas não é de

classe C1. Mais geral, a função fk : R → R definida por

fk(x) =

x2k sen1x

se x 6= 0;

0 se x = 0;

tem derivadas até à ordem k, mas não é de classe Ck.

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§3.1.7 Derivadas de ordem superior à primeira Cálculo I – pag. 322

Exemplos (continuação)

g) Sef, g : D ⊆ R → R

têm derivada até à ordem n, então os mesmo acontece com

f + g e fg

e(f + g)(n) (x) = f (n)(x) + g(n)(x)

e

(fg)(n) (x) =n∑

j=0

(

n

j

)

f (j)(x)g(n−j)(x),

onde f (0) = f e g(0) = g. Esta igualdade é conhecida por fórmulade Leibnitz.

Índice Cálculo I – pag. 323

1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos

2 Funções reais de variável real: limites e continuidade

3 Cálculo diferencial em R

Derivadas, regras de derivação e exemplosTeoremas fundamentais do cálculo diferencial

Teorema de RolleTeorema do valor médio de LagrangeTeorema de Taylor

Aplicações do cálculo diferencial

4 Cálculo integral em R

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Índice Cálculo I – pag. 324

1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos

2 Funções reais de variável real: limites e continuidade

3 Cálculo diferencial em R

Derivadas, regras de derivação e exemplosTeoremas fundamentais do cálculo diferencial

Teorema de RolleTeorema do valor médio de LagrangeTeorema de Taylor

Aplicações do cálculo diferencial

4 Cálculo integral em R

§3.2.1 Teorema de Rolle Cálculo I – pag. 325

Teorema de Rolle

Sejam a e b números reais tais que a < b e seja

f : [a, b] → R

uma função contínua em [a, b] e diferenciável em ]a, b[. Se

f(a) = f(b),

então existec ∈ ]a, b[

tal quef ′(c) = 0.

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§3.2.1 Teorema de Rolle Cálculo I – pag. 326

A interpretação geométrica de f ′(c) = 0 corresponde a que a rectatangente ao gráfico de f no ponto (c, f(c)) é horizontal. Tendo isto emconta, podemos interpretar geometricamente o Teorema de Rolle daseguinte forma.

x

y

a b

f(a) = f(b) b b

c

b

c′

b

Interpretação geométrica do Teorema de Rolle

§3.2.1 Teorema de Rolle Cálculo I – pag. 327

Corolários do Teorema de Rolle

Sejam I um intervalo ef : I → R

uma função diferenciável em I.

a) Entre dois zeros de f existe pelo menos um zero de f ′.

b) Entre dois zeros consecutivos de f ′, existe, quando muito, um zerode f ;

c) Se f ′ tem n zeros, então f tem no máximo n + 1 zeros.

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§3.2.1 Teorema de Rolle Cálculo I – pag. 328

Aplicação (dos Corolários) do Teorema de Rolle

Vejamos que a equaçãoex = 3x

tem exactamente duas soluções. Para isso consideremos a função f : R → R

definida porf(x) = ex −3x.

A função f é contínua pois é a diferença de duas funções contínuas. Como

f(0) = e0 −3 · 0 = 1 > 0 e f(1) = e1 −3 · 1 = e −3 < 0,

o Teorema de Bolzano permite-nos concluir que f tem pelo menos um zeroem ]0, 1[. Por outro lado, como

e2 > (5/2)2 = 25/4 > 24/4 = 6,

temosf(2) = e2 −3 · 2 = e2 −6 > 0,

pelo que, usando novamente o Teorema de Bolzano, f tem pelo menos umzero em ]1, 2[.

§3.2.1 Teorema de Rolle Cálculo I – pag. 329

Aplicação (dos Corolários) do Teorema de Rolle (continuação)

Por outro lado, a função f é diferenciável pois é a diferença de duas funçõesdiferenciáveis e a sua derivada é dada por

f ′(x) = (ex −3x)′ = ex −3.

Assim,

f ′(x) = 0 ⇔ ex −3 = 0

⇔ ex = 3

⇔ x = ln 3,

ou seja, f ′ tem apenas um zero e, aplicando o Corolário do Teorema de Rolle,f tem no máximo dois zeros.Logo f tem exactamente dois zeros, isto é, a equação

ex = 3x

tem exactamente duas soluções.

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Índice Cálculo I – pag. 330

1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos

2 Funções reais de variável real: limites e continuidade

3 Cálculo diferencial em R

Derivadas, regras de derivação e exemplosTeoremas fundamentais do cálculo diferencial

Teorema de RolleTeorema do valor médio de LagrangeTeorema de Taylor

Aplicações do cálculo diferencial

4 Cálculo integral em R

§3.2.2 Teorema do valor médio de Lagrange Cálculo I – pag. 331

Teorema do valor médio de Lagrange

Sejam a e b números reais tais que a < b e

f : [a, b] → R

uma função contínua em [a, b] e diferenciável em ]a, b[. Então existe

c ∈ ]a, b[

tal quef(b) − f(a) = f ′(c) (b − a) ,

ou seja,f(b) − f(a)

b − a= f ′(c).

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§3.2.2 Teorema do valor médio de Lagrange Cálculo I – pag. 332

Geometricamente, o quocientef(b) − f(a)

b − aé o declive da recta que

passa nos pontos (a, f(a)) e (b, f(b)). O que o Teorema de Lagrangenos diz é que existe uma recta tangente ao gráfico de f paralela à rectaque passa nos pontos (a, f(a)) e (b, f(b)).

x

y

a b

f(a)

f(b)

b

b

c

b

b

b

b

b

b

Interpretação geométrica do Teorema de Lagrange

§3.2.2 Teorema do valor médio de Lagrange Cálculo I – pag. 333

Aplicações do Teorema de Lagrange

a) Vejamos como o Teorema de Lagrange nos permite estimar√

101. Sejaf : [100, 101] → R a função definida por

f(x) =√

x.

Obviamente, a função verifica as hipóteses do Teorema de Lagrange pois écontínua em [100, 101] e é diferenciável em ]100, 101[ (aliás é diferenciávelem [100, 101]), sendo

f ′(x) =1

2√

x.

Assim, pelo Teorema de Lagrange, existe c ∈ ]100, 101[ tal que

f(101) − f(100)101 − 100

= f ′(c),

ou seja, √101 − 10 =

12√

c.

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§3.2.2 Teorema do valor médio de Lagrange Cálculo I – pag. 334

Aplicações do Teorema de Lagrange (continuação)

a) (continuação) Como100 < c < 101,

resulta10 =

√100 <

√c <

√101 < 11,

e por conseguinte111

<1√c

<110

⇔ 122

<1

2√

c<

120

.

Assim, de √101 − 10 =

12√

c,

tem-se122

<√

101 − 10 <120

,

ou seja,

10 +122

<√

101 < 10 +120

.

§3.2.2 Teorema do valor médio de Lagrange Cálculo I – pag. 335

Aplicações do Teorema de Lagrange (continuação)

b) Vejamos que1

x + 1< ln

(

1 +1x

)

<1x

para qualquer x > 0. A estimativa anterior irá ser obtida através daaplicação do Teorema de Lagrange à função f : [x, x + 1] → R definida por

f(t) = ln t.

A função f verifica as hipóteses do Teorema de Lagrange pois é contínuaem [x, x + 1] e é diferenciável em ]x, x + 1[. Atendendo a que

f ′(t) =1t,

pelo Teorema de Lagrange, existe c ∈ ]x, x + 1[ tal que

f(x + 1) − f(x)x + 1 − x

= f ′(c) =1c

.

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§3.2.2 Teorema do valor médio de Lagrange Cálculo I – pag. 336

Aplicações do Teorema de Lagrange (continuação)

b) (continuação) Atendendo a que

x < c < x + 1

implica1

x + 1<

1c

<1x

e que

f(x + 1) − f(x)x + 1 − x

= ln(x + 1) − ln(x) = lnx + 1

x= ln

(

1 +1x

)

,

da igualdade

f(x + 1) − f(x)x + 1 − x

=1c

,

obtida atrás, resulta

1x + 1

< ln(

1 +1x

)

<1x

.

§3.2.2 Teorema do valor médio de Lagrange Cálculo I – pag. 337

Corolários do Teorema de Lagrange

Sejam I um intervalo de R e f, g : I → R funções diferenciáveis em I.

a) Sef ′(x) = 0 para qualquer x ∈ I,

então f é constante.

b) Sef ′(x) = g′(x) para qualquer x ∈ I,

então a diferença f − g é constante em I.

c) Se f ′(x) > 0 para qualquer x ∈ I, então f é estritamente crescente emI, ou seja, para quaisquer x, y ∈ I,

se x < y, então f(x) < f(y).

d) Se f ′(x) < 0 para qualquer x ∈ I, então f é estritamente decrescenteem I, ou seja, para quaisquer x, y ∈ I,

se x < y, então f(x) > f(y).

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Índice Cálculo I – pag. 338

1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos

2 Funções reais de variável real: limites e continuidade

3 Cálculo diferencial em R

Derivadas, regras de derivação e exemplosTeoremas fundamentais do cálculo diferencial

Teorema de RolleTeorema do valor médio de LagrangeTeorema de Taylor

Aplicações do cálculo diferencial

4 Cálculo integral em R

§3.2.3 Teorema de Taylor Cálculo I – pag. 339

Fórmula de Taylor de ordem n (com resto de Lagrange)

Sejam I um intervalo de R,

f : I → R

uma função de classe Cn, n + 1 vezes diferenciável em int I e a umponto de I. Para cada x ∈ I \ {a} tem-se

f(x) = Tn,a(x) + Rn,a(x),

onde

Tn,a(x) = f(a) + f ′(a) (x − a) +f ′′(a)

2!(x − a)2 + · · · +

f (n)(a)n!

(x − a)n

e

Rn,a(x) =f (n+1)(c)(n + 1)!

(x − a)n+1 ,

com c um número estritamente entre a e x.

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§3.2.3 Teorema de Taylor Cálculo I – pag. 340

A

Tn,a(x) = f(a) + f ′(a) (x − a) +f ′′(a)

2!(x − a)2 + · · · +

f (n)(a)n!

(x − a)n

chamamos polinómio de Taylor de ordem n da função f em tornode x = a e a

Rn,a(x) =f (n+1)(c)(n + 1)!

(x − a)n+1

chamamos resto de Lagrange de ordem n da função f em torno dex = a.

Se a = 0 a fórmula de Taylor designa-se por fórmula de Mac-Laurine o polinómio de Taylor designa-se por polinómio de Mac-Laurin.

§3.2.3 Teorema de Taylor Cálculo I – pag. 341

Ao polinómio de Taylor de ordem um de uma função f em torno de x = achamamos linearização ou aproximação linear de f em torno de x = a, ouseja, a função dada por

La(x) = f(a) + f ′(a)(x − a)

é a linearização de f em torno de x = a. Nestas condições escrevemos

f(x) ≈ f(a) + f ′(a)(x − a).

Ao polinómio de Taylor de ordem dois de uma função f em torno de x = a,isto é, à função dada por

Qa(x) = f(a) + f ′(a)(x − a) +f ′′(a)

2(x − a)2,

chamamos aproximação quadrática de f em torno de x = a e escrevemos

f(x) ≈ f(a) + f ′(a)(x − a) +f ′′(a)

2(x − a)2.

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§3.2.3 Teorema de Taylor Cálculo I – pag. 342

Exemplos

1) Seja f a função exponencial. Atendendo a que f (n)(x) = ex para cadan ∈ N e, portanto, f (n)(0) = e0 = 1, o polinómio de Mac-Laurin de ordemn é dado por

Tn,0(x) = f(0) + f ′(0) x +f ′′(0)

2!x2 + · · · +

f (n−1)(0)(n − 1)!

xn−1 +f (n)(0)

n!xn

= 1 + x +x2

2!+ · · · +

xn−1

(n − 1)!+

xn

n!

e, por conseguinte, temos a seguinte aproximação linear

ex ≈ 1 + x

e a seguinte aproximação quadrática

ex ≈ 1 + x +x2

2.

§3.2.3 Teorema de Taylor Cálculo I – pag. 343

Exemplos (continuação)

1) (continuação)

ex

T1,0

T2,0

T3,0

T4,0

T5,0

T6,0

T7,0

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§3.2.3 Teorema de Taylor Cálculo I – pag. 344

Exemplos (continuação)

2) Seja f a função seno. Comof(x) = sen x,

f ′(x) = cos x,

f ′′(x) = − sen x,

f ′′′(x) = − cos x,

f ′′′′(x) = sen x,

f(0) = sen 0 = 0,

f ′(0) = cos 0 = 1,

f ′′(0) = − sen 0 = 0,

f ′′′(0) = − cos 0 = −1,

f ′′′′(0) = sen 0 = 0,tem-se

sen x

= f(0) + f ′(0)x +f ′′(0)

2!x2 +

f ′′′(0)

3!x3 + · · · +

f (2n+1)(0)

(2n + 1)!x2n+1 + R2n+1,0(x)

= x −x3

3!+

x5

5!+ · · · + (−1)n x2n+1

(2n + 1)!+ R2n+1,0(x).

Assim, neste exemplos as aproximações linear e quadrática são iguais:

sen x ≈ x.

§3.2.3 Teorema de Taylor Cálculo I – pag. 345

Exemplos (continuação)

2) (continuação)

sen x

T1,0

T3,0

T5,0

T7,0

T9,0

T11,0

T13,0

T15,0

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§3.2.3 Teorema de Taylor Cálculo I – pag. 346

Exemplos (continuação)

3) Se f é a função cosseno, entãof(x) = cos x,

f ′(x) = − sen x,

f ′′(x) = − cos x,

f ′′′(x) = sen x,

f ′′′′(x) = cos x,

f(0) = cos 0 = 1,

f ′(0) = − sen 0 = 0,

f ′′(0) = − cos 0 = −1,

f ′′′(0) = sen 0 = 0,

f ′′′′(0) = cos 0 = 1.

Assim,

cos x = f(0) + f ′(0)x +f ′′(0)

2!x2 +

f ′′′(0)3!

x3 +· · ·+ f (2n)(0)(2n)!

x2n + R2n,0(x)

= 1 − x2

2!+

x4

4!+ · · · + (−1)n x2n

(2n)!+ R2n,0(x),

pelo quecos x ≈ 1 e cos x ≈ 1 − x2

2são as aproximações linear e quadrática, respectivamente.

§3.2.3 Teorema de Taylor Cálculo I – pag. 347

Exemplos (continuação)

3) (continuação)

cos x

T2,0

T4,0

T6,0

T8,0

T10,0

T12,0

T14,0

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§3.2.3 Teorema de Taylor Cálculo I – pag. 348

Aplicação da fórmula de Taylor

Vejamos como aplicar a fórmula de Taylor para aproximar sen (0,1) com umerro inferior a 10−6. Aplicando a fórmula de Taylor à função f(x) = sen x emtorno de x = 0, ou seja, aplicando a fórmula de MacLaurin à funçãof(x) = sen x, temos

sen x

= Tn,0(x) + Rn,0(x)

= f(0) + f ′(0)x +f ′′(0)

2!x2 + · · · +

f (n)(0)n!

xn +f (n+1)(c)(n + 1)!

xn+1,

com c um número estritamente entre 0 e x. Assim,

sen (0,1)

= Tn,0(0,1) + Rn,0(0,1)

= f(0) + f ′(0) 0,1 +f ′′(0)

2!0,12 + · · · +

f (n)(0)n!

0,1n +f (n+1)(c)(n + 1)!

0,1n+1,

onde c é um número estritamente entre 0 e 0,1.

§3.2.3 Teorema de Taylor Cálculo I – pag. 349

Aplicação da fórmula de Taylor (continuação)

Atendendo a que

f(x) = sen x

f ′(x) = cos x

f ′′(x) = − sen x

f ′′′(x) = − cos x

f ′′′′(x) = sen x

f(0) = sen 0 = 0

f ′(0) = cos 0 = 1

f ′′(0) = − sen 0 = 0

f ′′′(0) = − cos 0 = −1

f ′′′′(0) = sen 0 = 0

tem-se

|sen(0,1) − Tn,0(0,1)| = |Rn,0(0,1)| =

∣∣f (n+1)(c)

∣∣

(n + 1)!0,1n+1

61

(n + 1)! 10n+1.

Como para n = 4 temos |sen(0,1) − T4,0(0,1)| = |R4,0(0,1)| 6 10−6, para obtermosuma aproximação para sen(0,1) com erro inferior a 10−6, basta usarmos o polinómiode MacLaurin de ordem 4:

sen(0,1) ≈ f(0) + f ′(0) 0,1 +f ′′(0)

2!0,12 +

f ′′′(0)

3!0,13 +

f ′′′′(0)

4!0,14

= 0,1 −1

3!0,13

= 0,09983333333

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Índice Cálculo I – pag. 350

1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos

2 Funções reais de variável real: limites e continuidade

3 Cálculo diferencial em R

Derivadas, regras de derivação e exemplosTeoremas fundamentais do cálculo diferencialAplicações do cálculo diferencial

Regra de CauchyMonotonia e extremos locaisConvexidade e pontos de inflexãoEstudo e esboço do gráfico de uma funçãoProblemas de máximos e mínimos

4 Cálculo integral em R

Índice Cálculo I – pag. 351

1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos

2 Funções reais de variável real: limites e continuidade

3 Cálculo diferencial em R

Derivadas, regras de derivação e exemplosTeoremas fundamentais do cálculo diferencialAplicações do cálculo diferencial

Regra de CauchyMonotonia e extremos locaisConvexidade e pontos de inflexãoEstudo e esboço do gráfico de uma funçãoProblemas de máximos e mínimos

4 Cálculo integral em R

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§3.3.1 Regra de Cauchy Cálculo I – pag. 352

Regra de Cauchy

Sejam a e b números reais tais que a < b e sejam

f, g : ]a, b[→ R

funções diferenciáveis em ]a, b[ tais que

g′(x) 6= 0 para cada x ∈ ]a, b[.

Suponhamos quelim

x→a+f(x) = lim

x→a+g(x) = 0

ou quelim

x→a+|f(x)| = lim

x→a+|g(x)| = +∞.

Se

limx→a+

f ′(x)g′(x)

= L,

com L ∈ R, ou L = +∞, ou L = −∞, então

limx→a+

f(x)g(x)

= L.

§3.3.1 Regra de Cauchy Cálculo I – pag. 353

Observações

a) O resultado continua válido se substituirmos

limx→a+

porlim

x→b−.

b) O resultado também é válido quando calculamos o limite em pontosinteriores do domínio das funções.

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§3.3.1 Regra de Cauchy Cálculo I – pag. 354

Regra de Cauchy quando x → +∞Sejam a um número real e sejam

f, g : ]a, +∞[→ R

funções diferenciáveis em ]a, +∞[ e tais que

g′(x) 6= 0 para cada x ∈ ]a, +∞[.

Suponhamos quelim

x→+∞f(x) = lim

x→+∞g(x) = 0

ou quelim

x→+∞|f(x)| = lim

x→+∞|g(x)| = +∞.

Se

limx→+∞

f ′(x)g′(x)

= L,

com L ∈ R, ou L = +∞, ou L = −∞, então

limx→+∞

f(x)g(x)

= L.

§3.3.1 Regra de Cauchy Cálculo I – pag. 355

Observação

O resultado continua válido se substituirmos

limx→+∞

porlim

x→−∞,

sendo neste caso o domínio das funções um intervalo do tipo ] − ∞, a[.

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§3.3.1 Regra de Cauchy Cálculo I – pag. 356

Exemplos de aplicação da regra de Cauchy

1) Como

limx→0

cos x − 1x2 =

00

,

temos pela regra de Cauchy

limx→0

cos x − 1x2 = lim

x→0

(cos x − 1)′

(x2)′

= limx→0

− sen x

2x

= limx→0

−12

· sen x

x

= −12

· 1

= −12

.

§3.3.1 Regra de Cauchy Cálculo I – pag. 357

Exemplos de aplicação da regra de Cauchy (continuação)

2) Como limx→0

esen x − ex

sen x − x=

00

, usando a regra de Cauchy temos

limx→0

esen x − ex

sen x − x= lim

x→0

(esen x − ex)′

(sen x − x)′ = limx→0

cos x esen x − ex

cos x − 1=

00

.

Aplicando novamente a regra de Cauchy vem

limx→0

esen x − ex

sen x − x= lim

x→0

(cos x esen x − ex)′

(cos x − 1)′

= limx→0

− sen x esen x + cos2 x esen x − ex

− sen x

=00

.

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§3.3.1 Regra de Cauchy Cálculo I – pag. 358

Exemplos de aplicação da regra de Cauchy (continuação)

2) (continuação) Temos de aplicar novamente a regra de Cauchy

limx→0

esen x − ex

sen x − x

= limx→0

[(cos2 x − sen x

)esen x − ex

]′

[− sen x]′

= limx→0

(−2 sen x cos x − cos x) esen x +(cos2 x − sen x

)cos x esen x − ex

− cos x

=−1 + 1 − 1

−1= 1.

Este limite podia ter sido calculado mais facilmente da seguinteforma

limx→0

esen x − ex

sen x − x= lim

x→0ex esen x−x −1

sen x − x= e0 · 1 = 1.

§3.3.1 Regra de Cauchy Cálculo I – pag. 359

Exemplos de aplicação da regra de Cauchy (continuação)

3) Vejamos que

limx→+∞

ln x

xa= 0, a > 0.

Como

limx→+∞

ln x

xa=

+∞+∞ ,

aplicando a regra de Cauchy temos

limx→+∞

ln x

xa= lim

x→+∞(ln x)′

(xa)′ = limx→+∞

1/x

axa−1 = limx→+∞

1axa

=1

+∞ = 0.

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§3.3.1 Regra de Cauchy Cálculo I – pag. 360

Exemplos de aplicação da regra de Cauchy (continuação)

4) Vejamos como calcular limx→1+

√x − 1 ln (ln x) = 0 × (−∞). Como

limx→1+

√x − 1 ln (ln x) = lim

x→1+

ln (ln x)1/

√x − 1

= limx→1+

ln (ln x)

(x − 1)−1/2=

∞∞ ,

podemos usar a regra de Cauchy e temos

limx→1+

√x − 1 ln (ln x) = lim

x→1+

[ln (ln x)]′[

(x − 1)−1/2]′

= limx→1+

1/x

ln x

−12

(x − 1)−3/2

= limx→1+

−2 (x − 1)3/2

x ln x=

00

.

§3.3.1 Regra de Cauchy Cálculo I – pag. 361

Exemplos de aplicação da regra de Cauchy (continuação)

4) (continuação) Atendendo a que limx→1+

(x − 1)3/2

ln x=

00

, aplicando

novamente a regra de Cauchy temos

limx→1+

(x − 1)3/2

ln x= lim

x→1+

(

(x − 1)3/2)′

(ln x)′ = limx→1+

3 (x − 1)1/2

21x

= limx→1+

3x (x − 1)1/2

2= 0,

pelo que

limx→1+

√x − 1 ln (ln x) = lim

x→1+−2 (x − 1)3/2

x ln x

= limx→1+

− 2x

(x − 1)3/2

ln x= 0.

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§3.3.1 Regra de Cauchy Cálculo I – pag. 362

Exemplos de aplicação da regra de Cauchy (continuação)

5) Calculemos agora limx→0

1x

− cotg x = ∞ − ∞. Transformando esta

indeterminação na seguinte

limx→0

1x

− cotg x = limx→0

1x

− cos x

sen x= lim

x→0

sen x − x cos x

x sen x=

00

,

podemos aplicar a regra de Cauchy. Assim,

limx→0

sen x − x cos x

x sen x= lim

x→0

(sen x − x cos x)′

(x sen x)′

= limx→0

cos x − cos x + x sen x

sen x + x cos x

= limx→0

x sen x

sen x + x cos x

=00

.

§3.3.1 Regra de Cauchy Cálculo I – pag. 363

Exemplos de aplicação da regra de Cauchy (continuação)

5) (continuação) Aplicando novamente a regra de Cauchy temos

limx→0

sen x − x cos x

x sen x= lim

x→0

(x sen x)′

(sen x + x cos x)′

= limx→0

sen x + x cos x

cos x + cos x − x sen x

=02

= 0

o que implica

limx→0

1x

− cotg x = 0.

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§3.3.1 Regra de Cauchy Cálculo I – pag. 364

Exemplos de aplicação da regra de Cauchy (continuação)

6) Calculemos agoralim

x→0+(sen x)x .

Neste caso temos uma indeterminação do tipo 00. Atendendo a que

limx→0+

(sen x)x = limx→0+

eln[(sen x)x] = limx→0+

ex ln(sen x),

basta calcularlim

x→0+x ln (sen x) .

Como

limx→0+

x ln (sen x) = limx→0+

ln (sen x)1/x

=−∞+∞ ,

podemos aplicar a regra de Cauchy.

§3.3.1 Regra de Cauchy Cálculo I – pag. 365

Exemplos de aplicação da regra de Cauchy (continuação)

6) (continuação) Assim,

limx→0+

x ln (sen x) = limx→0+

(ln (sen x))′(

1x

)′ = limx→0+

cos x

sen x

− 1x2

= limx→0+

x

sen x(−x cos x) = 1 · 0 = 0

e, portanto,

limx→0+

(sen x)x = limx→0+

ex ln(sen x) = e0 = 1.

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Índice Cálculo I – pag. 366

1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos

2 Funções reais de variável real: limites e continuidade

3 Cálculo diferencial em R

Derivadas, regras de derivação e exemplosTeoremas fundamentais do cálculo diferencialAplicações do cálculo diferencial

Regra de CauchyMonotonia e extremos locaisConvexidade e pontos de inflexãoEstudo e esboço do gráfico de uma funçãoProblemas de máximos e mínimos

4 Cálculo integral em R

§3.3.2 Monotonia e extremos locais Cálculo I – pag. 367

Já vimos que para estudar a monotonia de uma função basta estudar o sinalda primeira derivada. Isso é consequência do Teorema de Lagrange.

Corolários do Teorema de Lagrange

Sejam I um intervalo de R e

f : I → R uma função diferenciável em I.

a) Sef ′(x) > 0 para qualquer x ∈ I,

então f é estritamente crescente em I, ou seja,

para quaisquer x, y ∈ I, se x < y, então f(x) < f(y).

b) Sef ′(x) < 0 para qualquer x ∈ I,

então f é estritamente decrescente em I, ou seja,

para quaisquer x, y ∈ I, se x < y, então f(x) > f(y).

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§3.3.2 Monotonia e extremos locais Cálculo I – pag. 368

Sejam D um subconjunto não vazio de R, f : D → R uma função ea ∈ D.

Diz-se que a função f tem um máximo local ou relativo no ponto aou que f(a) é um máximo local ou relativo da função f se existirum ε > 0 tal que

f(x) 6 f(a) qualquer que seja x ∈ ]a − ε, a + ε[ ∩ D.

Do mesmo modo, diz-se que a função f tem um mínimo local ourelativo no ponto a ou que f(a) é um mínimo local ou relativo dafunção f se existir um ε > 0 tal que

f(x) > f(a) qualquer que seja x ∈ ]a − ε, a + ε[ ∩ D.

Diz-se que f tem um extremo local ou relativo no ponto a ou quef(a) é um extremo local ou relativo da função f se f tiver ummáximo ou um mínimo local no ponto a.

§3.3.2 Monotonia e extremos locais Cálculo I – pag. 369

x

y

b

b

x0 x2 x4

b

bb

x1 x3 x5

b

bb

Os pontos x0, x2 e x4 são pontos onde a função tem mínimos locais,enquanto que a função tem máximos locais nos pontos x1, x3 e x5.

A figura sugere que nos pontos x1, x2, x3, x4 a derivada da função énula.

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§3.3.2 Monotonia e extremos locais Cálculo I – pag. 370

x

y

b

b

x0 x2 x4

b

b

b

x1 x3 x5

b

b

b

Para a função representada na figura anterior vê-se facilmente que nospontos x0, x2 e x4 a função tem mínimos locais e que nos pontos x1, x3

e x5 a função tem máximos locais. Além disso, em qualquer a ∈ ]x2, x3[a função tem um máximo e um mínimo local.

§3.3.2 Monotonia e extremos locais Cálculo I – pag. 371

Teorema de Fermat

Sejaf : D ⊆ R → R

uma função diferenciável num ponto a interior a D. Se

f(a) é um extremo local

de f , entãof ′(a) = 0.

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§3.3.2 Monotonia e extremos locais Cálculo I – pag. 372

A condiçãof ′(a) = 0

não é suficiente para a existência de extremo. Por exemplo a função

f : R → R,

definida porf(x) = x3,

tem derivada nula no ponto x = 0, mas f(0) = 0 não é extremo localpois

f(x) > 0 para qualquer x > 0

ef(x) < 0 para qualquer x < 0.

§3.3.2 Monotonia e extremos locais Cálculo I – pag. 373

Sejam I um intervalo de R e

f : I → R

uma função m vezes diferenciável, m > 1, num ponto a interior aointervalo I. Suponhamos que

f ′(a) = · · · = f (m−1)(a) = 0 e f (m)(a) 6= 0.

Então

i) se m é ímpar, f não tem qualquer extremo local no ponto a;

ii) se m é par, f tem em a um ponto de máximo local ou um ponto demínimo local, consoante

f (m)(a) < 0 ou f (m)(a) > 0.

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§3.3.2 Monotonia e extremos locais Cálculo I – pag. 374

Sejam I um intervalo de R e

f : I → R

uma função duas vezes diferenciável num ponto a interior a I com

f ′(a) = 0.

i) Sef ′′(a) > 0,

então x = a é um ponto de mínimo local.

ii) Sef ′′(a) < 0,

então x = a é um ponto de máximo local.

Índice Cálculo I – pag. 375

1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos

2 Funções reais de variável real: limites e continuidade

3 Cálculo diferencial em R

Derivadas, regras de derivação e exemplosTeoremas fundamentais do cálculo diferencialAplicações do cálculo diferencial

Regra de CauchyMonotonia e extremos locaisConvexidade e pontos de inflexãoEstudo e esboço do gráfico de uma funçãoProblemas de máximos e mínimos

4 Cálculo integral em R

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§3.3.3 Convexidade e pontos de inflexão Cálculo I – pag. 376

b

b

(a, f(a))

(b, f(b))

função convexa

Sejam I um intervalo de R e f : I → R uma função. Dizemos que f éconvexa ou que tem a concavidade voltada para cima em I separa quaisquer a, b ∈ I, com a < b, o gráfico de f em [a, b] está abaixoda secante que une os ponto (a, f(a)) e (b, f(b)), isto é,

f(x) 6 f(a) +f(b) − f(a)

b − a(x − a)

para qualquer x ∈ [a, b].

§3.3.3 Convexidade e pontos de inflexão Cálculo I – pag. 377

b

b

(a, f(a))

(b, f(b))

função côncava

A função f diz-se côncava ou que tem a concavidade voltada parabaixo em I se para quaisquer a, b ∈ I, com a < b, o gráfico de f em[a, b] está acima da secante que une os ponto (a, f(a)) e (b, f(b)), isto é,

f(x) > f(a) +f(b) − f(a)

b − a(x − a)

para qualquer x ∈ [a, b].

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§3.3.3 Convexidade e pontos de inflexão Cálculo I – pag. 378

Fazendox = (1 − t)a + tb, t ∈ [0, 1],

nas desigualdades que caracterizam as definições de função convexa ede função côncava temos as seguintes definições alternativas:

• a função f é convexa em I se

f ((1 − t)a + tb) 6 (1 − t)f(a) + tf(b)

para cada a, b ∈ I e para cada t ∈ [0, 1];

• a função f diz-se côncava em I se

f ((1 − t)a + tb) > (1 − t)f(a) + tf(b)

para cada a, b ∈ I e para cada t ∈ [0, 1].

Obviamente, uma função f é côncava se e só se −f é convexa.

§3.3.3 Convexidade e pontos de inflexão Cálculo I – pag. 379

bb

bb

bb

Sejam I um intervalo de R e

f : I → R

uma função diferenciável. Então asseguintes afirmações são equivalentes:

a) f é convexa;

b) f ′ é monótona crescente;

c) para quaisquer x, a ∈ I temos

f(x) > f(a) + f ′(a) (x − a) ,

ou seja, o gráfico de f está acima das suas rectas tangentes.

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§3.3.3 Convexidade e pontos de inflexão Cálculo I – pag. 380

bb

bb

b b

Sejam I um intervalo de R e

f : I → R

uma função diferenciável. Então asseguintes afirmações são equivalentes:

a) f é côncava;

b) f ′ é monótona decrescente;

c) para quaisquer x, a ∈ I temos

f(x) 6 f(a) + f ′(a) (x − a) ,

ou seja, o gráfico de f está abaixo das suas rectas tangentes.

§3.3.3 Convexidade e pontos de inflexão Cálculo I – pag. 381

Sejam I um intervalo de R e

f : I → R

uma função duas vezes diferenciável em I. Então

a) f é convexa em I se e só se

f ′′(x) > 0

para qualquer x ∈ I;

b) f é côncava em I se e só se

f ′′(x) 6 0

para qualquer x ∈ I.

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§3.3.3 Convexidade e pontos de inflexão Cálculo I – pag. 382

Sejam I um intervalo, a um ponto interior a I e f : I → R. Diz-se quea é um ponto de inflexão de f se existe ε > 0 tal que num dosconjuntos ]a − ε, a[ ou ]a, a + ε[ a função é convexa e no outro é côncava.

x

y

bb

b

a1a0 a2

bb

bb

b

b

Na figura anterior vemos que a função f é côncava à esquerda de a1 e éconvexa à direita de a1. Logo a1 é um ponto de inflexão.

§3.3.3 Convexidade e pontos de inflexão Cálculo I – pag. 383

Sejam I um intervalo de R,

f : I → R

uma função duas vezes diferenciável e a ∈ I. Se

a é um ponto de inflexão

de f , entãof ′′(a) = 0.

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Índice Cálculo I – pag. 384

1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos

2 Funções reais de variável real: limites e continuidade

3 Cálculo diferencial em R

Derivadas, regras de derivação e exemplosTeoremas fundamentais do cálculo diferencialAplicações do cálculo diferencial

Regra de CauchyMonotonia e extremos locaisConvexidade e pontos de inflexãoEstudo e esboço do gráfico de uma funçãoProblemas de máximos e mínimos

4 Cálculo integral em R

§3.3.4 Estudo e esboço do gráfico de uma função Cálculo I – pag. 385

Assim, podemos usar a informação que as derivadas nos fornecem parafazer o esboço do gráfico de uma função. Para tal devemos estudar

• o domínio da função;

• os zeros da função;

• a continuidade da função;

• a paridade da função;

• os intervalos de monotonia da função;

• os extremos relativos da função;

• as concavidades da função;

• os pontos de inflexão da função;

• as assímptotas da função.

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§3.3.4 Estudo e esboço do gráfico de uma função Cálculo I – pag. 386

Exemplo – estudo da função f(x) = x2/(x − 1)

Seja f a função real de variável real definida por

f(x) =x2

x − 1.

Vamos fazer um estudo completo desta função. Esta função tem comodomínio o seguinte conjunto

Df = {x ∈ R : x − 1 6= 0} = R \ {1}

e como

f(x) = 0 ⇔ x2

x − 1= 0 ⇔ x = 0 ∧ x 6= 1,

f tem apenas um zero no ponto x = 0. Além disso, a função é contínuapois é o quociente de duas funções polinomiais.

§3.3.4 Estudo e esboço do gráfico de uma função Cálculo I – pag. 387

Exemplo – estudo da função f(x) = x2/(x − 1) (continuação)

Obviamente, esta função não é par nem é ímpar. A função édiferenciável em todo o domínio e primeira derivada é dada por

f ′(x) =(x2)′ (x − 1) − x2 (x − 1)′

(x − 1)2

=2x (x − 1) − x2

(x − 1)2

=2x2 − 2x − x2

(x − 1)2

=x2 − 2x

(x − 1)2

=x(x − 2)

(x − 1)2 .

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§3.3.4 Estudo e esboço do gráfico de uma função Cálculo I – pag. 388

Exemplo – estudo da função f(x) = x2/(x − 1) (continuação)

Calculemos os zeros da primeira derivada

f ′(x) = 0 ⇔ x(x − 2)

(x − 1)2 = 0

⇔ x(x − 2) = 0 ∧ (x − 1)2 6= 0

⇔ (x = 0 ∨ x = 2) ∧ x 6= 1.

Atendendo a que o denominador de f ′ é sempre positivo, temos oseguinte quadro de sinal

x 0 1 2

f ′(x) + 0 − ND − 0 +

f(x) ր M ց ND ց m ր

Além disso, f(0) = 0 e f(2) = 4.

§3.3.4 Estudo e esboço do gráfico de uma função Cálculo I – pag. 389

Exemplo – estudo da função f(x) = x2/(x − 1) (continuação)

A segunda derivada de f é dada por

f ′′(x) =

(

x2 − 2x

(x − 1)2

)′

=

(x2 − 2x

)′(x − 1)2 −

[

(x − 1)2]′ (

x2 − 2x)

(x − 1)4

=(2x − 2) (x − 1)2 − 2 (x − 1)

(x2 − 2x

)

(x − 1)4 =2 (x − 1)2 − 2

(x2 − 2x

)

(x − 1)3

=2x2 − 4x + 2 − 2x2 + 4x

(x − 1)3 =2

(x − 1)3

e, portanto, f não tem pontos de inflexão já que a segunda derivada não temzeros.

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§3.3.4 Estudo e esboço do gráfico de uma função Cálculo I – pag. 390

Exemplo – estudo da função f(x) = x2/(x − 1) (continuação)

Fazendo um quadro temos

x 1

f ′′(x) − ND +

f(x) ∩ ND ∪

o que nos permite concluir que f tem a concavidade voltada para baixoem ] − ∞, 1[ e tem a concavidade voltada para cima em ]1, +∞[.

§3.3.4 Estudo e esboço do gráfico de uma função Cálculo I – pag. 391

Exemplo – estudo da função f(x) = x2/(x − 1) (continuação)

Quanto a assímptotas, uma vez que

limx→+∞

f(x)x

= limx→+∞

x2

x2 − x= lim

x→+∞x2

x2(1 − 1/x)= lim

x→+∞1

1 − 1/x= 1

e

limx→+∞

f(x) − x = limx→+∞

x2

x − 1− x = lim

x→+∞x2 − x2 + x

x − 1

= limx→+∞

x

x(1 − 1/x)= lim

x→+∞1

1 − 1/x= 1

a recta de equaçãoy = x + 1

é uma assímptota não vertical à direita do gráfico de f .

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§3.3.4 Estudo e esboço do gráfico de uma função Cálculo I – pag. 392

Exemplo – estudo da função f(x) = x2/(x − 1) (continuação)

Por outro lado,

limx→−∞

f(x)x

= limx→−∞

x2

x2 − x= lim

x→−∞x2

x2(1 − 1/x)= lim

x→−∞1

1 − 1/x= 1

e

limx→−∞

f(x) − x = limx→−∞

x2

x − 1− x = lim

x→−∞x2 − x2 + x

x − 1

= limx→−∞

x

x(1 − 1/x)= lim

x→−∞1

1 − 1/x= 1,

o que mostra que a recta de equação

y = x + 1

também é uma assímptota não vertical à esquerda do gráfico de f .

§3.3.4 Estudo e esboço do gráfico de uma função Cálculo I – pag. 393

Exemplo – estudo da função f(x) = x2/(x − 1) (continuação)

Por outro lado, tendo em conta que o domínio de f é R \ {1} e que f éuma função contínua, a única possibilidade para assímptota vertical aográfico de f é a recta de equação x = 1. Como

limx→1+

f(x) = limx→1+

x2

x − 1=

10+ = +∞

e

limx→1−

f(x) = limx→1−

x2

x − 1=

10− = −∞,

a recta de equaçãox = 1

é de facto uma assímptota vertical ao gráfico de f .

Estamos em condições de esboçar o gráfico de f .

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§3.3.4 Estudo e esboço do gráfico de uma função Cálculo I – pag. 394

Exemplo – estudo da função f(x) = x2/(x − 1) (continuação)

2

4

1

−11

Índice Cálculo I – pag. 395

1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos

2 Funções reais de variável real: limites e continuidade

3 Cálculo diferencial em R

Derivadas, regras de derivação e exemplosTeoremas fundamentais do cálculo diferencialAplicações do cálculo diferencial

Regra de CauchyMonotonia e extremos locaisConvexidade e pontos de inflexãoEstudo e esboço do gráfico de uma funçãoProblemas de máximos e mínimos

4 Cálculo integral em R

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§3.3.5 Problemas de máximos e mínimos Cálculo I – pag. 396

Problema 1

Pretende-se fabricar uma caixa, sem tampa, de base quadrada e comum volume de 27 cm3. Se o custo do material usado para a fabricaçãoda superfície lateral é metade do custo do material da base, e se não háperda de material, determine as dimensões que minimizam o custo.

Resolução do Problema 1

Sejam ℓ o comprimento do lado do quadrado da base do recipiente e ha sua altura. Se designarmos por a o preço de 1 cm2 do material dabase, o custo de cada recipiente é dado por

C = ℓ2a + 4ℓha

2= ℓ2a + 2ℓha.

§3.3.5 Problemas de máximos e mínimos Cálculo I – pag. 397

Resolução do Problema 1 (continuação)

Como a capacidade do recipiente é 27 cm3, temos

V = 27 ⇔ ℓ2h = 27 ⇔ h = 27/ℓ2

e, por conseguinte, o custo é dado por

C = ℓ2a + 2ℓha = ℓ2a + 2ℓ27ℓ2 a = ℓ2a +

54a

ℓ.

Para minimizarmos o custo temos de derivar (em ordem a ℓ)

C ′ = 2ℓa − 54a

ℓ2 =2ℓ3a − 54a

ℓ2 .

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§3.3.5 Problemas de máximos e mínimos Cálculo I – pag. 398

Resolução do Problema 1 (continuação)

Assim,

C ′ = 0 ⇔ 2ℓ3a − 54a

ℓ2 = 0

⇔ 2ℓ3a − 54a = 0 ∧ ℓ2 6= 0

⇔ ℓ3 =54a

2a∧ ℓ 6= 0

⇔ ℓ3 =542

∧ ℓ 6= 0

⇔ ℓ3 = 27 ∧ ℓ 6= 0

⇔ ℓ = 3 ∧ ℓ 6= 0

⇔ ℓ = 3.

§3.3.5 Problemas de máximos e mínimos Cálculo I – pag. 399

Resolução do Problema 1 (continuação)

Fazendo um quadro de sinal temos

ℓ 0 3

2ℓ3a − 54a N.D. − 0 +

ℓ2 N.D. + + +

C ′ N.D. − 0 +

C N.D. ց m ր

o que mostra que para ℓ = 3 temos o custo mínimo. Ora se ℓ = 3, então

h =27ℓ2 =

2732 =

279

= 3.

Portanto, as dimensões que minimizam o custo são ℓ = 3 e h = 3.

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§3.3.5 Problemas de máximos e mínimos Cálculo I – pag. 400

Problema 2

Uma bateria de voltagem fixa V e resistência interna fixa r está ligadaa um circuito de resistência variável R. Pela lei de Ohm, a corrente Ino circuito é

I =V

R + r.

Se a potência resultante é dada por P = I2R, mostre que a potênciamáxima ocorre se R = r.

Resolução do Problema 2

De P = I2R, temos P =(

V

R + r

)2

R =V 2R

(R + r)2 . Assim, o que temos

de fazer é calcular os extremos locais da função

P (R) =V 2R

(R + r)2 .

§3.3.5 Problemas de máximos e mínimos Cálculo I – pag. 401

Resolução do Problema 2 (continuação)

Derivando a função P (R) =V 2R

(R + r)2 temos

P ′(R) =V 2 (R + r)2 − 2 (R + r) V 2R

(R + r)4

=V 2 (R + r) − 2V 2R

(R + r)3

=V 2r − V 2R

(R + r)3

=V 2 (r − R)

(R + r)3

e, portanto,P ′(R) = 0 ⇔ R = r.

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§3.3.5 Problemas de máximos e mínimos Cálculo I – pag. 402

Resolução do Problema 2 (continuação)

Para verificarmos queR = r

é um ponto de máximo local, atendendo a que

P ′(R) =V 2 (r − R)

(R + r)3 ,

podemos fazer o seguinte quadro

R r

P ′(R) + 0 −P (R) ր M ց

Índice Cálculo I – pag. 403

1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos

2 Funções reais de variável real: limites e continuidade

3 Cálculo diferencial em R

4 Cálculo integral em R

Integral de Riemann: definição, propriedades e exemplosTeorema Fundamental do CálculoPrimitivas imediatasAplicação ao cálculo de áreas de regiões planasTécnicas de primitivação e de integraçãoOutras aplicaçõesIntegrais impróprios

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Índice Cálculo I – pag. 404

1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos

2 Funções reais de variável real: limites e continuidade

3 Cálculo diferencial em R

4 Cálculo integral em R

Integral de Riemann: definição, propriedades e exemplosTeorema Fundamental do CálculoPrimitivas imediatasAplicação ao cálculo de áreas de regiões planasTécnicas de primitivação e de integraçãoOutras aplicaçõesIntegrais impróprios

§4.1 Integral de Riemann: definição, propriedades e exemplos Cálculo I – pag. 405

Seja [a, b] um intervalo de R com mais do que um ponto, ou seja,a < b. Chama-se partição de [a, b] a todo o subconjunto

P = {x0, x1, . . . , xn−1, xn}

coma = x0 < x1 < . . . < xn−1 < xn = b.

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§4.1 Integral de Riemann: definição, propriedades e exemplos Cálculo I – pag. 406

Sejaf : [a, b] → R

uma função limitada. Para cada partição

P = {x0, x1, . . . , xn−1, xn}

de [a, b], usa-se a notação

mi = mi(f, P ) = inf {f(x) : x ∈ [xi−1, xi]}

eMi = Mi(f, P ) = sup {f(x) : x ∈ [xi−1, xi]} ,

i = 1, . . . , n.

§4.1 Integral de Riemann: definição, propriedades e exemplos Cálculo I – pag. 407

Designa-se por soma inferior da função f relativa à partição P aonúmero

s(f, P ) =n∑

i=1

mi(f, P ) (xi − xi−1) .

Do mesmo modo, chamamos soma superior da função f relativa àpartição P ao número

S(f, P ) =n∑

i=1

Mi(f, P ) (xi − xi−1) .

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§4.1 Integral de Riemann: definição, propriedades e exemplos Cálculo I – pag. 408

x

y

a b

b

b

qx0

x1 x2 x3 x4 x5 x6 x7q

x8

m1 b

bm2=m4=m8

b

b

m3

m5

m6

m7

b

b

Interpretação geométrica das somas inferioresde uma função f : [a, b] → R

§4.1 Integral de Riemann: definição, propriedades e exemplos Cálculo I – pag. 409

x

y

a b

b

b

qx0

x1 x2 x3 x4 x5 x6 x7q

x8

b

b

Interpretação geométrica das somas superioresde uma função f : [a, b] → R

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§4.1 Integral de Riemann: definição, propriedades e exemplos Cálculo I – pag. 410

Exemplos de somas superiores e de somas inferiores

a) Consideremos a função f : [a, b] → R a função definida por f(x) = c,c ∈ R. Dada uma partição P = {x0, x1, . . . , xn−1, xn} de [a, b], temos

mi(f, P ) = c e Mi(f, P ) = c

e, portanto,

s(f, P ) =n∑

i=1

mi(f, P ) (xi − xi−1) =n∑

i=1

c (xi − xi−1)

= c

n∑

i=1

(xi − xi−1) = c (b − a)

e

S(f, P ) =n∑

i=1

Mi(f, P ) (xi − xi−1) =n∑

i=1

c (xi − xi−1)

= cn∑

i=1

(xi − xi−1) = c (b − a).

§4.1 Integral de Riemann: definição, propriedades e exemplos Cálculo I – pag. 411

Exemplos de somas superiores e de somas inferiores (continuação)

b) Sejaf : [0, 1] → R

a função definida por

f(x) =

{

0 se x ∈ [0, 1] ∩ Q,

1 se x ∈ [0, 1] ∩ (R \ Q) .

Dada uma partição P de [0, 1], atendendo a que

mi(f, P ) = 0 e Mi(f, P ) = 1,

temos ques(f, P ) = 0 e S(f, P ) = 1.

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§4.1 Integral de Riemann: definição, propriedades e exemplos Cálculo I – pag. 412

Uma funçãof : [a, b] → R

limitada diz-se integrável à Riemann em [a, b] se e só se existir um eum só número A tal que

s(f, P ) 6 A 6 S(f, P ) para qualquer partição P de [a, b].

O único número A que verifica a desigualdade anterior designa-se porintegral de Riemann de f em [a, b] e representa-se por

∫ b

af(x) dx.

§4.1 Integral de Riemann: definição, propriedades e exemplos Cálculo I – pag. 413

Exemplos do integral de Riemann

a) Consideremos novamente a função f : [a, b] → R definida porf(x) = c. Já vimos que para qualquer partição P de [a, b] tem-se

s(f, P ) = c (b − a) = S(f, P ).

Assim,

s(f, P ) 6 c (b − a) 6 S(f, P ) para qualquer partição P de [a, b]

e

c (b − a)

é o único número real que verifica as estas desigualdades. Logo f éintegrável à Riemann em [a, b] e

∫ b

af(x) dx = c (b − a).

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§4.1 Integral de Riemann: definição, propriedades e exemplos Cálculo I – pag. 414

Exemplos do integral de Riemann (continuação)

b) Já vimos que para a função

f : [0, 1] → R,definida por

f(x) =

{

0 se x ∈ [0, 1] ∩ Q,

1 se x ∈ [0, 1] ∩ (R \ Q) ,

se tems(f, P ) = 0 e S(f, P ) = 1

qualquer que seja a partição P de [0, 1]. Portanto, se A ∈ [0, 1]tem-se

0 = s(f, P ) 6 A 6 S(f, P ) = 1

para qualquer partição P de [0, 1], o que mostra que f não éintegrável à Riemann em [0, 1].

§4.1 Integral de Riemann: definição, propriedades e exemplos Cálculo I – pag. 415

Propriedades dos integrais

Sejam a e b números reais tais que a < b.

a) Sef, g : [a, b] → R

são funções integráveis em [a, b], então f + g é integrável em [a, b] e∫ b

a[f(x) + g(x)] dx =

∫ b

af(x) dx +

∫ b

ag(x) dx.

b) Se λ é um número real e

f : [a, b] → R

é uma função integrável em [a, b], então λ f é integrável em [a, b] e∫ b

aλ f(x) dx = λ

∫ b

af(x) dx.

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§4.1 Integral de Riemann: definição, propriedades e exemplos Cálculo I – pag. 416

Propriedades dos integrais (continuação)

c) Se a, b e c são números reais tais que a < c < b e

f : [a, b] → R

uma função limitada, então f é integrável em [a, b] se e só se f éintegrável em [a, c] e em [c, b]. Além disso,

∫ b

a

f(x) dx =∫ c

a

f(x) dx +∫ b

c

f(x) dx.

d) Se

f, g : [a, b] → R

são duas funções integráveis em [a, b] tais que

f(x) 6 g(x) para cada x ∈ [a, b],

então∫ b

a

f(x) dx 6

∫ b

a

g(x) dx.

§4.1 Integral de Riemann: definição, propriedades e exemplos Cálculo I – pag. 417

Propriedades dos integrais (continuação)

e) Sejaf : [a, b] → R

uma função integrável. Então |f | é integrável em [a, b] e∣∣∣∣∣

∫ b

af(x) dx

∣∣∣∣∣6

∫ b

a|f(x)| dx.

f) Toda a função contínua f : [a, b] → R é integrável em [a, b].

g) As funções f : [a, b] → R contínuas excepto num número finito depontos de [a, b] são integráveis em [a, b].

h) Toda a função monótona f : [a, b] → R é integrável em [a, b].

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Índice Cálculo I – pag. 418

1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos

2 Funções reais de variável real: limites e continuidade

3 Cálculo diferencial em R

4 Cálculo integral em R

Integral de Riemann: definição, propriedades e exemplosTeorema Fundamental do CálculoPrimitivas imediatasAplicação ao cálculo de áreas de regiões planasTécnicas de primitivação e de integraçãoOutras aplicaçõesIntegrais impróprios

§4.2 Teorema Fundamental do Cálculo Cálculo I – pag. 419

No que se segue vamos fazer as seguintes convenções∫ a

af(x) dx = 0

e∫ a

bf(x) dx = −

∫ b

af(x) dx.

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§4.2 Teorema Fundamental do Cálculo Cálculo I – pag. 420

Teorema Fundamental do Cálculo

Sejam a, b ∈ R tais que a < b e

f : [a, b] → R

uma função integrável. Então a função

F : [a, b] → R

definida por

F (x) =∫ x

af(t) dt

é contínua em [a, b]. Além disso, se f é contínua num ponto c ∈ [a, b],então F é diferenciável em c e

F ′(c) = f(c).

§4.2 Teorema Fundamental do Cálculo Cálculo I – pag. 421

Corolário do Teorema Fundamental do Cálculo

Se a e b são números reais tais que a < b e

f : [a, b] → R

é uma função contínua, então existe uma função real de variável realdefinida e diferenciável em [a, b] e cuja derivada é a função f . Alémdisso, se

F : [a, b] → R

é tal queF ′(x) = f(x) para qualquer x ∈ [a, b],

então∫ b

af(x) dx = F (b) − F (a).

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§4.2 Teorema Fundamental do Cálculo Cálculo I – pag. 422

A igualdade∫ b

af(x) dx = F (b) − F (a)

designa-se por fórmula de Barrow e é costume usar a seguintenotação

[

F (x)]b

a= F (b) − F (a),

ou seja,∫ b

af(x) dx =

[

F (x)]b

a= F (b) − F (a) ,

onde, como vimos atrás,F : [a, b] → R

é uma função diferenciável cuja derivada é a função contínua f .

§4.2 Teorema Fundamental do Cálculo Cálculo I – pag. 423

A fórmula de Barrow é válida em condições mais gerais.

Fórmula de Barrow

Sejam a e b números reais tais que a < b e

f : [a, b] → R

uma função integrável à Riemann em [a, b] e suponhamos que existe

F : [a, b] → R

tal queF ′(x) = f(x) para qualquer x ∈ [a, b].

Então∫ b

af(x) dx =

[

F (x)]b

a= F (b) − F (a).

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§4.2 Teorema Fundamental do Cálculo Cálculo I – pag. 424

Exemplos

a) Calculemos∫ 1

0x2 dx.

Pelo que vimos anteriormente, para calcularmos o integral dado,basta descobrir uma função cuja derivada seja a função

f(x) = x2.

Como a derivada da função dada por

F (x) =x3

3,

é a função f , temos

∫ 1

0x2 dx =

[

x3

3

]1

0

=13

3− 03

3=

13

.

y = x2

1

1

§4.2 Teorema Fundamental do Cálculo Cálculo I – pag. 425

Exemplos (continuação)

b) Calculemos agora∫ π/2

0

cos x dx. Então∫ π/2

0

cos x dx =[

sen x]π/2

0

= senπ

2− sen 0

= 1 − 0

= 1.

y = cos x

π/2

1

c) Obviamente também se tem∫ π/2

0

sen x dx =[

− cos x]π/2

0

= − cosπ

2− (− cos 0)

= 0 − (−1)

= 1.

y = sen x

π/2

1

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§4.2 Teorema Fundamental do Cálculo Cálculo I – pag. 426

Exemplos (continuação)

d) ∫ 2

1

1x3 dx =

∫ 2

1x−3 dx

=

[

x−2

−2

]2

1

=[

− 12x2

]2

1

= − 12 · 22 −

(

− 12 · 12

)

= −18

+12

=38

y =1

x3

1

1

21/8

§4.2 Teorema Fundamental do Cálculo Cálculo I – pag. 427

Exemplos (continuação)

e) ∫√

3

0

1√4 − x2

dx =12

∫√

3

0

1√

1 − x2/4dx

=12

∫√

3

0

1√

1 − (x/2)2dx

=∫

√3

0

1/2√

1 − (x/2)2dx

=[

arc senx

2

]√

3

0

= arc sen

√3

2− arc sen

02

3− 0 =

π

3

y =1√

4 − x2

√3

1

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§4.2 Teorema Fundamental do Cálculo Cálculo I – pag. 428

Exemplos (continuação)

f) ∫ 3√2

0

x2

4 + x6 dx =14

∫ 3√2

0

x2

1 + x6/4dx =

14

∫ 3√2

0

x2

1 + (x3/2)2 dx

=14

23

∫ 3√2

0

3x2/21 + (x3/2)2 dx =

16

[

arc tgx3

2

] 3√2

0

=16

[

arc tg( 3√

2)3

2− arc tg

03

2

]

=16

[arc tg 1 − arc tg 0]

=16

4− 0

)

24y =

x2

4 + x6

3√

2

Índice Cálculo I – pag. 429

1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos

2 Funções reais de variável real: limites e continuidade

3 Cálculo diferencial em R

4 Cálculo integral em R

Integral de Riemann: definição, propriedades e exemplosTeorema Fundamental do CálculoPrimitivas imediatasAplicação ao cálculo de áreas de regiões planasTécnicas de primitivação e de integraçãoOutras aplicaçõesIntegrais impróprios

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§4.3 Primitivas imediatas Cálculo I – pag. 430

Sejam I um intervalo ef : I → R

uma função. Chama-se primitiva de f em I a toda a função

F : I → R

tal queF ′(x) = f(x) para qualquer x ∈ I.

Diz-se que f é primitivável em I quando f possui pelo menos umaprimitiva.

§4.3 Primitivas imediatas Cálculo I – pag. 431

Exemplos

a) Uma primitiva da função f : R → R dada por

f(x) = x

é a função F : R → R definida por

F (x) =x2

2.

b) Dum modo mais geral, dado n ∈ N, uma primitiva da funçãof : R → R definida por

f(x) = xn

é a função F : R → R definida por

F (x) =xn+1

n + 1.

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§4.3 Primitivas imediatas Cálculo I – pag. 432

Sejam I um intervalo eF : I → R

uma primitiva de uma função

f : I → R.

Então, para qualquer c ∈ R, a função

F + c

é também uma primitiva de f .

Reciprocamente, qualquer outra primitiva de f é da forma

F + c, c ∈ R.

§4.3 Primitivas imediatas Cálculo I – pag. 433

O conjunto das primitivas de uma função f : I → R representa-se por∫

f(x) dx.

Tendo em conta o que vimos anteriormente, se F : I → R é uma primitiva def temos ∫

f(x) dx = {F (x) + c : c ∈ R} .

Por uma questão de simplicidade de escrita escrevemos apenas∫

f(x) dx = F (x) + c.

Assim,∫

x dx =x2

2+ c

e de um modo mais geral, para n ∈ N, tem-se∫

xn dx =xn+1

n + 1+ c.

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§4.3 Primitivas imediatas Cálculo I – pag. 434

Se f e g são duas funções primitiváveis num intervalo I e k ∈ R \ {0},então

f(x) + g(x) dx =∫

f(x) dx +∫

g(x) dx

e

kf(x) dx = k

f(x) dx.

Assim,∫

anxn + an−1xn−1 + · · · + a1x + a0 dx

= anxn+1

n + 1+ an−1

xn

n+ · · · + a1

x2

2+ a0x + c.

§4.3 Primitivas imediatas Cálculo I – pag. 435

Nem todas as funções são primitiváveis. Por exemplo, a funçãof : R → R definida por

f(x) =

{

1 se x > 0,

0 se x < 0,

não é primitivável em R, pois se F fosse uma primitiva de f , arestrição de F ao intervalo ]0, +∞[ seria uma função da forma x + c e arestrição de F ao intervalo ] − ∞, 0[ seria da forma d. Assim a restriçãode F a R \ {0} seria

F (x) =

{

x + c se x > 0;

d se x < 0;

e independentemente do valor que se dê a F (0), a função F não éderivável em x = 0, o que contradiz o facto de F ser uma primitiva def .

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§4.3 Primitivas imediatas Cálculo I – pag. 436

Já sabemos que para qualquer x > 0 se tem

(ln x)′ =1x

e se x < 0 tem-se

[ln (−x)]′ =(−x)′

−x=

−1−x

=1x

.

Assim, uma primitiva da função f(x) =1x

em R \ {0} é a função ln |x|. No

entanto, as funções do tipoln |x| + c

não nos dão todas as primitivas de f(x) =1x

. Para obtermos todas as

primitivas de f temos de considerar todas as funções da forma{

ln x + c1 se x > 0;ln (−x) + c2 se x < 0.

§4.3 Primitivas imediatas Cálculo I – pag. 437

Por uma questão de simplicidade passamos a representar todas asfunções da forma

{

ln x + c1 se x > 0;

ln (−x) + c2 se x < 0.

porln |x| + c,

ou seja,∫

1x

dx = ln |x| + c.

O que foi feito para esta função será feito relativamente a todas asfunções cujo domínio é a reunião de dois ou mais intervalos e o fechode cada um desses intervalos não intersecta o(s) outro(s) intervalo(s).

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§4.3 Primitivas imediatas Cálculo I – pag. 438

xα dx =xα+1

α + 1+ c

α 6= −1

u′(x) [u(x)]α dx =[u(x)]α+1

α + 1+ c

α 6= −1∫

1x

dx = ln |x| + c

∫u′(x)u(x)

dx = ln |u(x)| + c

ex dx = ex +c

u′(x) eu(x) dx = eu(x) +c

ax dx =ax

ln a+ c, a > 0

u′(x)au(x) dx =au(x)

ln a+ c, a > 0

sen x dx = − cos x + c

u′(x) sen [u(x)] dx = − cos [u(x)] + c

cos x dx = sen x + c

u′(x) cos [u(x)] dx = sen [u(x)] + c

§4.3 Primitivas imediatas Cálculo I – pag. 439

∫1

cos2 xdx = tg x + c

∫u′(x)

cos2 [u(x)]dx = tg [u(x)] + c

∫1

sen2 xdx = − cotg x + c

∫u′(x)

sen2 [u(x)]dx = − cotg [u(x)] + c

senh x dx = cosh x + c

u′(x) senh [u(x)] dx = cosh [u(x)]+c

cosh x dx = senh x + c

u′(x) cosh [u(x)] dx = senh [u(x)]+c

∫1√

a2 − x2dx = arc sen

x

a+ c

∫u′(x)

a2 − [u(x)]2dx = arc sen

u(x)a

+c

∫1

a2 + x2dx =

1a

arc tgx

a+ c

∫u′(x)

a2 + [u(x)]2dx =

1a

arc tgu(x)

a+ c

a ∈ ]0, +∞[

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Índice Cálculo I – pag. 440

1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos

2 Funções reais de variável real: limites e continuidade

3 Cálculo diferencial em R

4 Cálculo integral em R

Integral de Riemann: definição, propriedades e exemplosTeorema Fundamental do CálculoPrimitivas imediatasAplicação ao cálculo de áreas de regiões planasTécnicas de primitivação e de integraçãoOutras aplicaçõesIntegrais impróprios

§4.4 Aplicação ao cálculo de áreas de regiões planas Cálculo I – pag. 441

Sejaf : [a, b] → R uma função integrável

tal quef(x) > 0 para qualquer x ∈ [a, b].

x

y

b

by = f(x)

a b

b

b

b

b

A =∫ b

af(x) dx

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§4.4 Aplicação ao cálculo de áreas de regiões planas Cálculo I – pag. 442

Sejaf : [a, b] → R uma função integrável

tal quef(x) 6 0 para qualquer x ∈ [a, b].

x

y

y = f(x)

b

b

a b

b

b

b

b

A = −∫ b

af(x) dx

§4.4 Aplicação ao cálculo de áreas de regiões planas Cálculo I – pag. 443

Seja f : [a, b] → R uma função integrável tal que existe c ∈ ]a, b[ tal que

f(x) > 0 para qualquer x ∈ [a, c]e

f(x) 6 0 para qualquer x ∈ [c, b].

x

y

b

b

y = f(x)

a

b

b

b

b

b

c

A =∫ c

af(x) dx −

∫ b

cf(x) dx

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§4.4 Aplicação ao cálculo de áreas de regiões planas Cálculo I – pag. 444

Sejamf, g : [a, b] → R funções integráveis

tais quef(x) > g(x) para qualquer x ∈ [a, b].

x

y

b

b

y = f(x)

b b

y = g(x)

a b

b

b

b b

b

b

b b

A =∫ b

af(x) − g(x) dx

§4.4 Aplicação ao cálculo de áreas de regiões planas Cálculo I – pag. 445

Sejam f, g : [a, b] → R funções integráveis e seja c ∈ ]a, b[ tal que

f(x) > g(x) para qualquer x ∈ [a, c]

e

f(x) 6 g(x) para qualquer x ∈ [c, b].

x

yy = f(x)

b

b

y = g(x)

b

b

a b

b

b

b

bb

b

b

b

c

A =∫ c

a

f(x) − g(x) dx +∫ b

c

g(x) − f(x) dx

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§4.4 Aplicação ao cálculo de áreas de regiões planas Cálculo I – pag. 446

Exemplos do cálculo da área de regiões planas

a) Calculemos a área da região plana limitada pelas rectas de equação

y = x, y = 2 − x e x = 0.

Como nenhuma destas rectas é paralela às outras duas, a região plana deque queremos calcular a área é um triângulo. Calculemos os vértices dessetriângulo. Para isso temos de resolver os seguintes sistemas:

{

y = x

y = 2 − x⇔{

2 − x = x

——⇔{

2 = 2x

——⇔{

x = 1y = 1

{

y = x

x = 0⇔{

y = 0x = 0

{

y = 2 − x

x = 0⇔{

y = 2x = 0

Assim, a região plana de que queremos calcular a área é o triângulo devértices (1, 1), (0, 0) e (0, 2).

§4.4 Aplicação ao cálculo de áreas de regiões planas Cálculo I – pag. 447

Exemplos do cálculo da área de regiões planas

a) (continuação) Façamos a representação geométrica da região ecalculemos a sua área.

x

y

b

1

1

b

b2

y = x

b

b

b

y = 2 − x

b

b

b

b

b

b

Assim, a área do triângulo é

A =∫ 1

02 − x − x dx

=∫ 1

02 − 2x dx

=[

2x − x2]1

0

= 2 · 1 − 12 − (2 · 0 − 02)

= 1.

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§4.4 Aplicação ao cálculo de áreas de regiões planas Cálculo I – pag. 448

Exemplos do cálculo da área de regiões planas (continuação)

b) Calculemos a área da região plana limitada pela recta de equação

y = x + 2

e pela parábola de equaçãoy = x2.

Comecemos por calcular os pontos de intersecção das duas curvas:{

y = x + 2y = x2

⇔{

x2 = x + 2——

⇔{

x2 − x − 2 = 0——

Como

x2 − x − 2 = 0 ⇔ x =1 ±

√1 + 8

2⇔ x =

1 ± 32

⇔ x = 2 ∨ x = −1,

os pontos de intersecção são (2, 4) e (−1, 1).

§4.4 Aplicação ao cálculo de áreas de regiões planas Cálculo I – pag. 449

Exemplos do cálculo da área de regiões planas (continuação)

b) (continuação) Representemos geometricamente a região do plano de quequeremos calcular a área.

x

y

b

2

4

b

−1

1

y = x2b

by = x + 2

b

bb

b

1

Assim, a área é

A =∫ 2

−1

x + 2 − x2 dx

=[

x2

2+ 2x − x3

3

]2

−1

=22

2+ 2 · 2 − 23

3

−(

(−1)2

2+ 2(−1) − (−1)3

3

)

= 2 + 4 − 83

− 12

+ 2 − 13

=92

.

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§4.4 Aplicação ao cálculo de áreas de regiões planas Cálculo I – pag. 450

Exemplos do cálculo da área de regiões planas (continuação)

c) Calculemos a área da região plana limitada pelas rectas de equação

y = 2x, y =x

2e y = −x + 3.

A região do plano de que queremos calcular a área é um triângulo pois élimitada por três rectas. Calculemos os seus vértices.{

y = 2x

y = x/2⇔

{x/2 = 2x

——⇔

{x = 4x

——⇔

{−3x = 0

——⇔

{x = 0

y = 0

{y = 2x

y = −x + 3⇔

{−x + 3 = 2x

——⇔

{−3x = −3

——⇔

{x = 1

y = 2

{y = x/2

y = −x + 3⇔

{−x + 3 = x/2

——⇔

{−2x + 6 = x

——⇔

{−3x = −6

——⇔

{x = 2

y = 1

Assim, os vértices do triângulo são (0, 0), (1, 2) e (2, 1).

§4.4 Aplicação ao cálculo de áreas de regiões planas Cálculo I – pag. 451

Exemplos do cálculo da área de regiões planas (continuação)

c) (continuação) Representemos geometricamente o triângulo e calculemos asua área.

x

y

b

b

1

2

b

2

1

y = 2x

b

b

b

y =x

2

b

b

b

y = −x + 3

b

b

b

b

b

b

A =

∫ 1

0

2x −x

2dx +

∫ 2

1

−x + 3 −x

2dx

=

∫ 1

0

3x

2dx +

∫ 2

1

−3x

2+ 3 dx

=3

2

∫ 1

0

x dx −3

2

∫ 2

1

x dx + 3

∫ 2

1

1 dx

=3

2

[x2

2

]1

0−

3

2

[x2

2

]2

1+ 3[

x]2

1

=3

2

(1

2− 0)

−3

2

(4

2−

1

2

)

+ 3 (2 − 1)

=3

4−

9

4+ 3

=3

2.

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Índice Cálculo I – pag. 452

1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos

2 Funções reais de variável real: limites e continuidade

3 Cálculo diferencial em R

4 Cálculo integral em R

Integral de Riemann: definição, propriedades e exemplosTeorema Fundamental do CálculoPrimitivas imediatasAplicação ao cálculo de áreas de regiões planasTécnicas de primitivação e de integração

Primitivação e integração por partesPrimitivação e integração por substituiçãoPrimitivação e integração de funções racionais

Outras aplicaçõesIntegrais impróprios

Índice Cálculo I – pag. 453

1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos

2 Funções reais de variável real: limites e continuidade

3 Cálculo diferencial em R

4 Cálculo integral em R

Integral de Riemann: definição, propriedades e exemplosTeorema Fundamental do CálculoPrimitivas imediatasAplicação ao cálculo de áreas de regiões planasTécnicas de primitivação e de integração

Primitivação e integração por partesPrimitivação e integração por substituiçãoPrimitivação e integração de funções racionais

Outras aplicaçõesIntegrais impróprios

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§4.5.1 Primitivação e integração por partes Cálculo I – pag. 454

Sejam I um intervalo ef, g : I → R

duas funções diferenciáveis em I. Como

[f(x) g(x)]′ = f ′(x) g(x) + f(x) g′(x)

tem-sef ′(x) g(x) = [f(x) g(x)]′ − f(x) g′(x).

Assim, f ′ g é primitivável se e só se f g′ o é e∫

f ′(x) g(x) dx =∫

[f(x) g(x)]′ dx −∫

f(x) g′(x) dx,

ou seja,∫

f ′(x) g(x) dx = f(x) g(x) −∫

f(x) g′(x) dx

que é a fórmula de primitivação por partes.

§4.5.1 Primitivação e integração por partes Cálculo I – pag. 455

Exemplos de primitivação por partes:∫

f ′(x)g(x) dx = f(x)g(x) −∫

f(x)g′(x) dx

a) Calculemos por partes∫

x sen x dx:∫ f ′(x)︷︸︸︷

x

g(x)︷ ︸︸ ︷sen x dx =

x2

2sen x −

∫x2

2(sen x)′

dx =x2

2sen x −

∫x2

2cos x dx.

A primitiva que agora temos de calcular é mais complicada do que ainicial. No entanto, trocando os papeis das funções temos

x sen x dx =∫ f ′(x)︷ ︸︸ ︷sen x ·

g(x)︷︸︸︷

x dx

= (− cos x) x −∫

(− cos x) x′ dx

= −x cos x −∫

(− cos x) dx

= −x cos x +∫

cos x dx

= −x cos x + sen x + c.

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§4.5.1 Primitivação e integração por partes Cálculo I – pag. 456

Exemplos de primitivação por partes:∫

f ′(x)g(x) dx = f(x)g(x) −∫

f(x)g′(x) dx

b) Para primitivarmos a função ln x temos de primitivar por partes:

ln x dx =∫

f ′(x)︷︸︸︷

1 ·g(x)︷︸︸︷

ln x dx

= x ln x −∫

x (ln x)′ dx

= x ln x −∫

x1x

dx

= x ln x −∫

1 dx

= x ln x − x + c

§4.5.1 Primitivação e integração por partes Cálculo I – pag. 457

Exemplos de primitivação por partes:∫

f ′(x)g(x) dx = f(x)g(x) −∫

f(x)g′(x) dx

c) Vejamos como primitivar a função arc tg x:

arc tg x dx =∫

f ′(x)︷︸︸︷

1 ·g(x)

︷ ︸︸ ︷

arc tg x dx

= x arc tg x −∫

x (arc tg x)′ dx

= x arc tg x −∫

x1

1 + x2 dx

= x arc tg x −∫

x

1 + x2 dx

= x arc tg x − 12

∫2x

1 + x2 dx

= x arc tg x − 12

ln∣∣∣1 + x2

∣∣∣ + c

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§4.5.1 Primitivação e integração por partes Cálculo I – pag. 458

Exemplos de primitivação por partes:∫

f ′(x)g(x) dx = f(x)g(x) −∫

f(x)g′(x) dx

d) A primitiva de arc sen x calcula-se de forma semelhante:

arc sen x dx =∫

f ′(x)︷︸︸︷

1 ·g(x)

︷ ︸︸ ︷arc sen x dx

= x arc sen x −∫

x (arc sen x)′ dx

= x arc sen x −∫

x1√

1 − x2dx

= x arc sen x −∫

x√1 − x2

dx

= x arc sen x +12

−2x(

1 − x2)−1/2

dx

= x arc sen x +12

(1 − x2)1/2

1/2+ c

= x arc sen x +√

1 − x2 + c

§4.5.1 Primitivação e integração por partes Cálculo I – pag. 459

Exemplos de primitivação por partes:∫

f ′(x)g(x) dx = f(x)g(x) −∫

f(x)g′(x) dx

e) Primitivando por partes a função sen2 x temos

sen2 x dx =∫ f ′(x)︷ ︸︸ ︷sen x

g(x)︷ ︸︸ ︷sen x dx

= − cos x sen x −∫

− cos x (sen x)′ dx

= − cos x sen x −∫

− cos x cos x dx

= − sen x cos x +∫

cos2 x dx

= − sen x cos x +∫

1 − sen2 x dx

= − sen x cos x + x −∫

sen2 x dx.

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§4.5.1 Primitivação e integração por partes Cálculo I – pag. 460

Exemplos de primitivação por partes:∫

f ′(x)g(x) dx = f(x)g(x) −∫

f(x)g′(x) dx

e) (continuação) Fazendo I =∫

sen2 x dx em∫

sen2 x dx = − sen x cos x + x −∫

sen2 x dx

tem-seI = − sen x cos x + x − I

o que implica2I = − sen x cos x + x

e, portanto,I = −sen x cos x

2+

x

2.

Assim, ∫

sen2 x dx = −sen x cos x

2+

x

2+ c.

§4.5.1 Primitivação e integração por partes Cálculo I – pag. 461

Exemplos de primitivação por partes:∫

f ′(x)g(x) dx = f(x)g(x) −∫

f(x)g′(x) dx

f) Primitivemos por partes a função ex sen x:

∫f ′(x)︷︸︸︷

ex

g(x)︷ ︸︸ ︷sen x dx = ex sen x −

ex(sen x)′ dx

= ex sen x −∫

ex cos x dx

= ex sen x −∫

f ′(x)︷︸︸︷

ex

g(x)︷ ︸︸ ︷cos x dx

= ex sen x −(

ex cos x −∫

ex(cos x)′ dx

)

= ex sen x − ex cos x +∫

ex(− sen x) dx

= ex sen x − ex cos x −∫

ex sen x dx

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§4.5.1 Primitivação e integração por partes Cálculo I – pag. 462

Exemplos de primitivação por partes:∫

f ′(x)g(x) dx = f(x)g(x) −∫

f(x)g′(x) dx

f) (continuação) De∫

ex sen x dx = ex sen x − ex cos x −∫

ex sen x dx

concluímos que

2∫

ex sen x dx = ex sen x − ex cos x

e, portanto,∫

ex sen x dx =ex

2(sen x − cos x) + c.

§4.5.1 Primitivação e integração por partes Cálculo I – pag. 463

Integração por partes

Sejam a e b números reais tais a < b e

f, g : [a, b] → R

funções diferenciáveis com derivadas integráveis. Então

∫ b

af ′(x)g(x) dx =

[

f(x)g(x)]b

a−∫ b

af(x)g′(x) dx.

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§4.5.1 Primitivação e integração por partes Cálculo I – pag. 464

Exemplos de integração por partes:∫ b

af ′(x)g(x) dx = [ f(x)g(x) ]ba −

∫ b

af(x)g′(x) dx

a) Calculemos∫ e

1ln x dx. Então

∫ e

1ln x dx =

∫ e

1

f ′(x)︷︸︸︷

1 ·g(x)︷︸︸︷

ln x dx

=[

x ln x]e

1−∫ e

1x (ln x)′ dx

= e · ln e − 1 · ln 1 −∫ e

1x

1x

dx

= e − 0 −∫ e

11 dx

= e −[

x]e

1

= e − (e −1)

= 1.

§4.5.1 Primitivação e integração por partes Cálculo I – pag. 465

Exemplos de integração por partes:∫ b

af ′(x)g(x) dx = [ f(x)g(x) ]ba −

∫ b

af(x)g′(x) dx

b) ∫ π

0x cos x dx =

∫ π

0

f ′(x)︷ ︸︸ ︷cos x ·

g(x)︷︸︸︷x dx

=[

(sen x) x]π

0−∫ π

0(sen x) x′ dx

= (sen π) π − (sen 0) 0 −∫ π

0sen x dx

=∫ π

0− sen x dx

=[

cos x]π

0

= cos π − cos 0

= −1 − 1 = −2.

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§4.5.1 Primitivação e integração por partes Cálculo I – pag. 466

Exemplos de integração por partes:∫ b

af ′(x)g(x) dx = [ f(x)g(x) ]ba −

∫ b

af(x)g′(x) dx

c)∫ 2

0x2 ex dx =

∫ 2

0

f ′(x)︷︸︸︷

ex

g(x)︷︸︸︷

x2 dx

=[

ex x2]2

0−∫ 2

0ex (x2)′ dx

= e2 22 − e0 02 − 2∫ 2

0

f ′(x)︷︸︸︷

ex

g(x)︷︸︸︷x dx

= 4 e2 − 2([

ex x]2

0−∫ 2

0ex x′ dx

)

= 4 e2 − 2(

e2 2 − e0 0 −∫ 2

0ex dx

)

= 2[

ex]2

0= 2

(

e2 − e0)

= 2 e2 −2

§4.5.1 Primitivação e integração por partes Cálculo I – pag. 467

Exemplos de integração por partes:∫ b

af ′(x)g(x) dx = [ f(x)g(x) ]ba −

∫ b

af(x)g′(x) dx

d) Calculemos∫ π/2

0cos x ex dx:

∫ π/2

0

f ′(x)︷ ︸︸ ︷cos x

g(x)︷︸︸︷

ex dx =[

sen x ex]π/2

0−∫ π/2

0

sen x (ex)′dx

= senπ

2eπ/2 − sen 0 e0 −

∫ π/2

0

f ′(x)︷ ︸︸ ︷sen x

g(x)︷︸︸︷

ex dx

= eπ/2 −[

[− cos x ex

]π/2

0−∫ π/2

0

− cos x (ex)′dx

]

= eπ/2 −[

− cosπ

2eπ/2 −

(− cos 0 e0

)]

−∫ π/2

0

cos x ex dx

= eπ/2 −1 −∫ π/2

0

cos x ex dx.

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§4.5.1 Primitivação e integração por partes Cálculo I – pag. 468

Exemplos de integração por partes:∫ b

af ′(x)g(x) dx = [ f(x)g(x) ]ba −

∫ b

af(x)g′(x) dx

d) (continuação) Acabámos de ver que

∫ π/2

0cos x ex dx = eπ/2 −1 −

∫ π/2

0cos x ex dx,

e, portanto,

2∫ π/2

0cos x ex dx = eπ/2 −1,

o que implica∫ π/2

0cos x ex dx =

eπ/2 −12

.

Índice Cálculo I – pag. 469

1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos

2 Funções reais de variável real: limites e continuidade

3 Cálculo diferencial em R

4 Cálculo integral em R

Integral de Riemann: definição, propriedades e exemplosTeorema Fundamental do CálculoPrimitivas imediatasAplicação ao cálculo de áreas de regiões planasTécnicas de primitivação e de integração

Primitivação e integração por partesPrimitivação e integração por substituiçãoPrimitivação e integração de funções racionais

Outras aplicaçõesIntegrais impróprios

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§4.5.2 Primitivação e integração por substituição Cálculo I – pag. 470

Dados intervalos I e J de R, sejam

f : I → R e ϕ : J → I

funções tais que f é primitivável e ϕ é bijectiva, diferenciável eϕ′(t) 6= 0 para cada t ∈ J . Seja F : I → R uma primitiva de f . Como

(F ◦ ϕ)′ (t) = F ′ (ϕ(t)) ϕ′(t) = f (ϕ(t)) ϕ′(t)

F ◦ ϕ é uma primitiva de (f ◦ ϕ) ϕ′.

Assim, para calcular as primitivas de f(x), basta calcular as primitivasde f (ϕ(t)) ϕ′(t) e depois fazer a mudança de variável t = ϕ−1(x), ouseja,

f(x) dx =∫

f(ϕ(t)) ϕ′(t) dt

∣∣∣∣ t=ϕ−1(x).

Para primitivarmos por substituição usamos as notações

x = ϕ(t) e dx = ϕ′(t)dt.

§4.5.2 Primitivação e integração por substituição Cálculo I – pag. 471

Exemplos de primitivação por substituição

a) Para calcularmos∫√

a2 − x2 dx, a > 0, fazemos a substituição

x = a sen t

e, portanto,dx = (a sen t)′ dt = a cos t dt

o que dá∫√

a2 − x2 dx =∫ √

a2 − (a sen t)2 · a cos t dt

= a

∫√

a2 − a2 sen2 t · cos t dt

= a

∫√

a2(1 − sen2 t) · cos t dt

= a

∫ √a2 cos2 t · cos t dt

= a

a cos t · cos t dt

= a2

cos2 t dt.

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§4.5.2 Primitivação e integração por substituição Cálculo I – pag. 472

Exemplos de primitivação por substituição (continuação)

a) (continuação) Primitivando por partes∫

cos2 t dt temos

cos2 t dt =∫ f ′(t)︷︸︸︷

cos t ·g(t)︷︸︸︷

cos t dt

= sen t cos t −∫

sen t (− sen t) dt

= sen t cos t +∫

sen2 t dt

= sen t cos t +∫

1 − cos2 t dt

= sen t cos t + t −∫

cos2 t dt

e, portanto,

2∫

cos2 t dt = sen t cos t + t,

o que implica∫

cos2 t dt =sen t cos t

2+

t

2+ c

§4.5.2 Primitivação e integração por substituição Cálculo I – pag. 473

Exemplos de primitivação por substituição (continuação)

a) (continuação) Assim,∫√

a2 − x2 dx = a2∫

cos2 t dt

= a2 sen t cos t

2+ a2 t

2+ c

e atendendo a quex = a sen t,

resultat = arcsen

x

a

o que dá∫√

a2 − x2 dx =ax

2cos

(

arc senx

a

)

+a2

2arc sen

x

a+ c

=x

2

a2 − x2 +a2

2arc sen

x

a+ c

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§4.5.2 Primitivação e integração por substituição Cálculo I – pag. 474

Exemplos de primitivação por substituição (continuação)

b) Para calcularmos a primitiva∫

1

x2√

1 − x2dx

fazemos a substituiçãox = sen t

o que dá

dx = (sen t)′ dt

= cos t dt.

§4.5.2 Primitivação e integração por substituição Cálculo I – pag. 475

Exemplos de primitivação por substituição (continuação)

b) (continuação) Assim,∫

1

x2√

1 − x2dx =

∫1

sen2 t√

1 − sen2 tcos t dt

=∫

1sen2 t cos t

cos t dt

=∫

1sen2 t

dt

= − cotg t + c

= − cotg(arc sen x) + c

= −√

1 − x2

x+ c

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§4.5.2 Primitivação e integração por substituição Cálculo I – pag. 476

Exemplos de primitivação por substituição (continuação)

c) Se quisermos calcular a primitiva∫

1

(1 + x2)√

1 + x2dx

fazemos a substituição x = tg t e, portanto, dx =1

cos2 tdt, o que dá

∫1

(1 + x2)√

1 + x2dx =

∫1

(1 + tg2 t

)√

1 + tg2 t

1cos2 t

dt

=∫

11

cos2 t

√1

cos2 t

1cos2 t

dt

=∫

11/ cos t

=∫

cos t dt = sen t + c

= sen (arc tg x) + c =x√

1 + x2+ c

§4.5.2 Primitivação e integração por substituição Cálculo I – pag. 477

Exemplos de primitivação por substituição (continuação)

d) Calculemos∫

1

x2√

x2 + 4dx,

usando a substituiçãox = 2 tg t.

Entãodx = (2 tg t)′ dt =

2cos2 t

dt.

Além disso,

x2 + 4 =√

(2 tg t)2 + 4 =√

4 tg2 t + 4

=√

4(

tg2 t + 1)

= 2

1cos2 t

=2

cos t

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§4.5.2 Primitivação e integração por substituição Cálculo I – pag. 478

Exemplos de primitivação por substituição (continuação)

d) (continuação) Assim,∫

1

x2√

x2 + 4dx =

∫1

4 tg2 t2

cos t

2cos2 t

dt =14

∫1

sen2 t

cos2 t

1cos t

dt

=14

∫1

sen2 t

cos t

dt =14

cos t sen−2 t

=14

sen−1 t

−1+ c = − 1

4 sen t+ c

= − 1

4 sen(

arc tgx

2

) + c = −√

x2 + 44x

+ c.

§4.5.2 Primitivação e integração por substituição Cálculo I – pag. 479

Exemplos de primitivação por substituição (continuação)

e) Calculemos a seguinte primitiva∫

1

x2√

x2 − 1dx,

fazendo a substituição

x = sec t =1

cos t

e, portanto,

dx =(

1cos t

)′dt =

sen t

cos2 tdt.

Além disso,

x2 − 1 =

1cos2 t

− 1 =√

tg2 t = tg t.

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§4.5.2 Primitivação e integração por substituição Cálculo I – pag. 480

Exemplos de primitivação por substituição (continuação)

e) (continuação) Assim,∫

1

x2√

x2 − 1dx =

∫1

1cos2 t

tg t

sen t

cos2 tdt

=∫

sen tsen t

cos t

dt

=∫

cos t dt

= sen t + c

= sen(

arccos1x

)

+ c

=

√x2 − 1

x+ c

§4.5.2 Primitivação e integração por substituição Cálculo I – pag. 481

Integração por substituição

Sejam a, b, c e d números reais tais que a < b e c < d,

f : [a, b] → R

uma função contínua eg : [c, d] → R

uma função diferenciável com derivada integrável e tal que

g([c, d]) ⊆ [a, b].

Então∫ g(d)

g(c)f(x) dx =

∫ d

cf(g(t))g′(t) dt.

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§4.5.2 Primitivação e integração por substituição Cálculo I – pag. 482

Exemplos de integração por substituição

a) Calculemos∫ 4

0

11 +

√x

dx fazendo a substituição t =√

x. Então

x = t2, pelo que dx = (t2)′ dt = 2t dt.

Além disso, quando x = 0 temos t =√

0 = 0 e quando x = 4 vemt =

√4 = 2. Assim,

∫ 4

0

11 +

√x

dx =∫ 2

0

11 + t

2t dt = 2∫ 2

0

t

1 + tdt

= 2∫ 2

0

1 + t − 11 + t

dt = 2∫ 2

0

1 + t

1 + t− 1

1 + tdt

= 2(∫ 2

0

1 dt −∫ 2

0

11 + t

dt

)

= 2([

t]2

0−[

ln |1 + t|]2

0

)

= 2 (2 − 0 − (ln 3 − ln 1)) = 4 − 2 ln 3.

§4.5.2 Primitivação e integração por substituição Cálculo I – pag. 483

Exemplos de integração por substituição (continuação)

b) Calculemos∫ 6

1

x√x + 3

dx. Para isso fazemos a substituição

t =√

x + 3,

isto é,x = t2 − 3

e, portanto,

dx =(

t2 − 3)′

dt = 2t dt.

Além disso,

quando x = 1 vem t =√

1 + 3 =√

4 = 2

equando x = 6 temos t =

√6 + 3 =

√9 = 3.

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§4.5.2 Primitivação e integração por substituição Cálculo I – pag. 484

Exemplos de integração por substituição (continuação)

b) (continuação) Assim,

∫ 6

1

x√x + 3

dx =∫ 3

2

t2 − 3t

2t dt

= 2∫ 3

2t2 − 3 dt

= 2

[

t3

3− 3t

]3

2

= 2(

273

− 9 −(

83

− 6))

= 2(

6 − 83

)

=203

§4.5.2 Primitivação e integração por substituição Cálculo I – pag. 485

Exemplos de integração por substituição (continuação)

c) Para calcularmos∫ 1

0

1ex +1

dx fazemos a substituição

e−x = t,

o que implicax = − ln t

e, portanto,

dx = − (ln t)′ dt = −1t

dt.

Além disso, quandox = 0 temos t = e−0 = e0 = 1

e quandox = 1 vem t = e−1 =

1e

.

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§4.5.2 Primitivação e integração por substituição Cálculo I – pag. 486

Exemplos de integração por substituição (continuação)

c) (continuação) Assim,∫ 1

0

1ex +1

dx =∫ 1/ e

1

11/t + 1

(

−1t

)

dt

= −∫ 1/ e

1

11 + t

dt

= −[

ln |1 + t|]1/ e

1

= −[

ln(

1 +1e

)

− ln 2

]

= ln 2 − lne +1

e

= ln2 e

e +1.

§4.5.2 Primitivação e integração por substituição Cálculo I – pag. 487

Exemplos de integração por substituição (continuação)

d) Calculemos∫ 1

−1

1(1 + x2)2

dx. Para isso usamos a substituição

x = tg t, o que implica dx = (tg t)′ dt =1

cos2 tdt.

Obviamente, atendendo a que t = arc tg x,

quando x = −1 tem-se t = arc tg(−1) = − π

4

equando x = 1 vem t = arc tg(1) =

π

4.

Repare-se que

(1 + x2)2 = (1 + tg2 t)2 =(

1cos2 t

)2

=1

cos4 t.

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§4.5.2 Primitivação e integração por substituição Cálculo I – pag. 488

Exemplos de integração por substituição (continuação)

d) (continuação) Assim,

∫ 1

−1

1(1 + x2)2

dx =∫ π/4

−π/4

11/ cos4 t

1cos2 t

dt =∫ π/4

−π/4

11/ cos2 t

dt

=∫ π/4

−π/4

cos2 t dt =∫ π/4

−π/4

cos(2t) + 12

dt

=12

∫ π/4

−π/4

cos(2t) + 1 dt =12

[

sen(2t)2

+ t

]π/4

−π/4

=12

(sen(π/2)

2+

π

4−(

sen(−π/2)2

− π

4

))

=12

(12

4−(

−12

− π

4

))

=π + 2

4

§4.5.2 Primitivação e integração por substituição Cálculo I – pag. 489

Área de um círculo de raio r

Calculemos a área de um círculo de raio r. Por uma questão de simplicidadevamos considerar o centro do círculo a origem. Obviamente, basta calcular aárea da parte do círculo que está no primeiro quadrante e multiplicar essevalor por quatro. Para isso temos encontrar a equação da curva que limitasuperiormente a zona sombreada da figura. Da equação da circunferênciatemos

x

y

r

r

x2 + y2 = r2 ⇔ y2 = r2 − x2

⇔ y = ±√

r2 − x2

e, portanto, a curva que limita superiormentea zona sombreada é

y =√

r2 − x2.

Assim, a área do círculo de raio r é dada por

A = 4∫ r

0

r2 − x2 dx.

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§4.5.2 Primitivação e integração por substituição Cálculo I – pag. 490

Área de um círculo de raio r (continuação)

Para calcularmos A = 4∫ r

0

r2 − x2 dx temos de fazer a substituição

x = r sen t

e, portanto,dx = (r sen t)′

dt = r cos t dt.

Além disso, comot = arc sen

x

r

resulta que

quando x = 0 temos t = arc sen 0 = 0

e

quando x = r temos t = arc sen 1 =π

2.

§4.5.2 Primitivação e integração por substituição Cálculo I – pag. 491

Área de um círculo de raio r (continuação)

Assim,

A = 4∫ r

0

r2 − x2 dx = 4∫ π/2

0

r2 − (r sen t)2r cos t dt

= 4r

∫ π/2

0

r2 (1 − sen2 t) cos t dt = 4r

∫ π/2

0

√r2 cos2 t cos t dt

= 4r

∫ π/2

0

r cos t cos t dt = 4r2

∫ π/2

0

cos2 t dt

= 4r2

∫ π/2

0

cos(2t) + 12

dt = 2r2

∫ π/2

0

cos(2t) + 1 dt

= 2r2

[

sen(2t)2

+ t

]π/2

0

= 2r2

(sen π

2+

π

2−(

sen 02

+ 0))

= 2r2 π

2= πr2.

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Índice Cálculo I – pag. 492

1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos

2 Funções reais de variável real: limites e continuidade

3 Cálculo diferencial em R

4 Cálculo integral em R

Integral de Riemann: definição, propriedades e exemplosTeorema Fundamental do CálculoPrimitivas imediatasAplicação ao cálculo de áreas de regiões planasTécnicas de primitivação e de integração

Primitivação e integração por partesPrimitivação e integração por substituiçãoPrimitivação e integração de funções racionais

Outras aplicaçõesIntegrais impróprios

§4.5.3 Primitivação e integração de funções racionais Cálculo I – pag. 493

Uma função racional é uma função f : D → R definida por

f(x) =P (x)Q(x)

onde P e Q são polinómios e D = {x ∈ R : Q(x) 6= 0}. Assumimos queP e Q não têm zeros (reais ou complexos) comuns. Se o grau de P émaior ou igual do que o grau de Q, então fazendo a divisão de P por Qtemos

P (x) = D(x)Q(x) + R(x)

e, portanto,P (x)Q(x)

= D(x) +R(x)Q(x)

onde D e R são polinómios e o grau de R é menor do que o grau de Q.Assim, para primitivarmos as funções racionais basta sabermosprimitivar as funções racionais onde o grau do numerador é menor doque o grau do denominador.

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§4.5.3 Primitivação e integração de funções racionais Cálculo I – pag. 494

Sejam P e Q dois polinómios com o grau de P menor do que o grau deQ e sem zeros (reais ou complexos) em comum. Então

Q(x) = (x − a1)n1 . . . (x − ak)nk

[

(x − α1)2 + β21

]m1

. . .[

(x − αl)2 + β2

l

]ml

onde os zeros reais de Q são

a1, . . . , ak com multiplicidades n1, . . . , nk,

respectivamente, e os zeros complexos de Q são

α1 + β1i, . . . , αl + βli com multiplicidades m1, . . . , ml,

respectivamente, e

α1 − β1i, . . . , αl − βli com multiplicidades m1, . . . , ml,

respectivamente.

§4.5.3 Primitivação e integração de funções racionais Cálculo I – pag. 495

Além disso, existem números reais A′s, B′s e C ′s tais que

P (x)Q(x)

=A1,n1

(x − a1)n1+ · · · +

A1,1

x − a1+

+ · · · +

+Ak,nk

(x − ak)nk+ · · · +

Ak,1

x − ak+

+B1,m1x + C1,m1

[

(x − α1)2 + β21

]m1 + · · · +B1,1x + C1,1

(x − α1)2 + β21

+

+ · · · +

+Bl,m1x + Cl,ml

[

(x − αl)2 + β2

l

]ml+ · · · +

Bl,1x + Cl,1

(x − αl)2 + β2

l

,

ou seja,P (x)Q(x)

=k∑

i=1

ni∑

j=1

Ai,j

(x − ai)j +

l∑

i=1

ml∑

j=1

Bi,jx + Ci,j[

(x − αi)2 + β2

i

]j .

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§4.5.3 Primitivação e integração de funções racionais Cálculo I – pag. 496

Exemplos de primitivação de funções racionais

a) Calculemos∫

x2

x2 − 1dx.

Fazendo a divisão de x2 por x2 − 1 temosx2 +0x +0 | x2 +0x −1

−x2 −0x +1 1

+0x +1e, portanto,

x2

x2 − 1= 1 +

1x2 − 1

.

Agora precisamos de factorizar o denominador. Para isso basta terem conta que zeros do denominador que são 1 e −1.

§4.5.3 Primitivação e integração de funções racionais Cálculo I – pag. 497

Exemplos de primitivação de funções racionais (continuação)

a) (continuação) Então existem números reais A e B tais que

1x2 − 1

=1

(x − 1)(x + 1)=

A

x − 1+

B

x + 1

e, portanto,

1(x − 1) (x + 1)

=A(x + 1) + B(x − 1)

(x − 1) (x + 1),

pelo queA(x + 1) + B(x − 1) = 1.

Fazendo x = 1 resulta que A = 1/2 e fazendo x = −1 tem-seB = − 1/2, ou seja,

1(x − 1) (x + 1)

=1/2

x − 1+

−1/2x + 1

.

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§4.5.3 Primitivação e integração de funções racionais Cálculo I – pag. 498

Exemplos de primitivação de funções racionais (continuação)

a) (continuação) Assim,

∫x2

x2 − 1dx =

1 +1

(x − 1) (x + 1)dx

=∫

1 +1/2

x − 1+

−1/2x + 1

dx

=∫

1 dx +12

∫1

x − 1dx − 1

2

∫1

x + 1dx

= x +12

ln |x − 1| − 12

ln |x + 1| + c.

§4.5.3 Primitivação e integração de funções racionais Cálculo I – pag. 499

Exemplos de primitivação de funções racionais (continuação)

b) Consideremos a função f definida por

f(x) =x + 1

x3 (x2 + 1).

Então temos de ter

f(x) =x + 1

x3 (x2 + 1)=

A

x3 +B

x2 +C

x+

Dx + E

x2 + 1

e, portanto,

A(x2 + 1

)+ Bx

(x2 + 1

)+ Cx2

(x2 + 1

)+ (Dx + E) x3

x3 (x2 + 1)=

x + 1x3 (x2 + 1)

,

o que implica

A(

x2 + 1)

+ Bx(

x2 + 1)

+ Cx2(

x2 + 1)

+ (Dx + E) x3 = x + 1.

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§4.5.3 Primitivação e integração de funções racionais Cálculo I – pag. 500

Exemplos de primitivação de funções racionais (continuação)

b) (continuação) Fazendo x = 0 em

A(x2 + 1

)+ Bx

(x2 + 1

)+ Cx2

(x2 + 1

)+ (Dx + E) x3 = x + 1.

temos A = 1 e fazendo x = i tem-se

(Di + E) i3 = i + 1 ⇔ (Di + E) (−i) = 1 + i ⇔ D − Ei = 1 + i

o que implica D = 1 e E = −1. Fazendo x = 1 obtemos

2A + 2B + 2C + D + E = 2 ⇔ 2 + 2B + 2C + 1 − 1 = 2 ⇔ B + C = 0

e fazendo x = −1 resulta

2A − 2B + 2C + D − E = 0 ⇔ 2 − 2B + 2C + 1 − (−1) = 0

⇔ −2B + 2C = −4

⇔ −B + C = −2,o que dá o sistema

{B + C = 0

−B + C = −2⇔

{B = −C

C + C = −2⇔

{B = 1

C = −1

§4.5.3 Primitivação e integração de funções racionais Cálculo I – pag. 501

Exemplos de primitivação de funções racionais (continuação)

b) (continuação) Assim,x + 1

x3 (x2 + 1)=

1x3 +

1x2 − 1

x+

x − 1x2 + 1

pelo que∫

x + 1x3 (x2 + 1)

dx

=∫

1x3 dx +

∫1x2 dx −

∫1x

dx +∫

x − 1x2 + 1

dx

=∫

x−3 dx +∫

x−2 dx −∫

1x

dx +12

∫2x

x2 + 1dx −

∫1

x2 + 1dx

=x−2

−2+

x−1

−1− ln |x| +

12

ln(

x2 + 1)

− arc tg x + c

= − 12x2 − 1

x− ln |x| +

12

ln(

x2 + 1)

− arc tg x + c

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§4.5.3 Primitivação e integração de funções racionais Cálculo I – pag. 502

Tendo em conta a decomposição que obtivemos, para primitivarmosfunções racionais basta sabermos calcular as seguintes primitivas

∫A

(x − a)kdx

e ∫Bx + C

[

(x − α)2 + β2]k

dx,

onde A, B, C, a, α ∈ R, β ∈ R \ {0} e k ∈ N.

§4.5.3 Primitivação e integração de funções racionais Cálculo I – pag. 503

A primeira primitiva é bastante simples de calcular pois quando k = 1temos

∫A

x − adx = A

∫1

x − adx

= A ln |x − a| + c

e quando k > 1 vem∫

A

(x − a)kdx = A

(x − a)−k dx

= A(x − a)−k+1

−k + 1+ c

= − A

k − 11

(x − a)k−1 + c.

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§4.5.3 Primitivação e integração de funções racionais Cálculo I – pag. 504

Para as funções do tipoBx + C

(x − α)2 + β2

temos∫

Bx + C

(x − α)2 + β2dx

=∫

Bx − Bα

(x − α)2 + β2dx +

∫Bα + C

(x − α)2 + β2dx

=B

2

∫2 (x − α)

(x − α)2 + β2dx + (Bα + C)

∫1

(x − α)2 + β2dx

=B

2ln∣∣∣(x − α)2 + β2

∣∣∣ + (Bα + C)

arc tgx − α

β+ c

=B

2ln∣∣∣(x − α)2 + β2

∣∣∣+

Bα + C

βarc tg

x − α

β+ c.

§4.5.3 Primitivação e integração de funções racionais Cálculo I – pag. 505

Alternativamente, fazendo a mudança de variável

x = α + βt tem-se dx = βdt

e∫

Bx + C

(x − α)2 + β2dx =

∫B (α + βt) + C

β2t2 + β2 β dt

=∫

βBt + αB + C

β2 (t2 + 1)β dt

=B

2

∫2t

t2 + 1dt +

αB + C

β

∫1

t2 + 1dt

=B

2ln∣∣∣t2 + 1

∣∣∣+

αB + C

βarc tg t + c

=B

2ln

∣∣∣∣∣

(x − α

β

)2+ 1

∣∣∣∣∣+

αB + C

βarc tg

x − α

β+ c

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§4.5.3 Primitivação e integração de funções racionais Cálculo I – pag. 506

Usando a mesma mudança de variável x = α + βt, pelo que dx = βdt, vem∫

Bx + C[

(x − α)2 + β2]k

dx =∫

B (α + βt) + C

(β2t2 + β2)kβ dt

=∫

βBt + αB + C

β2k (t2 + 1)kβ dt

=B

2β2k−2

∫2t

(t2 + 1)kdt +

αB + C

β2k−1

∫1

(t2 + 1)kdt

=B

2β2k−2

2t(t2 + 1

)−kdt +

αB + C

β2k−1

∫1

(t2 + 1)kdt

=B

2β2k−2

(t2 + 1

)−k+1

−k + 1+

αB + C

β2k−1

∫1

(t2 + 1)kdt

e, portanto, temos de saber calcular

Ik =∫

1

(t2 + 1)kdt.

§4.5.3 Primitivação e integração de funções racionais Cálculo I – pag. 507

Para isso temos

Ik =

∫1

(t2 + 1)kdt =

∫t2 + 1 − t2

(t2 + 1)kdt =

∫t2 + 1

(t2 + 1)k−1 dt −

∫t2

(t2 + 1)kdt

=

∫1

(t2 + 1)k−1 dt −1

2

∫f ′(t)

︷ ︸︸ ︷

2t(t2 + 1

)−k

g(t)︷︸︸︷

t dt

= Ik−1 −1

2

[(t2 + 1

)−k+1

−k + 1t −

∫ (t2 + 1

)−k+1

−k + 11 dt

]

= Ik−1 −1

2

[1

1 − k

t

(t2 + 1)k−1 −1

1 − k

∫1

(t2 + 1)k−1 dt

]

= Ik−1 +1

2k − 2

t

(t2 + 1)k−1 +1

2 − 2kIk−1

=3 − 2k

2 − 2kIk−1 +

1

2k − 2

t

(t2 + 1)k−1

o que dá uma fórmula por recorrência para calcular primitivas do tipo∫

1

(t2 + 1)kdt.

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§4.5.3 Primitivação e integração de funções racionais Cálculo I – pag. 508

Primitivação de funções racionais – resumo

Para primitivarmos uma função racionalP (x)Q(x)

, com P e Q polinómios sem

zeros (reais ou complexos) comuns, devemos fazer o seguinte:

1) se o grau de P é maior ou igual do que o grau de Q, fazemos a divisão de

P por Q. Deste modoP (x)Q(x)

é igual à soma de um polinómio com uma

função racional em que o grau do numerador é menor do que o grau dodenominador;

2) factorizar Q(x) como o produto de factores da forma

x − a ou (x − α)2 + β2,

agrupando os factores repetidos de modo que fiquemos com factoresdiferentes da forma

(x − a)n ou[(x − α)2 + β2

]m,

com n, m ∈ N, a, α ∈ R e β ∈ R \ {0};

§4.5.3 Primitivação e integração de funções racionais Cálculo I – pag. 509

Primitivação de funções racionais – resumo (continuação)

3) decompor a função racional (a que obtivemos na divisão ou a inical, casonão tenha sido necessário fazer a divisão) numa soma de parcelas da forma

A1

(x − a)n+

A2

(x − a)n−1+ · · · +

An−1

(x − a)2+

An

(x − a),

por cada factor

(x − a)n, n ∈ N

que aparece na factorização de Q(x), e da forma

B1x + C1

[(x − α)2 + β2]m+

B2x + C2

[(x − α)2 + β2]m−1 + · · ·+Bm−1x + Cm−1

[(x − α)2 + β2]2+

Bmx + Cm

(x − α)2 + β2,

por cada factor[(x − α)2 + β2

]m, m ∈ N

que aparece na factorização de Q(x) e onde cada Ak, cada Bk e cada Ck éum número real;

4) primitivar cada uma das parcelas obtidas na decomposição.

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§4.5.3 Primitivação e integração de funções racionais Cálculo I – pag. 510

Exemplo de primitivação de uma função racional

Calculemos a primitiva∫

3x5 + 3x4 + 6x3 + 6x2 + x + 2

x2(x2 + 1)2dx.

Pelo que vimos anteriormente temos de fazer a seguinte decomposição

3x5 + 3x4 + 6x3 + 6x2 + x + 2

x2(x2 + 1)2=

A

x2+

B

x+

Cx + D

(x2 + 1)2+

Ex + F

x2 + 1.

Assim, temos

A(x2 + 1)2 + Bx(x2 + 1)2 + (Cx + D)x2 + (Ex + F )x2(x2 + 1)

= 3x5 + 3x4 + 6x3 + 6x2 + x + 2

donde

A(x4 + 2x2 + 1) + B(x5 + 2x3 + x) + Cx3 + Dx2 + E(x5 + x3) + F (x4 + x2)

= 3x5 + 3x4 + 6x3 + 6x2 + x + 2

e, portanto,

(B + E)x5 + (A + F )x4 + (2B + C + E)x3 + (2A + D + F )x2 + Bx + A

= 3x5 + 3x4 + 6x3 + 6x2 + x + 2.

§4.5.3 Primitivação e integração de funções racionais Cálculo I – pag. 511

Exemplo de primitivação de uma função racional (continuação)

Assim, de

(B + E)x5 + (A + F )x4 + (2B + C + E)x3 + (2A + D + F )x2 + Bx + A

= 3x5 + 3x4 + 6x3 + 6x2 + x + 2

resulta

B + E = 3

A + F = 3

2B + C + E = 6

2A + D + F = 6

B = 1

A = 2

E = 2

F = 1

C = 2

D = 1

B = 1

A = 2

pelo que

3x5 + 3x4 + 6x3 + 6x2 + x + 2

x2(x2 + 1)2=

2

x2+

1

x+

2x + 1

(x2 + 1)2+

2x + 1

x2 + 1.

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§4.5.3 Primitivação e integração de funções racionais Cálculo I – pag. 512

Exemplo de primitivação de uma função racional (continuação)

Deste modo∫

3x5 + 3x4 + 6x3 + 6x2 + x + 2

x2(x2 + 1)2dx

=

∫2

x2+

1

x+

2x + 1

(x2 + 1)2+

2x + 1

x2 + 1dx

=

∫2

x2dx +

∫1

xdx +

∫2x + 1

(x2 + 1)2dx +

∫2x + 1

x2 + 1dx

= 2

x−2 dx +

∫1

xdx +

2x(x2 + 1)−2 dx +

∫1

(x2 + 1)2dx

+

∫2x

x2 + 1dx +

∫1

x2 + 1dx

= 2x−1

−1+ ln |x| +

(x2 + 1)−1

−1+

∫1

(x2 + 1)2dx + ln |x2 + 1| + arc tg x

= −2

x+ ln |x| −

1

x2 + 1+

∫1

(x2 + 1)2dx + ln |x2 + 1| + arc tg x.

Falta calcular ∫1

(x2 + 1)2dx.

§4.5.3 Primitivação e integração de funções racionais Cálculo I – pag. 513

Exemplo de primitivação de uma função racional (continuação)∫

1

(x2 + 1)2 dx =∫

x2 + 1 − x2

(x2 + 1)2 dx

=∫

x2 + 1

(x2 + 1)2 dx −∫

x2

(x2 + 1)2 dx

=∫

1x2 + 1

dx − 12

∫f ′(x)

︷ ︸︸ ︷

2x(x2 + 1

)−2g(x)︷︸︸︷

x dx

= arc tg x − 12

[(x2 + 1

)−1

−1x −

∫ (x2 + 1

)−1

−11 dx

]

= arc tg x − 12

[

− x

x2 + 1+∫

1x2 + 1

dx

]

= arc tg x +12

x

x2 + 1− 1

2arc tg x + c

=12

arc tg x +12

x

x2 + 1+ c

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§4.5.3 Primitivação e integração de funções racionais Cálculo I – pag. 514

Exemplo de primitivação de uma função racional (continuação)

Tendo em conta que∫

1

(x2 + 1)2 dx =12

arc tg x +12

x

x2 + 1+ c,

tem-se∫

3x5 + 3x4 + 6x3 + 6x2 + x + 2x2(x2 + 1)2

dx

= − 2x

+ ln |x| − 1x2 + 1

+∫

1(x2 + 1)2

dx + ln |x2 + 1| + arc tg x

= − 2x

+ ln |x| − 1x2 + 1

+12

arc tg x +12

x

x2 + 1+ ln |x2 + 1| + arc tg x + c

= − 2x

+ ln |x| − 1x2 + 1

+12

x

x2 + 1+ ln |x2 + 1| +

32

arc tg x + c

§4.5.3 Primitivação e integração de funções racionais Cálculo I – pag. 515

Exemplo de primitivação de uma função racional (continuação)

Fazendo a substituição x = tg t, podemos calcular∫

1(x2 + 1)2

dx de outro

modo. Assim, tendo em conta que dx =1

cos2 tdt, temos

∫1

(x2 + 1)2dx =

∫1

(tg2 t + 1)2

1cos2 t

dt =∫

1(1/ cos2 t)2

1cos2 t

dt

=∫

cos2 t dt =∫

cos(2t) + 12

dt =14

2 cos(2t) dt +12

1 dt

=14

sen(2t) +t

2+ c =

sen t cos t

2+

t

2+ c

=sen(arc tg x) cos(arc tg x)

2+

arc tg x

2+ c

=12

x

x2 + 1+

12

arc tg x + c

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Índice Cálculo I – pag. 516

1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos

2 Funções reais de variável real: limites e continuidade

3 Cálculo diferencial em R

4 Cálculo integral em R

Integral de Riemann: definição, propriedades e exemplosTeorema Fundamental do CálculoPrimitivas imediatasAplicação ao cálculo de áreas de regiões planasTécnicas de primitivação e de integraçãoOutras aplicações

Volume de um sólido de revoluçãoÁrea de superfície de um sólido de revoluçãoComprimento de curvas planas

Integrais impróprios

Índice Cálculo I – pag. 517

1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos

2 Funções reais de variável real: limites e continuidade

3 Cálculo diferencial em R

4 Cálculo integral em R

Integral de Riemann: definição, propriedades e exemplosTeorema Fundamental do CálculoPrimitivas imediatasAplicação ao cálculo de áreas de regiões planasTécnicas de primitivação e de integraçãoOutras aplicações

Volume de um sólido de revoluçãoÁrea de superfície de um sólido de revoluçãoComprimento de curvas planas

Integrais impróprios

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§4.6.1 Volume de um sólido de revolução Cálculo I – pag. 518

Seja f : [a, b] → R uma função contínua.

x

y

b

by = f(x)

a b

b

b

b

b

a b

O volume do sólido de revolução que se obtém, rodando em torno doeixo dos xx, a região situada entre o gráfico de f e o eixo dos xx édado por

V = π

∫ b

a[f(x)]2 dx .

§4.6.1 Volume de um sólido de revolução Cálculo I – pag. 519

Volume de um sólido de revolução

a) Calculemos o volume de um cone de altura h e raio da base r. Paraobtermos este cone basta pormos a rodar em torno do eixo dos xxa área entre segmento de recta que une os pontos (0, 0) e (h, r) e oeixo dos xx:

x

y

h

r

É óbvio que a equação do segmento é y =r

hx com x ∈ [0, h]

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§4.6.1 Volume de um sólido de revolução Cálculo I – pag. 520

Volume um sólido de revolução (continuação)

a) (continuação) O volume do cone é dado por

V = π

∫ b

a[f(x)]2 dx

= π

∫ h

0

(r

hx

)2dx

=πr2

h2

∫ h

0x2 dx

=πr2

h2

[

x3

3

]h

0

=πr2

h2

(

h3

3− 03

3

)

=πr2h

3

§4.6.1 Volume de um sólido de revolução Cálculo I – pag. 521

Volume de um sólido de revolução (continuação)

b) Seja f : [1, 2] → R a função dada por f(x) = x3, cujo gráfico éapresentado a seguir.

x

y

1

1 b

2

8 b y = x3

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§4.6.1 Volume de um sólido de revolução Cálculo I – pag. 522

Volume de um sólido de revolução (continuação)

b) (continuação) Então o volume do sólido gerado pela rotação, emtorno do eixo das abcissas, da área entre o gráfico da funçãof(x) = x3 e o eixo dos xx e entre x = 1 e x = 2 é dado por

V = π

∫ 2

1[f(x)]2 dx = π

∫ 2

1

(

x3)2

dx

= π

∫ 2

1x6 dx = π

[

x7

7

]2

1

= π

(

27

7− 17

7

)

= π

(1287

− 17

)

=127π

7.

§4.6.1 Volume de um sólido de revolução Cálculo I – pag. 523

Volume de uma esfera de raio r

Calculemos o volume de uma esfera de raio r. Como habitualmente vamoscentrar a esfera na origem. Uma esfera de raio r centrada na origem obtém-serodando em torno do eixo dos xx um semicírculo de centro na origem e deraio r.

x

y

r−r

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§4.6.1 Volume de um sólido de revolução Cálculo I – pag. 524

Volume de uma esfera de raio r (continuação)

Já sabemos que temos de a equação da semicircunferência é y =√

r2 − x2,donde o volume da esfera de raio r é igual a

V = π

∫ r

−r

(√

r2 − x2)2

dx

= π

∫ r

−r

r2 − x2 dx

= π

[

r2x − x3

3

]r

−r

= π

(

r3 − r3

3−(

r2(−r) − (−r)3

3

))

= π

(

2r3 − 2r3

3

)

=43

πr3.

Índice Cálculo I – pag. 525

1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos

2 Funções reais de variável real: limites e continuidade

3 Cálculo diferencial em R

4 Cálculo integral em R

Integral de Riemann: definição, propriedades e exemplosTeorema Fundamental do CálculoPrimitivas imediatasAplicação ao cálculo de áreas de regiões planasTécnicas de primitivação e de integraçãoOutras aplicações

Volume de um sólido de revoluçãoÁrea de superfície de um sólido de revoluçãoComprimento de curvas planas

Integrais impróprios

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§4.6.2 Área de superfície de um sólido de revolução Cálculo I – pag. 526

Sef : [a, b] → R

é uma função não negativa e com derivada contínua, então a área desuperfície do sólido de revolução que se obtém rodando em torno doeixo dos xx a região situada entre o gráfico de f e o eixo dos xx é dadapor

AS = 2π

∫ b

af(x)

1 + [f ′(x)]2 dx .

x

y

b

by = f(x)

a b

b

b

b

b

a b

§4.6.2 Área de superfície de um sólido de revolução Cálculo I – pag. 527

Área de superfície de um sólido de revolução

a) A área de superfície do cone de altura h e raio da base r, e que se obtémrodando em torno do eixo dos xx a função f : [0, h] → R dada por

f(x) =r

hx, é

AS = 2π

∫ h

0

f(x)√

1 + [f ′(x)]2 dx = 2π

∫ h

0

r

hx

1 +[( r

hx)′]2

dx

=2πr

h

∫ h

0

x

1 +( r

h

)2

dx =2πr

h

∫ h

0

x

1 +r2

h2dx

=2πr

h

∫ h

0

x

h2 + r2

h2dx =

2πr

h2

h2 + r2

∫ h

0

x dx

=2πr

h2

h2 + r2

[

x2

2

]h

0

=2πr

h2

h2 + r2

(h2

2− 02

2

)

= πr√

h2 + r2

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§4.6.2 Área de superfície de um sólido de revolução Cálculo I – pag. 528

Área de superfície de um sólido de revolução (continuação)

b) A área de superfície do sólido de revolução que se obtém rodando emtorno do eixo dos xx a função f : [1, 2] → R definida por

f(x) = x3

é dada por

AS = 2π

∫ 2

1

f(x)√

1 + [f ′(x)]2 dx = 2π

∫ 2

1

x3√

1 + (3x2)2 dx

= 2π

∫ 2

1

x3(1 + 9x4

)1/2dx =

36

∫ 2

1

36x3(1 + 9x4

)1/2dx

18

[(1 + 9x4

)3/2

3/2

]2

1

18

((1 + 9 · 24

)3/2

3/2−(1 + 9 · 14

)3/2

3/2

)

18

(1453/2 − 103/2

3/2

)

27

(

145√

145 − 10√

10)

.

§4.6.2 Área de superfície de um sólido de revolução Cálculo I – pag. 529

Área de superfície de uma esfera de raio r

Quanto à área da superfície esférica, temos de calcular

AS = 2π

∫ r

−rf(x)

1 + [f ′(x)]2 dx

com f(x) =√

r2 − x2 e como

f ′(x) =(√

r2 − x2)′

= − x√r2 − x2

temos o problema de a derivada não estar definida em x = r e emx = −r. Para contornarmos este problema vamos calcular o integralentre −r + ε e r − ε, com 0 < ε < r, e depois fazer ε tender para 0+.

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§4.6.2 Área de superfície de um sólido de revolução Cálculo I – pag. 530

Área de superfície de uma esfera de raio r (continuação)

Assim,

AS = limε→0+

∫ r−ε

−r+ε

r2 − x2

1 +(

− x√r2 − x2

)2

dx

= limε→0+

∫ r−ε

−r+ε

r2 − x2

1 +x2

r2 − x2dx

= limε→0+

∫ r−ε

−r+ε

r2 − x2

r2 − x2 + x2

r2 − x2dx

= limε→0+

∫ r−ε

−r+ε

r dx = limε→0+

2πr

∫ r−ε

−r+ε

1 dx

= limε→0+

2πr[

x]r−ε

−r+ε= lim

ε→0+2πr (r − ε − (−r + ε))

= limε→0+

2πr (2r − 2ε) = 4πr2.

Índice Cálculo I – pag. 531

1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos

2 Funções reais de variável real: limites e continuidade

3 Cálculo diferencial em R

4 Cálculo integral em R

Integral de Riemann: definição, propriedades e exemplosTeorema Fundamental do CálculoPrimitivas imediatasAplicação ao cálculo de áreas de regiões planasTécnicas de primitivação e de integraçãoOutras aplicações

Volume de um sólido de revoluçãoÁrea de superfície de um sólido de revoluçãoComprimento de curvas planas

Integrais impróprios

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§4.6.3 Comprimento de curvas planas Cálculo I – pag. 532

Seja f : [a, b] → R uma função com derivada contínua.

x

y

a b

y = f(x)

b

b

O comprimento do gráfico de f é dado por

ℓ =∫ b

a

1 + [f ′(x)]2 dx .

§4.6.3 Comprimento de curvas planas Cálculo I – pag. 533

Cálculo do comprimento de curvas planas

a) Calculemos o comprimento da curva

y = x3/2

entre x = 0 e x = 1.

x

y

b

1

1 b y = x3/2

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§4.6.3 Comprimento de curvas planas Cálculo I – pag. 534

Cálculo do comprimento de curvas planas (continuação)

a) (continuação) Como(

x3/2)′

=32

x1/2 =32

√x,

temos

ℓ =∫ 1

0

1 + (f ′(x))2 dx =∫ 1

0

1 +(3√

x/2)2

dx

=∫ 1

0

1 + 9x/4 dx =49

∫ 1

0

94

(1 + 9x/4)1/2 dx

=49

[

(1 + 9x/4)3/2

3/2

]1

0

=49

(

23

(134

)3/2− 2

313/2

)

=49

(

23

13√

13

4√

4− 2

3

)

=13

√13

27− 8

27.

§4.6.3 Comprimento de curvas planas Cálculo I – pag. 535

Cálculo do comprimento de curvas planas (continuação)

b) Calculemos o comprimento da curva

y =x3

6+

12x

entre x = 1 e x = 3.

x

y

1 3

y =x3

6+

12x

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§4.6.3 Comprimento de curvas planas Cálculo I – pag. 536

Cálculo do comprimento de curvas planas (continuação)

b) (continuação) Então

ℓ =∫ 3

1

1 + [f ′(x)]2 dx =∫ 3

1

√√√√1 +

[(x3

6+

12x

)′]2

dx

=∫ 3

1

1 +(

x2

2− 1

2x2

)2

dx =∫ 3

1

1 +x4

4− 1

2+

14x4

dx

=∫ 3

1

x4

4+

12

+1

4x4dx =

∫ 3

1

√(

x2

2+

12x2

)2

dx

=∫ 3

1

x2

2+

12x2

dx =[

x3

6− 1

2x

]3

1

=33

6− 1

2 · 3−(

13

6− 1

2 · 1

)

=92

− 16

− 16

+12

=143

.

§4.6.3 Comprimento de curvas planas Cálculo I – pag. 537

Perímetro de uma circunferência de raio r

Calculemos o perímetro de uma circunferência de raio r. Para issoconsideremos como centro da circunferência a origem. Obviamentebasta considerar a parte da circunferência situada no primeiroquadrante.

x

y

r

r

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§4.6.3 Comprimento de curvas planas Cálculo I – pag. 538

Perímetro de uma circunferência de raio r (continuação)

Da equação da circunferência x2 + y2 = r2, resulta y = ±√

r2 − x2. Como(√

r2 − x2)′

= − x√r2 − x2

,

temos

ℓ = 4∫ r

0

1 +(

− x√r2 − x2

)2

dx = 4∫ r

0

1 +x2

r2 − x2dx

= 4∫ r

0

r2 − x2 + x2

r2 − x2dx = 4r

∫ r

0

1√r2 − x2

dx,

só que a função1√

r2 − x2não está definida em x = r. Para ultrapassarmos

este problema vamos calcular o integral entre 0 e r − ε onde ε é tal que0 < ε < r e em seguida fazer ε tender para 0+.

§4.6.3 Comprimento de curvas planas Cálculo I – pag. 539

Perímetro de uma circunferência de raio r (continuação)

Assim,

ℓ = limε→0+

4∫ r−ε

0

1 +(

− x√r2 − x2

)2

dx

= limε→0+

4r

∫ r−ε

0

1√r2 − x2

dx

= limε→0+

4r[

arc senx

r

]r−ε

0

= limε→0+

4r

(

arc senr − ε

r− arc sen 0

)

= 4r (arc sen 1 − 0)

= 4rπ

2= 2πr

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Índice Cálculo I – pag. 540

1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos

2 Funções reais de variável real: limites e continuidade

3 Cálculo diferencial em R

4 Cálculo integral em R

Integral de Riemann: definição, propriedades e exemplosTeorema Fundamental do CálculoPrimitivas imediatasAplicação ao cálculo de áreas de regiões planasTécnicas de primitivação e de integraçãoOutras aplicaçõesIntegrais impróprios

§4.7 Integrais impróprios Cálculo I – pag. 541

Na definição do integral de Riemann de uma função

f : [a, b] → R

exigimos que o intervalo

[a, b] fosse fechado e limitado

e que a funçãof fosse limitada.

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§4.7 Integrais impróprios Cálculo I – pag. 542

Suponha-se, no entanto, que

i) f está definida em [a, +∞[ e existe∫ u

a

f(x) dx para cada u ∈ [a, +∞[; ou

ii) f está definida em ] − ∞, b] e existe∫ b

t

f(x) dx para cada t ∈ ] − ∞, b]; ou

ainda

iii) f está definida em ] − ∞, +∞[ e existe∫ u

t

f(x) dx para cada t, u ∈ R.

Nestas condições, temos, para cada uma das três situações consideradas, asseguintes definições

i)∫ +∞

a

f(x) dx = limu→+∞

∫ u

a

f(x) dx

ii)∫ b

−∞f(x) dx = lim

t→−∞

∫ b

t

f(x) dx

iii)∫ +∞

−∞f(x) dx = lim

t→−∞

∫ c

t

f(x) dx + limu→+∞

∫ u

c

f(x) dx

§4.7 Integrais impróprios Cálculo I – pag. 543

Dizemos que os integrais

∫ +∞

af(x) dx,

∫ b

−∞f(x) dx e

∫ +∞

−∞f(x) dx

existem ou que são convergentes quando existirem (finitos) oslimites indicados; se o limites não existirem dizemos que o respectivointegral é divergente.

Os integrais considerados designam-se por integrais impróprios deprimeira espécie.

Na definição iii) não há dependência do ponto c escolhido. Na práticapode-se fazer

∫ +∞

−∞f(x) dx = lim

u→+∞t→−∞

∫ u

tf(x) dx.

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§4.7 Integrais impróprios Cálculo I – pag. 544

Exemplos de integrais impróprios de primeira espécie

a) Calculemos∫ +∞

0e−x dx:

∫ +∞

0e−x dx = lim

u→+∞

∫ u

0e−x dx

= limu→+∞

[

− e−x]u

0

= limu→+∞

(

− e−u − (− e0))

= limu→+∞

1 − e−u

= 1 − e−∞

= 1 − 0

= 1.

§4.7 Integrais impróprios Cálculo I – pag. 545

Exemplos de integrais impróprios de primeira espécie (continuação)

a) (continuação) Assim, o integral∫ +∞

0e−x dx é convergente. O valor

deste integral pode ser interpretado como sendo a área da regiãosombreada da figura seguinte.

x

y

1

y = e−x

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§4.7 Integrais impróprios Cálculo I – pag. 546

Exemplos de integrais impróprios de primeira espécie (continuação)

b) Estudemos a natureza do integral∫ +∞

1

1xα

dx, ou seja, determinemos se

o integral é convergente ou divergente. Comecemos por supor α 6= 1.Então

∫ +∞

1

1xα

dx = limu→+∞

∫ u

1

x−α dx

= limu→+∞

[

x−α+1

−α + 1

]u

1

= limu→+∞

(u−α+1

−α + 1− 1

−α + 1

)

=

1α − 1

se α > 1

+ ∞ se α < 1

§4.7 Integrais impróprios Cálculo I – pag. 547

Exemplos de integrais impróprios de primeira espécie (continuação)

b) (continuação) Se α = 1, então

∫ +∞

1

1x

dx = limu→+∞

∫ u

1

1x

dx

= limu→+∞

[ln |x|

]u

1

= limu→+∞

(ln |u| − ln |1|)

= ln (+∞) − 0

= +∞

Assim, o integral∫ +∞

1

1xα

dx é convergente apenas quando α > 1. Neste

exemplo também podemos interpretar o integral como uma área.

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§4.7 Integrais impróprios Cálculo I – pag. 548

Exemplos de integrais impróprios de primeira espécie (continuação)

c) Calculemos∫ +∞

−∞

11 + x2 dx:

∫ +∞

−∞

11 + x2 dx = lim

u→+∞t→−∞

∫ u

t

11 + x2 dx

= limu→+∞t→−∞

[

arc tg x]u

t

= limu→+∞t→−∞

(arc tg u − arc tg t)

2−(

−π

2

)

= π.

§4.7 Integrais impróprios Cálculo I – pag. 549

Exemplos de integrais impróprios de primeira espécie (continuação)

c) (continuação) A igualdade

∫ +∞

−∞

11 + x2 dx = π

significa que a área da região sombreada na figura seguinte é π.

x

y

1 y =1

1 + x2

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§4.7 Integrais impróprios Cálculo I – pag. 550

Critério de comparação

Sejam f, g : [a, +∞[→ R duas funções tais que existe c ∈ [a, +∞[ tal que

0 6 f(x) 6 g(x) para qualquer x > c.

Entãoi) se

∫ +∞

a

g(x) dx é convergente,

então ∫ +∞

a

f(x) dx também é convergente;

ii) se∫ +∞

a

f(x) dx é divergente,

então ∫ +∞

a

g(x) dx também é divergente.

§4.7 Integrais impróprios Cálculo I – pag. 551

Exemplos

a) Consideremos o integral impróprio

∫ +∞

1

1√1 + x3

dx.

Atendendo a que

0 61√

1 + x36

1√x3

=1

x3/2

para qualquer x > 1 e que

∫ +∞

1

1x3/2

dx é convergente,

pelo critério de comparação, alínea i), o integral

∫ +∞

1

1√1 + x3

dx também é convergente.

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§4.7 Integrais impróprios Cálculo I – pag. 552

Exemplos (continuação)

b) Consideremos agora o integral impróprio

∫ +∞

1

1√1 + x2

dx.

Como0 6

11 + x

=1

(1 + x)2=

1√1 + 2x + x2

61√

1 + x2

para qualquer x > 1 e usando o facto de que

∫ +∞

1

11 + x

dx é divergente,

pelo critério de comparação, alínea ii), o integral

∫ +∞

1

1√1 + x2

dx também é divergente.

§4.7 Integrais impróprios Cálculo I – pag. 553

Exemplos (continuação)

b) (continuação) Vejamos que de facto o integral impróprio

∫ +∞

1

11 + x

dx é divergente.

Para isso basta usarmos a definição:

∫ +∞

1

11 + x

dx = limu→+∞

∫ u

1

11 + x

dx

= limu→+∞

[ln |1 + x|

]u

1

= limu→+∞

[ln |1 + u| − ln |1 + 1|]

= +∞ − ln 2

= +∞.

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§4.7 Integrais impróprios Cálculo I – pag. 554

Observação

Também existem critérios de comparação para os integrais imprópriosda forma

∫ b

−∞f(x) dx

e ∫ +∞

−∞f(x) dx.

§4.7 Integrais impróprios Cálculo I – pag. 555

Suponhamos agora que f está definida em [a, b[ e que é integrável emqualquer intervalo [a, u] com u ∈ [a, b[. Nesta condições define-se

∫ b

a

f(x) dx = limu→b−

∫ u

a

f(x) dx.

De forma análoga define-se

∫ b

a

f(x) dx = limt→a+

∫ b

t

f(x) dx

quando f é está definida em ]a, b] e f é integrável em qualquer intervalo [t, b]com t ∈ ]a, b].

Quando f está definida em [a, c[ ∪ ]c, b] para algum c ∈]a, b[ e f é integrávelem [a, u] e [t, b] para quaisquer u ∈ [a, c[ e t ∈ ]c, b], define-se

∫ b

a

f(x) dx = limu→c−

∫ u

a

f(x) dx + limt→c+

∫ b

t

f(x) dx.

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§4.7 Integrais impróprios Cálculo I – pag. 556

Nos três casos considerados anteriormente o integral

∫ b

af(x) dx

designa-se por integral impróprio de segunda espécie. O integraldiz-se convergente se existem e são finitos os limites indicados ediz-se divergente quando tal não se verifica.

§4.7 Integrais impróprios Cálculo I – pag. 557

Exemplos de integrais impróprios de segunda espécie

a) Calculemos∫ b

a

1(x − a)α

dx. Comecemos por supor que α 6= 1. Então

∫ b

a

1(x − a)α

dx = limt→a+

∫ b

t

(x − a)−α dx

= limt→a+

[

(x − a)−α+1

−α + 1

]b

t

= limt→a+

((b − a)−α+1

−α + 1− (t − a)−α+1

−α + 1

)

=

(b − a)1−α

1 − αse α < 1

+ ∞ se α > 1

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§4.7 Integrais impróprios Cálculo I – pag. 558

Exemplos de integrais impróprios de segunda espécie (continuação)

a) (continuação) Quando α = 1 temos

∫ b

a

1x − a

dx = limt→a+

∫ b

t

1x − a

dx

= limt→a+

[ln(x − a)

]b

t

= limt→a+

(ln(b − a) − ln(t − a))

= ln(b − a) − ln(0+)

= ln(b − a) − (−∞)

= +∞

Assim,∫ b

a

1(x − a)α

dx é

{

convergente se α < 1;divergente se α > 1.

§4.7 Integrais impróprios Cálculo I – pag. 559

Exemplos de integrais impróprios de segunda espécie (continuação)

b) Determinemos a natureza de∫ b

a

1(b − x)α

dx. Comecemos por fazer

α 6= 1. Então

∫ b

a

1(b − x)α

dx = limu→b−

−∫ u

a

−(b − x)−α dx

= limu→b−

−[

(b − x)−α+1

−α + 1

]u

a

= limu→b−

−(

(b − u)−α+1

−α + 1− (b − a)−α+1

−α + 1

)

=

(b − a)1−α

1 − αse α < 1;

+ ∞ se α > 1

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§4.7 Integrais impróprios Cálculo I – pag. 560

Exemplos de integrais impróprios de segunda espécie (continuação)

b) (continuação) Para α = 1 vem

∫ b

a

1b − x

dx = limu→b−

−∫ u

a

− 1b − x

dx

= limu→b−

−[

ln(b − x)]u

a

= limu→b−

− (ln(b − u) − ln(b − a))

= −(ln(0+) − ln(b − a)

)

= − (−∞ − ln(b − a))

= +∞Portanto,

∫ b

a

1(b − x)α

dx é

{

convergente se α < 1;divergente se α > 1.

§4.7 Integrais impróprios Cálculo I – pag. 561

Observação

Também existem critérios de comparação para os integrais imprópriosde segunda espécie.

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§4.7 Integrais impróprios Cálculo I – pag. 562

Exercícios

Calcule

a)∫ +∞

0

x e−x2

dx b)∫ +∞

0

arc tg x

1 + x2dx

c)∫ 0

−∞

11 + x2

dx d)∫ 1

0

x ln2 x dx

e)∫ 2

0

1√

|x − 1|dx f)

∫ +∞

−∞

x

1 + x2dx

g)∫ π/2

0

sen x

1 − cos xdx h)

∫ e

0

1x(1 − ln x)

dx

i)∫ 0

−∞

x

1 + x4dx j)

∫ 1

−∞x5 ex6

dx

k)∫ +∞

1

1(1 + x2) arc tg x

dx l)∫ +∞

e

1x

√ln x − 1

dx