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INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE FUNORTE/SOEBRÁS IMPORTÂNCIA DA ANÁLISE FACIAL PARA O DIAGNÓSTICO E PLANEJAMENTO ORTODÔNTICO POLLYANNA LEITE RESENDE Monografia apresentada ao programa Especialização em Ortodontia do ICS - FUNORTE/SOEBRÁS Núcleo Alfenas, como parte dos requisitos para obtenção do título de Especialista. ALFENAS, 2011

Analisis Facial completo

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Page 1: Analisis Facial completo

INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

FUNORTE/SOEBRÁS

IMPORTÂNCIA DA ANÁLISE FACIAL PARA O DIAGNÓSTICO E

PLANEJAMENTO ORTODÔNTICO

POLLYANNA LEITE RESENDE

Monografia apresentada ao programa Especialização em Ortodontia do ICS -FUNORTE/SOEBRÁS Núcleo Alfenas, como parte dos requisitos para obtenção do título de Especialista.

ALFENAS, 2011

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INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

FUNORTE/SOEBRÁS

IMPORTÂNCIA DA ANÁLISE FACIAL PARA O DIAGNÓSTICO E

PLANEJAMENTO ORTODÔNTICO

POLLYANNA LEITE RESENDE

Monografia apresentada ao programa Especialização em Ortodontia do ICS -FUNORTE/SOEBRÁS Núcleo Alfenas, como parte dos requisitos para obtenção do título de Especialista.

ORIENTADOR: Prof. MS. João Italo de

Souza Totti

ALFENAS, 2011

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AGRADECIMENTOS

Agradeço, primeiramente, a Deus, por tudo.

Ao professor João Ítalo, meu orientador, pela paciência e sabedoria.

Aos professores, que com seus conhecimentos esclareceram os caminhos da Ortodontia.

Aos colegas e funcionários do IMPG pelo apoio.

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Dedico,

Aos meus pais, Antônio e Luzia, que tanto me apoiaram nesta caminhada.

Minhas irmãs, Mônica e Jaqueline, pelo incentivo.

Meu namorado, Alexandre, pela força.

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RESUMO

Desde o início da Ortodontia, a análise facial tem sido utilizada como um recurso diagnóstico que auxilia o profissional a direcionar o tratamento ortodôntico, de forma a atender uma das principais motivações do paciente, ou seja, a estética facial. Nesse sentido, este trabalho propõe, por meio de uma revisão de literatura, estudar a importância dos diversos tipos de análise facial para o diagnóstico e planejamento ortodôntico, destacando-se que diversas análises foram desenvolvidas para avaliar o perfil facial; algumas obtidas a partir de cefalometrias, de exames clínicos ou ainda, por avaliação de fotografias; sem contar a grande utilidade de programas de computador específicos para a realização de analises faciais e simulação de resultados terapêuticos, tais como os sistemas Dolphin Imaging, Dentofacial Planner Plus, Orthoplan, Quick Ceph Image e Vistadent. A revisão de literatura permitiu concluir que, as informações geradas pela análise facial do paciente podem alterar completamente um plano de tratamento inicialmente elaborado com base apenas na observação das relações entre os dentes.

Palavras-chave: análise facial; cefalometria; radiografias; fotografias; Perfil facial.

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ABSTRACT

Since the beginning of orthodontics, facial analysis has been used as a diagnostic

tool which assists the practitioner to direct the orthodontic treatment, in order to meet

one of the main motivations of the patient, facial aesthetics. Thus, this paper

proposes, through a literature review, studying the importance of the various types of

facial analysis for orthodontic diagnosis and planning, highlighting that several tests

were developed to assess the facial profile, some obtained by cephalometry, clinical

examination or by evaluation of photographs, not to mention the great use of specific

computer programs to perform facial analysis and simulation of therapeutic results,

such as the Dolphin Imaging Systems, Dentofacial Planner Plus, Orthoplan, Quick

Ceph Image and Vistadent. The literature review concluded that the information

generated by the patient's facial analysis can completely alter a treatment plan

designed initially based on sheer observation of the relationship between the teeth.

Keywords: facial analysis, cephalometry; radiographs, photographs, facial profile

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Posição natural da cabeça .......................................................................... 15

Figura 2 – DRED – Diagrama de referências estéticas dentais .................................. 17

Figura 3 – Classificação do sorriso segundo Rubin .................................................... 18

Figura 4 – Pirâmidade da agradabilidade estética....................................................... 19

Figura 5 – Pontos cefalométricos utilizados na ACTM ................................................ 28

Figura 6 – Distâncias medidas em relação à LVV ....................................................... 28

Figura 7 – Pontos esqueléticos, linhas de referência e medições de seleção da amostra 30

Figura 8 – Técnica para obtenção dos traçados nas fotografias laterais ............................. 32

Figura 9 – Paciente padrão face longa subtipo moderado ................................................... 37

Figura 10 - – Paciente padrão face longa subtipo médio .................................................... 37

Figura 11 - – Paciente padrão face longa subtipo severo ..................................................... 38

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................. 8

2 PROPOSIÇÃO ................................................................................................. 11

3 REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................... 12

3.1 Estética e análise facial ............................................................................................... 12

3.2 Análise facial e sua importância para o diagnóstico e planejamento ortodôntico .... 20

4 DISCUSSÃO .................................................................................................... 45

5 CONCLUSÃO .................................................................................................. 49

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................ 51

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1 INTRODUÇÃO

A odontologia moderna tem seu sucesso associado à união sinérgica de

todas as especialidades, sejam elas dentística, prótese, cirurgia ou ortodontia, para

a construção de um sorriso saudável e, principalmente, estético. Essa premissa

está de acordo com as expectativas dos pacientes, que têm, como principal

motivação para o tratamento, a melhora estética (REIS; REIS, 2007).

A resistência dos ortodontistas em tratar pacientes sem queixas funcionais

pode ser questionada, em vista dos resultados obtidos por Varella e García-Camba

(1995), ao avaliarem, longitudinalmente, a auto-imagem de 40 pacientes adultos

submetidos ao tratamento ortodôntico. Esses autores verificaram melhora na auto-

imagem após o tratamento.

Um aspecto interessante é que a autopercepção da face e dos dentes é

maior entre os indivíduos que procuram o tratamento ortodôntico, possivelmente,

pelo desconforto que a aparência facial e o sorriso lhes proporcionam. Porém, a

evolução da ortodontia como ciência ou a necessidade de estabelecer parâmetros

de normalidade definidos como objetivos ortodônticos resultaram em um paradoxo

entre os objetivos dos ortodontistas e os de seus pacientes. Enquanto os pacientes

desejavam melhorar a aparência, os ortodontistas baseavam-se, principalmente,

nos desvios das relações físicas normativas entre dentição, esqueleto e tecido mole

na definição do diagnóstico e do plano de tratamento (GIDDON, 1997).

A necessidade científica e didática de estabelecer valores de normalidade

para as inúmeras medidas lineares, angulares e proporcionais, avaliadas em

telerradiografias ou mesmo em fotografias da face, distanciou o ortodontista da

avaliação individual de cada face, princípio primário do diagnóstico, e levou, muitas

vezes, a opções de tratamento equivocadas, que buscavam metas erroneamente

definidas (REIS;REIS, 2007).

Portanto, havia uma necessidade de estabelecer parâmetros objetivos de

diagnóstico que facilitassem o ensino da especialidade de ortodontia, ainda

emergente. Mas, o crescimento da cefalometria, como principal recurso diagnóstico,

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desviou a atenção dos ortodontistas da face para a posição ideal do esqueleto e

dos dentes.

A posição do incisivo inferior, avaliado na telerradiografia do perfil, passou,

então, a definir a necessidade de exodontias, a fim de obter um ângulo entre o

longo eixo do incisivo inferior e o plano mandibular de 90º ± 5º. O estabelecimento

de metas cefalométricas, calcadas, principalmente, na inclinação dos incisivos

inferiores avaliados na telerradiografia do perfil, iniciou um período de grande

conforto para os ortodontistas, dispensados de usar a subjetividade, e de grandes

frustrações para alguns pacientes, que viam as metas ortodônticas serem obtidas à

custa de prejuízo da estética facial (REIS et al., 2006b).

A perspectiva atual da prática e da pesquisa odontológica exige que o

profissional se aproxime das expectativas do seu paciente ao definir a melhora da

estética facial e do sorriso como o principal objetivo do tratamento.

A avaliação direta da face do paciente passa a ser o principal recurso

diagnóstico do ortodontista, visto que permite observar as características faciais

harmônicas e desarmônicas da mesma forma como o paciente é avaliado por si

mesmo e pelos seus pares.

Ao paciente, definitivamente, não interessa que os ângulos e proporções de

sua face estejam dentro de um “padrão de normalidade” se esse padrão não

adequar-se as suas características étnicas e individuais. A principal aspiração que o

paciente tem é ser reconhecido como bonito ou, no mínimo, normal, por si mesmo e

pela sociedade, por meio da correção de características desagradáveis do sorriso e

de sua face (SANT’ANA et al., 2009)

A análise facial de tecido mole é imprescindível para um diagnóstico

ortodôntico bem sucedido. Nesse sentido, diversas análises foram desenvolvidas

para avaliar o perfil facial; algumas obtidas a partir de cefalometrias, outras a partir

do exame clínico ou ainda, por avaliação de fotografias. Desde o início da

Ortodontia, a análise facial tem sido utilizada como um recurso diagnóstico que

auxilia o profissional a direcionar o tratamento ortodôntico, de forma a atender uma

das principais motivações do paciente, ou seja, a estética facial.

Embora o diagnóstico, o planejamento e o prognóstico dos casos em

Ortodontia estejam ligados aos conceitos pessoais do ortodontista, as pesquisas

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cefalométrico-radiográficas na determinação de padrões dento-esquelético-faciais de

normalidade trouxeram muitos benefícios a essa especialidade, cuja preocupação

sempre presente, ao se elaborar um diagnóstico e plano de tratamento, é a meta

cefalométrica a ser atingida (NOBUYASU et al., 2007).

Apesar da função ser essencial para a saúde da boca, ter um sorriso

esteticamente harmonioso é condição primordial para elevar a auto-estima das

pessoas, sobretudo na sociedade moderna (MACEDO, 2008).

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2 PROPOSIÇÃO

Este trabalho propõe, por meio de uma revisão de literatura, estudar a

importância dos diversos tipos de análise facial para o diagnóstico e planejamento

ortodôntico.

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3 REVISÃO DE LITERATURA

3.1 Estética e análise facial

O conceito de estética é muito amplo, podendo-se entender, filosoficamente,

como o estudo racional do belo (GIDDON, 1997).

Conceitualmente, estética é a apreciação da beleza, ou a combinação de

qualidades que proporcionam intenso prazer aos sentidos, às faculdades intelectuais

e morais. Portanto a identificação da beleza está relacionada a uma sensação de

prazer diante da visualização de um objeto, um som, uma pessoa. Por ser uma

sensação prazerosa, o conceito de beleza é próprio de cada indivíduo, sendo

estabelecido a partir de valores individuais relacionados ao gênero, raça, educação

e experiências pessoais; e a valores da sociedade como o ambiente e a publicidade

(mídia), cada vez mais responsável pela globalização do conceito de beleza

(GIDDON, 1997).

Mesmo sendo considerada subjetiva, a estética pode estar diretamente

associada aos padrões de determinada sociedade. A busca por tratamentos

estéticos tem se tornado uma realidade cada vez mais freqüente em nossa

sociedade. O modo como as pessoas avaliam seu próprio sorriso muitas vezes afeta

suas interações sociais, seu comportamento e, finalmente, sua autoconfiança (REIS,

WILSON e MONESTERE, 1990).

Segundo Suguino et al. (1996), em qualquer tipo de filosofia de tratamento, a

linha-mestra sempre é a harmonia dos aspectos faciais e a estética. A rigidez no uso

destas normas esqueléticas é um erro sério em filosofia de tratamento. A harmonia e

o equilíbrio facial não são conceitos fixos. Os padrões de beleza variam

tremendamente entre as pessoas, grupos raciais e de acordo com tradições sócio-

econômicas. e ainda, depende do olho do observador. Subjetivo como é, um

conceito de normalidade é essencial para o ortodontista. Os contornos dos traços

faciais originam-se na herança genética. Os hábitos bucais e outros fatores

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ambientais, tais como problemas nasorespiratórios crônicos, podem resultar em

desequilíbrios musculares que podem afetar os contornos do tecido facial. Tem sido

demonstrado que, os traços faciais podem mudar com o tratamento ortodôntico e,

mais ainda, com o tratamento ortodôntico em conjunto com cirurgia ortognática. O

julgamento estético clínico tem se mostrado como muito mais válido no

planejamento do tratamento com cirurgia ortognática que qualquer outra análise

cefalométrica.

Para Morley e Eubank (2001), ao avaliar o impacto estético global de um

sorriso, deve-se observar a estética facial, gengival, microestética, macroestética,

linha média, número e posições dentárias. Durante o sorriso, os lábios e a gengiva

constituem a moldura dos dentes, sendo as estruturas dentárias e periodontais

normalmente visualizadas por meio dessa moldura. Um sorriso agradável deve,

portanto, ter uma relação harmônica entre diferentes estruturas.

Segundo Reche et al. (2002), o desejo de melhorar a estética dentofacial é

uma das razões pelas quais os pacientes procuram o tratamento, principalmente

numa faixa etária mais jovem, pois é importante para sua auto-estima. Os conceitos

atuais no diagnóstico e planejamento ortodôntico buscam o equilíbrio e a harmonia

entre os diversos traços faciais, levando em consideração, principalmente, o perfil

tegumentar. Sendo assim, deve-se tratar a dentição, sob o ponto de vista estético,

em função da face do paciente e não modificar a face em função de uma

maloclusão, quando esta estiver em harmonia. O conceito de beleza facial depende

de vários fatores, como a opinião pessoal, os padrões culturais, os meios de

comunicação, os fatores étnicos e a faixa etária envolvida; assim, as medidas

encontradas tornam-se válidas para uma determinada população, em um

determinado tempo. De acordo com esse conceito, o ortodontista, sendo um

especialista na área que envolve beleza e harmonia facial, torna-se um crítico em

maior potencial do que qualquer outro indivíduo.

Segundo Arnett e McLaughlin (2004), o conhecimento da beleza facial é uma

característica nata aos olhos humanos. Entretanto, a definição objetiva dos

componentes da beleza é extremamente difícil, pois essa objetividade é solapada

pelas preferências pessoais, tendências culturais e pela crença de que a beleza se

apresenta de formas diferentes e com características distintas. Para a maioria dos

indivíduos, isso não é relevante sob o ponto de vista da objetividade. Porém, para os

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cirurgiões e ortodontistas, trata-se de um conceito da mais alta relevância.

Segundo Colombo et al. (2003), a estética tem se tornado cada vez mais

importante na Odontologia sendo sinônimo de uma aparência natural e harmoniosa.

A linha do sorriso é muito importante para a estética facial. Uma linha do sorriso alta

(sorriso gengival) é considerada antiestética para algumas pessoas, por isso alguns

autores preconizam técnicas para correção do sorriso gengival. Portanto, o sorriso é

uma das mais importantes expressões faciais e é essencial na demonstração de

amizade, concordância e apreciação. O sorriso atraente é um complemento da

beleza facial. Um sorriso simétrico, com dentes bem posicionados e alinhados no

arco, uma exposição adequada dos dentes anteriores superiores, proporciona uma

beleza ideal. Muitas pessoas consideradas belas, quando sorriem apresentam um

sorriso assimétrico ou um sorriso gengival, perdendo o encanto inicial. A análise

facial frontal, durante o sorriso, permite avaliar o alinhamento das linhas médias

dentária e facial, a inclinação do sorriso, o centro do sorriso, o tipo de musculatura

predominante, a curvatura incisal, o corredor bucal e a exposição gengival, os quais

determinam o grau de atratividade de um sorriso.

Diogo e Bernardes (2003), relataram que a preocupação com a beleza facial e

mais especificamente com o perfil facial durante o desenvolvimento das populações

humanas foi objetivo durante tempos históricos. Neste sentido, os autores

compararam a preferência estética do perfil facial tegumentar com padrões

cefalométricos através de análise facial de 90 pacientes tratados ortodonticamente.

Nas telerradiografias dos perfis considerados agradáveis foram analisados: ângulo

frontonasal, nasolabial, mentolabial, e convexidade facial; medidas dos lábios em

relação à linha “S” de Steiner e fator H-nariz. Os ortodontistas foram mais severos na

avaliação do perfil facial, havendo preferência por uma maior convexidade facial e

leve protrusão dos lábios superior e inferior, leve eversão labial inferior, com maior

inclinação do nariz em relação ao lábio superior. Verificou-se a existência de uma

relação de proporcionalidade entre os ângulos avaliados com o ângulo FNA.

Segundo Santos et al. (2005), atualmente, 80% dos indivíduos que procuram

tratamento ortodôntico são movidos pela aparência facial. Diante disso, faz-se

necessário o conhecimento dos aspectos relacionados a análise facial bem como a

obtenção da melhor forma dos meios de diagnóstico necessários para uma análise

facial adequada. O conceito atual de estética facial aceita um padrão facial mais

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protrusivo em relação aos padrões do passado. Para se obter uma analise facial

mais fiel, tem que haver uma padronização nos meios de diagnostico. Arnett,

Bergman (1993) consideram melhor o diagnóstico facial com a posição natural da

cabeça (PNC) (Figura 1), paciente em pé ereto olhando na linha do horizonte e com

as pupilas no centro dos olhos evitando a falsa impressão de classe II ou III. Já

McNamara Jr. et al. (1993) optaram pelo plano de Frankfurt por acharem a

reprodução da posição natural da cabeça (PNC) difícil e pelo desvio do plano de

Frankfurt ser insignificante. Hoje há uma tendência de se utilizar a posição natural da

cabeça (PNC), pois essa posição levaria a relação cêntrica e a uma postura labial

mais relaxada. Devemos lembrar que a beleza é subjetiva e influenciada pelos

aspectos social, cultural e étnico. Na face, o tecido tegumentar apresenta uma

grande variabilidade devido a sua espessura e a tensão muscular, podendo ou não

acompanhar o tecido dento-esquelético. A estética facial deve ser considerada como

uma característica mutável, dependendo da etnia, do gênero e da maturação do

individuo. É fundamental uma análise criteriosa e individualizada dos fatores que

interferem na estética facial para obter o máximo de resultados estéticos e

funcionais.

Figura 1 – Posição natural da cabeça

Fonte: Santos et al. (2005)

Câmara (2005) apresentou os Diagramas de Referências Estéticas Dentais

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(DRED) e Faciais (DREF). O autor relata que a utilização dos Diagramas de

Referências Estéticas Dentais (DRED) e Faciais (DREF) é indicada para facilitar o

diagnóstico e planejamento dos tratamentos odontológicos estéticos e não têm a

intenção de substituirem ou serem considerados formas definitivas de análises. O

Diagrama de Referências Estéticas Dentárias (DRED) define o que deverá ser criado

ou alcançado com os dentes ântero-superiores. A finalidade desse diagrama é dar

uma noção exata dos posicionamentos e proporções que os dentes guardam entre

si e também a relação desses com a gengiva e os lábios. Esse diagrama é

constituído de seis caixas que englobam os incisivos e caninos superiores; e os seus

limites irão ser específicos para cada referência estética. Cada caixa irá englobar o

seu respectivo dente, obedecendo aos seus limites. Embora essas caixas possam

servir de referência nos vários planos de observação, o DRED será avaliado em

uma visão de 90º em relação ao plano frontal, ou seja, perpendicular a esse plano. A

sua utilização facilitará o planejamento e a visualização do melhor posicionamento

estético dos dentes anteriores, sendo o seu objetivo fornecer informações que

possam auxiliar nas suas reorganizações e reestruturações, quando esses dentes

tiverem que ser reposicionados e/ou restaurados. Cada paciente tem o seu próprio

diagrama de referência, que é determinado pelos dentes e estruturas adjacentes.

Caso o diagrama do paciente não esteja harmonioso e necessite ser mudado, o

DRED servirá como modelo. Esse parâmetro geométrico não deve ser visto como

imutável, mas como um guia útil para a obtenção de melhores resultados estéticos

nos tratamentos odontológicos. Com a utilização do DRED poderão ser visualizados:

Simetria; Eixos dentários; Limite do contorno gengival; Nível do contato

interdentário; Bordas incisais; Proporções dentárias e Linhas do sorriso, segundo a

figura 2 abaixo. Já os Diagramas de Referências Estéticas Faciais (DREF) poderão

visualizar as seguintes características: Simetria; Proporção e altura dos terços

frontais; Proporção e altura das partes do terço inferior da face (lábio superior, lábio

inferior e mento); Proporção, altura e posicionamento dos terços sagitais; Proporção

e tamanho da linha mento-pescoço.

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Figura 2 – DRED

Fonte: Câmara (2005)

Ainda segundo Câmara (2005), o tipo de sorriso também deve ser levado em

consideração. Segundo a classificação de Rubin (figura 3), existem três tipos de

sorriso: “monalisa”, “canino” e “amplo”. No sorriso de “monalisa”, os cantos da boca

são elevados pelos músculos zigomáticos maiores. No sorriso de “canino”, o lábio

superior é elevado uniformemente, e no sorriso “complexo” ou amplo, o lábio

superior move-se superiormente, como no sorriso de “canino”, mas o lábio inferior

também se move inferiormente. Além do tipo de sorriso, deve-se observar os seus

estágios. O sorriso se forma em dois estágios: o primeiro (sorriso voluntário) eleva o

lábio superior em direção ao sulco nasolabial, pela contração dos músculos

elevadores, que se originam neste sulco e tem inserção no lábio. Os feixes mediais

elevam o lábio na região dos dentes anteriores e os laterais na região dos dentes

posteriores. O lábio então encontra resistência, devida ao tecido adiposo das

bochechas. O segundo estágio (sorriso espontâneo) inicia-se com maior elevação

tanto do lábio como do sulco nasolabial, sob a ação de três grupos musculares: o

elevador do lábio superior, com origem na região infra-orbital, o músculo zigomático

maior e as fibras superiores do bucinador. A aparência de olhos semicerrados deve

acompanhar o estágio final do sorriso e representa a contração da musculatura

periocular (músculos orbiculares dos olhos) para apoiar a elevação máxima do lábio

superior, através da prega nasolabial. O olhar semicerrado que acompanha o sorriso

máximo é um gatilho muscular da face que ativa os centros cerebrais na região

temporal anterior, que regula a produção das emoções agradáveis. Assim, sem esta

ação final de semicerramento dos olhos, o sorriso perceptível de felicidade

provavelmente é um falso sorriso, sem alegria, da pessoa que está sorrindo.

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Figura 3 – Classificação do sorriso segundo Rubin: a) Mona Lisa; b) Amplo c) Canino e (apud Colombo et al., 2003)

Trevisan e Gil (2006) buscaram avaliar o perfil facial em fotografias de jovens

brasileiros leucodermas com oclusão normal. Os autores utilizaram 58 fotografias de

perfil de 23 jovens do gênero masculino e 35 do feminino, com idade média de 16,03

± 2,04 anos, que apresentavam 4 das 6 chaves de oclusão de Andrews. As

fotografias foram julgadas por 21 alunos e 2 professores de pós-graduação.

Também foi feita fotogrametria dos integrantes da amostra. Os autores verificaram

que a oclusão normal natural não foi indicativa de beleza do perfil facial, visto que

28% dos perfis avaliados foram classificados como desagradáveis. De acordo com

os dados analisados nesta pesquisa, para o perfil masculino ser considerado

agradável, o terço inferior da face deveria apresentar algumas características, com

um bom comprimento da linha queixo-pescoço, proporcionalmente à altura do terço

inferior da face (Sn-Gn’), e um comprimento horizontal do nariz (Ala-Prn) aumentado

em relação à altura do nariz. Já para os perfis femininos, foram considerados

agradáveis aqueles que apresentaram, proporcionalmente, um nariz menos

proeminente. Dentre as medidas pesquisadas para os grupos de perfis agradáveis,

aceitáveis e desagradáveis, verificou-se que poucas foram as que se apresentaram

estatisticamente diferentes, chamando a atenção para o fato que, isoladamente, as

medidas fotogramétricas do perfil facial não poderiam indicar beleza do perfil.

Muitas vezes, o restabelecimento do padrão de beleza consiste na

recuperação das estruturas anatômicas normais. Sob este ponto de vista, a estética

na Implantodontia tem como objetivo proporcionar coroas protéticas parecidas aos

dentes naturais previamente perdidos, segundo Scarso et al. (2007).

Segundo Reis e Reis (2007), os pacientes classificados como esteticamente

desagradáveis pertencem aos Padrões II, III, Face Longa e Face Curta e

apresentam discrepâncias esqueléticas que os remetem a tratamentos ortodônticos

associados à cirurgia ortognática para corrigir o erro ósseo, normalmente grave. A

classificação estética pode, muitas vezes, definir a necessidade de cirurgias em

Page 20: Analisis Facial completo

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casos limítrofes, nos quais um tratamento ortodôntico compensatório limitado pode

ser proposto para a obtenção de uma melhora oclusal, sem, entretanto, promover

um incremento estético do paciente na pirâmide de agradabilidade (FIGURA 4)

Dessa forma, o paciente continuaria com a estética facial desagradável, sendo que

deve ser oferecida a esses pacientes a oportunidade de mudança de nível, possível

com um tratamento multidisciplinar que associe a ortodontia à cirurgia e, se

necessário, à implantodontia, periodontia, dentística e prótese. Indivíduos Padrões

II e III, mesmo que apresentem selamento labial passivo, o qual pode ser

decorrente da pequena gravidade da discrepância ou de uma compensação

satisfatória, têm prejuízo na qualidade estética do perfil e podem necessitar de

procedimentos cirúrgicos associados à correção ortodôntica se a estética do perfil

representar uma queixa significativa. Essa observação é especialmente válida para

os homens com convexidade facial aumentada (Padrão II) e para as mulheres com

convexidade facial reduzida (Padrão III). Os pacientes esteticamente aceitáveis são

maioria, e seu plano de tratamento deve ser feito com a premissa da melhoria

estética. Aqueles que não apresentam discrepâncias esqueléticas ou maloclusões

com repercussão facial devem ser submetidos a tratamentos ortodônticos

corretivos, associados a recursos de outras áreas envolvidas com a estética que

resultem em uma melhora da agradabilidade, pelo menos, do sorriso. Aos

portadores de discrepâncias que não maculam significativamente a estética facial, o

tratamento ortodôntico compensatório primário é a melhor opção, pois permite uma

melhora na estética do sorriso, uma função adequada e a preservação das

características de aceitabilidade.

Figura 4 – Pirâmide da agradabilidade estética Fonte: Reis e Reis (2007)

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Uma região que requer estética pode ser definida, segundo Farias, Todescan

e Bottino (2010), como qualquer área a ser restaurada que se encontra visível no

amplo sorriso de um paciente.

Segundo Tunchel, Fráguas e Blay (2010), a zona estética é definida por todo

elemento dento-alveolar presente em um sorriso. Um belo sorriso é o que todo

cirurgião-dentista almeja extrair de seu paciente. Um sorriso classificado como

normal deixa as papilas interproximais e 75% a 100% das coroas dentárias

aparentes. Em uma linha de sorriso alta, há exposição adicional de tecido gengival.

A linha de sorriso baixa existe quando menos de 75% dos dentes superiores são

exibidos.

Trevisan Júnior et al. (2010) relataram que é fundamental uma análise

detalhada dos fatores estéticos e da insatisfação do paciente com relação a sua

imagem. Uma vez identificados esses fatores, diversas técnicas – isoladas ou não –

podem ser utilizadas para o restabelecimento de um sorriso mais harmonioso.

3.2 Análise facial e sua importância para o diagnóstico e planejamento

ortodôntico

Suguino et al. (1996) relataram que o exame facial representa a chave do

diagnóstico. Pode-se dizer que numa rotina de diagnóstico, após o exame clínico

dentário preliminar, a avaliação prossegue com o exame da face pela vista frontal e

de perfil. No entanto, o que acontece na prática é que antes do paciente abrir a boca

para a avaliação dentária o ortodontista já fez uma análise facial preliminar,

buscando o incorreto. O ponto mais importante em uma análise formal da estética

facial é a utilização de um padrão clínico. O exame não deve ser baseado em

radiografia estática e representação fotográfica isolada do paciente. As radiografias

e fotografias podem posicionar inapropriadamente a orientação da cabeça do

paciente, posição da mandíbula (côndilo) e postura labial. Isto pode levar a um

diagnóstico e plano de tratamento imprecisos. Não se quer dizer com isto que os

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registros obtidos de uma documentação ortodôntica não sejam válidos, mas o

registro clinicamente controlado é mais confiável.

Segundo Cabrera e Cabrera (1997), é imprescindível definir e reconhecer o

conjunto de características que conferem à face equilíbrio. Para tanto, deve-se fazer

uso da análise facial. Entende-se por análise facial a observação das estruturas que

a compõe; esta análise não deve ser apoiada em médias, em números, e sim na

harmonia das estruturas. Estas fornecem elementos passíveis de classificação,

basicamente em agradável, aceitável e desagradável. Os indivíduos que procuram o

tratamento ortodôntico, na sua maioria, possuem faces aceitáveis, com selamento

labial presente e uma boa relação entre nariz, lábio e mento, e tem seu tratamento

com características compensatórias. Este é o conceito de normal na análise facial,

pois o agradável denota beleza, e não necessariamente o normal tem que estar

associado a ela.

Brandão; Dominguez-Rodriguez e Capelozza Filho (2001), objetivaram avaliar

as características cefalométricas do complexo crânio facial de indivíduos Classe II,

divisão 1ª, obtidas pelas análises de McNamara Jr. e Padrão USP, e compará-las

com as características morfológicas da face obtidas por meio da análise facial

subjetiva, em um grupo de 30 indivíduos masculinos e femininos, leucodermas, com

idades entre 12 e 16 anos. Cefalometricamente a amostra analisada demonstrou

perfis esqueléticos convexos; maxilas bem posicionadas e mandíbulas retruídas em

relação à base do crânio; incisivos superiores e inferiores inclinados e protruídos em

suas bases ósseas; acentuadas sobressaliências e leves sobremordidas. O exame

facial subjetivo demonstrou a participação da maxila em 3 casos (10%) mandíbula

isolada em 13 casos (43,3%) maxila e mandíbula associadas em 13 casos (43,3%) e

maxila e mandíbula consideradas bem posicionadas em apenas 1 caso (3,3%). A

avaliação subjetiva testada em termos de concordância com os achados da

cefalometria para a posição de maxila e mandíbula demonstrou ausência de

significância estatística, apesar da razoável coerência entre os exames. Segundo os

autores, a avaliação subjetiva da face deve ser considerada ideal pois elimina os

números e está apoiada somente na morfologia facial. Porém, deve haver uma

variação considerável no diagnóstico emitido por profissionais com diferentes tipos

de treinamento, dependendo da experiência dos mesmos e do nível de sua crença

na análise facial. Esta competência para viabilizar o exame subjetivo exige a

Page 23: Analisis Facial completo

22

utilização de métodos que geralmente, se apóiam em parâmetros numéricos de

normalidade. Isto facilitaria o processo de aprendizado do que é desejável em

termos de morfologia facial.

Reche et al. (2002) apresentaram uma análise do perfil facial em fotografias

padronizadas com tamanho 10 X 15 cm coloridas, em uma amostra de 40 indivíduos

do sexo feminino, com média de idade de 22 anos, normoclusão, perfil agradável,

leucodermas, sem tratamento ortodôntico prévio, com a cabeça na posição natural,

mandíbula em posição de repouso e lábios relaxados. Foram analisadas 14

variáveis faciais, incluindo medidas lineares, angulares e proporcionais, submetidas

a testes estatísticos. Os autores pretenderam oferecer com este estudo, mais um

dado para o diagnóstico ortodôntico em relação ao exame facial, por meio de uma

análise do perfil facial realizada em fotografias padronizadas, pois elas oferecem

uma visão muito clara do contorno da face e das suas estruturas. Além disso,

apresentam uma praticidade muito grande na sua realização, sendo de baixo custo.

O paciente também é mais facilmente esclarecido quanto às mudanças a serem

propostas durante o tratamento, uma vez que a fotografia é utilizada na Ortodontia

para documentar a aparência facial antes e depois do tratamento.

Vedovelo Filho et al. (2002) apresentaram a importância da análise facial

como um recurso para o diagnóstico ortodôntico, tecer considerações sobre a

posição em que a cabeça do indivíduo deve estar, bem como sobre as linhas de

referência horizontal utilizadas nas mensurações da face, para que se possa realizar

uma análise confiável e relatar a existência de diferenças na morfologia facial de

acordo com a etnia, gênero e idade do indivíduo. Através deste trabalho, pode-se

concluir que a análise do tecido mole facial deve ser elemento fundamental para o

diagnóstico ortodôntico bem sucedido e para uma análise facial confiável, a maioria

dos autores valorizou o posicionamento natural da cabeça, com as pupilas no centro

do olho e o indivíduo olhando reto em direção ao horizonte. O plano de Frankfurt foi

considerado confiável como referência horizontal. É de fundamental importância a

avaliação personalizada de cada indivíduo, levando-se em consideração as

diferenças étnicas, de gênero e ao grau de maturação que o indivíduo se encontra.

Segundo Capelozza Filho (2004), a análise morfológica da face é o principal

recurso diagnóstico para determinação do Padrão Facial. A organização do

diagnóstico ortodôntico de acordo com os Padrões Faciais, extensamente

Page 24: Analisis Facial completo

23

abordados no livro Diagnóstico em Ortodontia, publicado em 2004, permite abordar

o tratamento das más oclusões, considerando a localização da discrepância

esquelética, quando presente, a etiologia da má oclusão, estabelecendo protocolos

de tratamento específicos para cada Padrão em cada faixa etária, com protocolos

em curto prazo e perspectivas em longo prazo previsíveis, considerando a gravidade

da discrepância. Os benefícios dessa nova visão da Ortodontia dependem,

entretanto, do diagnóstico adequado do Padrão Facial. Os indivíduos podem ser

classificados como Padrão I, II, III, Face longa ou Face curta. O Padrão I é

identificado pela normalidade facial. A má oclusão, quando presente, é apenas

dentária não associada a qualquer discrepância esquelética sagital ou vertical. Os

Padrões II e III são caracterizados pelo degrau sagital respectivamente positivo e

negativo entre a maxila e a mandíbula. Nos Padrões face longa e face curta a

discrepância é vertical. Nos pacientes com erros esqueléticos, as más oclusões são

geralmente conseqüentes dessas discrepâncias. Na avaliação do perfil, o Padrão I é

caracterizado por um grau moderado de convexidade. A expressão da maxila na

face é identificada pela presença da projeção zigomática e depressão infraorbitária,

que podem ser verificadas também na visão frontal. A linha de implantação do nariz,

levemente inclinada para anterior, denota adequada posição maxilar. O sulco naso-

geniano com leve inclinação posterior completa a avaliação do equilíbrio maxilar. O

ângulo nasolabial avalia a base nasal em relação ao lábio superior, cuja posição é

fortemente determinada pela inclinação dos incisivos superiores. Portanto, esse

ângulo pode estar adequado, aberto ou fechado nos pacientes Padrão I, como

conseqüência da posição dos dentes anteriores superiores, independente do bom

posicionamento maxilar, sempre observado nestes pacientes. O equilíbrio

mandibular, tamanho, forma e posição, podem ser verificados na avaliação do perfil

por meio da linha queixo-pescoço. Ela deve ser expressiva sem ser excessiva e

tender ao paralelismo com o Plano de Camper. Esse paralelismo contribui para um

ângulo adequado entre as linhas do queixo e do pescoço. Além disso, espera-se um

ângulo mentolabial agradável esteticamente e construído com igual participação do

lábio e do mento. Os pacientes portadores dos Padrões II e III apresentam

discrepância sagital entre a maxila e a mandíbula, identificada, principalmente, na

avaliação lateral da face. Indivíduos classificados como Padrão I na visão frontal e II

ou III no perfil apresentam melhor prognóstico que aqueles Padrões II ou III nas

visões frontal e lateral, nos quais o desequilíbrio é grave o suficiente para ser

Page 25: Analisis Facial completo

24

identificado na avaliação de frente, devido às suas conseqüências verticais. O

Padrão II apresenta convexidade facial aumentada, em conseqüência do excesso

maxilar, mais raro, ou pela deficiência mandibular. Normalmente, observa-se uma

maxila com boa expressão na face, enquanto o terço inferior está deficiente e com a

linha queixo-pescoço curta. Apresenta, usualmente, um ângulo nasolabial bom,

associado ao sulco mentolabial marcado pela eversão do lábio inferior. No Padrão III

a convexidade facial apresenta-se reduzida, resultando em um perfil reto ou mais

raramente côncavo devido à deficiência maxilar, ao prognatismo mandibular ou à

associação de ambos. O terço médio da face tende a parecer deficiente, mesmo que

esteja normal, pois o excesso mandibular desloca para anterior o tecido mole da

maxila, mascarando a leitura da projeção zigomática. O terço inferior da face tende

ao aumento, principalmente no prognatismo e a linha queixo-pescoço apresenta-se

normal nos deficientes maxilares ou em excesso nos prognatas. O sulco mentolabial

encontra-se aberto, devido à verticalização compensatória dos incisivos inferiores.

Os pacientes classificados como Padrões Face Longa e Face Curta apresentam

uma discrepância vertical visível nas avaliações de frente e perfil. O paciente Padrão

Face Longa é caracterizado pelo excesso na altura facial, resultando em ausência

de selamento labial, excesso de exposição de dentes no repouso e de gengiva no

sorriso. A convexidade facial desses pacientes está aumentada, a expressão maxilar

é deficiente e a linha queixo-pescoço curta. O paciente Padrão Face longa tem

deficiência na expressão sagital da maxila e da mandíbula, que apresentam direção

de crescimento predominantemente vertical. O paciente Padrão Face Curta é

identificado pela deficiência nas dimensões verticais, lábios comprimidos, maxila

com expressão adequada e excesso da linha queixo-pescoço, devido à rotação anti-

horária da mandíbula.

Capelozza Filho et al. (2004) relataram que existem controvérsias na leitura

cefalométrica da AFAi (Altura Facial Anterior inferior) e no diagnóstico clínico

baseado na análise facial em casos de más oclusões do padrão II por deficiência

mandíbular, motivaram este artigo. Foi formada uma amostra de 26 pacientes

portadores desta má oclusão, sem distinção de gênero e idade, tratados no curso de

especialização da PROFIS do HRAC - USP, Bauru. A amostra foi caracterizada

utilizando-se um conjunto de medidas cefalométricas clássicas (SNA, SNB, ANB,

NAP, AFAi, SNPO, SNGoGn, CoA, CoGn) e testou-se uma forma alternativa para

Page 26: Analisis Facial completo

25

medir a AFAi, onde os pontos espinha nasal anterior (ENA) e mentoniano (Me)

foram projetados perpendicularmente a um plano frontal que passa por násio,

perpendicular ao plano de Frankfurt (Nperp A) e a distância entre eles medida

linearmente. Os resultados foram confrontados com os valores obtidos da medição

da AFAi como preconizado por McNamara, em 1984. Encontrou-se uma relação

inversa entre a AFAi convencional e a AFAi perpendicular. Esta diferença foi

estatisticamente significante para toda a amostra e apresentou alta correlação. A

AFAi perpendicular foi sempre menor em toda amostra e exibiu uma tendência de

ser tanto menor quanto maior fosse o valor de SNGoGn. Estes achados levaram a

crer que a AFAi perpendicular, medida como preconizada neste artigo, torna o

triângulo de McNamara mais equilibrado. Isso confere à avaliação cefalométrica a

capacidade de identificar a diminuição da AFAi, característica facial típica do

portador de deficiência mandibular, além de permitir um entendimento mais claro

dos efeitos do tratamento nessa dimensão.

Colombo et al. (2004), se propuseram a apresentar uma análise facial frontal

em fotografias padronizadas, em repouso e durante o sorriso, que possa auxiliar no

diagnóstico e planejamento do tratamento ortodôntico e cirúrgico como também na

avaliação dos resultados obtidos. Fizeram parte da amostra estudada 40 mulheres,

com idade média de 22 anos, leucodermas, com faces agradáveis, Classe I de

Angle, sem história prévia de tratamento ortodôntico e cirurgia plástica na face.

Foram obtidas fotografias faciais frontais (10X15cm coloridas), padronizadas. Duas

fotografias foram obtidas, no sorriso máximo e durante o repouso. Sobre as

fotografias, foram realizados medidas lineares, angulares e proporcionais. As

medidas foram avaliadas por meio de teste de normalidade, estatística descritiva e

desvio padrão do erro. Os resultados mostraram que algumas das medidas

utilizadas neste trabalho se assemelham às encontradas na literatura e outras

diferem muito. Os autores concluíram que a análise facial em fotografias frontais

padronizadas pode ser utilizada como auxiliar importante no diagnóstico e

planejamento do tratamento ortodôntico e cirúrgico, permitindo uma avaliação

quantitativa antes e durante o tratamento, bem como apresentando-se como um

método confiável para comparações entre o pré e o pós-tratamento. Entretanto, é

importante ressaltar que ela não dispensa a avaliação clínica e radiográfica da face

do paciente.

Page 27: Analisis Facial completo

26

Braga et al. (2004) salientaram a importância de associar a análise dos

tecidos tegumentares àquela dos tecidos duros, que normalmente é realizada pela

maioria dos profissionais. Os ortodontistas têm incluído a harmonia facial como um

dos objetivos na busca pela excelência, mas, muitas vezes, utilizam análises

cefalométricas, no plano de tratamento, que ignoram fatores como espessura do

tecido tegumentar, dificultando a obtenção da meta almejada. Nos últimos anos,

tem-se utilizado certos padrões cefalométricos relacionando os dentes com o osso

da face ou do crânio, entretanto, é importante salientar que os tecidos moles variam

consideravelmente de espessura, sendo determinantes no estabelecimento do perfil

facial final dos pacientes e, por esse motivo, não podem ser desconsiderados. Os

autores concluíram que objetivo da cefalometria não é enquadrar o paciente em

números. Os valores médios são utilizados apenas como guia e servem como base

para que, na individualização de cada caso, obtenha-se a harmonia oclusal e facial

desejada para cada paciente. Desta forma, o método da análise de perfil tegumentar

é um adjunto para o planejamento dos tratamentos. Um planejamento ideal requer

considerações dos tecidos tegumentares e dos tecidos duros, visto que ambos são

importantes para se obter um resultado satisfatório ao final do tratamento

ortodôntico.

Maia (2004) relatou que na busca da excelência do conhecimento das

relações dentofaciais aplicadas ao diagnóstico, o autor destaca a importância das

avaliações faciais e cefalométricas em norma lateral a serem realizadas com o

paciente em Posição Natural da Cabeça, utilizando-se as linhas horizontal e vertical

verdadeiras como referências, já que a variabilidade das linhas cefalométricas

intracranianas pode comprometer significantemente o diagnóstico e o plano de

tratamento. O autor procurou mostrar como fazer um estudo cefalométrico e por que

as avaliações faciais e cefalométricas muitas vezes não coincidem. Segundo o

autor, nos últimos 30 anos, a Posição Natural da Cabeça tem sido adotada como a

posição de referência mais apropriada para a radiografia cefalométrica e a análise

facial. Muitas vezes não nos deparamos com leituras totalmente distintas entre a

análise facial e a análise cefalométrica. Quando várias análises cefalométricas são

aplicadas no estudo de um mesmo indivíduo, os achados podem ser conflitantes,

dependendo da linha de referência. Não só o uso do Plano Horizontal de Frankfourt,

mas também da linha Sela-Násio (SN) pode comprometer o diagnóstico. A variação

Page 28: Analisis Facial completo

27

dessas referências foi claramente descrita por Moorees (1985) quando comparou

dois cefalogramas com perfis faciais semelhantes e observou grande diferença entre

a linha SN e o Plano Horizontal de Frankfourt. Esses problemas podem ser evitados

utilizando-se corretamente a Posição Natural da Cabeça e relacionando-se as

medidas à linha horizontal verdadeira. Acreditamos ser possível ao profissional em

seu consultório, orientar o paciente a assumir uma posição de cabeça próxima do

real, que é aquela que o indivíduo assume no dia-a-dia. Além disso, devemos

questionar mais as documentações que nos são enviadas; fotografias de pacientes

com os olhos fechados devem ser repetidas.

Arnett e McLaughlin (2004), enfatizaram a importância do exame clínico e da

análise cefalométrica dos tecidos moles (ACTM) (Figura 5). Segundo os autores, o

exame clínico permite a avaliação antero-posterior, vertical, de linhas médias, dos

níveis faciais e do contorno facial; entretanto, trata-se de uma avaliação subjetiva. A

ACTM, por sua vez, possibilita a avaliação dos tecidos moles em relação à Linha

Vertical Verdadeira (LVV) (Figura 6) também das medidas verticais de maneira

objetiva, permitindo quantificar a desarmonia facial e identificar suas causas

subjacentes. Dessa forma, os achados dos exames clínico e cefalométrico permitem

uma análise facial tridimensional. Os autores basearam sua análise no estudo

publicado por Arnett et al (1999) e as radiografias cefalométricas foram tomadas

com marcadores metálicos posicionados em estruturas essenciais da face média,

como descrito anteriormente; a posição horizontal ou vertical dos pontos de

referência dos tecidos mole e duro foi registrada com relação à LVV. Foram

calculados valores e desvios padrões nas seguintes áreas: fatores dentários e

esqueléticos, componentes do tecido mole, comprimento e altura vertical da face,

projeções da LVV e harmonia facial. Os autores elaboraram ainda um plano de

tratamento baseado na motivação do paciente com relação ao tratamento, no exame

de modelos, no exame facial e nos valores da ACTM e diferenciaram este plano de

tratamento de acordo com a classificação dos pacientes em grupo 1, 2 ou 3

(Grupo1: planejamento ortodôntico apenas; Grupo 2: planejamento ortodôntico

apenas ou planejamento cirúrgico-ortodôntico; Grupo 3: planejamento cirúrgico-

ortodôntico).

Page 29: Analisis Facial completo

28

Figura 5- Pontos cefalométricos utilizados na ACTM. Fonte: Arnett e McLaughlin (2004)

Figura 6 – Distâncias medidas em relação à LVV Fonte: Arnett e McLaughlin (2004)

Godolphim, em 2004, relatou que um diagnóstico preciso e criterioso é o

primeiro e fundamental passo na busca da solução dos problemas da maloclusão.

Normalmente, os profissionais solicitam exames radiográficos, modelos de gesso

para estudo e fotografias e a partir disto realizam o diagnóstico e o plano de

Page 30: Analisis Facial completo

29

tratamento. Outros dados, como a queixa principal, hábitos, parafunções e o exame

clínico, são tão importantes quanto a radiografia de teleperfil e a panorâmica.

Durante o exame clínico, na primeira consulta, já temos condições de avaliar a

necessidade ou não de modificar a posição mandibular para efetuar a correção da

maloclusão, ou se devemos aumentar a dimensão vertical do paciente e se tais

procedimentos vão solucionar seus problemas estéticos. Para isso, devemos realizar

uma análise facial dinâmica do paciente e não apenas uma análise facial estática em

cima de uma fotografia e de uma análise cefalométrica. A análise facial dinâmica se

caracteriza por avaliar o paciente em máxima intercuspidação. Depois, devemos

solicitar ao paciente que avance lenta e progressivamente a sua mandíbula até que

o seu perfil apresente uma face harmônica. Depois de encontrar o perfil ideal, vamos

verificar como está a relação dental nessa posição, observando a relação dos

molares, de caninos e dos incisivos. A análise facial frontal também contribui para

identificar problemas funcionais; as assimetrias faciais podem ser resultados de

funções desequilibradas. Devemos aplicar a análise facial dinâmica em pacientes de

todas as idades. A avaliação do espaço orofaríngeo através de radiografias de

teleperfil é outro fator considerável no diagnóstico. Este espaço tem uma influência

direta na qualidade de vida das pessoas. Os modelos gnatostáticos, a ficha

gnatostática e simetrográfica são elementos imprescindíveis no diagnóstico das

maloclusões, pois permitem que visualizemos a inclinação do plano oclusal, assim

como o lado da mínima dimensão vertical.

Segundo Boneco e Jardim (2005), a avaliação correta do equilíbrio e da

harmonia facial, para cada paciente, assume hoje em dia uma importância cada vez

maior no estabelecimento de um diagnóstico correto e do subsequente plano de

tratamento. Com a introdução da radiografia cefalométrica, a maioria dos

ortodontistas habituou-se a visualizar as discrepâncias esqueléticas como a maior

limitação ao tratamento das anomalias dento-faciais. No entanto, no que diz respeito

à estética da face, são os tecidos moles que na realidade determinam os resultados

do tratamento. A posição e a relação dos tecidos moles são influenciadas por

variações na sua espessura, tonicidade e comprimento. Por este motivo, os lábios

podem parecer mais retrusivos ou protrusivos do que o indicado pelas medições

dento-alveolares. Com base nestas considerações, os autores avaliaram o

dimorfismo sexual e comparar a morfologia labial de indivíduos com padrões faciais

Page 31: Analisis Facial completo

30

verticais curto e longo. As radiografias cefalométricas de perfil de 109 adultos jovens

de origem européia foram selecionadas com base na altura facial antero-inferior

(Ena-Me) como percentagem da altura facial total anterior (Na-Me) e na inclinação

da mandíbula relativamente ao plano Sela-Nasion (SN-MP) (figura 7). Em cada

radiografia foram obtidas 15 medidas lineares e 3 medidas angulares, avaliando a

protrusão, espessura, comprimento e enrolamento labiais, a exposição labial e

incisiva e a distância interlabial em repouso. Para cada variável, foram calculados a

média aritmética e o desvio padrão. A avaliação estatística foi efetuada utilizando

testes t de student para amostras independentes. Em comparação com os

indivíduos do sexo masculino, a amostra feminina apresentou valores

significativamente inferiores para as seguintes variáveis: enrolamento do lábio

inferior (p=0,002), comprimento dos lábios superior e inferior (p<0,001), exposição

do lábio inferior em repouso (p=0,006) e espessura dos lábios superior e inferior

(p<0,001). Os sujeitos com padrão facial vertical longo apresentaram maior

protrusão do lábio inferior (p<0,001), enrolamento do lábio inferior (p=0,015),

comprimento do lábio superior e inferior (p<0,001), exposição do lábio inferior em

repouso (p<0,001) e espessura do lábio inferior (p=0,011), quando comparados com

os indivíduos com padrão facial vertical curto. Os resultados sugerem que várias

medições cefalométricas dos tecidos moles estão diretamente relacionadas com o

sexo e o padrão vertical. Estas conclusões podem ter implicações no diagnóstico

clínico e no plano de tratamento de pacientes ortodônticos.

Figura 7 – Pontos esqueléticos, linhas de referência e medições de seleção da amostra Fonte: Arnett e McLaughlin (2004)

Page 32: Analisis Facial completo

31

Segundo Tôrres, Costa e Faltin Júnior (2006), a análise facial tem sido

essencial no diagnóstico e planejamento ortodônticos, por expressar a real estética

do paciente, visualizada em norma lateral e frontal para a avaliação das alterações

faciais associadas com compensações dos tecidos moles. Nesta análise, muitas

vezes nos defrontamos com discrepâncias entre os resultados cefalométricos e os

resultados expressos no perfil facial. Logicamente, deveríamos priorizar a correção

das alterações visualizadas neste contorno do perfil mole do paciente, obtendo-se a

correção ortodôntica associada com possíveis melhorias estéticas faciais. Neste

contexto, a posição da cabeça exerce um fator importante na avaliação, pois

claramente os desvios de inclinação natural alteram, principalmente, a posição

sagital da mandíbula e do mento em relação à vertical verdadeira, influenciando o

planejamento ortodôntico, ortopédico e cirúrgico. Os autores realizaram um estudo

com o objetivo de avaliar o comportamento do Plano de Frankfurt e da leitura de

posição mandibular em indivíduos com padrões faciais de Classe I e II, relacionados

à postura natural da cabeça. Os autores utilizaram fotografias do perfil em PNC

foram obtidas dos pacientes em pé e relaxados, olhando a imagem de seus próprios

olhos refletida em um espelho colocado 1m à frente deles (Figura 8). Um prumo foi

utilizado para definir a linha vertical (VER) nas fotografias e uma linha passando pela

glabela e pogônio mole foi transferida das fotografias para as telerradiografias

laterais. Uma linha horizontal (HOR), perpendicular à linha vertical, comparada com

a referência intracraniana plano horizontal de Frankfurt (HF), foi utilizada para

avaliação da variação deste plano em posição natural da cabeça. Foram avaliadas

as alterações da PNC sobre a medida cefalométrica da posição sagital do contorno

anterior da mandíbula pela diferença entre Nperp-P (McNamara) e Nvert-P.

Analisou-se os registros fotográficos e radiográficos pré-tratamento de 60 pacientes

selecionados em dois grupos baseados no padrão esquelético facial de Classe I e

Classe II. Resultados e Conclusões: os resultados obtidos demonstraram uma alta

variação interindividual entre o plano horizontal de Frankfurt (HF) e a linha horizontal

verdadeira (HOR) em ambos grupos. Porém, a diferença média apresentou-se

mínima entre estas referências, estatisticamente não significante e semelhante nos

dois grupos. A relação observada da variação do ângulo HOR.HF para o cálculo

estimado da diferença entre Nperp- P e Nvert-P retornou um coeficiente de 1: 2,119

± 0,029. Esta discrepância do diagnóstico sagital mandibular compromete o

planejamento ortodôntico nos pacientes que apresentaram diferença entre os planos

Page 33: Analisis Facial completo

32

horizontais intra e extra-cranianos. Assim, os autores destacaram a importância das

avaliações faciais e cefalométricas em norma lateral serem realizadas em posição

natural da cabeça, utilizando as linhas horizontal e vertical verdadeiras como

referências.

FIGURA 8 - Técnica para obtenção dos traçados nas fotografias laterais. Fonte: Tôrres et al. (2006)

Reis et al. (2006a) procuraram definir as medidas das variáveis da análise

facial numérica do perfil para os Padrões II e III portadores de selamento labial

passivo e comparar os resultados obtidos entre si e com valores do Padrão I. A

amostra foi obtida a partir de um grupo composto por 100 brasileiros, adultos,

leucodermas, selecionados por apresentarem selamento labial passivo, sendo 50

gênero masculino e 50 do feminino, com idade variando entre 18 e 36 anos. As

fotografias faciais padronizadas do perfil facial desses pacientes foram utilizadas

nesta pesquisa. A Análise Facial Numérica do Perfil dos grupos Padrão II e Padrão

III foi realizada utilizando as seguintes grandezas: ângulo nasolabial (Cm.Sn.Ls);

ângulo do sulco mentolabial (Li.Lm.Pg’); ângulo interlabial (Sn.Ls.Li.Lm); ângulo de

convexidade facial (G.Sn. Pg’); ângulo da convexidade facial total (G.Pr. Pg’); ângulo

do terço inferior da face (Sn.Gn’.C); proporção entre a altura facial anterior média e a

altura facial anterior inferior (AFAM/AFAI) e proporção do terço inferior da face. Não

foram observadas diferenças estatísticas entre os grupos Padrão I, II e III nas

medidas obtidas para os ângulos nasolabial e do sulco mentolabial e a proporção

entre as alturas faciais média e inferior. O ângulo interlabial foi mais obtuso no

Page 34: Analisis Facial completo

33

Padrão III. Esse Padrão também apresentou menor convexidade facial e menor

proporção do terço inferior da face. O ângulo do terço inferior da face, que avalia a

protrusão mandibular, foi mais obtuso no Padrão II.

Segundo Reis et al. (2006b), na atualidade, as análises faciais tegumentárias

têm sido objetos de estudos, não somente no diagnóstico e planejamento do

tratamento de casos ortodôntico-cirúrgicos, como também de casos puramente

ortodônticos, ou ainda com a possibilidade da associação à ortopedia funcional. A

cefalometria radiográfica está consagrada como um exame complementar de

fundamental importância para a avaliação das condições dento-esqueléticas,

entretanto, o estudo das relações tegumentares da face com os perfis ósseo e

dentário tem despertado interesse crescente, no sentido de aliar o tratamento

ortodôntico às mudanças que envolvem a estética da face. A análise facial tem sido

um recurso diagnóstico valorizado desde os primórdios da Ortodontia. Vários

autores tentaram estabelecer referências de normalidade na direção das quais os

pacientes ortodônticos deveriam ser tratados. Essa preocupação da Ortodontia está

em concordância com a expectativa do paciente, cuja principal motivação para o

tratamento ortodôntico é a melhora estética. Para que os objetivos do profissional

possam solucionar a queixa do paciente é fundamental que o ortodontista conheça

os parâmetros utilizados pela sociedade na avaliação estética. Já a Análise Facial

Subjetiva é mais um instrumento diagnóstico, que tem sua importância aumentada

por ser o parâmetro pelo qual o paciente e as pessoas com as quais ele convive vão

avaliar os resultados do tratamento. Com base nestas considerações, os autores

realizaram um estudo em que solicitaram a um grupo heterogêneo de avaliadores

(14 ortodontistas, 12 leigos e 7 artistas) que dessem notas ao perfil facial de 100

indivíduos (50 de cada gênero) classificando-os como esteticamente desagradáveis

(notas 1, 2 ou 3), esteticamente aceitáveis (notas 4, 5 ou 6) e esteticamente

agradáveis (notas 7, 8 ou 9). Os resultados permitiram mostrar que 89% dos perfis

foram esteticamente aceitáveis, 8% desagradáveis e 3% agradáveis. Em 38,35%

das justificativas, o nariz foi a estrutura responsável pela estética desagradável,

seguida pelo mento ("queixo") em 18,9% dos relatos. Assim, foi possível observar,

portanto, que a Análise Facial Subjetiva é mais um instrumento diagnóstico, que tem

sua importância aumentada por ser o parâmetro pelo qual o paciente e as pessoas

com as quais ele convive vão avaliar os resultados do tratamento.

Page 35: Analisis Facial completo

34

Reis et al. (2006c) buscaram determinar as medidas para Análise Facial

Numérica do Perfil de brasileiros, adultos, leucodermas, previamente reconhecidos,

por meio da análise facial subjetiva, como portadores de equilíbrio facial. A amostra

do presente estudo foi constituída por 50 indivíduos selecionados a partir de uma

amostra pré-existente composta por 100 brasileiros, adultos, leucodermas,

portadores de selamento labial passivo, sendo 50 do gênero masculino e 50 do

feminino, com idade média de 23 anos e 7 meses, variando entre 18 e 36 anos.

Fotografias padronizadas da face, nas vistas frontal e lateral, foram obtidas. Na

fotografia frontal, além do selamento labial passivo, esses pacientes apresentavam:

1- simetria aparente; 2- distância intercantos medial dos olhos similar à largura do

nariz; 3- distância interpupilar similar à largura da comissura bucal; 4- proporção

entre os terços faciais; 5- altura do lábio superior equivalente à metade da altura

somada do lábio inferior e mento; 6- volume proporcional de vermelhidão dos lábios.

Ao exame do perfil foram verificados: 1- perfil levemente convexo; 2- terços faciais

proporcionais; 3- linha queixo-pescoço paralela ao plano de Camper; 4- sulco

mentolabial normal, com igual participação do lábio e do mento e 5- projeção

zigomática presente, caracterizada pela presença de depressão infra-orbitária e

sulco naso-geniano. As fotografias do perfil foram traçadas e medidas por dois

examinadores e após a demarcação dos pontos tegumentares, foi realizada a

análise denominada Facial Numérica do Perfil, utilizando as seguintes grandezas: 1-

ângulo nasolabial; 2- ângulo do sulco mentolabial; 3- ângulo interlabial; 4- ângulo de

convexidade facial; 5- ângulo de convexidade facial total; 6- ângulo do terço inferior

da face; 7- proporção entre a altura facial anterior média e a altura facial anterior

inferior; 8- proporção do terço inferior da face. Foi verificado que as médias obtidas

diferem na sua maioria dos valores normativos sugeridos pela literatura

internacional. Entretanto, os valores devem ser utilizados com restrições,

considerando sua incapacidade de expressar forma, pois observamos que medidas

discrepantes podem estar associadas a equilíbrio e que o mesmo valor de uma

variável pode estar associado a diferentes desenhos anatômicos do perfil facial.

Nobuyasu et al. (2007) objetivaram avaliar cefalometricamente os 33 fatores

cefalométricos, em norma lateral, dos 6 campos da análise de Ricketts em

brasileiros e compará-los aos padrões cefalométricos de americanos. Foram

avaliados75 indivíduos brasileiros leucodermas, com idade variando entre 12 e 15

Page 36: Analisis Facial completo

35

anos, considerados de melhor estética, equilíbrio, harmonia facial e, principalmente,

portadores de oclusão dentária excelente, selecionados em uma triagem de 14.000

escolares de 1º e 2º grau da região de Marília, Assis e Ourinhos/SP. Todos os 33

fatores das medidas cefalométricas dos 75 indivíduos foram comparados com os

resultados obtidos por Ricketts em uma amostra de leucodermas americanos e

submetidos a tratamento estatístico. A partir dos resultados os autores concluíram

que 1) em nível esquelético, a maxila teve um comportamento dentro dos padrões

preconizados pelo autor e a mandíbula teve uma tendência ao crescimento mais

horizontal, tanto no seu corpo como no seu ramo; 2) a nível dentário, os incisivos

inferiores se posicionaram mais anteriormente e com inclinação maior, o trespasse

horizontal, vertical e a extrusão dos incisivos inferiores também estavam

sensivelmente aumentados, provavelmente pela tendência ao crescimento horizontal

da mandíbula; 3) o lábio inferior, em relação ao plano estético “E” de Ricketts, teve

um posicionamento mais anterior em comparação ao padrão preconizado pelo autor;

4) os desvios clínicos na maioria dos fatores foram bem maiores nos brasileiros, em

relação aos americanos, provavelmente devido à maior miscigenação nos

leucodermas brasileiros.

Segundo Reis e Reis (2007), a análise facial morfológica é o mais importante

recurso diagnóstico para a identificação das discrepâncias esqueléticas sagitais e

verticais. Por meio dela, realiza-se a qualificação do problema existente. Depois de

diagnosticada, a magnitude da discrepância esquelética pode ser quantificada pela

análise facial numérica, desde que a comparação seja realizada com valores de

normalidade estabelecidos para a população à qual o paciente pertence,

considerando-se o seu desvio-padrão. Essa quantificação é, particularmente,

importante no planejamento de cirurgias ortognáticas e no diagnóstico diferencial de

pacientes borderline. A quantificação do erro deve ser feita pela diferença entre a

medida obtida para um determinado paciente e a média normativa daquela

população somada ao desvio-padrão mais próximo ao valor medido. Deve-se ter

sempre em mente que as medidas isoladas não expressam normalidade. A

magnitude da discrepância, associada à avaliação da estética facial, determina o

protocolo de tratamento específico para cada faixa etária, o prognóstico para

finalização e as perspectivas de estabilidade pós-tratamento, baseados em

evidências científicas. Segundo os autores, as faces agradáveis são exceções e,

Page 37: Analisis Facial completo

36

geralmente, não dependem do dentista para atingir ou permanecer nesse estágio.

Porém, uma vez que necessitem de intervenção odontológica, seja ela ortodôntica

ou não, exigem do profissional um cuidado extremo para a preservação e

acentuação das características de agradabilidade.

Capelozza Filho et al. (2007) realizaram um estudo com o objetivo propor um

método para classificação, segundo a severidade, dos indivíduos Padrão Face

Longa, avaliando sua confiabilidade e reprodutibilidade. Segundo os autores, a

denominação Face Longa representa um estigma na perspectiva convencional das

classificações das más oclusões. Sugere a presença de grandes desvios

morfológicos em relação ao padrão normal, com freqüente e significativo impacto

estético. Desde há muito, na prática ortodôntica, admite-se com mais liberalidade

que, para esses indivíduos, quando a face é desagradável, um procedimento

ortodôntico-cirúrgico está indicado. O diagnóstico do Padrão Face Longa, segundo

os autores, baseia-se nas avaliações da morfologia facial e da cefalometria. A

radiografia lateral da face constitui um instrumento necessário para ajudar a

identificar a face longa, com o objetivo de localizar e quantificar a desarmonia

esquelética, que pode estar associada a: um crescimento horizontal ou distal do

côndilo e/ou um crescimento posterior excessivo da maxila. Esse exame, embora

privado da imagem da projeção zigomática – reconhecidamente afetada na face

longa – é de muita valia no diagnóstico diferencial, pois cada condição ostenta um

diferente prognóstico para tratamento. A análise facial, primeiro exame na hierarquia

diagnóstica, confere uma perspectiva mais adequada ao exame e qualificação da

face longa, deformidade que, apesar do componente vertical primário, tem

expressão tridimensional. Desse modo, além de conferir tons mais realistas às

inúmeras características comuns a esses indivíduos – identificáveis nas radiografias,

tais como: ausência de selamento labial passivo e contração do músculo

mentoniano durante o fechamento labial, grande exposição dos incisivos superiores,

quando os lábios encontram-se em repouso, e gengival, durante o sorriso – agrega a

visualização de outras características. O nariz é longo, observando-se estreitamento

das bases alares, e o zigomático é, geralmente, plano, o que compromete a

expressão facial. O terço inferior da face alongado resulta em uma aparência

retrognata da mandíbula, gerando uma linha queixo-pescoço encurtada e um ângulo

fechado entre a linha do queixo e o pescoço. Explicitadas tais considerações, foram

Page 38: Analisis Facial completo

37

utilizadas fotografias faciais (frontal, perfil e frontal sorrindo) de 125 crianças Padrão

Face Longa (54 do gênero feminino e 71 do gênero masculino), selecionadas

apenas considerando-se a morfologia facial, com idades entre 10 anos e 6 meses e

15 anos e 2 meses. As fotografias foram avaliadas, separadamente, por três

examinadores, sendo reavaliadas após três semanas, em uma nova disposição

aleatória. Os indivíduos foram graduados em três subtipos, de acordo com a

severidade: moderado (Figura 9), médio (Figura 10) e severo (figura 11). Para

avaliar as concordâncias intra e interexaminadores, foi utilizada a estatística Kappa

(k). Resultados: na avaliação intraexaminador, todos os examinadores obtiveram

concordâncias substanciais, com o valor de Kappa variando de 0,64 a 0,66, havendo

em todos os examinadores 80% ou mais de concordância. Quando comparadas as

avaliações interexaminadores, as freqüências de concordância diminuíram, variando

de 67,2% a 70,4%. A partir dos valores de Kappa, que variaram de 0,41 a 0,46, a

interpretação foi considerada moderada. Após tais resultados, os autores concluíram

que o método foi considerado aplicável, com necessidade de complemento de

informações provenientes de outros exames rotineiramente aplicados em Ortodontia.

A aplicação clínica será demonstrada com intuito de evidenciar os níveis diferentes

de severidade das más oclusões do Padrão Face Longa e as características do

protocolo de tratamento recomendado.

Figura 9 – Paciente padrão face longa subtipo moderado

Figura 10 – Paciente padrão face longa subtipo médio

Page 39: Analisis Facial completo

38

Figura 11- Paciente padrão face longa subtipo severo Fonte: Capelozza Filho et al. (2007)

Schlickmann, Moro e Anjos (2008) analisaram o perfil facial masculino adulto

jovem, através de fotografias padronizadas e comparar a medição manual com a

medição computadorizada por meio do software Cef X (CDT). Métodos: a amostra

consistiu de 40 indivíduos brasileiros brancos, com média de idade de 21,9 anos,

que possuíam perfis agradáveis, oclusão normal, sem histórico de tratamento

ortodôntico prévio. As fotografias coloridas de 10cm x 15cm foram obtidas de forma

padronizada, com o indivíduo na posição natural da cabeça. As fotografias foram

medidas manualmente, utilizando-se paquímetro digital e transferidor, e também

através de computador, utilizando-se o programa Cef X (CDT). Trinta e seis variáveis

faciais foram analisadas por meio de medidas lineares, angulares e proporcionais.

Resultados: as médias da medição manual e da medição por computador foram

diferentes estatisticamente para 24 variáveis. No método por computador, somente

uma medida mostrou diferença significativa entre a primeira e a segunda medição,

enquanto na manual oito mostraram diferença. Os autores concluíram que,

considerando-se que houve diferença entre as medições manual e por computador,

deve-se utilizar as médias respectivas para cada tipo de medição. Os dois tipos de

medição são confiáveis, entretanto a medição por computador é mais precisa.

Devido à praticidade e agilidade da medição por computador, esta seria a mais

indicada.

Segundo Macedo (2008), desde o inicio da Ortodontia, a análise facial tem

sido utilizada como um recurso diagnóstico que auxilia o profissional a direcionar o

tratamento ortodôntico, de forma a atender uma das principais motivações do

paciente, ou seja, a estética facial. De acordo com este autor, a análise das

características faciais do paciente constitui uma etapa imprescindivel durante o

diagnostico e o planejamento de tratamentos ortodônticos e ortopédicos faciais,

associados ou não a cirurgias ortognáticas. Sua grande importância reside no fato

de que os principais objetivos destes tratamentos englobam não somente a

Page 40: Analisis Facial completo

39

correção das posições dos dentes em suas bases ósseas, mas também a melhor

harmonização possível da configuração facial do paciente, particularmente no terço

inferior da face, tendo em vista nossa maior influencia nesta região. Deste modo, as

informações geradas pela análise facial do paciente podem alterar completamente

um plano de tratamento inicialmente elaborado com base apenas na observação das

relações entre os dentes. Segundo este autor, atualmente o ortodontista também

pode solicitar exames cefalometricos e fotográficos tridimensionais, pois estes

possibilitam uma avaliação mais minuciosa das características faciais. Lembra ainda

a grande utilidade de programas de computador específicos para a realização de

analises faciais e simulação de resultados terapêuticos, tais como os sistemas

Dolphin Imaging, Dentofacial Planner Plus, Orthoplan, Quick Ceph Image e

Vistadent. No sistema Dolphin, por exemplo, a imagem fotográfica do perfil facial do

paciente pode ser superposta ao traçado cefalometrico das estruturas esqueléticas e

dentoalveolares, permitindo uma análise bastante detalhada das inter-relações entre

as diversas estruturas anatômicas. Alem disso, as imagens podem ser manipuladas,

produzindo alterações faciais que simulam diversas opções terapêuticas para a

resolução dos problemas apresentados pelo paciente. Entretanto, ressalta que o

melhor exame, ainda, e o exame clinico do paciente, começando com a avaliação

das características faciais. A análise facial e determinante, também, para indicação

de cirurgias ortognáticas, nos casos de discrepância esquelética maxilomandibular

moderada ou considerados borderline. No entanto, lembra que quando a estética

facial não for muito deficiente e também não consistir na queixa principal do

paciente, provavelmente ira optar-se por um tratamento conservador nos casos

borderline. Já nos casos com discrepância dental, a análise facial também tem papel

determinante.

Simonetti et al. (2008) buscaram coletar, por meio de revisão da literatura

disponível, informações que nos permitam reconhecer as características dos

pacientes portadores de deficiência mandibular e as diferenças existentes entre os

que têm indicação para tratamento, com compensação dentária, daqueles onde

apenas uma intervenção cirúrgica teria bons resultados. Segundo os autores, a

maioria das pesquisas consultadas utiliza recursos da análise facial, cefalométrica e

da oclusão, para delimitar até quando é possível realizar tratamento compensatório

e quando os dados permitem acreditar que somente um tratamento ortodôntico-

Page 41: Analisis Facial completo

40

cirúrgico é satisfatório. Dos dados obtidos, os autores concluíram que a análise

facial é o exame de eleição mais apropriado e utilizado para se determinar se o

tratamento será com compensação dentária ou com cirurgia ortognática. Além disso,

alguns parâmetros foram relatados como úteis para apontar casos em que a

compensação dentária se torna inviável, tais como trespasse horizontal maior que

10 mm, altura facial maior que 125 mm, comprimento mandibular menor que 70 mm

e retrusão do pogônio maior que 18 mm em relação à linha nasioperpendicular. Já o

tratamento compensatório foi considerado possível por alguns autores, quando a

distoclusão é de, no máximo, uma cúspide, a altura facial é normal ou curta e se há

saúde periodontal.

Sant”Ana et al. (2009), cientes de que a cirurgia ortognática moderna se

preocupa em planejar e diagnosticar os casos clínicos utilizando medidas obtidas de

grandezas do perfil tegumentar dos pacientes – com o auxílio de imagens digitais

empregadas em softwares de planejamento –, propuseram aferir as medidas de

brasileiros leucodermas de descendência européia e compará-las com as medidas

já padronizadas por Arnett, com o intuito de criar novas medidas a serem seguidas

por brasileiros que utilizam o software de predição cirúrgica Dolphin Imaging 9.0.

Para tanto, foram utilizadas radiografias cefalométricas de 31 pacientes com oclusão

Classe I de Angle e harmonia facial. Todas as radiografias foram digitalizadas e

inseridas no software Dolphin 9.0 e 16 pontos de tecido mole e 22 pontos do

esqueleto facial foram marcados, seguindo-se exatamente as marcações da análise

de Arnett e McLaughlin presentes no programa. Os resultados obtidos foram

avaliados estatisticamente e mostram que o perfil do brasileiro é quase totalmente

diferente do perfil norte-americano, exceção feita a apenas quatro pontos para os

homens e outros quatro para as mulheres. Os brasileiros apresentam uma face

menos protruída, um perfil mais convexo e menor proeminência do queixo do que o

grupo controle. Esses dados mostram a necessidade de se realizar algumas

mudanças nas grandezas numéricas para que um perfeito diagnóstico e

planejamento possam ser realizados em brasileiros, criando assim o padrão do perfil

facial do brasileiro leucoderma de descendência européia.

Ramires et al. (2009) buscaram correlacionar os achados cefalométricos com

os da análise facial realizada por meio de fotografias para classificar o tipo facial,

segundo o sexo. Participaram 105 adultos leucodermas, 34 (32,4%) homens e 71

Page 42: Analisis Facial completo

41

(67,6%) mulheres, com idades entre 20 e 40 anos, de uma clínica particular de

ortodontia de Belo Horizonte/MG. Os achados da análise cefalométrica para

determinação do tipo facial a partir do índice VERT de Ricketts foram comparados

com a classificação da face realizada por meio da análise facial clínica baseada na

observação de duas fotografias. Para essa análise, participaram três fonoaudiólogos

especialistas em motricidade orofacial. Os resultados mostraram que não houve

correspondência satisfatória ao se comparar as duas formas de classificação do tipo

facial apresentadas neste estudo. A maioria dos indivíduos masculinos dolicofaciais

foi classificada como face média a partir da análise facial, ou seja, quatro entre sete

sujeitos (57,14%). Os 11 mesofaciais foram identificados como face média (N=5;

45,45%) ou curta (N=4; 36,36%) e os 16 braquifaciais como face média (N=9;

56,25%) ou curta (N=7; 43,75%). No sexo feminino, observou-se que 11 entre 20, ou

seja, 55% dos indivíduos dolicofaciais foram apontados como face média. Dos 26

sujeitos mesofaciais, 16 (61,53%) também foram classificados como face média.

Com relação aos 25 braquifaciais, 12 (48%) foram identificados como face curta e 11

(44%), como média. Estes resultados permitiram aos autores concluírem que a

classificação do tipo de face apenas a partir da análise facial realizada por meio de

fotografias não foi considerada confiável, se utilizada isoladamente, quando

comparada à classificação obtida a partir da análise cefalométrica.

Feres e Vasconcelos (2009), realizaram um estudo cujo propósito foi avaliar a

concordância entre a Análise facial subjetiva, proposta por Capelozza Filho (2004) e

a Análise Cefalométrica de Tecidos Moles, de Arnett; McLaughlin. Fotografias de

frente e de perfil e telerradiografias em norma lateral padronizadas, de 50 indivíduos,

com média de idade de 24 anos e 1 mês foram utilizadas para a avaliação. Verificou-

se também nos indivíduos classificados como Padrão I, a correspondência dos

valores médios e dos desvios-padrão das medidas obtidas, com os valores

normativos da Análise Cefalométrica dos Tecidos Moles para os indivíduos com

harmonia facial. Constatou-se em indivíduos do Padrão I que os lábios sempre se

encontram à frente da Linha Vertical Verdadeira, e que apesar de grandes variações

do ponto pogônio, ainda é mantido o equilíbrio facial. Os resultados demonstraram

que a Análise facial subjetiva eficiente na classificação do padrão facial. As relações

posicionais e dimensionais maxilares e craneo-maxilares, segundo estes mesmos

autores, são de extrema importância, pois a decisão de extração ortodôntica

depende destas relações esqueléticas. Antes de saber como se encontram os

Page 43: Analisis Facial completo

42

dentes, é necessário determinar como estão relacionadas as bases ósseas. Assim,

a relação maxilo-mandibular, traduz o problema ortopédico que está na origem de

grande parte das más oclusões que a natureza procura resolver através da

compensação dento-alveolar, que não é mais do que uma “oclusão de conveniência”

face ao desequilibro estrutural. Quando essa compensação não é suficiente porque

se está perante uma desarmonia maxilo-mandibular severa, o ortodontista é

chamado a resolvê-la, tendo para isso três terapêuticas possíveis: ortopedia dento-

facial, camuflagem ortodôntica, tratamento ortodôntico-cirúrgico-ortognático (TOCO).

Os autores concluíram que a Análise Facial Subjetiva é um método eficiente na

classificação do padrão facial. Existe aplicabilidade do método, desde que haja um

conhecimento teórico e treinamento adequado para a classificação dos indivíduos. A

utilização clínica que essa análise proporciona pode acrescentar muito ao

diagnóstico e ao planejamento ortodôntico, já que a configuração facial do paciente

está sendo considerada e respeitada. No âmbito científico, esse estudo contribui no

sentido de fidelizar a adição de mais uma análise facial; as quais, na atualidade, são

reconhecidas como de extrema importância no arsenal de recursos de diagnóstico e

planejamento dos casos ortodônticos.

Morihisa e Maltagliati (2009) estudaram duas análises subjetivas faciais

utilizadas para o diagnóstico ortodôntico, avaliação da agradabilidade facial e

definição de Padrão Facial, e verificar a associação existente entre elas. Métodos:

utilizou-se 208 fotografias faciais padronizadas (104 laterais e 104 frontais) de 104

indivíduos escolhidos aleatoriamente, as quais foram submetidas à avaliação da

agradabilidade por dois grupos distintos (Grupo “Ortodontia” e Grupo “Leigos”), que

classificaram os indivíduos em “agradável”, “aceitável” ou “desagradável”. Os

indivíduos também foram classificados quanto ao Padrão Facial por três

examinadores calibrados, utilizando-se apenas a vista lateral. Após a análise

estatística, verificou-se que houve associação fortemente positiva entre a

agradabilidade facial e o Padrão Facial para a norma lateral, porém não para a

frontal, em que os indivíduos tenderam a ser bem classificados mesmo no Padrão II.

Almeida, Farias e Bittencourt (2010) buscaram avaliar a influência do

posicionamento sagital da mandíbula na determinação da atratividade facial. Para

tanto, fotografias faciais de perfil foram tomadas de um homem negro e um branco,

assim como de uma mulher negra e uma branca. Essas fotografias foram

Page 44: Analisis Facial completo

43

manipuladas no computador, utilizando o programa Adobe Photoshop CS2®, a fim

de produzir, a partir de cada face original, um perfil reto, três simulando

discrepâncias mandibulares por retrusão e três por protrusão. As 28 fotografias

foram avaliadas por ortodontistas (n = 20), cirurgiões bucomaxilofaciais (n = 20),

artistas plásticos (n = 20) e leigos (n = 20). A análise descritiva foi realizada a partir

do cálculo da média e desvio-padrão em cada grupo. Os resultados mostraram que,

para as faces do homem negro, bem como para as faces femininas, o perfil reto foi o

mais aceito. Os resultados observados para as faces do homem negro

demonstraram preferência para o perfil que representou a Classe I esquelética, isso

é, com ângulo da convexidade em 12º. Essa face, escolhida como a mais atrativa,

possui lábios levemente protruídos. Para o homem branco, houve preferência para

as faces que representam a Classe III esquelética, em detrimento dos perfis de

Classe II. Os julgadores elegeram como a face mais atrativa aquela que possui o

ângulo da convexidade de 8º, denotando a preferência por faces masculinas com a

mandíbula mais evidente. Nesse, analisando-se as simulações de discrepâncias

esqueléticas, houve predileção pela protrusão mandibular, em detrimento da

retrusão. Contudo, para as faces femininas, os perfis côncavos foram mais

rejeitados do que os convexos. A partir de tais resultados, os autores concluíram que

houve concordância entre os grupos de avaliadores na escolha dos perfis mais

atrativos. Para as faces masculinas, o perfil reto e a face levemente côncava

apresentaram-se mais atrativos, já as faces femininas que foram consideradas mais

atrativas possuíam o perfil reto.

Feres et al. (2010) compararam a morfologia tegumentar de indivíduos

segundo a tipologia facial. Métodos: foram utilizadas 90 telerradiografias de

pacientes de ambos os sexos, de 12 a 16 anos de idade, divididas em três grupos

distintos, referentes a cada padrão morfológico: mesofacial, dolicofacial e

braquifacial. Os grupos foram comparados no que se refere às medidas de

espessura e altura do lábio superior e inferior, além da espessura do mento mole.

Ainda, foi apurada a presença de correlações entre as variáveis de tecido mole

avaliadas e medidas cefalométricas de natureza dentária e esquelética. Os

resultados mostraram que os lábios superiores e inferiores, assim como o mento

mole, não apresentaram diferenças em relação às suas espessuras em todos os

grupos morfológicos. Porém, as alturas do lábio superior e inferior foram

Page 45: Analisis Facial completo

44

significativamente maiores para os dolicofaciais quando esses foram comparados

aos demais grupos. Braquifaciais apresentaram menor altura do lábio superior

quando comparados aos mesofaciais, embora ambos não tenham se diferenciado

significativamente no que se refere à altura do lábio inferior. A análise das

correlações estabelecidas entre as variáveis dos tecidos moles e duros indicou

evidências de um desenvolvimento vertical dos lábios superior e inferior em

acompanhamento ao desenvolvimento vertical do esqueleto. O posicionamento

vertical do incisivo superior se correlacionou significativamente aos mesmos

parâmetros labiais, o que garantiu um nível de exposição semelhante desse

elemento dentário em todos os grupos

Page 46: Analisis Facial completo

45

4 DISCUSSÃO

Assim como a função, a saúde dos tecidos e a estabilidade oclusal, a busca

por linhas faciais harmônicas tem, ao longo dos anos, sido um dos principais

objetivos do tratamento ortodôntico. A estética facial consagrou-se como um dos

mais importantes objetivos da Ortodontia. A busca por uma face harmoniosa, além

de uma oclusão estética e funcional ideais, norteia, contemporaneamente, de

maneira marcante a conduta profissional (SANT’ANA et al. 2009)

Muito tem sido escrito sobre o conceito de beleza e estética facial, mas sua

discussão dentro da Ortodontia é um tanto limitada, particularmente com relação à

quantificação dos tecidos moles faciais de contorno (COLOMBO et al., 2004;

SANT’ANA et al. 2009).

Giddon (1997) sugeriu que a utilização da palavra correta para o julgamento

facial é muito importante e considerou o termo aceitável como o mais indicado para

denominar faces estéticas, enquanto as faces não estéticas deveriam ser

classificadas como inaceitáveis. Segundo Capelozza Filho (2004) e Reis et al.

(2006b) faces agradáveis são exceções e, geralmente, não dependem do dentista

para atingirem ou permanecerem nesse estágio. Porém, uma vez exigindo

intervenção odontológica, seja ela ortodôntica ou não, exigem do profissional um

cuidado extremo para a preservação e acentuação das características de

agradabilidade. Os pacientes classificados como esteticamente desagradáveis e

pertencentes aos Padrões II, III, Face Longa e Face Curta apresentam discrepâncias

esqueléticas, as quais necessitam de tratamentos, que incluem muitas vezes

cirurgias ortognáticas para corrigir o erro ósseo, normalmente grave. Assim, Reis et

al. (2006b) consideraram que 92% dos perfis da amostra de seu estudo foram

esteticamente aceitáveis, enquanto apenas 8% foram esteticamente inaceitáveis. No

estudo de Morihisa e Maltagliati (2009), após a análise estatística, verificou-se que

houve associação fortemente positiva entre a agradabilidade facial e o Padrão Facial

para a norma lateral, porém não para a frontal, em que os indivíduos tenderam a ser

bem classificados mesmo no Padrão II.

Desse modo, torna-se necessário para os ortodontistas conhecerem as

possíveis alterações do perfil facial em decorrência do tratamento ortodôntico, em

particular, com extrações dentárias, além da relação destas com a mecânica e

Page 47: Analisis Facial completo

46

discrepância cefalométrica (REIS et al., 2006b).

A classificação da estética facial aproxima o profissional de outras

especialidades e da expectativa do paciente, além de oferecer parâmetros

morfológicos importantes para decisões diagnósticas, muitas vezes, duvidosas

(REIS et al., 2006b; REIS e REIS, 2007).

Alguns autores salientaram a importância da análise facial (VEDOVELO

FILHO et al. (2002); REIS et al. (2006); CAPELOZZA FILHO, SOUZA e OZAWA,

2004); TÔRRES, COSTA e FALTIN JR., (2006); CABRERA; CABRERA (1997) e

cefalométrica (MAIA, 2004; GODOLPHIM, 2004; CAPELOZZA FILHO; SOUZA e

OZAWA, 2004; BRAGA et al. 2004; TÔRRES, COSTA e FALTIN JR., 2006; FERES

et al., 2010) como um recurso diagnóstico ortodôntico bem sucedido e confiável. Os

pequenos detalhes relacionados com as linhas medianas e as características

individuais de cada caso não devem ser ignoradas na busca da oclusão correta.

Para Vedovelo Filho et al. (2002), a análise facial é indispensável para o

diagnóstico ortodôntico, que identifica as características positivas e negativas do

perfil mole do indivíduo, sendo adequado associá-la à cefalometria convencional,

assim como aos outros exames complementares existentes. Feres e Vasconcelos

(2009) concluiram que a Análise Facial Subjetiva é um método eficiente na

classificação do padrão facial. Ao que Reis et al., (2006c) ressaltam que a análise

facial numérica, da mesma forma que a cefalometria, auxilia na quantificação de

desequilíbrios pela comparação com valores normativos. Suguino et al. (1996)

complementam que para aumentar a validade da análise cefalométrica no

planejamento do tratamento, as medidas cefalométricas devem ser testadas quanto

à habilidade de efetivamente refletirem as características morfológicas que

determinam o julgamento estético clínico.

Brandão, Domínguez-Rodríguez e Capelozza Filho (2001) citaram que

medidas cefalométricas nem sempre concordam com a análise clínica, já que essas

visões bidimensionais do esqueleto seriam reflexos imperfeitos do que existe

clinicamente.

Ramires et al. (2009) buscaram correlacionar os achados cefalométricos com

os da análise facial realizada por meio de fotografias para classificar o tipo facial,

segundo o sexo e detectaram que a maioria dos indivíduos masculinos dolicofaciais

foi classificada como face média a partir da análise facial. No estudo de Feres et al.,

(2010), os grupos faciais não se diferenciaram significativamente no que se refere à

Page 48: Analisis Facial completo

47

espessura dos lábios superior e inferior e do mento mole. Esses dados são

concordantes com as pesquisas desenvolvidas por Boneco e Jardim (2005).

Boneco e Jardim (2005), confirmam a presença de lábios mais longos em

dolicofaciais e mais curtos em braquifaciais. Essas observações, mesmo que

provenientes de medidas ligeiramente díspares das empregadas nesse estudo,

concordam com os dados coletados por Feres et al., (2010).

Segundo alguns autores (TREVISAN; GIL, 2006; COLOMBO et al., 2004), as

análises esquelética e dentária, exclusivamente, seriam insuficientes para a correta

interpretação do tecido mole, podendo levar a um planejamento ortodôntico

equivocado. Com a evolução dos meios de diagnóstico na Ortodontia e a crescente

preocupação com a estética, exames complementares como as fotografias extra-

bucais em norma frontal e lateral foram introduzidas.

Colombo et al. (2004) analisaram a face em uma visão frontal, por meio de

traçados feitos sobre fotografias padronizadas utilizando-se de medidas lineares,

angulares e proporcionais. A face é analisada em posição de repouso e durante o

sorriso. A avaliação da estética facial é subjetiva e difícil, pois não existe uma

estética ideal única. Reche et al. (2002) concluíram que uma análise do perfil facial

em fotografias, baseando-se exclusivamente em pontos do tecido mole, mostrou-se

como um método auxiliar confiável e útil no diagnóstico e planejamento ortodôntico.

Ainda, a análise do perfil facial em fotografias padronizadas é válida em uma

documentação ortodôntica, pois é útil, prática, de baixo custo, facilmente esclarecida

ao paciente e confiável. Para Reis et al. (2006a), a análise facial numérica do perfil

deve ser realizada em fotografias padronizadas, por meio de medidas angulares e

proporcionais, não influenciadas pelo tamanho da fotografia ou pela distância entre a

máquina e a face do paciente, permitindo a comparação de valores obtidos em

imagens com diferentes ampliações. Feres e Vasconcelos (2009) enfatizaram que a

utilização de fotografias no diagnóstico ortodôntico é essencial, pois retrata a face do

paciente de uma maneira mais correta. Para que o padrão facial subjetivo possa ser

avaliado corretamente, é fundamental que as fotografias sejam de boa qualidade e

padronizadas. Simonetti et al. (2008) afirmaram que a análise facial é o exame de

eleição na determinação de casos tratados com compensação dentária ou cirurgia

ortognática.

Trevisan e Gil (2006) acrescentam que o profissional não pode basear-se

apenas em uma análise de modelos e na cefalometria para tratar as más-oclusões

Page 49: Analisis Facial completo

48

sem ter feito, com muita atenção uma análise facial. As fotografias faciais de frente e

de perfil vêm colaborar, e muito, com essa análise. Já Ramires et al. (2009)

ressaltaram que a análise facial para identificação do tipo facial realizada por meio

de fotografias padronizadas não foi considerada confiável, quando utilizada

isoladamente, ao ser comparada com a classificação do tipo de face obtido a partir

da análise cefalométrica.

Neste contexto, Vedovelo Filho et al. (2002); Tôrres, Costa e Faltin Júnior

(2006), relataram que a correta avaliação da posição natural da cabeça (com as

pupilas no centro do olho e o indivíduo olhando reto em direção ao horizonte.), sua

utilização como método prioritário de diagnóstico e sua influência sobre a morfologia

facial devem ser avaliados corretamente, para uma elaboração de um protocolo de

análises cefalométrica e facial adequadas nesta postura.

Como referência horizontal, o plano de Frankfurt foi considerado confiável,

tendo sido considerado que sua reprodutibilidade não é difícil (VEDOVELO FILHO et

al., 2002; CAPELOZZA FILHO et al., 2004; SANTOS et al., 2005; TÔRRES, COSTA

e FALTIN JR., 2006).

Já Câmara (2005) apresentou diagramas DRED e DREF cujos objetivos são

facilitar a visualização dos componentes dentofaciais e as suas relações espaciais,

dando condições para uma melhor avaliação estética e “artística” desses

componentes, e conseqüentemente, permitindo uma maior integração entre as

especialidades odontológicas.

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5 CONCLUSÃO

Diante do exposto e procurando responder aos objetivos propostos neste

trabalho, sobre a importância da análise facial no diagnóstico e tratamento

ortodôntico, pode-se concluir que:

1) É imprescindível definir e reconhecer o conjunto de características

que conferem à face equilíbrio. Para tanto, deve-se fazer uso da

análise facial, que tem sido um recurso diagnóstico valorizado desde

os primórdios da Ortodontia. Esta análise não deve ser apoiada em

médias, em números, e sim na harmonia das estruturas. Estas

fornecem elementos passíveis de classificação, basicamente em

agradável, aceitável e desagradável.

2) O diagnóstico e plano de tratamento não devem ser baseados

unicamente em análises cefalométricas de tecido duro, mas também

no exame clínico do paciente e nas análises faciais de tecido mole.

3) A análise do tecido mole facial deve ser elemento fundamental para

o diagnóstico ortodôntico bem sucedido e para uma análise facial

confiável.

4) A maioria dos autores valorizou o posicionamento natural da

cabeça, com as pupilas no centro do olho e o indivíduo olhando reto

em direção ao horizonte. Assim como a postura relaxada dos lábios,

uma vez que refletem a aparência natural dos pacientes. O plano de

Frankfurt foi considerado confiável como referência horizontal.

5) As radiografias têm um papel fundamental na análise facial. No

entanto, as medidas de tecido mole também vêm fornecendo dados

importantes, enriquecendo as análises faciais, em adição às

informações obtidas na avaliação do tecido duro.

6) As fotografias, por constituírem um método simples, não invasivo e

de baixo custo, também podem fornecer dados qualitativos e

quantitativos para serem usados como uma ferramenta de

diagnóstico preliminar.

7) As análises faciais tegumentárias têm sido objetos de estudos, não

somente no diagnóstico e planejamento do tratamento de casos

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ortodôntico-cirúrgicos, como também de casos puramente

ortodônticos, ou ainda com a possibilidade da associação à

ortopedia funcional.

8) É de fundamental importância a avaliação personalizada de cada

indivíduo, levando-se em consideração as diferenças étnicas, de

gênero e ao grau de maturação que o indivíduo se encontra.

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6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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