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ANÁLISE DO NÍVEL DE PRESSÃO
SONORA EM UMA BIBLIOTECA DE
UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO
SUPERIOR
Rodrigo Costa Silva (UFPI)
Matheus das Neves Almeida (UFPI)
Helio Cavalcanti Albuquerque Neto (UFPI)
O conforto acústico em ambientes de ensino é de fundamental
importância para o melhor desenvolvimento de tarefas e atividades
daqueles os usufruem. Quando se trata de uma biblioteca, o bom
desempenho acústico torna-se imprescindível, uma vez que os usuários
tem este espaço como um ambiente calmo e tranquilo para leitura e
realização de outras atividades educativas. Diante disso, o objetivo do
estudo está em verificar se há ou não a existência do conforto acústico
nos espaços de leitura da biblioteca estudada. Para isso, a pesquisa
contemplou medições dos níveis de pressão sonora na área interna da
biblioteca com o uso de decibelímetro e dosímetro digital, a
organização e comparação desses dados com os valores estabelecidos
pelas NBR 10152 (1987) e NR-15 e análise estatística para possíveis
correlações entre esses dados. A partir da análise, pode-se constatar
que os níveis de ruído encontrados não estão dentro do limite
aceitável, configurando assim o ambiente dessa biblioteca como
ruidoso e barulhento. Percebeu-se que os elevados níveis de pressão
sonora são ocasionados por fontes internas, como sistema de
ventilação interno e os próprios usuários. Ademais, também
identificou-se que há diferenças estatisticamente significativas entre os
locais de coleta e os diferentes pisos, contudo não há diferenças entre
os turnos. Por fim, traçou-se sugestões que visam garantir o conforto
acústico para o ambiente estudado.
Palavras-chave: Acústica, biblioteca, ruído
XXXVII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO “A Engenharia de Produção e as novas tecnologias produtivas: indústria 4.0, manufatura aditiva e outras abordagens
avançadas de produção” Joinville, SC, Brasil, 10 a 13 de outubro de 2017.
XXXVII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO “A Engenharia de Produção e as novas tecnologias produtivas: indústria 4.0, manufatura aditiva e outras abordagens
avançadas de produção” Joinville, SC, Brasil, 10 a 13 de outubro de 2017.
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1. Introdução
A saúde e a qualidade de vida do indivíduo em seu espaço de trabalho podem estar
relacionadas a aspectos econômicos, sociais e tecnológicos, bem como em certos casos, onde
os problemas são causados pelos riscos de natureza físico-química, mecânica ou ergonômica,
contribuindo para um agravo na condição e saúde do sujeito ao longo da vida (SERVILHA;
LEAL; HIDAKA, 2010).
Considerando que o ambiente de trabalho das bibliotecas é mais do que uma fonte de livros e
periódicos acadêmicos, pois desempenham um papel importante nas escolas, faculdades e
universidades. Elas funcionam como espaço de trabalho, estudo, reuniões e difusão de
acessibilidade ao conhecimento, cumprindo dessa forma, uma função social.
Assim, a preocupação em estudar os níveis de ruído neste ambiente torna-se necessária
quando níveis de pressão sonora inadequados podem interferir no desenvolvimento e
execução das atividades de seus usufruístes (LEVANDOSKI, 2013). Diante disso, o presente
trabalho tem por objeto analisar os níveis de pressão sonora em que usuários de uma
biblioteca de uma Instituição de Ensino Superior estão submetidos durante sua permanência
neste tipo de recinto.
2. Fundamentação teórica
2.1 Ergonomia
O termo ergonomia significa, etimologicamente, o estudo das leis do trabalho; da relação
entre o homem e seus meios, os métodos e o ambiente de trabalho; tendo como objetivo
central uma melhor da adaptação dos meios tecnológicos de produção e dos ambientes de
trabalho e de vida do homem. Logo, essa ciência consiste numa importante ferramenta para o
bom desempenho do trabalhador em seu cotidiano, tendo em vista todas as normas e leis que
visam garantir a segurança do trabalho nas mais diversas funções a serem executadas no meio
laboral (SILVA; LUCAS, 2009; FALZON, 2009; FIDELIS; FERNANDES, 2015).
Portanto, a ergonomia pode ser vista como uma ciência capaz de prover resoluções para os
problemas entre o homem, os componentes do sistema e o meio ambiente de trabalho,
adaptando-os para a melhora da qualidade de vida, bem-estar e satisfação do trabalhador e sua
produtividade, e consequentemente, para uma melhor eficiência do desenvolvimento de suas
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tarefas e de um ambiente de trabalho favorável. Para tanto, é necessário que seja feita uma
análise ergonômica, cabendo ao empregador realizar esta análise, e esta deve abordar, no
mínimo, as condições de trabalho conforme estabelecido pela Norma Regulamentadora 17
(PAULA; HEIDUKE; MARQUE, 2016).
2.2 Análise ergonômica
A análise ergonômica apoia-se no conjunto de coletas de dados e informações que
possibilitam ao ergonomista realizar as modelagens necessárias para prover mudanças no
ambiente laboral (AGAHNEJAD, 2011).
As cinco principais áreas mais abordadas pela análise ergonômica são: "métodos e técnicas",
"características humanas", "projeto de trabalho e de organização", "saúde e segurança" e
"design do local de trabalho e equipamento". O estudo das tarefas, dos postos de trabalho, dos
produtos, dos ambientes e dos sistemas é imprescindível, de modo a torná-los mais
compatíveis e coerentes às necessidades, habilidades e limitações dos seres humanos,
podendo receber, dessa forma, contribuições significativas dos profissionais da área de
ergonomia (RADJIYEV et al, 2015; ABERGO, 2016).
Moreira Neto, Tavares e Almeida (2009) relatam que a partir da análise ergonômica também é
possível identificar situações problemáticas sobre as condições ambientais, que podem
representar focos de risco, causando danos ao desempenho e à saúde do trabalhador. Dentre
estas variáveis, os autores destacam as condições de temperatura, iluminação e ruído. O
conjunto dessas variáveis ajudam a compor o conforto ambiental identificado por um
indivíduo.
2.3 Conforto ambiental
O conforto ambiental pode ser definido como o equilíbrio harmônico do sujeito no ambiente
em que ele está inserido, ou seja, a situação de conforto ambiental proporciona ao homem a
sensação de bem-estar, em seu espaço de atividade. Essa condição é alcançada a partir do
equilíbrio de três parâmetros: conforto térmico, conforto lumínico e conforto acústico
(COUTINHO FILHO, et al, 2007; OCHOA, 2010).
A sensação de conforto ambiental é relativa, visto que varia da percepção de cada pessoa, de
acordo com o seu tipo de vida, sua atividade, sua idade, e pode ser extremamente trabalhosa e
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complexa a sua quantificação, quando se consideram todos os parâmetros envolvidos nessa
questão (RITTER, 2014).
No Brasil, o Ministério do Trabalho e Emprego estabelece condições mínimas de ergonomia e
conforto ambiental segundo a Norma Regulamentadora NR-17 – Ergonomia, fixando
parâmetros para as condições ambientais de trabalho, levando em conta as características
psicofisiológicas dos trabalhadores e à natureza do trabalho a ser executado (BRASIL, 2007).
2.4 Conforto acústico
O conforto acústico, para Ochoa (2010), está relacionado ao processo de se ouvir o
necessário, sem interferências que acarretem o estresse ou distorções sobre o foco de atenção
da atividade desenvolvida. Para o autor, o som tem características subjetivas, visto que o ruído
de um inseto, durante a noite, pode representar tanto incômodo quanto o ruído da turbina de
um avião, apesar de apresentarem grande diferença de pressão sonora entre si.
O ruído é considerado um dos aspectos do conforto acústico mais importante da saúde
ocupacional, quando inadequado, pode provocar às lesões do aparelho auditivo, à fadiga
auditiva, e, provavelmente, aos efeitos psicofisiológicos negativos, relacionados ao estresse
psíquico - perturbação da atenção e do sono, sintomas neurovegetativos tais como taquicardia
e aumento da tensão muscular (WACHOWICZ, 2013).
Os estudos de Teles e Medeiros (2007) afirmam que a exposição ao ruído pode causar trauma
acústico agudo ou crônico, e de ordem extra-auditiva, como distúrbios cerebrais, distúrbios
nos sistemas nervoso, circulatório, digestivo, endócrino, imunológico, vestibular, muscular,
nas funções sexuais e reprodutivas, e ainda, distúrbios psíquicos, no sono, na comunicação e
no desempenho de tarefas físicas e mentais.
3. Materiais e métodos
3.1 Descrição do ambiente estudado
A Biblioteca escolhida faz parte de uma Instituição de Ensino Superior, localizada na cidade
de Teresina-PI. Mais especificamente, as áreas analisadas foram: os espaços reservados para
leitura individual e em grupo, localizados respectivamente no piso inferior e piso superior da
biblioteca, como delimitados e apresentados pela Figura 1 e 2. As figuras apresentam também
os pontos definidos para coleta de dados.
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Figura 1 - Pontos definidos na planta baixa do piso inferior
Figura 2 - Pontos definidos na planta baixa do piso superior
3.2 Ferramentas e procedimentos de coleta de dados
Inicialmente, a coleta de dados referente ao processo de avaliação dos níveis de ruído na
biblioteca, foi dividida em duas etapas: medições pontuais em pontos específicos da área
interna da biblioteca (Figura 1 e 2) e realização de dosimetria em usuários em pontos
específicos dentro da biblioteca (Anexo 5 e 6).
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Para as medições pontuais, utilizou-se o decibelimetro da marca Vectus, modelo SL-824,
seguindo os procedimentos definidos de acordo com a NBR-10151 (ABNT, 2000), além das
instruções no manual do aparelho, que especifica alguns ajustes, como: ponderação de
frequência “A”, que simula a forma que o ouvido humano captura as frequências e o tempo de
resposta Slow (lento), que faz as medições em intervalos de 1 segundo. Dentre as faixas para
medição pelo aparelho - 30 a 80, 50 a 100 ou 60 a 120 - a faixa escolhida foi a de 50 a 100
dB, que apresentou melhor compatibilidade com os níveis sonoros presentes nos ambientes de
leitura da biblioteca.
Os pontos definidos e a delimitação dos espaços de leitura na planta baixa da biblioteca
podem ser visualizados com melhor resolução nos Anexos 1, 2, 3, 4. Os pontos na planta
baixa do piso inferior da biblioteca foram nomeados com a sigla “PI”, juntamente com a
numeração do ponto. Para os pontos definidos no Piso Superior, seguiu-se o mesmo
protocolo, só que sendo enumerados com a sigla “PS”.
O processo de medição foi realizado durante os turnos de funcionamento da biblioteca, que no
período de medição funcionou apenas nos turnos manhã e tarde, devido à greve dos técnicos
administrativos da Instituição de Ensino Superior. Esse processo aconteceu entre os dias
07/11/2016 à 11/11/2016, nos horários e 09:00h às 12:00h (manhã) e 13:30h às 17:00h
(tarde), de acordo com a disponibilidade do pesquisador. Esta etapa consistiu na mensuração
dos níveis de pressão sonora, onde as medições foram feitas nos pontos especificados na
planta baixa, com intervalos de 1 minuto, tendo duração de 5 minutos cada, para se
estabelecer o máximo de nível de pressão sonora captado em cada ponto.
Para a fase de dosimetria foi utilizado o dosímetro da marca Instrutherm, Modelo DOS-600,
devidamente calibrado, que segundo seu fabricante, está de acordo com as normas IEC
61672-1 tipo 2, IEC 61252, IEC 60651 tipo 2, IEC 60804 tipo 2, e ANSI S1.25 tipo 2, além
de atender a todas as especificações da norma NR-15. O equipamento opera em faixas de
medição de 60 a 130dB e de 70 a 140dB, e realiza medições em escalas de compensação “A”
e “C”, e de resposta fast (rápida) e slow (lenta).
A função do aparelho é fornecer e armazenar as medidas do nível de pressão sonora
equivalente, ao mesmo tempo em que faz a dosimetria. No caso deste estudo, o processo de
dosimetria seguiu os parâmetros específicos de medição conforme a recomendação da NR-15,
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como tempo de resposta “Slow” e a escala de compensação “A”, que indica que os níveis
medidos estão sendo ponderados pelas frequências de acordo com a subjetividade.
Foram realizadas 6 dosimetrias em usuários distintos da Biblioteca. Esse processo foi
realizado entre os dias 30/01/2017 e 11/02/2017. Cada dosimetria contemplou 6 horas diárias
em dias distintos e pontos específicos da biblioteca. O Anexo 5 e 6 apresentam a localização
dos usuários na biblioteca durante esse processo. Cada usuário foi nomeado com numeração
de 1 a 6.
3.3 Ferramentas e procedimentos de análise dos dados
Todos os dados referentes aos valores do nível de pressão sonora levantados nos processos de
medição pontual e dosimetria foram reunidos em planilhas eletrônicas do software Microsoft
Excel (versão estudantil), de forma que cada aspecto levantado pôde ser tabulado
distintamente em uma planilha. Posteriormente, foi utilizado o software R project x64 2.15.0
® para efetuar os cálculos estatísticos e gerar tabelas e gráficos dos resultados.
Após a tabulação, os dados coletados passarão por uma análise que comtempla: 1)
comparação dos dados com a norma e; 2) análise estatística inferencial sobre os dados.
1) Comparação dos dados com as normas:
Os dados levantados quanto ao nível de pressão sonora foram confrontados com os valores
estabelecidos pela NBR-10.152 (1987), para verificação da aceitabilidade dos níveis de ruído
presentes na biblioteca, além do cumprimento aos valores estabelecidos pela NR-15 para o
turno de 8 horas.
2) Análise estatística inferencial sobre os dados:
Os dados mensurados quanto a nível de pressão sonora foram confrontados, buscando
verificar se há diferenças estatisticamente significativa entre as medições feitas nos turnos de
manhã e da tarde, além dos pisos superior e inferior. No mais, também buscou-se verificar se
há diferenças estatisticamente significativa entre os diferentes locais de coleta. Para a
realização dessas análises, adotaram-se testes não paramétricos de acordo com eixo de
comparação dos dados, conforme pode ser observado no Quadro 1.
Quadro 1 – Questionamentos, eixos comparativos e tipo de teste estatístico utilizado
Perguntas a nível geral Eixo de comparação Tipo(s) de teste
Há diferença entre os turnos? Comparação de dois grupos Mann-Whitney Mediana
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Há diferença entre os locais de coleta? Comparação de quatro grupos Kruskal-Wallis
Há diferença entre o piso superior e
inferior? Comparação de dois grupos Mann-Whitney Mediana
3.4 Resultados e discussões
Os dados levantados foram organizados de forma sistêmica para uma análise detalhada. O
processo de tratamento dos dados constou de tabulação e organização das medições com o
auxílio de planilha eletrônica do software Microsoft Excel. Os níveis de pressão sonora
coletados nos pontos definidos do piso inferior estão dispostos de acordo com o tipo do
espaço, respectivamente, na Tabela 1 e 2;
Tabela 1 - Níveis de Pressão Sonora (em dB) coletados no Espaço de Leitura Individual 1 (Piso Inferior)
TURNO PI01 PI02 PI03 PI04 PI05 PI06 PI07 PI08 PI09 PI10 PI11 PI12 PI13 PI14 PI15 PI16 PI17
MANHÃ 76,1 77,7 73,1 71,3 74,8 79,5 72,6 69,7 71,3 73,3 71,0 71,6 70,8 70,7 69,2 73,6 71,2
TARDE 73,3 72,2 67,9 79,1 67,9 73,3 72,9 73,9 75,8 70,9 70,7 71,6 70,1 73,2 75,5 72,6 72,1
PI18 PI19 PI20 PI21 PI22 PI23 PI24 PI25 PI26 PI27 PI20 PI29 PI30 PI31 PI32 PI33 PI34
MANHÃ 69,7 71,2 74,1 72,3 70,1 74,4 79,1 73,1 75,5 71,9 67,1 69,2 72,1 70,3 72,6 69,9 67,6
TARDE 74,2 70,3 76,0 70,3 73,4 79,1 75,0 73,3 71,0 73,5 73,5 71,2 73,3 75,1 72,4 71,3 69,1
Tabela 2 - Níveis de Pressão Sonora (em dB) coletados no Espaço de Leitura Individual 2 (Piso Inferior)
TURNO PI35 PI36 PI37 PI38 PI39 PI40 PI41 PI42 PI43 PI44 PI45 PI46 PI47 PI48 PI49 PI50 PI51
MANHÃ 70,9 73,1 79,1 70,4 74,2 70,8 71,6 72,6 69,2 71,3 75,1 76,3 73,7 72,6 72,9 69,1 71,9
TARDE 69,2 70,3 72,6 76,0 75,2 76,1 72,9 71,6 73,3 69,1 73,3 74,4 75,3 76,1 70,8 70,7 70,1
PI52 PI53 PI54 PI55 PI56 PI57 PI58 PI59 PI60 PI61 PI62 PI63 PI64 PI65 PI66 PI67 PI68
MANHÃ 67,7 73,0 70,1 73,0 74,6 69,1 70,7 70,3 69,3 70,3 69,7 79,5 74,4 77,7 70,7 67,8 67,3 TARDE 73,8 71,8 72,0 69,1 71,9 72,6 71,3 73,2 79,1 73,3 74,8 69,7 79,5 73,2 71,3 72,6 76,0
PI69 PI70 PI71 PI72 PI73 PI74
MANHÃ 74,4 79,1 71,3 75,5 73,3 72,3
TARDE 72,3 72,0 71,3 72,6 73,6 70,8
A média dos níveis de pressão sonora correspondentes aos pontos de medição no Espaço de
Leitura Individual 1 apresentados na Tabela 1, foi igual a 72,3 dB(A) no período da manhã, e
72,8dB(A) no período da tarde. De acordo com NBR-10.152 (1987), os valores aceitáveis de
níveis de pressão sonora para este tipo de ambiente devem estar entre 35-45dB(A). Logo,
constata-se que os níveis de ruído ultrapassam os valores estabelecidos pela norma. O mesmo
acontece com os dados coletados no Espaço de Leitura Individual 2, da Tabela 2, a média dos
valores foi igual a 72,4dB(A) no período da manhã, e 72,9 dB(A) no período da tarde. Mais
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uma vez, constata-se que os níveis ruído presentes no recinto não estão dentro do limite
tolerável estabelecido pela norma.
Para os Espaços de Leitura em Grupo do Piso Superior da biblioteca, os níveis de pressão
sonora coletados estão dispostos nas Tabelas 3 e 4:
Tabela 3 - Níveis de Pressão Sonora (em dB) coletados no Espaço de Leitura em Grupo 1 (Piso Superior)
TURNO PS01 PS02 PS03 PS04 PS05 PS06 PS07 PS08 PS09 PS10 PS11 PS12
MANHÃ 73,0 77,6 76,3 75,4 76,3 79,5 76,8 72,6 77,1 77,0 77,0 72,6
TARDE 76,3 76,7 75,1 78,3 73,9 76,8 77,1 77,5 73,9 77,8 76,0 75,5
PS13 PS14 PS15 PS16 PS17 PS18 PS19 PS20 PS21 PS23 PS23
MANHÃ 78,1 79,9 74,5 75,5 76,0 76,4 72,1 83,2 77,3 90,1 77,0
TARDE 75,2 77,0 79,2 74,9 73,8 72,4 76,2 79,4 74,1 75,5 73,2
Tabela 4 - Níveis de Pressão Sonora (em dB) coletados no Espaço de Leitura em Grupo 2 (Piso Superior)
TURNO PS23 PS24 PS25 PS26 PS27 PS28 PS29 PS30 PS31 PS32 PS33 PS34
MANHÃ 79,5 74,9 78,5 75,5 73,8 76,3 75,4 74,6 76,0 77,1 76,4 73,9
TARDE 78,1 77,3 74,9 75,3 73,9 74,5 76,3 76,4 76,0 74,8 72,3 75,5
Os valores encontrados a partir das medições no Piso Superior apresentaram médias
superiores às médias calculadas das medições do Piso Inferior. No Espaço de Leitura em
Grupo 1, a média dos valores coletados da Tabela 3, foi de 75,7dB(A) no período da manhã, e
76,8dB(A) no período da tarde. O Espaço de Leitura em Grupo 2 registrou médias de
75,4dB(A) e 76,0dB(A) nos respectivos períodos. Esse aumento na média dos níveis de
pressão sonora nestes espaços justifica-se pela grande movimentação e conversação de
pessoas no ambiente. O resultado da dosimetria em cada usuário está disposto no Quadro 2.
Quadro 2 – Resultados da dosimetria realizada nos usuários
Localização (Piso) Usuário Tempo de
exposição
Dose projetada
(8h)
Nível médio
de exposição
Nível médio de
exposição (8h)
Inferior
1 366 min 0,9 51,8 dB(A) 49,9dB(A)
2 364 min 0,9 51,8 dB(A) 49,7dB(A)
3 386 min 1,2 53,7 dB(A) 52 dB(A)
4 388 min 1,7 56,0 dB(A) 54,3dB(A)
Superior 5 392 min 7,9 67,6dB(A) 66 dB(A)
6 368 min 8,12 71,8 dB(A) 67 dB(A)
A partir do Quadro 2, pode-se constatar o nível de exposição em que os usuários dos distintos
pontos da planta baixa da biblioteca, estão em conformidade com a Norma Regulamentadora
15, a qual estabelece o nível máximo de exposição de 85dB (A) para o turno de 8 horas
diárias. Os usuários localizados no piso inferior da biblioteca registraram menores níveis de
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exposição se comparado aos usuários localizados no piso superior. Como citado
anteriormente, na análise dos dados coletados nas medições pontuais, essa diferença justifica-
se pela grande movimentação e conversação de pessoas no pavimento superior da biblioteca.
Percebeu-se que os elevados níveis de ruído encontrados sofrem influência direta de fatores,
como: ruído de fundo constante ocasionado pelo sistema de ventilação da biblioteca, arrasto
de cadeiras para acomodação dos usuários nas cabines e grande circulação e conversas entre
os usuários no piso superior. Vale ressaltar, que esses níveis foram medidos nas condições de
funcionamento pleno da biblioteca, onde haviam grande circulação de usuários no edifício.
A análise dos resultados dados do nível de pressão sonora nesta etapa indicou que, em geral,
os ambientes investigados, nos turnos matutino e vespertino, embora estejam em
conformidade com a NR-15, ainda não estão adequados aos valores estabelecidos pela Norma
NBR-10.152, caracterizando esse ambiente acusticamente como desconfortável e barulhento.
Posteriormente, com o intuito de analisar os dados de forma mais minuciosa deu-se início a
análise inferencial, conforme evidenciado na subseção 3.3 intitulada Ferramentas e
procedimentos de análise dos dados. Os resultados estão em sintonia com os testes estatísticos
evidenciados no Quadro 2, nos quais verificavam-se os valores de p-value (p) calculados. Se o
valor fosse menor que 0,05 (p0,05). Os resultados obtidos são exibidos sucintamente no Quadro 3.
Quadro 3 – Questionamentos, resultados do testes estatísticos e conclusões holísticas
Perguntas a nível
geral Resultados do teste Conclusão(ões)
Há diferença entre
os turnos? p=0,602 p=0,684
As distribuições dos dados é a
mesma entre as categorias de
turno
As medianas dos dados é a
mesma entre as categorias de
turno
Há diferença entre
os locais de coleta? p=0,0
As distribuições dos dados são diferentes entre as categorias de
local de coleta de dados
Há diferença entre
o piso superior e
inferior?
p=0,0 p=0,0
As distribuições dos dados
são diferentes entre as
categorias de piso
As medianas dos dados são
diferentes entre as categorias de
piso
Diante dos resultados do Quadro 3, constata-se que conforme se modifica os locais de coleta
de dados e o piso, há diferença nos níveis de ruído. Sendo assim, o ruído no piso superior é
diferente do ruído no piso inferior, tal como, o ruído no espaço de leitura individual é
diferente do ruído no espaço de leitura em grupo, por exemplo. Por outro lado, não se
verificou uma diferença estatisticamente significativa entre os turnos, ou seja, o nível de ruído
pela manhã é semelhante ao nível de ruído encontrado a tarde.
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4. Considerações finais
Este artigo teve como objetivo central, a verificação dos Níveis de Pressão Sonora (NPS)
existentes na biblioteca de uma Instituição de Ensino Superior. Inicialmente, constatou-se, a
partir de comparação dos valores de NPS encontrados com os estipulados pela Norma NBR-
10152, que estes dados estão acima dos valores aceitáveis, configurando assim o ambiente
deste recinto como barulhento e ruidoso. Posteriormente, a partir de dosimetria realizada nos
usuários, verificou-se que os valores encontrados estão de acordo com os valores
estabelecidos pela NR-15 para o turno de 8 horas, porém ainda não satisfazem aos valores
elencados pela NBR-10152.
Por conseguinte, fez-se a análise inferencial na qual constatou-se que há diferenças
estatisticamente significativas entre os diferentes locais de coleta e os diferentes pisos o que
revela que conforme altera-se o ambiente de estudo, os níveis de ruído sofrem modificações.
Não obstante, revelou-se que não há diferenças estatísticas entre os turnos estudados,
acarretando a conclusão que não importa o período temporal que o indivíduo está na
biblioteca, pois os níveis de ruído tendem a se manter semelhante.
A partir das observações in loco durante a coleta de dados, percebeu-se que as fontes de ruído
que provocaram o desconforto acústico não são oriundas de uma fonte exterior a biblioteca,
corredores e repartições próximas, mas sim originada no interior deste recinto, provocadas por
aqueles que estão inseridos neste ambiente de trabalho, além do ruído de fundo constante
ocasionado pelo sistema de ventilação.
Logo, o tratamento acústico deve, então, ser priorizado, visto que as atividades desenvolvidas
neste tipo de ambiente requerem alto grau de concentração, ficando evidente que nesta
Biblioteca isso não acontece de forma facilitada.
A partir dos resultados obtidos faz-se necessário sugerir alterações no ambiente da biblioteca,
a fim de torná-lo mais confortável acusticamente aos seus usuários. Para isso, são sugeridas as
alternativas a seguir:
Manutenção ou troca do sistema de ventilação atual da biblioteca;
Campanhas que visem conscientizar os usuários sobre a necessidade de
silêncio neste recinto;
Mudança das acomodações dos usuários, bem como cadeiras, pois estas são
fontes consideráveis de ruído quando deslocadas pelos usuários;
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Aplicar as determinações da NBR 10152: Níveis de ruído para o Conforto
Acústico, que recomenda que os níveis máximos de ruído, especificamente em bibliotecas,
devem estar situados entre 35 a 45 dB;
Por fim, tendo em vista que a biblioteca da Instituição de Ensino Superior é extremamente
importante no contexto da universidade, faz-se a utilização de meios para garantir melhores
condições de conforto acústico para a comunidade acadêmica e seus usuários.
REFERÊNCIAS
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avaliação do ruído em áreas habitadas, visando o conforto da comunidade - Procedimento.
Rio de Janeiro, 2000.
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ruído para conforto acústico. Rio de Janeiro, 1987.
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Atividades e Operações Insalubres. Brasília, Ministério do Trabalho e Emprego, 1978.
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Mecânica das Estruturas) - Universidade Federal de Goiás, Goiania, 2010.
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a redução dos afastamentos e do stress, visando melhoria da qualidade de vida do trabalhador.
Revista Conbrad, Maringá, v.1, n.1, p.121-136, 2016.
ANEXO 1
Delimitação e pontos definidos para medição pontual no Espaço de Leitura Individual
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ANEXO 2
Delimitação e pontos definidos para medição pontual no Espaço de Leitura Individual 2
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ANEXO 3
Delimitação e pontos definidos para medição pontual no Espaço de Leitura em Grupo 1
ANEXO 4
Delimitação e pontos definidos para medição pontual no Espaço de Leitura em Grupo 2
ANEXO 5
Pontos de localização dos usuários na planta baixa do piso inferior no fase de dosimetria
ANEXO 6
Pontos de localização dos usuários na planta baixa do piso superior na fase de dosimetria
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