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AVALIAÇÃO IN VITRO DO SELAMENTO APICAL ATRAVÉS DA TÉCNICA DE
CONDENSAÇÃO LATERAL E DA TÉCNICA HÍBRIDA DE TAGGER MODIFICADA*
EVALUATION IN VITRO OF THE APICAL SEAL THROUGH THE TECHNIQUE OF
LATERAL CONDENSATION AND THE TECHNIQUE MODIFIED TAGGER’S HYBRID
Elaine Cristina da Silva ARAUJO**
José Mirabeau de Oliveira RAMOS***
RESUMO
O sucesso do tratamento endodôntico está diretamente relacionado a um selamento apical adequado. O objetivo de nosso trabalho foi avaliar o selamento apical promovido pelas técnicas de obturação de canal radicular Convencional de Condensação Lateral e Híbrida de Tagger Modificada. Foram utilizados 33 incisivos centrais superiores, humanos e extraídos. A amostra foi dividida aleatoriamente em 02 grupos de 15 elementos, de acordo com as técnicas propostas neste estudo. Adicionou-se um controle negativo a cada grupo, e um controle positivo à pesquisa. Após imersão em solução de azul de metileno a 2% e seccionamento longitudinal dos dentes, realizou-se a leitura das infiltrações com o auxílio de um estereoscópio. Os dados encontrados foram submetidos à análise estatística pelo teste t. Os resultados revelaram que a Técnica Híbrida de Tagger Modificada foi superior à técnica de Condensação Lateral quanto a um selamento apical adequado. Essa diferença foi estatisticamente significante.
Palavras-chave
1. Endodontia 2. Guta-percha 3. Obturação de canal radicular 4. Selamento apical.
ABSTRACT
The success of the endodontic treatment is directly related to an adjusted apical sealing. The aim of our work was to evaluate the apical sealing promoted by the root canal obturation techniques of Lateral Condensation and Modified Tagger’s Hybrid. 33 human superior central incisors extracted had been used. The sample was randomly divided in 02 groups of 15 elements, in accordance with the techniques proposed in this study. It was added a negative control to each group, and a positive control to the research. After immersion in solution of methylene blue 2% and longitudinal sectionment of the teeth, apical microleakage was evaluated in a stereoscope. The results revealed that the Modified Tagger’s Hybrid Technique had been significantly better in apical sealing than the Technique of Lateral Condensation.
Keywords
1. Endodontics 2. Gutta-percha 3. Root canal filling 4. Apical sealing.
* Monografia apresentada ao Departamento de Odontologia como requisito parcial à conclusão do Curso de Odontologia da Universidade Federal de Sergipe para obtenção do grau de cirurgiã-dentista. ** Cirurgiã-dentista pela UFS. [email protected] *** Cirurgião-dentista pela UFS, Mestre em Patologia Oral pela UFRN e Especialista em Endodontia pela FOB-USP – Orientador do trabalho. [email protected]
INTRODUÇÃO
O sucesso do tratamento endodôntico está relacionado com a atenção dispensada a
cada uma das fases que o compõe, desde a anamnese até a proservação, entretanto pode-
se afirmar ser a obturação hermética tridimensional do sistema de canais radiculares,
indubitavelmente, fundamental (FERRAZ, 1999).
O selamento apical almejado pela terapia endodôntica é obtido através de uma
obturação que preencha o espaço ocupado primitivamente pelo tecido pulpar e que
impossibilite a atividade metabólica de microorganismos presentes no espaço peri e
radicular (DUARTE, MORAES & WECKWERTH, 1997). Todavia, o elemento radicular para
receber uma obturação adequada, deve-se valer de um preparo biomecânico criterioso, o
qual deve promover desinfecção e modelagem ao conduto radicular (DUMSHA et al., 1999).
A smear-layer é uma camada amorfa, granular e irregular que oclui os túbulos
dentinários, composta de restos necróticos pulpar e remanescentes do preparo biomecânico
do canal. A remoção dessa camada resídual é importante para que o cimento obturador
penetre pelo sistema de canal radicular e impeça a infiltração do exsudato perirradicular
para dentro do conduto, promovendo, dessa maneira, condições favoráveis para a
reparação biológica do dente (BOUTSIOUKIS et al., 2004). Entretanto, mesmo após um
preparo biomecânico cuidadoso, microorganismos presentes em locais inacessíveis do
sistema de canais e nas profundezas da massa dentinária podem persistir (ASSED, 1993).
Nessas situações, a utilização de medicação intra-canal é indispensável para complementar
a ação desinfetante do preparo do canal (LOPES & SIQUEIRA Jr, 1999).
São inúmeras as técnicas para a obturação dos canais radiculares. Todas elas
propondo como objetivos básicos que se consiga, da melhor forma possível, através do
emprego de cones de guta-percha associados a uma substância cimentante, um selamento
hermético permanente, não-irritante aos tecidos apicais e periapicais (CLINTON & VAN
HIMEL, 2001).
A técnica de Condensação Lateral da guta-percha tem demonstrado ser uma das
mais populares e clinicamente aceita técnica de obturação de canal radicular. Entretanto,
um número de diferentes técnicas de guta-percha Termoplastificada tem sido introduzido
com o objetivo de obter melhor selamento das irregularidades do canal. (LIPSKI, 2005).
Entre as técnicas de plastificação da guta-percha, a técnica Híbrida de Tagger Modificada
consiste na associação da condensação lateral ativa no terço apical com a compactação
termomecânica através de um instrumento semelhante a uma lima tipo Hedströen invertida -
o Guta-condensor - acoplado em um contra-ângulo de baixa rotação (CECÍLIA, MORAES &
TAGGER, 1994).
Em razão da existência de uma grande variedade de técnicas de obturação de canal
radicular, torna-se necessário investigar as mais utilizadas nos consultórios odontológicos e
compará-las para que se possa ter certeza da superioridade de uma sobre a outra,
principalmente ao que se discerne sobre um selamento apical adequado. Nosso objetivo foi
realizar uma pesquisa in vitro para avaliar o selamento apical das técnicas de Condensação
Lateral e Híbrida de Tagger Modificada.
MATERIAIS E MÉTODO
A pesquisa constitui-se de um estudo experimental com alocação aleatória dos
grupos. Grupo controle composto pela Técnica de Condensação Lateral e de estudo pela
Técnica Híbrida de Tagger Modificada. Esta pesquisa foi realizada por uma única
examinadora calibrada, sob orientação de um professor do Departamento de Odontologia da
Universidade Federal de Sergipe. O estudo em questão só foi executado após aprovação do
projeto de pesquisa pelo comitê de Ética em pesquisa da Universidade Federal de Sergipe
(ANEXO).
Inicialmente, havia 45 unidades dentárias de incisivos centrais superiores humanos
que encontravam-se armazenados em solução de NaOCl a 2,5% (Biodinâmica) e, só após
remoção de cálculos e remanescentes teciduais dessas unidades com lâmina de bisturi nº
11 (Two Arrows®), 33 dentes foram selecionados como amostra deste estudo, tendo como
critério de seleção a higidez da estrutura dentária. Em seguida, essas unidades dentárias
foram armazenadas em solução de timol a 1%, formulada na farmácia de manipulação Arte
Galênica (CRM: 1 – SE – 009991), até o momento do uso.
Posteriormente, a amostra foi dividida, aleatoriamente, em 02 grupos de 15
elementos: Grupo 01 (Técnica de Condensação Lateral) e Grupo 02 (Técnica Híbrida de
Tagger Modificada); todavia, foi adicionado a cada grupo 01 espécime como controle
negativo, e foi utilizado como controle positivo da pesquisa 01 espécime. Todos os dentes,
imediatamente antes do uso, foram lavados abundantemente em água corrente para
remoção da solução de timol a 1%. Por meio de um disco de carburundum 23,8mm x
0,6mm, item # 221 (Dentorium®), as coroas dentárias foram seccionadas a nível cervical a
fim de facilitar as manobras de instrumentação e obturação. Em seguida, os dentes tiveram
suas polpas estirpadas (FIG 1), canais radiculares irrigados com NaOCl a 2,5% da
Biodinâmica® (solução de Labarraque), aspirados com ponta aspiradora (Konnen®) e
inundados com solução de Labarraque. Determinou-se o comprimento da raiz, nivelando-se
a ponta ativa de uma lima tipo Kerr n°15 (Dentsply – Maillefer®) com o forame apical. Em
seguida, procedeu-se à padronização do forame apical instrumentando-se o canal, nesse
limite, até a lima K n°25 (Dentsply – Maillefer®). Subtraiu-se 01mm da medida estabelecida
obtendo-se o Comprimento Real de Trabalho (CRT), os canais foram, então, instrumentados
pela técnica telescópica regressiva com recuo anatômico, estabelecendo como instrumento
memória a lima tipo K n°45 (Dentsply – Maillefer®). Uma vez concluída a instrumentação, a
lima tipo K n°25 (Dentsply – Maillefer®) foi novamente introduzida até o nível do forame
apical, para confirmar sua desobstrução (FIG 2). O hipoclorito de sódio a 2,5% atuou como
agente coadjuvante da instrumentação. Os dentes foram preparados com lima tipo K 1ª e 2ª
séries da Dentsply – Maillefer® (FIG 3). Concluído o preparo, irrigou-se os canais
radiculares com EDTA a 30%, pH 7,5 (Biodinâmica®) durante 03 minutos e, neutralizou-se
com solução de Labarraque. Antes da obturação dos canais radiculares, foi feita a secagem
deles por aspiração e complementada com pontas de papel absorvente (Dentsply®) de
diâmetro compatível com o instrumento memória e de acordo com o CRT. Em seguida, fez-
se a seleção do cone de guta-percha principal (Dentsply®), de acordo com a enumeração
do “instrumento memória”, tomando-se o cuidado para que estejam travados no CRT (FIG 4)
e dos cones acessórios (Dentsply®), todos eles sofreram desinfecção com NaOCl a 2,5% e
secos sobre gaze esterilizada. A verificação radiográfica da adaptação clínica do cone de
guta-percha está ilustrada na (FIG 5).
FIGURA 1 – Remoção da polpa dentária. FIGURA 2 – Desobstrução do forame apical com a lima tipo Kerr nº25 (Dentsply - Maillefer®).
FIGURA 3 – 1ª e 2ª séries de limas tipo Kerr (Dentsply - Maillefer®).
Após a execução da seqüência acima descrita, os dentes de cada grupo foram
obturados de acordo com as técnicas estudadas nesta pesquisa; entretanto, o controle
positivo teve o canal radicular preparado, porém não obturado.
Grupo 01 (Técnica de Condensação Lateral): após prova do cone principal
(Dentsply®) (FIG 4) e verificação radiográfica desta (FIG 5), foi feito: o preparo do cimento
obturador de canais radiculares, Sealer 26 (Dentsply®), que é à base de resina epoxi (FIG
6); colocação deste no canal com auxílio de lima tipo Kerr (Dentsply – Maillefer®); colocação
dos cones principais (Dentsply®); condensação lateral ativa com espaçadores digitais
(Dentsply – Maillefer®), (FIG 7), e colocação dos cones acessórios (Dentsply®); verificação
radiográfica da condensação (FIG 8); corte dos excessos com tesoura; condensação vertical
com calcadores de Paiva (Golgran®); limpeza de excessos com bolinhas de algodão
embebidas em álcool (Galpão 96®).
FIGURA 4 – Prova do cone principal. FIGURA 5 – Confirmação radiográfica da de guta-percha principal (Dentsply®). prova do cone.
FIGURA 6 - Cimento Endodôntico Sealer26 (Dentsply®).
FIGURA 7 – Espaçador digital FIGURA 8 – Verificação radiográfica (Dentsply - Maillefer®). da compactação lateral.
Grupo 02 (Técnica Híbrida de Tagger Modificada): esta técnica consiste na
associação da técnica de McSpadden, que utiliza compactadores semelhantes a uma lima
Hedströen invertida com a condensação lateral. Após selecionar o cone principal
(Dentsply®), (FIGs 4 e 5), este foi levado em posição com o cimento obturador de canais
radiculares à base de resina epoxi, o Sealer 26 (Dentsply®), (FIG 6) , em seguida foram
colocados um ou dois cones acessórios (Dentsply®) de acordo com o volume de guta-
percha necessário para se obturar completamente o canal. Selecionou-se o compactador
Gutta-condensor (Dentsply – Maillefer®), (FIG 9), de um/dois números acima do cone
principal selecionado, nesta caso, o de nº 55. A profundidade da penetração do
compactador no interior do canal foi demarcada pelas ranhuras presentes no seu cabo ou
pela colocação de stops de silicone (Dentsply®), a uma distância de 02mm aquém do CRT
nos canais radiculares. Após a retirada do compactador, verificou-se que os cones de guta-
percha entraram para o interior do canal e plastificou-se, rapidamente. Imediatamente
depois, condensou-se verticalmente a guta-percha com condensadores de Paiva (Golgran®)
para se obter uma melhor adaptação desta com a parede dentinária, fez-se a limpeza dos
excessos com algodão e álcool (Galpão 96®); logo após, verificou-se radiograficamente a
obturação (FIG 10).
FIGURA 9 – Gutta-condensor FIGURA 10 – Verificação radiográfica (Dentsply – Maillefer®). da termocompactação.
Em seguida, as superfícies externas das raízes foram impermeabilizadas com 03
camadas de esmalte (Colorama - Maybelline®) de cor vermelha respeitando-se as
proximidades do forame apical, exceto os controles negativos que tiveram toda superfície
radicular impermeabilizada com o esmalte (Colorama - Maybelline®) e o controle positivo, o
qual não foi impermeabilizado de maneira alguma (FIGs 11 e 12). Para complementar a
impermeabilização das raízes com os canais obturados, aplicou-se, na porção cervical,
material restaurador provisório Têmpore (DFL®) e, sobre este, um capuz de cera n°07
derretida (Polidental®). Posteriormente, os espécimes foram imersos em água destilada
preparada na farmácia de manipulação Arte Galênica, CRM: 1 – SE – 009991 e
armazenados em estufa (Marconi®) a 37°C ±2, por um período de 48 horas, para se
aguardar a polimerização do cimento obturador utilizado Sealer 26 (Dentsply®). Depois fez-
se a imersão dos espécimes em solução de azul de metileno a 2%, formulada na farmácia
de manipulação Arte Galênica (CRM: 1 – SE – 009991), durante 72 horas em estufa
(Marconi®) a 37ºC ±2. Após isso, realizou-se a lavagem em água corrente e remoção da
impermeabilização por meio de uma lâmina de bisturi nº 11 (Two Arrows®). Com o auxílio
de um disco de carburundum 23,8mm x 0,6mm, item # 221 (Dentorium®) montado em peça
reta (Dabi Atlante®), executou-se o seccionamento dos elementos no sentido de seu longo
eixo até as proximidades da massa obturadora, proporcionando, assim, a clivagem e
exposição da obturação. Para leitura da magnitude das infiltrações, foi utilizado um
estereoscópio (Olympus C011®). Os dados aferidos foram levados para análise estatística.
FIGURA 11 – Condensação Lateral (Controle negativo e Grupo 01,respectivamente).
FIGURA 12 – Técnica Híbrida de Tagger ( Controle negativo e Grupo 02, respectivamente).
RESULTADOS
A análise dos resultados foi de natureza quantitativa. Inicialmente os dados foram
organizados em tabelas e gráficos do programa Microsoft Excel XP®, onde foram extraídas
as médias das infiltrações. Para, em seguida, aplicá-las no teste estatístico do tipo t.
Os dados observados revelaram que o controle positivo foi infiltrado em toda sua
plenitude (FIG 13), em contrapartida, os controles negativos não apresentaram nenhum
indício de infiltração pelo corante azul de metileno a 2% (FIGs 14 e 15).
FIGURA 13 – Controle positivo.
FIGURA 14 – Controle negativo (TCL). FIGURA 15 – Controle negativo (THTM).
As ilustrações das infiltrações de uma face da raiz de cada técnica de obturação
endodôntica estudada estão apresentadas nas FIGs 16 e 17. Os dados obtidos através da
leitura das infiltrações por hemi-secção de raiz para cada técnica de obturação de canal
radicular estudada estão ilustrados no GRAF 1. O somatório da maior infiltração apical de
cada hemi-secção representou a infiltração de cada elemento dentário, gerando as variáveis
presentes na TAB 1.
FIGURA 16 – Técnica de Condensação Lateral. FIGURA 17 – Técnica Híbrida de Tagger Modificada.
RELAÇÃO ENTRE TÉCNICAS
5,33
3,47
-1,002,003,004,005,006,00
1
TÉCNICAS
MÉD
IA D
E IN
FILT
RA
ÇÃ
O TÉCNICA DECONDENSAÇÃOLATERAL
TÉCNICAHÍBRIDA DETAGGERMODIFICADA
GRÁFICO 1 – Média das infiltrações presentes nas amostras de cada técnica.
FONTE: Pesquisa in vitro realizada no município de Aracaju-SE (2006).
TABELA 1 – Média e variância das infiltrações de cada técnica.
TCL (na=15)
THTM (nb=15)
MÉDIA 5.33 3.47
VARIÂNCIA(s²) 4.95 3.70
Os resultados da pesquisa foram submetidos à análise estatística pelo teste t.
Esse teste é utilizado para analisar a diferença de duas médias de amostras independentes.
As fórmulas utilizadas para análise através do teste “t” estão ilustradas no QUAD 1.
TESTE “t” PARA AMOSTRAS INDEPENDENTES
t = (média A - média B) / {√ S²(1/na + 1/nb)}
S² = {(na - 1)s² + (nb - 1)s²} / (na + nb -2)
GRAUS DE LIBERDADE = (na + nb -2)
QUADRO 1 – Fórmulas necessárias para analisar através do teste t.
As hipóteses usadas para esse teste, foram: (1) Hipótese de Trabalho (H0) - as
técnicas utilizadas são equivalentes; (2) Hipótese Alternativa (H1) - as técnicas utilizadas
não são equivalentes. Quando o valor de “t” for maior que o valor crítico positivo ou menor
que o valor crítico negativo, o teste rejeita Ho, revelando, dessa maneira, que as técnicas
testadas produzem resultados diferentes.
Os resultados referentes aos cáculos do teste “t” em questão estão ilustrados na
TAB 2. Em nosso trabalho, com base no nível de significância utilizado (5%) para testar as
duas técnicas de obturação de canal radicular, pode concluir-se que, pela rejeição da
hipótese nula - Ho, a diferença entre os valores de "t" calculado (2.458) e tabelado (2.048)
foi significativa. Deste modo, a experiência realizada, nesta amostra, indica que houve um
melhor selamento apical na Técnica Híbrida de Tagger Modificada. Para reforçar o critério
de rejeição da hipótese nula, constatando que houve, realmente, diferença significativa entre
as técnicas, então avaliadas, o valor de “p” (probabilidade) encontrado neste teste foi de p =
0,025, este valor é menor que 0,05 representando que a diferença foi estatisticamente
significante, pois quando p > 0.05 – a diferença não é significativa, enquanto que quando p ≤
0.05 – a diferença é significativa.
TABELA 2 - Cálculos do teste “t’ referente à avaliação das técnicas estudadas
ESTIMATIVA DA VARIÂNCIA GERAL – PELA MÉDIA PONDERADA DAS VARIÂNCIAS AMOSTRAIS
S² = {(na - 1)s² + (nb - 1)s²} / (na + nb -2) 4.32
tc = (média A - média B) / {√ S²(1/na + 1/nb)} 2.458
Graus de liberdade (GL) 28 Valor crítico de “t” correspondente a um nível de
significância 5% (P=0.05) 2.048
DISCUSSÃO
O êxito do tratamento endodôntico está diretamente relacionado à obliteração
correta do espaço ocupado primitivamente pela polpa radicular, máxime em seu terço apical
(BEVILACQUA, FILGUEIRAS & MELLO, 1962; DE DEUS, 1973; SCHILDER, 1974;
BEVERIDGE & INGLE, 1979). A obturação deve ser o mais hermética possível,
preenchendo o sistema de canal radicular de forma tridimensional (BEVILACQUA,
FILGUEIRAS & MELLO, 1962; DE DEUS, 1973; SCHILDER, 1974; ANTONIAZZI & PAIVA,
1985; DUARTE, MORAES & WECKWERTH, 1997). Dessa maneira, a obturação deve
possuir um selamento apical adequado, formando uma barreira que impeça a penetração de
microorganismos presentes nos fluidos perirradiculares, garantindo, assim, a reparação
biológica, retornando o dente ao desempenho de suas tarefas normais. (DE DEUS, 1973;
GROSSMAN, 1976; FRAJLICH & GOLDBERG, 1980; ANTONIAZZI & PAIVA, 1985;
DUARTE, MORAES & WECKWERTH , 1997).
A negligência na execução de alguma das fases da terapia endodôntica acarreta
em insucesso. A principal causa de fracasso do tratamento endodôntico ocorre em
detrimento a uma obturação do sistema de canais radiculares de má qualidade. Segundo
Hembree & Younis (1976), um dos elementos críticos para o sucesso da terapia de canal
radicular é o selamento do sistema de canais que impeça a infiltração de bactérias residuais
e seus sub-produtos presentes na área perirradicular. Entretanto, a percolação apical foi
observada em pesquisa realizada por Ingle em 1979, desde então, diferentes técnicas e
materiais obturadores de canal radicular vêm sendo avaliados de diversas maneiras para
evitar esse tipo de insucesso.
Em virtude da necessidade de obtenção de um selamento apical adequado
almejado pelas técnicas de obturação de canal radicular existentes, nosso trabalho objetivou
avaliar o selamento apical promovido pelas técnicas de Condensação lateral e Híbrida de
Tagger Modificada.
O uso de diferentes corantes como indicadores na infiltração apical em estudos
in vitro é muito comum na avaliação de diferentes instrumentos endodônticos e nas técnicas
de obturação, por mensuração linear da penetração de corante entre as paredes do canal e
da obturação (KABLAN, KATZ & TAMSE; 1998). Camps, Jacquot & Pommel (2001)
afirmaram que a avaliação da infiltração por corante é a técnica mais comumente usada,
provavelmente por ela ser um método simples de se executar. Em nossa pesquisa, a
avaliação da capacidade de selamento apical das técnicas de obturação de canal radicular
empregadas, através da infiltração do corante azul de metileno a 2% pelo forame apical,
revelou ser eficiente. Diante desse achado, o nosso trabalho corrobora com os resultados
obtidos, quanto à eficiência desse método de avaliação, em pesquisas realizadas por
Gough, Kennedy & Walker III, 1986; Camanho, Collesi & Sampaio, 1996; Cecília & Freitas,
1996; Bonetti Filho, Leonardo & Valera, 1998; Betti et al., 2000; Brochado et al., 2001;
Bernabé et al., 2004. Segundo esses autores, dentre os corantes existentes, o azul de
metileno tem sido muito utilizado nas avaliações de selamento apical promovido pelas
técnicas e materiais obturadores de canal radicular, por ser de baixo custo e, também, por
ser eficiente na infiltração, conferindo relevância estatística aos estudos que o utiliza.
O controle positivo foi infiltrado em toda sua plenitude, em contrapartida, os
controles negativos não apresentaram nenhum indício de infiltração pelo corante azul de
metileno a 2%, esses achados, demonstrando a eficácia da impermeabilização utilizada,
corroboram com os resultados encontrados em estudo in vitro realizado por Bernabé et al.
(2004). Nesse estudo, eles avaliaram a influência do material impermeabilizante radicular na
infiltração marginal do azul de metileno. O objetivo do trabalho foi avaliar a eficácia do
Super-Bonder, esmalte para unha, resina epóxica de presa de 10 minutos e de 24 horas
como materiais impermeabilizantes. Para tanto, foram utilizados 50 dentes bovinos
unirradiculares. Os resultados mostraram que o esmalte de unha em canal obturado exerceu
uma efetiva impermeabilização, enquanto os demais grupos, os quais não receberam
obturação, não diferiram entre si e mostraram-se inefetivos em todos os espécimes.
Em nosso estudo, foi observado que o selamento apical promovido pela técnica
Híbrida de Tagger Modificada foi mais eficiente que o promovido pela técnica de
Condensação lateral, esta diferença foi estatisticamente significante. Nossos achados
corroboram com os encontrados por: (1) Camanho, Collesi & Sampaio (1996), que
compararam in vitro o selamento apical promovido pelas técnicas de Condensação
Lateral e Híbrida Modificada, os resultados revelaram que a Condensação Lateral obteve
maior infiltração que a Técnica Híbrida de Tagger Modificada; (2) Cecília & Freitas (1996),
que compararam in vitro a capacidade de selamento apical das técnicas de Condensação
Lateral, Híbrida de Tagger Original e Modificada, eles observaram que nos espécimes
obturados pela técnica de Condensação Lateral, a infiltração foi estatisticamente superior
à das técnicas Híbridas, enquanto não foi observada diferença entre a técnica Híbrida
Original e a Modificada. Em contrapartida, nossos resultados divergiram com os
encontrados no trabalho realizado por Albuquerque et al. (2004), que avaliaram, in vitro, a
efetividade do selamento apical das técnicas de obturação de Condensação Lateral e
Híbrida de Tagger Modificada, através da infiltração da tinta nanquim. Os resultados
revelaram que não houve diferença significativa entre as técnicas analisadas.
CONCLUSÃO
Tomando base nos resultados obtidos e na discussão a respeito de um
selamento apical adequado, concluiu-se que:
• A obturação do conduto radicular deve ser o mais hermética possível, com o
objetivo de impedir a penetração de microorganismos presentes nos fluidos
perirradiculares, garantindo, assim, a reparação biológica do órgão dental e
dos tecidos adjacentes.
• A infiltração apical do azul de metileno a 2% na avaliação do selamento apical
promovido pelas técnicas de obturação de canal radicular estudadas neste
estudo revelou ser eficiente.
• O esmalte® (Colorama – Maybelline) utilizado como impermeabilizante no
presente trabalho, mostrou-se eficaz.
• A técnica Híbrida de Tagger Modificada revelou, em nosso estudo, ser,
estatisticamente significante, superior em relação a um selamento apical
adequado que a técnica de Condensação Lateral.
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