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ffiffiis8,n Notns ,', :;::,,,;rl l. No original, ÁavatÍes.N' T. 2. Commiteeof the Regional Plan of New York and its Enviroos, Regional Survey of New York a-nd its Environs, New York: regional plan of Ne*' Íork and i* environs,v. l, 1929,p. 3l: (...) The assignement of the land to the various uses seemsto the superficial observer to have been made by the Mad Hatter at Alice's tea party. fume of the poorest people live in con- veniently lmted slums on high-pricedLand(...) A stone'sthrow from the stock exchange the air is íÍlled wìth the aroma of roasting coffee; a few hundred feet from Times Square *ith the stenchoí slaughter-àouses(...) Such a situation outragesone's sense of order. Ever!,thing seems misp)aced. One yearns to rearrange the hodge- . podge and to put things wherethey belong. 3. Patrick Geddes,"Civics: as concÍele and applied Sociology. Pan II", in Sociological Papers, voì 2. 1906, p. 95: (...) even to recogníse, much Ìess treat, the abnormal, we must knou' something of the normal courseoI evolution. 4. Manuel Casrel)s, La question uròaine,Paris. Fran- çois Maspéro. 1972. p.440. 5. Léon Jaussell', "Avenissemen!",in Raymond Un- win, L'érude pratique des plans de vl,[e. Paris: Librairie Centrale des Beaux Arrs, 1922, p. IIl. ó. Commitee of the Regional Plan of Neu York. Regional Surrel', v. l, p 18: (...) the ara of N* Ì'ort and its environs may b lìakend to tb tbr spce of a fac- tory. Regional plaaaing destnates Íáe best use of this llor sra.cc- the rr-aper adjustment of ÍtÍezs to Its6. 7. Jacob Riis, cirado por ÁIbioa F. Bacon, IVàat bad housiag Eeans ao tk cwauaity, Depart- ment of Social and PubÌb SeÍvice, Social Service Bullerin n" 13. Bosron: ,lftÍicatr Utilitarian As- sociaúon,1910, p. 12: You can"t let rrlo.ple Ilrc à.}e pigs and expeas them to mal;e god üri-ãs- 8. Jack London. 1903. Ii}3 people of the Abyss, New Yor\, I{acmiüan- Chs:l..{ Booth, labour and lìfe of the pople a"i Lo*Jor- London, vol. l, t989, pp. 9+105. 9. Henry S<llier. "Les aipÈ:t-( soïïeau\ du proble- me de I'habirarion dans i= aAs.iomérarions urbai- nes", La rie uràarne. n' 15. ar:-J 1923,p 86. 10. Ele obsena. a respeiroda ri:a de Cradock, Virgi- nia: "it dos represent ú:4;e oforganized com- munir-r'uâir'i ca:r tr: es*arsraC. in contrast wìth the indef;rite evensior of :,?: rlpi'cal suburb" (Arthur C- Come-v. \tan q, \Ã'ehrll', "Planned Communities". il .\arirlc,a ResourcesComitee, Urbanism Coamitee. Su.{sc:*;ar_r' Report, v ol. 2, Urban Pianning ard La-a: Policies, Washing- ton, D. C.. 1939. p. 6li. ll. No originaì. enqueteui ri:rg-:air- N. T. 12. Claude Leti-Sr;auss. ki** r-rei-ruios, Paris, PIon, 1955,reedirionlülS. 196:. r. -ì{ó-347. As maquinarias inglesas do conforto. François Beguin Tradução: Jorge Hajime Oseki Revisão: Suzana Pasternak As grandes pesquisas de 1840-1850 Entre 1840 e 1845, duas grandes pesquisas foram efetuadas na Inglaterra pela adminis- tração pública sobre o que chamaríamos ho- je o habitat.r Denominação sem dúvida mal escolhida já que o interesse dessas pesquisas e Justamente mostrar como o habitat se cons- titui, administraliva e recnicamente, como um novo dominio de intervenção política. E, por- tanto, somente a posterioÍi que podemos en- contrar nessas pesquisas os primeiros desen- volvimentos de uma politica do habitat e is- to porque as questões que foram abordadas e o tratamenlo que lhes foi imposto caracte- rizam bem o que hoje, para nós, englobaria uma política do habitat. Bem decepcionantes para quem procurava grandes visões arquitetônicas da habitação, estas pesquisas referem-se mais à doença e à delinqüência, à água, ao ar, à luz e aos es- gotos, às formas físicasatravés das quais os fluidos e as práticas poderàoser canáÌizados e regulados; mas também o cruecusta tratá- los, assistí-los ou reprimí-los e o oue cusra- ria reduzirestas despesas agindo sóbre a sé- rle de componentes físicos que constituem o ambiente do pobre. tribuição dos poderes no seio do empreen- dimento3 urbano. De fato, se a arquitetura aparece como um componenteimportante destes programas de higiene e de salubridade, estasempré é reduzi- da às apridões físicas das formas utilizadasna habitaçâo e dos efeitos produzidos por esras Íormassobre os fluidosou sobre um modo de distribuição de pessoas e serviços. Efeitos cuja particularidade é serem eles próprios subordi- nadosa outros órgãosde maquinariaurbana - os esgotos, o aparelho de distribuição de água -. e estarem assim intimamente ligados às carac- terísticas ambientais do objeto arquitetônico. Entre estes aparelhos e estes espaços, uma con- tinuidade foi estabelecida, o que faz com que o habitat seja alguma coisa bem diferente da construção de habitaçõese bem próximo de uma série de normas técnicas que definemas condições gerais de habitabilidade. Não pro- c_uremos portanto nestas pesquisas um grande discurso sobrea espaciaÌiãadê, tentemoì anr*s ver como nelas novos saberes, novos apare- lhos e novosatoresdefinemum novo resirne para o ambientedo pobre a partir dos corir;.r,- nentes maismateriais deste ambiente. Nào lir mos nosdecepcionar senão enconlrarmos uma grande visão da cidade ou da casa e se. ao invés, pudermos ver como categorias medicas, econômicas e a aritmética reduzema cidade e a casa a dadospuramente técnicos, a números. O preço do desconforto A montante destasinvestigações, uma muhi- dão depesquisas pontuaisrealizadas a partir do , Nadadegrandes programas arquitetônicos por- tanto - nesta época o habìtatinteressava pou- co aos arquitetos -. mas uma gigantesca empreitada2 que visavaa reduzir o a-nibienre a clados técnicos cuja incidência sobre o com- portamento e a doença fosse estabelecida esra_ e, calculada em seus efeiÍos e com- sempre a este outro.modo de funciona- do ambiente possibilitado pelos mais progressos tecno!ógicos e pela redis-

BEGUIN, François. As maquinarias inglesas do conforto

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  • ffiffiis8,nNotns, ' , : ; : : , , , ; r ll. No original, avates. N' T.2. Commitee of the Regional Plan of New York and

    its Enviroos, Regional Survey of New York a-ndits Environs, New York: regional plan of Ne*'ork and i* environs, v. l, 1929, p. 3l:

    (...) The assignement of the land to the varioususes seems to the superficial observer to havebeen made by the Mad Hatter at Alice's teaparty. fume of the poorest people live in con-veniently lmted slums on high-priced Land(...)A stone's throw from the stock exchange theair is lled wth the aroma of roasting coffee; afew hundred feet from Times Square *ith thestench o slaughter-ouses(...) Such a situationoutrages one's sense of order. Ever!,thing seemsmisp)aced. One yearns to rearrange the hodge-

    .

    podge and to put things where they belong.3. Patrick Geddes, "Civics: as concele and applied

    Sociology. Pan II", in Sociological Papers, vo 2.1906, p. 95:

    (...) even to recognse, much ess treat, theabnormal, we must knou' something of thenormal course oI evolution.

    4. Manuel Casrel)s, La question uraine, Paris. Fran-ois Maspro. 1972. p.440.

    5. Lon Jaussell', "Avenissemen!", in Raymond Un-win, L'rude pratique des plans de vl,[e. Paris:Librairie Centrale des Beaux Arrs, 1922, p. IIl.

    . Commitee of the Regional Plan of Neu York.Regional Surrel', v. l, p 18:

    (...) the ara of N* 'ort and its environsmay b lakend to tb tbr spce of a fac-tory. Regional plaaaing destnates e best useof this llor sra.cc - the rr-aper adjustment oftezs to Its6.

    7. Jacob Riis, cirado por Ibioa F. Bacon, IVatbad housiag Eeans ao tk cwauaity, Depart-ment of Social and Pubb Sevice, Social ServiceBullerin n" 13. Bosron: ,lfticatr Utilitarian As-sociaon, 1910, p. 12:

    You can"t let rrlo.ple Ilrc .}e pigs and expeasthem to mal;e god ri-s-

    8. Jack London. 1903. Ii}3 people of the Abyss,New Yor\, I{acmian- Chs:l..{ Booth, labourand lfe of the pople a"i Lo*Jor- London, vol. l,t989, pp. 9+105.

    9. Henry S

  • , - } :As maquinias ingtesas do conod

    Espry & Debst6 nq 34 - 1991

    fim do s&ulo XVilI sobre cidades e bairrosevidenciam j o carter vicioso de cetos am-bientes. A o se sorrtm as nuerosas infor-maes recolhidas graas ao esquadrinhamen-t" *-pU.o"t-pdos direrentes aparelhos;

    "*iid" s"gioiaaat social a partir dos

    quais s afirmam czrda vez mais claramente as.Oo *tt" apobrvz, a falta de higiene e a *tt" o esconorto e as formas diver-sas Ae eganaade e de imoralidade'

    Se a grande pesquisa dirigida por.Chadwickrfrit" a .lao enre insalubridade e asurs condies de habicao e nma taxa oemonalidde elevada, uma baixa esperanade da e a doena, sua originalidade repou-sa na areno dedicada ao custo econmico

    "

    r".i.t d desconfono. "... Os fatos de-monstr:m a imponncia poltica e moral des-tas consideraes, a saber: que os ambientesfisicos insalubres deterioram a sade e o es-rado "rsico da populaco; que' por isso mes-mo, eles agem como obstculos educaoe ao desenolvimento moral; que diminuin-do a esperana de r-ida da populao.oper-ria adulta, eles interrompem o cescrmentodas capacidades produtivas e diminuem o ca-pital cial e moral da comunidade; que.elessubstitueo uma popuiao que acumula econserra a instruo. que melhora consan-temente, por uma populao que jovem,iporante, crdula, apaixonada e perigosa,como resultado de sua inclinaSo permanen-te degradao fisica e moral".'

    Custo econmico que traduzido ranro igual-mente pelo ciculo das jornadas de trabalhoperdid por causa de doenas como pelasdespesas das instituices,5 pelas cifras que me-

    , dem o que cusa sociedade cuidar das vi-vas e dos rfos. Sir James \{c Crigor' odiretor do Servio \{dico do Exrcito, com-parando os mritos respecivos dos recrutasoriginrios das cidades e do campo' estabele-cer um balano amplamente positivo em fa-vor dos ultimos e sublinhar a pouca resls-tncia e a inferioridade fisica e moral dossoldados recnrtados nas cidades.6

    l.'

    , O cu*o sociat do desconforto, sobre o qual,;,in"is*irao as pesquisas posteriores, a desa-

    dinheiro em pr?tres egostas: ele entra emcasa esgotado, aspira tranqilidade' tem ne-cessidade de repousar: a sujeira, a misria, odesconforto sob todas as formas o cercam, eles deseja ento ir embora, se puder".tO que diferencia claramente estas pesquisasdaquelas realizadas na Frana no final do s-cul xvIU, no mbito da Sociedade Real deMedicina, este perptuo vaivm entre a des-crio de ambientes fsicos viciosos e os pr-prios efeitos corporais que tm uma incidn-ia sobre diversas engrenagens da economiasocial. De um lado, o que produz ou favorecea doena, a imoralidade e a ilegalidade' deoutro, os efeitos destas condutas sobre o equi-lbrio familiar, o rrabalho, os sistemas de as-sistncia ou represso, o exrcito'

    Com relao s descries mdicas anterio-res. uma outra diferena que pode ser notada a reduo do ambiente a seus componentesmais tcnicos: os esgotos, o sistema de drena-gem, o modo de limpar as ruas e coletar oiiro, a distribuio da gua, as falhas arqui-tetnicas. "Em cada bairro onde a febre rea-parece freqentemente e se propaga' encon-iramos teglarmente um mau sistema de dre-nagem e gua em quantidade insuficiente, pou-coi tarredores, um grande acmulo de sujei-ra; e eu observei isto com ral regularidadeque habituei-me a apresenlar os fatos destamaneira. Se desenharmos um mapa dos lo-cais atingidos pela febre e compararmos estemapa com o a Comisso encarregada dosesgotos, descobriremos que onde os esgotosno passaram, a doena se espahou bastan-re, inversamente, onde eles passaram. a doen-a comparativamente quase ausente". '

    Se o custo da doena pode ser enunciado emtermos cada vez mais.concretos e mensura-veis, a prpria sade torna-se um problematcnico que podemos controlar com a aiuoade engenheiros e artefatos sanitrios.

    No horizonre destas pesquisas, uma vontadqde atacar as causas e no os efeitos' a toetade oue melhor prevenir do que curar oureprimir, e a cenea de que os investimentosque podero ser realizados para melh-orar asaluridade e desenvolver a higiene sero far-tamente recuperados por outro lado, sob. aiitn a. um'ganho em sade e uma aptidomelhor ao trabalho. "Ao invs de novos tm-poioiO"ttin"dos a melhorar as condies de'ni"ao, o sistema de esgotose a Ylubrida-de dai casas podem ser considerados como..is qut *.ititem reduzr os custos etevados

    devidos atualmente prpria doena e suasconseqncias imediatas: interrupo do tra-balho e perda do salrio".ro No Firs repor(Primeiro relatrio), vrios quadros compa-rativos do forma a esta idia bem concretacolocando frente a frente o clculo das des-pesas ocasionadas direta e indiretamente peladoena e as despesas de instalao e funcio-namento do aparelho de salubridade.rr

    O habitat: um novo regime da economiaurbana e domstica

    Uma vez passadas, cidades e casas, pelo cri-vo dos nmeros, pouco resta. E no entanto,se devssemos definir o que torna possveluma poltica do habitat, sem dvida serianecessrio comearmos por levar em conta oprprio fato de ser possivel efetivar uma talreduo. Por conseqncia, necessrio le-var em considerao operaes tericas quepermitam relacionar, cadavez com maior pre-ciso, as doenas de insalubridade e certasformas de transgresso a alguns fatores tc-nicos implicados na economia domstica dospobres; levar em considerao tambm ope-iaes que permitam calcular o custo econ-mico e social do desconforto e operaes queestabeleam uma relao positiva em favorda preveno. E preciso no esquecer as li-es que Chadwick e outros souberam tirarda experincia sanitria conduzida por mui-to tempo no exrcito.12 Mas o essencial seriaa prpria possibilidade que se abre a partirde ento, ao Estado, de reverter uma ten-dncia patolgica e moral, acentuando seucontrole sobre os aparelhos da salubridade eda higiene para domesticar os efeitos e mo-dificar assim as normas de funcionamentoda casa.

    De modo que se o habitat no diz respeitoem primeiro lugar construo de casas, do-mnio que h muito tempo caia sob a esferalegislativa, porque o habitat diz respeitomais ao modo pelo qual quer-se fazer funcio-.nar a casa, os aparelhos, as competncias eas fontes de financiamento que esta emprei-tada dever mobilizaf .

    Para situar esta tarefa, preciso recuar um.pouco. Porque se, de um lado, estas pesquisas

    ser vistas como o ponto de Partidauma poltica do habitat, por outro, pode-

    tambm considerlas como um marco dohistrico onde convergem processos

    dos servios que asseguram o funcionamentode uma cidade, sem os quais ela no existiria.

    ste movirnento, podemos examinlo em v-rios niveis: considerando sua dimenso tcni-ca, is to , examinando sobre quaismecanismosr3 ou quase-mecanismos se apiaa empreitada sanitria e de higiene e quaisforam as conseqncias da introduo destesaparelhos sobre as normas de habitabilidadee a concepo de conjunto do espao urba-no; considerando sua dimenso politica jque a instalao deste aparelho supunha umatransferncia sensivel de responsabilidade noseio do empreendimento urbano e que estainstalao era, enquanto tal, uma condionecessria da reforma da economia domsti-ca pretendida pelos poderes pblicos.

    Novos aparelhos para fazerfuncionar a casaSe o sculo XVIII havia reconhecido a existn-cia de uma patologia urbana, o que caracteri-za o comeo do sculo XIX um desenvolvi-mento sem pecedentes dos meios tecnicos quevo permitir frear as doenas da insalubrida-de. Parent Duchatelet notava, em 1 824, a pro-psito dos novos esgotos construidos em Parise considerados por ele como os monumentosmais teis, "como pequeno o nmero depessoas que refletem um pouco sobre as con-seqncias de tal obra!. Porque esta obra es-capa aos nossos olhos, ignoramos por que meionossa sade se conserva, como o ar que noscerca respirvel, por que milagre uma regioque era h pouco um charco infeclo se encon-tra coberta de palcios e de magnficos tea-tros, porque a causa de todos estes beneficiosest escondida sob a terra; no pensamos 1am-bm nos infelizes que dedicaram suas vidas aessas obras, porque no os vemos. porque notemos com eles nenhuma relao... ; enquan{oque com relao s fossas de nossas habita-es, ns sentimos melhor do que ninguemianto os inconvenientes como as vantagens".ra

    As idias implcitas na organizao salubreda casa e de seu entorno so simples e, paraalguns, conhecidas h muito tempo - drenara gua estagnada responsvel pela umidadedas habitaes, distribuir gua pura a domi'cilio e organizar a evacuao das guas servi-das. tornar mais eficazes os mtodos de lim-peza de ruas e coleta do lixo, garantir umcirculao to livre quanto possvel do ar eda luz. O que faz a originalidade das conce-

    41

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    .grgo das familias, a dissoluo dattunanidade".? o desenvolvimento de hbi-manrgaqe",' o cescnvolvrmento oe nao!-

    d todncis anti-sociais. "'A influnciada arjeira e do desconforto nunca foi

    levada em considerao. Estaq.i an-social no mais alto grau, ogflcyd de sua casa uma das causas

    pnduz um homem a gastar seui:,

    ,

    amplos de redistribuio e reorganizao

  • Espao & Debabs no g4' 199As maguinarias inglesas do conort

    pes d salubridade que sro desenvolvidasna primeira metade do seculo XIX no soportanto c principios que, em essncia, per-manecem os da reflexo dos mdicos do scu-lo XVIII, rniui seu investimento em grandesobras obcdecendo a uma nova lgica da salu-bridade. Assim, no mais ao arquiteto que confiada a tarefa de extrair, a partir de suaprpria experincia e das lies de Vitrvio, asnormas que devem orientar as construes,nem mais os habitantes seriam obrigados arealuar certos atos de limpeza, como aindaera o citso no fim do sculo XVIII (varredurae lavagem das ruas, por exemplo), nem setratava de deixar aos pequenos ofcios (de car-regadores de gua, de removedores de lodo,de limpa-fossa) as tarefas que sempre fizeram.No sculo XIX, uma nova lgica de saiubrida-de se impe" Esta lgica tem a parricularidadede ser ao mesmo tempo inspirada pelas gnan-des obras da Roma Anriga, pelas descoberrasde Harvey sobre a circulaco sangnea e pe-los mais recentes progressos da tecnolo,eia.

    Rendendo uma inreressante homenagem Har-vey: "a descoberta feita pelo imona Harvel'da circulao que opera no corpo dos indiv-duos nos preparou para admitir uma desco-berta to rica e anloga: aquela da circulaoque se opera no corpo social",rr F. O. r'ardcondensou numa imagem, resumindo bem suascaraceristicas maiores, o sistema sanitrio ur-bano: "sistema cuja base essencial uma cir-culao incessante de gua: gua pura quechega cidade e gua servida que, em movi-mento perpeluo, sai, rambm, da casa e dacidade sem ter engendrado cloacas ou reser-vatrios que so, como j assinalamos, for-mas congnitas de estagnaco pestilenra".r

    Foi desenvolvendo concepes cada vez maisprximas deste modelo que os engenheirosingleses convocados para as pesquiias preci-saram as modalidades de aplicaco do sisre-ma sanitrio e subl inharam'a inrerdependn-cia dos componentes: . .euando um sisrema

    obstrues desagra-

    assume sua funo, um outro deve comole-ment-lo, e a utilizao da gua, mesmo ior-necrda eItr grande quanridade, ser limirada ere$nta por todo problema relativo sua eva-Sao. Sua udlizao como insrrumenro deW,e evacuao dos dejetos graas aos1v.- e*a retamente ligada ao estado dos

    ' qTos de evacuao. Se estes dutos esro mal?@pt dol mal ssn511r16os ou mal entera-

    dveis, que sero, por sra vez, responsveispor odores erriveis erlados..."-17Dedicando alis a rodos os deralhes desta ma-quinaria um espao coasidervel

    - clculos arespeito da velocidade da gua nas canaliza-es, a forma e as dimoses dos dutos. osdiversos procedimenroe de fitragem e de dis-tribuio de gua sob presso -, e$as pesqui-sas no permitem duridar da imponncia ca-pital que assumem. n$ epoca, estes novosrgos, na gesto do s..?a;o urbano e, emparticular, no funciona*:nio da habitao.No se trata someae da qtienso deste dis-positivo, dos recursos e;nogicos e econ-micos utilizados n sua con;epo, da possi-bilidade, que se abrir po: ssu intermdio, deatingir o habitante Fala alem de [mites ina-cessveis at ento. ma-< tambm o desafioque est no fund*mmtc ri:sta empreitada.So todos estes farores o_ue recolocam numoutro nivel de e:iperiet;ia c' que foi tratadono passado, seja po: .'orFanhias. seja atra-vs de pequenos ofcio: sda p:pria populao.

    Quanto imponncia *ioa destes novos dis-positivos no pensarnelo urbano da primeirametade do sculo XL\. nai.a inelhor para ava-lia que quando engenb*lros tiam em "be-leza" a propsito riexe sisi:ma circulatrioou de pintores que. coo Join \{artin, o ilus-trador do Paraso pe,tco cie \{iton, dese-nham mil projeros de :a:aiaces de gua eesgoto para a cidaci: c: l-onires, atraindo opblico a invesrir na-.

    --. :n:anhis-s que elesprprios organizaran. ;crni e letropolitanSer.rzge vanure Cori:_:a::,: tCompanhia Me-tropol i tana de Esgo:*. : Esi: : . 'os). isAs conseqncias ciesie. i-ervolvimentos tc-nicos so importan:ei : l -r i .- por r 'r ias ra-zes. Por um lado. a-. :o:l-'es de habitabi-lidade no estaro rnai-. ci:;unscritas pelascaracterslicas de urn iar=-: s:a-< no remetemmais s qualidades d: us. so-"r. de um clima,nem a uma localizaco cie-r ;:isas, dos bairrose das cidades num eniors.o quairarivamentediferenciado. A pani ci! se:ulo XIX, estesprincipios de localizao e de disrribuio,que tinham no sculo pre-'red:nte uma grandeimportncia, deram luga: a principios teri-cos e tcnicos referemes gesto dos fluidos.No habitamos, ponaxo, rneis em um lugardefinido pela proximidade de um charco oude um hospital, pela direao dos ventos, pelaalternncia das esta-es c crrhuras, pela pas-sagem de meteoros. pei;as caracteristicas docu ou pela dessecao rit um lago; habita-mos formas tcnicas Do inlerior das quais

    mecanismos canaliZam fluxos e mantm nos_s.a sade. O habitvel ento no tem maislimites naturais e sim limites tcnicos, econ_micos e polticos.

    Outra conseqncia importante: a redefini_o dos modos de apreenso do espao urba_no e do prprio desenho urbano qe vai ope_rar sobre uma base de informas e de con_dies necessrias ao funcionmento timodestes novos rgos. Um dos pontos sobre oiquals os engenheiros ingleses mais insistemrefere-se ao_papel essencial que devem ter, deagora em diante, os dados topogrficos emtodos os rrabalhos l igados -inralao dosistema sanitrio. As funes conferidas aosurveyso mltiplas. O conhecimento das cur_vas de nvel e das principais linhas de drena_gem natural deve permitir organizar com maioreficincia e maior economi a drenagem arti_fjcial, uma.complementando u outral suprin_do suas fahas. Alm disso, por ocasi-o daabertura de novas ruas e gras a tal projeto"o engenheiro poder imediatamentj tomarconhecimento da declividade e das caracters_ticas do terreno e ver quais as linhas dedrenagem melhor adaptads',.re Igualmente,com base nestas informaes, sero orienta_das as.canalizaes de gua e gs. euantoaos dados geolgicos, cuja impoitnci e su_blrnhada muitas vezes, eles serviro no so_mente a todos os trabalhos de viabilizao.mas tambem consrruo dos novos eif_clos: "A escolha racional do terreno de umanova construo to dependente do conhe_clmento que se pode ter dos dados relat ivosas tormaes geolgicas e das faci l idades queelas o,erecem, que o gemetra dever recor_rer ao gelogo a fim de completar seu planoa este respeito" .20 para o arquiteto, a uiilida_de maior destes dados ser poder onsiaeiroe antemo ',todas as futuras relaes da1.r3"' ' g poder assim ajusrar seu p.ojero aosclados tecnicos e geolgicos do.ambinre.Frente a tantas possibilidades abertas pelo sur-veys podemos estranhar que ele no o"up.um melhor lugar nas histrias do urbanismo.talvez pela razo negativa de que com ele

    junto de pontos de apoio naturais da consrru-ao. Lrllerentemente dos planos utilizados nopassado, e que serviam sbrerudo p"r. i.eu-lamentar alinhamentos, pu..

    .ir.u'n i.i.u.? -odesenvolvimento das construes, ou ainda svezes para certos trabalhos de embelezamento _fun^es negativas ou ornamentais

    -, o lui"ymodjfica o regime geral da construo inscvenoo-a num novo ambiente feito de compo-nentes geolgicos e rgos tecnicos. So asJrnes positivas do survey, o faro de que eled a todos os construtores uma srie delnfor_maes teis economia da construo, quefazem dele uma configurao mais o'pe.a_nal oo que os antigos planos.

    P.or um outro lado, reduzida a dados geol_grcos e .ecnlcos, a densidade histrica dl ci_dade entra em curto-circuito, o apelo aos da-dos sensiveis fica descartado, o irbano ficabanalizado em benefcio de novas configur_es operacionais.

    Esta dissoluo da cidade em beneficio deuma concepo do urbano como meio, ondese entrecruzam os rgos da maquinaria ur_oana e os componentes fisicos de um terreno.parece.ter sido freqentemente negligencia_do. Sobretudo na Frana, onde oJ gianclestrabalhos haussmannianos deslocarami ar en-o para as obras monumentais, que no pa-recem caracterizar com mais pertinncia o queconstitui a originalidade do urbanismo no_derno. Mas preciso se perguntar se o urba-nismo haussmanniano, pela prpria impor_tncia que arribuiu ao espetculo;no foi, naongem. uma dupla confuso.

    Uma primeira confuso liga-se imagem es_petacular que Napoleo III e Haussmnn de-ram a obras.sanitrias que, em outros luga-res, e na lnglaterra notadamente. foram re: i_lizadas independentemente de qualquer pro-cura por efeitos visuais e mesmo sem aoelarpara nenhum dado sensivel. portanro. o quefaz a originalidade e a modernidade das cn-cepes urbanas inglesas - esta ruptura com-Dleta com o sensvel, tanto ao nivel dos mo-tivos que decidiram estas obras sanitrias.quanto a nvel dos meios empregados paraatingi{as

    - mascarada na Frn, por umaprocura de visibilidade mais de ordem arcai-ca que moderna. A otra confuso Drovoca-da pelas obras hausmannianas que, peloprprio fato de suas dimenses espetacula-res, freqentemente tendeu-se a somente re- :gistrar seus efeitos negativos: demolies, des- itruio da velha Paris erc.. . I

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    . doo qg so[o, um fluxo suficiente n; ;;;;r..,qT?oq da& que as sujeiras se acumularo

    ;'desaparce too u-te de dados sensveis!u.,.por muito tempo tiveram um papel no

    civel nos trabalhos de planejamentoguiando assim a implanto as cons-No somenre o survey prmite, inde-

    :nqentemente de todo contato sensvel comle-rleno, a implantao de um edifcio e (...)$ej.proje-to, mas ainda, eliminando td

    sensivel, permite utilizar um con-

  • ;iEsp4o A DebaFs o 34

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    'As maquinarias ingtesas O cor*o

    O que oo foi mto notado gue esta percePo s nostram aspecto menor e quase mar-ginat do urbanisoo moderno e que o urbanis-mo moderno Do nasce com estes avanos'mas com as tecnicas que permitem compreen-der e quantificar certos fenmenos urbanos,fabric novas imagens da cidade, captar edistribr gva, organizar a drenagem' mastambm iluminar as nras, vigiar os habitantesetc. Deve-se, portanto, pergunar se' de fato,a histria da cidade, Paris, Londres ou Ber-lim, no foi muito freqentemente confundi-da com a histria do urbanismo, abrindo as-sim a possibilidade de uma leitura negativa dahistria urbana. Para evitar uma tal confu-so, nos pesamos que preciso distinguirmais claramente o desenvolvimento de um sa-ber e de uma tecnologia do urbano, a partir dofim do seculo XVIII, dos seus efeitos sobre amaterialidade urbana encarada em sua densi-dade histrica e seu contorno sensivel.

    r$reoe ser Botada, ainda mais que estagra se relaciona com as grandes obras de

    Novos atores

    Apenas seguindo o movimento mais aparen-te, nota-se que o desenvolvimento do apare-lho de saneamento somente se opera se umnmero imponante de servios tradicional-mente assegurados por pc;uenos oficios oupelos prprios habitantes for assumido pornovos atores. Numa primeira etapa, trata-sefreqentemente de companhias privadas queobtm ou pelo menos procuram obter mono-plios e, numa segunda etapa, do Estado quemtas vezes substitui as companhias priva-das e torna-se o principal gestor destes servios.Esta evoluo assume um aspecto tcnico,econmico e poltico. No se pode, a princ-pio, encar-la independentemente da sua di-menso tcnica j que a transferncia de res-ponsabilidade freqentemente favorecida pe-lo desenvolvimento de aparelhos que inter-vm na economia de um servio. A tendncia mecanizao. que geral, no se manifestasem que intenenham novas competncias, no-vos saberes, novas fontes de financiamento.No que concerne concepo mesma de salu-bridade, possvel notar que se, na primeirametade do sculo XIX. os mdicos continuama ter um papel importante no desenvolvimen-to de uma nova sensibilidade em relao aourbano e s habitaes em particular, so osengenheiros. contudo, aqueies que so res-ponsveis por trazer uma resposta prtica aosproblemas desencadeados pela falta de higiene.Por isso, do saber deles que depende essen-cialmente o novo modo de gesto urbana quese esboa nsia epoca: "As grandes medidasde preveno - a drenagem, a viabilizaodas ruas e das casas graas gua e melho-ria do sistema de esgotos, a adoo de umsistema mais eficaz de coleta de lixo - sooperaes que recorrem cincia do enge-nheiro e no do medico, que tinha cumpridosua taref quando assinalou quais as doenasque resultaram de carncias neste domnio equando alir-iou o sofrimento das viimas".2aComo conseqncia da importncia crescenteque tomou o aparato cientfico no funciona-mento da cidade, numerosos outros atores tam-bm so subsritudos por engenheiros: "os tra-balhos de drenagem so muito freqentemen-te considerados como no podendo mais se'rem aprimorados pela aplicaao de princpioscientficos, e de fato caem em mos de comer-ciantes e outras fontes interessadas, na maio-ria das vezes incapazes de conceber ou execu-tar o trabalho de maneira realmente ti1".25

    Evoluo que possui tambm um carter eco-nmico, pois quanto mais o investimento pesado, mais o Estado tende a ter um papelmaior no seio da empreitada26 urbana, vistoque dispe de facilidades financeiras e poderesque os grupos privados no tm. Na poca daspesquisas, os principios sobre os quais estavabaseada a interveno do poder pblico eramde trs ordens. De ordem tcnica: somente oEstado era capaz de coordenar os diversossetores e os diversos rgos do sistema sanit-rio. "A questo da drenagem e a questo deaduo de gua so... to dependentes uma daoutra que eu no posso compreender como possivel encaras separadamente; o estadodas vias, assim como o que custa mant-las,dependem de tal maneira de uma drenasemeficaz que h, ao nvel mesmo dos dados Tsi-cos do problema, uma razo evidente paracombinar tudo como uma s direo".2i Deordem econmica: esta coordenao deve per-mitir reduzir o custo do financiamento do aoa-relho de saneamento e conseoentement opreo dos servios oferecidos aos habitantes;sem esquecer que o Estado dispe de capitaiscom taxas de juros menores. De ordem polti-ca enfim: s o Estado dispe do poder neces-sArlo para lmpor aos proprietrios e aos cons-trutores novas normas de saneamento.

    tavam mais limpas e que as doenas erammenos freqentes. Uma outra vantagem foi asupresso dos amontoamentos de gente emvolta dos chafar izes pbl icos. EmNewcastle-on-Tyne, onde h chafarizes e on-de as mocinhas so obrigadas a se espremerentre desconhecidos, o resultado degradante".2s Por outro lado, os pesquisa-dores analisaro as vantagens deste dispositi-vo (gua corrente) em relao ao sistem cls-sico dos carregadores de gua: ..a casa ficaexposta aos carregadores a qualquer hora dodia, eles podem se ligar aos empregados eassim se apropriar das sobras de comida, quan-do no servem como intermedirios de cor-respondncias proibidas. Eles lotam as ruaspara a inconvenincia dos transeuntes assimcomo as escadarias so constantemente per-turbadas pela sua passagem..."2s '

    A reorganizao de um servio permite aquioperar uma reforma sensvel nos hbiros do-msticos e extra-domesticos: so favorecidosgestos e hbitos cujos efeitos sobre a preser-

    .vao da sade so constatados, conrola-se acircuao das pessoas privatizando a circula-o da gua. Enquanto a antiga polcia urba-na visava sobretudo vigilncia das prricase funcionava sob o regime do proibido e datolerncia, a nova polcia investe sempre maisno interior dos dispositivos tcnicos, onde ocontrole e o funcionamento dos servios ne-cessrios existncia dos habitantes tendem atornar-se uma s e mesma coisa.Nos anos 1840 e 1850, um modelo permit iapensar as condies e os efeitos de uml re-forma das prticas domsticas pela melhilriado conforto das habitaes: e aquela pro-posta por alguns industriais e agricuhores in-geses que, h mais de um sculo, explora-vam o habirat.

    O conforo: uma discipl in suave

    A experincia dosempregadores-senhoriosO que agricultores e industriais ingleses dosculo XVIII e comeo do sculo XIX desco-briram e que outros vieram a perceber nomomento das pesquisas uma prtica queconsiste em assegurar.a moradia para os em-pregados, prtica que j era amplamente co-nhecida em publicaes do tipo "relatriospara melhoria dos pobres":0 a que numero-sas obras fazem referncia, John Aikin. em

    Por todas estas razes, ainda interessantenotar que se, mesmo na Inglaterra. o desenhourbano no externo empreirada de sanea-mento, nunca em relao a uma procura porefeitos visuais que ele se transiorma, mas simem relao eslrita com um conjunto de dadostcnicos e econmicos ligados ao modo defuncionamento deste aparelho. Por ocasiodas pesquisas, um engenheiro, \\'. Butler, aoser convidado a emitir sua opinio sobre amaneira conveniene de organizar a futura ex-panso da cidade, dir: "eu ptnso que o planode sir Christopher \\'ren para a reconstruode Londres pode servir de exemplo. ilustrandoas vantagens de uma planiiica:o racional dossubrbios e dos novos bairros. Ele permitereduzir distncias instaurando um sistema decomunicaes por vias diagonais. E estas viasdiagonais, penetrando todas as zonas cons-trudas, facilitam a circulaco dos ventos edos raios benficos do sol".:3 Nos anos184G1850, enconramos por roda parte estaexigncia de adequao do desenho urbano lgica destes elemenos

    - o ar e a luz - e dos

    condutores deelementos - canaizaes de gua

    e esgotos -

    sem esquecer o fluro de pessoas eveculos. Se, de um lado, o piano de Wrenpermite conjugar harmoniosamente as exign-cias de salubridade e a comunicao, de ou-

    . !ro,_o- survgy permite con j ugar os componen_-

    em reliao cidade histrica e sensivel

    Compreende-se agora melhor porque o nas-cimento do habitat como domnio de inter-veno poltica traduz de fato a mudana pro-funda de um largo setor da economia urba-na, todo um processo de reorganizao dosservios e redi i tr buio de respnsabii idades.Considerando o habitat anenas sob a formade um empreitada visando a construo decasas, perde-se portanto o essencial, este no-vo regime que se impe a toda economia ur-bana e aos servios que intervm na econo-mia domstica, em part icular. E pelo canaldestes novos servios que o Estado vai seapoderar da organiia das prricas doms-ticas e saber conduz-las na direco deseiada.Assim, no momento em que os'pesquisaoresingleses refletiram sobre s vantaeens de umadistribuio de gua sob presso, a domici-Ito, as incidncias desta tcnica sero avalia-das sob um duplo ponto de vista. De umlado, eles procuraro medir a influncia daagua corrente sobre os hbitos domesticos:

    :.

    .1

    l

    tes fhims do soto e o regimda construo. Ea autonomia deste modo de gerar formas ur-

    Em que os hbitos dos operrios foram in-pela introduo de gua corrente

    suas casas? Em Nottingham, a melhoriaasseio pessoal foi a principio muito clara,

    constatar de maneira evidente nas

    jiintroduzidas em volta das casas.

    , Os mdicos relataram que as casas es-r45

  • . .

    r - .

    Espao & Debdes no 34 - 1991 As maquinarias ingless do conono

    seu estsdo sobre a regio de Manchester, re-lata que Robert Peel, um estampador de te-cidos de algodo, que utilizava tcnicas deproduo as mais modernas, tinha construido casas pam ses operrios "formando ruasque trn aparncia de uma aldeia".3r EmBlanchard, em Northumberland, os Crewe,em1752, construiram uma aldeia modelo pa-ra seus empregados, onde os Quakers cuida-yem das escolas, das lojas e do seguro-doen-a. Entre 1745 e 1845, mais de 150 novasaldeias aparecem na Esccia. Morrisron(1790-1796), outra aldeia modelo, foi obra deum industrial, sir John Morris, e de um en-genheiro civil que trabalhou sob suas ordens,William Edwards. A aldeia foi construida ten-do por base um plano em xadrez e previa oloteamento padro dos terrenos a construir.Os terrenos e o direito de construir habita-es cabiam piiorirariamente aos melhores ope-rrios; os "rcni:os superiores" beneficiaram-se de terrencs maiores "que deleriam ser su-ficientes para criai uma vaca"; alem disso, aaldeia dispunha de rede de esgotos.32

    Henri Aschs'onh. um industrial entrevistadoduranie a enquete de Chadn'ick, expiicou co-mo foi levado a se interessar peia moradia deseus operrics. Ele disse que sobretudo noinicio da era indusrrial, aqueles que se lana-ram na inristria do algodo s dispunhamde um capital reciuzido que eles investiramprioritariamente eal mquinas. As famliasatraidas pea es;,e:anca de um emprego seamontoavam enrc onde bem oodiam. comopodiam, se-cuniu o que havia na vizinhanca.Aconteceu que proprietrios locais construi-ram ento moraiiias de aluguel: "em tais oca-sies, a considr;aio que prevalecia no eraa melhoria da sade e do confono dos ocu-pantes, mas a possibilidade de construir ummaior nmero de corrage.s possivel com o m-nimo de terreno e despesas".J3

    Mas, diz H. Aschuorth, tais casas no podiamnunca se tornar confortveis e qualquer quefosse o salrio dos ocuoantes estes ltimospreferiam os bares a sus casas; sem contarque nada era feito pela educao das crianas.Nos anos 1830" H. Aschworth props, por

    nem distino individual foi feita, nunca fo-ram consideradas como intruses; geralmenteanunciadas com uma semana ou duas de ante-cedncia, provocam uma competio interes-sante entre aqueles cujo mveis ou roupas dec:tma estavam em melhores condies..."34

    Em 1842, W. Cooke Taylor sublinhara a eficcia do sistema elaborado por H, Aschworth."Os operrios me disseram que a autorizaopara alugar w cottage era considerada umprivilgio e um favor e que de fato era umareconipensa ao zelo, honestidade, ao come-dimento e que todo locatrio acusado de vicioe imoralidade era imediatamente despejado" .35Como obsen'ar mais alm W. Cooke Ta-ylor, a eficcia de um tal sistema repousa,antes de mais nada, no duplo vnculo quesujeita o empregado a seu patro-senhorio:"O interesse do proprietrio quanto sade, moralidade e prosperidade daqueles queemprega evidente e imediato; a maioria dostrabalhadores se liga a ele como empregado ecomo locatrio, duas partes de seu capitalso invesridas em cada familia e toda injusti-a comerida na fbrica tem repercusses ime-diatas na locao do cottage.36

    O que d um carter extremado s experin-cias de Ne*-Lanark (1800) e Mellors (1787) terem querido multiplicar ao infinito os vn-culos suscetiveis de consolidar a solidarieda-de dos operrios em relao empresa deseus pares. R. Owen fez construir em New-Lanark no somente habitaes, mas tam-bm escolas, lojas, igrejas, sales de dana,salas de leirura, de artesanato e um institutopara a formao do carter onde sem dvidaaplicava-se a teoria segundo a qual "o car-ter formado para e no pelo indivduo, e asociedade dispe agora de meios e poder su-ficientes para formar, como convm, o car-ter de cada um".37

    Afirmao cujo discreto cinismo coloca bemem evidncia um dos desafios que pareciamanimar estes primeiros programas de habita-o popular. Programas cuja importncia de-veria se situar no nivel do que eles permltl'ram aprender sobre as reaes do pobre emrelao a diversos meios de presso. Tudofaz pensar que estas habitaes experimentalsfuncionaram como verdadeiros laboratrtosde psicologia onde se aprendeu que, entreoutras coisas, para controlar o compoamen-to de um indiduo, o mais eficaz dos instru-mentos no est necessariamente fora dele;dito de outra maneira. a Dartir do momento

    em que se tem o domnio sobre certas se-qncias de seu modo de satisfao corporal,este indivduo poder muito bem se tornar omelhor vigilante de si mesmo. Tais foram emtodo caso as lies que foram partilhadas,antes mesmo do fim do sculo XVIII, pelasassociaes inglesas interessadas na melhoriado conforto dos pobres. "A livre proprieda-de dos cottages e dos jardins no somentetende a fixar os proprietrios sua terra, mastambm a melhor segurana e melhor ga-rant ia de sua conduta".36

    Do conforto selvagem ao confortocivilizado"Visitando e examinando numerosas cida-des populares, tanto no curso das pesquisaspromovidas pela Comisso de Sade, comoem outras ocasies anteriores, notei como oshbitos morais, as condutas domsticas e ocomportamento do conjunto dos pobres soinfluenciados por seu entorno imediato e, an-tes de qualquer coisa, pelo conforto e des-conforto.. . " .3e

    objetos que oferecem um domnio sobre suavida, de modo que torna-se possivel control_la por meio deles. O conforto destinado areformar a economia do bem-estar, no proi_bindo, nem reprimindo, mas substituind ummodo de satisfao corporal cujos instrumen_tos e efeitos eram incontrolveis, por um bem-estar cujos meios de produo e os efeitospossam ser controlados e utilizados.Duas anedotas relatadas por mdicos duranteas pesquisas do uma idia bem concrera des-sas duas formas de bem-estar. O primeiro{rnos conta que uma mulher cujo servio eravender legumes caiu doente um dia e preferiusublocar a metade do leito que ela cupauanum quarto onde j moravam a proprietria evrios outros locatrios, a ir se tratar em umdispensrio. Esta pequena histria nos permi-te compreender duas coisas: primeiro, que umacategoria como o encortiamento encobre umfato essencial: a possibilidade de se reduzirsempre o gasto de um aluguel; mas tambmque o "desencortiamento" tende a tornarimpossvel uma tal ttica, individualizando sem-pre cada vez mais a moradia, aumentando aomesmo tempo as responsabilidades do locat-rio e os efeitos de sua doena ou de sua preguia.Robert Willis, que nos conta outra anedola.foi entrevistado pelos pesquisadores sobre ohorror que os pobres tinham em relao scorrentes de ar frio. Depois de reconhecerque os pobres tratam cuidadosamente de evi-t-las diz: "Meu veho mestre". dr. Gresorvde Edimburgo, quando visirava os pobrei co-meava sempre sua consulta quebrando umou duas vidraas com a bengala...".ar E pre-ferivel o ar frio vindo de fora ao calor doapinhamento e do confinamento, porque nc:somente este calor prejudica a sade e a mo-raidade do pobre como tambm no cria anecessidade de nenhum dispositivo tecnico ouepossibilite o domnio sobre sua vida.lnversamente, o conforto civilizado propeum modo de satisfao corporal cujo princi-pio fundamental a troca. Trocas afetivasno interior da moradia familiar, trocas eco-nmicas visto que o crescimento do bem-es-tar domstico e sensaes resultantes so sen-saes teis. Pouco a pouco, pensamos, obem-estar corporal torna-se indissocivel deuma vida em famlia, e a prpria familia as-sociada idia de um asa limpa e bem equi-pada, esta casa vai se constituir no indutorprincipal de mltiplos prrzeres regulados efortalecer aquele que, numa casa pobre, as-pira a ver melhor. "O marido v sua mulher

    O que deixam antever as pesquisas inglesasso as mil facetas de um conforto corooral"selvagem": o calor do encort iamento e doconfinamento, as drogas e o lcool, a vadia-gem pela rua, a promiscuidade, o anonimatodas lodging-houses (penses), a preguia queelege a sujeira mais do que o esforo. Ima-gem negra para tbdos aqueles que, desconhe-cendo os hbitos do pobre e suas tticas. svem a misria e deerioraco dos coroos.Para os mdicos que enrreianro confesamjamais ter escutado algum se queixar - ..qual-quer que seja a misria e o desconforto do-mstico, eu nunca ouvi uma s oueixa emdoze anos de pr1is6"ro

    - os efeitos esre con-forto selvagem so, sob rodos os ponros devista, negativos. No somente, dizem. por-que estes artifcios desagregam s relaes so-ciais e familiares, mais a'ind, os pobrei, trans-formados em seres letreicos ou doentes. tor-nam-se logo incapazes d-e rrabalhar e devem,

    sas razes, nofis casas, melhor construdas,a 6eus empregados, e comparando as antigas eas nov:ui habiraes do ponlo de vista de suainluncia sobrea sade de seus moradores e

    Itortanto, ser mantidos pela sociedade.O que visa o conforto que se deseja instalarna vida do pobre, melhoiando suas condies

    moradia, reverter esta duola tendncia.o de outra maneira. reuertei o sentido das

    curvas materiais que, no seu ambiente,como ladeiras onde ele se deixa escorresart certas satisfaes corporais; fazer cm

    da eoonomia domstica, ele experimentou con-nte as vantagens de umas em relaco al'Estas visitas peridicas foram repeti-flc en aoo e como nenhuma seleo, a procura por estas satisfaes passe por

    47

  • EspP & Debae no 34 - 19f1 As maquinarias ingles:s do onfor

    e sua famlia melhor insalados que antes' pos- ua" ca." e um jardim mais agradveis'isto o eocor.ja a trabalhar e, medida em queele se torna mais respeitvel' torna-se cons-

    "i"ot" q* tem alguma coisa a perder' Ento'

    "i p&t" importante aringida' Tendo ad-

    ouirio oertas vantgens, ele se Preocupa emnser"a+s e em melhor-las".a3 O confortopropaga um modo de vida que, sabemos' com-- uncientes satisfaes materiais para fi-xar ouem se acostuma aos melos que sao pro-posts para produz-las e reproduz-las'

    Por estas razes, os meios suscetiveis de orien-u um certo modo de satisfao do corpodevem estar ao alcance da mo' ser' por rs-sim dizer, uma inciinao do corpo antes mes-mo de ser uma inclinao do esprito. A guacorrente a domiclio permite ganhar tempo,economizar foras, evitar o caminho que eoreciso percorre sempre para buscar guaiora. " um fato geral e bem conhecido:mesmo se a disrncia a percorrer desprezi-vel, isto e suficiente para contrariar o usoregular de gua".# So as economias de tem-po-, de energia e de tenses que vo desenhara rampa onde se pode fazer escorregar o po-bre em direo a oulros comportamentos; noprobir nada. mas substituir o que servia desuporte aos maus hbiros por um ambienteque consolide os bons hbitos. Mais gua'um interior fcil de limpar, aerar e aquecer' isto que abre o caminho para novas prticas'

    Dar a cada um mais espaco, mais intimidade.limpeza, confono. no constitui a famiia,mas cria o ambiente falorvel a seu desen-volvimento. "Uma casa iimpa, bem arruma-da, exerce sobre seus ocupantes no somenteuma influncia fsica, mas tambm moral queconduz cada membro da famlia a tornar-semdis moderado, calmo. mais preocupado comos senlimentos e a feiicidade de cada um"'{5O que o conforto traz aqui uma possibili-dade de trocas afetivas reguiadas, o que eletenta bloquear o que a promiscuidade favo-recia, entre outros, os prazeres sexuais an-nimos e fceis. "Eu mesmo tive oportunida-de de ver um jovem de 20 anos que didiaseu leito com sua irm de 16 ou 17 anos. No de se espa.ntar que relaes incestuosas exis-tm' nstas circunstncias, quando solteiros,

    , homem e mulheres dividem o mesmo quarto,,1. d dormir: evidente ento oue as mulheres' se

    ntrg:rssem aos homens."k. .1. , : .

    na medida em que o espao e as tcIicas quepermitem assumir tal recusa tendem a desa-pa.ecer sob o efeito de presses mltiplas. Oonfono portanto um processo de invasoao qual no se pode resistir, mas cujos efei-tos so modulados segundo o lugar que ocu-pamos na sociedade. No nivel mais baixo, apresso mxima.

    Se o conforto uma disciplina doce porqueas sensaes de bem-esar autorizadas por seuintermdio e que ele tem a funo de incitarso sensaes cujos meios de produo sopossiveis de serem dominados e cujos efeitospodem ser utilizados, porque pode-se prevera que o conforto vai reduzir aquele que oprocura e a ele se acostuma' Asslm' os equl-pamentos do conforto (casa, gua corrente,quecimento etc...) tm efeitos cuja produ-o escapa em grande parte queles que osutilizam- porque apenas o dinheiro e' conse-qentemente para o pobre, o trabalho,

    -tmum poder sobre eles. O que no quer dizerque s meios tradicionais utiizados peos po-bres para controlar seu ambiente e viver nacidade pelo menor custo no passem pelo di-nheiro. mas sim, que sempre foi possvel con-trolar ou colocar esta relao em curto-clr-cuito. De outro modo, enquanto foi possivelsublocar a metade de uma cama para evitaro hospiml, ou o trabalho' aquecer-se comlcool ou com outros corpos' reduzir tensesinseparr'eis da coabitao, consumindo pioo'ou vivendo na rua, poder ir buscar gua norio, os pobres ofereciam a todos aqueles queoueriam conrrollos menos possibilidades dedominar suas vidas. Da, pelo menos no co-meo. a desconfiana manifestada por algunscom relao aos mltiplos atores interessadosna melhoria de suas condies. Comentandoum anigo do Morning Chronicle. de 1849'oue rerminava com estas frases: "E bem ver-dade que neste sculo XIX, sob a proteodas leii inglesas e na cidade mesma da liber-dade civitl a opresso mais insustentvel ainda praticada em grande escala. Opressoque por ser praticada sob a forma mais insidio, ne* por isso menos cruel", W. M'Shaw dizia: -"E esta opresso no tambmexercida pelos ministros de sua Majestade?oelos bispos e pelo clero? pelos magistrados?pelos comits e sociedades bblicas? Sim' porqueles mesmo que so nomeados e indica-ds como guardies dos Pobres?".4

    Opresso doce e insidiosa, o conforto vai su-jeitar os pobres a um duplo controle: umcontrole econmico pelo vis dos instrumentos

    que so propostos para produz-lo; um con-trole poltico visto que, passando para o cam-po dos que tm alguma coisa a perder, ospobres tornam-se acessiveis, quando no soli-drios de polticas de defesa da propriedadeou da "qualidade de vida". Controles cujoslimites no so percebidos, j que o confortonunca provoca um fenmeno qualquer de sa-turao, sempre h novos elementos para com-plet-lo, intensific-lo, aperfeioJo, diversi-fic-lo. Os equipamentos domsticos, cuja s-rie sem fim constitui o registro autorizado detodas as modalidades de conforto possivel,so outras tantas linhas de fuga interiores emtorno das quais se faz e se reconstri semcessar "a casa",

    Arquitetura: um mundo de efeitos fsicosSe, no sculo XVIII, a questo da arquiteturadas habitaes figurava como uma dimensoda poltica urbana, era somente de forma obli-qua e negativa. Tratava-se ento de limitar oraa altura, ora os desenvolvimentos externos dosedificios. ou ainda circunscrever o crescimen-ro da cidade e de sua populao, coibindo aexpanso das habitaes nos subrbios.No sculo XIX, os problemas arquitetnicosque vo surgir com a questo da moradia sode uma natureza completamente diferente. Pri-meiro, porque sero funes positivas as quesero agora confiadas ao espao arquitetni-co, mas tambem porque estas funes com-preendem tambem a concepo do conjuntodo edifcio e de seu entorno imediato. Se es-tas questes mobilizam um certo saber arqui-tetnico, e preciso tambem notar que estesaber, porque repousa sobre novos procedi-mentos de apreenso do espao, vai se desen-volver fora das normas e modelos tradicio-nais e freqentemente contra eles, subverten-do assim toda a economia do saber arouie-tnico anlerio.

    primeiros a, ressaltar, quando dene o quetorna uma habitao popular cmoda, .,-moda devido proporo que deve ser obser-vada entre o tamanho do cottagee o tamanhode famlia que o habita: deve-se ter um quartopara os pais, um outro para as filhas e umterceiro para os meninos".aePrincipio queorien-ta tambm um plano de habitao coletivaconcebido por John Loudon para solteiros em1818: "Cada andar conter oito apartamen-tos separados, e cada apartamento dispor deuma sala de estar..., um quarto de dormir eum banheiro com um lavatrio e um WC... "50

    Por um outro lado, uma separao das fam-lias cujas modalidades so muito mais com-plexas e com relao qual se defrontampartidrios de casas individuais e partidriosde imveis coletivos (blocos de apartamen-tos). Os defensores do sistema de casas indi-viduais ressaltam, em geral, que um tal siste-ma tem o duplo mrito de melhor responders aspiraes da populao e de tornar inrila cuslosa vigilncia,-difcil devido reuniodas vrias famlias. E notadamenre a opiniode Chadwick no final de sua pesquisa sobre ascondies sanitrias da populao inglesa. "Du-rante esta pesquisa, pudemos constatar, emvrias ocasies, as desordens advindas da gran-de proximidade das residncias. No que con-cerne aos prdios alugados mobiliados e ascasas de aluguel habitadas por vrias fam-lias... a experincia tende a mostrar que parapreservar a ordem em tais comunidades, epreciso um poder e uma disciplina quase toseveros como no exrcito, e enquanto estapopulao permanecer mal educada. prefe-rivel evitar toda disposio que resulte numcontato muito estreito entre as famlias".5rQuanto aos partidrios da habitao coletiva,eles visam tambm economia, mas econo-mia dos equipamentos e do espao, j que umtal sistema oferece a possibilidade de distri-buir um nmero de servios a um custo infe-rior ao referente a moradias separadas, con-sumindo menos espao. Quando entrevista-ram o arquiteto W. Hosking, os pesquisado-res ingleses que participaram de segunda gran-de pesquisa sobre estes problemas pergunta-ram se era possvel conceber um espao ondea individualizao das moradias fosse compa-tivel com esta economia dos servios. "O se-nhor no v obstculo maior em se manter aindependncia de cada famlia se forem intro-duzidas certas melhorias, certo conforto?".12

    De maneira geral, parece portanto que a fun-o distributiva da arquitetura repousa sobre

    : ii li i

    rii

    ,

    ,

    Quais so estas funes posirivas? Primeiro,uma funo que poderia se qualificar de dis-tributiva. O que se espera do espao arquire-tnico que ele oriente uma distr ibuio orde-nada dos indivduos uns em relaco aos ou-

    os, tanto em reaco a moradias destinadassolteiros, onde caa individuo deve poder se

    dos outros, como em relao a distri-dos indivduos no inrerior da habita-

    familiar e das familias umas em relao stutras. De um lado, uma separao entre se-1,.Se o coorto uma arma poderosa, por-

    4tinge uma forma de bem-estar que , idades, pais e filhos uja importncian Wood, um arquiteto ingls, ser um dos&eja nem tem meios de recusar,

    49

  • As maguinarias inglesas do conoto

    oduDlopoderqueo6paoarquitetnicotem ryttgt@ de auto-assistncia' mas com-

    de orientar o modo d" di#i";;; p*tt rt-;; raiutm porque os efeitos plenos

    atravs da partio d. lo""i;;i'i'iuoi"o desre mg:aniso permanecem subordinados

    esoacial dos servioc. r-l"iit-" piipio.iut indiii""1;-;ao espacial dos servios distri-

    iustifca a oarti@o a* *p"'i"Jtqot* 5 hridm po st aparelho'

    ;rm*s.*Hsri:#j:ffi: sryunda funo confiada arquitetura das quais fala cbadwick;^--..1, i"iir"ia"o

    ,*"-ru"a" p.tic". o que se espera do es-

    oara cada um e trocls u"ti"u' iotn"' "n- 5c" ""er'onico-da moradia e que ele fa-

    ire todos -, o principio qt;';;i";;;;;;t-;'t orire a ratiza*o dos gestos domesticos que

    distribuio dos rerrio, e;;;;i;;;;*- descm ser desenrolvidos' notadamente os ges-

    que os motivos suuiacenreiiSg .* 1i-". T: : S"Tffi--t"$|;;t"'JiL; :3"3:":dida contraditrios- Contradio,enlle,l:3n^ :'; ;psrdo cmdo da casa deve sertade de economizar 9

    "sPu91 ll-lt:i:^t '*"o1. g:arde para que os mveis que secusto de instalao e funcionamento oo apa- *,.tt"

    -io=. oo ocupem muito lugar e im-

    i"no Oo confono, e a vontade a t:9".* i9 #- "

    i'-t a*" que deue manterl limpe-rni"i-o possivel o disposirivo.dt

    "ieilii:iifi ,;;;pon,r, principalmente os n-favorecer o investimento aletlvo na naDlraau s.uloi e rebairos..-. os pisos devem ser execu-pelos seus ocupartes dando-lhes uma maro ird.t .r* mareriais sidos e que permitemindependncia. Porque no nos esqueamos ,'mz ra-iu--a fciI".56 Em outro texo le-seque antes de tudo desta ligao clo po.Dre . "* l.r=r-s obscuros, os quaninhos, osrn t.u domiciio que se espe-ra os etellos ,* . ,.."'tos. tudo o que necessitar decorretivos: quano mais o trabalhaclor,Iaz oe q-a_nle= t-:iciados dirios deve ser evitado.'sua casa o seu lar, melhor ser para ete' sua * fra11a c:il: a lmpeza e mais genericamentefamlia e toda a com,'lidade".5o

    .Q.ra' como i* -

    g:*os de iimpeza constituem as prin-sublinhava C. J. B. Adlis. um mdico entre- Soars aj:j,aJgs que se reconhece no interiorvistado no Firs repon (Primeiro relatorto)' d auU**". des no so os nicos a ter a

    "rt.nu.rtirn.nro aferivo da casa no deve ser ."o :tt da'q pessoas"'sEracssos parece sef simplesmente que a inde-pJe".iu-a"t locatirios no foi respeitada' Es;: l:aiia:ia do espao arquitetnico em seitisinstituies foram concebidas sob o mo- ::=::ie:

    'a iro dos gestos domesticos para

    elo de hospiais e outras instituies de cari- :ar-t:g-=: su: ::alizao tem relao com'ou-ade. Os WCr, o, banheiros, a gua e outras =o :qo.jfi3L:o que se esboa.nu P.t*u 9l^::comodidades sendo de uso comunitrio e os Ja: qu- ris: introduo.de obJeto,s'ulersuttaiit sempre esbarrando uns nos outros sratoia-'a-'i-luesdomsticas' Ducpettaux"ptno.uu"* problemas contnuos e' conse- d:fi:dr:' n"r' anigo consagrad,o^aot:t:iti.nt".nt., surgiu a necessidade de se esta- ie e--ono::ri: domstica e d-e higiene' os oDJe-belecer um controle-.. 'fais instituies para :o. utris riia domestica. Na categoria "m-obter um resulado devem se desvencilhar de 'r:ei; e alrard.hos domsticos" encontram-setoda aparncia ae carioe u purn.tirrno.

    "*i.* l.minrias, t,?":it]"t^g:^11"1;

    o objtivo deve ser tornar o locatrio ro ierra' colnn-a e louas' movels' oDjeros uindependente . .op"o*tti quanto possivel' finpeza e higicne e material para consertosos interesses . o, i"aui, pirro"g, is rrns e muien.ao- L.tensilios *1"*::lid,:,*: Lioutros no devem inrerferir. Tudo que for

    'ressirias so descritas por Ducpel,laux:

    '.^!

    mento de pertinncia a um lugar: "os m-veis decorativos, ainda que no sejam de usoindispensvel, tm entretanto uma utilidadereal. Mesmo aqueles que so apenas simplesornamentos, no devem ser excludos do qua-dro da economia domstica, se pensarmosque tudo o que contribui para tornar o 'seular' agradvel, por unir de novo o chefe dafamlia sua casa, por fazer com que retor-ne a ela com prazer, exerce sobre o bem-estar e a felicidade do casal uma influnciaincontestvel".Da introduo da gua corrente nas habita-es a outros servios que, conjugando-se coma arquitetura e com aparelhos domsticos,constituem a seqncia tcnica necessria higiene, pode-se, portanto, traar uma linhaque mostraria como os gestos de higiene sofavorecidos, incitados, assegurando assim,atravs do mais banal, uma ascendncia so-bre o mais cotidiano.

    A terceira funo que se atribui arquitetura uma funo climtica. Funo que vai sereferir tanto ao ar e luz. como a esses con-dutores de fluidos que so as canalizaes degua e gs. De um lado, vemos o projeto dahabitao se redefinir para permitir a capta-o e circulao da luz, enquanto que, deoutro lado, so pensadas as modalidades deincorporao das diversas canalizaes es-trutura do edifcio.

    Se para o dr. Voillot "o primeiro princpio emmatria de sale a fruio do ar e da luz",6reste principio amplamente compartilhadopor todos aqueles que intervm poca, naquesto da habitao, e nunca se insistir de-mais na importncia que estas consideraestiveram ao longo da primeira metade do scu-lo XIX, tanto no que concerne arquitettrracomo em relao ao entorno da habitao.No existe uma s obra de arquitetura ou dehigiene que no dedique um ugar preponde-rante a esta funo fisica das formas e as

    truo nas pesquisas inglesas de 1844 e 1845,duas tratam da circulao do.ar.Se a questo da incorporao de um sistemade distribuio e evacuao da gua no corpoarquitetnico da habitao to traz uma re-definio to sensvel das formas arquitetni-cas, que as casas antigas so freqentemen-te julgadas como incapazes de suportar umatal instalao. E o que assinalado por P. S.Girard, engenheiro chefe do servio munici-pal da cidade de Paris, em 1831. "A naturezados materiais que ns utilizamos na constru-o de nossas habitaes, a maneira comoelas so distribudas, os costumes e os hbitos dos locatrios que moram nessas casasso... tambm carsas que se opem ao esta-belecimento da distribuio de gua a domi-clio em seus andares. Toda quantidade degua que exceder quela necessria s neces-sidades individuais e que somos obrigados afazer escoar como suprflua, s servir nointerior das casas de aluguel para acelerarsua runa e acarretar reparaes dispendiosaspara seus proprietrios".s Girard faz aquireferncia aos desgastes possveis ocasiona-dos pela umidade nos tubos de metal e pelaruptura freqente de materiais que resistemmal a tais influncias.Destas trs funes, distributiva, prtica e cli-mtica, ns deduzimos portanto a maneirapela qual o corpo arquitetnico das habita-es vem se reorganizando em torno do corpoorgnico e familiar, em torno das funes egestos destes corpos, autorizados sob a egidedas necessidades, e que o espao arquitetnicodever regular em relao ao que a medicina ea teoria dos fluidos definem como principios enormas. De um lado a captao, a circulaoe a evacuao dos fluidos, de outro, a distri-buio das pessoas. So estas funes que cons-tituem a habitao como envoltria ampliadado corpo orgnico e familiar e que unem suamaterialidade aos rgos da maquinaria urba-na e a seu entorno espacial imediato.

    Para uma histria do universo domsticoA dificuldade que encontramos ao longo des-te estudo vinha da incerteza a respeito dasprprias fronteiras de nosso objetivo. Deve-ramos procurar apreender a evoluo da ca-sa na transformao de suas formas arquite-tnicas e, neste casor como fazer falar asformas, que no caso das habitaes tradiio-nais so freqentemente mudas; deveriamosadmitir que a evoluo da casa no coincide

    51

    ( ,UlI t S Ua(, ( ISVU Ulr rr l l . r uuv , , ! - ^, ,^t ,

    necett*6 p-seu conforto estando sua pmiso qw-todo mvel ou ^Tllillt";"q,i*disposiao, deve-se fazer o locatrio sentir que qu.r que seja' ap^resente "

    c?llt^1^"?":ii':tuo depeadera inteirmente de sua boa rida lonla- uso cmodo' manutenao Iaur onduta'f.55Compreeua.-i.prtr.ii..entece barara-"-'{o-mesmo tmp9:,et:-t:::1*:T:;

    'ffi;:fuan##H;ffiffi"'; '** o"

    poio ae i'iu ao seu impacto".

    *;,tr#i;; investimento ted"o *un "

    BE'ne das Pessoa,s,e d^",:ti1:it ro U uvDtr l t ru.u 4rLu'v gnt i_p9tnto di auto-vigilncia e, en de srs efeir sobre a consolldaao oo 51

    crrlao_que obriga a repensar no somente af9rma dos cmodos - " preciso tanto quan-possvel evitar aqui os cantos e os recan-

    nos quais o ar circula mal"62 - sua altu-as propores do edifcio com relao aosios interiores, a largura e a distribuiojanelas,8 ms igujment o entorno do

    arquitetnico. Dentre as cinco reco-

    ;. pesquisas realizadas na Inglatera contm ml-: !1Plas anlises a respeiro da circulao dos.;fluidos no inrerior d formas habiradas. Cir-

    que concluem o captulo sobre cons-

  • Espao & Deb[e6 no 34 ' 1911 As maquinarias inglesas do cofofio

    inteiramente com a evoluo de suas formas e*ii."to em direo a quais objetivos nossa*;"it" 6.ria s orientar? 0 universo do-ilitii.o dificil de ser circunscrito e se seusii-ii "it.tnicos definem bem uma fron-teira. considerar esses limites como o que cons-;iil t."* no seria, de sada, se condenar a

    "*-on., tudo a partir das formas? Mas

    iJ.o-*ot esta unidade fcil e.quase evi-;;t, o que sobra? Quais limites atri-uuii a ..o e quis outros objetos positivosescolher? Supondo que se procue,-em outrot. urn l imite' qual dominio ele dever cir-

    ".r-ns.t.u.t, o imvel que engloba o apana-

    -ntof o entorno do imvel? Deriva-se rapi-

    urn.nt. para a concluso de que a histria da*ru e tuUe. a histria da cidade e a tarefaitnu-t., ento, desmedida. Porque como noadmitir que o universo domstico igualmen-te constiiuido por todos os aparelhos que.oiazem funciona. e sem os quais ele no exitiriana forma que o conhecemos?

    Mas talvez o problema permanea mal ormu-lado e insolvel enquanto ns conservarmos aitn"*.* material d casa, que todas as crian-cas onhecem bem e em direo qual conver-.m e r. cristalizam ainda tantos desejos' pa-edes e janelas englobando um espao e obje-tos. uIILcontinente e um contedo' Em outraspalavras. no seria necessrio comeqar porontestar esta imagem, nos desfazer de suaoreqnncia: em uma paiaura, des-enri jecer aus. nui l i f icar, desconstru- la. r{as hesita-mos em liquidar com este suporte enquantonos Darece que para alm e para aquem tuoo es vzio, tagarel ice. Todavia a histria da ca-sa no comeo do sculo XIX nos ensina a queDonto a disrr ibuio da gua, do gs' a circu-laco do ar e da luz foram decisivos e maca-ram uma etapa imponante de sua evoluo'

    ooeradores de domesticao. Dentre estes ope-rdo.et, a arquitetura, lgico, mas lambma arte da jardinagem, o sistema de distribui-co de gua a domiclio, o banheiro, o aque-edor. as tecnicas de ventilao e iluminao;hoje, a garagem, o telefone, o rdio e a tele-vio e ioda-a srie dos equipamentos da ca-sa. Tcnicas e aparelhos que no foram, namaioria dos casos, inventados para a casa.ut qut deram lugar a aplicaes domsti-cas. Dstribuia-se a gua nas cidades por meiosmecnicos, bem antes que se sonhasse comuma distribuio de gua em cada domiclio;xistiam banhos pblicos, cinemas e meios decomunicao aperfeioados, bem antes- q-ueos banheiios, aleleviso, o rdio ou o telefo-ne tivessem invadido todas as casas'

    Fazer a histria do universo domstico seriaento fazer a histria dos mltiplos operado-res de domesticao; estudar em quais. cir-cunstncias, para responder a quais exign-cias, tcnicas e aparelhos deram lugar a ver-ses domsticas e quais circuitos prestaram-se sua difuso. O limite do universo domsticono seria mais dado pela arquitetura' ou aomenos, somente pela arquitetura' mas por tu-do oue permite operar a domesticao do uni-verso. rata-se tambm de definir o que seesoera do funcionamento organizado destesoeradores no meio do sculo XIX: a gua, oseigotos, as formas arquitetnicas' Poder-se-iaieialmente descrever o processo de domesti-co desses operadores', seguir o circuito que'no oue concerne aos mtodos de ventilao'nii or barcos aos hospitais, dos hospitais scasas. Analisar as condies de funcionamen-to destes operadores: a funo cimtjca dasformas arquitetnicas , no sculo XIX' indis-scivel d uma organizao do tecido urba-no; a gua corrent a domiclio, da introdu-co na c-idade de gigantescos aparelhos de cap-iao e distribuio, e a maioria de nossoseuipamentos domsticos modernos, da do-rnesiicaco de novas fontes de energia'

    Ouanto domesticao das prticas sexualsria necessrio considera, talvez, de umduolo ponto de vista: positivamente' fazendoo inventrio de tudo o que foi feito paratornar a sexualidade domstica fcil; negau-vamente, considerando todas as formas oe;i;ii";i, d. controle e de proibio que, defoia, tornam impossveis tais prticas' b por-que rs ruas, as margens dos rios' os espaosJ"iiot t vagos no podem mais funcionarcomo terrens propcios a multiplos compor-tamentos, que a habitao pode preencner

    esta funo de domesticao da sexualidadeque lhe atribuda, no comeo da era moder-na. De tal maneira que seu regime de funcio-namento parece aqu indissocivel do regimeao qual esto submetidos os outros rgos eos outros espaos que compem a cidade. Ea sexualidade apenas uma prtica entre ou-tras a sofrer esta represso de fora para den-tro. Que se pense em todas formas de ocupa-o das vias pblicas que subsisrem no scloXVIII, de que so testemunhas os relatos e asimagens sobre a cidade. Quer se trate de ma-teriais ou de mercadorias que era costumeserem estocadas nas ruas, de jogos infantis,de mulheres que estendiam a roupa em pra-as pblicas e que envolviam vizinhos e pas-santes em suas brigas ntimas. A habitaovai pouco a pouco acolher o que se situvafora, mas de um modo bem diferente, vistoque todas as atividades se desenvolvem emfamlia ou pelo menos num cenrio onde aconjuno das pessoas e das atividades obe-dece a uma lgica completamente diferentedaquela que existia entre os homens e seus _desejos, nas ruas. As formas arquitetnicas,o modo de distribuio dos servios vo dis-sociar o que era indiscriminado, privatizar oque era pblico, confinar o que se fanaao arlivre e modificar assim, pouco a pouco, todoo regime das prticas do habitante. A funodomesticadora das formas e dos servios de-ve portanto ser relacionada com um grandeempreendimento de reorientao autoritriade todo o terr irrio urbano.

    i, Estudar o funcionamento dos operadores dadom.esticao seria enfim considrar o regime

    f, tcnico ao qual se submetem. Assim, a funoI climtica da arquitetura se dilui na medida em

    que aparecem os oDeradores de controle am_- bjental: a venrilao mecnica, a iluminao.. eltrica, a climatizaco. Novas mouinas Lm

    relao s quais as formas arquiternicas de-: vem se reajustar, at por vezes perderem toda

    funo cl imrica prpria. No' l imire desre pro-cesso, a,arquitetura desaparece para dar lugar; ls envoltrias plsricas como mosrra bem o-

    .da uma srie d experincias recenres.

    dizer ento que o universo domsti-une, comunicando-os e domesticando-os.me.ga-aparelhos urbanos

    - gua, esgoto,, eletricidade

    - s formas arquiietOica

    a-arquitetnicas e a longa srie de ma-oe usu a moradia. por isso. sua evo-e_sua expanso seguem o desenvolvi-tlos dados tcnicos que a constiruem

    rnte, pode-se notar uma interdependncia ca-da vez mais sensvel entre o frn.ionmi"de todos os equipamentos domsticos e osmega-aparelhos urbanos. A distribuio degua corrente, e depois de gs e de eletricida-de, o telefone, o rdio e televiso. tradu-zem bem este processo lento de investimentonos

    -interiores por aparelhos que permitemsatisfazer necessidades ou desejos, xando cor-pos e reorganizando assim docemente todavida domstica e extra-domstica.S-e a. questo da gua tem aqui uma impor-tncia particular porque ela marca o ponrode partida desta nova histria da casa. Hisr-ria caracterizada de um lado por uma auto-nomia cada vez mais aparente da clula do- lmstica, a p_ar1ir da qual se pode captar a Ienergia, os fluidos, as mensagens e as ima- .gens de fora e viver assim uma quase-autu-quia; por outro, uma dependnca cada vezmais acentuada do habitante em relao a ,aparelhos que lhe permilem controlar se am-biente e sem os quais ele estar perdido, mascujo funcionamento lhe escapa no essencial.O que desfaz a cidade , sem dvida. estaprivatizao cadavez mais sensivel das prti- :cas do habitante, atravs de rodas as obera-es da domesticao; a ruptura de, um apso outro, todos os elos que asseguravam acomunicao de dentro e de fora. paradoxode um universo domestico em expanso, do-mesticando pouco a pouco todo o fora. todoo universo, mas sob uma forma controlada eestereotipada, enquanto a cidade continua ase tornar mais estrangeira, j que nada deessencial aconlece mais nela.Podemos prever deste ento o dia em que acasa que se tornou uma nave espacial, vaipermit ir at ingir rudo o que queremos buscarfora, inclusive o ar. "Voc quer dizer comisso gue companhias criadas especialmenre pa-ra isso fornecero ar para as casas?..."s

    Notasl. Chadwick, Repon to her Majesty,s principal secre-

    tary of state for the home deoanment from thepoor law commisioners on an inquiry into thesantary condtion of the labouring population ofG. 8., London, 1842. (Relatrio apresenrado aosecretrio do Interir de Sua Majestade pelos dele-gados da lei da mendicncia a respeito de umainvestigao sobre as condies sanitrias da popu-lao trabalhadora da Gr,Breranha, Londres, I 842).First report of the commissionen for inquiringinto the state of large towns and populous dis-

    Um dominio de estudo no se esboaria des-de logo a partir disto?, se se admite no mais

    'considerar o universo domstico como umacoisa, mas como um processo: o processo d-e"domesticao"? Domesticao desses flui-dos que so o ar, a gua, o calor, a luz;domesticao das prticas: higiene, vida fa-miliar, sexualidade. Domesticao destas pr-ticas, atravs da domesricao destes fluidos destes Iuidos atraves de novas formas e denoos aparelhos. Processo no interior do qual

    j.'h aquitetura tem um papel diferente do quefrlilha aatcriormente, mas onde ela apenas

    coponente, entre outros.aotes considerar o universo do-

    ;

    se constituindo atravs de multiplos o movimento mais apa-

    53

  • Espao & Debates no 34 - 1991

    tricts, london, 1E44. (Primciro relatrio dos co-ffi;tt ;;-i"""ttig"tt a situao de grandes.ia*. stritos populares, Londres' 1844)'Second rePort..., London, 18.45'

    2. Entre4riseno original (N'T')'3. EntrePtix no original (N'T)'4. Reprt rc her Maiesty's"'' p' 2O3'5. ReWt to her Majesty's"'' 9' 225'6. Second reporL.., pane II, apndice' p' 305'7. First repor..., dr. Sourhwood Smirh, p' 82'8. First report..., dr. Southwood Smith' p' 75'9. First repon..-' dr. Southwood Smith' p' 68'

    10. Repor to her Majesry's-..' p' 225'l l .F i rst report . . . ' apndice. municipio de Borough'

    relarri sobre sua condio sanitria feito peloreverendo J' Cla-v.

    12. "A Alemanha, dizem, conseguiu, pela aplica.oda cincia sanitria. reduzir a taxa de mortalidadedo errcito a 5 por 1.000 por ano, isto e. a menosda merade da tana de mortalidade que prevaleclana mesma poca entre a populao civi" - Chad-wick, in fhe health of nations, a revte ol tneworks of Ed. Chads'ick (A sade das naes' umareviso das obras de Ed. Chadwick), B' \\' ' Ri-chardson, Londres, 1887

    ' P' 270

    13. Organes machiniques no original (N'T )'14. Parenr Duchatelet, Ensaio sobre as cloacas ou es'

    goros da cidade de Paris' 1824.15. F. O. \\'ard, "Circulation or stagnation", 1856'

    in The health of naons-.. (A sade das naes"')'op. cir.. p. 297.

    16. Ibid, p. ZSt.17 . Frst eport..., P. 3 19.18. Cf. Francis D. Klingender, Art and the industrial

    revolution (Arte e a revoluo industrial), 1968'p. l0?.

    19. First repon..., P. 365.20. Firsr repon..., p. 3 '15.21. First repor..., p. l4E.22. Parasitage no original (N'T.).23. First report..., p. 381.24. Repon to her Majest)''s..., p. 341.25. Fint port..., p. 321.26. Entrepriseno original (N.T.)27. First report..., p. 386.28. First report..., p.302.29, First report . . . , p.361.3O. The repons of the society for beuering the cond'

    tion and increasing the comforts of te poor (Re-latrios da sociedade para melhoria das condiese aumento do conforto dos pobres), Londres(1798-1E05).

    3l.John Aikin, dacription of the contry from' thirty to fony miles round Manchester (Descrio

    dr rcSio compreendida entre trinta e quarentamilhrs ao rcdor de Manchesler), 1795, p. 268.

    32. Colin rnd Rosc Bcll, Cily athcrs (Os pais dacldrdc). 1972, p. 217.

    It. fcport ao her Merry'r..., p. 238.

    34. Ibid.35. \\I, Cooke Ta-vlor' Notes of a tour in the manu'

    facturing districts of l-ancashire (Notas sobre umaviagem os distriros industriais de Lancashire)'Londres, 1842. P. 32-

    36. W. Cooke Taylor, op. cit.' p. 163'37. Cf. Colin and Rose Bell, op. ci,.' p' 251'38. The reports of the society for bettering the condi'

    tion and increasing the comforts of the poor.(Re'lairios da sociedade para melhoria das condiese aumento do conforto dos pobres)' vol' 2' Lon-dres, 1798, P. 5?, aPndice.

    39. Second report..., apndice' pp' l3-14'40. Frst rePort..-, P.7!-41. Frst report . . . . P.332.42. First repor..., P. 203.43. Report rc her ltlajestl/s...' p.262'41. First repon.-.' P. 302.45. First repon.. . . P.81.46. First repon.. . , P.82.47. "O pio no estaria sendo uriliz:do em grande

    escala - escala bem maior do que poderia suporquem neo

    -esr a par desra realidade" ' First re'

    POrt . - . , P. is .48. w. M. Shaq.

    -'ln affectionate fleading for En-sland's oppressed female worker Nma defesa ca-iorosa da'perar ia opr imida inglesa) ' 1850' p ' l9 '

    49. J. Wood, A series of plans for cottages or habfta-tions of the labouter... (Uma serie de projerospara coragesou habitaes para o trabalhador"')'Londres, 1793. P.4.

    50. The builder' d*-elling for the working classes (Oconstruo, moiadia para as casses rrabalhado-ras), dez. l t {1. P. 33.

    5l . Report to let .\aiesl.r's...' p' 271'5). First rePon.. . . P. 1) .53. Report o ler a.iesl' 's..., p' l3l'5+. Robert Rarvlinson. ia Journal of the Societr of

    rts. mai. . lE-1.55. Firsr /'ePon.... P. '1f,0.56. Departamento do Sena, Relatorio tobe a saluorc

    dade das habitaes' 1832.57. Bouchard Huzard, Trait des constructtons rura'

    /es (Tratado das construes rurais)' 1863, p l-i'58. E/sam's desga for couages (Projeios para cotta-

    ges por Elsam). Londres, 1816, P 19'59. Ducptiaur. "\{useus permanentes de economta

    domsrica e de higiene".60. Art . c i t . ,9. 330.61. Dr. Voillor, Cartas sobre a imponncia de uma

    habitao salubre 1841.62. Piorry, Habitaes 1838' P E9'63. Cf. M' E. de la Querire, "ObserYaes sobe o

    regulamento da prefeitura de Ruo", in Ret ue oeI'rchtecture et des traraur pulics' 1845, p' 26-

    64. P. S. Girard, Simples comunicao sobre o estedo-

    -^*J ii is"o pblicas de Paris, Paris, 183 l' p' 34'

    65. First report..., 9. 235.