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Fundamentos de solos

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  • Fundamentos de solos

  • FUNDAMENTOS DE SOLOS

    BELO HORIZONTEEMATERMG

    JUNHO dE 2014

  • FICHA TCNICA

    FERNANDES, Maurcio Roberto. Fundamentos de solos. Belo Horizonte: EMATER-MG, 2014. 20 p.1. Solo. 2. Pedologia. I. EMATER-MG. II. Ttulo.

    CDU 631.4

    AutoresEngenheiros AgrnomosMaurcio Roberto FernandesAna Claudia M. P. AlbanezDepartamento Tcnico da EmaterMG

    RevisoLizete DiasRuth Navarro

    Projeto GrficoCezar Hemetrio

    DiagramaoIgor Bottaro

    FotosArquivo Emater

    EmaterMGAv. Raja Gabaglia, 1626. Gutierrez - Belo Horizonte, MG.www.emater.mg.gov.br

    Srie Cincias AgrriasTema Meio Ambienterea Solos

  • APRESENTAO

    Volumes significativos de publica-es sobre as cincias dos solos apresen-tam exaustivas repeties de conceitos, levando a planos inferiores as naturais integraes entre os temas correlatos e, sobretudo, inferncias importantes para aplicaes destas cincias em estudos de impactos ambientais dos diferentes empreendimentos, planejamentos de empreendimentos agrossilvipastoris e planos diretores de municpios, inclusi-ve para identificao e mapeamento de reas de riscos.

    O conhecimento e entendimento das principais caractersticas dos solos contribui efetivamente para diversos

    projetos de empreendimentos, incluin-do os respectivos estudos de impacto ambiental, estabilizao de taludes de rodovias/ferrovias, reas de emprsti-mos de material terroso para aterros e barragens, loteamentos e todas as ativi-dades que envolvam servios de terra-planagens e, sobretudo, orientaes e planejamentos de usos e ocupaes para atividades rurais.

    O presente trabalho destina-se aos extensionistas no trabalho dirio, sobre-tudo para orientao participativa com os produtores rurais, quanto ao uso sus-tentvel de seu principal patrimnio: o solo.

  • SUMRIOFUNDAMENTOS DE SOLOS ..............................................................................5SOLOS DE MINAS GERAIS .................................................................................5SOLOS NO CONTEXTO DE ECOSSISTEMAS NATURAIS E ANTROPIZADOS ....5NVEIS CATEGRICOS ESTUDOS PEDOLGICOS ........................................7Ordem LATOSSOLOS 1 Nvel categrico .......................................................7Subordem LATOSSOLOS VERMELHOS 2 Nvel categrico .............................7Grande grupo LATOSSOLOS VERMELHOS Alumnicos 3 Nvel categrico .....7Subgrupo LATOSSOLOS VERMELHOS Alumnico hmico 4 Nvel categrico .8NEOSSOLOS (N) ................................................................................................8NEOSSOLOS LITLICOS (NL) ...........................................................................8NEOSSOLOS FLVICOS (NU) ............................................................................9NEOSSOLOS QUARTZARNICOS (NQ) ...........................................................10GLEISSOLOS (G) ..............................................................................................11ORGANOSSOLOS (O) .....................................................................................12VERTISSOLOS ..................................................................................................13CAMBISSOLOS (C) ..........................................................................................14PLANOSSOLOS (S) ..........................................................................................15ARGISSOLOS (P) ..............................................................................................15LATOSSOLOS (L) .............................................................................................16ASPECTOS AMBIENTAIS DE MANEJO E CONSERVAO DE SOLOS E GUA 17CONSIDERAES FINAIS ................................................................................19GLOSSRIO .....................................................................................................20BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA .....................................................................22

  • 5Fundamentos de solos

    FUNDAMENTOS DE SOLOS

    SOLOS dE MINAS GERAIS

    O Estado de Minas Gerais represen-ta uma sntese dos principais ecossiste-mas brasileiros. Sendo os solos includos nestes ecossistemas, correlacionando-os e integrando-os aos demais componen-tes do meio fsico, apresentam notria variao dentro do territrio mineiro. A cada variao dos solos correspondem diferentes potencialidades, limitaes e aptides para fins mltiplos.

    Esta ecodiversidade leva a consi-derveis possibilidades de alternativas, sobretudo a atividades agrossilvipasto-ris e atividades rurais no agrcolas, tais como, cenrios naturais para o ecoturis-mo e estabelecimento das diversas mo-dalidades de preservao da biodiversi-dade.

    SOLOS NO CONTEXTO dE ECOSSISTEMAS NATURAIS E ANTROPIZAdOS

    Apesar de erroneamente serem consideradas cincias individualizadas, existem naturais correlaes entre a ge-ologia, a geomorfologia e a pedologia, sobretudo para estudos de carter am-biental e de caracterizao de espaos geogrficos para fins mltiplos. Pode-

    -se afirmar que os estudos pedolgicos constituem uma continuidade coerente dos estudos geolgicos. Simplesmente pelo fato de o material geolgico cons-tituir o material de origem dos solos, j se justifica estreita correlaes entre os dois temas.

    No processo de formao dos solos (Pedognese), os minerais constituin-tes das rochas (minerais primrios) so transformados em minerais secundrios, e a atividade biolgica agrega o com-ponente orgnico. Os minerais de maior resistncia s transformaes qumicas, como o quartzo, so desagregados pelo intemperismo fsico em partculas me-nores. Como todas estas transforma-es dependem das atividades da gua, a formao dos solos ocorre da super-fcie da massa rochosa, no sentido da fora da gravidade. Por outro lado, os sedimentos (areia, silte e argila) prove-nientes de processos erosivos naturais em paleossolos foram/so transporta-dos, depositados e litificados, gerando as rochas sedimentares, tais como, are-nitos, siltitos e argilitos, posteriormen-te, por processos de metamorfismo, as correspondentes rochas metamrficas (dentre outras, quartzitos, meta siltitos e ardsias).

    Destacam-se as fortes correlaes dos temas geologia e pedologia. Sendo as rochas os materiais de origem dos so-

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    los, os levantamentos e as caracteriza-es geolgicas constituem instrumen-tos imprescindveis s caracterizaes fundamentadas e coerentes para os levantamentos pedolgicas de determi-nados espaos geogrficos. Da mesma forma, levantamentos pedolgicos po-dem ser indicadores de pretritas forma-es geolgicas de espaos territoriais, que abrangem os levantamentos de solos. A ttulo de exemplo, a ocorrncia de NEOSSOLOS QUARTZARNICOS (antes Areias quartzosas) indicadora de formaes quartzticas ou arenti-cas. A distribuio de LATOSSOLOS VERMELHOS frricos (antes Latossolo Roxo) indica a ocorrncia de rochas m-ficas. Em ambos os exemplos, o inverso verdadeiro.

    Uma das aplicaes relevantes dos temas geologia/pedologia refere-se distino de ambientes onde se insta-lam os diferentes biomas, que vm sen-do considerados apenas temas biticos (flora e fauna), levando, no raramente, a controvrsias. Pelas observaes do autor, o bioma Mata Atlntica apre-senta fortes correlaes com os solos originados de rochas cristalinas, em es-pecial granitos e gnaisses. Os Campos Rupestres apresentam ocorrncias mais expressivas em cristas e escarpas quart-zticas, associadas com NEOSSOLOS LITLICOS, originados destas rochas. Os Campos Cerrados so expressivos em CAMBISSOLOS distrficos / alu-mnicos, originados de rochas pelticas.

    Outra contribuio da integrao intertemtica seria na reviso da atual legislao ambiental, em grande parte estruturada em critrios empricos, ge-neralistas e excessivamente punitivos, relegando a planos inferiores aes mo-tivadoras para a efetiva aplicao da le-gislao.

    Alm da natural coerncia das re-laes dos temas, os estudos do meio fsico, por meio desta integrao, racio-nalizam o tempo de realizao dos tra-balhos e permitem inferncias seguras em temas dos meios biticos e antrpi-cos, dentro dos preceitos da sustenta-bilidade nos usos e nas ocupaes dos recursos naturais.

    A integrao dos estudos pedolgi-cos, em especial com os temas do meio fsico, se reveste de coerncia natural, permitindo inferncias seguras s carac-tersticas dos meios biticos e antrpico.

    Objetiva-se, neste trabalho, evi-denciar que os estudos de solos podem contribuir efetivamente para diversos projetos de empreendimentos, incluin-do os respectivos estudos de impacto ambiental, estabilizao de taludes de rodovias/ferrovias, reas de emprsti-mos de material terroso para aterros e barragens, loteamentos e todas as ati-vidades que envolvam servios de ter-raplanagens.

    As caractersticas dos diversos tipos de solos demandam procedimentos di-ferenciados para implantao de siste-mas virios, servios de terraplanagens,

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    loteamentos e proteo de reservatrios para fins mltiplos e, sobretudo, plane-jamento de atividades agrossilvipasto-ris e sistemas de conservao de solo e gua.

    NVEIS CATEGRICOS ESTUdOS PEdOLGICOS

    O Sistema Brasileiro de Classifica-o dos Solos (Embrapa,2006) conside-ra seis nveis categricos para classifica-o taxonmica dos solos.

    As informaes mostradas para cada nvel categrico apresentam de-talhamento crescente at o ltimo nvel categrico (srie). Portanto o nvel cate-grico a ser considerado deve atender informaes necessrias a cada especifi-cidade de estudos.

    No caso de estudos ambientais, para atividades minerrias e hidreltri-cas, tem apresentado suficientes infor-maes at, no mximo, o quarto nvel (subgrupos). J em estudos relacionados a atividades agrossilvipastoris, o nvel de detalhe deve atingir nveis categricos mais especficos.

    Mesmo o primeiro nvel categri-co (ordem) permite informaes e in-ferncias de fundamental importncia, tanto em aspectos relacionados com o desenvolvimento vegetal, quanto subs-dio a trabalhos de natureza geotcnica e potencialidades para instalao de focos erosivos. A seguir, apresentado, neste

    sentido, um exemplo consistente.

    Ordem LATOSSOLOS 1 Nvel cate-grico

    Solos profundos (expressivo espa-o radicular), permeveis e arejados. A profundidade do horizonte B com ten-dncia textura argilosa confere grande estabilidade mecnica, quando subme-tido a operaes de corte/aterro e terra-plenagens. O horizonte B pode ser utili-zado como material de emprstimo para aterros de barragens. Contudo tende baixa fertilidade natural e elevada aci-dez trocvel. No contexto de reas de influncia e diretamente afetadas por empreendimento, ocupa relevos relati-vamente mais suaves.

    Subordem LATOSSOLOS VERMELHOS 2 Nvel categrico

    Apresentam elevados teores de xidos de ferro na frao argila que lhe confere estrutura granular, porm baixa capacidade de reteno de gua e c-tions.

    Grande grupo LATOSSOLOS VERME-LHOS Alumnicos 3 Nvel categrico

    Solos com elevados teores de Alu-mnio trocvel, podendo limitar o de-senvolvimento do sistema radicular. Exi-gem operaes de correo de acidez para atividades agrossilvipastoris.

  • 8 Fundamentos de solos

    Subgrupo LATOSSOLOS VERMELHOS Alumnico hmico 4 Nvel categrico

    Apresentam expressivo horizonte A

    (A hmico).Por este exemplo, nota-se que as

    principais informaes pedolgicas, per-tinentes a estudos ambientais, so obti-das nos trs primeiros nveis categricos, permitindo, inclusive, se estabelecerem as respectivas aptides agrossilvipasto-ris e os graus de erodibilidade, quando associados a estudos geomorfolgicos.

    A seguir, sero apresentadas as principais ordens e subordens de solos relevantes no Estado de Minas Gerais

    e as alternativas para usos e ocupaes dentro dos paradigmas da sustentabili-dade:

    NEOSSOLOS (N) Esta ordem apresenta heterogenei-

    dade com relao s subordens. A nica relao entre estas subordens o baixo grau de desenvolvimento dos perfis e ausncia de horizonte B.

    Sero discutidas, a seguir, as prin-cipais subordens de NEOSSOLOS que ocorrem em Minas Gerais.

    NEOSSOLOS LITLICOS (NL)

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    Solos com horizontes O/A assen-tados diretamente sobre a rocha, sobre horizonte C ou saprlito.

    Caso os horizontes superficiais se assentarem diretamente sobre horizonte C ou sobre saprlito, a exposio des-tes horizontes subsuperficiais deflagra rpido processo de ravinamento ace-lerado (voorocamento). Esta situao comum em taludes de corte e aterro de sistemas virios que cortam estes ambientes, em operaes de terraplena-gens e de mecanizao agrcola.

    Por outro lado, a mineralogia do respectivo material de origem pode conferir a estes solos diferentes graus de fertilidade natural, desde eutrficos at alumnico.

    A ausncia de horizonte B leva estes ambientes, mesmo em regies de eleva-da pluviosidade, a condies de aridez local. Portanto tornam-se inconcebveis generalizaes sobre esta ordem e su-bordens.

    Estes solos, em geral, ocupam re-levos acidentados, apresentando fortes limitaes agricultura convencional. Contudo aqueles que apresentam n-veis de fertilidades elevados (eutrfi-cos) podem ser cultivados em sistemas de manejo empregados pela agricultura familiar, por meio de cultivos mnimos, correspondendo, no sistema de aptido agrcola, ao sistema de Manejo A.

    NEOSSOLOS FLVICOS (NU)

    Correspondem aos solos mais re-centes e caracterizam-se por conside-rvel variabilidade, tanto no sentido horizontal quanto, principalmente, no sentido vertical.

    Ocupam leitos maiores (plancies fluviais, vrzeas) de cursos dgua de mdio a elevado grau de desenvolvi-mento.

    So formados por ciclos de inunda-es e deposio de sedimentos. Como os sedimentos so produzidos nas res-pectivas bacias hidrogrficas onde se inserem, estes solos refletem as carac-tersticas geolgicas e pedolgicas das respectivas bacias hidrogrficas. A t-

  • 10 Fundamentos de solos

    tulo de exemplo, em determinada ba-cia hidrogrfica com predominncia de quartzitos, os NEOSSOLOS FLVI-COS gerados tendem textura pre-dominantemente arenosa e com ocor-rncia de assoreamentos naturais, tanto na plancie fluvial, quanto na calha dos cursos dgua.

    Por outro lado, em determinada bacia hidrogrfica com ocorrncia de diversos solos com diferentes texturas,

    as camadas aluviais depositadas so va-riveis, de acordo com a natureza dos sedimentos depositados, podendo ocor-rer camadas alternadas com diferentes texturas arenosas, siltosas, argilosas ou hmicas .

    Estas variaes texturais nestes so-los demandam redobrados cuidados, sobretudo em projetos de irrigao.

    NEOSSOLOS QUARTZARNICOS (NQ)

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    Estes solos, anteriormente denomi-nados de Areias Quartzosas, so gera-dos pelo intemperismo, predominante-mente fsico, de arenitos e quartzitos, distribuindo-se em superfcies ondula-das e rampas de colvio, com maior ex-presso em parte do Tringulo Mineiro e Noroeste de Minas Gerais.

    Caracterizam-se por apresentarem horizonte A sobre areias, pela impossi-bilidade de gerao de horizonte B ar-giloso.

    A principal limitao para ativida-des agropecurias a baixa capacida-de de reteno hdrica e de nutrientes. Porm assumem importncia na recarga hdrica de aquferos.

    Na regio do alto trecho do rio Jequitinhonha, as rampas arenosas formadas pelo intemperismo fsico de quartzitos so ambientes propcios ao desenvolvimento natural de sempre--vivas.

    GLEISSOLOS (G)

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    Na maioria das situaes, esta or-dem de solos se distribui em associaes ou incluses em plancies fluviais. So solos hidromrficos, formados sob influ-ncia direta das oscilaes dos aqufe-ros freticos, portanto com alternncia de condies de oxidao e reduo. A colorao destes solos varia desde acin-zentada a branca, em decorrncia da ausncia de ferro trivalente retirado do perfil nos ciclos de oscilao do aqufero fretico, sendo tambm pobres em al-guns micronutrientes. Este tipo de solos

    se distribui, pontualmente, em todas as regies do Estado, sendo vulgarmente denominados de solos de brejo, consti-tuem ambientes de nascentes difusas e, portanto, reas de preservao perma-nente.

    Nas regies Central Mineira, Tri-ngulo Mineiro, Noroeste e Vale do Jequitinhonha, estes solos constituem o ambiente de Veredas, de fundamental importncia para a hidrologia destas re-gies.

    ORGANOSSOLOS (O)

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    VERTISSOLOS

    Esta ordem, alm da textura muito argilosa, caracteriza-se por apresentar argilas expansivas, no caso a montmori-lonita. Os VERTISSOLOS ocupam ter-raos fluviais e fundos de dolinas, sendo mais expressivos em regies semiridas.

    Apesar das elevadas fertilidade e capacidade de troca catinica, o mane-jo destes solos para atividades agrcolas limitado, uma vez que, quando mi-dos, dificultam o trnsito de mquinas e, quando secos, so extremamente

    Estes solos so formados pelo ac-mulo de matria orgnica, evidenciado pela forte colorao escura, consequen-te de limitaes s atividades microbio-lgicas. Estas limitaes podem decorrer da ausncia de oxignio por saturao hdrica ou por elevada acidez e baixos nveis de nutrientes. Ocorrem em de-presses que permitam o acmulo de material orgnico. Estes solos apresen-tam maiores expresses no vale do rio Sapuca e Campo das Vertentes.

    A desidratao irreversvel deste material leva formao de turfas.

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    duros. Este fato mostra que apenas o fator fertilidade, como geralmente le-vado em considerao, no estabelece a aptido de determinado solo para ativi-dades agrossilvipastoris. Portanto a ava-liao das possibilidades de implantao destas atividades deve levar em conta, sobretudo, as caractersticas e condies fsicas dos solos.

    A baixa permeabilidade destes so-los e a posio que ocupam na paisagem levam, no perodo chuvoso, a encharca-mento e submerses destas reas.

    Nos aspectos relacionados cons-truo civil, a expansividade da frao argila pode comprometer as constru-es, levando a rachaduras das estrutu-ras de alvenaria.

    CAMBISSOLOS (C)

    Estes solos apresentam forte influ-ncia do material de origem com rela-o fertilidade, textura e estrutura e encontram-se distribudos in situ, ou seja, no lugar onde se formaram.

    O horizonte B, mecanicamente es-tvel, apresenta espessura geralmente inferior a 1,5 metro, enquanto a espes-sura do horizonte C expressiva e apre-senta instabilidade mecnica decorrente da predominncia da frao silte. Esta condio reflete em elevada instabilida-de mecnica destes solos, quando sub-metidos a operaes de terraplenagens para loteamentos ou construo de es-tradas e mecanizao agrcola.

  • 15Fundamentos de solos

    Os nveis de fertilidade so condi-cionados pelas composies mineralgi-cas dos respectivos materiais de origem, podendo ser desde alumnicos at eu-trficos.

    Os CAMBISSOLOS originados de calcrio, basalto, granitos/gnaisses me-lanocrticos podem apresentar-se como eutrficos, enquanto aqueles originados de metasiltitos, moscovita xistos, gra-nito/gnaisses leucocrticos podem ser distrficos ou at alumnicos.

    No caso de terraos fluviais, o ma-terial de origem constitudo por sedi-mentos que, com atuao dos proces-sos pedogenticos, geram, em princpio, CAMBISSOLOS, caso os sedimentos sejam argilosos ou siltosos.

    Esta ordem de solos apresenta, com exceo daqueles inseridos em terraos fluviais, elevada erodibilidade, especial-mente nos processos de ravinamento acelerado (vooroca).

    PLANOSSOLOS (S) Esta ordem se distribui em terraos

    fluviais, com maior expresso na re-gio Semirida mineira. Os Planossolos caracterizam-se por se distriburem em reas planas, ao longo de cursos dgua temporrios ou perenes. Apresentam horizonte B, com concentrao de ar-gilas (B textural). A diferena textural entre os horizontes superficiais e sub-superficial torna estes solos, mesmo em terreno plano, suscetveis eroso em

    sulcos superficiais.Uma subordem importante nas re-

    gies Semiridas a dos PLANOSSO-LOS NTRICOS, que, devido ocor-rncia de sdio com saturao superior a 15%, induzem disperso de argilas no horizonte B, com forte reduo da macro e microporosidade, refletindo na impermeabilidade destes solos e limitan-do o desenvolvimento do sistema radi-cular.

    ARGISSOLOS (P)

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    Esta ordem caracteriza solos de-senvolvidos com forte concentrao de argila no horizonte B (B textural), estru-tura em blocos, com ocorrncia de cero-sidade na superfcie dos blocos, formada pela iluviao (translocao vertical) de argilas.

    Geralmente estes solos ocorrem em vertentes cncavas abertas (anfiteatros) e tendem a maiores nveis de fertilida-de que os LATOSSOLOS de mesma origem. Entretanto a diferena textural entre os horizontes A e B, associada ao relevo, favorece a instalao de proces-sos erosivos em sulcos profundos.

    Os ARGISSOLOS so enquadra-dos em subordens pela colorao do horizonte B, a saber:

    ARGISSOLO VERMELHO (PV) ARGISSOLO VERMELHO-

    AMARELO(PVA)

    LATOSSOLOS (L)

    Constituem a ordem dos solos de maior grau de desenvolvimento e carac-terizam-se como solos tropicais tpicos. Os LATOSSOLOS apresentam as ca-ractersticas fsicas desejveis para fins agrossilvipastoris, estabelecimento de sistemas virios, material de emprstimo para barragens de terra e outras ope-raes que envolvam servios de terra-plenagens. A principal limitao destes solos para atividades agrossilvipastoris refere-se fertilidade natural baixa capacidade de troca catinica e elevada acidez trocvel . Esta limitao, con-tudo, facilmente corrigida pela aplica-o de corretivos e fertilizantes. Em um mosaico de diferentes ordens de solos, os LATOSSOLOS ocupam relevos re-lativamente mais suaves, predominando nas seguintes geoformas: topos alon-gados/convexos de colinas,vertentes convexas/retilneas, rampas de colvio e superfcies onduladas/tabulares. Es-tas geoformas condicionam estes so-

  • 17Fundamentos de solos

    los, pela uniformidade dos respectivos relevos, suscetibilidade a processos de eroso laminar, sobretudo nas vertentes convexas/retilneas e rampas de colvio.

    Semelhantes aos ARGISSOLOS, as subordens dos LATOSSOLOS so determinadas pela colorao do ho-rizonte B, refletidas basicamente pela concentrao de Fe2O3 na frao argi-la, obtidas por anlise laboratorial deno-minada ataque sulfrico. Assim, tm-se:

    LATOSSOLO AMARELO (LA) LATOSSOLO VERMELHO-

    AMARELO (LVA) LATOSSOLO VERMELHO (LV)

    ASPECTOS AMBIENTAIS dE MANEJO E CONSERVAO dE SOLOS E GUA

    As prticas de manejo e conser-vao dos solos de natureza mecnica, que demandam a remoo de camadas de solos por mquinas, manuais ou mo-torizadas, exigem cuidados especiais, tanto na elaborao de projetos execu-tivos, quanto no acompanhamento e na execuo dos trabalhos.

    Por outro lado, o monitoramento imprescindvel s fundamentais manu-tenes peridicas.

    Dentre as prticas de natureza me-cnica mais utilizadas, destacam-se:

    sistemas de terraceamento em nvel e em gradiente;

    construo de barragens de terra;

    readequao ambiental de estradas de terra e respectivos sistemas de drenagens.

    O conhecimento e reconhecimento dos tipos de solos passveis de interven-o de natureza mecnica constituem o primeiro passo a ser tomado. Interven-es em horizontes instveis deflagram processos erosivos acelerados, podendo comprometer todo o trabalho realizado, interferindo, negativamente, nas reas de entorno e na malha hdrica superficial e subterrnea.

    Os solos estveis so aqueles que apresentam horizontes B expressivos: LATOSSOLOS e ARGISSOLOS.

    O horizonte B tende textura ar-gilosa que garante esta estabilidade, quando submetido s intervenes me-cnicas estabelecimento de terraos, cordes em contorno, taludes e barra-gens . Materiais de solos provenientes do horizonte B so utilizados, inclusive, como material de emprstimo, para estabelecimento de aterros em barra-gens e estradas.

    J os CAMBISSOLOS apresentam horizonte B incipiente e de espessura em geral inferior a 1,00 metro. O horizonte C de textura predominantemente siltosa expressivo e facilmente exposto por

    intervenes que implicam remo-o de camadas de solos.

    A textura siltosa do horizonte C leva considervel instabilidade desses solos, quando expostos por qualquer

  • 18 Fundamentos de solos

    interveno que remova os horizontes superficiais horizontes O e A.

    Entretanto, caso se trate de CAM-BISSOLOS Eutrficos, podem ser cul-tivados sob cultivo mnimo, sistema de manejo adequado agricultura familiar (plantio em covas/sulcos).

    As intervenes em CAMBIS-SOLOS devem ser de natureza vege-tativa, evitando-se a exposio do ho-rizonte C, incluindo-se estabelecimento de sistemas de terraceamento, drena-gens de estradas e taludes. Em substitui-o ao terraceamento, instalar faixas de reteno vegetativas, utilizando-se das seguintes alternativas: cana-de-acar, capim-guatemala ou erva-cidreira.

    Ao estabelecer estradas, evitar a exposio do horizonte C em cortes para formao de taludes.

    Em casos de NEOSSOLOS LI-TLICOS constitudos por horizontes A sobre C ou saprlito, as indicaes para CAMBISSOLOS so vlidas.

    Quanto aos sistemas de controle de processos erosivos, recomenda-se que:

    Os terraos somente devem sejam estabelecidos em LATOSSOLOS e ARGISSOLOS em geoformas, com declividades entre 3% a 12%, e em glebas, com conformao convexa.

    Para se evitarem as necessrias manutenes destes sistemas, sejam implantadas, nos camalhes dos terraos, faixas vegetativas de reteno. A tolervel eroso entre

    estas faixas propicia o paulatino aplainamento do terreno entre as faixas, formando, a baixo custo, patamares.

    Sistemas de drenagens de estradas, por meio de canais e bacias de captao de enxurradas, sejam feitos apenas em LATOSSOLOS e ARGISSOLOS.

    Os necessrios cortes e aterros no estabelecimento de estradas devem minimizem ou, preferencialmente, evitem a exposio de horizontes C. A exposio desse horizonte compromete a estabilidade de todo o talude.

    As prticas de conservao de solos e gua que requerem revolvimento de camadas de solos somente devero ser aplicadas, com a devida segurana, em LATOSSOLOS e ARGISSOLOS que apresentam expressivos horizontes B.

    Sistemas de terraceamento care-cem de manutenes peridicas, que, usualmente, no fazem parte da cultura de nossos produtores rurais. Alm disto, esta prtica recomendada para decli-vidades entre 3% a 12%. Em face desta situao, aconselhvel a substituio dos sistemas de terraceamento por fai-xas de reteno vegetativa.

    A implantao de sistemas de dre-nagens de estradas de terra somente deve ser feita em LATOSSOLOS e AR-GISSOLOS.

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    Ainda, com referncia implanta-o de estradas, fundamental minimi-zar a exposio em taludes de corte e aterros de horizonte C.

    CONSIdERAES FINAIS

    A diversidade dos solos em Minas Gerais reflete a variabilidade dos ecos-sistemas do Estado, sobretudo correla-cionada a aspectos geolgicos, geomor-folgicos e climticos.

    Esta diversidade concede ao Estado elenco considervel de alternativas para uso e ocupao dos solos, principalmen-te para atividades agrossilvipastoris, tor-nando-o um dos principais produtores agropecurios do Pas, alm de ativida-des agroindustriais.

    Para que estas atividades sejam sustentveis, imprescindvel o conhe-

    cimento das caractersticas dos solos e suas inseres no contexto ambiental.

    Dentre os problemas advindos do uso imprprio destes recursos naturais, destaca-se a instalao de processos erosivos acelerados, cujos efeitos nega-tivos transcendem o espao rural, afe-tando outros segmentos da economia.

    Importante ressaltar que as prticas e medidas controladoras destes proces-sos de degradao variam, tanto com a natureza intrnseca dos solos, quanto com as modalidades de usos e ocupa-es agrcolas e no agrcolas. Neste sentido, sempre recomendvel a in-tegrao de prticas vegetativas com praticas mecnicas, alm de tcnicas de manuteno de caractersticas fsicas, qumicas e biolgicas desejveis sus-tentabilidade das atividades agrossilvi-pastoris.

  • 20 Fundamentos de solos

    GLOSSRIO

    Assoreamento entulhamento pelo acmulo de sedimentos.

    Carter alumnico elevados teores de alumnio adsorvidos na trao coloidal.

    Carter distrfico solos de mdio a baixo grau de fertilidade.

    Carter eutrfico solos de elevado grau de fertilidade.

    Colvio sedimentos incorporados ao solo, no qual provm de uma superfcie de altura superior e so transportados pela ao da gravidade.

    Ecossistemas conjunto formado pela comunidade e pelo meio ambiente: as relaes que os seres vivos de uma comunidade estabelecem com os fatores ambientais, como: o solo, ar, gua, etc.

    Eroso destruio das rochas e ou dos solos.

    Estrutura partculas de solo agregadas.

    Fases do relevo classificao do relevo conforme intervalos de declividade:

    relevo plano 0 a 3% de declividade;

    relevo suavemente ondulado 3% a 8% de declividade;

    relevo ondulado 8% a 20% de declividade;

    relevo fortemente ondulado 20% a 45% de declividade;

    relevo montanhoso 45% a 75% de declividade;

    relevo escarpado ultrapassa 75% de declividade.

    Geologia cincia cujo objetivo o estudo das origens, formao e sucessivas transformaes e evolues do globo terrestre.

    Horizontes camadas de solo aproximadamente paralelas que se diferenciam visualmente pela cor, textura e estrutura. So expressos com letras latinas em maisculo O A B C, com a seguinte diviso:

    Horizonte O restos vegetais semidecompostos.

    Horizonte A horizonte organomineral de cor escura.

    Horizonte B rico em argila e pobre em matria orgnica.

    Horizonte C intermedirio entre material de origem do solo.Rico em silte.

    Material de origem rochas consolidadas, ou no, que, por ao de fatores climticos e biolgicos, formam os solos.

  • 21Fundamentos de solos

    Nveis categricos utilizados na classificao dos solos. O sistema atual de classificao dos solos (Embrapa, 2006) observa 6 nveis categricos, a saber: ordens, subordens, grandes grupos, famlias e sries:

    NEOSSOLOS LITLICOS solos muito rasos com camadas superficiais (horizontes O e A) sobre rocha pura ou alterada. Ocupam, em geral, relevo acidentado e so muito influenciados pelo material de origem em suas caractersticas fsicas e qumicas.

    NEOSSOLOS FLVICOS solos recentes que ocupam faixas marginais de cursos dgua (vrzeas, tendo como materiais de origem sedimentos depositados por perodo de cheias).

    GLEISSOLOS solos parcial ou totalmente encharcados, apresentando coloraes cinzas ou esverdeadas. Na maioria dos casos, ocupam brejos e so influenciados pelos aquferos freticos.

    CAMBISSOLOS solos rasos com horizonte B em formao (incipiente), no raramente associados com NEOSSOLOS LITLICOS, podendo apresentar camadas de cascalhos na superfcie e instabilidade,

    quando submetidos a operaes mecanizadas.

    VERTISSOLOS solos com textura muito argilosa. As argilas destes solos so de alta atividade e expansivas. So extremamente duros quando secos, apresentando rachaduras expressivas, e pegajosos quando midos.

    ARGISSOLOS solos profundos com forte concentrao de argila no horizonte B (B textural), ocupando, em geral, relevos ondulados e suavemente ondulados.

    LATOSSOLOS constituem a ordem de solos mais desenvolvidos com expressiva espessura do horizonte B. Em geral, tm baixos nveis de fertilidade e elevada acidez, so permeveis e ocupam relevos ondulados e suavemente ondulados.

    pH - ndice de acidez ou alcalinidade de uma substncia ou material.

    Profundidade dos solos medidas verticais, em metro, dos horizontes A+B, classificadas como:

    Solo raso 50 cm de profundidade;

    Pouco profundo 50 cm a 100 cm;

  • 22 Fundamentos de solos

    Profundo 100 cm a 200 cm;

    Muito profundo acima de 200 cm;

    Rochas pelticas rochas formadas por sedimentos de granulometria mais fina (silte e argila), exemplos: ardsia,siltitos.

    Talvegue a linha formada pela interseco das duas superfcies formadoras das vertentes de um vale. o local mais profundo do vale, onde correm as guas de chuva, dos rios e riachos.

    Textura distribuio percentual de partculas individualizadas: areia, silte e argila.

    Areia partculas do solo com dimetro compreendidos entre 2mm a 5mm.

    Argila partculas do solo com dimetro inferiores a 0,002mm.

    Silte partculas do solo com dimetros compreendidos entre 0,05cm e 0,002cm.

    BIBLIOGRAFIA RECOMENdAdA

    EMBRAPA, Sistema Brasileiro de Classificao dos Solos. Braslia (DF). 2006. 412p.

    FERNANDES, M. R. & BAMBERG, S. M. Estratificao de Ambientes para Gesto Ambiental. In: Informe Agropecurio, Belo Horizonte (MG). V30, N252. Pg.07 16. Set/Out.2009.

    FERNANDES, M. R. MANEJO DE BACIAS HIDROGRFICAS Fundamentos e Aplicaes. Editora O Lutador. Belo Horizonte (MG). 2010, 224p.

    RESENDE, M. CURI, N. REZENDE, S.B & CORRA,G.F. PEDOLOGIA Bases para Distino de Ambientes. NEPUT. Viosa (MG). 2002.338p.7

  • 24 Fundamentos de solos

    Cin

    ciasA

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