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SUMRIO
ARTES CNICAS ........................................................................................
Captulo I: Histria do Teatro .................................................................... 6
Captulo II: Interpretao ......................................................................... 34
ARTES TCNICAS
Captulo III -Figurinos ............................................................................. 70
Captulo IV- Adereos .......................................................................... 81
Captulo V - Cenografia ........................................................................... 82
Captulo VI - Iluminao .......................................................................... 86
Captulo VII -Maquilagem .................................................................... 100
Captulo VIII -Sonoplastia ou Sonorizao .......................................... 104
MONTAGEM E PRODUO DE ESPETCULOS TEATRAIS
Captulo IX - Montagem e produo de espetculos Teatrais ............... 106
Captulo X - O Ator e o seu Espetculo ................................................ 150
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ARTES CNICAS
CAPTULO I A HISTRIA DO TEATRO
PRIMRDIOS DO TEATRO
Ao falarmos de Teatro, importante nos remetermos a sua origem para entendermos
que o homem sempre esteve ligado, de alguma forma, representao ldica do seu
cotidiano. Hoje existem algumas classificaes anteriores ao chamado Teatro greco-litrgico,
palco de grandes inovaes na dramaturgia.Chama-se de Teatro Egpcio (sc. XXV a.C.) tudo o que se refere aos textos de
SABACON, cujo foco central era a Deusa egpciaHorus. Fala-se, ento, de livros dos mortos e
textos de sarcfagos, dando lies para fazer durante o dia e sendo enrolados em papiros
nas urnas dos mortos. Mas, segundo Junito Brando, havia no Egito um teatro de feio
litrgica com intenes religiosas definidas, mas de grande beleza. O antigo Egito conheceu,
pois, dois gneros de manifestaes dramticas, desenvolvidas sobre planos diferentes e
irredutveis um ao outro: a ao ritual e o drama religioso, distinguindo-se este pelos
objetivos, pelo esprito, pelas intenes e processos. "Era realmente um teatro que
reproduzia ao vivo, com personagens, gestos e palavras, os episdios que se desejavam
evocar ou imaginar, e no uma sugesto por smbolos. Era um espetculo, no um mistrio".
No Teatro Hindu, na ndia do Sc. XIV a.C., o teatro existente totalmente ligado
religio e s histrias de aventuras dos deuses que eram verdadeiros heris destemidos,
vencedores de demnios e que eram amados pelos pastores. Trata-se de representaes,
imitaes, algo ldico. Neste teatro, atribui-se Brahma como autor e organizador do gnero
dramtico, para complementar os Vedas criados. O Teatro chins, na terra de Buda,
baseado nos mistrios tibetanos, falando da geografia local, peregrinaes, sofrimentos e
tormentos deste. As representaes aconteciam nos mosteiros, campos e templos locais.
Em Creta, tudo que foi encontrado relativo ao teatro foram dois edifcios
construes bem semelhantes s gregas que indicam fortemente a presena do teatro na
ilha.
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O teatro Grego tem seus primrdios na liturgia, onde os mistrios eram encenados em
trs graus de inclinao (purificao, consagrao e contemplao), falando sobre a vida
ps-morte, baseado nos Mistrios de Elusis, rituais destinados a Demter , a terra-me.Ao voltar origem da Tragdia (tragos=bode; ode=canto; ia sufixo=tragoedia ou
tragdia), impossvel no falar sobre o mito de Dionsio Deus do Vinho e do Teatro, filho
de Zeus. Hera, esposa de Zeus, perseguiu Dionsio, pois este no era seu filho e no queria
que este herdasse o poder de um deus. De acordo com a tradio, sua concepo ocorreu
em Tebas, quando sua me, Smele, filha de Cadmo, o fundador da cidade, foi amada por
Zeus que se disfarara de homem. A vingativa Hera, irm e esposa deste, adotou a aparncia
da antiga ama-de-leite de Smele e se negou a acreditar que Zeus fosse o pai do filho que a
princesa tebana esperava, a menos que esta convencesse o deus que o demonstrasse,
apresentando-se diante dela com o seu verdadeiro aspecto. Smele, ento, preparou uma
armadilha e o fez apresentar-se, ento, como realmente era. O brilho de Zeus, no entanto, a
fez encolher at convert-la em nada.
Desta forma, morrera carbonizada. Zeus pegou o corao de Dionsioe colocou-o na
coxa at que ele nascesse. Depois, o deixou nas montanhas, lugar mido e sombrio onde
vivia comninfas e stiros (homens-bode). Um dia, bebendo suco, Dionsiopegou um clice
de ouro, espremeu a videira e deu origem ao vinho. Isso passou a ser uma festa: a Vindima,
onde todos bebiam e cantavam at carem desfalecidos em homenagem a Dionsio(ou Baco,
ou Iaco e ou Zagreu, seus diversos nomes).
A Plis do Olimpo so crenas que conduziam as aes das pessoas e a busca da
imortalidade que causava cimes nos deuses, j que levavam as pessoas a ultrapassar o
Mtron, ou seus limites. Ao ultrapassar o Mtron, atravs do xtase e entusiasmo, chega-sea ao ner , conhecido como estgio de ator. Este estgio provoca a Hibris, uma espcie de
violncia contra si mesmo quando se transforma em um personagem, j que assim, a pessoa
renega o que sente para viver os sentimentos deste. Assim, cai-se num Nmesis o cime
divino que causa obsesso provocando a cegueira da razo, conhecida como Ates. Sem
razo, o indivduo provoca a Moira, o destino cego. Todo este processo de estgios falado
para justificar aos homens que no se deve ultrapassar o M tron, ou manter-se no limite,
para que se possa manter o controle de suas vidas. justamente essa transformao o
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elemento fatorial da religio dionisaca, pois o homem, arrebatado pelo Deus, torna-se
diferente do que ele no cotidiano. E, segundo Aristteles, somente a partir desta
transformao que pode surgir a arte dramtica.
O MILAGRE GREGO
Antes de iniciar a trajetria do teatro a partir da tragdia, importante salientar que o
sculo V a.C. foi a poca em que melhor se instalou uma democracia. Nesta poca, Atenas
vivia ares de liberdade, o que impulsionou a busca pela razo, iniciada pelos
questionamentos de Scrates, j que este tentava buscar fontes para explicar as razes
humanas e sociais no mais pela natureza, mas pelo raciocnio, pela racionalizao do
pensamento. Com isso, nascem grandes filsofos como Plato (428 a 347 a.C.) e Aristteles
(384 a 322 a.C.), que daro continuidade s suas discusses, transformando a arte, a cincia
e o agir poltico. Estas buscas nos so reafirmadas nas obras Antgona e dipo Rei, por
exemplo, onde questionamentos sobre as atitudes de autoridades so justas e igualitrias ao
povo.
Plato, por sua vez, discutia a arte de representar, querendo que os poetas fossem
banidos, dizendo que era a mimeses da mimeses, ou imitao da imitao e, por isso, no
podia ser considerada original. Ao contrrio de Aristteles que afirmava a representao
como legtima, pois, por poisis, tornava perfeito o que a natureza fez imperfeito. Para ele, a
representao no imitava a vida como ela era, mas como deveria ser, de forma aprimorada,
exemplificando com as abordagens morais de Sfocles (495 a 406 a.C.) e squilo (525 a 490
a.C.).
PROMETEU ACORRENTADO a nica da trilogia escrita por squilo sobre Prometeu,
traz aspectos de justia, piedade e moral. A moral do personagem no abalada, pois este
um heri que causa piedade e temor na platia. Seu foco principal a inteligncia. A razo
chega aos homens atravs de novos questionamentos e saberes filosficos e humanos.
Coloca a forma de governo ditatorial por terra, sob a forma de Jpiter, que cai do poder no
final.
ANTGONA e DIPO REI so peas escritas por Sfocles que retratam a moral e a
liberdade, mostrando as pessoas como elas deviam ser, quais atitudes seriam justas e
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cabveis tanto corte real quanto ao povo. Trata de temas como incesto, amor, culpa,
orgulho e ainda sobre divindades e orculos, presentes na vida dos homens desta poca.
Sfocles reduz a importncia do coro em suas peas e o maior vencedor dos concursostrgicos.
A TRAGDIA
A esttica de Aristteles primeiro terico da tragdia aponta os dois conceitos que
definem o gnero: a mimese, ou imitao da palavra e do gesto, que para ser eficaz deve
despertar no pblico os sentimentos de terror e piedade; e a catarse, efeito moral e
purificador que proporciona o alvio desses sentimentos.
Tragdia o gnero teatral em que se expressa o conflito entre a vontade humana,
por um lado, e os desgnios inelutveis do destino, por outro. A rigor, o termo s se aplica
tragdia grega ou clssica, cuja origem se confunde com o prprio teatro, mas por analogia
tradicionalmente estendido literatura dramtica de vrias pocas, em que conflitos
semelhantes so tratados. A tragdia surgiu na Grcia no final do sculo VI a.C. e esgotou-se
em seu sentido genuno em menos de cem anos. Assim, quando no sculo IV Aristteles
formulou a Potica, sua teoria da tragdia, o pensamento filosfico estava plenamente
estabelecido e a tragdia no tinha mais lugar. Sucedeu historicamente epopia e poesia
lrica e se extinguiu com o advento da filosofia.
O momento histrico da tragdia corresponde a um estado particular de articulao
entre o mito e a razo, em que essas categorias entram em conflito e preparam a vitria
final do pensamento. Marca a transio do homem trgico, sujeito aos caprichos dos deuses,
o homem descrito na mitologia e na poesia de Homero, para o homem dramtico ("drama"
deriva de uma palavra grega que significa "ao") ou homem de ao, cidado poltico,
descrito por Aristteles como senhor de sua vontade e responsvel por seus atos. A deciso
trgica se d entre os desgnios dos deuses e os projetos ou as paixes dos homens. A
tragdia, portanto, exprime o debate entre o passado mitolgico e o presente da polis, ou
cidade.
A palavra grega "tragdia" significa "canto do bode" e se refere possivelmente ao
ritual em honra a Dionsio do qual, segundo Aristteles, o teatro se originou. Sua fonte o
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Ditirambo, canto executado por um coro no qual se destaca o Corifeu. O rito a Dionsio, no
qual se sacrificava um bode, ligava-se ao culto da fertilidade e ao ciclo vegetal, e, portanto,
ao ciclo da vida humana. Esta condicionada pela sombra da morte e do desastre, emboraaberta, no rito dionisaco, possibilidade de ressurreio. As tragdias eram apresentadas
ao pblico nas Grandes Dionisas, festivais realizados em Atenas a partir do sculo VI a.C. por
iniciativa do tirano Psstrato. Tspis tido como o primeiro tragedigrafo, pois a ele se
atribui a dramatizao dos Ditirambos, poemas narrativos cantados por um coro. O Corifeu,
integrante destacado do coro, teria passado a dramatizar os versos que cantava e a esboar
um dilogo com os demais integrantes.
squilo, primeiro poeta trgico clssico do qual se conhecem vrias obras completas,
manteve o predomnio do coro, mas introduziu um segundo ator alm do Corifeu, o que
reforou a dramatizao. Sfocles, no sculo V, escreveu dilogos para um terceiro ator que,
como os outros dois, podia desempenhar vrios papis mediante o tradicional recurso das
mscaras. A sobriedade e a grandeza das tragdias de squilo e Sfocles foram atenuadas na
obra de Eurpedes, o terceiro dos grandes trgicos clssicos, em favor da maior humanizao
dos personagens. A partir do sculo IV a.C., a tragdia grega , j despojada de sua funocatrtica, tornou-se retrica e sobrecarregada, como sucederia mais tarde tambm com a
tragdia romana, representada por autores como Lvio Andrnico e Sneca.
Tragdia Moderna
O gnero trgico ressurgiu na Inglaterra, nos sculos XVI e XVII, com autores comoChristopher Marlowe, que conferiu carter herico aos personagens, e como William
Shakespeare, que expressou, de forma inigualvel, sua viso da capacidade humana de
enfrentar as foras do destino em situaes extremas, embora se afastasse dos parmetros
clssicos. No sculo de Ouro espanhol, a tragdia foi cultivada por grandes figuras da
literatura, como Pedro Caldern de la Barca. A tragdia francesa, do sculo XVII, recuperou
os modelos gregos e alcanou grande profundidade psicolgica com as obras de Corneille e
Racine.
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Uma nova espcie de tragdia surgiu no norte da Europa, no sculo XIX, com Ibsen,
Strindberg e Tchekhov. Ao contrrio das anteriores, as peas foram escritas em prosa e os
temas adaptados s inquietaes contemporneas.A despeito dos horrores da segunda guerra mundial, que poderiam ter inspirado o
drama trgico, e das obras comoventes sobre a solido e da desolao do ser humano no
teatro ps-guerra, a tendncia, no final do sculo XX, era considerar o gnero ultrapassado.
O DRAMA SATRICO
Mais antigo que a prpria Tragdia, o drama satrico passou a fazer parte dos
concursos trgicos atravs de Prtinas, o primeiro autor de dramas satricos, em 490 a.C.
Escreveu 32, dos quais todos se perderam na histria. Refere-se aos entoadores de
Ditirambos, vestidos de bode (stiros). Foram estes dramas os responsveis pela instituio
da tetralogia em detrimento trilogia, devolvendo tambm o xtase e entusiasmo de
Dionsio ao povo, j que os sentimentos apareciam de forma mais amena e apresentava
sempre um final triunfante, ou feliz. No drama satrico, o coro veste-se de homens-bode.
Os Stiros, ento, vestiam uma malha e calo cor-da-pele, ornado na frente com um
falo e atrs com uma calda, estavam geralmente descalos, enquanto os que representavam
os nobres calavam botinas. Os demnios-bodes, como eram originalmente chamados,
apresentavam barba ouriada, cabelos bagunados e levantados para trs, alm de
possurem fronte larga e rugas na testa. Bem como na tragdia, o drama satrico era dividido
entre partes cantadas e recitadas, sendo dois ou trs atores, representando dois episdios, o
que faz ocorrer apenas um estsimo, descrito anteriormente na tragdia.
A COMDIA
Comdia Antiga
De acordo com Aristteles, a comdia origina-se dos cantos flicos que
acompanhavam os rituais ou Faloflias, uma espcie de procisso em que se carregava um
falo em homenagem fertilidade, um smbolo de fecundao da terra. Estes eram os ritos
principais das Dionsiasrurais ao lado dos Komis, cujo principal significado est ligado a um
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bloco de festa em procisso, onde durante a noite, escoltavam um falo (komo + ode + ia =
comdia). Jovens saam em posse de animais mortos durante a noite, solicitando donativos
de casa em casa, movimentando as pessoas nas ruas. D-se a esse ritual a razo de muitasobras desta poca serem denominadas por animais, com "As Rs", "As Aves" e "Os peixes",
de Aristfanes, nico autor da Comdia Antiga.
Esta fase do teatro divide-se em trs partes: O gon, caracterizado pelo debate entre
os atores e o coro, chamando a ateno do pblico para o assunto da pea; A Revista,
apresentando vrias esquetes para se desenvolver o tema e o xodo; e, a Sada do Coro,
porm, de forma diferente da Tragdia, que agora sai em forma de evolues. Inicialmente
composto por 24 figurantes, o coro foi perdendo contingente, tendo seu nmero reduzidopara 8, 4 at a sua total extino. Sendo a comdia antiga descrita por uma grande farsa,
tem como aliada para esta proposta uma vestimenta grotesca sempre igual: colante cor-da-
pele, falso ventre, falo e ndegas, tentando aparentar nudez. A mscara ainda mais burlesca,
adaptava, por vezes, barba e cabelo. Para completar, calavam sandlias comuns de correias
entrelaadas.
Comdia Nova
A comdia antiga morre com Aristfanes, em poca de guerras peloponesas
batalhas interminveis e na circunstncia da queda da Democracia ateniense , junto com a
morte de Alexandre e a ascenso do imprio macednico ao poder. Tempos de grandes
dificuldades, de desesperanas que enfraqueceram o povo e a economia. Com isso, a
comdia passa a parodiar a vida cotidiana, colocando os Deuses em locais e situaes
comuns, caracterizando o que se chamou de mdia comdia, antecedendo a Comdia Nova
(336 a 250 a.C.) que trazia nova linguagem, agora requintada, inteligente e mais sutil, pois se
apropriava do ambiente familiar tipicamente burgus e repleto de conflitos sociais.
Menandro (342 a 291 a.C.) o autor mais conhecido deste momento do teatro,
influenciando seus contemporneos Plauto e Terncio. Ao quebrar a estrutura da comdia
antiga (agora com apenas um prlogo e sem o coro), carrega de pardias as suas obras,
como "Omisntropo".
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O TEATRO E O CRISTIANISMO
O teatro chegou a ser considerado uma atividade pag por fora do Cristianismo, o
que prejudicou muito o seu desenvolvimento. Paradoxalmente, foi a prpria Igreja que"ressuscitou" o teatro, na era da Idade Mdia, atravs de representaes da histria de
Cristo.
Enquanto isso, atores espanhis profissionais trabalhavam por conta prpria e
recebiam patrocnio dos autores de comdia, atravs de festivais religiosos que eram
realizados nas cortes da Espanha, com alta influncia herdada das encenaes italianas.
BUFES
Presentes na
perodos monrquic
eram pessoas, gera
que podemos dizer
lepra, ao ananism
Diante disso, passa
corte com suas ac
envoltos sem que
esses deboches eram tidos como entretenimento para todos. Com o tempo, estas pessoas,
que eram assim o tempo todo e no apenas diante do Rei em determinados momentos,
foram sendo utilizadas nos palcos por alguns personagens, influenciando os Clownse Zannis.
Idade mdia, caracterizada por
os, os bufes ou bobos da corte
lmente, caricatas da sociedade, o
que sofriam certa excluso, devido
o ou outra caracterstica especial.
ram a ter liberdade para alegrar a
robacias e crticas ao Rei e seus
houvesse punio. Pelo contrrio,
MMICA
Acredita-se que a mmica um recurso utilizado pelo homem
desde os primrdios, antecedendo a comunicao verbal. E, utilizada
sempre que no se consegue explicar atravs da linguagem de qualquer
regio. Como foi falado anteriormente, a mmica era utilizada pelo coro
em concursos trgicos durante a dana que executavam, sobretudo com
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as mos. Assim definida, dana com as mos, um recurso utilizado na comdia Del Arte,
nas apresentaes de Clownse em outras vertentes teatrais.
O artista que elevou a mmica a uma forma de arte suprema, o poeta do silncio quefoi o artfice do renascimento da arte da pantomima, aps a Segunda Guerra Mundial,
faleceu ontem. Considerado por muitos como o Picasso da Mmica, foi reconhecido pelas
Naes Unidas que o elegeram, em 2002, "Embaixador da Boa Vontade para o
Envelhecimento". O universalismo da sua mensagem foi capaz de unir platias separadas
em todo o resto, durante anos a fio, com uma sensibilidade tocante. A figura frgil e bela do
arlequim denunciou tenazmente o comodismo, o egosmo, a covardia, a mesquinhez, a
misria e a prepotncia da espcie humana, elevando a mmica a patamares nunca antesatingidos, e erguendo bem alto a chama eterna e libertadora da expresso artstica.
" A mmica uma arte que hipnotiza. uma linguagem universal, e assim como a
msica, no conhece fronteiras nem nacionalidades , dizia ele. Se a gargalhada
e as lgrimas so caractersticas da humanidade, ento todas as culturas esto
mergulhadas na nossa arte .
COMDIA DELARTE
Surge na Itlia, no sculo XVI, e tem como base
a mscara e o improviso. A maioria dos atores da poca
era analfabeto, o que tornava o texto obsoleto. Assim,
os que sabiam liam os textos e em cima dissomontavam as peas. Usava-se de artimanhas para
aproximar a representao da realidade do local em
que se apresentavam, pois ganhavam pblico viajando
por diversos locais da Europa, sobretudo Frana e
Itlia. Ao se utilizar de mmicas, poderiam ser
entendidos por todos, j que encontravam pelo
caminho vrios dialetos, os quais no sabiam falar. No
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entanto, este era apenas um instrumento utilizado na falta de outro recurso.
Estas companhias itinerantes ensaiavam tambm acrobacias que chamavam muita
ateno do pblico, dando como caractersticas a agilidade e flexibilidade fsica dospersonagens, sobretudo dos Zannis, ou empregados. a primeira vez que aparece uma
mulher atuando numa representao teatral. Com cenrios em perspectiva, dando iluso de
fundo feito com carvo, as peas duravam cerca de 3 a 4 horas, surgindo da o famoso
tomate jogado no palco como crtica do pblico, j que estes levavam seus lanches para as
apresentaes.
Os personagens da Comdia DelArte eram fixos e se diferenciavam atravs das
mscaras. Os doutores ou patres vestiam mscaras que cobriam apenas a fronte e o nariz.Os enamorados usavam mscaras brancas com traos finos e sutis para dar um carter
romntico aos apaixonados. J, os Zannisvestiam mscara preta ou marrom com verruga no
lado direito da testa e traos grotescos, para dar um ar cmico e rude aos personagens, alm
de usarem vestimentas feitas de sacos ou panos de cho.
Carlo Gordoni, j no final do sculo XVIII, quando a Comdia DelArte entra em
decadncia, apresenta textos caractersticos que no so mais considerados desta escola, o
que desfigura esta arte.
CLOWN
Este termo de origem camponesa, mas as razes
esto na comdia grega e romana, alm das apresentaes daComdia DelArte atravs do Zanni . O Clown um
personagem de caractersticas rsticas, simples e ingnuas,
semelhante aos bufes da idade mdia, brincando com
instituies e valores. O Clown assume, por inteiro, a sua
identidade, pois est sempre acabando de descobrir-se e,
portanto, mostrando suas fraquezas e barreiras entre ele e a
sociedade urbana.
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Ultrapassando as praas, os palcos e depois os cinemas, vrios personagens
ganharam fama mundial, dentre eles Charles Chaplin, Hardy e Laurel em O Gordo e o
Magro e outros que, revelando o lado pattico de si (e detodos) ganharam a sociedade desde ento. Uma pessoa ou
no um clown, porque ela apresenta tais caractersticas alm
do palco. Por isso, muitos personagens vieram de geraes de
clowns, cresceram fazendo isso e ao longo de muitos anos,
foram adquirindo capacidade de execut-lo com a simplicidade
e, ao mesmo tempo, com toda a sua complexidade necessria.
Ampliam-se os aspectos ingnuos e puros atravs de umprocesso doloroso de criao, pois o artista confronta consigo
mesmo, revelando o que h de mais fraco e ridculo em si para
rir e se fazer rir disso tudo. Mas, no podemos confundir: o
clown no um palhao, ele no age com a inteno de nos fazer rir, ele nos faz rir pelas
caractersticas grotescas que reconhecemos nele e que existem em ns, principalmente. Ele
no representa, ele e, por isso, profundamente humano.
SHAKESPEARE (1564 - 1613)
Autor ingls designado como o maior autor de
todos os tempos, viveu, entre 1564 a 1613, na Inglaterra
e, durante boa parte desse tempo, escreveu inmerasobras diferenciadas, entre tragdias, comdias e histrias.
Acredito que foi devido influncia de Scrates que
Shakespeare ambientava em suas obras:
questionamentos filosficos e psicolgicos, tentando fazer
com que o pblico buscasse dentro de si as respostas para
suas angstias, crises, dvidas e sentimentos fortes
vividos pelos personagens, que antes lhe eram desconhecidos. Tal como o fez no
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outros.
existencialismo presente em Hamlet, o amor e o dio em Romeu e Julieta, o cime trgico
de Otelo, a ambio e o poder em Macbeth e Ricardo III, a astcia e religio em Mercador de
Veneza, entreSua obra tomou tamanha proporo por se utilizar de linguagem simples, porm com
vocabulrio rico e diversificado, apresentando, claramente, o cuidado e o zelo que tinha por
suas obras, de forma que no atingissem Rainha Elizabeth e nem a ningum diretamente, e
que pudesse ser entendida por todos. O autor possui caractersticas fantasmagricas em
muitas de suas obras, relevando aspectos sobrenaturais, em alta discusso em todos os
aspectos sociais desde os primrdios da humanidade, tratada, por ele, de forma mais
cmica. A crtica pode ser vista em todas as suas obras, sobretudo nas comdias. Noentanto, ao ambientar as obras distante da Inglaterra e pelo cuidado com a escrita, escapou
de restries s suas obras e qualquer penalidade que pudesse sofrer ao criticar a corte e a
sociedade. Devido a este fato muitas pessoas podem extrair diversas discusses sobre a
poca em que viveu.
Principais obras:
Comdias: O Mercador de Veneza, Sonho de uma noite de vero, A Comdia dos
Erros, Os dois fidalgos de Verona, Muito barulho por coisa nenhuma, Noite de
reis, Medida por medida, Conto do Inverno, Cimbelino, Megera Domada e A
Tempestade.
- Tragdias: Tito Andrnico, Romeu e Julieta, Julio Csar, Macbeth, Antnio e
Clepatra, Coriolano, Timon de Atenas, O Rei Lear, Otelo e Hamlet.
- Dramas Histricos: Henrique IV, Ricardo III, Henrique V, Henrique VIII.
MOLIRE
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Nascido em Paris, na Frana, em 1622, e batizado
como Jean Baptiste Poquelin, viveu praticamente dentro da
corte, j que seu pai era um funcionrio real. Assim, logocomeara a trabalhar para o Rei e observar aspectos que
viria a acrescentar em suas obras posteriormente. Em 1643,
fundou com sua amante Madelaine a Companhia Ilustre de
Teatro (L'Illustre Thtre), que fechou, em 1645, por dvidas.
Dvida estas que causaro a priso de Poquelin. No entanto,
libertado, com a ajuda de seu pai, toma por pseudnimo o
nome de Molire e vai para uma pequena cidade no sul da Frana. Viajar por muitascidades, onde ter contato com a Comdia DelArt.
Em 1654, retorna Paris, mas, s em 1659, faz sucesso com As preciosas Ridculas
e, em 1662, com Escola de Mulheres. A partir da, faz sucesso entre crticas burguesas,
casa-se vrias vezes e tambm censurado. Morre, em 1673, em ocasio de apresentao
da pea O Doente Imaginrio de sua autoria. A caracterstica marcante de Molire foi
justamente ir de encontro ao classicismo francs que pregava regras para o teatro baseadas
no aristotelismo, onde tudo dentro da pea deveria acontecer num prazo de 24 horas e no
mesmo espao fsico. Molire considerado o pai da comdia de costumes, ou comdia
burguesa, que vai criticar as atitudes da famlia dentro da sociedade burguesa, se utilizando
de linguagem da prpria classe burguesa para critic-la. Esta sociedade se desfalecia em sua
moral e costumes, como o machismo, a soberba e a cultura.
A partir do sculo XVIII, acontecimentos como as Revolues Francesa eIndustrial, mudaram a estrutura de muitas peas, popularizando-as atravs de
formas como o melodrama. Nessa poca, em todo o mundo, surgiram inovaes
estruturais, como o elevador hidrulico, a iluminao a gs e eltrica (1881). Os
cenrios e os figurinos comearam a ser melhor elaborados, visando transmitir
maior realismo, e as sesses teatrais passaram a comportar somente uma pea.
Diante de tal evoluo e complexidade estrutural, foi inevitvel o surgimento da
figura do diretor.
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O autor russo considerado um divisor de guas na
por este autor, para engrandecer o trabalho de
STANISLAVSKI (1863 1936)
interpretao, propondo atos comedidos e realistas, onde o
ator empresta suas experincias ao personagem. Segundo
Stanislavski, at a pele do ator muda quando este executa
uma ao de dentro para fora, ou seja, totalmente
envolvido com o sentimento do personagem atravs da
busca de uma situao prxima que pudesse ou fosse vivida
pelo ator.
Colher informaes, dentro do texto e pensar sobre
a vida e situaes do personagem, so tcnicas ensinadas,
percepo, onde o ator precisa fazer nascer
um novo ser, criar a sua respirao, o seu corpo, a sua comunicao com o mundo e com as
pessoas. Utiliza-se, assim, a tcnica do como se fosse eu. Atravs deste estudo, um
personagem ser representado de formas diferentes por cada ator, j que aquele
construdo de acordo com as vivncias deste.
Alm disso, a concentrao um ponto muito importante para a transferncia de
sentimentos. O ator deve agir com o inconsciente consciente, para que as aes se tornem
orgnicas e, ao mesmo tempo, se esteja atento ao que acontece no palco. Ou seja, o ator
deve ter conscincia cnica, principalmente, ao lidar com aes fsicas e contato com o outro
em cena. Para isso, o ator deve conhecer seu prprio corpo, saber de seus limites, suas
capacidades, deve ser um bom observador e eliminar clichs. Desta forma, o texto a
ltima coisa em que o ator pega para fazer um papel, pois j que estudou a vida do
personagem e ele j est impregnado em suas aes. O texto flui facilmente, visto que o
subtexto fortemente expressado e pensado pelo ator.
ANTON TCHKHOV (1860 1904)
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Anton Pavlovitch Tchkhov (1860 - 1904), nasceu em Taganrog, na Ucrnia, ento
pertencente Rssia tsarista, e foi o grande renovador do conto moderno. Seu estilo
influenciou contistas de todo o mundo pela conciso da narrativa.Mdico de profisso, ele comeou a escrever em
1880. Custou pouco tempo para ser conhecido como
fenomenal dramaturgo, autor de "Tio Vnia", "Ivanov", "As
trs irms" e "O jardim das cerejeiras", obras que so at
hoje encenadas com grande sucesso. Seus textos foram
publicados, primeiramente, na imprensa. Destacamos,
entre eles, "A dama do cachorrinho", "A Estepe" e "A
Noiva". Mais tarde, do cronista considerado apenas
"engraado", revelou-se um escritor de um humor
implacvel. Melancolicamente pessimista e aproveitando
ao mximo todas as experincias humanas e sociais, Tchkhov foi o criador de uma escola
literria que encontrou, mais tarde, mesmo nos pases ocidentais, enorme repercusso.
A influncia do naturalismo no teatro, que se fazia sentir por toda a Europa, atingiu oseu expoente artstico na Rssia, em 1898, com a formao do Teatro Artstico de Moscou
(mais tarde chamado de Teatro da Academia das Artes de Moscou). O seu nome tornou-se
um sinnimo de Tchekhov, cujas peas, acerca da vida quotidiana da aristocracia possuidora
de terras, adquiriram um delicado realismo potico que estava anos frente do seu tempo.
Konstantin Stanislavski, o diretor do teatro, tornou-se, porventura, o mais importante
terico da arte de representar do sculo XX.
Seus livros mais conhecidos so: Contos e narrativas, Um duelo, A Estepe, A Minha
Vida, A sala nmero seis, Uma histria sem importncia. Escreveu para o teatro, primeiro a
farsa, depois o drama. Entre as suas peas, destacam-se: A Gaivota, Tio Vnia, As trs irms,
O canto do cisne, Um trgico fora, Ivanov, etc. Um de seus contos mais conhecidos A
dama do Cachorrinho, de 1899.
Estudando a Obra:
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In "Las lecciones de 'rgisseur' de Stanislavski", Nicolai M. Gorchakov, traduo em espanhol
(sem o nome do tradutor), Ediciones Pueblos Unidos S.A., Montevidu, 1956, pgs. 45-48.
Traduo de Roberto Mallet.
Em 4 de setembro de 1924, Gorchakov comeando seus estudos no Teatro de
Arte de Moscou, recm-formado como diretor pelo Estdio de Vakhtanghov,
apresentou para Stanislavski a comdia A Batalha da Vida, direo de concluso
de seu curso. Depois da apresentao, relata Gorchakov, Stanislavski teceu como
introduo anlise propriamente dita do espetculo, os comentrios abaixo:
Foi para mim uma grande alegria ver na boca do mestre consideraes sobre asquais venho insistindo muito nos ltimos anos. Tenho por certo que o
entendimento e o comprometimento intelectual com o espetculo fator
determinante para a qualidade da atuao. Roberto Mallet.
"A fim de que eu possa falar a vocs com toda franqueza", comeou
Stanislavski, "tm que responder-me seguinte questo: quantas vezes
gostariam de representar essa pea?" Sua pergunta surpreendeu-nos a todos, e
por isso no sabamos como responder. "Sei que vocs gostam dessa pea",
continuou, "pois j a representaram muitas vezes com xito. Eu tambm gosto
dela. O diretor analisou-a com acerto. H muitos momentos comoventes e cheios
de sinceridade na atuao individual de vocs. Vocs merecem represent-la.
Mas estou interessado em saber quantas vezes gostariam de faz-lo. Quantos
anos? Pretendem que a mantenhamos no repertrio do Teatro de Arte de
Moscou? Sentimo-nos numa sinuca. Alguns de ns at comearam a rir por puro
desconcerto. Nossos sonhos no tinham ido to longe.
Eu disse: "S espervamos que ela pudesse ser mantida durante uma
temporada".
"Isso mau", replicou Stanislavski. "O artista deve trabalhar com a inteno de
que sua criao perdure. Vamos, digam-me, gostariam de representar essa pea
duzentas vezes?"
"Claro que sim, disse Constantin Serguievich."
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"E fariam alguns sacrifcios para tanto?"
Embora a pergunta tenha sido formulada em um tom clido e afetuoso,
percebemos a sua seriedade e instintivamente permanecemos em silncio. At oator mais jovem e inexperiente sabe quo fatal pode ser sua resposta. Mas,
sendo eu o mais velho da companhia, e sabendo que a questo dos "sacrifcios"
era dirigida a mim, em minha condio de diretor, compreendi que tinha que
falar.
"Peo-lhe que no se incomode conosco por no respondermos sua pergunta
imediatamente, Constantin Serguievich", eu disse. "Voc provavelmente nos
compreende melhor do que ns mesmos. Diga-nos, por favor, o que precisamos
fazer para melhorar nossa atuao e conservar a pea no repertrio o maior
tempo possvel."
"Esto todos de acordo com Gorchakov?", perguntou Stanislavski. Logo
continuou: "No conheo vocs muito bem. Encontramo-nos pela primeira vez ao
redor da mesa de trabalho e no quero pr a perder o comeo de suas carreiras
de artistas. Prometo-lhes que a pea ser representada e que vocs estaro nela,
mas no imediatamente.
Respondemos unanimemente que faramos tudo o que ele achasse que
devamos fazer.
"Tratem de no ter que lamentar essa deciso dentro de uma hora", respondeu
com certa ironia.
Logo continuou: "Perderei muito pouco tempo em analisar os mritos de sua
atuao. Por favor, no me levem a mal. O tempo breve de agora at omomento em que a pea deve ser apresentada de novo. Todos vocs
compreenderam bem o autor, e o diretor conduziu com acerto o trabalho de
criao dos personagens de Dickens. Vocs permaneceram fiis ao tema da obra
e, por isso, a trama e a idia ficaram claros para a platia. Trabalhando em
consonncia com o diretor, encontraram o ritmo adequado e resolveram seus
problemas de atuao com sinceridade e entusiasmo. A atuao de vocs estava
inspirada por uma devoo juvenil. Isso chega ao pblico, encanta-o e faz com
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que passe por alto os defeitos. Vocs tm defeitos? Creio que sim, mas no
esto conscientes deles. No os sentem... pelo menos ainda no. Minha tarefa
consiste em apont-los, convencer-lhes de que tm que combat-los, livrar-se dealguns e transformar outros em benefcios. O principal defeito sua juventude.
Estranham que lhe diga isso? No conseguem seguir o fio de meu pensamento?
Vou me explicar.
A juventude uma maravilha se vocs puderem conserv-la sempre, mas isto
difcil de se fazer. claro que me refiro juventude interior. No h uma s
mulher de idade madura entre vocs. Nessa montagem, mesmo os papis de
ancios so representados por atores jovens. Se essa mulher de idade madura de
que eu falava estivesse sentada entre ns, ns a ouviramos suspirar
profundamente e com simpatia em resposta s minhas palavras.
"Bem, agora analisemos o que significa ser jovem em cena. Isto no tem nada a
ver com maquiagens nem com a maneira de se vestir. Conhecemos muitos
exemplos em que os figurinos mais coloridos e a maquiagem mais juvenil s
contriburam para pr em maior evidncia a idade do ator. Ao mesmo tempo,
sabemos que um ator ou atriz maduros podem desempenhar um papel juvenil
sem a ajuda de maquiagem ou de figurinos chamativos, desde que ele ou ela
conheam o segredo da juventude teatral. Vocs devem estar surpresos agora,
perguntando-se qual o sentido de falar-lhes isto sendo vocs jovens, e justamente
quando acabo de elogi-los pelo frescor de sua representao. Digo isto agora
porque vocs no tm a menor idia de quo rpido vocs e sua atuao podem
envelhecer sem que sequer se dem conta disso.
"A primeira coisa essencial para conservar jovem uma representao",
continuou, " manter viva a idia da pea. Ela a razo pela qual o dramaturgo a
concebeu, e a razo pela qual vocs decidiram represent-la. No se pode nem
se deve atuar em cena, no se pode nem se deve produzir uma pea pelo prazer
de represent-la ou simplesmente de produzi-la. Vocs tm que sentir-se
comovidos em sua profisso. Tm que am-la com devoo e apaixonadamente,
no por si mesma, no por seus lauris, no pelo prazer e o deleite que lhes d
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como artistas. Tm que amar a profisso que escolheram, porque ela lhes d a
oportunidade de comunicar idias que so importantes e necessrias para o
pblico. Porque lhes oferece a oportunidade de, atravs das idias que vocsdramatizam e atravs dos caracteres que personificam educar o pblico e
convert-lo em membros da sociedade mais sensveis, mais sbios, mais teis e
melhores. Eis aqui um problema imenso para o teatro, especialmente em nossos
tempos, quando muitssimas pessoas vm pela primeira vez ao teatro. Se esse
pblico novo v e ouve as respostas para seus problemas, aprender a amar o
teatro e o aceitar como uma coisa prpria. Portanto, o primeiro passo para
conservar a juventude teatral responder claramente para si mesmo pergunta:Por que represento esta pea?
"Hoje vocs sabiam o propsito que os levava representao. Queriam
impressionar-me como atores. Cumpriram seu propsito. Quando vocs fizeram
sua representao na Escola Vakhtanghov, tambm conheciam o propsito:
queriam ser reconhecidos como atores maiores de idade, j graduados.
Cumpriram este propsito tambm. Mas o que foi suficiente ontem, o que foi
suficiente hoje, no o ser amanh, quando apresentarem a pea para o pblico
em geral. importante para os espectadores que os pensamentos e a vida deles
estimulem vocs e que os pensamentos que enchem a vida da cena estimulem-
nos. Ao pblico importa a idia do autor, a apresentao e a interpretao que
vocs faam dela como artistas de teatro. A idia tem sempre que ser vital e
importante para o pblico de hoje, e necessrio que vocs sejam capazes de
reproduzi-la com um tom verdadeiro. Devem manter viva a idia e ser inspirados
por ela em cada representao. Este o nico caminho para conservar a
juventude na representao e ao mesmo tempo a juventude de vocs como
atores. E verdadeiro trabalho de criao da idia da pea (insisto na palavra
verdadeiro) exige do artista amplo e variado conhecimento, constante
autodisciplina, a subordinao de seus gostos e hbitos pessoais s exigncias da
idia, e algumas vezes tambm certos sacrifcios."
BERTOL BRECHT (1898 1956)
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Mdico alemo, que vivenciou as duas grandes
guerras mundiais, a destruio da Alemanha e o
nazismo, leva ao teatro peas focadas em cima demensagens de cunho social a fim de modificar as
pessoas, neste momento, banalizadas pelas condies
de crise. Ao contrrio de Stanislavski, Brecht nega a
catarse, fazendo o pblico se manter consciente
diante da pea para que possa ser tocado pela
mensagem. Desnuda, ento, toda concepo teatral
vigente, mostrando as razes que encadearam asemoes dos personagens e deixando claro que um ator est se fazendo personagem em
determinado momento ali no palco. Por isso, suas peas so narrativas, ou de cunho pico,
assim chamado na literatura.
A finalidade de Brecht em seu teatro incomodar, para assim gerar discusso e
promover a reflexo entre as pessoas, atravs do distanciamento dos personagens.
O ator mantm-se frio para no se envolver com a histria do personagem, o que considerado por muitos, mais difcil do que se envolver. A quebra da quarta parede outra
caracterstica de Brecht, onde o ator comunica-se diretamente com o pblico. Com
influncias do pensamento marxista, os atores envolvidos neste tipo de teatro faziam
denncias, crticas e questionamentos sobre os aspectos vigentes de sua poca e sobre o
capitalismo. O ator, ento, deve estar a favor de suas ideologias, no pode ter medo da
censura e deve estar envolvido com esta abordagem, porque precisa acreditar nesse
trabalho que faz a fim de convencer as pessoas, atravs das mensagens lanadas. EmAquele que diz sim e aquele que diz no, o autor toca sobre o poder de mudana, o poder
da palavra diante das opes e situaes tradicionais que nos so impostas. s vezes,
trabalha sob metforas, caracterizando perodos menos radicais de sua escrita, no se
preocupando com o ritmo, ao contrrio de Stanislavski, que propunha o mtodo das aes
fsicas na preocupao com o ritmo da cena.
GROTOWSKI (1933 1999)
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A proposta deste autor para o teatro baseava-se no
aquecimento, no cansao fsico, pois segundo a sua teoriado cansao, o ator fica menos resistente fsica e
emocionalmente s emoes e aos sentimentos a ser
experimentados dentro do personagem. Tendo, assim,
maior predisposio a ser comandado, torna-se susceptvel,
quebrando barreiras.
Utilizando a teoria das reaes biolgicas, prega que
o corpo precisa saber seus limites, onde o ator capaz defazer o que d vontade, e conhecer o corpo de forma no esttica, no regrada. Conhecido
como um teatro experimental, sensorial e biolgico, torna-se mais visual/corporal do que
verbal.
Tambm, prega o mtodo das aes fsicas, mas prope o estudo dos personagens
atravs da via negativa, ou seja, ao invs de propor o que o personagem ou faz, define-se o
que ele no , no faz e no gosta. Sem dvida, esta uma concepo mais ampla, digamos
que aprimora a tcnica de Stanislavski, pois abstrai os dados, amplia as opes. O teatro de
Grotowski faz com que a platia interaja atravs de reaes biolgicas.
um teatro pobre, eliminando tudo que no necessrio cena, podendo at
transformar objetos em cena a fim de reduzir os elementos a serem utilizados. No entanto,
seu pblico se torna cada vez mais escasso devidos s condies de sensibilidade propostas
por ele.
O TEATRO NO BRASIL
Do sculo XVII ao incio do sculo XIX, o teatro marcadamente colonial, fortemente
influenciado pelo teatro portugus. Os primeiros textos como o Auto da festa de S.
Loureno, do padre Jos de Anchieta, so escritos pelos jesutas de Piratininga, numa
mistura de espanhol, portugus e tupi-guarani. Visam a catequese e so encenados pelos
indgenas. Em Minas Gerais, durante o sculo XVIII, atores portugueses visitam Vila Rica. A
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estavam preparadas para exercer as funes que lhe cabiam. Tudo isso de forma engraada
e simples. Na pea O Novio, o tema mais tocado a ambio, as trapaas e dribles que se
realizam para chegar ao poder e usa-se, mais uma vez, um tema de casamento e dote paratratar o assunto, mais uma vez agradando pela forma descontrada que coloca os fatos. O
autor, no entanto, morreu prematuramente de tuberculose, aos 33 anos.
Peas
O Juiz de Paz na Roa,comdia em 1 ato (1838, primeira representao)
Itaminda ou O guerreiro de Tup, drama (1839)
A famlia e a festa na roa, comdia em 1 ato (1840, primeira representao)
Vitiza ou O Nero de Espanha(1841) O Judas no sbado de aleluia, comdia em 1 ato (1844, primeira representao)
O namorador ou A noite de So Joo, comdia em 1 ato (1845)
Os trs mdicos (1845)
A barriga do meu tio (1846)
Os cimes de um pedestre ou O terrvel capito do mato (1846)
As desgraas de uma criana (1846)
O diletante (1846)
Os meirinhos(1846)
Um segredo de estado (1846)
O caixeiro da taverna (1847)
Os irmos das almas (1847)
Quem casa quer casa , provrbio em 1 ato (1847)
O Novio,comdia em 3 atos (1853)
Os dois ou O ingls maquinista (1871)
SCULO XX
O teatro do sculo XX se caracteriza pelo ecletismo e quebra de tradies, tanto
no "design" cnico e na direo teatral, quanto na infra-estrutura e nos estilos de
interpretao. Podemos dizer, sob esse prisma, que o dramaturgo alemo Bertolt
Brecht foi o maior inovador do chamado teatro moderno. Hoje, o teatro
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.
contemporneo abriga, sem preconceitos, tanto as tradies realistas como as
no-realistas.
NELSON RODRIGUES (1912 1980)
Um pernambucano que veio ao Rio de Janeiro aos 4 anos de idade e se formou em
jornalismo. Foi um jornalista muito considerado na sociedade carioca. um retrato
demasiado simples para quem escreveu tantas e to fortes peas de teatro. As peas de
Nelson acrescentaram um tom muito psicolgico aos personagens criados sua imagem, ou
de sua experincia de vida, se podemos assim dizer. A Mulher Sem Pecadofoi sua primeira
obra, mas foi Vestido de Noiva o grande estouro teatral. Nesta se valeu de flashback , cenas
entrecortadas, sem seqncia temporal e alucinaes onde mostra a quantidade e os efeitos
de desejos reprimidos de uma pessoa, explicando as
contradies presentes na vida em sociedade atravs
de atitudes tomadas.
Com uma viso realista de seus textos, Nelson
apresenta exageros aos defeitos e sentimentos,
trazendo aos palcos cariocas a iluminao, cenografia
e direo geral
A vida foi cruel com Nelson Rodrigues. Aos 17
anos, perdeu o irmo Roberto, assassinado aos 21
anos. Dois meses depois da tragdia, morreu o pai,
Mrio Rodrigues. Por causa da tuberculose, Nelson
internou-se diversas vezes. Uma lcera lhe causava
dores terrveis e uma hemorragia intra-ocular o deixou parcialmente cego. Joffre, o irmo
mais novo, morreu vtima da tuberculose, aos 21 anos. Perdeu o irmo Paulinho num
desabamento. O filho Nelsinho ficou preso durante sete anos durante o regime militar. A
filha Daniela nasceu cega, surda e muda.
Todas as tragdias da vida ele transformou em peas de teatro, contos, crnicas e
romances. Machista, tarado e reacionrio. Chamem-no do que quiser, ele sempre ser o pai
da moderna dramaturgia brasileira. Abriu caminho para o uso coloquial da lngua e
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inovaes na temtica dos textos teatrais. Colocou no palco, pela primeira vez, a vida
cotidiana do subrbio carioca. A obra vasta: escreveu 17 peas, centenas de contos e nove
romances. Alm disso, fantico torcedor do Fluminense, foi um dos maiores cronistasesportivos de todos os tempos.
Quando Nelson Rodrigues tinha trs anos, a me, dona Maria Esther, recebeu em
casa uma vizinha enfurecida: "Este seu filho Nelson um tarado! Peguei-o tentando beijar
minha filhinha!" Nelson no sabia, mas ainda seria chamado de tarado centenas de vezes.
Como jornalista trabalhou em todos os grandes jornais do Rio de Janeiro. Impressionava pela
capacidade de criar histrias fantsticas sobre os fatos mais corriqueiros. Simples
atropelamentos viravam assassinatos passionais e coisas do gnero. Comeou cedo, aos 13anos e meio j era reprter policial do jornal A Crtica, que o pai fundou no Rio de Janeiro
logo que chegou do Recife, em 1915, onde Nelson nasceu, em 23 de agosto de 1912.
Na Aldeia Campista, subrbio carioca, o garoto no levava uma vida como a dos
outros de sua idade. Passava horas observando a movimentao dos vizinhos para saber
quem eram os adlteros. O dinheiro que ganhava na redao ele gastava nos prostbulos da
regio do Mangue. Embora fosse notavelmente inteligente, foi expulso do colgio na
segunda srie do ginsio. A alegao dos diretores era: rebeldia. Nelson no passava uma
aula sequer sem questionar os professores e dava opinio sobre tudo o que ensinavam. Ele
seria assim at o fim da vida, inquieto, questionador e irreverente.
Escrevia como um louco. Chegava sempre atrasado na redao, mas bastava sentar
mquina de escrever para em poucos minutos produzir os folhetins que ruborizavam as
donas de casa das dcadas de 40 e 50. A revolucionria pea Vestido de noiva, de 1943, ele
fez em seis dias. Depois do sucesso da montagem de Ziembinski, mentia que levara meses
trabalhando em cima do texto. Talvez porque, se dissesse a verdade, ningum acreditaria.
Para alguns, um conservador asqueroso que o Brasil deveria colocar no paredo de
fuzilamento; para outros, simplesmente um gnio. Alm das obras escandalosas, o escritor
ainda dava declaraes do tipo "mulher tem que ser burra", "adoro visitar cemitrios" e
"nem toda a mulher gosta de apanhar, s as normais". verdade que jamais batera em
algum. Porm, logo que casou com Elza escondido dos pais dela, que tambm o
consideravam um depravado , em 1940, pediu a ela que deixasse de ser secretria para
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ficar cuidando da casa. Embora tivesse vrias amantes, foi um marido dedicado, at a
separao, 22 anos depois. S no trocava nenhum Fla-Flu,no Maracan, pelos programas
familiares de domingo.Nelson morreu, em 21 de dezembro de 1980, aos 68 anos, depois de sobreviver a
sete paradas cardacas. Sucumbiu a uma trombose e s insuficincias respiratria e
circulatria. Nasci menino, hei de morrer menino. E o buraco da fechadura, realmente,
minha tica ficcionista. Sou (e sempre fui) um anjo pornogrfico.
A CONTESTAO NO TEATRO BRASILEIRO E O SURGIMENTO DE NOVOS AUTORES EGRUPOS
Em 1948, o industrial italiano Franco Zampari funda, em So Paulo, o Teatro
Brasileiro de Comdia (TBC), marco na histria do teatro brasileiro. A posio de
preponderncia que ocupa deve-se incorporao de novos talentos: Ndia Lcia, Paulo
Autran, Cacilda Becker, Srgio Cardoso, e importao dos diretores italianos Luciano Salce
e Adolfo Celli, que ajudam a formar os brasileiros Flvio Rangel e Antunes Filho.
Com o sucesso em So Paulo, o TBC abre uma filial no Rio de Janeiro.
As companhias de Eva Todor, Maria Della Costa, Dulcina e Odilon, Procpio e Bibi
Ferreira so contratadas para excursionar em Portugal e suas colnias. Os problemas criados
por uma estrutura grande e onerosa, a morte de Franco Zampari e cises entre os membros
do elenco fazem com que, ao longo da dcada de 50, o TBC se desmembre nos grupos de:
Tnia Carreiro, Paulo Autran e Margarida Rey, dirigido por Adolfo Celli; de Cacilda Becker, o
marido Walmor Chagas e a irm Cleyde Yconis, dirigido por Ziembinski; o Teatro dos Sete,
de Fernanda Montenegro, talo Rossi e Srgio Brito; e o de Srgio Cardoso e Ndia Lcia.
A partir do final dos anos 50, a orientao do TBC de dar prioridade a textos
estrangeiros e importar encenadores europeus, acusada de ser culturalmente colonizada
por uma nova gerao de atores e diretores que prefere textos nacionais e montagens
simples.
Cresce a preocupao social, e diversos grupos encaram o teatro como ferramenta
poltica capaz de contribuir para mudanas na realidade brasileira. No Teatro de Arena, o
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palco circular aumenta a intimidade entre a platia e os atores, onde encenam novos
dramaturgos como: Augusto Boal em ''Marido magro, mulher chata ''; Gianfrancesco
Guarnieri em ''Eles no usam black-tie'' ; Oduvaldo Vianna Filho em ''Chapetuba Futebol Clube'' (faz tambm musicais como Arena conta Zumbi, que projeta Paulo Jos e Dina
Staf).
Trabalho semelhante o de Jos Celso Martinez Correa no Grupo Oficina, tambm
de So Paulo: alm de montar ''Os pequenos burgueses'' , de Gorki, ''Galileu, Galilei'' , de
Brecht, e ''Andorra' ', de Max Frisch, redescobre ''O rei da vela'', escrito em 1934 por Oswald
de Andrade, mas proibido pelo Estado Novo; e cria ''Roda viva'', do msico Chico Buarque de
Holanda. Chico havia feito a trilha sonora para ''Vida e morte Severina'' , auto de Natalnordestino, de Joo Cabral de Melo Neto, montado pelo Teatro da Universidade Catlica de
So Paulo (Tuca) e premiado no Festival Internacional de Teatro de Nancy, na Frana.
Os passos do Arena, de conotaes nitidamente polticas, so seguidos pelo Grupo
Opinio, do Rio de Janeiro. Seu maior sucesso ''Se correr o bicho pega, se ficar o bicho
come'' , de Oduvaldo Vianna Filho.
No final da dcada de 60, novo impulso dramaturgia realista dado por Plnio
Marcos em ''Dois perdidos numa noite suja'' e ''Navalha na carne'' . Outros autores
importantes so Brulio Pedroso de ''O fardo'' e Lauro Csar Muniz de''O santo milagroso'' .
Gianfrancesco Guarnieri (1934) nasce em Milo. Participa da criao do Teatro de
Arena. ''Eles no usam black-tie'' histria de uma famlia de operrios durante uma greve e
suas diferentes posies polticas um marco do teatro de temtica social. Junto com
Augusto Boal monta ''Arena conta Zumbi'' , onde so usadas tcnicas do teatro brechtiano.
Entre suas peas destacam-se tambm ''Um grito parado no ar'' e ''Ponto de partida'' .
Trabalha como ator de cinema (Eles no usam black-tie e Gaijin) e de novelas.
Plnio Marcos (1935) nasce em Santos, filho de um bancrio, abandona cedo a escola.
Trabalha em diversas profisses como: operrio, camel, jogador de futebol e ator. Em
1967, explode com ''Dois perdidos numa noite suja'' e ''Navalha na carne'' , peas que
retratam a vida dos marginais da sociedade. Sua temtica realista e linguagem agressiva
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chocam parte do pblico e fazem com que suas peas sejam freqentemente censuradas.
Aps dez anos sem publicar, lana ''A dana final'' , em 1994. Vive da venda direta de seus
livros e da leitura de tar.
Oduvaldo Vianna Filho (1936-1974) nasce em So Paulo. Filho do dramaturgo
Oduvaldo Vianna, torna-se conhecido como Vianinha. um dos fundadores do Teatro de
Arena e do Grupo Opinio. Suas peas ''Chapetuba F.C. '' , ''Se ficar o bicho pega, se correr o
bicho come'' , ''Longa noite de cristal'' , ''Papa Highirte'' e ''Rasga corao'' o transformam
num dos mais importantes dramaturgos brasileiros. ''Rasga corao'' , sntese do teatro
brasileiro de seu tempo, fica censurada por cinco anos durante o regime militar e s montada em 1979, aps sua morte.
A maior concluso a se tomar que a vida de uma pessoa baseia-se no que ela
vive e nas suas experincias em sociedade que movem o seu psicolgico. Com um
autor, bem como com qualquer artista, no diferente. As leis que regem a sua
atualidade e a histria que o levou at ali fortemente rebuscada em suas
atitudes e, principalmente, em suas obras. A histria e a literatura so irms,
visto que, quem escreve capaz de reconhecer no momento em que vive o que
acontece na realidade e o que deveria acontecer.
Desta maneira, ele tenta remoldar a realidade de forma a ficar mais sustentvel
o peso da responsabilidade de cada um. A capacidade intelectual nos permite
fazer da vida um molde para a arte, ao passo que esta se torna uma espcie de
cria mais evoluda que o criador. A vida tem passado, presente e futuro e o teatro
tambm tem e preciso conhecer o passado, analisar o presente e prever o
futuro. Desta forma se cria a arte e se recria a vida.
Oduvaldo Viana Filho
CAPTULO II INTERPRETAO
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Nesse captulo passaremos por tcnicas, jogos, ensaios e exerccios para a criao de
personagens e desenvolvimento criativo e tcnico-profissional do ator. Muitos so os
mtodos de interpretao, como pudemos ver nas diversas Escolas e diretores teatrais aolongo da histria mundial. Vamos conhecer todos eles e nos aprofundar no mtodo e
tcnicas de Viola Spolin.
A VOZ DO ATOR
TTULO: CORPOREIDADE DAVOZ: ASPECTOS DO TRABALHO VOCAL PARA O ATOR.
PUBLICADO EM:
ALEIXO, F ERNANDO. C ORPOREIDADE DAV OZ - O T EATROT RANSCENDE - N. 12. BLUMENAU ,
FURB, DIVISO DE P ROMOESC ULTURAIS , 2003.
ALEIXO, F ERNANDO. C ORPOREIDADE DAV OZ : ASPECTOS DO TRABALHO VOZ DO ATOR. C ADERNOS
DAP S-GRADUAO , IA / UNICAMP, ANO6, V OL. 1, 2002.
Resumo:
A voz, quando entendida como corpo, ou seja, como um processo da ao das
diferentes esferas de organicidade (aspectos musculares, ossatura, sentidos, afetividade,
memria, etc.), adquiri propriedade que reconhece a complexidade e as sutilezas
particulares de sua criao. No mbito do trabalho do ator, tal entendimento possibilitar
uma reflexo a cerca de possibilidades vocais no trabalho criativo, que por sua vez, permite
sistematizar um processo voltado ao aperfeioamento tcnico.
Apresentamos a seguir, algumas referncias que norteiam as prticas da pesquisa.
O processo de desenvolvimento tcnico vocal para o ator envolve aspectos amplos, pois o
fenmeno da vocalidade no teatro aplicao dos recursos vocais no processo criativo , se
estrutura a partir de fundamentos fisiolgicos, culturais e poticos (tcnicas e linguagens).
No centro deste processo, o ator o executor do cdigo vocal e, por isso, concentra em si,
naturalmente, o contedo a ser expresso, como os meios materiais da comunicao oral.
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No estudo da ressonncia, contexto do corpo-sonoro, podemos considerar algumas
definies tcnicas sobre ressonncia. No dicionrio, ressonncia definida como a
propriedade ou qualidade do que ressonante; fenmeno fsico pelo qual o ar de umacavidade suscetvel de vibrar com freqncia determinada, por influncia de um corpo
sonoro, produzindo reforo de vibraes. J, num enfoque da fonoaudiologia, ressonncia
considerada como sendo o "uso adequado de algumas cavidades sseas supra e
infraglticas, que com a vibrao do ar vo permitir uma maior projeo vocal".
Respeitando essas informaes para o trabalho, as atividades, desta etapa, podero ser
encaminhadas a partir das diretrizes apontadas por Grotowski, com relao ressonncia no
trabalho vocal do ator:
"(...) Para cada situao, e para a sua interpretao pela voz, pode-se tentar
encontrar a ressonncia apropriada. Isto se aplica ao treinamento, mas no ao
preparo do papel. Os exerccios e o trabalho criativo no devem se misturar. (...)
Meu princpio bsico o seguinte: no pense no instrumento vocal, no pense
nas palavras, mas reaja - reaja com o corpo. O corpo o primeiro vibrador, a
primeira caixa de ressonncia"
O corpo humano, segundo Klaus Vianna, permite uma variedade infinita de movimentos
que brotam de impulsos interiores e, se exteriorizam atravs do gesto, compondo uma
relao ntima com o ritmo, o espao, o desenho das emoes, dos sentimentos e das
intenes.
Tal afirmao, permite-nos experimentar, no trabalho do corpo-sonoro com o estudo
das ressonncias, os impulsos corporais geradores de aes vocais.
Com isso, o exerccio vocal com palavras e textos ganha uma dimenso sensvel de
sonoridades corporais. Quanto a essa referncia, Peter Brook apresenta, tomando como
exemplo a produo de Shakespeare, a seguinte afirmao:
"As palavras de Shakespeare so documentao das palavras que ele queria que
fossem faladas, palavras destinadas a sair em forma de sons, dos lbios de gente
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viva, com um tanto de entonao, de pausa, de ritmo e gesto que deviam fazer
parte integrante de significado verbal. Uma palavra no comea sendo uma
palavra - o produto final iniciado com um impulso, estimulado por atitude ecomportamento, por sua vez ditados pela necessidade de expresso".
Ainda, em relao ao trabalho vocal do ator, temos algumas preciosas referncias
deixadas por pesquisadores teatrais da modernidade. Para aprofundarmos um pouco mais
neste tema, apresentaremos, resumidamente, alguns conceitos apontados por Stanislavski,
Artaud, Brecht e Grotowski.
REFERNCIAS DOS CONCEITOS DE STANISLAVSKI EM RELAO VOZ
O aspecto primeiro do estudo da voz, considerado no sistema de Stanislavski, a
necessidade de treinamento sistemtico do instrumental do ator como forma de conquistar
um controle sobre o aparato fsico e vocal.
Neste sentido, o aparelho vocal deve receber um tratamento que o torne capaz de,
quando na relao com o texto, quando na relao com a personagem, quando na relao
com a cena, "reproduzir instantnea e exatamente sentimentos delicadssimos e quase
intangveis, com grande sensibilidade e o mais diretamente possvel..
Reconhece que o ator no deve recorrer aos costumeiros procedimentos banais:
"E quanto mais contedo espiritual e sentimento eu punha na frase, tanto mais
pesado e sem sentido ficava o texto e mais inexeqvel a tarefa. Criava-se uma
situao de violncia que, como sempre, me levava a me autoviolentar e
contorcer-me em espasmos. A respirao fugia, a voz amortecida e rouca, seu
diapaso se reduzia a umas cinco notas, diminua a sua fora. Em vez de cantar a
voz batia. Tentando dar-lhe mais sonoridade, eu recorria involuntariamente aos
costumeiros procedimentos banais dos atores, ou seja, ao falso pathos , s
cadncias vocais, s fiorituras."
Trata-se de sua proposta de formao, de um procedimento tcnico que busca
desenvolver o potencial expressivo do aparelho vocal a partir de estudos de elementos
como a dico, o canto, as entonaes, o tempo-ritmo no falar, etc.. A apreciao de
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Stanislavski sobre as atividades tcnicas do canto lrico refora a importncia de exerccios
para colocao da respirao e do som e, acrescenta a necessidade da procura de melhores
mtodos para o desenvolvimento da fala a partir do aprofundamento da musicalidade daspalavras:
"A Fala msica. o texto de um papel ou uma pea uma melodia, uma pera
ou uma sinfonia. A pronunciao no palco uma arte to difcil como cantar,
exige treino e uma tcnica raiando pela virtuosidade. Quando um ator com voz
bem trabalhada e magnfica tcnica vocal diz as palavras de seu papel, sou
completamente transportado por sua suprema arte. Se ele for rtmico, sou
involuntariamente envolvido pelo ritmo e tom de sua fala, ela me comove. Se ele
prprio penetra fundo na alma das palavras do seu papel, carrega-me com ele
aos lugares secretos da composio do dramaturgo, bem como aos da sua
prpria alma. Quando um ator acrescenta o vvido ornamento do som quele
contedo vivo das palavras, faz-me vislumbrar com uma viso interior as
imagens que amoldou com sua prpria imaginao criadora"
Afirma que s depois de ter compreendido que as letras so apenas smbolos de sons
e exigem a execuo de seu contedo, que se viu confrontado com o problema de
aprender essas formas sonoras a fim de melhor preencher o contedo. Stanislavski
estabelece fundamentos precisos sobre como desenvolver a voz do ator a partir da busca da
sensao das palavras:
"No basta que o prprio ator sinta prazer com o som de sua fala, ele deve
tambm tornar possvel ao pblico presente no teatro ouvir e compreender o que
quer que merea a sua ateno. As palavras e a entonao devem chegar aos
seus ouvidos sem esforos. Isso requer muita habilidade. Quando a adquiri,
compreendi o que chamamos a sensao das palavras. (...) Todo ator deve-se
assenhorear de uma excelente dico e pronunciamento, deve sentir no
somente as frases e as palavras, mas tambm cada slaba, cada letra"
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A partir dessas consideraes, possvel observar a consistncia do processo de
estruturao de um sistema de abordagem para o treinamento da voz. Ainda que haja
explcita a opo por uma esttica determinada, com um forte acento na palavra, pode-severificar que o objetivo o desenvolvimento da produo da voz e da possibilidade de
criao da fala em diferentes contextos e estilos:
"Sua funo (fala), transmitir por meio de palavras quer os sentimentos
exaltados do estilo trgico, quer a fala simples, ntima, graciosa, do drama e da
comdia (...). Em cena, a funo da palavra a de despertar toda sorte de
sentimentos, desejos, pensamentos, imagens interiores, sensaes visuais,auditivas e outras, no ator, em seus comparsas e - por intermdio deles,
conjuntamente no pblico."
A maestria do bem falar implica no excelente preparo fsico e no entendimento de
que uma palavra no apenas um som, uma evocao de imagens e de significados. Para
Stanislavski, o ator quando estiver em intercmbio verbal em cena, deve falar menos para o
ouvido do que para a vista.
Depreende-se, tambm, deste sistema de abordagem, que o ator deve compreender bem
a linguagem trabalhada para encaminhamento da criao verbal. Nessa perspectiva, esta
criao da fala se insere no conjunto de elementos tcnicos sugeridos para a caracterizao
interna e externa da personagem.
Para Stanislavski o ator deve procurar estar sempre de "bem com a voz", pois como
afirma:
"Estar de bem com a voz uma beno no s para a prima-dona, mas tambm
para o artista dramtico. Sentir que temos o poder de dirigir nossos sons,
comandar sua obedincia, saber que eles forosamente transmitiro os menores
detalhes, modulaes, matizes da nossa criatividade."
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REFERNCIAS DOS CONCEITOS DE ARTAUD EM RELAO VOZ
"Abandonando as utilizaes ocidentais da palavra, ela [a linguagem de teatro]
faz sortilgios com as palavras. Ela empurra a voz. Utiliza vibraes e qualidadesda voz. Marca ritmos alucinados. Martela sons. Procura exaltar, entorpecer,
encantar, estancar a sensibilidade. (Antonin Artaud - "Le Thtre de La Cruaut,
premier manifeste").
Artaud formula, no incio do sculo XX, alguns conceitos com relao voz que a
consideram um instrumento musical a servio de um novo teatro. No estudo tcnico A
Encenao e a Metafsica, Artaud aponta seu manifesto contra o teatro essencialmente
dialogado e construdo por uma dramaturgia:
"(...) como que o teatro ocidental no enxerga o teatro sob outro aspecto que
no o do teatro dialogado? (...) o dilogo, coisa escrita e falada, no pertence
especificamente cena, pertence ao livro."
No seu entender, a voz deve, atravs de qualidades e vibraes de sons no
habituais, comunicar a sensibilidade do espectador, pois a cena um lugar fsico e concreto
que necessita ser preenchido com a sua linguagem concreta. Esta linguagem, segundo
Artaud, consiste em tudo que ocupa a cena, tudo aquilo que pode manifestar e exprimir-se
materialmente numa cena.
Neste sentido, necessria a explorao de toda a plenitude e materializao fsica
da voz, tendo como princpio as vibraes, as modulaes, as evolues e os diferentes
registros vocais. Deste modo, as palavras devem assumir, na interpretao, outros
significados com base na sonoridade e movimento da voz.
Essa amplitude vocal, a ser conquistada, assenta-se no desenvolvimento das
potencialidades corporais do ator. No estudo tcnico, um atletismo afetivo, Artaud fala da
necessidade do ator de tomar conscincia de uma "espcie de musculatura afetiva" que
corresponda s localizaes fsicas dos sentimentos.
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deve relatar o personagem ao pblico. O ator sempre deve ir alm do
personagem e do seu horizonte estrito. Porque desse modo, ele mantm a sua
identidade prpria de ator, e, concomitantemente mostra a identidade do personagem, com a qual no se mistura. Alm disso, o ator assume ainda outra
'mudana de funo' quando canta. Estritamente proibido passar do nvel da
fala para o do canto como se nada tivesse acontecido. (...) Melhor, existem trs
nveis: o falar sbrio, o falar elevado e o canto, e tais nveis devem permanecer
separados, sem que suscitem a impresso de uma passagem natural de um para
o outro. E aqui tambm, quando canta, o ator no pode ser cantor, mas deve
mostrar s-lo, esse afastamento do contedo sentimental se faz pelo recurso agestos, que so por assim dizer os costumes e os hbitos do corpo.
O percurso artstico de Brecht conta com momentos de diferentes caractersticas
que, em um movimento progressivo, vai estabelecer uma concepo da "representao
pica". Entre outras determinantes deste estilo de representao, a fala ganha outro
estatuto dentro da comunicao teatral. Sobretudo, se vista com o olhar da escola realista.
Neste sentido, ao afirmar a inter-relao do gesto e da fala na construo da
representao, Brecht delimita que no trabalho de formao do ator deve constar um
preciso estudo corporal e vocal.
Com referncia ao tratamento da fala e do canto na interpretao, Brecht aponta
procedimentos precisos para o ator. Pode-se observar, em suas teorias, uma preocupao
clara em fornecer indicaes de como o ator pode se defrontar com seus textos. John Willet
aponta alguns aspectos:
"Outro mtodo era fazer que cada ator usasse o seu prprio dialeto local nos
ensaios de modo que o texto conservasse certo frescor, embora o seu contedo
fosse familiar. Ainda outro mtodo era fazer o ator mudar o tempo do verbo em
seu papel, acrescentar 'disse o homem', 'disse ela', no final de cada fala, ou
tentar dizer e imaginar cada frase em termos de 'no... mas', para deixar claro
que cada frase tem sua alternativa no falada ('dialtica'). Tudo isso eram outras
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tantas ajudas para a compreenso do ator, refletindo a concepo brechtiana de
'como se deve ensaiar um papel; isto , escutando cuidadosamente quando o
prprio est falando e tomando francamente acessveis platia ascaractersticas humanas que observamos em ns prprios."
Quanto ao canto, elemento fundamental em sua composio dramatrgica, Brecht
acrescenta:
"Nada existe de mais revoltante que o ator que finge no ter percebido que saiu
do nvel da fala corrente e comeou a cantar. Os trs nveis - fala corrente, fala
grandiloqente e canto - devem manter-se sempre distintos... Quanto melodia,
no deve obedecer-lhe cegamente: existe uma espcie de fala contra-a-msica
que pode ter poderosos efeitos; os resultados de uma obstinada e incorruptvel
sobriedade que independente de msica e ritmo."
A profundidade da obra de Brecht e a consistncia dos seus princpios estticos
exigem cuidados especficos queles que pretendem mergulhar em seu universo. Sua
dramaturgia construda por elementos tcnicos organizados e orientados em direo a um
fim preciso.
Deste modo, com relao aos aspectos fundamentais em relao voz, a maneira
mais indicada para uma aproximao de anlise tcnica de sua obra , talvez, no se apegar
em indicaes localizadas no tempo e direcionadas a atores que vivenciaram outros padres
estticos. Mas, sim, procurar compreender seu conceito sobre o teatro e a posio deste
num campo de foras econmicas e sociais.
REFERNCIAS DOS CONCEITOS DE GROTOWSKI EM RELAO VOZ
"O meio, o esprito da poca, a mentalidade, tudo pode constituir srio obstculo
para a formao de uma boa voz. O erro mais elementar, e que necessita da mais
urgente correo, a super-tenso da voz, unicamente porque as pessoas se
esquecem de falar com o corpo." Jerzy Grotowski
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O trabalho de Grotowski, realizado atravs de pesquisa e estruturao da formao
de atores, marcado, principalmente, por dois momentos. O primeiro estgio das
pesquisas, quando no conjunto de atividades desenvolvidas na "busca de um teatro pobre",oferece procedimentos precisos e sistematizados para o desenvolvimento do material
criativo do ator.
O estudo da tcnica da voz, como parte do treinamento do ator, rene uma srie de
exerccios voltados para o aprimoramento do instrumental vocal:
"Ateno especial deve ser prestada ao poder da emisso da voz de modo que oespectador no apenas escute a voz do ator perfeitamente, mas seja penetrado
por ela como se fosse estereofnica."
Neste sentido, Grotowski considera de fundamental importncia o desenvolvimento de
uma tcnica de respirao necessria para um bom poder de emisso vocal. Tambm, a
explorao da amplificao do som por caixas de ressonncia fisiolgicas.
Na busca da fora e do desimpedimento da coluna de ar que sai para a emisso do
som, Grotowski aconselha ao ator ter um cuidado especial com a abertura da laringe,
quando se fala e respira. Pois, o fechamento da laringe impede uma emisso correta do ar,
prejudicando o uso da voz.
O trabalho das caixas de ressonncia objetiva o aumento do poder de emisso do
som. Trata-se de potencializar partes especficas do corpo como um amplificador da voz:
"Na realidade, h um nmero quase infinito de caixas de ressonncia,
dependendo do controle que o ator exerce sobre seu instrumental fsico. (...) A
possibilidade mais frutfera est no uso de todo o corpo como caixa de
ressonncia. Isto obtido pelo uso simultneo das ressonncias do peito e da
cabea."
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Segundo Grotowski, a coluna de ar utilizada na amplificao da voz necessita de uma
base (base da voz). Portanto, o ator deve aprender a encontrar internamente a base para
esta coluna de ar.
Com relao impostao da voz, percebe-se uma preocupao pedaggica por
parte de Grotowski. Preocupao esta, quanto aos melhores procedimentos que relacionem
os exerccios de impostao s necessidades do ator quando no tratamento da potica da
fala:
"H duas maneiras diferentes de impostar a voz, uma para atores e outra paracantores, j que seus objetivos so bastante diferentes. (...) As escolas de teatro
muitas vezes cometem o engano de ensinar o futuro ator a impostar sua voz para
cantar. A razo disso que muitas vezes os professores so ex-cantores de pera
e, freqentemente, um instrumento musical (o piano) usado para acompanhar
os exerccios vocais."
O universo imaginrio do ator , conjuntamente, trabalhado no treinamento. Com os
exerccios orgnicos, possvel a explorao, a partir de uma pesquisa individual, dos
aparelhos respiratrio e vocal, em relao s vrias exigncias de um papel. fundamental,
portanto, que o ator trabalhando a imaginao vocal aprenda a enriquecer suas faculdades
criativas e desenvolver a habilidade de falar em registros que no so os seus naturais.
Como forma de aprimoramento da produo do material vocal do ator, a dico
um elemento primordial que deve ser trabalhada sistematicamente. No exerccio do ator,
afirma Grotowski, cada papel necessita de um tipo de dico diferente e, mesmo dentro da
estrutura do mesmo papel, as possibilidades oferecidas pelas modificaes de dico, de
acordo com as circunstncias e situaes, devem ser exploradas ao mximo.
Grotowski determina procedimentos prticos, constituintes de uma tcnica de
pronncia provedora de um modelo de abordagem do texto quando na criao e na
representao:
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"A capacidade de manipular frases importante e necessria na representao.
A frase uma unidade integral, emocional e lgica, que pode ser mantida por
uma nica onda expiratria e meldica...".
So fornecidas orientaes de como pesquisar e aplicar precisamente na criao,
elementos como: o ritmo, o acento tnico, a respirao e a pausa na declamao das frases.
No pesquisas mais recentes desenvolvidas por Grotowski, no que diz respeito ao
trabalho vocal, verifica-se um acento mais forte na investigao da ao vocal atravs de
cantos antigos:
"Trabalhamos sobre aes ligadas aos antigos cantos vibratrios, os cantos que
serviram no passado a propsitos rituais e que tem, portanto um impacto direto
sobre - como se diz - a cabea, o corao e o corpo dos 'atuantes'. Cantos que
fazem passar de uma energia vital a uma energia mais sutil."
Com referncia ao contedo desenvolvido neste perodo das pesquisas de Grotowski
"A Arte como Veculo" ou "A Objetividade do Ritual" os materiais de aproximao dos
contedos abordados so raros e, ainda, pouco acessveis. Qualquer afirmao em relao a
essas investigaes perigosa pela fragilidade das informaes. Sabe-se, portanto, de
referncias contidas em um livro publicado por Thomas Richards "Travailler Avec
Grotowski sur les actions physques" ator pesquisador do Work Center Grotowski. Alm,
de algumas publicaes de artigos e entrevistas feitas por Grotowski.
Para possveis questionamentos, com relao aos conceitos inferidos de suas
pesquisas, Grotowski argumenta com uma prtica reconhecidamente eficiente e
transformadora da arte do ator. Ainda sobre a voz, aconselha que todo ator recomece
periodicamente tudo de novo, aprendendo a respirar, a pronunciar e a usar suas caixas de
ressonncia, para constante adaptao tcnica da voz em relao s modificaes
estruturais do corpo.
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Exerccio Dirio do ator
Seqncia de alongamento, relaxamento, respirao, ressonncia, sonorizao e articulao.
RELAXAMENTO ERESPIRAO
O corpo deve estar da seguinte forma: ombros relaxados, quadril encaixado, braos soltos,
peito aberto, pernas abertas semi-flexionadas e ps paralelos. Esteja atento respirao
para que ela seja diafragmtica e no peitoral.
1) Espreguiar o corpo na ponta dos ps, elevando o lado direito do corpo e depois olado esquerdo, como se desejasse pegar algo no ar.
2) Fazer movimento com a cabea: sim e no 4 vezes.
3) Girar a cabea para a esquerda e para a direita 4 vezes.
4) Elevar os ombros at as orelhas, inspirando, soltar o corpo liberando um bocejo e
ficando de ccoras. Subir desenrolando a coluna em 8 tempos. Repetir o movimento de
elevar os ombros e desenrolar a coluna ao subir em 4 tempos, depois em 2 e 1. medida
que desenrola a coluna, a respirao segue o mesmo tempo, inspira pelo nariz em 8, 4, 2, 1
tempos e expira devagar pela boca.
Objetivo: Relaxar boa parte do corpo, no somente as reas de tenso como os ombros e o
pescoo, entre outros e trabalhar coordenao fono-respiratria.
SONORIZAO
Fazer o som TRU enquanto gira o brao para frente e para trs. Um brao aps o outro.
Corpo em posio zero, ps firmes apoiados no cho, colocar a perna oposta ao brao que
ser rotacionado frente para dar base e equilbrio. Na proporo que aumenta a
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velocidade do movimento giratrio do brao, aumenta a intensidade do som TRU, ficando
mais agudo. Quando a velocidade menor o som fica grave.
Objetivo: Alm de aquecer as cordas vocais, este exerccio, combinado ao do brao, irriga os
vasos sanguneos das mos, tornando-as mais belas, fortalecendo o brao pra trabalhos que
exijam movimentos mais fortes ou de impacto.
RESSONNCIA
Corpo em posio zero; Humming combinado com vogais bem articuladas. preciso sentir
os lbios vibrarem.Objetivo: Ampliar a projeo da voz.
ARTICULAO
Repetir CLA vrias vezes bem articulado, em vrias velocidades.
Objetivo: Trabalhar articulao que melhorar a dico.
O TEATRO - ESPORTE
Teatro-Esporte um formato competitivo de improvisao teatral, onde duas ou
mais equipes disputam entre si, improvisando histrias e cenas atravs de jogos pr-
determinados e com sugestes dadas pela platia. Estas histrias so pontuadas pelos juzes
e pelo voto do pblico que escolhe a histria preferida entre as realizadas pelas duas
equipes. Assim, uma partida de Teatro-Esporte uma seqncia de jogos de improvisao,
que ao seu final verifica-se a pontuao e se determina o vencedor.
1 - Quem Keith Johnstone?
Keith Johnstone comeou a formular suas teorias sobre criatividade e
espontaneidade enquanto crescia na Inglaterra, mais tarde passou a ensinar sua tcnica na
universidade de Calgary.
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Ele sentia que o teatro havia se tornado pretensioso, o que seria, para ele, a principal
causa do afastamento das pessoas comuns das peas em cartaz. Johnstone queria levar o
teatro para o povo que freqenta arenas de esporte, do futebol ao boxe, a mesma audinciapara quem Shakespeare escrevia suas peas, em seu tempo. Johnstone decidiu criar uma
tcnica que combina elementos de ambas as atividades: teatro e esporte: O Teatro Esporte.
Os aparatos e a pompa do esporte foram ento adaptados ao contexto de um teatro
de improviso, times competem por pontos dados por juzes, e a platia seria estimulada a
torcer pelas boas cenas e zombarem das ruins. Atravs do Teatro Esporte, as idias de
Johnstone tm influenciado (direta ou indiretamente) a maioria dos grandes grupos de
improviso pelo mundo. Seus livros Impro, e Impro para Contadores de Histrias (Impro for storytellers), foram traduzidos em muitas lnguas (menos em portugus, o que uma pena).
Keith produz oficinas de improvisao para uma variedade de grupos de atores de
teatro, aos " Doutores da alegria" e a psicoterapeutas. A partir de novembro 1998, Keith
ofereceu oficinas em So Francisco, Brisbane, Sydney, Seattle, Viena, Dinamarca, Alemanha,
Sucia, Londres, Hong Kong, Austin (Texas) e Tokio. Fundou o grupoTheatre Machine
improvisation, o instituto internacional de Teatro esporte e foi o Co-fundador do " teatro dos
alces perdidos de Calgary". (Calgary's Loose Moose Theatre).
Existem regras para tudo, e especialmente na vida, existem excees para todas as
coisas, e como eu digo a todos os jogadores que treino, cada regra que lhes apresento, pode
ser eventualmente quebrada. Mas, dito isso, existem algumas regras que um improvisador
deve seguir para garantir o sucesso de suas cenas todas s vezes. Mesmo sabendo que elas
podem eventualmente ser quebradas, mantenha o esprito dessas regras sempre intacto em
seu corao. Fazendo isto, eu prometo que suas cenas vo melhorar e apresentar resultados
mais ricos.
1. Sempre comece cada cena com mmicas. A primeira pessoa que entra em cena deve
criar o ambiente atravs da mmica.
A mmica cria o ambiente e o contexto onde o personagem se insere. Ela diz se o
personagem est com fome, sozinho, feliz, triste. Ela diz onde ele/ela est e de onde
veio. Existem muitas coisas que voc pode demonstrar, simplesmente abrindo uma
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porta de geladeira e tirando de dentro alguma lata ou qualquer outra coisa, o que
nos leva regra de nmero 2.
2. No descreva com palavras a ao que voc est fazendo. Nunca, de jeito nenhum,nem que a vaca tussa! Falar sobre a ao no conduz a lugar nenhum e no tem
nenhuma importncia para acena em si. Voc pode falar sobre o que est na sua
mo, mas no precisa dizer a ningum o que voc est fazendo. Deixe que os outros
descubram atravs da sua mmica. Isso adiciona tambm uma maior complexidade s
relaes entre os atores no palco. Nunca diga a ningum que voc est pintando uma
cerca, apenas realize a ao. A platia ir adorar perceber qual a ao que est
acontecendo em cena, sem ser tratada como um bando de idiotas. Faa-os
parecerem gnios e eles o amaro.
3. No pergunte. Transforme as perguntas em afirmaes e leve a cena para frente.
Perguntas so desnecessrias e criam momentos de transio na cena. Perguntas
sempre animam algum a ser o engraadinho, ou fora os personagens
descreverem na cena o que est por vir. Perguntas no levam a nada. Ao tocar a
pergunta: Voc poderia me passar essa caneta agora? por: Me d esta caneta j,
voc cria tenso e empurra a cena para ao. A pergunta atrasa esta ao e
freqentemente cai em um jogo de perguntas, no qual a cena fica presa e no vai a
lugar nenhum.
4. Os personagens devem sempre se conhecer h mais de cinco anos, nunca menos.
Sim, vocs so melhores amigos desde que eram fetos!
Cenas de transio so dolorosas de assistir, e no h nenhuma possibilidade da
audincia prestar ateno em tais cenas.
Quando os personagens j conviveram em muitas situaes passadas, e tratam um
ao outro como conhecidos outra histria. A platia gosta de ver esta relao que
desperta interesse, envolvente. Quantas cenas relevantes podem ocorrer entre um
garoto e um vendedor que acabaram de se conhecer? Muito poucas e muitas dessas
idias so encheo de lingia sem sentindo. Quando um conhece ao outro por
cinco anos ou mais, naturalmente j existe uma base e uma histria em comum na
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qual uma cena poder ser construda. Siga essas regras e a platia pensar que voc
um gnio.
2 - Glossrio de Termos do Impro
ACEITAR Aceitar as ofertas feitas pelos outros jogadores para que a cena avance; AMPLIAR Pegar uma idia e torn-la o tema central da cena; ATRIBUIR Passar atributos/caractersticas para o persona