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DadaísmoProfessora Consuelo Holanda@consueloholanda
Contexto histórico do Dadaísmo
O Dadaísmo (ou simplesmente Dada) foi um movimento artístico e literário que começou na Europa enquanto a Primeira Guerra Mundial (1914 – 1918) ocorria.
Por causa da guerra, muitos artistas, intelectuais e escritores, especialmente os da França e da Alemanha, mudaram-se para a Suíça, que era um país neutro.
Porém, em vez de se sentirem aliviados por terem escapado dos horrores da guerra, ficaram furiosos com o que a sociedade havia se transformado.
Então, esse grupo decidiu mostrar seu protesto pelo meio artístico, criando o conceito de “não-arte”, já que acreditavam que a arte de qualquer maneira não tinha mais significado.
Há pouco acordo sobre como a palavra “Dada” foi inventada, mas uma das histórias mais comuns é que, em 1915, Tristan Tzara, um dos fundadores do movimento, encontrou essa palavra aleatoriamente em um dicionário.
Em francês, “dada” é um termo usado para “cavalinho de pau”, mas também remete às primeiras palavras de uma criança, e foram essas ideias de infantilidade e absurdo que o grupo de jovens artistas exilados na Suíça abraçou.
Assim, esses artistas (ou não-artistas) se voltaram para a criação de arte que poderia ter humor, ironia, sarcasmo, trocadilhos e que também incluía objetos do cotidiano.
Manifesto dadá (1918), de Tristan Tzara
“Eu escrevo um manifesto e não quero nada, eu digo portanto certas coisas e sou por princípio contra os manifestos, como sou também contra os princípios.”
“Que cada homem grite: há um grande trabalho destrutivo, negativo, a executar. Varrer, limpar. A propriedade do indivíduo se firma após o estado de loucura, de loucura agressiva, completa, de um mundo abandonado entre as mãos dos bandidos que rasgam e destroem os séculos.”
O DADAÍSMO : a origem
do movimento e da palavra
“dada”
Em 1916, em plena guerra, um grupo
de refugiados em Zurique, na Suíça,
inicia o mais radical movimento da
vanguarda europeia: o Dadaísmo. O
termo “dadá” foi escolhido ao acaso,
abrindo-se o dicionário Larousse, no
cabaré “Voltaire” (ponto de encontro
do grupo dadaísta), de Zurique, por
Tristan Tzara e outros artistas revoltados
contra os horrores da guerra.
Elefante Celebes, 1921 de Mrx Ernst
O que é um
ready-made?O termo é criado por Marcel Duchamp
(1887-1968) para designar um tipo de
objeto, por ele inventado, que consiste
em um ou mais artigos de uso cotidiano,
produzidos em massa, selecionados sem
critérios estéticos e expostos como obras
de arte em espaços especializados
(museus e galerias).
Seu primeiro ready-made, de 1912,
é uma roda de bicicleta montada sobre
um banquinho (Roda de Bicicleta).
Duchamp chama esses ready-mades
compostos de mais de um objeto de ready-mades retificados.
A Fonte – Marcel Duchamp (1917)
A contestação de um conceito de arte
leva à defesa, pelo Dadaísmo, de que a
"verdadeira" arte é a antiarte. Com isso, o
movimento dadá nega as definições
disponíveis de arte e o próprio sistema de
validação dos objetos artísticos. Trata-se
de produzir, não "obras de arte", mas
intervenções, deliberadamente absurdas e inesperadas. As ações perturbadoras do
dadaísmo se revelam na recusa às
técnicas propriamente "artísticas" e na
utilização de materiais e procedimentos
da produção industrial, que são despidos
de seus usos e objetivos habituais. O
ready-made criado por Duchamp sintetiza
esse conjunto de princípios e o espírito
crítico que alimenta o dadaísmo: um objeto qualquer pode ser alçado à
condição de obra de arte.
L.H.O.O.Q, Monalisa com bigode – Marcel Duchamp
(1919)
Mais uma vez, o que é mesmo um ready-
made?
Ready-made
é um termo cunhado por Duchamp para os objetos do cotidiano, manufaturados e em série, que ele expunha como arte em galerias, ao invés de pinturas ou esculturas, pela simples escolha do artista.
Duchamp, na realidade, trabalhava o objeto (embora minimamente) ao apresentá-lo em um contexto anticonvencional. Pelo ato de colocar a coisa em uma galeria de arte, ela se torna deslocada, alheia, anômala. Em tais atos de deslocamento planejado, Duchampbuscou chamar a atenção, não à beleza intrínseca das rodas de bicicleta e dos porta-garrafas, mas às convenções, hábitos e preconceitos que estão por trás das nossas expectativas do que seja arte e das circunstâncias em que normalmente a vemos. (BATCHELOR, 1998, p. 35)
Corte com a faca de cozinha – Hannah
Hoch (1919)
Hausmann fez uso de materiais gastos, já utilizados com o intuito, talvez, de demonstrar o "descartável" e a futilidade que o ser humano tem se tornado. A cabeça está alienada em cima de uma caixa de madeira, o que demonstra ser uma obra revolucionária (logo após a Primeira Guerra Mundial), " mentes revolucionárias". Apresentando diferentes objetos espalhados pela cabeça observa-se: um copo telescópico do tipo dos distribuídos aos soldados alemães na frente, uma plaquinha com o número 22 na testa e localizado na têmpora direita, encontra-se o mecanismo de um relógio.
Como orelha, Hausmann posicionou um rolo de impressão, no outro lado, uma régua de madeira e vários tipos de parafusos que pertenciam a uma máquina fotográfica. Localizada atrás da cabeça, uma velha e gasta bolsa de couro, mas as coisas que mais chamam a atenção é a utilização de uma fita métrica que foi cortada no décimo centímetro, o que dá o entendimento de medição do cérebro do individuo alienado pela sociedade e o copo no centro em cima da cabeça, como se fosse uma forma de colocar todas as informações alienadoras para dentro.
Cabeça Mecânica (O Espírito da Nossa Era) – Raoul
Hausmann (1920)
Espírito do Nosso Tempo – Raoul
Haussman
Em abril de 1966, Raul Hausmann fornece um comentário sobre esta obra: "Eu criei a minha escultura, a "Cabeça Mecânica", em 1919, e dei-lhe o título alternativo "O Espírito da Nossa Era", para mostrar que a consciência humana é constituída apenas por acessórios insignificantes presos a ela no lado de fora. É na realidade apenas uma cabeça de um boneco de cabeleireiro com um atraente penteado.“
Então encontramos o Dadaísmo, onde o pensamento emocional é substituído pelo mecânico, ou seja, segundo os dadaístas, poderia surgir uma nova arte em forma de máquina, que mostre o que está por trás da sociedade, que defenderia por fim um mundo pacífico, mecânico e racional, criando uma arte radical com expressão através do uso de fragmentos do mundo real.
Objetos do cotidiano foram
declarados obras de arte. Um
desses objetos mais famosos
executados por Man Ray é o
ferro de passar roupa, adornado
com uma fileira de pregos na
parte inferior. Como instrumento
real, ele é inútil, mas como um
objeto artístico, ele entrou para
a história. Essa arte do absurdo
era uma contraproposta à arte
convencional burguesa – uma
burguesia que acabou por levar
o mundo a uma guerra.
CADEAU - O presente – Man Ray (1921)
O DADAÍSMO
A única norma estética era a “lei do acaso”, apregoando a poesia e a pintura automáticas: faziam poemas remexendo alguns recortes de jornais no fundo de um chapéu; misturavam tintas sem nenhum critério; convidavam os visitantes de suas exposições a quebrarem os quadros à vontade, pois achavam que não tinham valor algum; choravam em casamentos; davam risadas durante os enterros; enfim pregavam e praticavam o mais absoluto inconformismo.
Ball em sua interpretação do poema
Caravana [Domínio público]
O DADAÍSMO
Caracterizou-se por um cunho fortemente anárquico, expressando a rebelião da geração jovem contra os poderosos círculos internacionais e a burguesia acomodada. Foi um movimento antiarte por excelência, pois, através de arruaças, exposições extravagantes, agitações anárquicas, banquetes excêntricos e tumultuados, os dadaístas gritavam a sua trágica revolta, ridicularizando tradições e valores institucionalizados. Foto: arquivo pessoal – Tate Galery
Londres
Referências Bibliográficas
ARCHER, Michael. Arte contemporânea: uma história concisa. São Paulo:
Martins Fontes,2001.
BAUMAN, Zygmunt. Modernidade líquida. Rio de Janeiro: Zahar, 2000.
DIDI-HUBERMAN, Georges. O que vemos e o que nos olha. São Paulo:
Editora 34, 1998.
AGAMBEN, Giorgio. O que é o contemporâneo? E outros ensaios.
Chapecó, SC: Ed. Argos, 2009
MINK, Janis. Marcel Duchamp. Ed. Taschen, 2000.
“Temos a arte para
não morrer da
verdade”
Friedrich Nietzsche