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ANDRÉ GUIMARÃES MACHADO
AVALIAÇÃO COMPARATIVA ENTRE OS SISTEMAS SAF®,
TRUSHAPE® E XP-ENDO SHAPER® NA REMOÇÃO
DE MATERIAL OBTURADOR EM MOLARES
INFERIORES ASSOCIADOS OU NÃO AO
SISTEMA XP-ENDO FINISHER R®
2015
2017
Programa de Pós-Graduação em Odontologia Av. Alfredo Baltazar da Silveira, 580, cobertura
22790-710 – Rio de Janeiro, RJ Tel. (21) 2497-8988
ii
ANDRÉ GUIMARÃES MACHADO
AVALIAÇÃO COMPARATIVA ENTRE OS SISTEMAS SAF®, TRUSHAPE®
E XP-ENDO SHAPER® NA REMOÇÃO DE MATERIAL OBTURADOR
EM MOLARES INFERIORES ASSOCIADOS OU NÃO AO
SISTEMA XP-ENDO FINISHER R®
Orientadores:
Prof. Dr. José Freitas Siqueira Júnior
Profa. Dra. Mônica Aparecida Schultz Neves
UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ RIO DE JANEIRO
2017
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Odontologia da Universidade Estácio de Sá, como parte dos requisitos para a obtenção do grau de Mestre em Odontologia (Endodontia).
iii
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho aos meus pais André Luiz Barbosa Machado e Juliana
Tameirão Guimarães, que deram todo o suporte necessário para enfrentar
esta caminhada, que apesar de grandiosamente fascinante, também
foi árdua. Meus pais possibilitaram o curso e por isso dedico
esta obra como fruto de seu investimento e confiança.
Dedico a todos os mestres que ao longo da minha vida me guiaram até
aqui e, de alguma maneira, me presentearam com conhecimento.
A estes tenho enorme gratidão e respeito.
iv
AGRADECIMENTOS
A gratidão é uma dádiva daqueles que reconhecem os motivos de ser feliz.
Não mensuro gratidão e me permito este lindo exagero.
Agradeço primeiramente a DEUS, criador divino que me concedeu o sagrado
dom da vida e todas as incríveis oportunidades nela.
Agradeço a minha família, que de forma incrível me ajudou a passar por todos
os obstáculos. Particularmente à minha irmã, que com muito carinho e paciência me
cedeu abrigo em sua casa por todo o tempo que precisei.
À minha namorada Thaís, pela inspiração e amor e a todos os amigos que me
apoiaram.
Gostaria de agradecer especialmente ao meu Pai. Faltam-me palavras para
expressar tamanha gratidão e respeito. Ao longo de todo o curso, meu pai, e
também mentor em vida e carreira, fez muito mais do que me proporcionar o curso,
mas me ajudou com tudo que precisei sem ao menos hesitar um instante.
Transcendeu muito além de seus deveres como um pai e me proporcionou tudo que
eu poderia querer. Graças a você posso sonhar em ser um mestre.
Agradeço calorosamente à professora Mônica Aparecida Schultz Neves e ao
professor José Freitas Siqueira Jr., pela brilhante orientação e incríveis
ensinamentos. Também à doutoranda Bianca Poncioni S. Guilherme pelo apoio e
valiosa ajuda no desenvolvimento da etapa laboratorial da pesquisa. Aos
professores José Cláudio Provenzano e Marília Marceliano-Alves pela dedicação ao
meu trabalho no laboratório do micro-CT.
v
Agradeço também a toda equipe brilhante do PPGO, um programa que muito
admirava antes mesmo de ingressá-lo, e hoje tenho orgulho. Que essa escola
continue sempre prosperando e contribuindo para a ciência endodôntica.
vi
EPÍGRAFE
“A diferença entre o bom e o ótimo é a disciplina; a diferença
entre o ótimo e o excelente é a criatividade; já o que
difere a excelência da genialidade é a paixão.
Os meios precisam ser mais amados que
os objetivos para se alcançar sonhos.”
André G. Machado
vii
ÍNDICE
RESUMO.............................................................................................................. viii
ABSTRACT.......................................................................................................... x
LISTA DE FIGURAS............................................................................................ xii
LISTA DE TABELAS........................................................................................... xiv
LISTA DE ABREVIATURAS............................................................................... xv
1. INTRODUÇÃO................................................................................................. 01
2. REVISÃO DA LITERATURA........................................................................... 05
3. JUSTIFICATIVA............................................................................................... 17
4. HIPÓTESES..................................................................................................... 18
5. OBJETIVOS..................................................................................................... 19
6. MATERIAIS E MÉTODOS............................................................................... 20
7. RESULTADOS............................................................................................... 33
8. DISCUSSÃO.................................................................................................. 36
9. CONCLUSÕES................................................................................................ 44
10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................. 45
11. ANEXOS........................................................................................................ 53
viii
RESUMO
Objetivos: Este estudo comparou a eficácia de três sistemas rotatórios, seguidos
por uma abordagem suplementar com um instrumento de refinamento, na remoção
de material obturador em canais curvos.
Materiais e Métodos: Sessenta canais mesiais de molares inferiores foram
instrumentados empregando o sistema BioRaCe e obturados. Após a desobstrução
inicial empregando o sistema D-RaCe, os canais foram divididos (n = 20) e
reinstrumentados por um dos seguintes sistemas: Self-Adjusting File, TRUShape ou
XP-endo Shaper, alternando a técnica utilizada por canal, de raiz para raiz. Após
esta etapa, os canais que ainda apresentavam algum remanescente de material
obturador, receberam um refinamento com o instrumento XP-endo Finisher R. A
análise volumétrica do material obturador através de microtomografia
computadorizada foi realizada após as etapas de obturação, reinstrumentação e
refinamento. Após a reinstrumentação, os grupos foram comparados pelo modelo
linear geral para dados pareados, enquanto que na análise do refinamento utilizou-
se o teste de Wilcoxon Signed Ranks. Para a comparação do percentual de casos
com remoção total utilizou-se o teste exato de Fisher.
Resultados: Após a reinstrumentação, 31 canais (51,6%) revelaram remoção
completa do material obturador, sem diferença significativa entre os grupos (p =
0,537), com percentual de remoção de 92,4%, 96,95% e 96,9%, para Self-Adjusting
File, TRUShape e XP-endo Shaper, respectivamente. O refinamento com o XP-endo
Finisher R promoveu remoção adicional de 38%, sendo estatisticamente significante
(p<0,001) e totalizando 37 canais (61,6%) com remoção completa do material
obturador.
ix
Conclusões: Todos os sistemas testados mostraram desempenho similar na
remoção de material obturador quando empregados na reinstrumentação, após o
uso do sistema D-RaCe em canais mesiais de molares inferiores. O emprego do XP-
endo Finisher R como instrumento suplementar promoveu aumento significante na
remoção de material obturador remanescente.
Palavras-chave: Endodontia; Canal Radicular; Retratamento; Self-Adjusting File;
TRUShape; XP-endo Finisher R; XP-endo Shaper.
x
ABSTRACT
Aims: This study compared the efficacy of three instrumentation systems followed by
a supplementary approach with a finishing instrument in removing the filling material
from curved canals.
Materials and Methods: Sixty mesial canals from mandibular molars were prepared
by using the BioRaCe system and filled. After initial clearing by using D-RaCe
system, the canals were divided (n = 20) and reinstrumented with one of the following
systems: Self-Adjusting File (SAF), TRUShape or XP-endo Shaper, alternating the
technique used per canal from root to root. After this step, the canals that still had
some remaining of filling material received a refinement with XP-endo Finisher R
instrument. The volumetric analysis of the filling material was performed through
micro–computed tomography after the canals were obturated, reinstrumented and
refined. After reinstrumentation, the groups were compared by the general linear
model for paired data, whereas in the refinement analysis the Wilcoxon Signed
Ranks test was used. For the analysis of total removal cases percentage, the Fisher
exact test was used.
Results: After reinstrumentation, 31 canals (51.6%) revealed complete removal of
the filling material, with no statistically significant difference between the groups (p =
0.537), with a removal percentage of 92.4%, 96.95% and 96.9% for SAF, TRUShape
and XP-endo Shaper, respectively. The refinement with XP-endo Finisher R
promoted additional removal of 38%, being statistically significant (p <0.001), totaling
37 (61.6%) canals with complete removal of the filling material.
Conclusions: All systems tested showed similar performance in removing filling
material when used after D-Race system in mesial root canals of mandibular molars.
xi
The use of XP-endo Finisher R as a supplementary instrument promoted a
significantly increased in removing of the remaining filling material.
Keywords: Endodontics; Root Canal; Retreatment; Self-Adjusting File; TRUShape;
XP-endo Finisher R; XP-endo Shaper.
xii
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Secção coronária no preparo das amostras (A e B) .......................... 21
Figura 2. Sistema D-RaCe................................................................................. 23
Figura 3. Sistemas utilizados na reinstrumentação: A) SAF; B) TRUShape; C)
XP-endo Shaper..................................................................................
23
Quadro 1. Distribuição dos instrumentos nos canais mesiais.............................. 23
Figura 4. Motor EndoStation............................................................................... 25
Figura 5. Instrumento SAF com irrigação manual.............................................. 25
Figura 6. Instrumento TRUShape....................................................................... 26
Figura 7. Instrumento XP-endo Shaper.............................................................. 27
Figura 8. Bomba VATEA.................................................................................... 27
Figura 9. XP-endo Finisher R: A) instrumento em temperatura ambiente; B)
instrumento retificado através do tubo após o uso do spray de
resfriamento........................................................................................
28
Figura 10. Fluxograma do protocolo TRUShape na etapa de reinstrumentação. 29
Figura 11. Fluxograma do protocolo XP-endo Shaper na etapa de
reinstrumentação.................................................................................
29
Figura 12. Fluxograma do protocolo SAF (Self-Adjusting File) na etapa de
reinstrumentação.................................................................................
30
Figura 13. Fluxograma do protocolo XP-endo Finisher R na etapa de
refinamento.........................................................................................
30
Figura 14. Imagens 3D de micro-CT de canais reinstrumentados com SAF e
TRUShape: A) após a obturação; B) após a reinstrumentação; C)
após o refinamento com XP-endo Finisher R.....................................
34
xiii
Figura 15. Imagens 3D de micro-CT de canais reinstrumentados com SAF e
XP-endo Shaper: A) após a obturação; B) após a reinstrumentação;
C) após o refinamento com XP-endo Finisher R.................................
35
Figura 16. Imagens 3D de micro-CT de canais reinstrumentados com XP-endo
Shaper e TRUShape: A) após a obturação; B) após a
reinstrumentação; C) após o refinamento com XP-endo Finisher R...
35
xiv
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Volume (mm3) de material obturador inicial e remanescente
dos sistemas SAF, TRUShape e XP-endo Shaper.....................
33
Tabela 2 – Médias do volume (mm3) de material obturador remanescente
antes e após o uso do XP-endo Finisher R.................................
34
xv
LISTA DE ABREVIATURAS
AAE American Association of Endodontists
CT Comprimento de trabalho
EDTA Ethylenediaminetetraacetic acid (ácido etilenodiamino tetra-acético)
NaOCl Hipoclorito de Sódio
PUI Irrigação ultrassônica passiva
micro-CT Microtomografia computadorizada
NiTi Níquel-Titânio
PQM Preparo químico-mecânico
PCR Reação em cadeia da polimerase
rpm Rotações por minuto
SAF Self-Adjusting File
SCR Sistema de canais radiculares
TS TRUShape
UNESA Universidade Estácio de Sá
XPF XP-endo Finisher
XPFR XP-endo Finisher R
XPS XP-endo Shaper
1
1. INTRODUÇÃO
Na prática diuturna, o profissional pode se deparar com três condições
clínicas envolvendo o sistema de canais radiculares (SCR): dentes com polpa viva,
necrosada ou retratamento endodôntico. A principal diferença reside no fato de que
na biopulpectomia (polpa vital) não há presença de infecção, enquanto que a
necropulpectomia (polpa necrosada) apresenta envolvimento microbiano. O
retratamento pode ter etiologia microbiana ou não, caso seja por indicação protética,
por exemplo. Portanto, o índice de sucesso do tratamento endodôntico está
associado ao correto diagnóstico e ao emprego de protocolos terapêuticos, de
acordo com o status da cavidade endodôntica (SIQUEIRA et al., 2014).
Do ponto de vista biológico, os objetivos primordiais da terapia endodôntica
incluem a prevenção ou o tratamento da lesão perirradicular, por meio da
desinfecção e preparo do sistema de canais radiculares (SIQUEIRA & RÔÇAS,
2013). Assim, lograr êxito significa ausência de doença perirradicular, após um
adequado período de prosservação (SIQUEIRA et al., 2014).
A etiologia do fracasso na terapia endodôntica ocorre em sua maioria,
devido à infecção persistente ao protocolo de desinfecção previamente realizado ou
por infiltração microbiana posterior ao tratamento (SAKAMOTO et al., 2007).
Segundo alguns autores (RICUCCI et al., 2015; TABASSUM & KHAN, 2016), fatores
não microbianos como a presença de cisto verdadeiro ou extrusão apical de corpo
estranho no ligamento periodontal, também podem comprometer o sucesso do
tratamento, exigindo uma reintervenção endodôntica.
A indicação do retratamento endodôntico está baseada no surgimento da
doença perirradicular após o tratamento ou na sua persistência prolongada. Esta
2
patologia é caracterizada pela presença de imagem radiográfica evidenciando área
radiolúcida na região periapical (lesão perirradicular), podendo estar acompanhada
de sintomatologia dolorosa e/ou sinais clínicos, como a presença de tumefação ou
de uma parúlide (via de drenagem da fístula) (SIQUEIRA et al., 2009), fazendo-se
necessário remover totalmente o material obturador do SCR, bem como um novo
PQM e uma nova obturação (ENDO et al., 2013).
Várias técnicas foram propostas visando desobstruir o canal radicular, tais
como diferentes instrumentos mecanizados ou manuais, solventes e suas
associações, tendo cada uma delas vantagens e desvantagens (FRIEDMAN, 1990).
Estudos (MOLLO et al., 2012; HELVACIOGLU-YGIT et al., 2014) demonstraram que
no retratamento endodôntico, a desobstrução do canal com a remoção do material
obturador, mesmo quando realizada por sistemas contemporâneos, ainda há a
manutenção de considerável volume de guta-percha e cimento, aderidos à superfície
dentinária do canal radicular.
Devido à complexidade anatômica do SCR, a remoção total do material
obturador pode ser uma tarefa difícil, ou até mesmo impossível de ser alcançada
(BARSNESS et al., 2015). Considerando que biofilmes bacterianos podem
permanecer aderidos ao remanescente de material obturador, e que a infecção
microbiana é responsável pela redução da taxa de sucesso obtida no retratamento
endodôntico (SIQUEIRA, 2011), a eficácia de protocolos que promovam a
eliminação ou a redução máxima de microrganismos do SCR é fundamental para o
reparo dos tecidos perirradiculares.
Na última década, novas estratégias antimicrobianas pós preparo químico-
mecânico (PQM) têm sido propostas visando otimizar a limpeza e a desinfecção do
canal radicular (DARCEY et al., 2016; ELNAGHY et al., 2017; TOPCUOGLU et al.,
3
2016). Entre estas incluem a agitação da substância irrigadora com pontas
ultrassônicas, ondas sônicas, instrumentos de plástico, uso do laser, instrumentos
de NiTi e irrigação do canal associada a uma aspiração no comprimento de trabalho
(CT) (PLOTINO et al., 2016). Após a desobstrução inicial do canal radicular,
algumas dessas estratégias mostraram eficiência na remoção de material obturador,
todavia, ainda não alcançaram sua total remoção (ALVES et al., 2016b).
Novos sistemas mecanizados de Níquel-Titânio (NiTi) foram inseridos
recentemente no mercado com a proposta de promover superior limpeza e
desinfecção. Assim destaca-se a Self-Adjusting File (SAF) (ReDent-Nova, Ra’anana,
Israel), que apresenta uma tecnologia inovadora e singular. Projetada para uma
instrumentação anatômica tridimensional com irrigação simultânea, a SAF apresenta
um potencial favorável para a remoção de remanescentes de material obturador,
promovendo eficaz limpeza ao final do retratamento endodôntico (KELES et al.,
2014a, 2014b).
Outro sistema mecanizado, conhecido como TRUShape (Dentsply Tulsa
Dental Specialties - Tulsa, OK, EUA), apresenta uma liga de NiTi e é acionado em
rotação contínua. Além de prometer uma instrumentação do canal radicular de forma
tridimensional e minimamente invasiva, esse instrumento recebe um tratamento
termomecânico e apresenta morfologia levemente helicoidal cônica, propiciando
uma instrumentação mais efetiva. Todavia, ainda existem poucos estudos na
literatura avaliando o desempenho do TRUShape, no retratamento endodôntico
(NIEMI et al., 2016; ZUOLO et al., 2016).
Recentemente, a empresa FKG Dentaire SA (LaChaux-deFonds, Suíça)
lançou o instrumento XP-endo Shaper, com acionamento mecanizado em rotação
contínua e proposta de promover modelagem ao canal no PQM. Este possui
4
propriedades de superelasticidade e memória de forma, devido à presença da liga
MaxWire® na composição. Tais propriedades conferem a este instrumento a
capacidade de reagir a variações de temperatura e adquirir uma forma helicoidal
pré-determinada no interior dos canais radiculares a partir de 35ºC. Permitindo
assim que com instrumento único de calibre ISO 30/0.01, se alcance um preparo
equivalente a ISO 30/0.04 (FKG, 2016).
Outro sistema presente no mercado, o XP-endo Finisher vem com a
proposta de complementar o PQM realizado por outros sistemas de NiTi. Acionado
em rotação contínua com alta velocidade de rotação e baixo torque, este
instrumento também apresenta a liga MaxWire® e detém propriedades similares ao
XP-endo Shaper quanto a variações de temperatura. Segundo o fabricante, este
instrumento promove limpeza eficaz em áreas anatômicas complexas do canal
radicular, onde o instrumento de NiTi convencional não consegue atingir,
preservando estrutura dentinária. Ainda há uma versão disponível deste instrumento
para uso em refinamento de retratamento não cirúrgico, denominada XP-endo
Finisher R. Neste, o diâmetro é maior (30/.00) que o convencional, o que, segundo
os fabricantes, confere melhor resistência e eficácia na remoção de remanescentes
de material obturador aderido nas paredes dentinárias (SILVA et al., 2017).
Em função do exposto, considera-se relevante o desenvolvimento de novos
protocolos, a fim de avaliar o desempenho desses instrumentos de NiTi, na remoção
de remanescentes de material obturador, durante o retratamento endodôntico.
5
2. REVISÃO DA LITERATURA
2.1. Etiologia do Insucesso Endodôntico
Segundo a Associação Americana de Endodontistas (AAE, 2016), o
retratamento endodôntico pode ser definido como um procedimento de remoção de
materiais obturadores da cavidade pulpar, com o intuito de realizar nova
modelagem, desinfecção, limpeza e obturação. Assim, o procedimento é entendido
como uma nova intervenção, na tentativa de alcançar melhor qualidade de
desinfecção e selamento do SCR, necessários para o sucesso da terapia
endodôntica.
De acordo com SIQUEIRA & RÔÇAS (2008), a terapia endodôntica não é
capaz de erradicar a microbiota presente em canais infectados, porém por meio da
desinfecção é possível atingir limiares microbiológicos compatíveis com a cura da
doença.
A necessidade de retratar o canal radicular se dá, na maioria dos casos,
pela presença de infecção intrarradicular e/ou extrarradicular, originada por
infiltração ou por resistência ao tratamento previamente realizado, ou ainda, por uma
iatrogenia, causando agressão aos tecidos perirradiculares (GOMES et al., 2008).
Portanto, a etiologia do insucesso da terapia endodôntica se baseia em fatores
microbianos e não microbianos (SIQUEIRA et al., 2014). O fator microbiano se
caracteriza pela presença de uma microbiota capaz de gerar danos aos tecidos
perirradiculares. Esta microbiota pode estar presente em um canal aparentemente
bem tratado (infecção persistente, secundária ou extrarradicular), assim como, em
um canal tratado com um protocolo deficiente (RICUCCI et al., 2015). Algumas
iatrogenias durante etapas do tratamento endodôntico inicial, assim como a
6
complexidade anatômica (canal acessório, istmo e delta apical), também propicia à
manutenção de microrganismos no SCR. Fatores não microbianos estão associados
a acidentes ou ações iatrogênicas não relacionadas diretamente ao agente
microbiano, mas que podem gerar um dano químico e/ou mecânico aos tecidos
perirradiculares, como, por exemplo, a sobreinstrumentação, a perfuração, a
extrusão apical excessiva de material obturador ou de substância irrigadora
(TABASSUM & KHAN, 2016).
Para TORABINEJAD et al. (2009), a terapia de retratamento do canal
radicular deve ser realizada da forma mais conservadora possível, porém quando
esta não for capaz de atingir um nível de desinfecção reparador, a cirurgia
perirradicular com apicectomia, curetagem, retropreparo e retrobturação apical é a
opção indicada.
2.2. Reintervenção Endodôntica Não Cirúrgica
Com a constatação do fracasso no tratamento endodôntico inicial, a
reintervenção não cirúrgica, por ser menos invasiva, deve ser a primeira opção de
terapia. Segundo AL-ALI et al. (2005), esse tratamento consiste na seguinte
sequência de etapas: desobstrução, desinfecção, reinstrumentação, refinamento e
obturação do canal radicular. As etapas de reinstrumentação e refinamento vêm
ganhando grande importância com o advento de novas tecnologias de
instrumentação e irrigação. Com o objetivo de tentar remover restos de materiais
obturadores e desinfetar o SCR, a fim de garantir um melhor prognóstico (ALVES et
al., 2016b).
A lesão perirradicular pós-tratamento pode indicar a necessidade de
reintervenção não cirúrgica, podendo esta ser classificada como: emergente (estava
7
ausente e desenvolveu após o tratamento), persistente (persistiu mesmo com o
tratamento) e recorrente (após a reparação, ressurgiu tardiamente) (SIQUEIRA,
2011). A periodontite apical pode vir acompanhada de dor ou sinais clínicos, como
fístula, e reparada entre seis meses e dois anos, após o tratamento endodôntico
(WU et al., 2006).
SUNDQVIST et al. (1998) relataram que o índice de sucesso do
retratamento não cirúrgico foi de 74%, em 54 casos acompanhados por até cinco
anos. O mesmo estudo demonstrou que as bactérias presentes em canais com
insucesso pós-tratamento eram predominantemente Gram-positivas, com
prevalência de Enterococcus faecalis. Tal resultado corrobora com outros estudos
que usaram métodos moleculares na detecção microbiológica, como a reação em
cadeia da polimerase (PCR), que contribuiu também na detecção de espécies não
cultiváveis (SIQUEIRA & RÔÇAS, 2004; GOMES et al., 2008; ENDO et al., 2013).
Na infecção persistente podem ser detectadas outras espécies microbianas, como
fungos e vírus (KUMAR et al., 2015; PATEL et al., 2016).
Em busca de se elucidar mais profundamente a patogênese perirradicular a
nível molecular, PROVENZANO et al. (2016) indicaram que lesões perirradiculares
encontradas pós-tratamento sem sucesso são molecularmente complexas e
demonstram interação dinâmica entre a imunidade inata e específica do hospedeiro,
com antígenos bacterianos pró-inflamatórios. Assim foi relatada a presença de
fatores proteicos bacterianos relacionados à sua patogenicidade, além de
imunológicos do hospedeiro, tanto nos ápices removidos cirurgicamente, quanto nas
lesões.
8
2.2.1. Anatomia do Canal Radicular e Remoção do Material Obturador
A complexidade anatômica do SCR é um grande desafio no retratamento
endodôntico. Sabe-se que este sistema detém uma morfologia interna abstrata com
superfícies acidentadas, diâmetros desiguais e acidentes anatômicos, como canais
colaterais, secundários e istmos (BARSNESS et al., 2015). Apesar do material
obturador se localizar apenas no canal principal, estudos (VIDAL et al., 2016;
YURUKER et al., 2016) demonstraram que, mesmo aplicando técnicas mais atuais,
não foi possível remover totalmente a massa obturadora. O estudo de
RECHENBERG & PAQUÉ (2013) empregou a mesma técnica na remoção do
material obturador endodôntico, em múltiplas morfologias transversais dos canais, e
verificou que tais complexidades, interferiram significativamente na qualidade de
esvaziamento.
A anatomia não apresenta apenas obstáculo mecânico, mas também
biológico ao retratamento. A microbiota envolvida na infecção persistente, que
caracteriza a necessidade de uma reintervenção pode estar localizada em acidentes
anatômicos, nos quais a instrumentação, a obturação ou até mesmo a irrigação são
insuficientes (SIQUEIRA & RÔÇAS, 2008). Portanto, isso aumenta a
responsabilidade do profissional na compreensão da anatomia de cada caso.
Todavia, os exames complementares usados na prática endodôntica diária, como a
radiografia convencional, não são capazes de fornecer imagens com detalhamento
preciso sobre a anatomia específica de cada caso. Assim, fatores anatômicos são
variáveis essenciais para o entendimento etiológico do fracasso endodôntico
(RICUCCII & SIQUEIRA, 2010). Sua compreensão, acrescida das limitações clínicas
de diagnóstico são fatores essenciais para se alcançar resultados e prognósticos
mais satisfatórios e previsíveis.
9
Ressalta-se que, de acordo com a AAE (2010), o tratamento endodôntico
que representa um maior desafio ao endodontista é aquele realizado em dente com
excessiva inclinação ou rotação (> 30°), dentes molares, dentes com complicações
e/ou tratamentos endodônticos prévios – cirúrgico ou não –, além de algumas
configurações específicas do canal radicular, como: em forma de S ou com extrema
curvatura (> 30°), divididos nos terços médio ou apical, muito longos (> 25 mm), e
com o ápice aberto (> 1,5 mm de diâmetro).
2.3. Prognóstico do Retratamento Endodôntico
Segundo alguns estudos, elementos dentários submetidos ao tratamento
endodôntico convencional apresentam uma taxa de sobrevida (levando em
consideração funcionalidade, longevidade e ausência de sintomas), entre 86% e
98% (CHEN et al., 2008; NG et al., 2010, 2011; BURRY et al., 2016) e índice de
sucesso (avaliando a lesão perirradicular como condição biológica do periápice,
além dos aspectos previamente citados na sobrevida), entre 68% e 94,4%
(LAZARSKI et al., 2001; NG et al., 2007; RICUCCI et al., 2011; KANG et al., 2015).
LEE et al. (2012) afirmaram que a perda de aproximadamente metade desses
elementos dentários, somente ocorre em torno de 21 anos, após a conclusão do
tratamento.
A terapia de retratamento endodôntico apresenta índice de sucesso entre
60% e 91,52% (KVIST & REIT, 1999; GORNI & GAGLIANI, 2004; CHEN et al., 2008;
TORABINEJAD et al., 2009; SALEHRABI & ROTSTEIN, 2010; KANG et al., 2015;
HE et al., 2017). Porém, nota-se uma considerável incidência de vieses de
comparação entre estudos que apresentam índices de sobrevida e sucesso do
retratamento endodôntico (HE et al., 2017) tornando-os questionáveis. Isso pode ser
10
explicado principalmente, pela diferença na aplicação metodológica dos critérios de
avaliação de sucesso e insucesso do tratamento, além de grande divergência de
técnicas e sistemas de instrumentação abordados, e no período de
acompanhamento, que varia entre 1,8 a 10 anos (KVIST & REIT, 1999; HAMMAD et
al., 2008).
Segundo WU et al. (2009), a maioria dos estudos faz uso apenas do aspecto
perirradicular, analisado por radiografias periapicais, e da ausência de sintomas,
como critérios de avaliação do sucesso do tratamento. Porém, vale ressaltar que,
esses métodos de diagnóstico apresentam limitações, e consequentemente seus
achados são questionáveis. Os autores sugeriram que os resultados, tanto de
retratamento, como de tratamento endodôntico inicial, devam ser avaliados por
estudos longitudinais de longo prazo, que utilizem a tomografia computadorizada
e/ou uma associação de métodos diagnósticos, com critérios mais rigorosos de
avaliação.
Contudo, o prognóstico preciso da terapia de retratamento é ainda de certa
forma desconhecido, fato que demostra a necessidade de padronização de estudos
que abordam o tema e avaliação da influência de novas tecnologias, a fim de
oferecer maior previsibilidade ao profissional.
2.4. Avanços Tecnológicos na Desinfecção e Desobstrução
Os avanços tecnológicos na instrumentação e irrigação do canal radicular
são benéficos em diversos aspectos na prática endodôntica, entretanto tais avanços
ainda apresentam limitações e não alcançaram satisfatoriamente os objetivos da
terapia de reintervenção (VOET et al., 2012; VIDAL et al., 2016; YURUKER et al.,
2016; HE et al., 2017). Quanto à remoção de materiais obturadores em canais
11
radiculares, os estudos ainda são controversos na comparação entre instrumentos
manuais e mecanizados de NiTi (HAMMAD et al., 2008; RODIG et al., 2014).
Segundo RODIG et al. (2012), instrumentos mecanizados de NiTi apresentam maior
risco de fratura, durante a desobstrução de materiais obturadores em canais curvos.
Na atualidade, podem ser encontrados diversos sistemas indicados para uso
suplementar ao PQM e que apresentam resultados promissores, na busca de se
atingir uma condição asséptica ideal no canal radicular. Entre estes se destacam a
irrigação passiva ultrassônica (PUI), a agitação sônica da substância irrigadora, o
sistema Self-Adjusting File (SAF, ReDent-Nova, Ra’anana, Israel), PIPS (Photon
initiated acoustic streaming), instrumentos plásticos e de NiTi, e o emprego da
pressão negativa e positiva (PLOTINO et al., 2016). Quanto à remoção de material
obturador, a efetividade destes sistemas ainda é questionável, devido à divergência
nos resultados de estudos comparativos, embora todos relatem ausência de
remoção completa da massa obturadora (GRISCHKE et al., 2014; ROSA et al.,
2015; ALVES et al., 2016b; JIANG et al., 2016; KELES et al., 2016; HE et al., 2017).
Apesar da incompleta remoção mecânica de guta percha e cimento, o procedimento
suplementar com o emprego desses sistemas, se mostra eficaz na desinfecção do
SCR e na tentativa de remoção máxima possível de material remanescente
(TENNERT et al., 2014; RODRIGUES et al., 2015).
2.4.1. Self-Adjusting File (SAF)
O sistema SAF apresenta uma tecnologia original e inovadora, com
instrumentos de NiTi autoajustáveis à anatomia do canal radicular. Os instrumentos
SAF possuem um design singular e maior flexibilidade em comparação aos
instrumentos de NiTi convencionais (HOF et al., 2010). Sua parte ativa é formada
12
por um cilindro vazado, composto por entrelaçados metálicos de superfície externa
abrasiva, que promovem o desgaste na parede dentinária do canal, por meio de
vibração vertical de 0,4 mm de amplitude e rotação contínua (ABRAMOVITZ et al.,
2012). Outra característica peculiar é a irrigação simultânea conduzida pelo interior
do instrumento durante o preparo do canal, aumentando assim, a capacidade de
limpeza das paredes dentinárias (HOF et al., 2010). O principal objetivo do
instrumento SAF é realizar o preparo do canal se ajustando à anatomia original, com
abundante irrigação simultânea (METZGER, 2014). Sua utilização após a
desobstrução do canal, quando comparada ao método convencional, na grande
maioria dos estudos (ABRAMOVITZ et al., 2012; ALVEZ et al., 2012; SOLOMONOV
et al., 2012; VOET et al., 2012; KELES et al., 2014a, 2014b; RODRIGUES et al.,
2015; KELES et al., 2016; PAWAR et al., 2016) está associada à persistência de
menor volume de material obturador e a maior desinfecção do canal. Em um estudo
comparativo, YURUKER et al. (2016) não encontraram diferença significativa quanto
à remoção de material obturador, entre o sistema ProTaper Retratamento (Dentsply
Tulsa Dental, Tulsa, OK, EUA) e este último associado à SAF. Entretanto, esse
estudo utilizou tomografia computadorizada de feixe cônico para análise volumétrica
e foi o único realizado em pré-molares inferiores.
2.4.2. Sistema TRUShape
O instrumento TRUShape (Dentsply Tulsa Dental Specialties, Tulsa, OK,
EUA) é designado para cinemática rotatória contínua e apresenta liga de NiTi com
tratamento termomecânico especial, a qual permite realizar uma usinagem peculiar,
em formato levemente helicoidal (PETERS et al., 2015). Embora ainda haja poucos
estudos sobre este instrumento, sabe-se que realiza preparo conservador,
13
centralização satisfatória e possui elevada resistência mecânica (PETERS et al.,
2015; BONESSIO et al., 2017). O estudo de BORTOLUZZI et al. (2015) em pré-
molares com canais ovalados, revelou que o TS promoveu melhor desinfecção, em
comparação ao instrumento Twisted File (SybronEndo, Orange, CA, EUA). Assim
como GUIMARÃES et al. (2017) que, analisando áreas não tocadas em uma
anatomia interna similar, encontraram resultados favoráveis ao TS, em comparação
ao Reciproc.
Na terapia de retratamento, o TS pode ser relacionado ao maior tempo de
desobstrução e eficácia similar a outros sistemas mecanizados (ZUOLO et al.,
2016). Quando utilizado no refinamento, o TS foi associado a uma maior eficácia na
remoção de material obturador em canais ovalados, quando comparado a
instrumento único rotatório de mesmo diâmetro (NIEMI et al., 2016).
2.4.3. Sistema XP-endo Shaper
O instrumento XP-endo Shaper (FKG Dentaire SA, La Chaux-de-Fonds,
Suíça) é acionado em rotação contínua, com objetivo de promover
modelagem/alargamento do canal radicular durante o PQM. Em sua composição
apresenta a liga MaxWire, a qual lhe confere as propriedades de superelasticidade e
efeito memória de forma. Estas propriedades permitem que o instrumento reaja a
variações de temperatura (transformação da fase martensítica para austenítica a
partir de 35ºC) adquirindo forma helicoidal, o que possibilita alcançar um preparo
referente à conicidade 0,04mm/mm (BAYRAM et al., 2017).
Ainda que não haja literatura acerca da aplicabilidade do XPS no
retratamento endodôntico, já foi demonstrado que este instrumento não induz a
formação de microfraturas na dentina, quando utilizado no preparo de canais
14
radiculares para o tratamento endodôntico, em comparação aos instrumentos
ProTaper Universal (Dentsply Tulsa Dental Specialties, Tulsa, OK, EUA), ProTaper
Gold (Dentsply Tulsa Dental Specialties, Tulsa, OK, EUA) e SAF (BAYRAM et al.,
2017; ELNAGHY & ELSAKA, 2017).
2.4.4. Sistemas XP-endo Finisher e XP-endo Finisher R
O instrumento XP-endo Finisher (FKG, La Chaux-de-Fonds, Suíça) é
fabricado com liga NiTi MaxWire e foi desenvolvido para o refinamento da limpeza
do canal radicular. Apresenta conicidade nula, ponta com diâmetro 0,25 mm, e como
a XPS, também sofre alterações morfológicas à temperatura corpórea. A diferença é
que adquire uma forma de “gancho” em sua ponta ativa. O efeito memória de forma
do XPF tem por objetivo expandir para tocar em áreas anatômicas, nas quais a
instrumentação convencional não é capaz de atingir, como em canais achatados,
istmos e reentrâncias.
O instrumento XP-endo Finisher R foi desenvolvido a partir do XP-endo
Finisher, especificamente para a remoção de material obturador residual, ou seja,
eliminação de guta-percha e cimento das paredes do canal radicular. O maior
diâmetro da ponta do XPF R é a principal diferença entre estes instrumentos. SILVA
et al. (2017) não encontraram diferença estatisticamente significante entre o XP-
endo Finisher e XPF R, entretanto ambos foram eficazes no refinamento final do
canal radicular.
Na remoção de smear layer, a XPF demonstrou resultados positivos em
molares inferiores, quando comparada a sistemas já consolidados na literatura,
como a irrigação ultrassônica passiva (PUI) (ELNAGHY et al., 2017; LEONI et al.,
2017). Em termos de desinfecção, XPF demonstrou resultados superiores em
15
comparação à irrigação convencional e à agitação sônica, sendo apenas inferior ao
sistema a laser (PIPS), segundo o estudo de AZIM et al. (2016).
Até o momento, os estudos que compararam o refinamento da remoção de
material obturador no interior de canais radiculares utilizando-se o instrumento XPF
associado a sistemas manual, rotatório ou reciprocante demonstraram que, esse
instrumento auxilia efetivamente à limpeza dos canais no retratamento (ALVES et
al., 2016b; KARAMIFAR et al., 2017; SILVA et al., 2017).
2.5. Microtomografia Computadorizada
A microtomografia computadorizada (micro-CT) foi aplicada na ciência
endodôntica pela primeira vez por DOWKER et al. (1997), e desde então foi um
avanço tecnológico que se consolidou como um dos métodos mais precisos de
análises volumétricas e morfológicas do SCR (SWAIN & XUE, 2009). Em 2008,
HAMMAD et al. foram pioneiros na utilização desta metodologia para a avaliação
volumétrica da desobstrução do canal radicular. Atualmente é considerada como
padrão-ouro no estudo da anatomia do SCR, possibilitando visualizações com
reconstruções tridimensionais e alta precisão volumétrica da anatomia interna das
amostras de dentes, sem precisar destruí-las. Portanto, a micro-CT pode ser
indicada para estudos da remoção mecânica de materiais obturadores, na terapia de
reintervenção endodôntica.
A cargo de exemplo, cita-se a confecção de alguns estudos (SOLOMONOV
et al., 2012; KELES et al., 2014a, 2014b; SIMSEK et al., 2014), nos quais a micro-
CT tem sido utilizada ao longo dos anos como método de avaliação da remoção de
material obturador dos canais radiculares de molares inferiores. Os resultados
16
desses estudos revelaram sucesso nas análises com dados precisos e fidedignos
em anatomia e métodos similares ao presente estudo.
17
3. JUSTIFICATIVA
Devido, principalmente, à complexidade anatômica do SCR, a remoção total
do material obturador pode ser uma tarefa difícil durante o retratamento, ou até
mesmo impossível de ser alcançada. Considerando que biofilmes bacterianos
podem permanecer aderidos ao remanescente de material obturador e que a
infecção microbiana é a principal responsável pela menor taxa de sucesso obtida no
retratamento endodôntico, compreende-se a suma relevância em se investigar a
eficácia de protocolos de retratamento não-cirúrgico que abordam novos sistemas
de instrumentação mecanizada, além de suas possíveis combinações, na tentativa
de se remover o máximo de remanescentes de material obturador no SCR.
18
4. HIPÓTESES
O sistema SAF removerá mais material obturador remanescente em
comparação aos sistemas TRUShape e XP-endo Shaper, após o emprego do
sistema D-RaCe na remoção da massa obturadora em canais mesiais de molares
inferiores.
O emprego do XP-endo Finisher R como instrumento suplementar, após a
reinstrumentação com um dos sistemas supracitados, promoverá remoção
significativa de material obturador remanescente em canais mesiais de molares
inferiores.
19
5. OBJETIVOS
1. Avaliar e comparar através de micro-CT, o desempenho dos sistemas SAF,
TRUShape e XP-endo Shaper, quanto à remoção de material obturador
remanescente em canais mesiais de molares inferiores, previamente
esvaziados pelo sistema D-RaCe;
2. Avaliar através de micro-CT, o desempenho do XP-endo Finisher R como
instrumento suplementar na remoção de material obturador remanescente em
canais mesiais de molares inferiores após o emprego do sistema D-RaCe
seguido por um dos sistemas testados (SAF, TRUShape ou XP-endo
Shaper).
20
6. MATERIAIS E MÉTODOS
6.1. Seleção das Amostras
Este estudo foi submetido à apreciação pelo Comitê de Ética em Pesquisa
da Universidade Estácio de Sá (UNESA), Rio de Janeiro, RJ e aprovado em 19 de
outubro de 2017 (CAAE – 76126917.2.0000.5284), sob o Parecer nº 2.338.818
(Anexo A).
Quarenta e quatro molares inferiores foram adquiridos no banco de dentes
da UNESA. Destes previamente citados, trinta foram selecionados segundo os
critérios de inclusão: dentes permanentes apresentando rizogênese completa,
patência foraminal confirmada com lima tipo K nº 10, dois canais independentes (tipo
IV de Vertucci) na raiz mesial (VERTUCCI,1984), grau de curvatura radicular até 25
graus (SCHNEIDER, 1971), ausência de fraturas radiculares e terapia endodôntica
prévia.
Todos os procedimentos desde a instrumentação até o retratamento
endodôntico foram realizados por um único profissional previamente treinado. Todas
as amostras foram radiografadas previamente no sentido mésio-distal e vestíbulo-
lingual para checar a anatomia interna e a curvatura. A etapa da desobstrução foi
realizada de maneira alternada, de forma a minimizar e homogeneizar as
dificuldades anatômicas.
6.2. Preparo das Amostras
As coroas dos molares selecionados foram previamente seccionadas até 2
mm da junção amelocementária (referência face vestibular), empregando discos de
dupla face 702 acionados pelo motor LB-100 (Beltec Micromotores, Araraquara, SP)
21
(figura 1). Para facilitar a identificação durante o escaneamento, as amostras foram
marcadas por meio de uma broca esférica, acima da raiz mesiovestibular.
Figura 1. Secção coronária no preparo das amostras (A e B).
6.3. Preparo Químico-Mecânico dos Canais Radiculares
Os canais foram instrumentados empregando o sistema BioRaCe (FKG,
LaChaux-deFonds, Suíça). Após o pré-alargamento cervical com o instrumento BR0
(30/.10), o preparo foi realizado seguindo as recomendações do fabricante (500-600
rpm e 1 N.cm), na seguinte sequência de instrumentos: BR1 (15/.05), BR2 (25/.04) e
BR3 (25/.06) até o CT (1 mm aquém do forame apical). Durante a instrumentação, a
cada troca de instrumento, os canais foram irrigados com 1 mL de NaOCl a 2,5%,
por meio de uma seringa de 5 mL (Ultradent, Salt Lake City, UT, EUA) com agulha
NaviTip nº 30 (Ultradent, Salt Lake City, UT, EUA), introduzida 2 mm aquém do CT.
Concluída a instrumentação, as amostras foram submersas em EDTA a 17% e
agitadas por um minuto, em uma cuba ultrassônica (Cristófoli Equipamentos de
Biossegurança, Campo Mourão, PR). Este processo de submersão e agitação
também foi realizado com NaOCl a 2,5% e água destilada, por mais um minuto
A B
22
cada. A seguir, os canais foram secos com cones de papéis absorventes Endo
Tanari Plus 25 (Tanari Industrial LTDA, Manacapuru, AM).
6.4. Obturação dos Canais Radiculares
Os canais foram obturados pela técnica de cone único, empregando um
cone de guta percha Mtwo (25/.06) (VDW GmbH, Munique, Alemanha), associado
ao cimento Sealer 26 (DENTSPLY Indústria e Comércio Ltda., Petrópolis, RJ). Após
a obturação, as amostras foram armazenadas em uma estufa a 37°C e 100% de
umidade, durante sete dias, para a presa do cimento endodôntico.
6.5. Desobstrução dos Canais Radiculares
As etapas de remoção do material obturador foram realizadas dentro de uma
capela de fluxo laminar com termostato, em temperatura de 37°C e com as
substâncias irrigadoras mantidas em banho-maria digital (DeLec Equipamentos para
Laboratórios, Alvorada, RS), também a 37°C. Assim as soluções eram aquecidas à
temperatura corpórea e mantidas dentro da capela de fluxo laminar onde todas as
etapas laboratoriais foram desenvolvidas.
A remoção do material obturador foi realizada em duas ou três etapas. A
primeira consistiu na remoção inicial (desobstrução ou esvaziamento) com o sistema
mecanizado de retratamento D-RaCe (FKG Dentaire SA, La Chaux-de-Fonds,
Suíça) (figura 2), em todos os canais, na seguinte sequência: irrigação com 0,5 mL
de NaOCl a 2,5%; instrumentação com DR1 (30/.10) no terço cervical, com torque
de 1,5 N.cm a 1000 rpm; aplicação de uma gota de clorofórmio mantida durante 1
minuto no canal; instrumentação com DR2 (25/.04) até o CT, sob torque de 1 N.cm e
23
velocidade de 600 rpm, seguida de irrigação com 2 mL de NaOCl a 2,5%, por 30
segundos.
Figura 2. Sistema D-RaCe Fonte: FKG (2017).
Na segunda etapa de desobstrução (reinstrumentação), os canais foram
divididos aleatoriamente em três grupos (n = 20): Self-Adjusting File (SAF);
TRUShape (TS) e XP-endo Shaper (XPS) (figura 3).
Figura 3. Sistemas utilizados na reinstrumentação: A) SAF; B) TRUShape; C) XP-endo Shaper
Os instrumentos foram empregados nos canais mesiais, seguindo um
revezamento conforme preconizado por ALVES et al. (2016b). Desta forma, quando
24
em uma amostra, o canal mesiovestibular foi instrumentado com a SAF, o
mesiolingual foi instrumentado com a TRUShape, invertendo os instrumentos na
amostra seguinte, por exemplo. Este revezamento foi realizado até a obtenção de
um ciclo no qual os três diferentes instrumentos testados pudessem atuar em
diferentes canais, como demonstrado no Quadro 1.
RAÍZES CANAIS
Mesiovestibular Mesiolingual
1 SAF TS
2 SAF XPS
3 TS SAF
4 TS XPS
5 XPS SAF
6 XPS TS
Quadro 1. Distribuição dos instrumentos nos canais mesiais
Essa distribuição permitiu quatro canais preparados por grupo, a cada ciclo
de seis amostras, sendo dois canais mesiovestibulares e dois mesiolinguais.
Portanto, foram 10 canais mesiovestibulares e 10 canais mesiolinguais
reinstrumentados para cada tipo de instrumento, totalizando-se 20 espécimes para
cada grupo.
O instrumento SAF de 1,5 mm de diâmetro foi ativado empregando o motor
EndoStation (ReDent/Acteon (Satelec), Mérignac, França), com vibração vertical de
5000 rpm e fluxo de irrigação contínua de 4 mL/minuto (figura 4), de acordo com os
parâmetros protocolados pelo fabricante. Inicialmente, a SAF foi ativada com três
minutos de instrumentação, associada à irrigação simultânea de NaOCl a 2,5% por
meio da bomba peristáltica do EndoStation. A seguir, a bomba foi desativada para a
25
irrigação manual de 2 mL de EDTA a 17%, que atuou por 30 s, simultaneamente
com a SAF (figura 5). Finalizando, a bomba foi reativada para a instrumentação final
com irrigação de 2 mL de NaOCl a 2,5%, durante 30 s. Portanto, o volume final total
foi 14 ml de NaOCl e 2 ml de EDTA.
Figura 4. Motor EndoStation
Figura 5. Instrumento SAF com irrigação manual
No grupo TS, a reinstrumentação dos canais foi realizada pelo sistema
TRUShape (figura 6), acionado por um motor VDW Silver (VDW GmbH, Munique,
26
Alemanha), com velocidade de 300 rpm e torque equivalente a 3 N.cm. Cada canal
foi reinstrumentado por um único instrumento (30/.06), na seguinte sequência:
irrigação empregando a bomba VATEA (Redent-Nova Inc., Ra'anana, Israel), com 2
mL de NaOCl a 2,5% e instrumentação até o CT; irrigação com 4 mL de NaOCl a
2,5% e 10 s de instrumentação; irrigação com 4 mL de NaOCl a 2,5% e 10 s de
instrumentação novamente; irrigação com 2 mL de EDTA a 17% por 30 s, seguida
de irrigação com 4 mL de NaOCl a 2,5%.
Figura 6. Instrumento TRUShape
No grupo XPS, os canais foram reinstrumentados pelo sistema XP-endo
Shaper (figura 7), acionado com motor VDW Silver (VDW GmbH, Munique,
Alemanha), na velocidade de 800 rpm e torque de 1 N.cm, empregando um
instrumento único (30/.01), seguindo a mesma sequência de irrigação e
instrumentação do TS.
27
Figura 7. Instrumento XP-endo Shaper
Ressalta-se que todo o processo de irrigação manual foi realizado utilizando-
se uma seringa de 5 mL com agulha NaviTip nº 30, 2 mm aquém do CT. Por sua
vez, toda irrigação com bomba peristáltica VATEA foi aplicada com fluxo constante
de 4 mL/minuto (figura 8).
Figura 8. Bomba VATEA
A seguir, todas as amostras foram escaneadas através de micro-CT e
aquelas que ainda apresentavam resíduos de material obturador, foram submetidas
a uma terceira etapa, assim como no estudo de ALVES et al. (2016b). Esta etapa
28
consistiu em um refinamento suplementar com o instrumento XP-endo Finisher R
(FKG, LaChaux-deFonds, Suíça), sob 800 rpm e torque de 1 N.cm, utilizando-se
movimentos de avanço e retrocesso, com amplitude de 7 a 8 mm. Previamente à
sua utilização, ainda no interior do tubo milimetrado, o XP-endo Finisher R foi
resfriado com Endo-Ice spray (Maquira Indústria de Produtos Odontológicos S.A.,
Maringá, PR), (figura 9), a fim de manter o instrumento retificado possibilitando a
marcação do CT. O protocolo empregado: 1 mL de NaOCl a 2,5% a 2 mm aquém do
CT; 30s de instrumentação no CT seguida de aplicação de gaze embebida em álcool
sobre o instrumento; irrigação com 1 mL de NaOCl a 2,5%; novamente 30s de
instrumentação no CT e nova aplicação de gaze embebida em álcool para limpeza
do instrumento, e; irrigação de 0,5 mL de EDTA a 17% seguida de 30s de
instrumentação no CT. Uma irrigação manual final foi realizada utilizando 5 mL de
água destilada.
Figura 9. XP-endo Finisher R: A) instrumento em temperatura ambiente; B) instrumento retificado através do tubo após o uso do spray de resfriamento.
Desta forma foi possível avaliar o desempenho dos sistemas SAF, TS e XPS
em associação ao instrumento suplementar XP-endo Finisher R (refinamento). Após
essa etapa, as amostras foram novamente escaneadas em micro-CT, para a
avaliação comparativa.
A B
29
Figura 10. Fluxograma do protocolo TRUShape na etapa de reinstrumentação.
Figura 11. Fluxograma do protocolo XP-endo Shaper na etapa de reinstrumentação.
30
Figura 12. Fluxograma do protocolo SAF (Self-Adjusting File) na etapa de reinstrumentação.
Figura 13. Fluxograma do protocolo XP-endo Finisher R na etapa de refinamento.
31
6.6. Microtomografia Computadorizada
As raízes mesiais selecionadas foram escaneadas por um microtomógrafo
computadorizado SkyScan 1174 v2 (Bruker microCT, Kontich, Bélgica), no
laboratório de micro-CT do Programa de Pós-Graduação em Odontologia da
Universidade Estácio de Sá (UNESA), operando a 50-kV, corrente de 800 mA e filtro
de 0,5 mm de alumínio. Dentro dos parâmetros de análise foi utilizado um passo de
rotação de 1.0 sob 180° e tamanho de pixel de 19,9 um. As imagens obtidas foram
reconstruídas com o software NReccon v. 1.6.9 (Bruker microCT, Kontich, Bélgica),
criando cortes axiais e transversais da estrutura interna, redução de artefatos,
smoothing e beam hardening correction.
A separação da dentina e do material obturador, assim como o cálculo do
volume de material remanescente foi realizada com o software CTAn v. 1.12 (Bruker
microCT, Kontich, Bélgica) e a reconstrução tridimensional, com o software CTVol v.
2.2.1 (Bruker microCT, Kontich, Bélgica). As análises foram realizadas nos últimos 5
mm em todas as amostras.
Os escaneamentos foram realizados em três momentos, a saber: 1) após a
obturação; 2) após reinstrumentação utilizando-se os instrumentos SAF, TS ou XPS,
e; 3) após o refinamento utilizando o instrumento XP-endo Finisher R.
6.7. Análise Estatística
As análises foram realizadas utilizando o programa Statistical Package for
Social Science (SPSS), version 21.0 (IBM, Armonk, NY, EUA). A normalidade das
variáveis foi verificada por meio dos testes de Kolmogorov-Smirnov e Shapiro-Wilk,
além das análises gráficas. Os dados contínuos foram expressos como média,
desvio-padrão (DP), valores mínimos e máximos. Após a reinstrumentação dos
32
canais, a comparação de volume inicial e remanescente entre os três grupos (SAF,
TS e XPS) foi realizada pelo modelo linear geral para dados pareados. O percentual
de casos apresentando remoção total de material obturador foi comparado entre os
grupos por meio do teste exato de Fisher. A etapa de refinamento do XP-endo
Finisher R foi investigada empregando o teste Wilcoxon Signed Ranks. O nível de
significância estabelecido para todas as análises foi de 5% (p < 0,05).
33
7. RESULTADOS
Conforme apresentado na tabela 1, o grupo TS (D-RaCe + TRUShape)
apresentou a menor média (0,05 mm3) de material obturador remanescente, seguido
pelos grupos XPS (D-RaCe + XP-endo Shaper; 0,06 mm3) e SAF (D-RaCe + SAF;
0,15 mm3). Entretanto, a média de material obturador removido foi igual para os
grupos TS e XPS (1,67 mm3), seguidos pelo SAF (1,62 mm3). Ressalta-se que não
houve diferenças estatísticas significativas para a média de material remanescente
(p = 0,54). A média geral de material obturador remanescente foi 0,09 mm3 (± 0,21)
e a de material obturador removido foi de 1,66 mm3 (± 0,38).
Embora não haja significância estatística, o grupo SAF apresentou um
menor percentual de remoção, com 92,4%. Os demais grupos atingiram resultados
muito similares quanto ao percentual de volume removido, sendo TS com 96,95% e
XPS com 96,9%.
Tabela 1. Volume (mm3) de material obturador inicial e remanescente nos grupos SAF, TRUShape e XP-endo Shaper
GRUPOS
(n = 20)
Inicial Remanescente
Média DP Média DP
p¶
Média de Remoção
(%)
SAF 1,77 0,37 0,15 0,36 92,4
TRUShape 1,72 0,34 0,05 0,08 0,54 96,95
XP-endo Shaper 1,74 0,28 0,06 0,19 96,9
Total 1,74 0,34 0,09 0,21 95,4
DP = desvio-padrão; ¶ = comparação entre grupos para volume inicial e volume remanescente
O percentual de casos onde ocorreu remoção total de material obturador
após a reinstrumentação foi 70% (14/20) para XPS, 55% (11/20) para SAF e 30%
34
(06/20) para TS. Houve diferença estatisticamente significante entre TS e XPS
(p=0,03). Não houve diferença entre demais comparações (p>0,05).
Conforme demonstrado na tabela 2, a média de volume de material
obturador remanescente reduziu de forma significativa após o emprego do XP-endo
Finisher R (p < 0,001) (Figuras 10 a 12). Vale a pena ressaltar a heterogeneidade
percentual de volume removido com o referido sistema, ou seja, oito canais sem
qualquer remoção, e seis com o material obturador totalmente removido. Tal
ocorrência justifica os valores máximos de volume (1,38 mm3) antes do XP-endo
Finisher R, assim como após sua utilização.
Tabela 2. Médias do volume (mm3) de material obturador remanescente antes e após o uso do XP-endo Finisher R
n Média de volume inicial
(DP) Média de volume final
(DP) Média de Remoção
(%)
29 0,18 (0,33) 0,15 (0,32)
38%
DP = desvio-padrão.
Figura 14. Imagens 3D de micro-CT de canais reinstrumentados com SAF e TRUShape: A) após a obturação; B) após a reinstrumentação; C) após o refinamento com XP-endo Finisher R
35
Figura 15. Imagens 3D de micro-CT de canais reinstrumentados com SAF e XP-endo Shaper: A) após a obturação; B) após a reinstrumentação; C) após o refinamento com XP-endo Finisher R
Figura 16. Imagens 3D de micro-CT de canais reinstrumentados com XP-endo Shaper e TRUShape: A) após a obturação; B) após a reinstrumentação; C) após o refinamento com XP-endo Finisher R
Levando-se em consideração que mais da metade (51,6%) das amostras
atingiram total remoção de material obturador após a etapa denominada
reinstrumentação, a média percentual total de material removido após a associação
dos três sistemas com o XP-endo Finisher R foi de 91,86%. A ação de refinamento
desse instrumento adicional promoveu 38,06% de volume removido dos canais.
Concluídas todas as etapas, 37 canais alcançaram remoção completa de
material obturador (31 antes do XP-endo Finisher R e 6 após), totalizando 61,6% da
amostra total (n = 60).
36
8. DISCUSSÃO
O principal objetivo da terapêutica endodôntica consiste em tratar ou
prevenir o desenvolvimento de lesões perirradiculares (LOPES et al., 2015). O
surgimento ou a persistência de uma lesão perirradicular, após o tratamento
endodôntico são condições que indicam o retratamento endodôntico (SIQUEIRA et
al., 2009). Assim, faz-se necessária a remoção completa do material obturador do
canal radicular, além de se proceder a um novo PQM e uma nova obturação (ENDO
et al., 2013).
O retratamento endodôntico não cirúrgico deve ser a primeira escolha em
casos de fracasso no tratamento primário (LOPES et al., 2015). No entanto, algumas
complicações podem surgir referentes a: segurança da instrumentação – os
instrumentos trabalham sobre uma massa obturadora sólida, podendo fraturar por
torção, e; irregularidades anatômicas do SCR – existem diversas morfologias
transversais e acidentes anatômicos, muitas vezes, imprevisíveis. Dessa forma,
pode-se deparar com áreas do interior do conduto não tocadas pelos instrumentos
convencionais, o que torna o retratamento desafiador (LACERDA et al., 2017).
Diversos instrumentos especiais (como os avaliados no presente estudo) foram
desenvolvidos com o intuito de suprir essa demanda, promovendo assim, maior
eficácia na desobstrução e limpeza dos canais radiculares (PLOTINO et al., 2016).
O prognóstico do retratamento endodôntico não cirúrgico pode ser
influenciado por uma gama de fatores, como: anatomia do SCR, morfologia do
instrumento endodôntico e técnica utilizada (GIULIANI et al., 2008). IMURA et al.
(2007) relataram que o índice de sucesso no retratamento de dentes
37
multirradiculares foi significativamente menor, quando comparado ao retratamento
de pré-molares e dentes anteriores.
Molares inferiores normalmente apresentam maiores dificuldades durante o
tratamento endodôntico e consequentemente, menores índices de sucesso,
especialmente entre profissionais generalistas (PETERSSON et al., 2016). A
complexidade anatômica desses canais principalmente no segmento apical é muitas
vezes imprevisível devido às inúmeras possíveis variações como: grau de curvatura,
número e diâmetro dos canais (DE PABLO et al., 2010; LOPES et al., 2015).
Portanto, visando reduzir vieses referentes à anatomia foram selecionadas
raízes mesiais classe IV de Vertucci (dois canais independentes entre si), devido à
sua complexidade e similaridade anatômica. Esta condição facilitou o pareamento
realizado por meio de revezamento dos grupos, entre os canais mesiovestibular e
mesiolingual, de forma a não repetir o instrumento na mesma raiz, conforme
preconizado por ALVES et al. (2016b).
O presente estudo avaliou a eficácia de diferentes sistemas rotatórios de
NiTi associados à um instrumento suplementar (refinamento), na desobstrução de
material obturador em canais mesiais de molares inferiores. Nossos resultados não
revelaram diferenças estatisticamente significantes entre a quantidade de material
removido pelos 3 sistemas de instrumentação, a despeito dos mesmos
apresentarem distintos desenhos e modos de atuação. No estudo, quando o
percentual de casos que apresentaram limpeza completa do canal radicular foi
comparado entre os grupos, a XPS demonstrou resultados significativamente
superiores à TS. Este achado é curioso, uma vez que a média percentual de
remoção do volume de massa obturadora entre esses dois sistemas foi bastante
similar. A discrepância entre esses resultados estatísticos pode talvez ser explicada
38
pela quantidade baixa de remanescentes de material obturador na maioria dos
espécimes de ambos os grupos.
Alguns estudos contabilizam o tempo de desobstrução dos canais
radiculares (BRAMANTE et al., 2010; SOLOMONOV et al., 2012; ALVES et al.,
2016b; NIEMI et al., 2016; PAWAR et al., 2016). Entretanto, neste estudo esse
procedimento não foi aplicado uma vez que, o mesmo sistema (D-RaCe) desobstruiu
todas as amostras, e o tempo de reinstrumentação e refinamento foram pré-
estabelecidos e cronometrados. Neste estudo, o volume inicial de material obturador
foi padronizado entre os grupos através do preparo com o mesmo diâmetro de
instrumento e obturação pela técnica do cone único usando cones do respectivo
diâmetro. A eficácia deste procedimento foi confirmada pela avaliação de volume da
massa obturadora no micro-CT, a qual demonstra ausência de diferença significante
na massa obturadora inicial entre os grupos.
A seleção da micro-CT como método de análise deveu-se ao fato de ser
uma metodologia consideravelmente precisa (SWAIN & XUE, 2009), que tem sido
utilizada com eficácia e sucesso, em diversos estudos na Endodontia (HAMMAD et
al., 2008). As reconstruções tridimensionais de alta precisão fazem com que esta
ferramenta seja atualmente considerada como o padrão-ouro na análise anatômica
ex vivo do SCR, sendo assim utilizada em análises volumétricas que avaliam a
remoção de material obturador, do interior de canais radiculares (SOLOMONOV et
al., 2012; KELES et al., 2014a, 2014b; SIMSEK et al., 2014). Ressalta-se que, a
análise microtomográfica apenas dos 5 mm apicais dos canais, deveu-se ao fato
desta área apresentar o maior registro de acidentes anatômicos (VILLAS-BÔAS et
al., 2011) e, consequentemente, maior dificuldade na remoção de material obturador
em molares inferiores.
39
Os instrumentos da etapa de reinstrumentação foram empregados seguindo
as recomendações do fabricante. Os instrumentos XPS (30/.01) e TS (30/.06) foram
selecionados por apresentarem dimensões nominais semelhantes e seus protocolos
foram equiparados, a fim de que a utilização desses fosse idêntica, considerando
que são de naturezas similares. A seleção do instrumento SAF de 1,5 mm ocorreu
em função do diâmetro apical inicial equivalente a 0,25 mm, resultante do preparo
prévio com o instrumento BR3. A irrigação foi padronizada qualitativa e
quantitativamente: igual volume, fluxo e tipo de soluções empregadas, em todos os
grupos na reinstrumentação. Como o instrumento SAF é o único que preconiza
volume e fluxo de irrigação, os outros dois grupos seguiram o mesmo padrão.
O protocolo do XP-endo Finisher R sofreu alterações ao sugerido pelo
fabricante, uma vez que o mesmo recomenda o uso do clorofórmio como solvente.
Todavia, na etapa desse instrumento, como o canal já se encontrava desobstruído e
com pouca quantidade de remanescentes de material obturador, esse solvente
poderia clinicamente apresentar toxicidade aos tecidos perirradiculares. Sendo
assim, optou-se por analisar a eficácia deste instrumento empregando a mesma
sequência do fabricante, porém com hipoclorito de sódio a 2,5%. O aumento de 30 s
no tempo do EDTA 17% objetivou elevar seu tempo de ação, sem promover
deformações e/ou desgastes dentinários.
A literatura ainda não estabeleceu uma relação direta entre material
obturador remanescente e limiar microbiológico, capaz de configurar uma infecção
persistente. Todavia, alguns relatos clínico-histológicos revelaram a presença de
biofilmes bacterianos aderidos à massa obturadora remanescente, e sua possível
correlação com lesões persistentes (RICUCCI et al., 2010; VIEIRA et al., 2012).
40
ALVES et al. (2016b) demonstraram pela primeira vez, uma remoção total
do material obturador, em mais da metade das amostras (57,5%). Esse resultado
chamou a atenção da comunidade científica para a utilização de novas abordagens
de refinamento, no retratamento não cirúrgico, visando otimizar significativamente,
valores até então não satisfatórios de estudos prévios (RODIG et al., 2012; ZUOLO
et al., 2013; VIDAL et al., 2016; YURUKER et al., 2016). No presente estudo, a
etapa da reinstrumentação associada ao refinamento, alcançou a remoção total de
material obturador em 61,6% dos canais radiculares, resultado considerado elevado,
em comparação aos estudos previamente citados.
Diversos fatores podem representar notáveis variáveis que influenciam os
resultados de desempenho na desobstrução do SCR. O primeiro está relacionado à
anatomia, a qual pode apresentar resultados distintos utilizando os mesmos
sistemas de instrumentos, como ocorreu nos estudos de ALVES et al. (2016b) e
ZUOLO et al. (2013). A dimensão do instrumento, por sua vez infere que, quanto
maior a conicidade e diâmetro da ponta do instrumento, maior será a quantidade de
material obturador removida (ALVES et al., 2016b). Além disso, a cinemática e o tipo
de sistema (instrumento único ou múltiplo), ainda se apresentam como fatores
controversos na literatura (RODIG et al., 2014; ALVES et al., 2016b; YURUKER et
al., 2016). Até mesmo as técnicas manual e mecanizada apresentam controvérsias,
quanto à remoção de material obturador (RODIG et al., 2012; RODIG et al., 2014;
FARINIUK et al., 2016). Neste estudo, inicialmente avaliou-se a desobstrução com
sistema de múltiplos instrumentos (D-RaCe), associada à reinstrumentação por
sistema de instrumento único. O refinamento final foi realizado também com um
único instrumento, o XP-endo Finisher R, desenvolvido para remover material
obturador residual.
41
Diferentemente de alguns trabalhos prévios da mesma natureza
(ABRAMOVITZ et al., 2012; SOLOMONOV et al., 2012; PAWAR et al., 2016), neste
estudo o instrumento SAF não apresentou diferença estatística com relação aos
demais testados. Isso pode ser explicado por diferenças na metodologia, protocolos,
diferentes sistemas e principalmente variações anatômicas. O estudo de
SOLOMONOV et al. (2012) apresenta algumas semelhanças metodológicas a este,
no qual também, por meio da micro-CT realizou-se a análise da remoção de material
obturador, por meio dos sistemas ProTaper D1-D3, seguido de ProTaper F1 e F2, ou
ProTaper D1-D3, seguido de ProFile (Dentsply Maillefer, Ballaigues, Suíça) e SAF,
respectivamente; sendo constatado melhores resultados para ProFile e SAF.
Contudo, a referida pesquisa não pode ser diretamente comparada a este estudo,
uma vez que avaliou raízes distais, com morfologia transversal ovalada.
Estudos prévios que registram evidências a respeito da eficácia da TS na
remoção de material obturador, demonstraram resultados favoráveis, entretanto
apresentam variáveis diferenciadas em relação ao presente estudo. NIEMI et al.
(2016) por exemplo, avaliaram através de estereoscópio, o desempenho do TS na
reinstrumentação de canais ovais de pré-molares e após a desobstrução inicial.
Esses autores encontraram resultados melhores do que o ProFile Vortex, porém
utilizaram dois tipos de acessos cavitários, como uma de suas variáveis. Por sua
vez, o estudo de ZUOLO et al. (2016) também utilizou a micro-CT na avaliação do
TS, porém o instrumento teve a finalidade de desobstruir canais ovais de caninos e
com diferentes cimentos obturadores.
Quanto ao XPS, por ser recente, até o momento não foram encontrados
estudos comparando-o a outros sistemas, com a finalidade de reinstrumentação
pós-desobstrução, em retratamento não cirúrgico. Portanto, seu desempenho na
42
remoção de material obturador, como etapa secundária à desobstrução é ainda
desconhecido na literatura. Neste estudo, o grupo XPS apresentou um resultado
consideravelmente satisfatório, obtendo o maior número de canais totalmente
desobstruídos (14), após a reinstrumentação. Entretanto, sua média percentual de
volume removido (96,9%) não apresentou diferença estatisticamente significativa,
quando comparado aos demais grupos testados.
Estudos na literatura que demonstram uma comparação efetiva do XP-endo
Finisher R, com os demais sistemas de refinamento ainda são escassos; entretanto,
SILVA et al. (2017) compararam a capacidade de remoção de material obturador
entre XP-endo Finisher e XP-endo Finisher R, não encontrando diferença
significativa.
ALVES et al. (2016a) relataram boa atuação antimicrobiana para XP-endo
Finisher em molares inferiores e, em outro estudo, indicaram eficácia significativa na
remoção de material obturador, também em molares inferiores (ALVES et al.,
2016b). No presente estudo, o sistema XP-endo Finisher R apresentou 38,06% de
volume removido dos canais, após o refinamento da reinstrumentação, com
aumento significante da limpeza (p<0,001). Uma provável explicação para este
achado seja o fato do maior diâmetro do XP-endo Finisher R e à rigorosa
manutenção da temperatura durante o experimento, a qual permitiu que o
instrumento alcançasse sua fase austenítica, se expandido e tocando assim, em
mais áreas no interior do canal.
A hipótese do sistema SAF em promover maior remoção de material
obturador remanescente, dos canais mesiais de molares inferiores foi refutada, pois
não houve diferença significativa entre os três sistemas de reinstrumentação
testados. Todavia, confirmou-se a hipótese de que o uso do XP-endo Finisher R
43
como instrumento suplementar (refinamento), promove significativamente maior
remoção de material obturador remanescente, após o uso de um dos sistemas de
reinstrumentação testados.
44
9. CONCLUSÕES
Com base nos resultados obtidos através de micro-CT, é possível concluir
que:
1. A utilização dos sistemas SAF, TRUShape ou XP-endo Shaper após
desobstrução com D-RaCe, reduziu significativamente a quantidade de
material obturador remanescente nos últimos 5 mm de canais mesiais de
molares inferiores, porém sem diferença significativa entre os grupos;
2. O instrumento XP-endo Finisher R promoveu remoção significativa de
material obturador remanescente, em canais mesiais de molares inferiores,
após o uso do sistema D-RaCe em associação com um dos sistemas: SAF,
TRUShape ou XP-endo Shaper. Portanto, o emprego adicional do XP-endo
Finisher R pode representar mais uma estratégia suplementar eficaz no
retratamento de canais mesiais de molares inferiores.
45
10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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11. ANEXOS
ANEXO 1 – Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa
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ANEXO 2 – Fluxograma apresentando uma síntese metodológica do estudo