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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE PIRACICABA SERGIO LUIZ DE ALMEIDA ROCHELLE AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTIMICROBIANA DE RESÍDUOS AGROINDUSTRIAIS SOBRE PATÓGENOS DE DOENÇAS ORAIS E SISTÊMICAS EVALUATION OF THE ANTIMICROBIAL ACTIVITY OF AGROINDUSTRIAL RESIDUES ON ORAL AND SYSTEMIC PATHOGENS PIRACICABA 2016

AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTIMICROBIANA DE RESÍDUOS ...repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/304962/1/Rochelle... · e cunhada Isaura, sobrinho Luiz ... no computador e

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE PIRACICABA

SERGIO LUIZ DE ALMEIDA ROCHELLE

AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTIMICROBIANA DE RESÍDUOS

AGROINDUSTRIAIS SOBRE PATÓGENOS DE DOENÇAS ORAIS E

SISTÊMICAS

EVALUATION OF THE ANTIMICROBIAL ACTIVITY OF

AGROINDUSTRIAL RESIDUES ON ORAL AND SYSTEMIC

PATHOGENS

PIRACICABA

2016

SERGIO LUIZ DE ALMEIDA ROCHELLE

AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTIMICROBIANA DE RESÍDUOS

AGROINDUSTRIAIS SOBRE PATÓGENOS DE DOENÇAS ORAIS E

SISTÊMICAS

EVALUATION OF THE ANTIMICROBIAL ACTIVITY OF

AGROINDUSTRIAL RESIDUES ON ORAL AND SYSTEMIC

PATHOGENS

Tese apresentada à Faculdade de Odontologia de

Piracicaba da Universidade Estadual de Campinas

como parte dos requisitos exigidos para a obtenção

do título de Doutor em Odontologia, na Área de

Farmacologia, Anestesiologia e Terapêutica.

Thesis presented to the Piracicaba Dental School of

the University of Campinas in partial fulfillment of the

requirements for the degree of Doctor in Dentistry, in

Pharmacology, Anesthesiology and Therapeutics

area.

Orientador: Prof. Dr. Pedro Luiz Rosalen

Coorientadora: Profa. Dra. Janaina de Cássia Orlandi Sardi

ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO

FINAL DA TESE DEFENDIDA PELO ALUNO

SERGIO LUIZ DE ALMEIDA ROCHELLE, E

ORIENTADA PELO PROF. DR. PEDRO LUIZ

ROSALEN.

PIRACICABA

2016

DEDICATÓRIA

Dedico esta Tese aos meus Pais: Sergio Ricardo Pinto César Rochelle e

Wilma Benedita de Almeida Rochelle (in memorian), à Marta Cecília Soli Alves

Rochelle, minha mulher, e a meu filhote querido Terry (in memorian),

Querida Mãe,

Você me ensinou a ler e a escrever, mostrando “ O Caminho Suave” das

primeiras letras, palavras e frases. Infelizmente não deu tempo para você estar na

minha defesa, o que tanto queria, mas, você estará para sempre ao meu lado e em

meu coração. Até breve!

Querido Pai,

Você me ensinou o hábito da leitura, da procura por bons livros e do

interesse pala ciência e coisas interessantes. Continuamos nossa caminhada juntos

com nossos irmãos Luiz Henrique e Luiz Fernando, e irmã Elizabeth, cunhado Nelson

e cunhada Isaura, sobrinho Luiz Henrique e sobrinhas Ana Thereza, Ana Carolina e

Ana Beatriz,

A ambos, meus Pais,

Sou-lhes eternamente grato pelo dom da vida, pelo exemplo de trabalho,

de força e de fé; rogo a Deus que eu possa continuar a ser útil para vocês e para todos

com os quais eu tenha a honra de conviver,

À minha Querida e Amada Marta,

Você divide comigo todos os dias os bons e maus momentos da vida e

mostrou toda a sua garra, seu amor e me suportou para que eu pudesse concluir meus

demorados trabalhos. A você continuo a dedicar todo o meu amor!

Aos queridos

Familiares, cunhados e cunhadas, Luís, Lêda, Itagiba, Maura, sobrinhos

Eduardo/Rosângela, Débora e os (a) sobrinhos (a) netos(a), Lucca, Enrico e Beatriz,

Aos queridos Terry, Jeannie, Larry e Barry,

Infelizmente não pude brincar com vocês em muitos momentos que estava

no computador e que vocês trouxeram seus brinquedos colocando-os ao lado de

meus pés; sou eternamente grato pela imensa fidelidade e pela mais pura amizade,

Que Deus abençoe a todos!

AGRADECIMENTOS

Um trabalho é sempre feito com o auxílio de muitos cérebros e mãos;

agradeço a todos aqueles que puderam contribuir para a sua realização!

Não tenho palavras para agradecer ao meu orientador, Prof. Dr. Pedro Luiz

Rosalen, pela amizade, exemplo de fé, de alegria e de trabalho. Que Deus continue

sempre a iluminar seu caminho!

Agradeço também a minha Coorientadora, Profa. Dra. Janaina de Cássia

Orlandi Sardi, pelo esforço e dedicação voltados à finalização deste trabalho,

Agradeço ao CNPq e à CAPES-PROEX, pelas bolsas e auxílios fornecidos,

sem os quais não conseguiria realizar minhas atividades,

Agradeço à minha segunda casa, a FOP-UNICAMP, que me proporcionou

vários anos de novos aprendizados, desde meu Mestrado até agora o Doutorado, a

todos os Docentes, muitos meus Professores até da Graduação, e àqueles que

infelizmente já não mais estão conosco. Vocês todos sempre terão um lugar de

destaque em meu coração! Os nossos acertos sem dúvida são os seus exemplos, os

nossos erros, as nossas imperfeitas tentativas de igualá-los!

Agradeço à ESALQ, ao Prof. Dr. Severino M. Alencar e às Técnicas Adna

Massarioli e Ivani Moreno, assim como ao Prof. Dr. Eduardo Glória e à Técnica Ivani

Zandelo, pelo constante e imprescindível auxílio durante o transcorrer dos meus

trabalhos,

Agradeço ao Prof. Dr. Roberto G.S. Berlinck, cujas aulas no Instituto de

Química da USP de São Carlos, possibilitatam transformar minha compreensão em

relação à química da vida,

Agradeço aos(às) Profs.(as) Drs.(as) que participaram das Bancas de

Qualificação, cujos apartes e intervenções foram fundamentais para aperfeiçoar meu

trabalho,

Agradeço aos muitos funcionários da FOP-UNICAMP, cujo incansável

trabalho me proporcionou um ambiente agradável de produção,

Agradeço ao Técnico Adriano, do Laboratório de Microscopia Eletrônica,

pelo valioso auxílio,

Agradeço a todos os funcionários das Bibliotecas da UNICAMP, em

especial à Bibliotecária Heloísa M. Ceccotti, pelo amparo e presteza ao atender e

resolver com eficiência minhas dúvidas,

Agradeço aos Técnicos e Secretárias do Departamento de Anestesiologia

e Terapêutica – Área de Farmacologia da FOP-UNICAMP – Dra. Eliane, Elisa e José

Carlos, cujo trabalho direto foi fundamental para que eu pudesse trabalhar e

pesquisar,

Agradeço muito a todos os colegas de estudo que nesses 4 anos me

brindaram com sua amizade, coleguismo, troca de conhecimentos e experiências,

num convívio alegre e profícuo. Em especial à Lívia Galvão, Marcos Cunha, Irlan

Freires e Josy Goldoni, que em breve também serão doutores e mestra,

Que Deus retribua a todos a colaboração e a generosidade!

RESUMO

O Brasil é um dos maiores produtores de resíduos agroindustriais no mundo. O estudo

e uso de compostos que existem nesses materiais são importantes para a redução da

quantidade de poluentes na natureza, agregar valores e encontrar substâncias que

tenham atividade biológica e potencial terapêutico. O objetivo deste trabalho foi o de

avaliar o potencial antimicrobiano e antibiofilme de extratos hidroalcoólicos de

resíduos agroindustriais, incluindo seus efeitos na formação, adesão e morfologia do

biofilme. Resíduos de agroindústrias de diferentes partes de oito espécies de plantas

(cacau, café, goiaba, laranja, maçã, geoprópolis, romã e tomate) foram obtidos de

indústrias e submetidos à extração hidroalcoólica. Obteve-se 22 extratos que foram

submetidos aos testes de Concentração Inibitória Mínima e Bactericida/Fungicida

Mínimas (CIM e CBM/CFM) contra microrganismos de referência (onze cepas de

bactérias e uma de levedura). Os extratos com maior atividade foram quimicamente

caracterizados por Cromatografia Gasosa acoplada à Espectrometria de Massas

(CG/EM) e testados quanto à sua habilidade de inibir a formação e a adesão do

biofilme, de matar as células maduras do biofilme (Ensaio do XTT), e de alterar a sua

morfologia (Microscopia Eletrônica de Varredura - MEV). Finalmente, os efeitos

tóxicos agudos dos extratos bioativos de maior atividade foram testados no modelo

sistêmico de Galleria mellonella. Dos 22 extratos, 8 mostraram atividade

antimicrobiana com valores de CIM variando de 31,25 a 2000 µg/ml e CBM/CFM entre

62,50 a 4000 µg/ml. Os extratos de geoprópolis, romã 1, romã 2 e café foram capazes

de inibir a adesão do biofilme e suas CIMs variaram de 23% a 80% dependendo da

cepa. O extrato do resíduo da geoprópolis inibiu a adesão de Streptococcus

parasanguinis, Staphylococcus aureus, S. aureus (MRSA), S. epidermidis e S. mutans

a 31,25-250 µg/ml. A romã 1 somente teve ação em S. parasanguinis (125 µg/ml) e

Candida albicans (62,5 µg/ml), enquanto a romã 2 inibiu a aderência dos biofilmes de

Pseudomonas aeruginosa (125 µg/ml) e C. albicans (250 µg/ml). A borra do café inibiu

a adesão do S. mutans (250 µg/ml). A 10x a CIM (2500 µg/ml), esses extratos (exceto

o de café), também inibiram os biofilmes maduros de S. aureus, S. epidermidis e S.

aureus (MRSA), e alterações morfológicas dos biofilmes tratados foram visualizados

na análise do MEV. A CG/EM dos extratos bioativos revelaram a presença do éster

ácido dietil 1,2-benzenodicarboxílico (Geoprópolis – 10,73% e Romã 1 – 31,23%),

M=217 (Romã 2 – 8,89%) como compostos majoritários. Os testes de toxicidade foram

realizados in vivo com os extratos da geoprópolis, romãs 1 e 2 nas larvas de G.

mellonella. Na dose de 50 mg/kg, correspondente a 2500 µg/ml (dose efetiva contra

os biofilmes in vitro), os extratos não exerceram efeitos tóxicos agudos consideráveis

nas larvas, no período de até 72 horas (P > 0.05). Os extratos de resíduos

agroindustriais de geoprópolis e romã apresentaram atividades antibiofilmes

promissoras contra patógenas oportunistas de relevância clínica no campo médico e

odontológico. Os achados suportam o uso dos resíduos como candidatos potenciais

para o desenvolvimento de drogas sob uma perspectiva de sustentabilidade.

Palavras-chave: Resíduos agroindustriais. Adesão celular. Biofilmes. Patógenos.

ABSTRACT

Brazil is one of the largest producers of agro-industrial residues in the world. The study

and use of the compounds existing in these materials are important to reduce the

amount of pollutants input in the environment, as well as to aggregate value and find

substances that have biological activity and therapeutic potential. The aim of the study

was to evaluate the anti-biofilm potential of hydroalcoholic extracts from agro-industrial

residues, including their effects on biofilm formation, adhesion and morphology.

Agroindustrial residues from different parts of eight plant species (cocoa, coffee,

guava, orange, apple, geopropolis, pomegranate and tomato) were obtained from

companies and subjected to hydroalcoholic extraction. A total of 22 extracts were

obtained and screened for their Minimum Inhibitory and Bactericidal/Fungicidal

Concentrations (MIC/MFC) against reference microorganisms (eleven bacterial strains

and one yeast strain). The most bioactive extracts were chemically characterized by

Gas Chromatography couple to Mass Spectrometry (GC/MS) and tested for their ability

to inhibit biofilm formation and adhesion, kill mature biofilm cells (XTT assay), and

disrupt biofilm morphology (Scanning Electron Microscopy - SEM). Finally, the acute

toxic effects of the most bioactive extracts were tested in Galleria mellonella systemic

model. Of the 22 extracts, 8 showed antimicrobial activity with MIC values ranging from

31.25 to 2,000 µg/ml and MBC/MFC ranging from 62.50 to 4,000 µg/ml. The extracts

of geopropolis, pomegranate 1 and pomegranate 2 and coffee were able to inhibit

biofilm adhesion at their MICs by 23% to 80% depending on the strain. The geopropolis

extract inhibited adhesion of Streptococcus parasanguinis, Staphylococcus aureus, S.

aureus (MRSA), S. epidermidis and S. mutans at 31.25-250 µg/ml. Pomegranate 1

only had an effect on S. parasanguinis (125 µg/ml) and Candida albicans (62.5 µg/ml),

whereas pomegranate 2 inhibited the adherence of Pseudomonas aeruginosa (125

µg/ml) and C. albicans (250 µg/ml) biofilms. The coffee dreg inhibited the adherence

of S. mutans (250 µg/ml). At 10xMIC (2500 µg/ml), three extracts (except coffee dreg)

also inhibited mature biofilm of S. aureus, S. epidermidis and S. aureus (MRSA), and

morphological changes of treated biofilms were seen by SEM analysis. GC/MS of

bioactive extracts revealed the presence of 1,2-benzenedicarboxylic acid, diethyl ester

(Geopropolis - 10.73% and Pomegranate 1 – 31.23%), M=217 (Pomegranate 2 –

8.89%) as major compounds. Toxicity tests were performed in vivo with the extracts of

geopropolis, pomegranate 1 and pomegranate 2 in G. mellonella larvae. At the dose

of 50 mg/kg corresponding to 2,500 µg/ml (effective dose against the biofilms in vitro),

the extracts did not exert considerable acute toxic effects in the larvae over a period of

72 h (P > 0.05). The extracts from agro-industrial residues of geopropolis and

pomegranate have promising anti-biofilm activity against opportunistic pathogens of

clinical relevance in the medical and dental settings. These findings support the use of

these residues as potential candidates for drug development under a sustainable

perspective.

Key words: Agro-industrial residues. Cell adhesion. Biofilms. Pathogens.

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Origem da vida 15

Figura 2 – Cronologia de Formação da Terra 16

Figura 3 – Fontes de Resíduos 17

Figura 4 – População Mundial 18

Figura 5 – Malefícios dos Resíduos: Poluição das águas 18

Figura 6 – Porcentagem de drogas oriundas de produtos

naturais no período de 30 anos

20

Figura 7 – Metabolismo Secundário das Plantas 21

Figura 8 – Resíduos de Romã e Própolis 22

Figura 9 – Resíduos de Uva (Bagaços e Engacos) e de Tomate 22

Figura 10 – Resíduos de Café: Borra e Casca 22

Figura 11 – Romãzeira “Wonderful” 53

Figura 12 – Romã 53

Figura 13 – Uruçú 54

Figura 14 – Geoprópolis 54

Figura 15 – Galleria mellonella 60

Figura 16 – Inoculo em Galleria mellonella 60

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

Ác. Mal. Ácido Malônico.

Ác. Meval. Ácido Mevalônico.

Ác. TC Ácidos Tri-Carboxílicos.

Acetil Co-A Acetil Coenzima A.

ADN (DNA) Ácido Desoxirribonucléico (Desoxyribonucleic Acid).

Art.

C. albicans

Artigo.

Candida albicans

CBM (MBC) Concentração Bactericida Mínima (Minimum

Bactericidal Concentration).

CCPA (ATCC) Coleção de Cepas Padrão Americanas (American Type

Culture Collection).

CFM (MFC) Concentração Fungicida Mínima (Minimum Fungicidal

Concentration).

CG-EM (GC-MS) Cromatografia Gasosa acoplada a Espectrometria de

Massa (Gas Chromatography coupled to Mass

Spectrometry).

CHCF (CBS) Coleção holandesa de cepas fúngicas (Central Bureau

voor Schimmelcultures.

CIM (MIC) Concentração Inibitória Mínima (Minimum Inhibitory

Concentration).

CLAE (RP-HPLC) Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (High

Pression Liquid Chromatography).

CLSI Clinical and Laboratory Standards Institute.

DMSO

E. coli

EMBRAPA

F. nucleatum

G. mellonella

Dimetil Sulfóxido.

Escherichia coli

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária.

Fusobacterium nucleatum

Galleria mellonella

MEV (SEM)

P. gingivalis

P. intermedia

Microscopia Eletrônica de Varredura (Scanning

Electron Microscopy).

Porphyromonas gingivalis

Prevotella intermedia

P. aeruginosa Pseudomonas aeruginosa

Pág.

S. aureus

S. aureus SARM

(MRSA)

S. epidermidis

S. mutans

S. parasanguinis

TFS (PBS)

Página.

Staphylococcus aureus

Staphylococcus aureus Resistente à Meticilina

(Methycillin Resistant Staphylococcus aureus)

Staphylococcus epidermidis

Streptococcus mutans

Streptococcus parasanguinis

Tampão Fosfato-Salino (Phosphate Buffered Saline)

UFC (CFU) Unidades Formadoras de Colônias (Colony Formation

Unity).

Obs: As nomenclaturas entre parênteses têm correspondência com a versão

na língua inglesa.

LISTA DE SÍMBOLOS1

CO2 Dióxido de carbono

EtOH Álcool etílico = Etanol

h Hora

H2O Água

HCl

Kg

M

mM

mg/Kg

Ácido clorídrico

Quilograma

Molar

Milimolar

Miligrama por quilo

min

ml

Minuto

Mililitro

N Normal

pH Potencial hidrogeniônico

rpm Rotações por minuto

TTC 2,3,5-triphenyl-tetrazolium chloride.

v/v Volume/volume

XTT

ºC

µg/ml

2,3 - Bis - (2 - Methoxy- 4 – Nitro – 5 -

Sulfophenyl) - 2H – Tetrazolium – 5 –

Carboxanilide.

Graus Celsius

Micrograma por mililitro

1 De acordo com o International System of abbreviations for units of measurement.

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 15

2 ARTIGO – The anti-biofilm potential of commonly discarded

agro-industrial residues against opportunistic

pathogens 24

3 DISCUSSÃO 49

4 CONCLUSÃO 62

REFERÊNCIAS 63

ANEXO 1 – Comprovação da submissão do artigo 82

15

1 INTRODUÇÃO

Na imensidão deste universo infinito criado por Deus, numa singularidade

de espaçotempo2 (Hawking e Penrose, 1996), coexistem infinitos superaglomerados

de galáxias há cerca de 13-14 bilhões de anos. Numa das bordas de uma galáxia

espiralada, existe um sistema solar centrado por um sol amarelo de meia idade, com

exóticos planetas acomodados em órbitas regidas pelas leis da física (Newton, 1871

e Einstein, 1915). Um deles, uma pérola do universo, é nominado de Terra, embora

apresente vasta quantidade de água. Desde a sua formação há cerca de 4,5 bilhões

de anos na chamada zona habitável desse sistema, foi o surgimento da água, as

condições propícias de temperatura e composição química é que permitiram ao longo

do tempo a transformação de elementos biogênicos num “caldo de produtos”,

conforme representado na Figura 1, culminando na formação de aglomerados e/de

moléculas orgânicas, qual seja, a base para a formação da vida. (Cairns Smith, 1985).

Figura 1 – Origem da vida.

Fonte: lidianenorberto.blogspot.com

Em uma atmosfera rica de gases e bombardeada com descargas elétricas,

o planeta criou condições para o desenvolvimento dos aminoácidos essenciais (Miller

e Urey, 1959) e a partir daí o surgimento das primeiras “células” durante o período

Pré-Cambriano, há 3,5 bilhões de anos. Anaeróbias, únicas e dotadas de capacidade

de se auto reproduzir mantendo sua individualidade (seu DNA), essas células

desenvolveram novos mecanismos evolutivos, dos quais surgiram os organismos

autotróficos e, com eles, a fotossíntese e o aparecimento paulatino de seres cada vez

2 De acordo com a nova concepção da cosmologia universal segundo Stephen Hawkins – Oxford-UK, 2015.

16

mais diversificados, aeróbios, complexos e pluricelulares, numa atmosfera agora rica

em oxigênio. Surgiram os seres unicelulares, microrganismos como bactérias,

leveduras, protozoários e algas (Figura 2).

Figura 2 - Cronologia de Formação da Terra.

Fonte: Luria (1979).

Formadas no seio da água planetária, essas células foram aos poucos

também ganhando movimento e podendo agora invadir o ambiente terrestre, onde

fincaram raízes formando as plantas (durante a Era Paleozoica no período Cambriano

há cerca de 500 milhões de anos) e os animais (formados no Pré-Cambriano). O

processo evolutivo e a seleção natural (Darwin, 1859) foram fundamentais para que

esses seres vivos ganhassem cada vez mais os diversos ambientes do planeta e

formassem seres vivos dotados gradualmente de maior complexidade biológica e

cerebral, culminando com o aparecimento dos primeiros hominídeos e deles, os seres

humanos modernos há 200 mil anos (Leakey e Lewin, 1977).

Aos poucos a formação de ecossistemas dinâmicos levou essas diversas

espécies de seres vivos tanto a interações intraespecíficas como a interespecíficas,

harmônicas (positivas) como desarmônicas (negativas), nas quais havia benefícios ou

prejuízos ao menos para uma delas. Na ponta do desenvolvimento heterotrófico e

dependente de alimentos pré-formados para poder viver, os seres humanos passaram

então a domesticar e a criar os animais e a cultivar as plantas para deles extrair o seu

sustento e também tentar aplacar os seus males e doenças.

Muito antes de surgir a escrita, o homem já usava plantas e ervas para fins

alimentares e medicinais, sentindo as alegrias e as tristezas dessas experiências e

descobrindo empiricamente suas qualidades e propriedades, quer fossem

17

alimentares, medicamentosas, venenosas ou ainda alucinógenas. A busca por esses

produtos sempre movimentou o homem pelo planeta, descobrindo novas espécies,

fontes e novas maneiras de utilizá-los, adquirindo com isso imenso valor e importância

econômica e social. Há muitos anos, portanto, os seres humanos dependem e

procuram por novas fontes de alimentos e de medicamentos, sobretudo os de origem

vegetal.

Além de ser dotado de inteligência e de um polegar opositor3, outra

característica marcante dos seres humanos atuais é a de produzir grande quantidade

de resíduos como fruto de suas atividades cotidianas de sobrevivência e de trabalho

(Figura 3).

Figura 3 – Principais fontes de resíduos.

Fonte: Jornal O Estado de São Paulo, Supl. Planeta H1: 21/11/2011.

No momento em que a população mundial ultrapassa os 7 bilhões de

indivíduos (Figura 4), a carência de alimentos e da atenção à saúde cada vez mais

crescente, torna-se fundamental que as pesquisas na área de novas descobertas de

insumos vegetais sejam estimuladas. A natureza tem sido a fonte de substâncias

medicinais por milhares de anos e, por isso, um número expressivo de modernas

drogas continua a ser isolado de produtos naturais (Doughari et al., 2008).

O Brasil é um país de tradições culturais, principalmente portuguesas e

indígenas; dotado de imenso território com mais de 8,5 milhões de Km2. Sua imensa

diversidade biológica animal e vegetal, faz com que se precise melhor conhecer e

utilizar as riquezas de sua floresta tropical, uma das últimas fronteiras do mundo. O

grande desenvolvimento econômico gerado pelo forte agronegócio graças à produção

de alimentos, faz com que sejamos um grande exportador de

3 Ver o vídeo do Documentário Ilha das Flores. Disponível em: https://sp.yimg.com/ib/th?id=WN.DLv6pUGZtp8U

voNOsAs9eA&pid=15.1

18

Figura 4 – População Mundial.

Fonte: Revista National

Geographic Brasil – Capa da edição de Janeiro de 2011, Ano 11 nº 130.

commodities, o que também tem gerado grandes volumes de resíduos agroindustriais

(Zeni e Pendraki, 2006). Por decorrência, sérios problemas têm surgido como, por

exemplo, a poluição (Figura 5), principalmente do solo e das águas superficiais e

subterrâneas (Matos, 2005), além da disseminação de inúmeras doenças causadas

por microrganismos, entre eles, as bactérias, os fungos e os parasitas.

Figura 5 - Malefícios dos Resíduos:

Poluição das águas.

Fonte: naijamayor.com

Como a geração de resíduos é inerente a qualquer setor produtivo e

também do próprio ser humano, desde o final do Século XX tem havido um crescente

aumento da conscientização ecológica (Naime e Carvalho, 2009), deixando claro que

19

o grande desafio da humanidade para as próximas décadas é procurar o equilíbrio

entre a produção de bens e serviços e o crescimento econômico, sem deixar de lado

a igualdade social e a sustentabilidade ambiental (EMBRAPA, 2011). Essa

preocupação com o meio ambiente tem mobilizado vários segmentos de nossa

sociedade e inúmeros órgãos governamentais e as indústrias estão se preparando

para a aplicação de uma política ambiental que diminua os impactos negativos à

natureza.

Segundo Pelizer et al. (2007) os resíduos agroindustriais podem ter muitas

substâncias de alto valor, desde que se empregue uma tecnologia adequada para o

seu reaproveitamento. Eles podem se constituir em importantes fontes de matérias

primas, ajudando no desenvolvimento econômico e gerando novas frentes de

trabalho. Suas transformações, para que sejam reincorporados ao meio ambiente,

requerem pesquisas científicas e sociais, que pretendam buscar alternativas de novos

compostos químicos, matérias primas ou insumos, gerando potencial econômico, com

impactos positivos em toda a cadeia produtiva nacional e para o meio ambiente

(Santos, 2005; De Bona et al., 2014).

Pesquisas de reaproveitamento de resíduos agroindustriais e mesmo de

vegetais diversos, têm sido muito valorizadas nos últimos 30 anos em virtude da busca

de novas tecnologias para a produção de biocombustíveis (Grayson, 2011). Isso

poderia contribuir para uma fonte renovável de insumos e a diminuição do uso de

combustíveis fósseis, reduzindo seu impacto ambiental (De Bona et al., 2014).

Também é muito importante a pesquisa com o uso de microrganismos produtores de

derivados químicos a partir de biomassa vegetal, na busca de biocombustíveis e de

produtos de interesse farmacêutico (Steen et al., 2010; Martin, 2011; Schneid et al.,

2012). Segundo Baker et al. (2007); Newmann e Cragg (2009, 2012, 2015); Pawar

(2014), e Zainal et al. (2014) a pesquisa de produtos naturais oriundos de produtos

vegetais naturais e de microrganismos tem trazido também muitos progressos na

descoberta de novos antibióticos e também na terapêutica oncológica (Figura 6).

20

Figura 6 - Porcentagem de drogas oriundas de produtos naturais no período de 30 anos.

Fonte: Newmann e Cragg (2012).

Diversas pesquisas têm demonstrado a importância dos componentes

químicos encontrados nos resíduos agroindustriais, como por exemplo, os compostos

fenólicos e os antioxidantes (Melo, 2010; Oldoni, 2010; Arbos et al., 2013), incluindo

as suas respectivas atividades biológicas ou antimicrobianas (Silva et al., 2015), quer

presentes naturalmente nos vegetais ou oriundos do seu metabolismo secundário, ou

ainda de alimentos ou de seus resíduos, que seriam descartados como lixo (FAO,

2011).

Esses resíduos exibem, além da atividade antioxidante e antimicrobiana

(antibacterianas, antifúngicas, antiprotozoários), também apresentam ações antivirais

e antiparasitárias contra patógenos orais e sistêmicos (Seligman, 2004; Cavalcanti et

al., 2008; Corrêa, 2011; Jeon et al., 2011; Camargo, 2014) e, ainda, propriedades

antialérgicas, antiaterogênicas, anti-inflamatórias, antitrombóticas e cardioprotetoras,

dentre outras (Balasundram et al., 2006; Dimitrios, 2006).

A Figura 7 a seguir, esquematiza o metabolismo secundário das plantas,

importante fonte de muitos desses compostos de interesse farmacológico.

21

Figura 7 – Metabolismo Secundário das Plantas.

Fonte: Acervo do pesquisador. Adaptação:Yunes e

Cechinel Filho, 2012.

Assim, fundamentado por essas questões supramencionadas, no ano

anterior ao início das pesquisas, realizou-se um screening bibliográfico para a escolha

dos resíduos de origem agroindustrial mais importantes e significativos, e que

poderiam conter substâncias bioativas.

Foram selecionados resíduos (Ver exemplos nas Figuras 8 a 10) diversos

como bagaços, cascas, borra, água residual, palha, etc..., oriundos de Cacau

(Theobroma cacao), Café (Coffea arabica), Goiaba (Psidium guajava), Laranja (Citrus

sinensis), Maçã (Malus domestica), Geoprópolis, Romã (Punica granatum) e Tomate

(Solanum lycopersicum), produtos vegetais esses que representam alguns dos

vegetais de maior produção em nosso país e que produzem quantidades de resíduos

que variam entre 5 a 90% de seu peso bruto. Saliente-se que se quis verificar se

esses resíduos que seriam descartados como lixo, poderiam ainda conter substâncias

bioativas de interesse com alguma atividade biológica antimicrobiana, que pudessem

22

contribuir na geração de conhecimentos, sustentabilidade e até do fortalecimento da

indústria nacional farmacêutica, alimentícia e de cosméticos, contribuindo para a

busca da tão almejada sustentabilidade ambiental, fundamental para a sobrevivência

dos seres humanos na terra.

Figura 8 – Resíduos de Romã e Própolis.

Fonte: Acervo do pesquisador.

Figura 9 – Resíduos de Uva (Bagaços e Engacos) e de Tomate.

Fonte: Cedido pelo Prof. Dr. Severino Alencar – Esalq – USP.

Figura 10 – Resíduos de Café: Borra e Casca.

Fonte: Acervo do pesquisador.

Da mesma forma, foram selecionados por screening bibliográfico os

microrganismos oriundos de cepas padrão para a realização deste estudo, como a

23

levedura Candida albicans CBS 562, a Escherichia coli O157:H7, a Pseudomonas

aeruginosa ATCC 27853, o Staphylococcus aureus ATCC 33591, o Staphylococcus

aureus MRSA ATCC 33591 e o Staphylococcus epidermidis ATCC 12228, (todas

aeróbias); a Fusobacterium nucleatum ATCC 25586, a Porphyromonas gingivalis

ATCC 33277 e a Prevotella intermedia ATCC 25611 (anaeróbias estritas), além do

Streptococcus mitis ATCC 7073, Streptococcus mutans UA 159 e Streptococcus

parasanguinis ATCC 903 (microaerófilas). Destaque-se que esses microrganismos,

oriundos todos de doenças que afetam seres humanos, armazenados e cedidos por

exemplo, pela FIOCRUZ do Rio de Janeiro, representam a imensa gama de

organismos de maior interesse médico e odontológico, incluindo-se dentre eles uma

cepa enteropatogênica e outra resistente a antibióticos, também contra os resíduos

aqui estudados. A pesquisa e a descoberta de novos compostos, principalmente de

origem natural, capazes de inibir seu crescimento ou ainda de destruí-los, poderá ser

de imensa importância para o tratamento de muitas enfermidades causadas por eles.4

4 Esta tese de doutoramento atende a “Informação CCPG/ 001/2015” enviada por email em 21/09/2015, com os adendos reenviados por email em 16/10/2015 e foi formatada na opção “alternativa ao modelo tradicional”. Assim, em conformidade à Informação mencionada, nesta tese há um capítulo, composto por um artigo onde se procurou investigar a atividade antimicrobiana de 8 espécies vegetais e 22 resíduos agroindustriais contra 12 cepas de microrganismos (sendo 11 bactérias e uma levedura).

24

2 ARTIGO5

The anti-biofilm potential of commonly discarded agro-industrial

residues against opportunistic pathogens

Sergio Luiz de Almeida Rochelle1, Janaina de Cássia Orlandi Sardi1, Irlan Almeida Freires1,

Lívia Câmara de Carvalho Galvão1, Josy Goldoni Lazarini1, Severino Matias de Alencar2,

Pedro Luiz Rosalen1*

1 Department of Physiological Sciences, School of Dentistry of Piracicaba, University of Campinas,

Avenue Limeira 901, 13414 903 Piracicaba, SP, Brazil. 2 Department of Agro-Food Industry, Food and Nutrition, "Luiz de Queiroz" College of Agriculture,

University of São Paulo, Avenue Padua Dias 11, 13418-900 Piracicaba, SP, Brazil

*Correspondence to: Pedro Luiz Rosalen - Department of Physiological Sciences, Piracicaba Dental

School, University of Campinas, 901 Limeira Ave., 13414903, Piracicaba, SP, Brazil.

Email: [email protected]. Phone: +55 19 2106-5208; Fax: +55 19 2106-5250.

Abstract

Brazil is one of the largest producers of agro-industrial residues in the world. The aim of the

study was to evaluate the anti-biofilm potential of hydroalcoholic extracts from agro-industrial

residues, adhesion and morphology. Agroindustrial residues from different parts were obtained

from companies and subjected to hydroalcoholic extraction. A total of 14 extracts were obtained

and screened for their MIC/MBC against reference microorganisms (eleven bacterial strains

and one yeast strain). The most bioactive extracts were chemically characterized by GC/MS

and tested for their ability to inhibit adhesion, kill mature biofilm cells, and disrupt biofilm

morphology. Eight extracts showed antimicrobial activity with MIC values ranging from 31.25

to 2,000 µg/ml and MBC/MFC ranging from 62.50 to 4,000 µg/ml. The extracts of geopropolis,

pomegranate batchs #1 and #2 and coffee were able to inhibit adhesion at their MICs by 23%

to 80% depending on the strain. At 10xMIC, three extracts also inhibited mature biofilm of

seven pathogens. Toxicity tests were performed in vivo with the extracts of geopropolis,

pomegranate 1 and pomegranate 2 in G. mellonella larvae. At the dose of 50 mg/kg, the extracts

did not exert considerable acute toxic effects in the larvae over a period of 72 h. The extracts

from agro-industrial residues have promising anti-biofilm activity against opportunistic

pathogens of clinical relevance in the medical and dental settings.

Key words: agro-industrial residues, adhesion, biofilm, opportunistic pathogens.

5 Artigo submetido para publicação na Biofouling em 23/11/2015; ID: GBIF20150301; https://mc.manuscriotcentral.com/gbif. (Anexo 1).

25

1. INTRODUCTION

Throughout the history of mankind, naturally-occurring products have been considered

as a valuable source of bioactive molecules for drug development in several areas of medicine

and dentistry (Cragg & Newman, 2013). With more than 43,000 native plant species cataloged,

Brazil holds more than 20% of the world's biodiversity, generating a large number of research

opportunities for the discovery of new molecules (Brazil, 2015). As a country of agriculture,

Brazil is also a major producer of agro-industrial residues which are commonly discarded by

the industry. The search for alternatives to make use of the organic (waste) material generated

is growing within several research centers, especially by center producers and industrialists,

particularly interested on compounds with antioxidant and antimicrobial activity (Arbos et al.,

2013).

Agricultural byproducts are constantly being despised and discarded as waste in water

fountains causing environmental degradation. The study and use of the compounds existing in

these materials are important not only to reduce the amount of pollutants input, but also to

aggregate value and find substances that have biological activity and therapeutic potential, thus

contributing to sustainability of residue-producing companies. Agro-industrial residues can be

potentially used as energy sources, alternative animal feed, fertilizers for plants and sources of

chemical compounds with medicinal purposes (Liu et al., 2010). A number of phytochemical

classes have been identified in residue-derived extracts, including saponins, flavonoids,

thiosulfates, tannins, quinones, alkaloids, organic acids, in addition to phenolic compounds

(Tajkarimi et al., 2010).

Some authors have demonstrated the use of residues with antimicrobial potential against

several Gram-positive and Gram-negative microorganisms, as well as yeasts and other fungi

(Moody et al., 2004; Tarfa et al., 2004; Ponnusamy et al., 2010; Zottich et al., 2011; Shad et

al., 2014). Nevertheless, there is no data in the literature on the potential of residues against

biofilms of opportunistic pathogens, such as streptococci, staphylococci, Pseudomonas spp.,

Escherichia spp., among others. It is well known that the ability to form biofilm confers

advantages to the microorganism when compared to its planktonic form. Hence, the use of

substances able to disrupt biofilm integrity and viability and thus prevent infection is highly

desirable, particularly in the current scenario of microbial resistance and adverse effects of

synthetic drugs.

The present study reports on the bioprospection of fourteen agro-industrial organic

residues for their antimicrobial activity against pathogenic biofilms, including effects on

biofilm formation, adhesion and morphology. In the perspective of future clinical use, the most

26

bioactive residues were also tested for their systemic toxicity in vivo using Galleria mellonella

model.

2. MATERIAL AND METHODS

Plant material. Organic residues from different parts of eight plant species: Theobroma cacao

(cocoa), Coffea arabica (coffee), Psidium guajava (guava), Citrus sinensis (orange), Malus

domestica (apple), geopropolis, Punica granatum (pomegranate) and Solanum lycopersicum

(tomato) were obtained from companies and suppliers through an agreement between the

Embrapa (Brazilian Agricultural Research Corporation), Luiz de Queiroz College of

Agriculture (ESALQ) at the University of São Paulo (Piracicaba, SP, Brazil), and Piracicaba

Dental School at the University of Campinas (Piracicaba, SP, Brazil). The plant material –

which is commonly considered as waste – was grounded, lyophilized, homogenized, weighed

and then stored at -20 °C.

Preparation of extracts. The different residues were subjected to hydroalcoholic extraction

(80% EtOH/H2O and 1:10, v/v) for 48 min (three cycles of 16 min) using an ultrasound

apparatus. The obtained extracts were filtered, rotaevaporated and freeze dried to give the crude

dried extracts (Ribeiro et al., 2007; Melo 2011). A total of fourteen extract were obtained. All

dried extracts were stored at -20 °C until use.

Solid-phase extraction of interfering substances (sugars) in the samples. For some

extracts, such as guava, orange, apple, pomegranate and tomato, an extraction of sugar was

performed in order to concentrate of active compounds (with less interferences) leading to

increased biological activity. The hydroalcoholic extracts of sugar-containing residues were

subjected to solid-phase extraction. The samples were rota-evaporatored at 45 °C to remove the

organic solvents and then re-diluted with water in the same volume and acidified to pH 2.0 with

5N HCl. The cartridges (SPE-LC18 – 2g of Supelco) were conditioned with methanol and acid

water (pH 2.0). Aliquots of the extract were applied in the cartridges, which were washed with

acid water. The adsorbed compounds were eluted with 100% methanol and the fraction

collected into a silanized vial, evaporated in nitrogen current and then stored at -20 oC until use

(Melo 2011).

Phytochemical Analysis by Gas Chromatography Coupled to Mass Spectrometry (GC-MS).

Gas Chromatography analyses were performed in a gas chromatograph (Shimadzu model GC

2010) coupled to a mass spectrophotometer (Shimadzu QP 2010 Plus) using a capillary column

(RTX5MS 30mx025mmx025µm). GC-MS was carried out at an initial column temperature of

27

80 °C for 1 min, then 200 °C at a heating ramp of 5 °C/min for 1 min, 250 °C at a rate of 5

°C/min for 8 min, 300°C at a rate of 10 °C/min for 5 min, and final temperature of 320 °C at a

rate of 10 °C/min for 10 min, totalizing 66 min of analysis. Helium was used as a carrier gas.

The injector temperature was 280 °C and the split injection volume was 0.1 μl at a ratio of 1:30.

For geopropolis residues, GC-MS was carried out at an initial column temperature of 80 °C for

1 min, then 320 °C at a heating ramp of 5 °C/min for 1 min, for a total period of 69 minutes of

analysis. The injector temperature was 280 °C and the splitless injection volume was 0.4 μl.

The data integration was completed on the software LabSolutions (GCMS solutions) and

compounds were detected by comparison with the mass spectra data in Wiley 8 libraries based

on their mass-to-charge ratio (m/z) (Melo, 2011).

Microorganisms and growth conditions. A total of twelve reference strains were used in this

study, including aerobic and anaerobic bacteria and one yeast: Staphylococcus aureus (ATCC

25923), Staphylococcus aureus MRSA (ATCC 33591), Staphylococcus epidermidis (ATCC

12228), Escherichia coli EHEC (ATCC 43895), Pseudomonas aeruginosa (ATCC 27853),

Streptococcus mutans (UA159), Streptococcus parasanguinis (ATCC 903), Streptococcus

mitis (ATCC 7073), Porphyromonas gingivalis (ATCC 25586), Prevotella intermedia (ATCC

25611), Fusobacterium nucleatum (ATCC 25586) and Candida albicans (CBS 562). The

strains were obtained from the Oswaldo Cruz Foundation (Rio de Janeiro, RJ, Brazil) and from

the Central Bureau voor Schimmelcultures (CBS) colletion (Netherlands). All strains were

kept at -80 °C until use and grown in appropriate culture media and under specific atmosphere

and temperature conditions.

Determination of the Minimum Inhibitory Concentration (MIC) and Minimum

Bactericidal/Fungicidal Concentration (MBC/MFC). The MIC microdilution tests were

carried out in accordance with the CLSI protocols for bacteria (CLSI, 2012) or yeasts (CLSI,

2002), with modifications. 96-well U-bottom tissue culture microplates containing 100 μl/well

of Brain Heart Infusion broth (BHI) (DifcoTM) or Sabouraud Dextrose Broth (DifcoTM) were

used. Fresh solutions of the extracts were prepared as previously described (Ribeiro et al.,

2007). Ethanol (17.5%, v/v) and DMSO (1%, v/v) were used as a vehicle for geopropolis and

for the other extracts, respectively, and served as a negative control. Aliquots of 100 μl of the

samples were added to the first well of the plate and serially diluted in the following wells to

obtain concentrations ranging from 2,000 to 7.81 μg/ml. Chlorhexidine digluconate,

Gentamicin, Vancomycin hydrochloride and Nystatin (Sigma-Aldrich, St. Louis, MO, USA)

were used as positive controls. Sterility of the culture media and samples, and microbial

viability were also checked. Bacterial and fungal inocula were prepared (625 nm and 530 nm,

28

respectively, with absorbance 0.08-0.1) and diluted to reach final concentrations of 1.0 x 105

CFU/ml and 2.5 x 103 CFU/ml, respectively. Plates were incubated at different atmosphere and

temperature conditions based on the strain requirements (35 oC/37 ºC, 5% CO2/1 atm) for 24 h.

The MIC was defined as the lowest concentration of the agent that inhibited visible microbial

growth indicated by 0.1% resazurin (Sigma-Aldrich, St. Louis, MO, USA).

The MFC was determined by subculturing an aliquot from each incubated well with a

concentration higher than the MIC on solid culture media, followed by incubation for 24h. The

MFC was defined as the lowest concentration of the agent causing no visible growth on the

solid media.

Inhibition of biofilm adhesion. This assay was carried out with the most bioactive extracts

showing MIC values lower than 500 µg/ml, which has been considered as the cut off point for

a strong antimicrobial activity based on a previous classification (Freires et al., 2015). Initially,

100 µl of a 1x 108 cells/ml culture in saline were added to the wells of a 96-well plate (TPP1,

Trasadingen, Switzerland). The plates were incubated at 35 ºC or 37 ºC at 70 rpm for 3 h for

adhesion. Then the supernatant was removed from each well of the plate. Subsequently, 200 µl

of the extracts at their MICs were diluted in culture media and added to the wells. After 24 h

incubation, the supernatant was removed and the wells were rinsed with 200 µl of sterile PBS

or saline. The readings were performed by spectrophotometry at 490 nm and confirmed through

viability analysis using XTT (for yeast) and TTC (for bacteria) (Sigma-Aldrich, St. Louis, MO,

USA) (Djordjevic et al., 2002, with modifications, Galvão et al., 2012). Tests were performed

in triplicate of independent experiments.

Effects on mature biofilm formation. Bacterial and fungal biofilms were developed based on

previous studies (Freires et al., 2014). C. albicans was aerobically cultured on Sabouraud

Dextrose Agar (Difco Laboratories, Detroit, MI, USA) at 35 °C for 24 h. A loopful of the

growth was inoculated into Yeast Nitrogen Base broth (YNB; Difco Laboratories)

supplemented with 50 mM glucose and incubated for 18 h at 35 °C. Then cells were harvested

and washed twice with phosphate buffered saline (PBS; pH 7.2), suspended in YNB

supplemented with 100 mM glucose and optically adjusted to a density of approximately

107 CFU/ml. Subsequently, 200 μl of the suspension were added into the wells of 96-well

polystyrene plates (TPP®, Trasadingen, Switzerland). The plates were incubated at 35 °C for

48h. After incubation, the wells containing the C. albicans biofilms were washed three times

with PBS to remove non-adhered cells. Fungal cells that remained attached to the plastic surface

were considered as true biofilm.

29

Bacterial biofilms were grown in appropriate media for 24 h and optically adjusted to a

density of approximately 108 CFU/ ml. Then 200 μl of the suspension were added into the wells

of the 96-well microplates. The plates were incubated at 37 °C for 24/48h depending on the

bacteria. The wells containing the biofilms were washed three times with PBS to remove non-

adhered cells. Bacterial cells that remained attached to the plastic surface were considered as

true biofilm. All assays were performed in triplicate of independent experiments.

Semi-quantitative analysis of treated biofilms. In order to assess the effect of the test extracts

on mature biofilms, 200 μl of culture media containing the extracts (at a concentration 10 times

their MICs) were added to the wells of a 96-well microdilution plate. Mature biofilms and

extracts were incubated at 35 ºC or 37 °C for 24/48 h. After that, the metabolic activity of the

biofilms was quantified by reduction assay with 2,3-Bis-(2-Methoxy-4-Nitro-5-Sulfophenyl)-

2H-Tetrazolium-5-Carboxanilide (XTT) and 2,3,5-triphenyl-tetrazolium chloride (TTC). Color

changes were measured using a microplate reader at 490 nm.

Killing assay (quantitative analysis). The ability of the extracts to kill biofilm cells was

investigated as previously reported (Martinez & Casadevall, 2006), with modifications. After

development and treatment with the extracts for 24 h, biofilms were scraped from the bottom

of the wells with a micro-pipette for dissociation of the cells. A volume of 100 µl containing

the dissociated cell suspension was aspirated from the wells, transferred to a microcentrifuge

tube containing 900 μl of sterile PBS and vortexed for 3 min. Then serial dilutions were carried

out and 100 µl of each suspension were plated onto BHI agar plates. The percentage of CFU/ml

(colony forming units/ml) survival was determined by comparing the survival of treated

biofilms with that of untreated biofilms. Chlorhexidine (0.12%) was used as a positive control

in this assay. All tests were performed in triplicate of independent experiments.

Effects on biofilm morphology by Scanning Electron Microscopy (SEM) analysis. SEM was

carried out to evaluate the effects of the most promising residue extracts on the morphology of

microbial biofilms. The biofilms were first developed on tissue culture treated chambered glass

slides (Corning BD Falcon, Bedford, MA, USA), washed three times with PBS buffer to remove

the planktonic cells and treated with the crude extracts at a concentration 10 times their MIC.

A negative control group with untreated biofilm was also included. After 24 h, the samples

were washed twice and kept in 2.5% glutaraldehyde/PBS (v/v, pH 7.4) for 2 h at room

temperature. The chambered slides were then serially dehydrated with ethanol (from 50% to

100%) for 5 minutes and dried for 30 minutes to a critical point. Finally, the chambers were

removed and the remaining slides were coated with gold in a metallizer machine at 40mA

30

(BAL-TEC SCD 050) and observed using a scanning electron microscope (Jeon JSM 5600LV,

Tokyo, Japan) (Freires et al., 2014).

Toxicity in Galleria mellonella model. This assay was carried out to evaluate the acute toxic

effects of the most bioactive extracts in G. mellonella model, as previously described with

modifications (Megaw et al., 2015). A total of 15 larvae were randomly selected for each group

weighing between 0.2 and 0.3 g with no or few signs of melanization. Then the larvae were

chilled on ice for 20 min and 5 μl of the extracts (at 10 times their MIC) or controls (17.5%

ethanol, 1% DMSO and saline) were injected into the hemocoel of each larva via the last left

proleg by a trained operator using a 25-μl Hamilton syringe (Hamilton, Reno, NV). After

injection, the larvae were incubated in the dark at 37 °C in an incubator and their survival was

recorded at selected intervals for 72 h. The larvae displaying no movements upon touch and

high levels of melanization were counted as dead. All assays were performed in triplicate.

Statistical Analysis. The data were analyzed on GraphPad Prism 5.0 software using one-way

analysis of variance (ANOVA) with Tukey’s multiple comparison test. For the G. mellonella

toxicity model, Kaplan-Meier killing curves were plotted and estimations of differences in

survival were compared using the log rank test. In all tests, type one error (α) was set at 0.05.

3. RESULTS

3.1 Antifungal and Antibacterial Activity of Agro-industrial Residue Extracts

As seen in Table 1, a screening of fourteen hydroalcoholic extracts of agro-industrial

residues was carried out, including: cocoa (bark), coffee (straw, bark and dreg), guava

(pomace), orange (pomace, clear processing water and dark processing water), apple (pomace),

geopropolis (residue), pomegranate batch #1 and #2 (pomace) and tomato (pomace). All

samples were tested against twelve different opportunistic pathogens. The results demonstrated

that eight extracts showed antimicrobial activity against the tested strains, with MIC values

ranging from 31.25 to 2,000 µg/ml (Table 1) and MBC/MFC ranging from 62.50 to 4,000

µg/ml, as follows: cocoa bark, coffee dreg, guava pomace, geopropolis, pomegranate #1

pomace (either with or without sugar), pomegranate #2 pomace (either with or without sugar).

During execution of the experiments, it was noticed that the sugar content of extracts played a

clear role on the biological activity observed, that is, the presence of sugar led to a decreased

antimicrobial activity in most cases as compared to the same samples without sugar

(represented by “*” in Table 1).

31

3.2 Inhibition of biofilm adhesion in vitro

This assay was carried out with the most bioactive extracts showing MIC values lower

than 500 µg/ml (geopropolis residue, pomegranate #1 and #2 pomace, and coffee dreg). At

MIC, geopropolis residue inhibited S. epidermidis, S. aureus (MRSA), S. aureus and S. mutans

biofilm adhesion by 80%, 64%, 52% and 50% respectively (P < 0.05); pomegranate 1 inhibited

the adhesion of C. albicans and S. parasanguinis biofilms by 55% and 62% respectively (P <

0.05); pomegranate 2 inhibited the adhesion of P. aeruginosa and C. albicans by 45% and 50%,

respectively (P < 0.05); whereas coffee dreg extract inhibited S. mutans biofilm by

approximately 23% (Figure 1). The extracts with inhibition values lower than 50% were

discarded and subsequent analyses were carried out only with geopropolis and pomegranate #1

and #2 pomace.

3.3 Phytochemical Analysis by Gas Chromatography Coupled to Mass Spectrometry

(GC-MS)

Tables 2 shows the compounds found in the hydroalcoholic extracts of geopropolis and

pomegranate #1 and #2 by GC-MS analysis. Compound 1,2-benzenedicarboxylic acid, diethyl

ester was the most abundant compound found in geopropolis extract (10.73%) and pomegranate

#1 (31.23%), while M=217 (not identified, 8.89%) was predominant in pomegranate #2. The

compound 1,2-benzenedicarboxylic acid, diethyl ester was also found in pomegranate #2

extract in lower proportions (0.33%). Overall, pomegranate #1 and #2 showed similar peaks,

with small differences in their percentual areas. Several compounds could not be identified

based on the device library.

32

Table 1: Results of MIC-MBC/MFC of fourteen crude hydroalcoholic extracts from agro-industrial residues against twelve opportunistic pathogens

with clinical relevance. The results are expressed in µg/ml.

Id Extract Residue

C.

albicans

E.

coli

F.

nucleatum

P.

gingivalis

P. intermedia

P. aeruginosa

S.

aureus MRSA

S.

epidermidis

S.

mitis S. mutans

S.

parasanguinis

MIC/

MFC

MIC/

MBC

MIC/

MBC

MIC/

MBC

MIC/

MBC

MIC/

MBC

MIC/

MBC

MIC/

MBC

MIC/

MBC

MIC/

MBC

MIC/

MBC

MIC/

MBC 1 Cocoa Bark - - 1000/# - - - - - - - 1000/2000 -

2 Coffee Straw - - - - - - - - - - - -

3 Coffee Straw - - - - - - - - - - - -

4 Coffe Bark - - - - - - - - - - - -

5 Coffe Dreg - - - - 1000/# - 1000/2000 - - - 250/500 -

6 Guava Pomace - - - - - - - - - - - -

6* Guava Pomace - - 500/# 1000/# - - - - - - - -

7 Orange Pomace - - - - - - - - - - - -

7* Orange Pomace - - - - - - - - - - - -

8 Orange Clear

Water

- - - - - - - - - - - -

8* Orange Clear

Water

- - - - - - - - - - - -

9 Orange Dark

Water

- - - - - - - - - - - -

9* Orange Dark

Water

- - - - - - - - - - - -

10 Apple Pomace - - - - - - - - - - - -

10* Apple Pomace - - - - - - - - - - - -

11 Geopropolis Residue - - 1000/# - 500/# - 125/# 125/# 62.5/# 2000/# 250/# 31.25/62.5

12 Pomegranate 1 Pomace 250/# 2000/# - - - - - 2000/# - 2000/# - -

12* Pomegranate 1 Pomace 62.5/# 2000/# - - - - - 1000/# - 2000/# - 125/#

13 Pomegranate 2 Pomace 500/# 2000/# - - - - - 2000/4000 - 2000/# - 125/#

13* Pomegranate 2 Pomace 250/# 2000/# 1000/# - 500/# 125/# 500/# 500 - 500/# - 125/#

14 Tomato Pomace - - - - - - - - - - - -

14* Tomato Pomace - - - - - - - - - - - -

Note: (*) sample without sugar content; (-) absence of antimicrobial activity; (#) CBM/CFM value higher than 4,000 µg/ml.

33

Table 2. Retention Times, % Area of Each Component, and important Ions Presents in the Mass Spectra of Silylated Compounds in

Pomegranate 01, Pomegranate 02 and Geopropolis Samples by CG-MS.

Peak Compounds tR(min) Geopropolis

(%Area*) Íon (m/z, abundance in parentheses)

2 N.I. 5.20 0.11 84(78) 69(100) 55(65) 41(65) 27(55)

4 N.I. 15.40 0.15 217(24) 147(28) 143(14) 75(28) 73(100)

21 2-PROPENOIC ACID, 3-PHENYL-

TRIMETHYLSILYL ESTER

18.20 3.03 205(100) 161(90) 131(87) 103(60) 75(48)

35 1,2-BENZENEDICARBOXYLIC ACID,

DIETHYL ESTER

19.35 10.73 177(23) 150(15) 149(100) 105(12) 76(12)

38 BENZOIC ACID, 3,4,5-TRIS

TRIMETHYLSILOXY TRIMETHYLSILYL

ESTER

27.16 0.10 459(32) 458(78) 443(33) 281(100) 73(70)

39 N.I. 28.47 0.12 313(72) 132(40) 117(74) 75(71) 73(100)

40 OLEIC ACID, TRIMETHYLSILYL ESTER 31.52 0.10 129(45) 117(63) 75(88) 73(100) 55(54)

41 N.I. 31.96 0.06 132(64) 117(78) 75(74) 73(100) 43(42)

42 N.I. 35.66 0.20 97(77) 83(88) 69(78) 57(100) 55(68)

43 N.I. 36.02 0.09 99(26) 85(72) 71(80) 57(100) 43(62)

45 N.I. 39.61 0.13 432(25) 418(24) 417(63) 73(100) 45(15

48 N.I. 41.44 0.17 111(56) 97(95) 83(100) 55(69) 43(53)

50 N.I. 41.61 0.11 529(15) 528(42) 527(100) 147(31) 73(69)

62 RESVERATROL 43.33 1.40 446(13) 445(37) 444(100) 443(15) 73(68)

66 N.I. 44.05 1.04 97(52) 83(58) 73(100) 69(61) 55(69)

72 N.I. 44.69 0.46 428(81) 75(46) 73(100) 43(40) 41(16)

73 N.I. 44.84 0.67 73(100) 69(43) 57(48) 55(44) 43(46)

76 N.I. 45.25 1.44 281(25) 207(46) 147(16) 133(12) 73(100)

79 N.I. 45.68 0.84 609(22) 608(50) 607(100) 517(33) 73(85)

86 N.I. 46.60 1.17 531(25) 464(18) 463(52) 147(20) 73(100)

90 N.I. 47.18 1.33 425(41) 89(38) 73(100) 57(58) 43(62)

93 N.I. 47.58 1.73 218(100) 203(49) 133(42) 119(45) 107(42)

95 N.I. 47.89 3.32 624(33) 356(29) 147(32) 75(22) 73(100)

99 N.I. 48.67 1.94 535(16) 233(24) 147(44) 75(22) 73(100)

109 N.I. 49.85 1.17 281(25) 207(46) 147(16) 133(12) 73(100)

112 N.I. 50.21 1.28 144(37) 132(34) 131(100) 75(50) 73(62)

34

Peak Compounds tR(min) Pomegranate #1

(%Area*)

Pomegranate #2

(%Area*) Íon (m/z, abundance in parentheses)

2 N.I. 5.26 0.28 0.26 71(44) 59(100) 56(36) 43(72) 41(56)

4 1,2-BENZENEDICARBOXYLIC

ACID, DIETHYL ESTER 19.35 31.23 0.33

177(23) 150(15) 149(100) 105(12) 76(12)

14 N.I.

25.12 8.89 8.12

217(100) 204(44) 132(32) 129(70) 73(99)

15 N.I. 25.92 0.27 0.26 217(10) 147(14) 103(26) 74(8) 73(100)

16 N.I. 26.21 1.33 1.07 205(20) 204(100) 191(46) 147(23) 73(99)

19 N.I. 26.63 0.92 0.45 217(62) 205(34) 147(38) 103(46) 73(100)

20 N.I. 27.01 2.71 1.78 217(38) 147(36) 117(18) 103(39) 73(100)

21 N.I. 27.09 1.05 12.54 319(61) 217(25) 205(32) 147(35) 73(100)

22 1,2-BENZENEDICARBOXYLIC

ACID, DIBUTYL ESTER 27.27 0.68 4.63

150(9) 149(100) 104(6) 76(7) 41(15)

24 N.I. 28.21 0.59 1.46 205(19) 204(94) 191(44) 147(22) 73(100)

25 EPICATECHIN (SILANIZADA) 47.07 0.66 0.24 650(23) 369(34) 368(100) 355(46) 73(56)

27

BENZENEACETIC ACID, ALPHA

3,4-

TRIS(TRIMETHYLSILYL)OXY

TRIMETHYL SILYL ESTER

47.80 0.27 2.07 356(21) 355(33) 147(12) 74(10) 73(100)

* Mean value of three replicates. N.I.: Not Identified Compound.

35

Figure 1. Inhibitory effects on biofilm adhesion. Biofilms were allowed to grow and

treated with the extracts at MIC. All extracts showed inhibitory effects ranging from 23% by

coffee dreg on S. mutans to 80% by geopropolis on S. epidermidis (* P < 0.05, *** P < 0.01,

one-way ANOVA, with Tukey’s post-test. # P < 0.05, Student’s t test).

3.4 Effects on mature biofilm survival

Mature biofilms were developed and treated with the most bioactive extracts at 10x

their MICs (Figure 2). The treatment with geopropolis extract led to a significant reduction

of CFU/ml (P < 0.05) in the biofilms of S. aureus, S. aureus (MRSA), S. epidermidis and S.

mutans; pomegranate #1 was effective against C. albicans and S. parasanguinis (P < 0.05);

and pomegranate #2 against C. albicans and P. aeruginosa (P < 0.05). The geopropolis

36

extract proved to be most active agent against the biofilms, in most cases leading to complete

cell elimination. Chlorhexidine was used as a positive control and markedly led to total

killing of biofilms.

37

38

Figure 2. Effects of selected bioactive extracts on mature biofilm survival. Mature

biofilms were developed, treated with the most bioactive extracts at 10x their MICs and

plated for CFU/ml. All data were compared to the group of untreated biofilm (One-way

ANOVA with Tukey’s post-test, P < 0.05).

3.5 Effects on biofilm morphology by Scanning Electron Microscopy (SEM)

SEM analysis was performed to evaluate the effects of the most bioactive extracts on

the morphology and integrity of mature biofilms (Figures 3 and 4). Overall, bacterial and

biofilms treated with geopropolis and/or pomegranate extracts (2,500 µg/ml) showed

damaged architecture and amorphous cell cluster areas, accompanied by reduced numbers of

microbial population. All biofilms were found to be susceptible to the action of the residue

extracts at the tested concentration. The vehicles did not affect biofilm growth and

morphology.

39

40

Figure 3. Effects of geopropolis residues on the morphology/integrity of mature

pathogenic biofilms. SEM photomicrographs showing S. aureus (A), S. aureus (MRSA)

(B), S. epidermidis (C), S. mutans (D) and S. parasanguinis (E) biofilms untreated (1) and

treated with geopropolis residue extract at 2,500 µg/ml (2).

Figure 4. Effects of pomegranate residues on the morphology/integrity of mature

pathogenic biofilms. SEM photomicrographs showing C. albicans (A), S. parasanguinis (B)

and P. aeruginosa (C) biofilms untreated (1) and treated with pomegranate extract #1 (2) or

pomegranate extract #2 (3) at 2,500 µg/ml.

3.6 In vivo toxicity in Galleria mellonella model

Toxicity tests were performed in vivo with the extracts of geopropolis, pomegranate

#1 and #2 in G. mellonella larvae. The tested concentrations were the same as those used in

the biofilm assays, that is, 2,500 µg/ml (corresponding to a dose of 50 mg/kg in the larvae).

As seen in Figure 5, at the dose of 50 mg/kg (effective dose against the biofilms in vitro), the

extracts did not exert considerable acute toxic effects in the larvae over a period of 72 h.

Geopropolis and pomegranate #2 caused a non-significant 10% decrease in percent survival

41

after 24 h, whereas pomegranate #1 did not affect survival at all. The vehicles (1% DMSO

for pomegranate and 17.5% ethanol for geopropolis) did not cause considerable toxic effects

either (P > 0.05).

Figure 5. Percentage of survival of G. mellonella for 72 h after treatment with different

extracts. The concentrations used were those found to be effective in the biofilm assay (10x

MIC of the extracts) (P > 0.05, log rank test).

4. DISCUSSION

The use of agro-industrial residues for therapeutic purposes may constitute a

sustainable resource to prevent environmental impact while broadening the antimicrobial

arsenal in medicine and dentistry. This is a pioneer bio-guided study reporting on the anti-

biofilm potential of fourteen extracts of agro-industrial residues (which are commonly

discarded by the industry) against medically relevant pathogens.

It was demonstrated that eight out of the fourteen extracts screened have antimicrobial

activity with low MIC values and thus were selected for further analyses using biofilm

models. There have been reports in the literature on the antimicrobial activity of agro-

industrial residues against planktonic microorganisms (Ćilerdžić et al., 2015, Rodrigues et

al., 2015). Gernhardt et al., (2012) found that the hydroalcoholic extracts of residues from

several types of citrus (Citrus reticulata Blanco, Citrus maxima (Burm.) Merr. and Citrus

limonia Osbeck) inhibited bacterial growth of pathogens, suggesting their use as an

alternative for disinfection and food preservation. Martin (2012) studied residues of beet

42

stalks, peanut pellicles, Pinot Noir grape pomace, pulp and seeds of Petit Verdot grapes,

fermentation dregs of grapes, and guava pomace against S. aureus and L. monocytogenes

with MICs ranging from 0.78 to 25 mg/ml. Furthermore, the authors pointed out that the

residues with the best antimicrobial activity were those presenting high levels of total

phenolic compounds in their chemical composition based on phytochemical analysis. In the

present study, GC/MS analysis revealed the major presence of the compound 1,2-

benzenedicarboxylic acid, diethyl ester (diethyl phthalate) in all three extracts (geopropolis,

pomegranate #1 and #2), although at different proportions in each sample. It was already

shown that diethyl phthalate present in other naturally-occurring agents has antimicrobial

properties (Velanganni et al., 2011) and that phthalates are known to be active against

pathogens and to have other pharmacological activities, such as anticancer effects

(Mohansrinivasan et al., 2015). Hence, the presence of this compound may contribute to the

antimicrobial activity of the extracts.

Microbial adhesion to a given substrate (hydroxyapatite, resin composite, acrylic

resin, etc) is an important step for surface colonization and mature biofilm formation thereon.

It is mediated by a large number of adhesins and flagella present on the cell wall of bacteria

and fungi (Visvalingametal., 2013; Sardi et al., 2014). Thus, inhibition of biofilm adhesion

constitutes a strategic target for the development of antimicrobial therapies. In this study, the

residues of geopropolis, pomegranate #1 and #2 pomace (without sugar) and coffee dreg

presented the best antimicrobial activity (based on their MICs) and thus were tested for the

ability to inhibit biofilm adhesion in vitro. At concentrations corresponding to their MICs,

geopropolis inhibited S. epidermidis, S. aureus (MRSA), S. aureus and S. mutans;

pomegranate #1 inhibited C. albicans and S. parasanguinis; pomegranate #2 inhibited P.

aeruginosa and C. albicans; and finally, coffe dreg inhibited S. mutans biofilm adhesion.

Percent inhibition ranged from 23% to 80% depending on the extract and strain. Other

authors in the literature have also reported anti-adhesion activity of herbal extracts.

Limsuwan et al., (2014) studied the ethanolic extract of Rhodomyrtes tomentosa against S.

aureus, S. mutans and C. albicans biofilms, and observed decreased adhesion of biofilms

treated with the sub-inhibitory concentrations of the extracts. Gomaa and Gaweesh (2013)

investigated the hydroalcoholic extract of Egyptian propolis against oral Candida spp.

adhesion and found inhibitory concentrations ranging from 25 to 125 mg/ml. Other studies

43

with natural products against biofilms of opportunistic pathogens have also been reported

(Bakkiyaraj et al., 2013; Wojtyczka et al., 2013; Capoci et al., 2015; Suntar et al., 2015;

Veloz et al., 2015).

It is estimated that 40% of the biofilm proteins in the cell wall are different from

planktonic cell proteins which may consequently lead to non-specific binding of the

antimicrobial agent (Ren et al., 2005). Given this, the effects of the most bioactive extracts

(10xMICs) against mature biofilms were also investigated. The results showed that

geopropolis a significant reduction in the numbers of CFU/mL of S. aureus, S. aureus

(MRSA), S. epidermidis and S. mutans biofilms. In addition, pomegranate extracts (#1 and

#2) were also effective against C. albicans and P. aeruginosa killing biofilm cells. To the

best of our knowledge, this is the first study in the literature on the use of agro-industrial

residues against biofilms of opportunistic pathogens.

In the perspective of future clinical use, the most bioactive residues were also tested

for their systemic toxicity using G. mellonella model. This is an in vivo model for the

assessment of toxicity of drugs as well as of microbial virulence, validated in the international

literature (Fuchs & Mylonakis, 2006; Desalermos et al., 2012; Megaw et al., 2015). This

model is advantageous for its low-cost, feasibility, rapid results and, particularly, for being

an alternative to the use of mammals (vertebrates) for preliminary assessment of toxicity,

thus reducing the number of animals and refining subsequent toxicology studies. In the

present study, the extracts of geopropolis and pomegranate #1 and #2 at their effective anti-

biofilm concentration in vitro did not affect the larvae survival over a period of 72 h, thus

indicating low acute toxicity according to this model. Further research should focus on the

in vivo effects of these extracts using other methods to subsidize future clinical use.

The findings of the present study may help in the national development of novel

bioactive compounds, reduce the national dependence on imported pharmaceutical

ingredients and assist in therapy of infectious diseases of medical and dental interest.

5. CONCLUSIONS

The extracts from agro-industrial residues of geopropolis and pomegranate have

promising anti-biofilm activity against opportunistic pathogens of clinical relevance in the

44

medical and dental settings, and low acute toxicity in vivo. These findings support the use of

these residues as potential candidates for drug development under a sustainable perspective.

6. ACKNOWLEDGEMENTS

The authors thank the National Council for Scientific and Technological

Development (CNPq, Brazil, grants no. 140029/2014-1 and no. 308644/2011-5) and the

Coordination for the Improvement of Higher Education Personnel (CAPES-Proex, 2013) for

financial support, as well as the companies that provided the residues: Esalq/Embrapa

collaboration (cocoa barks), Café Iguaçú Paraná (coffee dreg), Citrovita (orange pomace and

processing water), Yakult Santa Catarina (apple pomace), Cepera São Paulo (guava and

tomato pomace), Marcos Cunha (geopropolis residues), Obatã Café São Paulo (coffee straw

and dreg). The authors also thank the Department of Morphology (Microscopy Core),

Piracicaba Dental School, University of Campinas, for the technical support in the scanning

electron microscopy analysis.

The authors declare no conflict of interest.

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49

3 DISCUSSÃO

Essa discussão foi dividida em tópicos para melhor compreensão dos

resultados. Os tópicos abaixo abordados serão correlacionados com o objetivo e o

resultado do estudo.

O uso de diferentes extratos frente a diversos microrganismos.

As plantas medicinais têm sido utilizadas para o tratamento de uma série

de doenças, incluindo as infecciosas (Hayashi et al., 2013; Santhosh e

Suriyanarayanan, 2014; Wright, 2014; Newmann e Cragg, 2015), causadas por

vírus, fungos, protozoários e bactérias, que requerem tratamentos específicos e

eficientes para o seu controle. O tratamento antimicrobiano com o uso

indiscriminado de antibióticos, tem trazido problemas e tem provocado o aumento

dos custos que são insuportáveis para os sistemas de saúde dos diversos países

(WHO, 2014). Isso se deve principalmente à seleção de cepas multirresistentes às

diversas drogas disponíveis (Kahrström, 2015).

Produtos do metabolismo secundário vegetal têm sido usados como

agentes antimicrobianos para o tratamento dos pacientes com diversas infecções

(Cowan, 1999; Nascimento et al., 2000; Newmann e Cragg, 2007; Pawar, 2014),

inclusive as da cavidade bucal (Jeon et al., 2011) e o seu uso de forma racional,

assim como a busca por novos produtos, tem sido uma constante preocupação de

outros pesquisadores (Cassir et al., 2014; Woolhouse et al., 2015). O seu

isolamento e os seus mecanismos de ação devem ser melhor pesquisados e

elucidados, constituindo-se hoje numa das principais atividades dos modernos

centros de pesquisa dessa área (Roca et al., 2015).

Uma característica dos seres humanos modernos é extrair do meio

ambiente tudo o que possa ser-lhe útil para sobreviver, incluindo produtos

alimentares e os usados para tratar suas enfermidades. Contudo, vivemos tempos

em que a sustentabilidade “é palavra de ordem” se quisermos preservar nossas

fontes de recursos naturais e assim termos a garantia de nossa sobrevivência. A

Organização das Nações Unidas (Food and Agriculture Organization, 2011), estima

que cerca de 30 a 40% de toda a produção mundial de alimentos e insumos, seja

50

perdida pelo desperdício, desde a lavoura até o momento do consumo. Para frutas

e hortaliças, estima-se que ela chegue a 50%.

A pesquisa e a produção de medicamentos, tendo por base estudos

fitoquímicos e a interação entre a indústria e a academia, são fundamentais para o

desenvolvimento de um país emergente como o Brasil (Simões e Schenkel, 2002;

Braz Filho, 2010; Palmeira et al., 2010). Assim, o principal objetivo deste trabalho

foi o de verificar se nesse material descartado como lixo e resíduo agroindustrial,

existiriam produtos que contivessem algum princípio ativo útil com ação

antimicrobiana, especialmente contra patógenos de interesse médico e

odontológico.

Em nosso trabalho realizou-se um screening de vinte e dois extratos hidro

alcoólicos de resíduos agroindustriais que incluiam: cacau (casca), café (palha,

cascas e borra), goiaba (bagaço), laranja (bagaço, água de processamento clara,

água de processamento escura), maçã (bagaço), geoprópolis (resíduo), romã lote

# 1 e lote 2 # (bagaço) e tomate (bagaço). Todas as amostras foram testadas contra

doze patógenos oportunistas diferentes segundo os métodos mais empregados

para a determinação da atividade antimicrobiana de extratos vegetais como o teste

da Concentração Inibitória Mínima (CIM) – desenvolvido por Eloff em 1998

(Ostrosky et al., 2008). Também houve a preocupação com os aspectos

toxicológicos, microbiológicos e legais, pertinentes aos compostos naturais e/ou

suas combinações (Das et al., 2010).

Os resultados monstraram, após o exclusão dos que estavam com

concentrações acima de 500 µg/ml (Duarte et al., 2004), que destes extratos

testados, apenas oito (casca de cacau, borra de café, bagaço de goiaba (sem

açúcar), geoprópolis, romã # 1 de bagaço (sem açúcar), romã # 2 bagaço (sem

açúcar) mostraram atividade antimicrobiana contra as cepas testadas, com valores

de CIM variando de 31,25 a 2.000 µg/ml e a CBM / CFM variando de 62,50 a 4.000

µg/ml. Durante a execução dos ensaios, verificou-se que o teor de açúcares de

extratos desempenhou um papel claro sobre a atividade biológica observada, isto

é, a presença de açúcar levou a uma atividade antimicrobiana diminuída, na maioria

51

dos casos em comparação com as mesmas amostras sem açúcar, uma vez que a

substância ativa estava “diluída” com o açúcar.

A literatura científica é repleta de artigos que descrevem o uso dessas

técnicas na avaliação e procura de novos compostos ativos oriundos de plantas

medicinais espalhadas por todo o planeta, nos mais diversos países e centros de

pesquisa ou até de pesquisadores individuais (Malviya et al., 2012) e também contra

diversos microrganismos, incluindo muitas cepas resistentes a vários antibióticos

(Marzalina et al., 2012). Embora existam muitas informações científicas sobre o uso

de plantas medicinais e seus derivados contra microrganismos diversos, ainda é

bem escasso ou até inexistente em alguns casos o número de trabalhos que relatem

o uso dos seus resíduos, o que mais uma vez indica a importância desta pesquisa.

Destaca-se alguns trabalhos que encontraram ações de compostos

ativos antimicrobianos, anti-inflamatórios e antioxidantes em extratos oriundos dos

vegetais que pesquisamos em nosso screening, como dos de própolis (Fernandes

e Costa, 2007), geoprópolis (Cunha et al., 2013), cacau (Zainal et al., 2014), cítricos

como laranjas (Pittman et al., 2011), café e seus resíduos (Panusa et al., 2013),

maçãs (Bai et al., 2013), goiabas (Denny et al., 2013), tomates (Savatovic et al.,

2012), e romãs (Medjakovic et al., 2014).

As romãs são frutos originários da Ásia, região do Himalaia e norte da

Índia e a partir dali se distribuíram por todo o mundo. Não existem dados da

produção mundial, mas, nos Estados Unidos, onde foram trazidas pelos

colonizadores espanhóis e introduzidas na região do “San Joaquin Valley”, na

Califórnia – especialmente a variedade Wonderful – produz-se cerca de 250 mil

toneladas por ano (2012)6. (Ver Figuras 11 e 12).

Voravuthikunchai et al. (2004) relataram efeitos de várias plantas

medicinais contra cepas da bactéria Escherichia coli enterohemorrágica O157:H7,

dentre elas os extratos alcoólicos da romã e com CIMs entre 0,09 e 0,78 mg/ml.

Braga et al. (2005) verificaram que extratos metanólicos (em testes de

macrodiluição) de romãs inibiam o crescimento e a produção de enterotoxinas de

6 Disponível em: http://www.agmrc.org/commoditiesproducts/fruits/pomegranates-profile/. Acesso em 20/11/2014.

52

S. aureus, enquanto Pantuck et al. (2006) mostraram num estudo Fase II, os efeitos

benéficos do suco das romãs para um grupo de pacientes com cânceres de próstata

e submetidos a cirurgia e radioterapia. Jardini e Mancini Filho (2007) estudaram e

avaliaram as atividades antioxidantes em diferentes extratos da polpa e das

sementes das romãs, encontrando elevado potencial antioxidante, em virtude da

presença de compostos fenólicos, identificados pela cromatografia em camada

delgada. Al-Zoreky (2009) estudou a atividade antimicrobiana de resíduos de romã

sobre vários microrganismos com valores de CIMs muito altos, entre 0,5 e 250,0

mg/ml, dependendo da bactéria pesquisada. Panichayupakaranant et al. (2010)

encontraram atividades antibacterianas (com CIMs entre 7,8 e 15,6 µg/ml para o S.

aureus e o S. epidermidis), anti-inflamatórias e antialérgicas em extratos dos frutos

das romãs. Destaque-se que aqui usaram extratos da fruta e não dos seus resíduos.

No mesmo ano, Soni et al. (2010) estudaram as características farmacognósticas e

fito químicas dos resíduos de romãs, o que também foi feito por Santos et al. (2014)

o que pode ajudar muito a padronizar os estudos sobre essas frutas. Hayrapetyan

et al. (2012) verificaram que os resíduos de extratos de romãs podiam inibir, na

concentração de 0,5 a 1,65 mg/ml, o crescimento de Listeria monocytogenes,

ajudando dessa forma na preservação de patês de carne.

Outra interessante revisão dos benefícios sobre a saúde humana do uso

medicinal das romãs foi feita por Browmik et al. (2013) indicando que ela pode

abaixar a pressão arterial, abaixar e controlar os números de plaquetas, abaixar o

colesterol LDL - aumentando o HDL, e até o seu uso nos tratamentos da sífilis,

bronquites, artrites, teníases, diarreias e várias outras enfermidades. Anibal (2010)

e Höfling et al. (2010) reportaram interessantes atividades antimicrobianas

(especialmente antifúngicas – anti-Candida spp.), por extratos obtidos com dois

diluentes (metanol e diclorometano), e ainda oriundos de diferentes partes da

romãzeira, incluindo-se também as cascas e resíduos da fruta inteira, mostrando,

como nos nossos achados, atividades antifúngicas com concentrações inibitórias e

fungistáticas semelhantes (125 a 250 µg/ml) ou ainda menores ou maiores,

dependendo da parte do vegetal ou ainda do microrganismo pesquisado. Os

autores ainda verificaram, por meio do emprego de microscopia eletrônica de

53

varredura e também de transmissão, alterações nas células leveduriformes, com

má formação de suas paredes celulares, inibição do seu crescimento ou ainda

inibição de sua agregação celular, quando eram expostas aos extratos da romã que

possuíam mais poli fenóis ou compostos fenólicos (como a punicalagina, a

eduncolagina, a galagildilactona e a telamagrandina), sendo que especialmente os

extratos das cascas, promoveram danos mais severos.

Figura 11 – Romãzeira Wonderful. Figura 12 – Romã.

Fonte: isonsnursery.blogspot.com. Fonte: flowerdalenurseries.blogspot.com.

Estudos sobre as atividades antioxidantes e antimicrobianas do mel e da

própolis foram realizados e reportados há muitos anos por diversos autores (Mandal

et al., 2010; Neupane et al., 2014; Wadi, 2014). Também há muitos relatos de

atividades da própolis de diversos tipos contra bactérias como a E. coli (Garedew et

al., 2004), S. aureus (Lu et al., 2005), Streptococcus sp. (Hayacibara et al., 2005;

Libério et al., 2009), contra diversos patógenos da cavidade bucal destacando-se

os anaeróbios (Koru et al., 2007; Vasconcelos et al., 2014), contra diversas espécies

de leveduras do gênero Candida (Fernandes e Costa, 2007) e do gênero

Saccharomyces (Lotti et al., 2011) e ainda contra patógenos endodônticos (Vitti et

al., 2011). Contudo, é mais recente o aparecimento na literatura especializada dos

estudos realizados sobre a geoprópolis ou mesmo o mel e a própolis extraídos das

colmeias das abelhas nativas e desprovidas de ferrão (Choudhari et al., 2012;

Andualem, 2013; Cunha et al., 2013; Fianco, 2013; Silva, 2013). Esses mesmos

autores relatam atividades contra diversos microrganismos, incluindo alguns

relatados nesta tese. Dentre os trabalhos que citam atividades antimicrobianas para

S. aureus (mas que utilizaram a própolis), por exemplo, os valores de CIM

54

divulgados estão na mesma faixa das concentrações encontradas neste trabalho,

entre 3,75 e 60,0 µg/ml. No caso da geoprópolis foi utilizado o extrato hidro alcoólico

dos seus resíduos (o que sobrou após o seu uso e que seria descartado), mostrando

atividade antibacteriana contra as cepas dos microrganismos Gram positivos

citados no início desta discussão, e em concentrações de CIM e CBM que variavam

entre 7,81-250,0 µg/ml. Também não encontramos nenhum trabalho sobre atividade

antimicrobiana realizado especificamente com os resíduos da geoprópolis.

Esses resultados, inclusive os obtidos em nosso trabalho, indicam a

importância do aprofundamento do estudo fito químico das substâncias presentes

tanto nas polpas como nos resíduos dessas frutas e da geoprópolis, que poderão

fornecer com o seu isolamento, esperança para o tratamento de várias doenças

bacterianas, fúngicas e enfermidades diversas como diabetes, obesidade e outras,

além do uso de antioxidantes na indústria de alimentos e medicamentos.

Diversos autores relatam estudos com as própolis e geoprópolis,

produzidas por diversas espécies de abelhas em várias regiões brasileiras,

destacando as plantas que elas utilizam para produzir essas resinas, bem como sua

composição química e a atividade farmacológica desses compostos (Sforcin et al.,

2000; Alencar et al., 2007; Lustosa et al., 2008; Silva et al., 2013; Fávaro et al.,

2014). Outros autores lembram que a composição química e as ações terapêuticas

das própolis das abelhas sem ferrão são muito pouco conhecidas (Sanches, 2012),

atuando até nos processos inflamatórios (Franchin et al., 2013) e, também muito

diversas (Castro et al., 2009; Pereira et al., 2014) – Figuras 13 e 14.

Figura 13 – Abelha Uruçu. Figura 14 – Geoprópolis.

Fonte: www.ib.usp.br Fonte: abelhasdobrasil.blogspot.com

55

A comparação dos cromatogramas e das tabelas com os pesos

moleculares e nomes dos compostos identificados por Sawaya em (2006) para as

própolis de Apis mellifera de várias regiões do Brasil, com os resultados por nós

encontrados para os resíduos da geoprópolis da abelha nativa Melipona scutellaris,

mostra a imensa diversidade e variedade de compostos aí encontrados, não se

verificando a existência de compostos presumivelmente semelhantes nos mesmos.

Devemos ainda lembrar que trabalhamos com os extratos etanólicos dos resíduos

da geoprópolis, ou seja, o que seria descartado após o seu uso do ponto de vista

tanto comercial como de pesquisa. Também não encontramos na literatura

trabalhos se reportando à pesquisa de resíduos da geoprópolis, muito menos de

sua composição química. Esse fato demonstra a necessidade de se realizar

pesquisas mais detalhadas e com o uso de técnicas mais modernas para

comparação de suas constituições químicas. Esses resultados são semelhantes

aos descritos por Ramalho et al. (1990); Wilms et al. (1997) ao verificarem

fingerprints de própolis e geoprópolis de abelhas nativas totalmente diversos, visto

que elas também se adaptaram a utilizar plantas diferentes das regiões que habitam

e frequentam. Por outro lado, os cromatogramas reportados por Cunha et al. (2013)

obtidos através da técnica de RP-HPLC, com a mesma geoprópolis por nós

pesquisada (mas diferindo somente por não ser resíduo e sim somente o extrato

etanólico da geoprópolis), mostraram a presença de compostos semelhantes aos

por nós encontrados, mostrando que ainda após a extração, sobraram no resíduo

alguns desses compostos.

Quanto à análise dos cromatogramas das Romãs #01 e #02, eles

apresentaram os mesmos picos e áreas correspondentes nos dois casos, com um

total de 35 picos cada, com exceção do pico correspondente provavelmente (nas

duas) ao ácido dietil éster 1, 2, benzenodicarboxílico, que apresentou quantidade

significativamente maior na romã #1 se comparado com o cromatograma da romã

#2 (área bem menor). Como a ação antimicrobiana das duas romãs foi diferente,

tendo a #2 atuado também contra a P. aeruginosa, “podemos supor” que talvez a

quantidade e/ou outro composto presente na romã #2, possa ser a responsável pela

sua atuação de maneira diversa, muito embora a porcentagem de identificação

56

tenha sido muito pequena e que por esse motivo a interpretação fique muito restrita.

Da mesma forma, a análise dos cromatogramas da romã, estudadas por Anibal

(2010) diferiu daqueles por nós encontrados para os extratos brutos das romãs #1

e #2, indicando também a necessidade de um aprofundamento na análise química,

talvez com o uso de outros métodos e aparelhos.

Inibição da aderência

A capacidade de um microrganismo (bactéria ou fungo) se aderir a uma

superfície tem correlação direta com a sua capacidade de multiplicação,

colonização e, consequentemente, de sua virulência/patogenicidade podendo, a

partir daí, causar doença (Pihl et al., 2013; Lass et al., 2014; Yoda et al., 2014; Pal

et al., 2015). A(s) capacidade(s) de adesão de vários microrganismos, que podem

ser inibidas por uma infinidade de componentes, visando o seu controle, tem sido

relatadas por diversos trabalhos, com o uso de produtos naturais, como extratos de

Rosmarinus officinalis L. (Silva et al., 2010), Myrtus communis L. e óleos essenciais

de vanilla, patchouli e ylan ylang (Bilcu et al., 2014), sobre bactérias bucais ou de

interesse médico (Ostrosky et al., 2008).

Nossos testes de adesão do biofilme realizados in vitro somente com a

ação dos extratos dos resíduos dos vegetais que mostraram CIM abaixo de 500

µg/ml (Ponto de Corte), contra os microrganismos pesquisados, mostraram que os

extratos de romã #1 inibiram a adesão da C. albicans e do S. parasanguinis em 55

e 62%, respectivamente, enquanto que para a romã #2, houve a inibição da P.

aeruginosa e da C. albicans em 45 e 50%. O extrato do resíduo da geoprópolis

inibiu a adesão das cepas de S. epidermidis, S. aureus meticilina resistente (MRSA),

S. aureus e S. mutans em 80, 64, 52 e 50%, respectivamente e, o da borra de café,

inibiu a adesão inicial do S. mutans em cerca de 23% (Ponto de Corte ≤ 40%). Não

encontramos referências sobre estudos de inibição da adesão com resíduos de

geoprópolis. Destaque-se ainda que esses resultados podem, de alguma maneira,

indicar a ação desagregante dos extratos sobre os microrganismos pesquisados,

comprometendo dessa forma sua aderência, colonização e consequente

patogenicidade, o que está de acordo com alguns dos trabalhos aqui relacionados

57

(Djordjevic et al., 2002; Lemos et al., 2010; Cunha, 2012; Galvão et al., 2012; Freires

et al., 2015).

Inibição do biofilme maduro

Biofilmes são estruturas espaciais tridimensionais dinâmicas, aderidas a

superfícies sólidas, produzidas por um ou mais microrganismos, compostas de uma

matriz extracelular polimérica de glicoproteínas e polissacarídeos (Fletcher, 1994;

Ten Cate et al., 2009). Esses microrganismos estabelecem relações ecológicas que

além de serem muito especiais, possuem grande importância do ponto de vista

patológico, pois eles conseguem obter maior proteção contra o meio ambiente e,

por conseguinte, tornar-se capazes de resistir mais e causar maiores danos e

doenças (Mohammadi et al., 2013). Podem estar aderidos a várias superfícies como

cateteres (Rochelle, 1996), vidro (Safari et al., 2015), aço inoxidável (utensílios

domésticos) incluindo no caso da cavidade bucal, o esmalte dos dentes, a superfície

radicular ou ainda os implantes (Luo e Samaranayake, 2002; Lasa et al., 2005; Klein

et al., 2011; Altieri et al., 2013; Barbosa, 2014).

O estudo das características de formação (Dige et al., 2009), de

composição (Cury e Koo, 2007), da fisiologia (Lemos et al., 2010; Schlafer et al.,

2011; Serra e Hengge, 2014), da morfologia (Germano et al., 2013; Arul et al., 2014;

Weber et al., 2014) e sobretudo de destruição dos biofilmes (Fletcher et al., 2014),

são fundamentais para que se compreendam todos os fatores relacionados à sua

estrutura e a melhor maneira de impedir a sua formação, podendo, dessa forma,

inibir ou até evitar um processo infeccioso. A busca de maneiras e substâncias

capazes de inibir ou de destruir a formação de um biofilme tem se constituído um

desafio crescente à medida que os microrganismos se tornam cada vez mais

resistentes (Bordi e Bentzmann, 2011; O’Loughlin et al., 2013; Chung e Toh, 2014).

Com o avanço do estudo sobre a ação e os componentes dos produtos

naturais vegetais (Salta et al., 2013; Fletcher et al., 2014), cada vez mais se

encontram substâncias com as características antibiofilme. Outros autores

objetivam também o desenvolvimento de produtos com aplicações clínicas

satisfatórias contra diversas bactérias e fungos (Freires et al., 2012; Peters et al.,

58

2013). Tem-se verificado a ação antibiofilme de componentes do vinho e das uvas

(Daglia et al., 2010; Yano et al., 2012), de poli fenóis da dieta (Shahzad et al., 2015),

de diversos óleos essenciais (Freires et al., 2015; Ganesh e Vittal, 2015) e diversos

outros produtos, especialmente contra os biofilmes multi-espécies (Longhini et al.,

2007; Góes, 2009; Schlafer et al., 2012).

Neste trabalho também avaliamos in vitro a atividade antibiofilme de

extratos etanólicos de resíduos vegetais, nos biofilmes formados por bactérias e

levedura de interesse médico e odontológico. Os resultados encontrados indicam

que os extratos foram capazes de destruir parcialmente os biofilmes nas

concentrações de 10x a CIM (2500 µg/ml), sendo que o extrato bruto do resíduo da

geoprópolis foi capaz de eliminar completamente os biofilmes de S. aureus, S.

aureus meticilina resistente e S. epidermidis. Esses resultados são extremamente

promissores visto que esses patógenos são grandes vilões das infecções

hospitalares, podendo levar um indivíduo à morte.

Resultados semelhantes foram descritos por Menezes et al. (2006), Dong

et al. (2012), Howell e D’Souza (2013) e Bakkiyaraj et al. (2013) ao descreverem o

potencial anti biofilme dos extratos de várias partes da árvore e dos frutos da

romãzeira (Punica granatum L.) contra bactérias, vírus e fungos patogênicos. Da

mesma forma, os trabalhos de Kouidhi et al. (2010), Wojtyczka et al. (2013) e de

Capoci et al. (2015) sobre as ações da própolis oriundas de várias regiões inibindo

biofilmes de microrganismos da cavidade oral ou vaginais, indicam a importância do

estudo desse produto vegetal e sua ação protetora. Destaque-se aqui o trabalho

de Cunha (2012) que estudou a ação da geoprópolis da abelha nativa sem ferrão –

Melipona scutellaris – sobre o biofilme de S. mutans in vitro, servindo de base para

a nossa pesquisa, pois nos foi fornecido o resíduo dessa própolis para iniciarmos o

estudo, enquanto que muitos pesquisadores têm focado no estudo de extratos

brutos de frutas e plantas in natura na busca de novos antimicrobianos (Matsuno,

1997; Rios et al., 1998; Mahady et al., 2008; Oldoni et al., 2011).

A Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) é muito utilizada na

Medicina, na Biologia e em inúmeras outras áreas da Ciência, sendo um poderoso

aliado da Odontologia, pois permite avaliar a superfície de dentes, suas

59

restaurações e o uso de resinas diversas (Silva et al., 2010; Khaddam et al., 2014;

Soon et al., 2015).

Neste trabalho foi avaliada a população microbiana sobrevivente e sua

morfologia na superfície de uma lâmina após o tratamento com os extratos dos

resíduos dos vegetais testados e os seus resultados comparados com as imagens

obtidas sem o tratamento. Nossos resultados demonstraram que houve significativa

redução na população microbiana bem como na morfologia das células do biofilme

nas seguintes cepas: S. aureus ATCC 25923, S. aureus meticilina resistente ATCC

33591, S. epidermidis ATCC 12228, S. parasanguinis ATCC 903 e de S. mutans UA

159, tratadas com extrato de geoprópolis na concentração de 10X a CIM; C.

albicans CBS 562 e S. parasanguinis ATCC 903, tratadas com o extrato da Romã

#1 na concentração de 10X a CIM; e para as cepas de C. albicans CBS 562, S.

parasanguinis ATCC 903 e P. aeruginosa ATCC 27853, tratadas com o extrato da

Romã #2 na concentração de 10X a CIM. Observações semelhantes foram

realizadas por Nordin et al. (2014) e Freires (2015), ao estudarem as modificações

estruturais em cepas de leveduras do gênero Candida pelos extratos de Piper betle

L. e de Coriandrum sativum L., respectivamente. Esses resultados indicam a

presença de substâncias presentes nesses extratos, capazes de exercerem ação

antibacteriana e antifúngica, merecendo uma pesquisa adicional na tentativa do seu

isolamento.

Toxicidade in vivo utilizando o modelo alternativo Galleria mellonella

Os testes de toxicidade in vitro tentam reproduzir os acontecimentos que

ocorreriam no corpo humano ou animal ou ainda em suas células, quando expostas

a um produto ou substância química (Ramarao et al., 2012; Marques, 2014; Winand

e Schneider, 2014; Beeton et al., 2015; Riss et al., 2015). Para tanto, podem ser

empregados vários substratos biológicos como, por exemplo, o cultivo de embriões,

o uso de órgãos perfundidos, os cultivos organotípicos, cultivos celulares e, de

maneira mais atual, o uso de animais alternativos como a Galleria mellonella

conforme Mukherjee et al. (2010) e Nathan (2014). (Figuras 12 e 13). Os modelos

60

invertebrados como Acanthamoeba castellani, Drosophila melanogaster,

Caenorhabditis elegans, Galleria mellonella (é um Lepidoptera - Pyralidae),

Zebrafish e embriões de galinha mostraram-se adequados como modelos

alternativos nos estudos de virulência, fagocitose, eficácia e toxicidade de novos

compostos (Kavanagh e Fallon, 2010; Junqueira, 2012; Loh et al., 2013; Kloezen et

al., 2015; McMillan et al., 2015; Megaw et al., 2015).

Figura 15 – Galleria mellonella. Figura 16 – Inoculo em Galleria mellonella.

Fonte: Acervo do pesquisador. Fonte: Acervo do pesquisador.

A avaliação preliminar da toxicidade em G. mellonella reduz a

probabilidade de um agente com atividade in vitro avançar para modelos de

mamíferos e falhar, já que esse modelo alternativo conseguiria detectar o efeito

tóxico do composto economizando tempo e dinheiro e reduzindo o número de

mamíferos no experimento (Alghoribi et al., 2014; Yang et al., 2015). Da mesma

forma, nesse modelo de invertebrado, a avaliação da eficácia de drogas antifúngicas

pode ser realizada. Para poder-se realizar os testes de toxicidade dos extratos

brutos dos resíduos vegetais por nós pesquisados segundo os modelos do uso das

larvas de G. mellonella, teve-se que testar a toxicidade de todos os extratos, seus

respectivos veículos e os controles positivos e negativos, conforme requeriam os

procedimentos.

Como se pode verificar nos resultados, nenhum dos extratos testados

(resíduos da geoprópolis, da romã #1 e da romã #2 na concentração de 2,5 mg/ml

ou 50 mg/Kg) mostrou-se tóxico para as larvas pesquisadas, havendo sobrevivência

das mesmas por mais de 72 horas e numa porcentagem acima de 80%. Também

61

foi realizado o estudo da toxicidade dos diluentes dos extratos e foi observado que

os mesmos não eram tóxicos.

Diante dos resultados obtidos neste estudo, pode-se sugerir que os

resíduos da geoprópolis e da romã, são promissores protótipos antimicrobianos e

que estudos adicionais deverão ser realizados futuramente para se obter a

identificação e o isolamento dos seu(s) “composto(s) majoritário(s)”, a fim de se

descobrir e isolar um composto antimicrobiano promissor.

62

4 CONCLUSÃO

Com base nos resultados das pesquisas pode-se concluir que:

a) Os extratos etanólicos brutos dos resíduos de vegetais como o cacau, café,

goiaba, geoprópolis e romã possuem composto (s) com atividade

antimicrobiana (antibacteriana e antifúngica);

b) Os extratos etanólicos brutos dos resíduos da geoprópolis e das romãs,

inibiram a aderência dos microrganismos pesquisados (S. aureus, S.

epidermidis, S. aureus MRSA, S. mutans, S. parasanguinis, P. aeruginosa e

C. albicans), assim como a formação de seus biofilmes (alterando a sua

arquitetura), observados pelo plaqueamento e pela MEV, o que pode

contribuir para o seu controle;

c) O extrato etanólico bruto do resíduo da borra de café inibiu a aderência do S.

mutans;

d) Os testes de toxicidade realizados in vivo no modelo sistêmico de Galleria

mellonella, mostraram a ausência de toxicidade significativa dos resíduos da

geoprópolis e da romã;

e) Há a necessidade da continuidade das pesquisas visando o isolamento dos

compostos bioativos e o seu uso com finalidades terapêuticas, de controle

microbiano, ou de seus impactos sobre a sustentabilidade ambiental.

63

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ANEXO 1 – Comprovação da Submissão do Artigo para a Biofouling.