Cartilha - Aquecimento Global

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    Energia, Ambiente e Incluso Social

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    Gomes, Fernando Augusto Vilaa, 1952

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    AQUECIMENTO GLOBAL: Energia, ambiente e inclusosocial - Belo Horizonte - 2009

    ISBN: 978-85-908768-0-952p.

    Cincia da computao, Informao e Obras Gerais

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    Apresentao

    Como enfrentar as mudanas climticas ?

    O planeta Terra pede socorro. A poluio nos grandes centros urbanos, a falta de

    saneamento bsico nos pases em desenvolvimento, os desmatamentos, as queima-das e o comprometimento dos recursos hdricos so problemas cuja origem est nomodelo de desenvolvimento industrial existente em todos os pases e que provoca,ano a ano, o aumento do efeito estufa e, consequentemente, as mudanas climti-cas em nosso planeta.

    A sobrevivncia dos seres vivos no planeta Terra est comprometida. O cenriocom que o mundo se depara preocupante, na medida em que grande maioria dos

    cientistas afirma que o aquecimento global inequvoco e decorre das atividadeshumanas. consenso entre os cientistas que a garantia de qualidade de vida noplaneta est ameaada e com o clima mais quente, a produo de alimentos podeser comprometida e insuficiente para uma populao mundial crescente.

    Precisamos todos nos despertar de um pesadelo cmodo e infantil: os recursosnaturais no planeta so infinitos e renovveis.Iluso.

    Devemos nos comprometer com o conceito de Desenvolvimento Sustentvel, que aquele capaz de suprir as necessidades da gerao atual sem comprometer asnecessidades das futuras geraes: nossos filhos e netos.

    Esta cartilha, editada em parceria com o Conselho Regional de Engenharia, Ar-quitetura e Agronomia (Crea-MG), representa uma importante contribuio do Sin-dicato de Engenheiros no Estado de Minas Gerais (Senge-MG), para que esse deba-te seja disseminado em toda a sociedade.

    Nilo Srgio GomesPresidente do Senge-MG

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    NDICEAquecimento Global:Energia, Ambiente e Incluso Social ................................................... 5

    Energia, uma breve definio ................................................................................... 7

    Anlise das principais fontes de energia............................................................. 8Energia gerada pelos combustveis fsseis

    Energia Nuclear ............................................................................................................... 10Fisso NuclearFuso Nuclear

    Energias renovveis ...................................................................................................... 13Energia SolarEnergia ElicaEnergia HidrulicaEnergia das MarsEnergia da BiomassaEnergia Geotrmica

    Dados Mundiais de Energia ..................................................................................... 17

    Anlise das principais questes ambientais:.................................................... 18Emisses atmosfricasDescargas na guaDisposio de resduos no soloUso da energiaEcologia e o Ambiente Natural

    Protocolo de Kyoto ....................................................................................................... 31Mecanismos FlexveisCrdito de carbonoSequestro de carbonoOs impactos significativos

    O Planeta tem pressa .................................................................................................. 36

    A Legislao Brasileira e o Meio Ambiente ........................................................ 46

    Bibliografia/Dicas de site ............................................................................................ 48

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    Aquecimento Global:

    Energia, Ambiente e Incluso SocialA questo ambiental se tornou uma das grandes preocupaes de nosso tempo em todo o

    mundo. A opinio pblica se volta cada vez mais para problemas ligados qualidade de vidae ao futuro do planeta, dando crescente apoio a grupos ambientais e partidos polticos ver-des. Est em curso um processo de conscientizao geral sobre os efeitos do aumento dapopulao mundial, sobre a limitao dos recursos disponveis, poluio industrial, mudanasclimticas globais, e sobre os hbitos de desperdcio das sociedades de consumo. Todas estasquestes esto agora sendo vistas como aspectos diferentes de um mesmo problema - nossaincapacidade, demonstrada at aqui, de promover o desenvolvimento sustentvel.

    Os avanos tecnolgicos e o crescimento da populao mundial esto trazendo consequ-ncias para o planeta. Fbricas, veculos e lixo aliados ao desmatamento esto comeando ase tornar problema. E isto est acontecendo porque certos gases na atmosfera, principalmenteos oriundos do carbono que tm a capacidade de reter calor, formando uma camada isolado-ra em torno da terra. Tal camada permite a passagem dos raios solares, mas impede que esca-

    pe parte do calor radiado da terra.O fenmeno pode ser comparado funo do vidro numa estufa (de plantas), da o termo

    efeito estufa, comumente utilizado para descrever o mecanismo de reteno de calor naatmosfera. A progressiva acumulao de gases de efeito estufa, produzidos pelo homem, naatmosfera agora considerada como um fator que contribui para agravar o aquecimento glo-bal, constituindo-se em um possvel agente de mudana climtica.

    Se no houver mudanas nas prticas atuais, o Painel Intergovernamental Sobre Mudana

    Climtica prev, at o fim do sculo XXI, um aumento de cerca de 3C, na temperatura atmos-frica, com implicaes importantes para a agricultura e a distribuio demogrfica em todo omundo. O que j est acontecendo.

    Os governos esto dando cada vez mais prioridade reduo de emisses de CO2(o mais

    importante dos gases do efeito estufa) e, para isto, tm encorajado a reduo no consumo decombustveis fsseis. No front legislativo - e em grande parte como resposta presso daopinio pblica - vem ocorrendo uma acentuada mudana de atitude, a partir do final dos

    anos 80, com os governos assumindo posies mais fortes em relao a questes como dispo-sio de resduos, poluio do ar e da gua, polticas de energia e de transporte.

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    Aes coordenadas vm sendo tomadas para deter essa elevao, por meio da adoo doProtocolo de Kyoto, em 1997. O documento visa a reduo nas emisses dos seis principaisgases causadores do efeito estufa: dixido de carbono, metano, xido nitroso, HFCs, PFCs ehexafluoreto de enxofre. O nus pesa agora em grande parte sobre a indstria, que se v

    pressionada a controlar sua poluio e minimizar a produo de todas as formas de resduos.Pesa contra ela tambm os efeitos da adoo do princpio O Poluidor Paga, que agora parte da legislao ambiental da maioria dos pases industrializados. Os administradores pre-cisam estar cientes das questes ambientais e da legislao pertinente, de modo a reduzir aexposio de suas empresas ao risco de processos.

    pouco provvel que a legislao sozinha consiga produzir melhorias permanentes nodesempenho ambiental da indstria e comrcio, ou nas atividades do pblico em geral. Afi-

    nal, compete comunidade empresarial gerenciar as mudanas necessrias para assegurar areduo da poluio ambiental e promover o desenvolvimento sustentvel em longo prazo.Outra constataco, por mais desafiadora que seja, a seguinte: como est no da mais

    para continuar! Se quisermos salvar o planeta e a humanidade, seremos obrigados a imaginare a inventar um outro modo de conviver, de produzir, de distribuir os bens necessrios, deconsumir responsvel e solidariamente e de tratar nossos dejetos.

    Como enfatiza a Carta da Terra, precisamos de um modo sustentvel de viver, porque oatual e vigente no mais sustentvel para 2/3 da humanidade.

    Para nos salvar, importa redesenhar todo o processo produtivo, adequado a cada ecosiste-ma, valorizando tudo o que a humanidade inventou para sobreviver, dos sistemas agropasto-ris e agroecolgicos at a moderna tecnologia com sua imensa possibilidade de resfriar oplaneta.

    Reinventar o humano s ser possvel assumindo nosso habitat chamado Terra, que acomunidade de todos os sistemas de vida.

    Assim, respeitar as especies animais, cuidar do eco-sistema, preservar as matas nativas e as

    fontes de gua, zelar pela qualidade do ar que respiramos, tudo isso faz parte de uma evolu-o da conscincia humana.

    O primeiro passo ser sair dos atuais padres de consumo que nos escravizam. urgente lembrar que nosso planeta, com seus sete bilhes de habitantes, ser sempre a

    somatria da evoluo de cada indivduo. O dia para mudar de atitude j est indo embora!

    Fernando Villaa GomesDiretor de Promoes Culturais do Senge-MG

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    Energia, uma breve definio

    A definio de energia : a capacida-de de realizar trabalho. Ela encontradaem formas como vento ou a gua corren-te e armazenada em matria, como oscombustveis fsseis - petrleo, carvo,gs natural que podem ser queimadospara realizar uma ao.

    Energia melhor descrita em termosdo que ela pode fazer. No podemosver a energia, apenas seus efeitos; nopodemos faz-la, apenas us-la; e no po-demos destru-la , apenas desperdi-la (ou seja, us-la de forma ineficiente). Aocontrrio da comida e da moradia, a ener-gia no valorizada por si prpria, mas

    pelo que pode ser feito com ela. A ener-gia no criada ou destruda, mas apenasconvertida ou redistribuda de uma formapara outra, como por exemplo, a energiaelica transformada em energia eltricaou a energia qumica em calor.

    Entender a energia significa entender os

    recursos energticos e suas limitaes, bemcomo as consequncias ambientais da suautilizao. Energia, ambiente e desenvolvi-mento econmico (incluso social) estoforte e intimamente conectados. Nas prxi-mas duas dcadas, estima-se que o consu-mo de energia ir aumentar cerca de 100%

    nos pases em desenvolvimento. Juntamen-te com este crescimento, observou-se o de-clnio da qualidade do ar urbano e a sria e

    intensa degradao do solo e das guas.Originalmente as pessoas adicionaram fora de seus msculos a trao animal,o uso da gua e do vento para realizaralgum trabalho. A sociedade pr-indus-trial contava apenas com fontes renov-veis de energia, ou seja, aquelas fontesque no podem ser esgotadas, como a h-drica, a elica, a solar e a da biomassa. Amudana para fontes no-renovveis co-meou no sculo XVIII, quando uma so-ciedade em crescente processo de indus-trializao passou a queimar combustveisfsseis para produzir vapor para as m-quinas a vapor (inventada em 1763) e

    para fundir o ferro.Atualmente, os combustveis fsseis re-

    presentam 90% do nosso consumo de re-cursos energticos, continuamos a au-mentar as emisses de dixido de carbo-no, que podem alterar irreversivelmenteo clima da Terra. O uso adequado da

    energia requer que se leve em considera-o tanto as questes sociais como as tec-nolgicas. De fato, o crescimento econ-mico sustentvel neste sculo, juntamen-te com o incremento da qualidade devida de todos os habitantes do planeta,apenas pode ser possvel com o uso bem

    planejado e eficiente dos limitados recur-sos energticos e o desenvolvimento denovas tecnologias de energia.

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    Energia gerada peloscombustveis fsseisCombustvel fssil ou combustvel mine-

    ral uma substncia formada de compostosde carbono, usados como ou para alimentara combusto. O carvo mineral, o petrleo eseus derivados, e o gs natural so os com-bustveis fsseis mais conhecidos.

    De acordo com a teoria biognica ain-da a mais aceitvel -, outros tipos de subs-tncias oleaginosas extradas da crosta ter-restre como o petrleo teriam origem co-mum ao carvo mineral j que o mesmo

    tambm abundantemente encontradosoterrado em minas terrestres. Os combus-tveis fsseis so formados pela decompo-sio de matria orgnica atravs de umprocesso que leva milhares e milhares deanos e, por este motivo, no so renov-veis ao longo da escala de tempo humana,

    ainda que ao longo de uma escala de tem-po geolgica esses combustveis continu-em a ser formados pela natureza.

    Durante vrias dcadas o carvo mineralfoi responsvel por colocar em movimentoas locomotivas e os navios a vapor. Atualmen-te, o carvo mineral garante o funcionamen-

    to de usinas termoeltricas.Porm, esses combustveis tm fim, ouseja, quanto maior o tempo de explorao,

    menores sero os recursos disponveis. Equanto mais escassos, maior o seu preo. Porisso, o interesse em energias renovveis crescente. Alm disso, a queima de combus-tveis minerais produz gases que aumentamo efeito estufa.

    O aumento do controle e do uso, por par-te do homem, da energia contida nesses com-bustveis fsseis foi determinante para astransformaes econmicas, sociais, tecnol-gicas - e infelizmente ambientais - que vmocorrendo desde a Revoluo Industrial.

    Consequnciasambientais do uso doscombustveis fsseisSo vrias as consequncias ambientais do

    processo de industrializao e do aumentodo consumo de combustveis fsseis. Umdeles o aumento da contaminao do ar

    por gases e material particulado, provenien-tes da queima destes combustveis.

    Estes gases que contribuem para o efeitoestufa so essenciais para manuteno davida no planeta. Eles mantm certa quanti-dade de energia trmica, mas o que est sen-do malfico a quantidade elevada, devido

    a isso est retendo mais calor no ambienteterrestre do que ns necessitamos e tambmcontaminando o ar que respiramos. Esta con-

    Anlise das principais

    fontes de energia

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    taminao gera uma srie de impactos locaissobre a sade humana. A chuva cida ou-tro impacto gerado.

    A mudana global do clima um outro

    problema ambiental. Ele causado pela in-tensificao do efeito estufa. Os gases emiti-

    dos permitem a entrada da luz solar, masimpedem que parte do calor no qual a luz setransforma volte para o espao. Este proces-so de aprisionamento do calor anlogo ao

    que ocorre em uma estufa - da o nome atri-budo ao fenmeno.

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    Energia nuclear

    1- Fisso NuclearA descoberta e o uso da fisso nuclear jforam vistos como umas de nossas maioresesperanas para uma sociedade crescente edependente de energia, e tambm como oinstrumento de nossa destruio. Hoje esta-mos cientes do papel que as armas nucleares

    desempenharam na moldagem da histria enas atitudes do mundo depois da SegundaGuerra Mundial.

    Em 1939, a descoberta da fisso com a li-berao de grandes quantidades de energiafoi um evento histrico. Fontes de energiaenormes, porm intocadas, pareciam estar ao

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    nosso alcance, se a tecnologia pudesse serdesenvolvida. Uma guerra atormentava a Eu-ropa e, portanto, o desenvolvimento de umabomba atmica foi o primeiro objetivo da-

    queles que eram familiarizados com a fisso.A diviso de um ncleo de urnio fornecedois fragmentos de fisso, bem como diver-sos nutrons. Os nutrons tornam possvel acontinuao da fisso em outros ncleos deurnio, ao invs de se ter um nico evento,gera uma reao em cadeia.

    A partir da fisso do ncleo do tomo deurnio enriquecido, liberado uma grandequantidade de energia. O tomo constitu-do de um ncleo onde esto situados doistipos de partculas: os prtons que possuemcargas positivas e os nutrons que no pos-suem carga. Em torno do ncleo, h uma re-gio denominada eletrosfera, onde se encon-tram os eltrons que tm cargas negativas.

    tomos do mesmo elemento qumico, quepossuem o mesmo nmero de prtons e di-ferentes nmeros de nutrons so chamadosistopos. O urnio possui dois istopos: 235Ue 238U. O 235U o nico capaz de sofrerfisso. Na natureza s possvel encontrar

    0,7% deste tipo de istropo. Para ser usadocomo combustvel em uma usina necess-rio enriquecer o urnio natural. Um dos m-todos filtrar o urnio atravs de membra-nas muito finas. O 235U mais leve e atra-vessa a membrana primeiro do que o 238U.Esta operao tem que ser repetida vrias

    vezes e um processo muito caro e comple-xo. Poucos pases possuem esta tecnologiapara escala industrial.

    Aps a guerra, muitas pessoas pensavamque uso da energia nuclear para fins pacficosrepresentaria a pedra fundamental de umaeconomia dependente de energia. De fato,

    acreditava-se que a abundncia do urniocombustvel fosse grande, existiam mtodospara se produzir combustveis fsseis adicio-nais, e a tecnologia estava disponvel. O rea-tor da Universidade de Chicago serviu comoum prottipo para o desenvolvimento degrandes reatores e, em 1951, a primeira ele-

    tricidade foi gerada por um reator chamadode Experimental Breeder Reacto, prximo aDetroit. O urnio colocado em cilindros me-tlicos no ncleo do reator que constitudode um material moderador (geralmente grafi-te) para diminuir a velocidade dos nutronsemitidos pelo urnio em desintegrao, per-mitindo as reaes em cadeia. O resfriamentodo reator do ncleo realizado atravs de l-quido ou gs que circula atravs de tubos,pelo seu interior. Este calor retirado transfe-rido para uma segunda tubulao onde circu-la gua. Por aquecimento esta gua se trans-forma em vapor (a temperatura chega a320OC) que vai movimentar as ps das turbi-

    nas que movimentaro o gerador, produzin-do eletricidade. Depois, este vapor liquefei-to e reconduzido para a tubulao, onde no-vamente aquecido e vaporizado. = Que se pode dividir espontaneamente ou no Dicionrio Aurlio.

    2- Fuso Nuclear

    Esta uma fonte de energia que tem gran-de potencial. H essencialmente apenas duasopes a longo prazo. Uma a energia solar,

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    que ns separamos em energias renovveisradiante solar, elica, hidroeltrica e biomas-sa. A outra a fuso nuclear, que alguns con-sideram ser a nossa fonte definitiva de ener-

    gia. Fuso a unio de dois pequenos n-cleos para formar um ncleo maior, enquan-to a fisso a diviso de um ncleo muitogrande (como o urnio), geralmente pela adi-o de um nutron, em dois ncleos meno-res. Em ambos os casos, a massa do produtofinal menor do que a massa dos ncleos

    reagentes originais. Esta massa perdida con-vertida em energia.O entusiasmo pela fuso como fonte de

    energia futura se baseia em vrios fatos. Um que o combustvel que poderia ser utiliza-do deutrio (D) - encontrado na gua co-mum, na qual um em cada 6.500 tomos dehidrognio este istopo (um ncleo de deu-trio contm um prton e um nutron). Afuso completa de apenas 1g de deutrio irliberar a energia equivalente queima deaproximadamente 9.250L de gasolina. A fu-so de todo deutrio em uma piscina olmpi-ca poderia fornecer eletricidade suficientepara uma cidade de 100.000 habitantes du-

    rante um ano.A energia liberada na fuso completa do

    deutrio presente em 1 km de gua equi-valente a aproximadamente 2 trilhes debarris de petrleo, o que corresponde a apro-ximadamente duas vezes as reservas de pe-trleo totais calculadas da Terra. A extrao

    do deutrio de gua no muito difcil oucara, de forma que o combustvel para a fu-

    so de deutrio essencialmente infinito eextremamente barato.

    Outra vantagem da fuso a potencial re-duo da poluio ambiental. Os produtos

    finais da reao de fuso so o hidrognio,hlio e nutrons, de forma que no temosque nos preocupar com os resduos radioa-tivos duradouros dos reatores de fisso, em-bora haja algumas partes radioativas do rea-tor que merecem nossa ateno. Ademais,nenhum material que possa ser utilizado na

    fabricao de bombas ser produzido em re-atores de fuso, e o aquecimento global noser uma preocupao.

    O panorama para a energia de fuso no, porm, um mar de rosas. A viabilidade tec-nolgica de reatores de fuso est muito aber-ta a questionamentos atualmente. Bilhes dedlares foram gastos desde a Segunda Guer-ra Mundial, na tentativa de se atingir a fusocontrolada. At o momento, a produo daenergia em reatores de demonstrao me-nor do que a entrada de energia total, em-bora os cientistas acreditem que eles estejamperto do ponto de equilbrio. Tambm h pre-ocupaes econmicas significativas e um

    custo muito alto de pesquisas em fuso emmuitos laboratrios dos Estados Unidos. Nosltimos cincos anos, os recursos federais parapesquisas tiveram um recuo de 40%. O pa-pel que a fuso ir desempenhar neste novosculo provavelmente no ser conhecido porvrias dcadas ainda. O que far da fuso

    uma vencedora ser determinado na mesmamedida por fatores ambientais e econmicos.

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    Energias RenovveisA energia renovvel obtida de fontes na-

    turais capazes de se regenerar e, portanto,virtualmente inesgotveis, ao contrrio dosrecursos no-renovveis. So elas:

    O Sol: energia solar O vento: energia elica Os rios e correntes de gua doce:

    energia hidrulica Os mares:energia mareomotriz e ener-gia das ondas

    A matria orgnica:Energia da biomassa O calor da Terra: energia geotrmica

    As energias renovveis so consideradas

    como energias alternativas ao modelo ener-gtico tradicional, tanto pela sua disponi-bilidade garantida como pelo seu menorimpacto ambiental.

    Os combustveis renovveis usam ele-mentos renovveis para a natureza, como acana-de-acar, utilizada para a fabricaodo lcool, e tambm de vrios outros vege-tais, como a mamona utilizado para a fabri-cao do biodiesel ou outros leos vegetaisque podem ser usados diretamente em mo-tores diesel com algumas adaptaes.

    Energia SolarEnergia solar qualquer tipo de capta-

    o de energia luminosa/trmica do Sol ea posterior transformao dessa energia em

    alguma forma utilizvel pelo homem, sejadiretamente para aquecimento de gua ouainda como energia eltrica ou mecnica.

    Durante o movimento de translao aoredor do Sol, a Terra recebe 1.410 W/m2deenergia, medio feita numa superfcie nor-mal (em ngulo reto) com o Sol. Disso,

    aproximadamente 19% absorvido pela at-mosfera e 35% refletido pelas nuvens. Aopassar pela atmosfera terrestre, a maiorparte da energia solar est na forma de luzvisvel e luz ultravioleta.

    Vantagens: A energia solar no polui durante seu

    uso. A poluio decorrente da fabricao dosequipamentos necessrios para a construo

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    dos painis solares totalmente controlvelutilizando as formas de controles existentesatualmente.

    As centrais necessitam de manuteno

    mnima. Os painis solares so, a cada dia, maispotentes ao mesmo tempo que seu custo vemdecaindo. Isso torna cada vez mais a energiasolar uma soluo economicamente vivel.

    A energia solar excelente em lugaresremotos ou de difcil acesso, pois sua instala-

    o em pequena escala no obriga a enor-mes investimentos em linhas de transmisso. Em pases tropicais, como o Brasil, a uti-

    lizao da energia solar vivel em pratica-mente todo o territrio, e, em locais longedos centros de produo energtica, sua uti-lizao ajuda a diminuir a demanda energ-tica nestes e consequentemente a perda deenergia que ocorreria na transmisso.

    Desvantagens: Os preos so muito elevados em rela-

    o aos outros meios de energia. Existe variao nas quantidades produ-

    zidas de acordo com a situao climatrica

    (chuvas, neve), alm de que durante a noiteno existe produo alguma, o que obrigaque existam meios de armazenamento daenergia produzida durante o dia em locaisonde os painis solares no estejam ligados rede de transmisso de energia.

    Locais em latitudes mdias e altas (Ex:

    Finlndia, Islndia, Nova Zelndia e Sul daArgentina e Chile) sofrem quedas bruscas deproduo durante os meses de inverno devi-

    do menor disponibilidade diria de ener-gia solar. Locais com frequente cobertura denuvens (Curitiba, Londres) tendem a ter vari-aes dirias de produo de acordo com o

    grau de nebulosidade. As formas de armazenamento da ener-gia solar so pouco eficientes quando com-paradas por exemplo aos combustveis fs-seis (carvo, petrleo e gs), a energia hidro-eltrica (gua) e a biomassa (bagao da canaou bagao da laranja).

    Energia ElicaA energia elica a energia proveniente

    do vento. O termo elico vem do latim aeoli-cus, pertencente ou relativo a olo, deus dosventos na mitologia grega e, portanto, per-tencente ou relativo ao vento.

    Na antiguidade, ela era aproveitada para

    mover os barcos impulsionados por velas oupara fazer funcionar a engrenagem de moi-nhos, ao mover as suas ps. Nos moinhos devento a energia elica era transformada emenergia mecnica, utilizada na moagem degros ou para bombear gua.

    Atualmente, utiliza-se a energia elica para

    mover aerogeradores - grandes turbinas colo-cadas em lugares de muito vento. Essas turbi-nas tm a forma de um catavento ou um mo-inho. Esse movimento, atravs de um gerador,produz energia eltrica. necessrio agrupar-se, em parques elicos, concentraes de ae-rogeradores para que a produo de energia

    se torne rentvel. Porm, podem ser usadosisoladamente, para alimentar localidades re-motas e distantes da rede de transmisso.

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    A energia elica considerada uma dasmais promissoras fontes naturais de energia,principalmente porque no se esgota. Almdisso, as turbinas elicas podem ser utiliza-

    das tanto em conexo com redes eltricascomo em lugares isolados.A capacidade mundial de gerao de ener-

    gia eltrica atravs da elica, no ano de 2005,era de aproximadamente 59 gigawatts, osuficiente para abastecer as necessidadesbsicas de um pas como o Brasil.

    Energia HidrulicaA energia hidrulica ou energia hdrica

    obtida a partir da energia potencial de umamassa de gua. Ela se manifesta na naturezanos fluxos de gua, como rios e lagos, e podeser aproveitada por meio de um desnvel ou

    queda dgua. Pode ser convertida na formade energia mecnica, atravs de turbinas hi-drulicas ou moinhos de gua. As turbinaspor sua vez podem ser usadas como aciona-mento de um equipamento industrial, comoum compressor, ou de um gerador eltrico,com a finalidade de prover energia eltricapara uma rede de energia.

    necessrio que haja um fluxo de guapara que a energia seja gerada de forma con-tnua no tempo, por isto deve haver um su-primento de gua ao lago, caso contrriohaver reduo do nvel e com o tempo adiminuio da potncia gerada. As represas(barragens) so lagos artificiais, construdos

    num rio, permitindo a gerao contnua.No Brasil, devido a sua enorme quantida-

    de de rios, a maior parte da energia eltricadisponvel proveniente de grandes usinas hi-dreltricas. Um rio no percorrido pela mes-ma quantidade de gua durante o ano intei-

    ro. Em uma estao chuvosa, a quantidade degua aumenta. Para aproveitar ao mximo aspossibilidades de fornecimento de energia deum rio, deve-se regularizar a sua vazo, a fimde que a usina possa funcionar continuamen-te com toda a potncia instalada.

    Energia da BiomassaEnergia da Biomassa a energia derivadade matria viva como os gros (milho, trigo,soja) as rvores e as plantas aquticas. Estamatria viva tambm encontrada nos res-duos agrcolas e florestais (incluindo os res-tos de colheita e os estrumes) e nos resduos

    slidos municipais (lixo urbano). A biomassapode ser utilizada como combustvel em trsformas: combustveis slidos como as lascasde madeira; combustveis lquidos produzi-dos a partir da ao qumica ou biolgicasobre a biomassa slida e/ou da conversode acares vegetais em etanol ou metanol;e combustveis gasosos produzidos por meiodo processamento com alta temperatura ealta presso.

    A biomassa, atualmente, abastece 3,2%das necessidades energticas brasileiras. A Su-cia e Irlanda utilizam a biomassa para 13%de suas demandas e a Finlndia abastece14% desta maneira. Alm disto, este recurso

    de particular utilidade para naes do mun-do em desenvolvimento, onde os altos pre-

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    os do petrleo desaceleram o crescimentoeconmico. Como uma forma armazenada deenergia solar, a biomassa tem a vantagem deque os custos com coletores so menores e o

    armazenamento de energia j est includo.A biomassa pode ser convertida em combus-tveis lquidos e gasosos em diversas etapas ea combusto direta para produo de vaporou eletricidade j bastante popular. As fon-tes de biomassa esto sendo fortemente con-sideradas como combustveis alternativospara o transporte, especialmente em funodos novos padres de poluio atmosfrica.

    Energia das MarsA energia das mars obtida de modo se-

    melhante ao da energia hidreltrica.Constri-se uma barragem, formando-se

    um reservatrio junto ao mar. Quando a mar

    alta, a gua enche o reservatrio, passan-do atravs da turbina e produzindo energiaeltrica, e na mar baixa o reservatrio es-vaziado e a gua que sai do reservatrio, pas-sa novamente atravs da turbina, em sentidocontrrio, produzindo energia eltrica. Estetipo de fonte tambm usado no Japo e

    Inglaterra. No Brasil, temos grande amplitu-de de mars, por exemplo, em So Lus, naBaia de So Marcos, mas a topografia do li-toral inviabiliza economicamente a constru-o de reservatrios.

    Energia GeotrmicaA energia geotrmica produzida atravs

    do calor originado no interior da Terra ondeas temperaturas atingem 4.000C. Esta ener-

    gia termal produzida pela decomposiode materiais radioativos dentro do planeta,o que leva algumas pessoas a se referirem energia geotrmica como uma forma de

    energia fssil nuclear.Vulces, giseres, fontes de guas e lamaquente so evidncias visveis dos grandesreservatrios de calor que existem dentro edebaixo da crosta terrestre. Apesar da quan-tidade de energia trmica dentro da Terraser muito grande, o seu uso est limitado adeterminados lugares. Estes recursos noso infinitos e podem ser esgotados em umdeterminado stio de explorao intensiva.No obstante, a energia geotrmica umrecurso que pode ser melhor desenvolvidoem locaes favorveis. Atualmente, 4% daeletricidade gerada nos Estados Unidos pe-las chamadas fontes renovveis vem da ener-

    gia geotrmica (isto , quase quatro vezes acontribuio das energias elica e solar).Globalmente, a energia geotrmica temcrescido constantemente a uma taxa de cer-ca de 8,5% ao ano.

    Esta energia pode ser usada como fontede calor para aquecer interiores de casas,

    gua, ou ser convertida em energia eltricaatravs dos vapores de escape. Em 1904, naItlia, pela primeira vez foi produzida eletri-cidade a partir do vapor natural. Hoje em dia,muitas usinas geotrmicas esto em opera-o ao redor do planeta. A ilha do Hava ob-tm 25% da sua eletricidade a partir de re-cursos geotrmicos. El Salvador gera a maiorparte de sua eletricidade com vapor origin-rio de recursos geotrmicos.

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    Dados Mundiais de EnergiaOferta de Energia por Fonte

    Oferta de Energia por Regio

    * Fonte: Agncia Internacional de Energia (IEA)

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    Anlise das PrincipaisQuestes Ambientais

    Para entendermos melhor as grandes ques-tes ambientais que nos afetam nos dia dehoje, bem como sua relevncia para os pro-cessos de uma dada organizao, til con-sider-las sob os seguintes aspectos:

    Emisses atmosfricas Descargas na gua Disposio de resduos no solo Uso da energia Ecologia e o ambiente natural

    Emisses atmosfricas

    1. Chuva cidaA chuva cida resulta de emisses de SO

    2

    e NOx que podem percorrer longas distnci-as, a partir das fontes de emisso, antes deserem lavadas da atmosfera pela chuva, ne-blina ou neve. As principais fontes industri-

    ais de SO2e SO so as centrais de energiaeltrica e grandes usinas de combusto quequeimam combustveis fsseis, e usinas dereduo de minrios que tratam minerais desulfeto. Formam-se xidos de nitrognio du-rante todos os processos de combusto noar, mas as principais fontes de emisses de

    NOX

    so as usinas eltricas e os escapamen-tos de veculos motorizados.A meta de despoluio requer tambm re-

    dues nos nveis de emisses de NOX de15% (tambm em relao aos nveis de1980). A meta de reduo de emisses deSO

    2foi plenamente atingida em meados da

    dcada de 90, mas a meta para NOx tem semostrado mais difcil de alcanar, com uma

    reduo de apenas 10% at agora.

    2. Desgaste daCamada de OznioA maior parte do oznio presente na atmos-

    fera da Terra encontra-se na camada de oz-nio, situada entre 17 km e 50 km, aproxima-damente, acima do nvel do mar. Ela filtra raios

    18

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    UV nocivos, provenientes do sol, que podemcausar cncer da pele e catarata no olho.

    O oznio (O3) gerado pela ao da luz

    solar sobre o oxignio normal, bimolecular.

    Um desgaste significativo da camada de oz-nio foi notado pela primeira vez em 1984,sobre a Antrtida. A causa principal foi rapi-damente identificada como sendo os cloro-fluorcarbonos, na poca ainda utilizados emaerossis, refrigerao, espumas, e solventesde limpeza. Sabe-se ainda que halons, em-pregados em extintores de incndio, cloro-frmio de metila, tetracloreto de carbono ebrometo de metila tambm danificam a ca-mada de oznio.

    O Protocolo de Montreal (1987) tratousobre os halons e outras substncias que des-gastam a camada de oznio, e estipulou queo emprego desses dever ser reduzido gra-

    dualmente e eliminado das fases de produ-o, distribuio e uso. Sob presso dos con-sumidores, os fabricantes concordaram emabandonar o uso dos CFCs bem antes de1997, com o entendimento de que alternati-vas tais como hidro-fluorcarbonos (HFCs) ehidroclorofluorcarbonos (HCFCs) seriam acei-

    tveis como alternativas a utilizar durante operodo de eliminao gradual at 2030.

    3. Outros Poluentes do ArOs principais poluentes industriais do ar

    so, atualmente, CO2, NOx, CO, fumaa ne-

    gra, compostos orgnicos volteis, bifenilospoliclorados, dioxinas e metais pesados, odo-res de instalaes comerciais so tambm umproblema comum.

    Tanto no Brasil, quanto nos EUA existe le-gislao para controlar emisses de metaispesados para a atmosfera, e os padres tor-naram-se muito mais rigorosos sob os meca-

    nismos estipulados no Protocolo de Kyoto.Existem agora, inclusive, controles na UnioEuropia sobre emisses provenientes de in-cineradores municipais e industriais, e a dire-tiva CE (Comunidade Europia) sobre emissesde gases poluentes a partir de instalaes dearmazenagem de produtos do petrleo poderser estendida tambm a pontos de varejo emfuturo relativamente prximo.

    4. SolventesAs emisses de solventes na gua ou na at-

    mosfera podem ter uma variedade de efeitosambientais e tambm na sade humana. Na

    gua, os solventes podem ser txicos, carcino-gnicos (que provocam cncer) e persistentes.

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    As emisses de solventes para a atmos-fera podem levar ao desgaste da camadade oznio. Compostos orgnicos volteislevam criao de oznio no nvel do solo,

    que desempenha um papel importante naformao de neblina fotoqumica, contri-buindo assim para toda uma gama de dis-trbios respiratrios.

    A Unio Europia emitiu diretivas para con-trolar as emisses de solventes no ar. J defi-niu tambm diretrizes sobre a qualidade doar e normas para emisso de oznio ao nveldo solo a partir de vrios processos, abrangen-do pintura de carrocerias de automveis, de-sengraxamento, lavagem a seco e impresso.

    O controle das emisses de gases poluen-tes tambm um ponto chave da EstratgiaNacional para Qualidade do Ar, por isso asNaes Unidas esto buscando um acordo

    para os pases reduzirem ainda mais suasemisses.

    5. Emisses de Veculos

    Os transportes contribuem com mais oumenos 30% das emisses totais de CO2no

    Brasil, maior parte sendo proveniente dotransporte rodovirio. As emisses de ve-culos tambm contm material particula-do, hidrocarbonos no queimados, echumbo. Reduzir o uso de veculos e as

    emisses de motores , por conseguinte,uma prioridade chave para o governo, efaz parte da estratgia para qualidade doar estabelecida pela Lei Ambiental de1995 e pela Lei de Reduo de TrfegoRodovirio de 1997. Deve-se observar tam-bm que as emisses de veculos automo-tores esto includas no escopo do Proto-colo de Kyoto de 1997.

    Diretivas da Unio Europia sobre emis-ses de automveis exigem, desde 1993,que todos os carros novos apresentem no-vos padres de emisso de CO, NOx e par-ticulados de escapamentos, como os ca-talisadores. A instalao de conversores

    catalticos obrigatria desde o final de1992.

    A Inglaterra introduziu um teste maisamplo, e mais verificaes na estrada paraveculos de carga pesada. Aditivos basede chumbo para a gasolina j foram eli-minados do mercado britnico, e combus-

    tveis com teor ultra-baixo de enxofre jse encontram amplamente disponveis.

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    Descargas na gua

    1. Descargas de EfluentesA maioria das empresas fabris lanam eflu-entes no esgoto para tratamento pelas com-panhias de guas e esgotos. A companhia deguas e esgotos fixa parmetros de controlesobre as descargas, e cobra taxas para rece-b-las e trat-las. Certos tipos de processos

    industriais enquadram-se na esfera de com-petncia da Agncia Ambiental e esto su-jeitos a controles muito mais rgidos.

    Descargas em guas controladas, queincluem rios, guas costeiras e guas subter-rneas, so controladas por assegurar quetodos os compromissos assumidos pelos r-gos despoluidores sejam cumpridos. Estesrgos so responsveis por estar continua-mente revendo os objetivos e padres de

    controle da gua de rios, e por analisar todasas polticas de licenciamento e monitoramen-to de descargas em cursos dgua. Isto temresultado em maior rigidez na monitorao

    e represso a infratores.Detalhes de todas as autorizaes para des-carga de efluentes esto disponveis para ins-peo pblica, atravs de registros operadospela autoridade de controle competente. Oscustos das atividades de fiscalizao so co-brados dos infratores diretamente pelos r-gos de defesa do meio ambiente, sem re-curso a tribunais.

    2. Tratamentode gua ResidualA noo de gua residual engloba gua

    de escoamento pluvial, gua de esgoto indus-trial e domstico e efluentes originrios de al-

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    gum tipo de processo. No Brasil, atualmente,a maior parte das guas residuais descarre-gada em redes pblicas de esgoto e conduzi-das at estaes de tratamento de esgoto.

    Houve poca, entretanto, em que no erararo se ver efluentes industriais sendo des-carregados no mar atravs da desembocadurade uma encanao de esgoto, ou ver lamaindustrial ser levada em embarcaes paradespejo em alto mar. Essas prticas pratica-mente cessaram em seguida adoo de re-gulamentao sobre guas residuais urbanas,e com a adoo de muitas novas instalaesde tratamento de gua.

    Uma estao de tratamento de gua rece-be a gua residual poluda (influente) e a tra-ta utilizando bactria oxidante, at que elaesteja limpa para ser devolvida a outro cursode gua receptor, controlado (geralmente um

    rio). Esta gua assim tratada somente pode serdescarregada quando tiver cado para menosde 20g de oxignio por metro cbico de gua.

    3. Abastecimento de guaA maior parte das empresas brasileiras re-cebe sua gua da companhia que detm arede local de fornecimento de gua. Aque-las que utilizam volumes muito grandes degua ou que esto localizadas em reas afas-tadas obtm seus suprimentos por extraes

    diretas da gua subterrnea (atravs de po-os artesianos) ou de guas superficiais.Tem havido um abatimento severo nos n-

    veis de gua subterrnea e nos nveis de rios,em alguns recentes anos de seca. As agnci-as ambientais so, consequentemente, res-ponsveis por gerenciar e manter recursos h-dricos naturais. Elas tambm estimulam o usoeficiente da gua, promovendo maior reci-clagem da gua sempre que exequvel.

    Os padres da qualidade da gua so ba-seados nos requisitos da gua potvel, e estesso regidos por uma legislao e por contro-les prprios. As companhias de guas tm aobrigao legal de fornecer gua apropriadapara beber. Algum tratamento local, tal comoremoo de nitrato de gua fornecida paracervejaria, pode ser exigida pelo usurio.

    O custo do abastecimento de gua, tantoda rede pblica quanto por extrao da guasubterrnea ou superficial, vem aumentan-do substancialmente nos ltimos anos, e aconservao da gua j se tornou uma ques-to ambiental prioritria.

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    Disposio deresduos no solo

    1. EmbalagensEmbalagens, especialmente seu destino

    final, constituem um dos problemas ambien-tais mais bvios. O vidro o mais antigo eprovavelmente o material de envasamentoque recebe maior reciclagem no mundo. La-

    tas de alumnio e ao esto sendo crescente-mente recicladas, e a reciclagem de papel eplsticos est crescendo rapidamente. A re-ciclagem de material de embalagem, em bre-ve, ir se tornar obrigatria para todas as com-panhias do Brasil na cadeia de embalagem,em consequncia das Regulamentaes paraResduos de Embalagem, de 1997.

    O governo est engajado em estimular aindstria a reduzir a embalagem desneces-

    sria de bens de consumo e a promover oretorno de embalagens, pelos consumidores,ao ponto de venda. As novas Obrigaes Re-lativas a Resduos de Embalagem, de 1997,

    criadas sob a gide da Lei do Meio Ambientede 1995, estabelecem metas rigorosas de re-ciclagem, tais como requeridas pela diretivade resduos de embalagem. A disposio fi-nal de materiais plsticos frequentemente sed sob a forma de incinerao. Portanto, foiemitida uma diretiva que controla as emis-ses de incineradores municipais de lixo, es-tabelecendo padres rigorosos para a emis-so de gases poluidores.

    2. PapelExiste, no Brasil, um nvel muito alto de

    interesse e presso pblicos quanto ao mai-or uso de papel reciclado e por uma reduona quantidade de papel usado nas empre-sas. As principais vantagens do uso de papel

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    reciclado incluem as seguintes: Conservao de energia, uma vez que a

    produo de papel a partir de polpa recicla-da requer significativamente menos energiado que o papel virgem;

    Reduo da poluio, uma vez que oprocessamento de papel reciclado exige umaquantidade menor de reagentes qumicos eoutras matrias-primas;

    Reduo da quantidade de madeira ne-cessria;

    Reduo da quantidade de resduos quenecessitam de disposio, aliviando assim apresso sobre espao para aterros, e atrain-do impostos mais baixos sobre aterros.

    A economia da reciclagem de papel de-pende da eficincia da coleta, porm um es-

    quema adequado de coleta poderia fazer in-curses significativas nas importaes. O ob-

    jetivo, a longo prazo, alcanar o desen-volvimento sustentvel de matrias-primasdo papel, abrangendo o replantio de rvorese a reciclagem de lixo de papel, sempre queisto for economicamente vivel. A indstriabrasileira est sendo atualmente encorajadaa obter suprimentos de papel a partir de fon-tes que subscrevam esquemas de gesto cer-tificada de florestas.

    3. ReciclagemNo Brasil, a tecnologia da reciclagem

    bastante incentivada em muitas indstrias,particularmente as de metais secundrios taiscomo cobre, chumbo e sucata de metal fer-roso. A reciclagem economiza os recursosnaturais, e a quantidade equivalente de ener-gia necessria para produo primria e trans-porte. Ela ajuda tambm a reduzir a quanti-dade de resduos lanados em aterros.

    Os encargos referentes energia e dispo-sio de resduos esto crescendo rapidamen-te, havendo muitos incentivos para incremen-tar a reciclagem. O governo brasileiro esta-beleceu uma meta de 50% de recuperaode todo o lixo domstico reciclvel, at 2010.As autoridades locais so incentivadas a di-

    vulgar seus planos de reciclagem.4. Gesto de ResduosOs produtores de resduos no Brasil e to-

    dos que importam, produzem, transportam,mantm, tratam ou do destino final a seusresduos so incentivados para que atuem demaneira responsvel, minimizando o riscopara o meio ambiente. J os produtores deresduos controlados so obrigados a utilizar

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    apenas empresas transportadoras especiali-zadas e registradas para a destinao final deseus resduos (lixos qumicos ou de hospitais).Estes s devem ser depositados nos locais

    devidamente licenciados.Empresas que armazenam resduos emsuas prprias dependncias devem ter umalicena especfica para tal, e podem ser for-adas a remover resduos depositados ilegal-mente. Qualquer movimentao de resduospara fora das instalaes deve ser acompa-nhada de documentao adequada, caben-do Agncia Ambiental a obrigao de man-ter registros detalhados de movimentaesde resduos.

    5. Resduos PerigososResduos perigosos, antes conhecidos

    como resduos especiais, so resduos no-

    civos vida. Este tipo de resduo j conta hbastante tempo com uma definio legal es-pecfica, primeiro sob as Regulamentaessobre Controle de Poluio Ambiental.

    Para ser classificado como perigoso, oresduo tem que possuir uma das proprieda-des nocivas listadas na qualificao de Res-

    duos Perigosos. Tais resduos requerem pro-vidncias especiais para sua disposio segu-ra, no sendo mais permitido fazer sua dis-posio final diretamente nos aterros sem tra-tamento prvio, que os torne incuos.

    A maior parte dos resduos perigosos constituda simplesmente por material de em-balagem que tenha sido contaminado porseus contedos ou por outros resduos comos quais tenha entrado em contato.

    6. Solo ContaminadoUma rea que esteja to gravemente con-

    taminada a ponto de constituir um risco sade ou ameaar as guas subterrneas

    denominada de solo contaminado. Em talcaso, uma notificao oficial feita ao pro-prietrio da rea, exigindo a execuo demedidas de remediao e conteno.

    A contaminao do solo , ao mesmo tem-po, uma questo de planejamento (urbano/rural) e uma questo ambiental. A remedia-o de solo contaminado pode ser extrema-mente cara, mas com frequncia inevit-vel. Os mtodos de remediao incluem aremoo de solo contaminado para um ater-ro seguro, lavagem no local, tratamento forado local e posterior retorno do material rea,isolamento por barreiras impermeveis e tra-tamentos biolgicos no caso de resduos or-

    gnicos ou oleosos.Uso da energia

    1. Fontes de Energia deCombustveis Fsseis

    A produo e a utilizao de energia re-presentam um dos maiores impactos sobre omeio ambiente. A energia gerada por com-bustveis fsseis a maior responsvel pelosfenmenos do aquecimento global e da chu-va cida. Os combustveis fsseis so princi-palmente os originrios da extrao do pe-trleo, e eles emitem CO

    2

    , SO2

    e NOx.Uma das prioridades agora reduzir a de-

    pendncia de combustveis fsseis, seja atra-

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    vs da reduo da demanda ou do aumentoda eficincia trmica, ou por sua substitui-

    o por substitutos renovveis.O Reino Unido, por exemplo, introduziuum Imposto de Mudana Climtica, declara-damente em resposta aos compromissos as-sumidos sob o Protocolo de Kyoto, mas ob-jetivando tambm encorajar um distancia-mento da opo por combustveis fsseis.

    2. Fontes de EnergiaRenovvel esperado que haja, em resposta ao pro-

    blema do aquecimento global, uma mu-dana decisiva, em escala mundial, no sen-tido de se adotar fontes renovveis de ener-gia no sculo XXI. As opes atualmentedisponveis incluem a utilizao de biomas-sa, biodiesel, gs de aterros, energia eli-

    ca, das mars e solar, alm de energia hi-droeltrica, entre outras. Os sistemas decogerao combinando calor e energia es-to ampliando rapidamente sua participa-

    o no mercado.No Brasil, o uso de energia renovvel bemconsidervel, chegou ao patamar de aproxi-madamente 40% da energia total consumidano pas. O nosso biodiesel est conquistandoo mundo e, por isso mesmo, gerando muitacontrovrsia. Alguns estudiosos dizem que acorrida pelos biocombustveis tem efeitos di-retos e globais sobre o aumento na demandae eventualmente sobre o preo dos alimen-tos. Alm disso, temos a maior hidreltrica domundo - Itaipu -, que responsvel por 40%de nossa energia eltrica gerada. Itaipu tam-bm responsvel por 100% da energia eltri-ca utilizada pelo Paraguai.

    Em lugares como o Estado do Cear, nor-deste brasileiro, j so utilizadas a energiaelica e a solar e, em menor escala, a ener-gia gerada pelas mars. O gs natural, ex-trado de aterros sanitrios, tambm uti-lizado em algumas cidades, gerando cr-ditos de carbono.

    O custo de implantao destas energiasainda dispendioso e bastante significativo,no entanto elas representam um ganho parao meio ambiente, uma vez que no so emis-soras de CO

    2.

    3. Eficincia em EnergiaA energia total consumida durante qual-

    quer atividade pode ser considerada como o

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    produto de dois fatores:Energia demandada pela atividade

    XFreqncia da atividade.

    Para que haja uma reduo no consumoda energia temos que modificar pelo menosum dos fatores. Mudando o estilo de vida,que significa a utilizao consciente de umamenor quantidade de combustvel, por meiode comportamentos como, por exemplo, des-ligar o ar-condicionado ou dirigir por percur-

    sos menores reduzindo, assim a frequnciada atividade. Ou fazendo ajustes tcnicos,que consistem na utilizao mais eficiente docombustvel para desempenhar a mesma ta-refa como, por exemplo, dirigir um carro comum motor mais eficiente, reduzindo a ener-gia requerida por esta atividade. O sucesso

    mximo possvel dos ajustes tcnicos paraconservao de energia limitado pelas leis

    fsicas. Entretanto, ainda existe muito campopara melhoramentos nesta abordagem daconservao de energia, especialmente comrelao ao uso eficiente de energia para a

    realizao de determinadas tarefas. Por exem-plo, uma lmpada fluorescente de 20 wattsproduz a mesma quantidade de luz que umalmpada incandescente de 75 watts e duradez vezes mais. O custo inicial da lmpadafluorescente maior, mas a economia noscustos de eletricidade durante o uso mdiopor ano ir pagar o investimento. Se substi-tuirmos as lmpadas incandescentes por flu-orescentes, um nmero menor de usinas el-tricas ser necessrio. O investimento da cons-truo de uma planta industrial para a pro-duo de lmpadas eficientes no uso da ener-gia ser muito menor que o necessrio paraa construo de uma usina de gerao de ele-

    tricidade. Este tipo de raciocnio econmico de vital importncia, principalmente no casodos pases em desenvolvimento.

    As empresas esto constantemente sendoencorajadas a utilizarem energia de modomais eficiente. Esta eficincia tem sido bus-cada no mundo inteiro, uma vez que a ques-

    to do aquecimento global atinge todo oplaneta e as consequncias sero tanto paraos pases pobres, quanto para os ricos.

    Ecologia e oAmbiente Natural

    1. DesmatamentoO desmatamento tem efeitos ambientais

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    tanto globais quanto puramente locais. Fre-quentemente, essa prtica destri o meiode vida das populaes locais que depen-dem da floresta para obter seu combust-

    vel, alimentos e preparados farmacuticos,podendo ainda exaurir dramaticamente osrecursos hdricos, perturbar o clima local elevar a uma degradao do terreno atravsda eroso do solo. Estima-se que as quei-madas sejam responsveis por at um quar-to de todas as emisses de CO

    2provocadas

    pelo homem. Sem uma gesto adequadados recursos, o desmatamento leva per-da irrecupervel de madeiras de lei, taiscomo mogno e teca, existindo uma amea-a de colapso nos mercados tradicionaispara esses materiais.

    Alguns projetos de desmatamento es-to ligados s necessidades da popula-

    o local, sendo necessrios para fazerface ao crescimento demogrfico. Outros,contudo, so empreendimentos comerci-ais concebidos em pases estrangeiros.Este particularmente o caso das flores-tas tropicais sul-americanas, leste-africa-nas e indonsias, que esto sendo des-

    trudas de forma acelerada por projetosde desenvolvimento urbano, extrao demadeira, construo de represas, explo-rao agro-pastoreira, minerao e de-senvolvimento rodo-ferrovirio.

    A Eco-92, realizada no Rio, trouxe umamudana fundamental no modo como as

    florestas tropicais so manejadas, espe-cialmente no Brasil, mas a perda da co-bertura de florestas ainda continua acon-

    tecendo em escala planetria. A FlorestaAmaznica teve cerca de 18.000 Km2a25.000 Km2do seu espao territorial des-matado nos ltimos anos. Boa parte em

    funo do corte ilegal de rvores para ven-da. Este ainda um problema que preci-sa ser fiscalizado com maior rigor pelasautoridades e combatido no territrio bra-sileiro.

    2. Perda da BiodiversidadeA exausto da flora e fauna da terra e

    dos oceanos e rios constitui um proble-ma que tornou-se causa clebre junto aopblico em geral. Pode haver at 50 mi-lhes de espcies de organismos vivossobre a terra, mas estima-se que at umtero deles poderiam tornar-se extintosdentro de 30 anos, principalmente em

    consequncia do aumento na populaoglobal e dos mtodos de agricultura epesca intensiva, necessrios para susten-t-la. A perda de fontes potencialmentevaliosas de alimentos, materiais industri-ais, medicamentos e reservatrios de ge-nes para fins de reproduo de animais e

    plantas, incalculvel.

    3. Rudo/PerturbaoO rudo um problema generalizado na

    indstria e na sociedade. Constitui a per-turbao ambiental mais comum e podeter efeitos graves para a sade e a segu-rana dos trabalhadores nas fbricas, ape-sar de a maioria das reclamaes feitas

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    contra o barulho vir de fora das fbricas,e no de dentro.

    A legislao existente nesse sentido decompetncia dos rgos municipais e sua fis-

    calizao bastante ineficiente. No setor dostransportes, nossos governos continuam apressionar os fabricantes a projetar motorescom menores nveis de rudo possveis.

    4. PatrimnioAs questes relativas ao patrimnio so

    bastante abrangentes e incluem a proteodo ambiente construdo urbano, com seusstios histricos, culturais, arqueolgicos,assim como o ambiente natural, o campo,os parques nacionais e as reas selvagens.

    Muito da degradao da herana cultu-ral de uma nao ocorre devido ao excessode atividade turstica, crescimento popula-cional ou utilizao excessiva, mas ela ,em parte, consequncia tambm de negli-gncia administrativa, danos acidentais,instabilidade poltica, terrorismo e guerracivil. Estes dois ltimos mais frequentes nospases europeus.

    No Brasil, algumas medidas foram criadasem relao ao patrimnio ambiental atravsde processos de planejamento, com o finan-ciamento sendo provido por impostos naci-onais e locais. Em santurios ecolgicos,como a ilha de Fernando de Noronha, foramcriadas taxas ambientais, cobradas do turis-ta. O objetivo atingir metas de um turismo

    sustentvel, uma vez que envolve formas deracionamento e de restries sobre o direi-

    to de ir e vir. O eco-turismo est se popula-rizando cada vez mais, mas pode tambmsignificar uma ameaa para reas naturaisremotas, at ento intocadas.

    5. DesenvolvimentoSustentvelTanto o desenvolvimento econmico

    quanto o crescimento populacional exer-cem tremendas presses sobre nossos re-cursos e sistemas naturais. Por exemplo, a

    degradao do solo e dos recursos hdricotorna extremamente difcil a expanso daproduo de alimentos. Muitos dos proble-mas ambientais associados com o aumen-to do uso da energia para abastecer estecrescimento j foram introduzidos.

    Desenvolvimento Sustentvel aquele

    tipo de desenvolvimento que atende s ne-cessidades do presente, sem comprometera capacidade das geraes futuras de sa-tisfazerem as suas. Ele implica a proteodos sistemas naturais necessrios para ali-mentao e combustvel, simultaneamen-te expanso da produo para satisfazeras necessidades de uma populao emcrescimento.

    A abordagem para atingir este objetivoser diferente nos pases desenvolvidos enaqueles em desenvolvimento. Os pases in-dustrializados tm uma responsabilidade es-pecial na liderana do desenvolvimento sus-tentvel, porque seus consumos passados e

    presentes dos recursos naturais so despro-porcionalmente grandes. Em termos de con-

    29

    i d l id b l li i d

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    sumo per capita, os pases desenvolvidosusam muitas vezes mais os recursos do pla-neta do que os pases em desenvolvimento.Os pases desenvolvidos tambm tm os re-cursos financeiros e tecnolgicos para desen-volver tecnologias mais limpas e menos in-tensivas na utilizao de recursos.

    Para os pases em desenvolvimento, desen-volvimento sustentvel a utilizao dos re-cursos para melhoria dos seus padres de qua-lidade de vida. Um quinto da populao datem Terra tem um PIB anual per capita menor

    que 500 dlares. Eles tambm enfrentam s-rios problemas de sade. Os cidados de pa-

    ses pobres geralmente tm acesso limitado gua potvel e ao saneamento, so subnutri-dos e apresentam os mais baixos nveis deeducao. Metade da populao dos pasesem desenvolvimento analfabeta; a expecta-tiva mdia de vida de 90 mortes por mil nas-cidos vivos (contra oito por mil nos pases de-senvolvidos). Estes pases tm que garantir asatisfao das necessidades humanas bsicas,estabilizar o crescimento de suas populaese combater a pobreza, ao mesmo tempo emque tm que conservar os recursos naturais es-

    senciais para o desenvolvimento econmico,o que uma tarefa muito difcil.

    30

    l d 31

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    O Protocolo de KyotoO Protocolo de Kyoto um dos com-

    promissos mais importantes em relao aomeio ambiente acordados no mundo. Oprotocolo foi assinado na cidade japone-sa de Kyoto, em 1997, e os 84 pases par-ticipantes se comprometeram a diminuiras emisses que contaminam o planeta.Foi a partir da que o efeito estufa e o

    consequente aquecimento global do pla-neta chamaram a ateno das autoridadesno mundo todo.

    A ao internacional para combatermudanas climticas teve incio em 1992,quando a Conveno da ONU sobre Mu-dana Climtica (FCCC) foi aberta para as-sinatura pelos pases membros na cpulado Rio 92.

    O acordo assinado em Kyoto estabele-ce metas de reduo nas emisses dosgases responsveis pelo efeito estufa. Oacordo internacional visa a reduzir as emis-ses de gases estufa dos pases industria-lizados e garantir um modelo de desen-

    volvimento limpo aos pases em desenvol-vimento. O objetivo do Protocolo con-seguir reduzir em 5,2% as emisses dosgases responsavis pelo efeito estufa, combase nos nveis de 1990 para o perodo2008-2012. Ele impe nveis diferenciadosde reduo para 38 pases considerados

    os principais emissores de dixido de car-bono (CO2), metano (CH

    4), e demais gases

    poluentes.

    A reduo estabelecida para os pasesda Unio Europia foi de 8% com relaos emisses de gases em 1990. Para os Es-tados Unidos, a diminuio prevista foi de7% e, para o Japo, de 6%. Para a China eos pases em desenvolvimento, como oBrasil, ndia e Mxico, ainda no foram es-

    tabelecidos nveis de reduo.O Protocolo de Kyoto abrange decisesestabelecidas ainda pelo Painel Intergover-namental sobre Mudana do Clima estabe-lecido conjutamente pela Organizao Me-teorolgica Mundial e pelo Programa dasNaes Unidas para o Meio Ambiente em

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    1998 e tambm pelo Protocolo de Montre trializados dos quais exigido o cumpri32

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    1998 e tambm pelo Protocolo de Montre-al sobre as substncias que destroem a ca-mada de oznio.

    Como as metas traadas pelo Protocolo deKyoto se esgotam em 2012, uma segunda ro-dada do Protocolo de Kyoto est planejadapara o perodo 2010-2030, devendo incluiroutros pases alm dos atuais signatrios. Masat agora no foram estabelecidas metas fu-turas, e mesmo a primeira rodada do Proto-colo de Kyoto foi efetivamente ratificada pelamaioria dos signatrios originais em 2004. E

    agora, o Protocolo de Kyoto finalmente en-trou em pleno efeito, obrigando legalmentetodos os pases signatrios que o ratificarama cumprir suas metas. Porm, fora da UnioEuropia, observa-se pouco entusiasmo comrelao Kyoto.

    Mecanismos Flexveisdo Protocolo de KyotoPara ajudar os pases signatrios e as em-

    presas a atingir suas metas de reduo dosgases responsveis pelo efeito estufa, assumi-das sob o Protocolo de Kyoto, so admitidosos assim chamados mecanismos flexveis:

    Comrcio de emisses; Esquemas de Implementao Conjunta (IC); Mecanismos de Desenvolvimento Limpo (MDLs).

    O princpio bsico do comrcio interna-cional de emisses que os pases indus-

    trializados dos quais exigido o cumpri-mento das metas de reduo acordadaspara a cesta dos seis gases de efeito es-tufa podem atender tal exigncia imple-mentando programas de reduo prpri-os ou adquirindo cotas no-utilizadas depases que estejam abaixo de suas metasdesignadas ou que estejam fora do acor-do de Kyoto. o chamado Mercado deCrditos de Carbono, o mais conhecidodos mecanismos flexveis estipulados peloprotocolo.

    Os outros dois mecanismos (IC e MDL)permitem que os pases desenvolvidos com-pensem suas emisses de gases de efeitoestufa por meio de investimentos em pro-jetos de reduo de emisses.

    Por exemplo, projetos de plantaes deflorestas em outros pases poderiam gerarcrditos de carbono para o pas investidor.

    Os mecanismos flexveis foram original-mente criados como instrumentos interna-cionais para serem transacionados e/ou uti-lizados entre governos, mas empresas tam-bm podem tomar parte neles e, de fato,algumas delas vm desenvolvendo meca-nismos internos prprios para tal, por ve-zes at bastante sofisticados. A Shell, porexemplo, est comercializando licenas nomercado internacional, cada uma delas va-lendo 100 toneladas de CO

    2, ou seu equi-

    valente em metano, entre suas vrias ope-raes espalhadas pelo mundo todo. Ou-

    tras multinacionais vm procedendo de for-ma similar.

    32

    Crdito de Carbono 33

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    Crdito de CarbonoO crdito de carbono est diretamente li-

    gado ao Protocolo de Kyoto, uma vez que odocumento determina a cota mxima que os

    pases desenvolvidos podem emitir de gscarbnico. Ele foi um dos mecanismos cria-dos para a compensao de emisses dos ga-ses responsveis pelo efeito estufa. Estes cr-ditos criam um mercado para a reduo des-tes gases, creditando um valor em dinheiro poluio produzida no planeta.

    Uma tonelada de CO2(dixido de carbo-no) equivalente corresponde a um crdito decarbono. O CO

    2equivalente o resultado da

    multiplicao das toneladas emitidas peloseu potencial de aquecimento global. Os cr-ditos de carbono so certificados emitidosquando ocorre a reduo de emisso de ga-ses do efeito estufa. Esse crdito pode sernegociado no mercado internacional.

    Ele ainda uma frmula contbil de com-pensar pases em desenvolvimento pelos bonsservios de diminuio de emisses de gasesna atmosfera. Os pases industrializados soobrigados, pela conveno da ONU, a dimi-nuir suas emisses de gases. Isto significa que

    se uma empresa da Blgica no conseguediminuir aquela emisso, ela pode pagaroutra empresa da Costa Rica, ou do Brasil,por exemplo, para diminuir os gases em nomedela. Trinta e sete pases assinaram o com-promisso de reduzir as emisses de gasesentre 2008 e 2012.

    A questo do crdito de carbono pode tra-zer benefcios para o Brasil, uma vez que gran-

    de parte do pulmo do mundo, a Floresta

    Amaznica, est situada em solo brasileiro.O Brasil tem hoje 37 programas de energialimpa registrados na Organizao das NaesUnidas (ONU), o rgo responsvel pela cer-tificao dos projetos. Por isso, tornou-se l-der mundial em projetos de crdito de car-bono, mercado que movimenta cerca de 9,4bilhes de euros por ano.

    Sequestro de CarbonoSorvedouros de carbono, especialmente

    nos oceanos e nas florestas do planeta, de-sempenham um importante papel no contro-le do teor de CO

    2na atmosfera, por meio do

    mecanismo conhecido como sequestro de

    carbono. Ele , em suma, um processo deremoo de gs carbnico da nossa atmos-

    33

    fera elaborado pelo prprio planeta como Todas as plantas de fato - e no apenas as34

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    fera elaborado pelo prprio planeta comouma proteo natural de nosso ecossistema.

    O processo realizado atravs dos marese das florestas. O dixido de carbono se-questrado (fixado) pelos mares por simplesdissoluo, enquanto que nas florestas eleacontece por meio da fotossntese na massade celulose de rvores em crescimento. Oagravamento do efeito estufa poderia estarocorrendo devido ao descompasso entre ataxa de emisses de CO

    2para a atmosfera e a

    sua capacidade de remoo por processos

    naturais.O oceano o maior reservatrio de carbo-

    no na Terra, com cerca de cinquenta vezesmais carbono que a atmosfera. J os ecossis-temas terrestres (florestas e solo) so consi-derados como um grande sumidouro de car-bono, especialmente os solos.

    Todas as plantas, de fato e no apenas asflorestas - passam continuamente por proces-sos de sequestro de carbono. H muito temsido reconhecido que alguns cultivos taiscomo soja, sementes de linho, colza e giras-sis apresentam taxas mais aceleradas de se-questro de carbono ao serem desenvolvidoscomo produtos comerciais: geralmente se-mentes, leos e produtos refinados. Tais cul-tivos, portanto, podem ser aproveitados narea de comrcio de emisses de carbono.Assim, uma safra de girassis, por exemplo,

    pode ser utilizada para uma srie de prop-sitos, incluindo os seguintes:

    Produo de sementes e leos para ali-mentao humana e animal;

    Produo de leos refinados (via processode esterifizao) especialmente o biodiesel;

    Meio de troca internacional no comr-

    cio internacional de carbono

    Impactos SignificativosA pergunta quando que um impacto

    ambiental torna-se significativo constituiuma das maiores dores de cabea na inter-pretao de normas como a ISO 14001. Como

    no se encontram, na prpria especificaoda ISO 14001, diretrizes firmes sobre o as-sunto, existe total perspectiva de os avalia-dores designados pelo certificador chegarems suas prprias concluses inteiramente ar-bitrrias quanto a um impacto ser ou no sig-nificativo.

    Muitas empresas tm adotado a seguintedefinio:

    34

    - O impacto significativo controlado por de Significncia que varia de -10 (o impac- 35

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    O impacto significativo controlado porlegislao ou cdigos de prtica estabeleci-dos;

    - Tem implicaes financeiras que podemlevar responsabilidade financeira ou legal;

    - Tem um potencial para dano ambientalque reconhecido nos procedimentos deemergncia e no planejamento de contin-gncia da empresa;

    - sabidamente uma fonte de preocupa-o para os consumidores;

    - sabidamente uma fonte de preocupao

    para banqueiros, acionistas e seguradores;- sabidamente uma fonte de preocupa-

    o para a comunidade local, ou uma cau-sa de reclamao.

    Isto no impede a incluso de impactosinsignificativos no cadastro, mas receberi-am o mesmo grau de ateno que os signifi-

    cativos.Alguns setores tm tentado desenvolverum sistema mais quantitativo para separarimpactos significativos do resto. Um exem-plo, referente s indstrias de mveis e pro-dutos de madeira que prope uma Escala

    de Significncia que varia de 10 (o impacto mais adverso) a +10 (o impacto mais be-nfico). Nesta escala, qualquer impacto comuma pontuao fora da faixa +/-3 conside-rado de grande significncia. Obviamente, talescala no universalmente aplicvel, pormo princpio geral vlido. A idia da pontua-o tambm reconhece que alguns impac-tos so at benficos ao meio ambiente

    35

    O Planeta tem Pressa 36

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    At mesmo os mais incrdulos j concor-

    dam: a temperatura da Terra est subindo e amaior parte do problema provocada poraes do homem, como a queima de com-bustveis fsseis. Ainda persistem divergn-cias acerca do tamanho do impacto sobre avida humana. As solues tambm so con-troversas.

    Veja aqui as 50 perguntas e respostas quevo ao centro da questo. O conjunto de-monstra que preciso agir agora.

    1 - Existe alguma dvida cientfi-ca incontestvel de que o planetaest se aquecendo?

    No. Nem os cientistas mais cticos colo-cam esse fato em dvida. Nos ltimos 100anos, a temperatura mdia mundial subiu0,75 grau Celsius. Tambm no existe con-testao sria ao fato de que isso vem ocor-rendo em um ritmo muito elevado. Entre1910 e 1940 (portanto, em trinta anos), atemperatura mdia do planeta se elevou 0,35

    grau. Entre 1970 e hoje (38 anos), subiu 0,55grau. Nos ltimos doze anos o planeta expe-rimentou onze recordes consecutivos de al-tas temperaturas.

    2 - Alm das medies, existemoutras evidncias irrefutveis do

    aquecimento?O derretimento do gelo especialmente na

    calota norte, o rtico, que vem perdendo reaa cada vero, uma forte evidncia. Na calotasul, a Antrtica, as perdas so menores e hat aumento da massa total de gelo mesmocom diminuio da rea. Paradoxo? No. Esseaumento atribudo ao aquecimento na re-

    gio, em geral mais seca do que o deserto doSaara. Com mais chuvas, forma-se mais gelo.

    3- Os cientistas dispem de instru-mentos confiveis parta avaliar asmudanas climticas?

    Os sinais do aquecimento global no so

    produtos de modelos de computador, mas demedies por instrumentos precisos. Entre as

    O Planeta tem Pressa 36

    mais concretas esto as medies feitas por reu h 410.000 anos, o segundo h 320.000,37

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    psatlites e por sondas flutuantes nos oceanos,que fornecem dados em tempo real, segundoa segundo. So consideradas tambm as me-dies menos diretas, como a que detecta aespessura e a extenso do chamado perma-frost, o terreno eternamente congelado noCrculo Polar rtico. At as flutuaes de co-res nas auroras boreais fornecem dados sobrea temperatura da terra. O interessante quetodas as medies, diretas e indiretas, apon-tam para o aquecimento, sem discrepncias.

    4 - A temperatura da Terra tem ci-clos naturais de aquecimento e res-friamento, por que o aquecimentoverificado agora no natural?

    H menos de quarenta anos, na dcada de70, alguns cientistas chegaram a prever que o

    planeta est entrando em uma nova era glacial,tamanha a agressividade dos invernos no He-misfrio Norte. Essa previso no pode ser com-parada previso de aquecimento de agora.Nunca houve consenso sobre a iminncia de umanova era glacial, tratava-se de pura especulao.Agora existe um consenso mundial entre os ci-

    entistas de todas as tendncias de que o planetaest se aquecendo. Menos consensual, mas ma-joritria, a noo de que o aquecimento cau-sado pelo atual estgio civilizatrio humano, emespecial as atividades industrial e de consumo.

    5 - Por quais perodos de aqueci-mento a Terra j passou?

    Nos ltimos 650.000 anos foram identifi-cados pelo menos quatro. O primeiro ocor-

    go terceiro h 220.000 e o quarto h 110.000.Em todos esses casos, mesmo sem interven-o humana, houve aumento da concentra-o de gases que capturam o calor e acentu-am o chamado efeito estufa. A fonte maisprovvel desses gases foram as grandes erup-es vulcnicas.

    6- Se a meteorologia no conse-gue afirmar com 100% de certeza sevai fazer sol no fim de semana,

    como ela pode prever o que vaiacontecer daqui a cinqenta ou 100anos?

    Saber se vai dar praia ou no mesmomais complexo do que fazer um modelo con-fivel de longo prazo. A modelagem climti-ca lida com tendncias e faz afirmaes ge-

    rais sobre mudanas mnimas na temperatu-ra global. J a meteorologia imediata traba-lha sobre o micro clima e sua interao comoutros eventos climticos mais gerais. Essasinteraes so, por definio, caticas.

    7 - As estimativas de que a tem-

    peratura mdia do planeta subirat 4 graus at 2100 so confiveis?Este o cenrio mais pessimista projeta-

    do pelos cientistas do Painel Intergoverna-mental sobre Mudana Climtica (IPCC), querene as maiores autoridades do mundo nes-se ramo da pesquisa. um cenrio catastr-fico, mas ele s ocorrer, na avaliao doscientistas, se nada for feito. A projeo maisotimista d conta de que o aumento projeta-

    37

    do seria de 1,8 grau. Isso exigiria um corte 11 O ex-vice-presidente america-38

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    de at 70% nas emisses de gases at 2050.

    8 Em que ponto os cientistasdivergem?

    Todos concordam que o mundo estmesmo se aquecendo. As principais diver-gncias so sobre extenso da influnciahumana e, em especial, sobre se vale a penaainda buscar a qualquer custo a reduodrstica das emisses de gases do efeitoestufa. Quem discorda dessa linha sugere

    que todo o esforo cientfico e financeirodos pases seja colocado no desenvolvimen-to de tecnologias que permitam civiliza-o conviver com os efeitos de um planetamais quente.

    9 Quando o aquecimento pas-

    sou a acontecer com mais intensi-dade?O acmulo de gases comeou com o

    advento da Revoluo Industrial, no scu-lo XVIII. O aquecimento diretamente pro-porcional atividade industrial. Portanto,quanto mais intensa ela for, mais dixido

    de carbono (CO2), metano e xido nitroso(N2O) sero lanados na atmosfera. Os pro-

    blemas comearam a se manifestar agoraporque esses gases tendem a se acumu-lar.

    10 Quanto a temperatura glo-bal j subiu?

    Durante o sculo XX, a temperatura m-dia global subiu cerca de 0,75 grau.

    no Al Gore ganhou o Oscar e o No-bel da paz por seu filme em quemostra consequncias trgicas doaquecimento. Todas as suas previ-ses esto corretas?

    Al Gore optou por mostrar as consequn-cias esperadas para os piores cenrios. Fez umfilme de propaganda, e no um document-rio cientfico. Um exemplo: ele ressalta a pre-viso de que o nvel do mar subir 6 metrosat 2100. O Painel Intergovernamental de

    Mudanas Climticas falava em um aumen-to mximo de 60 centmetros. Gore, o catas-trofista, exagerou feio. A favor dele, algumasdas previses j tm sido revistas para cima.Os mesmos cientistas do IPCC consideramagora que pode chegar a 1,2 metro de ele-vao do nvel do mar em 2100.

    12 O aquecimento global pro-vocado pela ao humana?

    Como se viu, a Terra j experimentou ci-clos de aquecimento muito antes de o ho-mem fazer sua primeira fogueira. O que pa-rece claro, agora, que a atividade humana

    est contribuindo para o aumento do ritmoda elevao da temperatura mdia global.Isso se d pela emisso principalmente deCO

    2, o que dificulta a dissipao do calor para

    o espao. Atualmente, a atividade humanaproduz mais CO

    2do que a natureza. Antes

    da Revoluo Industrial, as emisses de ori-gem humana somavam 290 ppm (partes pormilho) de CO2. Agora chegam a 380 ppm.Uma das principais razes a ineficincia

    38

    energtica. Para se ter uma idia, uma nicaf

    vimento sem consumo de energia, e a ener-39

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    lmpada, ao final de sua vida til, ter con-sumido em eletricidade o equivalente a 250quilos de carvo (clculo vlido para os pa-ses que geram energia eltrica com carvomineral).

    13 Por que a emisso de CO2au-

    menta a temperatura?O aumento da concentrao de gases cria

    uma barreira na atmosfera. Ela impede que ocalor do sol, quando refletido na Terra, se dis-

    sipe no espao. O calor fica retido entre a su-perfcie do planeta e a camada de gases. Dao nome efeito estufa. O CO

    2 o principal vilo

    porque sua presena predominante. Equi-vale a 70% da concentrao desses gases.

    14 Que outros fatores podem

    concorrer para o aumento da con-centrao de gases do efeito estu-fa?

    Alm da atividade humana, fatores natu-rais contribuem para as alteraes climticas,o processo de decomposio natural de flo-restas, o aumento da atividade solar e as erup-es vulcnicas. Mas nenhum desses fatoresproduziu transformaes com a velocidadeque a atividade humana vem provocando.

    15 Qual o principal agente daemisso de CO

    2?

    A queima de combustveis fsseis. Ela res-ponsvel por cerca de 80% das emisses glo-

    bais desse gs, o que coloca o mundo numaespcie de sinuca de bico. No h desenvol-

    gia disponvel em larga escala depende decarvo, petrleo e gs natural. A principalrazo que os combustveis fsseis, quandoqueimados, emitem, em forma de gs, o car-bono que ficava armazenado no subsolo. Issoaumenta a concentrao na atmosfera.

    16 Qual o peso do desmatamen-to e das queimadas nesse fenme-no?

    Cerca de 18% das emisses de CO2so ori-

    ginadas de queimadas.17 Qual a parcela de responsa-

    bilidade dos pases emergentes noaquecimento global?

    Quando se analisa historicamente, a par-cela de culpa desses pases pequena. Aquesto como eles vo se comportar deagora em diante. Como so muito populo-sos e tm grande potencial de crescimentoeconmico, podem se tornar os grandes vi-les do futuro.

    18 Qual a participao do Brasil,em especial?

    A maior preocupao em relao ao Bra-sil quanto s queimadas e aos desmatamen-tos. Esse dois fatores respondem por 75% dasemisses de CO

    2no pas. Se forem conside-

    radas apenas as emisses de CO2decorren-

    tes da queima de combustveis fsseis, o Bra-sil o 16 maior poluidor do mundo. Mas,

    se for levada em conta a devastao ambien-tal, o pas salta para a quarta posio.

    39

    19 razovel esperar que os t d

    fracasso. Os pases no-signatrios de Kyotot i it

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    pases emergentes reduzam suataxa de crescimento para no con-tribuir ainda mais para o aqueci-mento global?

    uma resposta difcil. Agora que o Hemis-frio Sul comeou a crescer e proporcionarmelhores condies de vida sua populao,surge a questo da sustentabilidade queno existia quando os atuais pases ricos seindustrializaram. O melhor que as naes ri-cas podem fazer ajudar as emergentes a ter

    acesso mais rpido a tecnologias limpas.

    20 - O ritmo de crescimento datemperatura d sinais de estar arre-fecendo?

    No. Tudo indica que ele est sendo man-tido e que continuar assim.

    21 Por que acreditar que esseritmo ser mantido?

    O aquecimento que observa hoje umadas aes do passado com as aes presen-tes. No h, a mdio prazo, nenhuma alter-nativa energtica com potencial de substituir

    os combustveis fsseis em larga escala. Paramudar radicalmente as emisses, seriam ne-cessrias intervenes muito profundas, quedificilmente seriam feitas de uma hora paraoutra. O ritmo de implementao das aesprevistas no Tratado de Kyoto principal ins-trumento dos pases e organizaes multila-terais para a reduo das emisses de gasesdo efeito estufa est sendo mais lento doque se esperava. O tratado at agora um

    aumentaram suas emisses em ritmo menordo que os que assinaram o documento.

    22 At que temperatura a vidana terra vivel?

    A experincia em regies desrticas e tro-picais mostra que a vida humana em socie-dade possvel temperatura constante de45 graus. Isso no significa que a vida seriatolervel se todo o planeta atingisse essepico de temperatura. O desarranjo obrigaria

    a humanidade a buscar novas estratgias desobrevivncia. Por outro lado, nem o maispessimista dos cientistas acredita que o aque-cimento global ofereceria risco de sobrevi-vncia para toda a raa humana.

    23 - H o risco de morrer gente?

    Sim. Muitos cientistas acreditam que a ondade calor que matou mais de 30 mil pessoas naEuropa durante o vero de 2003 j seja refle-xo do aquecimento global. Se essas ondas setornarem mais frequentes, faro mais vtimas,principalmente entre os mais pobres (que notm alternativas de proteo) e os mais inde-

    fesos, caso de crianas e idosos.24 - Quais as consequncias pre-

    visveis para o Brasil?A mais grave seria a mudana de vegeta-

    o em metade da Amaznia, que se torna-ria uma espcie de savana ou cerrado, j apartir de 2050. Isso porque a temperatura naregio subiria pelo menos 3 graus. Com atemperatura mdia do pas, que hoje de

    40

    25 graus, passando aos 29 graus, milharesde famlias teriam de deixar o serto nordes

    seca nas regies ridas e semi-ridas. O fimda gua potvel pode ocorrer mas no

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    de famlias teriam de deixar o serto nordes-tino em busca de regies de clima mais ame-no. O nvel do mar tambm subiria nas cida-des litorneas, como Recife e Rio de Janeiro.

    25 - H risco de aumento de do-enas como malria, febre amarelaou dengue, por exemplo?

    Este um ponto controverso. Os que dis-cordam so em nmero muito maior do queos que concordam. A exceo so aquelas

    doenas em que a relao direta, caso dadengue, cujo mosquito transmissor se repro-duz em maior escala no calor.

    26 - As geleiras vo derreter com-pletamente?

    No vo. A previso mais pessimista indi-

    ca que 2% de todas as geleiras derretero at2100. Esse derretimento que levar ao au-mento de 1,2 metro no nvel do mar.

    27 - Quais os riscos de faltar gua?A gua potvel vai acabar? Os riosvo secar? possvel dizer tambm

    que o serto nordestino vai se de-sertificar?A disponibilidade hdrica do planeta

    no mudar. A distribuio das chuvaspelo globo que ser alterada. Aumenta-r a disponibilidade de gua em algunslugares, principalmente nas latitudes m-dias e nas regies tropicais midas. Quantos regies equatoriais, existe muita incer-teza. Mas pode-se dizer que haver mais

    da gua potvel pode ocorrer, mas nosomente por causa do aquecimento. Estrelacionado tambm poluio provoca-da pelo homem e ao aumento de deman-da por gua, principalmente para a agri-cultura irrigada.

    28 - Que outros impactos pode-riam ocorrer no dia-a-dia das pes-soas?

    As chuvas seriam muito mais intensas,

    e isso afetaria todas as regies. Espera-seque haja um maior nmero de noitesquentes e ondas de calor, mas tambminvernos mais rigorosos. A temperaturavariaria em extremos. Se for mantido o atu-al ritmo de emisses e levando-se emconta as projees de crescimento econ-

    mico, populacional, etc. , haver eleva-o do nvel do mar, reduo de florestas,enchentes nas regies mais midas, secasmais severas nas regies de clima rido esemi-rido.

    29 - A disponibilidade de alimen-

    tos estar comprometida?Depende do aumento da temperatu-ra. Se a elevao for de 2 graus (no m-ximo), poder haver aumento da reaplantada, incorporando-se vastas reasdo Canad e da Sibria produo mun-dial. Se a temperatura subir alm disso -4 graus ou mais - toda a agriculturamundial ser prejudicada. Outro proble-ma a mudana das chuvas, que pode

    provocar secas mais severas na frica eno sul da sia

    32 - O aquecimento global ser aprincipal causa de extino de esp

    42

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    no sul da sia.

    30 - Pode-se esperar que o aqueci-mento inviabilize a vida em algumasregies do planeta, provocando mi-graes populacionais em massa?

    Mais uma vez depende de quanto a tem-peratura vai aumentar. No pior cenrio, ha-ver migrao em massa de populaes po-bres, da ordem de dezenas de milhes depessoas, em razo da falta de gua para be-

    ber e para a agricultura. No sudeste da siatambm podem ocorrer fugas em massa,mas por causa de inundaes.

    31 - A elevao do nvel do marpoder engolir partes inteiras do li-toral dos pases?

    Caso se confirme a elevao do nvel dagua do mar entre 30 e 60 centmetros, osefeitos sero reduzidos. Mas a acelerao dodegelo na Groelndia e na Antrtica Ociden-tal obrigou os cientistas a rever suas previ-ses. Um exemplo: a Holanda tem mais de40% de seu territrio abaixo do nvel do mar.

    Se a elevao da gua for pequena, ser pos-svel contornar o problema com a constru-o de diques. Mas, se chegar ao limite m-ximo imaginado pelos cientistas, o pas po-der perder uma parte enorme de seu terri-trio. Durante o sculo XX, o aumento donvel do mar na costa brasileira foi de 20

    centmetros. A mdia global foi de 17 cen-tmetros.

    principal causa de extino de esp-cies?

    Sim. J neste sculo e no prximo, o aque-cimento vai superar os dois grandes vilesatuais, que so a caa predatria e a frag-mentao de habitats.

    33 - J h alguma espcie amea-ada por esse motivo?

    Pelo menos 74 espcies de sapo desapa-receram nas montanhas da Amrica Central

    devido ao aumento de 1 grau na temperatu-ra mdia. Isso mudou o micro clima e fez comque um fungo da pele dos sapos se desen-volvesse descontroladamente. Os anfbios detodo o planeta tambm correm perigo.

    34 - Pode-se esperar algum bene-

    fcio do aquecimento ou apenas tra-gdia?Os impactos so principalmente negativos,

    pois perturbam um sistema j equilibrado.Mas h alguns positivos, como o incremento agricultura em lugares hoje muito frios, oque trar benefcios sade humana.

    35 - O mundo no tem problemasque exigem enfrentamento mais ur-gente do que o aquecimento global?

    A fome, a falta dgua e as doenas ma-tam mais gente hoje. Mas o mundo no podese dar ao luxo de ignorar o aquecimento glo-

    bal. Isso porque, alm de efeitos desastrosos,tudo o que se fizer agora s ter resultado

    dcadas frente. Alm disso, para muitos dosproblemas atuais h solues tecnolgicas

    globais entre 60% e 70% at 2050, a tem-peratura subir at o fim do sculo entre 2

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  • 7/22/2019 Cartilha - Aquecimento Global

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    problemas atuais h solues tecnolgicasiminentes. O buraco na camada de oznio um exemplo. Ele se fechar num futuro pr-ximo, graas a aes j empreendidas. No

    caso do aquecimento, se o mundo parar deemitir gases de efeito estufa hoje, o proble-ma ainda levar sculos para ser resolvido.Alguns limites j foram at ultrapassados. Omelhor exemplo o gelo rtico. Em 2050 elepoder desaparecer totalmente durante overo. No h mais o que fazer. No se pode

    esperar mais cinco ou dez anos para come-ar a agir vigorosamente.

    36 - Quanto ser necessrio inves-tir na suavizao dos efeitos da mu-dana climtica?

    Num primeiro clculo, estimou-se que seri-

    am necessrios 150 bilhes de dlares anuaispara cumprir as metas do Protocolo de Kyoto.Mas possvel que a conta seja menor, dadoso avano tecnolgico e os ganhos em eficin-cia energtica. Um exemplo so os combust-veis fsseis, os que mais emitem gases do efeitoestufa. J existem, hoje, tecnologias capazesde reduzir em 20% as emisses. H outrosexemplos mais simples. Os sistemas de ilumi-nao com LED, diodos de efeito luminoso,tm eficincia quase vinte vezes superior daslmpadas de bulbo.

    37 - possvel reverter totalmen-te o aquecimento?

    No. O mximo que se pode fazer re-duzir o ritmo. Caso se reduzam as emisses

    peratura subir at o fim do sculo entre 2e 2,5 grau. Se no se fizer nada, ela pode-r aumentar entre 4 e 5 graus no mesmoperodo, com efeitos desastrosos.

    38 - Reduzir a emisso de gasesdo efeito estufa, como o CO

    2,

    mesmo o melhor caminho?O que importa a concentrao lqui-

    da, ou seja, a diferena entre o que emitido e o que absorvido pela Terra.

    Ao mesmo tempo em que se reduz aemisso de gases do efeito estufa, pode-se investir no sequestro de carbono, sejabiolgico (caso de aumento de rea deflorestas), seja geolgico (armazenagemde gs carbnico no subsolo, tecnologiaainda em estudo). H ainda o aumento

    da eficincia energtica em relao quese tem hoje.

    39 - economicamente vivel re-duzir as emisses de CO

    2em escala

    suficiente para resolver o problema?Se nada for feito, a economia mundial so-

    frer um abalo descomunal. O estudo Stern(do ex-economista-chefe do Banco MundialNicholas Stern) fala em perdas anuais de at20% no PIB mundial (o conjunto de riquezasproduzidas pelas naes). Em economia, oque torna possvel pagar o preo de uma so-luo o valor do prejuzo causado pela ina-o. O estudo calcula que o investimento

    necessrio para resolver o problema chega-ria a 1% do PIB.

    40 - No seria mais fcil resolvero problema atravs do desenvolvi-

    cativo. O planeta tem de buscar a mximareciclagem dos produtos e torn-los mais

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    o problema atravs do desenvolvimento tecnolgico?

    Ainda que se obtenha um elevado graude desenvolvimento tecnolgico, vai demo-

    rar para que isso acontea. No h tempopara esperar sem