Bitolas e Formatos no Cinema

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    Bitolas e Formatos no Cinema

    Cinema - Tcnica Cinematogrfica

    Escrito por Filipe Salles

    Sb, 02 de Maio de 2009 17:59

    A BITOLA

    O conceito de Bitola surgiu juntamente com o cinema, descendendo diretamente da fotografia. Nos primrdios daarte fotogrfica, os filmes eram emulses aplicadas a grandes superfcies, de metal e posteriormente de vidro, aschamadas chapas fotogrficas, implicando assim no conceito de formato. Apenas com a revoluo de GeorgeEastman em 1888, a pelcula fotogrfica passou a ser comercializada em rolos flexveis (consultar Histria daFotografia). Quando nasceu o cinema, primeiramente atravs do Kinetoscpio de Edison, foi necessria aconfeco de uma tira fotogrfica contnua que dispusesse de perfuraes adequadas ao mecanismo de trao dacmera e do projetor. Assim Eastman fabricou, sob encomenda de Edison, uma pelcula com 35mm de largura, e aesta medida da tira da pelcula que chamamos Bitola.A pelcula de 35mm de Edison diferencia-se das atuais apenas quanto ao nmero e formato das perfuraes, commenos perfuraes por fotograma e estas arredondadas, e no retangulares como hoje.No incio do Kinetoscpio de Edison, o tamanho mximo (em comprimento) da pelcula que a tecnologia de entopoderia fabricar era 17mts., razo pela qual os filmes do Kinetoscpio no duravam mais que um minuto e meio.Mas a demanda de produo, depois que os Lumire projetaram a pelcula para fora do aparelho de Edison(inventando, assim, o que chamamos propriamente de cinema) era grande, e com o advento de novas tecnologiasde construo e fabricao das cmaras, as pelculas conseqentemente tambm tiveram que acompanhar taistecnologias. A guerra das patentes, concorrncia comercial e praticidade de uso foram fatores determinantes para acriao de outras bitolas cinematogrficas, num grande e variado nmero: 3mm, 8mm, 9.5mm, 11mm, 13mm,17mm, 17.5mm, 18mm, 22mm, 24mm, 26mm, 28mm, 30mm, 50mm, 62mm, 63mm, 65mm e 70mm, e outros aindaque no chegaram nem ao comrcio. As bitolas que sobraram desta lista e ainda esto em uso so o Super-8,16mm e o 35mm. Em alguns lugares ainda se usa, para fins especficos, o 70mm.

    A figura abaixo nos mostra em escala verdadeira uma comparao entre as 3 principais bitolas utilizadas no Brasil,da esquerda para a direita, 35mm, 16mm e Super-8. claro na figura que, ao variar a largura da tira,

    conseqentemente o tamanho da imagem formada tambm se altera, tanto em tamanho e proporo como emqualidade (quanto maior, melhor). Ademais, as perfuraes so diferentes na mesma medida, impossibilitandoqualquer compatibilidade entre bitolas, ou seja, uma cmera de 16mm no comporta nem Super-8 e nem 35mm,por exemplo.

    Fig. 1 Comparativo entre bitolas: 35mm, 16mm e Super-8

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    Fig. 2 Aqui podemos observar comparativamente algumas bitolas que j no existem mais comercialmente, o9,5mm, com sua perfurao no centro, e o standard 8mm, originalmente um 16mm cortado ao meio.

    O FORMATO

    O formato a rea til de impresso num negativo, e calculado levando-se em conta a relao entre altura ecomprimento do retngulo onde ser impressa a imagem captada pela cmera (Fig.3 abaixo)

    Uma mesma bitola pode conter vrios formatos, dependendo da janela utilizada na cmera ou na projeo. Masno se trata de uma relao aleatria, so valores estabelecidos pelos padres da indstria cinematogrfica, pois,do contrrio, todo o cineasta deveria mandar fabricar janelas especficas para a exibio de seus filmes, o quetornaria a comercializao invivel.Tais valores so relaes numricas independentes da unidade de medida utilizada; so propores, como porexemplo 1:2, 1:2,4 (que representam a razo entre altura e a largura do fotograma).Como deve existir uma compatibilidade entre a captao e a projeo para que o quadro no seja cortado ou fiquesobrando na tela, tanto as janelas da captao quanto as da projeo seguem padres de proporo. Quando as

    cpias finais vo s salas de exibio de cinema, dentre as informaes do rtulo, uma das mais importantes justamente a janela em que foi captado. Sem essa informao, o projecionista no saber que formato foiescolhido, e a projeo poder ser sofrvel: ou a imagem fica cortada, comprometendo o enquadramento, ou talvezpior, a janela deixa passar o fim do cenrio, iluminao e os microfones que normalmente no deveriam aparecer.Os formatos padronizados mais comuns so os seguintes:

    1:1,33 (standard silent 4:3 full screen)1:1,37 (standart sound)1:1,661:1,78 (16:9)1:1,851:2,35 (Scope)

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    1:1,33 1:1,66 1:1,85 1:2,35

    Assim como as bitolas, diversos outros formatos j foram utilizados na histria do cinema, alguns sobreviveram e

    outros acabaram por diversos motivos; independente disso, sempre preciso considerar o suporte final de exibiopara escolher qual o melhor formato na captao. Devemos lembrar que o formato tambm influencia diretamente oenquadramento, e, conseqentemente, sua esttica.Nem todas as bitolas gozam de variadas opes de formato, apenas o 35mm possui uma vasta gama, e por issovamos analisar cada uma das bitolas e seus formatos:

    35mm

    A bitola de 35mm de longe a mais utilizada. Foi a primeira bitola do cinema e ainda hoje o suporte mais comumpara todos os longas-metragens de exibio comercial, bem como uma das mais utilizadas na publicidade. O 35mm

    representa uma tima relao entre o custo e a qualidade do material final, j que o 16mm tem baixa qualidadecomparativamente e bitolas maiores so extremamente caras.

    Observe na figura abaixo um quadro comparando o tamanho da rea til de um fotograma 35mm em relao aoutras bitolas. Mesmo no formato 1:1,33, a rea til do 35mm pouco mais que 4 vezes maior que a rea do16mm, incorrendo numa qualidade de captao muito superior a qualquer uma destas bitolas.

    Fig.5 Comparativo dos formatos

    O 35mm tambm a nica bitola em que possvel a utilizao de quase todos os formatos disponveis nomercado, desde o full-screen 4:3 utilizado na televiso at os panormicos 1:2,35 do cinemascope.

    Os formatos mais utilizados no 35mm so os apresentados a seguir, com a unidade mtrica real do tamanho dajanela, em polegadas (entre parnteses):

    Formatos para Bitola 35mm

    Full Screen 1:1,33 (0,980"x 0,735") Formato Mudo (atualmente utilizado para TV)Janela 1:1,37 (0,868"x 0,631") - Formato AcadmicoJanela 1:1,66 (0,868"x 0,523")Janela 1:1,78 (0,868"x 0,496") (prx. 16:9 formato para TV WideScreen)Janela 1:1,85 (0,868"x 0,469")Janela 1:2,2 (anamrfico)Janela 1:2,35 ou 2,40 (anamrfico ou Super35)

    A janela Full Screen s utilizada para finalizao em TV ou cinemascope (ver adiante), j que ela ocupapraticamente toda a rea til da bitola e no permite, com isso, que o som seja impresso numa cpia final. As

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    demais so utilizadas com bastante freqncia, sendo que as preferncias variam de acordo com as tradies. NosEUA, por exemplo, o 1:1,37 era o formato oficial, e depois da dcada de 50, o 1:1,85 passou a ser o preferido. J naEuropa, h uma genrica preferncia pela janela 1:1,66 e tambm para formatos panormicos.

    Abaixo, dois exemplos de formatos na mesma bitola de 35mm: esquerda, 1:1,37, e direita, 1:1,66.

    Fig.6 35mm 1:1,37 e 1:1,66

    Reparem que para deixar o fotograma mais retangular, necessrio diminuir seu tamanho fsico, para que eleencaixe na medida da bitola, e por isso h um limite para deixar a imagem mais panormica, j que quanto menorfor o fotograma, menos qualidade ele ter, e por isso 1:1,85 o limite normal do 35mm. Portanto, as possibilidadesde utilizao do 35mm so estas:

    Fig. 7 Relao dos formatos utilizados em 35mm

    16mm

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    O 16mm foi criado com a inteno de servir como bitola caseira, para uso amador, ainda na dcada de 20, comoalternativa mais barata ao 35mm. Dentre vrias tentativas, a nica sobrevivente de dezenas foi justamente o 16mm.A bem da realidade, o 16mm tambm j no deveria existir, pois j tinha sido substitudo na dcada de 30 pelo 8mmcomo bitola amadora, mas um fator foi determinante para sua sobrevivncia: a televiso.Em seu incio, a TV no dispunha de vdeo-tape, ou seja, no existia uma forma de registrar o sinal eletrnico daTV, e toda a programao era feita ao vivo. Mas e no caso de comerciais, reportagens e documentrios? Alguns

    tambm eram feitos ao vivo, mas na impossibilidade de transmitir na hora adequada, a sada mais simples era oregistro cinematogrfico. Durante quase 30 anos, at a inveno do vdeo-tape em 1957, a televiso se valeu docinema para o registro de grande parte de sua programao, e como o objetivo era a projeo numa pequena telade 14 polegadas, no havia necessidade de se utilizar do 35mm, maior e mais caro. O 16mm no s era maisbarato como tambm se adequava perfeitamente ao formato da TV, 4:3 ou 1:1,33. Muito comum na dcada de 70 e80 era a utilizao de filmes 16mm reversveis com banda sonora magntica, que permitiam a captao do som jna prpria pelcula (como feito atualmente em qualquer cmera da vdeo), e que agilizavam muito o trabalho dotelejornalismo.Por este motivo, o 16mm passou a ser considerado tambm uma bitola profissional, na medida em que o mercadode cinema publicitrio se utilizou (e se utiliza) largamente dele at hoje.Originalmente o 16mm era encontrado com perfurao dos dois lados, pois era projetado sem som, ou entofinalizado em vdeo. Atualmente, s utilizado este tipo de pelcula com dupla perfurao na cinematografia

    cientfica, em cmeras de high speed que filmam a mais de 1.000 f.p.s.A bitola 16mm atualmente se apresenta assim:

    Fig. 8 16mm, esquerda uma cpia positiva, semsom e com perfurao dos dois lados; direita, negativocom perfurao do lado esquerdo. Os dois no esto naproporo real.

    Reparar que cada perfurao corresponde a um fotograma, (diferente do 35mm em que cada fotograma equivale a4 perfuraes), e que estas perfuraes esto exatamente no meio, entre um fotograma e outro, dando um espaomnimo entre cada fotograma e dificultando muito a finalizao em 16mm. No caso do negativo, toda a rea do ladodireito da pelcula em que no h imagem destinada incluso do som na cpia final.

    Formato para Bitola 16mm

    Janela 1:1,37 (0,404"x 0,295") Formato Acadmico

    Por padro, todo a cmera 16mm tem janela 1:1,37, assim como toda a projeo. Portanto, ter perfurao dupla ousimples s faz diferena numa cmera de high speed com grifa dupla, pois todas as outras cmeras comuns eprojetores s tem uma grifa, do lado esquerdo, no comprometendo de maneira nenhuma caso haja perfurao dosdois lados.Atualmente, o 16mm ainda encontra espao principalmente em produes para TV (comerciais, sries) e para a

    cinematografia acadmica e experimental de curtas-metragens independentes e/ou universitrios, em que os custosde produo, bem menores que os de 35mm, bem como a possibilidade de experimentao, fazem dele uma bitolaideal para o exerccio e a vanguarda cinematogrfica. Apesar disso, sua qualidade e som no podem sercomparados ao 35mm.

    Sistema 65/70mm

    Foi inventado em 1929, ainda no cinema mudo, mas ficou esquecida e restrita at a dcada de 50. No incio dadcada de 40, as pesquisas no campo da tecnologia de transmisso eletrnica de imagens j haviam chegado, nosEUA, a um grau de excelncia que possibilitaram a inveno da TV comercial. Num primeiro momento, este avanono chegou a incomodar, mas j na dcada de 50, a TV representou para o cinema a incluso de um concorrentedireto e potencialmente promissor, e cuja conseqncia mais prxima seria sua extino.

    Levando-se em conta que o cinema era uma das maiores fontes de renda americanas, a televiso punha-se comoum rgido anteparo ao avano das produes em pelcula, tanto pela comodidade de assistir filmes pelo aparelho de

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    TV quanto pelo custo menor de uma produo eletrnica. Como em ambos o interesse comercial era proeminente,a sada que os grandes estdios encontraram foi a criao de sistemas impossveis de serem reproduzidos em todasua grandeza e magnitude pela TV. Em outras palavras, transformar o cinema num espetculo insubstituvel. Umdeles foi a cor, outro, o som estereofnico e quadrifnico, e ainda outro, a retomada dos grandes formatos.Surgiu da o conceito de grande produo e da volta da bitola de 70mm. E, de fato, era realmente impossvelreproduzir a experincia proporcionada pela sala escura numa projeo em 70mm, dada a qualidade da imagem esom, que ainda hoje nenhuma outra bitola, tanto em pelcula como vdeo, jamais alcanou.

    O 70mm representou o auge do cinema espetculo das dcadas de 50 e 60, a era dos grandes estdios e dasgrandes estrelas; projees de 70mm em telas de mais de 100 metros de comprimento sem dvida fizeram ocinema triunfar como indstria sobre a televiso, numa poca em que a tecnologia eletrnica ainda era muitolimitada.

    Fig. 9 - Comparativo das bitolas 35 e 70mm. A proporo est correta, mas o tamanho aqui est fora da escala.

    Mas, mesmo hoje, com todo o aparato de vdeo de alta definio e avanados equipamentos, o 70mm ainda seafirma como o mais contundente espetculo visual j criado, por uma razo muito simples: conforme pode-seperceber na figura 9 esquerda, o 70mm uma bitola com o dobro da largura do 35mm, e seu formato de 1:2,20representa entre 3 e 4 vezes a rea til de um fotograma 35mm. Disso decorre a projeo de uma imagemextremamente ntida, de uma riqueza de detalhes impressionante e com possibilidade de ampliaes muitomaiores, sem perda de qualidade. A isso, acrescenta-se tambm o som quadrifnico (ver fig.10), que em relao ao35mm convencional, que, na poca, era streo, permitia a incluso de duas pistas de som a mais, e faziam do70mm uma experincia extasiante.

    Fig.10 Aqui vemos a banda sonora (magntica, e noptica como o 35mm) do 70mm. 4 pistas, duas de cada

    lado, proporcionavam a melhor experincia sonora que ocinema j havia inventado.

    E por que no se produzem mais filmes em 70mm? Porqueso extremamente caros, com equipamentos muito maiorese cujo oramento multiplica-se vertiginosamente emrelao ao 35mm. Por este motivo, mesmo os filmesproduzidos em 70mm so, na maioria, grandes picos, cujatemtica, evocando arqutipos hericos de grandespersonagens e histrias marcantes, garantiriam, na piordas hipteses, um retorno aos milhes investidos nestesfilmes. E, com efeito, os filmes mais caros da histria foram

    estes, como Ben-Hur(William Wyler, 1959), Cleopatra(Joseph Mankiewicz, 1963 provavelmente o mais caro

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    filme j produzido), Os Dez Mandamentos (Cecil B. deMille, 1956), El Cid(Anthony Mann, 1961) ou mesmo 2001- A Space Odyssey(Stanley Kubrick, 1968).

    Atualmente, o 70mm ainda encontra espao em produes com fins cientficos ou entretenimento puro, como ocaso do IMAX, que se utiliza da bitola deitada, conforme quadro comparativo abaixo (fig. 11).

    Fig. 11 Comparativo (em escala verdadeira) entre as bitolas de 16, 35, 70 e IMAX.

    Mas a experincia de assistir a um destes filmes em 70mm levou muitos empresrios a manter um arquivo decpias em 70mm, principalmente na Europa e nos EUA, e que so exibidas periodicamente em salas especficas.Mesmo filmes produzidos originalmente em 35mm, como Star Wars ou Indiana Jones, tambm ganharam cpiasampliadas em 70mm, claro, sem a mesma qualidade, mas ainda assim uma grande experincia.

    65mm

    Um outro aspecto deve ser abordado em relao ao 70mm. Embora seja comum se referir a ele como 70mm, esta na verdade a bitola de EXIBIO, e no a de CAPTAO. Isso se deveu a motivos prticos. Os 5 mm (2,5 de

    cada lado) que se apresentam aps a perfurao so dedicados s bandas sonoras magnticas da cpia. Comono h registro do som na cmera, no necessrio este espao depois da grifa e dos rolos de trao das

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    cmeras. Portanto, a bitola das cmeras 65mm, que so copiados numa bitola de 70mm para projeo.Dependendo do sistema utilizado, esta cpia pode ser ampliada, reduzida ou anamorfizada, como nos sistemasPanavision e Todd-AO (ver adiante).

    Formatos para Bitola de 65/70mm

    Janela 1:2,20 (1,912" x 0,870") Formato Standard

    Janela 1:2,35 (1,912" x 0,816") Formato anamrfico antigo (at dcada de 70)Janela 1:2,40 (1,912" x 0,797") Formato anamrfico moderno

    Entretanto, mesmo com tais recursos, o custo de uma produo desta magnitude era invivel para a maioria dosestdios, de tal maneira que foi necessria a criao de sistemas alternativos. Tais sistemas, os formatos especiais,simulam diferentes formatos numa mesma bitola, ao ponto de permitir, com algumas restries tcnicas, um formatoprximo proporo do 70mm numa bitola de 35mm.

    Formatos Especiais

    A primeira a mais comum alternativa para essa simulao a lente anamrfica, patenteada como Cinemascope.Consiste numa lente adicional colocada objetiva da cmera que tem a propriedade de captar um formato maiorque a proporo possvel do negativo capaz de suportar, como por exemplo 2,20:1 ou 2,35:1. Para "caber" esta

    proporo no formato da bitola 35mm, a lente distorce a imagem tornando-a, na captao, mais alongada navertical (para isso utiliza-se da janela Full Screen). Na projeo, utilizando-se uma lente de projeo anamrfica,que nada mais que o inverso da que captou, temos o alongamento das laterais para compensar a distorovertical, obtendo um formato prximo do 70mm, 2,20:1.

    Fig. 12 Acima, um exemplo de imagempanormica a partir de uma imagemanamorfizada. Abaixo esquerda, umpequeno esquema do negativo 35mmcaptado com lente anamrfica, depoissua cpia final positiva, (tambmanamorfizada), e por ltimo, sua projeo,com a distoro corrigida. E logo acima osmbolo que indica ter sido utilizada a

    patente cinemascope.

    Se for usada a janela Full Screen, possvel fazer uma ampliao para o formato da bitola 70mm sem perda dequadro. Uma outra possibilidade filmar com uma outra janela, a 1,85:1, que possui algumas diferenas naresoluo e profundidade de campo (maior que no outro formato). Porm, na ampliao para 70mm, h perda dequadro nas laterais.

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    Assim como nem todos os estdios tinham oramento para bancar uma produo em 70mm, e por isso seutilizavam do cinemascope, tambm algumas salas de cinema no dispunham de projetores e sistemas para70mm. Por isso que muitos destes filmes eram vistos (por exemplo, no Brasil, em que eram pouqussimas salascom projetor 70) numa cpia reduzida em 35mm anamrfico. O resultado, levando-se em conta que a imagem erareduzida, era muito superior a uma mesma imagem captada originalmente em 35, mas ainda assim era inferior aooriginal em 70. Observe abaixo, duas tiras com fotogramas de Ben-Hur(1959), esquerda em 35mm anamorfizadoe direita original em 70mm.

    Fig. 13 Fotogramas de Ben-Hur em 35mm anamrfico e em 70mmA qualidade de ambos muito prxima, mas o 70mm ainda a melhor imagem j conseguida, at hoje, no cinema.

    Outras patentes de captao com lente anamrfica so o Techniscope e o sistema Panavision, que possibilitadiversos formatos em 16, 35 e 65mm, anamrficos ou no. O sistema Panavision um dos mais comuns naindstria cinematogrfica, em parte por prover um sistema completo que no vendido, e sim alugado, sendo emmuitos casos mais vantajoso em termos de oramento para certas produes. No final da dcada de 50, foi lanadotambm o Ultra Panavision 70, uma resposta comercial ao sistema similarTodd-AO, que anamorfizava o prprio

    70mm e dava como resultado final um formato prximo de 1:2,76.

    Fig. 14 esquerda, os formatos utilizados pelosistema Panavision em 35mm.

    Fig.15 -Vistavision

    E h ainda o sistema VistaVision, que foi bastantecomum na dcada de 60, e que trabalha com acaptao do negativo 35mm na horizontal, como oIMAX fez com o 70mm, permitindo assim um melhoraproveitamento da rea til da emulso, resultandonum formato mais panormico com mais qualidade.O Vistavision era um sistema interessante, mas

    incompatvel com qualquer outro, sendo que o original

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    Vistavision de 8 perfuraes apresentava um formatode 1:1,51, diferente de todos os demais, dificultandomuito sua cpia e distribuio. Por esse motivo, oVistavision teve vida curta.

    Mas o mais estranho de todos os sistemas de simulao panormico foi sem dvida o Cinerama.

    Na onda dos grandes espetculos cinematogrficos, o Cinerama era o mais extravagante, consistindo originalmenteem trs projees simultneas, sincronizadas, cruzadas e justapostas de 35mm. O objetivo era o criar umaexperincia visual mais prxima possvel da realidade, projetando assim uma gigantesca imagem panormica, cujomaior atrativo era a tela em formato cncavo, e no plano, causando uma imensa distoro nas bordas, eaumentando a proporo na viso perifrica. Esta aventura teve antecedentes no pico francs mudo Napoleon(1927) de Abel Gance, que j usou trs projetores simultneos. Mas somente em 1952 que essa idia foi lanadacomercialmente, com o nome de Cinerama, com a distoro calculada para causar maior impresso no espectador.Obviamente, os custos de produo, copiagem e manuteno das mquinas (tudo era multiplicado por 3) tornava oCinerama quase to invivel como o prprio 70mm, e a partir de 1962 o Cinerama passou a ser tambm filmado em70mm, desta vez com anamorfizao lateral, para manter a distoro nas bordas (corrigida pela projeo cncava).

    Fig. 16 Esquema de uma sala de projeo emCinerama.

    Fig. 17 Abaixo, 3 tiras de imagem que compe umaprojeo Cinerama, mais a tira de som. Abaixo, amarca da patente do cinerama

    No foram muitos os filmes produzidos em Cinerama de trs projees, e os mais famosos, como Deu a louca nomundo (its a mad, mad, mad world, 1963) e 2001: A space Odyssey(1968) foram feitos em Cinerama 70.

    Os Super-Formatos

    Deve-se notar que a tecnologia moderna produziu mais outros 2 formatos, a partir das bitolas 16, 35, que so,respectivamente, o Super-16 e o Super-35. A exemplo da relao entre o 65mm e o 70mm, estes so os chamadosformatos de captao, ou seja, s servem para filmagem, e no para exibio, pois utilizam-se de uma rea maiorda largura, aumentando a razo do formato e assim aproveitando mais a sensibilidade total da pelcula.Desta forma, na captao o fotograma cobre a rea destinada banda sonora, e devem ser reduzidas ouampliadas para que na cpia final possa haver espao para o som.

    Super-16

    O primeiro destes formatos a ser criado foi o Super-16, uma vez que grande parte de suas produes tinham pordestino a telecinagem e finalizao eletrnica, e em poucos casos era feita cpia final em pelcula. Assim, j que a

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    pelcula seria passada em vdeo, o espao destinado banda de som era praticamente intil, e o Super-16 nadamais faz que aproveitar este espao com imagem, acrescentando 25% a mais de rea til no negativo 16mm,deixando-o com formato 1:1,66.

    Fig.18 A esquerda, o 16mm tradicional, com ajanela 1:1,37, e direita, o Super-16. A bitola amesma, mas a janela da cmera maior,

    implicando num formato mais retangular, 1:1,66,conforme comparativo abaixo.

    Mas como no existe projeo nem finalizao neste formato para 16mm, a utilizao do Super-16 deve ser muitobem calculada, principalmente no Brasil.S h dois destinos possveis, ou finalizao em vdeo, ou a ampliao (blow-up) para 35mm. Nos EUA este ltimomtodo tem sido muito til para produes de baixo oramento, uma vez que h uma reduo substancial doscustos de captao, pois a lata de negativo 16mm muito mais barata que a 35. Mas, no Brasil, o preo daampliao de uma bitola para outra francamente menos favorvel, e por vezes mais barato filmar diretamenteem 35mm.

    Formato em Super-16

    Janela 1,66:1 (0,488"x 0,295") - StandardJanela 1,85:1 (0,488"x 0,263") (pouco utilizado; resulta em granulao excessiva)

    Super-35

    Tambm conhecido como Super 1,85 ou ainda Super 2,35, o caso do Super-35 um pouco diferente. A idia amesma, utilizar toda a rea disponvel da bitola, implicando num formato maior do que o 35mm convencional capaz de suportar se tivesse que considerar o espao da banda sonora, geralmente 1:1,85 e at 1:2,35.Assim, seria possvel, a exemplo do Super-16, utilizar uma rea maior do negativo para obter uma imagem melhorno sentido de promover uma ampliao. A questo que no caso do 35mm, sua verso Super no ampliada parauma bitola maior (que seria o 70mm), e sim reduzida na prpria bitola, para depois ser acrescentada a banda desom. O Super-35 trabalha ento com o seguinte conceito: captada uma imagem full frame, em toda a readisponvel na janela da cmera de 4 perfuraes. Depois, obrigatoriamente feita uma intermediao - tica oudigital em que se gera um internegativo (cpia do negativo) reduzida, desta vez com o enquadramento escolhidoe com o espao da banda sonora, pronto, portanto, para cpia final.

    Fig.19 Formatos para Super 35:1:2,35 (por vezes 1:2,40) ou 1:1,85.Em tese, possvel que qualquerformato seja utilizado, pois oSuper-35 permite que seja ajustado oquadro no caso de intermediaodigital.

    No caso do formato 1:1,85, certamente um ganho na qualidade da imagem, uma vez que a reduo sempreimplica em maior qualidade, ao contrrio da ampliao.

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    J o caso do formato 1:2,35 ou at 1:2,40, a questo mais polmica, pois mesmo na reduo a rea til donegativo muito pequena para esta proporo, e em certos casos mais vantajoso utilizar o 2,40 anamrficoconvencional. S h ganho efetivo na comparao com o anamrfico se o 2,40 for ampliado para 70mm, coisamuito rara de ocorrer.De qualquer maneira, o Super-35 uma boa opo para obter uma extrema qualidade e gro fino no 1,85, mas preciso considerar custos extras de intermediao.

    Super-35mm 3 perfuraes

    Atualmente, a indstria cinematogrfica tem se utilizado de recursos hbridos de finalizao, aproveitando asdiversas vantagens que a intermediao digital pode oferecer do ponto de vista custo/benefcio (ver captulo 3). Nocaso da produo nacional, ainda preciso levar em conta uma srie de fatores oramentrios para decidir se aps-produo digital resulta numa boa soluo, j que o mercado brasileiro muito diferente do americano. Mas,levando-se em conta que a pelcula ainda representa a melhor forma de captao para gerar uma imagem originalde extrema qualidade (nitidez, saturao e riqueza de detalhes) e a finalizao digital otimiza o tempo (e os custos)da ps-produo, a prpria indstria tem se esforado para melhorar a logstica da relao digital/analgico nosentido de reduzir custos sem perda de qualidade. Uma destas relaes considerar que no 35mm convencional,cada fotograma ocupa sempre o espao de 4 perfuraes, independente do formato utilizado (ver figuras 1, 6, 7 e14, por exemplo), e que, na prtica, quanto mais alongado um formato, menor a rea til que o fotograma ocupa, e,conseqentemente, maior a rea deixada sem utilizao. Como todos os projetores do mundo so fabricados

    segundo o padro de 4 perfuraes, nunca foi economicamente vivel mudar o sistema da grifa, uma vez que cadasala de cinema teria que manter dois projetores diferentes para cada relao de quadro/perfurao.Mas, no caso de intermediao digital, esse problema praticamente inexiste, pois o telecine permite capturarquadros teoricamente at de 1 perfurao, transformando-os normalmente em sinal de vdeo, e a segue aps-produo digital.A vantagem de utilizar o sistema de Super-35mm com 3 perfuraes por fotograma (e em alguns casos at 2perfuraes) que a rea do fotograma quase inteiramente ocupada, no sobrando espaos sem imagem, o quereduz a metragem de negativo em at 25%, resultando em economia equivalente, e ainda otimizando a qualidadeda imagem. Observe o quadro abaixo:

    Fig. 20 esquerda, observe que no 35mmregular h uma grande rea sem utilizao,coisa que o Super-35mm 3 perfuraes resolveperfeitamente; alm do fotograma ser maior,ainda rende mais (no mesmo espao, o regularpossui 3 fotogramas, e o Super 3 perf., 4).

    O Super-35 3 perfuraes s pode ser usado, como se pode

    perceber, considerando algum tipo de intermediao, pois no hcompatibilidade entre uma projeo convencional e uma cmeracom a grifa calibrada para 3 perfuraes, e para exibio empelcula, o transfer se ajusta novamente s 4 perfuraes.Levando em conta que muitas produes se valem deintermediao digital, claramente vantajoso a utilizao destesistema, caso o oramento j esteja considerando esse tipo definalizao.

    Fig.21 Comparao entre o mesmo nmero de fotogramas no35mm convencional e no Super-35 3 perfuraes.

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    Blow-Up

    Blow-up nome que se d ao processo de ampliao entre bitolas, que nada mais que a cpia de uma bitola paraoutra. Assim como o vdeo, as cmeras de cinema trabalham com bitolas especficas (16, 35mm, etc.), e estasbitolas no so compatveis entre si na captao, ou seja, no possvel filmar em 35mm numa cmera 16mm,embora em uma mesma bitola, a cmera seja capaz de se utilizar de diferentes formatos. Para transformar uma

    pelcula 16mm em 35mm, ou o inverso, a tcnica, posterior captao, o blow-up. Este procedimento comumquando utilizamos os Super-Formatos, mas tambm podemos utilizar o blow-up em situaes convencionais, comopor exemplo, passar 16mm para 35mm, ou passar Super-8 para 16mm ou mesmo 35mm, como fizeram algunscineastas, como Oliver Stone em Natural Born Killers, (Assassinos por Natureza, 1994). Entretanto, quandopassamos de uma bitola para outra, devemos atentar para as diferenas de formato. Como o formato uma medidade proporo, importante que, para que no haja perda de quadro quando ampliamos (ou reduzimos) ofotograma, ele siga as mesmas propores do formato original. Assim, necessrio escolher a janela de captaoem funo da janela de cpia, quando queremos uma determinada janela no blow-up, ou, no caso de material feitosem este intuito, escolher a janela de ampliao mais propcia para que se perca o mnimo de imagem original.Abaixo alguns exemplos do que se perderia no original 16mm se fosse passado para 35mm:

    Fig. 22 16mm convencional. Os exemplos acima mostram qual seria a perda de quadro caso seja passado para35mm em formato 1:1,33 (sem perda), 1:1,66 e 1:1,85

    Fig. 23 A mesma relao de janelas no blow-up, mas agora considerando o original Super-16. A janela 1:1,66 amais adequada para ampliao.

    Como regra geral, sempre que ampliamos h perda de qualidade, pois o gro que forma a imagem tambm ampliado, tornando-se mais visvel e comprometendo em diferentes graus a nitidez da imagem; e quandoreduzimos h ganho, em relao bitola final, ou seja, a imagem de um 35mm reduzido para 16 melhor que aimagem original de um 16mm (no de um 35, claro). Por esse motivo que percebemos a diferena entre um filmeexibido na TV e uma novela. A novela captada em vdeo, e representa uma imagem com pouca diferena entre adefinio de captao e a definio de exibio, e j a pelcula tem uma definio muito maior que a imagem devdeo convencional. Apesar da televiso exibir sempre com a mesma definio, muito perceptvel a diferena natextura das imagens conforme a qualidade do original, e por isso a importncia de se considerar qual o melhorsuporte de captao em conjunto com as intenes de finalizao.

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    BIBLIOGRAFIA:BROWN, Blain.Cinematography: theory and practice. Amsterdam: Focal Press, 2002MALKIEWICZ, Kris.Cinematography : A Guide for Film Makers and Film Teachers, Simon & Schuster, 2nd edition,1992RYAN, Rod (org.)American Cinematographer Manual, ASC Press, CA, EUA, 7 Edio, 1993

    Creative Commons License

    FILIPE SALLES cineasta, fotgrafo, professor universitrio, gosta de Super-8 e nas horas vagas msico.Consulte www.mnemocine.com.br/filipe

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