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    Cartilha da

    Incluso Escolar

    Incluso Baseada em

    Evidncias Cientficas2014

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    Toda criana tem direito fundamental educao e deve ser

    dada a ela a oportunidade de atingir e manter um nvel

    adequado de aprendizagem

    Toda criana possui caractersticas, interesses, habilidades e

    necessidades de aprendizagem nicas. Sistemas e programas

    educacionais devem ser designados e implantados

    para contemplar a ampla diversidade dessas

    caractersticas e necessidades

    Crianas com necessidades educacionais especiais devem teracesso escola regular, que deve acomod-las atravs de

    uma Pedagogia centrada na criana, capaz de

    satisfazer tais necessidades

    Escolas regulares que possuam tal orientao inclusiva constituem

    os meios mais eficazes de combater atitudes discriminatrias

    criando-se comunidades acolhedoras,

    construindo uma sociedade inclusiva e

    alcanando a Educao para todos

    Declarao de Salamanca, 19941

    A Cartilha da Incluso Escolar dedicada

    Professora Dra. Maria Valeriana Leme de Moura-Ribeiro

    por tudo que representa Neurologia Infantil Brasileira

    Cartilha da Incluso Escolar

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    PrefcioNo h revelao mais veemente da alma de uma sociedade

    do que a forma pela qual ela trata suas crianas.Nelson Mandela (1918-2013)

    E certamente teremos uma sociedade melhor quando a diversidade de ha-bilidades e necessidades da criana for atendida na escola de forma singular.

    Esperamos que o leitor vivencie nessas pginas da Cartilha da Incluso

    Escolara experincia nica de transitar nas fronteiras entre as Neuroci-ncias e a Educao com conhecimentos de vanguarda e em terreno pavi-mentado pelas evidncias cientficas atuais.

    O paradigma de incluso escolar aqui adotado no se restringe crian-a com deficincia, nem tampouco, de forma mais ampla, quelas comnecessidades educacionais especiais, mas contempla toda criana, em sua

    vasta diversidade de habilidades e dificuldades. Assim, alm dos captuloscom recomendaes gerais e especficas de incluso, o leitor encontrarum captulo com os princpios e prticas da Neurocincia da Educao,uma nova rea do conhecimento cujo objeto de estudo a arte cientifica-mente fundamentada de ensinar.

    Outro objetivo da Cartilha foi prover recomendaes objetivas e pas-sveis de implantao na diversidade da realidade das escolas Brasileiras.Para tanto, as recomendaes foram discutidas em grupos focais de profis-sionais da Educao, resultando em um projeto de escola inclusiva dispos-to em um dos captulos, com suas etapas de implantao e ferramentas deauditoria e monitoramento.

    A Cartilha da Incluso Escolar: incluso baseada em evidncias cien-tficasobteve a chancela de 18 associaes e grupos de pesquisa que re-

    presentam e agregam profissionais dedicados ao desenvolvimento infantil,fato indito nessa rea e que deve ser comemorado por todos, alm de darao documento o status de um consenso de especialistas.

    Esperamos, por fim, que a leitura proporcione insights ao leitor, com-preenso repentina e intuitiva de suas prprias atitudes e comportamen-tos, realidade, problema ou situao, na mesma intensidade que os pro-porcionou equipe de trabalho.

    Marco Antnio Arruda e Mauro de Almeida

    Coordenadores do Projeto

    Ribeiro Preto e So Pedro, 28 de junho de 2014

    ndice

    Cartilha da Incluso Escolar

    1. Introduo 7A necessidade de mudana de paradigmas 7

    Objetivos 7

    Os primeiros frutos e desafios 8

    Uma escola no exclui outra 8

    2.Cartilha da Incluso Escolar, um trabalho de muitas mentes 9A Comunidade Aprender Criana 9A elaborao da Cartilha da Incluso Escolar 11

    Instituies apoiadoras 12

    3.Um Projeto de Escola Inclusiva 13Comprometer 13

    Auditorar 13

    Planejar 13

    Organizar 14

    Capacitar 14

    Implantar 14

    Monitorar 14

    Aprimorar 14

    4.Recomendaes 16Recomendaes Gerais 16

    Recomendaes Especficas 18

    Deficincia Intelectual 18

    Deficincia Auditiva 19Deficincia Visual 19

    Deficincia Motora 21

    Transtorno do Espectro Autista 22

    Transtorno do Dficit de Ateno e Hiperatividade 23

    Dislexia 25

    Discalculia 27

    Disgrafia 27

    Talentosos e Superdotados 29

    5.Princpios e Prticas em Neurocincia da Educao 31

    Referncias Bibliogrficas 36

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    Cartilha da Incluso Escolar

    Introduo

    Sob a tica desse novo paradigma, no mais pos-svel pensar em incluso como um processo dedicadoexclusivamente s crianas com deficincia ou NEE. Adiversidade infantil requer intervenes educacionaisindividualizadas para que todas as crianas, com de-senvolvimento tpico ou atpico, com ou sem deficin-cia, transtornos mentais ou de aprendizagem, tenhamreabilitadas suas dificuldades, estimuladas suas habi-

    lidades e respeitada sua singularidade, viabilizandoum desenvolvimento em plenitude. emergencial a promoo da Pedagogia contem-

    plando a todos os sujeitos sociais, e no de uma Pedago-gia da pessoa com deficincia. Promover uma Pedagogiada deficincia constitui uma das primeiras barreiras ati-tudinais percebidas no mbito da Educao9.

    Uma Pedagogia que contemple e inclua toda a di-versidade infantil, com base em evidncias cientficase garantindo os direitos civis das pessoas com defi-cincia, se apresenta como uma alternativa de van-guarda e esperana por uma comunidade escolar esociedade mais justas e solidrias.

    ObjetivosO projeto da Cartilha da Incluso Escolar: inclu-

    so baseada em evidncias cientficasfoi idealizadoa partir desse novo paradigma educacional e com osseguintes objetivos:

    1. Disponibilizar recomendaes de incluso escolarbaseadas em evidncias cientficas, contemplando todaa diversidade de escolas e salas de aulas Brasileiras.

    2. Propor recomendaes gerais e especficas paracrianas com deficincias (intelectual, auditiva, visuale motora), transtornos mentais (Transtorno do Es-pectro Autista e Transtorno do Dficit de Ateno eHiperatividade), transtornos especficos de aprendi-zagem (Dislexia, Disgrafia e Discalculia), talentosos esuperdotados.

    3. Disponibilizar os princpios e prticas que re-gem a arte cientificamente fundamentada de ensi-nar13 com base nos conhecimentos mais atuais daNeurocincia da Educao que contempla o atendi-mento da diversidade infantil.

    4. Apresentar um projeto de escola inclusiva comovia alternativa de implantao desse novo paradigma de

    1.Marco Antnio Arruda & Mauro de Almeida

    Aproposta de construo de um sistema edu-cacional inclusivo na realidade Brasileira en-contra-se amparada legalmente e em princ-pios tericos fundamentados em ideais democrticosde igualdade, equidade e diversidade2. No entanto,muitas vezes, as prticas inclusivas se distanciam so-

    bremaneira das proposies tericas e legais. Nessecontexto fica evidente a insatisfao de todos os per-sonagens envolvidos no processo, sejam os pais decrianas com necessidades educacionais especiais(NEE), que aspiram por um atendimento especiali-zado e individualizado para os seus filhos, sejam osgestores e professores, que se sentem despreparadose desamparados para atender essa demanda.

    Numerosos conflitos se revelam na comunidadeescolar em relao s possibilidades de efetivaodas aes de formao e multiplicao; prpria dis-cusso conceitual sobre a incluso; ao lcus de aten-dimento ao aluno com deficincia; ao financiamentoe s relaes entre o pblico e privado; assim como,quanto s responsabilidades dos diferentes atores en-

    volvidos no processo3. Essas tenses decorrem dasmltiplas relaes que se estabelecem entre um en-sino que tende para a homogeneizaode um lado,e os princpios inclusivos, que supem o respeito aosdireitos, a valorizao da diversidade e o atendimentode necessidades individuais, do outro3.

    Do ponto de vista educacional, o processo de in-cluso deve ser capaz de atender a todos, indistin-

    tamente, incorporando as diferenas no contexto daescola, o que exige a transformao de seu cotidianoe, certamente, o surgimento de novas formas de or-ganizao escolar, audaciosas e comprometidas comuma nova forma de pensar e fazer educao4.

    Portanto, a proposta de uma educao inclusivacoloca-nos frente a este grande desafio: transformar aescola da atualidade. Para isso se faz necessria a mu-dana de comportamento e rompimento de numero-sas barreiras histricas, financeiras, fsicas e atitudinais.

    A transformao da escola passa obrigatoriamentepor uma poltica de formao e educao continuadados professores, verdadeiros pilares para a construoda incluso escolar5. Entre as aes de formao dosprofessores destacam-se: a diferenciao do ensino,a parceria entre profissionais do Ensino regular e da

    A necessidade de mudanade paradigmas

    Estudos populacionais que acompanham a crianadesde o nascimento at a vida adulta comprovam oque muitos educadores percebem ao longo de anos

    de experincia, cada criana tem o seu ritmo deaprendizado e divergem em suas habilidades e difi-culdades11.

    So numerosas essas habilidades mentais e en-globam a linguagem (receptiva, expressiva, leitura,escrita, corporal, etc.), clculo, lgica, memria, fun-es executivas (habilidades de objetivar, planejar,organizar, iniciar, focar, perseverar, automonitorar,flexibilizar, inibir comportamentos, regular emoese operacionalizar) e metacognitivas (estratgias paraestudar, ouvir, anotar, ler, compreender, redigir, pes-quisar e fazer provas, por exemplo), entre outras. Acombinao de tais habilidades determinam outrasainda mais complexas como a capacidade de anteci-par, julgar, ter autoconscincia e a utocontrole, tomardecises, resolver problemas e adiar recompensas.

    A complexa combinao dessas habilidades com asexperincias singulares do viver e aspectos biopsicosso-ciais, educacionais, religiosos e culturais, resulta na di-

    versidade absolutamente admirvel da espcie humana.Tal diversidade Gestalt, um sistema complexo em

    que as propriedades no so uma consequncia naturalde seus elementos constituintes vistos isoladamente e

    decorrem em grande parte da relao no linear entreeles, sendo o todo mais do que a soma das partes12.

    O crebro humano um sistema complexo tosingular quanto as impresses digitais e, embora suaestrutura bsica seja a mesma, no existem dois c-rebros idnticos12. Apesar de existirem padres geraisde organizao estrutural e funcional do aprendizadono crebro, cada indivduo apresenta padres e com-binaes singulares de habilidades e dificuldades13.

    As evidncias cientficas atuais bem retratam essadiversidade no desenvolvimento infantil, seja ele t-pico ou atpico. Da mesma forma que as habilidadese dificuldades so distintas em crianas com defici-ncias, transtornos mentais ou transtornos especfi-cos de aprendizagem, elas tambm o so em crianascom desenvolvimento tpico.

    Educao Especial, mudanas atitudinais e reconheci-mento da diversidade6.

    Em contraposio ao que vemos na atualidadequando alunos com NEE so frequentemente exclu-dos de muitas atividades escolares, a diferenciao doensino permite que cada aluno se defronte constan-temente com situaes didticas que lhe sejam maisfecundas (...) implica, pois, o desenvolvimento de ca-

    minhos diversos para que os alunos consigam atingiras metas escolares, por meio de um acompanhamen-to e percursos individualizados7.

    Para essa e outras aes a parceria do professor desalas regulares com o da Educao Especial torna-semuito frutfera: para garantir o xito dos trabalhos naescola inclusiva, alguns aspectos devem ser conside-rados: apoio de especialistas, unificando os dois siste-mas e adaptando-os s necessidades de todos os alu-nos; potencializao das formas de interveno, isto, aplicao dos sistemas consultivos e de intervenodireta em sala de aula comum por meio do ensino co-operativo; adoo de uma nova organizao escolar,propondo a colaborao, o ajuste mtuo, as formasinterdisciplinares e o profissionalismo docente8.

    Entende-se por barreiras atitudinais posturas afe-tivas e sociais, nem sempre intencionais ou percebi-das, que se traduzem em discriminao e preconceito.Exemplos de algumas dessas barreiras atitudinais soa utilizao de rtulos, de adjetivaes, de substan-tivao da pessoa com deficincia como um tododeficiente, entre outras. S atravs da educao dosprofessores, comunidade escolar, famlia e sociedade

    que conseguiremos erradicar tais barreiras ou, pelomenos, minimizar seus efeitos danosos9.

    A formao de professores para a incluso escolarse mostra, portanto, fundamental para alcanarmosuma educao de qualidade. E uma educao de qua-lidade obrigatoriamente deve contemplar as necessi-dades de todos os alunos6.

    A incluso uma viso, uma estrada a ser viajada,mas uma estrada sem fim, com todos os tipos de bar-reiras e obstculos, alguns dos quais esto em nossasmentes e em nossos coraes10.

    Norteia o projeto dessa Cartilha da Incluso Es-colar a concepo de que a incluso escolar que tantoqueremos s ser completa no dia em que deixar deexistir e todas as crianas forem includas na escolaem sua singularidade e diversidade.

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    Cartilha da Incluso Escolar

    Aelaborao da Cartilha da Incluso Escolar oresultado de um trabalho exaustivo de muitoscolaboradores que teve incio com a criao daComunidade Aprender Criana.

    A Comunidade AprenderCriana

    Com o advento da Neurocincia Cognitiva no finalda dcada de 7015 e a partir da uma verdadeira ava-lanche de novos conhecimentos sobre como o crebroinfantil se desenvolve e aprende, tornava-se clara a ne-cessidade emergente de maior interao e transmissode conhecimentos aplicados entre as Neurocincias, aPsicologia e a Educao. Assim vimos surgir, nos pri-meiros anos desse sculo, a Neurocincia da Educao,com a criao daInternational Mind, Brain, and Educa-tion Society(www.imbes.org) por cientistas da Harvard,doMassachussets Institute of Technologye outras reno-madas instituies educacionais americanas e euro-peias. Iniciava-se a pavimen-tao de um caminho quedesde ento tem nos permi-tido chegar, com a segurana

    das evidncias cientficas, alugares antes completamentedesconhecidos 16.

    Podemos vislumbrar aimportncia desse caminhocomparando a Medicina Educao. Por sculos, a prtica mdica foi pura arte ecompletamente pautada na experimentao (tentativa eerro), criatividade e esperana. Com o avano dos conhe-cimentos no ltimo sculo e, mais recentemente, com oadvento da Medicina Baseada em Evidncias, a arte aliou--se Cincia e o resultado disso patente nas estatsticasde expectativa de vida na sade e na doena17.

    Da mesma forma, j podemos hoje observar o inciodessa transformao na Educao. O professor, desde oseu primeiro ancestral, por sculos a fio ensinou sem

    incluso escolar, com objetivos claros, logstica realista eindicadores prticos de auditoria e monitoramento.

    5. Disponibilizar bibliografia cientfica e outrasfontes de informao e pesquisa que permitam ao lei-tor se aprofundar na temtica.

    Os primeiros frutose desafios

    Entre os principais desafios enfrentados na elabo-rao da Cartilha da Incluso Escolarh que se des-tacar o ineditismo do projeto, o consenso de ideias e atroca de conhecimentos entre as reas da Educao edas Neurocincias.

    A extensa reviso da literatura na cional e inter-nacional j anunciava o ineditismo da proposta e asdificuldades a serem por conta disso enfrentadas. Ela-borar as recomendaes passou ento a ser, a um stempo, um trabalho de garimpar, coligir e cerzir.

    O projeto contemplava a consultoria de especia-listas de ambas as reas (Educao e Neurocincias)para a elaborao, fundamentao e aplicabilida-de das recomendaes. Esse processo teve incio noCongresso Aprender Criana de 2012 (Entendendoa diversidade para incluir de verdade) e posterior-mente alcanou a Comunidade Aprender Criana egrupos focais de professores (de salas regulares e derecursos multifuncionais), coordenadores pedaggi-cos e diretores de escola. As recomendaes foramento submetidas aprovao das associaes e gru-pos de pesquisa que desde o incio apoiaram o projetoresultando em um consenso final.

    Salvo melhor conhecimento, a intensa troca deconhecimentos e colaborao mtua que esse projetorepresenta indita em nosso meio e mostra a todos

    o quo promissora a interface entre as Neurocin-cias e a Educao.

    Uma escola no exclui outraDo universo estimado de seis milhes de crianas e

    adolescentes Brasileiros com NEE, apenas 712 mil en-contram-se matriculados em escolas regulares e escolasespeciais, 80% deles no sistema pblico. Esses nme-ros, por si s, revelam a parte mais cruel da realidade daincluso escolar em nosso pas. Quem so e sob quaiscondies vivem os 5,3 milhes de crianas e adoles-centes com deficincia excludos da escola? O que essesbrasileiros e suas famlias tm a dizer? Que qualidade decuidados recebem? Qual tipo e grau de deficincia e/ou

    NEE apresentam? Quais motivos impediram seu acesso educao, seja em escola regular ou especial?

    O pouco que sabemos se apresenta em outros n-meros: As 712 mil matrculas de crianas e adolescen -tes com NEE representam 1,25% das 56 milhes dematrculas anuais em escolas pblicas e privadas, noentanto, um percentual muito maior deve ser consi-derado, uma vez que muitas crianas com NEE notm acesso ao diagnstico e permanecem na escolaregular sem atendimento em regime de incluso (semlaudo), excludas e imobilizadas dentro do sistemaeducacional. O destino de boa parcela desse contin-gente a evaso escolar.

    Estima-se no Brasil um total de 2.724 escolas espe-ciais, 4.325 classes especiais e 17.469 escolas pblicasregulares com apoio pedaggico especializado (ape-nas 31,5% do total). Dos 2,3 milhes de professores Brasileiros apenas55 mil se dedicam Educao Especial (2,4%), 77,8%com formao especfica na rea e 47% lotados emescolas regulares (53% em escolas especiais).

    Esse panorama e outras evidncias do sustenta-o para a primeira recomendao dessa cartilha, quesalienta a necessidade de um sistema educacionalcom alternativas que atendam os diversos graus denecessidades especiais.

    Os programas de incluso para alunos com necessida-des educacionais especiais (NEE) devem considerar a inten-sidade, gravidade das limitaes e condies neuropsiqui-tricas antes de incluir a criana em sala regular. A presenade transtornos comportamentais graves, crises epilpticasrefratrias, necessidade de cuidados respiratrios intensivose total dependncia para atividades da vida diria podeminviabilizar a incluso, colocando a criana, os educadorese/ou os demais alunos em situaes de desconforto ou risco.

    Nesses casos deve ser considerada a educao no domiclio,

    clnicas, escolas ou salas especializadas, uma vez que esseslocais podem se tornar espaos inclusivos, desde que te-nham a devida mobilidade (uma vez vencidas as principaislimitaes de acesso e participao) e transio para suportee apoio nas fases mais crticas.

    Escolas especiais como o Instituto BenjaminConstant (inicialmente Instituto dos Meninos Cegos),o Instituto Nacional de Educao dos Surdos (inicial-mente Instituto dos Surdos-Mudos), ambos criadospor D. Pedro II respectivamente em 1854 e 1857, asescolas da Associao de Pais e Amigos dos Excep-cionais (APAE), o maior movimento filantrpico dopas14, a Sociedade Pestalozzi e a Associao dos

    Amigos do Autista (AMA), entre tantas outras, decunho filantrpico e importncia fundamental nesseprocesso, no podem ser excludas.

    Cartilha da InclusoEscolar, um trabalho demuitas mentes

    saber ao certo como o crebro da criana se desenvol-via e aprendia, sua prtica, a exemplo do mdico, erapura arte e baseada em tentativa e erro.

    Para Rita Levi-Montalcini, Nobel de Medicina e Fi-siologia em 1986, o total desconhecimento da estrutu-ra e funcionamento cerebral subjacente aos processoscognitivos da criana impediu, nos ltimos sculos, aadoo de prticas educacionais mais pertinentes e efi-cazes. Para a neurologista italiana descobridora do fatorde crescimento neural, nesse incio do terceiro milnioas grandes mudanas e novos desafios da humanidade,o advento da tecnologia da informao e o expressivoavano das Neurocincias no conhecimento do crebroinfantil tornam inadivel a reviso dos sistemas didti-co e educacional18.

    Fundamentados por esses paradigmas, em 2006,por ocasio do 1 Congresso Aprender Criana na ci-dade de Ribeiro Preto (SP), foi criada a Comunida-de Aprender Criana (www.aprendercrianca.com.br),uma organizao acadmica, virtual e gratuita com amisso de desenvolver a interface entre as Neurocin-cias e a Educao em nosso pas.

    Contando hoje com cerca de cinco mil cidados re-presentando todos os estados e regies brasileiras, pro-fissionais das reas de Sade e Educao, a Comunidade

    Aprender Criana disponibiliza gratuitamente atravsdo seu portal, farto material nas reas de desenvolvi-mento, sade mental, Neuropsicologia e Neuropsiquia-tria da infncia e adolescncia (vdeos, livros virtuais,aulas e artigos). Periodicamente os membros recebemum boletim chamado Notcias do Crebro, com novosmateriais e notcias em Neurocincia da Educao.

    2.

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    Cartilha da Incluso Escolar

    Portal da Comunidade Aprender Crianawww.aprendercrianca.com.br

    Entre as contribuies mais importantes da Co-munidade Aprender Criana destaca-se o Projeto

    Ateno Brasil19, um amplo e indito estudo popula-cional iniciado em 2009 e ainda em andamento, rea-lizado a partir de uma amostra final de 5.961 crianase adolescentes de 87 cidades e 18 estados, cobrindoas cinco regies nacionais. Com a participao vo-luntria de mais de mil membros da Comunidade,aps planejamento amostral cuidadoso, foram se-lecionados 124 professores que representavam ade-quadamente a distribuio demogrfica da populaoinfantil Brasileira. Esses professores foram treinados

    via internet em como selecionar a amostra e aplicaros questionrios aos pais e professores. A fase inicialdo projeto resultou em mais de duas dezenas de arti-gos cientficos publicados em revistas indexadas, almde prmios em congressos nacionais e internacionais.No entanto, h que se destacar o fruto mais impor-tante desse est udo, a Cartilha do Educador: educan-do com a ajuda das Neurocincias20.

    O Projeto Ateno Brasil revelou um verdadeiroretrato da infncia e adolescncia Brasileira identifi-cando, com instrumentos validados cientificamente,fatores de risco e proteo em sade mental e desem-penho escolar. A partir desses resultados na cartilhaencontram-se relacionadas diretrizes para polticaspblicas em sade mental infantil em nosso pas, almde recomendaes prticas para pais e professores emcomo educar nos dias de hoje. A cartilha foi lanada

    como domnio pblico e at hoje contacom mais de 40 mil downloads no por-tal da Comunidade Aprender Criana.

    A trajetria e paradigmas da Co-munidade podem ser compreendidosatravs dos logos e lemas dos seuscongressos bianuais, que tiveram in-cio em 2006 com o Prepare-se paramudar a trajetria dessas crianas,quando da criao da Comunidade.Em 2008, Nenhuma criana ficarpara trs!, um alerta para que os co-nhecimentos de vanguarda sobre o de-senvolvimento do crebro infantil umdia contemplassem todas as crianas,com desenvolvimento tpico ou at-

    pico, em seus lares e escolas. Emc =educao, mente e crebro ao alcancede todosfoi o lema de 2010 e chama-

    va a ateno para a necessidade dessesconhecimentos ultrapassarem as bar-reiras socioeconmicas e culturais. Em2012 com Entendendo a diversidade

    para incluir de verdade, iniciou-se a histria dessacartilha, inaugurando um novo paradigma no enten-dimento da incluso escolar.

    Logolemas dos congressos bianuaisAprender Criana desde 2006.

    A elaborao da Cartilhada Incluso Escolar

    Um dos objetivos principais do Congresso Apren-der Criana de 2012, cujo lema era Entendendo a di-

    versidade para incluir de verdade, foi o desenvolvi-mento da cartilha. Ao longo dos trs dias, 35 palestrase 23 horas e meia de trabalho, foram apresentadas

    proposies de incluso escolar baseadas em evidn-cias cientficas por renomados especialistas Brasileirosnas seguintes reas: a) Deficincia intelectual; b) De-ficincia motora; c) Deficincia auditiva; d) Deficin-cia visual; e) Dislexia; f) Discalculia; g) Transtorno doDficit de Ateno e Hiperatividade; h) Transtorno doEspectro Autista; e, i) Talentosos e Superdotados.

    Ao final de cada sesso, professores de Pedago-gia auxiliados por professores de salas regulares e derecursos multifuncionais, debatiam com a audinciaa viabilidade das proposies, tendo em vista a reali-dade diversa das escolas e dos professores Brasileiros,alm de aspectos pedaggicos mais especficos.

    Aps o congresso, uma equipe do Instituto Gliaorganizou as proposies apresentadas e as disponi-bilizou para votao pelo site no perodo de 21 de fe-

    vereiro a 01 de abril de 2013. Primeiramente a votaofoi aberta para os participantes do congresso e poste-riormente para toda a Comunidade Aprender Crian-a. Todas as 80 proposies foram aprovadas comndice variando de 78,7 a 100%. A distribuio dos

    votantes por rea profissional foi a s eguinte: 32,3%professores, 22,6% psicopedagogos, 19,5% psiclo-gos, 11,3% fisioterapeutas/terapeutas ocupacionais,7,5% mdicos e 6,8% fonoaudilogos.

    Terminada essa etapa, as proposies foram sub-metidas anlise jurdica com o intuito de verificarsua consonncia com as leis vigentes em nosso pas.Com algumas poucas ressalvas em relao redaode duas proposies, devidamente aceitas e reescritas,o parecer concluiu:

    Destarte, pode-se concluir que a presente cartilhaconstitui instrumento de suma importncia para a efe-tivao dos direitos das pessoas com deficincia, estandoassim em total consonncia com os mesmos e, logo, com alegislao ptrea, fornecendo assim a operacionalizao daincluso por meio da devida orientao que se faz necess-ria aos profissionais de tal rea.

    Concomitantemente, a equipe coordenadora dostrabalhos elaborou um projeto de implantao dasproposies de incluso atravs de algoritmos e for-mulrios de auditoria, que respeitam a diversidade darealidade das escolas nesse pas continental.

    Nesse momento do processo, as proposies deincluso foram submetidas discusso com 52 profes-sores (de sala regular e de recursos multifuncionais),diretores e coordenadores pedaggicos da rede pblicade ensino da cidade de So Sebastio do Paraso (MG),divididos em trs grupos focais. Nas dinmicas foramsugeridas modificaes na redao de algumas propo-sies, mas todas foram aprovadas por unanimidade.

    Procedeu-se uma intensiva reviso da literatura, re-dao final da cartilha e submisso s associaes apoia-doras para a chancela final, diagramao e impresso.

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    Cartilha da Incluso Escolar

    criana. Quando a falta de diagnstico decorre da fal-ta de acesso ao mesmo, a CE deve se mobilizar para,mediante a autorizao dos pais, providenciar a ava-liao dos profissionais da Sade pertinentes ao caso.

    Paralelamente, outro processo de auditoria deveter incio. A partir das recomendaes aqui propostas,

    foram desenvolvidos Indicadores Aprender Crianade Incluso Escolarque permitem um levantamentomais objetivo da realidade atual da escola no processode incluso. Assim, para cada recomendao a equipeem consenso define uma das seguintes alternativas:

    (NA) A escola no possui alunos com NEE(0) No implantado, embora a escola possua alu-

    nos com NEE(2) Em avaliao para implantao(3) Implantado parcialmente(4) Implantado totalmenteO portal da Comunidade Aprender Criana (www.

    aprendercrianca.com.br) disponibiliza formulrio ele-trnico para registro das respostas e acompanhamen-to dos ndices. Outra sesso do portal permite que ousurio envie questes equipe da comunidade mo-bilizada nesse projeto. Atravs da coleta dessas infor-maes ser construdo um grande banco de dados(big data)que viabilizar a elaborao de estratgiascada vez mais eficazes de organizao e planejamentode incluso escolar, alm de conhecermos melhor arealidade da incluso em nosso pas.

    Instituies apoiadorasEsse trabalho multidisciplinar de muitas mentesagrega, de forma indita em nosso meio, um nmerorecorde de associaes profissionais e grupos de es-tudo de reconhecida expresso e representatividade,profundamente envolvidas com a causa da inclusoescolar em nosso pas:

    1. Academia Brasileira de Neurologia (ABN)

    2. Associao Brasileira de Dficit de Ateno (ABDA)

    3. Associao Brasileira de Dislexia (ABD)

    4. Associao Brasileira de Neurologia e PsiquiatriaInfantil e profisses afins (ABENEPI)

    5. Associao Brasileira de Psicopedagogia (ABPp)6. Centro de Investigao da Ateno e Aprendiza-

    gem (CIAPRE)

    7. Conselho Federal de Fonoaudiologia (CFF)

    8. Instituto ABCD

    9. Instituto Glia Consultoria em Neurocincias daEducao

    10. Laboratrio de Pesquisa em Distrbios, Dificul-dades de Aprendizageme Transtornos de Ateno(DISAPRE/FCM/UNICAMP)

    11. Ncleo de Atendimento Neuropsicolgico InfantilInterdisciplinar (NANI)

    12. Projeto Cuca Legal (UNIFESP)

    13. Servio de Reabilitao e Ensino em NeurocinciaEducacional (SERENE)

    14. Sociedad Iberoamericana Neuroeducacin (SINE)

    15. Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia

    16. Sociedade Brasileira de Neurologia Infantil (SBNI)

    17. Sociedade Brasileira de Neuropsicologia (SBNp)

    18. Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP)

    Instituies apoiadoras da Cartilha da Incluso Escolar.

    Um projetode Escola InclusivaComprometer

    Opasso inicial o de estabelecer o compromissocom a misso de incluso escolar. Essa etapamuitas vezes comea de forma solitria compais de um aluno, um professor ou outro membro da

    Comunidade Escolar (CE). A semente, no entanto, logose espalha e ento j so mais pessoas trocando ideias,experincias e sonhos. esse o momento de consul-tar mais e mais pessoas at a organizao do primeiroencontro. Nessa primeira reunio importante que seestabelea a misso e os primeiros passos da estratgia.

    hora ento de conseguir o apoio da direo paraque a misso seja apresentada CE. Entende-se porCE o conjunto de todos os membros envolvidos noprocesso educacional escolar: alunos, pais, profes-sores, coordenadores pedaggicos, diretor e demaisfuncionrios. Esse segundo encontro deve buscar oconsenso e compromisso em relao misso, bemcomo a formao da equipe de trabalho com repre-sentantes de todos os setores da CE.

    AuditorarAntes da elaborao de um plano de aes capaz

    de cumprir a misso fundamental o levantamentoda realidade da incluso na escola em questo.

    Esse segundo passo inicia com o levantamentode alunos com NEE. Como pudemos constatar emreunies com grupos focais de professores no pro-cesso de elaborao dessa cartilha, muitos alunosclaramente manifestam deficincia(s) ou dificuldadescomportamentais e/ou de aprendizado, no entanto,no apresentam diagnstico, ou por no terem aces-so ao mesmo ou por questes de confidencialidade(pelos pais no revelarem o diagnstico para a esco-la). muito importante a equipe ter em mente quea responsabilidade do diagnstico no de nenhummembro da CE. Questes de confidencialidade de-

    vem ser cuidadosamente discutidas com os pais doaluno, certamente eles comungam do mesmo interes-se por uma incluso consciente e eficaz, que comba-ta qualquer estigma e salvaguarde a privacidade da

    PlanejarA partir da anlise das informaes obtidas, a equi-

    pe pode iniciar a elaborao de um plano de aesque atenda a realidade da escola e da comunidade emque se encontra inserida. Nesse terceiro passo, o pla-no de aes deve ser realista e objetivo, priorizandoo desencadeamento do processo e implantao dasrecomendaes, poucas e simples que sejam. A es-truturao e sucesso dessa fase inicial viabilizaro asfases posteriores.

    Uma vez estabelecido o plano de aes, o mesmodeve ser apresentado para a CE para ser discutido eaprimorado at que se consiga um consenso final.

    3.

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    Cartilha da Incluso Escolar

    tiprofissional muito promissora e tambm pode serdecisiva para o sucesso do projeto de incluso escolar.

    ImplantarO sexto passo talvez o mais esperado, mas tam-

    bm o mais desafiador, implantar as recomendaesno dia a dia da escola.

    altamente indicado, se no indispensvel, a ela-borao antes do incio do ano letivo de um plano dedesenvolvimento individual (PDI) para cada aluno

    com NEE que contemple as recomendaes aqui pro-postas, alm de outras indicadas pela equipe multi-profissional que atende o aluno.

    Nessa fase de implantao as reunies e ativida-des da equipe de incluso se intensificam e impor-tante no perder o ritmo da msica. As impressesde cada membro da CE sobre o processo de implanta-o das recomendaes, as dificuldades encontradas,as dvidas, os insights e outros aspectos so deci-sivos para a correo da rota, adaptaes e busca derecursos. Essa devolutiva (feedback) pode ser obtidanas reunies da CE e atravs de urnas onde podemser depositadas as observaes por escrito. Um gran-de mural dedicado ao projeto deve ser inaugurado eatualizado de forma que todos acompanhem as ativi-dades e celebrem o sucesso do empenho da CE.

    MonitorarAtravs da monitorao a equipe pode acompa-

    nhar objetivamente a evoluo do processo. Para issopodem ser periodicamente utilizados os Indicadoresde Incluso Escolar, reunies com grupos focais da CE(com corpo discente e docente, com os funcionrios,com a diretoria, com os pais, com a equipe de Sade,com a liga de incluso, etc.).

    AprimorarO aprimoramento do processo vai ocorrendo na

    medida em que a equipe de incluso e a CE amadure-cem nesse processo, identificam falhas, ajustam rotase modificam e/ou adaptam recomendaes para a re-alidade daquela escola e comunidade, contemplandoa diversidade do todo e de cada um.

    OrganizarO quarto passo o de organizao da equipe da inclu-

    so com suas regras e funes. A equipe deve contar comum coordenador geral eleito pelos seus membros. O ideal que haja representantes do corpo discente e docente,funcionrios, pais e diretoria, mas a prioridade que es-teja aberta participao voluntria de todos que deseja-rem. Como sugesto interessante tambm que se de-signe um membro da equipe que seja o mediador com ospais, tarefa de fundamental importncia nesse processo.

    Indicamos tambm que os alunos sejam estimula-dos a criar uma liga da incluso escolar, com participa-o e gesto exclusiva do corpo discente, com ativida-des culturais, educacionais, cientficas e comunitrias,entre tantas outras possveis, com o objetivo de promo-

    ver o conhecimento de toda a CE sobre a diversidadeinfantil, deficincias e NEE. A liga da incluso, surgindoe se desenvolvendo no cerne do alunado, com toda es-pontaneidade, solidariedade e autenticidade prpriasda criana, pode ser decisiva para o sucesso da inclusoescolar, seja disseminando informaes, seja comba-tendo o bullying e a intolerncia.

    CapacitarAs recomendaes de incluso aqui dispostas reque-

    rem recursos fundamentalmente humanos, mais do quemateriais. Portanto, o plano de ao deve contemplar acapacitao da CE, o quinto passo do processo.

    Se no existem recursos humanos capacitadosna CE, o processo deve ter incio imediato, nem queseja possvel para apenas um membro. Esse membro,uma vez capacitado, pode gradualmente disseminaros conhecimentos para os demais. A capacitao daCE como um todo, de forma estruturada e eficiente,tambm fundamental para o sucesso do projeto.

    Para que haja acesso capacitao, a CE deve semobilizar, seja para conseguir recursos do municpio,do estabelecimento de ensino privado ou da prpriacomunidade.

    O plano de aes de incluso deve ser apresenta-do aos profissionais da Sade que atendem alunos daescola com NEE. Esses profissionais devem ser con-quistados e trazidos para dentro da escola no sentidode colaborarem com a capacitao da CE, bem comoajustar as recomendaes para os alunos com NEEem questo. A integrao da CE com a equipe mul-

    Algoritmo do Projeto Escola Inclusiva da Comunidade Aprender Criana

    Projeto Escola Inclusiva

    *CE: Comunidade Escolar

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    Cartilha da Incluso Escolar

    Recomendaes

    Aseguir, as recomendaes operacionais daCartilha da Incluso Escolar. No portal daComunidade Aprender Criana (www.aprendercrianca.com.br) foi criada uma linha direta decomunicao com cada escola participante do projeto,oferecendo um trabalho de monitoramento contnuoda incluso escolar e sua evoluo ano a ano. Mesmoque mude a direo ou a forma de gesto da escola,haver sempre um parmetro de medida com relaoaos objetivos de incluso. Trata-se de uma nova ferra-

    menta denominada Indicadores Aprender Crianade Incluso Escolar.

    Cada escola avaliar seu aproveitamento item poritem e receber da Comunidade Aprender Crianaum relatrio de desempenho. Anualmente, cada es-cola participante do movimento ser informada deseu crescimento inclusivo e de sua posio no rankingnacional da incluso escolar, mantendo a confiden-cialidade das demais escolas participantes.

    O objetivo principal dessa iniciativa motivar asescolas a participar e crescer no processo de inclusoescolar, tornando-a cada vez mais abrangente e for-mando cidados sem distino de raa, credo, gnero,deficincia, dificuldade ou particularidade. A partir deagora, este instrumento de trabalho de todos os e n-

    volvidos com a mais preciosa das atividades humanas:a Educao.

    Bom trabalho a todas e a todos. E contem conosconessa caminhada sem volta.

    A equipe de trabalho

    Recomendaes Gerais1. Os programas de incluso para alunos com ne-

    cessidades educacionais especiais (NEE) devem consi-derar a intensidade, gravidade das limitaes e as con-dies neuropsiquitricas antes de incluir a criana emsala regular. A presena de transtornos comportamen-tais graves, crises epilpticas refratrias, necessidade decuidados respiratrios intensivos e total dependncia

    para atividades da vida diria podem inviabilizar aincluso, colocando a criana, os educadores e/ou osdemais alunos em situaes de desconforto ou risco.Nesses casos deve ser considerada a educao no do-miclio, clnicas, escolas ou salas especializadas, uma

    vez que esses locais podem se tornar espaos inclu-sivos, desde que tenham a devida mobilidade (venci-das as principais limitaes de acesso e participao) etransio para suporte e apoio nas fases mais crticas.

    2. Alunos com NEE devem ter a oportunidade departicipar de forma significativa e integral nas ativida-des escolares regulares.

    3. O sucesso de qualquer programa inclusivo e doprprio binmio ensino-aprendizagem depende fun-damentalmente da capacitao dos profissionais dacomunidade escolar. Dessa forma, cabe instituiopblica ou privada, que emprega esses profissionais,ser responsvel pela proviso desses recursos.

    4. A incluso de alunos com NEE no se restringeaos esforos da escola, inclui tambm a construode redes de colaborao com a famlia e a sociedadefortalecendo o combate intolerncia e s barreirasatitudinais, bem como a compreenso da diversidadeno desenvolvimento infantil.

    5. A escola, os pais e professores devem participarativamente nas transies do aluno com NEE desdea Educao Infantil at o trmino do Ensino Mdio.Com base nas competncias adquiridas ao longo des-se perodo, desenvolver junto famlia e comunida-de estratgias que permitam sua integrao da formamais autnoma possvel nos domnios das atividadesde vida diria, social e profissional.

    6. Programas de incluso escolar devem previa-mente realizar planejamento das intervenes e do

    suporte necessrio junto famlia, profissionais desade e comunidade escolar, tornando vivel a inclu-so centrada na singularidade e no desenvolvimentoda identidade do aluno com NEE.

    7. Incluir alunos com NEE em classe regular en-volve mudanas pedaggicas e na estrutura curricularque devem ser individualizadas dentro de um proje-to escolar que atenda s demandas de singularidadefrente s limitaes do pensamento (concretude);alm do desenvolvimento de habilidades frente slimitaes de participao e atividade, dada a diversi-dade dos alunos includos.

    8. A adequao e flexibilizao do currculo esco-

    lar so fundamentais para a incluso integral do alunocom NEE. Esse processo deve ser conduzido de acordocom suas limitaes, dificuldades e habilidades, priori-zando o desenvolvimento de habilidades sociais e cog-nitivas, um currculo mnimo alcanvel, ao invs daaquisio obrigatria de todo contedo programtico.

    9. Para maximizar suas oportunidades de apren-dizagem e incluso, o aluno com NEE deve, quandonecessrio for, receber assistncia individual na salade aula. Um ou mais professores assistentes devemser disponibilizados de acordo com o nmero de alu-nos com NEE e a autonomia dos mesmos, tendo ocuidado para no excluir o aluno ou comprometer suaautonomia e autoestima.

    10. Para maximizar suas oportunidades de apren-dizagem e incluso, o aluno com NEE deve ter o di-reito de receber atendimento complementar especia-lizado em sala de recursos multifuncionais dentro daprpria escola se necessrio.

    11. Delimitar os recursos pedaggicos alternativos,

    o atendimento em salas de recursos multifuncionais,assim como a necessidade de recursos tecnolgicosde comunicao facilitada tornam-se essenciais paraa insero pedaggica de acordo com as condies elimitaes de cada caso.

    12. Menor nmero de alunos em sala de aula faci-lita sobremaneira a acomodao e incluso de alunoscom NEE.

    13. Um sistema de avaliao inicial (sondagem) di-rigido por um roteiro de investigao psicopedaggicapode ajudar o professor a estabelecer o Plano de De-senvolvimento Individual (PDI) para o aluno com NEE.

    14. Facilitar a adaptao do aluno com NEE ao

    ambiente escolar, permitindo a integrao gradualpor meio de flexibilizao de horrios de ent rada, per-manncia em sala de aula, pausas e sa da.

    15. A escola deve incentivar a participao dos paise/ou cuidadores do aluno com NEE no processo deincluso escolar, alm da comunidade onde est inse-rida. Um canal direto de comunicao deve ser abertoe mantido com os pais e a equipe de profissionais queatendem o aluno com NEE.

    16. O Professor deve motivar e envolver o alunocom NEE e sua famlia nas decises sobre sua edu-cao e autonomia, estabelecendo as competncias ehabilidades a serem adquiridas.

    17. A escola deve ter acesso equipe que atende oaluno com NEE (psiclogo, psicopedagogo, fonoaudi-logo, fisioterapeuta, psicomotricista, terapeuta ocupa-cional, mdico, etc.) e esses profissionais, por sua vez,devem dar e receber suporte da escola, estabelecendocooperao fundamental para a efetiva incluso.

    18. Atuar pedagogicamente implica em saberatender a diversidade. Isso compreende todo o pro-cesso dialtico de mediao entre o sujeito que apren-de e o objeto do conhecimento. Essa ao pedaggi-ca requer diferentes nveis de interveno. Portanto,cabe ao professor desenvolver as competncias bsi-cas para seu trabalho, ajustando e avaliando continu-amente sua interveno.

    19. Alunos com NEE tendem a aprender melhorem um ambiente estruturado e organizado. Dessaforma, o professor deve utilizar estratgias didticasque incorporem objetivos claros de ensino e aprendi-zagem e que envolvam os alunos e os motive a traba-lhar com o propsito de atingir metas.

    20. Um aluno colaborador pode ser de grande va-lia na incluso de alunos com NEE, colaborando nocombate a mitos, intolerncia e barreiras atitudinais.Sua atuao deve ser elaborada pelo professor tendoem vista as necessidades do aluno a ser includo, suashabilidades, dificuldades e grau de autonomia. Entre aspossveis aes de colaborao desse aluno destacam--se o auxlio na motivao escolar, interao e inclusono grupo social, aprimoramento das funes executivas(objetivar, planejar, organizar, iniciar, focar, perseverar,automonitorar, flexibilizar, inibir, regular e operaciona-lizar) e metacognitivas (estratgias de aprendizagem,

    visualizar, ouvir, anotar, ler, compreender, redigir e pes-quisar). Para que a inteno de tutoria seja mantida,sugere-se a troca peridica do aluno colaborador.

    4.

    Indicadores Aprender Crianade Incluso Escolar

    Escore Geral: somatria de pontos obtidosem todas as recomendaes

    Escore Especfico: somatria de pontos obti-dos em cada condio especfica de incluso

    Colocao Geral: classificao da escola noranking nacional da incluso escolar

    Colocao Relativa: posicionamento da es-cola na curva de distribuio de pontuaode todas as escolas participantes do projeto

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    Cartilha da Incluso Escolar

    21. As atividades em sala de aula e tarefas de casa doaluno com NEE devem atender aos seguintes princpios:

    Informaes devem ser apresentadas de formasegmentada e seriada, contemplando diversos sentidose estilos de aprendizagem (visual, auditivo e cinestsico).

    O aluno deve receber as informaes e executarsuas tarefas em grau de dificuldade adequado parasuas necessidades (objetivos alcanveis).

    Simplicar e dividir instrues complexas, tor-nando-as mais concretas e atreladas a conhecimentosprvios, relevantes e da vida diria da criana;

    Evitar que o aluno abandone a atividade antesde tentar finaliz-la e tempo extra para a execuo dasatividades devem ser previamente estabelecidos peloprofessor.

    Coibir hbitos de multitarefas (executar vrias

    tarefas ao mesmo tempo dividindo a ateno entreelas) em casa e na sala de aula. O uso de recursos tecnolgicos (computador, tablet,

    calculadora, corretor ortogrfico, etc.) pode ser de grandeajuda na realizao das atividades de sala de aula e tarefasde casa, desde que sob a orientao do professor.

    Os trabalhos de mais longa durao (como umprojeto de Cincia) devem ser divididos em segmen-tos, podendo ser entregues em vrias etapas.

    Quando houver acesso internet, o professor po-der auxiliar o aluno enviando anotaes e resumos dasaulas dadas, bem como lembr-lo das tarefas de casa.

    Ao oferecer diferentes graus de diculdade paradiferentes nveis de aprendizes, o professor refora

    vnculos e estimula a motivao. Alunos com NEE devem ter a oportunidade de

    apresentar seus trabalhos de formas alternativas, apli-cando e generalizando seus novos conhecimentos ehabilidades em uma variedade de situaes e con-quistas de sucesso.

    22. As avaliaes do aluno com NEE devem aten-der aos seguintes princpios:

    Priorizar o progresso individual tendo por baseum Plano Educacional Individualizado.

    Equilibrar aspectos quantitativos e qualitativos,priorizando os qualitativos, quando necessrio.

    recomendado que ao invs de poucas avalia-es, em um nico momento, cobrando um grandecontedo de informaes, seja realizado um maiornmero de avaliaes, em momentos diversos, commenor contedo de informaes (segmentao).

    O professor pode ler as perguntas para o alunoquando assim achar necessrio.

    O professor pode fazer uso de avaliao oral, ao in-vs de escrita, ou avaliaes a serem realizadas em casa,ao invs de na escola, quando assim achar necessrio.

    O aluno deve poder consultar livros e outros re-cursos durante a realizao das avaliaes.

    O aluno no deve ser avaliado pela sua caligraa.

    23. Para o melhor desenvolvimento da capacidadede organizao do aluno com NEE, os seguintes prin-cpios devem ser observados:

    O aluno deve poder levar para casa o mesmomaterial didtico utilizado na escola.

    As anotaes de tarefas a serem realizadas emcasa devem ser checadas na escola pelo aluno colabo-rador ou pelo professor e em casa pelos pais.

    O professor deve manter os pais informados so-bre a organizao do aluno na frequncia necessria(diria, semanal ou mensal).

    Em casa, os pais devem auxiliar o professor nodesenvolvimento das habilidades de organizao.

    Atravs do consentimento dos pais do aluno co-

    laborador, os pais do aluno com NEE podero com elese comunicar para checar as tarefas e trabalhos de casa.

    Recomendaesespecficas

    Alm das recomendaes gerais acima relaciona-das, a seguir algumas recomendaes especficas deespecial importncia.

    Deficincia Intelectual (DI)24. O professor deve obter junto aos pais do aluno

    com DI informaes fundamentais para a elaboraoe implantao de um Plano de Desenvolvimento In-dividual. Estas informaes, devem incluir interesses,preferncias, habilidades e limitaes em casa e na

    vida social, porque podem ser decisivas para o suces-so das intervenes de incluso escolar.

    25. Educar alunos com DI requer esforo conscien-te do professor na comunicao, dada a limitao do

    vocabulrio e as dificuldades de linguagem expressivae receptiva que podem apresentar. Um vocabulrioacessvel e explicaes objetivas previnem interpreta-es equivocadas e facilitam a compreenso geral eespecfica da criana.

    26. Educar alunos com DI requer pacinciaparaenfrentar os desafios educacionais. A repetio de ex-plicaes e correo de comportamentos inadequa-dos quase sempre necessria. Uma forma de tornareficaz a repetio aliar instruo verbal o uso derecursos visuais e auditivos.

    27. As atividades em sala de aula e tarefas de casado aluno com DI devem atender aos seguintes prin-cpios21:

    A instruo passo a passo muito importantepara o aluno com DI, divida cada nova tarefa em pe-quenos passos, ajude-o a identific-los e corrija atra-

    vs de demonstrao. A seguir, deixe-o tentar, por suaconta, cada passo e todos os passos na sequncia, es-truture e corrija at que alcance autonomia.

    O uso de relgio, calendrio e quadros referen-ciais com rotinas, alfabeto e nmeros, por exemplo,podem auxiliar a organizao (temporal e espacial) ememria (reteno e evocao).

    Os trabalhos em sala de aula em duplas ou gru-pos so muito bem-vindos, como tambm atividades

    como atelis, oficinas, msica e teatro (dramatizao). O professor deve estimular o uso de diferentesrecursos para a leitura e escrita como computador, le-tras mveis, lpis adaptados, jogos, etc.

    O uso de Cuisenaire, material dourado, blocoslgicos, bacos, dados, jogos e calculadoras pode au-xiliar bastante no ensino da Matemtica.

    Ensinar ao aluno com DI como corrigir ele pr-prio suas atividades.

    28. O professor deve dar devolutiva (feedback)ime-diata permitindo que o aluno interprete rapidamentea adequao de suas respostas, perguntas ou compor-tamentos s informaes transmitidas.

    29. Na transmisso do conhecimento, o professordo aluno com DI deve ser o mais concreto possvel,evitando abstraes. Alunos com DI aprendem me-lhor quando a instruo objetiva e concreta. O usode recursos audiovisuais e experincias prticas com-plementares, bem como a criao de elos entre os no-

    vos conhecimentos e os previamente adquiridos, sode grande utilidade nesse contexto.

    30. O professor deve sempre priorizar estratgiasque permitam ao aluno com DI desenvolver habilida-des adaptativas fundamentais para sua autonomia e

    vida diria como: cuidados com a sade, segurana ehigiene pessoal, conceitos bsicos de clculo, leitura,uso do dinheiro e habilidades sociais e profissionais.

    31. Alunos com DI muitas vezes apresentam ha-bilidades sociais limitadas, o que pode tornar difcilsua integrao e interao adequada com seus pares ese envolver nas atividades sociais em curso na escola.Com frequncia podem ser alvos de bullying, o quede forma alguma pode ser tolerado. O professor e acomunidade escolar desempenham papel definitivona incluso social desses alunos.

    Deficincia Auditiva32. Prover educao bilngue Libras-Portugus em

    escolas bilngues para alunos surdos desde a Educa-o Infantil at o 1 ciclo do Ensino Fundamental paradesenvolver competncias lingusticas, metalingusti-cas e cognitivas, de modo a permitir a aquisio doPortugus escrito e, com isso, todo o contedo escolar.

    33. Capacitar os professores do atendimento edu-cacional especializado e promover o ensino-aprendi-zagem em Libras, de modo a a uxiliar o aluno surdo aaprender o contedo escolar.

    34. Assegurar que a escola inclusiva valorize e pro-mova o idioma materno do aluno surdo, Libras, comomeio de comunicao e como veculo de educao ede ensino-aprendizagem.

    35. Equipar as bibliotecas escolares e as salas deatendimento educacional especializado de escolas deEducao Infantil e Ensino Fundamental com ma-teriais didticos e pedaggicos em Libras, incluindodicionrios e enciclopdias que possibilitem a assimi-lao do contedo escolar em Libras-Portugus.

    36. Na escola inclusiva, sempre que nela estudar al-gum aluno surdo, empreender aes visando promovera difuso do conhecimento de Libras entre os membrosda comunidade escolar ouvinte como meio de promovera incluso educacional e social desse aluno.

    Deficincia Visual37. O professor de Lngua Portuguesa ou Estran-

    geira, em cuja sala h alunos deficientes visuais develembrar que:

    O aluno com decincia visual deve receber comantecedncia, escrito em Braille, o vocabulrio que irser dado na aula.

    Os vocbulos apresentados em classe devem sersoletrados;

    O aluno deve ser incentivado a soletrar as palavras,cujas grafias sejam significativamente mais difceis.

    Os desenhos, esquemas, as guras, gravuras edemais imagens (inclusive as mostradas em vdeo)devem ser apresentadas antecipadamente ao aluno,devendo ainda, serem descritos em Portugus.

    A audiodescrio deve ser acompanhada da ex-plorao ttil da figura ou do desenho sempre queisso for possvel.

  • 8/9/2019 Cartilha Da Inclusao Escolar Para Sites

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    Cartilha da Incluso Escolar

    As anotaes de sala, feitas pelo aluno devem serrevistas/corrigidas diariamente para evitar os errosdeortografia decorrentes da diferena entre a pronnciada lngua portuguesa ou estrangeira e sua grafia.

    A matria escrita no quadro deve ser fornecidaao aluno, preferivelmente em Braille, antes da aula, oudepois dela em situaes excepcionais.

    O professor deve oferecer momentos educacionaissuplementares ao aluno com deficincia, em horrio queno o retire da sala de aula. As aulas ou momentos su-plementares com o aluno com deficincia so importan-tes para preparao das aulas e explorao do material aser usado pelo professor e demais alunos. No entanto,esses momentos suplementares no podem retirar oaluno do momento pedaggico da classe.

    O professor de Portugus ou de Lngua Estran-geira deve lembrar-se de que em situao de teste asperguntas que impliquem recorrer aos textos parailustrar as respostas devem ser comedidas, pois istorequer do aluno com deficincia muito tempo, o queos pode pr em desvantagem.

    38. O professor de Histria e Geografia, em cujasala h deficientes visuais, deve lembrar que:

    Mapas, grcos e esquemas devem ser ofere-cidos em relevo e acompanhados de perguntas quepossam ser respondidas sem o auxlio da viso.

    Textos mais curtos e diretos so mais acessveise devem ser apresentados em Braille ou oralmente.

    Dois ou mais textos menores so melhores queum texto longo e/ou cheio de figuras.

    Por vezes, perguntas e testes devem ser adapta-dos. O aluno se beneficiar de perguntas que permi-tam a oferta de resposta direta e no requeiram recur-so de produo de mapas, tabelas, grficos e demaisfiguras em relevo, uma vez que ta is produes exigemmaior tempo e prtica (nem sempre disponveis aoaluno, em momento de avaliao, teste ou similares).

    aconselhvel reduzir o nmero de questes emtestes ou dar ao deficiente mais tempo para respos-ta. As perguntas, orais ou escritas, podem ser feitasdurante as aulas. No se trata de fazer testes mais f-ceis ou com menor qualidade, porm, contemplar anecessidade educacional do aluno com deficincia oucom dificuldade de aprendizagem.

    39. O professor de Cincias, Fsica e Qumica, emcuja sala h deficientes visuais, deve lembrar que:

    Explorao de esquemas/grcos e manuseio demateriais devem ser feitos junto com o aluno, se pos-svel antecipadamente.

    Nas aulas experimentais em que a observaodepende exclusivamente da viso, no podendo sersubstituda pelas vias sensoriais ttil, auditiva, olfativa

    ou gustativa, as informaes devem ser descritas aoaluno de maneira oral pelo professor, por auxiliar delaboratrio ou colega de sala.

    Na exibio de recursos visuais o professor deveoferecer audiodescrio atravs de outro aluno, demodo que ambos aprendam juntos. Por exemplo, oprofessor pode recorrer a um aluno que talvez no

    viesse prestar muita ateno ao filme, caso no tives-se colaborando com o colega com deficincia visual.

    Os grcos, mapas, tabelas, etc., quando gran-des, devem ser oferecidos em partes, em Braille ouapenas em relevo. O tato faz uma leitura sequencialda informao, assim, muitas informaes em um pe-queno espao, ou mesmo poucas em um espao mui-to grande, dificultam a aquisio e/ou processamento

    das informaes, prejudicando a compreenso dessesrecursos e demais configuraes bidimensionais. No laboratrio ou em qualquer outra situao

    em que se puder propiciar a experincia concreta aoaluno, isso dever ser feito, tanto permitindo que elefaa a experincia diretamente, como colaborandocom ela indiretamente, por exemplo, anotando osdados observados pelos colegas etc. A observao, aexperimentao e a explorao do concreto, do tridi-mensional e do palpvel so muito importantes paratodos os alunos. Garanti-las ao aluno com deficinciacontribuir com sua participao plena no cotidianoda escola, em todas as atividades e lugares, tendocomo consequncia sua verdadeira incluso escolar.

    40. O professor de Matemtica, em cuja sala hdeficientes visuais, deve lembrar que:

    Os exerccios escritos no quadro devem ser lidosem voz alta.

    Um nico exerccio bem executado, pelo alu-no do princpio ao fim e devidamente corrigido peloprofessor mais produtivo que muitos exerccios malexecutados e sem correo.

    Deve-se oferecer esquemas e/ou exerccios me-nos densos e mais significativos.

    Deve-se ajudar o aluno a treinar clculo mental erecorrer a ele para a soluo dos problemas.

    Deve-se favorecer ao aluno a leitura em voz altados exerccios que resolveu.

    Clculos mais difceis, que envolvam contas lon-gas, devem ser oferecidos ao aluno apenas quando

    j estiver resolvendo com desenvoltura as operaesmenores e menos complexas.

    O professor deve ter disponvel em classe, o cdi-go Braille para Matemtica de forma a ajudar o alunoquando no souber um sinal, um smbolo novo, ou ain-da, para que o aluno relembre um cdigo j aprendido.

    O material concreto, tridimensional, palpvel,deve estar mo do professor de modo a poder ser-

    vir-se dele quando a explicao ou compreenso damatria assim exigir.

    41. O professor de Educao Artstica, em cuja salah deficientes visuais, deve lembrar que:

    Os alunos com decincia visual podem fazermuitas das coisas que se faz com a viso, valendo-sedo tato e dos demais sentidos, embora nenhum deles,ou eles em conjunto, substituiro a viso.

    Os alunos cegos no podem ver cores, todavia importante que as cores sejam ensinadas, por exem-plo, falando de suas variaes de tonalidade, azul cla-ro, verde escuro, onde aparecem, na ma vermelha,no cabelo amarelo do amiguinho; que elas se combi-nam quando juntas, por exemplo, na blusa e na san-

    dlia rosa da amiguinha. Os alunos tero grande proveito ao usarem di-ferentes materiais, com diferentes texturas, que per-mitam diferentes temperaturas, que provocam dife-rentes odores; esses materiais devem fazer parte dostrabalhos de todos os alunos.

    O trabalho que no for possvel fazer sem a vi-so, dever contemplar o aluno cego, por exemplo,permitindo com que ele participe de fases do traba-lho, cortando, dobrando, colando ou dando ideias.

    Todos se beneciaro quanto mais o professorpropiciar o trabalho em grupo, o trabalho participa-tivo na sala.

    O desenho e o desenhar devem fazer parte do en -sino do aluno com deficincia, com prioridade para asorientaes de como representar as coisas na maneiracomo so vistas, na perspectiva, de frente, atrs, etc.

    Colagens e outras tcnicas devem ser ensinadas,cuidando para que o aluno cego possa oferecer ao seutrabalho, a mesma beleza visual que oferecer com a es-ttica ttil. A beleza e a esttica visual precisam ser en-sinadas e estarem presentes nas produes dos alunospara que sejam apreciadas, tambm nesse particular.

    Elogios e similares sempre so positivos para acriana, porm, o excesso de elogios quando o traba-lho merece maior cuidado poder ser danoso, uma

    vez que o aluno pode, de fato, achar que o que fez jest bom, no buscando aprimorar-se. No se trata defazer do aluno um artista, mas se for essa sua habili-dade, ajud-lo a tirar o mximo dela.

    Para a produo dos trabalhos escolares, o alunodeve receber informaes que, por vezes, j esto dis-ponveis para as pessoas que enxergam. A observaoe a explorao de objetos, animais, flores, ambientesreais, concretos e/ou sua descrio devem compor aeducao artstica e visual do aluno com deficincia.

    42. O professor de Educao Fsica, em cuja sala hdeficientes visuais, deve lembrar que:

    Os alunos com decincia visual devem ter aoportunidade de participar de todas as atividadespropostas para a classe.

    Quando uma atividade requerer a viso e nopuder ser adaptada ou substituda por outra, deve-sepropiciar ao aluno que participe dessa atividade juntocom seu colega ou colegas.

    As atividades propostas devem estar em conso-nncia com o objetivo educacional do professor, assimdeve avaliar quais atividades cumprem esses objetivos.

    A competio, muitas vezes promovida nas ati-vidades em Educao Fsica, deve ser substituda pelacooperao, participao, colaborao de cada umpara o bem-estar e a aprendizagem de todos.

    As atividades que exigem deslocamento em

    maior velocidade devem ser praticadas em ambientespropcios e esses devem ser apresentados e explora-dos pelo aluno com deficincia antes da aula.

    O professor deve valer-se de seu prprio corpoou do corpo do aluno, para mostrar os movimentosnecessrios ao cumprimento do exerccio proposto.

    O professor deve propiciar ao aluno o mximo deliberdade e possibilidade de explorao do espao fsicoda quadra de esportes e dos demais ambientes da escola.

    O aluno deve ser incentivado a deslocar-se portodos os espaos da escola, com ou sem bengala (pre-ferencialmente com esta).

    Cada aluno deve ter a oportunidade de trabalharcom o outro, descobrindo suas potencialidades, limi-tes e habilidades.

    Deficincia Motora43. Alunos cadeirantes necessitam de transporte

    adequado para seu deslocamento casa-escola-casa.

    44. As seguintes modificaes nos recursos fsicosdos prdios escolares facilitam a acessibilidade doaluno com deficincia motora:

    Colocao de pequenos degraus inclinados ourampas.

    Colocao de corrimos prximos lousa, bebe-douros e assentos dos banheiros.

    Remoo de carteiras e outros mveis para a li-vre passagem de cadeira de rodas, facilitando tambma locomoo de alunos com muletas.

    Adaptaes do mobilirio de forma a promovermaior conforto aos alunos que usam tipoia, rteses e/ou prteses.

    Colocao de tapetes antiderrapantes em reasescorregadias, portas largas e mobilirio com cantosarredondados.

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    Cartilha da Incluso Escolar

    45. As seguintes modificaes nos recursos fsicosdas salas de aula facilitam a acessibilidade do alunocom deficincia motora:

    Forrar a carteira com papel, prendendo-o com taadesiva (para minimizar efeitos das dificuldades motoras).

    Colocar canaletas de madeira ou P.V.C. cortadoao meio em toda a volta da carteira, para que os lpisno caiam no cho.

    Providenciar suporte para livros, vira-pginasmecnico, assentos giratrios nas carteiras (podemauxiliar o movimento de levantar e sentar-se), des-canso para os ps e extenses adicionais com dobra-dias em carteiras (podem auxiliar alunos com poucoequilbrio a manterem-se sentados).

    Aumentar o calibre do lpis enrolando-o com

    fita crepe, cadaro ou espuma, de forma a facilitar asua preenso. Providenciar equipamentos e/ou mobilirio que

    atenda a dificuldades motoras especficas como le-vantar, sentar, manter-se sentado, apanhar e manipu-lar objetos, etc.

    46. Oferecer adaptaes no material escolar (cader-nos e apostilas adaptados, lpis com apoio, plano incli-nado, atividades estruturadas, apostilas adaptadas, etc.).

    47. Permitir ao aluno o uso de tecnologias assistivase recursos tecnolgicos visando o acesso ao currculo.

    48. A escola inclusiva deve proporcionar aos alu-nos com deficincia motora um ambiente adequadopara cuidados especiais individualizados com apoiotcnico sempre quando necessrio.

    49. A escola deve capacitar o professor, em cujasala h aluno com deficincia motora, na ampliaodas estratgias pedaggicas, uso e manuteno detecnologias assistivas como rteses, prteses, cadeira

    de rodas, adaptaes para atividades escolares, pran-chas de comunicao, computadores e adaptaes demobilirio, estimulando a autonomia do aluno e me-diando sua insero social.

    Transtorno do EspectroAutista (TEA)

    50. Cabe aos pais do aluno com TEA a deciso decompartilhamento do diagnstico com a equipe escolar.Cabe a eles tambm consentirem a meno do diagnsti-co em documentos e indicar quais membros da comuni-dade escolar ter acesso ao mesmo. A confidencialidade uma questo tica de direito dos pais e do indivduo22,23.

    51. A escola e o professor devem proporcionar co-munidade escolar atividades de conscientizao sobre o

    Autismo. Aulas, debates e vdeos so algumas das estra-tgias teis para esse fim. Neste caso tambm, o diag-nstico do aluno em questo s poder ser aberto paraa comunidade escolar com o consentimento dos pais22,23.

    52. Para o sucesso das intervenes de inclusoaqui descritas, a escola deve incentivar os pais a con-sentirem o compartilhamento do diagnstico com to-dos os profissionais que trabalham diretamente como aluno na comunidade escolar22,23.

    53. Antes do incio do ano letivo, o professor devedefinir os objetivos educacionais a serem alcanados,

    o tempo e suporte necessrios, alm de estabelecercritrios objetivos de avaliao.

    54. Adequar o currculo escolar aos alunos comTEA a partir do estilo cognitivo individual preocupan-do-se com a estimulao das funes neuropsicolgi-cas necessrias ao aprendizado eficiente. A adequaocurricular no significa simples reduo, mas a formacomo o contedo apresentado ao aluno em foco.

    55. Garantir ao aluno com TEA acesso ao currculoescolar por meio de adaptaes que envolvam mate-riais adaptados, jogos pedaggicos, uso de imagens,fotos, esquemas, signos visuais e ajustes de grande epequeno porte. Permitir o acesso e o uso de materiaise mveis adaptados visando organizao sensrio--motora e adequao postural do aluno com TEA.

    56. Identificar intolerncia aos estmulos auditivos,bem como tempo de t olerncia durante aprendizadoem sala de aula.

    57. Organizar um sistema de registro individual de

    desempenho e comportamento que vise retratar o de-senvolvimento de cada aluno com TEA com base nosobjetivos levantados e que seja sistematizado comfins estatsticos e levem reprogramao e avaliao.

    58. Alunos com TEA frequentemente apresentamexagerado apego a rotinas. Dessa forma, o professordeve facilitar a previsibilidade da rotina usando pre-ditores visuais como agendas ilustradas, calendrios esequncia das atividades, indicando o que vai aconte-cer e em quais momentos.

    59. Na medida do grau de funcionalidade do alunocom TEA, a escola deve oferecer um professor auxiliarpara acompanhar o aluno em sala de aula e outrasatividades escolares.

    60. Ofertar ao aluno com TEA a possibilidade decomunicao alternativa visualmente mediada em si-tuao escolar, como o mtodo PECS (Picture Exchan-

    ge Communication Systemou Sistema de Comunicaopela Troca de Figura) ou similar.

    61. Complementao didtico-metodolgica emsituao escolar com princpios validados na litera-tura cientfica tais como PECS, ABA (Applied Beha-vior Analysisou Anlise Comportamental Aplicada)e TEACCH (Treatment and Education of Autistic andCommunication Handicapped Children, Tratamento eEducao de Crianas Autistas e com Desvantagensna Comunicao), evitando qualquer ao que sejapautada no senso comum e desprovida de validao.

    62. Capacitar o professor a lidar com o aluno comTEA nas teorias de mutabilidade cognitiva e compor-tamental, ensinando como instalar, manter e/ou eli-minar comportamentos22,23.

    63. A boa comunicao entre os pais e o professor de fundamental importncia na incluso do aluno comTEA e pode ser viabilizada com as seguintes medidas22,23:

    Reunies regulares sobre os objetivos educacio-nais e comportamentais (manejo de desobedincia,confrontos, hiperatividade, estereotipias, rigidez cogni-tiva e dificuldade de relacionamento com os colegas).

    Uso de agenda que estabelea uma comunica-o diria entre o professor e os pais permitindo trocade informaes sobre o comportamento da criana eocorrncias domsticas (sono, medicao, alimenta-o, etc.) e escolares (trabalhos, excurses, comemo-raes e mudanas de rotina, etc.).

    64. Garantir ao aluno com TEA atendimento edu-cacional gratuito em classes, escolas ou servios espe-cializados, sempre que, em funo das condies es-pecficas dos alunos, no for possvel a sua integraoem escolas de ensino regular, conforme disposto noCaptulo V (Da Educao Especial) do Ttulo V da Lei9.394 de 20 de dezembro de 1996, que estabelece asdiretrizes e bases da educao nacional.

    Transtorno do Dficit deAteno/Hiperatividade(TDAH)

    65. Acomodaes na sala de aula: O aluno deve ser colocado para sentar prximo

    rea onde o professor permanece o maior tempo e

    distante de outros locais que possam provocar dis-trao (janela, porta, etc.) ou de colegas inquietos edesatentos.

    O aluno deve ser colocado para sentar perto dealunos que possam colaborar.

    Na medida do possvel, o professor deve se posi-cionar prximo ao aluno enquanto apresenta a matria.

    Na medida do possvel, o professor deve darassistncia individual a este aluno, checando seu en-tendimento a cada passo da explicao e usando seucaderno para dar exemplos.

    Um quadro bem visvel com as rotinas e com-portamentos desejveis em sala de aula deve ser afi-xado prximo a esse aluno.

    Somente o material necessrio dever car em cima

    da carteira. No caso de crianas pequenas vale a penaguardar seu material e fornecer somente o necessrio.

    66. O aluno colaborador pode ser de grande valiana incluso de alunos com TDAH. Sua atuao deveser elaborada pelo professor tendo em vista as ne-cessidades do aluno a ser includo, suas habilidades,dificuldades e grau de autonomia. Entre as possveisaes do aluno colaborador destacam-se o auxlio namotivao escolar, interao e incluso no grupo so-cial, aprimoramento das funes executivas (objetivar,planejar, organizar, iniciar, focar, perseverar, automo-nitorar, flexibilizar, inibir, regular e operacionalizar) emetacognitivas (estratgias de aprendizagem, ouvir,anotar, ler, compreender, redigir e pesquisar).

    67. Apresentao das informaes: O professor deve tornar o processo de aprendi-

    zado o mais concreto e visual possvel, as instruesdevem ser curtas e objetivas.

    O aluno dever receber instruo de forma seg-mentada, seriada (evitando-se longas apresentaes)e multissensorial, contemplando diferentes estilos deaprendizagem (visual, auditiva e cinestsica).

    Se o aluno tem diculdades para xar atravsdo aprendizado visual, utilizar recursos verbais, porexemplo, incentiva-lo a gravar as aulas para record--las em casa.

    Quando possvel utilizar cores vivas nos diferen-tes recursos visuais.

    Se assegurar de que o aluno escutou e entendeuas explicaes e instrues.

    Manter na lousa apenas as informaes neces-srias para o tema.

    Antes de iniciar uma nova matria utilizar algunsminutos para recordar a matria anterior. Desta formacriam-se elos entre os assuntos favorecendo a atenoe fixao das informaes na memria.

    O professor pode usar o recurso de colocar um

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    Cartilha da Incluso Escolar

    pequeno smbolo, algo como uma estrela, no cadernodo aluno durante a execuo de atividades de sala deaula. Assim quando o aluno chegar s estrelas e le po-der avisar o professor, que passar a monitorar o seuprogresso na atividade.

    No livro, apostila, caderno ou provas, outrosexerccios que no os executados pela criana devemser encobertos com uma folha para que o aluno seocupe com um exerccio de cada vez.

    Aps uma pergunta, dar um tempo extra parareflexo.

    68. As atividades em sala de aula e tarefas de casado aluno com TDAH devem atender aos seguintesprincpios:

    Os grupos de trabalho so bem vindos, mas evi-tar que tenham nmero maior do que trs alunos. Designar responsabilidades e tornar o aluno

    com TDAH um ajudante de sala de aula. Essa provi-dncia pode ser muito til para ateno, autoestima einibio comportamental.

    O aluno com TDAH deve receber as informaese executar suas tarefas em grau de dificuldade ade-quado para suas necessidades (sucesso alcanvel).

    Simplicar e dividir instrues complexas, tor-nando-as mais concretas e atreladas a conhecimentosprvios, relevantes e da vida diria do aluno.

    Tempo mnimo (evitando que o aluno abandonea atividade antes de tentar finaliz-la) e tempo extrapara a execuo das atividades devem ser previamen-te estabelecidos pelo professor.

    Coibir hbitos de multitarefas (executar vriastarefas ao mesmo tempo dividindo a ateno entreelas) em casa e na sala de aula.

    O uso de recursos tecnolgicos (computador,tablet, calculadora, corretor ortogrfico, etc.) na reali-zao das atividades de sala de aula e tarefas de casapode ser de grande ajuda.

    Os trabalhos de maior durao devem ser divididosem segmentos, podendo ser entregues em vrias etapas.

    Quando houver acesso internet, o professorpode auxiliar o aluno enviando para ele anotaes eresumos das aulas dadas, bem como lembr-lo dastarefas de casa.

    O aluno colaborador pode auxiliar o aluno comTDAH checando suas tarefas de casa e anotaes desala de aula.

    69. As avaliaes do aluno com TDAH devematender aos seguintes princpios:

    O professor deve priorizar o progresso indivi-dual do aluno com TDAH, tendo por base um PlanoEducacional Individualizado e a valorizao de aspec-tos qualitativos ao invs de quantitativos.

    recomendado que ao invs de poucas avalia-es cobrando um grande contedo de informaes,seja realizado maior nmero de avaliaes com me-nor contedo de informaes (segmentao).

    Quando achar necessrio, o professor pode ler asperguntas para o aluno, aplicar avaliao oral ao invsde escrita ou avaliaes a serem realizadas em casa aoinvs de na escola.

    Na medida do possvel permitir que o aluno faasuas avaliaes em lugar com menos estmulos quepossam comprometer sua ateno.

    Tempo mnimo (evitando que o aluno abandonea avaliao antes de tentar finaliz-la) e tempo extrapodem ser previamente estabelecidos pelo professorquando assim achar necessrio.

    O aluno deve poder consultar livros e outros re-cursos durante a realizao das avaliaes. O aluno no deve ser avaliado pela sua caligraa.

    70. Para o melhor desenvolvimento da capacida-de de organizao do aluno com TDAH, os seguintesprincpios devem ser seguidos:

    O aluno deve poder levar para casa o materialdidtico utilizado na escola.

    Agenda ou chrio pode ser um bom instru -mento para ajudar o aluno a se organizar. O professordeve pedir a ele para anotar os deveres e recados, bemcomo certificar-se de que ele o fez.

    O professor deve manter os pais informados nafrequncia necessria para o aluno em questo (di-ria, semanal ou mensal).

    Em casa, os pais devem auxiliar o professor no de-senvolvimento das habilidades de organizao da criana.

    Atravs do consentimento dos pais do aluno cola-borador, os pais do aluno com TDAH podero com elese comunicar para checar as tarefas e trabalhos de casa.

    71. Comportamento: O aluno deve ser frequentemente informado so-

    bre seu comportamento para desenvolver sua capaci-dade de automonitoramento.

    O aluno deve fazer um contratocom o pro-fessor e os pais se comprometendo em reduzir oscomportamentos inapropriados e de aumentar osapropriados. Correspondendo as regras do contra-toreceber recompensas imediatas pelos comporta-mentos adequados e sucessos alcanveis.

    O professor pode usar sinais no verbais para o alu-no manter a ateno na lio (como colocar a mo na suacarteira) evitando chamar a ateno de outros alunos.

    O professor deve ajudar a criana nos momentosmais crticos como no trnsito de uma sala de aulapara outra, na hora do recreio e das refeies.

    Programar pausas e outras recompensas para ati-

    tudes adequadas, como se comportar bem e permane-cer atento aula. O importante que essas recompen-sas no sejam distantes, ocorram em curto prazo.

    72. Autoconceito e vida emocional: O professor no deve enfatizar os fracassos do

    aluno com TDAH ou comparar seu desempenho aode seus colegas.

    Promover encorajamento verbal e motivao(voc consegue fazer isto!).

    O aluno deve ter uma pessoa de referncia naescola para lhe oferecer apoio e acolhida em momen-tos crticos relacionados aos seus comportamentos eou emoes.

    O aluno deve receber elogios e oportunidadespara desenvolver seus talentos e habilidades especiais.

    O aluno deve ter a oportunidade de se movermais frequentemente que os demais alunos da classe.

    Os pais devem ser frequentemente informadospelo professor a respeito dos comportamentos do aluno.

    O professor deve se reunir com o aluno toda se-mana, oferecendo a oportunidade dele verbalizar suasdificuldades, progressos, ansiedades, etc.

    Distrbios Especficos deAprendizagemDislexia

    73. A escola e o professor devem proporcionar comunidade escolar atividades de conscientizaosobre Dislexia. Aulas, debates e vdeos so algumasdas estratgias teis para ampliar os conhecimentos arespeito do assunto.

    74. A escola precisa assegurar a comunicao per-manente com os profissionais que atendem o alunopara definir os comprometimentos presentes no seualuno com Dislexia e quais as melhores medidas desuporte escolar que se aplicam ao caso. Isso permiti-r estimular em sala de aula aspectos trabalhados naclnica, tornando o processo interventivo integrado emuito mais eficaz.

    75. O professor deve colocar o aluno para sentar-seprximo a sua mesa e lousa j que frequentemen-te acaba se distraindo com facilidade em decorrnciade suas dificuldades e/ou desinteresse. Essa medidatende a favorecer tambm o dilogo, orientao eacompanhamento das atividades, alm de fortalecero vnculo afetivo entre eles.

    76. O professor deve prover estimulao de compe-tncias metalingusticas (conscincia fonolgica, cons-cincia sinttica, conscincia morfolgica e conscinciametatextual) em crianas com atraso na aquisio edesenvolvimento da linguagem oral, de risco para Dis-lexia, desde a Educao Infantil at o 1 ciclo do EnsinoFundamental para desenvolver habilidades necessriasao adequado aprendizado da leitura e escrita.

    77. Apresentao das informaes: O professor deve dar informaes curtas e es-

    paadas, pois alunos com Dislexia frequentementeapresentam dificuldades para guardar (reter) infor-maes mais longas, o que prejudica a compreensodas tarefas. A linguagem tambm deve ser direta e

    objetiva, evitando colocaes simblicas, sofisticadasou metafricas. O aluno com Dislexia tende a lidar melhor com

    as partes do que com o todo (ver a rvore, mas noconseguir ver a floresta), portanto, deve ser auxiliadona deduo dos conceitos.

    O professor deve utilizar elementos visuais (-guras, grficos, vdeos, etc.) e tteis (como por exem-plo, a utilizao de alfabeto mvel, massinha, e ou-tros) para que a entrada das informaes possa serbeneficiada por outras vias sensoriais. Dessa forma,principalmente no perodo de alfabetizao, o alunopode compreender melhor a relao letra-som.

    As aulas devem ser segmentadas com intervalospara exposio, discusso, sntese e/ou jogo pedaggico.

    equivocado insistir em exerccios de xao,repetitivos e numerosos, isto no diminui a dificulda-de dos alunos com Dislexia.

    O professor deve vericar sempre (e discreta-mente) se o aluno est demonstrando entender a ex-plicao e se suas anotaes esto corretas. D temposuficiente para anotar as informaes da lousa antesde apag-las.

    78. As atividades em sala de aula e tarefas de casado aluno com Dislexia devem atender aos seguintesprincpios:

    Professores de Educao Infantil devem desen-volver estratgias para estimulao de habilidades fo-nolgicas (por exemplo, rima e aliterao) e auditivas(por exemplo, as crianas discriminarem sons fortesde sons fracos, altos e baixos, longos e curtos). Devemser estimuladas as recontagens de histrias na orali-dade, a fim de promover a organizao temporal, coe-rncia e planejamento da criana. Vale lembrar que asatividades devem ser sistematizadas, organizadas emgraus de complexidade, conforme a idade e escolari-dade. Assim, o professor pode promover, por exem-plo, 20 minutos dirios destas atividades estruturadas

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    como uma forma de interveno preventiva para to-dos os alunos, beneficiando, sobretudo, aqueles comsinais de risco para Dislexia.

    O professor pode dar algumas atividades jprontas para que o aluno tenha o material em seu ca-derno e no perca tempo maior que os outros paracopiar textos.

    Levar em considerao que a velocidade da es-crita do aluno com Dislexia mais lenta em razo dedificuldades de orientao e mapeamento espacial,entre outras razes.

    Sempre que necessrio, permitir o uso de tabu-adas, material dourado e baco nas sries iniciais, e ouso de frmulas, calculadora, gravador e outros recur-sos, nas sries mais avanadas.

    Fornecer dicas, atalhos, regras mnemnicas e as-sociaes ajudam o aluno a lembrar-se das informa-es, executar atividades e resolver problemas.

    Como opo para atividades de aprendizadocomplementar alm da leitura, indicar filmes, docu-mentrios, peas de teatro, visita a museus, quadri-nhos e, sobretudo, recursos digitais.

    79. As avaliaes do aluno com Dislexia devematender aos seguintes princpios24:

    O professor deve priorizar o progresso individu-al do aluno com Dislexia, tendo por base um PlanoEducacional Individualizado e a valorizao de aspec-tos qualitativos ao invs de quantitativos.

    recomendado que ao invs de poucas avalia-es cobrando um grande contedo de informaes,seja realizado maior nmero de avaliaes com me-nor contedo de informaes (segmentao).

    Dependendo de consenso com o aluno e seuspais, as avaliaes podem ser realizadas junto turmaou em separado. Quando em separado pode facilitar oaluno cuja leitura em voz alta auxilia sua compreenso.No entanto, lembrar que em alguns casos, essa pro-

    vidncia pode criar estigmas. Quando junto turmarecomenda-se que seja feita em dois tempos. Num pri-meiro momento, antes de iniciar, o professor deve ler aprova para todos os alunos, certificar-se de que o alunodislxico compreendeu as questes e oferecer assis-tncia frequente a ele. Em um segundo momento, emseparado da turma, o professor deve corrigir a provaindividualmente com o aluno, permitindo que respon-da oralmente as questes erradas. Mas considervel anecessidade desse aluno fazer prova oral ou atividadeque utilize diferentes expresses e linguagens.

    Personalizar a avaliao com recursos grcosque substituam palavras e textos auxilia muito o alu-no com Dislexia. Avaliaes que contenham exclusi-

    vamente textos, sobretudo textos longos, devem se revitadas nesses alunos.

    Disponibilizar maior tempo para as avaliaesconforme a necessidade do aluno nas habilidades deleitura e escrita.

    Facilitar a compreenso dos enunciados utili-zando um menor nmero de palavras sem necessa-riamente comprometer o contedo.

    Ao empregar questes de falso-verdadeiro evitaro uso da negativa e expresses absolutas, e construiras afirmaes com bastante clareza e que incluam so-mente uma ideia em cada afirmao.

    Empregar questes de associaes apenas de umnico assunto em cada questo e redigir cuidadosa-mente os itens para que o aluno no se atrapalhe comos mesmos.

    Ao empregar questes de lacuna: usar no mxi-

    mo uma em cada sentena; que a lacuna corresponda palavra ou expresso significativa de um conceitoprimrio e no a detalhes secundrios; e conservar aterminologia usada no livro ou em aula.

    Ao fazer correes ortogrcas na produo dacriana, pondere. Uma sugesto fazer um acordo prviodas regras ortogrficas que sero priorizadas (a cada ms,por exemplo), reconsiderando erros menos relevantes.

    No faa anotaes na folha da prova, sobretudoque faam referncia a juzo de valor.

    O aluno com Dislexia tem diculdade para reco-nhecer e orientar-se no espao visual. Dessa forma, ob-servar as direes da escrita (da esquerda para a direitae de cima para baixo) em todo o corpo da avaliao.

    80. Autoconceito, vida emocional e social: O professor deve tratar o aluno dislxico com

    naturalidade, com incentivo, valorizando seus acertose estimulando sua perseverana e autoestima.

    Cuidar para no expor esse aluno perante seuscolegas em virtude de suas dificuldades, sobretudo deler ou escrever em pblico.

    Cuidar para que ele se integre na comunidadeescolar no deixando que sua inaptido para determi-nadas atividades escolares (provas em dupla, traba-lhos em grupo, etc.) possa levar seus colegas a rejeit--lo nessas ocasies.

    81. O aluno com Dislexia j tem dificuldades paraautomatizar o cdigo lingustico da sua prpria Lnguae isso se acentua em relao Lngua Estrangeira24.Uma flexibilizao curricular ou eventual dispensa dadisciplina devem ser discutidos com o aluno e seus paispara evitar prejuzos em sua autoestima e evoluo.

    82. No h receita para trabalhar com alunos comDislexia. O professor deve ter em mente que o pla-nejamento deve ser individual, pois cada aluno ternecessidades distintas. De suma importncia nesse

    processo compartilhar com a criana como seroconduzidas as atividades, isso a tornar mais seguraem sala de aula e nas avaliaes, melhorando seu de-sempenho e relao com os colegas24.

    Discalculia83. A escola e o professor devem proporcionar

    comunidade escolar atividades de conscientizaosobre Discalculia. Aulas, debates e vdeos so algumasdas estratgias teis para esse fim.

    84. A escola precisa assegurar a comunicao per-

    manente com os profissionais que atendem o alunopara definir o tipo (verbal, de procedimento ou se-mntica), grau da Discalculia que apresenta e as me-lhores medidas de suporte escolar que se aplicam aocaso. Isso permite estimular em sala de aula aspectostrabalhados na clnica, tornando o processo interven-tivo integrado e muito mais eficaz.

    85. O professor deve colocar o aluno para sentar--se prximo a sua mesa e lousa j que muito fre-quentemente acaba se distraindo com facilidade emdecorrncia de suas dificuldades e/ou desinteresse.Essa medida tende a favorecer tambm o dilogo,orientao e acompanhamento das atividades, almde fortalecer o vnculo afetivo entre ambos.

    86. Intervenes que ajudam a incluso de crian-as com Discalculia Verbal (o aluno no sabe os fatosaritmticos, tabuadas):

    Distino entre recitar palavras numricas e con-tar (palavras correspondem a conceito numrico).

    Ordem e sequncia dos nmeros cardinais e or-dinais, dias da semana, meses e estaes do ano, entreoutras. Contar para trs ajuda a desenvolver tambma habilidade de memria automtica.

    Desenvolvimento da estratgia de contagem embase decimal pela qual a criana pode realizar tarefasde adio e subtrao envolvendo dez e uns.

    Reforo da linguagem Matemtica ensinandopalavras quantitativas, tais como mais, menos, igual,soma, juntos e diferentes.

    87. Intervenes que ajudam a incluso de crian-as com Discalculia de Procedimento (o aluno nosabe como fazer a conta):

    Eliminar situaes de ansiedade em classe per-mitindo tempo extra para tarefas e avaliaes. Evitarexerccios de fluncia.

    Falar em voz alta e reagrupar todas as estratgias.

    Uso de papel quadriculado para alinhar contas. Brincar com Matemtica para ensinar fatos bsicos. Anexar tabuada na carteira e permitir manipula-

    o durante resoluo de problemas. Ensinar contar salteado para aprender fatos de

    multiplicar.

    88. Intervenes que ajudam a incluso de crian-as com Discalculia Semntica (o aluno no tem no-o do que maior e menor, longe e perto e plausibi-lidade da resposta, por exemplo: 48-34 = 97):

    Reforar os padres de habilidades bsicas orga-nizando objetos por tamanho e formas.

    Estimular o aluno a explicar sua