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Viver e Aprenderna Escola Dominical Phoebe M.Anderson

Aprenderna Escola Dominical - IMVI - Igreja Metodista de ... · sementes. Assim, aquilo que sempre me parece fácil acaba não sendo. ... Por que se faz disse um problema tão grande?

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Viver e Aprenderna EscolaDominical

Phoebe M.Anderson

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VIVER E APRENDER NA ESCOLADOMINICAL

Phoebe M. Anderson

Título original:

LIVING AND LEARNING IN THE CHURCH SCHOOL

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TRANSLATED BY PERMISSION OF UNITED CHURCH PRESS FROM LIVING

AND LEARNING IN THE CHURCH SCHOOL . BY PHOEBE M. ANDERSON.

COPYRIGH © 1965. UNITED CHURCH PRESS.

Tradução e adaptação: Marianna Allan Peterson

Departamento Editorial

Editor: Luan Mendes de Barros

Revisão de Original: Nilza Mary Rosário

Revisão: Marília Schüller Ferreira Leão

Capa e ilustrações: Marta Cerqueira Leite Guerra

1986

IMPRENSA METODISTA

Avenida Senador Vergueiro. 1301

São Bernardo do Campo - SP

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ÍNDICE

1 - Chamados para Ensinar ----------------------------------------------------- 7

2 - Participação --------------------------------------------------------------------17

3 - Criando um Grupo ------------------------------------------------------------27

4 - Método É Conteúdo ----------------------------------------------------------49

5 - Do Ensinar e do Aprender ------------------------------------------------- 61

6 - Mais sobre o Ensinar e o Aprender-------------------------------------- 73

7 - Compreendendo nossos Alunos e Alunas ----------------------------- 87

8 - Que faz um (a) Professor (a) da Escola Dominical ---------------- 103

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CHAMADOS PARA ENSINAR

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1.

CHAMADOS PARA ENSINAR

Nem todos são apóstolos, profetas, operadores de milagres.Alguns se dedicam ao ensino. Louvado seja Deus!

Ensinar, de certa forma assemelha-se a fazer um jardim. Nunca se tem um pedaço de

terra fértil, completamente a espera de boas sementes, que automaticamente produz plantas

totalmente. Pelo menos isso não me acontece.

Pelo contrário, ano após ano, eu me confronto com um canteiro que parece ter toda a

possibilidade de produzir lindas flores em grande quantidade, mas que até agora nunca as

produziu. Para falar a verdade, a terra é um pouco arenosa e tende a secar rapidamente; há

um tipo de erva daninha que não consigo controlar, e tem muita sombra; meus meninos jogam

futebol pertinho do jardim e não há cerca. Mas, mesmo assim, deve produzir bem mais do que

produz! Eu compro as melhores sementes, os mais eficientes adubos e cultivo a terra com

todo cuidado. Estou quase concluindo que as sementes simplesmente se recusam a crescer!

No entanto, vejo que a culpa não é das sementes, é minha, só minha. Ou eu não

entendo bem o meu canteiro, ou então estou trabalhando erradamente com as minhas

sementes. Assim, aquilo que sempre me parece fácil acaba não sendo.

Para um novato inexperiente, ensinar - tal qual fazer um jardim - não parece tão difícil.

O professor, no final das contas, só tem que descobrir material adequado, planejar um método

de apresentação e executar o trabalho. Por que se faz disse um problema tão grande?

A razão é que o ensino verdadeiro envolve mais do que conteúdo e método. Existem

outras duas considerações que em nossos currículos da Escola Dominical são discutidas

apenas ligeira e superficialmente ou - e isso é que geralmente acontece - nem notadas. E isso

é uma pena, pois a não ser que você conheça esses dois elementos profundamente, o melhor

e mais criativo plano de aula não dará resultado nenhum.

Esses aspectos absolutamente necessários ao processo de ensinar-aprender são os

alunos e você, o professor, o educador (a). É fácil compreender a razão porque, em geral, não

os consideramos: é por demais difícil descrever "alunos" e "professores".

O que quero dizer, claro, é que você e seus alunos são inteiramente diferentes de

qualquer outra classe de alunos e professor. São diferentes em tamanho, aparência, idade,

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experiências, bens materiais, educação, dedicação, atitudes. Pense bem: mesmo se todos os

leitores desse livro fossem professores no nível primário de uma igreja urbana grande, da

mesma denominação evangélica, no Brasil, mesmo assim nenhuma classe estaria igual a

qualquer outra. Evidente!

O que ensinar (conteúdo) e como ensinar (método) podem ser registrados completa e

precisamente. Mas, quem são os professores e os alunos, seus pensamentos, sentimentos,

ações e motivações, e o modo pelo qual eles crescem e atingem a maturidade cristã. Esses

são assuntos que não se pode delinear. É um fato: você e seus alunos não podem ser

adequadamente descritos.

Mesmo assim, precisamos compreender que sabemos muito sobre você e seus alunos

e sobre o ensinar e o aprender. O que sabemos vem da sociologia, psicologia, educação e

teologia. Nesse livro tentarei descrever algumas das idéias contemporâneas nesses campos,

de maneira a ajudar você a melhor compreender o sentido de "ensinar" e o significado de ser

educador na Escola Dominical. O resultado, espero eu, será um livro que contenha boa

teologia, boa educação e bom senso.

Não pretendo tratar especificamente do conteúdo, nem tão pouco da metodologia na

Escola Dominical, a não ser que os princípios que me parecem vitais os questionem. O que

me interessa muito mais é você e seus alunos, como tais, seu relacionamento entre si e seu

trabalho em conjunto.

O (a) professor (a) educador (a) é a mola-mestra - o incentivo principal

Vamos começar com você. Você é o ponto chave do processo todo. Se o esforço no

campo de educação cristã nas igrejas evangélica jamais se tornar efetivo - como sabemos

que deve ser - você que ensina será o responsável. Os professores, educadores, são as

pessoas que podem transformar a Escola Dominical de um programa ineficiente em uma

experiência vital, sincera, vigorosa, dinâmica e significativa na vida do Cristão. A importância

do educador é decisiva.

Então, comecemos com você. Como é que você se sente a seu próprio respeito? A

respeito do trabalho que realiza na Escola Dominical? Você é confiante de que sabe o que

está fazendo e por que, e de que está trabalhando bem? Você se sente recompensado,

realizado no seu ensino?

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Muitos de nós que ensinamos não podemos responder a tais perguntas com grande

confiança. A verdade é que não sabemos as respostas. Trabalhamos na esperança de algum

resultado, nada mais.

Freqüentemente nosso trabalho acaba sendo menos que perfeito. Não sabendo

melhorá-lo, minimizamos os problemas por afirmar que ensinar na Escola Dominical, em

todos os casos, não é muito importante. O professor não está no nível das oficiais da

Sociedade de Mulheres (braço direito do pastor), nem dos ecônomos que se responsabilizam

pelas finanças da igreja. Todo mundo sabe que ninguém aprende muito na Escola Dominical.

Mas... precisa-se de professores, nunca há número suficiente, e alguém tem que fazer o

trabalho. Se a igreja não insistisse tanto, é claro que não estaríamos ensinando. Deus sabe, e

nossos alunos também, que nós não nos sentimos muito competentes!

Conheço muito bem esse raciocínio porque, sendo professora, já passei por tudo isso.

E sei também que ensinar é um trabalho que jamais tem fim. Eu penso sobre minha classe

durante a semana inteira. Eu leio material extra, procuro projetos, planejo atividades,

descubro materiais áudio-visuais e, finalmente, faço um plano de aula. Chega o domingo, a

classe reúne-se. E bem antes de onze horas, já descobri que meu plano - tão lindo no papel -

não estava tão bom na sala de aula. Alguns dos meus alunos demonstraram interesse

superficial; para os outros estava maçante. Por que continuar? Que uma outra pessoa sofra

um pouco!

Chamado (a) para uma tarefa necessária

Sem dúvida alguém poderia fazer o trabalho, mas você foi chamado por Deus a fazê-lo.

Talvez ninguém saiba porque você foi chamado, ou porque você ouviu a voz divina. Mas você

está aqui, face a face com um trabalho que precisa ser feito, sentido ou até sabendo, que

você não é capaz de fazê-lo. Conheço bem esse pensamento: é minha posição exata ao

escrever esse livro!

Encontramo-nos na companhia dos fiéis. O trabalho de Deus sempre foi e sempre será

realizado por pessoas que se sentem incapazes de fazê-lo, incompetentes. Abraão saiu de

sua terra, deixou seus parentes e viajou para uma terra longínqua "sem saber para onde ia"

(Hb 11.8). Moisés argumentou com Deus que ele não poderia, de maneira alguma, voltar ao

Egito e confrontar o Faraó. "Nunca fui eloqüente... Sou pesado de boca e pesado de língua"

(Ex 4.10). Amós foi pastor, cultivador de sicômoros, por seu vestir, por seu agir, por seu falar

mal preparado a dirigir-se aos comerciantes sofisticados urbanos, aos prestamistas

financeiros, aos sacerdotes, aos adeptos elegantes; incapaz de dizer-Ihes que eram

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inaceitáveis a Deus, que sua justiça hipócrita lhe era repugnante. Isaías falava bem. Era

charmoso. Foi educado com os príncipes e reis. Mas nada disso o preparou para falar em

nome de Deus, pois nada sabia do outro setor da sociedade de seus dias: os pobres eram-lhe

enigma. Ninguém o escutaria. Ninguém interessaria. Pelo contrário, seria zombado e vaiado.

Muitos dos eruditos de nossos dias acreditam que nem mesmo Jesus sabia o que

estava à sua frente, quando saiu da carpintaria de Nazaré e começou a ensinar. Seus amigos

e parentes não o consideravam grande coisa. "Não é este o filho de losé?", (Lc 4:22b) eles

perguntaram. E até mesmo mais tarde as pessoas que ouviam sua mensagem não lhe deram

muito valor por causa de sua história pessoal. "Porventura, pode sair alguma coisa boa de

Nazaré?" (Jo 1:46).

Os homens e mulheres que pregavam o Evangelho, nos anos após a morte e

ressurreição do Mestre, também não eram realmente capacitados para o trabalho. Eram

pessoas ordinárias, de todo tipo: pescadores, cobradores de impostos, um médico, um fariseu

recém-convertido, uma prostituta, alguns comerciantes, esposas e mães, gregos e judeus,

escravos e livres, ricos e pobres, estudantes e analfabetos, sábios e imprudentes. Ouviram a

chamada, "Ide... e ensinai" (Mt 28.19) e responderam-na.

O povo de Deus

Esses são os homens e mulheres na história do Cristianismo, de que fazemos parte.

Somos nós membros do "Povo de Deus", as pessoas que procuravam e procuram viver

segundo a vontade divina. Pouquíssimos de nós realmente nos sentimos bem sucedidos,

vitoriosos. É dificílimo diferenciar entre a vontade de Deus e a nossa própria vontade, mas

tentamos e temos que continuar tentando.

Quem é esse povo de Deus a quem nos unimos? Não são apenas pessoas antigas:

são também presentes, visíveis, vivas hoje. São os homens e mulheres que labutam no

mundo moderno para realizar a vontade de Jeová onde quer que estejam. São pessoas

comuns, de todos os tipos: sábios e imprudentes, ricos e pobres, negros e brancos, russos,

americanos e brasileiros, fazendeiros, médicos, carpinteiros, advogados, donas de casa,

comerciantes, balconistas, civis e militares, estudantes e professores.

Algumas dessas pessoas passaram por uma experiência dramática, semelhante à de

Paulo na estrada para Damasco, um momento em que viram claramente o que suas vidas

tinham sido e eram, e o que, com a ajuda de Deus, poderiam ser. Outros estão sendo nutridos

na fé desde seu nascimento e no presente estão apenas seguindo fielmente um caminho que

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sempre se abria à sua frente. Ainda outros estão à procura da luz. Não experimentaram nem

a conversão dramática, nem a vida de crescimento e nutrição em Cristo. Mas se uniram a

companhia dos comprometidos e com esses estão prontos a trabalhar.

Nem todas essas pessoas trabalham na Igreja institucionalizada. Encontram-se em

movimentos em prol da paz, à procura da justiça econômica e social, no comércio, no

governo, no laboratório, nas profissões, nas artes; escritores, pintores, escultores, músicos,

dramaturgos; nas escolas e universidades, nas agências sociais, nos hospitais, trabalhando

nos cárceres, em casa...

Parece que Deus costuma chamar uma pessoa a fazer sua vontade bem antes que ela

esteja pronta a executá-la. Você responde à chamada a ensinar. Não quer fazer isso, não

está pronto, não se sente capacitado. E eis você aí, estudando, lendo, questionando,

preparando, ensinando. E aqui estou eu também, respondendo a uma chamada, tentando

descobrir algumas respostas, tentando estabelecer alguns entendimentos fundamentais para

ajudar você com a sua tarefa. Talvez nossas mentes e nossos espíritos possam se encontrar.

Queira Deus!

PARA VOCÊ PENSAR

1. O argumento entre Moisés e Deus a respeito da volta daquele ao Egito, a fim de libertar

Israel, é muito semelhante à luta pela qual passa muitos de nós ao decidir se devemos ou não

aceitar algum trabalho na igreja local. As desculpas de Moisés têm um som bem familiar:

Quem sou eu para fazer isso?

E, se o povo (meus alunos) perguntarem: "Quem te mandou aqui?”

Mas... eles não me ouvirão, nem vão me acreditar!

Não posso! Não consigo falar em público. Não tenho a capacidade para o trabalho.

Oh! Senhor, manda outra pessoa.

A história completa encontra-se em Êxodo, capítulos 3 e 4. Leia essa passagem com bastante

cuidado, pensando em você mesmo como professor (ou pastor, ou obreiro), pessoa chamada

por Deus.

2. Como pode você ter a certeza de que aquilo que você faz, ou planeja fazer, está de acordo

com a vontade de Deus para a sua vida? Leia Romanos, capítulo 8.

3. Em sua opinião, quais as qualidades mais importantes para um professor da Escola

Dominical?

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PARTICIPAÇÃO

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2.

PARTICIPAÇÃO

Uma pessoa tem que fazer parte de um grupo cristão

se vai alcançar a maturidade cristã.

Há uma palavra bem comum que tem um sentido todo especial que você precisa

conhecer. A palavra é participação. É um substantivo.

No sentido em que eu vou usá-la, a palavra "participação" freqüentemente significa

uma frase inteira: "A convicção de que pertence". Quer dizer associação íntima e significativa

pelo pensamento ou pelo sentimento. Não se refere a um ato como tal, nem tampouco a uma

série de atividades conjuntas. O que quer dizer é o sentimento afirmativo que você tem a

respeito de um relacionamento com outra pessoa ou grupo e aquilo que acontece em você

como resultado dessa associação. É coisa nitidamente interna.

Pense por um momento só sobre os grupos aos quais você pertence: a igreja, a classe

da Escola Dominical, a associação de professores, os pais e mestres da escola de seus filhos,

comissões, clube de mães, clube social, torcedores do Atlético, partido político, moradores de

seu bairro, estudantes de seu colégio, cidadãos de seu estado, o Brasil, sua família...

Em cada grupo do qual você participa você tem um sentimento particular a respeito de

si, a respeito de sua importância dentro do grupo, a respeito da importância do grupo na sua

vida, isto é, a respeito de sua participação. A razão porque sua participação é diferente em

cada grupo é que em cada um você tem uma experiência diferente de si mesmo.

Em alguns grupos, você considera-se valioso. Você contribui para os alvos do grupo;

você se sente compreendido, carinhosamente aceito. Quando precisa ausentar-se, você. acha

que deixa um vão no grupo. Quando erra, ou esquece de fazer algo importante, você tem a

certeza de que será perdoado. O grupo confia em você, acredita que quer fazer o melhor

possível, mesmo quando suas ações não são das melhores. O grupo lhe dá apoio, segurança,

base de ação. Uma família boa é esse tipo de grupo. A igreja deve ser.

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Em outros grupos, sua participação é mais superficial. Você é membro do grupo porque

seu nome consta na lista dos sócios. Possivelmente paga uma mensalidade, ou até assiste a

algumas reuniões, mas não se envolve pessoalmente em suas ações e decisões. Este grupo

não importa muito em sua vida, não modifica sua maneira de viver, não influencia suas

atividades, nem realimente você o influencia. Os interesses primordiais do grupo não são suas

maiores preocupações, e os altos e baixos de sua vida pessoal não lhe importam muito. Seu

relacionamento é sempre cortez, gentil e bem superficial; sua participação é nominal. A vida

de muitas pessoas na Igreja é esta mesma.

A participação que interessa a nós, os professores da Escola Dominical, é o tipo

profundamente pessoal (o primeiro discutido acima) em contraste ao meramente nominal (o

segundo). Por quê? Porque o tipo de pessoa que cada um de nós é se determina pelos

grupos aos quais pertencemos mais profundamente.

A maioria de nós acredita, sem pensar muito no assunto, que nós mesmos escolhemos

nossas convicções, nossas atitudes políticas, sociais, religiosas, educacionais etc. De certa

forma é verdade! Claramente cada um de nós é responsável por suas altitudes e seu

comportamento.

Mas, em que base decide uma pessoa quem ela é? Ou, o que ela é? Vou dizer-lhe: em

primeiro lugar, por identificar-se, pelo menos em seu próprio pensamento, como membro de

um grupo específico. Todo mundo adota para si o ponto de vista de um grupo, as suas

atitudes, suas convicções, suas atividades. Em qualquer discussão, usamos os argumentos

de um grupo, se são conhecidos, porque esses são realmente nossos argumentos pessoais.

Se não os conhecemos, podemos pesquisar em livros, ou perguntar a algum conhecido para

descobrir a linha de pensamento do grupo. Mas quanto mais estreitos sejam os laços de

identificação de uma pessoa com um grupo, mais segura será ela em face de um ataque, seja

este físico ou ideológico.

A mais importante participação

Nossa primeira e mais importante participação se encontra na família. Para uma

criança, a família é o grupo cujas atitudes ela reflete, cujas atividades ela imita, cujos

argumentos ela utiliza em qualquer discussão com seus pares. De que maneira e por que

acontece isso?

Um nenê entra na sociedade humana sem qualquer sentido de si mesmo como sendo

separado ou diferente dos objetos ou das pessoas ao seu redor. Ao passo que alguém cuida

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dele, dá-lhe comida, conforta-o, aprecia-o, ama-o. Ele responde com sorrisos, gargalhadas e

óbvio prazer. Seu regalo, por sua vez, regala a seus pais.

Continuam a cuidar dele constantemente com amor. Ele começa a depender de seus

pais e a confiar neles. Ao aprender a andar, procura-os para compartilhar suas alegrias e

dores, suas frustrações. Via de regra são compreensíveis, serviciais e prestimosos. Nessa

relação, o nenê começa a entender a si mesmo como sendo pessoa independente (isto é,

separado, diferente) dos pais, ao mesmo tempo em que lhes pertence como pessoa de valor

cujos sentimentos e desejos são levados em consideração, cujas idéias são respeitadas, e

cujas habilidades são cultivadas. Ama a sua família, como ela o ama e aceita, cada vez mais,

seus padrões, atitudes, preocupações e maneiras de agir.

Mas, o que acontece quando essa primeira participação de um menino ou menina é

incerta, errática, sem o amor e o perdão? A criança se torna insegura, duvidosa a respeito de

seu valor pessoal. Sente-se insignificante, rejeitada, incapaz de fazer as coisas,

impossibilitada de tomar decisões, receosa até de tentar, pois pode encarar o fracasso ou a

censura. Pode parecer quieta, deprimida, angustiada, numa fossa. Ou pode ser frívola,

inconstante, incooperativa, hostil. Severa rejeição por parte da família causa dor profunda e

hostilidade imensurável. Uma criança magoada e hostil está sempre cheia de medo e

desconfiança; não gosta de ninguém; rejeita a sociedade. Não raro demonstra sua rejeição

pelo roubo, vandalismo, uso de entorpecentes e até assassínio.

Mas isso não é necessariamente o fim. Uma pessoa hostil, magoada, defensiva, pode

salvar-se por participar, em nível profundo, de um novo grupo que a ama, aceita, ajuda e que

nela confia. Esse grupo bem poderia ser você e sua classe na Escola Dominical.

A participação verdadeira pode mudar pessoas!

A família é a primeira e a mais importante participação. A "panelinha" ou um clube na

escola, ou a classe na Escola Dominical normalmente é a segunda. Escoteiros ou

bandeirantes, o time de futebol, a sociedade de juvenis ou de jovens, o conjunto coral, todos

esses providenciam aquele sentido importante de participação que é imprescindível ao

desenvolvimento de crianças e jovens. Todas essas coisas exercem uma influência

incalculável no tipo de adultos que eles serão.

Sua participação importante

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Adultos também precisam de participação no sentido em que estamos usando a

palavra. Você pertence a alguns grupos que lhe são necessários e proveitosos, embora seja

possível que você não os tenha considerado desta maneira. Por exemplo, é bem provável que

você tenha uma idéia bem definida sobre os favelados no Brasil. Seu ponto de vista é

fundamentalmente igual ao de um grupo maior com o qual, queira ou não, você se identifica:

os que ignoram o problema, procurando seu próprio bem financeiro; os que dão um real ao

mendigo na rua, ou doam suas roupas usadas a uma família necessitada; os que lamentam

que o número e a condição dos pobres no Brasil cresça cada vez mais e afirmam que o

governo deve "dar um jeitinho"; os que acham que a solução do problema seja maior

industrialização, que proporcionaria mais empregos, ou educação que permitiria que se

empregassem; os que oram pelos necessitados; os que organizam comunidade à procura de

direitos legais; os que dedicam seu tempo e seu esforço para tentar solucionar tais

problemas...

E bem possível que você nem perceba os grupos com os quais se identificou na

formação de suas atitudes sobre a economia brasileira. Portanto, talvez seja mais valioso

examinar com um pouco mais de cuidado aquilo que você faz no momento ou que estaria

pronto a fazer sobre o problema. Nessa base, é possível que você se entenda melhor. Pense!

Você aceitaria trabalhar na organização de uma comunidade em busca de direitos legais dos

moradores, ou você acha melhor que a comissão de ação social de sua igreja local tape o

buraco com doações de comida e roupa às famílias necessitadas? Você acha que o governo

tem que solucionar o problema econômico do Brasil, ou que existe algo que você pode e deve

fazer? Você gastaria seu tempo procurando emprego para alguém que não tem o necessário

para a vida, ou acha que seria mais válido a igreja orar por ele? Você pagaria, de seu próprio

bolso, escola para uma criança que, outrossim, ficaria analfabeta, ou acha que isso não é

problema seu porque, no final das contas, seu dinheiro nem dá para sua própria família? Você

lutaria contra o ódio e o preconceito com brigas, boicotes e legalismo, ou acha que o amor

pode ajudar? Você lideraria um movimento ativo em prol dos menos privilegiados em seu

bairro, ou acha mais importante pregar o Evangelho para ele? Você acha que a Igreja deve

cuidar dos seus, ou que sua tarefa é ajudar os que necessitam ajuda independente de sua

crença religiosa? Você acha que a ação social na Igreja Metodista pode e deve ser um fim em

si mesma, ou considera que não é válida se não leva à evangelização? Nenhuma dessas

indagações tem uma resposta certa ou errada. São apenas uma série de atividades e atitudes

que existem entre nós. Seu comportamento nesses casos seria típico de algum grupo de que

você participa e com o qual você se identifica.

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A intensidade de seus sentimentos sobre os problemas acima levantados depende,

realmente, do sentimento dos grupos aos quais você pertence e de seu envolvimento na vida

do grupo. Se acontecer de você participar de dois grupos cujos pontos de vista são contrários,

você irá apoiar um e ignorar o outro, ou então irá reinterpretar e adaptar o pensamento de um

para que dê com o outro. Isto significa que lógica ou ilogicamente nós somos canazes de

aceitar pontos de vista contraditórios, sem parecermos completamente irracionais, pelo menos

para nós mesmos.

Ou, como outra ilustração, pensemos sobre um problema sério no mundo de hoje: a

paz mundial. Aqui também, cada um de nós se liga ao pensamento de algum grupo:- os

militares, os fabricantes de armas, a Igreja, a ONU, o governo brasileiro, todos esses têm

idéias diferentes sobre o governo russo e o governo americano, sobre a posição atual do

Brasil no mundo, sobre nossas virtudes e acomodações, sobre a política de autodefesa e a

política de desenvolvimento, sobre alianças e testes nucleares e, mais fundamentalmente

ainda, sobre a causa primária da confusão e desordem que caracteriza o mundo em que

vivemos.

Os grupos dos quais participamos nos influenciam

Seu pensamento e sua atuação sobre esses assuntos, e sobre todos os outros

também, reflete o ponto de vista de algum grupo que toca sua vida intimamente. Ou, mesmo

que você não tenha opinião, até essa virtude vem de um grupo, talvez os que se sentem tão

oprimidos pela vida que chegam a achar que nada se pode fazer para acertá-la, ou ainda

talvez aqueles cujo auto-interesse é predominante. Esta é uma verdade por várias razões.

1. Ninguém pode realizar suas próprias pesquisas em todos os setores da vida

moderna, que é por demais complexa. Para uma pessoa individualmente é impossível

encontrar material, separar os fatos das opiniões, interpretar inteligentemente o que acontece.

Mesmo que ela tivesse o tempo disponível para estudar profundamente um problema

qualquer, provavelmente não se sentiria competente para julgá-lo. Pelo menos isso acontece

à maioria de nós.

2. Rara é a pessoa que tem a coragem e a robustez de afirmar sozinha uma opinião ou

prática é por causa dela confrontar toda a sociedade. No entanto, podemos fazer afirmações e

resistir oposições se nos sentimos sustentados por outras pessoas em quem confiamos e de

quem dependemos. Este grupo pode ser pequeno; pode ser até separado da linha-tronco da

sociedade. Mas se o grupo tem um ponto de vista, uma devoção à causa, então, mesmo

estando sozinhos pensamos e agimos com segurança e confiança.

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É possível que você esteja pensando que tal coisa não fosse necessária a Jesus.

Realmente talvez não tenha sido. Ele sentia o sustento e o amor divino a um ponto impossível

para nós, mesmo sendo nós seus discípulos dedicados e leais. Nós precisamos de um grupo

que nos sustente, que nos fortaleça, que nos dê discernimento e compreensão, da mesma

maneira em que os onze discípulos precisavam uns dos outros e que encontravam sua força

no apoio dos outros.

E o que tem isso a ver conosco, professores da Escola Dominical? É simples. Significa

que nossa tarefa não é, nem pode ser, transmitir um conteúdo encontrado em uma revista

fornecida pela Igreja. O que temos que fazer é ajudar cada um de nossos alunos - sejam

crianças, juvenis, jovens, ou adultos - a estabelecer uma participação importante, significante,

abrangente dentro da igreja. Os grupos aos quais pertencemos, dos quais participamos

verdadeiramente, intimamente, profundamente, emocionalmente, não apenas nominalmente,

estabelecem o que somos e o que sermos. Por experiências afetuosas, aceitáveis, positivas,

crescentes com um grupo, que você pode providenciar na Escola Dominical, a igreja pode se

transformar para seu aluno em uma participação importante para sua vida. Pode chegar a ser

o grupo cujos padrões, atitudes, estilo de vida são aceitos por ele como sendo dele, acima de

todos os outros. Agora. Como?

Como é que você pode transformar seus alunos em um grupo que providencia para

cada um de seus membros essa participação?

PARA VOCÊ PENSAR

1. Para que você possa compreender o poder e a influência de participação significante,

pense sobre ela em sua própria vida:

a) Escolha uma das suas convicções mais fortes. Pode ser um dogma cristão (os

milagres de Jesus, a criação do mundo, o nascimento de Cristo, ou qualquer outro); pode ser

uma idéia política (direitos humanos, brutalidade policial, democracia como forma de vida, ou

qualquer outra); pode ser uma convicção social (todos precisam de educação; a pobreza é

degradante; ou qualquer outra); ou ainda pode ser qualquer coisa que faça parte firme de

suas convicções pessoais. Certamente essa convicção não é somente SUA. Indique as

pessoas ou grupos que sustentam seu ponto de vista e que contribuíram para ele. De onde

você recebeu essa convicção?

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b) Considere uma das suas participações significativas (Igreja, partido político, grupo

profissional, clube social). Até onde são as posições importantes do grupo suas posições

particulares?

2. O Apóstolo Paulo nos diz que um dos resultados de alcançar a maturidade como membro

do corpo de Cristo é que não estamos mais agitados de um lado para outro e levados ao

redor por todo vento de doutrina que passa. Leia Efésios 4:13,14. Compare essa idéia com o

item acima intitulado "Os grupos dos quais participamos nos influenciam”.

3. Em todos os sentidos, nossas ações revelam nossas participações. Capítulo 4 de Efésios

descreve a interação cristã, resultado de sermos membros uns dos outros. Leia esse capítulo

todo à luz das idéias expostas acima.

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Criando um Grupo

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3.

CRIANDO UM GRUPO

Classes na Escola Dominical não são necessariamente "grupos". Grupos nascem; são

criados. Conduzir o desenvolvimento de um grupo da concepção à maturidade exige

tempo e habilidade, compreensão por parte do professor, e a graça infinita de Deus.

Nenhuma assembléia de pessoas, reunida em uma sala, sob uma classificação

qualquer (por exemplo: o quarto ano, ou a junta dos ecônomos) pode ser entendida como

"grupo" a primeira vez que você a encontra. Pode ser uma coleção, como moedas raras em

um arquivo; pode ser um bando, como de pintinhos à procura da mãe-galinha; ou ainda, se já

tem um líder, pode ser uma tropa, como elefantes na floresta a seguir o mais poderoso

macho. Mas é bem provável que não seja um "grupo".

"Grupo", no sentido em que vou usar a palavra, significa mais que um número de

pessoas reunidas em um lugar. Quer dizer um número de pessoas reunidas em um lugar,

mas que funcionam como se fossem uma pessoa só. Meu conceito de grupo é semelhante à

descrição da igreja feita pelo Apóstolo Paulo: o corpo de Cristo. Todas as partes do corpo - os

olhos, os braços, as pernas, a cabeça - são necessárias ao corpo no cumprimento de sua

tarefa. Se qualquer parte do corpo não desempenhar sua função, o corpo leva desvantagem;

é debilitado; é menos eficaz.

Um grupo pode ser comparado ao corpo, os membros do grupo são as partes

funcionais dele. Se cada membro participar da vida do grupo, se cada membro tiver uma parte

e executar a sua função, e se os membros trabalharem em conjunto com interesse, solicitude

e amor mútuo, o grupo será vigoroso, vivo, forte. Se, ou quando, acontecer isso, sua classe

não será mais uma coleção de moedas raras, nem um bando de pintinhos a cricrilar, nem

tampouco uma tropa de elefantes que trombeteia na floresta. Será uma nova criação,

inimitável, singular, sem igual. O grupo estará ciente do período em que começou e como

(sua história), e irá dedicar tempo, pensamento e atividade à procura da solução das questões

fundamentais: o que fazer, como fazê-lo, e porque existe (seu destino). Igual a uma pessoa!

Classes na Escola Dominical freqüentemente não são grupos nesse sentido da palavra.

Os membros se ajuntam como indivíduos, não relacionados. Podem desenvolver entre si

algumas amizades, mas raramente sentem que os outros os consideram necessários, que os

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outros deles dependem, que os outros os amam de verdade e que estão envolvidos

responsavelmente nas vidas dos outros.

A coleção, ou bando, ou tropa que você ensina pode ser dessa natureza: indivíduos e,

evidentemente determinados a assim permanecerem. Chegar a envolver os alunos no

processo de sua própria educação ou na vida conjunta ê um enorme problema. Em geral são

recipientes passivos de suas palavras sábias, receptáculos vazios à espera de saciação. O

problema, a mim me parece, é que as vasilhas estão tampadas por urna tela de arame bem

fininha. Somente as idéias menores e mais insignificantes conseguem passar. E são essas

que se contam em casa.

Alguns anos atrás, numa Escola Dominical de que fui professora, uma classe de

meninos primários se tornou grupo de verdade. Sua história começou quando os meninos se

separaram das outras crianças e "sua" classe se formou. (Não estou advogando a separação

das crianças de acordo com o sexo. Realmente educadores modernos opõem tal

procedimento). A atividade desses meninos na Escola Dominical estava bem coerente com

seu propósito e seus alvos: injetar algum interesse e estímulo numa hora maçante e chata,

por bagunça, confusão e desordem. Vários professores se feriram no processo. Tiveram

quatro mestres em um período de menos de seis meses. Todos vieram, tentaram, foram

derrotados e saíram. Com enorme júbilo, os meninos registraram a "contagem professorial"

como troféus atléticos, demonstrações de sucesso. Esses rapazes precisavam uns dos

outros, dependiam mutuamente uns dos outros, funcionavam perfeitamente como uma

unidade. Sem dúvida alguma, era um grupo. Só que seu grupo não era do tipo que um ou

uma superintendente desejaria!

Como é que se vive com os alunos e alunas em uma classe de maneira a formar dela

um significante grupo cristão? Mesmo com todos os nossos problemas de tempo, espaço,

material e tradição, o que pode o professor fazer para ou com sua classe de pessoas

distintas, diferentes, não relacionadas, que as leva a ser, em escala pequena, o arquétipo do

corpo de Cristo?

Felizmente, em nossos dias se sabe muito a respeito das causas da formação de

grupos, das razões e processos que as levam à permanência, e do papel do líder (educador

(a)) na vida do grupo. Se realmente queremos fazer da nossa classe uma comunidade cristã,

temos a possibilidade de trabalhar ativamente em prol desse alvo.

Tomando decisões conjuntas

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Uma classe se torna grupo quando os membros conjuntamente tomam as decisões

sobre sua vida conjunta. Se a classe vai ter uma vida que é dela - singular, inigualável,

significativa, cristã - seus membros obrigatoriamente terão uma parte na determinação dessa

vida, na atribuição de vida ao grupo. Isto significa que uma coisa que você terá que fazer é ter

absoluta certeza de que você e seus alunos e alunas trabalham juntos ao fazer os planos e

tomam as decisões da classe.

Na maioria das revistas da Escola Dominical, a matéria a ser ensinada (e aprendida) se

divide em unidades. Essas, por sua vez, são divididas nas diferentes lições a serem

ministradas nos diferentes domingos, geralmente segundo o calendário. No principio de cada

lição, ou pelo menos de cada unidade, encontra-se uma declaração de objetivos, ou

propósitos, ou "aquilo que deverá acontecer". Essa afirmação é inteiramente necessária, pois

você precisa saber o que você quer conseguir, a fim de compreender o plano proposto para a

lição.

O que os escritores do currículo em geral omitem, porque não há maneira de incluí-Ia,

é uma declaração dos objetivos dos membros da classe: que é que eles precisam alcançar.

Por sua experiência, você deve reconhecer que se você tiver um alvo e os membros da classe

tiverem outro, a sessão não será produtiva. Para falar a verdade, é bem possível que essa

seja uma das principais razões para a insignificância de muito que a Escola Dominical faz.

Seus alunos e alunas - crianças, juvenis, jovens, adultos vêm à igreja cheios de

necessidades, de perguntas não respondidas, de coisas sobre as quais precisam de

esclarecimentos. Você vem à igreja com a cabeça cheia da lição para aquele dia. Você sabe o

que as pessoas vão aprender, mas elas não sabem. Provavelmente elas nem têm em mente

um propósito específico, pois não tiveram oportunidade de pensar, conversar e planejar

juntas. Você começa a lição. Dependendo de sua idade e desprendimento, os alunos e alunas

respondem de diferentes maneiras. As crianças talvez dêem atenção, talvez mexam nas

cadeiras, ou conversem, ou planejam entre si alguma malícia, ou façam comentários

"engraçadinhos". Os adultos talvez sentem-se ali silenciosos e indiferentes, desligando o

volume, não dando atenção. Geralmente o objetivo do professor prevalece. Nas semanas

seguintes o interesse diminui cada vez mais e a assistência cai.

Salvo no caso daqueles meninos! Eles eram uma classe que funcionava como grupo;

seu poder era bem maior e mais presentes que o de qualquer professor que lhes foi enviado,

mesmo o maior e mais viril deles. Enquanto não houve planejamento de objetivos, enquanto a

comunicação verdadeira entre professor e os meninos continuava inexistente, permaneceu o

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conflito e derrota para o professor. Os objetivos dos meninos prevaleceram. Um outro troféu

se acrescentou a sua coleção. A perversidade crescia cada vez mais. E a assistência sempre

estava em 100%.

Um grupo possui vida própria. A vida é poder. O poder de qualquer grupo depende do

envolvimento e responsabilidade dos membros dele. Se cada membro sentir que tem uma voz

nos procedimentos e acontecimentos, provavelmente achará que os resultados são interesse

dele e, então, trabalhará, e muito, para ajudar o grupo a efetivar suas determinações.

Mas uma advertência precisa ser registrada aqui. Pedir opinião do grupo para uma lista

de "coisas que queremos aprender" nem sempre é participação nas decisões. Depende muito

do pensamento e experiência que alicerçam as opiniões dos alunos e alunas, da seriedade

com que eles e elas fazem suas contribuições à lista, e - mais importante ainda - da maneira

que você usa a lista depois de pronta. Se você a aproveita para ensinar quilo que de qualquer

modo você já pretendia ensinar, então método nada mais é que um truque manipulativo. Boas

coisas acontecem nas vidas de pessoas quando elas se tornam autoras de decisões. Além

disso, sabemos que se aprende com mais facilidade aquilo que se escolheu por si mesmo

aprender. Quando um aluno, uma aluna, dirige sua própria aprendizagem (por leitura, estudo,

experimentação ou observação) e descobre coisas por si mesmo, seu aprendizado tem valor.

Isto quer dizer que um aluno, uma aluna, que fizer parte de uma classe onde participa das

escolhas, das decisões, das ações, aprenderá muito mais do que se fosse somente ouvinte

passivo. E aquilo que aprende terá real valor para sua vida.

O primeiro princípio de vida de grupo, então, relaciona-se a um processo, isto é, à

maneira em que você e seus alunos e alunas trabalham juntos. O segundo será um dos

resultados do processo.

Compartilhando alvos comuns

Todo grupo deve ter um alvo. No entanto, geralmente os membros de uma classe da

Escola Dominical não possuem alvos ou objetivos em comum. Poderíamos dizer que o alvo

geral da Escola Dominical é aprender algo sobre cristianismo, sobre Jesus, sobre Deus e

sobre a Bíblia. O problema aqui está claro: o objetivo é demasiado abrangente e generalizado.

Uma só classe, de modo algum, se incumbe de realizá-lo com entusiasmo.

Um grupo necessita de um alvo específico, realizável. Deve ser um alvo que o grupo

compreenda, sobre o qual possa pensar, cujo progresso possa ser medido, e cuja

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consumação ou realização os alunos e alunas poderão perceber. Tem que ser específico em

forma e em tempo.

O período de tempo que um grupo poderia gastar proveitosamente no alcance de um

determinado objetivo irá variar de acordo com a idade de seus membros. Crianças no primário

não conseguem sustentar seu interesse por mais de um mês ou, no máximo, seis semanas.

Juvenis e jovens podem trabalhar em um projeto durante três meses sem grandes problemas.

Adultos gastam anos planejando e trabalhando para alcançar um alvo.

Eis um exemplo: suponhamos que sua classe está estudando o Pai Nosso (qualquer

classe do terceiro ano para cima poderia se envolver nesse tipo de estudo). Estão procurando

o significado da frase, "Seja feita a tua vontade". Decidem que, como classe, deveriam tentar

fazer a vontade divina e, no fazer, descobrir seu sentido. Talvez decidam enviar cartões para

os doentes da congregação, ou fazer e levar-Ihes uns docinhos; talvez resolvam ajuntar,

consertar e preparar roupas para uma família ou para um bairro pobre; ou levantar dinheiro

para o projeto missionário do norte; ou pintar uma das salas da igreja; ou fazer equipamento

para o jardim da infância; ou criar e produzir uma dramatização baseada na idéia e apresentá-

la para uma outra classe ou para seus pais e mães. Adultos talvez participem de um programa

em prol dos necessitados da comunidade. As possibilidades para todas as idades são

incontáveis.

Não nos importa, no momento, o tipo de alvo que o grupo estabelece. O que importa,

isto sim, é que haja um alvo e que o grupo, decida o que se vai fazer. Você educador (a)

também faz parte do grupo.

Sabendo e fazendo

O problema agora é que sua revista da Escola Dominical deu um objetivo para sua

classe, e eu estou sugerindo outro. Mas pense! Está quase certo que o objetivo da revista

seja uma idéia, um conceito, uma atitude que você deve tentar implantar nas mentes de seus

alunos e que eles subseqüentemente deverão adotar para si. Os objetivos que eu descrevi

acima são coisas a fazer, atividades, que requerem corpos, mãos, pés, olhos, ouvidos e

mentes, todos trabalhando em conjunto, e que exigem a consideração do grupo e a sua

decisão. Contrário ao que se possa parecer, os dois objetivos não são opostos, mutuamente

exclusivos, ou antagônicos entre si. Para falar a verdade, andam de mãos dadas. São os dois

lados da mesma moeda. O objetivo "atividade” se torna a experiência concreta do objetivo

“idéia” que está na sua revista.

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Imaginemos uma lição da unidade sobre a oração dominical. Na revista o propósito da

lição, "Seja Feita a Tua Vontade", poderia ser o seguinte: "Ajudar os alunos a compreenderem

a vontade de Deus para os seres humanos e a sentirem sua responsabilidade na realização

da vontade divina”. É muita coisa para uma lição só. Na hora da Escola Dominical você e seus

alunos, podem conversar sobre o assunto, ou podem ler sobre ele, mas não podem fazer algo

que demonstre as dificuldades, o preço e.as recompensas de tentar ardentemente realizar a

vontade de Deus na terra, a não ser que em conjunto vocês realmente tentem fazê-la.

Há um princípio de aprendizagem aqui. Pessoas de todas as idades aprendem melhor

aquilo que eles fazem ou experimentar. Aprendem um pouco menos daquilo que elas vêem e

ouvem (material audiovisual, histórias, gravuras, flanelógrafo). E aprendem bem menos ainda

daquilo que somente ouvem.

Omitir a "ação" da aprendizagem de seus alunos e gastar todo o tempo com as

"idéias", é fabricar uma moeda de uma só face. Tal moeda não terá valor nenhum no

comércio. Tal lição é igualmente inútil no processo de cultivar e desenvolver em seus alunos o

amor para com Deus e os homens, no mundo de todos os dias, na escola, no lar, no trabalho.

E, é esse nosso trabalho! Nada menos!

Principio número um

Um grupo sabe quem é e quais os seus propósitos bem

como a que é que ele se opõe.

Um grupo, como uma pessoa, realmente compreende a si na sua concepção daquilo

que não é, das coisas que ele combate. Um grupo, como um indivíduo, desenvolve sua

própria identidade tanto por descobrir quem é que ele contraria, isto é, os dessemelhantes,

quanto por descobrir quem ou que ele apóia, isto é, os semelhantes.

Seus alunos perceberão aquilo que os Cristãos apóiam e contariam por intermédio de

você. Precisam conhecer suas paixões, entusiasmos e convicções em todos os sentidos. Se

você passa todo o seu tempo com sua classe discutindo a lição, falando sobre os fatos e

idéias que você recebeu de uma revista, e que não revelam por que ou como essa discussão

tem para você um significado profundo e pessoal, você está abandonando uma oportunidade

ímpar e uma obrigação verdadeira no seu ensino. E você já sabe que tal ensino é também

inadequado de outras maneiras.

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Conheço uma professora do jardim de infância que é ornitologista amadora. Sabe muito

a respeito de pássaros e seus hábitos: o que eles comem, como fazem seus ninhos, suas

migrações anuais. Identifica um sem número de pássaros diferentes. Possui um entusiasmo

contagioso e um estoque infindo de histórias sobre pássaros que conhece. As crianças de sua

classe não aprendem fatos sobre pardais, andorinhas e bem-te-vis. Aprendem, isto sim, que

passarinhos são criaturas maravilhosas; que eles, seus ninhos e seus filhotes precisam de

nossa proteção. E esses alunos percebem o amor de Deus e seu cuidado com o mundo por

intermédio de uma professora que lhes demonstra seu próprio amor e cuidado para com os

pássaros e crianças. Ao mesmo tempo, desenvolve-se dentro das crianças sentimentos

fortíssimos contra qualquer coisa ou pessoa que dane ou destrua os pássaros.

Quando nosso filho mais velho cursava o sexto ano, ele teve um professor de estudos

sociais que veio a ser a pessoa mais discutida e mais citada da nossa casa. Sabia

inumeráveis fatos interessantes sobre uma variedade enorme de assuntos, desde a

integração racial à conservação da natureza, e ele compartilhava seu conhecimento com seus

alunos. Seus fatos freqüentemente se relacionavam com as notícias do dia, mas nunca se

encontravam nos jornais. O menino impressionou-se com o fato de haver coisas importantes

que os jornais não relatavam e ele sentiu imenso prazer em nos dizer o que aprendera. Em

pouco tempo meu marido e eu chegamos a compreender que esse professor revelava bem

mais que meros fatos. Revelava-se a si mesmo. Demonstrava claramente suas convicções,

suas crenças, suas oposições. Ele dedicava sua vida às coisas que iriam melhorar a vida de

todos os seres humanos, e opunha-se a qualquer coisa que viesse a empobrecer a vida

humana ou a terra boa e fértil.

Alfred North Whitehead uma vez disse que a educação deve incluir experiências

pessoais com a grandeza. Claro é que a educação cristã deve ter essa característica. Em

nossas igrejas, crianças e adultos precisam ver o poder do amor, a devoção à verdade, a

busca da vontade divina, incorporados ardentemente nas vidas de seus educadores e/ou

educadoras. Você pode ser um ornitologista, bancário, mãe, estudante, comerciante ou

zelador. Quem quer que seja, suas convicções cristãs a respeito da vida de hoje na sua

vizinhança e no mundo são importantíssimas. Revele-as!

Pratica número um

Sua classe deve tornar-se "GRUPO" com objetivos e

inimigos.

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Seria proveitoso às crianças, jovens e adultos das nossas Escolas Dominicais

passarem um tempinho considerando o que está errado em nosso mundo (ou em sua

comunidade) e a maneira pela qual poderiam viver e trabalhar para retificar o erro, ou pelo

menos diminuí-lo. Talvez uma das razões por que nós adultos nos sintamos incapazes de

confrontar o mal que nos cerca seja porque nunca tenhamos tido experiência, nem tampouco

treinamento, em atacar o erro. Não aprendemos a expressar nossas convicções fortes e

nossos sentimentos profundos de maneira produtiva. Temos medo da censura; não queremos

ser "diferentes"; receamos a crítica; rejeitamos qualquer idéia de molestar o status quo

pacífico. Não sabemos confrontar ódio, desprezo, ameaça ou ataques pessoais.

Mas temos que nos lembrar de que nossa herança está cheia de relatórios de homens

e mulheres que enfrentaram o mal. Sabemos que Jesus nos mandou amar os inimigos,

retribuir o bem pelo mal, orar pelos que nos perseguem. Mas ele afirmou-se contra a injustiça,

a fraude, a virtuosidade excessiva, a hipocrisia. Ele resistiu às leis e práticas que criariam no

povo sentimentos de medo ou de culpa. Ele falou contra os fariseus e atacou seus

julgamentos, sem medo. Foi somente quando ele mesmo foi preso injustamente, acusado e

julgado, que não resistiu, nem ameaçou, nem desprezou seus acusadores. Ele nem replicava

ao seu ódio e desdém. Pelo contrário, perdoou até os que o mataram.

Temos os seus ensinamentos e o exemplo de sua vida, mas pouquíssimos de nós

sabemos viver do jeito que ele vivia. Não estamos treinados para esse tipo de batalha, nem

temos o espírito necessário. Um começo, mesmo pequeno, poderia partir das nossas classes

na igreja.

Os Cristãos nunca se interessavam pela opinião pública. Sempre lhes importava

somente fazer a vontade do Pai. Tem sido essa nossa vocação como Cristãos. Fazer a

vontade de Deus, todos os dias, em casa ou no trabalho, é o propósito mais importante de

nossas vidas. A encarnação do amor é o nosso poder e a nossa força.

Em algum lugar e em algum tempo, fazer a vontade de Deus há de criar oposição. Não

há meio de evitar isso, a não ser que nada façamos. Mas até fazer nada a respeito dos

problemas de raça ou de paz ou de pobreza ou de opressão realmente ajuda os

segregacionistas, ou os militares, ou os opressores. Não é possível permanecer neutro nesse

mundo. "Quem não está comigo está contra mim”.(Mt 12:30a)

Quando você e sua classe participam de uma discussão e descoberta das coisas

erradas e prejudiciais ao seu redor, há dois princípios que devem ser lembrados.

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(1) Faça alguma coisa sobre o mal que descobriram. Nunca permita que seus alunos

participem emocionalmente no sofrimento, fome, pobreza, ou analfabetismo dos outros sem

ajudá-los a formular um plano, mesmo simples e superficial, de aliviá-los. Queremos que

nossos alunos vejam os erros e sintam que podem acertá-los. Se despertarmos seus

sentimentos contra algum mal ou sofrimento e se depois não providenciarmos meios para

expressarem o que sentem, no final das contas ficarão tão acostumados em ouvir o mal e em

viver ao seu lado que nada farão a respeito. Perderão sua sensibilidade humana ou então

nunca a desenvolverão.

(2) Crie ou projete um alvo definido (você em conjunto com sua classe) como sua

resposta ao mal, à dor, à perseguição, ao prejuízo, à opressão, isto é, ao "inimigo". Esse

inimigo comum e o alvo comum do grupo podem constituir maneiras negativas e positivas de

encarar uma situação. Por exemplo, talvez haja um hospital ou clínica na sua cidade onde

crianças passam dias longos e maçantes em tratamento, com poucas evidências de que

alguém as ama. Fazer, renovar, ou ajuntar brinquedos para elas poderia ser atividade positiva

de uma classe da Escola Dominical e ao mesmo tempo aliviar o sofrimento emocional de um

longo período de hospitalização.

Um inimigo comum sem um alvo comum não basta; não ajuda o grupo a crescer em

conjunto. A classe de meninos que citei anteriormente foi um grupo que tinha um inimigo

comum: seu professor. Assim que derrotaram o inimigo, perdeu-se seu propósito unificador, a

não ser que fizessem do novo professor seu novo inimigo. Felizmente seu sexto professor

uniu-se a eles na sua busca de interesse a atividade. Irrelevância e tédio tornaram-se o

inimigo comum e a classe veio a ser a mais produtiva e a mais positiva da Escola Dominical.

Princípio número dois

Um grupo tem experiências em conjunto por meio das quais seus

membros descobrem que necessitam uns dos outros: precisam

ficar juntos.

Dr. Ross Snyder conta uma experiência de sua esposa. A classe da qual ela era

professora fêz um piquenique. Caminhando para casa no fim do dia, o grupo, totalmente

desprevenido, pegou uma chuva forte. Que fim miserável para um dia feliz! Chegaram à igreja

ensopados, tremendo de frio, sapatos cheios d'água, parecendo e sentindo-se meio mortos.

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Mas, por incrível que pareça, nas semanas seguintes, a chuva provou ser uma

experiência unificadora e valiosa. As crianças e sua professora juntas sofreram a perturbação,

o susto, o frio e depois os risos e histórias infindas sobre seu contratempo. Descobriram que

se conheciam uns aos outros de maneira antes impossível.

Você começa a conhecer e a compreender outra pessoa significativamente quando

compartilha com ela uma experiência importante. Quando juntos tiveram um prazer, ou

passaram por uma dificuldade, ou criaram alguma coisa, ou contribuíram para uma atividade

vívida, dramática ou importante, então se reconhece as coisas que são importantes na vida da

outra de maneira nova, mais verdadeira, menos superficial. Quando em conjunto vocês dão

risadas, ou em conjunto sentem-se desapontados, quando juntos vocês lutam contra um

problema difícil, ou desenvolvem uma atividade, quando lado a lado vocês traçam planos ou

celebram uma ocasião feliz, ou demonstram um processo à alguém, então juntos vocês

crescem. Desenvolve-se entre os dois laços de confiança, anseios e apreciações mútuas.

Você para as pessoas, e as pessoas para você, é mais do que nome. É uma vida calorenta,

respectiva, uma pessoa de que se pode depender e que merece sua consideração. Começam

a sentir que fazem parte uma da outra e que se precisam mutuamente.

Todos os membros do corpo de Cristo são necessários uns aos outros. Cada um

participa dos outros, e precisam pensar, trabalhar, agir, planejar e adorar juntos para que o

corpo (a igreja) se torne instrumento da vontade divina e fonte de seu amor na terra.

Prática número dois

Sua classe precisa tornar-se um grupo, cujos membros

precisam-se mutuamente, que participam uns dos outros.

A classe que você ensina é a parte do corpo de Cristo a qual seus alunos e alunas se

relacionam. É aqui, e provavelmente só aqui, que os alunos e alunas descobrem que ninguém

vive só, que trabalham em conjunto e que podem pensar, agir e trabalhar juntos com alegria e

satisfação.

Primeiramente, organize sua classe para que todos os seus membros tenham uma

função específica na vida do grupo. Uma possibilidade seria várias comissões responsáveis

para a sala de aula, membros, vida social, excursões, painel de avisos ou qualquer outra

atividade ou necessidade. A idade e o tamanho da classe, bem como o tipo de vida dos

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participantes determinará o tipo de comissão, seu tamanho e a freqüência de suas reuniões. É

claro, no entanto, que essa não é a única possibilidade. O importante é que todos e todas

trabalhem.

Se vai usar comissões, organize-as na primeira semana do ano eclesiástico, permitindo

que os membros da classe escolham as suas áreas de trabalho. Reorganize as comissões

periodicamente: de mês em mês no caso de crianças pequenas; talvez duas vezes por ano no

departamento juvenil; de ano em ano nas classes de adultos. Tenha certeza de que cada

comissão tenha tarefas específicas, realizáveis por seus membros, e necessárias à vida do

grupo. Em classes de crianças, cada comissão precisa do auxílio de um adulto, a professora

ou uma mãe.

Além dessas comissões, crianças mais velhas, jovens e adultos podem eleger oficiais

que dirijam reuniões da classe e ajudem de maneiras específicas em projetos das classes.

Esses, como as comissões, devem ser trocados periodicamente.

Lembre-se de que é necessário que cada membro da classe saiba que tem uma parte

na vida e atividade do grupo e que sua contribuição, qualquer que for (idéias, sugestões,

exemplos, materiais ou ajuda de qualquer tipo) será recebida com respeito e apreciação. É

fácil perceber que você, educador (a), é a figura chave em tudo isso.

Em segundo lugar, é por demais importante que a classe, especialmente crianças,

tenha sucesso nos seus empreendimentos. Não precisam, nesse ponto de sua experiência,

enfrentar o fracasso.

Um educador deve compreender os efeitos de fracasso ou de sucesso na vida de uma

criança ou de um (a) jovem. Uma pessoa aceita bem a ruína, somente se já experimentou o

sucesso que compensa o fracasso. Quem passou por derrotas sucessivas chega a ponto de

não agüentar mais. Torna-se ansiosa e medrosa. Pensa de si mesmo em termos negativos.

Mas sua imagem de si mesma pode se transformar na base de experiências positivas. E

qualquer situação que lhe dá a oportunidade de contribuir positivamente a um

empreendimento de seu grupo diminuirá seu sentimento de culpa e derrota e lhe dará um

sentimento de seu valor pessoal.

Experiências não são meras ações: ao invés disso são o ajuntamento de pensamentos,

ações e sentimentos inter-relacionados na mesma ocasião. Da profundidade e intensidade

dos sentimentos que acompanham a ação e o pensamento surgem as convicções e atitudes

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que identificam cada ser humano. Se desejarmos que nossos alunos e alunas se conheçam

mutuamente, ricos e pobres, sábios e tolos, bonitos e feios, brancos e negros, então teremos

que providenciar experiências que resultem nesse conhecimento: razões válidas para

pensarem dessa maneira, e atitudes positivas que demonstrem os sentimentos desejados.

Principio número três

Um grupo tem suas próprias maneiras de fazer as coisas, de realizar suas

atividades, seu próprio senso histórico, suas celebrações particulares.

Pense sobre qualquer organização que você conhece. Tem um nome, um lema ou

credo, uns símbolos, talvez uma farda ou bandeirola, um modelo para suas reuniões, tudo

isso desde o Banco do Brasil aos times (grandes e pequenos) de futebol. Pode ter cerimônias

especiais para a iniciação de novos membros, maneira particular de instalar novos oficiais,

prêmios para o reconhecimento de obreiros valiosos. Há uma declaração de seus propósitos à

qual os membros prometem sustentar e praticar.

Pessoas que não são membros podem facilmente identificar tais organizações. Pense

dos Escoteiros, ou dos Atleticanos, ou do Rotary Clube. Cada um desses se destaca na

comunidade onde vive por seus costumes e suas cerimônias bem como por suas convicções.

Cada um tem personalidade, identidade própria. Os membros sabem o que crêem e a que se

opõem.

Há razões importantes para credos, rituais, simbolismo. Grupos que não têm seus

símbolos, rituais, propósitos comuns, experiências conjuntas e ativas não permanecem. O ser

humano precisa de algo em que crê e para que trabalha; precisa de uma imagem ou ideal na

direção do qual pode crescer. Precisa de propósito ou alvo para o qual luta, e a experiência de

se unir com outros digna e significativamente nessa luta.

Para que um grupo possua alta disposição para o trabalho e paralelamente à

habilidade de agir, seus membros têm que ter o entendimento de sua história e a visão de seu

futuro. Não há outra coisa que leve pessoas a viverem produtiva e criativamente nos

problemas do presente. Compreender sua história resulta em discernimento dos eventos

presentes e confiança no futuro.

O povo das nossas igrejas, tanto as crianças quanto os adultos, nada sabe sobre a

história do povo de Deus. Os homens e mulheres de hoje não se identificam com as pessoas

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da tradição judaico-cristã, e isto é uma grande pena. Essa linha esplêndida, da qual fazemos

parte, vez após vez se dedicou ao amor e justiça, à justiça para todo mundo, contra a

escravidão de qual· quer natureza. Em nome de Cristo, dedicados a fazer a vontade de Deus

num mundo indiferente e hostil, os Cristãos, desde Paulo, no Século I, até Alberto Schweitzer,

no Século XX, deram suas vidas no serviço aos outros homens.

Os Cristãos sabem que o amor divino pode triunfar sobre a dor, a injustiça, o mal.

Sabem que o propósito de suas vidas é fazer a vontade de Deus, estender seu amor, cuidado

e solicitude aos pobres, aos aflitos, aos que estão sós. Sua dedicação à tarefa não jorra de

um senso de dever, mas do amor, da alegria, da liberdade. Tiveram uma experiência do amor

de Deus tão grande que seu próprio amor transborda para a vida dos outros.

Um grupo, "um povo", celebra em estória, em canto, e em festividades a vida de seus

heróis e os grandes eventos de sua história. Como nação, celebramos as grandes datas de

nosso passado e os dias dedicados aos nossos heróis. Como Cristãos, observamos os

aniversários do nascimento, morte e ressurreição de Jesus. Tudo isso está ótimo. Mas não

basta. Muitas outras pessoas de nosso passado deveriam ser lembradas por cânticos,

orações, estórias, se é que queremos ser um povo forte, com um senso seguro da nossa

história e do nosso futuro.

Prática número três

Sua classe pode tornar-se um grupo com suas maneiras de

agir, seus rituais, seu senso de história, suas celebrações.

Sua Escola Dominical providencia essas experiências para seus alunos e alunas? A

maioria não o faz. Mas poder-se-ia fazê-lo.

A Escola Dominical na sua totalidade deveria ser um grupo organizado, ao qual

pertencem pessoas de todas as idades, desde as criancinhas aos anciãos. Poderia ter um

nome distinto. Cada departamento ou classe poderia ter seu próprio nome, seu emblema ou

símbolo, seu programa de atividades e estudos, suas maneiras de agir, seus cânticos, suas

ocasiões especiais. O conteúdo, atividade e experiências distintas de cada departamento

deveriam se relacionar uns aos outros e todos deveriam se derivar da história e das práticas

ou costumes da Igreja de Cristo.

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Uma possível fonte de um senso da nossa história seria a adoração. Pensar no culto

como "celebração" é idéia estimulante. Pela oração e o cântico, pelas escrituras e a

meditação, podemos "celebrar" algum aspecto da vida da comunidade cristã ou algum evento

de nosso passado como o povo de Deus. Ou poderíamos refletir e regozijar na vida de um

dos grandes cristãos do passado ou do presente.

Biografias dos homens e mulheres cujas vidas demonstram convicção, dedicação e

serviço estimulam todos nós. Idéias e convicções tornam-se reais para crianças e adultos

quando as vemos andando na terra. A verdade, beleza, pureza, bondade, amor e coragem

encarnaram-se em Jesus com tal poder que os homens e mulheres compreenderam Deus de

maneira antes impossível. Recebemos nosso conhecimento e experiência da fé cristã por

intermédio de pessoas cristãs, aquelas que estão em nosso meio bem como as do passado.

Adoração, estudo bíblico, o estudo da história da igreja e nossa vida em conjunto, devem

todos contribuir para que saibamos que somos cercados por um grande grupo de

testemunhas, que viveram e estão vivendo com uma apaixonada devoção ao serviço de Deus

e dos seres humanos.

Princípios e práticas aplicadas a você

Você pertence significativamente a um grupo cristão?

Acabo de reler essa análise dos caminhos pelos quais você pode levar sua classe a se

transformar de uma coletânea a um grupo e comecei a indagar a mim mesma se você

realmente acredita nisso. Somente ler palavras em um livro levará você a conhecer, dentro de

seu coração, que tudo isso é fundamental, essencial, indispensável na educação cristã? Você

entende que tudo que você faz ou poderá fazer será inadequado e inútil se você não criar na

sua classe um companheirismo estreito? Talvez você possa compreender meu dilema. Não

confio no poder das palavras e idéias sozinhas; elas nunca vão modificar comportamento,

nem as minhas próprias palavras e idéias. Reconheço perfeitamente que se você já não teve

ou se não está tendo uma significativa experiência comunitária em um grupo cristão, você

nem poderá compreender o que estou querendo dizer. Não terá nenhuma reação emocional

às palavras nessas páginas e, se não puder sentir a verdade aqui, minha discussão

permanecerá meramente acadêmica, algo que poderia fazer se tivesse o tempo, a vontade, a

força e as condições favoráveis. Tal conclusão está longe do meu alvo.

Se você nunca teve a experiência feliz de participação profunda (veja o primeiro

capítulo desse livro), então deveria procurar tê-Ia. Muitas igrejas têm grupos pequenos

chamados por diferentes nomes, que se reúnem durante a semana na igreja ou nas casas

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dos membros. São compostos de gente que cresce em suas convicções e interesses.

Converse com seu pastor sobre isso. Se sua igreja não tem tal grupo, quem sabe você possa

achar alguém que queira iniciar essa experiência junto a você.

Outras ocasiões que provavelmente providenciarão experiência de participação no

sentido que uso a palavra serão cursos de liderança, treinamento de obreiros, conferências e

congressos educacionais. Nesses, grupos sinceros adultos vivem, estudam e adoram em

conjunto por um período de treinamento.

Se você procurar o companheirismo do povo de Deus, o encontrará. E, achando-o,

verá seu trabalho na igreja como oportunidade de estender a comunidade, de espalhar as

Boas Novas. Seu ensino será conversar com as pessoas amigas sobre Deus; será viver e

trabalhar com elas de tal maneira que elas cheguem a conhecer Deus por intermédio de você.

Seus alunos e alunas se tornarão membros uns dos outros na comunidade cristã.

Vejamos, novamente, a pergunta que encaramos no fim do segundo capítulo. Como

você pode fazer de uma dúzia de alunos e alunas diferentes e dispersos um grupo amoroso,

que providencie para cada membro o senso profundo de "participação"? Até agora discutimos

o processo pelo qual a classe se torna grupo, e como é que sua vida em conjunto torna-se

cada vez mais significante ao passo que elas se vêem como parte da casa de Deus e

procuram fazer sua vontade. Ainda temos que pensar sobre o amor.

Será possível as pessoas na igreja crescerem no amor?

Para você pensar

1. É bem possível que todas as organizações ofereçam participação nominal a algumas

pessoas e participação, que é profundamente pessoal e significativa a outras. A razão se

encontra nos próprios membros. Algumas pessoas estão contentes em ser membros

nominais; não querem se envolver. Outras assumem responsabilidades quando se tornam

membros. Querem tomar parte ativa nos planos e decisões. Conhecem os alvos do grupo e

por esses trabalham.

Você poderá determinar o significado de sua participação em qualquer grupo se

perguntar a si mesmo quanto de si você dá. Quanto mais você der, mais significado o grupo

terá na sua vida. Pense sobre isso em termos de sua igreja, seu partido político, seu clube

social, sua escola.

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2. Leia 1 Coríntios 12:4-26. Aqui Paulo assemelha a igreja ao corpo de Cristo, ao corpo

humano. Uma classe da Escola Dominical, como parte do corpo de Cristo, deveria também

possuir o relacionamento de interdependência entre seus membros. Como pode você,

educador (a), ajudar para que tal relacionamento desenvolva-se?

3. As práticas descritas nesse capítulo são boa psicologia e boa didática. Mas se alguém lhe

perguntasse "Que tem isso com o Cristianismo?" Que é que você responderia?

4. Pense sobre as seguintes afirmações. Estão certas ou erradas?

a)Não se pode tornar cristão verdadeiro sozinho.

b)Não se pode tornar cristão verdadeiro apenas por sentar

e pensar sobre as crenças do cristianismo.

Se você concorda ou não concorda com as idéias, explique seu ponto de vista.

5. Planeje um culto para a idade com que você trabalha que seja "celebração" e

agradecimento por homens e mulheres de coragem.

6. Pense e anote sobre algumas experiências, por meio das quais os alunos de sua classe

possam chegar ao conhecimento de necessidade mútua e de participação mútua.

7. Pense sobre os males, as dores, as injustiças de sua comunidade. Lembre-se de que, por

mais pobres e necessitados que sejam seus alunos e alunas, sempre há alguém, por perto,

que tem problemas piores. Planeje maneiras concretas de você e seus alunos e alunas

começarem a aliviá-los.

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MÉTODO É CONTEÚDO

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4.

MÉTODO É CONTEÚDO

A maneira pela qual alguém aprende sobre Cristianismo faz

o Cristianismo verdadeiro ou falso para ele

Recentemente, ao ler o relatório de uma conferência sobre educação científica,

encontrei a seguinte afirmação:

"É mais fácil um homem aprender a física por comportar-se como físico do que de

qualquer outra maneira. Esta 'outra maneira' geralmente envolve o

conhecimento... por linguajem intermediária das conclusões de uma série de

questões intelectuais, ao invés de concentrar-se nas questões como tais”.

Os educadores científicos estão afirmando que uma pessoa na escola aprende a física

com mais facilidade por estar em uma situação onde ela tem que se comportar como física,

do que por sentar em uma carteira e estudar os relatórios das teorias e experiências de

outrem. Ela aprende por desenvolver a experiência, ela mesma, talvez imperfeita ou até

erradamente; ela não aprende por ler um livro que discute a experiência ou a descreve, nem

por ouvir sobre ela, e nem tampouco por assistir uma demonstração de seu professor (a):

A mim parece que essa afirmação se aplica igualmente ao nosso caso: aprender a ser

Cristão. Tenho a idéia de que em nossas igrejas, estamos gastando muito tempo na

"linguagem intermediária": discutindo o sentido de Cristianismo, aprendendo as conclusões de

outrem, ao invés de nos colocarmos em situações nas quais seria possível praticá-lo e

descobri-los por nós mesmos.

Para tornar-se Cristão, é imprescindível agir como Cristão. Crianças criadas em lares

cristãos, onde os familiares se comportam como Cristãos, provavelmente se tornarão Cristãos

adultos. Por outro lado, crianças cuja experiência principal dos Cristianismos foi ler, ouvir e

falar sobre credos e práticas, moralismos e ensinamentos podem crescer sabendo muito de

sua estrutura e pouco de sua vida. Podem saber o que diz o Cristianismo e revelar pouco

daquilo que Cristianismo faz, do pensamento e ação, do sentimento e emoção cristãos. E tão

impossível "aprender" Cristianismo (isto é, tornar-se Cristão) por estudar a linguagem

intermediária, quanto é impossível aprender a física (isto é, tornar-se físico) por esse caminho.

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Mas, ensinar uma "linguagem intermediária" é bem mais fácil, mesmo que seja

maçante. Providenciar situações em que as crianças aprendam a viver o Cristianismo é muito

difícil. Freqüentemente não há em nossas igrejas atividades especificamente cristãs das quais

possam participar, nem existem sugestões nas revistas da Escola Dominical. Então? Que

faremos?

Oportunidades de agir Cristãmente

O que nós, os professores e professoras da Escola Dominical, precisamos fazer é

inventar, descobrir, ou até criar oportunidades pela atividade cristã no percurso do ano.

Quando sua classe está discutindo seus alvos, seu programa, seu projeto, suas atividades

para o verão, ou natal, ou a próxima unidade, precisará de sua ajuda, de suas sugestões. Eis

a sua chance! Sabendo que sua classe dentro em breve estará escolhendo alvos ou

planejando atividades, você terá que descobrir algumas possibilidades. Explique o que sabe,

exponha o que você descobriu, demonstre suas idéias.

Na subseqüente discussão, a classe pode considerar várias possibilidades, diferentes

projetos e diversas atividades. Então terá que determinar qual é o mais importante, qual é o

mais possível e por que deveria tentar qualquer um deles.

É possível que seu projeto até chegue a interessar ou estimular a imaginação da igreja

toda e a evocar uma resposta generalizada. Existem possibilidades no trabalho geral da Igreja

(o plano de missões, por exemplo) ou, ainda, no nível regional. Mas nesse momento da nossa

história, as maiores necessidades são as individuais ou comunitárias. Um projeto que estimula

o interesse de jovens e adultos, de crianças e velhos, demonstra dramaticamente que a

"participação" passa dos limites de idade ou de classe. Inclui a igreja toda. Melhor ainda, inclui

toda a Cristandade.

Este processo de considerar as necessidades humanas e determinar algo a respeito

delas é o verdadeiro comportamento cristão. Cristãos possuem ou deveriam possuir antenas

afinadas aos gritos de sofrimento, frio, fome, dor, no mundo em que Deus nos colocou. Não

respondem às necessidades humanas porque devem fazê-lo, mas porque têm que fazê-lo.

São formados nesse modelo: sua natureza é essa. As lágrimas de qualquer pessoa são as

nossas lágrimas; o sofrimento dela é o nosso sofrimento; sua aflição é nossa; sentimos sua

dor, isto porque ela é nossa irmã. Deus é pai dela e nosso. Somos da mesma família. O amor

com que Deus nos amou, nós o estendemos para ela. E assim testemunhamos o cuidado e o

amor divinos. Esta é uma maneira de comportar-nos como Cristãos.

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Há outro caminho. Relaciona-se com nossas atitudes e ações uns para com os outros

em todos os momentos de todos os dias: o procedimento do pai e da mãe para com os filhos

e filhas e de filhos ou filhas para com seus pais; a atitude de marido para com esposa e dela

para com ele; a convivência de vizinhos, uns com os outros; as relações entre colegas de

serviço; a ação de professores (as) em relação a seus alunos e alunas e as que existem entre

alunos e alunas como tais. Relaciona-se com a maneira pela qual todos de nós, individual e

coletivamente tratamos aqueles que nos amam, bem como aqueles que não nos amam.

Veja só! Há uma maneira cristã de relacionar-se com todas as pessoas que vivem

nesse mundo; e há uma maneira não cristã. Nós vacilamos: às vezes agimos como Cristãos;

às vezes, não. Geralmente nem sabemos por quê.

Atitudes determinam comportamento

Nosso procedimento com outras pessoas é determinado por nossa "visão" delas, isto é,

a maneira que as enxergamos, nossos sentimentos e estima para com elas, e, ainda por

nossa "visão" de nós mesmos, se nos sentimos competentes, dignos, valiosos na vida delas.

Ambas as imagens ou percepções estão presentes e influenciam todas as relações humanas.

Vejamos: se você pensa que um velho que você conhece contribuiu muito para a

sociedade em que vivia, que possui a sabedoria de uma vida frutífera, e que essa sabedoria

pode ajudar a alguém na vida de hoje, você inevitavelmente o tratará de maneira a revelar

essa atitude. Ouvirá o que ele diz, pedirá dele conselhos; ajuda-lo-á a manter relação atual de

serviço e utilidade à sociedade de que faz parte. Mas se você sente que alguém de sessenta

e cinco anos já teve sua chance, que ele deve entregar o volante para outro e até ceder seu

lugar no carro para os mais novos, então você agirá para com ele de acordo com essas

convicções (embora seu comportamento possa não ser intencional). Tratamos as pessoas de

acordo com nossa avaliação delas.

E ainda, como é que você se vê em relação a este velho? Se você pensa que ele lhe

dá valor, que julga você competente e adequado, que ele aprecia as relações mútuas, então

sua tendência será estimá-lo, valorizá-lo. Por outro lado, se você se sente rejeitado, criticado,

dominado, inadequado no relacionamento, tenderá a subestimá-lo e a rejeitá-lo.

Fundamentamos nosso procedimento com os outros não somente em nossa avaliação deles,

mas igualmente em nossa avaliação de nós mesmos.

Ou, então, outro exemplo: uma criança de qualquer idade com quem você tem

convivência ou que você ensina. Se você (o pai ou a mãe dela, ou a avó, ou um professor)

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percebe que a criança é cooperativa, alegre, obediente, estável, ela realiza suas expectativas

e com isso aumenta a idéia que você tem de si mesmo, em seus próprios olhos. Você deve

ser um "bom" pai, mãe ou avô, avó ou professor (a), porque você tem uma "boa" criança. O

relacionamento é totalmente satisfatório.

Mas, se você considera a criança rebelde, agressiva, difícil, um "problema", então ela

diminui a avaliação sua de si mesmo. Deve ser que você falhou de alguma maneira, em

algum tempo: no final das contas sua criança se comporta erradamente! Se nesse atual

momento, agora, hoje, você está envolvido nesse nível com alguma criança, tenho absoluta

certeza de que está se sentindo angustiado.

Em nossos relacionamentos, quaisquer que forem, nossas percepções e atitudes para

com a outra pessoa, criança, juvenil, jovem ou adulto, e para com nós mesmos resultará em

diferentes maneiras de lidar com os outros e de ensiná-los. Às vezes, sem querer,

estabelecemos um clima que produz resultados bem diferentes dos que esperávamos.

Aprendizagem pode ser negativa

Uma professora do departamento primário da minha igreja, Dona Isabel, ensinava à sua

classe a parábola do filho pródigo. A classe estava preparando uma dramatização da parábola

que seria apresentada aos pais e mães no Dia da Escola Dominical.

Tudo corria bem, dentro dos limites das crianças da classe, até chegar ao ponto onde o

pai correu para encontrar com seu filho que vinha chegando na distância. Joãozinho, que

tomava o papel do pai, não trabalhava bem. Dona Isabel, tentando ajudá-lo, conversou com

ele sobre os sentimentos do pai, as possíveis ações dele em tal situação, o que ele diria.

Tentaram a cena novamente. Piorou! Joãozinho essa vez interpretou a cena de maneira muito

exagerada: se tornou ridículo. O "filho pródigo" sorriu; o "filho mais velho" deu risadinhas

abafadas; as outras crianças caíram nas gargalhadas. Dona Isabel ficou aborrecida, embora

procurasse esconder seu sentimento. Se fosse apresentar a peça dessa maneira, que opinião

teriam os pais e mães sobre seu trabalho como professora? Conversou seriamente com os

alunos sobre a importância do empreendimento e a necessidade do esforço de cada um e de

todos. O último ensaio foi desastre total. Joãozinho fez tudo que pode para atrapalhar. Dona

Isabel tirou-o da peça, deu o papel para outro menino, e ensaiou com este em particular antes

da apresentação.

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Joãozinho não apareceu na hora da apresentação. De fato, durante o restante do ano

veio à Escola Dominical pouquíssimas vezes. Sua mãe explicou que o menino parecia

precisar dormir. No final das contas, ele estava crescendo muito!

Jesus contou a parábola do filho pródigo para demonstrar o amor constante e o perdão

assegurado de Deus. Joãozinho aprendeu, quando trabalhava com a parábola, que sua

professora não o aceitava; portanto a igreja o rejeitava e, como resultado, até Deus não

gostava dele. Não teve experiências de amor, nem de compreensão, nem de perdão. João

realmente não conseguiu se colocar no lugar do pai - não pôde sentir seus sentimentos.

Tentou, mas não conseguiu. Sentiu-se tolo ao chorar no ombro de um outro rapaz e dar-lhe

beijos. E, sentindo-se tolo, comportou-se como tolo. As crianças todas perceberam o

problema, mas não podiam solucioná-lo. A professora parecia não compreender. Joãozinho

decidiu que a professora não gostava dele.

Diferentes pontos de vista

Nesse episódio, qual foi a visão que a professora tinha de Joãozinho? Qual foi sua

visão de si mesma? E como poderia ela ver os acontecimentos de maneira diferente?

Seria injusto dizer que Dona Isabel não gostava de Joãozinho ou que tinha qualquer

preconceito contra ele. Eu a conheci intimamente e nunca vi nenhuma evidência de antipatia

para com nenhum de seus alunos.

O fundamento do problema se encontra na interpretação dos sentimentos e ações de

um pai cujo filho era extravagante, desobediente e rebelde. Dona Isabel, sendo mãe, mais

velha, mais experiente que João, tinha na sua mente uma idéia do reencontro jubiloso e, ao

mesmo tempo, choroso. João era demasiadamente limitado por sua idade, sua experiência, e

por seu entendimento das palavras como tais. Ao mesmo tempo estava altamente consciente

da presença e possível crítica de seus colegas.

Dona Isabel não compreendia o que a história significava ou não significava a João. Ela

entendia seu pensamento particular e atribuía aos meninos do primário sua própria avaliação

da história. Compreendia a representação de Joãozinho como sendo frívola, descuidada ou

propositalmente absurda e imprudente.

E sua visão de si mesma? O fato de que o aluno não correspondia a suas expectativas

estava lhe ameaçando. Receava que os pais e mães julgassem a dramatização como sendo

sem importância, não possuindo valor. E então poderiam pensar que ela, a professora, fosse

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pobre, fraca, sem recurso, sem valor. E como conseqüência poderiam concluir que a Escola

Dominical fosse pobre, desnecessária, que não mereceria o esforço por parte deles de

mandar as crianças todo domingo. Assim, havia muito em jogo nesse programa e como

resultado a professora sentia que tinha que se sair bem. Ela tinha suas normas, seus padrões.

João não os correspondeu. Como resultado, bondosamente, para o bem de todos, ela o

rejeitou. Querendo ensinar bem e impressionar os pais e mães do valor da Escola, e zelando

transmitir corretamente os fatos de uma história fictícia, a parábola, ela acabou ensinando

uma negação clara do significado verdadeiro da parábola. As crianças nada aprenderam

sobre o comportamento cristão.

Então? Que deveria fazer?

Em primeiro lugar, ela poderia, e deveria, tentar compreender os sentimentos de

Joãozinho ao representar seu papel. Ela não descobriu que João estava fazendo o melhor

possível nas circunstâncias de ensaio insuficiente e de compreensão limitada do filho pródigo.

Como professores (as) geralmente julgamos nosso trabalho como sendo o melhor possível

nas circunstâncias em que nos encontramos. Infelizmente não julgamos o trabalho dos alunos

e alunas pelo mesmo padrão.

Se ela tivesse respeitado Joãozinho como um membro responsável da classe, e se

tivesse aceitado sua representação como a melhor que ele poderia produzir, então restava a

ela descobrir por que o resultado estava tão diferente daquele que desejava. Seria possível

que, igual a João, todas as crianças se sentissem inapta? Para os alunos, a situação era

irreal?

Qual foi o problema nesse acontecimento? E como corrigir o erro? Primeiramente, não

tenho dúvidas de que uma atitude de aceitação e respeito para com as crianças, e um desejo

real de compreender o seu mundo produziria resultados muito diferentes no relacionamento

entre Dona Isabel e Joãozinho, entre João e seus colegas, e entre a professora e sua classe

em geral.

Coisinhas pequenas, tais como o "auxílio" que Dona Isabel prestou para João, não se

perdeu na classe. Alguns pensavam, "Que bom que não fui eu!" E resolveram em seus

corações nunca voluntariar-se para qualquer tarefa onde se encontrariam no lugar de João:

sozinho e sem defesa perante a professora. Outros pensavam, "Dona Isabel não deu nenhum

valor para Joãozinho. Concordo com ela: ele não tem valor mesmo. Então posso rir dele,

zombá-lo. Que bom! Hoje a classe está menos maçante que nos outros domingos”.O melhor

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amigo de João e mais algumas crianças pensavam, "Dona Isabel é injusta e grosseira. Ela

está maltratando João. Não gosto dela”.

Dona Isabel errou de outra maneira ao usar a dramatização criativa para ensinar a

parábola do filho pródigo. A dramática criativa é uma maneira de envolver as crianças em uma

idéia ou experiência de tal maneira que elas descubram por si mesmas seus próprios

sentimentos, sentidos, e significados. Dona Isabel já descobrira o sentido da parábola, que lhe

parecia correto e ela tentou levar as crianças a demonstrarem suas idéias, ao invés de

descobrirem as suas próprias. Elogiou e apoiou as crianças que corresponderam as suas

expectativas, embora suas representações possam ter sido inautênticas, não resultados de

seus próprios sentimentos ou compreensão. O comportamento autêntico e honesto de João,

que demonstrava claramente sua falta completa de interesse e compreensão da idéia e do

fato do perdão, este para ela era indigno e desprezível. Para todos os efeitos ela aceitou e

elogiou o fingimento e a ostentação e rejeitou o sentimento honesto.

Qualquer relacionamento inicia-se limpo, sem impedimento, na estaca zero. Nossas

atitudes para com uma outra pessoa influenciam nosso relacionamento com ela, até mesmo

antes de falar uma palavra sequer, ou fazer uma só coisa. O que acontece depois influencia,

por sua vez, nossas atitudes para conosco mesmos. Aqueles que estimamos nos elevam. Se

você respeitar, apreciar, escutar, e compreender seus alunos, eles responderão de maneira a

aumentar sua própria confiança e habilidade. Aqueles que depreciamos nos diminuem. Se

você oferecer para a classe só um pouco de si, de seu tempo, de seu espírito, suas

convicções, sua compreensão, eles lhe devolverão menos ainda. E você, como resultado, se

sentirá cada vez menos adequado. Você se considerará somente um professor, e um que

nem é muito bom! No final das contas, a classe, que para seus alunos e alunas é a igreja, não

terá nenhuma importância para nenhum de vocês.

Método e Conteúdo

No final das contas, a maneira pela qual você ensina seus alunos e alunas na igreja

constituem o que você ensina-lhes. Se eles experimentarem o amor, compreensão, respeito e

perdão nas relações com você, irão compreender essas palavras em termos de

comportamento e sentimento. Irão associar um certo tipo de ação e emoção com a igreja e

com a palavra "cristão". Irão saber o que é a vida cristã. Tendo oportunidade de trabalhar e

brincar, de estudar e orar, de planejar e executar atividades em conjunto, cada vez mais irão

tratar uns aos outros com o respeito e consideração com que você os trata. As palavras do

Cristianismo, amor, reconciliação e perdão, terão um significado além do verbal, porque os

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alunos experimentaram as palavras. Viram-nas em ação. Receberam de você o amor e o

perdão. Por sua vez passa-la-ão para adiante.

O amor é o método usado pelos Cristãos. Ao mesmo tempo o amor é o conteúdo da fé

que tentamos ensinar. Uma classe na Escola Dominical, um coral de crianças, um

acampamento de jovens, uma sociedade de mulheres, uma reunião da junta dos ecônomos, e

certamente um lar cristão, todos esses deverão ser fábricas que geram o amor e o exportam

para o mundo inteiro. Somente por ser Cristão, intimamente envolvido nesse amor, é que uma

pessoa aprenderá a ser Cristão. Para tornar-se Cristão, ou físico, é necessário viver como tal.

Respondemos assim à pergunta do capítulo anterior. É inteiramente possível em uma

classe na Escola Dominical que as crianças aprendam o amor, se é que têm um (a) educador

(a) que sabe demonstrar o amor por amar.

Para você pensar

1. Explique para um novo professor, em sua igreja, a maneira pela qual o método de ensino

se torna o conteúdo que está sem· do ensinado.

2. Procure ilustrações da afirmação "Aqueles que estimamos nos elevam; aqueles que

depreciamos nos diminuem”.Encontrará exemplos em todas as relações humanas: pais-filhos,

esposas-maridos, irmãos-irmãs, amigos-amigas, colegas no serviço, vizinhos entre si.

3. Às vezes é impossível nós estimarmos ou apreciarmos, ou gostarmos de uma pessoa. Por

quê? Que poderíamos fazer para solucionar tal problema?

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DO ENSINAR E DO APRENDER

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5.

DO ENSINAR E DO APRENDER

O que for realmente aprendido terá um significado profundamente pessoal.

É bem possível que o material que você está usando na Escola Dominical agora não

diga uma palavra sequer sobre a maneira de ensinar gente a amar a Deus e a amar uns aos

outros. Os objetivos das lições provavelmente sejam bem mais limitados e mais tangíveis.

Pois têm que ser assim!

Os cursos de estudo apresentados nas revistas da Escola Dominical compõem-se de

fatos e idéias sobre o Cristianismo. Falam da nossa herança judaica, da vida de Jesus, da

história da Igreja Cristã, da vida dos heróis da fé, e dos ensinos e doutrinas da Igreja. O

currículo inteiro, desde o Jardim da Infância até as lições para adultos, é feito para ajudar às

pessoas a crescerem em seu amor para com Deus, e na sua compreensão do amor dos

outros mediante suas experiências na Escola Dominical. O objetivo de qualquer série de

lições é um aspecto desse alvo abrangente, colocado em termos de idéias e conteúdo.

Até agora nesse livro, discutimos a maneira pela qual pessoas aprendem fatos. Um

Cristão que está crescendo na fé necessita saber alguns fatos sobre o povo e a fé de que faz

parte. Como podemos ensinar esses fatos e idéias de tal maneira que as pessoas aprendam,

ou melhor, de tal maneira a dar aos fatos significado na vida dessas pessoas, a fim de que

essas vidas tenham direção e propósito?

Não conheço nenhuma mágica que faça isso. Já experimentei muitos métodos com

diferentes idades de alunos. Alguns davam certo; outros não funcionavam. Um ano era

professora de trinta crianças do quinto e sexto anos. Um domingo de primavera fiz o melhor

que pude e, francamente, julguei que a lição estivesse muito boa. Querendo saber a opinião

dos alunos, perguntei ao meu filho que era membro da classe. Ele me olhou bem no olho e

me respondeu com agudeza e uma honestidade ingênua: "Bem, mamãe, você sabe como é.

Pode levar o cavalo à água, mas não pode forçá-lo a beber”.

É verdade! E eu sei que é verdade. Eu achava que meus "cavalos" estivessem

bebendo. Pelo menos um deles não estava!

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Não é possível forçar alguém a aprender nada. Em tempos passados se pensava que

fosse possível. Quando minha mãe era criança, no princípio desse século, muitos professores

batiam nos alunos, ameaçavam-os, ridicularizavam as crianças e as depreciavam numa

tentativa de ensiná-las a ler, escrever e fazer contas. A punição forte não deu muito resultado.

As crianças geralmente saíram das escolas o mais cedo possível.

Cada indivíduo tem que aprender por si mesmo. O máximo que o educador pode fazer

é introduzir o problema ou a idéia, utilizando o maior número possível de estratagemas e toda

a labilidade que possui. Você procura envolver seus alunos e alunas em uma carreira a ser

corrida, da mesma maneira que eu procuro envolver você em um novo entendimento do

ensino da Escola Dominical. Você usa todos os métodos vívidos, ativos e interessantes, que

você possa inventar para descrever a carreira e o galardão no seu final. E então partem!

Alguns caem fora na primeira rodada. Outros – e isto é triste – nem entendem que há carreira.

Semanalmente pode parecer que estejam entrando na fileira, mas nunca tomam o primeiro

passo. Tornam-se espectadores da corrida do professor, não participantes de uma que é

deles.

Ou, pensando de outro modo, poderíamos assemelhar nosso ensino a um banquete

maravilhoso que você prepara. Você coloca na mesa as louças mais finas, os talheres mais

elegantes e enumeráveis pratos lindos e saborosos. Convida as pessoas presentes a se

servirem. Mas, mais do que isso você simplesmente não pode fazer. Cada um tem que

colocar no seu prato, de acordo com seu desejo pessoal, pouco ou muito da comida que você

preparou com tanto carinho. Se alguém não estiver com fome, ou se estiver passando mal e

por isso precisando apenas chá e torradas, talvez nem se aproxime da mesa. Possivelmente

saia da festa bem cedo. E, conhecendo o tipo de jantar que você serve, provavelmente nem

aceite convites futuros.

Isto nos leva novamente ao princípio discutido no Capítulo III. Uma pessoa aprende

melhor se ela tiver participado de algumas decisões reais e importantes a respeito do

conteúdo ou do método, ou de ambos. Se nós, educadores (as) conseguíssemos trabalhar

dessa maneira com nossos alunos e alunas, saberíamos nos preparar bem melhor para

nossas aulas. Reconheceríamos que certos pratos estão fortes demais ou muito exóticos para

convidados acostumados a uma dieta simples. Saberíamos que às vezes um cafezinho com

bolachas é bem mais apropriado do que um jantar elegante e prolongado.

O aprender é processo

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Há um processo no aprendizado, um movimento que tem princípio, meio e fim. É bom

saber o processo para que saiba onde estão seus alunos e alunas na sua aprendizagem e

quais deveriam ser os próximos passos.

ENVOLVIMENTO é o primeiro passo no processo da aprendizagem. Isto significa que o

aprendiz participa ativamente na sua educação. Ele não apenas senta passivamente

enquanto o professor derrama palavras e idéias sobre ele, nem só brinca com lápis de cor, e

nem tampouco só fabrica um aviãozinho de papel. Ele pessoalmente está afetado; há algo

dele em jogo; ele quer saber.

É nessa primeira fase da aprendizagem que muito do nosso ensino fraqueja. Os alunos

e alunas não aceitam a responsabilidade por seu próprio desenvolvimento. Dizer-Ihes que

deveriam se colocar no processo geralmente não os leva a fazê-lo.

Como e por que as pessoas se envolvem? Por que é que uma classe qualquer, alguns

alunos e, alunas aprendem e, outros nada fazem? Eis algumas: das razões.

(1) As pessoas aprendem o que precisam aprender. O aprendizado preenche uma

necessidade identificada pelo aluno. O educador pode perceber que o aluno possui certas

carências, mas até que o aluno reconheça o fato, ele não participará ativamente da sua

aprendizagem. Rapazinhos do quinto ou sexto ano, que estudam uma matéria chamada

"Eletricidade", programada pelo governo numa tentativa de colocar nosso currículo escolar

mais perto da vida diária dos alunos, raramente sentem a necessidade de saber fazer uma

ligação elétrica ou de concertar uma luminária defeituosa. Nunca são chamados para acertar

problemas elétricos em suas casas. O problema é ainda maior porque "para aprender

eletricidade, precisa-se viver como eletricista", enquanto nossos professores estão usando a

"linguagem intermediaria". (Veja o capítulo 4) Esses mesmos rapazes, no entanto, alguns

anos depois, compram livros e revistas e consultam especialistas, ou até fazem cursos sobre

eletricidade porque nas suas próprias casas defeitos sempre se apresentam e um profissional

cobra muito para consertar. Agora sentem que precisam, e então procuram aprender.

Alunos e alunas que saem da escola sem completar seus cursos, geralmente o fazem

porque não percebem qualquer relação entre aquilo que a escola está ensinando e aquilo que

eles e elas precisam saber. Quase tudo que acontece na escola é irrelevante à sua vida atual

e possivelmente, ao seu futuro.

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Se você está enfrentando o problema de conseguir interessar seus alunos e alunas nas

lições que está apresentando, seria vantagem parar e se perguntar: Será que eles e elas

acham que precisam disso? E até possível que nem você precisasse desse conhecimento até

que tivesse que apresentá-lo a sua classe!

(2) As pessoas aprendem o que lhes tem significado. Idéias ou fatos que explicam ou

interpretam experiências pessoais, observações enigmáticas, ou relações confusas, esses

serão buscados com interesse. Estudos das ciências naturais que utilizam demonstrações e

experiências sobre ar, água, metal, solo ou temperatura podem facilmente adquirir sentido

para alunos e alunas de qualquer idade. Mas é bem mais difícil trabalhar com uma classe no

estudo das parábolas de Jesus de modo a dar-Ihes significado no contexto em que os alunos

e alunas vivem. E parece-me quase impossível dar sentido em qualquer idade à memorização

dos livros da Bíblia!

Uma segunda pergunta que você deve fazer sobre seu ensino é esta: Qual significado

tem essa lição para meus alunos e alunas? São eles e elas capazes de perceberem nela

qualquer importância para suas vidas?

(3) As pessoas aprendem o que lhes é útil. O sistema métrico baseado em

relacionamentos entre dez, cem e mil, é realmente bem mais fácil do que o sistema que se

fundamenta em polegadas, jardas, milhas, libras e toneladas. Mas não é por isso que nossos

filhos aprendem-no com facilidade. O sistema métrico é o mais fácil para nós, porque o

usamos todos os dias. Nas partes do mundo onde o outro sistema é comumente empregado,

o métrico é considerado difícil e somente os cientistas aprendem-no. Para nossos alunos e

alunas, pelo contrário, o sistema inglês-americano é desnecessário alienado às suas vidas.

Se no segundo ciclo o aprendem, caso cair no vestibular, com igual facilidade o esquecem

logo depois, se é que podemos dizer que realmente o aprenderam.

(4) A maioria das pessoas aprende o que lhes é prazeroso e satisfatório. Quase todos

os nossos passatempos favoritos cabem aqui. Quem coleciona selos, ou faz renda, ou cultiva

orquídeas, ou toca instrumento, ou lê história, ou pinta quadros, ou cria lindas blusas de tricô,

está pronto a passar horas a fio a trabalhar duro no campo de seu interesse, porque esse

trabalho traz-lhe satisfação e prazer. Ao mesmo tempo, estuda a fim de aprender cada vez

mais sobre aquilo que faz, porque deseja o bem estar pessoal de poder trabalhar cada vez

melhor. Em muitas dessas atividades, a satisfação pessoal é a única recompensa pelo gasto

de tempo, força e dinheiro.

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Não é fora de comum, crianças "aprenderem" algo, isto é, memorizarem coisas que vão

lembrar por mais ou menos tempo, tal como os nomes dos livros da Bíblia, a fim de ganhar a

aprovação e apoio dos adultos. O "aprender" como tal, talvez não tenha lhes dado prazer,

mas a sanção do adulto deu-Ihes.

A PELEJA é a parte dolorosa do processo de aprendizagem e o ato de observar,

experimentar, pensar, ler, pesquisar. O aluno ou aluna se envolveu no problema e agora está

tentando chegar a algumas conclusões. Quanto mais ele / ela trabalha, mais claro se torna o

problema e mais possíveis soluções ele / ela descobre, considera e abandona. Essa luta pode

durar dez minutos, um período de aula, um mês, ou a vida inteira. Depende do tamanho do

problema, bem como da idade, experiência e inteligência do aluno(a). A solução de um

problema de matemática pode ser encontrado em poucos minutos. A procura de um método

de curar o câncer já gastou a vida inteira de enumeráveis biólogos, patologistas, bioquímicos

e médicos.

Esse período de luta não se passa inevitavelmente à próxima etapa do processo

educativo. Se a pessoa encontrar uma idéia ou alguma informação que ataque ou questione

seu conceito de si mesma, ou suas crenças fundamentais, ou seu sistema pessoal de valores,

a peleja se intensificará. Poderá ela se tornar hostil, ou poderá defender seu próprio ponto de

vista. Ou ainda poderá largar tudo, afirmando que a idéia está completamente errada, ou que

não tem mais tempo de se dedicar a esse estudo. Em todo caso, ela vai sofrer e, no final das

contas, pode não aprender nada. E ela culpa o professor, ou a classe, ou a matéria da lição

como tal.

Aprender é realmente difícil: não devemos subestimá-la. Esse tempo de luta é período

de grandes tensões interiores, de transtorno, de atividade intensa, de avivamento profundo.

Onde não houver problema a ser solucionado, nenhuma habilidade será desenvolvida,

nenhum bem será acrescentado, nenhuma compreensão será possuída. Onde não há tensão,

não se aprende.

Espero, sinceramente, que você se encontre nesse momento na fase de peleja ao

aprender sobre o ensino. Não é que estou desejando-lhe o mal-estar. Muito pelo contrário,

estou me regozijando na nova vida que está à sua frente. É provável que você ainda não

esteja enxergando-a; a peleja sempre é assim! Mas coragem! Não estará para sempre preso

nesse ponto. O que você está sofrendo é o descontentamento divino e até os céus estão

aplaudindo. Escute!

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DISCERNIMENTO é a parte do processo de aprendizagem quando a luz se acende,

quando tudo cai no seu lugar, quando finalmente você compreende. De repente toda a

confusão, seu questionamento constante e as meias-respostas que resultaram, se organizam

em novos relacionamentos mais sensatos. Você encontra uma chave que desencadeia os

mistérios; você percebe uma nova organização que une todas as informações anteriores em

um único conceito; de uma vez você vê todos os problemas (antes separados) com novos

olhos que traz uma solução. O conflito acaba.

O momento de discernimento é o momento mais emocionante do processo todo. Ao

mesmo tempo, ele se dirige imediatamente à fase final.

A VERIFICAÇÃO é o ato de testar seu discernimento. Você leva-o à prova; procura

saber se funciona; confere-o por meio de outros fatos conhecidos; determina se a solução que

você encontrou é uma que permanecerá, que agüentará, vez após vez, as contingências do

dia-a-dia.

Como funciona o processo de aprendizagem

Se o discernimento é bom, isto é, se satisfaz a você, está pronto para outro problema.

Se ele não agüenta a verificação, você volta à peleja e repete a segunda fase do processo.

Para ilustrar esse movimento da aprendizagem, tente solucionar esse problema

simples e trivial: faça de seis fósforos de cozinha quatro triângulos eqüilaterais.

Se você não percebe de imediato a solução, então já se envolveu no problema. Arranja

e rearranja os fósforos e o faz outra vez ainda. Você está lutando para descobrir uma solução.

Finalmente, de repente, você vê tudo em termos claros (ou então procura a solução no fim

desse capítulo). Testa sua solução e verifica que está certa. Então continua a ler o capítulo.

A conversão deve ser compreendida em termos do processo de aprendizagem. Pense

em Paulo, por exemplo. Quando ainda jovem, austero, rigoroso, obediente à lei, Saulo, de

alguma maneira se envolveu nos ensinos dos seguidores de Cristo. Alguns eruditos acham

que, ao presenciar o apedrejamento de Estevão, começou a sentir-se perturbado. De

qualquer modo, ele se influenciou profundamente pelos ensinos e pela vida dos discípulos. Na

realidade estes ofenderam-no; suas crenças mais firmes foram atacadas. Ele respondeu por

lutar com toda a sua força, e a peleja começou.

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Quanto mais vigorosamente ele seguia e perseguia os Cristãos, mais tensão,

perturbação e confusão, sentia. Quanto mais dos ensinos deles Saulo aprendia, quanto mais

ele percebia sua maneira de viver e de morrer, mais fanático se tornou para preservar a

tradição estabelecida, que era seu próprio pensamento. Mas não se segura para sempre a

Verdade. Deus ainda está dirigindo. Indo a Damasco, soltando ameaças e assassínio,

possuindo ordens de prisão para os Cristãos daquela cidade, tudo de repente parou!

A Bíblia conta que nos dias que ficou cego, que não podia prosseguir sozinho. Alguém

o guiou à cidade onde passou três dias, cego, sem comer nem beber, na casa de um homem

chamado Judas. De Damasco se retirou para o deserto, longe da família, amigos, sinagoga,

lei, onde passou três anos.

Que é que estava fazendo durante esse tempo? Estava orando, pensando, estudando,

comparando os ensinos de Jesus ao pensamento farisaico em que fora nutrido.

Em algum dia durante esses anos, a luta terminou. O discernimento nasceu. Saulo

reconheceu que o chamado de Jesus Cristo que experimentara, estava certo e verdadeiro.

Esta era a vontade de Deus para a sua vida. Saulo se tornou Paulo e passou o restante de

sua vida testando e comprovando a verdade desse discernimento, de seu chamado.

A conversão é um aprendizado. Sabendo isso, você perceberá o papel importante que

você tem na vida de seus alunos e alunas.

Há outras descrições funcionais da aprendizagem que deverão ajudá-lo e que veremos

no próximo capítulo.

Para você pensar

1. E evidente que o trabalho da Escola Dominical deve ser duplo: ensinar sobre Cristianismo e

ensinar Cristianismo. Até onde seu trabalho, com sua classe, na sua igreja faz isso? Que

poderia você fazer para alcançar o duplo propósito?

2. Se pessoas aprendem fatos por meio de um processo definível, esse processo aplica-se a

uma parte da nossa tarefa: a de ensinar sobre Cristianismo. Envolvimento peleja,

discernimento, verificação têm que estar presente se as pessoas aprendem. Onde é que o

processo está falhando em sua classe?

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3. Pense sobre sua conversão. Identifique as quatro fases (envolvimento, peleja,

discernimento, verificação) em sua própria experiência.

4. Se a conversão é um aprendizado, e se um dos alvos ou funções da Igreja é a conversão,

nossa tarefa como educadores (as) é evidente. Na sua classe, você está realizando esse

alvo? Se não, por quê?

CHAVE PARA A SOLUÇÃO DO PROBLEMA DOS FÓSFOROS: Pense em termos tri-

dimensionais. Tente a geometria sólida ao invés da plana. Faça uma pirâmide.

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MAIS SOBRE O ENSINAR E O APRENDER

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6.

MAIS SOBRE O ENSINAR E O APRENDER

A aprendizagem verdadeira ocorre quando umapessoa encontra as respostas a suas própriasquestões pessoais.

Há algumas descrições funcionais do processo do aprendizado que talvez ajudem você

nesse ponto de seu estudo.

Aprender é descobrir

Ensinar não é divulgar; aprender não é armazenar fatos, nem mesmo fatos cristãos. A

pessoa que realmente aprende é a pessoa que está à procura de alguma coisa. (Talvez seja

por isso que os professores geralmente aprendem mais do que seus alunos.) O aprender

verdadeiro consiste no encontrar respostas satisfatórias às questões reais do aluno, não do

professor, nem de ninguém mais. O que você aprende desse livro será aquilo que você quer

aprender, aquilo que você precisa aprender, nunca aquilo que eu, ou seu educador (caso

esteja usando o livro em um curso organizado de estudos) acha importante.

Ninguém aprenderá algo de grande significado na Escola Dominical, nem em outra

parte do programa da igreja, a não ser que esteja à procura de algo de grande significado. A

pessoa que aprende sempre tem alguma coisa em jogo; ela se dá à busca; ela se arrisca no

empreendimento; ela utiliza todas as suas habilidades, recursos, talentos, e imaginação para

alcançar seu alvo.

O trabalho do (a) educador (a), então, é ajudar seus alunos e alunas a: (1) esclarecer o

que precisam saber; (2) encontrar um método a ser usado na descoberta.

A classe, como grupo, tem que ter a oportunidade de tomar decisões reais em ambos

desses campos ou processos. Aprender é muito pessoal; nenhum (a) educador (a) pode

saber exatamente o que é importante para seus alunos e alunas. Porque compreende, em

termos gerais, as preocupações e as tarefas progressivas da idade que ele (a) ensina (criadas

por seu desenvolvimento físico, social, intelectual, moral e religioso) pode ajudar com certa

sabedoria na tarefa de estabelecer alvos e métodos para o aprendizado. Mas não pode tomar

as decisões sozinho.

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Nem sempre pode o (a) educador (a) saber, mesmo estabelecidos os alvos e métodos,

o que os alunos e alunas irão aprender. Isto porque cada pessoa percebe um alvo ou um

problema diferentemente dos outros. Portanto, a aprendizagem é diferente, distinta para cada

aluno e aluna.

Se você realmente aceita essa descrição do aprendizado, e é bom saber de início que

a maioria dos teoristas no campo de educação a aceitam, então é bem possível que você

esteja cada vez mais preocupado sobre a maneira eficiente de fazer a apresentação da

matéria de sua revista. Sua luta intensifica-se.

Talvez você pense que as indagações ou problemas levantados na unidade atual são

do (a) escritor (a), do educador (a) não dos (as) alunos (as); que as respostas estão sendo

fornecidas, dadas gratuitamente, não descobertas; que o processo de aprendizagem implícito

no estudo é somente a cooperação passiva do aluno em atividades dirigidas pelo professor. E

você já sabe que esse processo nunca leva um ser humano a ser cidadão responsável em

uma democracia, nem tampouco Cristão ardente num mundo não cristão. Um programa

estereotipado que se desenvolve apenas pela submissão do aluno / aluna e a complacência

por parte do professor acaba desenvolvendo a submissão, a irresponsabilidade, a moleza de

conduta.

Examine sua unidade atual novamente. É possível que seu entendimento do conteúdo

se fundamente em suas idéias antigas sobre o processo de aprendizagem, sobre a maneira

pela qual as pessoas se tornam Cristãs. Se estudar a revista de novo agora, com idéias

diferentes sobre o aprender e o ensinar, e sobre o crescimento cristão, talvez descubra que a

matéria na revista é bem mais válida do que você pensou. Se não, utilize as idéias da revista

com seu novo entendimento e desenvolva, junto com seus alunos e alunas, claro, sua própria

apresentação. Irá comprovar, de uma vez e para sempre, que aprender é descoberta pessoal,

tanto para você, quanto também para seus alunos e alunas.

Aprender é organizar

Um problema no que chamamos de "educação" é que o aprendiz não consegue

perceber um relacionamento constante e construtivo no conteúdo vasto da matéria que

estuda, lê ou discute.

Sabemos que o conhecimento forma uma unidade; fatos têm que ser relacionados uns

aos outros. A matemática, por exemplo, é tão essencial para a música como a arte para as

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ciências; a verdade, a beleza, a bondade fazem parte do conhecimento; nem um nem outro

existe à parte da vida.

As pessoas que ensinamos talvez não tenham um entendimento tão abrangente. Uma

das tarefas de quem está educando é ajudar os alunos e alunas a encontrarem ou

estabelecerem a estrutura em que o novo conhecimento irá caber. Esquecimento não é

realmente a não-lembrança, e sim a incapacidade de recordar ou de fazer voltar à mente fatos

conhecidos. O que se aprendeu não foi colocado em uma estrutura significativa, e assim

desapareceu da mente.

Muito do ensino na igreja e na escola é realizado sem pensar na estrutura em que

aquilo que se prende tem que caber. Que desperdício de tempo, esforço e dinheiro!

Memorizar fatos como tais ou só pelo exercício de memorização não tem nenhuma virtude!

Por exemplo: a Austrália, que é mais ou menos do tamanho do Brasil, tem uma

população de cerca de duas pessoas por quilômetro quadrado. O quilômetro quadrado em

São Paulo tem quase cinco mil pessoas. A população do Amazonas deve ser mais ou menos

igual à da Austrália.

Esses fatos são importantes se têm significado para você. Talvez se relacionem a um

entendimento da explosão demográfica no mundo de hoje; ou a um interesse e ansiedade

pelos problemas de nossas cidades prodigiosas, esquálidas, apertadas; ou a uma curiosidade

pessoal sobre Austrália; ou a uma viagem ao Amazonas, isto é, a alguma estrutura

organizada de significados em sua mente. Outrossim, não têm nenhum valor para você. Se

não relacionarem dessa maneira a outros conhecimentos ou interesses seus, se perderão e

não poderão ser recordados. Fatos e idéias serão aprendidos e repetidos somente se forem

compreendidos à luz de outros fatos e idéias já possuídos, isto é, se couberem dentro de uma

estrutura já constituída.

Pessoas podem, por repetição mecânica ou por memorização sem compreensão,

armazenar alguns fatos que, quando necessário podem ser produzidos e exibidos. Mas não

permanecem. Conhecimento armazenado, como peixe fresco, não perdura (Foi Alfred H.

Whitehead que disse isso! Como gostaria de ser autora da frase!).

O ensino na Escola Dominical que se focaliza em seleções da Bíblia, ou em palavras

soltas de Jesus, ou em episódios da história da Igreja, ou na vida nos tempos de Cristo,

freqüentemente não têm significado para a pessoa, além do fato como tal. O material não se

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relaciona de maneira profundamente significativa à sua vida e suas preocupações. Talvez

nem possa relacionar-se! Se isto é verdade, é imprescindível que reconsideremos grandes

áreas do currículo das nossas Escolas Dominicais.

Aprender resulta em comportamento novo

Isto quer dizer que a pessoa usará o que ela aprendeu. Ela irá agir, ou pensar, ou falar

em termos novos por causa daquilo que aprendeu. O novo conhecimento lhe será importante

e modificador.

Coisas triviais talvez não: mas aprendizagem significativa há de mudar comportamento.

Aprender a fazer quatro triângulos eqüilaterais de seis fósforos de cozinha provavelmente teve

pouca influência em sua vida. Mas aprender algo pelo processo que leva gente a tornar cristã

terá que produzir efeito em seu comportamento como professor, como aluno, e como Cristão.

Comportamento modificado pode parecer critério inflexível para julgar se a pessoa

realmente aprendeu ou não, mas é a única meta correta. Moças em um curso de ciências

domésticas, numa universidade que eu conheço, estudavam no laboratório os efeitos na vida

de animais de cereais altamente refinados e beneficiados. Apascentados com milho, trigo,

aveia, e arroz sem o farelo e sem o germe, os animais enfraqueceram, adoeceram e

morreram. As moças aprenderam que o beneficiamento e polimento de cereais remove a

Vitamina B, que é necessária à vida e à saúde. Todas passaram em seus exames com boas

notas.

Durante e depois do estudo, a escolha de comida dessas mesmas moças no

restaurante da universidade e no supermercado vizinho foi fiscalizada ocultamente.

Descobriu-se que seus hábitos alimentares pessoais não mudaram. De manhã cedo,

rejeitaram cereais integrais e pão feito de trigo integral, não beneficiado. Escolheram pão

"branco", pão doce, ou pastelaria rica em calorias, pobre em sua contribuição à saúde. No

almoço e no jantar, escolheram arroz altamente beneficiado.

Essas moças aprenderam as respostas das perguntas que caíram nas provas, e

aprenderam bem. Não aprenderam o significado de seu trabalho no laboratório em termos de

sua própria saúde. Seu comportamento não mudou. Então não aprenderam em termos reais.

Saber as palavras de 1 João 4:20b, "Pois aquele que não ama a seu irmão a quem vê,

não pode amar a Deus a quem não vê”, não é o conhecimento verdadeiro até que o

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significado das palavras esteja demonstrado em comportamento de amor, interesse e

solicitude.

A questão é assoladora, mas tem que ser respondida: as experiências dos nossos

alunos e alunas da Escola Dominical produzem mudanças fundamentais e profundas em seu

comportamento? Tornam-se os alunos e alunas mais e mais ativos em seu amor para com

Deus e para com seus vizinhos?

Fatores que influenciam ao aprendizado

Existem vários fatores que influenciam o aprendizado e que os educadores precisam

conhecer.

RECOMPENSAS - Pais e professores sabem, desde há muito tempo, que crianças

farão muitas coisas para lhes agradar ou para evitar a dor e a desaprovação.

Conseqüentemente prêmios e punição são usados largamente e nem sempre sabiamente

como meios de aumentar aquilo que aprendem.

Recompensas, se usadas para tornar o aprendizado permanente, têm de ser

intrínsecas ao conhecimento: isto é, têm de surgir da aprendizagem corno tal. Aprender aquilo

que é útil, ou significativo, ou prazeroso, ou valioso ao aprendiz dá sua própria recompensa.

Prêmios extrínsecos (não partes integrais do conteúdo como tal) são subornos à busca

de comportamento. A motivação do processo depende do prêmio, do presente, da honra e da

pessoa que a confere. Quando não se dá mais o prêmio, o aluno / aluna deixa de aprender.

Ele(a) só voltará a estudar quando encontrar recompensa pessoal na aprendizagem como tal.

Elogios, louvores, encorajamento ajudarão o aluno, a aluna, especialmente se estiverem

paralelos ao processo de aprender. Ouvir o educador dizer "Certo", ou "Muito bem"

imediatamente depois de sua resposta ou tentativa é bem melhor que examinar o papel de um

teste, bem corrigido, uma semana depois de ser feito.

Usar medalha ou certificado, para premiar assistência perfeita ou quase-perfeita na

Escola Dominical, é prática tão universal que precisamos examiná-la em termos daquilo que

sabemos sobre o efeito de prêmios no processo da aprendizagem. (1) O prêmio aumenta o

valor da Escola Dominical para o aluno? (2) O prêmio reconhece e recompensa o

desenvolvimento no comportamento cristão, a habilidade de amar, de confiar em Deus e nos

outros, de perdoar? Em outras palavras, é o prêmio apropriado aos alvos da Escola

Dominical? A resposta em ambos os casos é não. Premiar assistência na Escola Dominical é

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premiar comportamento exterior. Como tal é legalista, farisaico. O prêmio diz, "Porque você

trouxe seu corpo a esse lugar muitas vezes durante ° ano, nós o elogiamos”.Não importa se a

criança queria assistir, nem interessa em sua participação real enquanto presente. Isto é,

coloca importância demasiada na aparência exterior (obedecer à lei) e ignora por completo a

mente ou o espírito de quem está aprendendo. Implica em que estar fisicamente na igreja aos

domingos é o aspecto mais importante da vida cristã. Muitos Cristãos verdadeiros não

concordariam.

Ainda mais, premiar assistência é freqüentemente ilustração de injustiça: cria

problemas: sérios nas mentes das crianças e, não raro, de seus pais e mães. Premiar

freqüência assídua é sempre injusto na mente de alguém. Doença, atitude dos pais e mães,

imprevistos inevitáveis, todas essas coisas influenciam na assiduidade. Estar presente ou não

geralmente está além do controle da criança. Não é justo recompensar ou penalizá-la por algo

que ela não determinou.

O secretário da Escola Dominical que, a fim de ser justo, procura levar em conta todas

essas coisas já perdeu a batalha. Alguém vai ser prejudicado. É inevitável.

O CASTIGO. Eu pessoalmente não posso aceitar o uso de castigo para garantir a

aprendizagem na Escola Dominical. Muitas pessoas, felizmente, concordam comigo. Medo de

vergonha, ostracismo, ou dor (física ou mental) é motivação bem forte, mas não é muito

desejável. Removido o medo, a razão de aprender ou de agir da maneira proscrita

desaparece e o aluno está perdido. Não sabe o que fazer. Talvez não faça nada, ou então se

mergulha em uma hostilidade que o medo produziu.

No relacionamento de amor e confiança, que estamos tentando construir na Escola

Dominical, não há espaço para a vergonha, ostracismo, zombaria, desprezo, ou desrespeito

em nosso tratamento de alunos. Não se pode ensinar pessoas a amarem uns aos outros pelo

uso de ameaças e de medo. Pode forçar comportamento, mas não pode saber qual será seu

final.

Onde se encontra a excelência

Isto não quer dizer que classes na Escola Dominical não devam ter metas de atuação e

comportamento. Infelizmente, muitas delas não as têm, mas está errado. Uma razão porque

algumas escolas sofrem de comportamento imprudente e incorreto e de atividade intelectual

inaceitável, é que os alunos aprendem que podem agir como desejarem. Tal coisa é

deplorável. Muitas vezes tentamos controlar comportamento demolidor com exortações pias,

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e sem sentido para as crianças, sobre a atuação correta na casa de Deus. Ao mesmo tempo,

desculpamos trabalho descuidado, indiferente, mal-feito, porque "os alunos não têm nada em

casa".

Uma razão entre muitas por essa falta de meta de comportamento e de esforço

honesto nas classes da Escola Dominical surge do trato concedido às crianças em nossas

igrejas. Não têm lugar responsável na vida da comunidade. Não se espera nada delas. Não

podem determinar seu próprio destino, nem as suas atividades na igreja. Não participam de

nenhuma decisão. Outra pessoa decide tudo. As crianças obedecem ordens, às vezes.

Se uma classe do Segundo Seguimento do primeiro grau para cima tiver uma vida de

grupo valiosa, os alunos e alunas terão prazer em estabelecer, com a ajuda do (a) educador

(a), metas para comportamento individual e regulamentos para a vida em conjunto.

Um grupo pode decidir se algum comportamento precisa reprovação, se algum trabalho

precisa ser refeito, se algum privilégio precisa ser negado. Tal punição se justifica. Surge

diretamente do trabalho descuidado ou do comportamento irresponsável e estes limitam a

vida do grupo. Não é castigo passageiro, nem vingativo. Realmente ajuda os alunos a

aprenderem a viver como membros responsáveis de uma sociedade. Mas cuidado: não

procura determinar regulamentos para a vida comunitária antes de ter uma vida em

comunidade.

Aprender a viver em relacionamento responsável com outras pessoas é sempre

anterior a tornar-se membro de uma sociedade que ama, que serve, que anda a segunda

milha, esses necessários à maturidade cristã. Alguns alunos, e alunas inclusive adultos,

nunca chegam à primeira etapa, quanto mais à segunda. Mas é nosso dever como

educadores (as) tentar levar nossos alunos, nossas alunas a respeitarem os outros, a levarem

os sentimentos dos outros em consideração, enfim a comportarem-se como membros

responsáveis de uma comunidade.

A importância daquilo que se aprende

Crianças, e todas as pessoas aprendem o que lhes parece importante o que é novo,

estimulante, valioso em seu parecer! É difícil admitir isso, mas acredito que seja a verdade:

muito do material atual que se apresenta nas Escolas Dominicais das nossa igrejas realmente

não é de importância fundamental aos problemas, vexames, temores e ansiedades dos

nossos alunos e alunas. Nós que os ensinamentos podemos pensar que tem valor, mas se as

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pessoas não concordarem, então não terá. Seu julgamento prevalece nesse campo, porque

são elas que irão aprender ou não.

Uma prova disso, se é que precisamos de provas, é o fato que pouquíssimos

educadores realmente sabem onde estão os pontos dolorosos da vida de seus alunos e

alunas. Não é, por isso, humanamente possível ter certeza de que as atividades da classe os

remediem ou os ajudem, senão superficialmente.

Hoje em dia se ouve por todos os lados, universalmente, que as ciências e a

matemática são matérias escolares de primeira importância. Dizem que a criança necessita

imprescindivelmente um fundamento forte nesses assuntos. A maioria de nós, os adultos de

hoje, não têm tal fundamentação. Como resultado observamos as crianças de dez anos de

idade a lutar valiosamente e sucedidamente com a matemática nova, a nós incompreensível.

E ficamos maravilhados na presença de astronautas que viajam rotineiramente no universo

desconhecido, a nós inimaginável. Compreendemos que os dois assuntos se relacionam de

alguma maneira, e ouvimos falar, talvez até temamos, que serão por demais importantes no

mundo de amanhã. Isto somos forçados a aceitar.

Mas no mundo em que nós vivemos há pouquíssimas vozes a proclamarem que os

ensinos da igreja são importantes. Poucas pessoas acreditam que realmente o são: não tão

importantes quanto às ciências e a matemática; não tão valiosos que mereçam prioridade de

tempo, espaço, dinheiro e talento, nem na vida da própria igreja. Na maioria das nossas

igrejas não há quantia orçada para a educação cristã. Poucas pessoas entre nós têm a

coragem de dizer isso em voz alta, mas na verdade muitas acreditam que a salvação do

mundo e de nossas vidas em particular não virá da igreja, mas de algum outro lugar. E

mesmo dentro da igreja, com toda a sua ênfase na evangelização, ao falar sobre a salvação

de almas, é raro entender que essa é a tarefa primordial da Escola Dominical.

Mas essa opinião está errada, embora bem prevalecente. O mais completo

conhecimento da matemática, da ciência, ou de qualquer outra coisa não nos salvará. Nem o

programa de espaço. Nem os estudos nucleares. Somos o povo mais instruído, mais sagaz,

mais bem educado na história do mundo. Mas sobre toda a face da terra, o crime, o suicídio, o

divórcio, a delinqüência, o alcoolismo, a insanidade, o uso de entorpecentes são vergonhosos

e demasiadamente surpreendentes.

Saber muito não é necessariamente bom. Nenhum alcoólico, ladrão, adúltero ou

psicótico comporta-se de maneira deferente só porque sabe mais, seja no campo de

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matemática, ciência, direito, fisiologia, psicologia, sociologia ou teologia. O problema

fundamental é ser, não saber.

Se não entendermos isso em nossas igrejas, se focalizarmos nossa atenção em

detalhes históricos e dogmas teológicos ao invés de viver a vida que Deus pretende para nós,

e que a Bíblia nos descreve, sem querer, estaremos reforçando a opinião geral de que a igreja

não tem muita importância para a vida do Século XX. Saber algo sobre os patriarcas judaicos,

ou a vida diária no tempo de Jesus, há de parecer menos significativo que a matemática ou a

ciência quando se começa a atribuir valores aos fatos em si.

Talvez, não seja possível dar à Escola Dominical uma importância tal que os alunos a

coloquem em primeiro lugar em suas vidas, acima de namorados, deveres de casa, provas,

profissão, casa, família, futebol ou passeios. Mas é possível, e disso tenho absoluta certeza,

tornar a vida experimentada na Escola Dominical tão importante que as pessoas a atribuam

prioridades altas. Tornar-se alguma coisa é muito mais empolgante que saber alguma coisa,

até mesmo a nova matemática ou a ciência do espaço.

"A finalidade do homem é a ação, não o pensamento, nem mesmo o pensamento mais

nobre”, disse Carlyle. Quando um ser humano ou uma nação encara afronta, agressão,

fraude, desapontamento, frustração, tristeza e dor, no final das coisas, quando tudo está

acabado, não importa o que ele sabe. Importa, isso sim, como ele age.

Saber amar os desgraçados e não amáveis; saber servir os que não merecem ser

servidos, ministrar a todos os seres em nome de Cristo é o único conhecimento em que a

igreja deveria se gastar. Por outro lado, não se deve poupar esforços, nem dinheiro, nem

inteligência, nem criatividade, nem nada mais debaixo do sol na promulgação desse

conhecimento. Ele exige o trabalho dedicado de pessoas sensitivas e devotas, equiparadas

dos melhores materiais de ensino, atribuídas dos horários mais atraentes, e sustentadas

inteligente e integralmente pela comunidade de cristãos dentro da igreja.

É esmagadora essa tarefa que Deus nos confiou, educadores e educadoras

inadequados, mal preparados, fracos de coração. É incompreensível sua confiança, talvez até

não muito sábia, em vista da nossa natureza.

Mas, não temos escolha! Fomos chamados. Temos que fazer o melhor possível.

Temos que comprovar que somos obreiros e obreiras fiéis e dedicados, não envergonhados

do evangelho, prontos a levar a mensagem cristã adiante.

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PARA VOCÊ PENSAR

1. Que idéia ou fato ou experiência do Cristianismo é clara e indiscutivelmente relevante às

vidas de seus alunos e alunas?

2. Fundamentado nessa idéia, desenvolva um plano de ensino que irá envolver os alunos e

alunas no seu próprio aprendizado.

3. Como é que aquilo que sabemos agora sobre o processo de aprendizagem nos ajuda a

compreender o processo de se tornar Cristão?

4. Qual é o único conhecimento que a igreja deveria transmitir? Analise seu trabalho na igreja

em termos definidos e específicos. É isto que você está ensinando? Ou você está pondo sua

ênfase em outra coisa? Se em outra coisa, como poderia modificar seu programa para

atribuir-lhe as prioridades corretas.

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COMPREENDENDO NOSSOS ALUNOS EALUNAS

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7.

COMPREEDENDO NOSSOS ALUNOS E ALUNAS

Um aluno, uma aluna, é uma pessoa. E um educador,

uma educadora, é também uma pessoa. Sua comum

humanidade é o fundamento de seu relacionamento e de

toda a comunicação significati va entre eles.

Sobre a educação, existe entre nós várias meias-verdades. Pensamos em termos de

anos escolares, fatos aprendidos, livros estudados, cursos feitos, notas atribuídas. Falamos

de "completar os estudos", como se pudesse, ao terminar, começar a viver.

O problema desse tipo de raciocínio é sua visão do aprendizado como um processo de

adquirir fatos e do aprendiz como um receptáculo, que recebe e guarda os mesmos. Segue-se

desse ponto de vista que a revelação de fatos por parte do educador é o ensino. E, quando o

aluno demonstra que possui os mesmos fatos, dizemos que ele aprendeu. Mas não é

verdade.

A educação não é armazenar fatos em uma espécie de caixa grande ou pequena a

serem retirados se ou quando necessários. Diz Dr. Whitehead, e eu não consigo inventar

melhor analogia, que a educação é semelhante a alimentar a uma criança. Uma parte da

comida, aquela que ela precisa, torna-se parte da criança: altera-a; ela cresce. O resto, o

corpo rejeita.

Uma pessoa não é uma caixa. Pelo contrário é um organismo vivo, em crescimento e

mudança constantes, que luta e que pensa.

A primeira vez que ouvi alguém descrever "pessoa" como "organismo", lembrei-me de

uma gravura colorida de bactéria, muito ampliada, em um livro de medicina caseira na casa

de meus pais. O livro chama-se "Organismos que Causam Doenças - Bactérias".

A gravura mostrava umas coisinhas serpeantes, rastejantes, eriçadas, colantes, moles,

glutinosas, molhadas, gotejantes, enfim, horríveis. Não tinham um pinguinho de inteligência.

Quando pequena, eu os abominava, essas criaturas pálidas, lânguidas, amareladas, esses

monstros que rastejavam sem parar em um ferimento aberto.

No entanto, com uma fascinação, produto da minha revulsão, voltava, vez após vez, à

página daquele livro. Cada vez eu olhava a gravura com todo cuidado, estremecia, colocava o

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livro em cima da mesa e examinava cuidadosamente meu mais novo machucado a fim de

verificar se já haviam me atacado.

Então, ao ouvir alguém chamar "gente" de "organismo", travei batalha silenciosa.

Certamente uma pessoa não é aquele tipo de ser!

Ah! Mas é. Não parece com os modelos de fotografia colorida, embora ela tenha

mostrado "organismos" muito variados; mas em sua essência uma pessoa comporta-se

exatamente da mesma maneira que eles.

Como é que um organismo se comporta? De maneira bem simples, é claro. (Mais tarde

eu troquei "organismo" por uma "ameba". E mais fácil, porque minhas emoções estão menos

envolvidas.) Um organismo faz o que faz a fim de se manter vivo. Quando sente fome, todo o

seu ser está faminto, e ele procura alimento. Quando se sente cansado, todo o seu ser está

exausto, e ele repousa. Quando enfrenta um ambiente inimigo ou hostil, ele ataca, ou resiste,

ou foge, novamente com todo o seu poder. Privado de condições necessárias à vida, ele

morre. Este é um organismo. Esta também é uma pessoa.

O comportamento de uma pessoa nada mais é que uma tentativa de se manter como

pessoa idônea e competente ou de elevar-se, de fortalecer ou aumentar sua competência,

sua aceitação, sua posição social.

Um ser humano não pode existir sozinho, sem relações com outros seres humanos.

Privado da companhia de outras pessoas, ele morre ou deixa de ser humano por perder seu

juízo. Relacionamento com outros é uma das condições necessárias à sobrevivência. Para

falar a verdade, a razão porque somos "humanos" é que fomos criados por seres humanos.

Sendo que nossa tarefa é ensinar gente, não arrumar caixotes, haverá vantagem em

verificar como essa visão organicista de pessoas nos ajuda a compreender seu

comportamento.

O comportamento é complexo

As pessoas, diferentes dos organismos unicelulares, são bastante complexas. Portanto,

o comportamento de nossos alunos e alunas não se explica em termos de inteligência,

percepção, maturidade emocional, desenvolvimento físico, medos ou desejos como tais,

individualmente. É verdade que nem se pode explicá-lo em termos da união de todos esses

fatores. Por ora não sabemos explicá-lo realmente.

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No entanto, sabemos que todas as nossas experiências fazem parte de qualquer

determinado comportamento e influenciam tudo aquilo que aprendemos.

Pense sobre aqueles estudantes secundários que, talvez poucos deles, estarão

sentados nos bancos de uma das nossas igrejas domingo que vem. Se a lição tratar do amor

e perdão divinos, imagine como suas experiências individuais irão influenciar aquilo que cada

um ouve, pensa, diz ou deixa de dizer, aquilo que aprende.

Roberto acaba de descobrir que seu pai é adúltero e que o é durante muito tempo: tem

duas famílias. Ele começa a compreender a dor e a amargura de sua mãe e a penetrar as

tentativas triviais e superficiais por parte de ambos a se manterem exteriormente

circunspectos, especialmente aos olhos da igreja de que fazem parte ativa. Como resultado, o

rapaz despreza seus pais; torna-se cínico no que se diz respeito a honestidade, o bem, a

virtude, o amor.

Patrícia, filha única de uma divorciada, nunca se sentia aceita pelos seus colegas, nem

na Escola Dominical que assiste desde pequena. Recentemente passa muito tempo com um

grupo que a compreende. Mas hoje ela começa a temer que esteja grávida.

José é o caçula da família em que os irmãos todos estão casados. Ele considera seus

colegas na igreja muito juvenis, ingênuos, não realmente interessantes. Seus interesses

principais são: namoradas, festas, esportes.

George, cuja paixão é escotismo, apesar de ser ele um dos mais velhos da classe, tem

a opinião de que perder tempo em vir à igreja é atividade razoável e aceitável, somente se os

escoteiros não estiverem realizando acampamento, ou se sua família não pretende ir ao sítio,

ou se ele não tem outra coisa mais interessante a fazer.

Marta é filha de judia e de católico romano, ambos renunciaram sua religião. Seu pai e

mãe pensam que não faz mal a menina assistir à Igreja Protestante com seus amigos. Não

lhe trará nenhum prejuízo. Não querem que ela se comprometa com a igreja, mas acham que

não há perigo, pois acham que o Protestantismo não exige constância nem dedicação

verdadeira. Aliás, é por isso que permitem sua assistência.

Marcelo sofre de enxaquecas. É um rapaz tenso, de aparência atormentada. Quando

ele era criança, sua mãe era sempre doente. A fim de aliviá-la do barulho e confusão de um

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menino hiper-ativo, os médicos receitavam para ele tranqüilizantes e barbitúricos, que ele

tomava constantemente. Seu pai é rígido, inflexível, compulsivamente virtuoso; nunca perde

um domingo na igreja e insiste que Marcelo o acompanhe. Marcelo lhe é desapontamento.

Joana é filha de dois assistentes sociais. Ela sabe de primeira mão os efeitos da

pobreza e do preconceito social.

João é pequeno, fisicamente imaturo, quieto. Tem dois irmãos mais velhos, que já

conseguiram muito na vida: gozam de posição social e financeira bem alta.

Rosa e Maria são amigas que sempre andam juntas. Moram na mesma vizinhança; são

colegas de escola. Participam da mesma "panelinha". São as únicas negras nessa classe.

Augusto é solitário. É filho de um físico que é ateísta. Esse jovem raramente assiste a

Escola Dominical.

Pode você perceber que as respostas variadas desses jovens a uma lição comum

sobre o amor e o perdão de Deus não dependeriam inteiramente do seu entendimento

intelectual da idéia? O comportamento é por demais complexo.

O comportamento é causado

Uma pessoa faz o que faz como resposta à situação em que se encontra. Seu

comportamento está sempre coerente com sua avaliação ou percepção de circunstâncias

concretas. Se o comportamento de uma outra pessoa parece-lhe estranho, resposta

exagerada, ou irreal ao conhecimento em pauta, a explicação é simples: você não percebe a

situação como ela a percebe. Se percebesse, se você sentisse como ela sente, você poderia

compreender o que ela faz.

Para compreender comportamento, a chave é percepção. Pense de novo sobre

quaisquer dois dos alunos ou alunas acima descritos. É impossível que tenham a mesma

resposta à lição. Não ouvirão as mesmas palavras, não terão os mesmos sentimentos, não

chegarão aos mesmos entendimentos. Trarão para a classe experiências bem variadas,

percepções muito diferentes da vida, do amor, da verdade, da beleza, do bem, da bondade.

Agirão sobre pressões diferentes, desesperos diferentes. O que aprenderão será aquilo que

fala às suas experiências, aquilo que aumenta suas compreensões, aquilo que clarifica suas

perplexidades, aquilo que cabe dentro de suas percepções.

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Não é muito difícil compreender que falta de comunicação entre duas pessoas pode

resultar de uma falta mútua de compreensão de percepções. Uma experiência minha, há anos

atrás, com uma classe de quinto ano primário é uma ilustração inacabável na minha mente.

O horário da classe era de onze às doze. Algumas das crianças chegavam às dez

horas para uma hora de atividades livres e variadas antes de entrarmos no templo para

assistirmos a primeira parte do culto, depois do qual, de volta à sala de aula, realizávamos

nosso estudo. Em uma determinada manhã todo mundo estava bem animado. Estavam ativos

demais, seu comportamento descontrolado e descontrolável. Enfim mandei parar os jogos e

brincadeiras e pedi que todos sentassem quietos um pouco antes de irmos ao templo.

Comecei a imaginar o que aconteceria depois dos 15 minutos no culto.

Nesse momento, chegaram na porta duas meninas atraentes, bem vestidas, calmas,

quietas. Claramente eram gêmeas.

"É este o quinto ano?" Uma delas perguntou.

"Sim”, respondi. "Vocês vão fazer parte da nossa classe?"

"Vamos”.Tocou onze horas.

"Agora vamos passar alguns minutos no templo, assistindo a primeira parte do culto. Ao

voltar, farei a sua matrícula e as apresentarei à classe. Querem sentar comigo na igreja?”

Elas queriam, mas hesitaram. Então, a que falava mais perguntou: "É este o tipo de

Escola Dominical onde estuda e lê livros, ou aqui se faz o que quer?”

Eu acabara de passar uma hora com um grupo de meninos que faziam o que queriam.

Não entendia a atividade daquela manhã como sendo muito produtiva. Entusiasmada,

respondi com toda a pressa: "Nessa escola nós lemos livros e estudamos. Temos livros de

consulta, Bíblias, hinários, mapas e cartazes. Às vezes trabalhamos em grupos pequenos; às

vezes sozinhos. Fazemos outras coisas também, mas essa é a escola da nossa igreja”.

Enfatizei bem as palavras "escola" e "igreja".

Elas não tiveram tempo de responder. Saímos da sala às pressas, para o templo.

De volta à sala, dei a cada menina um formulário de matricula adotado por nossa igreja.

Apresentei-as à classe. A aula prosseguiu como eu havia planejado; discussão do tema do

dia, relatórios, trabalho com mapas; aprendemos um novo hino do hinário e começamos uns

cartazes. O tempo foi passando. O culto terminou lá na igreja; tivemos que parar.

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Fui pessoalmente me despedir das gêmeas. Pegando suas matrículas, me senti

chocada ao ver sua maneira inadequada de preenchê-las.

Essas meninas não sabiam escrever os nomes de seus pais; a rua onde moravam

estava escrita erradamente; o número do telefone estava no lugar errado; colocaram o dia do

nascimento, mas não o ano. Quando perguntei, disseram que não sabiam. Não colocaram

nada no lugar de "ano escolar". Perguntei por quê.

"Estamos numa nova classe este ano. É classe especial que reúne no porão. Não nos

chamam de classe ou de” ano escolar “. Não usamos aqueles livros difíceis que os outros

alunos da escola usam”.

"Ah! Sim! Bem, nossos livros pareciam difíceis para vocês?"

"Sim. Oh, sim!" Responderam.

Despedi-me delas cordialmente e me sentei abatida. Cortadinhas! Sua pergunta sobre

o tipo de escola que a nossa era, realmente queria dizer "Estaremos aceitas aqui? Seremos

sucedidas nesse ambiente?" Para mim a sua pergunta tinha sido, "Essa escola é disciplinada

ou caótica?" Eu respondi à indagação da minha percepção de seu significado. Elas

entenderam da manha resposta que esse não era lugar delas. Não poderiam participar desse

tipo de escola.

Comportamento é propositado

O comportamento é complexo; o comportamento é causado; e o comportamento é

propositado, intencional, tem um fim em vista. Temos boas razões para aquilo que fazemos e

falamos. Nosso comportamento talvez não pareça correto nem inteligente às pessoas ao

nosso redor, mas sempre tem um propósito, preenche uma finalidade, suaviza uma

ansiedade, defende ou protege a nós mesmos. È possível que decidamos depois que a

percepção estava incompleta, o comportamento impetuoso; mas na hora de agir, fazemos o

que parece certo ou que sentimos estar correto.

Li em algum lugar sobre uma professora que, aceitando as afirmações acima, mudou

os verbos na frase "Ele faria melhor se quisesse" para ser "Ele quereria melhor se pudesse”.

Ela quer dizer que um aluno não é teimoso, preguiçoso, rebelde, não cooperativo só porque

quer. Ele é o que é, e age como age porque esta é a melhor maneira que descobriu até agora

de se comportar nas circunstâncias restritas, mas variadas de sua vida.

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A criança que resolve suas frustrações por perder a calma em cólera excessiva está

apenas fazendo aquilo que descobriu ser o comportamento mais efetivo possível. O

bisbilhoteiro está procurando afirmar seu valor, meio incerto, por denunciar ou diminuir o valor

de outrem. O aluno dissidente que não quer cooperar, talvez esteja tentando, por sua

contrariedade e crueldade, estabelecer sua própria independência e status como pessoa

importante. O aluno que está sempre pronto a trabalhar, que tem o hábito de se oferecer para

a execução de qualquer tarefa, pode estar à procura de aceitação tanto de colegas como de

professores. Em cada um desses casos, e nos inumeráveis outros, o comportamento de uma

pessoa está coerente com sua percepção da situação e, ao mesmo tempo realiza seus

propósitos pessoais.

Embora, talvez não pareça, nosso comportamento sempre procura manter nossa

integridade ou elevar nosso próprio ser. Isto quer dizer que todas as pessoas lutam para

afirmar a si mesmas o fato de que têm valor. Se não conseguirem, desenvolvem doenças

mentais ou nervosas, ou se suicidam, ou se tornam alcoólatras, ou incapacitados de tomarem

decisões. Mas nunca abandonam a luta. Enquanto viverem, procuram ser aceitos como

integralmente valiosos.

Um dos nossos pecados, os "bons", é diminuir o valor de outrem. Criticamos seus

esforços; avaliamo-no na base de perfeição absoluta, ou comparamo-no com seu irmão mais

velho que foi aluno melhor, modelar: citamos seu nome como exemplo de fracasso ou de

desapontamento, tudo isso com as melhores intenções. Estamos tentando aperfeiçoar seu

comportamento. Geralmente não conseguimos fazê-lo. Ao invés de ajudar, despersona-

Iizamo-no, transformamo-no em menos-que-gente.

Doutor Arthur Jersild e Doutor Daniel Prescott são dois educadores que se interessam

profundamente pela relação entre a consciência de si por parte de uma criança, seu senso de

auto-suficiência, de valor pessoal e sua aceitação do processo educacional. Colecionaram

inumeráveis dados e estudaram muitas crianças em busca de entendimento da relação entre

a visão que uma criança tem de si e seu comportamento e aprendizagem na escola.

Descobriram que são intimamente ligados: uma criança que tem opinião baixa de si mesma é

pobre como aluno e geralmente é problema quanto ao seu comportamento.

Eles documentam o que a experiência prática de outros também descobriu: isto é, que

a escola freqüentemente dá à criança um sentimento profundo e forte de sua insignificância e

deficiência. Quando o resultado de vários anos escolares é somente a convicção que ela não.

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Tem grande importância e que não sabe fazer nada adequadamente, esta criança entra na

vida adulta sem confiança, sem coragem e sem o gosto picante necessários ao sucesso.

Se nós, que ensinamos na igreja, conseguirmos dar aos nossos alunos e alunas um

senso profundo e permanente de seu próprio valor e a sensação de pertencer

significativamente a uma comunidade em que eles importam para os outros, teremos

realizado um trabalho importantíssimo.

Mas querer isso é pedir muito. Um professor sozinho não o consegue; nem o

conseguem todos os professores e obreiros da Escola Dominical trabalhando em conjunto. O

necessário será a contribuição ardentemente cristã e a colaboração íntima de toda a

comunidade da fé que, por meio de seu trabalho em conjunto, de sua adoração e de seu amor

ao próximo constroem a auto-aceitação e o autovalor.

Se sua igreja não é tal comunidade, e muitas não a são, então você terá que fazer o

melhor que pode, utilizando todo o seu esforço pessoal e todo o sustento que encontrar ao

seu redor. Talvez exista mais de ambos do que você imagina.

Cada pessoa procura respostas a três perguntas

São vários as idades e estágios na vida humana e cada um tem suas tarefas

específicas de desenvolvimento, aprendizado e adaptação. A criança pequena está

aprendendo a cuidar de si em um mundo habitado por muitas crianças e adultos; mais tarde,

no meio da escola primária, ela se preocupa com o certo e o errado, a justiça e a

imparcialidade. O pré-adolescente precisa fazer parte de uma "panelinha" a fim de se

estabelecer entre seus colegas; o adolescente procura independência de adultos e

relacionamento satisfatório com o sexo oposto. Os jovens encaram problemas de casamento,

família e profissão. Os adultos levantam questões sobre a direção de suas vidas e o valor

último daquilo que fazem. Os velhos precisam encontrar meios de serviço continuo e de

utilizar suas competências, bem como um senso de segurança.

Embora sejam diferentes as tarefas intelectuais e sociais de cada estágio da vida, atrás

de todas elas existe uma busca ou procura fundamental. Do berço ao cemitério o problema é

o mesmo. O cenário muda; as pessoas em papéis secundários são diferentes; mas sempre,

enquanto tem vida, o ser humano procura saber três coisas: Quem sou eu? Quem é você?

Qual a natureza desse mundo?

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Verifique a verdade dessas indagações em sua própria vida. Você pode ser uma

esposa ou um marido, um pai ou mãe; você tem alguma profissão ou executa algum trabalho

em casa ou na comunidade; você ensina, mais ou menos bem, alguma classe em alguma

Escola Dominical; você é cidadão ou cidadã deste país e participa dos direitos e

responsabilidades dessa cidadania. Você tem uma certa altura, um peso conhecido, uma

aparência física, um nome, uma idade. Assim você se descreve.

Quem sou eu?

Mas a primeira pergunta é mais profunda do que essas estatísticas vitais. Também

quer dizer: "Será que sou importante para alguém? Qual é meu valor verdadeiro como

esposo, esposa, pai, mãe, professor, professora, cidadão, cidadã? Alguém realimente precisa

de mim? Eu posso fazer alguma contribuição valiosa à vida ao meu redor? Quando eu morrer,

o mundo será melhor porque eu passei por aqui?

Todo ser humano, mesmo que pense superficialmente, finalmente confronta essas

indagações sobre o valor e significado de suas atividades diárias. Finalmente todas as suas

questões se focalizam em uma: Por que estou aqui? Que é o sentido, o propósito da minha

vida?

Vez após vez cada ser humano estabelece suas próprias respostas individuais. Todas

as experiências da vida - por dentro e por fora da igreja fornecem partes da resposta. E a

resposta constantemente se sujeita a revisão porque a vida de todo ser humano está em

constante mudança.

Quem é você?

Essa segunda pergunta, na verdade, faz parte da primeira e a ela faz uma contribuição.

Porque todo ser humano só existe quando em relacionamento com outros, quem eu sou

depende em parte de quem você é. Se você é meu filho, eu sou seu pai (ou mãe). Se você é

meu aluno (ou aluna), eu sou sua professora; se você é meu vizinho, eu também sou seu; se

você é meu colega, eu também; se você é meu namorado, também eu.

Cada um de nós em relacionamento contribui ao autoconhecimento e ao valor do outro.

"O filho sábio alegra a seu pai, mas o filho insensato é tristeza de sua mãe”.(Provérbios 10:1)

Um aluno (ou aluna) habilidoso cria uma idéia de competência no seu educador (ou

educadora); um educador (a) competente cria idéia de sucesso em seu aluno, em sua aluna.

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Todos os seres humanos pensam sobre as pessoas ao seu redor. Que tipo de pessoa

você é? Como vai me encarar? Qual será sua opinião de mim? Estou seguro? Terei sucesso

nesse relacionamento? A criança encontra suas primeiras respostas na relação com sua mãe.

Quando chega à idade escolar, faz as mesmas indagações sobre seus colegas e seu

professor. Ouve-se as respostas; sente-se sua presença em toda sua experiência de

crescimento. As percepções recebidas nesses encontros tornam-se verdades na vida. Depois

de adulto, raramente ocorrem mudanças radicais em nossa estimativa de nosso próprio valor

(Quem sou eu?) nem em nosso senso de apreciação e confiança nos outros (Quem é você?)

Experimente isso a próxima vez que você se encontrar em um novo grupo pequeno,

face a face com outras pessoas em relação nova, talvez uma reunião de comissão, ou um

grupo social. E lembre-se que esta experiência é freqüente na meninice e na adolescência,

quando o indivíduo está à procura de convivência com novas pessoas. Todo o tempo que

você está com esse grupo, você está se perguntando: "Quem sou eu?" e "Quem é você?" não

é? E todo o tempo você está encontrando respostas no relacionamento que desenvolve.

Qual a natureza do mundo?

Como é o caso com as primeiras indagações, a terceira tem respostas variadas nas

diferentes fases da vida.

Aos três anos, a criança pensa: Minha boneca se acorda durante a noite? Onde foi o

gelo que estava no meu copo? Por que mamãe ficou tão zangada?

Aos nove anos, ela quer saber o que está certo e errado. Por que ele ganhou uma bola

e eu não o ganhei? Por que alguns meninos roubam as coisas dos outros? Por que algumas

pessoas parecem odiar outras?

Quando chega aos quinze anos, ela questiona o velho ditado, "O crime não vale a

pena", e é cético sobre a virtude e a bondade. Talvez essas sejam apenas idéias quadradas

sobre comportamento da velha geração, quem sabe não verdadeiras?

As indagações mudam ao passo que a vida se transforma. Crises pessoais, tristeza,

dor, desapontamento; crises nacionais, violência, assassínio, inflação, pobreza; crises

internacionais, discórdia, terrorismo, bombas nucleares, viagens no espaço; todas essas

geram questões. A virtude compensa? Merece essa nação de que faço parte, todos os seus

problemas, as dificuldades da vida diária, a violência, a mortalidade infantil? Estamos

colhendo o que semeamos no mundo de hoje?

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Os homens dividem o átomo e voam à lua, mas ainda não compreendem o universo.

Existe um Poder, uma Mente, um Espírito, um Criador atrás dessa criação magnífica e

incompreensível? Se existe, será que ele ainda a está controlando?

Meu Deus! Que tenho que fazer para me salvar?

Todo ser humano procura. Nem todo ser humano encontra.

Você e seu aluno / aluna

Todas essas indagações que estão no centro da vida de todos os seres formam o

tecido conectivo entre as pessoas e seus mestres. Agora você sabe o que seu aluno, o que

sua aluna, precisa saber. Você sabe o que lhe é importante, vital. Você sabe quais as

experiências que o aquecerão, que o afirmarão, que o restaurarão, que o chamarão para uma

vida criativa. Você sabe que seu comportamento reflete ao mesmo tempo, as respostas por

ele já encontradas e aquelas que ainda está procurando.

Você sabe isso com total exatidão, porque você é, ao mesmo tempo, ser humano e

educador (a) deles. Se, em algum ponto de sua vida, você mudou para uma nova cidade, ou

matriculou-se em uma nova escola, ou passou para um novo emprego, ou uniu-se a uma

nova igreja, você aprendeu que aceitação superficial é realmente rejeição. As pessoas

querem "pertencer". Se você já sofreu um medo sem nome, ou uma tristeza profunda, você

aprendeu que encorajamento volúvel não ajuda. Precisa que alguém lhe segure a mão ou

demonstre amizade verdadeira, amizade que ama e sustenta. Se você encarou seriamente

um fracasso e conseguiu passar pela experiência, você reconhece a raiva, o desespero e a

paralisia que resulta. Você aprendeu que, se o fracasso foi inevitável, você precisou de

alguém que lhe ajudasse a interpretá-lo e a crescer por causa dele.

As experiências que você teve, terão seus alunos e alunas também. Podem estar

exteriormente diferentes, em seus detalhes, variados; mas os sentimentos que criam, você os

conhece bem. Medo é medo, tenha você quatro anos ou quarenta. E amor é sempre amor.

Ensinar é comunhão entre pessoas. É possível somente em um clima de aceitação,

confiança e respeito escrupuloso pelo valor da outra pessoa.

Não nos é possível colocar coisas no aluno, como em um caixote, e o mandar pelo

mundo afora, pedindo a Deus que ele tenha o que precise nas horas de crise. O que ele

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precisa é simples: saber que é o filho de Deus e que tem uma missão na terra. Será esse o

assunto do próximo capítulo.

PARA VOCÊ PENSAR

1.Quando e em quais circunstâncias requer o comportamento complexo, causado e

proposital, a disciplina?

2. Que se deve conseguir pela disciplina? Cite exemplos.

3. Eis algumas perguntas que poderão ajudar você, a saber, até onde um ato disciplinar

ajudou seu aluno:

a)Como resultado do acontecimento, o relacionamento entre meu aluno e eu foi

fortalecido?

b)No ato de disciplina, o valor pessoal do aluno foi afirmado?

c)Se ele se encontra em outra situação semelhante a essa que criou a necessidade de

disciplina, ele irá querer minha presença e ajuda?

4. Sabendo agora o processo que leva pessoas a se tornarem cristãs, quais as razões

verdadeiras para a memorização de passagens bíblicas e o aprendizado de histórias da

Bíblia?

5. Procure compreender algum comportamento questionável, talvez irritante, por parte de seu

esposo, colega, aluno ou filho, por procurar imaginar a percepção dele na situação em que

agiu.

6. Leia novamente as secções desse capítulo intituladas "O Comportamento é complexo", "O

comportamento é causado" e "O Comportamento é propositado". À luz das idéias aqui

apresentadas, como explicar o êxodo grande dos jovens das nossas igrejas?

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QUE FAZ UM (A) PROFESSOR (A) DA ESCOLA

DOMINICAL?

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8.

QUE FAZ UM (A) PROFESSOR (A) DA ESCOLA DOMINICAL?

A função principal do (a) professor (a) da Escola Dominical não é difundir

informação, nem tampouco declarar a lei moral. É amar os filhos de Deus.

Tratar as pessoas: velhos, crianças, homens, mulheres, colegas, vizinhos, alunos,

alunas - de maneira cristã é coisa de todos os dias, de todas as horas. B mais do que ser

agradável, agir com boas maneiras. Não é camada superficial. Jorra de uma convicção interior

sobre as pessoas e seu valor e sobre o significado verdadeiro da vida. Boas maneiras se

aprendem de um livro. Convicções cristãs, não!

Suas convicções sobre as pessoas e seu valor e sobre o significado de sua própria vida

encontram-se bem no centro de todo seu ensino. Sua maneira de lidar com seus alunos e

alunas, o tipo de lição e experiência que você planeja junto com eles, a quantidade de tempo

e esforço que você expende no relacionamento, tudo isso revela suas convicções. É possível

que você nunca tenha colocado seu pensamento em palavras, mas mesmo assim, você se

comporta em termos de seus próprios valores.

Esse assunto, o valor e o sentido da vida humana, em termos tradicionais da Igreja

chama-se "a doutrina do ser humano". Talvez você nunca tenha imaginado que você possui

uma doutrina, mas possui, sim; e você vive de acordo com ela. B claro que eu não posso

descrever-lhe sua própria doutrina, mas posso, isso sim, esboçar a doutrina cristã, e você

pode compará-la com eu pensamento particular.

A doutrina cristã do ser humano

Todos os seres humanos são irmãos.

Essa tem que ser a verdade. Segundo nosso conhecimento as origens da espécie, os

seres humanos possuem parentesco comum. Toda vida humana começa da mesma maneira

e cresce da mesma maneira. As variações entre nós, em tamanho e aparência, são

semelhantes às variações em qualquer outra espécie. Produzem interesse e brilhantismo;

mas nenhuma característica por si mesma, nem altura, nem tamanho da testa, nem figura da

cabeça, nem cor da pele, nem formato do nariz, nenhuma dessas se demonstra superior a

todas as outras.

Deus é nosso Pai.

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O Cristão afirma que a fonte da vida, de toda a vida, da criação inteira, é Deus. O plano

ordenado, a sistemática, a dependebilidade e inter-relação complexa entre a vida, a água, o ar

e o solo, indicam um Poder imensurável e incompreensível. O universo não poderia ter

surgido por acaso. Deus é o poder criativo. Criou tudo. É o Pai de tudo.

Deus também é amor.

Ele está conosco, dentro de nós e em nosso meio. Deus é o tecido das nossas vidas, o

conectivo entre nós, que nos sustenta, nos segura, nos guarda, nos fortalece, nos restaura,

nos redime. É o amor entre os seres que no final das contas tem valor, que merece a

dedicação real das nossas vidas. Devoção inabalável é expansão do amor, verdade, justiça; é

a adoração verdadeira de Deus e o amor verdadeiro do vizinho. Deus não está "lá em cima",

nem "lá adiante", nem "lá no outro mundo". Seu reino está entre nós, agora.

Os seres humanos, todos os seres humanos, são formados na imagem de Deus.

Isto quer dizer que cada homem é único, diferente, sem par; não pode ser copiado.

Semelhante a Deus, ele é mente e espírito, inteligência e vontade. Ninguém pode medir os

limites de sua capacidade e esforço, nem ele mesmo. Ele tem um valor indeterminável: é

imensuravelmente precioso. Você o é; eu também. Também o são o adulto teimoso e a

criança desobediente. Uma pessoa, qualquer pessoa na face da terra, é mais importante do

que qualquer outra coisa nesse mundo.

É bem difícil acreditar nisso. Os jornais diariamente nos contam estórias de pessoas

que deliberadamente causaram angustia, sofrimento, e até a morte de outros, a seus irmãos.

Devemos valorizar tais pessoas?

Sim, devemos. Elas, como nós, são filhas de Deus. Deus nos chamou para ministrar a

elas, para levar-Ihes à redenção. Não nos é necessário apoiar a sua conduta. De fato temos o

direito, e até o dever, de nos proteger de sua influência e dos danos que causam. Mas como

pessoas, seu valor é inestimável. São filhos e filhas de Deus como nós somos.

A consumação da vida humana encontra-se no serviço aos outros.

Viver cada dia de maneira repleta, com cálice transbordando, usando total e

integralmente a inteligência e criatividade, somente se faz no serviço aos outros seres. Ao

amá-los, ao ajudá-ios, ao procurá-los, ao lutar por seus direitos e sustentá-los em seus

problemas, ao encontrá-los em sua solidão e regozijar com eles em suas felicidades, ao

ensiná-Ios. É assim que você encontra o significado e o propósito de sua própria vida. Jesus

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ensinou essa verdade. É preservado na frase paradoxal: "Quem quiser salvar a sua vida,

perdê-la-á; e quem perder a sua vida por minha causa, acha-la-á". (Mateus 16:25)

Por que é que procurar o bem dos outros providencia na vida da gente a satisfação

verdadeira e o significado pleno? Confesso que não sei. Só sei que é verdade. As pessoas

que se dão em serviço aos outros são mais humanas, mais calorosas, mais incansáveis, mais

responsáveis, e mais encantadoras que as que procuram em primeiro lugar seu próprio bem,

e poder, e glória. É uma das leis infalíveis do universo, tão segura quanto a lei da gravidade.

É fácil ver que a doutrina cristã do ser humano diz muito sobre nossos relacionamentos

com outras pessoas. Descreve, por implicação, a maneira em que o homem deve tratar de

sua esposa, seus filhos e filhas, seus colegas, seus alunos e alunas. Não podemos desprezar,

ignorar, humilhar, desvalorizar, censurar, dominar, rejeitar, ou de outra maneira ferir qualquer

ser humano. Por quê? Porque ele é filho de Deus, sagrado e precioso.

A doutrina cristã do ser humano diz que cada ser (e seu filho) é de inestimável valor, e

que, portanto deve ser valorizado, ajudado e servido. O zelador da igreja e seu filho, o

presidente do banco e seu filho, o ladrão e seu filho, os menos privilegiados e os mais ricos,

os graciosos e os rudes, os afetuosos e os hostis, homens e mulheres, todos são iguais aos

olhos divinos. Todos precisam de nosso cuidado e amor. Dá-Ihes isso é a vontade de Deus.

Fazer isso é adorá-lo em espírito e em verdade.

Que é o amor cristão?

Então, cuidar, ajudar, servir a alguém é amá-lo. B pena que só temos uma palavra

"amor" para descrever muitas relações bem diferentes entre vários tipos de pessoas. B uma

palavra que em nossos dias está manchada pelo mal uso e estragada pelo uso excessivo.

Mas, é a única palavra que temos, de modo que precisamos compreendê-la. Que quer

dizer amar uns aos outros? Podemos usar outras palavras para descrever o amor?

Amar a alguém significa que seu bem estar me importa a ponto de eu agir a seu favor.

B dar-lhe meu tempo, esforço, dinheiro, habilidade, informação, ajuda e assistência, sem

limites e sem reservas. É responsabilizar-me por sua saúde, sua segurança, seu bem-estar

pessoal. Amar alguém exige mais do que escrever-lhe uma carta, ou comprar-lhe um

presente, ou levantar-lhe uma oferta. Significa dar a si mesmo para ele.

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Amar alguém significa fazer o que o afirma como pessoa, digna e valiosa: talvez ouvi-lo

ou respeitá-lo; talvez chorar com ele ou regozijar em suas felicidades; talvez ajudá-lo a fazer o

que ele tem que fazer. Ele pode precisar de um amigo, de uma amiga, ou assumir uma

responsabilidade, ou conquistar um medo, ou confessar um erro, ou afirmar sua posição, ou

expressar sua ira, ou adquirir uma habilidade. Se eu o amo, estou pronto a me colocar a seu

lado. Noutros momentos, amá-Io significa não fazer nada que sufoca sua responsabilidade, ou

sua independência, que diminui seu conceito de si, que inibe sua liberdade de escolha, que

obstrui seu crescimento, que reduz seu sentido de autovalor.

Não é difícil perceber que para amar um outro é necessário perceber o mundo de seu

ponto de vista, compreender as pressões, tensões e experiências dele e participar de seus

sentimentos.

A marca do comportamento cristão é a habilidade de amar assim, amar até os não-

amáveis.

Onde enfraquecemos?

Infelizmente, nem sempre é possível tratar as pessoas de maneira a afirmar seu valor,

mesmo quando as amamos profundamente. Dominamos nossos filhos e filhas, tomamos

decisões em seu lugar, rimos com seus medos, desprezamos seus amigos, rejeitamos seus

sentimentos fortes. Brigamos com nosso esposo (ou esposa), presumimos superficialmente,

não sentimos suas tensões, suas esperanças, seus desapontamentos.

Por quê?

A razão é que somos, nós todos, inadequados e inseguros. Não temos certeza de

quem nós somos; não estamos totalmente convencidos de nosso crescimento; tememos não

ser bons maridos ou esposas, pais ou filhos, professores, obreiros ou trabalhadores. Não

amamos a nós mesmos, nem confiamos em nós mesmos, nem nos estimamos.

Mas deveríamos fazê-lo. Nossa doutrina cristã do ser humano nos diz que TODOS os

seres têm valor - e "todos" inclui a nós também. Muitas vezes esquecemos disso. No entanto,

é fato que lembrar desse fato não irá solucionar todos os nossos relacionamentos

problemáticos.

Como resolvê-los, então? E claro que a fim de melhorar as coisas, alguém tem que

mudar. Mas a única mudança que você pode controlar está em você mesmo. Então... é aí que

tem que começar. Se você pode se compreender, pode mudar. E mudar a si mesmo

transformará todas as suas relações com os outros.

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Freqüentemente, ao invés de agir para com ou junto a uma pessoa, nos reagimos

contra ela. Não conseguimos compreender que o comportamento de qualquer determinada

pessoa em qualquer determinado tempo é a sua resposta, a melhor que ela pode inventar,

àquilo que está acontecendo. Esse comportamento pode nos ferir, pode destruir nosso plano

de aula, pode contrariar nosso conceito do certo e errado, pode reduzir nossa própria auto -

estima. Como resultado, reagimos. Cortamos o relacionamento, retiramos nosso amor,

mandamos a criança para casa, fazemos careta, saímos para a rua, brigamos com toda força,

ou oramos, dependendo das circunstâncias.

Em qualquer hora que atacamos outra pessoa, quando nos enchemos de sentimentos

fortes de ira, estamos realmente mal satisfeitos conosco mesmo. Sentimo-nos frustrados, não

amados, inaceitáveis, não sucedidos nos relacionamento em pauta. Quando isso acontece,

morre nossa capacidade de amar os outros sem interesse altruísta. Sempre reagimos com um

espírito de vingança.

Se você aprender a distinguir entre sua ação e sua reação, estará começando a

compreender a si mesmo.

É verdade que um adulto é responsável por sua própria conduta, sua vida, sua

personalidade, seu caráter, quem é agora e quem está se tornando. É também verdade que

uma meninice sem o calor humano e sem o cuidado amoroso determina o tipo de adulto que

será. O comportamento de seus alunos e alunas é a resposta à experiência total de suas

vidas. Quer dizer que você, educador (a), não precisa se sentir ameaçado ou julgar que

fracassou só porque o aluno, ou aluna, não se comporta da maneira que você deseja. Você

talvez não seja responsável por uma atividade determinada em tempo determinado.

Qual é a responsabilidade do (a) educador (a)?

Mesmo assim, você é responsável pelo bem estar dos seus alunos e alunas. Você foi

chamado a ministrar a eles em nome de Cristo, sem limites, a fim de que eles se tornem as

pessoas completas, amáveis, e criativas que devem ser: fortes, sensíveis, sensitivas,

calorentas, confiantes, seguras, sem medo, rancor ou hostilidade.

Você exerce esse ministério pela maneira em que você relaciona-se com eles. Você

oferece a eles o amor - seu amor e o amor divino.

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O resultado de ser amado e valorizado por outra pessoa é que, por esse meio se chega

a amar e valorizar a si mesmo. Isso, por sua vez, o libera para amar e valorizar os outros.

Ninguém, persistentemente, todos os dias, procura o bem-estar de outrem a não ser

que esteja confiante de seu próprio valor. Se um pai (ou mãe) ou professor (ou professora) se

sente bem sobre seu trabalho, se reconhece que o futuro apresentará alegrias e problemas,

se não procura seu próprio bem, mas o bem do filho (ou filha), ou do aluno (ou aluna), então

ele é capaz de aceitar a indiferença e a rebeldia, o desdém e a desobediência como sinais de

um autojulgamento de insuficiência e não como ameaça à sua própria competência e

dignidade. Poder se comportar dessa maneira em um relacionamento com outro é a marca de

maturidade cristã.

No percurso desses meses em que estive escrevendo esse livro, indaguei-me

repetidamente se a boa teologia e a boa educação que lhes prometi no primeiro capítulo

realmente têm sentido para você. Você compreende o que escrevi? Você aceita? Você

acredita? Você pode praticar?

Acostumando-nos a novas idéias

Idéias novas, como sapatos, têm que ser usadas para acostumarmos a elas. I: só

depois de um certo tempo de uso que ficam confortáveis, especialmente se seu modelo é

novo. Na educação cristã que lhes descrevi nesse livro você talvez leve tempo para se sentir

bem.

Talvez você não saiba trabalhar com seus alunos e alunas a fim de estabelecer alvos

ou objetivos para sua vida conjunta na Escola Dominical, Educadores (as) freqüentemente

não gostam dos objetivos estabelecidos pelos alunos e alunas, ou se sentem inseguros

quando não podem prever o futuro imediato. Ou, caso os alunos e alunas participem da

determinação do conteúdo das lições, você pode indagar a si mesmo quando ou como você

vai apresentar "a lição", e ainda, que fará se eles perguntarem algo sobre a Bíblia ou a

doutrina que você não sabe responder.

Porque você não compreende bem o processo, é possível que esteja questionando a

necessidade de fazer de sua classe um grupo ativo. E até pode achar impossível fazer isso.

As questões que você está levantando, suas hesitações a aceitar as novas idéias não

me parecem superficiais ou sem importância. São atitudes que influenciarão seu ensino, e,

portanto teremos que considerá-las.

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Mas, primeiro, procuremos alguma perspectiva.

O que você quer fazer na Escola Dominical é ajudar pessoas a se tornarem Cristãs.

Esse também é o alvo do pastor. t a razão de ser da Igreja e de todo o seu trabalho.

Há outras definições dos alvos da Igreja. Richard Neibur diz que a Igreja procura o

crescimento entre os seres humanos do amor para com Deus e o vizinho. Outros dizem que a

Igreja existe para testemunhar o evangelho, ou para evangelizar.

Mas, quaisquer que sejam as palavras que usamos, permanece de pé o fato de que se

seus alunos e alunas vão tornar-se Cristãos profundamente dedicados, terão que fazer mais

do que ouvir ou falar sobre Cristianismo. Terão que experimentar o viver cristãmente em uma

fraternidade de Cristãos que trabalhem e estudem em conjunto. Uma maneira de garantir isso

é criar de sua classe um grupo interativo, uma igrejinha dentro da igreja.

A igreja que age somente por causa de manobras pastorais é uma igreja fraca; uma

classe que só fizer o que o professor mandar, será classe fraca. Nenhuma, nem outra fará

contribuição verdadeira à vida dos participantes. Os membros terão moral baixo e pouca fé.

Cristãos verdadeiros são pessoas que tomam decisões, correm riscos, encaram dificuldades,

agem.

Seu grupo-classe irá agir, e você nem sempre saberá qual a próxima questão, ou idéia,

ou decisão, ou bobagem. Porque você acredita que os alunos e alunas possuem valor e

dignidade, que precisam pensar por si mesmos e crescer sozinhos, você continuará a manter

com eles um relacionamento honesto, aberto, confiante. Levantará questões, providenciará

informação, exercerá julgamentos, compartilhará seus entusiasmos, revelará suas

convicções. Quando você não souber a resposta, dirá que não sabe. E, em seguida, ajudará a

classe ou a pessoa a descobrir uma maneira de encontrar a resposta que precisa.

É verdade que alguns dias você talvez abandone a lição da revista da Escola

Dominical. Não será culpa sua, nem da comissão de currículo, nem do autor da série.

Realmente não será culpa de ninguém. Não há "culpa".

Ninguém pode descrever em detalhe o próximo passo imprescindível ao crescimento

cristão de outra pessoa. O melhor que os escritores de currículo podem fazer é desenvolver

cursos de estudo apropriados às diferentes idades da Igreja no tempo em que vivemos. Não

podem adivinhar as necessidades e interesses de uma classe determinada, composta de

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alunos determinados, em um tempo e lugar determinados. Isso, somente você pode

determinar. É você que terá que combinar as vidas dos seus alunos e alunas com as

interpretações e discernimentos oferecidos pela revista. Para tal você precisa olhar o

conteúdo todo antes de começar, porque sua classe pode levantar no princípio questões que

os escritores levantaram somente no fim.

Esse livro tem sido uma descrição de um método de educação cristã, uma maneira

pela qual educadores (as) e alunos (as) possam viver em conjunto, como cristãos. Uma

pessoa não pode se tornar Cristã sozinha, do mesmo jeito que não pode se tornar humana

sozinha. Nem pode seu aluno ou aluna permanecer Cristão sozinho. O Cristianismo é uma

vida, uma vida de relacionamentos, de serviço, de andar a segunda milha, de dar mais do que

se pede ou se merece ou se espera.

Como um conjunto de crenças, o Cristianismo pode ser ensinado mais ou menos como

ensinamos história, geografia ou matemática. Como meio de vida, o Cristianismo só pode ser

aprendido dentro de uma comunidade cristã, pela convivência cristã.

Você pode até perder um pouco de sua autoconfiança ao reconhecer que precisa criar

uma pequena comunidade cristã, talvez sozinho. Você queria que alguém o ajudasse. Com

dois, quem sabe, iria melhor. Se alguém ajudar, talvez seja mais fácil.

Então, arranje um co-professor. Entre nós, até agora, dois professores para uma classe

só é idéia não muito experimentada. Mas tente. Vê se encontra alguém na igreja que quer

formar uma equipe, algum amigo ou amiga compatível que compreende seu ponto de vista e

que compartilha suas convicções e seus anseios. Trabalhem os dois juntos.

Uma coisa precisa sempre lembrar: você mesmo nem sempre pode julgar corretamente

seu sucesso nem seu fracasso.

No meu tempo de segundo grau numa cidadezinha bem no interior, eu assisti fielmente

a Escola Dominical de uma Igreja Protestante em uma comunidade de classe média-baixa.

Meu professor era tipógrafo de um jornal diário: era homem de convicções profundas, mas

capacidade verbal muito limitada. Até o belo dia de hoje não me lembro de nada que ele nos

disse. Mas jamais me esquecerei o esforço imenso que exerceu para dizê-lo. No percurso da

hora da classe, suava cada vez mais. Antes do fim da aula sua camisa e seu lenço ficavam

ensopados de suor. Senti grande compaixão por ele, ao lado de uma tremenda admiração por

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sua iniciativa e esforço. Foi completamente evidente a todos os seus alunos e alunas que este

homem levava a sério a importância da Escola Dominical.

Sr. Pedro foi nosso professor por apenas dois anos. Deixou-nos, ele mesmo o disse,

porque reconhecia que não era bom professor.

Não tenho a mínima idéia de quem o substituiu. Alguém deve ter ensinado a classe,

talvez o pastor enquanto procuravam outra pessoa. Sei que continuei a assistir, pois a Escola

Dominical era hábito forte em minha vida. Mas não me lembro de ninguém mais que me

ensinou, nem de nada que foi dito na classe.

A minha única lembrança do departamento de jovens é o suado Sr. Pedro, que nos

ensinou porque tinha convicções profundíssimas e que nos largou porque se achava

incompetente. Este homem dedicado, zeloso, apaixonado, sincero, era mais convincente e

bem mais competente do que ele mesmo imaginava.

Não estamos sós

Há um poder que trabalha em nós e por meio de nós e muito além de nós. Permanece

depois do nosso tempo e sua força excede a nossa. Não é limitado por nossas imperfeições e

nossas insuficiências; é só limitado por nossa indiferença.

Somos gratos ao Espírito Santo por sua participação na luta, ao nosso lado.

Precisamos dele e dependemos dele. Mas não devemos nem podemos contar com ele para

fazer aquilo que nós mesmos podemos e devemos fazer. Alguém disse que temos que

trabalhar como se o estabelecimento de seu reino dependesse unicamente de nós e orar

como se dependesse unicamente dele.

Não estamos sozinhos em nosso trabalho. Inumeráveis homens e mulheres que não

conhecemos e que provavelmente nunca encontraremos estão trabalhando como nós e

conosco, fazendo o que podem onde quer que estejam. Inumeráveis outros viveram antes do

nosso tempo; ainda outros continuarão depois de nós. Este é o percurso da história do povo

de Deus.

"Portanto, também nós, visto que temos a rodear-nos tão grande nuvem de

testemunhas, desembaraçando-nos de todo o peso e do pecado que tensamente nos assedia,

corramos com perseverança a carreira que nos está proposta”.(Hebreus 12:1)

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PARA VOCÊ PENSAR

1.O que diz a doutrina cristã do ser humano, por implicação, sobre relações familiares:

esposa-marido, pai-filho, irmão-irmã?

2. Medite sobre:

- O sentido e funcionamento do amor: 1 Coríntios 13 e 1 João 4:7-21

- Você foi escolhido: João 15:12-17

- A grande comissão: Mateus 28:16-20