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Ficha Técnica Titulo: Gwaza Muthini 121 anos da Batalha de Marracuene Autores: Sónia Ajuda e Manuel Chambe Coordenação: Sónia Ajunda Design: Luís Júnior, Armando Francisco e Osvaldo Francisco. Colaboradores: Maria Tomas e Helena Ouana Fotografia: Ernesto Matsinhe Editor: ARPAC- Instituto de Investigação Sócio Cultural Delegação de Maputo. Tiragem: Número de Registo:

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Ficha Técnica

Titulo: Gwaza Muthini 121 anos da Batalha de Marracuene

Autores: Sónia Ajuda e Manuel Chambe

Coordenação: Sónia Ajunda

Design: Luís Júnior, Armando Francisco e Osvaldo Francisco.

Colaboradores: Maria Tomas e Helena Ouana

Fotografia: Ernesto Matsinhe

Editor: ARPAC- Instituto de Investigação Sócio Cultural Delegação de

Maputo.

Tiragem:

Número de Registo:

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ÍNDICE

1. INTRODUÇÃO .............................................................................12. CARACTERIZAÇÃO DO DISTRITO DE MARRACUENE.............22.1. Localização...............................................................................22.2. Divisão Administrativa e Superfície............................................2 2.3. População e Demografia...........................................................3

3. ASPECTOS HISTÓRICOS E CULTURAIS...................................43.1 Origem do nome Marracuene e sua população...........................43.2.Principais danças.......................................................................5.3.2.1. Algumas Canções exibidas na dança muthini.........................74. A CERIMÓNIA KUPHAHLA..........................................................85. A SUCESSÃO E A CERIMÓNIA KUPHAHLA........................’.....116. IMPORTÂNCIA DO DIA 2 DE FEVEREIRO.................................117. MONUMENTO DE GWAZA-MUTHINI........................................128. RETROSPECTIVA.....................................................................14

9. BIBLIOGRAFIA..........................................................................18

2.4. Economia..................................................................................3

8.1. Ritual kuphahla........................................................................148.2 Actividades Culturais................................................................158.3 Cerimónia Oficia.......................................................................16l

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1. INTRODUÇÃO

Assinala-se hoje a passagem de mais um aniversario da Batalha de

Marracuene cujo lema é 121 Anos de Gwaza-Muthini, Unindo os

Moçambicanos na Paz rumo ao Desenvolvimento.

A efeméride faz parte da memória colectiva dos filhos de Marracuene em particular e de Moçambique em geral, cuja celebração já se assume como uma tradição, desde o ano de 1994, como uma forma de exaltar a bravura, valentia, abnegação, patriotismo, auto-estima, dos que resistiram contra o jugo colonial português

A presente brochura está estruturada em sete pontos, sendo o primeiro ponto, introdutório, o segundo, que se apresenta uma breve caracterização do distrito de Marracuene: sua localização; divisão administrativa e superfície; população e demografia; e economia.

No terceiro ponto apresentam-se aspectos históricos e culturais; a origem do nome Marracuene e as principais danças no distrito. E nos últimos cinco pontos, descreve-se a Batalha de Marracuene - Gwaza-Muthini, a cerimónia kuphahla, Monumento de Gwaza-Muthini, a importância do dia 2 de Fevereiro e a retrospectiva de cerimónias anteriores.

Celebrar os feitos heróicos dos filhos de Marracuene, tombados no dia 02 de Fevereiro de 1895, nas margens do Rio Incomati, é recordar todos aqueles que à escala nacional, do Rovuma ao Maputo e do Indico ao Zumbo resistiram contra a penetração colonial portuguesa.

Com esta publicação o ARPAC- Delegação de Maputo, pretende contribuir na divulgação da rica epopeia do nosso país, que nos enche de orgulho e se constitui fonte de inspiração, referência de patriotismo e valentia para as actuais gerações e vindouras.

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Vista frontal do Edifício do Governo do Distrito de Marracuene

Foto: Ernesto Matsinhe

2. CARACTERIZAÇÃO DO DISTRITO DE MARRACUENE

2.1. Localização

2.2. Divisão Administrativa e Superfície

O Distrito de Marracuene está situado entre as coordenadas (25° 41' 20” latitude Sul e 32° 40' 30” longitude Este). Os seus limites compreendem, a Norte, o Distrito da Manhiça; a Sul, a Cidade de Maputo; a Este, o Oceano Índico e, a Oeste, o Distrito da Moamba e a Cidade da Matola (MAE 2005:2).

A superfície total do Distrito de Marracuene é de 883 Km2, caracterizada por uma vasta área de planície, com uma costa banhada pelo Oceano Índico e dunas na zona do litoral, e é atravessado, de Norte a Sudoeste, pelo rio Incomati.

O Distrito divide-se em dois Postos Administrativos: Marracuene-Sede e Machubo. O Posto Administrativo de Marracuene-Sede possui três localidades: Marracuene-Sede; Michafutene e Nhongonhane, enquanto o Posto Administrativo de Machubo possui duas – Taula e Macandza.

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2.3. População e Demografia

2.4. Economia

De acordo com Instituto Nacional de Estatística, a população actual do Distrito é de cerca de 136.784 habitantes, sendo a densidade populacional de 155 habitantes/km2. O Posto Administrativo Sede apresenta maior número da população, com destaque para a Localidade de Michafutene com cerca da metade da população do Distrito (INE, 2007).

A agricultura é a base do desenvolvimento do distrito, sendo o sector familiar, o maior contribuinte na produção agrícola, gerando emprego e auto-emprego para mais de 30 mil pessoas.

Outro sector que se reveste de grande importância para o desenvolvimento do Distrito, é o da pecuária, dado ser uma importante fonte de receita, tanto para o sector familiar assim como para o privado.

Actividade pesqueira é também um dos sectores representativos das actividades do Distrito de Marracuene, desenvolvendo-se em quase toda a costa, principalmente nos centros de pesca de Muntanhana, Macaneta 1 e 2, Hobjana 1 e 2, Pontene e Batelão, pela comunidade pesqueira em geral (comerciantes, recolectores, e pescadores). Paralelamente à actividade pesqueira, desenvolve-se o turismo ao longo da costa da Macaneta e localidade Sede.

A pequena indústria local (reparação de automóveis, fabrico de pregos, fabrico e montagem de aparelhos de frio, fabrico de tintas, tratamento de postes de energia e de vedação, incubação de pintos, matadouro, serralharia, carpintaria, panificação e processamento de água mineral), o comércio e a comercialização agrícola, constituem alternativas imediatas à agricultura, pecuária, pesca e turismo.

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3. ASPECTOS HISTÓRICOS E CULTURAIS

3.1. Origem do nome Marracuene e sua população

Nondrwana, antes do e Vila Luísa no período colonial. Dos dados colhidos no campo, o nome da actual região do Distrito de Marracuene não reúne consenso quanto à sua origem, possuindo, por isso, quatro versões. A primeira, defende ser originária de Murhakweni ou Marhakweni, em alusão a um indivíduo possuidor de vários barcos de transporte e que teriam sido bastante úteis, nessa altura, na travessia entre as duas margens do rio Incomáti.

A segunda diz que este nome provém do prestigioso chefe Murhaku, cujas terras se localizavam na margem esquerda do rio Incomáti e que teria sido expulso pelos portugueses, por razões ainda pouco claras.

A terceira versão refere que este nome foi atribuído a esta região porque nela vivia um pescador com numerosos barcos de transporte de passageiros. Este pescador, tinha marhaku, que na língua local significa nádegas grandes, fora de comum para um homem, o que fez com que a identificação do local fosse feita com o recurso a descrição das características físicas deste homem.

Por último, a quarta relata o facto de que depois da Batalha de Marracuene, com a formação da 1ª Circunscrição de Nondrwana, na margem direita do Rio Incomati, onde residia o hosi (rei) Maphunga, ter vivido um indivíduo de nádegas grandes, que trabalhava para aquele. Uma vez que fazia viagens constantes, a mando do Rei, espalhou a fama e popularizou a sua própria alcunha pelos aglomerados por onde passava. Assim, a sua zona de origem tomou a alcunha, ficando conhecida por Kamurhakweni.

Esta explicação ganha maior sustentabilidade se recorrermos a uma análise linguística superficial, pois, na língua local marhaku significa portugues nádegas. Assim, ao adicionar-se o sufixo locativo - eni, à palavra marhaku (nádegas), esta adquire um novo significado, marhakweni que significa “terra do homem de nádegas”.

M'pfekane

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Em relação aos grupos etnolinguísticos que habitam a região, destaca-se que estes são do grupo Rhonga da família Thonga. Existem, também, núcleos do grupo Changana para além de uma certa representatividade de elementos do povo Chope (Dias, 1981:168-169). Por outro lado, se comparado com outros distritos da província de Maputo, Marracuene apresenta uma homogeneidade linguística significativa. O rhonga é falado pela maioria da população (82.1%), com pequenas variações nas zonas limítrofes com a Manhiça, onde se fala xikalanga, uma variante do rhonga.

Segundo reza a tradição oral local, os primeiros habitantes de Nondrwana foram os Honwana que ocupavam as faixas do actual Bobole e Maluana, e mais tarde os Mahlangwana que ocuparam a parte Central e Sul de Marracuene, como resultado de expansões de povos oriundos da Zululândia.

As principais danças no Distrito são as seguintes: Makwayela, Xigubu, Xipenda, Marrabenta, Xingomana e Muthini. Estas danças são, geralmente exibidas durante as comemorações do Gwaza Muthini e outras efemérides.

3.2. Principais danças

Makwayela

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No que se refere a danca Muthini, refira se que naquela época, a dança era apenas ensinada aos mancebos zulu e mais tarde aos tsonga, durante os treinos guerreiros, antes e depois de uma campanha de conquista ou de defesa guerreira. Tendo sido posteriormente assimilada pelos guerreiros de Marracuene, como fonte de inspiração para as guerras de resistência contra a ocupação colonial portuguesa, pois incutia força, coragem e perseverança nos guerreiros

Os dançarinos de Muthini Foto: Ernesto Matsinhe

Xigubu

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3.2.1. Algumas Canções exibidas na dança muthini

Canção 1

Sya hamba gwaza mathonga

Simabulale sibanga umhlaba sibuse

Tradução

Vamos matar os varhonga

Mata- los e apoderarmos nos das suas terras

Contexto em que surge

Segundo Massossoti Kossa, esta canção surge no momento em,

Que se verificam desavenças na Zululândia entre os irmãos Manikuse

e Dingane e que levaram o primeiro, juntamente com os seus

Filhos Muzila e Mawewe e um grupo de guerreiros, a procurar

Outras terras. As terras escolhidas foram as de Gazankulu, cujas

Populações foram denominadas de Mathonga, pelos Zulos.

Canção 2

Va yiphi amabantu valazizweni

Aveko abaze sivabulala

Tradução

Onde estão os donos destas terras?

Não estão!? Que venham para serem mortos.

Contexto em que surge

O espanto que vem desta canção advém da fuga dos súbditos que os zulus

esperavam subjugar no Gazankulu, ao pressentir a iminente chegada do

exército de Mfecane.

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4. A CERIMONIA KUPHAHLA

A cerimónia de esconjuramento realizada no dia 02 de Fevereiro de cada ano é antecedida por outras 3, sendo a primeira, de limpeza das campas, que ocorre, geralmente, três a quatro semanas antes do Gwaza-Muthini, onde a família real Mabjaya se reúne e visita as campas dos seus ancestrais.

A segunda, da abertura da época de Wukanyu feita uma ou duas semanas antes da grande exaltação dos feitos dos seus antepassados.

Após a abertura de época do vinho sagrado, cerca de três dias antes do 2 de Fevereiro a família Mabjaya desloca-se novamente às campas a fim de se despedir dos ancestrais para o Gwaza-Muthini. Durante este exercício o régulo comunica aos ascendentes que:

“Estamos na proximidade de Gwaza-Muthini, pedimos que nos abram as portas para que tudo corra bem e onde vamos não iremos lidar somente com a família Mabjaya mas sim com muitas famílias de diferentes terras.”

Nesta cerimónia também são sacrificados alguns animais e consumidos no local acompanhados de Wukanyu.

Na imagem, do lado mostra personalidadeescolhida em 2015, para comer a carne da cerimónia Em primeiro lugar como forma de abençoa-la Foto: Ernesto Matsinhe

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A família Mabjaya tem ainda a missão de consultar os Tinhlolo (ossículos), durante os preparativos do Gwaza - Muthini, para indicarem a pessoa que irá carregar a panela de bebida para a cerimónia. Porque no local são sacrificados animais, a família Mabjaya procura através dos adivinhos a personalidade que irá comer a carne da cerimónia, em primeiro lugar, como forma de abençoá-la. As personalidades escolhidas nos dois momentos são membros da família e este exercício é feito anualmente. A não observância destas regras, de acordo com a cosmovis local, incorre no insucesso da cerimónia.

De acordo com a cren local, o encerrar dos mimphahlu (cerimónias de esconjuramento) alusivos à comemoração do Gwaza-Muthini é marcado pela apresentação de uma nota de valor facial que varia de ano para ano, tendo sido de 1500,00Mt no ano transacto (2015). A este acto os locais chamam “fechar a boca do régulo”.

Chegado o dia 2 de Fevereiro, junto do monumento, são realizadas as cerimónias de esconjuramento (kuphahla), nas primeiras horas do mesmo dia, actualmente dirigidas por Fernando Mabjaya, da linhagem da falecidaRainha Massinguitane.

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Momento de sacrifício do animal durante a cerimónia uphahla Foto: Ernesto Matsinhe

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Após a última cerimónia kuphahla, realiza-se a cerimónia oficial, que começa com a entoação do hino, seguida pela deposição de flores, homenagem aos guerreiros tombados no quadrado de Marracuene, visita às feiras, entre outras actividades culturais e recreativas.

A cerimónia oficial é dirigida pelas autoridades administrativas locais ou por membros do Governo Central como forma de valorizar os feitos dos guerreiros tombados a 2 de Fevereiro de 1895. É um momento de exaltação da bravura dos nossos antepassados que lutaram incansavelmente, contra a penetração e ocupação colonial, os quais, são uma referência e fonte de inspiração para as gerações actuais, que se confrontam com outras frentes de combate, da actualidade.

O destaque nestas cerimónias vai para o ritual de veneração aos antepassados onde são sacrificados alguns animais, como galinhas e cabritos, acompanhados de bebidas tradicionais.

De um modo geral durante a realização do ritual kuphahla, o régulo comunica aos defuntos que estão lá os donos da terra para recordar e homenagear a todos que tombaram neste lugar relatando todos os problemas e enfermidades que apoquentam a sociedade para que os ancestrais tomem conhecimento e encontrem soluções.

Sua Excelência Governador da Província de Maputo Raimundo Diomba,Orientando a cerimónia oficial do Gwaza-Muthini Foto: Ernesto Matsinhe

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5. A SUCESSÃO E A CERIMONIA KUPHAHLA

6. IMPORTÂNCIA DO DIA 2 DE FEVEREIRO

A sucessão para orientar o ritual de kuphahla não se limita em ser o mais próximo dentro da linhagem, são os adivinhos que indicam o sucessor. No caso de coincidir com um menor, sem o devido domínio das regeras que presidem a cerimónia, é indicado um adulto para fazer o seu acompanhamento até que atinja a maturidade que lhe permita orientar o ritual.

A celebração do dia 2 de Fevereiro é um marco importante da nossa história e da construção da nação moçambicana porque, nesta data guerreiros destemidos, chefiados por Nwamatibjane, Mahazule e Mabzaya, deram um dos primeiros passos rumo à conquista do nosso solo pátrio, ora usurpado por estrangeiros. Apesar da superioridade do material bélico do invasor, bateram-se heroicamente contra o colonialismo português, até ao último suspiro das suas vidas.

A batalha de Marracuene fazia parte do plano colonial de conquista do Sul de Moçambique. Com efeito, depois desta batalha, abriu-se um corredor para se atingir o Estado de Gaza, que constituía, igualmente, uma grande preocupação dos portugueses. Foi assim que se deram sucessivamente: a batalha de Magule, a 8 de Setembro de 1895; a batalha de Coolela, a 7 de Novembro de 1895; a prisão de Ngungunyane, em Chaimite, a 28 de Dezembro de 1895 e a resistência de Maguiguane a 10 de Agosto de 1897.

Na sequência da chamada ocupação efectiva, os moçambicanos opuseram-se noutras regiões do país, sendo de destacar a resistência dos Maraves de 1885 a 1906; a Resistência dos Mataka de 1890 até 08/10/1912; Revolta dos Bárue, em 1917; a resistência de Makombe, em Julho de 1918 e a resistência dos Makondes em 1920.

No dia 2 de Fevereiro de cada ano, os filhos de Marracuene recordam e prestam homenagem à bravura e heroísmo dos guerreiros que tombaram nesta batalha. Realmente, nenhum povo abdica da evocação dos seus antepassados, sabido que o processo de construção e consolidação da nação é marcado pela busca de referências do passado, valorizando-as no presente e tornando-as fontes de inspiração para o futuro.

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Na actualidade, o desenvolvimento socioeconómico, político e cultural do país é caracterizado pelo combate sem tréguas, contra a pobreza. Assim, no Gwaza-Muthini, buscamos a inspiração nos nossos ancestrais, no que se refere à resistência à penetração e ocupação do nosso solo pátrio, a terra, principal fonte de riqueza e de soberania.

Com o Gwaza-Muthini pretende-se levar estes exemplos de luta e de resistência e aplica-los a outras frentes e dimensões de combate, tais como a luta contra a fome e a pobreza, trabalhando a terra, pela qual os nossos ancestrais procuraram resistir contra a sua usurpação. Esta terra que depois de ocupada pelos colonos, viria a ser libertada pela geração heróica da luta de libertação nacional. Neste sentido, celebrar o Gwaza-Muthini significa não só evocar o passado, como e sobretudo, jurar pela defesa da soberania nacional.

Em suma, comemorar o dia 2 de Fevereiro, é reflectir não só sobre os desafios de hoje, mas igualmente, assumir a responsabilidade histórica que temos na actualidade, de iluminar as futuras gerações sobre a importância da luta iniciada pelos nossos antepassados, como um exemplo de heroísmo, voltado aos interesses de desenvolvimento de Moçambique, hoje e amanhã.

Em 1998 foi construído o monumento de Gwaza - Muthini, para exaltar a bravura dos guerreiros que ao longo de vários anos lutaram contra a ocupação colonial portuguesa.

A arquitectura do monumento de Gwaza – Muthini representa dois aspectos, a saber: o primeiro retracta a história da grande batalha ocorrida no dia 2 de Fevereiro de 1895 através da estratégia dos guerreiros do Estado de Gaza, os quais se dispunham sob a forma de meia – lua, aquando das suas expedições militares, com o propósito de destituir o poder representado pela torre e o segundo retrata o famoso Quadrado de Marracuene, que é representado pelo local em que se desencadeou a batalha.

7. MONUMENTO DE GWAZA-MUTHINI

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Junto do monumento, são, actualmente, realizadas as cerimónias de esconjuramento (kuphahla), nas primeiras horas do dia 2 de Fevereiro, inicialmente dirigidas por Massinguitane da linhagem dos Mazvaya, ora falecida, e actualmente por Fernando Mazvaya, da mesma linhagem.

Nestas cerimónias destaca-se o ritual de veneração aos antepassados onde são sacrificados alguns animais, como galinhas e cabritos, acompanhados de bebidas tradicionais.

Após a cerimónia tradicional, realiza-se a cerimónia oficial, que começa com a entoação do hino, seguida pela deposição de flores, homenagem aos guerreiros tombados no quadrado de Marracuene, visita às feiras, entre outras actividades culturais e recreativas. As celebrações desta efeméride movimentam, anualmente, mais de 20.000 pessoas oriundas de diferentes pontos do país, assim como do estrangeiro.

População assistindo a cerimónia de

Gwaza-Muthini

Foto: Ernesto Matsinhe

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8. RETROSPECTIVA: 20158.1. Ritual kuphahla

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8.2 Actividades Culturais

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8.3 Cerimónia Oficial

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BIBLIOGRAFIA

DAVA, F; VILANCULO, J.; TIANE, C; VALOI, A. (2009). Ritual das Primícias

do Wukanyi. CEGRAF, Maputo.

FERREIRA, A.R. (1982). Fixação Portuguesa e História pré-colonial de

Moçambique, Lisboa.

LOPES, S. (1995). Marracuene, Publicações do ARPAC-pelo primeiro

centenário da batalha de Marracuene, Maputo.

LOPES, S. CHAMBE, M. (2009). Gwaza-Muthini: 114 anos da batalha de

Marracuene, publicações do ARPAC- Delegação de Maputo.

SIMÃO, A. S. (2000). Gwaza-Muthini, Colecção Embondeitro número 15

Plano Estratégico do Desenvolvimento do Distrito de Marracuene, 2008-

2013, Janeiro de 2008.

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O ARPAC – Instituto de Investigação Sociocultural espera ter contribuído para o enriquecimento dos seus conhecimentos, com a leitura da presente brochura. Por isso, propõe que teste os seus conhecimentos sobre a História de Moçambique, no concernente aos conhecimentos sobre a história de resistência anti-colonial.

Assim, assinale com X as alternativas correctas:

1. A Batalha de Marracuene deu-se em:a) 2 de Fevereiro de 1895 .............................................( )b) 3 de Fevereiro de 1969 .............................................( )c) 18 de Março de 1918 ............................................... .( )d) 10 de Agosto de 1897 ...............................................( )e) 8 de Setembro de 1895............................................ ( )f) 7 de Novembro de 1892 ........................................... ( )

1. Os heróis que se notabilizaram nesta batalha foram:

a) Mabzaya. ……………………………………………….( )b) Maguiguana…………………………………………… ( )c) Mahazule...................... ........................................... ( )d) Makombe .................................................................( )e) Nwamatibjana .......................................................... ( )

2. Gwaza- Muthini Significa:a) Sacrificar hipopótamo para festa.............................. ( )b) Matar em casa………............................................... ( )c) Festa de canhu….... .................................................( )d) Revolta dos Bárue ……………................................. ( )e) Batalha do norte de Mocambique............................. ( )f) Batalhas dos Makondes ............................................( )

3. É importante valorizar os heróis nacionais: a) São fonte de inspiração para o presente e o futuro.....( )b) São Referências históricas .......................................( )c) Elevam o sentido patriótico........................................( )d) Incutem a auto – estima e……….. ............................ ( )

Respostas:

1(a); 2 (a,c,d); 3 (a,b,c,d,e,f,); 4 (a,b,c,d)

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121 anos de Gwaza-Muthini, unindo os moçambicanos na paz, rumo ao desenvolvimento121 anos de Gwaza-Muthini, unindo os moçambicanos na paz, rumo ao desenvolvimento

República de Moçambique

Governo da Província de Maputo

GWAZA-MUTHINIGWAZA-MUTHINI

Instituto de Investigação sociocultural Delegação de Maputo