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CIDADE PÓS-MODERNA: ESPAÇO FRAGMENTADO TERESA BARATA SALGUE1RO* The post-modern city: a fragmented space The artiele díscusses the transition from industrial to post-industrial ti- mes and how it has affected urban spatial organization. In the industrial city, social and economic activities tended to cluster in space, giving rise to internal/y-homogeneous areas. In the post-industrial city, however, organizatíon of space is more complex and characterized by fragmentation. As a result, cities are increasingly subdivided into a series of territorial enclaves, whieh have weak or no relationship with the surrounding areas. A case study of metropolitan Lisbon shows that the emergenee of sueh territorial enelaves is great/y transforming the traditional eenter-periphery structure of lhe Portuguese capital. Neste texto propomo-nos a refletir sobre as modificações da organiza- ção urbana na transição da cidade industrial para a pós-industrial' , conside- rando que a fragmentação socioespacial identifica a cidade pós-industrial. Entendemos por fragmentação uma organização territorial marcada pela exis- tência de enelaves territoriais distintos e sem continuidade eom a estrutura socioespacial que os cerca. A fragmentação traduz o aumento intenso da diferenciação e a existência de rupturas entre os vários grupos sociais, orga- nizações e territórios . . Professora catedrática da Universidade de Lisboa 1 Quando falamos de cidade pós-industrial x cidade industrial queremos apenas marcar a importância dos serviços (pessoais, ás empresas, de turismo) e não mais da indús- tria no emprego, no produto, e na paisagem das áreas urbanas. Em termos mais latos associamos a cidade industrial á época moderna (em sentido restrito á época que teve o clímax entre meados do século XIX e os anos 20 do século XX) e à pós- industrial à cultura pós-moderna que se instala desde os anos 60.

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CIDADE PÓS-MODERNA: ESPAÇOFRAGMENTADO

TERESA BARATA SALGUE1RO*

The post-modern city: a fragmented space

The artiele díscusses the transitionfrom industrial to post-industrial ti-mes and how it has affected urbanspatial organization. In the industrialcity, social and economic activitiestended to cluster in space, giving riseto internal/y-homogeneous areas. Inthe post-industrial city, however,organizatíon of space is morecomplex and characterized by

fragmentation. As a result, cities areincreasingly subdivided into a seriesof territorial enclaves, whieh haveweak or no relationship with thesurrounding areas. A case study ofmetropolitan Lisbon shows that theemergenee of sueh territorialenelaves is great/y transforming thetraditional eenter-periphery structureof lhe Portuguese capital.

Neste texto propomo-nos a refletir sobre as modificações da organiza-ção urbana na transição da cidade industrial para a pós-industrial' , conside-rando que a fragmentação socioespacial identifica a cidade pós-industrial.Entendemos por fragmentação uma organização territorial marcada pela exis-tência de enelaves territoriais distintos e sem continuidade eom a estruturasocioespacial que os cerca. A fragmentação traduz o aumento intenso dadiferenciação e a existência de rupturas entre os vários grupos sociais, orga-nizações e territórios .

. Professora catedrática da Universidade de Lisboa1 Quando falamos de cidade pós-industrial x cidade industrial queremos apenas marcara importância dos serviços (pessoais, ás empresas, de turismo) e não mais da indús-tria no emprego, no produto, e na paisagem das áreas urbanas. Em termos maislatos associamos a cidade industrial á época moderna (em sentido restrito á épocaque teve o clímax entre meados do século XIX e os anos 20 do século XX) e à pós-industrial à cultura pós-moderna que se instala desde os anos 60.

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1. A segregação na cidade industrial

A cidade industrial apresentava uma segregação funcional e social(LlPIETZ, (1974) fala em divisão técnico-econôrntoa e social do espaço), poisera constituída por áreas homogêneas do ponto vista social, ou funcional-mente especializadas, as quais estavam ligadas por relações de complemen-taridade e de interdependência, com freqüência numa organização de tipohierárquico, como sucedia com as áreas de comércio e serviços, fortementepolarizadas e comandadas por um centro, ou com as áreas residenciais, asquais reproduziam a hierarquia social.

A segregação foi-se construindo em paradigma da cidade industrial emoderna. Determinada pelas necessidades da economia (umas atividadessão antagônicas, outras têm vantagens de coesão como salientaram HARRIS& ULLMAN em 1945), foi assumida como modelo pelo urbanismo funcionalistamoderno que tem no zoneamento um dos seus pilares, tendendo depois areproduzir-se.

Já a homogeneidade das áreas sociais traduzia o novo papel que oespaço assumiu na identificação das pessoas quando o industrialismo acele-rou a mobilidade social e o reconhecimento do estatuto se passou a fazerpela posse de bens. A casa e, mais do que isso, o bairro de residência entramno conjunto de bens que oferecem reconhecimento. A homogeneidade socialdos bairros e a sua defesa dos intrusos podem radicar em razões culturais esociais, mas adquire rapidamente uma tradução econômica em termos devalorização ou desvalorização do solo.

O resultado desses processos. favorecido aliás pelo papel de árbitro eregulador do Estado, principalmente atuante no domínio do planejamento doterritório, é uma cidade "arrumada" com os grupos sociais e as atividadeseconômicas em seu determinado lugar, na qual se desenvolvem trocas entreespaços desiguais, se tecem interdependências, e se multiplicam solidarie-dades. Assim, o centro prestigiado, diversificado, rico e poderoso opõe-se aperiferias mal-equipadas e monótonas. A cidade opõe-se ao mundo rural como qual estabelece, no entanto, profundas relações - o hinterland contribuidecisivamente para a especialização funcional das cidades - e com o qualfunciona em simbiose interdependente.

2. A cidade fragmentada

Esta situação começa a mudar no pós-guerra. tornando-se mais nítidanos anos 70, acompanhando o progresso na tecnologia dos transportes ecomunicações e o reforço dos processos de internacionalização que tiveramprofundas conseqüências na organização econômica e social e, portanto, tam-bém nos modos de produção e de apropriação do território, na estrutura dascidades e nas suas relações mútuas. O aumento da mobilidade, a crise eco-

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nômica e a posterior reestruturação, o aumento da diversidade e a fragmen-tação da estrutura social encontram eco na organização urbana que tende aevoluir para uma maior fragmentação.

A principal característica que importa sublinhar na cidade fragmentadaé a existência de enc/aves, o caráter pontual de implantações que introduzemuma diferença brusca em relação ao tecido que as cerca, seja um centrocomercial numa periferia rural ou um condomínio de luxo no meio de um bair-ro popular". Desta característica resulta a existência de rupturas entre teci-dos justapostos as quais substituem a continuidade anterior.

A própria continuidade centro-periferia ou cidade-hinterland baseadaem complementaridades se rompe. O centro perde a especificidade regionale acolhe funções determinadas por processos longínquos de caráter global ea continuidade com a periferia é desafiada pela multiplicação das centralidades.As cidades ligam-se em redes, sem atenção à distância nem à dimensão doslugares, nas quais buscam sinergias e identificação, muito mais do que noseu hinterland. Ao mesmo tempo em que nas urbes se multiplicam as áreasfuncionalmente equivalentes sem ligações hierárquicas, tendendo para umaestrutura pollcêntrica e reticulada. Este processo é particularmente visível naestrutura terciária com o declínio do centro tradicional e a emergência denovas centralidades, pólos de comércio e serviços com grande capacidadede atração que disputam clientelas, uma vez que os novos padrões de mobi-lidade acabaram com a exclusividade das áreas de mercado dos pontos devenda definidas pela distância aos consumidores.

Outra característica importante é a tendência para a mistura de usosem alguns dos novos empreendimentos. Na cidade fragmentada há, por umlado, menos especialização, devido à tendência para substituir as áreasespecializadas do zoneamento por espaços de atividade mistos, mas, poroutro lado, cresce a especialização de determinadas unidades; basta pensarna segmentação espacial do processo produtivo, na especialização muitoestreita de alguns pontos de venda, no aumento da diversidade dos aloja-mentos.

Finalmente, devemos referir o padrão aleatório destes novos aconteci-mentos urbanos. Ora surgem no centro, ora na periferia, uns são fruto dareabilitação de imóveis degradados, outros nascem com a renovação de áre-as obsoletas, outros ainda são construídos de raiz num local que rapidamen-te ganhou acessibilidade ou, pelo contrário, cujo isolamento permite adquiriro solo a baixos custos, como no caso da habitação social. Este padrão alea-tório é simplesmente produto social do jogo do mercado imobiliário poucoregulado, de processos especulativos de valorização, e não tanto das condi-ções locais em termos de distância ao centro ou a zonas de emprego, do

2 Importa notar que o que define o enclave não é tanto a sua dimensão, pequena,mas o tipo de relação (a existência de não-relações) com os tecidos que o cercam.

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nível local do comércio e dos equipamentos ou da qualidade do ambiente.Deste modo os modelos da estrutura urbana de inspiração positivista comoos produzidos pela ecologia fatorial ou mesmo pelo comportamento da rendafundiária perdem capacidade explicativa.

O fato de defendermos que a cidade fragmentada substitui a cidadesegregada não quer dizer que desapareçam as situações de segregação so-cioespacial, Em primeiro lugar, porque a fragmentação pode ser vista comouma segregação à escala micro, um patchwork ou manta de retalhos em vezda organização em grandes manchas a que os modelos da Escola Ecológicanos habituaram; mas, por outro lado, existe uma profunda inércia nas socie-dades e no espaço que dificulta a emergência do novo padrão. O que importasalientar é que, paralelamente à segregação, surgem casos em que grupossociais muito diferentes partilham o mesmo espaço. Isto é particularmentenítido nos bairros antigos com qualidade ambiental e patrimonial que têm sidoobjeto de ações pontuais de nobilitação (gentrification) surgindo prédios deprestígio em locais pouco valorizados, mas quando os sem-abrigo procuramas portas das grandes empresas ou as vitrines dos comércios de luxo docentro para dormir revelam igualmente uma apropriação mais variada dosterritórios.

3. Quadro explicativo

Nos processos que estão na origem da nova organização urbana me·recem destaque a nobi/itação e regeneração que ao procederem à reabilita-ção e renovação de áreas antigas e degradadas fomentam a mistura de usos(o crescimento de empreendimentos mistos com habitação, comércio, lazer eescritórios) contrariando os princípios do zoneamento funcionalista, e a cria-ção de "novas central idades" contribuindo para lançar as bases de uma estru-tura policêntrica de territórios ligados em rede à custa da perda da importân-cia do centro tradicional e da estrutura monocêntrica de base hierárquica, aomesmo tempo em que favorecem a proliferação de implantações de tipo pon-tuai (centros comerciais, condomínios de luxo, grandes edifícios de escritó-rios, conjuntos de habitação social, parques temáticos), isoladas, ou no seiode territórios com outro uso, que adquirem grande visibilidade e se opõem àorganização tradicional em manchas homogêneas. Representam a reapro-priação da central idade por atividades e grupos sociais de maior poder eco-nômico que se vêm justapor ao tecido preexistente e introduzem rupturasbruscas entre os territórios ocupados pelos vários grupos e organizações queembora sejam contíguos não apresentam qualquer continuidade.

As alterações da organização urbana são produto dos processos deprodução e apropriação do espaço porque são eles que fazem a articulaçãodo território com a esfera da organização econômica e social. De modo muitogenérico podemos dizer que se assistiu a uma mudança nos modos de pro-dução e apropriação do território no quadro do aumento das interações (e da

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internacionalização) e de alterações na organização econômica e na base daestrutura social.

Podemos dizer que se tende para uma apropriação pontual ou intensi-va do território em vez da apropriação extensiva ou em mancha, tradicional.O território continua a participar na identificação das pessoas e empresasmas agora a apropriação é mais seletiva e feita em nível micro quando inter-dependências funcionais ou de interesses substituem a solidariedade de vizi-nhança e as dependências de proximidade, na base das relações sociais. Aapropriação não é feita por classes sociais ou ramos de atividade econômicamas por grupos, às vezes bem pequenos. Deste modo, produziu-se uma dife-renciação naquilo a que Milton SANTOS (1994:16) chama 'horizontalidades',"os domínios da contigüidade, daqueles lugares vizinhos reunidos por umacontinuidade territorial". Há, por um lado, uma horizontal idade que é solidáriae contínua, e uma outra em que há contigüidade sem qualquer continuidade.Esta assenta em rupturas, a base dos enelaves em que se estrutura a cidadefragmentada.

A horizontal idade tradicional pré-industrial era constituída por pessoasdiferentes mas interdependentes e solidárias. Na cidade de enclaves, 'dife-rentes' significa 'estranhos'.

Os estudos que focalizam a questão da apropriação do espaço quasesempre se referem aos consumidores e responsabilizam a procura pelas mu-danças verificadas. Pretendem perceber os novos padrões locativos das em-presas e o tipo de substituição social que ocorre nas zonas nobilitadas. Quandoo enfoque é social, este tipo de estudo privilegia os aspectos culturais aosituar o consumo no contexto das ideologias das novas classes médias dasociedade pós-industrial. Assume então relevância o aumento da diversidadesocial associado aos novos padrões de consumo, à pluralidade de estilos devida que produzem novas e mais diversificadas procuras, em parte associa-dos ao que alguns dizem ser a emergência de novas classes médias. O au-mento da segmentação que se identifica na organização econômica estende-se ao espaço social que tende a pulverizar-se em grande número de gruposdiferentes fruto do aumento muito pronunciado da diversificação relacionadacom a multiplicação das escolhas e das dimensões consideradas na sua de-finição.

Assiste-se a uma a generalização dos modelos culturais, ou pelo me-nos de muitas das suas referências, mas também ao aprofundamento deespecificidades e particularismos conduzindo, simultaneamente, a uma uni-formização dos modelos e à diferenciação das práticas sociais. A conjunçãodessas duas forças antagônicas parece conduzir à fragmentação dos territó-rios e das comunidades através de várias linhas de c1ivagem que formam umtecido complexo e difícil de decifrar.

A quantidade de informação recebida, o aumento da mobilidade e adiversidade de contatos abertos aos indivíduos permitem-lhes não apenasdesmultiplicar-se por diversos papéis e identidades, mas também pertencer a

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diversas redes, algumas quase virtuais, mas na maior parte com consistênciaterritorial mais fragmentada, isto é, partilhada por diversos lugares afastados.

Os yuppies e hoje os 30s something foram responsabilizados pelareapropriação da área central para residência e consumo devido à importân-cia que atribuem ao tempo de deslocamento e à adoção de estilos de vidacosmopolitas. Ocupam edifícios reabilitados (ou inteiramente novos mas nogeral com um ar antigo), na zona histórica, ou construções inteiramente no-vas, seja em áreas renovadas anteriormente voltadas a usos industriais oude transportes de que as operações nas docas em todo o mundo sãoparadigma, seja em locais da coroa urbana valorizados por novas condiçõesde acessibilidade como sucede em Telheiras ou Lumiar, em Lisboa.

Mas também encontramos novos estratos consumistas em situaçõessuburbanas, principalmente com a proliferação de condomínios fechados demoradias providos de facilidades em termos de equipamento desportivo e delazer, oferta até há pouco praticamente inexistente, porque espartilhada entreos bairros clandestinos para grupos remediados ou pequenas classes médias egrandes moradias com jardim para minorias de grande poder econômico.

Os primeiros se beneficiam da proximidade ao emprego e aos comércioos e serviços de luxo existentes na área central, enquanto os segundos me-nos dependentes da proximidade ao trabalho central (ou trabalhando na peri-feria) valorizam os jardins, os equipamentos desportivos, o sossego. Tantouns como outros dividem o seu tempo cotidiano entre a proximidade e a dis-tância. Para muitos indivíduos o espaço de ação não é mais definido pelacontinuidade territorial; freqüentam uma série de lugares, pontos que apenasas práticas de cada um unificam e dão sentido como conjunto. Efetivamentecada vez mais os espaços de ação dos indivíduos são formados por pontosdistantes uns dos outros ligados por processos sociais, pelos padrões da vidasocial organizada em e por meio de determinados locais (URRY, 1995). Opróprio bairro enquanto extensão e suporte de práticas cotidianas e de rela-ções sociais perde sentido.

Outro conjunto de explicações com ênfase na procura inspira-se nateoria social. A cidade industrial espelhava a solidariedade orgânica produzi-da pela divisão do trabalho e pela interdependência de cada um face aosoutros para cumprir a sua tarefa e dava dela uma representação convincen-te. Depois perdeu-se o princípio social baseado naquele sentimento, a socie-dade dessolidariza-se e os que têm mais posses ignoram os desfavorecidose fogem das zonas onde estes se acumulam porque comportam custos soci-ais mais altos. A cidade torna-se então simples projeção aleatória de condi-ções sociais cada vez mais fragmentadas e sem qualquer princípio de dispo-sição, produzindo-se "uma desordem espacial das posições sociais"(DONZELOT,1997).

Finalmente, em termos de empresas, o que importa salientar é o au-mento da liberdade locativa (aliás comum às residências), ou novas condi-ções de localização. A segmentação espacial do processo produtivo permite

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a forte descentralização de atividades industriais intensivas em mão-de-obra,dos back oftices onde se praticam tarefas rotineiras, e armazéns, enquantose assiste à concentração na área central das funções de gestão, direção econtrole do processo produtivo. De modo semelhante no comércio, as gran-des superfícies multiplicam-se na periferia e na zona central renovada per-dendo muitas das características que eram ponto de apoio da Teoria dosLugares Centrais, designadamente exclusividade de áreas de mercado,centralidade em relação à clientela, relação entre a dimensão demográfica efuncional.

Tudo isto conduz ao desenvolvimento de novas relações entre cidadee região, entre centro e periferia, entre empresas, mais livres e mais flexíveis,relações que não são necessariamente hierárquicas nem baseadas emcomplementaridades de proximidade. As empresas, tal como os territórios,podem buscar sinergias na proximidade geográfica, nas relações e caracte-rísticas do ambiente local, mas também na distância, na pertença a uma de-terminada rede.

Ao contrário das explicações anteriores, certos autores privilegiam nassuas análises o lado da produção destacando o papel do capital e as altera-ções verificadas no comportamento dos agentes diretamente relacionadoscom a produção urbana. No domínio da produção do espaço importa evocaralterações registradas nos processos de valorização imobiliária, o apareci-mento de novos tipos de empreendimentos relacionados com a reestruturaçãodo setor da construção, e o papel do Estado.

A importância assumida pelos mercados imobiliários para investimen-to, encarados como alternativa ao circuito de produção para acurnulação'' , ea forte internacionalização dos mercados de produtos de gama alta e média,principalmente no domínio do chamado imobiliário comercial e de habitaçãode luxo, num contexto de menor regulação sobre o uso e transformação dosolo, e maior mobilidade de capitais à escala internacional, contribuem paraincentivar operações de renovação urbana semelhantes em todas as cidadese para o desenvolvimento de processos simultâneos de valorização e de des-valorização de territórios os quais resultam essencialmente do jogo de opor-tunidades imobiliárias e não necessariamente da lógica de desenvolvimentolocal.

Nos anos 80 o capital circula de umas cidades para outras em buscade melhores oportunidades, contribuindo para situações de especulação e

3 HARVEY (1985 e 1987), no seguimento de LEFEBVRE (1974), estabelece a liga-ção entre produção do espaço construído e crises no processo de acumulação dan-do lugar a excesso de liquidez e saídas de capital da esfera produtiva. Do ponto devista da circulação do capital, os booms imobiliários coincidem com a transferênciado capital do circuito primário de acumulação (a esfera produtiva) para o circuitosecundário (produção do ambiente construido) em épocas de excesso de liquidez eproblemas de acumulação registrados no setor produtivo.

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crises por excesso de oferta. Em Portugal este movimento foi facilitado com aentrada do país na União Européia, mas a revolução imobiliária começaraantes, ainda nos anos 60, com uma alteração na escala da produção urba-na". Ela corresponde à substituição da intervenção no lote, de 150 a 400m2,pela intervenção mais ampla e acompanha a reestruturação do setor da cons-trução, isto é, a sua penetração por estruturas capitalistas mais avançadastraduzida num aumento da concentração e na sua penetração pelo capitalfinanceiro, numa primeira fase essencialmente de origem nacional e depoiscada vez mais livre.

A reestruturação recente do setor da construção passa também por umaumento da especialização e profissionalização das várias atividades (pro-moção, financiamentos, estudos e projectos, construção, fiscalização, medi-ação, etc.) muitas delas exercidas por consórcios com forte componentetransnacional, ou diretamente por empresas estrangeiras (SALG UEI RO, 1994,COSTA, 1996).

Os grandes empreendimentos do topo da gama são internacionaliza-dos pelo capital, pela imagem e até pelos utentes porque muitas empresasestrangeiras recentemente instaladas em Portugal o fazem nestes novos edi-fícios. Distinguem-se assim em termos de forma, de processo e de ocupação.Orientam-se no essencial para áreas recentemente valorizadas da cidadeinterior (por renovação de estruturas obsoletas, ou pela construção de novasacessibilidades) a que se somam iniciativas pontuais na periferia, desde gran-des superficies comerciais e office parks a condomínios residenciais. De fato,embora se mantenha o laço entre expansão econômica e geográfica mudou aforma desta relação. Hoje em dia a expansão econômica já não se realizaapenas por meio da expansão geográfica periférica, mas envolve diferencia-ção interna de espaços já urbanizados (SMITH, 1996, sublinhados meus).

O caráter central das novas intervenções é explicado pelas teorias quese debruçam sobre a valorização do capital por meio da propriedade imobi-liária, concretamente analisando os processos de desinvestimento ereinvestimento conhecidos como do rent gap. Estas teorias fundamentam oregressar ao centro ao explicar como o desinvestimento propicia a nobilitaçãode certas áreas atraindo para elas investimentos.

O papel do Estado também acompanhou as mudanças verificadas econtribuiu para elas. De um modo geral, nas últimas décadas, assistimos àredução da intervenção do Estado no domínio do planejamento territorial".seja em articulação com a expansão das ideologias neoliberais, seja porque

4 Ver referências às alterações da escala de produção urbana em METTON (1984)para o comércio, SALGUEIRO (1983,1994), para a habitação e escritórios.5 O planejamento, mesmo quando é pouco eficaz, como em Portugal, acaba porcondicionar o uso de solo aos "modelos teóricos". A liberalização dos últimos anostem introduzido uma maior diferenciação. Para alterações no sistema de planeja-mento ver, entre outros, A. DOMINGUES (1996).

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o pós-modernismo é por definição menos crente nos grandes planos e muitofavorável à liberdade de iniciativa empresarial. Há, no entanto, grandes in-vestimentos públicos no domínio da habitação social e das infra-estruturas e

;;l!lquipamentos, estes últimos com reflexos na valorização e abertura de no-vos territórios ao investimento privado, e assiste-se a uma política agressivade marketing territorial e ao desenvolvimento de parcerias com os agentesprivados.

A intervenção no domínio da habitação social foi sempre insignificantee demasiado tardia em Portugal. O FFH, no final dos anos 60, vem dinamizaros grandes conjuntos de habitação social que lentamente se ergueram nosanos 70 e continuam a fazer-se, apesar da forte contestação que merecem.Empreendimentos volumosos com grande homogeneidade pois são constituí-dos essencialmente por apartamentos, os conjuntos de habitação socialconstruídos nos anos 70, quer na zona oriental de Lisboa-cidade, quer emalgumas periferias, contribuem indiscutivelmente para a construção da 'cida-de segregada' e constituem hoje, com freqüência, bairros-problema devidoao acumular de diversos tipos de disfunções. Destinados a realojamento aco-lheram populações com origens e situações econômicas e familiares muitodiferenciadas (habitantes de casas velhas e barracas, empregados com situa-ção estável, desempregados e reformados, famílias tradicionais e isolados),a que se juntaram depois de 1975 populações africanas. De grandes dimen-sões, localizados muitas vezes em situações periféricas e mal servidas detransportes, sem articulação com as estruturas preexistentes, introduzem napaisagem profundas rupturas em termos de imagem e de cultura urbana. Ha-bitados por populações com pouca qualificação e vulneráveis face ao merca-do de trabalho, a situação de marginalidade é potenciada pelas diferençasculturais e, por vezes, pela presença de atividades ou comportamentos ilíci-tos, especialmente relacionados com o tráfego de estupefacientes. Tambémneste domínio da habitação social há inovações pois o PER já admite diversostipos de realojamento, aceitando uma maior participação dos interessados.

O aumento da velocidade de transporte e de comunicação fez perdermuitas das vantagens tradicionais dos lugares, estendeu a competitividadeaos territórios, contribuindo para novas alterações na sua posição relativa, edeterminou profundas mudanças na política e na gestão dos lugares. As açõesde reabilitação e regeneração urbana são também determinadas, pelo menosem parte, pela necessidade de melhorar a imagem da cidade, de a tornarmais atrativa. Não é fácil separar dentre estas iniciativas aquelas que se ori-entam principalmente para o exterior daquelas cuja justificação é a melhoriadas condições de vida dos cidadãos. A maior parte delas responde aos doisdesideratos, mesmo se, muitas vezes, implicam a expulsão das áreas centraisde habitantes pobres condenados também a uma marginalidade espacial.

Estas políticas, prosseguidas com vista a modernizar, aumentar o em-prego e conseguir crescimento econômico não deixam também de funcionarcomo mecanismo de legitimação do poder instituído e requerem sempre grande

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investimento público que, em última análise, é desviado do auxílio aos maiscarentes, funcionando como subsídio aos mais ricos, como nota HARVEY(1987).

Em termos de intervenção no território podemos dizer que hoje se ten-de para ações de âmbito restrito, pois o projeto em nível local substitui osgrandes planos. A contestação generalizada dos grandes conjuntos de habi-tação social convertidos em áreas-problema conduziu à tendência para ado-tar estratégias mais variadas, que permitam uma maior diluição dos maiscarentes no tecido urbano". De modo semelhante, a contestação do zonea-mento da cidade moderna, mais bem expressada talvez por Jane Jacobs, fazsurgir espaços de uso misto.

Em conclusão, podemos dizer que novas formas de produção e deapropriação do espaço levam â substituição da cidade segregada ehierarquizada característica da cidade industrial e â sua substituição por áre-as urbanas fragmentadas constituídas por justaposição de entidades diferen-tes, pelo aumento de oferta de alternativas (no centro e na periferia, comérciode rua ou no centro comercial, apartamento ou moradia).

4. O caso de Lisboa

As cidades do Sul, se não mesmo as Européias, conservaram semprebairros socialmente mistos, apesar da forte tendência para a segregação doespaço, especialmente por parte dos novos grupos em processo de afirma-ção. De fato nos bairros populares de Lisboa, Porto ou outras cidades médiase grandes encontram-se residências de famílias burguesas e, com freqüên-cia as barracas crescem ao lado dos conjuntos residenciais de classe alta.Muitas destas barracas têm origem no alojamento dos trabalhadores da cons-trução que permanecem no local da obra depois dela concluída. A prova deque a segregação existe é dada pela pouca dificuldade que os meus alunostêm em classificar os bairros da AML de acordo com o nível social dos res-pectivos moradores.

Tradicionalmente a segregação é mais forte nos grupos sociais extre-mos; os mais altos por opção e os mais baixos por falta de oportunidades, porsó terem acesso a locais desvalorizados que os outros não querem. Mas elaé também produto das escolhas dos grupos ascendentes em processo deafirmação social que recorrem a todos os objetos e símbolos capazes de lhesfornecer reconhecimento, designadamente a determinado tipo de casa e lu-gar. Dadas a importância que a formação escolar ainda tem na definição do

6 Iniciativa que não poucas vezes tem se deparado com a resistência dos moradoreslocais que pretendem defender o seu bairro da presença de 'indesejáveis' como aoposição à instalação de ciganos e outros membros de minorias étnicas tem revela-do.

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estatuto social, por um lado, e a capacidade dos intelectuais de inventar ouadotar novos estilos de vida, que os outros depois imitarão, por outro, não éde admirar que os indivíduos com profissões intelectuais sejam aqueles queapresentam maior nível de segregação na AML (Quadro 1) se não conside-rarmos os agricultores e trabalhadores agrícolas, obviamente com uma posi-ção periférica no contexto metropolitano. Seguem-se os operários não-quali-ficados que representam o extremo oposto da escala social numa sociedadebastante tradicional, onde os operários não eram socialmente integrados naclasse média, ao contrário dos trabalhadores não-qualificados do terciárioque mais facilmente partilham o espaço com elas. Mas isto traduz também aforte segregação da indústria em algumas zonas (eixo de Vila Franca de Xirae Península de Setúbal) e a maior proximidade ao trabalho por parte dosoperários do que dos trabalhadores terciários, mais dependentes do trabalhoem Lisboa-cidade.

Até há pouco não dispúnhamos de estatísticas com um nível de desa-gregação suficiente para testar com acuidade os modelos de organizaçãosocial do espaço urbano". Os bloqueios do mercado de aluguel, que em partecontribuíam para a pouca mobilidade residencial das famílias, não deixavamfuncionar o mercado, introduzindo fortíssimas distorções. Deste modo, nãose encontrava uma relação positiva entre o nível de rendimento das famílias eo preço dos alojamentos.

As mudanças ocorridas nos anos 60 e 70, designadamente as altera-ções já mencionadas na promoção imobiliária, a expansão do mercado decasa própria, a promoção pública de grandes conjuntos de habitação social, o

QUADRO 1 - Índices de Segregação nas Freguesias

Grupo Socioeconómico índice Grupo Socioeconómico índice

Agricultores 59,1 ProfiSS.lntelect e Cient. 32,11

Operários Não-Oualif. 22,9 Ops. Oualif. e Semiqualif. 20,92

Empresários e Diretores 16,71 Outros 13,95

Trab.da adm., comércio e serviços

não-qualif. 12,82 Peq. Patrões 12,40

Técnicos intermédios 12,34 Emp. na adm., com. e serviços 10,33

Outros independentes 10,08

Fonte: J.M.Malheiros no quadro do Projeto 6/94 da JNICT/DGOTDU

7 Tentativas precoces de aplicação de ecologia fatorial no CEG (Fonseca e Reis,Almeida, Cachinho) tiveram de se basear em volumoso trabalho de campo.

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crescimento dos bairros clandestinos diversificando os produtos e alargandoo leque social dos utentes que recorrem a esta forma de vivência urbanapermitem uma maior aproximação à lógica subjacente à organização urbanaindustrial e capitalista e, portanto, à emergência de padrões de segregação.O tratamento da informação dos Censos 91 por freguesias para a GrandeLisboa" permite identificar três dimensões principais no tecido socioespacialda AML (instrução e estatuto profissional, envelhecimento demográfico e dasestruturas construídas, etnicidade e marginalidade) e revela um padrão espa-cial das condições sociais e dos alojamentos sintetizado na Figura 1 e carac-terizado por:

• a existência de uma organização aproximadamente em coroas defor-madas pelas linhas de transporte. A segregação espacial corresponde à opo-sição centro-periferia e, dentro desta última, à distinção entre eixos de expan-são e territórios intercalares refletindo o forte peso da história do desenvolvi-mento urbano, do envelhecimento das estruturas e de fenômenos de inércia.

, nos territórios suburbanos identificaram-se essencialmente três tiposde zonas:

00 os subúrbios consolidados•• os territórios intercalares muito diferenciados e pouco consolidados

em termos de imagem urbana, em que distinguimos três tipos de situações .•• a franja periurbana de transição para o mundo rural não-metropolita-

noA Linha do Estorilliga-se diretamente à cidade de Lisboa e demarca-se

dos restantes territórios suburbanos .• os grupos sociais com maior nível de instrução e ocupando posições

profissionais mais valorizadas ocupam uma posição intermediária entre o nú-cleo central consolidado e as coroas suburbanas, apesar da penetração jáantiga, em cunha naquele núcleo .

• os grupos mais desfavorecidos em termos de instrução esocioprofissionais tendem a concentrar-se em áreas de exclusão que predo-minam nos territórios suburbanos intercalares.

A esta estrutura sobrepõem-se alguns enclaves bastante homogêneoscom a particularidade de ora acolherem as classes média e alta como sucedecom a Portela e Alfragide, ora servirem de suporte à residência de grupossocialmente marginalizados, como são os casos das freguesias a leste noconcelho da Amadora, o setor que desde a Charneca se estende até S. Juliãodo Tojal, passando por Camarate e Unhos, a área do Pragal-Caparica emAlmada e o Vale da Amoreira (Moita). Com efeito, aqui se encontram bolsõesfortemente marginalizados. caracterizados principalmente pela forte incidên-

8 No quadro do Projeto 6/94 da JNICT/DGOTDU procedemos a uma análise de com-ponentes principais a 19 variáveis seguida do agrupamento das freguesias numdendograma construído a partir dos scores das 177 freguesias nos 4 fatores identifi-cados na análise e que explicam 78% da variancia existente.

Cidade pós-moderna: espaço fragmentado

Figura 1.Síntese da Estrutura Socioespacial na Área Metropolitana de Lisboa

o IOKm

Legenda:1_Centro histórico consolidado e envelhecido. Empregados, no terciário e reformados.Famílias pequenas. Construção em altura. Fogos sem a totalidade das infra-estruturas;II - Coroa do Centro. Pequena e média burguesia urbana. Sinais de envelhecimento.Imp. dos ativos no terciário. Níveis de instrução superiores à zona I;III - Coroa burguesa tradicional;IV - Novos territórios burgueses. Edifícios recentes em altura com todas as infra-estruturas. População jovem com níveis de qualificação médio e superior. Quadrossuperiores e dirigentes;V - Área suburbana consolidada. Zonas novas pela idade dos edifícios e da populaçãoresidente, predomínio da construção em altura, bem dotada de infra-estruturas desaneamento, predomínio de classe média com empregados no terciário e operários;VI - Área suburbana intercalar, entre os eixos suburbanos da zona anterior, menosurbano em termos de imagem com maior presença de moradias. Pop. jovem, poucasfamílias pequenas, menor incidência de ocupações no terciário, designadamentodos grupos superiores, maior importância dos menos qualificados e dos operários;VII - Enclaves;VIII - Franja metropolitana onde as atividades agrícolas e a pesca têm algumaexpressão.

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52 Revista TERRITÓRIO, ano 111,nº 4, jan./jun. 1998

cia de barracas e clandestinos abarracados, populações de origem africana,famílias relativamente numerosas, trabalhadores no terciário sem qualifica-ção e operários.

Ao contrário do que sucede noutras zonas, a VI, que designamos de"subúrbios intercalares", revela menos homogeneidade, por isso no trabalhoque vimos seguindo a decompusemos em três subgrupos, um dos quais éprecisamente o das áreas marginalizadas. Também, na Zona IV "Novos ter-ritórios burgueses" verificamos que ao descer o parâmetro de corte, identifi·cavam-se subáreas fortemente polarizadas em termos sociais. Isto sucede,por exemplo no conjunto de freguesias de Carnide, Alto do Pina, Lumiar,Carnaxide e Parede porque ao lado dos prédios novos emergem barracas, aolado de desvios superiores à média para os níveis de instrução altos, terciárioqualificado e quadros superiores, registram-se igualmente desvios positivosno terciário pouco qualificado, na presença de africanos e de famílias nume-rosas. Basta pensar em Miraflores e na Pedreira dos Húngaros para Carnaxide,nas Olaias e nos inúmeros bairros de barracas e degradados do Alto do Pina(Quinta da Montanha, Quinta da Holandesa e seus prolongamentos) paraperceber como se trata de um agrupamento onde coexistem grupos diferen-tes, onde existe a contigüidade social sem a continuidade que caracteriza afragmentação.

Esta série de enclaves, que se estende desde a cidade de Lisboa aperiferias relativamente afastadas, constitui exemplos visíveis do novo tipode organização fragmentada.

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