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AUTO DA BARCA DO INFERNO GIL VICENTE Madalena Fernandes ESPAN 2012/13

Auto da barca_do_inferno_-analise_global -madalena

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AUTO DA BARCA DO INFERNO

GIL VICENTE

Madalena FernandesESPAN 2012/13

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Para se compreender o “Auto da Barca do Inferno” deve-se ter presente que esta obra foi escrita num período da história que corresponde à transição da Idade média para a Idade Moderna. O seu autor, Gil Vicente, enquadra-se justamente nesse momento de transição, ou seja, está ligado tanto ao medievalismo quanto ao humanismo. Esse conflito faz com que Gil Vicente pense em Deus e ao mesmo tempo exalte o homem livre.

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O reflexo desse conflito interior é visto claramente na sua obra, pois ao mesmo tempo que critica, de forma impiedosa, toda a sociedade de seu tempo, adotando assim uma postura moderna, tem ainda o pensamento voltado para Deus, característica típica do mundo medieval.

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P

ara além de ser uma peça de crítica social, Gil

V. classificou-a de moralidade, ou seja, peça

destinada a transmitir, aos espectadores,

“lições” sobre o bem e o mal, as virtudes e os

vícios.

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«

RIDENDO CASTIGAT MORES»«A RIR SE CORRIGEM OS COSTUMES», OU, A

RIR SE DIZEM AS VERDADES

Este é o lema de todo o teatro vicentino.

Criticar, provocando o riso, não era só mais divertido e adequado como

também permitia que a crítica fosse mais facilmente aceita.

O cómico é um dos meios utilizados para atingir o seu objetivo (criticar os

comportamentos e as mentalidades das diferentes classes sociais da época).

moralidade

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3 TIPOS DE CÓMICOC

ómico de linguagem: utilização do calão, das pragas, etc.

C

ómico de situação: Ex. : o Frade entra a cantar e a dançar com uma moça.

C

ómico de caráter: o Parvo, por ser tolo, não tem consciência dos seus atos nem das suas palavras.

Ao cómico

prende-se a um recurso expressivo

a ironia.

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A ironia pretende-se sugerir o contrário

daquilo que se diz com as palavras ou daquilo que se

pensa.

A ironia assemelha-se à hipocrisia.

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O “Auto da Barca do Inferno”foi apresentado pela primeira vez em 1517, à «muito católica rainha Lianor»,a rainha D. Maria de Castela, que estava enferma.

Este Auto, classificado pelo próprio autor como um “auto de moralidade”, tem como cenário um porto imaginário, onde estão ancoradas duas barcas: uma, com destino ao paraíso, tem como comandante o Anjo; a outra, com destino ao inferno, tem como comandante o Diabo, que traz consigo um companheiro.

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Todas as almas, assim que se desprendem dos corpos, são obrigadas a passar por esse lugar para serem julgadas. Dependendo dos atos cometidos em vida, são condenadas à Barca da Gloria ou à do Inferno.     

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O ESTILO

Quanto ao estilo, pode-se dizer que todo o

Auto é escrito em tom coloquial, ou seja, a

linguagem aproxima-se a da fala, revelando

assim a condição social das personagens.

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O Auto possui um único ato, dividido em cenas, nas quais predominam os diálogos entre as almas que estão sendo julgadas com o Anjo e com o Diabo. As personagens do Auto, com exceção do Anjo e  do Diabo, são representantes típicos da sociedade da época (personagens-tipo). Raramente aparecem identificados pelo nome, pois são designadas pela ocupação social que exercem. Exemplo : o onzeneiro, o judeu, sapateiro etc.

ESTRUTURA EXTERNA

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PERSONAGEM-TIPO

É uma personagem plana* que pretende caracterizar um grupo

social ou profissional. O seu comportamento não o

individualiza, dado que o objectivo é expressar as qualidades

e/ou defeitos do conjunto a que pertence.

Personagens planas: são aquelas que não tem profundidade

psicológica. Não tem uma caracterização psicológica, que não a

faz evoluir durante a narrativa da história.

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PERSONAGENS ALEGÓRICAS

O Anjo e o Diabo são personagens alegóricas, porque

representam respectivamente o Bem e o Mal, o Céu e

o Inferno.

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ESTRUTURA INTERNA

Este auto não é constituído por uma ação que se desenvolve da

exposição ao desenlace, mas por um conjunto de várias mini-ações

paralelas. Cada uma destas mini-ações funciona como um tribunal.

Ao longo de toda a obra, o Diabo e o Anjo desempenham o papel

de advogados de acusação e, ao mesmo tempo, de juízes. Não existe

advogado de defesa e são os réus que, bem ou mal, vão

apresentando aos argumentos para tentarem defender-se.

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