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Esta exposição pretende marcar o início dos eventos que assinalarão o Sesquicentenário da Elevação de Dom Pedrito à categoria de Vila - 1872 / 2022. Um percurso histórico evoca Etxebarria , a “terra do ferro”, local de origem de Don Pedro de Ansoategui , relacionando-a com Iñuvoti - ‘‘campo das flores” - como os primitivos povoadores chamavam o território do atual Dom Pedrito. Município da fronteira do Rio Grande do Sul com o Uruguai , seus campos se prestam à pecuária e à agricultura , em crescente expansão e diversificação , mas foram , no passado , cenários de ferrenhas batalhas e históricos tratados que, em 1845 , firmaram Dom Pedrito como a “CAPITAL DA PAZ” Realização : MUSEU PAULO FIRPO Apoio Cultural : Prefeitura de Dom Pedrito - SMEC-Assessoria. de Cultura / Associação de Amigos do Museu Paulo Firpo / Assessoria de Tradição e Folclore; Turismo e Lazer / Instituto Cervantes- Porto Alegre. Textos : Adilson Nunes de Oliveira - Diretor do Museu Paulo Firpo / Manuel José Lópes Faraldo- Correspondente do jornal España Exterior , no Uruguai Imagens : Jeferson Guedes Rodrigues e Gabriel Bueno- funcionários do Museu Paulo Firpo / Gladis Marly D. Xavier - Ass. de Turismo / Manuel José Lópes Faraldo , Correspondente do Jornal España Exterior - Uruguai / Anabela Silveira de Oliveira Deble –URCAMP D.Pedrito / Leonardo Paz Deble - UNIPAMPA D. Pedrito Revisão final : Zairy G.Vian –Escola de Ensino Médio Na. Sra. do Horto - Dom Pedrito DA TERRA DO FERRO AO CAMPO DAS FLORES Prefeitura de Dom Pedrito Museu Paulo Firpo Dom Pedrito - vista parcial Monumento à Paz Farroupilha

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Esta exposição pretende marcar o início dos eventos que assinalarão o Sesquicentenário da Elevação de Dom Pedrito à categoria de Vila - 1872 / 2022.

Um percurso histórico evoca Etxebarria , a “terra do ferro”, local de origem de Don Pedro de Ansoategui , relacionando-a com Iñuvoti - ‘‘campo das flores” - como os primitivos povoadores chamavam o território do atual Dom Pedrito.

Município da fronteira do Rio Grande do Sul com o Uruguai , seus campos se prestam à pecuária e à agricultura , em crescente expansão e diversificação , mas foram , no passado , cenários de ferrenhas batalhas e históricos tratados que, em 1845 , firmaram Dom Pedrito como a “CAPITAL DA PAZ”

Realização : MUSEU PAULO FIRPO

Apoio Cultural : Prefeitura de Dom Pedrito - SMEC-Assessoria. de Cultura / Associação de Amigos do Museu Paulo Firpo / Assessoria de Tradição e Folclore; Turismo e Lazer / Instituto Cervantes- Porto Alegre.

Textos : Adilson Nunes de Oliveira - Diretor do Museu Paulo Firpo / Manuel José Lópes Faraldo- Correspondente do jornal España Exterior , no Uruguai

Imagens : Jeferson Guedes Rodrigues e Gabriel Bueno- funcionários do Museu Paulo Firpo / Gladis Marly D. Xavier - Ass. de Turismo / Manuel José Lópes Faraldo , Correspondente do Jornal España Exterior - Uruguai / Anabela Silveira de Oliveira Deble –URCAMP D.Pedrito / Leonardo Paz Deble - UNIPAMPA D. Pedrito

Revisão final : Zairy G.Vian –Escola de Ensino Médio Na. Sra. do Horto - Dom Pedrito

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Prefeitura de Dom Pedrito

Museu Paulo Firpo

Dom Pedrito - vista parcial

Monumento à Paz Farroupilha

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S Desertou do exército espanhol na segunda metade do século XVIII, escapando com uma dúzia de homens para território luso – brasileiro onde fundou uma vila de contrabandistas, às margens do rio Santa Maria, dando início ao que posteriormente seria a cidade que leva seu apelido no nome: Dom Pedrito.

Trata – se de Don Pedro de Ansoategui conhecido como Dom Pedrito, proveniente de San Andrés de Etxebarria - hoje Etxebarria - na província de Bizkaia , do País Basco, na Espanha.

No livro “ A Cidade de Dom Pedrito”, o historiador José Antonio Dias Lopes narra que “segundo o que era contado, Ansoategui era chamado pelo diminutivo Dom Pedrito por sua magreza e altura exageradas”.

Entre 1770 e 1800 ,haveria deixado o exército espanhol a serviço das colônias do Rio da Prata.

Junto a alguns subordinados, construíram ranchos na margem esquerda do rio Santa Maria e sem saber, iniciaram a cidade que hoje leva no nome, o diminutivo do seu.

Essas casas possuíam uma estrutura precária. Tirando a armação, todo o resto era de couro: o teto, as paredes, as janelas e as portas.

Dias Lopes assegura que, “pelo fato de ter sido um desertor e também um contrabandista, Ansoategui foi injustamente negado como fundador espontâneo da atual cidade de Dom Pedrito”.

Espanha- Pais Basco

Imagens rurais de Etxebarria

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S Sem dúvida, na atualidade, ninguém contesta que Pedro de Ansoategui foi o iniciador de Dom Pedrito, ainda que se tenha criado várias histórias românticas de porque ele chegou a esta zona, como a que conta o seu amor por uma jovem chamada Carmencita que ele havia raptado. O certo é que não há dados confiáveis por que Ansoategui desertou com seus subordinados e muito menos como foram seus últimos dias e se ele morreu ou não na cidade que ajudou a construir.

Atualmente, Dom Pedrito é uma zona agrícola , com pecuária de grande potencial e tem em seu histórico o fato de haver sido o primeiro lugar onde se fez a primeira colheita agrícola de soja na América do Sul , na Colônia Rheingantz , fundada por Carlos Guilherme Rheingantz.Agora se plantam 26 mil hectares de soja por ano nos campos de Dom Pedrito.

Campos de Dom Pedrito

Plantação de arroz e soja

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S A ferraria e a indústria naval são as bases econômicas da província do País Basco.Bizkaia , porém para a zona de Etxebarria, cidade de origem de Pedro de Ansoategui, a primeira - a ferraria - foi a escolhida para progredir , já que a zona conta com uma geografia propensa à sua instalação, com diversos arroios e com quedas d’água aproveitáveis.

Um depoimento escrito, datado de 1515 ,explica que, “como consequência da esterilidade da terra e do Condado, o recurso principal que mantém seus vizinhos ou a maior parte deles, são as ferrarias, e se estas são perdidas, seria perdida a maior parte do Condado”. Além das ferrarias significarem uma fonte de trabalho, elas também possibilitavam a troca de ferro por comida , entre os territórios que possuiam dificultosa produção devido às terras montanhosas.

Queda d’água e vista da ferraria dos Ansoategui

Montanhas de extração de ferro em Etxebarria

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S Em 1440 é criado o Foro das Ferrarias e diversas normas em textos forais, de 1452 e 1526, para regular os aspectos relacionados com essa indústria , desde a exploração de minérios ou o aproveitamento das matas e das água para a comercialização do ferro.

Em 1413 , a ferraria de Ansoategui já estava bem situada e, apesar de pertencer à Etxebarria , ela estava mais próxima à Markina, a cidade vizinha .

A ferraria de Ansoategui era considerada a maior da época , já que ali se fundiam metais com carvão , depois de ser aquecido em uma cavidade. A massa resultante , ainda fervendo, era martelada e então transformada em barras.

Croquis da ferraria dos Ansoategui

Casa senhorial dos Ansoategui

Brasão dos Ansoategui

Interior atual do moinho

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A ferraria de Ansoategui tem visibilidade novamente em 1740, em uma disputa promovida contra outras três ferrarias menores de Markina, onde é alegado que elas tomam parte dos campos da região e, devido aos foros, não podiam tomar nada da ferraria de Pedro, dada a sua capacidade.

Entre os donos das diversas ferrarias, esse tipo de enfrentamento era uma prática bastante comum na época, não só as disputas por madeira para carvão , como nesse caso, mas também pelo aproveitamento dos rios.

A princípio, as ferrarias estavam situadas nos campos, próximas à madeira que originaria o carvão, porém no século XV já haviam descido às margens do rio onde aproveitavam a força hidráulica, movendo com ela uma roda com pás que acionava um fole chamado Jarquín o qual injetava ar em um forno de aquecimento direto através das fogueiras.

Dada esta rápida explicação, já temos dois fatores que influenciaram na produção: a disponibilidade de matérias primas e os recursos hidráulicos.D

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Interior da ferraria

Vestígio da Ferraria

Paisagem rural de Etxebarria

Hotel Pousada Torre Ansoategui - interior

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As matérias primas eram abundantes em Bizkaia, particularmente em Somorrostro; durante algum tempo, o combustível foi facilmente localizado com os campos da zona, ainda que isso também tenha sido regulado devido ao desmatamento que atingiu o lugar em diversos momentos.

Enquanto isso o problema com os recursos hidráulicos era causado pela torrente do rio, que dependia da época do ano. Além de ter sido aproveitada pelas ferrarias, esses cursos de água foram também utilizadas para os moinhos, como no caso do moinho Ansoategui, da família do fundador de Dom Pedrito, que formava parte de uma unidade de exploração em que se incluiria uma ou mais moradias com suas respectivas hortas para plantar, e com seus campos particulares.

Interior do Hotel Torre Ansoategui

Vista lateral do Hotel Torre Ansoategui

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Porém, voltando à família do fundador da cidade de Dom Pedrito, eram eles os proprietários da Ferraria de Etxebarria, segundo um registro de 1729, que estabelece que o dono era Andrés de Ansoategui. Em 1749, passou às mãos Joseph de Ansoategui. Em de 1766, encarregou – se Miguel de Ansoategui

No ano 1772, foi a vez de Benito de Ansoategui até 1814, quando finalmente, parou nas mãos da viúva de Ansoategui.

Enquanto parte da família se dedicava à produção de ferro no País Basco, outros chegavam a terras americanas, como militares , para conquistar novas fortunas, foi o caso de Fortunato de Ansoategui, que viveu no Uruguai entre 1803 e 1875, sendo um dos militares da independência da Banda Oriental.

Busto de Fortunato de Ansoategui

Acesso à Makina – cidade vizinha a Etxebarria

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Placa indicativa da torre e do moinho dos Ansoategui

Placa indicativa do Distrito do Aço

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Os índios pampianos , habitantes, desde o século X d.C. , do território que futuramente pertenceria ao município de Dom Pedrito , chamavam de “ Iñuvoti”- campo das flores – este pedaço de terra banhada pelo rio Santa Maria ( Ituzangó ) .

Em 1683, padres da Companhia de Jesus lançam nestas terras,hoje Dom Pedrito, entre a divisa com a atual Bagé , as bases da Redução San Andres dos Guenoas , destruídas pelos charruas dois anos depois .

Havia , mais adiante ,no local onde hoje está a cidade de Dom Pedrito, uma estância ou posto de estância jesuítica denominada Sant ’Ana , que foi assinalada em 1756 pelos demarcadores do Tratado de Madrid

O leste do rio Santa Maria era parte da estância de São Miguel e o oeste , pertencia a de São Nicolau .

Os vários tratados e as frequentes investidas de espanhóis e portugueses pela posse da chamada “fronteira do vai-e-vem” fizeram deste “campo das flores” um local de constante disputa. .

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Índio Pampiano

Artefatos indígenas recolhidos em Dom Pedrito

Armas de vários períodos

Tolderias de índios pampianos São Miguel Arcanjo

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Por volta de 1750/1800 , um grupo de desertores do Exército Espanhol aquartelado no Vice - Reino do Prata , liderados por Don Pedro de Ansoategui teria atravessado o terítório espanhol, desde o Vice Reino do Prata, ou abandonado a tropa em suas investidas no próprio território de São Pedro do Sul, instalando-se no “campo das flores” dos índios pampianos .

Abriram ali , no passo do rio , uma picada e um posto de contrabando .

Conforme relatório de 1790, do Comandante da Guarda Aduaneira de Montevidéu Cipriano Mello, revela que havia bandos de contrabandista a serviço de Rafael Pinto Bandeira , Governador Militar da Capitania de São Pedro.

“Esos gauchos baqueanos no tienen más pátria que sus conveniencias.” Um desses gaudérios , célebres por suas tropelias e mencionado pelo comandante aduaneiro , é Pedro Ansuastegui (sic) mais conhecido por Dom Pedrito. Esse “basco de elevada estatura” foi certo tempo chefe de uma partida a serviço de Pinto Bandeira. Depois estabeleceu-se por conta própria com uma casa de comércio numa passagem do Rio Santa Maria” ¹

Ansoategui e seu grupo , certamente faziam incursões na Província pela rota de Encruzilhada que, do coração da Campanha , atingia Rio Pardo .

---- 1.CEEE. História Ilustrada do Rio Grande do Sul, s.d., p.85.

Rafael Pinto Bandeira

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Rio Santa Maria

Parkinsonia aculeata (sina-sina )

Senecio bonariensis Deble

Oxalis sp. ( trevo )

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Após a distribuição de terras ,na fronteira, por decisão do Tratado de Badajós-- 1801-- e com a Província de São Pedro,dividida em quatro áreas, ( 1809 ) ,o território atual de Dom Pedrito pertenceu ao município de Rio Grande , passando mais adiante a Piratini e,finalmente a Bagé ,de 1846 até 1872, quando tornou-se Vila Nossa Senhora do Patrocínio de Dom Pedrito ,mas não sem antes de elevar sua primitiva capela curada , em 1852, com a proteção da Virgem Maria , sob o título Patrocínio, na margem do rio , a pedido dos habitantes do Passo de Dom Pedrito , liderados pelo escrivão Bernardino Ângelo da Fonseca

As terras de Dom Pedrito, a oeste do Santa Maria, foram conquistadas no período de 1809-1828. Passaram em definitivo ao Brasil com a Independência da Provincia Cisplatina, embora portugueses nelas incursionassem, com maior frequencia , a partir de 1801.

Nesse período, assinalado por várias guerras e revoluções, inclusive a Farroupilha, o Passo de Dom Pedrito era ponto obrigatório de passagens de tropas, pois, mais ao sul, o terreno, cortado por arroios e banhados, dificultava o movimento.

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Bernardino Ângelo da Fonseca

Rio Grande do Sul-1809

Documento referente à Capela Brasil , com a Província Cisplatina

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Em 1854, a povoação foi trasladada para o atual assentamento, à margem direita do rio Santa Maria, demarcando-se ruas e praças, e afastando-se, assim, das cheias do rio.

A Capela Nossa Senhora do Patrocínio é edificada em 1857, nos limites do novo plano da povoação.

Diante do desenvolvimento do povoado, da existência de oferta de certo número de serviços e dos 500 “fogões” exigidos por lei, Dom Pedrito recebe o foro de Freguesia, em 1859, e seus moradores já almejam o vilamento, fato que vai ocorrer em 30 de outubro de 1872, desmembrado-se então de Bagé, com a criação do município.

No ano seguinte, a 2 de abril, é instalada a Câmara de Vereadores e, em 20 de dezembro de 1888, levando em conta o desenvolvimento da Vila e o fato de ter libertado seus escravos antes da Lei Áurea, a Vila Nossa Senhora do Patrocínio de Dom Pedrito é elevada à categoria de Cidade, conservando no nome o diminutivo de seu iniciador : Don Pedro Ansoategui --- o Dom Pedrito.

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Planta da Vila -1881

Descendentes de escravos , serviço domésticos Família Jacinto da Silveira –Dom Pedrito

Classificação de escravos , da Vila de D. Pedrito, a serem libertados -1884

Ata de instalação da Câmara-1873

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Desde o início de sua formação histórica , Dom Pedrito - o campo das flores -teve avanços e retrocessos , como qualquer outro município.

A pecuária e a agricultura , ambas com diversificações e tecnologias avançadas, aliadas ao comércio e às indústrias, ao potencial educacional e cultural , à mão de obra do trabalho diário , no campo e na cidade, a preocupação com o ambiente natural e construído , a própria administração municipal e a evolução social , juntamente com a união da comunidade em busca de melhores condições de vida para todos fez deste município o Dom Pedrito que conhecemos hoje.

Como fazer para atingir o Dom Pedrito que queremos para as gerações futuras ?

Quando, daqui a alguns anos , iremos celebrar o SESQUICENTENÁRIO DE VILAMENTO - 2022 - teremos essa resposta ?

Olivais e vinhedos de Dom Pedrito

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Imagens atuais de Dom Pedrito

Obelisco da Paz

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Imagens da Abertura da Exposição