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AS REINAÇÕES DO REI
Antologia de poeminhas reais.
Horácio Dídimo
Ilustrações de Nilo Márcio de Andrade Teixeira
AS REINAÇOES DO POEMA
um poema de chapéu novo quebra novamente a casca do ovo
Rcv. de Letras, Fortaleza, 8 (1) - jan./jun. 1985 185
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1 . A COROA DO REI
O rei quanto mais complica mais rei-fica.
Rev. de Letras, Fortaleza, 8 (1) - jan./jun. 1985
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A DOR-DE-CABEÇA DO REI
daqui a cem anos
todos os nossos problemas nos terão resolvido
Rev. de Letras, Fortaleza, 8 (1) - jan./jun. 1985 187
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1 . A COROA DO REI
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A DOR-DE-CABEÇA DO REI
daqui a cem anos
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Rev. de Letras, Fortaleza, 8 (1) - jan./jun. 1985 187
3. A GAIOLA DO REI
era uma vez um rei que tinha três passaJinhos: o primeiro queria ser doutor o segundo, senador e o terceiro queria era que o deixassem em paz
188 Rev. de Letras, Fortaleza, 8 (1) - jan.;jun. 1985
4. A MAJESTADE DO REI
em terra de cego quem não é rei de cócoras com ele
em terra de sapo quem tem um olho não tem nada a ver
em terra de rei quem usa· óculos salve-se quem puder
Rev. de Letras, Fortaleza, 8 (1) - jan./jun. 1985 189
3. A GAIOLA DO REI
era uma vez um rei que tinha três passaJinhos: o primeiro queria ser doutor o segundo, senador e o terceiro queria era que o deixassem em paz
188 Rev. de Letras, Fortaleza, 8 (1) - jan./jun. 1985
4. A MAJESTADE DO REI
.em terra de cego quem não é rei de cócoras com ele
em terra de sapo quem tem um olho não tem nada a ver
em terra de rei quem usa' óculos salve-se quem puder
Rev. de Letras, Fortaleza, 8 (1) - jan./jun. 1985 189
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5 . A RISADA DO REI
o super-rei voou por cima dos telhados da cidade e das mais rigorosas pesquisas de mercado
depois riu riu riu a bandeiras despregadas
Rev. de Letras, Fortaleza, 8 (1 ) - j an ./jun. 1985
6 . A SABEDORIA DO REJ·
todos nós somos iguais uns menos outros mais
l i•_ v. d i' Letras, Fortaleza, 8 (1) - j an .jjun. 1985 11
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5 . A RISADA DO REI
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depois riu riu riu a bandeiras despregadas
Rev. de Letras, Fortaleza, 8 (1) - jan.;jun. 1985
6 . A SABEDORIA DO REI·
todos nós somos iguais uns menos outros mais
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7. A SOBREMESA DO REI
quem sabe o que vem depois?
jantamos nossos churrascos contra a vontade dos bois
Rev. de Letras, Fortaleza, 8 (1) - jan./jun. 1985
8. A TEIMOSIA DO REI
as coisas não acontecem como a gente quer
nem mesmo como a gente não quer
as coisas nunca pedem a nossa opinião
J•'m"Lalcza, 8 (1) - jan./jun. 1985 19:
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7 . A SOBREMESA DO REI
quem sabe o que vem depois?
jantamos nossos churrascos contra a vontade dos bois
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8. A TEIMOSIA DO REI
as coisas não acontecem como a gente quer
nem mesmo como a gente não quer
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9. AS LAGRIMAS DO REI
triste não é saber que não há nem que não haverá triste é saber que nunca houve e que agora para todo o nunca choraremos
Rev. de Letras, F ortaleza, 8 (1) - jan. / jun. 1985
10. O BRINQUEDO DO REI
bomba geral
rosa banal
vento letal
ponto final
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9. AS LAGRIMAS DO REI
triste não é saber que não há nem que não haverá triste é saber que nunca houve e que agora para todo o nunca choraremos
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10. O BRINQUEDO DO REI
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11 . O COLEGA DO REI
era uma vez um rei tão pobrezinho que não tinha onde cair morto
mas ele não desanimou virou sapo-boi e bateu todos os recordes de bilheteria
Rev. de Letras, For taleza, 8 < 1 l - ja n ./ jun. 1985
12 . O DECRETO DO REI
dona carochinha era uma velhinha muito enfezadinha que contava histórias engraçadas que entravam pela perna de um pato e saíam pela perna de um pinto
mas el-rei mandou dizer que acabou-se o que era doce aí ela calou-se
Hcv. de Letras, F or taleza, 8 ( 1) - ja n ./ jun. 1985 197
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11 . O COLEGA DO REI
era uma vez um rei tão pobrezinho que não tinha onde cair morto
mas ele não desanimou virou sapo-boi e bateu todos os recordes de bilheteria
Rev. de Letras, Fortaleza, 8 < 1 l - j a n ./j un. 1985
12 . O DECRETO DO REI
dona carochinha era uma velh inha muito enfezadinha que contava histórias engraçadas que entravam pela perna de um pato e saíam pela perna de um pinto
mas el-rei mandou dizer que acabou-se o que era doce aí ela calou-se
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13. O ENGRAXATE DO REI
o vice-rei engraxa o sapato do rei
porém o rei engraxa o ódio do vice-rei
Rev. de Letras, Fortaleza, 8 r1 1 - jan.;jun. 1985
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14. O TESOURO DO REI
lá vai o rei de rabecão deixou em casa o seu tostão
lá vai o rei de rabequinha deixou em casa tudo o que tinha
lá vai o rei de violão quebrando as cordas do coração chorando as penas do gavião
Rev. de Letras, Fortaleza, 8 (1) - jan./jun. 1985 199
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15. O TRONO DO REI
por mais velha que seja a porta um dia se abrirâ
por mais longo que seja o caminho um dia chegarâ
por mais gordo que seja o r.ei só poderâ ocupar um lugar de cada vez
Rev. de Letras, Fortaleza, 8 (1) - jan.jjun. 1985
16 . OS ANTEPASSADOS DO REI
no tempo em que os reis não falavam as coisas caminhavam devagar mas caminhavam
os reis é que paravam longo tempo para conversarem nas calçadas mas como eram calados não diziam nada
lt••v dt• Letras, Fortaleza, 8 (1 ) - jan./jun. 1985 20 '
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15. O TRONO DO REI
por mais velha que seja a porta um dia se abrirá
por mais longo que seja o caminho um dia chegará
por mais gordo que seja o r:ei só poderá ocupar um lugar de cada vez
Rev. de Letra,s, Fortaleza, 8 (1) - jan./jun. 1985
16. OS ANTEPASSADOS DO REI
no tempo em que os reis não falavam as coisas caminhavam devagar mas caminhavam
os reis é que paravam longo tempo para conversarem nas calçadas mas como eram calados não diziam nada
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17. OS CARANGUEJOS DO REI
os caranguejos nas lojas de ferragens batem nas mesas redondas gritam espadas assoviam bombas atômicas
os caranguejos nas suas carruagens mastigam palavras científicas e cosp.em sobre a terra como se fossem canhões
e lançam gritos de guerra
Rev. de Letras, Fortaleza, 8 fll - jan./jun. 1985
18. OS FANTASMAS DO REI
à noite todos os dedos são dardos todos os passos são tardos todos os matos são cardos todos os bêbedos
são bardos todos os gatos
são leopardos
llnv, flp Lrtras, Fortaleza, 8 (1) - jan./jun. 1985 203
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17. OS CARANGUEJOS DO REI
os caranguejos nas lojas de ferragens batem nas mesas redondas gritam espadas assoviam bombas atômicas
os caranguejos nas suas carruagens mastigam palavras científicas e cospem sobre a terra como se fossem canhões
e lançam gritos de guerra
Rev. de Letras, Fortaleza, 8 (1) - jan./jun. 1985
18. OS FANTASMAS DO REI
à noite todos os dedos são dardos todos os passos são tardos todos os matos são cardos todos os bêbedos
são bardos todos os gatos
são leopardos
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19. OS óCULOS DO REI
indefinidamente vai mais longe muito mais longe do que o rei imagina
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20. OS SAPATOS DO REI
o rei usa sapato 52 mora no trono 97 e governa o povo 1443
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mas os cientistas descobriram por acaso 2.322.416 caminhos novos
o rei então sentiu o ódio 27 .e está baixando o decreto 82 contra os sorrisos 19 e 20 de quem quer que seja
tlV , <11' Letras, Fortaleza, 8 (1) - jan./jun. 1985 205
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19. OS óCULOS DO REI
indefinidamente vai mais longe muito mais longe do que o rei imagina
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